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1 EFICIÊNCIA DOS GASTOS PÚBLICOS NA PROVISÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS: uma avaliação dos municípios pernambucanos usando DEA Wallace da Silva de Almeida (PPECON/UFPE) 1 Acenaite da Silva de Almeida (Universidade Lusófona) 2 Vanessa da Silva de Almeida (ECT/UFRN) 3 RESUMO: Este artigo tem como principal objetivo realizar uma análise da eficiência dos gastos públicos na provisão de serviços educacionais no ensino fundamental dos municípios pernambucanos para o ano de 2009 e 2011 a partir de uma perspectiva que associa o nível de desenvolvimento da educação básica à qualidade dos dispêndios realizados, considerando o background econômico e social que tende a gerar impactos significativos nas unidades analisadas. Isso será feito através da formulação de um indicador de eficiência pública relativo à prestação de serviços educacionais no ensino fundamental dos municípios do Estado de Pernambuco a partir da aplicação do método Data Envelopment Analysis (DEA) com dados anuais disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e, também, pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda (STN/FIMBRA). Os resultados obtidos indicam que muitos municípios apresentaram performances abaixo do potencial que detinham, dada magnitude dos inputs utilizados, fornecendo à população, portanto, um serviço educacional não satisfatório tanto no que se refere ao nível de aprendizagem dos alunos matriculados no ensino fundamental quanto no nível de despesas realizadas. Palavras-chave: Eficiência dos Gastos Públicos; Ensino Fundamental; DEA; Pernambuco. 1 Mestrando em Economia Aplicada pela UFPE, Caruaru/PE, Brasil. 2 Mestranda em Educação pela Universidade Lusófona, Lisboa, Portugal. 3 Graduanda em Ciência & Tecnologia pela UFRN, Natal/RN, Brasil .

Almeida, w.s. Eficiência Dos Gastos Públicos Na Provisão de Serviços Educacionais - Uma Avaliação Dos Municípios Pernambucanos Usando Dea

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EFICIÊNCIA DOS GASTOS PÚBLICOS NA PROVISÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS: uma avaliação dos municípios pernambucanos usando DEA

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    EFICINCIA DOS GASTOS PBLICOS NA PROVISO DE SERVIOS EDUCACIONAIS: uma avaliao dos municpios pernambucanos usando DEA

    Wallace da Silva de Almeida (PPECON/UFPE)1

    Acenaite da Silva de Almeida (Universidade Lusfona)2 Vanessa da Silva de Almeida (ECT/UFRN)3

    RESUMO: Este artigo tem como principal objetivo realizar uma anlise da eficincia dos gastos pblicos na proviso de servios educacionais no ensino fundamental dos municpios pernambucanos para o ano de 2009 e 2011 a partir de uma perspectiva que associa o nvel de desenvolvimento da educao bsica qualidade dos dispndios realizados, considerando o background econmico e social que tende a gerar impactos significativos nas unidades analisadas. Isso ser feito atravs da formulao de um indicador de eficincia pblica relativo prestao de servios educacionais no ensino fundamental dos municpios do Estado de Pernambuco a partir da aplicao do mtodo Data Envelopment Analysis (DEA) com dados anuais disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) e, tambm, pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda (STN/FIMBRA). Os resultados obtidos indicam que muitos municpios apresentaram performances abaixo do potencial que detinham, dada magnitude dos inputs utilizados, fornecendo populao, portanto, um servio educacional no satisfatrio tanto no que se refere ao nvel de aprendizagem dos alunos matriculados no ensino fundamental quanto no nvel de despesas realizadas.

    Palavras-chave: Eficincia dos Gastos Pblicos; Ensino Fundamental; DEA; Pernambuco.

    1 Mestrando em Economia Aplicada pela UFPE, Caruaru/PE, Brasil.

    2 Mestranda em Educao pela Universidade Lusfona, Lisboa, Portugal.

    3 Graduanda em Cincia & Tecnologia pela UFRN, Natal/RN, Brasil.

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    INTRODUO A partir da dcada de 1990, perodo no qual o Brasil alcanou uma maior estabilidade

    econmica, estudos acerca da eficincia na aplicao de recursos pblicos e, tambm, da

    qualidade dos bens e servios ofertados pelo Estado passaram a receber maior ateno

    na literatura econmica. Desde ento, diversos instrumentos de avaliao tm sido

    propostos a fim de mensurar de forma mais adequada a dimenso qualitativa dos gastos

    governamentais em reas cuja relevncia apresenta-se fundamental para o

    funcionamento da economia, como: infraestrutura, sade, segurana, prestao de

    servios educacionais, entre outros.

    De acordo com Pinheiro & Giambiagi (2006), uma das principais barreiras impostas

    ao pleno desenvolvimento socioeconmico brasileiro refere-se ineficincia na oferta de

    bens pblicos e semi-pblicos, que, em grande parte dos casos, no apresentam os

    requisitos quantitativos e/ou qualitativos necessrios para viabilizar uma ampliao efetiva

    da produtividade da economia. Nesse sentido, entre os diversos bens e servios cuja

    responsabilidade da proviso est sob a tutela do Estado, este trabalho objetiva realizar

    uma anlise acerca da eficincia dos gastos governamentais com a Educao

    Fundamental a nvel municipal.

    No Brasil, nas ltimas dcadas, tem sido realizado um esforo contnuo para ampliar

    o tanto o acesso da populao escolaridade formal quanto qualidade dos servios

    ofertados no setor educacional atravs da implementao de polticas pblicas que

    objetivam elevar o nvel dos investimentos na rea. Entre essas polticas podem ser

    citadas a criao do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e

    de Valorizao do Magistrio (FUNDEF) e do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento

    da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB). O

    FUNDEF foi criado em 1996 e perdurou por dez anos com a finalidade de redistribuir os

    recursos provenientes de impostos municipais e estaduais para garantir o atendimento

    prioritrio aos estudantes do ensino fundamental. A fim de substituir o FUNDEF foi criado

    no ano de 2007 o FUNDEB, cuja finalidade destina-se a garantir o investimento no s no

    ensino fundamental, mas tambm ao ensino infantil e ao ensino mdio at o ano de 2020.

    Diversos benefcios econmicos e no-econmicos esto direta ou indiretamente

    relacionados aos investimentos realizados no setor educacional. Entre os benefcios no-

    econmicos gerados por uma melhoria na prestao de servios educacionais podem ser

    citados com exemplos: a diminuio dos ndices de criminalidade e a maior expectativa de

    vida. Por outro lado, a elevao do nvel de qualidade e eficincia do sistema educacional

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    pode gerar benefcios econmicos que vo desde o aumento dos retornos individuais

    (aumento dos rendimentos provenientes do trabalho e ampliao da estabilidade no

    emprego) at o aumento do nvel de produtividade local em virtude das externalidades do

    capital humano e a melhoria na distribuio de renda e sua persistncia ao longo do

    tempo. Nesse sentido, podem ser identificados alguns exemplos de pases que

    conseguiram, ao longo do sculo XX, alcanar um nvel expressivo de desenvolvimento

    socioeconmico a partir, entre outros fatores, da intensificao de investimentos em seu

    sistema educacional, como foi o caso do Japo e da Coreia do Sul.

    Considerando a necessidade de se desenvolver parmetros capazes de auxiliar na

    anlise da qualidade da aplicao de recursos governamentais a fim de prover subsdios

    para o debate sobre polticas pblicas direcionadas ao setor de educao, o presente

    estudo tem como principal objetivo a criao de um ndice de eficincia que relaciona o

    nvel de desenvolvimento da educao bsica (IDEB) qualidade da aplicao dos

    recursos pblicos associados prestao de servios educacionais no ensino

    fundamental no mbito municipal, a partir do qual ser efetuada uma avaliao dos

    dispndios realizados durante o perodo de anlise. Para atingir tal objetivo, ser aplicada

    a metodologia de Anlise Envoltria de Dados (Data Envelopment Analysis DEA) com a

    finalidade de estimar as fronteiras eficientes.

    Deve-se considerar ainda, que o Brasil um pas de dimenses continentais e que

    sua estrutura federativa garante uma participao efetiva das instncias sub-nacionais de

    governo em suas decises referentes realizao de polticas pblicas. Alm disso, as

    realidades econmicas, sociais, culturais e polticas de suas diversas regies so

    bastante diferentes. Deste modo, a implementao de um estudo destinado a uma rea

    especfica de seu territrio pode permitir uma observao mais detalhada sobre a

    eficincia dos gastos pblicos no setor educacional.

    Assim, o estudo aqui empreendido adotar como unidade bsica de anlise e de

    processamento de informaes os municpios que compem o Estado de Pernambuco.

    Apesar dos significativos avanos sociais e econmicos obtidos nos ltimos anos, ainda

    persistem significativas disparidades internas no referido Estado e sua populao

    apresentou, durante o perodo analisado, um nvel de escolaridade abaixo da mdia

    nacional de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA).

    Desta forma, torna-se fundamental a realizao de uma investigao especfica acerca da

    natureza dos potenciais fatores geradores destas desigualdades educacionais, enfocando

    no caso deste trabalho, na eficincia da alocao de recursos pblicos no ensino

    fundamental dos municpios pernambucanos.

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    Portanto, uma das contribuies deste trabalho refere-se adoo de uma escala

    geogrfica relativamente reduzida a fim de possibilitar uma observao mais detalhada do

    problema de pesquisa. Alm disso, o presente estudo realiza uma investigao

    direcionada a uma categoria especfica de nvel de escolaridade: o ensino fundamental.

    Outra relevante contribuio refere-se utilizao de um mtodo no-paramtrico, mais

    especificamente a tcnica Data Envelopment Analysis (DEA), para o desenvolvimento de

    um ndice de eficincia que relaciona o nvel de desenvolvimento da educao bsica

    qualidade dos gastos pblicos associados oferta de ensino fundamental nos municpios

    do Estado de Pernambuco.

    Alm desta introduo, a segunda seo apresenta os procedimentos metodolgicos

    e o modelo emprico de anlise adotados pelo presente estudo. Em seguida, na terceira

    seo, realiza-se a apresentao dos resultados obtidos pela pesquisa. Por fim, a ltima

    seo relata as consideraes finais.

    2. METODOLOGIA

    De acordo com a Constituio da Repblica Federativa do Brasil promulgada em

    1988, a educao, assim como a habitao e a sade, so direitos sociais cujo dever da

    oferta cabe ao Estado. No que se refere manuteno do fornecimento de ensino infantil

    e de ensino fundamental a competncia recai sobre os municpios, sendo atribuda

    Unio e aos Estados da Federao a responsabilidade pela contribuio tcnica e

    financeira na prestao desse servio a populao.

    Biderman & Arvate (2004) afirmam que a necessidade de interveno estatal a fim de

    garantir a proviso de servios educacionais populao pode ser justificada em termos

    de eficincia econmica, dada a existncia de imperfeies nos mercados e, tambm, de

    externalidades. Como j mencionado, as externalidades positivas da educao podem

    estar relacionadas, entre outros fatores, diminuio dos ndices de criminalidade, a

    melhoria da expectativa de vida, a elevao dos nveis de produtividade e rendimento etc.

    Nesse contexto, um dos objetivos fundamentais da cincia econmica , justamente,

    estudar a forma pela qual se d a alocao eficiente de recursos escassos para o

    atendimento de necessidades ilimitadas. Deste modo, a noo de eficincia, em termos

    econmicos, est diretamente relacionada otimizao na utilizao dos recursos.

    Existem pelo menos dois tipos de mtodos que podem ser aplicados para efetuar a

    estimao de um ndice de eficincia, so eles: os paramtricos e os no-paramtricos.

    No presente estudo o mtodo adotado para este fim ser o no-paramtrico, mais

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    precisamente a tcnica de Anlise Envoltria de dados (Data Envelopment Analysis

    DEA).

    O mtodo de Data Envelopment Analysis foi criado por Abraham Charnes, William

    Cooper e Edward Rhodes (1978) que, atravs da generalizao das medidas de eficincia

    de Farrel (1957), utiliza-se da programao matemtica linear para mensurar a eficincia

    produtiva de uma unidade tomadora de deciso (Decision Making Units DMU) em

    relao s demais observadas a partir da comparao ex post facto entre a utilizao de

    diversos insumos (inputs) e a gerao de mltiplos produtos (outputs), obtendo ao final do

    processo um ndice de eficincia relativa que atenda ao conceito de eficincia de

    Koopmans. Desta forma, a tcnica de Anlise Envoltria de Dados (DEA) possibilita que

    seja construda uma fronteira de produo com as unidades tomadoras de deciso

    (DMUs) eficientes, que so estabelecidas como parmetro de referncia para as outras

    DMUs avaliadas que se posicionam abaixo da fronteira eficiente estipulada.

    Neste estudo parte-se do pressuposto de que no de interesse social que haja uma

    reduo, no curto prazo, da disponibilidade de recursos governamentais para as unidade

    de observao eficientes, sendo, portanto, essencial que a oferta de servios

    educacionais no mbito do ensino fundamental sejam ampliadas a fim de permitir o pleno

    atendimento das necessidades da populao residente em cada um dos municpios

    analisados. Deste modo, esta pesquisa efetuar a otimizao considerando o modelo

    DEA orientado para o produto (outcome).

    Cabe ressaltar que o mtodo Data Envelopment Analysis bastante utilizado por

    diversos autores, tanto na literatura nacional quanto na literatura internacional, para a

    criao de indicadores, principalmente, de eficincia. No que se refere ao estudo sobre a

    eficincia na aplicao de recursos no setor de educao, pode-se citar, entre outros, o

    trabalho de Joumady & Ris (2005) que visava identificar as diferenas relativas de

    eficincia para um conjunto de 2.010 instituies de ensino superior europeias atravs da

    utilizao da metodologia DEA. Savian et. al. (2012) buscaram avaliar a eficincia dos

    gastos governamentais com a educao nas sries iniciais do ensino fundamental nos

    municpios paranaenses, nos anos de 2005 e 2009 a partir da aplicao da Anlise

    Envoltria de Dados (DEA), concluindo que em grande parte dos municpios do Estado do

    Paran os gastos pblicos com educao se mostraram ineficientes. De semelhante

    modo, com o uso da mesma metodologia, Almeida & Gasparini (2011) prope um ndice

    de qualidade e eficincia dos dispndios pblicos em educao e o aplica aos municpios

    do Estado da Paraba a fim de verificar quais cidades apresentavam-se mais e menos

    eficientes com relao oferta de servios educacionais.

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    Nesse contexto, o presente estudo visa realizar sua contribuio discusso sobre a

    eficincia dos gastos pblicos no ensino fundamental no mbito dos municpios

    pernambucanos, a partir de uma perspectiva que associa o nvel de desenvolvimento da

    educao bsica qualidade dos dispndios realizados, considerando o background

    econmico e social que tende a gerar impactos significativos nas unidades analisadas.

    Isso ser feito atravs da formulao de um indicador de eficincia pblica relativo

    prestao de servios educacionais no ensino fundamental dos municpios do Estado de

    Pernambuco.

    2.1. Descrio do Modelo DEA

    A metodologia Data Envelopment Analysis (DEA) fundamenta-se em uma amostra de

    dados observados para diversas unidades tomadoras de deciso (DMUs) com a

    finalidade de constituir um conjunto de referncias, classificando-as em ineficientes ou

    eficientes. Desta forma, o DEA atribui um score (valor) representativo para o desempenho

    relativo de cada uma das DMUs analisadas, que varia entre 0 e 1. Assim, de acordo com

    Savian et. al. (2012), o mtodo DEA permite que seja realizada a otimizao de cada

    dado individual a fim de calcular uma fronteira de eficincia cuja determinao dada

    pelo conjunto de DMUs que so Pareto eficientes.

    Considerando a existncia de unidades de produo de servios educacionais

    (municpios) a serem observadas e avaliadas e que essas unidades de

    produo utilizam insumos combinados para produzir outcomes

    . Para o caso de diversos inputs e outcomes com retornos constantes

    de escala, pode-se obter um indicador de eficincia atravs da formulao abaixo

    especificada, onde e representam os pesos dos inputs e outcomes respectivamente,

    conforme explicitado a seguir:

    sujeito a:

    ,

    Na formulao especificada na equao , quer dizer que a DMU 0 est

    posicionada na fronteira de eficincia, tornando-se, assim, referncia para fins de

    comparao com as demais. Por outro lado, se estar sendo indicado que h

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    desperdcio de recursos no seu processo de produo, desta forma, a DMU ser

    classificada como ineficiente em relao aquelas que esto na fronteira eficiente.

    Contudo, vale ressaltar que se e so solues factveis, logo e (em que

    um escalar maior que zero) tambm so solues viveis da programao matemtica.

    Portanto, somente a restrio de no-negatividade dos pesos ( ) insuficiente

    para garantir que a soluo de eficincia tcnica para seja nica.

    A fim de garantir que haja apenas uma soluo possvel deve-se inserir uma restrio

    adicional, a saber: o denominador da formulao fracionria especificada na equao

    precisa corresponder unidade . Ao incluir essa nova restrio, alm de

    garantir uma soluo nica para o sistema, torna-se possvel converter a anlise em uma

    problema de programao linear e, simultaneamente, possibilita a insero de

    Rendimentos Variveis de Escala (RVE). Assim, a variante do modelo de Anlise

    Envoltria de Dados (DEA) que maximiza o parmetro de eficincia com orientao para

    os outcomes pode ser obtida a partir da soluo do problema especificado a seguir:

    sujeito a:

    (condio de no-negatividade dos pesos)

    Cabe salientar que o ndice de eficincia relativa calculado atravs do modelo

    DEA, gera scores iguais um para as DMUs eficientes e scores maiores que um para

    DMUs ineficientes. Desse modo, a fim de estabelecer um ndice que varie entre 0 e 1,

    ser realizada a inverso do score gerado pela metodologia DEA adotada. Assim, as

    DMUs que estiverem posicionadas na fronteira eficiente permanecero com o score igual

    a um e as DMUs ineficientes apresentaro um score inferior a um.

    Considerando, simultaneamente, as disparidades internas entre os municpios

    pernambucanos e as caractersticas e limitaes do mtodo adotado, que exige uma

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    anlise restrita a unidades de produo proporcionais entre si e que possuam dimenses

    similares, optou-se pela utilizao do modelo DEA-BCC que admite Retornos Variveis de

    Escala (RVE). Adicionalmente, dada a sensibilidade do modelo aos outliers (valores

    atpicos), os municpios pernambucanos que apresentarem uma ou mais observaes

    extremas, sendo, portanto, uma provvel fonte de gerao de distores na determinao

    da fronteira eficiente, sero descartados para este fim. Contudo seus scores de eficincia

    sero calculados, mesmo que estes no sejam considerados na especificao da

    tecnologia produtiva utilizada. Deve-se mencionar que o processamento computacional

    dos clculos explicitados no modelo sero efetuados com o auxilio do software EMS

    Efficiency Measurement System, verso 1.3.

    2.2. Base de Dados A fim de cumprir com o objetivo proposto por este trabalho foram obtidos dados

    referentes aos municpios do Estado de Pernambuco disponibilizados pelo Instituto

    Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), pelo Instituto de

    Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) e tambm pela Secretaria do Tesouro Nacional do

    Ministrio da Fazenda (STN/FIMBRA) para os anos de 2009 e 2011.

    A principal preocupao do presente estudo foi obter informaes e dados que

    possibilitassem a construo de um indicador de eficincia dos gastos pblicos municipais

    com educao fundamental a partir de uma perspectiva que associasse o nvel de

    desenvolvimento da educao bsica qualidade dos dispndios realizados em cada

    unidade observacional.

    Nesse sentido, fez-se uso dos seguintes inputs (insumos): Nmero de escolas

    municipais com acesso a rede pblica de energia eltrica; Nmero de escolas municipais

    fornecedoras de ensino fundamental com acesso a rede geral de abastecimento de gua;

    Nmero de escolas que oferecem alimentao (merenda) a seus alunos; Nmero de

    docentes por aluno matriculado no ensino fundamental das escolas municipais e o

    Produto Interno Bruto per capita do municpio. Os outcomes (resultados) utilizados foram

    o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB), varivel que busca capta o

    nvel de desenvolvimento do setor educacional e o inverso das despesas municipais por

    discente matriculado no ensino fundamental.

    Dado que o IDEB disponibilizado a cada dois anos, optou-se por utilizar as duas

    ltimas publicaes na realizao deste estudo. Desse modo, como a ltima divulgao

    foi feita no ano de 2011, foram usadas informaes referentes aos anos de 2009 e 2011

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    para construo da base dados da pesquisa. Deve-se destacar que o IDEB representa

    mais um outcome do que propriamente um output. Produtos (outputs) seriam melhor

    representados por variveis que estivessem diretamente vinculadas a uma funo de

    produo, como a quantidade de alunos matriculados ou o nmero de discentes

    aprovados, por exemplo.

    Outra relevante observao acerca da base de dados refere-se utilizao do inverso

    das despesas municipais por discente matriculado no ensino fundamental. Considerou-se

    que, dado o nvel de inputs utilizados, gastar menos melhor, ou seja, um dos objetivos

    da poltica educacional deve ser a otimizao das despesas governamentais e a

    simultnea elevao da qualidade na aplicao desses recursos. Isto quer dizer que,

    quanto maior o inverso das despesas municipais por aluno matriculado, menor ser o

    gasto.

    Portanto, a utilizao dessa varivel pressupe que os agentes pblicos municipais

    devem buscar oferecer um servio educacional de qualidade e, simultaneamente, alocar

    os recursos pblicos de forma eficiente. Logo, os municpios que obtiverem os melhores

    desempenhos com relao ao indicador de eficincia relativa proposto sero,

    necessariamente, aqueles que apresentaram um bom nvel de aprendizagem escolar

    (medido pelo IDEB) e, ao mesmo tempo, estaro realizando, do ponto de vista relativo,

    uma boa gesto dos recursos pblicos direcionados a proviso de servios educacionais

    no ensino fundamental.

    As variveis empregadas no modelo emprico de anlise deste trabalho, assim como,

    suas respectivas fontes de coleta de dados podem ser observadas a partir do resumo

    descritivo demonstrado no Quadro 1 a seguir:

    Quadro 1 Descrio das variveis usadas para mensurar a eficincia do gasto pblico no ensino fundamental dos municpios pernambucanos

    LEGENDA VARIVEIS FONTES

    Outcomes

    ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB) INEP

    Inverso das despesas municipais por discente matriculado no ensino fundamental

    STN/FIMBRA

    Inputs

    Nmero de docentes por aluno matriculado no ensino fundamental CENSO

    ESCOLAR

    Nmero de escolas com acesso a rede pblica de energia eltrica CENSO

    ESCOLAR

    Nmero de escolas com acesso a rede geral de abastecimento de gua CENSO

    ESCOLAR

    Nmero de escolas que oferecem alimentao (merenda) a seus alunos CENSO

    ESCOLAR

    Produto Interno Bruto per capita municipal IPEADATA

    Fonte: Elaborao do autor.

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    Aps a eliminao dos municpios que no detinham todas as informaes

    necessrias para a estimao do modelo emprico, a amostra totalizou 157 unidades de

    observao para os anos de 2009 e 2011. Desse total de observaes efetivamente sero

    efetivamente avaliados na estimao do modelo DEA 133 municpios no ano de 2009 e

    136 municpios em 2011, cerca de 84,71% e 86,62% do total de observaes disponveis

    para os respectivos anos. Logo, os municpios que apresentaram uma ou mais

    observaes atpicas e, portanto, foram identificados como outliers representaram,

    respectivamente, 15,29% e 13,38% da amostra para os anos de 2009 e 2011. Assim, a

    fim de evitar distores que comprometam os resultados gerados, estes municpios que

    exibiram observaes atpicas no foram considerados na determinao da fronteira de

    eficincia, contudo, foram considerados na anlise empreendida. Assim, a relao de

    produo estimada pode ser sintetizada da seguinte maneira:

    Por fim, deve-se destacar, acerca do modelo adotado, que optou-se pela utilizao da

    variveis em nvel, objetivando com isso levar em considerao as diferentes dimenses

    apresentadas pelos municpios pernambucanos, realizando-se, portanto, as devidadas

    ponderaes em todas as variveis utilizadas no modelo de anlise.

    3. ANLISE DOS RESULTADOS

    Nesta seo ser realizada a apresentao dos resultados em trs partes. Primeiramente,

    ser efetuada uma breve anlise descritiva dos dados da amostra. Em seguida, sero

    construdos rankings com os municpios mais e menos eficientes com relao ao ndice

    de Eficincia dos Gastos Pblicos Municipais na Educao Fundamental ). Logo aps,

    na terceira parte, os resultados gerados sero agregados para as micro e mesorregies

    do Estado de Pernambuco.

    A Tabela 1, a seguir, apresenta as estatsticas descritivas de cada varivel utilizada

    para estimar a eficincia dos gastos pblicos municipais na educao fundamental.

    Observa-se atravs da Tabela 1 que a mdia do nmero de escolas com acesso a rede

    pblica de energia e abastecimento de gua, assim como, o nmero de escolas que

    oferecem alimentao (merenda) aos seus alunos matriculados no ensino fundamental

    foram reduzidas entre os anos de 2009 e 2011. De forma oposta, a relao docente/aluno

    apresentou um pequeno crescimento no perodo. Cabe destacar que a amplitude e

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    desvio-padro destas variveis confirmam a existncia de grandes diferenas quanto

    dimenso dos municpios pernambucanos.

    Tabela 1 Estatsticas descritivas das variveis utilizadas na pesquisa (2009-2011)

    VARIVES 2009 2011

    Mn. Mx. Mdia Desv.Pad. Mn. Mx. Mdia Desv.Pad

    Relao Docentes/Aluno 0,0684 0,1794 0,1178 0,0209 0,0790 0,1945 0,1239 0,0234

    Escolas com acesso energia eltrica 8 86 32,44 16,64 6 72 30,44 15,12

    Escolas com abastecimento de gua 1 38 10,68 7,10 1 32 9,90 7,13

    Escolas que oferecem alimentao 8 92 34,38 18,16 6 79 32,44 16,37

    PIB per capita (reais em 2011) 3.437,69 9.584,72 5.156,86 1.266,92 3.799,03 12.921,34 5.945,02 1.649,59

    Gasto pblico por aluno (reais em 2011) 1.666,68 3.999,34 2.640,45 385,58 2.732,42 5.547,04 3.509,44 438,70

    IDEB 2,2 4,0 3,0 0,4 2,1 4,3 3,1 0,5

    Fonte: Elaborao do autor.

    Com relao ao PIB per capita pode-se observar um crescimento real mdio de

    15,28% durante o perodo analisado. Contudo, observa-se tambm que existem grandes

    disparidades quanto ao nvel de desenvolvimento municipal (medido pelo PIB per capita),

    assim como, no nvel de investimento pblico dos respectivos municpios na educao

    fundamental. Estes fatores indicam diferenas municipais e regionais, que potencialmente

    podem elevar o nvel de desigualdades sociais e econmicas entre os municpios

    pernambucanos ao longo do tempo.

    A mdia dos gastos pblicos municipais por aluno em termos reais no ano de 2009 foi

    de R$ 2.640,45, enquanto que em 2011 foi de R$ 3.509,44 apresentando, portanto, um

    expressivo crescimento (32,91%), o que no necessariamente se refletir na elevao do

    ndice de eficincia da educao fundamental, uma vez que o objetivo econmico na

    aplicao de tais recursos fazer mais com menos.

    O IDEB apresentou mdia praticamente estvel no perodo passando de 3,0 pontos

    no ano de 2009 para 3,1 pontos em 2011. A significativa elevao na aplicao de

    recursos pblicos na educao fundamental observada no perodo pode ter contribudo

    para a ampliao de 3,3% na mdia desta varivel. Cabe salientar que o investimento no

    setor educacional requer um perodo maior de maturao. Desse modo, embora tenha

    sido pequeno, a magnitude desta expanso na mdia do IDEB dos municpios

    pernambucanos pode estar indicando a ocorrncia de melhorias efetivas na qualidade da

    educao bsica ofertada pelo Estado de Pernambuco.

    Conforme demonstram as Tabelas 2 e 3 a seguir, os municpios que ocuparam a

    primeira colocao nos rankings que consideram a relao docente/aluno e gasto/aluno

  • 12

    no ano de 2009, respectivamente, so: Quixaba e Santa Cruz da Baixa Verde. Por outro

    lado, os municpios que ocuparam a ltima posio nos mesmos rankings foram,

    respectivamente: Toritama e Ribeiro.

    Tabela 2 Nmero de docentes por aluno (2009)

    Ranking Municpio Docente/Aluno Ranking Municpio Docente/Aluno

    1 Quixaba 0,1794 124 gua Preta 0,0897

    2 Cedro 0,1682 125 Jataba 0,0838

    3 Brejinho 0,1669 126 Gameleira 0,0816

    4 Salgadinho 0,1654 127 Surubim 0,0813

    5 Ibirajuba 0,1635 128 Araoiaba 0,0799

    6 So Jos do Egito 0,1576 129 Buque 0,0782

    7 Casinhas 0,1535 130 Manari 0,0735

    8 Camocim de So Felix 0,1521 131 Alagoinha 0,0735

    9 Serrita 0,1492 132 Garanhuns 0,0700

    10 Ch de Alegria 0,1487 133 Toritama 0,0684

    Fonte: Elaborao do autor

    Tabela 3 Gasto pblico municipal por discente matriculado no ensino fundamental (2009)

    Ranking Municpio Gasto/Aluno(R$) Ranking Municpio Gasto/Aluno(R$)

    1 Santa Cruz da Baixa Verde 3.999,34 124 Brejo da Madre de Deus 2.174,62

    2 Calumbi 3.785,18 125 Toritama 2.159,06

    3 Solido 3.660,86 126 So Joaquim do Monte 2.149,66

    4 Floresta 3.483,72 127 Riacho das Almas 2.137,59

    5 Pesqueira 3.466,43 128 Correntes 2.136,07

    6 Parnamirim 3.444,34 129 Agrestina 2.093,57

    7 Terra Nova 3.401,06 130 Vitria de Santo Anto 2.044,14

    (Cont.)

    )

    8 Quixaba 3.363,27 131 Bom Conselho 2.004,95

    9 Catende 3.325,06 132 Quipap 1.933,06

    10 Poo 3.314,12 133 Ribeiro 1.666,68

    Fonte: Elaborao do autor. Nota: Valores em reais de 2011.

    Conforme demonstram as Tabelas 4 e 5 a seguir, os municpios que apresentam-se

    como os melhores colocados nos rankings que consideram a relao docente/aluno e

    gasto/aluno no ano de 2011, respectivamente, so: Orob e Itacuruba. De forma oposta,

    os municpios assumiram a ltima posio nos mesmos rankings foram, respectivamente:

    Inaj e So Benedito do Sul.

  • 13

    Tabela 4 Nmero de docentes por aluno (2011)

    Ranking Municpio Docente/Aluno Ranking Municpio Docente/Aluno

    1 Orob 0,1945 127 Tracunham 0,0881

    2 Tuparetama 0,1931 128 Garanhuns 0,0878

    3 Afrnio 0,1916 129 Tabira 0,0869

    4 Salgadinho 0,1848 130 Terra Nova 0,0868

    5 So Jos do Egito 0,1806 131 Alagoinha 0,0848

    6 Ribeiro 0,1733 132 Salgueiro 0,0847

    7 Ch de Alegria 0,1729 133 Altinho 0,0840

    8 Belm de Maria 0,1651 134 Calumbi 0,0817

    9 Sirinham 0,1636 135 Manari 0,0807

    10 Salo 0,1617 136 Inaj 0,0790

    Fonte: Elaborao do autor.

    Tabela 5 Gasto pblico municipal por discente matriculado no ensino fundamental (2011)

    Ranking Municpio Gasto/Aluno(R$) Ranking Municpio Gasto/Aluno(R$)

    1 Itacuruba 5.547,04 127 Jaqueira 2.987,36

    2 Nazar da Mata 4.837,34 128 Altinho 2.970,02

    3 Casinhas 4.711,50 129 So Jos do Egito 2.934,06

    4 Ibirajuba 4.614,37 130 Ipubi 2.901,28

    5 Machados 4.502,86 131 Bonito 2.899,93

    6 Itaquitinga 4.491,13 132 Joaquim Nabuco 2.896,79

    7 Custdia 4.427,29 133 Glria do Goit 2.868,28

    8 Vertente do Lrio 4.383,95 134 Riacho das Almas 2.858,68

    9 Cedro 4.342,58 135 Verdejante 2.827,93

    10 Vicncia 4.320,72 136 So Benedito do Sul 2.732,42

    Fonte: Elaborao do autor.

    A partir da construo do Indicador de Eficincia do Gasto Pblico Municipal na

    Educao Fundamental , observou-se, que no ano de 2009 aproximadamente

    18,05% dos 133 municpios considerados posicionaram-se na fronteira de eficincia

    colocando-se como referncias para os demais, na medida em que adotaram as melhores

    prticas. J no ano de 2011, cerca de 25% dos 136 municpios foram considerados

    eficientes, tornando-se, assim, referncia para os demais. Esses municpios foram

    considerados eficientes, pois, dados os inputs utilizados, obtiveram os melhores outcomes

    no comparativo com as outras localidades analisadas. Os Quadros 2 e 3, a seguir, exibem

    os municpios eficientes nos anos de 2009 e 2011 e mostra a quantidade de vezes que os

    respectivos municpios foram referncias (benchmark) para os outros.

  • 14

    Quadro 2 Municpios eficientes na prestao do servio educacional (2009)

    Municpio Benchmarks Municpio Benchmarks

    Alagoinha 36 Primavera 2

    Araoiaba 6 Quipap 47

    Barra de Guabiraba 1 Riacho das Almas 0

    Belm de Maria 71 Ribeiro 47

    Brejinho 5 Santa Cruz da Baixa Verde 2

    Calumbi 0 So Joaquim do Monte 1

    Condado 0 Tacaratu 27

    Garanhuns 0 Terezinha 6

    Jaqueira 26 Toritama 3

    Jucati 0 Tracunham 2

    Manari 5 Verdejante 0

    Moreilndia 0 Vertente do Lrio 2

    Fonte: Elaborao do autor.

    Quadro 3 Municpios eficientes na prestao do servio educacional (2011)

    Municpio Benchmarks Municpio Benchmarks

    Alagoinha 20 Jucati 1

    Altinho 2 Jurema 2

    Angelim 21 Lagoa do Itaenga 2

    Brejinho 0 Manari 2

    Buque 1 Paranatama 2

    Caets 1 Salgadinho 1

    Calumbi 0 Santa Filomena 1

    Camocim de So Flix 0 Santa Terezinha 0

    Canhotinho 55 So Benedito do Sul 56

    Carnaba 9 Solido 3

    Condado 0 Tabira 28

    Dormentes 3 Tacaratu 8

    Exu 17 Taquaritinga do Norte 25

    Glria do Goit 0 Terezinha 2

    Inaj 1 Tracunham 2

    Ipubi 6 Tuparetama 6

    Jaqueira 4 Verdejante 9

    Fonte: Elaborao do autor.

    O indicador apresentado no presente estudo assume valor entre 0 e 1. Assim, os

    municpios eficientes foram aqueles que alcanaram o valor mximo neste intervalo

    ou 100%) e os municpios que obtiveram outcomes abaixo do potencial que

    possuam, dada a magnitude dos inputs utilizados, exibiro valores inferiores a unidade

    ( ou inferior a 100%). Para exemplificar, as cidades que apresentaram indicador

    mais baixo nos anos de 2009 e 2011 foram So Vicente Ferrer e Vicncia

    , respectivamente.

    Conforme pode ser constatado atravs dos Quadros 2 e 3, alguns municpios foram

    tomados como referncias mais vezes para os demais. Entre eles, sobressaem-se no ano

  • 15

    de 2009 as seguintes cidades: Belm de Maria (71 vezes), Quipap (47 vezes) e Ribeiro

    (47 vezes). No ano de 2011 destacaram-se So Benedito do Sul (56 vezes) e Canhotinho

    (55 vezes). Esses municpios foram tomados como benchmarks com mais freqncia em

    relao s demais DMUs em funo do posicionamento privilegiado em que esto

    situadas na fronteira de eficincia. Isto se deve a gerao de resultados (outcomes) acima

    da mdia pernambucana, efetuando a aplicao dos recursos pblicos (inputs) de

    maneira mais eficiente no comparativo com as outras unidades de observao que

    possuem caractersticas e dimenses semelhantes.

    Desse modo, os municpios que compem a fronteira de eficincia devem ser

    utilizados como referncia para os municpios que detiverem propores semelhantes no

    que se refere utilizao dos inputs e a aplicao de recursos governamentais quando

    forem implementadas polticas pblicas associadas proviso de servios educacionais

    (ensino fundamental). Assim como importante apresentar as cidades que se destacaram

    positivamente, considera-se relevante exibir, tambm, aquelas cidades que demonstraram

    uma performance desfavorvel. A seguir, no Quadro 4, ser efetuada a apresentao das

    dez localidades cujo indicador de eficincia mostrou-se mais baixo no ano de 2009 e

    2011.

    Quadro 4 Municpios menos eficientes na proviso da educao (2009-2011)

    2009 2011

    Municpio IEF (%) Municpio IEF (%)

    Terra Nova 89,85 Sirinham 89,93

    Ch Grande 89,61 Itaquitinga 89,69

    Palmeirina 89,53 Casinhas 89,45

    (Cont.)

    (Cont.)

    Macaparana 89,05 Ibirajuba 89,13

    Oroc 88,97 Machados 88,18

    Parnamirim 88,97 Pombos 88,18

    Vicncia 88,81 Goiana 88,03

    Custdia 88,18 Itacuruba 87,95

    Floresta 88,18 Nazar da Mata 87,95

    So Vicente Ferrer 86,73 Vicncia 87,72 Fonte: Elaborao do autor.

    Embora os municpios identificados como outliers no tenham sido considerados na

    construo da fronteira eficiente a fim de evitar que os resultados gerados fossem

    viesados, optou-se por calcular tambm o ndice para estas cidades, dentre as quais

  • 16

    esto alguns dos municpios mais representativos do Estado de Pernambuco, pois

    considera-se relevante observar se eles so eficientes ou no na aplicao de recursos

    pblicos direcionados a proviso de servios educacionais no ensino fundamental.

    De acordo com os dados expostos no Quadro 5, pode-se observar que 68% dos 24

    municpios classificados como outliers para o ano de 2009 foram eficientes, dada a

    disponibilidade de recursos alocados. Em 2011 cerca de 57% das 21 localidades

    consideradas outliers foram eficientes. Deve-se destacar que, ao contrrio do esperado,

    algumas das principais cidades pernambucanas no obtiveram desempenho de eficincia

    na aplicao de seus respectivos recursos. Este foi o caso de Recife, Jaboato dos

    Guararapes e Cabo de Santo Agostinho no ano de 2009 e Caruaru, e novamente,

    Jaboato dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho em 2011. Outro resultado que

    merece destaque refere-se elevao expressivas do ndice nos municpios de

    Camutanga, Ipojuca, Itaba e Recife entre os anos de 2009 e 2011, respectivamente,

    52,65%, 24,32%, 18,66% e 19,74%.

    Quadro 5 Municpios atpicos eficientes quanto ao IEF (2009-2011)

    Fonte: Elaborao do autor.

    2009 2011

    Municpio IEF (%) Municpio IEF (%)

    Abreu e Lima 100,00 Cabo de Santo Agostinho 94,79

    Afogados da Ingazeira 100,00 Cachoeirinha 100,00

    guas Belas 100,00 Camutanga 100,00

    Belo Jardim 84,60 Caruaru 99,01

    Bezerros 100,00 Ingazeira 90,91

    Buenos Aires 100,00 Ipojuca 84,67

    (Cont.)

    (Cont.)

    Cabo de Santo Agostinho 97,37 Itaba 86,36

    Cachoeirinha 100,00 Itapissuma 97,37

    Camutanga 47,35 Jaboato dos Guararapes 95,88

    Caruaru 100,00 Olinda 100,00

    Igarassu 100,00 Ouricuri 100,00

    Ingazeira 100,00 Paulista 100,00

    Ipojuca 60,35 Petrolndia 95,06

    Ipubi 100,00 Petrolina 100,00

    Itacuruba 100,00 Quixaba 100,00

    Itaba 67,70 Recife 100,00

    Jaboato dos Guararapes 99,30 Serra Talhada 90,33

    Lagoa do Itaenga 100,00 Toritama 100,00

    Olinda 100,00 Trindade 100,00

    Petrolndia 93,90 Triunfo 100,00

    Petrolina 100,00 Vitria de Santo Anto 100,00

    Recife 80,26

    Santa Filomena 100,00 Tuparetama 100,00

  • 17

    0,8000,8400,8800,9200,9601,000

    2009

    2011

    Conforme demonstra o Grfico 1, aproximadamente 77,78% das microrregies

    pernambucanas elevaram sua respectiva mdia de eficincia do gasto pblico com

    educao fundamental. A partir da anlise dos indicadores por microrregio

    pernambucana, constata-se que Suape foi a que, em mdia, apresentou o pior

    desempenho tanto no ano de 2009 quanto em 2011. Por outro lado, as microrregies que

    apresentaram, em mdia, os melhores desempenhos no ano de 2009 foram: Alto

    Capibaribe, Araripina e Itamarac. No ano de 2011 as microrregies cujo nvel mdio de

    eficincia mostrou-se mais elevado foram: Araripina, Recife e Petrolina. A seguir o Grfico

    1 demonstra os desempenhos de cada microrregio do Estado de Pernambuco durante o

    perodo analisado.

    Grfico 1 ndice de eficincia do gasto pblico na educao fundamental por microrregio

    Fonte: Elaborao do autor.

    Com relao s mesorregies pernambucanas, pode-se observar, atravs do Grfico

    2 apresentado a seguir, que tanto no ano de 2009 quanto no de 2011 a mesorregio So

    Francisco Pernambucano foi a que obteve o maior nvel mdio de eficincia na aplicao

    de recursos pblicos associados proviso de servios educacionais no ensino

    fundamental populao.

    Grfico 2 ndice de eficincia do gasto pblico na educao fundamental por mesorregio

    Fonte: Elaborao do autor.

    0,800 0,850 0,900 0,950 1,000

    Agreste Pernambucano

    Mata Pernambucana

    Metropolitana de Recife

    So Francisco Pernambucano

    Serto Pernambucano

    2009

    2011

  • 18

    CONSIDERAES FINAIS

    Atualmente, a tese de que a educao constitui um dos principais elementos a serem

    considerados a fim de viabilizar a promoo de um processo de desenvolvimento social e

    econmico capaz de reduzir as disparidades de rendimento entre as diversas regies de

    um pas amplamente aceita no meio acadmico. Entre os estudiosos que defendem

    esta tese encontram-se Pessa (1999), Glaeser & Mar (2001), Henriques & Mendona

    (2002), Porto (2004), Rocha et. al. (2011 e 2013) e Almeida et. al. (2014). Assim, torna-se

    necessrio, caso o objetivo seja construir uma sociedade mais justa e igualitria e com

    um economia mais moderna e dinmica, que a melhoria do sistema educacional seja uma

    prioridade de todas as esferas de governo.

    Apesar do governo brasileiro ter ampliado os investimentos no setor educacional,

    ainda existe uma carncia de indicadores capazes de auxiliar os gestores pblicos na

    realizao de uma avaliao objetiva acerca dos nveis de eficincia alcanados na

    aplicao de recursos direcionados a proviso de servios educacionais no mbito

    municipal.

    Ao identificar esta lacuna, o presente estudo buscou propor um indicador de eficincia

    relativa dos gastos pblicos municipais na prestao de servios educacionais no ensino

    fundamental a partir da utilizao do modelo Data Envelopment Analysis (DEA). Nesse

    contexto, a pesquisa deteve-se a examinar a relao entre o nvel de desenvolvimento da

    educao bsica e qualidade/eficincia dos dispndios pblicos realizados pelos

    municpios pernambucanos no ensino fundamental.

    Os resultados obtidos indicam que muitos municpios apresentaram performances

    abaixo do potencial que detinham, dada magnitude dos inputs utilizados, fornecendo

    populao, portanto, um servio educacional no satisfatrio tanto no que se refere ao

    nvel de aprendizagem dos alunos matriculados no ensino fundamental quanto no nvel de

    despesas realizadas. Constatou-se que apenas 18,05% dos municpios foram eficientes

    no ano de 2009 e 25% alcanaram o nvel mximo de eficincia em 2011. Entre as

    localidade eficientes, sobressaram-se no ano de 2009 as seguintes as cidades de Belm

    de Maria, Quipap e Ribeiro que exibiram os trs maiores benchmarks. No ano de 2011

    destacaram-se positivamente So Benedito do Sul e Canhotinho por terem sido tomadas

    como referncias com mais freqncia em relao s demais.

    A partir da anlise dos indicadores por microrregio pernambucana, constata-se que

    Suape foi a que, em mdia, apresentou o pior desempenho tanto no ano de 2009 quanto

    em 2011. Por outro lado, as microrregies que apresentaram, em mdia, os melhores

  • 19

    desempenhos no ano de 2009 foram: Alto Capibaribe, Araripina e Itamarac. No ano de

    2011 as microrregies cujo nvel mdio de eficincia mostrou-se mais elevado foram:

    Araripina, Recife e Petrolina. Com relao agregao por mesorregio pernambucanas,

    observou-se que tanto no ano de 2009 quanto no de 2011 a mesorregio So Francisco

    Pernambucano foi a que obteve o maior nvel mdio de eficincia

    Vale salientar, contudo, que os resultados gerados por este estudo precisam ser

    interpretados com cautela, pois a metodologia adotada, assim com qualquer outra, possui

    limitaes. Alm disso, a base de dados utilizada tambm apresenta limitaes que a

    impossibilitam de captar a realidade do sistema educacional nos municpios

    pernambucanos em sua totalidade. Por estas razes, os resultados apresentados por este

    estudo devem ser vistos como meras indicaes para a realizao de investigaes mais

    minuciosas sobre a temtica.

    Contudo, espera-se que o ndice de eficincia relativa aqui proposto, aplicado com a

    devida cautela, possa auxiliar os agentes responsveis pela execuo de polticas

    pblicas Pernambuco direcionadas ao setor educacional nos municpios pernambucanos,

    principalmente naquelas localidades cuja performance mostrou-se abaixo do potencial

    que detinham, dados os inputs utilizados, em virtude de ms prticas relativas.

    Por fim, assim como em Pernambuco, acredita-se que outros Estados brasileiros

    precisam de indicadores que busquem avaliar, ainda que de forma superficial, a eficincia

    dos gastos pblicos no setor educacional, tal como se pretendeu fazer neste estudo. A

    gerao de novas metodologias, alm da insero de novos dados a fim de ampliar e

    aprofundar a discusso sobre a temtica ser sempre desejvel, pois se de fato a

    educao deve assumir papel de fundamental importncia para que seja viabilizada a

    ocorrncia de um processo de desenvolvimento econmico e social sustentvel, tanto no

    mbito nacional quanto no regional, no atual contexto globalizado em que se inserem as

    relaes capitalistas de produo, o pas no poder deixar de realizar avaliaes

    constantes sobre a qualidade de seu sistema educacional a fim de possibilitar

    implementao de melhorias.

    REFERNCIAS

    ALMEIDA, W. S. ; Bessarria, C.N. Diferenciais de rendimento por gnero e raa no mercado de trabalho nordestino: uma anlise via regresses quantlicas e decomposio de Oaxaca-Blinder (1973). In: X ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA, 2014, Salvador/BA. X Encontro de Economia Baiana, 2014.

  • 20

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