92
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARÂMETROS HEMATO- IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE TILÁPIA DO NILO Fabrício Sado Rodrigues Orientadora: Profª. Drª. Lívia Mendonça Pascoal Goiânia 2017

ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARÂMETROS HEMATO-

IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE TILÁPIA

DO NILO

Fabrício Sado Rodrigues

Orientadora: Profª. Drª. Lívia Mendonça Pascoal

Goiânia

2017

Page 2: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

ii

Page 3: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

iii

FABRÍCIO SADO RODRIGUES

ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARÂMETROS HEMATO-

IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE TILÁPIA

DO NILO

Dissertação apresentada junto ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola

de Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás, nível Mestrado.

Área de concentração:

Sanidade animal, higiene e tecnologia de

alimentos

Linha de pesquisa:

Orientadora:

Profª. Drª Lívia Mendonça Pascoal - EVZ/UFG

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo -

EVZ/UFG

Profª. Drª Fernanda Gomes de Paula -

EVZ/UFG

GOIÂNIA

2017

Page 4: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

iv

Page 5: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

v

Page 6: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

vi

Page 7: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

vii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho inteiramente aos

meus pais, Eurípedes e Mitiko, por

todo apoio e atenção.

Page 8: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

viii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade de concluir mais uma etapa

importante da minha vida, com persistência e sabedoria.

Agradeço imensamente à minha família, em especial meus pais, Eurípedes e

Mitiko, e meu irmão, Vinícius, por sempre me apoiarem e incentivaram nas minhas decisões.

À minha avó, Tokiko Sado, que, com sua presença, sempre nos deu força para seguir em diante

na vida. À minha noiva, Ana Laura, que sempre ao meu lado, me incentivou.

Aos meus orientadores, Profª Fernanda Gomes de Paula, Profª Lívia Mendonça

Pascoal e Profº Eugênio Gonçalves de Araújo, por acreditarem em mim e por todo incentivo,

ajuda e dedicação a este trabalho. Aos demais professores, Prof. Dr Rolando Alfredo Mazzoni

Romero, Profª Drª Giuliana Muniz, Profª. Drª Aline Mendonça Pascoal que foram de grande

importância para realização deste trabalho.

Aos amigos que me ajudaram e apoiaram na realização do mestrado, Bruno Mazini,

Caniggia Lacerda, Cristielle Souto (Pós-graduação), Anderson Pires, Débora Oliveira, Elieny

de Abreu (Graduação), Helton Oliveira (Laboratório Multiusuário), Bita (Setor de Piscicultura),

Drauton (UEG – Anápolis), Gustavo Valladão e Inácio Assane (CAUNESP-Jaboticabal),

Rogério Oliveira (CommerceAll - Peixe Forte), Guthemberghe Kirk e Paulo Roberto Silveira

(Aquiplan).

Às empresas que acreditaram no trabalho e gentilmente doaram ração extrusada

(VB Alimentos), alevinos (Aquabel- GO) e reagentes de qualidade de água (Peixe Forte).

À FAPEG e posteriormente à CAPES pela bolsa de estudo concebida.

Page 9: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

ix

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 1

1.1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.2. Revisão de literatura ............................................................................................................ 2

1.2.1. Enfermidades De Peixes ................................................................................................... 2

a) Ectoparasitas ........................................................................................................................... 3

Trichodinídeos ................................................................................................................ 3

Monogenea ..................................................................................................................... 5

1.2.2. Sistema Imune De Peixes ................................................................................................. 6

a) Sistema Imune Inato De Peixes .............................................................................................. 7

1.2.3. Imunoestimulantes Na Piscicultura ................................................................................. 9

a) Alho (Allium Sativum) .......................................................................................................... 12

b) Efeitos Do Alho Para A Saúde E Desempenho Zootécnico Em Peixes .............................. 13

1.2.4 Tilápia Do Nilo ................................................................................................................ 15

1.3. Objetivo Geral ................................................................................................................... 16

REFERÊNCIA..........................................................................................................................16

CAPITULO 2 – ANÁLISE FARMACOGNÓSTICA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO

BULBO DO ALHO EM PÓ..................................................................................................... 21

RESUMO ................................................................................................................................. 21

ABSTRACT ............................................................................................................................. 21

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 22

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 23

Amostra vegetal do alho ........................................................................................................... 23

Determinação do teor de umidade ............................................................................................ 23

Microscopia eletrônica de varredura (MEV)............................................................................ 23

Estudo farmacognóstico e prospecção fitoquímica .................................................................. 23

Extração e avaliação da composição química do óleo .............................................................. 23

RESULTADOS ........................................................................................................................ 24

DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 26

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 28

REFERENCIAS ....................................................................................................................... 28

CAPITULO 3 – ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARAMETROS

HEMATO-IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE

TILÁPIA-DO-NILO. ................................................................................................................ 32

RESUMO ................................................................................................................................. 32

ABSTRACT ............................................................................................................................. 32

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 33

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 34

Local do experimento e animais ............................................................................................... 34

Delineamento experimental ...................................................................................................... 34

Amostra vegetal do alho em pó ................................................................................................ 35

Preparação da ração experimental e alimentação dos animais ................................................. 35

Page 10: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

x

Monitoramento da qualidade de água ....................................................................................... 36

Pesagens Dos Animais ............................................................................................................. 37

Análise do desempenho produtivo ........................................................................................... 37

Análises econômica .................................................................................................................. 37

Análises Hemato-Imunológicas ................................................................................................ 37

Análise Parasitológica .............................................................................................................. 38

Identificação Dos Parasitas ....................................................................................................... 38

Análise Estatística .................................................................................................................... 39

RESULTADOS ........................................................................................................................ 39

Quantificação da alicina ........................................................................................................... 38

Desempenho Produtivo ............................................................................................................ 39

Análise econômica .................................................................................................................... 39

Análises Hemato-Imunológicas ................................................................................................ 40

Análises Parasitológicas E Identificação De Parasitas ............................................................. 41

DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 42

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 45

REFERENCIAS ....................................................................................................................... 46

CAPITULO 4 – NEW GEOGRAPHICAL RECORDS OF TRICHODINA, TRIPARTIELLA,

PARATRICHODINA AND FIRST REPORT OF TRICHODINELLA IN NILE TILAPIA

(OREOCHROMIS NILOTICUS) CULTURED IN

BRAZIL.................................................................................................................................... 49

ABSTRACT ............................................................................................................................. 50

INTRODUCTION .................................................................................................................... 51

MATERIALS AND METHODS ............................................................................................. 52

Study area and fish ................................................................................................................... 52

Parasitic diagnosis and taxonomic evaluation .......................................................................... 53

RESULTS ................................................................................................................................. 54

Trichodinids description: body ................................................................................................. 54

Trichodinids description: gills .................................................................................................. 55

DISCUSSION ........................................................................................................................... 58

REFERENCES ......................................................................................................................... 61

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 71

Page 11: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MEV - Microscopia eletrônica de varredura

CG - Cromatografia gasosa

EM - Espectrofotômetro de massa

IE - Índice de espuma

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ig - Imunoglobulina

EROs - Espécies reativas de oxigênio

H2O2 - Peróxido de hidrogênio

OH- - Radicais hidroxila

O2 - Ânions de oxigênio

O2- - Superóxido

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

UM - Umidade

PB - Proteína bruta

MF - Matéria fibrosa

EE - Extrato etéreo

MM - Matéria mineral

Ca - Cálcio

P - Fósforo

OD - Oxigênio dissolvido

TºC - Temperatura

pH - Potencial hidrogeniônico

COP - Custo operacional parcial

RB - Receita bruta

EDTA - Ethylene diamine tetraacetic acid

VCM - Volume corpuscular médio

HCM - Hemoglobina corpuscular médio

CHCM - Concentração de hemoglobina corpuscular média

NH3 - Amônia não-ionizada

P. Inicial - Peso inicial

P. Final - Peso final

GP - Ganho de Peso

CAA - Conversão alimentar aparente

CR - Consumo de ração

TCE - Taxa de crescimento específico

TS - Taxa de sobrevivência

CV - Coeficiente de variação

P - Nível de significância

VP - Venda de peixe

RLP - Receita líquida parcial

IC - Índice de custo

Page 12: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xii

ML - Margem de lucro

mm³ - Milímetro cúbico

Page 13: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

FIGURA 1.1 - Trichodina heterodentada ...................................................................4

FIGURA 1.2 - Monogenóide Girodactilideo. A. Visão geral do parasita B. Detalhe no

aparelho de fixação (seta) ....................................................................5

FIGURA 1.3 - Representação dos órgãos linfoides do peixe .......................................7

CAPÍTULO 2

FIGURA 2.1 - Fotomicrografias da amostra do bulbo de Allium sativum em pó. (A)

Aspecto geral de distribuição do pó com partículas de tamanho

heterogêneo e ausência de sujidades (Aumento de 250 x). (B) Grânulo

amorfo com fragmentos de epiderme (Aumento de 500 x) ................23

FIGURA 2.2 - Cromatograma de análise por CG/EM do óleo volátil extraído do bulbo

do A. sativum em pó ...........................................................................24

CAPÍTULO 3

FIGURA 3.1 - Trichodinella sp. (A); Trichodina centrostrigata (B); Trichodina compacta

(C); Tripartiella orthodens (D); Trichodina heterodentata (E); Trichodina

migala (F); Trichodina magna (G) e Paratrichodina africana (H)..............39

FIGURA 3.2 - Monogenea da família dactilogirídeo (seta) aderido à lamela branquial de

tilápia do Nilo...............................................................................................39

CAPÍTULO 4

FIGURA 4.1 - Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic

drawing of the denticles of Trichodina compacta (a); T. heterodentata

(b) and T. magna (c) found in the body of Nile tilapia Oreochromis

niloticus cultured in Central-West region of Brazil. Scale bars: 10

μm……………………………………………………………….......63

FIGURA 4.2 - Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic

drawing of the denticles of Trichodina centrostrigeata (a); T. compacta

(b); T. heterodentata (c); T. migala (d); Paratrichodina africana (e);

Trichodinella sp. (f) and Tripartiella orthodens (g) found in the gills

of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region

of Brazil. Scale bars: 10 μm ……………………………………..….64

FIGURA 4.3 - Schematic drawing of the denticles of Trichodinella demonstrating the

diversity of denticle shape among Trichodinella epizootica (redrawn

from various sources) ……………………………………………….65

Page 14: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xiv

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

TABELA 2.1 - Classes dos metabólitos secundários e índice de espuma analisados na

amostra de alho em pó...........................................................................24

TABELA 2.2 - Constituintes químicos do óleo volátil do bulbo de A. sativum...........25

CAPÍTULO 3

TABELA 3.1 - Níveis de garantia da ração de 46% de PB, de granulometria de 1,7

mm, a para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF),

extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca) e fósforo (P),

demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na alevinagem da

tilápia do Nilo em sistema de tanque-

rede.....................................................................................................34

TABELA 3.2 - Níveis de garantia da ração de 42% de PB, de granulometria de 2 a 3

mm, para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF),

extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca) e fósforo (P),

demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na alevinagem da

tilápia do Nilo em sistema de tanque-

rede.....................................................................................................35

TABELA 3.3 - Médias do peso inicial (P. Inicial), peso final (P. Final), ganho de peso

(GP), conversão alimentar aparente (CAA), consumo de ração (CR),

taxa de crescimento específico (TCE) e taxa de sobrevivência (TS) de

alevinos de tilápia do Nilo alimentados com diferentes níveis de

inclusão de alho em pó em tanques-

redes....................................................................................................36

TABELA 3.4 - Dados médios da quantidade e despesas com ração, alho em pós,

gelatina, alevinos e o custo de produção parcial (COP) da tilápia do

Nilo alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na

dieta em tanques-rede.........................................................................37

TABELA 3.5 - Dados médios do custo operacional parcial (COP), venda dos peixes

por unidade (VP), receita bruta (RB), receita líquida parcial (RLP) e

incidência de custos (IC) e margem de lucro (ML) da tilápia do Nilo

alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na dieta

em tanques-rede..................................................................................37

TABELA 3.6 - Médias, coeficientes de variação (CV) e níveis de significância (P<0,5)

dos parâmetros hemato-imunológicos de alevinos da tilápia do Nilo

alimentados com diferentes níveis de inclusão do alho em pó em

tanques-rede........................................................................................38

TABELA 3.7- Média da contagem de ectoparasitas encontrados na análise

parasitológica......................................................................................40

Page 15: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xv

CAPÍTULO 4

TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis

niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard deviation

(minimum-maximum values; number of individuals

measured)……………………………………………………………..66

TABLE 4.2 - Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis

niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard deviation

(minimum-maximum values; number of individuals

measured)……………………………………………………………..67

Page 16: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xvi

LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 1

QUADRO 1.1 - Comparação entre quimioterápicos, vacina e

imunoestimulantes...........................................................................11

Page 17: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xvii

RESUMO

A produção de peixes apresenta um crescimento constante, levando a intensificação da

produção e viabilizando o aumento da produtividade em uma pequena área, o que proporciona

o maior retorno econômico. Contudo, a intensificação demanda maiores manejos zootécnicos,

o que pode levar os peixes ao estresse, resultando no aumento da susceptibilidade a micro-

organismos patogênicos. Com o intuito de auxiliar na diminuição do uso de produtos químicos

no tratamento de enfermidades durante o processo produtivo, esta pesquisa foi realizada para

determinar o efeito imunoestimulante do alho (Allium sativum). Utilizou-se alevinos de tilápia

do Nilo alimentados com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na ração (0,0%, 0,5%,

1,0%, 1,5%) durante a fase de alevinagem em tanque-rede. Realizou-se análise da amostra do

alho utilizado, do desempenho zootécnico dos animais, avaliações hemato-imunológica e

parasitológica, identificação taxonômica dos parasitas e viabilidade econômica do uso alho.

Observou-se que o nível de inclusão de 1,0% de alho em pó proporcionou melhores resultados,

sugerindo uma melhor resposta imunológica e menor carga parasitária, e também melhor

viabilidade econômica.

Palavras-chaves: Allium sativum, Oreochromis niloticus, imunoestimulador, tanque-rede

Page 18: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

xviii

ABSTRACT

The production of fish presents a constant growth, leading to the intensification of production

and allowing the increase of productivity in a small area, which provides the greatest economic

return. However, the intensification demands greater zootechnical management, which can lead

fish to stress, resulting in increased susceptibility to pathogenic microorganisms. With the

purpose of helping to reduce the use of chemical products in the treatment of diseases during

the production process, this research was carried out to determine the immunostimulating effect

of garlic (Allium sativum). Nile tilapia fry were fed with different levels of inclusion of garlic

powder in their feed (0.0%, 0.5%, 1.0%, 1,5%) during the fish-farming tank stage. The garlic

sample, the zootechnical performance of the animals, hemato-immunological and

parasitological evaluation, taxonomic identification of the parasites and economic viability of

the garlic were took into consideration and analyzed. It was concluded that the inclusion level

of 1.0% garlic powder provided better results, suggesting a better immunological response and

lower parasitic level, happening to hold, and better economic viability.

Key words: Allium sativum, Oreochromis niloticus, immunostimulator, tank-net

Page 19: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Introdução

A produção nacional de peixes de origem continental tem apresentado um

crescimento constante, segundo as últimas estatísticas do Ministério da Pesca e Aquicultura1 e

do IBGE2. O estado de Goiás ocupou a oitava posição em 2014, produzindo 21.619, 6 toneladas

de pescado2. No contexto mundial, a piscicultura cresce a cada dia, assim como o consumo per

capita, sendo o Brasil um dos países que vem se destacando no aumento do consumo de peixes3.

De acordo com últimas estatísticas internacionais, o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de

produção de peixes de água doce 3.

Em relação as espécies produzidas em sistema intensivo, analisando tanto os peixes

criados em água doce quanto em água salgada, a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) é a

mais importante, representando 41,9% da produção nacional2. Esta espécie se destaca na

produção comercial mundial por apresentar rápido ciclo produtivo, ótimo desempenho

zootécnico, alta capacidade de reprodução e rusticidade, pois tolera condições adversas do

ambiente4.

A tilápia do Nilo pode ser criada em diferentes sistemas de produção, especialmente

em sistemas intensivos como os tanques-rede. A produção de peixes em sistema intensivo tipo

tanques-rede apresenta várias vantagens, como o aproveitamento de reservatórios ociosos

(represas rurais, usinas hidrelétricas), menor investimento inicial, produção de diferentes

espécies de peixes em uma mesma área de lâmina d’água, entre outras. Porém, há algumas

desvantagens como a dependência dos peixes pela alimentação artificial e a ocorrência de

estresse, devido à alta densidade de estocagem, o que deixa os peixes mais susceptíveis a

enfermidades4. Essa questão tem ganhado cada vez maior relevância regional, tendo em vista

que, no Estado de Goiás, este sistema de produção tem crescido devido à grande área ocupada

por reservatórios hidrelétricos.

A intensificação da produção tem como consequência o aumento da ocorrência de

enfermidades, tornando um fator limitante na produção de tilápias5, 6. Para o tratamento de

infecções vários produtos químicos foram utilizados por muitos anos, como por exemplo o

formaldeído, o verde malaquita, o azul de metileno e antibióticos6,7, sendo estes últimos também

utilizados na piscicultura como promotores de crescimento8. Muitos destes produtos, usados

rotineira e indevidamente, apresentam vários inconvenientes, como a pressão seletiva sobre os

micro-organismos, podendo causar resistência dos mesmos6, resíduos do medicamento após o

tratamento, impacto ambiental8,9 e custo elevado10.

Page 20: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

2

A exigência do mercado consumidor tem sido fundamental para que se busque

produtos mais saudáveis e sem resíduos antibióticos e químicos10,11. Dessa forma, o uso de

produtos naturais, com comprovadas ações medicinais, tem sido uma alternativa para minimizar

a incidência de doenças e melhorar o desempenho produtivo 6,12,13. Os extratos vegetais são

compostos naturais e inócuos, e têm grande potencial de uso na aquicultura como promotores

de crescimento, imunoestimuladores, antibióticos e anti-estresse6,9,13,14. O interesse pelo uso de

imunoestimulantes a base de extratos vegetais tem aumentado nos últimos tempos por todo o

mundo, devido à facilidade de preparo, raros efeitos colaterais aos animais e ao meio ambiente

e baixo custo6,13,15. Portanto, o uso desses produtos como agentes profiláticos em situação de

alto risco de manifestação de doenças é de grande valia para o cenário da aquicultura. Durante

a fase de alevinagem, a resistência contra patógenos pode ser aumentada por estes

imunoestimuladores, já que nesta faze estão mais sujeitos às enfermidades16. A mortalidade

nesta fase de desenvolvimento de tilápia em tanque-rede é de aproximadamente 10%17, o que

torna necessário o desenvolvimento de técnicas de visem à redução deste percentual.

O alho (Allium sativum L.) é uma das plantas com efeitos medicinais conhecida há

mais tempo9,15. A propriedade imunoestimulante, especificamente do bulbo5,11, tem sido alvo

de estudos na aquicultura, bem como seus demais efeitos benéficos, como antimicrobiano e

antioxidante18. Este vegetal exerce ainda efeito nos parâmetros hematológicos12, promove o

bem-estar dos peixes6, age como promotor de crescimento8 e estimula o apetite9.

Sendo assim, ressalta-se a importância desta pesquisa para se conhecer a ação do

alho em pó como imunoestimulador durante a fase de alevinagem da tilápia do Nilo em tanque-

rede, possibilitando uma produção mais viável, evitando perdas econômicas e,

consequentemente, auxiliar no avanço da piscicultura no Estado de Goiás. É importante

considerar que não foram encontrados registros destas avaliações realizadas em condições de

campo. Poucos trabalhos com este propósito foram realizados no Brasil e somente em condições

experimentais e nenhum no Estado de Goiás.

1.2. Revisão de literatura

1.2.1. Enfermidades de peixes

Nos sistemas intensivos os peixes são submetidos a altas densidades de estocagem

e manejos intensos, reduzindo a situação de bem estar e causando uma imunossupressão devido

ao estresse, levando os peixes a um quadro fisiológico mais susceptível ao acometimento de

enfermidades19,20.

Page 21: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

3

Alguns organismos patogênicos estão presentes naturalmente no ambiente aquático

sem causar danos aos peixes, devido ao equilíbrio na relação entre hospedeiros, parasitas e

ambiente7,21. Distúrbios ambientais são os principais fatores que alteram este equilíbrio,

causando impactos negativos sobre o bem estar dos peixes, levando a um estado de

imunossupressão, deixando-os susceptíveis às infestações por organismos patogênicos21.

Os peixes podem ser acometidos por doenças causadas por diversas origens, como

nutricional, viral, fúngica, bacteriana e parasitária. As doenças causadas por parasitas são de

grande importância na piscicultura comercial, uma vez que propiciam infecções secundárias

causadas principalmente por bactérias oportunistas, o que agrava o quadro clínico dos animais,

e aumenta a chance de grandes prejuízos econômicos4, 21.

Contudo, a manutenção deste equilíbrio com a garantia de uma boa qualidade de

água, ótima saúde dos animais e prevenção da introdução de doenças na piscicultura, leva ao

sucesso produtivo de uma atividade economicamente viável7,21.

a) Ectoparasitas

Durante todo o ciclo produtivo os peixes estão susceptíveis à infecção por diversos

parasitas (protozoários e metazoários), presentes no ambiente aquático7,21. Estes podem ocorrer

em diferentes locais do corpo animal, podendo ser considerados ectoparasitas ou

endoparasitas7.

Os ectoparasitas na maioria das vezes são microrganismos comensais, presentes nos

animais sem causar danos, localizados no tegumento e nas brânquias de peixes. Geralmente não

há manifestações patogênicas quando os animais se encontram em condições fisiológicas ideais

e boa qualidade de água22,23. Contudo, quando essas condições são alteradas e levam o animal

a situação de estresse, os ectoparasitas podem levar a manifestações patogênicas e prejuízos

econômicos23.

Trichodinídeos

Protozoários ciliados, os parasitas responsáveis pela trichodiníase estão entre os

ectoparasitas mais comuns presentes em peixes de vida livre e de cultivo21,24. São parasitas

encontrados frequentemente na superfície corporal dos peixes, sendo algumas espécies

endoparasitas7. Em pequenas quantidades, estes são considerados parasitas ectocomensais, que

se alimentam de outros micro-organismos, como bactérias e algas, e também de partículas em

suspensão na água25.

Page 22: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

4

Possui forma circular achatada e formação em disco de estruturas esqueléticas

dispostas em círculos (Figura 1.1). Essas características possibilitam a fácil identificação em

microscopia, principalmente quando corado em nitrato de prata, auxiliando na diferenciação

entre espécies e no diagnóstico da enfermidade26.

FIGURA 1. 1 - Trichodina heterodentada.

Fonte: Arquivo pessoal

A proliferação deste parasita ocorre principalmente em condições de baixa

qualidade de água, onde há excesso de matéria orgânica acumulada no ambiente24,25. Esta

situação favorece a reprodução do parasita e leva o animal a um estado de imunossupressão,

fazendo com que o peixe seja parasitado de forma intensa24,25,26.

Em infestações intensas é possível identificar a patogenia destes parasitas, que ao

se alimentarem de células epiteliais podem provocar hipersecreção de muco e lesões no epitélio

e brânquias24,25. Em casos graves, pode ocorrer erosão das nadadeiras e necrose da epiderme,

causando altas taxas de mortalidade26.

A profilaxia contra este parasita consiste, principalmente, na manutenção de uma

boa qualidade de água. Há vários métodos terapêuticos utilizados no tratamento desta

enfermidade, desde os mais convencionais com a utilização de produtos químicos e sal

comum25, a métodos mais novos e que vêm sendo muito estudados, como o uso de fitoterapias27.

Page 23: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

5

Monogenea

A monogeneose encontra-se entre as principais parasitoses da piscicultura7,28. Os

monogenéticos são ectoparasitas pertencentes ao grupo dos platelmintos7,21, que podem

parasitar peixes, anfíbios e répteis28. Estes parasitas possuem forma alongada, ovoidal ou

circular, podendo medir de 1 milímetro a 3 centímetros7,29. Caracterizam-se principalmente pela

presença do haptor, aparelho de fixação no hospedeiro, localizado na parte posterior do corpo,

que é formado por ganchos, barras e âncoras ou ventosas, de número e tamanhos variáveis7,21,29

(Figura 1.2). Com este aparelho de fixação, esses parasitas provocam injúrias nos animais,

podendo causar uma hipersecreção de muco que pode atrapalhar nas trocas gasosas ao recobrir

as brânquias7.

FIGURA 1. 2 - Monogenóide Girodactilideo. A. Visão geral do parasita.

B. Detalhe no aparelho de fixação (seta).

Fonte: Pereira F.O., 201128

Os monogenéticos que parasitam peixes pertencem a duas grandes famílias:

girodactilídeos e dactilogirídeos7,21. Os girodactilídeos são parasitas vivíparos, sendo assim, no

seu interior já se verifica a presença de outro indivíduo semelhante até a quarta geração no

mesmo parasita7,21; e possuem a característica de ausência de olhos21. Os parasitas desta família

parasitam principalmente as brânquias e a superfície corporal dos peixes. Por outro lado, os

dactilogirídeos são ovíparos7,21,25, e podem ser reconhecidos pela presença de quatro manchas

oculares (quatro olhos)21; geralmente são encontrados apenas nas brânquias, mas podendo ser

encontrados nas cavidades nasais, e raramente em outros locais7,25.

O ciclo de vida deste parasita é direto, sendo assim, há facilidade de completar o

ciclo e parasitar novos animais ou até mesmo aumentar a infestação parasitária de um mesmo

animal, uma vez que este parasita ocorre principalmente em criações intensivas, quando há altas

densidades de estocagem, má qualidade de água e condições sanitárias inadequadas7,21,30.

Page 24: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

6

Acredita-se que os monogenéticos são espécie-específicos7,29, e que se tratando de

peixes tropicais, cada espécie de peixe possua cerca de cinco espécies de monogenéticos7.O

prejuízo que este micro-organismo pode causar nos peixes, está relacionado com a espécie do

parasita, local de infestação e número de parasitas encontrados7,25.

Os sinais gerais da infestação por monogenéticos são hipersecreção de muco e

alteração de comportamento. O muco produzido em excesso nas brânquias e superfície corporal

pode levar a impermeabilização das brânquias e dificultar as trocas gasosas. Comportamentos

anormais são observados, como o ato dos peixes se esfregarem na lateral do viveiro com o

intuito de retirar o parasita, causando lesões que permitem a invasão de patógenos oportunistas

como fungos e bactérias, que, por sua vez, causarão uma infecção secundária7.

Microscopicamente, nas brânquias, a presença do parasita pode causar hiperplasia celular e até

fusão de filamentos das lamelas branquiais, o que também dificulta as trocas gasosas7,25.

Para o diagnóstico da doença, deve-se observar os sinais clínicos e fazer análise

com auxílio de lupa ou microscópio, do raspado de muco e de brânquias, para poder determinar

a presença do parasita. Como profilaxia, deve-se manter uma boa qualidade da água, submeter

os animais a banhos profiláticos com cloreto de sódio, e quarentena, antes do animal ir para a

área de produção31. O uso de vitamina C e de alho em pó adicionados a ração, aumenta a

imunidade dos animais e provocam uma diminuição significativa no parasitismo7,32,33.

1.2.2. Sistema imune de peixes

No ambiente em que os peixes vivem, ocorre uma constante interação do animal

com diversos micro-organismos patogênicos ou não patogênicos. Sendo assim, os peixes

possuem diferentes mecanismos de defesa que garantem a sua sobrevivência34.

Mecanismo biológico complexo, o sistema imune atua na defesa do indivíduo frente

a micro-organismos, toxinas e células malignas35. Este sistema é dividido, de acordo com o

ponto de vista funcional, em inato (não-específico) e adaptativo (específico), composto por

fatores celulares e humorais quando há o reconhecimento de um organismo invasor, e assim,

atuam interna ou externamente, juntos ou separados, com o objetivo de preservar a saúde e vida

dos animais35,36,37.

Nos peixes, não há a presença de tecidos ou órgãos mieloides, como nos mamíferos,

pois os peixes não possuem medula óssea e linfonodos. Sendo assim, os tecidos e órgãos que

constituem o sistema imune de peixes são classificados apenas como linfoides20. Estes órgãos

se formam durante o desenvolvimento larval, são eles: rins, timo, baço e tecidos linfoides

associados à mucosa38(Figura 1.3).

Page 25: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

7

O rim é um órgão par e considerado o maior órgão linfoide nos peixes20,38. É

comparado à medula óssea por ter grande importância na hematopoiese, com a função de

formação e maturação de células sanguíneas e de defesa21.

O timo se caracteriza por ser um órgão duplo, e se localiza na região dorsolateral

das brânquias20. É um importante local de desenvolvimento e maturação dos linfócitos T, e

diferentemente do que ocorre em vertebrados adultos, nos peixes a sua involução ocorre

dependendo da espécie39.

O baço é dividido em duas regiões, polpa branca e polpa vermelha. A polpa branca

está relacionada à hematopoiese e formação das células de defesa e a polpa vermelha

relacionada com a fagocitose de células velhas ou anormais. Diferentemente dos mamíferos, a

divisão entre essas duas regiões não é organizada, entretanto, é possível identificar as polpas

em várias espécies38.

Nos tecidos linfoides associados à mucosa, incluem-se também pele e brânquias.

Estes tecidos estão dispostos de forma desorganizada por toda a mucosa, e produzem muco

contendo alguns componentes do sistema de defesa inato, como lisozima, proteína do sistema

complemento e imunoglobulinas38.

FIGURA 1.3. Representação dos órgãos linfoides do peixe.

Fonte: Tizard, 201440.

a) Sistema imune inato de peixes

A imunidade inata, também conhecida como natural ou não especifica, é a primeira

linha de defesa do organismo frente a um micro-organismo invasor, por meio de uma série de

mecanismos de proteção, sem necessidade de uma pré-exposição ao agente causador da

infecção10,20,41,42. Apesar do mecanismo de reconhecimento de agentes causadores de

enfermidades ser limitado, a imunidade inata possui grande eficiência, e é essencial para a

função da imunidade adquirida41.

Page 26: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

8

Diversos fatores podem promover efeitos supressores nos parâmetros da imunidade

inata, como mudanças de parâmetros de qualidade de água, manejo e outros fatores que

desencadeiam estresse nos animais. Por outro lado, vários aditivos alimentares e

imunoestimulantes podem melhorar os fatores da imunidade inata41.

Os parâmetros da imunidade inata dos peixes, físicos, celulares e humorais, vêm

sendo bastante estudados em diferentes linhas de pesquisas, como imunoprofilaxia, imunologia

comparativa e imunologia evolutiva41.

Há a presença de parâmetros físicos, que são a pele, as mucosas, brânquias e

epiderme, que agem como primeira barreira contra infecção34,37,43. O muco tem uma importante

função de defesa34,43, além da proteção física, que impede a adesão de patógenos34,41 contém

também parâmetros imunológicos como lectinas, lisozima, proteínas do complemento,

peptídeos antibacterianos e imunoglobulina (Ig) M34,41,43.

Os parâmetros celulares são compostos por células “chaves” do sistema imune

inato, como as células fagocíticas, como os leucócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos),

monócitos / macrófagos e células citotóxicas41.

A fagocitose é um dos mecanismos de defesa mais importantes do sistema imune

inato12,44, podendo ocorrer por meio de leucócitos, principalmente neutrófilos, monócitos no

sangue e macrófagos no tecido44. Os fagócitos exercem um papel importante na defesa do

organismo contra infecções, e participam de processos imunorregulatórios37,44, limitando a

disseminação de agentes infecciosos pelo organismo do peixe37. Este parâmetro normalmente

mostra um aumento após administração oral de imunoestimulantes12.

Dentre as diferentes etapas do processo de fagocitose, uma importante etapa é a

chamada explosão respiratória, conhecida também como burst oxidativo12,42,44. Nesse processo,

o oxigênio é reduzido e diante de uma série de reações metabólicas intracelulares, ocorre a

produção elevada de espécies reativas de oxigênio (EROs), como por exemplo, o peróxido de

hidrogênio (H2O2), radicais hidroxila (OH-), ânions de oxigênio (O2) e superóxido (O2-)42,44.

Esses possuem poder oxidante, contribuindo na destruição dos micro-organismos42. Esses

mecanismos são considerados parâmetros importantes quando se pretende avaliar a capacidade

microbicida e o metabolismo oxidativo dessas células44. De todas as EROs produzidas durante

a explosão respiratória, o peróxido de oxigênio44 é a mais estável e fácil de mensurar, sendo

assim, a quantificação dos níveis dessa substância é um dos parâmetros utilizados na avaliação

da ativação de macrófagos, assim como o ânion superóxido5,45.

Page 27: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

9

Segundo Ellis37, os monócitos também possuem a função de interagir o sistema

imune não específico ao específico, por meio da produção de citocinas capazes de estimular a

produção de linfócitos.

Há também a ação de elementos humorais inatos, como os fatores inibidores do

crescimento de bactérias, por exemplo, a transferrina, antiproteases, lisozima, proteína C reativa

e proteínas do sistema complemento20. Dentre estes fatores inibidores do crescimento de

bactérias destaca-se um elemento com grande utilização para a determinação de uma

imunoestimulação, a lisozima, apesar de que há trabalhos que também mensuram outros

elementos. A lisozima é uma enzima que está presente no muco, ovos, sangue e tecidos onde

há a presença de leucócitos 41,43, e tem poder de atuação sobre os peptideoglicanos da parede

de bactérias gram-positivas e gram-negativas, e pode ativar o sistema complemento e

fagócitos41.

1.2.3. Imunoestimulantes na piscicultura

A intensificação da produção de peixe, resultado do crescimento desta atividade no

Brasil, promoveu o aumento da casuística de enfermidades em pisciculturas comerciais, tendo

como consequência altos prejuízos econômicos. Devido ao intenso manejo que os animais são

submetidos em um sistema intensivo de produção, pode ocorrer um desequilíbrio homeostático,

afetando o sistema imune e deixando os peixes mais susceptíveis às enfermidades21,46. Com

isso, diversos fármacos vêm sendo utilizados no combate às doenças de peixe, e muitas vezes

indiscriminadamente, podendo causar diversos danos ao meio ambiente, à saúde humana e aos

próprios peixes, no caso de resistência bacteriana10,20,21,47. Sendo assim, substâncias

imunoestimulantes vêm ganhando a atenção nos centros de pesquisas em aquicultura, uma vez

que estes compostos não apresentam efeitos nocivos ao homem e nem ao meio ambiente,

tornando uma alternativa aos fármacos e produtos químicos convencionalmente

utilizados10,20,32,47,48.

A utilização dos imunoestimulantes na piscicultura tem grande importância nos

manejos que causam estresse nos animais6,10, como classificações, transferências, transporte e

vacinação. Manejos estes, nos quais, rotineiramente os piscicultores utilizam antibióticos e

produtos químicos para evitar a mortalidade de peixes e assim, o prejuízo econômico. O uso

dos imunoestimulantes também tem grande indicação nas fases de desenvolvimento em que os

peixes são mais suscetíveis ao acometimento de enfermidades, como na larvicultura e

alevinagem32,48.

Page 28: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

10

Os imunoestimulantes podem ser substâncias sintéticas, químicas ou biológicas,

capazes de aumentar e melhorar a resistência do animal, induzindo a ativação ou aumento de

qualquer componente do sistema imune, atuando nos mecanismos de defesa não-específicos

diante de um desafio virial, fungico, bacteriano e parasitário20,48,49, proporcionando uma defesa

precoce contra as doenças50. Sendo assim, é possível realizar o tratamento preventivo com os

imunoestimulantes32,50,51.

Segundo Vaseeharan e Thaya48, os imunoestimulantes podem ter grande

importância na prevenção de doenças quando associados às vacinas, que possuem ação restrita

a um patógeno específico, pois esses possuem a capacidade de incrementar as defesas não

específicas, e assim, aumentar a resistência a diversas enfermidades, e consequentemente, a

eficácia da vacina.

A administração destes produtos aos animais não pode ser de forma contínua,

expondo-os ao composto por um longo período, e sim de forma periódica, em curtos períodos.

A administração por longos períodos pode tornar o animal tolerante ao composto, deixando-o

dessensibilizado, podendo até induzir imunossupressão9,53. Contudo, quando utilizado de forma

periódica, os imunoestimulantes induzem o aumento na resposta imunológica e após a

metabolização do composto no organismo do animal, o sistema imune retorna às condições de

normalidade49.

Há diferentes formas de administrar os imunoestimulantes na piscicultura, sendo

elas por via oral (adicionados a ração), injeção ou imersão (banhos terapêuticos)9,10,12,32, com

efeitos imunológicos diferentes, dependendo da via de administração9. O método considerado

mais eficaz por alguns autores é o de injeção intraperitonial, devido à rápida absorção e efeito

do imunoestimulante, porém é um manejo que requer mão de obra especializada, é estressante

aos animais e não é prático em peixes pequenos10,50. Contudo, o método via oral, pela

incorporação da substância ao alimento, é o mais aplicado, por ser mais prático9,32,54, menos

estressante e permitir que um número maior de peixes seja tratado com um manejo menos

oneroso e menos laborioso9,53. O método por imersão é eficaz10, porém, pode apresentar

dificuldades ao realizar banhos terapêuticos, devido ao grande volume de água, elevada dose

necessária e manejo no tratamento9.

Os efeitos dos imunoestimulantes nos peixes dependem de vários fatores, como o

tempo de exposição, dose, método de administração, condição fisiológica e espécie do animal.

Sendo assim, para a utilização eficaz destes produtos, todos estes fatores citados devem ser

levados em consideração9,10.

Page 29: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

11

No Quadro 1.1 podemos observar uma comparação entre quimioterápicos, vacinas

e imunoestimulantes, em que temos a situação em que cada componente deve ser utilizado; a

eficácia de cada composto, segundo a qual os imunoestimulantes podem variar de excelente a

boa, dependendo da substância utilizada; o espectro da atividade, podendo ser classificados

como compostos de limitado a largo espectro; e a duração de ação no animal, podendo ser de

curta ou longa duração.

QUADRO 1.1. Comparação entre quimioterápicos, vacina e imunoestimulantes. Quimioterápicos Vacina Imunoestimulantes

Situação de uso Terapêutico Profilático Terapêutico/Profilático

Eficácia Excelente Excelente Excelente/Boa

Espectro Médio Limitado Largo

Duração Curta Longa Curta

Fonte: Adaptado de Sakai50

Os imunoestimulantes podem ser divididos em diferentes categorias dependendo

da composição, como compostos químicos sintéticos (levamisole), substâncias biológicas

(derivados de bactérias, polissacarídeos, extrato de plantas ou animais), fatores nutricionais

(vitaminas), hormônios (GH) e citocinas (polipeptídeos e glicopeptídeos)20,50. Cada

imunoestimulante tem um modo de ação, agindo de maneira restrita a uma célula alvo, podendo

aumentar a concentração ou atividade da mesma.

Os compostos vegetais, óleos essenciais e extratos de plantas bioativos, são

substâncias naturais e inócuas, e têm grande potencial de utilização na piscicultura, pois

possuem ação imunoestimuladora nos peixes6,9,10,12,32. Possuem comprovadas funções

antimicrobiana e antiparasitária, melhorando a saúde do animal, deixando-o preparado para

enfrentar as adversidades do meio em que vive10,32,47. Plantas com propriedades terapêuticas

são, atualmente, fontes importantes de compostos biológicos ativos para o tratamento de

doenças em peixes32, ainda mais por ter grande disponibilidade, baixo custo, potencial de ação

de largo espectro, serem biodegradáveis9, e portanto, não causam nenhum dano à saúde humana

e ao meio ambiente 6,9,32.

Diversos vegetais possuem comprovadas ações imunoestimulantes na piscicultura,

como alho (Allium sativum L.), gengibre (Zingiber officinale L.), nim (Azadirachta indica A.

Juss), hortelã-pimenta (Mentha piperita L.), babosa (Aloe barbadensis L.), linhaça (Linum

Page 30: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

12

usitatissimim L.), entre outros. Podem ser utilizadas diferentes partes das plantas para extrair os

compostos benéficos, como as folhas, caules, raiz, bulbos, sementes, entre outros.

a) Alho (Allium sativum L.)

Os efeitos medicinais do alho, são conhecidos há muito tempo9,15,27, por esta ser

uma das plantas mais antigas já registrada15,27. Pesquisas sugerem que o alho se originou na

Ásia Central, e não se sabe ao certo a origem do nome. O alho pertence à família Liliaceae,

assim como a cebola e cebolinha27 e diversas outras espécies com potencial aromático.

Apesar de vários relatos sobre a utilização medicinal do alho ao longo da história,

as pesquisas para estudar as reais ações deste vegetal sobre um organismo começaram em

meados de 1844, por um cientista alemão27. A partir desse estudo inicial, vários outros

começaram a surgir, e comprovaram diversas ações em humanos, como antiparasitárias,

antibacteriana, antifúngica9,15,18,27, hepatoprotetor, inseticida 9, entre outros.

Na aquicultura, os estudos se iniciaram com a popularização de ervas chinesas na

produção de organismos aquáticos 9,52. Estudos concluíram que o alho possui diversas ações

benéficas aos animais aquáticos, como promotor de crescimento8,9,52, estimulador de apetite9,52,

antimicrobiano15,18,53, antioxidante e imunoestimulante18,52. O vegetal exerce ainda efeito nos

parâmetros hematológicos12 e tem a capacidade de aumentar o bem-estar dos peixes6. Segundo

resultados de estudos, o alho incluso na dieta de peixes é capaz de melhorar a qualidade da

carne (diminuindo o teor lipídico e de colesterol, e aumentando o teor de proteína) 9, 52,55, e

aumentar o tempo de prateleira do produto fresco55. O alho adicionado à ração para peixes não

interfere em sua palatabilidade33.

Os produtos à base de alho podem ser classificados em quatro grupos: óleo essencial

de alho, óleo de alho macerado, alho em pó e extrato de alho15. A parte do vegetal utilizada para

produção dos produtos é o bulbo5,11,55,56, onde há grande concentração de alicina, que é o

principal composto organossulfurado, considerado um componente imunologicamente ativo52.

Este composto tem capacidade de eliminar uma gama de agentes patogênicos como fungos e

bactérias9, representando em até 70 % dos organossulfurados presentes no vegetal55. O teor de

alicina e de outros compostos pode variar dependendo de diferentes fatores52,57, como o

genótipo e fatores ambientais, dependendo do nível de enxofre no solo, disponibilidade de água,

luminosidade e temperatura57, durante o período de cultivo.

Page 31: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

13

b) Efeitos do alho para a saúde e desempenho zootécnico em peixes

Diversos parâmetros podem ser mensurados para confirmar a eficácia do efeito

imunoestimulante de um composto. Parâmetros hemato-imunológicos podem ser considerados

importantes indicadores de saúde em peixes49. A hematologia é de grande importância na

avaliação das condições de defesa do organismo animal, que consequentemente espelha as

condições de saúde do peixe58. Esta ferramenta auxilia na identificação de fatores estressantes

aos animais, podendo ser fatores ambientais ou parasitológicos59.

A determinação do hematócrito, contagem de eritrócitos e leucócitos totais27, é uma

ferramenta para a determinação da melhora ou não da saúde do animal diante a utilização de

um composto imunoestimulante. O hematócrito representa o volume de sangue, em

porcentagem, que corresponde aos glóbulos vermelhos, e o aumento deste, pode estar

relacionado a situações de estresse49.

Os eritrócitos possuem a importante função de transportar O2 e parte de CO2 do

sangue; sendo assim, qualquer redução dos níveis eritrócitos, será traduzida como deficiência

de O2 nos tecidos49. O aumento do número dessa célula na circulação, além de outros fatores,

pode indicar que os peixes passaram por algum procedimento imunoestimulante, pois mantém

níveis de oxigênio mais estáveis nos tecidos, o que é favorável em caso de condições

desafiadoras.

A contagem de leucócitos, atividade fagocítica, índice fagocitário, atividade

bactericida, atividade de lisozima e antiprotease, e explosão respiratória são parâmetros que

podem ser avaliados para determinar a eficácia de um composto imunoestimulante45,47. Nya e

Austin45 consideraram que os aumentos na proteína sérica total, de albumina e globulina, podem

ser indicadores auxiliares na melhora a imunidade inata.

O alho promove uma melhoria nas atividades imunológicas e exerce também efeito

nos parâmetros hematológicos de peixes45. Diversos autores relataram a melhoria nos

parâmetros hemato-imunológicos em peixes submetidos à administração de alho, comprovando

a sua função imunoestimulante. O estímulo destas funções imunológicas é importante na

proteção contra enfermidades52.

Proporções de monócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e trombócitos se

encontravam elevadas em peixes com dietas suplementadas com alho5,9,11,45,55, assim como

eritrócitos 9,45,55,60, hemoglobina9 e hematócrito9,45. Vários autores relataram um maior índice

de atividade fagocitária em peixes suplementados com alho, comparados ao grupo

controle5,11,45,52,60. Ocorre também uma maior produção de espécies reativas de oxigênio

Page 32: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

14

(EROs), em específico do aniôn superóxido11,60 nos tratamentos com alho, assim como um

aumento significativo na atividade respiratória5,11,52,60. Além disso os peixes alimentados com

dietas contendo alho, apresentaram atividade da lisozima significativamente elevada5,11,45,60,

assim como a atividade anti-protease11,45, e comprovada atividade bactericida11,45,52.

A atividade antibacteriana do alho é comprovada em diversos estudos, sendo ele

um dos mais eficazes imunoestimulante naturais9. Guo et al.61 relatam menor mortalidade de

peixes desafiados com Streptococcus iniae, quando alimentados com dietas suplementadas com

1,3% de alho na ração. O alho mostrou-se eficaz também contra Aeromonas hydrophila,

responsável por uma das mais importantes bacterioses na piscicultura7, sendo que diferentes

concentrações mostraram-se eficazes para diversas espécies de peixes. Em truta arco-íris, as

concentrações de 0,5 e 1,0% de alho na alimentação foram eficientes na diminuição da

mortalidade de peixes desafiados com esta bactéria (4% de mortalidade), comparando com o

grupo controle (88% de mortalidade)45. Em outro estudo, carpas indianas (Labeo rohita)

desafiadas com A. hydrophila tiveram alto índice de sobrevivência, quando alimentados com

dietas contendo 0,1 e 0,5% de alho60. Em tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), a adição de

10 e 20 gramas de alho na dieta mostrou diferença significativa na sobrevivência de peixes

desafiados com A. hydrophila, quando comparados com o controle (sem suplementação),

porém não houve diferença significativa entre os dois tratamentos55. Alsaid et al.56 concluiram

que o alho também possui ação antibacteriana contra Streptococcus agalactiae, uma outra

importante bacteriose que acomete peixes no Brasil7, sendo a única que possui vacina registrada

para uso na aquicultura no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com

isso, a associação do efeito antibacteriano do alho, com a vacinação contra S. agalactiae pode

ser uma estratégia no combate a este agente que causa grandes prejuízos econômicos48.

As doenças parasitárias em peixes são de grande importância na piscicultura,

devido à diversidade de espécies de parasitas que podem acometer os peixes, causando grandes

prejuízos econômicos7. Militz33 concluiu que a adição de alho em pó na dieta de peixes tem

grande efeito antiparasitário contra monogenoides, podendo reduzir em até 70% da infestação

quando comparado a peixes que não se alimentam de dietas suplementadas com alho. O alho

reduz a infestação de Ichthyophtirius multifilus, um dos parasitas responsáveis pelos maiores

prejuízos econômicos em nível mundial7, quando os peixes parasitados são imersos em banho

terapêutico de 0,1 grama de extrato de alho por litro de água62. Outro parasita de grande

importância na piscicultura que pode ser prevenido mediante a utilização do alho é a Trichodina

sp., utilizando oito gramas de alho em pó por quilo de ração ofertada à tilápia do Nilo63; ou por

Page 33: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

15

meio de banho terapêutico com 800 mg de extrato de alho por litro de água durante dois dias,

para a mesma espécie de peixe64.

Apesar das inúmeras vantagens e resultados positivos da utilização do Allium

sativum na piscicultura, há também resultados negativos. Abdel-hadi65, ao testar o uso do alho

no combate à saprolegniose em ovos de carpa comum (Cyprinus carpio), concluiu que a dose

de 4 gramas de alho por litro de água pode inviabilizar todos os ovos. Diab et al67 relataram que

o uso do extrato de bulbos de alho durante longos períodos (dois meses ou mais), mostrou efeito

contraditório em relação ao crescimento e resposta imunológica.

Diversos estudos comprovaram a ação de promotor de crescimento do alho em

peixes8,11,18,45,66, contudo há estudos que concluíram que o alho não faz efeito no crescimento

dos peixes5. Shalaby8 concluiu que a concentração de 30 gramas de alho por quilo de ração,

promove, com sucesso, o crescimento de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), ao comparar

com outras doses de alho em pó na dieta (0g, 10g, e 40g) e doses de clorfenicol (15g, 30g e 45

g). Outros autores relataram o sucesso na avaliação do desempenho de crescimento de peixes

com a utilização deste vegetal, como o melhor desempenho da Perca Gigante (Lates niloticus)

com a utilização de 20 gramas de alho por quilo de ração11; 1,3% de alho na ração para a

avaliação em Orange Spotted (Amblyeleotris Guttata)18; 0,5 % de alho na dieta ao avaliar

esturjão66; e no desempenho da truta arco-íris, onde a concentração de melhor resultado foi de

1% de inclusão de alho na dieta46.

A dose ideal e o tempo de exposição dos peixes ao alho ainda não estão bem

definidas para o uso na piscicultura47. Por isso, pesquisas sobre a utilização do alho na

piscicultura são de grande valia, por ser um produto amplamente disponível no mercado, de

baixo custo, e com comprovada ação sobre vários agentes infecciosos que acometem os peixes,

e por ação imunoestimulante.

1.2.4. Tilápia do Nilo

A tilápia do Nilo, espécie oriunda de diversos países da África, é a espécie mais

produzida no Brasil e no Mundo. Ela se destaca na produção comercial devido a diversos fatores

como ótimo desempenho zootécnico, alta capacidade de reprodução e rusticidade, graças aos

programas de melhoramento genético aplicados à esta espécie4.

Esta espécie é produzida mundialmente por se adaptar a diferentes condições de

cultivo, sendo muito tolerante em situações de má qualidade de água, como baixos níveis de

Page 34: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

16

oxigênio dissolvido, valores de pH ácidos ou alcalinos e altas concentrações de amônia tóxica,

diferentemente de outras espécies cultivadas46.

Há a possibilidade de produzir a tilápia do Nilo em todos os tipos de sistemas de

produção, desde o semi-intensivo até os sistemas intensivos de produção de peixes, como

raceway e tanques-rede4.

1.3. Objetivo Geral

Avaliar a ação do alho em pó na dieta de alevinos de tilápia nos parâmetros de

desempenho produtivo, efeito imunoestimulante e antiparasitário, assim como a composição

química do vegetal.

REFERÊNCIAS

1. Brasil, Boletim estatístico da pesca e aquicultura 2010. Ministério da Pesca e

Aquicultura, 2012.

2. Brasil, Produção da pecuária municipal 2014. Vol. 42, IBGE, 2014.

3. FAO, The state or word fisheries and aquaculture. Roma, 2016.

4. Kubitza F. Tilápia – Tecnologia e planejamento da produção, Jundiaí, Acqua &

Imagem; 2011. 316p.

5. Ndong D, Fall J. The effect of garlic (Allium sativum) on growth and immune responses

of hybrid tilapia (Oreochromis niloticus x Oreochromis aureus). Journal of Clinical

Immnunology and Immunopathology Research. 2011; 3(1); 1-9.

6. Fazlolahzadeh F, Keramati K, Nazifi S, Shirian S, Seifi S. Effect of Garlic (Allium

sativum) on Hematological Parameters and Plasma Activities of ALT and AST of

Rainbow trout in Temperature Stress. Australian Journal of Basic and Applied Sciences.

2011; 5(9); 84-90.

7. Pavanelli GC, Eiras JC, Takemoto RM. Doenças de Peixes: profilaxia, diagnóstico e

tratamento. 3ª Ed. Maringá; Editora da Universidade Estadual de Maringá; 2008. 311p

8. Shalaby AM, Khattab YA, Abdel Rahman AM. Effects of garlic (allium sativum) and

chloramphenicol on growth performance, physiological parameters and survival of nile

Tilapia (oreochromis niloticus). J. Venom. Anim. Toxins incl. Trop. Dis. 2006; 12 (2);

172-201.

9. Shakya SR, Labh SN. Medicinal uses of garlic (Allium sativum) improves fish health

and acts as an immunostimulant in aquaculture. European Journal of Biotechnology and

Bioscience 2014; 2 (4): 44-47.

10. Harikrishnan R, Balasundaram C, Heo M. Impact of plant products on innate and

adaptive immune system of cultured finfish and shellfish. Aquaculture. 2011; 317; 1–

15.

11. Fabregat TEHP. Utilização do prebiótico flavofeed® como suplemento dietário para

juvenis de tilápia do nilo (Oreochromis niloticus). [Tese]. Jaboticabal: Universidade

Estadual de São Paulo, Centro de Aquicultura da UNESP; 2006.

Page 35: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

17

12. Talpur AD, Ikhwanuddin M. Dietary effects of garlic (Allium sativum) on haemato-

immunological parameters, survival, growth, and disease resistance against Vibrio

harveyi infection in Asian sea bass, Lates calcarifer (Bloch). Aquaculture. 2012; 364-

365; 6-12.

13. Hai NV. The use of medicinal plants as immunostimulants in aquiculture: A review.

Aquaculture. 2015

14. Citarasu T. Herbal biomedicines: a new opportunity for aquaculture Industry. Aquacult

Int. 2010; 18; 403-414.

15. Jegede T. Effect of Garlic (Allium sativum) on Growth, Nutrient Utilization, Resistance

and Survival of Tilapia zillii (Gervais 1852) Fingerlings. Journal of Agricultural

Science. 2012; 4; 2.

16. Raa J. The use of immunostimulatory substances in fish and shellfish farming. Rev.

Fish. Sci., 1996, 4, 229-88.

17. Maeda H, Silva PC, Oliveira RPC, Aguiar MS, Pádua DMC, Machado MP, Rodrigues

V, Silva RH. Densidade de estocagem na alevinagem de tilápia do Nilo em tanque-rede.

Ciência Animal Brasileira. 2010; 11; 3; 471-476.

18. Corzo-Martínez M, Corzo N, Villamiel M. Biological properties of onions and garlic.

Trends in Food Science & Technology . 2007; 18; 609-625

19. Mouriño JlP, Jatobá A, Silva BC, Vieira FN, Martins ML. Probióticos na aquicultura.

In: Silva-Souza AT, Lizama MAP, Takemoto RM, responsabilidade intelectual.

Patologia e sanidade de organismos aquáticos. Maringá: Editora Massoni; 2012. 381.

20. Biller-Takahashi JD. Imunoestimulantes e imunidade de organismos aquáticos. In:

Maldi RR, Campos CM, Lizama MAP, Takemoto RM, responsabilidade intelectual.

Patologia e sanidade de ambientes aquáticos. Maringá: Editora Massoni; 2014. 295.

21. Kubitza F, Kubitza LMM. Principais parasitoses e doenças dos peixes cultivados. 5ª Ed.

Jundiaí, SP; Editora Kubitza, 2013.

22. Silva, VCM. Controle de ectoparasitos em alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus). Dissertação, UNESP, 2016

23. Zanolo, R.; Yamamura, M. H. Parasitas de Tilápias do Nilo criadas em sistemas de

tanques- rede. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, 2006. 27; 2; 281–288.

24. Tavares-dias, M., Marchiori, N.C., Martins, M.L., Paratrichodina africana (Ciliophora:

Trichodinidae) of wild and cultured Nile tilapia in the Northern Brazil. Rev. Bras.

Parasitol. Vet., Jaboticabal. 2013; 22; 2; 248-252.

25. Pavanelli, G.C., Takemoto, R.M., Eiras, J.C. Parasitologia: Peixes de água doce do

Brasil, Maringá-PR, Ed. UEM, 2013.

26. Marchiori, N., Martins, M.L. Contribuições à taxonimia de Trichodina com revisão da

distribuição de gênero. In: Silva-Souza AT, Lizama MAP, Takemoto RM

responsabilidade intelectual. Patologia e sanidade de organismos aquáticos. Maringá:

Editora Massoni; 2012. 105

27. Harris JC, Cottrell Sl, Plummer S, Lloyd D. Antimicrobial properties of Allium sativum

(garlic). Appl microbial biotechnol. 2011; 57:282-286.

Page 36: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

18

28. Pereira FO. Ectoparasitofauna do híbrido tambacu (Colossoma macropomum x

Piaractus mesopotamicus) oriundos de pisciculturas da microrregião de Goiânia – GO.

[Dissertação]. Goiania; Universidade Federal de Goiás; 2011.

29. Eiras JC, Takemoto RM, Pavanelli GC. Método de estudo e técnicas laboratoriais em

parasitologia de peixes, 2ª Ed. Maringá; Editora da Universidade Estadual de Maringá,

2006.

30. Cruz C. Aspectos toxicológicos de paration metílico e de extrato aquoso de folhas secas

de nim (Azadirachta indica) para o pacu (Piaractus mesopotamicus) e eficácia no

controle de monogenea Dactylogyridae. [Tese]. Jaboticabal; 2005.

31. Garcia F, Fujimoto RY, Martins ML, Moraes FR. Parasitismo de Xiphophorus spp. por

Urocleidoides sp. e sua relação com parâmetros hídricos. B. Inst. Pesca, São Paulo.

2003; 29(2): 123 – 131.

32. Chagas EC, Majolo C, Boijink CL, Chaves FCM, Hashimoto GSO, Figueredo AB,

Martins ML. Uso de óleos essenciais e extratos no tratamento de enfermidades de

peixes. In: Maldi RR, Campos CM, Lizama MAP, Takemoto RM, responsabilidade

intelectual. Patologia e sanidade de ambientes aquáticos. Maringá: Editora Massoni;

2014. 269

33. Militz TA, Southgate PC, Carton AG, Hutson KS. Dietary supplementation of garlic

(Allium sativum) to prevent monogenean infection in aquaculture. Aquaculture. 2013.

408–409:95–99.

34. Subramanian S, MacKinnon SL, Ross NW. A comparative study on innate immune

parameters in the epidermal mucus of various fish species. Comparative Biochemistry

an Physiology. 2007; 148:256-263.

35. Urbinati EC, Carneiro PCF. Práticas de Manejo e Estresse dos Peixes em Piscicultura

Intensiva. In Cyrino JEP, Urbinati EC, Castagnolli N. Tópicos Especiais em Piscicultura

Tropical. São Paulo. Editora TecArt. 2004 p. 171-193.

36. Romano, L.A. El Sistema immune inespecífico de los peces. In: Silva-Souza AT,

Lizama MAP, Takemoto RM responsabilidade intelectual. Patologia e sanidade de

organismos aquáticos. Maringá: Editora Massoni; 2012. 243

37. Ellis AE. Innate host defense mechanisms of fish against viruses and bactéria.

Developmental and Comparative Immunology. 2001; 25:827-839.

38. Press CM, Evensen O. The morphology of the immune system in teleost fishes. Fish &

Shellfish Immunology. 1999; 9:309-318.

39. Bowden TJ, Cook P, Rombout JHWM. Development and function of the thymus in

teleosts. Fish & Shekkfish Immunology. 2015; 19:413-427.

40. Tizard, I.R. Imunologia veterinária. 9ª ed. Rio de Janeiro. Editora Elsevier. 2014. 483.

41. Magnadóttir B. Innate immunity of fish. Fish & Shekkfish Immunology. 2006; 20:137-

151.

42. Saita MV. Parâmetris produtivos, fisiológicos e imunológicos de juvenis de pacu

(Piaractus mesopotamicus) submetidos à restrição alimentar e estresse de manejo.

[Dissertação]. Jaboticabal: UNESP; 2010.

43. Fast MD, Sims DE, Burks JF, Mustafa A, Ross NW. Skin morphology and humoral

non-specific defense parameters of mucus and plasma in rainbow trout, coho and

Page 37: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

19

Atlantic salmon. Comparative Biochemistry and Physiology. 2002; 132(Part A):645-

657.

44. Affonso SF. Efeito tóxicos sobre a imunidade inata do peixe Centropomus parallelus

(Poey,1860) causado por um hidrocarboneto policíclico aromático (naftaleno):

avaliação por citometria de fluxo. [Tese]. São Paulo:USP; 2006.

45. Nya EJ, Austin B. Use of garlic, Allium sativum, to control Aeromonas hydriphila

infection in rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum). Journal of fish disiases.

2009; 32:963-970.

46. Graeff Á., E. N. Pruner. Variáveis que podem interferir na sobrevivência e

desenvolvimento da Tilapia nilotica (Oreochromis niloticus) na região fria do Estado

de Santa Catarina. CIVA, 2006; 70-79.

47. Syahidah A, Saad CR, Daud HM, Abdelhadi YM. Status and potential of herbal

applications in aquaculture: A review. Iranian Journal of Fishies Sciences. 2015;

14(1):27-44.

48. Vaseeharan B, Thaya R. Medicinal plant derivatives as immunostimulantes: an

alternative to chemotherapeutics and antibiotics in aquaculture. Aquacult Int. 2013

49. Sado RY. Imunoestimulates dietéticos e respostoas biológicas, bioquímicas e

hematológicas de juvenis de Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887). [Tese].

Piracicaba: Universidade de São Pailo; 2006.

50. Sakai M. Current research status of fish immunostimulants. Aquaculture. 1999; 172:63-

92.

51. Araújo GS. Efeito imunoestimulante dos polissacarídeos sulfatados da alga marinha

vermelha Gracialaria caudata na reversão sexual de tilápia do Nilo, Oreochromis

niloticus (Linnaeus, 1766) em condições adversas. [Dissertação]. Fortaleza:UFC; 2006.

52. Lee JY, Gao y. Review of the application of garlic, Allium sativum, in Aquaculture.

Journal of the world aquaculture society. 2012; 43 (4):447-458

53. Selvaraj V, Sampath K, Sekar V. Administration of yeast glucan enhancer survival and

some non-specific and specific immune parameters in carp (Cyprinus carpio) infected

with Aeromonas hydrophila. Fish & shellfish immunology. 2015; 19:293-306.

54. Chakraborty SB, Hancz C. Application of phytochemicals as immunostimulant

antipathogenic and antistress agents in fish culture. Reviews in Aquaculture. 2011;

3:103-119.

55. Aly SM, Atti NMA, Mohamed MF. Effect of garlic on the survival, growth, resistance

and quality of oreochromis niloticus. Cairo, Egito: 2008. 277-194

56. Alsaid M, Daud h, Bejo SK, Abuseliana A. Antimicrobial activities of some culinary

spice extravts against Streptococcus agalactiae and its ptophylactic uses to prevent

Streptococcal infection in red hybrid Tilapia (Oreochromis sp.). World journal of fish

and marine sciences. 2010; 2(6):532-538.

57. Huchette, O., R. Kahane, and C. Bellamy. Influence of environ and genetic factors on

the allicin content of garlic bulbs. Acta Horticulture 2005; 688:93-99.

58. Razani-Paiva, M.J.T., Pádua, S.B., Tavares-Dias, M., Egami, M.I. Métodos para análise

hematológica em peixes. Maringá. Ed. UEM. 2013.

Page 38: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

20

59. Tavares-Dias, M., Ishikawa, M.M., Martins, M.L., Satake, F., Hisano, H., Pádua, S.B.,

Jerônimo, G.T., Sant’ana, A.R. Hematologia: Ferramenta para o monitoramento do

estado de saúde de peixes em cultivo. In.: Saran-Neto, Mariano, W.S., Pozzobon-soria.

Tópicos Especiais em Saúde e Criação Animal. São Carlos, 2009. 43-80.

60. Sahu, S., B. K. Das, B. K. Mishra, J. Pradhan, and N. Sarangi. Effect of Allium sativum

on the immunity and survival of Labeo rohita infected with Aeromonas hydrophila. J.

Appl. Ichthyol. 2007:23:80- 86.

61. Guo JJ, Kuo CM, Chuang, JW, Hong RL, Chou TIC. The effects of garlic-supplemented

diets on antibacterial activity against Streptococcus iniae and on growth in orange-

spotted grouper, Epinephelus coioides. Aquaculture. 2012; 33-38; 364-365.

62. Kanani HG, Sahandi J, Taheri A. Influence of Garlic (Allium sativum) anf mother worth

(Matricaria chamomulli) extract on Icthyophtirius multificuls parasite treatment in sail

fin molly (Poecília latipinna) ornamental fish. APCBEE Procedia. 2012; 4:6-11.

63. Ahmed IE, Deen NE, Mohamed A. Application of some medicinal plants to eliminate

Trichodina sp. In tilapia (oreochromis niloticus). Report and Opinion. 2009.

64. Chitmanat C, Tongdonmuan K, Nunsong W. The use of crude extracts from traditional

medicinal plants to eliminate Trichodina sp. in tilapia (Oreochromis niloticus)

fingerlings. Songklanakarin J. Sci. Technol. 2005; 27(1):359-364.

65. Abdel-hadi , 2008 Study on the use of Artemisia cina L. (wormseed plants) and Allium

sativum (garlic) in the control of Saprolegniosis in egg of Cyprinus carpio (common

carp) and Hypophthalmichthys molitrix (silver carp).The 30th Malaysian Symposium

on Microbiology (MSM). Hyatt Regency Resort, Kuantan, Malaysia, August 16-19,

2008. Abdel-Hadi, Y.M., Saleh, O.A. and Akar, A.M., 2008.

66. Lee Dh, Ra CS, Song YH, Sung KI, Kim JD. Effects of dietary garlic extract on growth,

feed utilization and whole body composition of juvenile starlet sturgeon (Acipenser

ruthenus). Asian-Aust J. anim. Sci. 2012; 25(4):577-583.

67. Diab, 2002 Diab, A. S., G. O. El-Nagar, and Y. M. Abd-El-Hady. Evaluation of Nigella

sativa L (black seeds; baraka), Allium sativum (garlic) and BIOGEN as feed additives

on growth performance and immunostimulants of O. niloticus fingerlings. Suez Canal

Vet. Med. J 2002 (2002): 745-775.

Page 39: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

21

CAPÍTULO 2 - ANÁLISE FARMACOGNÓSTICA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA

DO BULBO DO ALHO EM PÓ

RESUMO

Plantas com atividades terapêuticas são utilizadas como importante ferramenta na prevenção

de doenças desde a antiguidade. Compostos do metabolismo secundário da planta e presentes

no óleo essencial, são moléculas bioativas, que podem promover efeitos terapêuticos, podendo

ser utilizado na medicina humana ou animal. O alho (Allium sativum) tem sido alvo de diversos

estudos devido às suas comprovadas ações benéficas a um organismo, como antioxidante,

imunoestimulante, antimicrobiano, entre outras. O processo de prospecção fitoquímica da

amostra de bulbo dealho em pó, detectou quatro grupos de importantes metabólitos secundários

presentes, sendo eles flavonóides, saponinas, resina, cumarinas. Na avaliação da composição

química do óleo essencial, a presença de compostos organosulfurados foi de maior relevância,

principalmente da alicina, que é a principal molécula bioativa presente no alho.

Palavras-chave: Allium sativum, óleo essencial, metabólitos secundários, fitoterapia

ABSTRACT

Plants with therapeutic activities are used as an important tool in disease prevention since

antiquity. Compounds of the secondary metabolism of the plant and present in the essential oil,

are bioactive molecules, which can promote therapeutic effects, being able to be used in human

or animal medicine. Garlic (Allium sativum) has been the target of several studies due to its

proven actions beneficial to an organism, such as antioxidant, immunostimulant, antimicrobial,

among others. The process of phytochemical prospection of the garlic bulb sample, detected

four groups of important secondary metabolites present, being flavonoids, saponins, resin,

coumarins. In the evaluation of the chemical composition of the essential oil, the presence of

organosulfur compounds was of greater relevance, mainly of allicin, which is the main bioactive

molecule present in garlic.

Keywords: Allium sativum, essential oil, secondary metabolites, phytotherapy

Page 40: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

22

INTRODUÇÃO

O alho (Allium sativum), dentro da classificação mais utilizada, pertence à família

Lillaceae1,2,3. Esta é uma planta monocotiledônea, de clima temperado com ampla distribuição

geográfica, sendo a segunda hortaliça mais cultivada no mundo4.

Este vegetal destaca-se pelo seu uso na dieta humana5 e por suas propriedades

medicinais, sendo uma das plantas mais estudadas6,7,8,9,10. Sabe-se que o alho é rico em

vitaminas (A, B1, B2, B6 e C), minerais, carboidratos, fibras, lipídeos e proteínas11, sendo

assim, um alimento importante para o metabolismo celular7,12. As ações benéficas deste vegetal

foram utilizadas por gerações de maneira empírica, antes mesmo do interesse da comunidade

científica em avaliar seus efeitos no organismo1,8. A fitoterapia realizada com alho, prevê ações

diurética, laxante, contra doenças gastrintestinais, respiratórias e circulatória2.

Vários são os produtos originados do alho, dentre eles o óleo essencial de alho, óleo

de alho macerado, alho em pó e extrato de alho9. O bulbo é a parte do vegetal utilizada para

fabricação desses produtos13,14, nos quais há presença de diversos compostos benéficos ao

organismo vegetal e animal, como os metabólitos secundários e grande concentração de alicina

que é o principal composto organossulfurado presente no alho. A alicina é responsável pelo

cheiro e sabor típicos do alho8, assim como, pela maioria das propriedades farmacológicas da

planta2,8,15,16. Esse composto bioativo possui ações imunoestimulante8,15, antioxidante8,16,17,18,

antifúngica, e antibacteriana6,8,16,19. Além de efeitos hipolipidêmico, anticancerígeno8,

hipoglicêmico, anti-hipertensivo8,20 e anti-inflamatório20. Efeitos repelente de insetos e alguns

animais também já foram relatados8,21.

O teor de alicina e de outros compostos no alho, como os metabólicos secundários,

podem variar dependendo de diferentes fatores15,22,23, como o genótipo, nível de enxofre no

solo, disponibilidade de água, luminosidade e temperatura22.

Diante do exposto, o estudo dos compostos presentes em uma amostra de alho é de

grande importância, principalmente quando se tem o interesse de avaliar os resultados

terapêuticos benéficos deste vegetal. Assim, este trabalho tem como objetivo identificar as

classes de metabólitos secundários, teor de umidade e a composição química do óleo extraído

do bulbo do Allium sativum em pó para a quantificação da alicina.

Page 41: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

23

MATERIAL E MÉTODOS

Amostra vegetal do alho

O bulbo do alho em pó utilizado no experimento foi em forma de pó adquirido de

uma a indústria farmacêutica. As análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em

Bioprodutos e Síntese (LPbioS) da Universidade Estadual de Goiás - Campus Anápolis. Todas

as análises foram realizadas em triplicata.

Determinação do teor de umidade

Para a determinação da umidade através de irradiação de raios infravermelhos foi

utilizado o método proposto por Amoedo & Muradian.

Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As estruturas microscópicas foram verificadas por microscopia eletrônica de

varredura (MEV) em equipamento de bancada (Hitachi modelo TM-3030 Plus). A pesquisa de

material estranho foi realizada em microscópio estereoscópio binocular (Opton TIM-2B).

Estudo farmacognóstico e prospecção fitoquímica

As análises da amostra em pó foram realizadas segundo os parâmetros

farmacopeicos25. Na identificação botânica foram realizadas as análises organolépticas,

considerando a sensibilidade sensorial para definição do odor, sabor, cor e consistência.

Para a prospecção fitoquímica, afim de identificar flavonóides, saponinas, resina,

cumarinas, antraquinonas, esteróides e terpenos, foram utilizados aproximadamente 35g do pó

da planta e reagentes específicos.

Extração e avaliação da composição química do óleo

A extração do óleo essencial do bulbo do alho em pó foi realizada em Clevenger,

segundo os protocolos propostos por Adams, R. P., 200726. Para avaliação da composição

química do óleo essencial foi utilizado um cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de

massas (CG/EM) da marca Shimadzu modelo QP5050, equipado com coluna capilar CBP-5;

30 cm x 0,25 mm x 0,25 µm, fluxo de Helio a 1,0 mL.min-1 de hélio e a programação da

temperatura inicial foi realizada a 60 ºC (2 minutos); com primeira rampa de aquecimento a 3

ºC/minutos até 240 ºC, em seguida o aquecimento foi de 10 ºC/minutos até 280 ºC mantendo

essa temperatura por 10 minutos. O volume de injeção foi 1,0µL de óleo do bulbo do alho.

Page 42: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

24

Os compostos foram identificados por base de dados computadorizados, usando a

espectroteca digital NIST11/2011/EPA/NIH. Os índices de retenção foram calculados através

da coinjeção de uma mistura de hidrocarbonetos C8-C32 da marca Sigma-Aldrich, e utilização

da equação de Van Den Dool & Kratz27.

A composição química do óleo essencial foi apresentada em forma de tabela, com

a porcentagem relativa das substâncias obtida por normalização de área de acordo com Santos,

et al.28.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise organolética do bulbo do alho em pó, a amostra apresentou sabor acre,

cor branco-amarelada e forte odor, caracterizado pela presença de compostos

organossulfurados, sendo a alicina o mais notável destes compostos. A caracterização sensorial

reforça a identidade da amostra, dada pela coloração branca amarelada e forte odor pungente

provocado pela alicina29.

Na pesquisa de material estranho o teor encontrado foi de 1,02%. Os resultados

encontram-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira25 para a droga

em pó, que é de no máximo 2%, visto que esta foi adquirida de segmento industrial

farmacêutico.

Na análise de identidade e pureza da amostra de alho constituída pelo bulbo em pó,

observou-se características morfológicas correspondentes ao padrão de epiderme

característicos da espécie. A análise microscópica resultou nas fotomicrografias observadas na

Figura 2.1, evidenciando fragmentos da epiderme do alho, que se apresentam em maior

proporção.

B A

Page 43: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

25

FIGURA 2.1. Fotomicrografias da amostra do bulbo de Allium sativum em pó. (A) Grânulo

amorfo com fragmentos de epiderme (Aumento de 500 x). (B) Aspecto geral de

distribuição do pó com partículas de tamanho heterogêneo e ausência de sujidades

(Aumento de 250 x).

A determinação da umidade residual presente na amostra foi de 7,99% ± 0,34 para

a secagem com raios infravermelhos, o qual está em concordância com os valores estabelecidos

de 8 a 14%25. O valor encontrado no presente estudo propicia boa conservação da droga vegetal,

já que teores acima de 14% de umidade favorecem proliferação bacteriana que podem degradar

os compostos biologicamente ativos. Sabe-se que as matérias-primas vegetais armazenam

determinada quantidade de água mesmo após submetidas ao processo de secagem. Dessa forma,

é relevante conhecer o teor de umidade, para correta preparação e garantia da conservação das

drogas vegetais30, a fim de evitar contaminações com microorganismos e degradações por

enzimas31.

As classes de metabólitos secundários analisados na prospecção fitoquímica estão

demonstradas na Tabela 2.1.

TABELA 2.1 - Classes dos metabólitos secundários e índice de espuma analisados na amostra de

alho em pó.

Metabólito secundário Resultado

Flavonoides Positivo

Saponinas Positivo

Resina Positivo

Cumarinas Positivo

Antraquinonas Negativo

Esteroides e terpenos Negativo

Índice de espuma (IE) 200

Na prospecção fitoquímica realizada na amostra do alho em pó, detectou-se a

presença de flavonoides, saponinas, resina e cumarinas. Os flavonoides são compostos com

atividade antioxidante, anti-inflamatória, antitumoral, antiviral sendo, portanto, bastante

explorados pela indústria farmacêutica e alimentícia. As saponinas constituem a classe de

compostos capazes de desestabilizarem membranas de bactérias, fungos e acentuarem

processos de cicatrização32. As resinas, semelhantes às saponinas, atuam sobre fungos, no

entanto, também têm a capacidade de eliminar insetos e auxiliarem no processo de cicatrização

da planta. Sua importância ainda é debatida assim como sua finalidade terapêutica. Já algumas

cumarinas são conhecidas por possuírem efeito antipirético e inibidor carcinogênico33,34,35. As

Page 44: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

26

ações destes compostos justificam o amplo estudo das propriedades medicinais do

alho7,8,17,16,18,19,20.

Ainda sobre os compostos existente no alho, Lins et al.36 analisando o extrato de

alho, observou a presença de esteroides e terpenos36, os quais não foram encontrados na amostra

analisada neste trabalho. Esta discordância de resultados pode ser justificada pela sazonalidade,

fase de desenvolvimento da planta, temperatura, disponibilidade hídrica, nutrientes e ataque de

patógenos, que são fatores que influenciam a síntese de metabolitos secundários37. Segundo

Gobbo-Neto e Lopes37, dificilmente haverá constância na concentração de metabólitos

secundários em um vegetal.

Na extração do óleo volátil por Clevenger obteve-se um rendimento de 1,74%. A

composição química do óleo volátil analisado por CG/EM resultou no registro dos picos dos

compostos, como demostra a Figura 2.2.

FIGURA 2.2 - Cromatograma de análise por CG/EM do óleo volátil extraído do bulbo do A. sativum

em pó.

Na análise de composição química do óleo volátil foram identificados 29

compostos, cuja descrição encontra-se na Tabela 2.2.

Page 45: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

27

TABELA 2.2 - Constituintes químicos do óleo volátil do bulbo de A. sativum

Pico Tempo de Retenção (min.) Quantidade % Constituinte

1 2,531 2,40 2-metil-heptano

2 2,617 2,18 3-metil-heptano

3 2,716 0,17 1,2-dimetil-ciclohexano

4 2,924 0,19 n-octano

5 3,667 0,24 1,2-dithiolano

6 10,581 4,19 sulfona de alila

7 12,971 5,78 aliina

8 14,509 8,51 metil-dissulfeto de alila

9 15,335 0,15 4-metil-1,6-heptadien-4-ol

10 15,435 0,23 4-metiltiazol

11 16,108 0,26 3-vinil-1,2-dithiaciclohex-5-ene

12 20,035 27,82 alicina

13 20,479 0,34 isobutil isothiocianato

14 22,469 0,14 [1,3] dithian-2-ona

15 23,278 1,68 metil 2-propenil dissulfeto

16 27,236 30,24 dissulfeto de alila

17 27,760 0,37 propil ethinil sulfóxido

18 29,762 4,50 tetrassulfeto de alila

19 29,960 0,19 isothiocianato de butila

20 31,005 1,98 Metil-trissulfeto de alila

21 31,560 0,43 1,1-dioxide-1,2-ditiolano

22 32,312 0,65 5-metil-1,2,3-tiadiazol

23 33,138 0,28 sulfeto de alila

24 37,748 1,10 sulfanil de alila

25 39,137 0,53

ácido metil ester 3,3-

dimetiloxirane-2-carboxilico

26 45,988 1,28 octatiocano

27 59,895 2,07 ácido 2-etilhexil ester oxálico

28 66,453 0,59 2-octil-1-decanol

29 68,946 0,31 2-hexil-1-decanol

Na análise da composição química do óleo essencial do alho, observou-se a

existência de cinco componentes majoritários, correspondendo aos maiores picos no

cromatograma, que são dissulfeto de alila (30,24%), alicina (27,82%), metil-dissulfeto de alila

(8,51%), aliina (5,78%) e sulfona de alila (4,19%). Não existem valores padrões para os

compostos presentes no óleo extraído do alho, visto que estes podem variar de acordo com o

método de extração e solventes utilizados21. Kimbaris et al.21 extraíram óleo do alho através de

três métodos utilizando solventes diferentes e observaram variação no teor dos compostos

presentes.

Page 46: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

28

O composto de maior importância terapêutica encontrado no presente trabalho é a

alicina, o qual não existe até que o bulbo seja esmagado ou cortado. Em temperatura ambiente,

a lesão do bulbo ativa a enzima alinase32,38,39 que metaboliza a aliina em alicina39,40.

Dentre os efeitos benéficos que alicina proporciona ao organismo, destacam-se as

ações imunoestimulante, anti-inflamatória e antitumoral. A ação sobre o sistema imune é

mediada pela modulação de citocinas, dentre as quais o TNFα (Do inglês Tumor Necrosis

Factor Alpha) tem um papel de destaque41,42. Já a ação anti-inflamatória ocorre através da

inibição da migração de granulócitos neutrofílicos para o epitélio, uma vez que este é um

processo importante durante a inflamação43. A alicina também pode agir sobre o

desenvolvimento de células cancerígenas, por meio da inibição de enzimas mutagênicas

envolvidas nos mecanismos de proliferação celular8,44.

CONCLUSÃO

A amostra analisada apresentou presença de flavonoides, saponinas, resina e

cumarina, importantes classes de metabólicos secundários, com efeitos benéficos comprovados

ao organismo. O óleo essencial retirado da amostra em estudo, apresentou concentrações

significantes para os compostos organossulfurados, principalmente alicina, que é o mais

importante composto bioativo. Desse modo, a amostra de alho em pó estudada apresenta

características químicas para ser utilizada na alimentação humana e animal.

REFERÊNCIAS

1. Barcelar, PAA. Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L. [Dissertação].

Terezina: UFPI; 2014.

2. Silva, AA. Caracterização de organossulfurados em diferentes cultivares de alho (Allium

sativum L.) e cebola (Allium cepa L.) [Dissertação] Araraquara: USP; 2009.

3. Fay, MF; Chase M. W. Resurrection of Themidaceae for the Brodiaea alliance, and

recircumscription of Alliaceae, Amaryllidaceae and Agapanthoideae. Taxon, v. 45, p.441-451,

1996.

4. Puiatti, M; Ferreira, FA. Cultura do alho. In: FONTES, P. C. R. (Ed.). Olericultura: teoria e

prática. Viçosa: Ed. UFV, 2005. p. 299-322.

5. Mota, JH; Yuri, JE; Resende, GM. Evolução da produção de alho no período de 2000 a 2010.

Revista Nosso Alho. Distribuição gratuita da ANAPA, 2012; 15, 41-43.

Page 47: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

29

6. Shakya SR, Labh SN. Medicinal uses of garlic (Allium sativum) improves fish health and

acts as an immunostimulant in aquaculture. European Journal of Biotechnology and Bioscience

2014; 2 (4): 44-47.

7. Kopec, A, Pia, E, Leszczyn T, Elzbieta, S. Healthy properties of garlic. Current Nutrition and

Food Science, 2013; 9, 59–64.

8. Borlinghaus, J, Albrecht, F, Gruhlke, MCH, Nwachukwu, ID, Slusarenko, AJ. Allicin:

Chemistry and biological properties. Molecules. 2013; 19, 12591–12618.

9. Jegede T. Effect of Garlic (Allium sativum) on Growth, Nutrient Utilization, Resistance and

Survival of Tilapia zillii (Gervais 1852) Fingerlings. Journal of Agricultural Science. 2012; 4;

2.

10. Harris JC, Cottrell Sl, Plummer S, Lloyd D. Antimicrobial properties of Allium sativum

(garlic). Appl microbial biotechnol. 2011; 57:282-286.

11. Tabela brasileira de composição de alimentos. Versão II. 2ª edição, Campinas, SP. NEPA-

UNICAMP, 113p. 2006.

12. Pinheiro, DM; Porto, KRA; Menezes, MES. A química dos alimentos: carboidratos,

lipídeos, proteínas, vitaminas e minerais. Maceió: EDUFAL, 52p. 2005.

13. Aly SM, Atti NMA, Mohamed MF. Effect of garlic on the survival, growth, resistance and

quality of Oreochromis niloticus. Cairo, Egito: 2008. 277-194.

14. Alsaid M, Daud h, Bejo SK, Abuseliana A. Antimicrobial activities of some culinary spice

extravts against Streptococcus agalactiae and its ptophylactic uses to prevent Streptococcal

infection in red hybrid Tilapia (Oreochromis sp.). World journal of fish and marine sciences.

2010; 2(6):532-538.

15. Corzo-Martínez M, Corzo N, Villamiel M. Biological properties of onions and garlic.

Trends in Food Science & Technology. 2007; 18; 609-625.

16. Capasso, A. Antioxidant action and therapeutic efficacy of Allium sativum L.. Molecules.

21013; 18, 690–700

17. Banerjee, SK, Mukherjee, PK, Maulik, SK. Garlic as an antioxidant: The good, the bad and

the ugly. Phytotherapy Research. 2003; 17, 97–106.

18. Chen, S, Shen, X, Cheng, S, Li, P, Du, J, Chang, Y, Meng, H. Evaluation of garlic cultivars

for polyphenolic content and antioxidant properties. PLoS ONE. 2013.

19. Alorainy, M. S. Evaluation of antimicrobial activity of garlic (Allium sativum) against E.

coli O 157:H 7. Journal of Agriculture and Veterinary Science. 2011; 4, 149–157.

20. Kumar, R; Chhatwal, S; Arora, S; Sharma, S; Singh, J; Singh, N; Khurana, A.

Antihyperglycemic, antihyperlipidemic, anti-inflammatory and adenosine deaminase-lowering

effects of garlic in patients with type 2 diabetes mellitus with obesity. Diabetes, Metabolic

Syndrome and Obesity: Targets and Therapy. 2013; 6, 49–56.

21. Kimbaris, AC, Saitis, NG, Daferera, DJ, Tarantilis, PA, Pappas, CS, Polissiou, MG.

Comparison of distillation and ultrasound-assisted extraction methods for the isolation of

Page 48: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

30

sensitive aroma compounds from garlic (Allium sativum). Ultrasonics Sonoshemistry. 2006; 13;

54-60.

22. Huchette, O, Kahane, R, Bellamy, C. Influence of environ and genetic factors on the allicin

content of garlic bulbs. Acta Horticulture 2005; 688:93-99.

23. Kimbaris, AC, Saitis, NG, Pappas, CS, Tarantilis, PA, Daferera, DJ, Polissiou, MG.

Quantitative analysis of garlic (Allium sativum) oil unsaturated acyclic components using FT-

Raman spectroscopy. Food Chemistry. 2006; 94; 287-295.

24. Amoedo, LHG; Muradian, LBA. Comparação de metodologias para determinação de

umidade em geléia real. Química Nova. 2002; v. 25, n. 4, p. 676-679.

25. Brasilia, Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Fundação

Oswaldo Cruz. 5ª edição. 2010.

26. Adams, RP. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass

spectrometry. 4. ed. Carol Sream, IL: Allured Books. 2007; 804 p.

27. Van Den Dool, H, Kratz, PDJ. Chromatogr. A. 1963; 11 463-471.

28. Santos, AS; AlveS, SM; Figueiredo, FJC; Neto, OGR. Descrição de sistema e métodos de

extração de óleos essenciais e determinação de umidade de biomassa de laboratório.

Comunicado Técnico, v. 99, p. 1-6, 2004.

29. Santos, AS; AlveS, SM; Figueiredo, FJC; Neto, OGR. Descrição de sistema e métodos de

extração de óleos essenciais e determinação de umidade de biomassa de laboratório.

Comunicado Técnico, v. 99, p. 1-6, 2004.

30. Mendes, PAP. Estudo do teor de alicina. [Dissertação]. Instituto Politécnico de Bragança.

Bragança – SP, 2008.

31. Oliveira, F; Akisue, G; Akisue, MK. Farmacognosia – 1. ed. – São Paulo: Editora Atheneu,

2005.

32. COSTA, AC. Farmacognosia. 2 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982. 1032p.

33. Simões, CMO; Schenkel, EP; Gosmann, G; Mello, JCP; Mentz, LA; Petrovick, PR.

Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed., 2010.

34. Hardam, JG; LImbird, LE. Goodman and Gilman`s. The pharmacological basis of

therapeutics. 9 ed. New York: McGraw Hill, 1996.

35. Hoult, JRS; Payá, M. Pharmacological and biochemical actions or simple coumarins:

natural products with therapeutic potential. Gen. Pharmacol. 1996; v. 27, p. 713-22.

36. Robbers, JE; Tyler, VE; Speedie, MK. Pharmacognosy & Pharmacobiotechnology. New

York: William & Wilkim, 1996.

37. Lins, SRO; Oliveira SMA; Xavier, HS; Randau, KP. Prospecção fitoquímica de extratos de

plantas e controle da podridão peduncular em manga. Rev. Bras. Ciênc. Agrár. Recife. 2012;

v.7, n.1, p.97-103.

Page 49: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

31

38. Gobbo-Neto, L; Lopes, NO. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de

metabólitos secundários. Quim. Nova. 2007; Vol. 30, No. 2, 374-381.

39. Stoll, A., Seebeck, E.Chemical investigations of alliin, the specific principle of garlic. Adv.

Enzymol. 1951; 11, 377–400.

40. Martins, N; Petropoulos, S; Ferreira, ICFR. Chemical composition and bioactive

compounds of garlic (Allium sativum L.) as affected by pre- and post-harvest conditions: A

review. Food chemistry. 2016; 211; 41-50.

41. Hobauer, R.; Frass, M.; Gmeiner, B.; Kaye, A.D.; Frost, E.A. Garlic extract (Allium

sativum) reduces migration of neutrophils trought endothelial cell monolayers. Middle East J.

Anesthesiol. 2000, 15, 649–650.

42. Parameswaran, N.; Patial, S. Tumor necrosis factor-α signaling in macrophages. Crit. Rev.

Eukaryot. 2010, 20, 87–103

43. Omar, SH; Al-Wabel, NA. Organosulfur compounds and possible mechanism of garlic in

câncer. Saudi Pharmaceutical Journal. 2010; 18, 51–58.

44. Block, E. The chemistry of garlic and onions. Scientific American. 1985; v. 252, p. 114-

119.

Page 50: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

32

CAPITULO 3 – ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARAMETROS

HEMATO-IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE

TILÁPIA-DO-NILO.

RESUMO

A ocorrência de enfermidades na produção de peixes em tanque-rede pode ser um fator

limitante que afeta a sustentabilidade da atividade. Sendo assim, o objetivo do estudo foi

determinar o efeito do alho em pó, em diferentes níveis de inclusão na dieta de tilápia do Nilo,

durante a fase de alevinagem em tanque-rede. Os peixes (3,04 ± 0,13g) foram distribuídos

aleatoriamente em 16 tanques-rede e alimentados por 35 dias com as dietas suplementadas com

0%, 0,5%, 1,0% e 1,5% de inclusão de alho em pó. Foram realizadas análise do desempenho

produtivo, parâmetros hemato-imunológicos, análise parasitológica e avaliação econômica do

uso do alho. A inclusão de 1,5% de alho proporcionou um maior consumo de ração (p = 0,042),

enquanto nos animais alimentados com 1,0% de inclusão de alho na dieta, observou-se maior

número de leucócitos totais (p = 0,0001), sugerindo imunoestimulação. Os peixes alimentados

com dietas suplementadas com alho em pó, independente do nível de inclusão, tiveram menor

carga parasitária (p = 0,0001) em relação ao tratamento controle. Conclui-se que a inclusão de

1,0% de alho em pó promoveu os melhores resultados em relação à imunidade, carga parasitária

e índices econômicos.

Palavras-chave: Allium sativum, desempenho zootécnico, imunologia, parasitologia.

ABSTRACT

The occurrence of diseases in the production of fish in the net-tank can be a limiting factor that

affects the sustainability of the activity. Therefore the objective of the study was to determine

the effect of garlic powder at different levels of inclusion in the diet of Nile tilapia during the

nursery stage. Fish (3.04 ± 0.13 g) were randomly distributed in 16 net tanks and fed for 35

days with diets supplemented with 0%, 0.5%, 1.0% and 1.5% inclusion of garlic in powder.

Productivity performance, hemato-immunological parameters, parasitological analysis and

economic evaluation of garlic use were analyzed. The inclusion of 1.5% of garlic promoted a

higher feed intake (p = 0,042), whereas in animals fed 1.0% of garlic inclusion in the diet, a

higher number of total leukocytes was observed (p = 0,0001), suggesting immunostimulation.

Fish fed diets supplemented with garlic powder, regardless of inclusion level, had a lower

Page 51: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

33

parasite load (p = 0,001) in comparison to control-group. It was concluded that the inclusion of

1.0% of garlic powder promoted the best results regarding immunity, parasite load and

economic indexes.

Key words: Allium sativum, zootechnical performance, immunology, parasitology.

INTRODUÇÃO

Altas densidades de estocagem, somados aos manejos de classificação e

manipulação dos peixes, levam os animais ao estresse, e consequentemente a um desequilíbrio

homeostático, diminuindo a eficiência do sistema imunológico e deixando-os mais susceptíveis

às enfermidades1,2,3, podendo causar prejuízos econômicos3,4,5.

Devido a estes fatores, o surgimento de enfermidades nos cultivos de peixes em

sistema intensivo tornou-se cada vez mais recorrente, representando um fator limitante na

produção4,6,7,8. Com isso, alguns fármacos têm sido, frequentemente, utilizados para o

tratamento de doenças, como por exemplo, o formaldeído, verde malaquita, azul de metileno e

antibióticos5,7, sendo estes últimos, também usados como promotores de crescimento9. Muitas

vezes o uso indiscriminado desses fármacos pode causar diversas consequências, como

poluição do meio ambiente, acúmulo de resíduos na carcaça dos animais destinados ao

consumo, e pressão seletiva sobre os micro-organismos levando à resistência a moléculas

específicas7,9,10,11,12,13.

Na tentativa de minimizar essas consequências, os compostos naturais,

provenientes geralmente de extratos vegetais com comprovadas ações medicinais, tem sido uma

alternativa ao uso de produtos químicos7,14,15. Os extratos vegetais são compostos naturais e

inócuos, e têm grande potencial de uso na aquicultura, como promotores de crescimento,

antibióticos, anti-estresse e imunoestimulante7,10,15,16. O interesse pelo uso de

imunoestimulantes a base de extratos vegetais tem aumentado nos últimos anos mundialmente,

devido à facilidade de preparo, baixo custo, raros efeitos colaterais aos animais e ao meio

ambiente7,15,17. Especialmente durante a fase de alevinagem, os imunoestimulantes tem grande

importância promovendo o aumento da resistência contra patógenos, uma vez que nesta fase os

animais estão mais susceptíveis à enfermidades18.

Como alternativa natural ao uso de produtos químicos, o alho (Allium sativum L.),

uma das mais antigas plantas medicinais conhecidas10,17, possui efeitos benéficos. São descritas

ações antimicrobianas, antioxidantes, imunoestimulantes19, melhorias dos parâmetros

Page 52: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

34

hematológicos14, bem-estar dos peixes7, além de atuar como estimulante do apetite10 e promotor

de crescimento9. Estes efeitos são devido à presença de vários compostos organossulfurados,

principalmente a alicina.

O Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de produção de peixes de água

doce21. O peixe mais produzido no país é a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus),

representando 41,9% da produção nacional22. A preferência por esta espécie, justifica-se por

seu ótimo desempenho produtivo, alta capacidade de reprodução e rusticidade, sendo tolerante

às condições adversas da produção intensiva23.

Neste contexto realizou-se este trabalho com objetivo de conhecer a ação do alho

em pó na melhoria do desempenho produtivo, influência do sistema imunológico e na carga de

ectoparasitas nos animais alimentados com este vegetal. Assim como determinar o melhor nível

inclusão na dieta de tilápia do Nilo durante a fase de alevinagem em tanque-rede, visando

melhorias no cultivo de maneira sustentável.

MATERIAL E MÉTODOS

Os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética e Bem-

Estar Animal (CEUA) da Universidade Federal de Goiás, com o número de protocolo 015/2016.

Local do experimento e animais

O experimento foi realizado na represa do Setor de Piscicultura do Departamento

de Zootecnia da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, de 12 de

julho a 16 de agosto, totalizando 35 dias. Foram utilizadas 4.800 tilápias do Nilo, linhagem

Supreme, provenientes da Piscicultura Aquabel (Turvânia, GO), que chegaram com

aproximadamente 3,04±0,13 gramas e ficaram em período de adaptação por 10 dias.

Foram utilizados 16 tanques-rede berçários, de dimensão de 1m x 1m x 1m,

totalizando 1 m³ de volume total, e 0,7 m³ de volume útil. Antes do povoamento, realizou-se a

aclimatação da água do saco de transporte com água da represa, para o equilíbrio dos parâmetros

de qualidade de água, como principalmente temperatura e pH, e adaptação dos animais, uma

vez que o experimento ocorreu durante o inverno, em que é frequente baixas temperaturas. A

densidade utilizada foi de 428 peixes /m³, totalizando 300 animais em cada tanque-rede, o que

representou uma unidade experimental.

Page 53: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

35

Delineamento experimental

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos

(0%; 0,5%; 1%; e 1,5% de inclusão de alho em pó na dieta) e quatro repetições, totalizando 16

unidades experimentais. Estes níveis de inclusão estão de acordo com diversos trabalhos que

avaliaram o alho como imunoestimulante em peixes6,9,14,23.

Amostra vegetal do alho em pó

O bulbo do alho utilizado no experimento foi em forma de pó adquirido da indústria

farmacêutica.

Para a quantificação da alicina, o principal composto imunologicamente ativo

presente no alho, realizou-se a extração do óleo volátil por Clevenger segundo os protocolos da

literatura24.

Para avaliação da composição química do óleo volátil do alho, especificamente a

alicina, foi utilizado um cromatógrafo gasoso acoplada ao espectrômetro de massas (CG/EM)

(Shimadzu QP5050)25.

Estas análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em Bioprodutos e

Sintese (LPbioS) da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis.

Preparação da ração experimental e alimentação dos animais

Para adição do alho em pó na dieta experimental, foi utilizada uma solução contento

8% de água a 45ºC e 0,5% de gelatina insípida26 em relação à quantidade total de ração

preparada. A quantidade de alho para cada tratamento foi incluída nessa solução, e

posteriormente adicionada à ração, homogeneizada manualmente e submetida à secagem

natural. Após a secagem, as rações experimentais foram armazenadas em recipientes

individuais em temperatura ambiente, e identificados para cada unidade experimental. O

preparo foi realizado diariamente, afim de garantir boa qualidade da ração experimental,

evitando o estoque. A ração comercial extrusada utilizada no experimento foi fornecida pela

empresa VB Alimentos.

Os peixes foram alimentados quatro vezes ao dia. Até o décimo dia de experimento

a granulometria da ração utilizada foi de 1,7 mm contendo 46% de proteína bruta (PB) (Tabela

3.1), e posteriormente, de 2-3 mm contendo 42% de proteína bruta (PB) (Tabela 3.2).

Page 54: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

36

TABELA 3.1- Níveis de garantia da ração de 46% de PB, de granulometria de 1,7 mm, a para umidade

(UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral

(MM), cálcio (Ca) e fósforo (P), demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na

alevinagem da tilápia do Nilo em sistema de tanque-rede.

Ração UM PB MF EE MM Ca P

% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín

46%PB 12 46 4 8 14 3 1,5

Enriquecimento da ração: Vitamina A (mín) 20000UI/kg, Vitamina C (mín) 750mg/kg, Vitamina D3

(mín) 6400UI/kg, Vitamina E (mín) 160UI/kg, Vitamina K3 (mín) 20mg/kg, Vitamina B1 (mín)

10mg/kg, Vitamina B2 (mín) 15mg/kg, Vitamina B6 (mín) 20mg/kg, Vitamina B12 (mín) 200mcg/kg,

Ácido Fólico (mín) 1.5mg/kg, Ácido Pantotênico (mín) 120mg/kg, Biotina (mín) 1.4mg/kg, Colina

(mín) 1800mg/kg, Niacina (mín) 300mg/kg, Cobre (mín) 20mg/kg, Ferro (mín) 80mg/kg, Iodo (mín)

5mg/kg, Manganês (mín) 30mg/kg, Selênio (mín) 0.4mg/kg, Zinco (mín) 160mg/kg, Inositol (mín)

250mg/kg

TABELA 3.2- Níveis de garantia da ração de 42% de PB, de granulometria de 2 a 3 mm, para umidade

(UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral

(MM), cálcio (Ca) e fósforo (P), demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na

alevinagem da tilápia do Nilo em sistema de tanque-rede.

Ração UM PB MF EE MM Ca P

% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín

42%PB 9 42 3 7 10 1 0,8

Enriquecimento da ração: ácido fólico (2mg); ácido pantotênico (40mg); biotina (1.000 mcg); cobre (16

mg); colina (600 mg); ferro (110,56 mg); iodo (0,8 mg); lisina (0,08 mg); manganês (30 mg); metionina

(100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,60 mg); vitamina A (8.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina

B-12 (30 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (600 mg); vitamina D-3 (4.000

U.I.); vitamina E (160 mg); vitamina K-3 (4 mg) e zinco (140 mg); mananoligossacarídeos (280 mg);

beta glucanas (520 mg).

A ração foi pesada diariamente e acondicionada em potes individuais para cada

unidade experimental visando o controle de consumo da ração. A quantidade de ração fornecida

foi calculada de acordo com a biomassa dos tanques berçários22. Foram realizados ajustes na

quantidade de ração fornecida por meio da observação do consumo, evitando-se sobras

significativas.

Monitoramento da qualidade de água

Os principais parâmetros de qualidade da água, como oxigênio dissolvido (OD),

temperatura (TºC), pH e amônia não ionizada foram mensurados durante todo o experimento.

A temperatura e o oxigênio dissolvido foram mensurados diariamente às 08h, com auxílio de

Page 55: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

37

um oxímetro digital (AT 155, Alfakit), que tem capacidade de monitorar ambos os parâmetros

simultaneamente.

O pH e a amônia foram mensurados aos sábados às 08h30min. Para determinação

de pH, foi utilizado um peagâmetro digital (AT 315, Alfakit). Para amônia foram utilizados

reagentes padronizados comerciais, e as leituras foram realizadas com o auxílio de

fotocolorímetro digital (AT 100PBS II, Alfakit), de acordo com a metodologia do fabricante.

As medias dos valores das análises de qualidade da água da represa foram

20,75±0,57ºC para temperatura, 7,09 ±0,39 mg/L para oxigênio dissolvido, 7±0,22 para pH e

0,03±0,015 mg/L para amônia não-ionizada (NH3).

Pesagens dos animais e análise do desempenho produtivo

Todos os animais foram pesados no primeiro dia de experimento, antes do

povoamento das unidades experimentais. No 13º e 25º dias de experimento, foram realizadas

pesagens de 10% dos animais por tanque-rede, coletados aleatoriamente. Este procedimento

visava obter o peso, acompanhar o desempenho produtivo e realizar ajuste no cálculo de ração

a ser fornecida. Ao final do experimento, no 35º dia, foi realizada a pesagem de 100% dos

animais para cálculo dos índices produtivos.

Os dados das pesagens dos animais e do consumo de ração foram utilizados para

calcular as seguintes variáveis de desempenho produtivo: ganho de peso (g) = peso final – peso

inicial; consumo de ração total (g) = soma do consumo de ração do período total; conversão

alimentar aparente = consumo de ração do período ÷ ganho de peso em biomassa; taxa de

crescimento específico (%/dia) = [(ln peso final – ln peso inicial) ÷ período em dias] x 100 27.

Durante o período experimental registrou-se a mortalidade para cálculo da taxa de

sobrevivência (%) = (nº de peixes final ÷ nº de peixes inicial) x 100.

Análises hemato-imunológicas

Após a pesagem final de todos os peixes, seis juvenis de cada tanque-rede,

totalizando 24 animais por tratamento, foram submetidos ao processo de anestesia com óleo de

cravo e posteriormente realizou-se a coleta de sangue. Esta foi realizada puncionando a artéria

caudal, utilizando agulhas de 0,80 x 25 mm e seringa estéril umedecida com anticoagulante

EDTA, afim de impedir a coagulação sanguínea. Em seguida, o sangue foi transferido para um

tubo tipo Vacutainer® com anticoagulante (Ethylene diamine tetraacetic acid).

Os parâmetros imunológicos analisados foram o número de linfócitos, monócitos,

leucócitos totais e contagem diferencial de leucócitos. Também foram analisados os parâmetros

Page 56: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

38

hematológicos como contagem de eritrócitos, concentração de hemoglobina, valores de

hematócrito, proteína plasmática total, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina

corpuscular médio (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Todas

essas análises foram determinadas de acordo com os métodos descritos por Ranzani-Paiva29.

Estas análises foram realizadas no Laboratório Multiusuário do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG.

Análise parasitológica e Identificação dos parasitas

Para as análises dos ectoparasitas, in loco, foram separados oito peixes de cada

tanque-rede, totalizando 32 animais por tratamento, os quais foram dessensibilizados por

choque térmico em água com gelo (proporção 1:1). Em seguida realizou-se a eutanásia por

secção de medula espinhal com o uso de bisturi30. Posteriormente, coletou-se fragmentos

branquiais e realizou-se raspado de muco e brânquias que foram depositados entre lâmina e

lamínula para contagem parasitológica. Simultaneamente preparou-se outra lâmina que foi

submetida a secagem para identificação dos parasitas.

As lâminas secas foram encaminhadas para o Laboratório de Parasitologia e

Microbiologia de Organismos Aquáticos do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual

Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (CAUNESP), Jaboticabal - SP. As lâminas contendo os

parasitos foram impregnadas com Nitrato de Prata (2%) para avaliação dos caracteres

taxonômicos31.

As mensurações foram realizadas a partir de fotomicrografias obtidas no

fotomicroscópio Nikon® E200 (Nikon Instruments Inc., Melville, Estados Unidos) equipado

com sistema Motic 5.0 (Motic Instruments Inc., Hong Kong, China) e fornecidas em

micrometros32,33. A mensuração foi realizada com auxílio do software Image-Pro Plus® (Media

Cybernetics Inc, Rockville, Estados Unidos).

Análise econômica

A análise econômica foi realizada de acordo com a metodologia de Silva28. Esta

considera o custo operacional parcial (COP), definido pelos valores gastos com ração, peixe,

alho em pó e gelatina, enquanto a receita bruta (RB) é atribuída à venda dos peixes.

A ração de 46% PB foi cotada a R$ 4,73 e a de 42% PB a R$ 2,85, enquanto os

peixes foram estimados a R$ 0,15. Já o alho e a gelatina foram comprados a R$ 50,00 e R$

Page 57: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

39

40,00 o quilo, respectivamente. Todos esses valores foram definidos de acordo com preços

vigentes dos insumos no dia do encerramento da fase experimental.

Análise estatística

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias foram

comparadas pelo teste Scott-Knott (5%).

RESULTADOS

Quantificação da alicina

A alicina representou 27,82% do total de compostos presente na amostra do óleo

volátil.

Desempenho produtivo

Não foram observadas diferenças significativas nas variáveis de desempenho

produtivo entre os diferentes tratamentos, exceto consumo de ração. A inclusão de 1,5% de alho

proporcionou um maior consumo em relação aos outros tratamentos (p = 0,042). (Tabela 3.3).

Apesar de nos parâmetros de peso final e conversão alimentar não terem sido

observadas diferenças significativas, o tratamento suplementado com 1,0% de alho em pó na

dieta apresentou peso final 21,32% superior e conversão alimentar 18,75% inferior em relação

ao tratamento controle. Estas diferenças, ainda que não estatísticas, em grandes produções

podem definir a viabilidade econômica da atividade.

TABELA 3.3 – Médias do peso inicial (P. Inicial), peso final (P. Final), ganho de peso (GP),

conversão alimentar aparente (CAA), consumo de ração (CR), taxa de

crescimento específico (TCE) e taxa de sobrevivência (TS) de alevinos de

tilápia do Nilo alimentados com diferentes níveis de inclusão de alho em pó em

tanques-redes

Parâmetro Níveis de inclusão de alho em pó

CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%

P. Inicial (g) 2,9 3,1 3,1 3,0 4,35 0,396

P. Final (g) 12,38 13,21 15,02 13,85 12,08 0,196

GP (g) 9,400 10,125 11,925 10,850 15,90 0,232

CAA 1,12 1,02 0,91 0,93 12,99 0,145

CR (g) 2.607 b 2.582,5 b 2.603,5 b 2.834 a 4,64 0,042

TCE (%/dia) 3,7 3,8 4,1 4,0 7,66 0,351

TS (%) 82,75 84,08 83,99 88,75 7,89 0,614

CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.

Page 58: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

40

Análises hemato-imunológicas

Observou-se diferença significativa, entre os tratamentos, apenas para a variável

leucócitos totais, sendo o nível de inclusão de 1,0% de alho em pó na ração o que apresentou

maior valor (Tabela 2.6).

TABELA 3.6 – Médias, coeficientes de variação (CV) e níveis de significância (P<0,5) dos

parâmetros hemato-imunológicos de alevinos da tilápia do Nilo alimentados

com diferentes níveis de inclusão do alho em pó em tanques-rede.

Parâmetro Níveis de inclusão de alho

CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%

Plaquetas

(mm³)

76.500 75.500 73.100 82.300 42,32 0,8339

Hemácias

(mm³)

2.708.000 3.320.000 3.222.500 3.035.000 36,96 0,3433

Leucócitos 5.320 b 5.380 b 6.250 a 4.510 c 20,50 0,0001

Segmentados 37.350 33.000 37.850 31.300 45,34 0,4795

Eosinófilos 0,5 0,1 0,4 0,25 184,81 0,1477

Basófilo 11 141 4,90 2,40 793,57 0,4314

Linfócitos 2.026 2.161 2.431 2.045 40,03 0,5653

Monócitos 1.126 1.206 1.339 847 44,17 0,6107

Heterofilo 18,25 65,55 11,05 11,75 560,40 0,6954

Hematócrito 28,4 29,1 30,75 30,10 15,41 0,3773

Proteína

Plasmática

5,69 5,445 5,54 5,19 11,74 0,1023

Hemoglobina 7,7045 7,2415 8,1655 6,8440 24,23 0,1231

CHCM 27,492 25,236 26,923 22,783 25,51 0,1083

VCM 112,9 101,4 104,9 106,71 34,18 0,7894

HCM 32,872 25,483 29,137 24,295 55,44 0,2970

CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.

Análises parasitológicas e identificação de parasitas

Na avaliação parasitológica foram encontrados Tricodinídeos e Monogenéticos.

Dentre os tricodinídeos, foram identificadas as espécies Trichodinella sp.; Trichodina

centrostrigata; Trichodina compacta; Tripartiella orthodens; Trichodina heterodentata; Trichodina

migala; Trichodina magna e Paratrichodina africana (Figura 3.1).

Na classe dos monogenéticos, foram identificados parasitas pertencentes à família

dos Dactilogirídeos (Figura 3.2).

Page 59: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

41

FIGURA 3.1 – Trichodinella sp. (A); Trichodina centrostrigata (B); Trichodina compacta (C);

Tripartiella orthodens (D); Trichodina heterodentata (E); Trichodina migala (F);

Trichodina magna (G) e Paratrichodina africana (H)

FIGURA 3.2 – Monogenea da família dactilogirídeo (seta)

aderido à lamela branquial de tilápia do Nilo.

Page 60: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

42

A infestação parasitária por monogenéticos e tricodinídeos em juvenis de tilápia do

Nilo foi significativamente menor (p = 0,0001) nos animais alimentados com alho em pó,

independente do nível de inclusão na ração, quando comparado ao grupo controle (Tabela 3.7).

Houve redução de 33,33%, 33,33% e 50% de infestação por monogenéticos nos animais

alimentados com 0,5, 1,0 e 1,5% de alho em pó na dieta, respectivamente. Para tricodinídeos,

houve redução de 44,73%, 52,63% e 65,78% de infestação nos animais alimentados com 0,5,

1,0 e 1,5% de alho em pó na dieta, respectivamente.

TABELA 3.7- Média da contagem de ectoparasitas encontrados na análise parasitológica

Parasita Níveis de inclusão de alho

CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%

Monogenea 6 a 4 b 4 b 3 b 53,45 0,0001

Tricodínídeos 38 a 21 b 18 b 13 b 77,62 0,0001 CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.

Análise econômica

Observou-se diferença significativa na quantidade e no custo de ração utilizada

(Tabela 3.4). O tratamento com 1,5% de inclusão de alho apresentou maiores valores para

consumo (p = 0,042), e custo com ração (p = 0,035), quantidade (p = 0,042) e o custo (p = 0,042)

com gelatina.

Para as variáveis quantidade de alho em pó (p = 0,042) e seu custo (p = 0,035), houve

diferenças significativas entre todos os tratamentos, uma vez que foram utilizadas diferentes

taxas de inclusão na ração.

TABELA 3.4 - Dados médios da quantidade e despesas com ração, alho em pós, gelatina, alevinos e

o custo de produção parcial (COP) da tilápia do Nilo alimentada com diferentes

níveis de inclusão de alho em pó na dieta em tanques-rede.

Níveis de

inclusão

Ração Alho em pó Gelatina Alevino COP

Kg R$ Kg R$ Kg R$ Unid R$ R$

0,0 % 2607 8,84 0 d 0d 13,04 0,52 300 45,00 53,84c

0,5 % 2583 8,71 12,91c 0,65c 12,91 0,52 300 45,00 54,35c

1,0 % 2604 8,82 26,03b 1,30b 13,02 0,52 300 45,00 55,12b

1,5 % 2834a 9,49a 42,51a 2,13a 14,17a 0,57a 300 45,00 56,62a

CV (%) 4,64 4,00 6,81 6,81 4,64 4,64 0 0 0,76

p 0,042 0,035 0,0001 0,0001 0,042 0,042 - - 0,0001

O custo operacional parcial (COP), influenciado pela quantidade de alho em pó

utilizada, apresentou maiores valores nos tratamentos com maior inclusão na dieta (p < 0,05).

Page 61: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

43

Para as variáveis quantidade e custo com alevinos, receita bruta (p=0,614), receita

líquida parcial (p=0,842), incidência de custos (p=0,960) e margem de lucro (p=0,960), não

houveram diferenças significativas (Tabelas 3.4 e 3.5).

TABELA 3.5 - Dados médios do custo operacional parcial (COP), venda dos peixes por unidade

(VP), receita bruta (RB), receita líquida parcial (RLP) e incidência de custos (IC) e margem de lucro

(ML) da tilápia do Nilo alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na dieta em

tanques-rede.

Níveis de inclusão do Alho em Pó COP VP RB RLP IC ML

R$ Unid R$ R$ R$/ unid R$

0,0 % 53,84 c 248 99,30 45,46 0,22 0,18

0,5 % 54,35 c 252 100,90 46,54 0,22 0,18

1,0 % 55,12 b 252 100,80 45,68 0,22 0,18

1,5 % 56,62 a 266 106,50 49,87 0,21 0,19

CV (%) 0,76 7,89 7,89 16,63 7,92 7,92

p 0,0001 0,614 0,614 0,842 0,960 0,960

DISCUSSÃO

Este estudo foi realizado em condições de campo o que difere da maioria dos

trabalhos encontrado na literatura consultada, realizado em condições laboratoriais,9,10,14,34 que

utilizam um reduzido número de animais e em situações controladas. Sendo assim, os presentes

resultados encontrados neste trabalho, poderiam ser aplicados nas criações comerciais visando

o aumento da eficiência produtiva, uma vez que as condições experimentais foram similares às

encontradas a campo.

A atividade farmacológica do alho envolve uma variedade de compostos

organossulfurados. O mais notável desses compostos é a alicina, o principal responsável pelo

efeito imunoestimulante nos animais. A amostra de alho em pó utilizada neste trabalho continha

27,82%, diferindo do valor encontrado por Guo et al.23 de 1,3%. A proporção de alicina não

possui um valor de referência padrão, uma vez que pode ser influenciado por fatores como

método de extração35, sazonalidade, fase de desenvolvimento da planta, altitude, temperatura,

disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, disponibilidade de nutrientes, poluição

atmosférica, indução por estímulos mecânicos ou ataque de patógenos na planta36,37.

Os parâmetros de qualidade de água mensurados durante o presente estudo

encontraram-se dentro dos níveis considerados adequados para a fase de desenvolvimento da

tilápia do Nilo, exceto a temperatura (20,75±0,57ºC), que estavam abaixo dos valores

preconizados para a espécie. Segundo Kubtiza22, recomenda-se temperatura da água de 25 a

Page 62: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

44

30ºC, oxigênio dissolvido acima de 4mg/L, pH entre 6,5 a 8,5 e amônia não-ionizada abaixo de

0,2 mg/L. Como todos os tratamentos estavam submetidos à mesma temperatura da água, não

é fator de interferência nos tratamentos, contudo, pode ter influenciado o consumo de ração de

todos os peixes, devido ao efeito do frio no metabolismo do animal, e consequentemente os

demais parâmetros, como ganho de peso e conversão alimentar aparente. Os parâmetros

monitorados neste trabalho representam as condições ambientais encontradas nas criações

intensivas da região no período de inverno.

Na análise do desempenho produtivo, a única variável que apresentou diferença

significativa (p = 0,042) foi o consumo de ração, apresentando maior valor no tratamento com

1,5% de inclusão de alho na ração, o que não está associado a melhora no crescimento, resposta

imunológica ou parasitária. Este resultado foi encontrado em outro estudo, que mostrou

aumento na ingestão de ração de acordo com o aumento dos níveis de inclusão de alho9.

Segundo Shakya e Labh10, este efeito estimulador de apetite ocorre devido a presença da alicina.

As variáveis de desempenho produtivo ganho de peso, conversão alimentar

aparente e taxa de crescimento específico não apresentaram diferenças significativas entre os

tratamentos, corroborando outras pesquisas6,14 em híbrido de tilápia e “Asian sea bass”. Por

outro lado, há trabalhos nos quais tilápia do Nilo e truta arco-íris, alimentados com dietas

suplementadas com alho em pó, obtiveram maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e

maior taxa de crescimento específico em relação aos grupos controle9,34,38. As divergências

observadas entre os resultados do presente trabalho com os dados da literatura podem ser

justificadas pelos diferentes níveis de suplementação adotados, espécies pesquisadas e

protocolos experimentais empregados.

A análise sanguínea das amostras coletadas ao termino do experimento mostrou que

os peixes alimentados com ração suplementada com 1,0% de alho em pó apresentaram maior

número de leucócitos totais. Este resultado corrobora Ndong e Fall6, que avaliando o híbrido de

tilápia (Oreochromis niloticus x Oreochromis aureus), suplementado com 0,5g de alho em

pó/kg de ração, observaram um aumento significativo na contagem de leucócitos totais em

relação aos outros tratamentos (0,0 e 1,0 g de alho em pó/ kg de ração)6. Trabalhando com truta

arco-íris (Oncorhynchus mykiss), desafiadas com Aeromonas hydrophila ou quando submetidas

a estresse térmico, após receber dieta suplementada com 0,6 gramas de alho em pó/kg de ração,

Fazlolahzadeh et al.7 também observaram aumento na contagem de leucócitos totais. Da mesma

forma, pacus (Piaractus mesopotamicus) mantidos em laboratório, alimentados com diferentes

níveis de alho em pó (1,0, 1,5, e 2,0 mg em 10% de ração seca) apresentaram aumento do

Page 63: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

45

número de leucócitos totais39. Os resultados observados neste estudo, assim como em diversas

pesquisas6,7,14,34,39,40 evidenciam que a inclusão de alho em pó na dieta de peixes promove um

aumento significativo na contagem de leucócitos totais sugerindo maior estimulação do sistema

imune.

Na análise parasitológica obteve-se resultados satisfatórios quanto à ação do alho

em pó, na qual os peixes alimentados com rações de todos dos tratamentos com inclusão de

alho apresentaram menor carga parasitária, quando comparada ao tratamento controle. Os

resultados corroboram estudos realizados em laboratório, nos quais tilápias alimentadas com

ração suplementada com alho em pó, tiveram até 70% menos de infestação por

monogenéticos41. Assim como em pacu (Piaractus mesopotamicus), nos quais a inclusão de 2,0

g de alho em pó /kg de ração teve eficácia de 95% no controle de monogenea39. Para

tricodinídeos, o resultado é consistente com outros estudos, nos quais tilápias alimentadas com

dietas suplementadas com alho apresentaram menor infestação de Trichodina sp em relação aos

animais que receberam dietas sem o alho42,43. Trabalhando com banho terapêutico de água com

alho em pó diluído, Chimandt et al.44 também encontraram menor número de tricodinídeos

quando comparado ao grupo controle. Todos estes resultados sugerem a ação do alho na

prevenção de parasitas e sua eficiência em diferentes formas de aplicação. A prevenção de

parasitas é fundamental na criação comercial de peixes pois as doenças parasitárias propiciam

infecções secundárias, causadas principalmente por bactérias, que agravam o quadro clínico

dos animais, levando a sérios prejuízos econômicos22,5,45. O uso de compostos naturais e

consequente redução da utilização de produtos químicos durante a produção é de extrema

importância para o desenvolvimento da piscicultura, tornando a atividade mais sustentável e

ambientalmente segura.

Durante a identificação dos parasitas encontrados nos animais, foram observados

exemplares do gênero Trichodinella sp., sendo este o primeiro registo no Brasil. (Capítulo 04

desta dissertação)

A análise econômica do uso do alho na dieta, é de grande importância para definir

a viabilidade financeira da utilização deste composto vegetal na produção. Segundo os

resultados, a inclusão de 1,5% de alho em pó na dieta proporcionou maior valor no custo

operacional parcial (COP), sem influenciar a receita liquida parcial (RPL), o índice de custo

(IC) e a margem de lucro (ML). A suplementação dietética de alho reduziu a quantidade de

parasitas dos peixes, enquanto a inclusão de 1% ativou resposta do sistema imune. Desse modo,

os resultados indicam que a inclusão de 1,0% de alho em pó na dieta é o mais indicado, já que,

Page 64: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

46

além da influência positiva no sistema imunológico e na carga parasitária dos animais, o custo

deste tratamento não influenciou a receita líquida parcial (RLP) e na margem de lucro, apesar

de ter apresentado um custo operacional parcial mais elevado do que os níveis inferiores de

inclusão. Apesar de não ter sido encontrada análise econômica do uso do alho em pó para

peixes, avaliação semelhante foi observada em trabalho realizado com frangos de corte

alimentados com o referido composto, no qual o nível de inclusão de 1,0% também

proporcionou os melhores índices econômicos46.

CONCLUSÃO

Nas condições avaliadas, os resultados sugerem potencial imunoestimulante do

alho em pó em tilápia do Nilo, assim como ação antiparasitária, contra tricodinídeos e

monogenéticos, sem afetar os índices econômicos da produção. O melhor nível de inclusão de

alho em pó na dieta foi de 1,0%. Portanto o alho apresenta-se como uma alternativa para

produção de tilápia de maneira sustentável.

REFERENCIAS

1. Barton BA, Iwama GK. Physiological changes in fish from stress in aquaculture with

emphasis on the response and effects of corticosteroids. Annu Ver, Fish. Dis., 1: 3-26,

1991.

2. Wendelaar Bonga SE. The stress rewsponse in fish. Physiol Ver., 77: 591-625, 1997.

3. Urbinati EC, Carneiro PCF. Práticas de Manejo e Estresse dos Peixes em Piscicultura

Intensiva. In Cyrino JEP, Urbinati EC, Castagnolli N. Tópicos Especiais em Piscicultura

Tropical. São Paulo. Editora TecArt. 2004 p. 171-193.

4. Sakai M. Current research status of fish immunostimulants. Aquaculture. 1999; 172:63-92.

5. Pavanelli GC, Eiras JC, Takemoto RM. Doenças de Peixes: profilaxia, diagnóstico e

tratamento. 3ª Ed. Maringá; Editora da Universidade Estadual de Maringá; 2008. 311p

6. Ndong D, Fall J. The effect of garlic (Allium sativum) on growth and immune responses of

hybrid tilapia (Oreochromis niloticus x Oreochromis aureus). Journal of Clinical

Immnunology and Immunopathology Research. 2011; 3(1); 1-9.

7. Fazlolahzadeh F, Keramati K, Nazifi S, Shirian S, Seifi S. Effect of Garlic (Allium sativum)

on Hematological Parameters and Plasma Activities of ALT and AST of Rainbow trout in

Temperature Stress. Australian Journal of Basic and Applied Sciences. 2011; 5(9); 84-90.

8. Syahidah A, Saad CR, Daud HM, Abdelhadi YM. Status and potential of herbal

applications in aquaculture: A review. Iranian Journal of Fishies Sciences. 2015; 14(1):27-

44.

9. Shalaby AM, Khattab YA, Abdel Rahman AM. Effects of garlic (Allium sativum) and

chloramphenicol on growth performance, physiological parameters and survival of nile

Page 65: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

47

Tilapia (Oreochromis niloticus). J. Venom. Anim. Toxins incl. Trop. Dis. 2006; 12 (2);

172-201.

10. Shakya SR, Labh SN. Medicinal uses of garlic (Allium sativum) improves fish health and

acts as an immunostimulant in aquaculture. European Journal of Biotechnology and

Bioscience 2014; 2 (4): 44-47.

11. Mouriño JlP, Jatobá A, Silva BC, Vieira FN, Martins ML. Probióticos na aquicultura. In:

Silva-Souza AT, Lizama MAP, Takemoto RM, responsabilidade intelectual. Patologia e

sanidade de organismos aquáticos. Maringá: Editora Massoni; 2012. 381.

12. Biller-Takahashi JD. Imunoestimulantes e imunidade de organismos aquáticos. In: Maldi

RR, Campos CM, Lizama MAP, Takemoto RM, responsabilidade intelectual. Patologia e

sanidade de ambientes aquáticos. Maringá: Editora Massoni; 2014. 295.

13. Aly SM, Atti NMA, Mohamed MF. Effect of garlic on the survival, growth, resistance and

quality of Oreochromis niloticus. Cairo, Egito: 2008. 277-194.

14. Talpur AD, Ikhwanuddin M. Dietary effects of garlic (Allium sativum) on haemato-

immunological parameters, survival, growth, and disease resistance against Vibrio harveyi

infection in Asian sea bass, Lates calcarifer (Bloch). Aquaculture. 2012; 364-365; 6-12.

15. Hai NV. The use of medicinal plants as immunostimulants in aquiculture: A review.

Aquaculture. 2015

16. Citarasu T. Herbal biomedicines: a new opportunity for aquaculture Industry. Aquacult Int.

2010; 18; 403-414.

17. Jegede T. Effect of Garlic (Allium sativum) on Growth, Nutrient Utilization, Resistance

and Survival of Tilapia zillii (Gervais 1852) Fingerlings. Journal of Agricultural Science.

2012; 4; 2.

18. Raa J. The use of immunostimulatory substances in fish and shellfish farming. Rev. Fish.

Sci., 1996, 4, 229-88.

19. Graeff Á., E. N. Pruner. Variáveis que podem interferir na sobrevivência e

desenvolvimento da Tilapia nilotica (Oreochromis niloticus) na região fria do Estado de

Santa Catarina. CIVA, 2006; 70-79.

20. FAO, The state or word fisheries and aquaculture. Roma, 2016.

21. Brasil, Produção da pecuária municipal 2014. Vol. 42, IBGE, 2014.

22. Kubitza F. Tilápia – Tecnologia e planejamento da produção, Jundiaí, Acqua & Imagem;

2011. 316p

23. Guo JJ, Kuo CM, Chuang, JW, Hong RL, Chou TIC. The effects of garlic-supplemented

diets on antibacterial activity against Streptococcus iniae and on growth in orange-spotted

grouper, Epinephelus coioides. Aquaculture. 2012; 33-38; 364-365.

24. Santos, A. S.; Alves, S. M.; Figueiredo, F. J. C.; Neto, O. G. R. Descrição de sistema e

métodos de extração de óleos essenciais e determinação de umidade de biomassa de

laboratório. Comunicado Técnico, v. 99, p. 1-6, 2004.

25. Adams, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass

spectrometry. 4. ed. Carol Sream, IL: Allured Books, p. 804, 2007.

26. Farias THV. Probiótico na alimentação do pacu (Piaractus mesopotamicus): avaliação

hematológica, bioquímica, imunológica e desempenho produtivo. [Tese]. Jaboticabal:

Universidade Estadual de São Paulo, Centro de Aquicultura da UNESP; 2012.

Page 66: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

48

27. Maeda H, Silva PC, Oliveira RPC, Aguiar MS, Pádua DMC, Machado MP, Rodrigues V,

Silva RH. Densidade de estocagem na alevinagem de tilápia do Nilo em tanque-rede.

Ciência Animal Brasileira. 2010; 11; 3; 471-476.

28. Silva, P. C.; Kronka, S. N.; Sipaúba-Tavares, L. H.; Silva-Junior, R. P.; Souza, V. L.

Avaliação econômica da produção de tilápia (Oreochromis niloticus) em sistema

“raceway”. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v.25, n.1, p.9-13, 2003.

29. Ranzani-Paiva MMJ, Pádua SB, Tavares-Dias M, Egami MI. Métodos para análise

hematológica em peixes. Maringá; Editora da Universidade Estadual de Maringá; 2013.

135p.

30. Conselho Federal de Medicina Veterinária. Guia brasileiro de boas práticas para eutanasia

em animais. 2013:58.

31. Klein, B. M. The “dry” silver method and its proper use. The Journal of Protozoology, v.

5, n. 2, p. 99-103, May 1958.

32. Lom, J. The Journal of Protozoology, v. 5, n. 4, p. 251-263, Nov. 1958.

33. Van AS, J. G.; Basson, L. A further contribution to the taxonomy of the Trichodinidae

(Ciliophora: Peritrichia) and a review of the taxonomic status of some fish ectoparasitic

trichodinids. Systematic Parasitology, v. 14, n. 3, p. 157-179, Nov. 1989.

34. Nya EJ, Austin B. Use of garlic, Allium sativum, to control Aeromonas hydriphila infection

in rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum). Journal of fish disiases. 2009; 32:963-

970.

35. Mendes, PAP. Estudo do teor de alicina em alho. [Dissertação]. Bragança: Instituto

Politécnico de Bragança, IPB; 2008.

36. Lee JY, Gao y. Review of the application of garlic, Allium sativum, in Aquaculture. Journal

of the world aquaculture society. 2012; 43 (4):447-458

37. Huchette, O., R. Kahane, and C. Bellamy. Influence of environ and genetic factors on the

allicin content of garlic bulbs. Acta Horticulture 2005; 688:93-99.

38. Diab, A. S., G. O. El-Nagar, and Y. M. Abd-El-Hady. "Evaluation of Nigella sativa L

(black seeds; baraka), Allium sativum (garlic) and BIOGEN as feed additives on growth

performance and immunostimulants of O. niloticus fingerlings. Suez Canal Vet." Med.

J 2002 (2002): 745-775.

39. Martins, ML; Moraes, FR; Miyazaki, DMY; Brum, CD; Onaka, EM; Fenerick, JrJ; Bozzo,

FR. Alternative treatment for Anacanthrus penilabiatus (Monogenea: Dactylogyridae)

infestion in cultivated Pacu, Piaractus mesopotamicus (Osteichthyes: Characidae) in Brazil

and its haematological effects. Parasite, 2002: 175-180.

40. Sahu, S., B. K. Das, B. K. Mishra, J. Pradhan, and N. Sarangi. Effect of Allium sativum on

the immunity and survival of Labeo rohita infected with Aeromonas hydrophila. Journal

of Applied Ichthyology 2007:23:80- 86.

41. Militz TA, Southgate PC, Carton AG, Hutson KS. Dietary supplementation of garlic

(Allium sativum) to prevent monogenean infection in aquaculture. Aquaculture. 2013; 95–

99:408–409

42. Ahmed IE, Deen NE, Mohamed A. Application of some medicinal plants to eliminate

Trichodina sp. In tilapia (Oreochromis niloticus). Report and Opinion. 2010.

Page 67: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

49

43. Omina, AE. Application of some Egyptian medicinal Plants to eliminate

Trichodina sp. and Aeromonas hydrophila in tilapia (Oreochromis

niloticus). Researcher, 2010.

44. Chitmanat C, Tongdonmuan K, Nunsong W. The use of crude extracts from traditional

medicinal plants to eliminate Trichodina sp. in tilapia (Oreochromis niloticus) fingerlings.

Songklanakarin J. Sci. Technol. 2005; 27(1):359-364.

45. Kubitza F, Kubitza LMM. Principais parasitoses e doenças dos peixes cultivados. 5ª Ed.

Jundiaí, SP; Editora Kubitza, 2013.

46. Carrijo, AS; Madeira, LA, Sartori, JR; Pezzato, AC; Gonçalves, JC; Cruz, VC; Kuibida,

KV; Pinheiro, DF. Alho em pó na alimentação alternativa de frangos de corte. Pesq.

agropec. bras., Brasília, v.40, n.7, p.673-679, jul. 2005.

Page 68: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

49

CAPÍTULO 4 - NEW GEOGRAPHICAL RECORDS OF TRICHODINA,

TRIPARTIELLA, PARATRICHODINA AND FIRST REPORT OF TRICHODINELLA IN

NILE TILAPIA OREOCHROMIS NILOTICUS CULTURED IN BRAZIL

Artigo escrito de acordo com as regras exigidas da Revista “Acta Parasitologica”

(ANEXO 1).

New geographical records of Trichodina, Tripartiella, Paratrichodina and first report of

Trichodinella in Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Brazil

Fabrício S. Rodrigues1, Inácio M. Assane2,3, Gustavo M. R. Valladão3, Fernanda G. de

Paula1, Caniggia L. Andrade1, Déborah O. Rodrigues1, Anderson P. de Moraes1, Elieny M de

Abreu1, Eugénio G. de Araújo1, and Lívia M. Pascoal1

1Federal University of Goiás (UFG), Veterinary School, P.O. Box 131, Goiânia, Goiás,

Brazil

2 Zambeze University (UniZambeze), Faculty of Agricultural Sciences, P.O. Box 213,

Ulónguè, Tete, Mozambique

3Laboratory of Parasitology and Microbiology of Aquatic Organisms, São Paulo State

University (Unesp), Aquaculture Center of Unesp, Jaboticabal, SP, Brazil, 14870

*Corresponding author at:

E-mail: [email protected]

Page 69: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

50

ABSTRACT

Massive occurrence of trichodinids is frequently accompanied by a serious disease in

fish farm. This study characterized morphologically species of trichodinids from gills and body

of Nile tilapia cultured in central west region of Brazil (Goiás state). Dried slides with parasites

were impregnated with silver nitrate (2%). Morphometric characters and schematic drawing of

the denticles were taken from photomicrographs made from the slides. Seven species of

trichodinid ectoparasites (Protozoa: Ciliophora: Trichodinidae) were found parasitizing the

gills, being four of the genera Trichodina Ehrenberg, 1838; one Tripartiella Lom, 1959; one

Paratrichodina Lom, 1963 and one Trichodinella Ṧrámek-Huṧek, 1953. On the body surface,

three specimens from genera Trichodina were identified. These parasites were recently

described parasitizing fish in other regions from Brazil, except for Trichodinella sp.. This is the

first record of parasites of this genus in this country.

Keywords: trichodinids, trichodiniasis, parasite, taxonomy, aquaculture.

Page 70: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

51

1. Introduction

Prevalence and spread of diseases have become more and more important since the

aquatic food production has transitioned from being primarily based on capture of wild fish to

culture of increasing numbers of fish species (FAO 2016). Captive fish and, consequently, its

parasites are usually translocated around the world (Basson and Van As 1994, Reinertsen and

Haaland 1995), which may affect the health status of fish farms. Therefore, the studies focusing

in parasites identification and distribution are important.

Trichodinids are mobile peritrichous ciliated protozoan, important on marine and inland

aquaculture, with more than 300 species recognized as parasite or symbiont to aquatic

organisms (Gong et al. 2005, Mitra et al. 2013). They are perhaps the most frequent protozoans

invading the surface of fish and have been implicated in severe disease and mortalities in

various parts of the world (Nikolić et al. 2003, Khan 2004, Khoshnood and Khoshnood 2014,

Valladão et al. 2014). Considering the Brazilian tilapia production, very little information on

these groups are available and only three out of eleven genera under the family Trichodinidae

have so far been reported parasitizing Nile tilapia, namely Trichodina Ehrenberg, 1838

(Trichodina centrostrigeata Basson, Van As and Paperna, 1983, T. compacta Van As and

Basson, 1989, T. heterodentata Duncan, 1977, T. magna Van As and Basson, 1989, T. migala

Van As Basson, 1989), Paratrichodina Lom, 1963 (Paratrichodina africana Kazubski and El-

Tantawy, 1986) and Tripartiella Lom, 1959 (Tripartiella orthodens Basson and Van As, 1987)

(Ghiraldelli et al. 2006, Martins and Ghiraldelli 2008, Pantoja et al. 2012, Valladão et al. 2013,

Zago et al. 2014, Valladão et al. 2016, Nunes et al. 2016). Trichodinids are usually identified

through the morphology of the denticles in the adhesive disc and the development of adoral

ciliary spiral, having the denticle a very high systematic value (Gong et al. 2005) and hence the

correct identification depends mainly on the quality of the impregnation and stain techniques

used to evaluate these characters. Nevertheless, some trichodinids impregnates less than others

Page 71: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

52

do, making it difficult to describe the species. Difficulties in evaluation of results of

impregnation are commonly encountered in Trichodinella Ṧrámek-Huṧek, 1953, where the

correct picture is sometimes changed into artefacts due to insignificant dimensions of the

denticle, which can easily be damaged when the smears preparation dries up (Lom 1963).

Though some species has a wide variety of hosts and geographical distribution (Lom and Haldar

1977, Basson and Van As 1987) there are few records of these small trichodinids in the

literature.

Nile tilapia, Oreochromis niloticus Linnaeus, 1857, is a freshwater cichlid native to

Africa and one of the most important farmed fish worldwide. It grows fast in different

aquaculture systems and wide range of temperatures and also have high market value (El-Sayed

2006, Lim and Webster 2006). In Brazil, the world’s 14th top aquaculture producer and 2nd in

the Americas (FAO 2016), Nile tilapia has been introduced into the aquatic ecosystems since

the 70’s to improve fisheries and aquaculture (Moreira et al. 2007) and nowadays is the main

produced specie and represents more than 45% of all fish production (IBGE 2015). The

relationship between tilapia translocation and spread of parasites in freshwater ecosystems has

been documented by many authors (Van As and Basson 1989, Bondad-Reantaso and Arthur

1989, Bondad-Reantaso and Arthur 1990, Lumanlan et al. 1992), being the trichodinids the

main protozoa associated with tilapia translocation worldwide.

In the present study, identification and description of trichodinids from gills and body

of cultured Nile tilapia in a new geographic location, Central-West region of Brazil (state of

Goiás), were performed.

2. Materials and methods

2.1. Study area and fish

Specimens of O. niloticus (Supreme strain) were collected in June 2016, from floating

net-cages in a reservoir at the fishery facilities in the Department of Animal Sciences of the

Page 72: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

53

Veterinary and Animal Sciences School of Federal University of Goiás, State of Goiás, central

west region of Brazil (16°35'42"S 49°16'52"W).

Water quality parameters in the net-cages were measured during the fish sampling as

follows (mean ± SD): the dissolved oxygen was 7.09 ± 0.39 mg L-1; the temperature was 20.75

± 0.57 ºC; the pH was 7.00 ± 0.22; the ammonia content was 0.03 ± 0.015 mg L-1. The dissolved

oxygen and temperature were determined using digital oxygen meter AT 155, Alfakit Ltd.; the

pH and ammonia were determined using digital pH meter AT 315, Alfakit Ltd. and digital photo

colorimeter AT 100PBS II, Alfakit, Ltd., respectively.

The experimental procedures were approved by the Ethics and Animal Welfare

Committee (CEUA) of the Federal University of Goiás, under protocol number 015/2016.

2.2. Parasitic diagnosis and taxonomic evaluation

Eleven fish (13.62 g ± 1.78) collected randomly from four net-cages (0.7 m³ useful

volume and density of 300 fish per cage) were desensitized by thermal shock in water with ice

(proportion 1:1) and then euthanized via medullar sectioning for the parasitological survey.

Samples from gills and body mucus were collected separately by scraping, deposited in glass

slides and observed fresh under an optical light microscope (40, 100 and 400 x).

Slides with parasites were air-dried and subsequently impregnated with silver nitrate

(2%) for the evaluation of all taxonomic characters (Klein 1958). Measurements of the

components of the adhesive disc and denticle were performed as described by Arthur and Lom

(1984), and additionally the number of denticles and pins were counted. The measurements

were made on photomicrographs (1000 x) obtained with a Nikon® E200 light microscope

(Nikon Instruments Inc., Melville, United States of America) equipped with a Motic® 5.0 image

capture system (Motic Instruments Inc., Hong Kong, China) and presented in micrometers as

suggested by Lom (1958) and Van As and Basson (1989). All measurements were made using

Page 73: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

54

Image Pro Plus® software Media (Cybernetics Inc, Rockville, United States of America). The

obtained measurement data were presented as the mean ± standard deviation (minimum –

maximum; number of repetitions).

In order to describe the shape of the denticle, as proposed by Van As and Basson (1989),

schematic drawings of the denticles were produced by means of vectorization using

CorelDraw® X8 software (Corel Corporation, Ottawa, Canada).

3. Results

3.1. Trichodinids description: body

Measurements of taxonomic characters of each population of trichodinid collected from

the body surface of the fish are presented in Table 4.1.

Trichodina compacta

The blade was large, filling most of space between the y-axes. The anterior margin

touched de y-axes, sometimes slightly passing beyond. Prominent apophysis was observed at

the anterior margin of the blade. The central part extends to the half of the space between the

axes and presents itself rounded. The connection between the central part and ray presents

uniform thickness and similar to the ray. The ray were generally parallel to the y-axes with

broad thickness, filling almost entire space between y-axes. The central circle is characteristic

for the specie, presenting scattered darker spots (Figure 4.1a)

Trichodina heterodentata

The blade is large and fell almost entire space between y-axes. The anterior portion of

the blade surpasses significantly the limit of the y-axes. Prominent apophysis was common in

the anterior margin of the blade. The central part extends to the half of the space between the

axes and presents itself rounded. The ray presents a prominent apophysis in its anterior portion

and its thickness varies from wider to thin. The tip of the ray is sharp (Figure 4.1b).

Page 74: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

55

Trichodina magna

This trichodinid have a large body size compared to the other species. The denticle blade

is tight, fitting almost the half of the space between the axes. The anterior margin of the blade

is slightly flattened (straight) and does not touch the y-axes. The ray presents a prominent

apophysis. The ray is thin, curved and slightly pointing in anterior direction, but does not

surpass the y-axes (Figure 4.1c).

Figure 4.1. Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic

drawing of the denticles of Trichodina compacta (a); T. heterodentata (b) and T. magna (c)

found in the body of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region of

Brazil. Scale bars: 10 μm.

3.2. Trichodinids description: gills

Measurements of taxonomic characters of each population of trichodinid collected from

the gills are presented in Table 4.2.

Page 75: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

56

Trichodina centrostrigeata

The blade of the denticle is thin and the anterior and posterior margins are similar, being

almost parallel to each other. The blade fills large portion between y-axes and its anterior

margin surpasses the y-axes. The central part is short and rounded. The ray presents uniform

thickness with sharp tip, positioned parallel or anterior to the y-axes, sometimes surpassing it.

This trichodinid have a central ridges characteristic for the specie (Figure 4.2a).

Trichodina compacta

The morphological characteristics are similar to those described in specimens found in

the body surface (Figure 4.2b).

Trichodina heterodentata

The morphological characteristics are similar to those described in specimens found in

the body surface (Figure 4.2c).

Trichodina migala

The blade is thin and does not fill much of the space between y-axes. The anterior

portion does not touch y-axes and in some cases shown a small apophysis. The central part

occupies more than the half of the area between y-axes. Ray apophyses prominent. The ray is

thin, curved, sharp and displaced to the anterior direction, sometimes surpassing the limit of the

y-axes. (Figure 4.2d).

Paratrichodina africana

This trichodinid has a rounded blade that is not sickle-shaped, different from the genus

Trichodina. The central part has a large and characteristic elongated fragment that is parallel to

the central part of the adjacent denticle. The central part is thin and rounded and fills about half

the space between the y-axes. The ray is thin, with the rounded tip lying parallel to the y-axes

(Figure 4.2e).

Page 76: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

57

Trichodinella sp.

This trichodinid is difficult to impregnate because of its small size and denticle

minuteness. The blade presents a small projection and the anterior margin extends well into the

space between y-axes. The central part is delicate and short, not passing the y-axis. The

denticles are small and inserted together by central parts and projections making it difficult to

see in the silver impregnated specimens. The ray forms a characteristic short, delicate and curve

hook (Figure 4.2f).

Tripartiella orthodens

Small-sized trichodinid. The anterior margin of the blade is straight and the posterior

margin is rounded. In the posterior portion, this trichodinid has a prominent projection. In the

anterior portion, between the blade and the central part, another prominent projection was

observed, which surpasses the y-axes. The central part is small and occupies small portion of

the space between the y-axes. The ray is straight, with similar thickness up to its tip, and parallel

or slightly positioned posteriorly to the y-axis (Figure 4.2g).

Page 77: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

58

Figure 4.2. Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic

drawing of the denticles of Trichodina centrostrigeata (a); T. compacta (b); T. heterodentata

(c); T. migala (d); Paratrichodina africana (e); Trichodinella sp. (f) and Tripartiella orthodens

(g) found in the gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region of

Brazil. Scale bars: 10 μm.

4. Discussion

In the present study 4 genus of trichodinids, Trichodina (T. centrostrigeata, T.

compacta, T. heterodentata, T. magna, T. migala), Paratrichodina (P. africana), Tripartiella

(T. orthodens) and Trichodinella (Trichodinella sp.) were found parasitizing Nile tilapia

cultivated in Brazil. All identified trichodinids from this study has an African origin (Basson et

al. 1983, Kazubski and El-Tantawy 1986, Basson and Van As 1987, Van As and Basson 1989,

Basson and Van As 1994) and have been found parasitizing fish from America (Aguilar-Aguilar

and Isla-Ortega 2015) and Eurasia (Duncan 1977, Basson and Van As 1994, Mitra and Haldar

2004, Mitra and Bandyopadhyay 2006, Mitra et al. 2012, Mohilal and Hemananda 2012). There

are also in Brazil records of T. centrostrigeata in southeast (Valladão et al. 2016) and north

region (Bittencourt et al. 2014); T. compacta in south (Ghiraldelli et al. 2006) southeast region

(Valladão et al. 2016); T. heterodentata in south (Martins et al. 2010) and southest region

(Valladão et al. 2016); T. magna in south (Martins and Ghiraldelli 2008) and southeast region

(Zago et al. 2014), T. migala in southeast (Valladão et al. 2016); P. africana in south

(Ghiraldelli et al. 2006, Jerônimo et al. 2011), southeast (Valladão et al. 2016), north

(Bittencourt et al. 2014) and northeast region (Valladão et al. 2013), and T. orthodens in

southeast region (Valladão et al. 2016). This study presents the identification of trichodinids in

Central-West region of Brazil (State of Goiás) and describe the first record of Trichodinella

genus in this country.

Page 78: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

59

Trichodinids in this study has a very constant denticle shape that impregnates well with

silver nitrate, although in some species the denticles were somewhat less impregnated, making

it difficult to identify (Paratrichodina, Tripartiella and Trichodinella). The morphometric and

morphologic characteristics of T. centrostrigeata, T. compacta, T. heterodentata, T. magna, T.

migala, P. africana and T. orthodens identified in the present study were similar from the prior

descriptions of these species in Nile tilapia from Brazil. Nevertheless, the body diameter of T.

heterodentata was slightly higher (64–80 vs. 38–59) from those reported by Valladão et al.

(2016) but was similar to those described by Duncan (1977) (64–80 vs. 58–122). We consider

that small differences are common since variability in morphometric and morphologic

characteristics of trichodinids has been observed in other populations of these protozoans (Lom

1958) and are usually related to the developmental stages of the denticle, host and

environmental conditions (Duncan 1977, Kazubiski 1982, Gong et al. 2005).

The genus Trichodinella was described by Lom (1963) as having an incomplete turn of

the two adoral ciliary rows on the adoral zone, a peculiar shape of the denticle, small dimensions

and usually only parasitize gills of fish. So far, about 8 species have been identified from marine

and freshwater organisms. The Trichodinella sp. from this study was collected from the gills

and due to its small size and minuteness of the denticle, the impregnation was not good enough

to perform the specie identification. However, some elements of their structure, e.g. body

diameter, border membrane, adhesive disc, denticulate ring, denticle span, denticle ray, central

part of the denticle and blade, fairly well preserved in the preparations, allowed us to make

comparisons among small trichodinids already described in literature. Trichodinella sp. seems

to be identical with the species determined by Lom (1963) as a Trichodinella epizootica

Ṧrámek-Huṧek, 1953 occurring in gills of different species of fish on the Eurasian continent.

All measurements of taxonomic characters are very close to those of Trichodinella sp. in the

present study. The measurements of our specimens are also similar to: T. epizootica population

Page 79: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

60

of Basson et al. (1983) from Cyprins carpio, of Albaladejo and Arthur (1989) from Cyprins

carpio, of Al-Rasheid et al. (2000) from Mormyrus kannume, of Mitra and Haldar (2004) from

Puntius gelius and of Basson (2010) from Tinca tinca. In the literature, schematic drawings of

T. epizootica vary significantly between each description (Figure 4.3). The schematic drawing

of Trichodinella sp. identified here was very similar to the record of Mitra and Haldar (2004)

(Figure 4.3). These differences may be due to the common variations observed in T. epizootica

morphology among the same population or in populations from different hosts (Lom 1963, Lom

and Haldar 1977, Basson and Van As 1987, Basson 2010), and this occurs mainly due to the

difficulties of its impregnation in silver nitrate, which culminates in different interpretations by

the authors. Furthermore, Figure 4.3 shows that the schematic drawing of T. epizootica

described by Al-Rasheid et al. (2000) is quite similar to the schematic drawing of Trichodinella

carpi Duncan, 1977 from Tang et al. (2005), presenting more similarities than the records of T.

epizootica between them. Measurement data and schematic drawing indicate that the parasite

of our study may be of the T. epizootica species; however, due to the small number of well-

impregnated specimens and the confusion in the literature, we only describe the genus. The

present investigation extended the distribution area of these identified trichodinids species to

the Central-West region of Brazil and added one country to the checklist of Trichodinella in the

world. These findings confirms that T. centrostrigeata, T. compacta, T. heterodentata, P.

africana and T. orthodens are widely distributed worldwide, occurring in various habitats. So

far, Trichodinella appear to be rare in Brazil and this may be due to the recent interest of

researchers to identify the trichodinids up to the species and the small sizes, which makes it

difficult to be identified even when impregnated with silver nitrate.

Page 80: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

61

Figure 4.3. Schematic drawing of the denticles of Trichodinella demonstrating the

diversity of denticle shape among Trichodinella epizootica (redrawn from various sources).

5. References

Aguilar-Aguilar, R., Islas-Ortega, A. G. 2015. A checklist of ciliate parasites

(Ciliophora) of fishes from Mexico. Zootaxa, 4027, 270–280.

Albaladejo, J. D., and Arthur, J J. R. 1989. Some trichodinids (Protozoa: Ciliophora:

Peritrichida) from freshwater fishes imported into the Philippines. Asian Fisheries Science, 3,

1–25.

Page 81: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

62

Al-Rasheid, K. A. S., Ali, M. A., Sakran, T.,Baki, A. A. A.,Ghaffar, F. A. A. 2000.

Trichodinid ectoparasites (Ciliophora: Peritrichida) of some River Nile fish, Egypt.

Parasitology International, 49, 131–137. DOI: 10.1016/S1383-5769(00)00042-8

Arthur, J. R., Lom, J. 1984. Trichodinid Protozoa (Ciliophora: Peritrichida) from

freshwater fishes of Rybinsk reservoir, USSR1. The Journal of Protozoology, 31, 82–91. DOI:

10.1111/j.1550-7408.1984.tb04294.x

Basson, L. 2010. First records of trichodinid ectoparasites (Ciliophora: Peritrichia) from

introduced freshwater fishes in Tasmania, Australia, with comments on pathogenicity. Acta

Protozoologica, 49, 253–265. DOI: 10.1111/j.1755-3768.2011.02269.x

Basson, L., and Van As, J. G. 1987. Trichodinid (Ciliophora; Peritricha) gill parasites

of freshwater fish in South Africa. Systematic Parasitology, 9, 143–151. DOI:

10.1007/BF00012192

Basson, L., and Van As, J. G. 1994. Trichodinid ectoparasites (Ciliophora: Peritrichida)

of wild and cultured freshwater fishes in Taiwan, with notes on their origin. Systematic

Parasitology, 28, 197–222. DOI: 10.1007/BF00009518

Basson, L., Van As, J. G., Paperna, I. 1983. Trichodinid ectoparasites of cichlid and

cyprinid fishes in South Africa and Israel. Systematic Parasitology, 5, 245–257. DOI:

10.1007/BF00009159

Bittencourt, L. S., Pinheiro, D. A., Cárdenas, M. Q., Fernandes, B. M., Tavares-Dias,

M. 2014. Parasites of native Chichlidae populations and invasive Oreochromis niloticus

(Linnaeus, 1758) in tributary of Amazonas River (Brazil). Brazilian Journal of Veterinary

Parasitology, 23, 44–54. ISSN:1984-2961

Bondad-Reantaso, M., Arthur, J. 1989. Trichodinis (Protozoa: Ciliophora: Peritrichida)

of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) in the Philippines. Asian Fisheries Science, 3, 27–44.

Page 82: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

63

Bondad-Reantaso, M., Arthur, J. 1990. The parasites of Nile tilapia (Oreochromis

niloticus (L.)) in the Philipines, including an analysis of changes in the parasite fauna of

cultured tilapia from fry to marketable size. In: The Second Asian Fisheries Forum, 17–22

April, 1989, Tokyo, Japan, 729–734.

Duncan, B. L. 1977. Urceolariid Ciliates , including three new species , from cultured

Philippine fishes. Transactions of the American Microscopical Society, 96, 76–81.

El-Sayed, A. F. M. (Ed.). 2006. Tilapia culture. CABI Publishing, Cambridge, UK, 277

pp. ISBN: 978-0-85199-014-9

FAO. 2016. The State of World Fisheries and Aquaculture 2016. Contributing to food

security and nutrition for all. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome.

200 pp. ISBN: 978-92-5-109185-2

Ghiraldelli, L., Martins, M. L., Adama-nte, W. de B., Yamashita, M. M. 2006. First

Record of Trichodina compacta Van As and Basson, 1989 (Protozoa: Ciliophora) from

Cultured Nile Tilapia in the State of Santa Catarina, Brazil. International Journal of Zoological

Research, 2, 369–375. DOI: 10.3923/ijzr.2006.369.375

Gong, Y., Yu, Y., Feng, W., Shen, Y. 2005. Phylogenetic relationships among

Trichodinidae (Ciliophora: Peritricha) derived from the characteristic values of denticles. Acta

Protozoologica, 44, 237-243. ISSN: 00651583

IBGE. 2015. Produção da Pecuária Municipal. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, Rio de Janeiro, Brasil, 43, 49 pp. ISSN: 0101-4234

Jerônimo, G. T., Speck, G. M., Cechinel, M. M., Gonçalves, E. L. T., Martins, M. L.

2011. Seasonal variation on the ectoparasitic communities of Nile tilapia cultured in three

regions in southern Brazil. Brazilian Journal of Biology, 71, 365–373. DOI:

dx.doi.org/10.1590/S1519-69842011000300005

Page 83: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

64

Kazubiski, S. 1982. Morphological variability of Trichodina reticulata Hirschmann et

Partsch, 1955 (Ciliata, Peritrichida), a parasite of Carassius carassius (L.) from small pond in

Kortowo (Olsztyn). Acta Protozoologica, 21, 1–6. ISSN: 0065-1583

Kazubski, S. L. and El-Tantawy, A. M., 1986. The Ciliate Paratrichodina africana sp.

n. (Peritricha, Trichodinidae) from Tilapia fish (Cichlidae) from Africa. Acta Protozoologica,

25, 433–438.

Khan, R. A. 2004. Disease outbreaks and mass mortality in cultured Atlantic cod, Gadus

morhua L., associated with Trichodina murmanica (Ciliophora). Journal of Fish Diseases, 27,

181–184. DOI: 10.1111/j.1365-2761.2004.00525.x

Khoshnood, Z., and Khoshnood, R. 2014. Histopathological effects of trichodiniasis in

farmed freshwater Rainbow trout, Oncorhynchus mykiss in West of Iran. World Academy of

Science, Engineering and Technology, International Journal of Biological, Biomolecular,

Agricultural, Food and Biotechnological Engineering, 8, 1154–1157.

Klein, B. M. 1958. The “dry” silver method and its proper use. The Journal of

Protozoology, 5, 99–103. DOI: 10.1111/j.1550-7408.1958.tb02535.x

Lim, C., Webster, C. D. (Eds.). 2006. Tilapia: Biology, Culture, and Nutrition. CRC

Press, New York, USA, 704 pp. ISBN: 978-1-56022-888-2

Lio-Po, G. D., Pascual, J. P. Santos, J. G., 1983. Country report: Philippines. In: Fish

quarantine and fish diseases in Southeast Asia, 7–10 December, 1982, Jakarta, Indonesia, 35–

43.

Lom, J. 1958. A contribution to the systematics and morphology of endoparasitic

trichodinids from amphibians, with a proposal of uniform specific characteristics. The Journal

of Protozoology, 5, 251–263. DOI: 10.1111/j.1550-7408.1958.tb02563.x

Lom, J. 1963. The ciliates of the family Urceolariidae inhabiting gills of fishes (the

Trichodinella-group). Acta Societatis Zoologicas Bohemoslovenicae, 27, 7–19.

Page 84: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

65

Lom, J., and Haldar, D. P. 1977. Ciliates of the genera Trichodinella, Tripartiella and

Paratrichodina (Peritricha, Mobilina) invading fish gills. Folia Parasitol, 24, 193–210.

Lumanlan, S. C., Albadejo, J. D., Bondad-Reantaso, M. G. Arthur, J. R., 1992.

Freshwater fish imported into Philippines: their parasite faunas and role in the international

spread of parasitic diseases. In: Diseases in Asian Aquaculture I, 26–29 November, 1990, Bali,

Indonesia, 323–335. ISBN: 978-97-1-870921-4

Martins, M. L., Ghiraldelli, L. 2008. Trichodina magna Van As and Basson, 1989

(Ciliophora: Peritrichia) from cultured Nile tilapia in the state of Santa Catarina, Brazil.

Brazilian Journal of Biology, 68, 169-172. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1519-

69842008000100024

Martins, ML., Marchiori, N., Nunes, G., Rodrigues, MP. 2010. First record of

Trichodina heterodentata (Ciliophora: Trichodinidae) from channel catfish, Ictalurus

punctatus cultivated in Brazil. Brazilian Journal of Biology, 70, 637–644. DOI:

http://dx.doi.org/10.1590/S1519-69842010000300022

Mitra, A. K., and Bandyopadhyay, P. 2006. First record of ectoparasitic African

Trichodinids (Ciliophora: Peritrichida) in a cichlid fish Oreochromis mossambicus (Peters

1852) from the Churni river system, West Bengal, India. Animal Biology, 56, 323–333. DOI:

10.1163/157075606778441912

Mitra, A. K., and Haldar, D. P. 2004. First record of Trichodinella epizootica (Raabe,

1950)  Ṧrámek-Huṧek, 1953, with description of Trichodina notopteridae sp. n. (Ciliophora:

Peritrichida) from freshwater fishes of India. Acta Protozoologica, 43, 269–274

Mitra, A. K., Bandyopadhyay, P. K., Gong, Y., Bhowmik, B. 2012. Occurrence of

Trichodinid Ciliophorans (Ciliophora: Peritrichida) in the freshwater fishes of the river Churni

with description of Trichodina glossogobae sp. nov. in West Bengal, India. Journal of Parasitic

Diseases, 36, 34–43. DOI: 10.1007/s12639-011-0073-0

Page 85: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

66

Mitra, A. K., Bandyopadhyay, P. K., Gong, Y., Goswami, M., Bhowmik, B. 2013.

Description of two new species of ectoparasitic Trichodina Ehrenberg, 1830 (Ciliophora:

Trichodinidae) from freshwater fishes in the river Ganges, India. Journal of Parasitic Diseases,

37, 35–41. DOI: 10.1007/s12639-012-0126-z

Mohilal, N., Hemananda, T. 2012. Record of the species of Tripartiella (Lom, 1959)

from fishes of Manipur. Journal of Parasitic Diseases, 36, 87–93. DOI: 10.1007/s12639-011-

0088-6

Moreira, A., Hilsdorf, A., Silva, J., Souza, V. 2007. Variabilidade genética de duas

variedades de tilápia nilótica por meio de marcadores microssatélites. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, 42, 521–526. DOI: 10.1590/S0100-204X2007000400010

Nikolić, V. P., Simonović, P., Poleksić, V. 2003. Preference of trichodinids (Ciliata,

Peritrichia) occurring on fish-pond carp for particular organs and some morphological

implications. Acta Veterinaria, 53, 41-46. DOI: https://doi.org/10.2298/AVB0301041N

Nunes, G. C., Jerônimo, G. T., Vicente, L. R. M., Madi, R. R., Valladão, G. M. R.,

Martins, M. L. 2016. Trace elements and parasitismo in Nile tilápia farmed in the Southern

Brazil. Boletim do Instituto de Pesca, 42, 578–589. DOI: 10.20950/1678-2305.2016v42n3p57

Pantoja, M. F., Neves, L., Montagner, D., Tavares-Dias, M. 2012. Protozoan and

metazoan parasites of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Brazil. Revista MVZ

Córdoba, 17, 2812-2819. ISSN: 0122-0268

Reinertsen, H., Haaland, H. (Eds.). 1995. Sustainable fish farming. CRC Press,

Rotterdam, Netherlands, 312 pp. ISBN: 978-9-05410-567-1

Tang, F. H., Zhao, Y. J., Tang, A. K. 2005. Presence of ectoparasitic trichodinids

(Ciliophora, Oligohymenophorea, Peritrichida) on the gills of cultured freshwater fish,

Carassius auratus in Chongqing, China, with the description of a new species of the genus

Trichodina. Acta Zootaxonomica Sinica, 30, 35–40.

Page 86: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

67

Valladão, G. M. R., Alves, L. O., Pilarski, F. 2016. Trichodiniasis in Nile tilapia

hatcheries: Diagnosis, parasite:host-stage relationship and treatment. Aquaculture, 451, 444–

450. DOI: 10.1016/j.aquaculture.2015.09.030

Valladão, G. M. R., Gallani, S. U., De Padua, S. B., LATERÇA, M., Pilarski, F. 2014.

Trichodina heterodentata (Ciliophora) infestation on Prochilodus lineatus larvae: a host–

parasite relationship study. Parasitology, 141, 662–669. DOI:

https://doi.org/10.1017/S0031182013001480

Valladão, G. M. R., Pádua, S. B., Gallani, S. U., Menezes-Filho, R. N., Dias-Neto, J.,

Martins, M. L., Ishikawa, M. M., Pilarski, F. 2013. Paratrichodina africana (Ciliophora): A

pathogenic gill parasite in farmed Nile tilapia. Veterinary Parasitology, 197, 705–710. DOI:

10.1016/j.vetpar.2013.04.043

Van As, J., Basson, L. 1987. Host specificity of trichodinid ectoparasites of freshwater

fish. Parasitology Today, 3, 88-90. DOI: 10.1016/0169-4758(87)90166-9

Van As, J., Basson, L. 1989. A further contribution to the taxonomy of the Trichodinidae

(Ciliophora: Peritrichia) and a review of the taxonomic status of some fish ectoparasitic

trichodinids. Systematic Parasitology, 14, 157–179. DOI: 10.1007/BF02187051

Xu, K., Song, W., Warren, A. 1999. Trichodinid ectoparasites (Ciliophora: Peritrichida)

from the gills of cultured marine fishes in China, with the description of Trichodinella lomi n.

sp. Systematic Parasitology, 42, 219–227.

Zago, A. C., Franceschini, L., Garcia, F., Schalch, S. H. C., Gozi, K. S., Silva, R. J. da.

2014. Ectoparasites of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) in cage farming in a hydroelectric

reservoir in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 23, 171–178. DOI:

10.1590/S1984-29612014041

Page 87: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

68

TABLES

Table 4.1. Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard

deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured).

Trichodinids species Trichodina compacta Trichodina heterodentata Trichodina magna*

Body diameter 54.61 ± 3.39 (48.9-61.4; 22) 70.10 ± 6.15 (60.2-79.8; 18) 91.86

Border membrane 4.57 ± 0.47 (3.4-5.2; 22) 5.37 ± 0.70 (4.3-7.7; 18) 7.86

Adhesive disc 45.41 ± 3.30 (40.0-53.2; 22) 59.41 ± 6.14 (49.1-69.2; 18) 75.79

Denticulate ring 28.19 ± 2.71 (23.5-34.4; 22) 37.61 ± 3.92 (31.0-43.8; 18) 49.56

Central circle 13.75 ± 1.73 (10.4-18.0; 22) - -

Denticle span 11.86 ± 0.73 (10.8-13.1; 22) 17.90 ± 1.41 (15.0-19.8; 18) 24.41

Ray length 4.91 ± 0.55 (4.1-5.9; 22) 9.60 ± 1.05 (7.5-10.9; 18) 13.10

Central part 2.51 ± 0.32 (1.9-3.0; 22) 2.66 ± 0.32 (2.1-3.3; 18) 3.63

Blade length 4.43 ± 0.35 (3.7-5.3; 22) 5.55 ± 0.62 (4.2-6.7; 18) 7.44

Denticle length 8.23 ± 0.56 (7.2-9.4; 22) 9.44 ± 1.06 (7.4-11.4; 18) 10.09

Number of denticles 19.29 ± 0.96 (18-21; 21) 23.67 ± 1.03 (22-26; 18) 29

Pins/denticle 8.32 ± 0.48 (8-9; 22) 10.76 ± 0.90 (10-12; 17)

*Only one parasite well impregnated of this specie was found in the present study.

Page 88: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

69

Table 4.2. Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard

deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured).

Characters T. centrostrigeata T. migala T. heterodentata T. compacta

Body diameter 55.73 ± 5.02 (47.0-64.9; 22) 76.01 ± 5.66 (70.5-83.6; 4) 70.45 ± 6.06 (63.9-80.4; 9) 53.09 ± 2.20 (49.9-57.9; 9)

Border membrane 3.71 ± 0.84 (2.1-5.4; 22) 5.67 ± 0.50 (5.1-6.2; 4) 5.43 ± 0.53 (4.6-6.0; 9) 4.61 ± 0.53 (3.6-5.4; 9)

Adhesive disc 49.03 ± 5.31 (39.1-60.1; 23) 64.71 ± 6.83 (57.7-73.7; 4) 59.61 ± 5.58 (53.5-68.3; 9) 44.35 ± 2.09 (42.0-49.1; 9)

Denticulate ring 26.04 ± 2.89 (21.7-32.0; 24) 40.79 ± 5.50 (35.8-48.5; 4) 39.09 ± 6.99 (29.7-50.6; 10) 27.13 ± 2.13 (25.2-32.3; 9)

Central circle - - - 13.11 ± 1.66 (10.7-16.1; 9)

N of central ridges 13.22 ± 1.93 (10.0-17.0; 24) - - -

Denticle span 12.82 ± 1.94 (9.8-16.3; 24) 18.48 ± 2.02 (15.8-20.2; 4) 17.64 ± 1.64 (14.8-19.8; 10) 11.80 ± 0.87 (10.9-13.7; 9)

Ray length 4.57 ± 0.98 (2.5-6.7; 24) 8.30 ± 1.59 (6.0-9.7; 4) 9.61 ± 1.33 (7.3-11.6; 10) 5.38 ± 0.50 (4.7-6.2; 9)

Central part 2.42 ± 0.54 (1.4-3.3; 24) 3.43 ± 0.81 (2.6-4.3; 4) 2.46 ± 0.27 (2.1-3.0; 10) 2.30 ± 0.33 (1.6-2.7; 9)

Blade length 5.73 ± 0.94 (4.1-7.5; 24) 6.56 ± 0.87 (5.3-7.2; 4) 5.51 ± 0.52 (4.6-6.1; 10) 4.12 ± 0.51 (3.5-4.9; 9)

Denticle length 4.51 ± 0.37 (3.8-5.3; 24) 8.53 ± 0.48 (8.0-9.0; 4) 9.00 ± 1.03 (7.1-10.7; 10) 8.16 ± 0.51 (7.5-8.9; 9)

Number of denticles 27.71 ± 1.00 (26-30; 24) 27.00 ± 1.41 (26-29; 4) 23.90 ± 2.08 (22-28; 10) 19.00 ± 0.76 (18-20; 8)

Pins/denticle 9.33 ± 1.15 (8-10; 3) 10.00 ± 0 (10-10; 4) 10.40 ± 1.14 (9-12; 5) 8.89 ± 1.05 (8-10; 9)

Page 89: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

70

Table 4.2. Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard

deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured). (Continuation.)

Characters P. africana T. orthodens Trichodinella sp.

Body diameter 25.04 ± 2.50 (21.6-29.8; 20) 27.36 ± 1.35 (24.9-29.1; 9) 22.94 ± 2.38 (20.2-25.7; 6)

Border membrane 1.80 ± 0.19 (1.3-2.1; 20) 2.50 ± 0.31 (1.8-2.9; 9) 2.04 ± 0.38 (1.5-2.5; 6)

Adhesive disc 21.24 ± 2.42 (17.7-26.3; 20) 22.36 ± 1.34 (19.8-24.2; 9) 21.65 ± 2.84 (18.5-24.4; 6)

Denticulate ring 12.42 ± 1.88 (9.4-16.3; 20) 10.88 ± 0.88 (9.3-12.5; 9) 12.01 ± 1.72 (10.2-14.4; 6)

Denticle span 5.82 ± 0.48 (4.7-6.7; 20) 7.42 ± 0.73 (6.3-8.5; 9) 4.37 ± 0.35 (4.0-5.0; 6)

Ray length 1.88 ± 0.33 (1.3-2.5; 20) 1.91 ± 0.23 (1.5-2.2; 9) 0.56 ± 0.08 (0.5-0.7; 5)

Central part 0.54 ± 0.10 (0.3-0.7; 20) 0.54 ± 0.06 (0.4-0.6; 9) 1.3 ± 0.15 (1.2-1.5; 5)

Blade length 3.33 ± 0.27 (2.7-3.8; 20) 4.87 ± 0.60 (3.7-5.7; 9) 2.34 ± 0.47 (1.7-2.8; 6)

Denticle length 2.42 ± 0.39 (1.7-3.4; 20) 2.57 ± 0.33 (2.1-3.1; 9) 2.21 ± 0.28 (1.9-2.6; 6)

Number of denticles 22.17 ± 1.10 (20-25; 18) 21.44 ± 1.01 (20-23; 9) 21.00 ± 1.41 (19-22; 5)

Pins/denticle - 5 ± 0 (5-5; 1) -

Page 90: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

71

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de fitoterápicos para prevenção e tratamento de enfermidades tem sido

amplamente utilizado. O estudo realizado avaliou o efeito imunoestimulante da suplementação

de alho em pó (Allium sativum) na dieta de alevinos de tilápia do Nilo na fase de alevinagem

em tanques-rede mantidos em condições de campo.

Ao se avaliar os efeitos terapêuticos de um vegetal, é importante conhecer os

compostos que envolvem a amostra e suas ações benéficas. Nesse sentido, realizou-se

prospecção fitoquímica encontrando-se resultados positivos para os compostos metabólicos

secundários flavonóides, saponinas, resinas e cumarinas. Na análise da composição do óleo

essencial, detectou-se os principais compostos organossulfurados, destacando-se a alicina com

27,82%. Ainda que não exista padronização nas concentrações dos compostos presentes no óleo

essencial e oriundos do metabolismo secundário das plantas, a amostra analisada apresentou

características apropriadas para ser utilizada no experimento.

O teste estatístico confirmou que a inclusão de 1% de alho em pó na dieta de

alevinos proporcionou maior número de leucócitos totais sugerindo estimulação do sistema

imune. Todos os tratamentos com inclusão de alho tiveram menor carga parasitária, indicando

ser uma ótima estratégia de prevenção de parasitoses, diminuindo os prejuízos econômicos que

estas podem causar.

No desempenho produtivo, apesar de ter sido observada diferença para o consumo

de ração, não houve diferença estatística entre os tratamentos para as demais variáveis. Ainda

assim, a inclusão de 1% de alho em pó na dieta proporcionou aumento de 26,8% no ganho de

peso e redução de 18,75% na conversão alimentar aparente em relação ao grupo controle.

Embora estas diferenças não sejam estatísticas, em pisciculturas comerciais, podem ser

decisivas na garantia do sucesso da atividade, proporcionando maior rentabilidade ao produtor.

Este estudo possibilitou a identificação de parasitas monogenéticos e tricodinídeos,

permitindo o primeiro registro da Trichodinella sp. no Brasil. Esta espécie é de difícil

identificação, devido às suas dimensões reduzidas em relação aos demais tricodinídeos. Esses

parasitas têm relevância no cenário da piscicultura mundial e o registro de novas espécies em

uma determinada região é importante para verificarmos a eficiência de barreiras sanitárias.

Essas informações também permitem a tomada de medidas sanitárias que previnam a

proliferação desses patógenos a fim de impedir a ocorrência da enfermidade.

O alho se mostrou um eficiente produto natural a ser utilizado na piscicultura, com

possibilidade de diminuir o uso de produtos químicos durante o processo produtivo, ampliando

Page 91: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

72

a sustentabilidade técnica, econômica e ambiental da atividade, que beneficia todos os

elementos da cadeia, desde o produtor até o consumidor final.

Outras pesquisas devem ser realizadas em condições de campo para que haja

melhores informações sobre os efeitos do alho em diferentes espécies, fases de

desenvolvimentos, assim como diferentes níveis de inclusão, uma vez que a piscicultura

continental brasileira se sustenta em diversas espécies criadas em diferentes sistemas de

produção.

Page 92: ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO ...cio_Sado...TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean

73

ANEXOS

ANEXO AA. PARECER CONSUBSTANCIADO REFERENTE AO PROJETO DE

PESQUISA DO PROTOCOLO N. 015/16