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Lei de Thelema Faze o que tu queres há de ser toda a Lei O princípio Thelemico está dedicado aos altos propósitos de segurança da Liberdade do Indivíduo e de seu crescimento em Luz, Sabedoria, Compreensão, Conhecimento e Poder; mediante Beleza, Coragem e Sapiência; A lei de Thelema está encravada no Livro da Lei, recebido por Aleister Crowley em 1904, e com este, uma mensagem de revolução do pensamento humano, da cultura e religião baseados no simples axioma: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei - Amor é a lei, amor sob vontade". Essa Lei, resumida na palavra Thelema, não é para ser interpretada como uma licença para satisfazer cada capricho vivido, porém antes um mandato a descobrir a sua única e Verdadeira Vontade e persegui-la; deixando outros fazerem o mesmo em seus únicos e próprios e caminhos. "Todo homem e toda mulher é uma estrela". Amor é a lei, amor sob vontade. Paz, Tolerância, Verdade; Saudações em Todos os Pontos do Triângulo; Com Respeito à Ordem. A Quem Interessar possa. Thelema ("Télêma") é uma palavra Grega que significa "vontade" ou "intenção". Ela é também o nome da nova filosofia espiritual que foi erguida à quase cem anos e está agora tornando-se gradualmente estabilizada ao redor do mundo. Uma das mais primeiras menções a esta filosofia ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escritos por Francois Rabelais em 1532. Um episódio desta aventura épica conta-nos da fundação da "Abadia de Thelema" como uma instituição para o cultivo das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo por completa oposta às prevalecentes propriedades Cristãs do momento. A única regra da Abadia de Thelema era: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei". Essa tem sido uma das crenças básicas da filosofia Thelemica hoje. Embora tocada sobre vários proeminentes e visionários pensadores nos cem anos seguintes, a semente de Thelema

Aleister Crowley - O Livro da Lei

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Lei de Thelema Faze o que tu queres há de ser toda a Lei

O princípio Thelemico está dedicado aos altos propósitos de segurança da Liberdade do Indivíduo e de seu crescimento em Luz, Sabedoria, Compreensão, Conhecimento e Poder; mediante Beleza, Coragem e Sapiência;

A lei de Thelema está encravada no Livro da Lei, recebido por Aleister Crowley em 1904, e com este, uma mensagem de revolução do pensamento humano, da cultura e religião baseados no simples axioma: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei - Amor é a lei, amor sob vontade". Essa Lei, resumida na palavra Thelema, não é para ser interpretada como uma licença para satisfazer cada capricho vivido, porém antes um mandato a descobrir a sua única e Verdadeira Vontade e persegui-la; deixando outros fazerem o mesmo em seus únicos e próprios e caminhos. "Todo homem e toda mulher é uma estrela".

Amor é a lei, amor sob vontade.

Paz, Tolerância, Verdade;Saudações em Todos os Pontos do Triângulo;Com Respeito à Ordem.A Quem Interessar possa.

Thelema ("Télêma") é uma palavra Grega que significa "vontade" ou "intenção". Ela é também o nome da nova filosofia espiritual que foi erguida à quase cem anos e está agora tornando-se gradualmente estabilizada ao redor do mundo.

Uma das mais primeiras menções a esta filosofia ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escritos por Francois Rabelais em 1532. Um episódio desta aventura épica conta-nos da fundação da "Abadia de Thelema" como uma instituição para o cultivo das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo por completa oposta às prevalecentes propriedades Cristãs do momento. A única regra da Abadia de Thelema era: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei". Essa tem sido uma das crenças básicas da filosofia Thelemica hoje.

Embora tocada sobre vários proeminentes e visionários pensadores nos cem anos seguintes, a semente de Thelema plantada por Rabelais eventualmente veio a dar frutos na primeira parte deste século, quando desenvolvida por um inglês chamado Aleister Crowley. Crowley foi um poeta, autor de vários livros, montanhista, magista e membro de uma sociedade oculta conhecida como Ordem Hermética da Aurora Dourada (Hermetic Order of Golden Dawn). Em 1904, enquanto viajava pelo Egito, com sua esposa Rose Kelly, Crowley tornou-se inexplicavelmente envolvido em uma série de eventos no qual ele clama inaugurar um novo aeon da evolução da humanidade. Esses fatos culminaram em Abril, quando Crowley entrou em um estado de transe e escreveu os três capítulos de 220 versos que veio a ser chamado O Livro da Lei (também conhecido como Liber AL e Liber Legis). Entre outras coisas, esse livro declarou: "A palavra da Lei é Thelema" e "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei".

Crowley gastou o resto de sua vida desenvolvendo a filosofia de Thelema, tal como revelado pelo Livro da Lei. O resultado foi uma volumosa produção de comentários e trabalhos relacionados à magick, misticismo, yoga, qabalah e outros assuntos ocultistas. Virtualmente todos esses escritos levaram a influência de Thelema, tal como interpretada e entendida por Crowley em sua capacidade como profeta do Novo Aeon.

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Uma teoria defende que cada capítulo do Livro da Lei está associado, em particular, com um aeon da evolução espiritual da humanidade. De acordo com isto, o Capítulo Um caracteriza o Aeon de Ísis, quando o arquétipo da divindade feminina era eminente. O Capítulo Dois relata o Aeon de Osíris, quando o arquétipo do deus morto tornou-se proeminente, e as palavras da religiões patriarcais foram estabelecidas. O Capítulo Três proclama o alvorecer de um novo aeon, o Aeon de Hórus, a criança de Ísis e Osíris. É neste novo aeon que a filosofia de Thelema será completamente desvelada à humanidade, e será estabelecida como o primeiro paradigma para a evolução espiritual das espécies.

Alguns desses elementos essenciais da crença em Thelema são:

"Todo homem e toda mulher é uma estrela."

O significado disto geralmente é tomado que cada um indivíduo é único e têm seus próprios caminhos em um universo espaçoso, onde eles podem mover-se livremente sem colisão.

"Faze o que tu queres há ser toda a Lei." e "tu não tens direito senão faze o que tu queres."

Muitos Thelemitas esperam que toda pessoa possui uma Verdadeira Vontade, uma simples motivação abrangente por suas existências. A Lei de Thelema determina que cada pessoa siga sua Verdadeira Vontade para alcançar satisfação na vida e liberdade das restrições da suas naturezas. Pois duas Verdadeiras Vontades não podem estar em real conflito (de acordo com "Todo homem e toda mulher é uma estrela"), essa Lei também proíbe alguém de interferir na Verdadeira Vontade de qualquer outra pessoa.

A noção de absoluta liberdade para um indivíduo seguir sua Verdadeira Vontade é uma das nutridas entre os Thelemitas. Essa filosofia também reconhece que a principal tarefa de um indivíduo que inicia o caminho de Thelema, é primeiro descobrir sua Verdadeira Vontade, através de métodos de auto-exploração tal como a magick. Além disso, toda Verdadeira Vontade é diferente, e por isso cada pessoa tem um único ponto de vista do universo, ninguém pode determinar a Verdadeira Vontade para outra pessoa. Cada pessoa deve chegar a descobrir por elas próprias.

É claro, com a ênfase sobre a liberdade e individualidade inerente em Thelema, as crenças de qualquer dado Thelemita são provavelmente para diferenciar daqueles de qualquer outro. No Comento anexado ao Livro da Lei é estabelecido que: "Todas as questões do Livro da Lei devem ser decididas apenas por apelo aos meus escritos, cada qual por si mesmo." Nisso, Thelema mal pode ser classificada como um "religião", uma vez que ele engloba uma vasta área de crenças, desde ateísmo ao politeísmo. O importante é que cada pessoa tem o direito de completar-se através de quaisquer credo e ações que são melhor adequados para eles (desde que eles não interfiram na vontade de outros), e somente eles mesmos estão qualificados para determinar quais são.

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O Livro da Lei, de Alester Crowley

Introdução Parte I Parte II Parte III Comentário Sobre a tradução Líber Oz e o número 666 Introdução

I. O LivroII. O UniversoIII. A Lei de ThelemaIV. O Novo ÉonV. O Próximo Passo

I. O livro

1. Este Livro foi ditado no Cairo entre meio-dia e 13 horas em três dias sucessivos, 8, 9 e 10 de abril do ano de 1904. O autor se auto-denominou Aiwass, e afirmou ser "o ministro de Hoor-paar-kraat"; isto é, um mensageiro das forças regendo esta terra no presente momento, como será explicado adiante. Como poderia ele provar que era de fato um ser de um tipo superior a qualquer outro da raça humana, e dessa forma entitular-se falando com autoridade? Evidentemente ele precisava mostrar CONHECIMENTO E PODER como nenhum homem jamais possuiu.

2. Ele mostrou seu CONHECIMENTO principalmente pelo uso de cifra ou criptograma em certas passagens para revelar fatos obscuros, incluindo alguns eventos que já ocorreram, de forma que nenhum ser humano podia conhecê-los; assim, a prova de sua afirmação existe no manuscrito em si. É independente de qualquer testemunho humano. O estudo dessas passagens necessariamente exige uma suma escolaridade humana para interpretação-exige anos de aplicação intensa. Uma grande parte ainda precisa ser trabalhada. Mas suficiente já foi descoberto para justificar sua afirmação; a mais cética inteligência é compelida a admitir sua verdade. Esse assunto é melhor estudado de acordo com Master Therion, cujo anos de pesquisa árdua guiaram-no à iluminação. Por outro lado, a linguagem da maior parte do Livro é admiravelmente simples, clara e vigorosa. Ninguém pode lê-lo sem impressionar-se ao âmago do seu ser.

3. O PODER sobre-humano de Aiwass é demonstrado pela influência de seu Mestre, e do Livro, sobre eventos reais: e a história embasa totalmente sua afirmação. Esses fatos são acessíveis a qualquer um, mas são melhor compreendidos com a ajuda de Master Therion.

4. A descrição completa e detalhada dos eventos que levaram até esse Livro ser ditado, com uma reprodução facsímile do manuscrito e um ensaio por Master Therion, foi publicada no Equinócio dos Deuses.

II. O universo

Esse livro explica o Universo.

Os Elementos são Nuit-Espaço isto é, as possibilidades totais de todos os tipos-e Hadit, qualquer ponto o qual teve experiência dessas possibilidades. (Essa idéia é por

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conveniência simbolizada pela Divindade Egípcia Nuit, uma mulher dobrada como o Arco do Céu Noturno. Hadit é simbolizado como um Globo Alado no coração de Nuit.)

Todo evento é uma unificação de alguma mônada com uma das experiências possíveis a ela.

"Todo homem e toda mulher é uma estrela," isto é, um agregado de tais experiências constantemente mutável com cada novo evento, o qual afeta ele ou ela tanto consciente ou subconscientemente.

Cada um de nós tem assim um universo só dele, mas ele é o mesmo universo para cada um, já que inclui toda as experiências possíveis. Isso implica na extensão da consciência para que inclua todas as outras consciências.

Em nosso presente estágio, o objeto que você vê nunca é o mesmo que o que eu vejo; nós deduzimos que é o mesmo pois sua experiência se ajusta com a minha em tantos aspectos que as diferenças reais de nossa observação são ínfimas. Por exemplo, se um amigo está caminhando entre nós, você vê somente seu lado esquerdo, eu seu lado direito; nós concordamos que é o mesmo homem, embora possamos diferir não somente no tocante ao que vemos do seu corpo mas em que conhecemos de suas qualidades. Essa convicção de identidade fica mais forte quanto mais o vemos e tentamos conhecê-lo melhor. Assim todo o tempo nenhum de nós pode saber dele qualquer coisa além da impressão total feita em nossas respectivas mentes.

O que está acima é uma tentativa extremamente crua de explicar um sistema que reconcilia todas as escolas existentes de filosofia.

III. A lei de Thelema

Esse Livro profere um simples Código de Conduta.

"Faze o que tu queres há de ser o todo da lei."

"Amor é a lei, amor sob vontade"

"Não há lei fora Faze o que tu queres."

Isso significa que cada um de nós estrelas somos para mover-nos em nossa verdadeira órbita, como demarcada pela natureza de nossa posição, pela lei de nosso crescimento, e o impulso de nossas experiências passadas. Todos os eventos são igualmente lícitos e cada um necessário, na longa jornada para todos nós, em teoria; mas em prática, somente um ato é lícito para cada um de nós em um dado momento. Portanto Dever consiste em determinação em experimentar o evento correto de um momento de consciência para outro.

Cada ação ou movimento é um ato de amor, a unificação com uma ou outra parte de "Nuit"; cada ato desse tipo precisa estar 'sob Vontade,' escolhido de forma que satisfaça, e que não frustre, a natureza verdadeira do ser em questão.

Os métodos técnicos para alcançar isto devem ser estudados em 'Magick' ou adquiridos por instrução pessoal do Master Therion e seus assistentes nomeados.

IV. O novo éon

O terceiro capítulo do Livro é difícil de entender, e pode ser muito repugnante para muitas pessoas nascidas antes da data do livro (abril de 1904).

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Ele mostra as características do Período no qual estamos agora entrando. Superficialmente, elas parecem horríveis. Nós já vemos algumas delas com terrível clareza. Mas não tenha medo!

Ele explica que certas 'estrelas' (ou agregados de experiência) vastas podem ser descritas como Deuses. Um destes fica no encargo dos destinos desse planeta por períodos de 2,000 anos. Na história do mundo, tanto quanto conhecemos acuradamente, existem três Deuses desse tipo: Isis, a mãe, quando o Universo era concebido como um simples alimento drenado diretamente dela; esse período é marcado pelo governo matriarcal.

Depois, começando em 500 A.C., Osiris, o pai, quando o Universo foi imaginado como catastrófico; amor, morte, ressurreição, como o método pelo qual experiência era construída, isso corresponde aos sistemas patriarcais.

Agora, Hórus, o filho, no qual viremos a perceber eventos como um crescimento contínuo compartilhando em seus elementos com ambos os métodos, e não sendo vencidos pelas circunstâncias. Esse período presente envolve o reconhecimento do indivíduo como a unidade da sociedade.

Nós percebemos nós mesmos como explicado nos primeiros parágrafos deste ensaio. Cada evento, inclusive a morte, é somente outro acréscimo a nossa experiência, livremente desejada por nós mesmos desde o início e, portanto também predestinada.

Esse "Deus," Hórus, tinha um título técnico: Heru-Ra-Ha, uma combinação de deuses gêmeos, Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat. O significado desta doutrina precisa ser estudado em 'Magick' (Ele é simbolizado como um Deus Cabeça-de-Falcão entronado)

Ele rege o presente período de 2,000 anos, começando em 1904. Em toda parte seu governo deita raízes. Observem vocês mesmos a queda do senso de pecado, o crescimento da inocência e da irresponsabilidade, as estranhas modificações do instinto reprodutivo com tendências a se tornar bissexual ou epiceno, a confiança infantil no progresso combinada com medo pesadelesco de catástrofe, contra a qual nós já estamos parcialmente não querendo tomar precauções.

Considere o afloramento das ditaduras, somente possíveis quando o crescimento moral está em seus mais primevos estágios, e a prevalescência dos cultos infantis como Comunismo, Fascismo, Pacifismo, Doenças Mentais, Ocultismo, em quase todas as suas formas, religiões sentimentalizadas até o ponto de praticamente extinção.

Considere a popularidade do cinema, do rádio, da loteria esportiva e competições de adivinhação, todos mecanismos para acalmar bebês irritadiços, nenhuma semente de finalidade neles.

Considere o esporte, o entusiasmo infantil e a fúria que ele provoca, nações inteiras perturbadas por disputas entre garotos.

Considere a guerra, as atrocidades que ocorrem diariamente e deixam-nos impassíveis e dificilmente preocupados.

Nós somos crianças.

Como esse novo Éon de Hórus se desenvolverá, como a Criança crescerá, estas são coisas para nós determinarmos, crescendo nós mesmos na via da Lei de Thelema sob a condução iluminada de Master Therion.

V. O próximo passo

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A democracia treme.

O Fascismo feroz, o Comunismo cacarejante, fraudes iguais, zanzam loucamente por todo o globo.

Eles são nascimentos abortivos da Criança, o Novo Éon de Hórus.

A Liberdade novamente se remexe no útero do Tempo.

A evolução faz suas mudanças de maneiras anti-Sociais. O homem 'Anormal' que prevê o curso dos tempos e adapta as circunstâncias inteligentemente, é gozado, perseguido, até mesmo destruído pelo rebanho; mas ele e seus herdeiros, quando a crise chega, são os sobreviventes.

Sobre nós hoje paira um perigo sem paralelo na história. De mais e mais formas reprimimos o indivíduo. Nós pensamos em termos do rebanho. Guerra não mata mais soldados; ela mata indiscriminadamente. Cada nova medida dos mais democráticos e autocráticos governos é comunista em essência. Eles são sempre restrição. Somos tratados como crianças imbecis. Doravante, a Lei do Lojista, as Leis de Direção, asfixia Domingueira, a Censura, eles não confiam em nós para cruzarmos as ruas à vontade.

O Fascismo é como o Comunismo, e desonesto na barganha. Os ditadores reprimem toda arte, literatura, teatro, música, notícias, que não se encaixem em seus requerimentos; porém o mundo só se move pela luz do gênio. O rebanho será destruído em massa.

O estabelecimento da Lei de Thelema é a única forma de preservar a liberdade individual e assegurar o futuro da raça.

Na palavra do famoso paradoxo de Comte de Fénix. A regra absoluta do estado há de ser uma função de liberdade absoluta de cada vontade individual.

Todos homens e mulheres são convidados a cooperar com Master Therion nisso, a Grande Obra.

Parte I

1. Had! A manifestação de Nuit.

2. O desvelamento da companhia do céu.

3. Todo homem e toda mulher é uma estrela.

4. Todo número é infinito; não há diferença.

5. Ajuda-me, ó guerreiro senhor de Tebas, em meu desvelamento perante as Crianças dos homens!

6. Sê tu Hadit, meu centro secreto, meu coração & minha língua!

7. Vê! é revelado por Aiwass o ministro de Hoor-paar-kraat.

8. O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs.

9. Cultue então o Khabs, e contemple minha luz derramada sobre ti!

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10. Que meus serviçais sejam poucos & secretos: eles comandarão os muitos & os conhecidos.

11. Estes são tolos que os homens adoram; seus Deuses & seus homens são tolos.

12. Apareçam, ó crianças, sobre as estrelas, & tomem seu quinhão de amor!

13. Eu estou sobre vós e em vós. Meu êxtase está em vosso. Meu prazer é ver vosso prazer.

14. Acima, o azul gemado é

O esplendor desnudo de Nuit;

Ela se curva em êxtase para beijar

Os ardores secretos de Hadit.

O globo alado, o estrelado azul

São meus, Ó Ankh-af-na-khonsu !

15. Agora sabereis que o escolhido sacerdote e apóstolo escolhido do espaço infinito é o príncipe-sacerdote a Besta; e em sua mulher chamada a Mulher Escarlate está todo o poder concedido. Eles deverão reunir minhas crianças em seu redil: eles trarão a glória das estrelas até os corações dos homens.

16. Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a chama alada secreta, e para ela a intermitente luz estelar.

17. Mas vós não sois assim escolhidos.

18. Queime sobre suas frontes, ó serpente esplendorosa!

19. Ó mulher de pálpebras azuis-celestes, curva-te sobre eles!

20. A chave dos rituais está na palavra secreta que Eu dei a ele.

21. Com o Deus & o adorador Eu não sou nada: eles não me vêem. Eles estão como sobre a terra; Eu sou Céu, e não há outro Deus além de mim, e meu senhor Hadit.

22. Agora, portanto, sou conhecida por vós pelo meu nome Nuit, e por ele por um nome secreto que lhe darei quando enfim me conhecer. Já que sou o Espaço Infinito, e portanto as Estrelas infinitas, vós também sois assim. Nada obrigue ! Que entre vocês haja diferença entre uma coisa qualquer e qualquer outra coisa; pois daí vem a dor.

23. Mas quem quer que se valha disso, que seja o chefe de tudo!

24. Eu sou Nuit, e minha palavra é seis e cinqüenta.

25. Dividi, somai, multiplicai, e compreendei.

26. Então disse o profeta e escravo da mais bela: Quem sou Eu, e qual há de ser o sinal? Então ela lhe respondeu, se curvando para baixo, uma gentil chama azul, toda tocante, toda penetrante, suas adoráveis mãos sobre a terra negra, & e seu corpo ágil arqueado

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para o amor, e seus pés macios sem machucar as pequeninas flores: Tu sabes! E o sinal será meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, a onipresença de meu corpo.

27. Então o sacerdote respondeu & disse à Rainha do Espaço, Beijando suas adoráveis sobrancelhas, o orvalho de sua luz banhando todo seu corpo num doce perfume de suor: Ó Nuit, continuidade do Céu, que sempre seja assim; que homens falem de Ti não como Uma mas como Nenhuma; e sequer deixe-os falar de Ti, visto que és continua!

28. Nenhuma, respirou a luz, pálida & feérica, das estrelas, e dois.

29. Pois Eu estou dividida pelo amor ao amor, pela chance de união.

30. Esta é a criação do mundo, assim a dor da divisão é como nada, e o prazer da dissolução tudo.

31. Com estes homens tolos e suas dores sequer se preocupem! Eles sentem pouco; o que é, é compensado por fracos prazeres; mas vós sois meus escolhidos.

32. Obedeçam meus profetas! sigam até o fim as provações de meu conhecimento! busquem somente a mim! Então os prazeres do meu amor lhes redimirão toda dor. Isto é assim: Eu juro pela abóbada de meu corpo; pelos meus sagrados coração e língua; por tudo que posso dar, por tudo que desejo de todos vós.

33. Então o sacerdote caiu num transe profundo ou desmaio, & disse para a Rainha do Céu; Escreva-nos as provações; escreva-nos a lei!

34. Mas ela disse: as provações não escreverei: os rituais deverão ser metade conhecidos e metade encobertos: a Lei é para todos.

35. Isto que tu escreves é o tripartido livro da Lei. 36. Meu escriba Ankh-af-na-khonsu, o sacerdote dos príncipes, nem em uma letra há de alterar este livro; mas para que não haja confusão, ele comentará a respeito pela sabedoria de Ra-Hoor-Khu-it.

37. Também os mantras e feitiços; o obeah e o wanga; o trabalho do bastão e o trabalho da espada; estes aprenderá e ensinará.

38. Ele deve ensinar; mas ele pode tornar severas as provações.

39. A palavra da Lei é .

40. Quem nos chama Thelemitas não comete erro, se aprofundar-se na palavra. Pois há ali dentro Três Graus, o Eremita, e o Amante, e o homem da Terra. Faze o que queres há de ser o todo da Lei.

41. A palavra do Pecado é Restrição. Ó homem! não recuses tua esposa, se ela deseja! Ó amante, se tu queres, abandone! Não há laço que possa unir o dividido fora o amor: tudo mais é uma maldição. Maldito! Maldito seja pelos éons! Inferno.

42. Deixe estar aquele estado de multiplicidade limitado e repugnante. Assim com teu tudo; não tens direito além de fazer tua vontade.

43. Faze isto, e ninguém dirá não.

44. Pois vontade pura, desaliviada de propósito, livre da ânsia de resultado, é de todo perfeita.

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45. O Perfeito e o Perfeito são um Perfeito e não dois; não, são nenhum!

46. Nada é uma chave secreta desta Lei. Os Judeus a chamam sessenta e um; Eu a chamo oito, oitenta e quatrocentos & dezoito.

47. Mas eles tem a metade: unifica pela tua arte para que tudo desapareça.

48. Meu profeta é um tolo com seu um, um, um; eles não são o Boi, e nenhum pelo Livro?

49. Revogados estão todos os rituais, todas as provações, todas as palavras e sinais. Ra-Hoor-Khuit tomou seu assento no Leste do Equinócio dos Deuses; e que Asar esteja com Isa, que também são um. Mas eles não estão em mim. Que Asar seja o adorador, Isa o sofredor; Hoor no seus secreto nome e esplendor é o Senhor iniciando.

50. Há uma palavra a dizer sobre a tarefa do Hierofante. Vede! existem três provações em uma, e ela pode pode ser dada de três maneiras. O grosseiro deve passar através do fogo; que o fino seja posto em prova pelo intelecto, e os escolhidos elevados pelo mais alto. Assim vós tereis estrela & estrela, sistema & sistema; que nenhum conheça bem o outro!

51. Há quatro portões para um palácio; o chão deste palácio é de prata e ouro; lapis lazuli & jaspe estão lá; e todas essências raras; jasmim & rosa, o os emblemas da morte. Que ele entre nos quatro portões um de cada vez ou todos ao mesmo tempo; que ele permaneça no chão do palácio. Ele não cairá? Amn. Ei! guerreiro, e se o teu servidor cair? Mas existem maneiras e maneiras. Portanto sejam bons: Vistai-vos todos em finos ornamentos; comam comidas caras e bebam vinhos doces e vinhos espumantes! Também, tomai vossos quinhão e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes! Mas sempre em mim.

52. Se isto não for feito como é devido; se confundires as marcas-do-espaço, dizendo: Elas são um; ou dizendo: Elas são muitas; se o ritual não se fizer sempre para mim: então espere o horrível julgamento de Ra Hoor Khuit!

53. Isto regenerará o mundo, o pequeno mundo minha irmã, meu coração & minha língua, a quem envio este beijo. Igualmente, ó escriba e profeta, embora sejas dos príncipes, não te saciará nem te absorverá. Mas seja teu o êxtase e alegria da terra: sempre Para mim! Para mim!

54. Não mude sequer o estilo de uma letra; pois vê! tu, ó profeta, não há de testemunhar todos estes mistérios escondidos no interior.

55. O filho das tuas entranhas, ele há de vê-los.

56. Não espere-o do Este, nem do Oeste; pois de nenhuma casa esperada virá esta criança. Aum! Todas palavras são sagradas e todos profetas verdadeiros; salvo somente que eles entendam um pouco; solucione a primeira metade da equação, deixe a segunda inatacada. Mas tu tens tudo em clara luz, e algo, apesar de não tudo, às escuras.

57. Invoque-me sobre minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob vontade. Que os tolos não confundam o amor; pois há amor e amor. Há o pombo, e há a serpente. Escolhei bem! Ele, meu profeta, tem escolhido, conhecendo a lei da fortaleza, e o grande mistério da Casa de Deus.

Todas estas velhas letras de meu livro estão como deve ser; mas j não é a Estrela. Isto também é secreto: meu profeta o revelará aos sábios.

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58. Eu dou prazeres inimagináveis na terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz inalterável, descanso, êxtase; Eu tampouco exijo algo em sacrifício.

59. Meu incenso é de madeiras resinosas & gomas; e não há sangue ali dentro: por causa de meu cabelo as árvores da Eternidade.

60. Meu número é 11, como todos seus números que são nossos. A Estrela de Cinco Pontas, com um Círculo no meio, & o círculo é vermelho. Minha cor é negra para o cego, mas azul & dourado são vistos pelos videntes. Também tenho uma glória secreta para aqueles que me amam.

61. Mas amar-me é melhor que todas as coisas: se sobre as estrelas noturnas no deserto tu em pouco tempo queimares meu incenso ante mim, invocando-me com o coração puro, e a chama da Serpente ali dentro, tu chegarás um pouco para deitar em meu seio. Por um beijo desejarás tu então querer dar tudo; mas qualquer um que dê uma partícula de pó perderá tudo nesta hora. Vós acumulareis artigos e montes de mulheres e especiarias; Vós usareis jóias caras; Vós ultrapassareis as nações da terra em esplendor & orgulho; mas sempre com amor por mim, e então vós desfrutareis meu prazer. Eu cobro desde já que venham ante mim numa única túnica, e cobertos de um suntuoso adorno de cabeça. Eu os amo! Eu os desejo! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, Eu que sou toda prazer e púrpura, e bêbada no sentido mais intrínseco, os desejo. Ponham as asas, e despertem o esplendor enrolado em vocês: venham até mim!

62. Em todos meus encontros com vocês a sacerdotisa dirá - e seus olhos arderão com desejo enquanto ela permanece nua e regozijando-se no meu templo secreto - Para mim! Para mim! reavivando a chama dos corações de todos em sua canção de amor.

63. Cante a arrebatadora canção de amor para mim! Queime perfumes a mim! Vista jóias a mim! Beba a mim, pois amo vocês! Eu os amo!

64. Eu sou a filha de pálpebras azuis do Pôr do Sol; Eu sou o esplendor nu do voluptuoso céu noturno.

65. Para mim! Para mim!

66. A Manifestação de Nuit chega a um fim.

Parte II

1. Nu! o esconderijo de Hadit.

2. Venham! todos vós, e aprendam o segredo que ainda não tenha sido revelado. Eu, Hadit sou o complemento de Nu, minha noiva. Eu não sou extenso, e Khabs é o nome de minha Casa.

3. Na esfera Eu sou em todas as partes o centro, como ela, a circunferência, não se acha em nenhuma parte.

4. Assim ela será conhecida & eu nunca.

5. Vê! os rituais do passado são negros. Que os maus sejam esquecidos; que os bons sejam purgados pelo profeta! Então este conhecimento se encaminhará como deve ser.

6. Eu sou a chama que arde em todo coração humano, e no núcleo de toda estrela. Eu sou Vida, e o doador da vida, no entanto, conhecer-me é o conhecer a morte.

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7. Eu sou o Mago e o Exorcista. Eu sou o eixo da roda, e o cubo no círculo. "Venha até mim" é uma palavra boba: pois sou Eu quem vou.

8. Quem adorar a Heru-pa-kraath tem me adorado; mal, pois sou Eu o adorador.

9. Lembrem-vos todos que existência é puro prazer; que todas as dores são só como sombras, elas passam & acabam; mas aquilo que resta existe.

10. Ó profeta! tu estás de má vontade para aprender este escrito.

11. Eu te vejo odiar a mão & a pena, mas Eu sou mais forte.

12. Pela causa de mim em Ti a qual tu não conheces.

13. pois por quê? Porque tu eras o conhecedor, e eu.

14. Que agora haja um véu por este santuário: que agora a luz devore os homens e coma-os com cegueira!

15. Pois sou perfeito, Não sendo; e meu número é nove pelos tolos; mas para o justo Eu sou oito, e um em oito: O que é vital, pois nada sou em realidade. A Imperatriz e o Rei não são meus; pois ali há um outro segredo.

16. Eu sou A Imperatriz & o Hierofante. Assim onze, como minha noiva é onze.

17. Ouçam-me, vós pessoas que suspiram!

As penas da dor e da mágoa

São deixadas para o morto e o agonizante,

Às pessoas que todavia não me conhecem.

18. Estes são mortos, estes sujeitos; eles não sentem. Nós não somos para os pobres e tristes: os senhores da terra são nossos semelhantes.

19. Pode um Deus viver num cão? não! mas os mais elevados são nossos. Eles regozijarão, nossos escolhidos: quem se apieda não é nosso.

20. Beleza e força, gargalhada saltitante e delicioso desprendimento, são nossos.

21. Não temos nada com os proscritos e os inadequados: que morram em sua miséria. Pois eles não sentem. A compaixão é o vício dos reis: pisoteie os miseráveis & os fracos: esta é a lei do forte: esta é nossa lei e a alegria do mundo. Não pense, ó rei, sobre esta mentira: Que Tu Tens Que Morrer: em verdade não tens que morrer, mas viver. Agora que fique entendido: Se o corpo do Rei dissolve, ele permanecerá em puro êxtase para sempre. Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit! O Sol, Força & Visão, Luz; estes são para os servos da Estrela & da Serpente.

22. Eu sou a Cobra que dá Conhecimento & Deleite e glória brilhante, e comove os corações dos homens com embriaguez. Para adorar-me tome vinho e drogas estranhas das quais falarei ao meu profeta, & esteja bêbado portanto! Elas não te farão mal de modo algum. É uma mentira, esta besteira contra si. A exposição da inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem! desfrute, usufrui todas as coisas de sentido e êxtase: não tema que qualquer Deus possa te negar isto.

Page 12: Aleister Crowley - O Livro da Lei

23. Eu estou só: não há Deus onde Eu estou.

24. Vê! estes são mistérios graves: pois também são dos meus amigos que são eremitas. Agora, não pense achá-los na floresta ou na montanha; mas sim em camas de púrpura, acariciados por magníficas mulheres feras com membros grandes, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelo flamejante sobre eles; ali os achará. Vós os vereis no comando, em exércitos vitoriosos, em todo o prazer; e haverá neles um prazer um milhão de vezes maior que este. Cuide para que nenhum force o outro, Rei contra Rei! Amem-se uns aos outro com corações em chamas; pisoteie os homens baixos com a luxúria feroz de vosso orgulho, no dia de vossa ira.

25. Vós estais contra o povo, Ó meu escolhido!

26. Eu sou a Serpente secreta enroscada a ponto de saltar: no meu rolo há prazer. Se Eu levanto a cabeça, Eu e minha Nuit somos um. Se Eu abaixo a cabeça, e atiro veneno, então é êxtase da terra, e Eu e a terra somos um.

27. Há um grande perigo em mim; pois quem não entendeu estas runas cometerá um grande erro. Ele cairá num poço chamado Porquê, e ali perecerá com os cães da Razão.

28. Agora uma maldição sobre Porquê e seus semelhantes!

29. Seja Porquê maldito para sempre!

30. Se a Vontade pára e grita Por quê, invocando Porque, então a Vontade pára & nada faz.

31. Se Poder pergunta Por quê, então é Poder enfraquecido.

32. Também a razão é uma mentira; pois há um fator infinito e desconhecido; & todas suas palavras são sábios desvios.

33. Basta de Porque! Seja ele condenado por um cão!

34. Mas tu, ó meu povo, cresça & acorde!

35. Que os rituais sejam corretamente executados com prazer & beleza!

36. Existem rituais dos elementos e festas dos tempos.

37. Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva!

38. Uma festa para os três dias da escrita do Livro da Lei.

39. Uma festa para Tahuti e a criança do Profeta-secreto, Ó Profeta!

40. Uma festa para o Ritual Supremo, e uma festa para o Equinócio dos Deuses.

41. Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa ainda maior para a morte!

42. Uma festa todos os dias em vossos corações no prazer de meu êxtase!

43. Uma festa toda noite em Nu, e o prazer do sumo deleite!

Page 13: Aleister Crowley - O Livro da Lei

44. Sim! festejai! regozijai! não há mais medo daqui em diante. Há dissolução e êxtase eterno nos beijos de Nu.

45. Há morte para os cães.

46. Fracassas? Te dói? Há medo em teu coração?

47. Onde Eu estou estes não estão.

48. Não te apiedes dos caídos! Eu nunca os conheci. Eu não sou para eles. Eu não consolo: Eu odeio o consolado & o consolador.

49. Eu sou único & conquistador. Eu não sou dos escravos que perecem. Sejam eles condenados & mortos! Amém (Isto é do 4: há um quinto que é invisível, & ali dentro sou como um bebê em um ovo.)

50. Azul Eu sou e ouro na luz de minha noiva: mas o fulgor vermelho está em meus olhos; & minhas lantejoulas são púrpuras & verdes.

51. Púrpura sobre púrpura: é a luz mais alta que o alcance do olho.

52. Há um véu: o véu é negro. Ele é o véu da mulher modesta; ele é o véu da dor, & o véu mortuário: nada disto está em mim. Rasgue este espectro mentiroso dos séculos: não vele seus vícios em palavras virtuosas: estes vícios são meu serviço; vós fazeis bem, & Eu recompensarei-os aqui e daqui em diante.

53. Não temas, ó profeta, quando estas palavras são ditas, tu não te arrependerás. Tu és enfaticamente meu escolhido; e abençoados são os olhos que em que ti hão de reparar com alegria. Mas Eu te esconderei numa máscara de dor: aqueles que te vêem temerão que tu estejas caído: mas Eu te levanto.

54. Tampouco eles que gritam alto suas tolices de que tu nada significas aproveitarão; tu revelarás: tu aproveitas: eles são os escravos do porquê: Eles não são meus. A pontuação como tu quiseres; as letras? não mude-as nem estilo nem em valor!

55. Tu há de obter a ordem & valor do Alfabeto Inglês; tu há de achar novos símbolos para atribuí-los nele.

56. Afastem-se! vós zombeteiros; mesmo pensando que vós rides em minha honra vós não rireis por muito tempo: então quando vós estiveres tristes sabereis que os terei abandonado.

57. O que é correto continuará sendo correto; O que é imundo continuará imundo.

58. Sim! não julgueis mudar: vós sereis como vós sois, & não outro. Por isto os reis da terra serão reis para sempre: os escravos servirão. Não haverá nenhum que será derrubado ou levantado: tudo é como sempre foi. Mas há servos meus mascarados: pode ser que aquele mendigo lá seja um Rei. Um Rei pode escolher sua vestimento como quiser: não há teste seguro: mas um mendigo não pode esconder sua pobreza.

59. Portanto cuidado! Ame a todos, para que por acaso não haja um Rei encoberto! Assim tu dizes? Tolo! Se ele é um Rei, tu não podes machucá-lo.

60. Portanto acerte duro & baixo, e para o inferno com eles, mestre!

61. Há uma luz perante teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável.

Page 14: Aleister Crowley - O Livro da Lei

62. Eu estou erguido em teu coração; e os beijos das estrelas chovem forte sobre seu corpo.

63. Tu estás exausto na fartura voluptuosa da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que a carícia do próprio verme do Inferno.

64. Oh! tu estás subjugado: nós estamos sobre ti; nosso deleite te cobre por inteiro: salve! salve: profeta de Nu! profeta de Had! profeta de Ra-Hoor-Khu! Agora regozije! agora goze em nosso esplendor & êxtase! Goze em nossa paz passional, & escreve doces palavras para os Reis!

65. Eu sou o Mestre: Tu és o Escolhido Sagrado.

66. Escreve, & encontra êxtase em escrever! Trabalha, & sê nosso leito no trabalho! Arrepia-te com o prazer da vida & morte! Ah! tua morte há de ser adorável: aquele que isso vê deve ser grato. Tua morte há de ser o selo da promessa de nosso amor perene. Vem! levanta teu coração & regozija! Somos um, somos nenhum.

67. Em guarda! Em guarda! Segura teu êxtase; não caia no desvanecimento dos beijos excelentes!

69. Endurece! Levanta-te! Levanta a cabeça! não respire tão fundo - morra!

69. Ah! Ah! Que sinto? Está a palavra exausta?

70. Há ajuda & esperança em outros feitiços. Sapiência diz: sê forte! Então podes agüentar mais gozo. Não sê animal; refina teu êxtase! Se tu bebes, beba pelas oito e noventa regras da arte: se tu amas, exceda em delicadeza; e se fazes algo prazeroso, que nisso haja sutileza!

71. Mas exceda! exceda!

72. Luta sempre por mais! e se tu és verdadeiramente meu - e não duvide, se tu és sempre alegre! - morte é o coroamento de tudo.

73. Ah! Ah! Morte! Morte! tu deves ansiar pela morte. Morte é proibida, ó homem, a ti.

74. O alcance de teu anseio será a fortaleza de sua glória. Aquele que muito vive & deseja morte é sempre o Rei entre os Reis.

75. Sim! escuta os números & as palavras:

76. 4 6 3 8 A B K 2 4 A L G M O R 3 Y X 24 89 R P S T O V A L. Que significa isto, ó profeta? Tu não sabes, nem nunca há de saber. Vem um a te seguir: ele exporá isso. Mas lembre, ó escolhido, de ser Eu; de seguir o amor de Nu no céu cheio de estrelas; de reparar nos homens, para contar-lhes esta alegre palavra.

77. Ó sê tu orgulhoso e poderoso entre os homens!

78. Levanta-te! pois nada há parecido contigo entre os homens ou entre Deuses! Levanta-te, ó meu profeta, tua estatura há de sobrepassar as estrelas. Eles hão de cultuar teu nome, inequívoco, místico, maravilhoso, o número do homem; e o nome de tua casa 418.

79. O fim do esconderijo de Hadit; e benção & adoração ao profeta da Estrela adoráve!

Page 15: Aleister Crowley - O Livro da Lei

Parte III

1. Abrahadabra; a recompensa de Ra Hoor Khut.

2. Há divisão daqui até a casa; há uma palavra não conhecida. Feitiçaria está extinta; tudo não é nada. Cuidado! Em guarda! Erga o nome de Ra-Hoor-Khuit!

3. Agora que se deixe ser compreendido a princípio que Eu sou um deus de Guerra e Vingança. Eu hei de lidar duramente com elas.

4. Escolhei-vos uma ilha!

5. Fortifiquem-na!

6. Cerquem-a com engenhos de guerra!

7. Eu vos darei um engenho de guerra.

8 Com ele vós golpeareis os povos; e nenhum há de permanecer de pé perante vós.

9. Ataca! Resguarda! Sobre eles! esta é a Lei da Batalha da Conquista: assim será minha adoração em volta de minha casa secreta.

10. Toma a estela da revelação em si; coloque-a em teu templo secreto - e esse templo está já corretamente disposto - & ela será sua Kiblah para sempre. Não desvanecerá, mas cores miraculosas hão de voltar a ela dia após dia. Feche-a em vidro travado como uma prova para o mundo.

11. Esta será sua única prova. Eu proíbo argumento. Conquista! Isto basta. Eu tornarei fácil para ti a abstrusão da casa mal ordenada na Cidade Vitoriosa. Tu mesmo há de transportá-la com adoração, ó profeta, mesmo que tu não gostes. Tu há de ter perigo & problema. Ra-Hoor-Khu está contigo. Adora-me com fogo & sangue; adora-me com espadas & com lanças. Que ante mim a mulher seja cingida com uma espada: que sangue escorra em meu nome. Pisoteie os pagãos; esteja sobre eles, ó guerreiro, te darei da carne deles para comer!

12. Sacrifique gado, pequeno e grande: depois uma criança.

13. Mas não agora.

14. Vos vereis aquela hora, ó bendita Besta, e tu a Concubina Escarlate de seu desejo!

15. Vós estareis tristes por isto.

16. Não penseis com demasiado afã em alcançar as promessas; não temais padecer às maldições. Vós, mesmo vós, não conheceis todos estes significados.

17. Não temereis de todo; nem temereis homens nem Destinos, nem deuses, nem coisa alguma. Dinheiro não temereis, nem gargalhadas da tolice popular, nem a nenhum outro poder no céu ou sobre a terra ou abaixo da terra. Nu é vosso refúgio como Hadit é vossa luz; e Eu sou a fortaleza, força, vigor, de vossos braços.

18. Que misericórdia seja banida; malditos aqueles que se apiedam! Mate e torture; não poupe; esteja sobre eles!

Page 16: Aleister Crowley - O Livro da Lei

19. Chamaram a esta estrela de Abominação da Desolação; conte bem seu nome, & será para vós como 718.

20. Por quê? Por causa da queda de Porquê, que novamente ele não esteja aqui.

21. Coloque minha imagem no Leste: tu hás de comprar uma imagem que te mostrarei, especial, não diferente daquela que tu conheces. E será repentinamente fácil para ti fazer isto.

22. As outras imagens agrupam-se ao meu redor para suportar-me: que todas sejam adoradas, pois se juntaram para exaltar-me. Eu sou o objeto de adoração visível; os outros são secretos; pois a Besta e sua Noiva são eles: e para os ganhadores da provação x. Que é isto? Tu há de saber.

23. Para perfume mescle farinha & mel & sobras espessas de vinho tinto: então azeite de Abramelin e azeite de oliva, e logo suavize & amasse com rico sangue fresco.

24. O melhor sangue é o da lua, mensal: então o sangue fresco de uma criança, ou gotejante de um hospedeiro celeste: logo o de inimigos, logo o do sacerdote ou dos adoradores: enfim o de alguma besta, não interessa qual.

25. Queimai isto: fazei disto pastéis & coma a mim. Isto também tem outro uso; que seja deitado ante mim, e mantido espesso com perfumes de vossa oração: se encherá de escaravelhos por assim dizer e de coisas rastejantes que me são sagradas.

26. Matai estes, nomeando vossos inimigos; & eles cairão ante vós.

27. Também estes criarão luxúria & poder de luxúria em vocês ao comer aquilo.

28. Vós também sereis fortes na guerra.

29. Ademais, sejam eles mantidos por muito tempo, é melhor; pois se incham com minha força. Todos ante mim.

30. Meu altar é de latão aberto trabalhado: queime ali em cima em prata ou ouro!

31. Vem em homem rico do Oeste que verterá seu ouro sobre ti.

32. De ouro forje aço!

33. Esteja pronto a fugir ou a golpear!

34. Mas seu lugar santo há de ser intocado através dos séculos: apesar de que com fogo e espada seja ele incendiado & destroçado, contudo uma casa invisível ali permanece, e há de permanecer até a queda do Grande Equinócio; quando Hrumachis surgirá e o do bastão-duplo assumira meu trono e lugar. Outro profeta surgirá, e trará febre fresca dos céus; outra mulher acordará a luxúria & adoração da Serpente; outra alma de Deus e besta se mesclarão no sacerdote globado; outro sacrifício manchará a tumba; outro rei reinará; e a bendição já não será vertida Ao místico Senhor cabeça de Falcão.

35. A metade da palavra de Heru-ra-ha, chamada Hoor-pa-Kraat e Ra-Hoor-Khut.

36. Então disse o profeta ao Deus:

37. Eu te adoro na canção -

Page 17: Aleister Crowley - O Livro da Lei

Eu sou o senhor de Tebas, e Eu

O inspirado comunicador de Mentu;

Para mim se descobre o velado céu,

O morto em si Ankh-af-na-khonsu

Cujas palavras são verdade, eu invoco, eu acolho

Tua presença, Ó Ra-Hoor-Khuit!

Unidade derradeira apresentada!

Eu adoro o poder do Teu alento

Supremo e terrível Deus,

Que fazes os Deuses e a morte

Tremer ante Ti: -

Eu, Eu te adoro!

Apareça no trono de Rá!

Abre os caminhos do Khu!

Ilumina os caminhos do Ka!

Os caminhos do Khabs se preenchem

para comover-me ou apaziguar-me!

Aum! que isto me complete!

38. De sorte que tua luz está em mim; & sua chama vermelha é uma espada em minha mão para promover tua ordem. Há uma porta secreta que farei para estabelecer teu caminho em todos os quadrantes, (estas são as adorações, como tu tens escrito), como é dito:

A luz é minha, seus raios me consomem:

Eu estive fazendo uma porta secreta

Na Casa de Ra e Tum,

De Khephra e de Anathoor.

Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,

O profeta Ankh-af-na-khonsu!

Por Bes-na-Maut meu peito eu golpeio;

Page 18: Aleister Crowley - O Livro da Lei

Pelo sábio Ta-Nech eu profiro meu feitiço

Mostra teu esplendor estelar, Ó Nuit!

Abre-me tua Casa para morar,

Ó serpente alada de luz, Hadit!

Mora comigo, Ra-Hoor-Khuit!

39. Tudo isto e um livro para dizer como tu chegaste aqui e uma reprodução para sempre desta tinta e deste papel - pois nele está a palavra secreta & não só em inglês - e teu comentário sobre este Livro da Lei será belamente impresso em tinta vermelha e preta sobre belo papel feito a mão, e para cada homem e mulher que tu conheceres, fora no mais para comer e beber em sua honra, é esta lei para dar. Então eles terão chance de ater-se a esta benção ou não; dá no mesmo. Faz isto rápido!

40. Mas o trabalho do comentário? Isto é fácil; e hadit ardendo em teu coração fará veloz e segura tua pena.

41. Estabeleça em tua Kaaba um escritório; tudo deve ser bem feito e à maneira de negócios .

42. Tu mesmo há de revisar as provações, salvo somente as cegas. Não recuse nenhuma, mas tu deves conhecer & destruir as traidoras. Eu sou Ra-Hoor-Khuit, e Eu sou poderoso para proteger meu servidor. Sucesso é tua prova: não argumentarás, não converterás, nem fale demais! Aqueles que buscam te impedir, te derrubar, ataque-os sem piedade ou quartel & destrua-os por completo. Veloz como uma serpente pisoteada volta-te e golpeia! Sê tu mais mortífero que eles! Arrasta suas almas até horroroso tormento: ri de seu medo: cospe neles!

43. Que a Mulher Escarlate se cuide! Se piedade e compaixão e ternura visitarem seu coração, se ela deixar meu trabalho para brincar com velhas doçuras; então minha vingança há de ser conhecida. Eu matarei seu filho a Mim: Eu alienarei seu coração: Eu isolarei-a dos homens: como uma rameira diminuída e desprezada ela rastejará através de ruas molhadas e sombrias, e morrerá fria e faminta.

44. Mas que se eleve em orgulho! Que me siga em meu caminho! Que trabalhe a obra da maldade! Que mate seu coração! Que seja chamativa e adúltera! Que se cubra de jóias, e ricas roupas, e que seja desavergonhada perante todos os homens!

45. Então Eu a erguerei aos pináculos de poder: então Eu criarei dela uma criança mais poderosa que todos os reis da terra. Eu a preencherei com alegria: com minha força ela verá & acertará na adoração de Nuit: ela alcançará Hadit.

46. Eu sou o guerreiro Senhor dos Quarenta: os Oitenta se encolherão ante mim & são diminuídos. Eu te levarei à vitória & alegria: Na batalha Eu estarei em suas armas & vós deleitareis em matar. Sucesso é vossa prova, coragem é sua armadura, adiante, adiante, em minha força & vós não voltareis atras por nenhum.

47. Este livro será traduzido em todas as línguas: mas sempre com o original na grafia da Besta, pois na feitura imprevista das letras e em suas posições entre si: nestas existem mistérios que nenhuma Besta adivinharia. Que ele não vá tentar: mas vem um após ele. de onde não direi, que descobrirá a Chave de tudo. Então esta linha traçada é uma chave; então este círculo quadrado em seu fracasso é também uma chave. E Abrahadabra. Será sua criança & isto estranhamente. Que ele não busque depois disto; pois desta maneira solitário ele pode cair disso.

Page 19: Aleister Crowley - O Livro da Lei

48. Agora este mistério das letras está feito, e eu quero continuar até o lugar mais santo.

49. Eu estou em uma quádrupla palavra secreta, a blasfêmia contra todos os deuses do homem.

50. Os amaldiçôo! Os amaldiçôo! Os amaldiçôo!

51. Com minha cabeça de Falcão eu bico os olhos de Jesus enquanto suspenso na cruz.

52. Eu bato minhas asas na face de Mohammed & o cego.

53. Com minhas garras Eu arranco a carne do Hindu e do Budista, Mongol e Din.

54. Bahlasti! Ompehda! Eu cuspo em seus credos crápulas.

55. Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: que por amor a ela todas as mulheres castas sejam desprezadas entre vós.

56. Também por amor a beleza e ao amor!

57. Desprezai também todos covardes, soldados profissionais que não ousam lutar, mas brincam; todos os tolos desprezais!

58. Mas os perspicazes e os orgulhosos, os reais e os altivos, vos sois irmãos!

59. Lutai vós como irmãos!

60. Não há lei fora Faze o que queres.

61. Há um fim na palavra do Deus entronado no assento de Rá, aliviando as vigas da alma.

62. A mim vós referenciais! a mim vós vens através da aflição da provação, a qual é bem-aventurança.

63. O tolo lê este Livro da Lei, e seu comentário; & ele não o entende.

64. Que ele atravesse a primeira provação & será para ele como prata.

65. Através da segunda, ouro.

66. Através da terceira, pedras de água preciosa.

67. Através da quarta, supremas faíscas do fogo íntimo.

68. Contudo para todos parecerá belo. Seus inimigos que não dizem assim, são meros mentirosos.

69. Existe Sucesso.

70. Eu sou o Senhor Cabeça de Falcão do Silencio & da Força; meu toque envolve o céu azul noturno.

71. Salve! vós guerreiros gêmeos a volta dos pilares do mundo! pois vosso tempo é noite a mão.

Page 20: Aleister Crowley - O Livro da Lei

72. Eu sou o Senhor do Bastão Duplo de Poder; o bastão da Força de Coph Nia - mas minha mão esquerda está vazia; pois estive arrasando um Universo; & nada restou.

73. Pegue os lençóis da direita para a esquerda e de cima para baixo: então vê!

74. Há um esplendor em meu nome escondido e glorioso, como o sol da meia-noite é sempre o filho.

75. O final das palavras é a Palavra Abrahadabra.

O Livro da Lei está Escrito

e encoberto

Aum. Ha.

Comentário

Faz o que tu queres há de ser o todo da Lei.

O estudo deste Livro é proibido. É sábio destruir esta cópia após a primeira leitura.

Qualquer um que desobedeça isto faz por seu próprio risco e perigo. Este são os mais terríveis.

Aqueles que discutirem os conteúdos deste Livro hão de ser rechaçados por todos, como centros de pestilência.

Todas as dúvidas da Lei hão de ser decididas somente por apelação aos meus escritos, cada um por si mesmo.

Não há lei fora Faze o que tu Queres

Amor é a lei, amor sob vontade.

O sacerdote dos príncipes,

ANKH-F-N-KHONSU.

Sobre a tradução

Minha surpresa foi enorme ao descobrir que o mesmo Crowley que havia influenciado Jimmy Page, o guitarrista do Led Zeppelin, dava nome aquele belíssimo Tarô que um amigo havia me mostrado e cujas lâminas não saiam de minha cabeça há semanas. A surpresa não foi menor quando obtive um acesso à Internet, dificílimo em Porto Alegre na época (janeiro de 1994), e tive um contato inimaginável com vastíssima obra de Aleister Crowley, quase toda disponível na rede. Nessa altura eu já me considerava um Thelemita

Page 21: Aleister Crowley - O Livro da Lei

(acho que sempre somos, sem saber) e pretensiosamente decidi traduzir o Livro da Lei, o livro mais sagrado da litania Crowleyana.

Na metade da tradução conheci pela rede uma pessoa peculiar, não só ela estava em Porto Alegre, como eu, como também se detinha a sugar os megabytes de textos sobre ocultismo disponíveis na Internet. Não bastasse isso, a criatura era tão pretensiosa quanto eu e, o mais importante, havia estudado com um aluno de Marcelo Motta. Essa pessoa era Daniel Pellizzari.

Eu sabia que o único livro relacionado a Crowley em biblioteca pública no Rio Grande do Sul era um tal de "O Equinócio no Brasil", traduzido (e com co-autoria) do tal Marcelo Motta. O livro foi roubado, ou seja, eu não sabia que se tratava do Livro da Lei com alguns textos adicionais e, a essa altura, desconhecedor de Marcelo Motta, eu imaginava que não houvesse nenhum livro de Crowley em português. A culpa disso, é, parcialmente, o meu desprezo por esse esoterismo auto-ajuda que nos infesta. Eu não conhecia a revista "Planeta", Paulo Coelho era coisa de menininhas pubescentes, e eu nunca tinha ouvido uma letra de Raul Seixas com atenção. (Algum tempo depois, numa ida para praia, no carro de um amigo, "O Alquimista" caiu em minhas mãos, li, achei bobinho e mal escrito, mas com o apelo de ser de fácil leitura e, confesso, emocionante. Li "Diário de um Mago", "As Valkírias" e "Brida" no mesmo dia, o trecho do "Valkírias" que fala da "Besta" rendeu umas boas gargalhadas.)

Daniel me apresentou a tradução de Marcelo Motta, e a princípio fiquei bastante decepcionado com meu trabalho perdido, mas depois de perceber alguns trechos esquisitos e mesmo alguns erros naquela tradução, resolvi continuar o trabalho, agora com a ajuda da versão de Motta, de uma tradução em espanhol e do vasto conhecimento de Pellizzari em Thelema e línguas.

Na rede descobri que Motta, que morreu em 1992, havia sido processado pela O.T.O. (existem várias O.T.O.s que clamam a legitimidade do uso desse nome, a que me refiro é a que detém os direitos sobre a obra de Crowley) por utilizar material sem concessão e com trechos adulterados (o registro está disponível na rede). Motta é acusado de ter sido um indivíduo difícil, autoritário e intratável, mas não podemos negar sua grande participação na divulgação da doutrina de Thelema tanto aqui quanto nos EUA, e afinal o próprio Crowley é acusado exatamente das mesmas coisas.

Nossa tradução é melhor que a de Motta em muitos aspectos, embora não a tenhamos considerado completa ainda (o terceiro capítulo ainda tem muitos erros, o Daniel meses atrás ficou de dar uma olhada, como fez com o primeiro capítulo e um trecho do segundo, mas ainda não teve "tempo".)

Em alguns casos seguimos o comentário de Crowley no que diz respeito ao significado de algumas palavras e frases, como "Do what thou wilt shall be the whole of the law" que traduzimos "Faz o que queres há de ser o todo da lei", sem o "tu" da tradução de Motta, para manter o mesmo número de palavras. (11, Abrahadabra, o número de Magick, e o Bastão Duplo.) Em outros casos preferimos facilitar a leitura. Motta traduziu, por exemplo "To me, to me!" como "Para me! Para me!", para manter o micron-epsilon de significado mágico, mas que acaba estragando uma leitura que seria emocionante com um ocultismo estéril, o que pensamos não acontecer com "Faze o que queres" (aliás citado no livro como a "palavra quadripartida de Ra-Hoor-Khuit", o "tu" elimina essa identificação e pode perfeitamente ficar subentendido sem perda alguma).

Liber Oz

Page 22: Aleister Crowley - O Livro da Lei

Liber Oz é a obra máxima de Aleister Crowley, um dos primeiros textos contidos no "Livro da Lei". Aqui você terá duas versões do texto do Liber Oz, mas nenhuma das duas são originais, foram retiradas do livro "O Equinócio dos Deuses", tradução do "The Book of the Law" para o português, editado apenas uma vez no Brasil em 1976.

O Número 666

"O número 666 chama-se Aleister Crowley"

Nascido na Inglaterra em 1875, Aleister Crowley foi uma das maiores autoridades esotéricas de nosso tempo. Menino prodígio, Crowley lia a Bíblia em voz alta aos quatro anos. Incansável estudioso das denominadas ciências ocultas, deixou uma vasta obra teórica, onde tenta mostrar como desenvolver e entrar em contato com a energia interior, e usá-la produtivamente para modificar por completo a vida. Crowley afirmava que essa energia que durante muito tempo procurou desenvolver através de ritos sexuais seria totalmente liberada com a chegada da Nova Era, período em que as leis sociais seriam definitivamente rompidas para que todos pudessem finalmente viver em plenitude. Crowley, que se auto-intitulava a Grande Besta 666, para desvincular-se totalmente de preconceitos religiosos, esforçou-se durante toda a sua vida para popularizar o esoterismo, e mais de uma vez revelou segredos de seitas fechadas, afirmando que o conhecimento é livre, e assim deve permanecer.

"O número 666 chama-se Aleister Crowley"

Esta frase encontra-se na música "Sociedade Alternativa". Aleister Crowley chamava a si mesmo de A Besta 666. Um sonho de Raul Seixas era publicar em inglês sua obra máxima, a que ele chamou de "Opus 666" (a capa ele já havia escolhido e teria sido a mesma que saiu no LP "A Pedra do Gênesis". Neste mesmo LP, ele musicou o Liber Oz e deu o nome de "A Lei").

Liber Oz:

"A Lei do Forte: Essa é a nossa lei e a alegria do mundo." (AL 2.21) "Faze o que queres, há de ser o tudo da Lei." (AL 1.40) "Não tens direito fora fazer o que queres. Faz isto, e ninguém dirá não." (AL 1.42-3) "Todo homem e toda mulher é uma estrela." (AL 1.3)

NÃO HÁ DEUS ALÉM DO HOMEM

1- O homem tem o direito de viver pela sua própria lei de viver da maneira que ele quiser; de trabalhar como ele quiser; de brincar como ele quiser;de descansar como ele quiser;de morrer quando e como ele quiser.

2- O homem tem o direito de comer o que ele quiser de beber o que ele quiser; de se abrigar onde quiser; de se mover como queira na face da Terra.

3- O homem tem o direito de pensar o que ele quiser de falar o que ele quiser;de escrever o que ele quiser;de desenhar, pintar, esculpir, gravar, moldar, construir como ele quiser;de vestir-se como quiser.

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4- O homem tem o direito de amar como ele quiser

"Pegai vosso quinhão e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes." (AL 1.51)

5- O homem tem o direito de matar aqueles que possam frustrar esses direitos

"Os escravos sevirão." (AL 2.58) "Amor é a lei, amor sob vontade." (AL 1.57)

A referência mais comum ao número 666 está em Apocalipse cap.13 ver. 18, que diz: "Quem tiver inteligência, calcule o número da Besta, porque é o número de um homem, e seu número é 666."

· Interpretações e Curiosidades

Hitler

Se dermos o valor 100 à letra "A", 101 á letra "B", 102 à letra "C" e assim por diante, a soma de Hitler é igual a 666:

H 107

I 108T 119 L 111 E 104 R 117

HITLER - 666

Papas

Os Papas dão a si mesmos o título de Vigário do Filho de Deus, em latim "VICARIUS FILII DEI". A soma do valor romano das letras correspondentes ao título é igual a 666.

V I C I V I L I I D I

5 1 100 1 5 1 50 1 1 500 1

PAPAS - 666

Segundo Crowley, o número 666 no versículo citado é o número do homem. E não de um homem. Porque quando se coloca de um homem, o sujeito fica indefinido. Mas quando se diz do homem significa do ser humano, Lógos Encarnado. Na tradição esotérica, 666 é também o número do sol. E tem relações curiosas, pois 62 = 36 e o somatório de 1 a 36 é igual a 666.

Eu falei de tanto número Que talvez esqueci algum. Mas as coisas que eu disse Não são lá muito comum.

Quem souber que conte outra, Ou que fique sem nenhum...

Raul Seixas - Os Números

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Legado do 666

Por Marcos Torrigohttp:// www.otobr.org

Todos já ouviram falar da Besta 666, o Anticristo, Lúcifer, o Demônio, e todo o mal vinculado a estas figuras. O que poucos pessoas sabem é que um homem se intitulou "A Besta 666". A primeira idéia que pode nos vir à mente é tratar-se de um louco, um facínora, um celerado da pior espécie.

Só que este homem se diz o maior amigo da humanidade, herdou uma imensa fortuna gasta em editar livros que divulgavam sua filosofia libertária, Thelema (que ele dizia vir diretamente dos dirigentes invisíveis da Terra, a Grande Fraternidade Branca), enquanto outra parte foi gasta na criação de um centro de estudos de Magia, na ensolarada Sicília.

O nome deste homem era Edward Alexander Crowley ou Aleister Crowley, como ficou mundialmente conhecido, nascido na Inglaterra, no seio de uma família de abastados cervejeiros. Teve uma educação esmerada em Cambridge e pretendia seguir a carreira diplomática por influência de seu tio. Todos os elementos para uma vida prosaica, tranqüila e feliz se faziam presentes. Mas Crowley, ou talvez a deusa Destino, sonhou algo totalmente diferente. Seus interesses dirigiram-se para o alpinismo e xadrez, mas acima de tudo para a Magia, que se tornou o grande objetivo de sua vida.

Aleister Crowley se dedicou de corpo e alma em desvendar os seus mistérios e segredos, indo a fundo na sua busca, não se limitando por nada, derrubando todas as barreiras, experimentando todas as facetas da alma humana, de todas as formas.

Crowley vivia na Inglaterra Vitoriana, repleta de hipocrisias e falso moralismo (não muito diferente do mundo de hoje em dia), e era natural que todo o empenho, força e dedicação de Crowley a sua meta acabaria por chocar-se com a sociedade da época. Ele foi taxado de

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pornográfico, depravado, drogado, satanista e mais uma infinidade de rótulos. E, o mais fantástico de tudo, estes rótulos ilustravam inúmeras atividades que de fato Crowley estava envolvido. Poderíamos encerrar o caso aqui, juntando nos as legiões que detratam a sua memória, mas antes disto cabe abrir um parêntese e falar sobre o que levou este homem a assumir este papel no mundo.

O ano de 1904 foi capital para Crowley, o mistério que iria persegui-lo por toda a vida estava por se revelar, como dádiva e maldição. Ele já era um Magista competente, iniciado na Aurora Dourada, uma das mais importantes Ordens mágicas de todos os tempos.

Nesta época, Crowley estava viajando o mundo. Em março e abril ele estava no Cairo, Egito, em companhia de sua esposa, Rose Kelly. O casal se entregava às alegrias da viagem de núpcias, mas nem por isso Crowley deixava de ser um Mago. Ele faz uma invocação de elementais do ar para sua jovem esposa, e qual não foi a sua surpresa, ao invés dos silfos a mulher começa a balbuciar: Hórus falava através dela. O deus prescreve então uma série de detalhes para um ritual de invocação, o resultado deste Ritual se da nos dias 8, 9 e 10 de abril, nos quais Crowley recebe o Livro da Lei, um poderoso Grimório de instruções mágicas, a Lei da era de Aquário. Crowley se choca com o conteúdo do Livro, mas a força das revelações lá contidas, influenciando eventos históricos de magnitude gigantesca (Primeira e Segunda guerras mundiais, por exemplo), deixou fora de dúvida a veracidade, beleza e poder do Livro da Lei.

Ditado por uma entidade de nome Aiwaz (que mais tarde Crowley associou a seu Eu superior). Nele, a Lei da nova era é sintetizada na frase Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei, e tem como contraponto e complemento Amor é a lei, amor sob Vontade. Facilmente poderíamos imaginar um paraíso da libertinagem, mas a vasta obra de Crowley nos mostra que liberdade sim, mas com conhecimento, em suas próprias palavras:

O tolo bebe, e se embebeda: o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre, bebe, e dá glórias ao Mais Alto Deus.

Sua filosofia mágica é sempre pautada pelo autoconhecimento, e fica claro que para nos tornarmos senhores de algo precisamos conhecê-lo, vivenciá-lo. O ser humano como divino é outro postulado Thelêmico, Todo homem e toda Mulher é uma estrela, ou seja, tem sua órbita e papel no universo e deve ser respeitado pelo simples ato de existir, mas não entendamos este respeito como piedade, mas sim como um ecossistema, onde cada parte cumpre a sua função.

Crowley, ao se colocar como a Besta do Apocalipse, está trazendo novamente a era dos homens deuses, onde a alegria a força se contrapõe à dor e fraqueza, Não seguimos ou adoramos um deus sofredor e morto numa cruz mais sim um homem deus que venceu a morte. O 666 é associado a Lúcifer e este, por sua vez, a Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para que os seres humanos pudessem se tornar deuses.

Uma das definições de Crowley sobre o mal é esta: Primeiramente, por Mal queremos significar o que está em oposição com nossas próprias vontades; é então um termo relativo, e não absoluto. Pois tudo o que é o grande mal de um é o maior bem de outrem, assim como a dureza da madeira, que estafa o lenhador, é a segurança daquele que se aventura no mar num barco construído com aquela madeira.

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To Mega Therion (A Grande Besta, nome mágico de Crowley) via a raça humana no começo desta era de Aquário como uma criança, então nada melhor que as suas palavras sobre como educar uma criança:

"Cada criança deve desenvolver sua própria individualidade, e Vontade, a despeito de ideais estranhos a si".

"Ela é confrontada com tais desafios como natação, escalada, trabalhos domésticos, e deixada livre para resolver de sua própria forma".

"Seu subconsciente é impressionado pela leitura de obras-primas, as quais se permite que se infiltrem em sua mente automaticamente sem pressão seletiva nem pedidos de compreensão consciente".

"Nada é ensinado a não ser pensar por si mesma".

"Ela é tratada como um ser responsável e independente, encorajada na autoconfiança, e respeitada pela auto-afirmação".

Crowley criou uma série de potentes Rituais para se autoconhecer e travar contato com inúmeras entidades, Deuses, Anjos e Demônios, sem falar em uma gama de símbolos de Poder e palavras de passe. Através destes Rituais, as pessoas entram em um novo universo (na verdade os abismos e alturas de seu próprio ser). Um bom exemplo é um Ritual chamado a Marca da Besta, uma alusão à marca recebida por Caim. Este ritual traz as energias do Novo Aeon ao praticante, quebrando uma série de condicionamentos e preenchendo-o com a energia dos quatro elementos encimados pelo Espírito. Um portal é aberto, um portal para a vida.

Os Rituais sexuais aprendidos na O. T. O. (Ordem dos Templários Orientais) muito influenciaram Crowley, (sem esquecer das contribuições de To Mega Therion a estes Rituais) e grande parte da Magia Thelêmica usa o sexo direta ou indiretamente. O Safira Estrela é um deles, e abaixo transcrevemos algumas de suas partes:

(Que o Adepto se arme com seu bastão Mágico e sua Rosa Mística).A referência aqui é clara: o Bastão é o falo, a Rosa Mística a vagina. O sexo oral é uma das etapas, e a absorção dos Sacramentos deve ser o ponto alto.

O leitor poderá lembrar do "Tantra Negro" mas não é o caso, e práticas como essas são usadas no Tantra do sul da Índia, para onde os Dravidianos foram expulsos.

O uso de práticas homossexuais também é licito e para tal remetemos o leitor ao trabalho de Karl Gustav Jung, onde a Anima (Animus) aparece em sonhos no sexo oposto ao da pessoa e o self justamente surge como uma representação do mesmo sexo.

A palavra de poder do novo Aeon é ABRAHADABRA. A palavra ABRAHADABRA soma 418, temos assim a letra hebraica Cheth, valor 8, Yod, valor 10 e Tau, 400, eles são as chaves para Grande Obra. Yod sendo o Bastão (falo) e Cheth (vagina) o Cálice, unidos em Tau. Ou ainda Yod, o espermatozóide, e Cheth, o óvulo, unidos em Tau. A Cruz também pode ser um símbolo do Lingam e da Yoni unidos. Basta imaginar a haste Horizontal, a Yoni e a vertical, o Lingam. É importante salientar mais uma vez que o Safira Estrela pode ser feito de forma

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simbólica e os resultados são também muito bons. Deve avançar a Leste, fazer o Hexagrama Sagrado, e dizer: PATER ET MATER UNUS DEUS ARARITA*. (quer dizer: "Pai e Mãe um deus Ararita").

A união sexual como uma forma de união ao divino, dois que se tornam um. Que ele retorne ao centro, o centro de tudo (Fazendo o símbolo da ROSA CRUZ como ele deve saber) dizendo: ARARITA ARARITA ARARITA. A Rosa Cruz é uma alusão direta a união falo-vagina. Que ele diga: OMNIA IN DUOS ("tudo em dois"): DUO IN UNUM ("dois em um"): UNUM IN NIHIL ("um em nada"): HAEC NEC QUATOR NEC OMNIA NEC DUC NEC UNUS NEC NIHIL SUNT ("não há quatro ou tudo ou dois nem um nem nada"). O sexo como elemento e pórtico para a transcendência. Então que repita os sinais de L.V.X., mas não os de N.O.X.: pela epifania que ocorreu como resultado dos sinais da Rosa Cruz. Ou seja, o orgasmo magicamente dirigido.

Este ensaio é pequeno demais para abranger o meio século de Crowley dedicado à magia, mas espero ter esclarecido um pouco sobre a sua vida e obra.

* Nota: Esta Palavra consiste das iniciais de uma sentença que quer dizer "Um é seu início. Uma é sua individualidade: Sua Permutação é Uma".

Sistemas de magia

Magia do Caos - (Chaos Magic, Kaos Magick, Circle of Chaos, Círculo do Caos, L.O.T. - Illuminates of Thanateros, Iluminados de Thanateros, Pacto da IOT) - A Magia do Caos tem origem nos trabalhos de Austin Osman Spare, redescobridor do Culto de Priapo. A Magia do Caos é atualmente bastante divulgada por seu organizador Peter James Carroll, além de Adrian Savage.

Os praticantes da Magia do Caos consideram-se herdeiros mágicos de Aleister Crowley (O.T.O.) e de Austin Osman Spare (Zos-Kia Cultus). Seu sistema procura englobar tudo quanto seja válido e prático em Magia, descartando tudo quanto for mais complexo que o necessário. Caracteriza-se por não ter preconceitos contra nenhuma forma de Magia, desde que funcione!

Está se tornando o mais influente Sistema de Magia entre os intelectuais da modernidade. Entre suas práticas mais importantes vale ressaltar o uso da Magia Sexual, em especial dos métodos "da mão esquerda" (VAMA-MARG). Seus graus mágicos são cinco, em ordem decrescente: 4, 3, 2, 1 e 0.

Magia Wiccan - Um aprimoramento da Feitiçaria, a Wiccan é uma religião muito bem organizada e sistematizada, sendo que nela se aboliu a prática de sacrifícios animais, que era freqüente na Feitiçaria. Há um ramo mais elitizado da Wiccan, a Seax-Wiccan, dos seguidores de Gerald Gardner, que busca aprimorar a Wiccan, transformando-a num culto menos dogmatizado que a Wiccan tradicional.

Magia Eletrônica - É uma forma "acessória" da Magia Ritual, utilizando-se de paramentos do tipo Bobina Tesla ou Gerador Van De Graaff, para gerar poderosas energias visando potencializar os rituais.

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Magia Natural - Consiste na utilização de elementos físicos, na forma de realizar atos de Magia Mumíaca (efígies de pessoas, representando-as, tornando-se receptáculos dos atos mágicos, destinados àquelas), bem como no uso de banhos energéticos, defumações, ungüentos, etc., visando obter resultados mágicos pela "via do menor esforço".

Magia Sexual - Temos aqui uma abertura para sete subsistemas, quais sejam:

Ansariético: Criado pelos Ansarichs ou Aluítas da velha Síria, o primeiro dos modernos métodos de Magia Sexual. Eulis: Criado por Pascal Beverly Randolph, um iniciado entre os Aluítas, é um método científico de Magia Sexual ocidental, muito eficiente e perigoso.

Sistema da Fraternitas Saturni (F. S.): É derivado da O.T.O., mas abertamente Luciferiano.

Sistema Maatiano: Criado por dissidentes da O.T.O., tem uma visão mais moderna da Magia Sexual.

Sistema da 0. T. 0. : Basicamente um método de Magia Sexual que busca elevação espiritual através do sexo. Tem três graus de aptidão mágica sexual - o Vlll', o IX' e o XI'. Pode ser considerado base do Tantra ocidental. Veja Sistema Thelêmico.

Sistema da 0. T. O. A.: É muito parecido com o da O.T.O., porém, faz uso não apenas da Magia Sexual praticada fisicamente, mas também práticas astrais desse tipo de Magia.

Sistema Palladium: Criado por Robert North, estudioso de Franz Bardon, P. B. Randolph, Aleister Crowley, além de outros Mestres do ocultismo.

Sistema Zos-Kia: Criado por Austin Osman Spare, consiste no uso mágico da "Auto-Magia Sexual" ou "Auto-Amor". É também um sistema muito potente e perigoso.

Sistema de PathWorking - Idêntico em tudo ao Sistema dos Tattwas, exceto que utiliza desenhos relativos às Esferas e Caminhos (Patits, daí o nome) da Árvore da Vida, que é um hieróglifo cabalístico. Pode-se, alternativamente, utilizar-se de Sigilos de diversas Entidades (visando "via ar" para as paragens habitadas por aquelas), ou até mesmo Vévés (Sigilos do Vudu), com a mesma finalidade - a auto-iniciação.

Magia Demoníaca - (Goetia, Goécia) - Consiste na evocação das entidades demoníacas, Demônios, e de habitantes da Zona Mauva ou das Qliphás. É uma variação unilateral da Magia Evocativa do Sistema Hermético.

Magia Musical - Criado por uma renomada ocultista, Juanita Wescott, estudiosa do Sistema de Franz Bardon. O Sistema de Magia Musical faz uso dos mais elevados ensinamentos do Hermetismo e da Cabala, do ponto de vista de Franz Bardon.

Magia Planetária - Criado pelo grupo Aurum Solis; baseia-se em rituais destinados a evocar ou invocar os Espíritos Olímpicos, Entidades Planetárias (Inteligências), ou Arquétipos (dos Arcanos do Tarot, Seres ou Deuses/Deusas Mitológicos, entre outros). Considerado um sistema prático, completo, eficiente, de poucos riscos e fácil de colocar em prática.

Magia de Abramelin - (os Quadrados Mágicos) - Um tipo de Magia Ritual cujo alvo principal é a conversação com o próprio Anjo da Guarda; depois, se fará uso de uma série de

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Quadrados Mágicos que evocam energias diversas. É um sistema poderoso e perigoso, no qual muitos experimentadores se "deram mal", aliás, muito mal. As instruções dadas no famoso livro que ensina, esse sistema, não devem ser levadas "ao pé da letra", de forma irrefletida; deve-se, porém, ter total atenção aos ensinamentos, antes de colocar os mesmos em prática.

Magia Enoquiana - (Magia Enoquiaria, Enochian Magic) - É um sistema simbolicamente complexo, que consiste na evocação de Energias ou Entidades de trinta Esferas de poder em torno da Terra. É um sistema poderoso e perigoso. Esse sistema foi descoberto por John Dee e Edward Kelley; posteriormente, foi aperfeiçoado pela Golden Dawn, por Aleister Crowley e seus muitos seguidores; entre eles vale destacar Gerald Schueler.

Os "nomes bárbaros" a que se referem muitos textos de ocultismo são os "nomes de poder" utilizados nessa magia. Aqui, trabalha-se num universo próprio, distinto daquele conhecido no Hermetismo e na Astrologia. Busca-se contato com Elementais, Anjos, Demônios e com o próprio Anjo da Guarda. Dizem alguns entendidos que a famosa Arca da União é o Tablete da União, peça fundamental desse sistema. Esse Tablete da União encontra-se à disposição de qualquer Mago que cruze o Grande Abismo Exterior, após a passagem pelo subplano de Zax, no Plano Akáshico, Etérico ou "do Espírito", local onde estão situados os subplanos Lil, Arn, Zom, Paz, Lit, Maz, Deo, Zid e Zip, os últimos entre os trinta Aethyrs ou subplanos. Essa região é logo anterior ao último "anel pelo qual nada passa", tudo isso dentro do conceito do Universo pela física enoquiaria.

Magia Psicotrônica - É uma forma de Magia Pragmática, pois utiliza o simbolismo próprio do Mago (uma vez que será este a determinar quais os números a serem utilizados, qual o tempo de exposição ao poder do equipamento utilizado, ou ainda uma série enorme de "coisas" passíveis de emissão psicotrônica, detectadas ou determinadas por meios radiestésicos ou intuitivos), aliado à eletricidade e à eletrônica, para produzir seus efeitos, Apesar de utilizar-se de aparato muitas vezes sofisticado, tem o mesmo tipo de ação que outras variedades de Magia Ritual, isto é, depende Inteiramente (ou quase) das qualidades mágicas do operador.

Magia Radiônica - É a única modalidade de Magia que, apesar de totalmente encaixada no sistema de Magia Ritual, e herdeira única do Sistema Psicotrônico, reúne em si, simultaneamente, as características de Dogmatismo e Pragmatismo. Os métodos utilizados para a detecção das energias são nitidamente Pragmáticos, uma vez que fazem uso de pêndulos (radiestesia) ou das placas-de-fricção (sistemas sujeitos à Lei das Sincronicidades, de Carl Gustav Jung).

Magia Druídica - Há muito em comum entre o Druidismo moderno e a Wiccan (nome dado nos países de língua inglesa à Bruxaria). As principais diferenças residem na mitologia utilizada nos seus rituais (a celta), além dos locais de culto (entre árvores de carvalho ou círculos de pedras). O Druidismo pode ser resumido corno um culto à Mãe Natureza em todas as suas manifestações rituais.

Magia Luciférica - (Luciferianismo, Fraternitas Saturni) - Muito parecido com o Sistema de Magia da O.T.O. (Thelêmico), centralizando suas práticas a Magia Sexual (em especial nas práticas da "mão esquerda"), a Magia Ritual e a Magia Eletrônica, conta, porém, com uma distinção fundamental do sistema pregado por Aleister Crowley: enquanto a O.T.O busca-se a fusão com a energia criadora, através da dissolução do ego, na Fraternitas Saturni (F. S.)

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busca-se elevar o espírito humano a uma condição de Divindade, alcançando o mesmo estado que o da Divindade cultuada: Lúcifer, a oitava superior de Saturno, cuja região central é o Dermurgo, e cuja oitava inferior é Satã, Satan, Shatan ou Satanás (e sua contraparte feminina, Satana). Portanto, Lúcifer e Satã são entidades distintas. Na F. S., há 33 graus, alguns mágicos, outros administrativos.

Magia Necronômica - (do Necronomicon) - Uma variação da Magia Ritual, que baseia-se na mitologia presente nos contos de horror do autor Howard Phillips Lovecraft, em especial no deus Cthulhu, e rio livro mágico Necronomicon (citado com freqüência pelo autor). Atualmente, diversos grupos fazem uso desse sistema na prática, entre eles valendo destacar a I.O.T., a O.R.M. e a Igreja de Satanas. Frank G. Ripel, ocultista italiano que lidera a O.R.M., pode ser considerado o mais importante divulgador dessa Magia, além de ser o renovador do Sistema Thelêmico; o I.0.T. tem sido o responsável pela modernização (e explicação racional) dessa poderosa Magia. E por ser perigosa tem atraído muitos incautos, tanto que foi criada uma coleção de RPG's versando sobre o culto de Cthulhu, o Necronomicon e outras idéias de H. P. Lovecraft. Há muitas Ordens Thelêmicas, como a O.R.M (Ordo Rosae Misticae), dirigida por Frank G. Ripel, por exemplo, que seguem a filosofia básica, mas com ditames próprios - como utilizar uma "Arvore da Vida" com doze "esferas" (fora Daath), o que resulta num Tarot com 24 Arcanos Maiores.

Magia Shamânica - O Shamanismo é a raiz de toda forma de Magia. Floresceu pelo mundo todo, nas mais diversas maneiras, dando origem a diversos cultos e religiões. Sua origem remonta à Idade da Pedra, com inúmeras evidências disso em cavernas habitadas nessa era. O Shamanismo moderno está ainda embrionário, embora suas raízes sejam profundas e fortes. O Shamã é uma espécie de curandeiro, com poderes especiais nos planos sutis. O Shamanismo caracteriza-se pela habilidade do Shamã entrar em transe com grande facilidade, sempre que deseja.

Magia Thelêmica - (Thelema, Aleister, Crowley) - Criado acidentalmente (foi a partir da visita de uma Entidade que Aleister Crowley tomou o direcionamento, que o faria criar este Sistema), este Sistema original é, atualmente, um dos mais comentados e pouco conhecidos. Tendo como ponto de partida o Liber AI Vel Legis (O Livro da Lei), ditado por uma Entidade não-humana (o Deus Egípcio Hórus, Deus da Guerra), o sistema Thelêmico ampliou suas fronteiras, fazendo uma revisão na Magia Ritual, na Magia Sexual e nas Artes Divinatórias. Faz uso, a "Corrente 93" das Correntes Draconiana, Ofidioniana e Tifoniana.

Thelema, em grego, significa vontade, Os thelemitas reconhecem como equivalente numerológico cabalístico o número 93. Os Thelemitas chamam aos ensinamentos contidos no "Livro da Lei (The Book ofthe Law) de "Corrente 93". As duas frases mágicas dos Thelemitas são: "Faze o que tu queres pois é tudo da lei" (Do what thou wilt shall be the whole of the Law") e "Amor é a lei, amor sob vontade" (Love is the law, love under will"), que dizem respeito aos mais sublimes segredos do Livro da Lei. As músicas "A Lei" e "Sociedade Alternativa", de autoria de Raul Seixas, definem bem a filosofia Thelemita. Rituais importantes são realizados nos dois solstícios e nos dois equinócios, o que, demonstra uma influência da Bruxaria.

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Aurum Solis - Uma variação do Sistema da Golden Dawn, bastante completo, tendo como principal adição ao Sistema mencionado, o uso de práticas de Magia Sexual. Este grupo é liderado pelos renomados ocultistas Melita Derming e Osborne Phillips.

Quabbalah - (Kabalah, Fórmulas Mágicas) - É a prática do misticismo das letras (isto é, do conhecimento das cores, notas musicais, elementos naturais e suas respectivas qualidades, regiões do corpo em que cada letra atua, etc.), daí ao uso de palavras e de sentenças; o emprego de mais de uma letra, cabalisticamente, tem o nome de Fórmula Cabalística.

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Bruxaria - (Wlthcraft) - Não era considerado um sistema de Magia até virem à luz os trabalhos de Gerald Gardner, Raymond Buckland e Scott Cuningham. As bruxas e os bruxos se reúnem nos covens, que por sua vez encontram-se nos sabbats, as oito grandes festividades definidas pelos solstícios, pelos equinócios e pelos dias eqüidistantes entre esses. Os últimos são considerados mais importantes.

A Bruxaria é um misto de métodos de Magia clássica (Ritual, Sexual, etc), com práticas de Magia natural (uso de velas, incensos, ervas, banhos, poções, etc), cultuando entidades pagãs em geral. Nada tem a ver com o Satanismo. Um Bom exemplo desse sistema pode ser observado no Livro Brida de Paulo Coelho.

Candomblé - Muito parecido com o Vodu, mas simplificado. Na verdade, o Candomblé é um culto aos Deuses e Deusas do Panteão nagô, onde, predomina a Magia Natural, com grande ênfase nos sacrifícios animais, na criação de Elementares Artificiais e em outras tantas práticas de magia - como os banhos de ervas, o uso de pós mágicos, etc. - além de Evocações e Invocações dos Orixás.

Vodu - (Voudoun, Voodoo) - Apesar de ser tido como uma religião Primitiva, o Vodu é na realidade, um Sistema de Magia bastante completo. Nele há todos os princípios da Magia: Invocação, Evocação, Divinação, Encantamento e Iluminação. Práticas não encontradas nos outros cultos afro (Candomblé, Lucumí, Santeria), como por exemplo a Magia Sexual, estão presentes, no Vodu, embora de forma não muito aprimorada, exceto dentro do Voudon Gnóstico e do Hoodoa.

As possessões que ocorrem no Vodu (como no Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Lucumí e Santeria), são reais, fruto da Invocação das Entidades. A possessão no Vodu é um fenômeno completo e real. O demônio "monta" o indivíduo da mesma forma que um ser humano monta num cavalo. As entidades "sobem" do solo para o corpo do indivíduo, penetrando inicialmente pelos seus pés, daí "subindo", e isso é uma sensação única e terrível, que só pode ser descrita por quem já teve tal experiência. Cada Loa (Deus ou Deusa) do Vodu tem sua personalidade distinta, poderes específicos, regiões de autoridade, além de insígnias ou emblemas - "Vevés" e ferramentas.

As Entidades do Vodu são "assentadas" (fixadas) em receptáculos diversos, que vão desde vasos contendo diversos elementos orgânicos misturados (os Assentamentos), até garrafas com tampa, passando pelas Atuas - caixinhas de madeira pintadas com os sigilos (Vévés) dos Loas, com tampa, altamente atrativas para os Espíritos.

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Quimbanda - Muito parecido com a Magia da Umbanda, somente que aqui se trabalha com entidades demoníacas; é basicamente um culto de Magia Negra.

Umbanda - Consiste na Invocação de Entidades de um Panteão próprio e extremamente complexo, visando obter os favores das Entidades "incorporadas"; também existe a Evocação quando se faz "oferendas" de coisas diversas para as Entidades. É basicamente um culto de Magia Branca.

Sangreal - Criado pelo famoso ocultista William G. Gray, é um sistema que busca fundir a tradição ocidental em suas principais manifestações: a Cabala e a Magia. Na verdade, a Cabala aqui abordada é a teórica, que aliás é utilizada em todas as escolas de Ocultismo, exceto aquelas que abraçam o Sistema de Cabala Prática de Franz Bardon, do Sistema Hermético. Sua principal característica é a de "criar" (dentro de cada praticante) um "Sistema Solar" em miniatura. A partir daí, cada iniciado trabalha em seu Microcosmo, e no Macrocosmo,de forma idêntica.