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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Alteração da estrutura e composição da meiofauna estuarina em diferentes ciclos de maré no estuário do rio Itajaí-Açú - SC ALINE ZACCARON MEURER Itajaí, Outubro de 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Alteração da estrutura e composição da meiofauna estuarina em diferentes ciclos de

maré no estuário do rio Itajaí-Açú - SC ALINE ZACCARON MEURER

Itajaí, Outubro de 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Alteração da estrutura e composição da meiofauna estuarina em diferentes ciclos de

maré no estuário do rio Itajaí-Açú - SC ALINE ZACCARON MEURER

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental área de concentração Estrutura e Processos de Ambientes Aquáticos. Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI. Orientador: Dr. Tito César Marques de Almeida

Itajaí, Outubro de 2010

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, minhas irmãs, meu cunhado e minhas sobrinhas pelo apoio e por suas

existências.

Ao meu marido, namorado e amigo Xina por ter me incentivado e apoiado todo esse tempo.

Ao professor Tito pela orientação e paciência nessa “longa” jornada.

Ao professor Sérgio Netto pela orientação e pelo espaço cedido para processar minhas

amostras em Laguna.

Aos colegas do laboratório de comunidades aquáticas pelas intermináveis discussões sobre

analise de dados: Daniel, Jú, Ana, Matheus, Mariana e Maikon.

A Jú e Daniel pelas realizações das coletas e pelos mergulhos no rio Itajaí-Açú e todo o

pessoal que participou das coletas: Pedro, Marta e estagiários do laboratório de mergulho da

UNIVALI.

Ao pessoal do laboratório de ciências marinhas da UNISUL pelas conversas, risadas e

cafezinhos no final da tarde: Márcia, Andrezinho, Jorjana, Eduardo, Ana, Babi, Michel,

Chiquita e ao André pela ajuda nas amostras de meiofauna e discussões.

A Flavia pelas idas e vindas para Itajaí nas terríveis segundas-feiras.

Ao Porto de Itajaí pela bolsa de estudo.

A UNIVALI, ao Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência e Tecnologia Ambiental e a

Cris pelas conversas animadoras e chazinhos.

Aos colegas de mestrado que de alguma forma contribuíram para meu crescimento pessoal e

profissional.

E a essa energia divina que me faz levantar da cama todos os dias cada vez mais otimista de

que tudo vai dar certo.

A todos meu MUITO OBRIGADA!

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SUMARIO

RESUMO..................................................................................................................................vi ABSTRACT.............................................................................................................................vii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................1

2 OBJETIVOS .................................................................................................................5

2.1 OBJETIVO GERAL ...............................................................................................5 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................5

3 MATERIAIS E MÉTODOS .........................................................................................6

3.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................6 3.2 AMOSTRAGEM E PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS ...................................................7 3.3 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................ 10

4 RESULTADOS ........................................................................................................... 11

4.1 CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS NO PERÍODO DE ESTUDO ......................................... 11 4.1.1 Vazão ................................................................................................................ 11 4.1.2 Precipitação ...................................................................................................... 12 4.1.3 Maré ................................................................................................................. 13

4.2 ABIÓTICOS ............................................................................................................. 14 4.3 BIÓTICOS ............................................................................................................... 17

4.3.1 Meiofauna ......................................................................................................... 17 4.3.2 Nematoda .......................................................................................................... 20

5 TAXONOMIA DE NEMATODA .............................................................................. 25

6 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 27

7 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 31

8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Área de estudo no estuário do rio Itajaí-Açú...............................................................7

Figura 2. Fotos do local de estudo e da amostragem realizada no rio Itajaí-Açú.......................9

Figura 3. Vazão ao longo do ano de 2008 e vazão nos dias que de coleta...............................11

Figura 4. Precipitação ao longo do ano de 2008 e precipitação nos dias de coleta..................12

Figura 5. Altura da maré prevista nos dias em que foram realizadas as coletas. Setas indicam o

momento em as amostras de sedimento foram coletadas.........................................................13

Figura 6. Temperatura (Cº) e salinidade da coluna d’água das coletas realizadas no ano de

2008...........................................................................................................................................14

Figura 7. Valores médios das percentagens de areia e finos (silte e argila) entre os períodos de

amostragem e na interação de lua x maré.................................................................................15

Figura 8. Média da densidade (10 cm-2) e numero de espécies da meiofauna entre os períodos

de amostragem e na interação de período x lua........................................................................18

Figura 9. Análise de proximidade (MDS) da meiofauna entre os períodos de amostragem no

estuário do rio Itajaí-Açú..........................................................................................................19

Figura 10. Organismos dominantes do estuário do rio Itajaí-Açú............................................21

Figura 11. Media da densidade (10 cm-2), diversidade, numero de espécies e índice de

diversidade trófica de Nematoda do estuário do rio Itajaí-Açú................................................22

Figura 12. Analises de proximidade (MDS) de Nematoda entre os períodos de amostragem no

estuário do rio Itajaí-Açú......................................................................................................... 23

Figura 13. Distribuição e ocorrência dos grupos tróficos de Nematoda (%) entre os períodos,

luas e marés amostrados no rio Itajaí-Açú................................................................................24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Data e hora das coletas dos sedimentos realizadas no estuário do rio Itajaí-Açú.......9

Tabela 2. Valores derivados dos dados de sedimento entre os períodos de amostragem no rio

Itajaí-Açú..................................................................................................................................16

Tabela 3. Valores de F e p da análise de variância dos parâmetros do sedimento entre período,

lua e maré e interações entre esses fatores................................................................................16

Tabela 4. Taxa e densidades médias (10 cm-2) da meiofauna do primeiro e segundo período de

amostragem...............................................................................................................................17

Tabela 5. Valores de F e p da analise de variância dos parâmetros da meiofauna entre período,

lua e maré e interações entre esses fatores................................................................................18

Tabela 6. Analise de variância permutacional (PERMANOVA) da meiofauna entre período,

lua e maré e interações entre esses fatores................................................................................19

Tabela 7. Análise SIMPER para os grupos da meiofauna........................................................19

Tabela 8. Famílias, gêneros, grupos tróficos e densidades médias (10 cm-2) de Nematoda do

primeiro e segundo período de amostragem.............................................................................20

Tabela 9. Valores de F e p da analise de variância dos parâmetros de Nematoda entre período,

lua e maré e interações entre esses fatores................................................................................22

Tabela 10. Analise de variância permutacional (PERMANOVA) de Nematoda entre período,

lua e maré e interações entre esses fatores................................................................................23

Tabela 11. Análise SIMPER para os gêneros de Nematoda.....................................................24

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RESUMO

As marés são movimentos oscilatórios da superfície do mar que ocorre devido à atração do

sistema terra-lua-sol, sendo que a lua desempenha o papel principal. A diferença entre esses

níveis pode ser de menos de 1m, como no Mediterrâneo e Caribe ou de até 15 m como na

Baía de Fundy no Canadá. No Brasil, essa variação é de um pouco mais de 1 m em quase toda

a região sul e sudeste, podendo ultrapassar os 5 m no Maranhão. As luas cheia e nova criam

marés de maiores amplitudes, e as luas crescente e minguante as marés de menor amplitude.

No estuário do rio Itajaí-Açú a altura da maré varia no ciclo de sizígia e quadratura entre 1,1 e

0,3 m respectivamente, tendo a descarga fluvial como agente regulador dos processos e a

maré um papel secundário. As variações sazonais fazem com que no outono e na primavera a

maré de sizígia seja maior do que a que ocorre no inverno e no verão. Para avaliar os efeitos

da descarga fluvial e os diferentes ciclos de mares (vazante e enchente) sobre as diferentes

luas (sizígia e quadratura), foi realizado um estudo em uma área do estuário do rio Itajaí-Açú

durante um ciclo quinzenal lunar de julho e setembro de 2008. Cada ciclo abrangeu uma

semana de sizígia e uma semana de quadratura. Em cada semana foram escolhidos

aleatoriamente três dias e em cada dia realizadas coletas durante a maré vazante e maré

enchente. Nematoda foi responsável por mais de 80% do total dos organismos coletados,

sendo identificados 23 gêneros no primeiro período e 11 gêneros no segundo período. Assim

como o numero de gêneros e a densidade de Nematoda, o numero de taxa e densidade da

meiofauna caiu no segundo período de amostragem. A diversidade e o índice de diversidade

trófica dos Nematoda sofreram mudanças entre as luas, marés e períodos, com maiores

valores nas vazantes de quadratura de cada período. O presente trabalho demonstrou que

ocorreram alterações na estrutura e composição da meiofauna entre as luas de sizígia e

quadratura e entre as marés de vazante e enchente e que estes efeitos foram, de fato,

dependentes do período temporal analisado.

Palavras-chave: meiofauna estuarina - efeito - vazão - maré.

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ABSTRACT

Tides are oscillating movements of the sea surface that occurs due the attraction of the earth-

moon system, were the moon plays the lead role. The difference between these levels may be

less than 1 m, as occurs in Mediterranean and Caribbean or up to 15 m as in Bay of Fundy in

Canada. In Brazil, this variation is a little over 1 m in most parts of south and southeast, and

may exceed 5 m in Maranhão. The full and new moons create high tides currents, and the

waxing and waning moons influence the tides of lesser amplitude. In the estuary of Itajai-Açu

river the tidal height vary at the sinodical cycle of spring and neap between 1.1 and 0.3 m

respectively, where the riverine discharge acts as a regulator agent of the processes and the

tide has a secondary role. Seasonal variations mean that in the fall and spring the sinodical

cycle is greater than that which occurs in winter and summer. To evaluate the effects of

riverine discharge and the influence of different cycles of the lunar tide (neap and spring) and

daily (ebb and flood) was carried out an experiment on a sample area of the estuary of the

Itajaí-Açú river during a lunar cycle of biweekly in July and September 2008. Each cycle

comprised a week of spring tide and a week of squaring. In each week three days were chosen

randomly and each day samples were realized during flood tide (high tide) and low tide (low

tide). Nematodes accounted more than 80% of the total organisms collected, being identified

23 genera in the first period and 11 genera in the second period. As the number of genera and

density of Nematodes, the number of rate and density of meiofauna were reduced during the

second sampling period. The diversity and trophic diversity index of the Nematodes have

changed between the moons, tides and periods, with higher values at low water neap of each

period. The present study demonstrated that changes in structure and composition of

meiofauna between the moons and spring and neap tides between ebb and flood occurred, and

that these effects were, in fact, dependents of the time period analyzed.

Keywords: estuarine meiofauna - effect - runoff - tide.

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1 INTRODUÇÃO

Além da circulação dos oceanos, existem outros tipos de movimentos do mar que são

os movimentos repetitivos, chamados de ondas e marés. As ondas são produzidas pela ação

dos ventos que sopram sobre as águas superficiais. As marés são movimentos oscilatórios da

superfície do mar que ocorre devido à atração do sistema terra-lua-sol (Woodroffe, 2002),

sendo que a lua desempenha o papel principal (Turekian, 1969). A lua, devido a sua

proximidade com a terra, é o corpo celeste que mais influencia a maré, seguindo-se do sol, por

força da sua enorme massa. Estes movimentos são as maiores ondas conhecidas, sendo o

fenômeno mais evidente na costa, onde o nível do mar sobe e desce regularmente duas vezes

ao dia. A diferença entre esses níveis pode ser de menos de 1m, como ocorre no Mediterrâneo

e Caribe ou de até 15 m como na Baía de Fundy no Canadá. No Brasil, essa variação é de um

pouco mais de 1 m em quase toda a região sul e sudeste, podendo ultrapassar os 5 m no

Maranhão (Miranda et al., 2002).

As luas cheia e nova criam marés altas e correntes mais fortes, e as luas crescente e

minguante influenciam as marés de menor intensidade e amplitude. Na costa sul do Brasil

verifica-se uma influência acentuada da maré diurna, mas também dos sistemas semi-diurnos

do Atlântico Sul: duas marés - altas e duas marés-baixa no decurso de um dia. Além das

flutuações semidiurnas e diurnas que são dominantes, a maré tem componentes de longo

período, que podem ser quinzenal, mensal e anual. Os componentes quinzenais são

modulados pelas fases da lua, e a altura na sizígia - lua cheia ou nova – é maior que na

quadratura – quarto crescente ou minguante (Miranda et al., 2002). Diversas causas

meteorológicas influem sobre a altura do nível médio do mar: a pressão barométrica, o vento

e as cheias dos rios, contribuindo com uma proporção anormal de água doce, no caso de

estuários e bacias fechadas (Vieira, 1942).

No estuário do rio Itajaí-Açú a altura da maré média é de 0,8 m, variando no ciclo

sinodical de sizígia e quadratura entre 1,1 e 0,3 m respectivamente. No estuário do rio Itajaí-

Açú a descarga fluvial atua como agente determinante e regulador dos processos, sendo

controlada pela vazão de águas que escoam em direção ao oceano, e tendo a amplitude de

maré um papel secundário nos processos estruturadores do estuário. Desse modo, ainda que a

vazão fluvial controle o alcance da intrusão salina no estuário, a maré, em especial variações

entre sizígia e quadratura, influenciam no padrão de estratificação da salinidade no estuário

(Schettini, 2001, 2002).

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A hidrodinâmica exerce uma força na superfície do leito, provocando três tipos de

modificações: erosão, transporte e deposição do material sedimentar (Dyer, 1986). O

transporte do material sedimentar pode ser efetuado arrastando parte deste material no leito do

rio ou em forma de suspensão na coluna d’água. Rios que apresentam grande quantidade de

material particulado em suspensão apresentam uma capacidade menor de transporte em

relação a rios de águas claras. Dentre os processos de erosão e deslocamento de substrato, a

velocidade necessária para iniciar a movimentação dos grãos é maior do que a velocidade

para manutenção do movimento. Com velocidades abaixo da necessária para colocar o grão

em movimento inicia-se o processo de sedimentação (Schäfer, 1985). A erosão e o transporte

de frações do sedimento podem ressuspender os organismos na coluna d’água proporcionando

a sua dispersão (Günther, 1992).

Os processos hidrodinâmicos (circulação e mistura), assim como a variação dos ciclos

de marés, aparecem como um mecanismo que promoveria à quebra da estabilidade da coluna

d´água, a ressuspensão de sedimentos, o aumento da disponibilidade de nutrientes e alterações

na estrutura e abundância da comunidade bêntica (Pickett & White, 1985; Warwick & Uncles,

1980; Mclusky, 1981; Day et al., 1989; Hall, 1994). A natureza desses distúrbios pode ser

ocasionada por ação antrópica e também por processos naturais. O conjunto de processos que

leva a desestruturação (movimento) dos sedimentos pode ser definido como perturbação

física.

Comunidades bênticas de sedimentos inconsolidado de áreas sublitorais rasas estão

sujeitas a uma variedade de perturbações físicas que variam em freqüência e intensidade bem

como temporal e espacialmente (Clark & Warwick, 1994). Eventos naturais têm mostrado

causar uma serie de respostas em populações de invertebrados bentônicos (Tuner et al., 1995;

Commito et al., 1995; Schoeman et al., 2000), tais como passagens de frentes frias (Galluci &

Netto, 2004; Negrello Filho et al., 2006) e eventos de tempestades (Günther, 1992;

Underwood, 1999). A severidade do impacto esta aparentemente relacionada à escala e

duração do evento (Bender et al., 1984), à natureza de sua periodicidade, às características do

ambiente e à estrutura inicial da comunidade.

A distribuição da comunidade meiobêntica esta em geral associada a um conjunto de

comportamentos, dependendo da interação dos fatores bióticos tais como disponibilidade de

alimento, reprodução e relações intra e interepecíficas e fatores abióticos como tamanho da

partícula de sedimento, salinidade, temperatura, hidrodinamica, ação de ondas e o fluxo de

correntes, dentre outros (Alongi, 1987; Sarma & Wilsanand, 1996). Dentre esses, os

principais fatores abióticos que influenciam a distribuição da meiofauna são: estrutura do

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sedimento, tamanho do grão (Boaden, 1963), temperatura, oxigênio dissolvido, ph e a

salinidade (Giere, 1993).

Dentre os organismos da meiofauna, os mais abundantes são os Nematoda que por sua

vez exercem importantes funções nos ecossistemas aquáticos, podendo ser citados seu papel

como fonte de alimento para diversas espécies, estímulo ao metabolismo bacteriano e

facilitador da remineralização da matéria orgânica, aumentando a regeneração de nutrientes nos

sedimentos (Giere, 1993). Para compreender a importância dos Nematoda de vida livre no

ambiente bêntico marinho, dados quantitativos e qualitativos de hábitos alimentares, nutrição

e estratégia de vida são fundamentais (Tietjen & Lee, 1973). Desse modo, os organismos mais

abundantes na superfície respondem e reagem mais rapidamente a estes eventos de

perturbação (Ullberg & Ólafsson, 2003).

Fatores como temperatura, ação das ondas, correntes, produção biológica, intensidade

da luz e compactação do sedimento, entre outros, irão mudar periodicamente com o ciclo de

marés, obrigando os organismos marinhos a adaptar-se a um ambiente instável, ou migrar

para camadas mais profundas do sedimento (Steyaert et al., 2001). Alguns grupos da

meiofauna respondem ao aumento da erosão dos sedimentos superficiais (Rhoads et al.,

1977), sugerindo que a distribuição vertical da meiofauna ocorre em função da intensidade do

fluxo de água no sedimento.

Estudos anteriores já demonstraram migrações dos Nematoda frente a mudanças dos

fatores bióticos e abióticos do ambiente causado pelas marés (Palmer & Gust, 1985; Palmer

1986, 1988; Fegley, 1987). Boaden & Platt (1971) estudaram a distribuição vertical da

meiofauna de praia ao longo de um ciclo das marés e percebeu que a migração da fauna para

sedimentos mais profundos ocorre em períodos de aumento da turbulência da água. Coull et

al., (1988) mostram que a perturbação causada pela alimentação de peixes juvenis também

contribui para esse processo de deslocamento vertical, e não sendo a mortalidade causada pela

predação dos Nematoda responsável pela diminuição desse grupo na camada superficial dos

sedimentos. Outro estudo feito a uma profundidade de mais de 500m sugere que o fluxo de

água no fundo pode reduzir a abundancia da meiofauna e macrofauna (Thistle & Levin,

1998). A passagem de navios também é um evento que exerce forças que mexem com a

estrutura do sedimento e causa turbulência na água, através da élice de sucção e arraste do

fundo do navio em lugares mais rasos (como no caso no rio Itajaí Açu) provocando correntes

e transporte de material (Lindholm et al., 2001). Ou seja, organismos da meiofauna tendem a

migrar/deslocar-se quando percebem algum tipo de perturbação no sedimento.

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Estudos sobre os efeitos de marés de sizígia e quadratura e de períodos de vazante e

enchente não foram encontrados até o momento, assim como também não existe dados sobre

a meiofauna do rio Itajaí-Açú. O presente trabalho trata de uma proposta inovadora, que

objetiva estudar o grau de influência de diferentes ciclos de marés diária (vazante e enchente)

e lunar (sizígia e quadratura) sobre a estrutura e composição da comunidade meiobêntica de

uma área sublitoral rasa do estuário do rio Itajaí-Açu, SC em diferentes épocas do ano

(junho/julho e setembro/outubro).

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar e descrever o efeito dos ciclos de marés sobre a estrutura e composição da

comunidade meiobêntica em dois períodos do ano na região estuarina do rio Itajaí-Açú.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar a composição da meiofauna do estuário do rio Itajaí-Açú;

• Determinar e comparar a abundância da meiofauna em ciclos de marés de lua de

sizígia e quadratura e em marés diária de vazante e enchente;

• Detectar efeito da vazão sobre a estrutura da meiofauna estuarina;

• Detectar possíveis mudanças na estrutura do sedimento (granulométrica e matéria

orgânica).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

O estuário do rio Itajaí-Açú, SC, está localizado na porção final da bacia

hidrográfica do rio Itajaí-Açú sendo a única vertente para o mar de toda a bacia estando,

delimitado ao sul pela cidade de Itajaí e ao norte pela cidade de Navegantes. Localiza-se no

litoral centro-norte de Santa Catarina e desagua no Oceano Atlântico em 26° 54’ Sul e 48° 40’

Oeste (Figura 1). A temperatura medial anual é de 21,8ºC, com verão quente e úmido e

inverno ameno. A precipitação média anual é de 1.416 mm (Gaplan, 1986), e as chuvas

ocorrem de 120 a 180 dias por ano.

O rio Itajaí-Açú é o maior escoadouro do estado de Santa Catarina, drenando uma

área de 15.500 km2, sendo considerada a maior bacia da vertente Atlântica (VA) catarinense.

O rio Itajaí-Açú apresenta morfologia típica de um rio meandrante (Schettini, 2002) (Figura

1). O regime de maré astronômica regional é caracterizado como de micromarés mistos com

predominância semi-diurna. A altura média de maré na desembocadura do estuário é de 0,8m,

com mínimas de 0,3m durante os períodos de quadratura e 1,2m nos períodos de sizígia

(Schettini et al., 1998). Os ventos predominantes durante todo o ano são os de nordeste,

exceto no inverno e na primavera onde o aumento da freqüência e intensidade das passagens

de frentes frias e o vento sul tende a predominar (Truccolo, 1998).

O estuário é caracterizado como do tipo cunha salina, na qual a intrusão salina pode

ser observada a uma distancia de 70 km estuário acima (Schettini et al., 1998). A descarga

fluvial média medida diariamente pela estação fluviométrica de Indaial (ANEEL) é da ordem

de 280 m3s-1, apresentando um valor mínimo e máximo observado de 16 e 5390 m3s-1,

respectivamente (Schettini, 2002). Com o aumento da descarga acima de 1.000 m3.s-1, a água

salgada é totalmente expulsa da bacia estuarina (Dobereiner, 1985).

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3.2 Amostragem e processamento das amostras

A amostragem foi realizada no sublitoral do estuário do rio Itajaí-Açú em frente ao

Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste Sul

(CEPSUL/ICMBIO) durante um ciclo quinzenal lunar de junho/julho e setembro/outubro de

2008 (Figura 2a). Cada ciclo abrangeu uma semana de sizígia e uma semana de quadratura.

Em cada semana foram escolhidos aleatoriamente três dias e em cada dia realizadas coletas

durante a enchente (preamar) e a vazante (baixamar) (Tabela 1). A primeira amostragem

aconteceu nos meses de junho/julho e foi chamada ao longo do trabalho de primeiro período e

a segunda amostragem que aconteceu nos meses de setembro/outubro foi chamada de

segundo período. A vazante e a enchente foram chamadas de maré e a sizígia e a quadratura

de lua. Os períodos foram definidos para testar a influencia da maré de equinócio (segundo

período) sobre a meiofauna. Para que não houvesse qualquer interferência do píer no local

escolhido, ponto ficou posicionado a 13 m de distancia em direção a calha do rio (Figura 2b),

com profundidade variando entre 3,5 e 5 metros.

As coletas de sedimento foram efetuadas por meio de mergulho autônomo com

auxílio da equipe do Laboratório de Mergulho da UNIVALI. Os mergulhadores desciam até o

Figura 1- Localização da área de estudo no estuário do rio Itajaí-Açú, SC

Oceano Atlântico

Estuário do Rio Itajaí-Açú

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ponto determinado pelo pesquisador e coletavam o material com um tubo de PVC com 15 cm

de diâmetro enterrado a 15 cm de profundidade no sedimento (Figura 2c). As amostras

coletadas eram fechadas nos dois lados, ainda no fundo, com uma tampa hermética de PVC,

trazidas até o píer do CEPSUL para ali ser verificada a adequabilidade e sub-amostradas

(Figura 2d). A adequabilidade de cada amostra foi examinada pelo pesquisador de acordo

com os seguintes critérios:

- Não haver evidência de lavagem ou perturbação do sedimento superficial;

- Distribuição homogênea de sedimento no interior do amostrador;

- Profundidade da amostra de no mínimo 5 cm, que foi o estrato analisado.

Foram subamostradas 3 réplicas para a meiofauna utilizando uma seringa plástica de

2,0 cm de diâmetro por 5 cm de profundidade. Logo após as coletas, as amostras foram

acondicionadas em frascos plásticos de 250 ml e fixadas com solução salina de formol a 4%.

As amostras de sedimento para análise de matéria orgânica, carbonato de cálcio e

granulometria foram coletadas utilizando um tubo de pvc com 5 cm de diâmetro enterrados a

5 cm no fundo. Logo após as coletas as amostras foram congeladas para posterior

processamento. A temperatura e a profundidade foram registradas em campo utilizando-se um

computador de mergulho da marca Oceanic e modelo Data Max Sport. A salinidade foi

medida com o auxilio de um refratômetro da marca Instrutherm modelo RTS – 28 ATC.

As amostras de meiofauna foram processadas segundo métodos descritos por

Somerfield e Warwick (1996). As amostras de meiofauna foram lavadas em um jogo de

peneiras com abertura de 0,5 e 0,063 mm e fixadas em formalina 4%. A fauna retida na malha

de 0,063 mm foi separada por flotação em sílica coloidal (Ludox TM 50; densidade específica

1,15 g/ml) por três vezes durante 50 minutos. O sobrenadante foi transferido para um bloco de

vidro cavado (“embryo dish”) contendo uma solução de glicerol (água, álcool e glicerina) e

depositado sobre uma chapa aquecedora (60°C) por aproximadamente 12 horas até a

evaporação da água e do álcool.

O material remanescente foi transferido para dentro do molde de parafina sobre uma

lâmina de microscópio. Uma lamínula foi colocada sobre o molde de parafina, e então foi

colocado o conjunto em uma placa aquecedora (50 a 60°C) derretendo a parafina. As

amostras foram identificadas em nível de filo ou classe (grupos meiofaunais) e os Nematoda

(grupo dominante) em nível específico de acordo com chave pictorial (Warwick et al., 1998).

Para o sedimento, inicialmente foi feito a secagem do material em estufa a 60º C.

Teores de matéria orgânica foram determinados posteriormente através da combustão do

sedimento em mufla a 550º C por uma hora (Dean, 1974). Depois de determinado os teores de

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matéria orgânica, as amostras foram levadas novamente para a mufla por uma hora a 1000º C

para obtenção dos valores de carbonato. A granulometria do sedimento foi determinada por

peneiramento e pipetagem (Suguio, 1973).

Tabela 1. Data e hora de coleta dos sedimentos no primeiro e segundo período nas luas de sizígia e quadratura e nas marés de vazante e enchente.

Primeiro período Segundo período

Quadratura Sizígia Quadratura Sizígia

24/06/2008 01/07/2008 23/09/2008 29/09/2008

Vazando Enchendo Enchendo Vazando Enchendo Vazando Enchendo Vazando

10: 00 hs 14:30 hs 10: 00 hs 15:00 hs 09:35 hs 16:00 hs 11:00 hs 17:00 hs

25/06/2008 02/07/2008 24/09/2008 30/09/2008

Vazando Enchendo Enchendo Vazando Enchendo Vazando Enchendo Vazando

10:00 hs 15:00 hs 10:00 hs 16:00hs 10:00 hs 16:00 hs 10:00 hs 17:00 hs

26/06/2008 03/07/2008 25/09/2008 01/10/2008

Vazando Enchendo Enchendo Vazando Enchendo Vazando Enchendo Vazando

09:30 hs 17:00 hs 11:00 hs 16:00 hs 11:00 hs 16:00 hs 10:00 hs 17:00 hs

Figura 2a. Píer do centro de pesquisa e gestão de recursos pesqueiros do litoral Sudeste Sul (CEPSUL/ICMBIO) denominado de “Cepsul. Figura 2b - Área de coleta em frente ao píer do Cepsul. Figura 2c – Mergulhadores da Univali que realizaram as coletas. Figura 2d – Amostra sendo sub-amostrada pelo pesquisador logo após elas serem entregues pelos mergulhadores.

b

c d

a b

c d

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3.3 Análise de dados

Métodos univariados e multivariados foram utilizados segundo proposto por Clarke e

Warwick (1994). Como medidas univariadas da estrutura da comunidade meiobêntica foram

utilizados o número total de espécies (S) e número total de organismos (N). Além desses foi

utilizado também a diversidade de Shannon-Wienner (H’ utilizando-se log2), equitabilidade e

o índice de diversidade trófica (ITD) para os Nematoda. O índice de diversidade trófica é

baseado na proporção de cada um dos 4 tipos alimentares de Nematoda (Heip, 1985) que

foram classificados de acordo com Wieser (1953) em:

1A – detritívoros seletivos;

1B – detritívoros não seletivos;

2A – comedores de algas;

2B - predadores.

Uma vez que os valores de ITD variam de 0,25 (maior diversidade trófica com os 4 grupos

tróficos representando 25% cada) até 1.0 ( menor diversidade trófica quando poucos tipos

alimentares estão presente). Como a maior pontuação trófica mostrava valores mais baixos,

foi usada uma versão modificada do índice 1-ITD para melhorar a visualização gráfica.

Com o objetivo de verificar o efeito dos períodos, luas e marés sobre os descritores

numéricos de estrutura da fauna foi utilizada análise de variância, considerando os 3 fatores

como ortogonais e fixos. A homogeneidade das variâncias foi avaliada através do teste C

Cochran e a normalidade pelo de Kolmogorov-Smirnov e, se necessário os dados

transformados em log (x+1). Este efeito sobre a composição da meiofauna e dos Nematoda

foi verificado por meio da análise de variância permutacional aplicada sobre a matriz de

similaridade calculada por meio do coeficiente de Bray-Curtis, sendo os valores da fauna

bêntica transformados em log (x+1) (PERMANOVA) (Anderson, 2001 e 2005).

Para os dados derivados do sedimento (granulometria, teores de matéria orgânica e

carbonato de cálcio) também foram aplicadas análises de variância seguindo o mesmo

procedimento descrito para a fauna.

As similaridades entre as amostras foram representadas por meio do diagrama

bidimensional do escalonamento multidimensional não-paramétrico (MDS). As contribuições

dos diferentes grupos meiofaunísticos e da nematofauna, para os fatores testados e suas

interações, foi calculada por meio da rotina SIMPER (Similaridade Percentual) do PRIMER

v.6.0 (Clarke & Warwick, 1994).

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0100200300400500600700800900

1000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2008

Ano

dia

me

ns

al

da

va

o (

m3.s

-1)

050

100150200250300350400450

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1

Jun Jul Set Out

Meses de coleta

Va

o (

m3.s

-1)

4 RESULTADOS

4.1 Características ambientais no período de estudo

4.1.1 Vazão

A vazão média mensal no ano de 2008 no rio Itajaí-Açú variou pouco mais de 100 m3.s-1

no mês de julho a 900 m3.s-1 no mês de novembro. Durante as amostragens do primeiro

período de coleta da semana de quadratura (junho) a vazão variou de 125 a 100 m3.s-1, sendo

que na semana de sizígia (julho) a vazão variou de 250 m3.s-1 no primeiro dia a pouco menos

de 175 m3-.s-1 no ultimo dia de coleta. Para as amostragens do segundo período de coleta a

vazão na quadratura variou de 200 m3.s-1 (primeiro dia) a 150 m3.s-1 (último dia) e na sizígia a

variação ficou entre 170 m3.s-1 e 150 m3.s-1 (Figura 3).

Figura 3. Média mensal da vazão ao longo do ano de 2008 e vazão total ao longo dos dias em cada mês de coleta. Setas indicam exatamente o dia em que foram realizadas as coletas, e os demais dias mostram a vazão que antecedeu as coletas. Junho e julho correspondem ao primeiro período de amostragem, e setembro e outubro correspondem ao segundo período de amostragem.

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4.1.2 Precipitação

A precipitação média na bacia do rio Itajaí-Açú ao longo do ano de 2008 variou de 50 mm

no mês de julho a 800 mm no mês de novembro. Durante as coletas na quadratura do primeiro

período choveu somente no terceiro dia de amostragem e menos de 5 mm, já na sizígia não

choveu. Na amostragem feita na quadratura do segundo período também não choveu, porem

choveu nos dias que antecederam a coleta (25 mm). Na sizígia a chuva ocorreu antes (22 mm)

e durante toda a amostragem (10 mm) (Figura 4).

0

100200

300

400

500600

700

800

900

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ano 2008

Me

dia

to

tal

de

ch

uv

a

(mm

)

Figura 4. Média (total) de chuva das estações de Blumenau (Fonte: Epagri/ Ciram/Furb), Indaial (Fonte: Epagri/Ciram/Inmet) e Itajaí (Fonte: Epagri/Ciram) ao longo do ano de 2008 e média (total) de chuva ao longo dos dias nos meses de coleta. As setas indicam exatamente o dia em que as coletas foram realizadas, e os demais dias foram os que antecederam as coletas. Junho e julho correspondem ao primeiro período de amostragem, e setembro e agosto correspondem ao segundo período de amostragem.

0

5

10

15

20

25

30

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1

Jun Jul Set Out

Datas coletas

dia

to

tal

de

ch

uv

a (

mm

)

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4.1.3 Maré

A maré na região do baixo estuário do rio Itajaí-Açú, durante as coletas realizadas no

primeiro período e segundo período no ano de 2008, de acordo com as previsões efetuadas

pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), encontrava-se em períodos de sizígia e

períodos de quadratura bem definidos, como mostra a figura 4. O gráfico mostra que a altura

da maré oscila de acordo com a lua de cada período. Na quadratura do primeiro período a

altura da maré mostrou valores máximos de 1,4 m e valores mínimos em torno de 0,3 m. Na

lua de sizígia os valores máximos da altura da maré nos dias de coleta variaram entre 1,4 m e

1, 5 m e os valores mínimos em torno de 0,2 m. No segundo período de amostragem a

quadratura mostrou valores máximos entre 1,0 m e 1,3 m e valores mínimos entre 0,2 m e 0,4

m. Já a sizígia mostrou valores máximos de 1,6 m e valores mínimos variando de 0,1 m a 0,2

m (Figura 5).

Figura 5. Altura da maré prevista para a região de Itajaí durante todo o período de amostragem com base nos dados da Diretoria de Hidrologia e Navegação DHN. As setas indicam exatamente em que maré as coletas foram realizadas e o momento de vazante e enchente. (http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/index.htm).

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4.2 Abióticos

A temperatura média da água no ponto de amostragem foi de 16ºC no primeiro

período (junho/julho) e 18ºC no segundo período (setembro/outubro). No primeiro período os

maiores valores de temperatura foram encontrados na maré de vazante. Já o segundo período

não mostra variação de seus valores entre as luas e marés. A salinidade nos dois períodos de

amostragem mostrou uma mesma variação (Figura6), com a quadratura apresentando pouca

variação entre as marés (vazante e enchente) e a sizígia com valores mais elevados na maré de

vazante.

De modo geral, os sedimentos do primeiro e segundo período foram caracterizados

como silte médio a grosso, e seleção variando entre pobremente selecionado a muito

pobremente selecionado. A assimetria, valor que mostra a tendência de uma curva normal

com referencia a seu valor médio, mostrou que nos dois períodos 85% das amostras

mostraram uma assimetria positiva e muito positiva. Em ambas as amostragens as

porcentagens de finos (silte e argila) foram elevadas, com os valores médios de 70 % na

primeira e 65% no segundo período. O conteúdo de matéria orgânica e carbonato de cálcio em

ambas as amostragens tiveram valores bem parecidos, com média de 2,5% e 4,5%

respectivamente (Tabela 2).

Os resultados das análises de variância (ANOVA) dos dados do sedimento mostraram

que as diferenças entre os fatores analisados foram muito pequenas, como mostra a tabela 3.

Somente os dados de areia e finos mostraram uma significância marginal de seus valores

(p=0,06) entre os períodos amostrados e também na interação de lua x maré (Tabela 3). No

primeiro período as percentagens de areia foram menores com uma média de 29,6% enquanto

Figura 6. Valores médios de temperatura e salinidade do rio Itajaí-Açú durante as amostragens realizadas no primeiro período (junho e julho) e segundo período (setembro e outubro) do ano de 2008.

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o segundo período mostrou uma média de 34,3% de areia. A interação entre lua x maré

mostrou que a vazante da quadratura apresenta valores de areia maior do que o restante da

amostragem. Já finos (silte e argila) mostrou um padrão inverso ao observado para areia, com

valores mais elevados no primeiro período com média de 70,4% e o segundo período com

65%. Na interação entre lua x maré pode-se observar maiores valores de finos na lua de

quadratura na maré de enchente (Figura 7).

Figura 7. Valores das percentagens de areia e finos (silte e argila) do rio Itajaí-Açú durante o primeiro e segundo período de amostragem e a interação entre lua (sizígia e quadratura) e maré (vazante e enchente).

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Tabela 3. Valores de F e p da analise de variância dos parâmetros do sedimento, avaliando as diferenças entre períodos (primeiro e segundo), luas (sizígia e quadratura) e marés (vazante e enchente) e a interação entre esses fatores. Valores em negrito indicam diferenças significativas. Areia Finos M. O. (%) Carb. (%)

GL F; p F; p F; p F; p

Período 1 4,08; 0,06 4,09; 0,06 1,54; 0,23 0,12; 0,72

Lua 1 0,79; 0,38 0,79; 0,38 1,08; 0,31 0,6; 0,44

Maré 1 3,65; 0,07 3,65; 0,07 0,21; 0,64 1,21; 0,28

Período x Lua 1 1,49; 0,23 1,49; 0,23 0,00; 0,96 0,00; 0,96

Período x Maré 1 1,05; 0,32 1,05; 0,31 0,22; 0,64 0,35; 0,55

Lua x Maré 1 3,96; 0,06 3,96; 0,06 1,27; 0,27 0,05; 0,82

Período x Lua x Maré 1 1,18; 0,29 1,18; 0,29 0,97; 0,33 0,71; 0,41

Tabela 2. Valores derivados dos dados de sedimento – média, mediana, seleção, assimetria, curtose, areia (%), finos (%), mo (%) e carbonato de cálcio (%) no primeiro e segundo período, luas de sizígia e quadratura e marés de vazante e enchente.

Período Lua Maré Média Mediana Seleção Assimetria Curtose Areia Finos Mo Carb.

Primeiro Quadratura Vazante 5,391 4,503 2,067 0,5192 1,045 37,85 62,15 1,27 2,81

Primeiro Quadratura Enchente 5,458 4,677 1,966 0,479 0,8269 26,61 73,39 1,91 3,85

Primeiro Quadratura Vazante 4,687 4,388 1,31 0,2839 1,616 30,08 69,92 2,36 4,79

Primeiro Quadratura Enchente 6,218 6,451 2,176 -0,159 0,5363 27,6 72,39 2,33 4,86

Primeiro Quadratura Vazante 5,204 4,883 1,653 0,2143 0,75 25,9 74,1 2,67 5,24

Primeiro Quadratura Enchente 5,483 4,775 2,06 0,3955 0,7296 26,94 73,06 2,73 5,46

Primeiro Sizigia Vazante 5,476 4,569 2,127 0,4925 0,5728 30,12 69,89 3,42 5,24

Primeiro Sizigia Enchente 5,406 4,564 2,096 0,4597 0,7468 27,8 72,2 3,59 5,18

Primeiro Sizigia Vazante 6,141 6,345 2,136 -0,1313 0,5373 30,39 69,62 1,65 3,21

Primeiro Sizigia Enchente 5,489 4,883 2,116 0,3293 0,8727 32,45 67,55 2,15 4,07

Primeiro Sizigia Vazante 4,982 4,557 1,755 0,3839 0,9664 29,29 70,72 2,03 6,11

Primeiro Sizigia Enchente 5,552 4,868 2,11 0,3729 0,7922 29,66 70,35 2,28 5,16

Segundo Quadratura Vazante 5,282 4,473 2,08 0,4615 1,088 34,51 65,49 3,6 4,95

Segundo Quadratura Enchente 5,437 4,661 1,961 0,4787 1,201 28,06 71,94 2,01 4,18

Segundo Quadratura Vazante 4,325 3,734 1,608 0,4104 0,6321 57,8 42,2 1,45 2,53

Segundo Quadratura Enchente 5,399 4,493 2,121 0,4939 0,8171 33,63 66,37 2,55 4,65

Segundo Quadratura Vazante 5,263 4,434 2,156 0,4498 0,6218 39,51 60,49 3,58 5,28

Segundo Quadratura Enchente 5,285 4,932 1,677 0,2284 0,9713 27,48 72,52 2,26 4,68

Segundo Sizigia Vazante 4,99 4,516 1,669 0,3328 0,8931 32,61 67,39 2,48 3,74

Segundo Sizigia Enchente 5,222 4,593 2,033 0,3796 0,7159 34,45 65,55 3,19 5,12

Segundo Sizigia Vazante 6,252 6,765 2,28 -0,3056 0,5332 38,18 61,83 2,74 4,18

Segundo Sizigia Enchente 4,195 4,327 0,7151 -0,369 1,203 27,71 72,2851 3,34 4,97

Segundo Sizigia Vazante 4,684 4,54 1,322 0,2998 1,733 24,22 75,783 2,46 4,44

Segundo Sizigia Enchente 4,142 4,281 0,968 -0,1023 1,439 33,84 66,156 2,95 5,55

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17

4.3 Bióticos

4.3.1 Meiofauna

Foram identificados 4108 indivíduos pertencentes a 7 grupos taxonômicos na área

de estudo durante as amostragens realizadas no primeiro período (Tabela 4). Desse total, 1978

inds. foram encontrados na quadratura (1067 inds. na vazante e 911 inds. na enchente) e 2130

inds. na sizígia (1040 inds. na vazante e 1090 inds. na enchente). A densidade total da

meiofauna variou de 73,2 inds. 10 cm-2 a 1.410,8 inds. 10 cm-2, sendo Nematoda o grupo

numericamente dominante, representando 89,6% da fauna coletada. Copepoda foi o segundo

grupo mais abundante e representou 4,3% do total da fauna. Os demais grupos taxonômicos

representaram juntos 6,1% do total da meiofauna.

Durante o segundo período de amostragem foram identificados 1379 indivíduos

pertencentes a 5 grupos taxonômicos (Tabela 4). Do total de organismos coletados, 773 inds.

foram encontrados na quadratura (412 inds. na vazante e 361 inds. na enchente) e 606 inds. na

sizígia (295 inds. na vazante e 304 inds. na enchente). As densidades totais variaram de 28,7

inds. 10 cm-2 a 369,4 inds. 10 cm-2, sendo Nematoda responsável por 96% do total dos

organismos coletados. Copepoda co-dominou as amostras representando 3% da fauna e os

demais organismos representaram 1% do total coletado.

Os resultados da análise de variância (ANOVA) indicaram significativas variações

para os descritores numéricos de estrutura da meiofauna (densidade e número de espécies)

(Tabela 5). Valores de densidade da meiofauna foram significativamente maiores no primeiro

Tabela 4. Densidades média dos Taxa da meiofauna encontrados no primeiro período e segundo período de amostragem (10 cm-2).

Taxa Primeiro período

Segundo período

Ácaro 0,44 0 Copépoda 15,7 3,5 Nematoda 322,7 117,6 Oligochaeta 2,9 0,1 Ostracoda 2,3 0 Polichaeta 6,2 0,6 Turbelária 10,0 0,2

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18

período de amostragem (média de 360,2 inds. 10 cm-2) do que no segundo período de

amostragem (média de 122 inds. 10 cm-2), não diferindo entre os demais fatores analisados. O

número de taxa da meiofauna mostrou interação significativa entre período e lua. O primeiro

período mostrou valores significativamente mais elevados principalmente na lua de

quadratura. Já o segundo período não mostrou diferenças entre as luas amostradas (Figura 8).

Tabela 5. Valores de grau de liberdade, F e p da analise de variância dos parâmetros da meiofauna avaliando as diferenças entre Período, Lua e Maré e as interações entre Período x Lua, Período x Maré, Lua x Maré e Período x Lua x Maré. Valores em negrito indicam diferenças significativas. Os dados de N e H foram transformados em log x+1.

GL

N F; p

S F; p

Período 1 52,86; 0,00* 61,59; 0,00*

Lua 1 0,68; 0,41 10,16; 0,00*

Maré 1 0,16; 0,68 0,54; 0,46

Período x Lua 1 0,06; 0,8 17,38; 0,00*

Período x Maré 1 0,03; 0,85 0,06; 0,81

Lua x Maré 1 0,12; 0,72 0,00; 1,00

Período x Lua x Maré 1 1,85; 0,17 0,00; 1,00

Os resultados das análises multivariadas mostraram que a meiofauna diferiu somente

entre os períodos (Figura 9). A PERMANOVA e o ordenamento não mostraram qualquer tipo

de diferença na estrutura multivariada da meiofauna entre lua e maré (Tabela 6).

Figura 8. Média e erro padrão da densidade (10 cm-2) e numero de espécies da meiofauna do baixo estuário do rio Itajaí-Açú. As analises de densidade foram realizadas com os dados transformados em logx+1.

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19

Tabela 6. Análise de variância permutacional (PERMANOVA) aplicada sobre a matriz da composição da meiofauna para os seguintes fatores: Período, Lua e Maré e interação Período x Lua, Período x Maré, Lua x Maré e Período x Lua x Maré. (GL) grau de liberdade, (SQ) soma dos quadrados, (MQ) média dos quadrados, (F) valores de F e (p) nível de significância. FATORES GL SQ MQ F P(MC) Período 1 20292714 292714 24,3 0,0001* Lua 1 1282071 1282071 1,53 0,2101 Maré 1 878767,1 878767,1 1,05 0,3489 Período x Lua 1 661935 661935 0,79 0,4666 Período x Maré 1 184843,8 184843,8 0,22 0,8538 Lua x Maré 1 200692,9 200692,9 0,24 0,8393 Período x Lua x Maré 1 415226,9 415226,9 0,49 0,6445

Os resultados das analises de SIMPER mostraram que a similaridade no primeiro

período foi de 61,08 e no segundo período foi de 65,45. Nematoda foi o organismo que

melhor caracteriza os dois períodos de amostragem contribuindo sozinho com 94,3% e

98% da fauna respectivamente. A diferença entre os dois períodos foi em função da

densidade média que caiu pela metade no segundo período de amostragem como mostra a

tabela 7.

Tabela 7. Percentual de similaridade (SIMPER) da meiofauna para o primeiro e segundo período. Abundancia média de Nematoda transformada para 10cm-2.

Taxa Abundancia

média %

contribuição %

cumulada Primeiro período Similaridade média de Bray-Curtis: 61,08 Nematoda 322,7 94,3 94,3 Segundo período Similaridade média de Bray-Curtis: 65,45 Nematoda 117,6 97,93 97,93

Figura 9. Análise de proximidade (MDS) aplicada sobre a matriz da composição da meiofauna comparando o primeiro e segundo período de amostragem. Stress de 0,16.

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20

4.3.2 Nematoda

Foram coletados e identificados 3621 Nematoda pertencentes a 23 gêneros (17

famílias) na área de estudo ao longo das coletas realizadas no primeiro período de

amostragem (Tabela 8). Desse total 2080 inds. foram encontrados na quadratura (856 inds. na

vazante e 1224 inds. na enchente) e 1541 inds. na sizígia (846 na vazante e 695 na enchente).

A densidade total de Nematoda variou de 3,2 inds. 10 cm-2 a 4426,8 inds. 10 cm-2. Sabatieria

e Terschelingia foram os gêneros numericamente dominantes, representando 71% do total de

Nematoda coletado (Figura 10).

No segundo período de amostragem foram coletados e identificados 1327 Nematoda,

pertencentes a 11 gêneros (10 famílias) (Tabela 8). Desse total 743 exemplares foram

encontrados na quadratura (391 inds. na vazante e 352 inds. na enchente) e 584 exemplares na

sizígia (283 inds. na vazante e 301 inds. na enchente). A densidade total de Nematoda variou

de 0 inds. 10 cm-2 a 2627,4 inds. 10 cm-2. Os gêneros dominantes também foram Sabatieria e

Terschelingia representando 86,4% do total de Nematoda coletado (Figura 10).

Tabela 8. Famílias, gêneros, grupos tróficos e densidades médias (10 cm-2) de Nematoda do primeiro período e segundo período (grupos tróficos: 2B-onívoros/predadores; 2A- microfitobentófagos; 1B detritívoros e 1A- comedores de depósitos seletivos). Famílias Gêneros

Grupos tróficos

Primeiro período

Segundo período

Aegialoalaimidae Adoncholaimus 1B 6,0 0

Anoplostomatidae Anoplostoma 1B 8,3 1,9

Chaetonema 1B 0,1 0

Axonolaimidae Parodontophora 1B 3,2 0,3

Comesomatidae Sabatieria 1B 123 73

Ceramonematidae Camphilaimus 1B 0,4 0

Chromadoridae Chromadorina 2A 0,5 0,3

Cyatholaimidae Minolaimus 1A 3,0 0

Desmodoridae Desmodora 2A 0,4 0

Spirinia 2A 0,1 0

Diplopeltidae Southerniela 1A 0,4 0

Enchelidiidaae Polygastrophora 2B 10,1 2,4

Ethmolaimidae Gomphionema 2A 0,5 0

Leptolaimidae Leptolaimus 1A 6,0 0

Antomicron 1A 2,1 1,0

Linhomoeidae Eumorpholaimus 1B 1,0 0

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Os resultados da análise de variância (ANOVA) mostraram que as variações dos dados

univariados (densidade, diversidade, número de espécies e índice de diversidade trófica e

equitabilidade) derivados dos Nematoda depende do fator analisado. Com exceção de

equitabilidade todos os demais índices tiveram interações significativas em seus valores.

Densidade e numero de espécies apresentaram diferenças significativas somente entre

períodos, mostrando valores mais altos no primeiro período de amostragem. Diversidade

mostrou interação entre período x lua x maré (Tabela 9, Figura 11). Embora o primeiro

período tenha mostrado valores mais altos, a variação entre a lua de quadratura em ambos os

períodos mostrou um mesmo padrão, com maiores valores na maré de vazante. Já a sizígia

mostrou maiores valores na enchente do primeiro período e na vazante do segundo período.

Índice de diversidade trófica indicou diferenças significativas entre os períodos e também na

interação de lua x maré. O primeiro período mostrou valores significativamente mais

elevados, sendo que na lua de quadratura os maiores valores foram encontrados na vazante. A

sizígia não apresentou variação entre as marés (Tabela 9, Figura 11).

Metalinhomoeus 1B 1,7 0,1

Terschelingia 1A 106,4 28,7

Microlaimidae Microlaimus 2A 0,44 0

Oxystominidae Oxystomina 1A 0,44 0

Oncholaimidae Viscosia 2B 8,7 3,8

Xyalidae Daptonema 1B 27,1 3,5

Theristus 1B 10,3 2,0

A B Figura 10. Organismos dominantes do baixo estuário do rio Itajaí-Açú. (A) gênero de Nematoda Sabatieria sp. e (B) gênero de Nematoda Terschellingia sp.

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Tabela 9. Valores de grau de liberdade, F e p da analise de variância dos descritores de Nematoda (densidade, diversidade, numero de espécie, equitabilidade e índice de diversidade trófica), avaliando as diferenças entre Período, Lua e Maré e as interações entre Período x Lua, Período x Maré, Lua x Maré e Período x Lua x Maré. Valores em negrito indicam diferenças significativas. Os dados de N e S foram transformados em log x+1.

GL N

F; p H’

F; p S

F; p J’

F; p ITD

F; p Período 1 24,02; 0,00* 30,06; 0,00* 43,67; 0,00* 0,75; 0,38 19,4; 0,00*

Lua 1 0,6; 0,43 2,01; 0,16 3,71; 0,58 0,01; 0,9 5,54; 0,02*

Maré 1 0,22; 0,64 6,32; 0,01* 3,64; 0.06 1,03; 0,31 5,39; 0,02*

Período x Lua 1 0,00; 0,95 0,23; 0,63 0,00; 0,95 1,01; 0,31 2,02; 0,15

Período x Maré 1 0,19; 0,65 0,00; 0,99 1,32; 0,25 0,91; 0,34 0,29; 0,59

Lua x Maré 1 0,14; 0,7 1,71; 0,19 0,04; 0,83 2,0; 0,09 4,15; 0,04*

Período x Lua x Maré 1 0,14; 0,7 5,63; 0,02* 1,26; 0,26 1,53; 0,21 1,73; 0,19

Os resultados das análises multivariadas mostraram que os dados de Nematoda

diferiram somente entre os períodos (Figura 13). A análise PERMANOVA e de ordenamento

não mostraram qualquer tipo de diferença na estrutura multivariada da meiofauna entre lua e

maré (Tabela 10).

Figura 11. Média e erro padrão da densidade (10 cm-2), diversidade, numero de espécie e índice de diversidade trófica (ITD) de Nematoda do baixo estuário do rio Itajaí-Açú. As analises de N e S foram realizadas com os dados transformados em logx+1.

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Tabela 10. Análise de variância permutacional (PERMANOVA) aplicada sobre a matriz da composição dos Nematoda para os fatores Período, Lua e Maré e interação Período x Lua, Período x Maré, Lua x Maré e Período x Lua x Maré. (GL) grau de liberdade, (SQ) soma dos quadrados, (MQ) média dos quadrados, (F) valores de F e (p) nível de significância. FATORES GL SQ MQ F P(MC) Período 1 14294,64 14294,64 9,50 0,0001* Lua 1 1756,161 1756,161 1,16 0,3031 Maré 1 1503,289 1503,289 0,99 0,3938 Período x Lua 1 1565,819 1565,819 1,04 0,3731 Período x Maré 1 2241,743 2241,743 1,49 0,1795 Lua x Maré 1 2047,179 2047,179 1,36 0,2131 Período x Lua x Maré 1 1653,116 1653,116 1,09 0,34

A análise dos percentuais de similaridade (SIMPER) revelou que o primeiro período

apresenta dominância de mais gêneros de Nematoda. Apesar de o primeiro período ter

apresentado mais gêneros, a similaridade dos dois períodos foi bem parecida com valores de

similaridade de 46,07 e 50,67 respectivamente. Quatro gêneros contribuíram com 92,55% da

similaridade de Bray-Curtis no primeiro período, entre eles: Sabatieria, Terschellingia,

daptonema e Polygastrophora. No segundo período apenas dois gêneros de Nematoda juntos

contribuíram com 91% da similaridade, sendo eles Sabatieria e Terschellingia (Tabela 11).

Figura 12. Análise de proximidade (MDS) aplicada sobre a matriz da composição d e Nematoda comparando o primeiro e segundo período de amostragem. Stress de 0,18.

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Tabela 11. Percentual de similaridade (SIMPER) dos gêneros de Nematoda que mais contribuíram para a similaridade nos dois períodos de amostragem. Abundancia média transformada para 10cm-2 e porcentagem de contribuição em ordem de significância.

Taxa Abundancia

média %

contribuição %

cumulada

Primeiro período Similaridade média de Bray-Curtis: 46,07

Sabatieria 122,9 45,55 45,55 Terschellingia 106,4 31,92 77,47

Daptonema 27,1 11,78 89,25 Polygastrophora 10,1 3,30 92,54

Segundo período Similaridade média de Bray-Curtis: 50,67

Sabatieria 72,9 66,10 66,10

Terschellingia 28,7 25,41 91,50

4.3.2.1 Grupos tróficos

Os Nematoda do primeiro e segundo período mostraram um mesmo padrão de

distribuição quando classificados de acordo com grupos tróficos (Figura 14). O grupo que

mais se destacou ao longo dos períodos (primeiro e segundo) foram os detritívoros não

seletivos ou 1B, com aproximadamente 57% e 68% do total dos Nematoda. Esse grupo é

representado principalmente pelo gênero de Nematoda Sabatieria, que também foi um dos

organismos numericamente dominante na área de estudo. Os detritívoros seletivos ou 1A co-

dominaram as amostras com 36% no primeiro período de amostragem e 26% no segundo

período de amostragem. O grupo 1A é representado pelo gênero de Nematoda Terschellingia,

que também foi um dos organismos dominante. Os predadores 2B, representados

principalmente pelo gênero Viscosia e Polygastrophora, contribuíram com 6% no primeiro

período e 5% no segundo período e os comedores de algas 2A com menos de 1% nos dois

períodos de amostragem (Figura 14).

Figura 14 – Distribuição e ocorrência dos grupos tróficos em porcentagem – 1A detritívoros seletivos; 1B detritívoros não seletivos; 2A comedores de algas e 2B predadores nos dois períodos de amostragem (primeiro e segundo), nas luas de sizígia e quadratura e marés de vazante e enchente.

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5 TAXONOMIA DE NEMATODA

Classificação filogenética dos gêneros de Nematoda identificados na área de estudo baseado em Platt e Warwick (1983, 1998) e Warwick et al (1998).

Filo Nematoda

Classe Enoplea Subclasse Enoplia Ordem Enoplida Subordem Enoplina Família Anoplostomatidae Anoplostoma Butschli, 1874 Chaetonema Filipjev, 1927 Família Oxystominidae Oxystomina Filipjev, 1921 Família Oncholaimidae Adoncholaimus Filipjev, 1918 Viscosia De Man, 1890 Família Enchelidiidae Polygastrophora De Man, 1922 Classe Chromadorea SubClasse Chromadoria Ordem Chromadorida Subordem Chromadorina Família Chromadoridae Chromadorina Filipjev, 1918 Família Comesomatidae Sabatieria Rouville, 1903 Família Ethmolaimidae Gomphionema Wieser & Hopper, 1966

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Família Cyatholaimidae Minolaimus Vitiello, 1970 Família Desmodoridae Desmodora De Man, 1889 Spirinia Gerlach, 1963 Família Microlaimidae Microlaimus De Man, 1880 Subordem Leptolaimina Família Leptolaimidae Antomicron Cobb, 1920 Leptolaimus De Man, 1876 Ordem Monhysterida Família Xyalidae Daptonema Cobb, 1920 Theristus Bastian, 1865 Família Linhomoeidae Eumorpholaimus

Metalinhomoeus De Man, 1907 Terschellingia De Man, 1888 Família Axonolaimidae Parodontophora Timm, 1963 Família Diplopeltidae Southerniella Alluén, 1932 Campylaimus Cobb, 1920

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6 DISCUSSÃO

As marés astronômicas na região sul do Brasil são de pouca amplitude, com menos de

1 metro em toda a região. No estuário do rio Itajaí-Açú a vazão é o principal condicionante

das enchentes e vazantes na área estuarina. Embora neste estudo tenha sido observado que na

média as maiores vazões ocorreram no segundo período de amostragem, a variabilidade na

descarga fluvial do rio Itajaí-Açú é elevada e não existe um padrão sazonal claro referente aos

picos de descarga, onde períodos de baixa intensidade são intercalados por pulsos de alta

descarga, que ocorrem com mais freqüência em fevereiro e outubro (Schettini, 2002). As

concentrações médias de chuva na região também foram maiores no segundo período de

amostragem. A temperatura, como era de esperar, apresentou flutuações sazonais bem

definidas, com temperaturas médias de 16ºC no primeiro período e 18ºC no segundo período

de amostragem.

Os resultados dos dados de sedimento mostraram diferenças de significância marginal

(p=0,06) para as percentagens de areia e finos entre os períodos amostrados e na interação de

lua x maré, com maiores percentagens de areia no segundo período e maiores percentagens de

finos no primeiro período amostrado. Na interação de lua x maré, pode-se observar um

aumento de areia na lua de quadratura e maré vazante enquanto observa-se uma queda nos

valores de finos. Entre os ciclos de enchente e vazante das marés ocorre um período de parada

na corrente da maré, o qual favorece a sedimentação das partículas em suspensão em

ambientes estuarinos (Ganju et al., 2004). Como os fundos de sedimentos não-consolidados

são substratos formados por partículas móveis, uma corrente mais forte tanto na maré de

enchente como na maré de vazante nesse local poderia carrear os sedimentos superficiais e

expor os sedimentos sub-superficiais tornando-os mais homogêneos. Na quadratura as

amplitudes de maré são menores, tornando relativamente maior o papel da descarga no

estuário, o que contribuiria para esse processo de erosão ou sedimentação. O primeiro período

em geral foi onde se observou as menores concentrações de chuva na região e

conseqüentemente as menores vazões na área de estudo e o segundo período de amostragem

foi onde ocorreram as maiores variações da amplitude da maré, com maiores vazantes e

enchentes e como conseqüência, correntes mais fortes. Estuários são regiões que possuem

papel fundamental no ciclo sedimentar por promoverem as trocas entre os oceanos e

continentes, atuando como receptores ou fornecedores de material sedimentar, e descrito

como áreas preferenciais de deposição (Miranda et al., 2002).

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Os resultados deste estudo no baixo estuário do rio Itajaí-Açú mostraram uma variação

na composição da meiofauna bêntica principalmente entre os períodos de amostragem.

Embora semelhantes à composição e a densidade da fauna diferem temporalmente entre os

períodos, indicando que essas diferenças estejam ocorrendo pelos processos de marés, por

influencia da vazão do rio Itajaí-Açú ou mesmo pelo período amostrado. Tanto para

meiofauna como para Nematoda, a densidade só mostrou diferenças significativas entre os

períodos de amostragem, com maiores valores no primeiro período. Vários estudos sobre a

meiofauna discutem a variação sazonal desta comunidade em função da maior disponibilidade

de alimento, ciclos reprodutivos de algumas espécies, ou ainda, a contribuição de material de

origem continental principalmente devido às chuvas que enriquece o ambiente (Hicks, 1985;

Gee & Warwick, 1985; Coull, 1988; Daltto & Albuquerque, 2000). Alguns trabalhos

(Moellmann, 1997; Corbisier et al., 2004) mostraram um maior enriquecimento de matéria

orgânica nos períodos de chuva e conseqüentemente uma variabilidade temporal da

meiofauna (Dalto & Albuquerque, 2000). Neste estudo as maiores concentrações de chuva se

deram no segundo período de amostragem, exatamente no período em que a densidade da

meiofauna caiu pela metade.

Nematoda foi o grupo que dominou amplamente na meiofauna, sendo responsável por

mais de 80% da meiofauna encontrada. O amplo domínio de Nematoda está dentro de padrões

normalmente encontrados e já bem estudados para ambientes lodosos de áreas estuarinas

(Gyedu-Ababio et al. 1999; Fonseca & Netto, 2006; Meurer & Netto, 2007). Foram

encontrados 24 gêneros de Nematoda no primeiro e 11 no segundo período de amostragem.

Se comparado com outras áreas marinhas, a diversidade de espécies em estuários é

surpreendentemente baixa (Little, 2000), é mais elevada em sedimentos arenosos, com mais

espécies especialistas, do que em sedimentos não capilares como silte e argila (Heip &

Decramear, 1974). Sabatieria e Terschelingia foram os gêneros numericamente dominantes,

representando 71% do total de Nematoda coletado no primeiro período e 86,4% no segundo

período. Sabatieria e Terchellingia são animais característicos de sedimentos mais finos

(Schratzberger & Warwick, 1998; Fonseca & Netto, 2006). Esses organismos são

caracterizados por um baixo consumo de oxigênio (Warwick & Price 1979) e, portanto,

tendem a dominar sedimentos pobres em oxigênio e ricos em matéria orgânica. Tal

dominância se deve ao fato de que apenas poucas espécies bênticas são capazes de estabelecer

densas populações em áreas onde se observa grande variação das características ambientais,

como em manguezais (Heip et al., 1985).

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Baixo número de espécies e alta dominância, como no caso do rio Itajaí-Açú, tem sido

freqüentemente encontrados em ecossistemas estuarinos (Bemvenuti, 1997, Bemvenuti &

Netto, 1998; Giménez et al. 2006; Fonseca & Netto, 2006; Meurer & Netto, 2007; Netto &

Pereira, 2008). A alta dominância da meiofauna, em particular os Nematoda, no primeiro

período de amostragem corrobora com outros estudos na região sul, onde foram encontrados

maiores valores de densidade em períodos de inverno (Fonseca & Netto, 2006; Meurer &

Netto, 2007). Mudanças sazonais na abundância e composição das assembléias de meiofauna

em ambientes costeiros são claramente observadas em vários estudos, estando relacionada às

variações anuais da temperatura, disponibilidade de alimento e perturbações físicas

decorrentes das variações de intensidade e direção dos ventos e altura de marés e ondas

(Coull, 1999; Heip et al., 1985).

O numero de taxa espécies da meiofauna mostrou interação entre período x lua, sendo

o primeiro período com valores mais elevados, principalmente na lua de quadratura e o

segundo período mostra valores mais elevados na lua de sizígia. Já a diversidade de Nematoda

mostrou interação entre período x lua x maré. Apesar de o primeiro período apresentar valores

mais elevados, os dois períodos mostram um mesmo padrão de variação com os maiores

valores na lua de quadratura e na maré de vazante. De maneira geral, em ambientes

estuarinos, ocorre uma diminuição da densidade da meiofauna, principalmente de Nematoda,

em áreas de maior instabilidade do sedimento (Soetaert et al., 1994). Os invertebrados

bênticos são fortemente dependentes das características do sedimento, respondendo

rapidamente a eventuais alterações. Palmer & Molloy (1986) constataram que os Nematoda

migram verticalmente após um ciclo de maré, diferentemente de outros organismos da

meiofauna que podem ser ressuspendidos quando há um fluxo de água presente. A elevada

hidrodinâmica, originada pelas correntes ou pela ação de ondas também pode causar o

transporte passivo dos organismos para a coluna de água (Palmer, 1986). Commito & Tita

(2002) também observaram esse processo de dispersão dos Nematoda através das correntes de

fundo que são carreados junto com os grãos de sedimentos. Segundo Soetaert et al. (1994),

em locais de elevada hidrodinâmica, como é o caso do presente estudo, pode ocorrer

diminuição da densidade da meiofauna e o favorecimento apenas de grupos com melhor

adaptação a esta condição, como os Nematoda.

Índice de diversidade trófica mostrou que assim como os demais índices analisados, o

primeiro período foi significativamente maior. Na interação de lua x maré os resultados

mostraram que na vazante de quadratura os valores foram significativamente mais elevados.

Nos dois períodos de amostragens os comedores de depósito não-seletivos (1B) foram os mais

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abundantes, concordando com Ansari & Parulekar (1993); Netto & Gallucci (2003) e

Chinnadurai & Fernando (2006), que verificaram que em sedimentos lamosos predominam os

comedores de depósito, devido a maior freqüência e abundância da matéria orgânica

depositada no substrato lamoso alimentando-se principalmente de protozoários e diatomáceas.

O grupo 1B foi representado principalmente pelo gênero Sabatieria, um dos organismos

numericamente dominante na área de estudo. Já os detritívoros seletivos ou 1A foram os

organismos que co-dominaram as amostras, sendo representado principalmente pelo gênero

Terschellingia, organismo dominante em sedimentos areno-lodosos (Tietjen, 1980). As

formas detritívoras seletívoras ou micrófogas se alimentam especialmente de bactérias e

ciliados que são presentes em alta abundância em sedimentos lodosos (Moens & Vincx,

1997). Observou-se também uma mudança sazonal nos tipos alimentares. Embora os

comedores de depósito não-seletivos (1B) foram os mais abundantes em toda a amostragem,

foi observado que no segundo período foram registrados valores mais elevados, ao contrario

dos detritívoros seletivos (1A) que foram mais abundantes no primeiro período de

amostragem. Em ambientes costeiros tropicais onde a influência terrígena é forte durante o

período chuvoso, ocorre a diminuição da transparência da água e redução na disponibilidade

de luz para a fotossíntese, conseqüentemente, inibindo o florescimento do fitoplâncton, que se

torna mais abundante durante o período de estiagem quando as condições hidrológicas são

mais favoráveis, em termos de transparência e nutrientes (Eskinazi-leça et al., 2004). Como

falado anteriormente, estudos sugerem a variação sazonal desta comunidade em função de

alimento, ciclos reprodutivos, ou ainda, a contribuição de material de origem continental

principalmente nos períodos de chuva (Hicks, 1985; Gee & Warwick, 1985; Coull, 1988;

Daltto & Albuquerque, 2000).

Esse estudo mostrou que a vazão fluvial, assim como a variação natural das marés,

aparece como um mecanismo que promoveu alterações na estrutura e abundância da

comunidade meiobêntica e que esses e que estes efeitos foram, de fato, dependentes do

período temporal analisado.

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31

7 CONCLUSÕES

• As percentagens de areia foram maiores no segundo período amostrado (junho e julho)

principalmente na maré vazante da lua de quadratura;

• As percentagens de finos foram menores no primeiro período amostrado (junho e

julho) principalmente na maré vazante da lua de quadratura;

• A densidade e riqueza de taxa da meiofauna e Nematoda mostraram diferenças entre

os períodos amostrados (primeiro e segundo);

• No geral houve maior ocorrência dos comedores de depósitos seletivos e não seletivos

na área de estudo, e ainda uma mudança sazonal no comportamento desses dois

grupos, por estes aproveitarem os recursos alimentares da região e dos períodos

amostrados (primeiro e segundo);

• Tanto nas análises de sedimento, como nas análises de meiofauna e Nematoda a

quadratura parece ser a lua que mais varia principalmente na maré de vazante;

• As mudanças na meiofauna e Nematoda entre o primeiro e segundo período podem

estar relacionadas a variações sazonais como também em função da maré ou descarga

fluvial;

• A sizígia do segundo período (junho e julho) mostrou as maiores amplitudes de maré,

porém não foram percebidas alterações na comunidade bêntica nessa lua/período;

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