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    ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A CLASSIFICAO DE DOCUMENTOS DEARQUIVO

    SOME NOTES ON THE CLASSIFICATION OF RECORDS

    Renato Tarciso Barbosa Sousa Correio

    Universidade de Braslia, Brasil

    Resumo

    O trabalho parte do pressuposto que a classificao de documentos de arquivo uma

    funo matricial da prtica arquivstica e joga um papel fundamental no programa de

    gesto de documentos. Sem classificao quase impossvel trabalhar com avaliao e

    com a descrio, que juntas formam o corao das prticas arquivsticas. Fornecer as

    bases para outras funes arquivsticas no a nica finalidade da classificao, ela

    crucial para a manuteno do vnculo arquivstico e para permitir o acesso aos

    documentos e informaes de arquivo. Procura-se, a partir de um sobrevo na literatura

    sobre o tema, discorrer sobre aspectos sensveis para a classificao de documentos de

    arquivo, tais como: as mudanas ocorridas nas formas de busca aos documentos e

    informaes nas organizaes contemporneas; nos riscos de potencializar os planos de

    classificao nas tarefas de busca; as limitaes do mtodo funcional para a estrutura de

    planos de classificao, dentre outros. E, ao final, propem-se alguns caminhos para a

    superao dos problemas apontados.

    Palavras-chave: classificao de documentos de arquivo; anlise funcional; recuperao

    de documentos e informaes; vnculo arquivstico.

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    Abstract

    The work assumes that the classification of records is a matrix function of archival

    practice and plays a key role in records management. Unrated is almost impossible to

    work with evaluation and the description, which together form the heart of archival

    practices. Provide the basis for other archival functions is not the only purpose of

    classification, it is crucial for the maintenance of the archival bond and to allow access

    to records and information. It searches from a flyover in the literature on the topic,

    discuss sensitive aspects to the classification of records, such as: the change in the ways

    of searching for documents and information in contemporary organizations; risks of

    leverage plans for classification in search tasks; the limitations of the functional method

    for structure classification schemes, among others. And in the end, it proposes ways to

    overcome some of these problems.

    Keywords: classification of records; functional analysis; retrieval of documents and

    information; archival bond.

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    Introduo

    A classificao de documentos de arquivo vem, paulatinamente,

    ganhando espao nas discusses e reflexes sobre a teoria e a prtica arquivstica.

    Inser-la na agenda da rea permite, sem dvida nenhuma, uma maior verticalizaosobre o conceito e abre, sobretudo, novas possibilidades.

    O conceito de classificao, originrio da Filosofia, apropriado pelas

    vrias reas do conhecimento humano, mas, parece, que nas reas que lidam com a

    informao esse conceito ganhou uma importncia vital, principalmente quando

    apontamos como tarefa principal dessas reas o acesso informao.

    nesse cenrio, que proponho para o debate esses apontamentos sobre a

    classificao de documentos de arquivo. Sem esquecer, como destaca Ilerbaig Adell(2010, 115), que classificar uma das habilidades mais bsicas do conhecimento

    humano. Segmentar o mundo no tempo e no espao uma das principais formas de

    enfrentar a sua avassaladora diversidade.

    O conceito de classificao utilizado, na maior parte das vezes, sem

    que tenhamos conscincia sobre ele. De acordo com Kumar (1988, 1), a classificao

    percorre todas as atividades da vida do homem. A maioria das pessoas no consciente

    do fato que classificamos em uma grande extenso em nossas vidas dirias. Sem

    classificao o progresso humano seria impossvel, afirma aquele autor.

    Derek Langridge, no prlogo de sua obra intitulada Classificao:

    abordagem para estudantes de biblioteconomia, fez uma interessante demonstrao da

    penetrao da classificao, desde o momento de acordar, em todas as atividades

    humanas, a partir do cotidiano da famlia Brown.

    Essa inconscincia um indcio da natureza fundamental do processo de

    classificao, esclarece Langridge (1977, 11). E mais: sem classificao no poderia

    haver nenhum pensamento humano, ao e organizao que conhecemos. A

    classificao transforma impresses sensoriais isoladas e incoerentes em objetos

    reconhecveis e padres recorrveis. Buscando a Psicologia, Langridge cita o ingls

    Patrick Meredith para quem grande parte da arte de aprender consiste em regularizar

    hbitos pessoais de classificao. AstrioCampos (apud Piedade, 1983, 16) considera

    que a classificao, entendida como processo mental de agrupamento de elementos

    portadores de caractersticas comuns e capazes de ser reconhecidos como entidade ou

    conceito, constitui uma das fases fundamentais do pensar humano.

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    Na Arquivstica, a classificao foi reconhecida pelos canadenses

    (Couture, 1999) como uma das sete funes arquivsticas. E, hoje, podemos entend-la

    como uma funo matricial do que-fazer arquivstico. O corao das prticas

    arquivsticas, que para Lopes (1996) formado pelas funes classificao, avaliao e

    descrio, tem a classificao como ponto de partida para a realizao das outras duas

    funes.

    O produto da avaliao documental a tabela de temporalidade de

    documentos e informaes. A observao da estrutura desse instrumento de avaliao

    possibilita percebermos que a primeira coluna formada pela identificao do

    agrupamento de documentos estabelecido pela atividade de classificao dos

    documentos e informaes. A estrutura hierrquica fundamental para o agrupamento

    fsico e intelectual dos documentos de arquivo, garantindo, assim, uma informao

    importante para a avaliao documental. No se faz avaliao de documento a

    documento, ao agrup-los nas unidades de classificao obtemos novas informaes que

    vo subsidiar as tomadas de deciso em relao aos prazos de guarda e destinao

    final desses documentos. O agrupamento funcional dos documentos permite que a

    avaliao analise no documento a documento, mas a funo que originou os

    documentos.

    Da mesma forma, quando analisamos os campos necessrios para

    elaborarmos um instrumento de pesquisa (produto da atividade de descrio), de acordo

    com a norma brasileira ou internacional de descrio arquivstica, percebemos que o

    primeiro campo o relacionado atividade de classificao. Para realizar a descrio de

    documentos de arquivo precisamos partir dos conjuntos documentais definidos pelo

    processo classificatrio e representados nas unidades de classificao. Todos os

    instrumentos de descrio ou de pesquisa partem das unidades de classificao (fundo,

    srie, subsrie) para descrever.

    Os pressupostos para a reflexo proposta

    As reflexes sobre a classificao de documentos arquivsticos na

    literatura apresentam alguns aspectos comuns. O primeiro deles que essa operao

    intelectual no agregou em suas concepes e nos seus fundamentos as contribuies da

    classificao vindas da Filosofia e, posteriormente, da Teoria da Classificao. A teoriado conceito, que estabelece as vrias relaes possveis entre os conceitos,

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    desconhecida pela teoria arquivstica. Os requisitos e os princpios desenvolvidos nessas

    reas (Filosofia, teoria da classificao) quando aparecem de forma muito tmida.

    Observou-se, apenas, nos trabalhos de Schellenberg alguma influncia desses

    conhecimentos no processo classificatrio em Arquivstica.

    Isso demonstra, de certa forma, a falta de comunicao da Arquivstica

    com outras reas do conhecimento, que podem contribuir para o desenvolvimento de

    um arcabouo terico-metodolgico prprio da disciplina, levando em considerao as

    especificidades do objeto de estudo. Esteban Navarro (1995, 67), analisando a relao

    da Arquivstica com as outras reas da documentao (Biblioteconomia e

    Documentao), percebe que essa ausncia de dilogo ocorre, tambm, pela falta de

    interesse das outras disciplinas em conhecer e compreender as peculiaridades do

    trabalho realizado nos arquivos.

    As discusses esto limitadas ao entendimento que se tem do objeto de

    estudo. Numa operao to complexa e to fundamental para todo o que-fazer

    arquivstico, a rea instrumentaliza-se somente com o escasso ferramental terico

    disponvel, isto , o princpio de respeito aos fundos e da ordem original. Isso parece

    pouco para esse exerccio.

    A elaborao desses dois princpios marca, sem dvida nenhuma, uma

    mudana significativa nos fundamentos e nas prticas de classificao de documentos

    arquivsticos. Podemos dizer que tem incio a passagem da classificao com bases

    intuitivas para outra sedimentada no carter e nas especificidades do objeto. Em

    comparao com as prticas anteriores, que se ancorava em aspectos no representativos

    dos documentos arquivsticos, percebemos um grande avano. O caminho, entretanto,

    um pouco mais longo. As lacunas ainda existem.

    Portanto, defendemos, nessa reflexo, o uso do conceito de classificao

    para representar a atividade intelectual de construo de instrumentos para organizaodos documentos, independentemente da idade qual eles pertenam. A confuso

    terminolgica entre dois termos (arranjo e classificao) no parece salutar ao

    desenvolvimento da Arquivstica, pois expe uma quebra entre arquivos correntes e

    permanentes, que no nosso entendimento no existe. Trata-se apenas de fases de um

    mesmo processo. evidente que o tipo de uso que se faz dos conjuntos documentais

    altera-se com as idades, ou melhor, novos usos vo sendo agregados, mas essa uma

    questo a ser resolvida por outra funo arquivstica: a descrio.

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    Percebeu-se que, para aprofundar o conhecimento sobre a classificao

    em arquivos, necessrio estabelecer o significado e uso de importantes conceitos

    relacionados ao processo classificatrio. So eles: classificao, ordenao,

    arquivamento, codificao e instrumento de classificao.

    No mbito dessa reflexo, utilizaremos o termo classificao para

    identificar a ao intelectual de construir esquemas para agrupar os documentos a partir

    de princpios estabelecidos. A ordenao como a forma de disposio dos tipos

    documentais dentro das divises estabelecidas no esquema de classificao. O

    arquivamento como a ao fsica de colocar os documentos em pastas ou caixas

    orientada pelo esquema de classificao e pela ordenao definida.

    Podemos dividir o processo classificatrio em duas partes: a parte

    intelectual e a parte fsica. A parte intelectual se refere classificao propriamente dita

    (processo mental de estabelecimento de classes) e ordenao (a disposio dos

    documentos nas classes estabelecidas). A codificao entra como ltimo elemento dessa

    parte intelectual. A parte fsica representada pelo arquivamento dos documentos em

    um local determinado pela classificao e disposto segundo uma ordem definida.

    Consideramos arquivo, nesses apontamentos, o conjunto de documentos

    acumulados desde o seu nascimento. As fases arquivsticas (corrente, intermediria e

    permanente), que foram concebidas por uma razo prtica, sempre se referem ao mesmo

    conjunto e ao mesmo sujeito criador. E a separao fsica, que consideramos necessria,

    no pode ser justificativa para uma separao intelectual.

    O documento arquivstico um artefato humano com pressupostos e

    caractersticas especficas. O ambiente e o contedo so delimitados e definidos pelo

    sujeito acumulador, que pode ser uma pessoa fsica ou jurdica. Ento, quando falamos

    de arquivo, estamos nos referindo a um conjunto finito de documentos acumulados, que

    tem suas fronteiras demarcadas pela misso do criador, no caso das instituies, e pelarea de atuao, no caso das pessoas fsicas. Ao contrrio daqueles encontrados em

    bibliotecas, por exemplo, os documentos arquivsticos no constituem um conjunto

    formado em vista de uma finalidade especfica: eles representam, mais que tudo, o

    produto das atividades do sujeito criador.

    Entender o modo como as instituies se estruturam e como executam

    suas funes e atividades compreender como os documentos so acumulados. Ele

    resultado de um ato desenvolvido e, na maioria dos casos, cotidianamente repetido. Agnese se d quando a organizao tem algo a cumprir, a provar, a determinar. Surge

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    naturalmente como resultado das aes desenvolvidas pelo sujeito criador. Aps o

    registro das informaes em suportes (papel, mdia magntica, microfilme, pelculas

    fotogrficas, pelculas cinematogrficas etc.), necessrio mant-los pelos valores

    administrativos, tcnicos, legais, fiscais, probatrios, culturais e histricos que possam

    conter.

    medida que os documentos vo sendo acumulados, estabelecem

    relaes entre si. Eles esto unidos por um elo criado no momento em que so

    produzidos e recebidos, determinado pela razo de sua elaborao e que necessrio

    prpria existncia e a capacidade de cumprir seu objetivo. Eles so um conjunto

    indivisvel de relaes intelectuais, onde o todo maior que a soma de suas partes.

    Se o documento o resultado da atividade de uma pessoa fsica ou

    jurdica, podemos falar do carter orgnico desse registro. A organicidade revelada

    pelo inter-relacionamento e pelo contexto de existncia e de criao. Entretanto, nem

    todos os documentos orgnicos so de carter arquivstico, pois essa qualificao

    limitada em termos de suportes (convencionais ou eletrnicos). Por exemplo, comum

    encontrar, principalmente nas indstrias, informaes orgnicas tridimensionais que no

    so arquivsticas. O suporte, nesse caso, no permite o reconhecimento desse

    documento como de carter arquivstico, apesar de entendermos que as caractersticas

    fsicas no sejam os atributos mais seguros para definio do carter arquivstico de um

    documento orgnico. Um dos limites para a caracterizao do documento de arquivo a

    sua intencionalidade. Ele criado intencionalmente para registrar, cumprir, provar o

    determinar algo.

    No ambiente organizacional, nem sempre fcil distinguir o documento

    orgnico arquivstico daquele no orgnico, principalmente pela falta de clareza dos

    funcionrios e pela prtica em mant-los juntos. Por exemplo, no Setor de Recursos

    Humanos armazenada uma quantidade relativamente grande de documentos. Temos oregistro da frequncia dos empregados, o registro do pagamento de salrios, encargos

    sociais etc. Essas informaes so mantidas, produzidas, revisadas a partir das

    atribuies regimentais do setor, que de gerenciar os recursos humanos. Entretanto,

    possvel encontrar outros documentos que so guardados no setor para subsidiar as suas

    aes, tais como: Dirio Oficial da Unio, Coleo IOB, Manual da RAIS, CLT, dentre

    outras. So, portanto, documentos no orgnicos ou material de referncia, como

    prefere Schellenberg. Por seu turno, o documento no orgnico existe muitas vezes nos

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    setores de trabalho, mas, tambm, na biblioteca, no centro de documentao, sob a

    forma de publicaes, de bancos de dados ou de dossis temticos etc.

    A acumulao dos documentos orgnicos de carter arquivstico d

    origem aos arquivos da organizao. Sob essa designao so agrupados todos os

    documentos, seja qual for o seu suporte, produzidos e recebidos no exerccio das suas

    funes. A ttulo de exemplo, temos os relatrios, os projetos de pesquisa, as atas, os

    contratos, os convnios, as correspondncias, os balanos financeiros etc. Estes

    documentos podem ser encontrados, em geral, nos setores de trabalho. O documento

    arquivstico nasce como resultado do cumprimento de uma atividade e mantido como

    prova dela. E, tambm, com o objetivo de decidir, de agir e de controlar as decises e as

    aes empreendidas e, ainda, para efetuar pesquisas retrospectivas que ponham em

    evidncia decises ou aes passadas. Reduzindo, assim, a incerteza e tornando a

    tomada de decises mais segura, a partir do aprofundamento do conhecimento da

    cultura institucional e do processo decisrio.

    Martn-Pozuelo Campillos, a partir das caractersticas de unicidade,

    integridade e autenticidade defendidas por Vicenta Corts, prope cinco traos

    diferenciadores do documento de arquivo:

    1o contexto em que criado. Todo documento de arquivo produto

    de um acmulo de circunstncias muito especficas que encadeadas umas as outras o

    conferem um trao diferenciador do resto dos documentos. (...) Dessa maneira, o valor

    informativo includo em seu contedo informacional ficaria desvirtuado se fosse

    separado dos motivos de sua gnese. Essa caracterstica , para a autora, suficiente para

    distingui-los de outros objetos. E dela que decorrem os outros elementos;

    2 sua unicidade. (...) para estabelecer um paralelo, pode-se dizer que

    os documentos vm para povoar os arquivos como o homem veio para povoar a terra:

    do mesmo modo que no existem duas pessoas iguais, nenhum documento igual aooutro. Essa caracterstica derivada no da proximidade com a gnese do documento,

    mas de sua gnese mesma;

    3sua autenticidade. Em sua origem os documentos de arquivo no so

    seno ferramentas de trabalho da administrao, fato que sem dvida os confere a

    categoria de autnticos, convertendo-os, depois, em testemunhos fiis de momentos e

    situaes especficas;

    4a heterogeneidade de seu contedo e a multiplicidade da informaonele contida. Independente da matria ou assunto que trate, cuja riqueza informativa-

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    cultural de alguma maneira incalculvel, um documento de arquivo contm uma

    informao sempre indefinvel e desde logo alheia ao objeto de sua criao. A autora se

    refere a um tipo de informao considerada no literal e cuja leitura feita nas

    entrelinhas. O documento singular oferece uma informao acerca do trmite e das

    possveis incidncias do mesmo;

    5 a necessidade de que cada uma das caractersticas esteja sempre

    presente. A ausncia de uma das caractersticas invalida o resto.

    A heterogeneidade de seu contedo e a multiplicidade da informao

    tambm abordada e destacada por Miguel Angel Esteban Navarro. Para ele, o

    documento de arquivo um tipo concreto capaz de conter toda classe de informao em

    qualquer tipo de suporte material e mediante as mais variadas formas de representao.

    (Esteban Navarro, 1995, 69).

    Percebe-se, no exerccio de caracterizao e diferenciao dos

    documentos arquivsticos, dois movimentos cumulativos e no excludentes: o contexto

    de produo e a compreenso da informao veiculada. No primeiro movimento, o

    documento considerado como resultado de uma ao administrativa. Dessa forma, ele

    , ao mesmo tempo, resultado e prova, testemunho dessa atividade.

    E o contexto de produo que permitir a compreenso da informao

    contida no documento de arquivo. Paola Carucci percebe isso com muita propriedade.

    Para a autora italiana evidente que:

    (...) o documento interessa por seu contedo, pelasinformaes que transmite. Todavia, as notcias queali so representadas ou descritas requerem, de quemas adequa s capacidades tcnicas, que sejamtraduzidas em cnones de representao, os quais,

    por sua vez, podem constituir objeto de anlise,sendo, esses testemunhos diretos da atividade de

    documentar. (Carucci apud Lopes, 2000, 83).

    A informao contida no documento de arquivo resultado da atividade

    que o produziu. Dessa forma, em um primeiro momento essa informao, por mais

    abrangente que seja, vinculada e marcada por essa atividade. As vrias possibilidades

    de leituras, interpretaes e inferncias informativas so vlidas. Entretanto, essa

    heterogeneidade e multiplicidade, como diz Martn-Pozuelo Campillos, no podem

    fazer parte do mtodo arquivstico, isto , no so fundamentos para organizao dos

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    documentos de arquivo e no devem impactar na construo dos planos de

    classificao, por exemplo. Esse j foi o mtodo utilizado, mas abandonado,

    parcialmente, em detrimento da aplicao do princpio de respeito aos fundos.

    Portanto, a metodologia para a classificao de documentos arquivsticos

    deve-se assentar nesses traos e caractersticas que distinguem o objeto, no no seu

    formato (suporte) e nem na multiplicidade do contedo informacional (matria ou

    assunto) que eles carregam. A partir da apropriao dos pressupostos da Teoria da

    Classificao, entendemos que os princpios de diviso do conjunto (arquivo) devem ser

    procurados na prpria gnese documental, no processo de criao, nas relaes

    estabelecidas e na reproduo das conexes originais.

    Podemos afirmar que o arquivo um dos recursos informacionais da

    organizao. um recurso privilegiado, porque registra, prova, testemunha e fala sobre

    as funes e atividades desenvolvidas pela instituio. um recurso estratgico, pois

    uma fonte de informao para a tomada de deciso, para a garantia de direitos e deveres

    e para a produo de novas informaes. um recurso que no representa um custo a

    mais para a organizao, pois ele nasce naturalmente durante o desenvolvimento das

    atividades e, portanto, tem seus custos amortizados no mbito dos procedimentos

    administrativos.

    Outro conceito importante para permitir os apontamentos que estamos

    fazendo sobre a questo da classificao de documentos de arquivo o da teoria dos

    valores, como chamo os conceitos de valor primrio e valor secundrio, que

    Schellenberg (2005) elaborou para a avaliao documental.

    A teoria dos valores de Schellenberg est relacionada diretamente ao

    conceito das trs idades documentais. importante ressaltar que o conceito das trs

    idades documentais uma inveno humana, ou seja, uma maneira encontrada dentro

    dos trabalhos da Comisso Hoover, coordenada por Schellenberg, para resolver umasituao existente na administrao pblica americana do ps-guerra. Essa ideia foi

    encampada pela Arquivstica contempornea e, hoje, um conceito aceito

    internacionalmente.

    Rousseau e Couture (1999) relacionam as idades documentais aos valores

    dos documentos. Para os autores canadenses, a idade corrente e a intermediria so

    caracterizadas pela existncia do valor primrio, apesar da intensidade diferente. O

    valor primrio, na definio do Dicionrio Brasileiro de Terminologia Arquivstica, doArquivo Nacional, o valor atribudo a documento em funo do interesse que possa

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    ter para a entidade produtora, levando-se em conta a sua utilidade para fins

    administrativos, legais e fiscais. Esse valor pode ser subdividido em trs outros:

    administrativo; legal; fiscal. O administrativo1 o valor que um documento possui para

    a atividade administrativa de uma entidade produtora, na medida em que informa,

    fundamenta ou prova seus atos. O legal2 o valor que um documento possui perante a

    lei para comprovar um fato ou constituir um direito e o fiscal3 o valor atribudo a

    documento para comprovao de operaes financeiras ou fiscais.

    Nesse sentido, todo documento de arquivo nasce com valor primrio em

    uma das suas trs dimenses ou em, pelo menos, uma delas. A tendncia, com o tempo,

    desaparecer esse valor. A diferena encontrada o tempo em que isso acontece. A

    permanncia do valor primrio para alguns documentos rpida, outros, o intervalo

    mais longo. E nessa curva entre o valor primrio mximo, momento da criao ou

    recebimento do documento, e a extino, que se encontram as duas primeiras idades ou

    fases: corrente e intermediria.

    Um dos grandes desafios da Arquivstica estabelecer o momento da

    passagem dos documentos da fase corrente para a intermediria. As variveis que vo

    definir essa passagem so as seguintes: o documento no apia mais as atividades

    cotidianas; o trmino de uma atividade (projeto, convnio etc.); a excluso da

    atribuio; a prescrio da ao. Para a maioria dos documentos, a primeira varivel a

    mais aplicvel.

    A aplicao dessas variveis depende de informaes que podem ser

    encontradas no conhecimento tcito, nos prprios documentos e informaes

    relacionados s atividades, nos documentos de criao da organizao ou instituio

    (regulamento geral, estatuto, regimento interno etc.) e na legislao em geral.

    O valor primrio compreende as duas primeiras fases do ciclo de vida

    dos documentos: corrente e intermediria.Esgotado esse valor, os documentos podem ser eliminados ou guardados

    permanentemente se apresentarem outro valor. Entra em cena o valor secundrio, que

    1 Definio encontrada em Arquivo Nacional (Brasil). Dicionrio brasileiro de terminologia arquivstica. Rio deJaneiro: Arquivo Nacional, 2005.

    2 Definio encontrada em Arquivo Nacional (Brasil). Dicionrio brasileiro de terminologia arquivstica. Rio deJaneiro: Arquivo Nacional, 2005.

    3 Definio encontrada em Arquivo Nacional (Brasil). Dicionrio brasileiro de terminologia arquivstica. Rio deJaneiro: Arquivo Nacional, 2005.

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    aquele, segundo o Dicionrio Brasileiro de Terminologia Arquivstica, do Arquivo

    Nacional, atribudo a um documento em funo do interesse que possa ter para a

    entidade produtora e outros usurios, tendo em vista a sua utilidade para fins diferentes

    daqueles para os quais foi originalmente produzido.

    O valor secundrio analisado por Schellenberg (2005, 181) a partir de

    dois aspectos: a prova que contm da organizao e do funcionamento do rgo

    governamental que os produziu; e a informao que contm sobre pessoas, entidades,

    coisas, problemas, condies etc. com que o rgo governamental haja tratado. O

    primeiro aspecto conhecido como valor probatrio e o segundo como valor

    informativo.

    No caso especfico da legislao em geral, apresentamos, como exemplo,

    a Resoluo n 1.639/2002, do Conselho Federal de Medicina, que estabeleceu a

    manuteno dos pronturios mdicos enquanto o paciente estiver recebendo

    atendimento at vinte anos aps o ltimo registro. A leitura arquivstica dessa

    Resoluo indica que aquele documento tem valor primrio at vinte anos aps o ltimo

    registro. O pronturio pertence ao arquivo corrente durante o tempo em que o paciente

    est sendo atendido pela instituio de sade e a transferncia para o intermedirio vai

    acontecer em algum momento entre o ltimo registro e os vinte anos seguintes. Sabe-se,

    por experincia da instituio de sade, que o pronturio no utilizado nos ltimos cinco

    anos no justifica sua permanncia no arquivo corrente, pois a possibilidade de uso dele

    muito pequena e no suficiente para justificar sua guarda no arquivo corrente.

    Portanto, ele pode ser transferido para outro local, esperando a extino do valor legal,

    como determina a Resoluo do Conselho Federal de Medicina.

    A Resoluo tem informaes importantes para a determinao do valor

    secundrio. Ela dispe que devem ser mantidos permanentemente os pronturios que

    apresentem informaes relevantes do ponto de vista mdico-cientfico, histrico esocial.

    Exposto esse entendimento sobre os conceitos de valor primrio e

    secundrio, lanamos mo das possibilidades informacionais que o arquivo apresenta. O

    potencial informativo do arquivo, de acordo com Fonseca (2005, 59), pode ser visto ou

    identificado a partir de dois elementos:

    - a informao contida no documento;

    - a informao contextual, que a informao obtida do conjunto dedocumentos/informaes que registra uma atividade ou tarefa.

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    Verifiquemos esse potencial informativo a partir do exemplo do processo

    licitatrio. Licitao o processo de contratao de uma pessoa jurdica ou de uma

    pessoa fsica por parte de uma entidade da Administrao Pblica. Ela acontece

    utilizando-se de um sistema de comparao de oramentos (chamados de propostas das

    empresas), que atendam as especificaes legais necessrias, todas constantes dentro do

    edital. A empresa que oferecer a oferta mais vantajosa ao governo, ser a escolhida

    para o fornecimento do produto ou do servio. O edital o documento por meio do qual

    a instituio compradora estabelece todas as condies da licitao que ser realizada e

    divulga todas as caractersticas do bem ou servio que ser adquirido. No Brasil, os

    procedimentos licitatrios so orientados pelas Leis Federais n 8.666/1993 e

    10.520/2002.

    Usando o exemplo do processo licitatrio. Ele formado por um grupo

    de documentos, mas o entendimento completo do mesmo s se d pela juno de todos.

    Em geral, o processo licitatrio gera as seguintes tipologias documentais: edital da

    licitao, proposta dos fornecedores, mapa das propostas, ata de julgamento das

    propostas, recursos contra alguma deciso da comisso de licitao etc. Cada tipologia

    documental tem individualmente informaes sobre a licitao, mas a reunio de todos

    contm mais uma informao, que o entendimento de como ocorreu o processo

    licitatrio.

    Entretanto, fundamental entender que durante a fase em que os

    documentos possuem valor primrio (idades corrente e intermediria) esse documento

    procurado pela informao contida nele prprio. As buscas, nesse momento, so pelos

    documentos em sua individualidade, isto , o usurio quer um documento em especial.

    J na fase que os documentos possuem o valor secundrio (idade permanente) a procura,

    em geral, pela informao contextual, no se quer um documento em particular, mas

    um conjunto sobre determinado fato, fenmeno.Partimos do pressuposto que a organizao dos documentos de arquivo

    parte da funo social do arquivista. Organizamos para possibilitar o acesso rpido,

    seguro e eficiente informao. Em um primeiro momento, para a tomada segura de

    deciso, para a comprovao, para a garantia de direitos e deveres da instituio ou de

    pessoas, para um estudo retrospectivo, para a manuteno de um estoque informacional

    que possa servir de ponto de partida para novas atividades e, depois, para preservao

    do capital informacional, que permitir um uso alm das fronteiras da criao do prpriodocumento. Nesse sentido, a classificao assume um lugar privilegiado e aparece como

    https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htmhttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htmhttp://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/2002/L10520.htmhttp://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/2002/L10520.htmhttp://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/2002/L10520.htmhttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
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    instrumento importante para esse trabalho, ou melhor, como a primeira interveno,

    garantindo qualidade e os fundamentos para outras incurses no universo arquivstico,

    tais como: a avaliao e a descrio.

    Ao tratarmos os arquivos como conjuntos de documentos formados a

    partir da produo ou recebimento independentes de sua localizao fsica (corrente,

    intermediria ou permanente), nos impe a necessidade de trabalharmos com planos de

    classificao que possam ser operados por leigos (funcionrios de uma instituio, que,

    alm de suas competncias organizacionais, precisam gerir os produtos de suas aes

    pelas razes expostas acima) e no s por arquivistas. Ser, por exemplo, que o

    automvel teria o alcance social atual se fosse conduzido apenas por engenheiros

    mecnicos? Imagino, que no. Estendendo esse questionamento para o ambiente

    arquivstico, ser que o plano de classificao de documentos de arquivo ter a

    amplitude necessria se for operado apenas por arquivista. claro que no. Portanto, a

    construo de um plano de classificao, que exige o concurso de uma srie de

    conhecimentos, no pode ser um cdigo secreto a ser desvendado somente pelo

    profissional graduado para tal fim. Como para dirigirmos um automvel precisamos de

    um treinamento, a operao com um plano de classificao tambm assim o exigir.

    Est a mais um desafio, ou seja, a complexidade da construo deve se converter em

    simplicidade no uso do instrumento.

    Esse papel primacial, que no encontra vozes discordantes na literatura,

    nem sempre foi permeado de conhecimentos que garantissem a construo de planos de

    classificao com certo rigor cientfico. Observa-se, sobretudo, instrumentos elaborados

    a partir de bases intuitivas entrelaadas com um entendimento superficial sobre o sujeito

    acumulador de arquivos e sobre as funes, atividades e tarefas do criador.

    O instrumento de classificao, que recebe na literatura uma quantidade

    significativa de denominaes, um esquema onde so dispostos espacialmente osnveis de classificao de uma maneira hierrquica e lgica. Alguns autores o chamam

    de quadro de classificao ou quadro de arranjo, outros de cdigo de classificao, de

    plano de classificao, de plano de arranjo, de esquema de classificao, de tabela de

    classificao. Qual denominao devemos utilizar?

    O Dicionrio de Aurlio Buarque de Hollanda apresenta 17 acepes

    para a palavra quadro, nenhuma delas, no nosso entendimento, traduzem com

    perfeio as caractersticas do instrumento de classificao em Arquivstica. Tabela,com nove significados, tem o sentido de um rol, de uma lista. A noo de estrutura no

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    muito clara nesse termo. Diferentemente de esquema, que entendido como uma

    figura que representa no a forma dos objetos, mas as suas relaes e funes. Cdigo,

    em um dos sentidos reconhecidos por Aurlio Buarque de Hollanda, significa

    vocabulrio ou sistema de sinais convencionais ou secretos utilizados em

    correspondncias ou comunicaes. Lopes (2000, 306) considera a expresso cdigo

    de classificao ilgica, pois no h cdigo capaz de classificar. Ele representa a

    classificao. Por fim, temos a palavra plano que aparece, entre muitos outros

    significados, com o sentido de representao grfica da estrutura ou da organizao de

    algo.

    Dessa forma, esquema e plano so as duas palavras que melhor revelam

    a ideia de um instrumento de classificao. Optamos pela palavra plano, porque, entre

    outras razes, aparece com maior frequncia na literatura arquivstica, isto , tem um

    uso mais consagrado. No , portanto, um termo estranho rea. E, como foi definido

    anteriormente, estamos utilizando o termo classificao em detrimento da palavra

    arranjo, para representar o processo intelectual de construo de classes. Ento, a partir

    desse momento, no mbito da pesquisa, passaremos a utilizar a expresso plano de

    classificao para identificar o instrumento de classificao de documentos

    arquivsticos, independentemente da idade ou da fase.

    A questo do volume documental crescente e as novas formas de busca

    informao

    O arquivista francs Bruno Delmas fez, na dcada de 1980 do sculo

    passado, uma interessante projeo sobre o volume documental produzido em todas as

    pocas da histria do homem. Segundo o autor, mais da metade da massa documentalexistente no mundo tinha sido acumulada nos ltimos trinta e sete anos, isto , de 1950

    a 1987. Seguindo a projeo feita por Delmas, podemos afirmar que, atualmente, mais

    da metade da massa documental acumulada no mundo foi produzida e/ou recebida nos

    ltimos vinte anos. A produo crescente de documentos de arquivo parece ser uma

    caracterstica comum s organizaes contemporneas.

    Schellenberg (2005, 65) afirmou na dcada de 1950 que o volume dos

    documentos oficiais tem sofrido um tremendo aumento nos ltimos 150 anos, mas viaesse crescimento como resultado do carter das administraes modernas, que alcanou

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    um nvel de formalidade nunca antes visto. claro, inclusive, que os meios

    tecnolgicos de produo e reproduo de documentos facilitaram o desenho desse

    cenrio.

    A exploso dos documentos de arquivo e da informao contida nesses

    documentos ocorreu de forma paralela com o aumento geral da informao registrada

    pelas sociedades humanas. Talvez, em um ritmo mais lento, mas nem por isso menos

    significativo. Os fenmenos da industrializao e da urbanizao, o crescimento da

    presena dos estados nacionais e da complexidade de seus aparatos e, secundariamente,

    a banalizao dos meios tecnolgicos de reproduo de documentos e as tecnologias da

    informao explicam em parte a afirmao acima. Tornava-se evidente a

    impossibilidade de dar inteligibilidade a grande massa acumulada de registros

    documentais arquivsticos sem lanar mo de um instrumental tcnico-cientfico mais

    sofisticado.

    O cenrio atual de grandes volumes documentais sendo produzidos e/ou

    recebidos diariamente pelas organizaes pblicas ou privadas coloca a organizao dos

    documentos como um dos grandes temas da Arquivstica contempornea. Essa

    afirmao ganha vulto com a preocupao, cada vez maior, de nossas sociedades pela

    transparncia das aes do Estado.

    Esses grandes volumes documentais exigem uma maior sofisticao do

    instrumental tcnico-cientfico para possibilitar uma busca rpida e eficiente

    informao. Alm disso, precisamos integrar esforos. No h mais espao nas

    organizaes para criao e manuteno de inmeros sistemas de informao que no se

    falam, no se conhecem e duplicam resultados.

    Percebe-se que as estratgias de acesso informao oferecidas pelos

    motores de busca na internet, aquela livre e sem nenhum tipo de estruturao, que ainda

    mostram-se dominantes, tm influenciado bastante o comportamento do usurio emtodos os sistemas de informao, inclusive nos arquivsticos.

    Trabalhamos com a ideia de que a maior parte da base de conhecimento

    de uma organizao encontra-se no seu interior e o arquivo constitui, de maneira

    privilegiada, a maior parte desse estoque que se encontra dentro da prpria organizao.

    A pergunta que nos propomos a responder a seguinte: possvel que o

    plano de classificao de documentos de arquivo seja suficiente para atender a todas as

    necessidades de acesso informao? possvel, a partir do plano de classificao, de

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    maneira rpida e eficiente, responder s demandas caractersticas das fases

    corrente/intermediria e da fase permanente?

    Alguns apontamentos sobre a classificao de documentos de arquivo e as

    possibilidades que se apresentam para o futuro

    Foscarini (2010, 43-44) faz uma descrio interessante dos antigos

    mtodos de classificao de documentos que foram utilizados desde o mundo antigo,

    medieval e moderno (cronolgico, pelo tipo de transmisso, pela natureza legal dos

    documentos e pela forma dos documentos) at chegar ao mtodo revolucionrio

    (denominao dada pela autora) prussiano de agrupar os documentos por dossis de

    assuntos.

    Atualmente, h uma convergncia em buscar nas funes das

    organizaes os elementos fundamentais para a construo de planos de classificao de

    documentos de arquivo. Novamente Foscarini (2010, 46) nos esclarece que tanto Hilary

    Jenkinson quanto T. R. Schellenberg reconheciam a relao com a funo como uma

    caracterstica fundamental da natureza do documento de arquivo.

    O papel da funo das organizaes contemporneas to importante

    para o entendimento do arquivo e para a construo dos instrumentos de sua gesto, que

    o Conselho Internacional de Arquivos (CIA) elaborou, por intermdio de seu Comit de

    Boas Prticas e Normas, uma norma internacional para descrio de funes. Segundo o

    CIA (2008, 11), as descries de funes e atividades podem ser usadas para descrever

    funes como unidades em um sistema de descrio arquivstico; para controlar a

    criao e o uso de pontos de acesso em descries arquivsticas e para documentar

    relaes entre diferentes funes e entre essas funes e as entidades coletivas que as

    exerceram e os documentos que geraram. Funo, para a entidade, significa qualquer

    objetivo de alto nvel, responsabilidade ou tarefa prescrita como atribuio de uma

    entidade coletiva pela legislao, poltica ou mandato. Funes podem ser decompostas

    em conjunto de operaes coordenadas, tais como subfunes, procedimentos

    operacionais, atividades, tarefas ou transaes.

    Para Schellenberg (2005, 88), os mtodos de classificao podem ser

    divididos em trs tipos: funcional, organizacional e por assuntos. O autor americano,

    entretanto, descarta de maneira definitiva a possibilidade da classificao dedocumentos de arquivo ser feita por assunto. De acordo com sua argumentao, os

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    documentos pblicos, geralmente, devem ser agrupados segundo a organizao e

    funo, a exceo a essa regra se d para certos tipos de documentos, tais como os que

    no se originam da ao governamental ou no esto a ela vinculados. Incluem-se

    nesses documentos as pastas de referncia e informaes. Podemos chamar esses

    documentos de no orgnicos, portanto, no arquivsticos.

    A classificao organizacional ou estrutural no a mais adequada,

    segundo Schellenberg, pois as estruturas organizacionais das organizaes

    contemporneas so muito instveis, com mudanas rpidas e que nem sempre so

    resultado de uma anlise funcional, mas de condicionantes polticos, muitas das vezes,

    estranhos ao ambiente organizacional. Esses fatores acabam por inviabilizar o mtodo

    de classificao organizacional ou estrutural.

    A anlise funcional, utilizando a definio encontrada na norma ISO/TR

    26122:2008, entendida aqui como o agrupamento dos processos que se desenvolvem

    para atingir um objetivo especfico e concreto de uma organizao. Mostra as relaes

    entre as funes, processos e operaes que tm conseqncias na gesto de

    documentos.

    Afinal, o que distingue um arquivo, como uma entidade estruturada

    conforme circunstncias de sua criao, de uma mera coleo ou soma de itens nicos,

    artificialmente unidos para cumprir qualquer propsito externo, exatamente o que

    conhecido como vnculo arquivstico, numa aproximao com os entendimentos de

    Luciana Duranti.

    Luciana Duranti (apud Foscarini, 43) entende que a prtica de classificar

    documentos se origina da necessidade de explicitar o vnculo arquivstico, que existe

    entre todos os documentos que participam da mesma atividade desde o momento de sua

    criao. A partir do ato de classificao, a rede de relaes inerentes natureza de

    qualquer documento no s salta luz, mas tambm fica estabelecida e perpetuada.Desse modo, de acordo com a autora, o significado de cada documento em relao com

    todos os outros, assim como a estrutura do total de documentos (o arquivo) pode ser

    compreendida e transmitida ao longo do tempo.

    Entretanto, o entendimento exposto acima, que compartilho, quando

    desdobrado e aprofundado pode levar a uma limitao do papel da classificao dos

    documentos de arquivo. claro que a imposio de um plano de classificao artificial

    ou preestabelecido a uma acumulao existente de documentos (arquivo), mesmo queisso seja justificado pela melhoria no acesso aos documentos, poderia, inevitavelmente,

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    alterar ou obscurecer aquela relao natural dos documentos, que nasceram da mesma

    ao, atividade ou transao. (Foscarini, 2010, 42)

    Para as autoras (Foscarini e Duranti), essa argumentao defende que a

    recuperao dos documentos de arquivo s um benefcio colateral da classificao,

    sendo seu propsito principal colocar os documentos individuais nos agrupamentos aos

    quais pertencem, baseando-se na misso e nas funes do criador (Duranti apud

    Foscarini, 42).

    No consigo imaginar que num cenrio de grandes volumes documentais

    e de uma, cada vez maior, complexidade na operao das organizaes contemporneas,

    o plano de classificao seja utilizado com apenas o propsito de manter o vnculo

    arquivstico, relegando a um segundo plano a questo primordial, tambm, de

    recuperao dos documentos e informaes.

    H um entendimento equivocado de que o plano de classificao de

    documentos para permitir um acesso especfico ao documento precisar ser verticalizado,

    isto , desdobrado. Para chegar ao documento com mais rapidez e eficincia, o plano

    deve ser elaborado em quantos nveis de classificao forem necessrios. Entretanto, o

    prprio Schellenberg (2005, 95-96) chama a ateno para o fato dos documentos no

    serem ultraclassificados. Ele diz que h uma tendncia normal, ao se elaborar um

    esquema de classificao, a descer a mincias extremas, em vez de se limitar

    generalidade das funes/atividades. Quanto mais se preserva o conjunto mais se tem a

    compreenso de uma determinada ao. O todo nesse caso muito maior que a soma de

    suas partes. Para Duranti (1994, 50),

    esse inter-relacionamento devido ao fato de que osdocumentos estabelecem relaes no decorrer doandamento das transaes e de acordo com suasnecessidades. Cada documento est intimamente

    relacionado com outros tanto dentro quanto fora do grupono qual est preservado e (...) seu significado dependedessas relaes. As relaes entre os documentos, e entre

    eles e as transaes das quais so resultantes, estabelecemo axioma de que um nico documento no pode seconstituir em testemunho suficiente do curso de fatos eatos passados: os documentos so interdependentes no quetoca a seu significado e sua capacidade comprobatria. Emoutras palavras, os documentos esto ligados entre si porum elo criado no momento no qual so produzidos ourecebidos, que determinado pela razo de sua produo e

    necessrio sua prpria existncia, sua capacidade decumprir seu objetivo, ao seu significado, confiabilidade e

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    autenticidade. Na verdade, os registros documentais soum conjunto indivisvel de relaes intelectuais

    permanentes tanto quanto de documentos.

    Outra questo importante que surge com a extrema verticalizao do

    plano de classificao a dificuldade, cada vez maior, de classificar o documento.

    Quanto mais voc desdobra uma estrutura de classificao mais informaes voc

    precisa obter sobre o objeto para poder classific-lo corretamente. E, pelo que

    observamos, nem sempre o produtor do documento ou aquele que o recebe para

    desenvolver determinada atividade que vai classific-lo. Essa tarefa , geralmente,

    distribuda a servidores ou funcionrios de suporte na organizao, que, nem sempre,

    tem o conhecimento adequado da atividade para classificar um documento a partir de

    uma classificao funcional, que o estado da arte em termos de construo de

    instrumentos de classificao.

    Podemos identificar outra dificuldade, inclusive apresentada por

    Foscarini (2010, 52), que no fcil a compreenso e aplicao, pelos usurios, do

    plano de classificao baseado nas funes e atividades. H necessidade de um

    entendimento sobre a organizao que, em geral, no comum encontrar nas

    organizaes contemporneas. As grandes divises de trabalho, expressas nas

    especializaes das tarefas, prejudicam, embaam a viso do conjunto do processo de

    trabalho e de suas vinculaes.

    Percebemos que os primeiros nveis de um plano de classificao, os

    nveis maiores, que correspondem s funes ou macrofunes desenvolvidas na

    organizao, se aproximam de maneira importante das grandes unidades poltico-

    administrativas localizadas no pice da estrutura organizacional. Essa uma tendncia

    observada em vrias experincias.

    O plano de classificao no pode e nem deve ser uma simplestransposio da estruturao dos processos de trabalho da organizao (funes,

    subfunes, atividades, tarefas). Na prtica, isso no funciona. necessria uma leitura,

    que eu chamo de documentria, para estabelecer os nveis mais baixos do plano de

    classificao de documentos de arquivo. Essa leitura documentria envolveria questes

    relacionadas ao tipo de uso que dado aos documentos, as necessidades diretas do

    usurio e facilidades na recuperao dos documentos. Em muitos casos, a ordenao e

    no a classificao poderia resolver algumas questes importantes.

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    Precisamos compreender trs questes que considero fundamentais para

    operar com a classificao de documentos de arquivo. A primeira, que os objetivos da

    classificao no podem ficar confinados somente preservao do vnculo

    arquivstico, ela precisa auxiliar de maneira importante na recuperao dos documentos,

    que uma exigncia atual nas organizaes contemporneas. Segundo, precisamos

    reconhecer a limitao da classificao funcional (as dificuldades de sua aplicao no

    dia-a-dia) para a recuperao rpida e eficiente dos documentos e informao,

    principalmente no momento em que os documentos tm valor primrio (fases corrente e

    intermerdiria). A terceira, que no podemos nos furtar heterogeneidade e

    multiplicidade informacional contida nos documentos de arquivo. Esse o gancho

    importante para transformar um sistema de controle de documentos em um sistema de

    informao.

    Temos um desafio, portanto, que o de equacionar a preservao do

    vnculo arquivstico com uma maior eficincia na recuperao dos documentos e

    informaes de arquivo. Como melhorar o acesso aos documentos e informaes sem

    obscurecer o vnculo arquivstico?

    O esforo est em agregar novas formas de busca, respeitando esse

    vnculo arquivstico e permitindo que as vrias formas de explorar o potencial

    informativo dos arquivos (informao contida no prprio documento e informao

    contextual, obtida do conjunto de documentos acumulados em uma transao) sejam

    alcanadas.

    Buscamos demonstrar neste trabalho a importncia do conceito de

    classificao para a Arquivstica e o papel fundamental e matricial que ele tem para o

    fazer arquivstico. Entretanto, precisamos realizar um esforo importante de perceber a

    classificao com um objetivo maior do que somente o de manuteno do vnculo

    arquivstico. O nosso entendimento que o volume documental, as alteraes ocorridasnas formas de acessar informao, proporcionadas pelos motores de busca com o

    advento da internet, e as dificuldades de operacionalizao da classificao dos

    documentos de arquivo nos ambientes de trabalho limitam o papel da classificao no

    acesso aos documentos de arquivo. A defesa que se procurar fazer aqui nesses

    apontamentos que a classificao no pode responder mais sozinha pela importante e

    atualizada tarefa de busca informao contida nos documentos de arquivo.

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