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ALENCAR, Eunice M.L.S.; FLEITH, Denise S. Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília. Jan-Abr 2003, Vol. 19 n. 1, pp. 001-008. Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/ptp/v19n1/a02v19n1.pdf. Acessado em 21.06.2009 . Os representantes da psicologia humanista Rogers, Maslow w Rollo May entendem que há uma tendência humana para a auto-realização que mobiliza a criatividade quando o ambiente propicia liberdade de ação e de escolha. Até os anos 1970 as pesquisas se dirigiam a identificar o perfil do indivíduo criativo. Após este período, o foco tem sido a influência que exercem os fatores sociais, culturais e históricos no desenvolvimento e expressão da criatividade. Segundo esta idéia, é possível promover o desenvolvimento da criatividade estabelecendo um ambiente propício. Assim, a criatividade depende de características da personalidade de um indivíduo e do ambiente em que se insere. Sternberg e Lubart (apud ALENCAR, 2003) consideram a criatividade como resultado da interação de seis fatores: inteligência, estilo intelectual, personalidade e conhecimento do sujeito e motivação e contexto ambiental. Pra eles, a inteligência se relaciona, entre outras, à capacidade de ver sob diferentes e novas perspectivas. No fator personalidade, os autores identificaram que as pessoas mais criativas têm alta auto-estima, auto-confiança e coragem para se expressar. Infelizmente, os agentes socializadores , dentre os quais a escola, desestimulam a

ALENCAR - Estudos Criatividade

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ALENCAR, Eunice M.L.S.; FLEITH, Denise S. Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília.Jan-Abr 2003, Vol. 19 n. 1, pp. 001-008. Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/ptp/v19n1/a02v19n1.pdf. Acessado em 21.06.2009.

Os representantes da psicologia humanista Rogers, Maslow w Rollo May

entendem que há uma tendência humana para a auto-realização que mobiliza a

criatividade quando o ambiente propicia liberdade de ação e de escolha. Até os anos

1970 as pesquisas se dirigiam a identificar o perfil do indivíduo criativo. Após este

período, o foco tem sido a influência que exercem os fatores sociais, culturais e

históricos no desenvolvimento e expressão da criatividade. Segundo esta idéia, é

possível promover o desenvolvimento da criatividade estabelecendo um ambiente

propício.

Assim, a criatividade depende de características da personalidade de um

indivíduo e do ambiente em que se insere.

Sternberg e Lubart (apud ALENCAR, 2003) consideram a criatividade como

resultado da interação de seis fatores: inteligência, estilo intelectual, personalidade e

conhecimento do sujeito e motivação e contexto ambiental. Pra eles, a inteligência se

relaciona, entre outras, à capacidade de ver sob diferentes e novas perspectivas. No fator

personalidade, os autores identificaram que as pessoas mais criativas têm alta auto-

estima, auto-confiança e coragem para se expressar. Infelizmente, os agentes

socializadores , dentre os quais a escola, desestimulam a expressão livre de idéias, não

alimentam a auto-estima e auto-confiança dos sujeitos. Os traços associados à

criatividade não são desejáveis pelos professores.

Alencar (2003) afirma que a motivação intrínseca, centrada na tarefa, é

fundamental no desenvolvimento da criatividade. Uma pessoa corresponde com maior

criatividade quando tem prazer em realizar a tarefa. Neste sentido, a prática de teatro na

escola gera motivação nas crianças na medida em que estas sentem satisfação em

desenvolver uma apresentação teatral. A motivação extrínseca, como prêmios e

reconhecimento, também estão presentes no teatro, pois a criança e o adolescente

sentem-se realizados com os aplausos da platéia, com o reconhecimento pelo professor,

pais e colegas.

A respeito do contexto ambiental, Sternberg e Lubart (apud ALENCAR, 2003)

lembram que é a sociedade que estabelece os padrões de criatividade. O ambiente afeta

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a criatividade na medida em que valoriza a geração de algo novo e que encoraja e apóia

o desenvolvimento de idéias criativas.

Para Amabile, por sua vez, o ambiente propício ao desenvolvimento da

criatividade encoraja a autonomia do sujeito, evita controle excessivo, respeita a

individualidade, estimula o questionamento e a curiosidade, evita a competição, ressalta

o prazer e a realização pessoal, oferece novas experiências (ALENCAR, 2003)

A obra de arte é uma forma original de ver e explicar o mundo. Não apenas a

produção de arte exige criatividade e imaginação, mas mesmo a sua apreciação. Um

indivíduo incapaz de imaginar além da realidade concreta não é capaz de compreender o

sentido de determinada expressão artística.

Para apreciar e compreender um poema ou um escultura é preciso que o sujeito

pense além do significado e penetre no sentido.