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CIDADE (POS)NEOLIBERAL Cidade Coase(ana) vs. Cidade Ostrom(eana) RESUMO A Cidade (pos)neoliberal é concebida como posicionada além da ortodoxia neoliberal. O pós decorre do fato dela se caracterizar pelo exercício do poder discricionário (soberano !) do governo municipal no bojo do regime neoliberal, o qual se expresso por meio da “exceção” necessária a inovação institucional, sempre tendo em vista eliminar as barreiras a eficiência da cidade como uma unidade de produção. Ao considerar governo municipal uma unidade de produção de um complexo de serviços necessários a reprodução da cidade, admito que tais serviços podem ser produzidos tanto na esfera estatal como na esfera privada. O objetivo é esboçar os contornos de um framework analítico da cidade como uma organização, a qual pode ser concebida tanto como uma firma (Ronald Coase), ou como um complexo de recursos de propriedade comum (Elinor Ostrom), o que tem implicações para o formulado de política.

Alcoforado, Cidade (Pos)Neoliberal - Cidade Coase(Ana) vs. Cidade Ostrom(Eana)

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Introdução duas visões à cidade derivada da Teoria da firma de Ronald Coase e da Teoria dos recursos de propriedade comum de Elionor Ostrom e, aponta a necessidade de aprofundar a compreensão das possibilidades analíticas destas abordagens, tendo em conta a natureza (escalar e jurisdicional) das mesmas.

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CIDADE (POS)NEOLIBERALCidade Coase(ana) vs. Cidade Ostrom(eana)

RESUMOA Cidade (pos)neoliberal concebida como posicionada alm da ortodoxia neoliberal. O ps decorre do fato dela se caracterizar pelo exerccio do poder discricionrio (soberano !) do governo municipal no bojo do regime neoliberal, o qual se expresso por meio da exceo necessria a inovao institucional, sempre tendo em vista eliminar as barreiras a eficincia da cidade como uma unidade de produo. Ao considerar governo municipal uma unidade de produo de um complexo de servios necessrios a reproduo da cidade, admito que tais servios podem ser produzidos tanto na esfera estatal como na esfera privada. O objetivo esboar os contornos de um framework analtico da cidade como uma organizao, a qual pode ser concebida tanto como uma firma (Ronald Coase), ou como um complexo de recursos de propriedade comum (Elinor Ostrom), o que tem implicaes para o formulado de poltica. Com este propsito o trabalho consta desta introduo, mais duas partes e uma concluso. Na primeira parte, trato a cidade enquanto uma unidade de produo, a partir de framework derivado da teoria da firma coseana e, destaco o papel central i) dos custos de coordenao das atividades exercidas no mbito da esfera pblico, incluindo a compra dos insumos necessrios a produo dos bens e servios e, ii) dos custos de uso do mercado para a obteno dos servios produzidos na esfera privada, apontando as possibilidades de reduo dos custos e aumento da eficincia, por meio do exerccio do poder discricionrio que promove mudanas nas instituies, em especial nos direitos de propriedade e nas organizaes necessrias ao exerccios desses direitos. Desta forma, evidencio que estamos diante de um giro paradigmtico que realizado a partir da adoo de uma concepo de propriedade como um feixe de direitos, por meio do que a cidade na perspectiva coseana submetida a um deslocamento dos seus fundamentos, j que a nfase deixa de ser o mercados de propriedades que caracteriza a cidade neoliberal, e passa a ser o mercado de direitos (development rights) embutido na propriedade, a marca institucional caracterstica da cidade (pos)neoliberal pois, sobre tais direitos que o poder discricionrio exercido como uma exceo. (ONG, 2006)Na segunda parte, trato a cidade enquanto uma unidade de produo, a partir de framework derivado da premissa que ela um recurso de propriedade comum (Elinor Ostrom) e, portanto, possvel de ser reproduzida por meio da co-produo. Neste sentido destaco, nas atividades em geral a dimenso escalar, para ressaltar que elas podem ser produzidas num mbito local, estadual, nacional e, at mesmo planetrio, o que implica a necessidade de considerar-se o envolvimento de diferentes atores no momento do desenho da co-produo nas diferentes escalas. Destaco tambm o fato que as atividades em geral inserem-se em distintas jurisdies, de forma que elas podem assumir configuraes escalares que no as suas respectivas jurisdies. Mostro que em funo do exposto acima, torna-se imperativo a conjuno das distintas naturezas (escalar e jurisdicional) das atividades urbanas, o que implica mudana nas instituies e organizaes especificas, de forma a criar as condies de possibilidades para que as atividades sejam exercida de tal maneira que assegure como resultado uma cidade eficiente. O arremate que, para tanto se faz necessrio o exerccio do referido discricionrio, condio sine qua non para a promoo das mudanas institucionais e organizacionais necessrias a referida conjuno. Na concluso, chamo ateno para a necessidade de aprofundar o entendimento da cidade como uma unidade de produo tendo em vista estabelecer o ambiente institucional e o arranjo organizacional, explorando as novas alternativas a exemplo das PPPs, wiki government e co-production (as duas ltimas potencializadas pelas TICs) indutores da eficincia e equidade, tendo sempre em vista a identificao de reas e setores onde cada uma destas alternativas, ou combinao das mesmas, apresentem uma vantagem relativa, de forma a justificar as mudanas no nosso ambiente institucional, e, a consequente criao das condies de possibilidades de novas praticas de governo focadas na produo de bens e servios necessrios ao bom funcionamento das nossas cidades.

BIBLOGRAFIA

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