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Além dos muros da Casa GrandePOR JOSÉ GERALDO COUTO– ON 03/05/2015CATEGORIAS: CINEMA, CULTURA, DESTAQUES
Ao contrapor enclausuramento de executivo financeiro à iniciação sentimental plebeiado filho, Felippe Barbosa expõe tensões socioculturais do Brasil contemporâneo
Por José Geraldo Couto, no blog do IMS
Casa grande é um filme amplo, cheio de subdivisões, detalhes, esconderijos, portas,janelas e desvãos – exatamente como o edifício que lhe serve de título, uma residênciada elite carioca apresentada no esplêndido plano fixo dos créditos iniciais, em que odono da casa, Hugo (Marcello Novaes), sai de sua jacuzzi ao lado da piscina, apaga asluzes e fecha as portas de cada um dos vários andares e cômodos da imponenteconstrução.
Esse plano aparentemente simples encerra todo um mundo. Não apenas descreve oambiente opulento de seu personagem, denotando sua posição social, como tambémoutras ideias mais sutis: a solidão, o apagamento, a melancolia de um crepúsculo. Éassim, feito em camadas, com uma observação arguta dos detalhes, que se desenvolveo primeiro longametragem de ficção de Fellipe Barbosa.
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Hugo, descobriremos logo, é um executivo desempregado e falido do ramo do capitalfinanceiro. Está devendo dinheiro a amigos, desfalcou a poupança dos filhos, terá quedespedir empregados da casa.
Romance de formação
Mas o protagonista não é ele, e sim seu filho de 17 anos, Jean (Thales Cavalcanti), queestuda num colégio caro e se atormenta mais com os percalços da iniciação amorosa esexual do que com a pressão do pai para que escolha uma carreira profissional rentável.
É, portanto, uma narrativa que conjuga um duplo movimento: o “romance de formação”do jovem Jean, com sua tateante exploração do amor e da vida na pólis, e o dramacrepuscular de seu pai. Um que sai para o mundo e outro que se fecha em seu casulo,apagando uma a uma as luzes da casa.
Falouse, sobretudo na imprensa estrangeira, dos pontos de contato entre Casa grandee O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho. De fato, em que pesem as diferenças degeografia, enredo e estilo, ambos os filmes têm em comum a sutileza do olhar com queflagram as nuances de um quadro social amplo sem transformar seus personagens em“tipos” ou caricaturas. Em ambos, também, o espaço físico das cidades em que seambientam tem uma importância crucial. Por fim, os dois filmes tiveram o mesmo diretorde fotografia, Pedro Sotero.
Personagens matizados
Em Casa Grande, todos os inúmeros personagens – a doméstica Rita (ClarissaPinheiro), que provoca a libido juvenil de Jean, a irmã mais nova deste, Nathalie (AliceMelo), que todos ignoram mas que cumpre um papel fundamental, a namoradinha Luiza(Bruna Amaya), que estuda em escola pública e representa uma ponte entre Jean e umacerta consciência política, a mãe professora de francês (Suzana Pires) que passa avender cosméticos para ajudar na receita familiar etc. – são ricos em matizes e têm achance de mostrálos ao espectador.
A essas qualidades, digamos, de roteiro (que incluem diálogos enxutos, precisos, comum ótimo “ouvido” para a fala dos vários grupos sociais) combinase uma miseenscène inteligente e surpreendentemente madura para um estreante em longa de ficção.
A direção de atores mantém coeso um elenco eficaz e muito bem escalado. Osenquadramentos são sempre límpidos, perfeitamente legíveis, explorando aprofundidade de campo para multiplicar as informações em cena, mas sem saturar oquadro com elementos inúteis. E a preferência pelos planos relativamente longos, dentrodos quais, sempre que possível, tudo se resolve sem necessidade de cortes excessivos,contraplanos ou “planos de cobertura”, cria um ritmo sereno, distante das narrativasclipadas e picotadas que assolam nossas telas de cinema e televisão.
Um exemplo ao acaso: Hugo conversa por Skype ou algo similar com uma headhunterque pode ajudálo a voltar ao mercado. Um plano fixo médio o mostra de terno, meio delado para nós, sentado diante do computador. Não vemos o que ele vê na tela. Pelocanto direito do quadro entra Rita, serve um cafezinho e o deixa sobre a mesa do patrão.Ele termina a conversa, levantase e vai até a porta. Nesse momento, descobrimos queele só vestia a parte de cima do terno. Embaixo, estava de cueca. O efeito final é cômico,mas a riqueza da cena, para além do diálogo (em que sabemos, por exemplo, que Hugonão quer tentar uma vaga no Oportunity porque “não gosta do Daniel [Dantas]”), está emtransmitir visualmente a situação essencial do personagem: alguém que mantémartificialmente a pose quando “já perdeu as calças”. Quase uma ilustração audiovisualde um dito popular.
Frescor x didatismo
Outro plano memorável é aquele em que Jean, sua irmã Nathalie e um colega de colégioestão na piscina e vemos ao fundo Hugo trepado numa escada, podando uma árvore. Acerta altura, ele se desequilibra e cai da escada. Como se trata de uma tomada contínua,sem cortes, fica a impressão perturbadora de que o ator tomou mesmo um tombo feio eperigoso em cena.
O frescor de cenas desse tipo (que também ocorrem no ônibus, na sala de aula, naquadra de esportes etc.) é muito mais eloquente e eficaz, a meu ver, que certos diálogosdemasiado explícitos sobre a questão das cotas raciais, nos quais o filme resvala para A Lei da Água
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um certo didatismo desnecessário. As tensões socioculturais, as feridas abertas danossa formação, os caminhos incertos e imprevisíveis da nossa história presente, tudoisso já fica claro nas relações entre os personagens e destes com o ambiente que oscerca. Não precisava explicar mais que isso.
No Brasil, quando se pronuncia a locução “casa grande”, imaginamos involuntariamente,como num eco, a continuação “e senzala”, por referência ao grande clássico dasociologia Casa grande & senzala, de Gilberto Freyre. Ao omitir a segunda parte(“senzala”), deixandoa reverberar surdamente na imaginação do espectador letrado,Fellipe Barbosa de certo modo anuncia que o ponto de vista (no sentido de “lugar deobservação”) de sua narrativa é o da elite, que ele conhece “por dentro”. Mas quemassistir ao filme verá que se trata, essencialmente de uma jornada de descoberta do queexiste (e pulsa, e fascina, e ameaça) além dos muros da casa grande.
Nesse sentido, a magnífica imagem final do filme é um perfeito contraponto ou respostaao plano inicial. A viagem de aprendizado se completa ali.
Sobre o mesmo tema:
José Geraldo Couto*José Gerado Couto é crítico de cinema e tradutor. Publica suascriticas no blog do IMS. Para ler as edições anteriores da coluna,clique aqui.
TAGS: casa grande, cinema
2 Comments
AndersonPosted maio 3, 2015 at 6:24 PM
Ótima resenha. O filme é excelente e diz mais do que pode parecer pros mais
desatentos. Ótima estreia.
RICARDO MATOS MACHADO JORGEPosted maio 4, 2015 at 2:23 AM
Eu não assiti porque aqui no interior não chega o cinema nacional e assim sendo
para assistir vou ter que baixalo clandestinamente, assim como todos os outros
filmes brasileiros que assisto. Pensei que fosse algo relacioando a Casa Grande de
Gilberto Freire é difícil ouvir o nome do filme e não realcionar com a classe média
brasileira.
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