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 Alterações da Linguagem Apesar da linguagem ser essencialmente consciente, seu fluxo e articulação provém de camadas mais profundas e não conscientes  | Psicopatologia |   A linguagem é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada pa ra o contacto inter-pessoal. Apesar do processo da linguagem ser essencialmente consciente, entretanto entende-se que o fluxo e a articulação desta provém de camadas mais profundas e não conscientes, tais como do subconsciente e inconsciente, segundo o esquema de Willian James. o estudo da linguagem, deve-se distinguir a expressão verbal e a expressão gr!fica e a psicopatologia se interessa tanto pela linguagem falada quanto pela linguagem escrita. Ambas express"es são um con#unto de sinais pr$prios de cada l%ngua com os quais manifestamos nosso pensamento e tanto a expressão verbal quanto a expressão gr!fica, devem constar de dois elementos fundamentais - a sintaxe e a palavra.  Alteraç"es articulares, que não são monop$lio da Disartria, também podem dificultar a expressão oral dos af!sicos, tanto surgindo espontaneamente como mediante a solicitação do exame. &ssas alteraç"es serão determinadas pelos testes de repetição de palavras e frases. 'istas pelo (ngulo neurol$gico, as anomalias podem apresentar um aspecto paral%tico, quando falta a articulação e )! anasalamento. A falta de articulação c)ama-se Anartria e pode mostrar um aspecto dist*nico, com contraç"es excessivas, sincinesias ou, ainda, um aspecto apr!xico.  Analisadas sob um (ngulo fonético, as alteraç"es articulares se caracterizam também pela redução da formação e diferenciação dos fonemas, semel)antes +s simplificaç"es fonéticas da criança "bibiloteca ", "espetaco", fessado" .... utros elementos de diferenciação entre Afasia e Disartria são as alteraç"es evidenciadas no uso volunt!rio e autom!tico da linguagem. As alteraç"es articulares da Disartria estão ausentes na formas autom!ticas do falar, como no canto, por exemplo.  A sintaxe tem por ob#eto estabelecer as relaç"es entre as palavras e as frases, e corresponde + pr$pria organização do pensamento. As representaç"es e os conceitos devem ser expostos numa determinada ordem necess!ria para se formar o racioc%nio l$gico. &sse arran#o racional da linguagem é a sintaxe.... .&m /012, Pavlov  considerava a palavra como uma espécie de est%mulo condicionado, compar!vel aos demais est%mulos, mas com um car!ter pr$prio. 3izia que se nossas sensaç"es e representaç"es do mundo externo nos dão os primeiros sinais da realidade, as palavras constituem os segundos sinais, os sinais dos sinais, representam a abstração da realidade e se prestam a generalizaç"es, formando #ustamente nosso modo de pensamento )umano e superior. &scutar a fala e falar são os modos mais comuns da comunicação )umana. 4ma perda auditiva obviamente causa graves problemas na comunicação Auditivo-oral. Por isso a avaliação audiol$gica em beb5s e crianças é de fundamental import(ncia para a prevenção e tratamento fonoaudiol$gico.  Analisand o as alteraç ões da lingu agem fala da de um p onto de vista estritamen te prático,  podem-s e dividir essa s alterações em dois grup os principai s: 1 alterações da linguagem devidas a causas predominantemente orgânicas! alterações da linguagem de nature#a predominantemente funcionais$

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Alteraes da LinguagemApesar da linguagem ser essencialmente consciente, seu fluxo e articulao provm de camadas mais profundas e no conscientes|Psicopatologia|

A linguagem um processo mental de manifestao do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada para o contacto inter-pessoal. Apesar do processo da linguagem ser essencialmente consciente, entretanto entende-se que o fluxo e a articulao desta provm de camadas mais profundas e no conscientes, tais como do subconsciente e inconsciente, segundo o esquema deWillian James.No estudo da linguagem, deve-se distinguir a expresso verbal e a expresso grfica e a psicopatologia se interessa tanto pela linguagem falada quanto pela linguagem escrita. Ambas expresses so um conjunto de sinais prprios de cada lngua com os quais manifestamos nosso pensamento e tanto a expresso verbal quanto a expresso grfica, devem constar de dois elementos fundamentais - a sintaxe e a palavra.Alteraes articulares, que no so monoplio daDisartria, tambm podem dificultar a expresso oral dos afsicos, tanto surgindo espontaneamente como mediante a solicitao do exame. Essas alteraes sero determinadas pelos testes de repetio de palavras e frases. Vistas pelo ngulo neurolgico, as anomalias podem apresentar um aspecto paraltico, quando falta a articulao e h anasalamento. A falta de articulao chama-seAnartriae pode mostrar um aspecto distnico, com contraes excessivas, sincinesias ou, ainda, um aspecto aprxico.Analisadas sob um ngulo fontico, as alteraes articulares se caracterizam tambm pela reduo da formao e diferenciao dos fonemas, semelhantes s simplificaes fonticas da criana ("bibiloteca", "espetaco", fessado"...). Outros elementos de diferenciao entreAfasiaeDisartriaso as alteraes evidenciadas no uso voluntrio e automtico da linguagem. As alteraes articulares daDisartriaesto ausentes na formas automticas do falar, como no canto, por exemplo.A sintaxe tem por objeto estabelecer as relaes entre as palavras e as frases, e corresponde prpria organizao do pensamento. As representaes e os conceitos devem ser expostos numa determinada ordem necessria para se formar o raciocnio lgico. Esse arranjo racional da linguagem a sintaxe.....Em 1924,Pavlovconsiderava a palavra como uma espcie de estmulo condicionado, comparvel aos demais estmulos, mas com um carter prprio. Dizia que se nossas sensaes e representaes do mundo externo nos do os primeiros sinais da realidade, as palavras constituem os segundos sinais, os sinais dos sinais, representam a abstrao da realidade e se prestam a generalizaes, formando justamente nosso modo de pensamento humano e superior.Escutar a fala e falar so os modos mais comuns da comunicao humana. Uma perda auditiva obviamente causa graves problemas na comunicao Auditivo-oral. Por isso a avaliao audiolgica em bebs e crianas de fundamental importncia para a preveno e tratamento fonoaudiolgico.Analisando as alteraes da linguagem falada de um ponto de vista estritamente prtico, podem-se dividir essas alteraes em dois grupos principais:1) alteraes da linguagem devidas a causas predominantementeorgnicas;2) alteraes da linguagem de natureza predominantementefuncionais.

Alteraes Predominantemente Orgnicas1. - DISARTRIANeste grupo, incluem-se todas as perturbaes que resultam de umaleso ao nvel de qualquer das partes que intervm na elaborao e na emisso dos sons, de cuja articulao resulta a palavra falada. As principais alteraes deste grupo so as seguintes:Consiste na dificuldade de articular as palavras, normalmente resultante de paresia, paralisia ou ataxia dos msculos que intervm nesta articulao. A perturbao mais acentuada quando se trata de pronunciar as consoantes labiais e linguais, as quais so omitidas ao dizer as palavras, ou a pessoa titubeia ao pronunci-las. A alterao torna-se mais evidente quando se utilizam as frases de prova, como por exemplo, pedindo ao paciente que pronuncie "sou caricaturista, vou caricaturar-me no caricaturista",ou"artilheiro de artilharia", "ministro plenipotencirio" .Desta feita aDisartriaacaba sendo sempre conseqncia de alterao neurolgica e, normalmente, as pessoas portadoras de leses suficientes para produzirDisartriaacabam por mostrar outras alteraes ao exame clnico. ADisartriapode ser encontrada nos traumatismos crnio-enceflicos, nas patologias tumorais do crebro, cerebelo ou tronco enceflico, nas leses vasculares enceflicas, na intoxicao alcolica, na esclerose em placas, na paralisia pseudobulbar, nas paralisias perifricas do grande hipoglosso, pneumogstrico e facial.Os sintomas iniciais daDoena de Parkinsonpor exemplo, incluem modificao na escrita, por exemplo, assinatura diferente, perda da agilidade muscular para atos que eram at ento corriqueiros, lentido da marcha eDisartria. Tambm naCoria de Sydenhana constelao sintomtica inclui movimentos anormais de grande amplitude, predominantemente nas grandes articulaes, podendo afetar a mmica e outros grupos de inervao craniana, hipotonia ou atonia (bonecos de pano), labilidade emocional eDisartria. Completando o quadro de doenas neurolgicas com comprometimento da linguagem, temos ainda aDoena de Huntington, onde se observa decadncia mental progressiva, seguida ou acompanhada de movimentos coreiformes, alterao da mmica com formao involuntria de caretas,Disartriae disfagia progressivas. NaDoena de Huntingtona fala pode se tornar ininteligvel e os engasgos so freqentes.Tambm asSndromes Isqumicas, quando afetam a regio cerebelar superior e produzem conseqente edema, podem levar a obstruo do 4o. ventrculo, determinando hidrocefalia e herniao do cerebelo para cima atravs do tentrio e para baixo peloForame Magno, tendo como sintoma a ataxia da marcha, cefalia nuseas e vmitos, atabalhoamento homolateral eDisartria.As Disartrias costumam ser agrupadas em 3 tipos:

1.- Disartrias Paralticas, que se manifestam pela insuficincia de articulao e pelo anasalamento, enfraquecimento e desdiferenciao da voz, resultando numa palavra quase inaudvel. EssasDisartriasresultam tanto de uma leso perifrica dos nervos cranianos quanto de uma perturbao bilateral do controle exercido pelo fascculo geniculado.Nas sndromes pseudobulbares de origem vascular, a leso piramidal bilateral a causa. Na esclerose lateral amiotrfica a alterao , s vezes, bulbar e pseudobulbar e na miastenia tambm se desenvolve umaDisartriado tipo paraltico, marcada por um desenvolvimento progressivo medida que se prolonga o esforo fonador.2.-Disartria Cerebelar, que est descrita sob o qualificativo de voz escandida. O elemento mais caracterstico a irregularidade da amplitude de emisso, de uma palavra a outra ou de um fonema a outro, dando palavra um carter explosivo. As atrofias cerebelares e os tumores do cerebelo so as possveis etiologias. Na esclerose em placas, aDisartriacerebelar est freqentemente modificada por um elemento paraltico.Assim sendo, a semiologia das doenas cerebelares resulta em sintomas como a ataxia, que a marcha com base alargada, oscilante, a dismetria, representada pela inabilidade de controlar a amplido do movimento, a desdiadococinesia, significando a inabilidade para realizar movimentos alternantes rpidos, a hipotonia do tono muscular, a decomposio de movimentos que se resume na inabilidade para executar uma seqncia de atos coordenados , finos, o tremor , o nistagmo, com o componente rpido mximo em direo ao lado da leso cerebelar e aDisartria, com fraseamento inapropriado, pastoso e perda da modulao do volume e da fala.3.-Disartrias Extrapiramidaisque se revestem de diversos aspectos. A do tipo parkinsoniana se caracteriza pela acelerao da maneira de falar (taquifemia) com uma palavra fraca e freqentemente mal articulada. A ela se renem os fenmenos de bloqueio no incio e, algumas vezes, as repeties prolongadas de uma palavra ou de uma slaba (palilalia). Na atetose dupla, a palavra est gravemente perturbada pela ativao sincintica dos msculos bucofarngeos e faciais. sendo hesitante. mal articulada e repleta de exploses imprevisveis.

2. - DISLALIAConsiste na m pronncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os. A falha na emisso das palavras pode ainda ocorrer a nvel de fonemas ou de slabas. Assim sendo, os sintomas daDislaliaconsistem em omisso, substituio ou deformao os fonemas.De modo geral, a palavra do disllico fluida, embora possa ser at ininteligvel, podendo o desenvolvimento da linguagem ser normal ou levemente retardado. No se observam transtornos no movimento dos msculos que intervm na articulao e emisso da palavra. Em muitos casos, a pronncia das vogais e dos ditongos costuma ser correta, bem como a habilidade para imitar sons. No h disfonia nem ronqueira.Diante do paciente disllico costuma-se fazer uma pesquisa das condies fsicas dos rgos necessrios emisso das palavras, verifica-se a mobilidade destes rgos, ou seja, do palato, lbios e lngua, assim como a audio, tanto sua quantidade como sua qualidade (percepo) auditiva.AsDislaliaconstituem um grupo numeroso de perturbaes orgnicas ou funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam da malformaes ou de alteraes de inervao da lngua, da abbada palatina e de qualquer outro rgo da fonao. Encontram-se em casos de malformaes congnitas, tais como o lbio leporino ou como conseqncia de traumatismos dos rgos fonadores. Por outro lado, certasDislaliasso devidas a enfermidades do sistema nervoso central.Quando no se encontra nenhuma alterao orgnica a que possa ser atribudo aDislalia, esta chamada deDislalia Funcional. Nesses casos, pensa-se em hereditariedade, imitao ou alteraes emocionais e, entre essas, nas crianas comum aDislaliatpica dos hipercinticos ou hiperativos. Tambm nos deficientes mentais se observa umaDislalia, s vezes grave ao ponto da linguagem ser acessvel apenas ao grupo familiar.At os quatro anos, os erros na linguagem so normais, mas depois dessa fase a criana pode ter problemas se continuar falando errado. ADislalia, troca de fonemas (sons das letras), pode afetar tambm a escrita. Na prtica o personagemCebolinha, de Maurcio, um exemplo de criana comDislalia. Ele troca o som da letra R pelo da letra L.Alguns fonoaudilogos consideram que aDislaliano seja um problema de ordem neurolgica, mas de ordem funcional. Segundo eles, o som alterado pode se manifestar de diversas formas, havendo distores, sons muito prximos mas diferentes do real, omisso, ato em que se deixa de pronunciar algum fonema da palavra, transposies na ordem de apresentao dos fonemas (dizer mnica em vez de mquina, por exemplo) e, por fim, acrscimos de sons. Estas alteraes mais comuns caracterizam umaDislalia. Entretanto, do ponto de vista fisiopatolgico, aDislalianuma criana hipercintica, por exemplo, ter que ser considerada de natureza orgnica, j que tratando a hipercinesia desaparece aDisartria.Crianas com perdas auditivas leves e moderadas tambm costumam terDislalia, fazendo trocas de alguns fonema, como por exemplo, "t" por "d", "f" por "v", "p" por "b", "q" por "g". Muitas destas crianas, principalmente se esto em fase de alfabetizao, apresentam tambm trocas na escrita. Este tipo de aluno costuma ser desatento na escola, porque tem dificuldade de ouvir a professora. A me costuma queixar de que a criana com perda auditiva no atende quando chamado e/ou ouve o aparelho de som ou a televiso alto demais..

3. - DISLEXIADislexia um distrbio especfico da linguagem caracterizado pela dificuldade em decodificar (compreender) palavras. Segundo a definio elaborada pelaAssociao Brasileira de Dislexia, trata-se de uma insuficincia do processo fonoaudiolgico e inclui-se freqentemente entre os problemas de leitura e aquisio da capacidade de escrever e soletrar. Resumidamente podemos entender aDislexiacomo uma alterao de leitura.Apesar da criana dislxica ter dificuldade em decodificar certas letras, no o faz devido a algum problema de dficit cognitivo. Normalmente esses pacientes apresentam um QI perfeitamente compatvel com a idade.A origem daDislexia, segundoThereza Cristina dos Santos, est no eixo corporal, na base psicomotora, cujo desenvolvimento anterior escrita. Para aprender a ler, a criana precisa ter conscincia de seu eixo corporal, lado direito, lado esquerdo, etc. O dislxico no tem essa noo de lateralidade e vai confundir eternamente direita e esquerda .O diagnstico daDislexia muito semelhante ao do de outros distrbios de aprendizagem. Por isto, preciso muito cuidado para no rotular toda e qualquer alterao de leitura comoDislexia.Esta tem sempre como causa primria a relao espacial alterada, fazendo com que a criana no consiga decifrar satisfatoriamente os cdigos da escrita. O diagnstico daDislexiaexige quase sempre uma equipe multidisciplinar, formada por neurologista, psiclogo, psiquiatra e psicopedagogo. Esta equipe tem a funo bsica de eliminar outras causas responsveis pelas trocas de letras e outras alteraes de linguagem.

4. - AFASIAUma leso cerebral de extenso limitada nohemisfrio esquerdode uma pessoa dextra poder faz-la perder a capacidade de utilizar a linguagem como meio de comunicao e como meio de representao simblica: o indivduo no poder se exprimir oralmente ou por escrito de uma forma inteligvel; ele no mais decifra as mensagens que recebe sob a forma de linguagem falada ou escrita.Afasiapode ser entendida como uma perturbao da linguagem caracterizada pela perda parcial ou total da faculdade de exprimir os pensamentos por sinais e de compreender esses sinais. Alguns autores referem aAfasiacomo a perda da memria dos sinais pelos quais se realiza a troca idias. De qualquer forma, o fato dominante naAfasia a incompreenso da palavra falada e a impossibilidade, em grau varivel, de ler ou de escrever.A definio deAfasiaexclui as perturbaes restritas funo da linguagem (Dislexia) e que esto sob a dependncia de uma desorganizao global do funcionamento cerebral, tal como acontece na confuso mental. Ela exclui, tambm, as dificuldades de comunicao resultantes de uma alterao do aparelho sensorial (surdez, cegueira), ou do sistema motor, como ocorre naDisartriaou na hemiplegia, os quais intervm normalmente na percepo e/ou na expresso da lingstica.Assim sendo, para o diagnstico daAfasia importante que ela acontea sem que haja alguma patologia dos aparelhos sensoriais e sem que hajam paralisias capazes de impedir a elocuo da palavra oral ou sua expresso escrita. AAfasiasempre diz respeito perda dos conhecimentos de linguagem adquiridos, o que normalmente se acompanha de algum prejuzo das funes intelectuais. Seria, ento, a perda da inteligncia especfica da linguagem, tanto para expressar o pensamento por meio da palavra oral ou grfica, quanto para compreender a palavra falada ou escrita (na Afasia motora pode estar preservada a capacidade de compreender).O diagnstico da Afasia,exige 4 caractersticas:

1. sempre produzida por leses focais do crtex ou do centro oval.2. sempre compatvel com a integridade das funes motoras, sensitivas e das percepes elementares, portanto, no condicionada por alteraes nessas reas.3. geralmente esta acompanhada, em grau varivel, de elementos aprxicos ou cognitivos;4. est associada a transtornos mais ou menos profundos da atividade intelectual que podem ser concomitantes ou simples repercusses dessa alterao da linguagem.

Tanto aAfasiaquanto aDisartriapodem perturbar gravemente a expresso, porm, so dois os caracteres semiolgicos que distinguem esses dois tipos de alterao da linguagem. Na Disartria h sempre uma conservao perfeita da compreenso da linguagem oral e escrita e existe sempre a possibilidade do paciente se expressar perfeitamente por escrito.Dos diferentes tipos deAfasia, destacamos apenas quatro que so bem conhecidos do ponto de vista anatomoclnico:Afasia Motora, Afasia Sensorial, Afasia de BrocaeAfasia global.CAUSAS DA AFASIA

Na ordem decrescente de importncia, as causas daAfasiaso as seguintes:a) desordens vascularesb) traumatismos que atingem o hemisfrio esquerdo;c) processos inflamatrios;d) escleroses disseminadas e encefaloses;e) abscessos e gomas;f) tumores;g) hematomas.

Podem-se observarAfasias transitriasno curso da uremia, diabete, intoxicaes, na epilepsia e na enxaqueca.

5.- REDUO DA LINGUAGEMA reduo da linguagem, associada ou no s alteraes articulares a caracterstica de algumas Afasias. Ela apresenta aspectos mltiplos, que algumas vezes se sucedem em um mesmo doente. A inibio a caracterstica mais constante, mostrando raridade e brevidade na expresso espontnea; durante um exame, as respostas so curtas como se emitidas a contragosto, em resposta a solicitaes repetidas.5.1 - Supresso da Linguagem e EstereotipiaUma total supresso da linguagem caracteriza a instalao de alguns tipos deAfasia, mas ela no ser jamais um fenmeno duradouro. No ocorre o mesmo para as estereotipias, que so uma outra manifestao de reduo extrema da linguagem. Na estereotipia toda expresso oral termina pela emisso de algum som repetitivo, tipo, por exemplo, "tan-tan", ou de alguma palavra mais ou menos deformada, de um segmento de frase que sempre o mesmo, quaisquer que sejam as condies de incitao. Ao contrrio da supresso da linguagem, a estereotipia pode ser duradoura ou at definitiva.5.2 - Estereotipia VerbalAssim sendo, aEstereotipia Verbal, que consiste na repetio automtica de uma palavra, slaba ou som, que se intercala entre as frases, sem nenhuma finalidade, como vimos, teria as seguintes caractersticas: fixidez, durao, identidade, inutilidade e inadequao s circunstncias. SegundoDromard, em muitos casos, trata-se de palavras ou frases que em poca anterior enfermidade tinham significao precisa e que, posteriormente, tornaram-se automticas e perderam o seu contedo deo-afetivo.Em alguns casos, porm, trata-se de palavras ou frases simblicas que foram condensadas e cuja significao escapa compreenso do examinador. Em casos de esquizofrenia, o autismo, com a sua significao de perda do contato vital com a realidade, serve para explicar certos tipos de estereotipias da linguagem oral e escrita: os enfermos repetem sem cessar as palavras ou frases, em tom de voz montono, em voz sussurrada ou aos gritos. Pode faltar por completo a conotao afetiva da palavra ou da frase, porm se a mesma existe manifesta-se de maneira muito superficial ou no mantm relao com o contedo.As estereotipias verbais so comuns nos esquizofrnicos e deficientes mentais. Entretanto, certas estereotipias encontram a sua explicao em leses cerebrais circunscritas, como na demncia pr-senil de Pick, nas leses subcorticais da encefalite epidmica, no parkinsonsmo, enfermidades nas quas se verificam estereotipias verbais de origem orgnica.5.3 - AgramatismoO agramatismo uma evoluo freqente daAfasiae reflete uma importante reduo da linguagem. A utilizao prevalente de substantivos, juntamente com o emprego sistemtico de verbos no infinitivo e a supresso de pequenos instrumentos de linguagem (artigos, preposies...) determinam uma forma de expresso semelhante a uma linguagem primitiva (mim Tarz, you Jane) ou de um estilo telegrfico, com uma linguagem econmica, reduzida, concreta, pobre, sem flexibilidade e sem possibilidade de abstrao.5.4 - Parafasias e JargonoafasiaOutras alteraes afsicas de expresso da linguagem oral so asParafasiaseJargonoafasia, consideradas tipos deAfasiaonde no ocorre a inibio da fala. A linguagem espontnea rica e volvel, porm as palavras ou os fonemas no so apropriados. Asparafasias verbaisconsistem na utilizao de uma palavra por outra. A palavra proferida apresenta, algumas vezes, uma relao de ordem conceitual com a palavra substituda (garfo por colher, lpis por borracha) ou de ordem fontica (pra por cera, marco por barco), porm sua utilizao freqentemente parece ocorrer ao acaso. As parafasias literais correspondem a uma deslocao da estrutura fonmica das palavras, com eliso, inverso de slabas, substituies, uso de palavras deformadas, porm ainda identificveis (reutamismo por reumatismo, biciteta por bicicleta) ou de neologismos totalmente sem significado (para um lpis, logamentase, tipo, pinho de caa...).J o jargo (Jargonoafasia) uma linguagem constituda de parafasias verbais e literais, freqentemente associado a uma dificuldade sintxica (dissintaxia) que, diferente do agramatismo, no uma reduo econmica da linguagem, mas sim uma utilizao defeituosa da organizao gramatical: ex.: "o amigo onde passei as frias". Normalmente, o jargonafsico no toma conscincia da desorganizao em sua linguagem (anosognosia) mas, com o passar do tempo pode surgir alguma atitude crtica que permite ao paciente reconhecer seus erros e tentar corrigi-los.5.5 - Ausncia de PalavraA ausncia de uma palavra uma perturbao comum na maior parte dasAfasias, constituindo o que se pode chamar de aspecto negativo da alterao de linguagem. Ela transparece por trs da reduo e inibio dasAfasiasassociadas s dificuldades articulares. Nesses casos, a evocao da palavra difcil pode ser facilitada se o examinador esboar, oralmente esta palavra ausente. Por outro lado, a ausncia da palavra disfarada pelas circunlocues entremeadas de parafasias nos afsicos volveis.Esse tipo pode constituir a essncia da alterao da linguagem naAfasiadita amnsica. Em tais casos, o esboo oral ineficaz, porm a evocao est facilitada pelo contexto, notadamente quando se fornece ao doente uma frase onde a palavra ausente vai encontrar naturalmente seu lugar.6. - ALTERAES AFSICAS6.1 - Compreenso da Linguagem OralAs alteraes afsicas de compreenso da linguagem oral existem na maior parte dos afsicos. As provas de designao evidenciam a alterao na compreenso das palavras e a execuo de ordens durante um exame mostrar a compreenso das frases. Os afsicos permanecem perfeitamente acessveis ao significado da mmica e do gesto, e necessrio se observar isto para a conduo do exame. Deve-se lembrar, tambm, que a apraxia pode tornar impossvel a execuo de gestos.A variabilidade dos resultados dos exames grande. As frmulas automticas (sente-se... como vai...) so melhor compreendidas pelos afsicos que a linguagem proposital, assim como as palavras concretas so mais compreendidas que as palavras abstratas. As proposies simples so mais claras do que aquelas que associam vrias idias. Por outro lado, a compreenso de palavras isoladas pode ser mais difcil do que as inseridas em frases simples. possvel, em algumas observaes, interpretar as alteraes da compreenso em funo de uma alterao predominante dos aspectos fonticos ou dos aspectos semnticos da linguagem, porm, lembramos aqui que alguns doentes repetem perfeitamente, sem compreender o significado da palavra, enquanto que outros compreendem o sentido da palavra que so incapazes de repetir.

6.2 - Alteraes da Expresso EscritaA linguagem escrita, como uma das formas de expresso do pensamento, pode apresentar alteraes significativas. Aagrafia a manifestao escrita das alteraes afsicas na linguagem oral. Ainda que exista uma dissociao entre a possibilidade de denominar por escrito e verbalmente, a ausncia da palavra existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral.A reduo da linguagem e o agramatismo apresentam o seu equivalente escrito; o mesmo para o jargo e para as parafasias, cuja escrita constitui, s vezes, um modo de facilitao privilegiada, da mesma forma que ela fornece numerosos exemplos de dissintaxia. Mesmo que seja corrigida as manifestaes grficas daAfasia, persistir para sempre uma disortografia rebelde. Portanto, nos escritos dos pacientes afsicos possvel encontrar quase todas as alteraes estudadas na linguagem oral.Nos esquizofrnicos paranides, por exemplo, podem-se observar alteraes caractersticas da linguagem escrita, tais como: modificaes das letras, modificaes da maneira de escrever e alteraes da sintaxe. Os doentes costumam escrever com letras mais grossas certas palavras que se acham em relao com suas idias delirantes. As modificaes da sintaxe so idnticas s da linguagem oral.As alteraes da linguagem oral e escrita, na esquizofrenia, resultam das perturbaes do pensamento prprias da enfermidade. Observam-se ainda, em certos doentes mentais, alteraes da escrita devidas a tremores, como ocorre na paralisia geral e na demncia senil. Nos estados de excitao psicomotora, a escrita revela tambm o estado de exaltao psquica: os caracteres grficos so geralmente grandes, desiguais entre si, com desenhos e expresses simblicas intercalados entre os mesmos, com tendncia a dirigir os caracteres grficos para cima. Nos estados de depresso, os caracteres se dirigem para baixo..

6.3 - Alexia AgnsicaChama-seAlexia Agnsicauma espcie deAfasiagrfica onde predomina a dificuldade de integrao das percepes visuais e Assim sendo, aAlexia Agnsicacorresponde a uma dificuldade maior para a identificao das palavras (compreenso global) do que para a identificao de letras isoladas. A leitura tende a ser literal ou escandida. O indivduo utiliza o dedo para a identificao das letras e a identificao das palavras soletradas satisfatria. Nesses pacientes a cpia imperfeita, ainda que a escrita espontnea ou ditada seja satisfatria. A alexia agnsica est freqentemente associada a outras manifestaes de agnosia visual, notadamente a agnosia para as cores.6.4- Alexia AfsicaAlexia Afsica, quando est prejudicada a utilizao de mensagens em funo de seu valor simblico em termos de linguagem. AAlexia Afsicadetermina uma maior dificuldade para o entendimento de letras do que de palavras, estas dotadas de uma significao que facilita sua identificao. A leitura global e os erros resultam de uma interpretao falsa da forma geral da palavra. Para o alxico afsico a diviso em slabas difcil e a escrita espontnea e ditada apresenta os caracteres de uma agrafia afsica. A cpia possvel, porm o paciente apresenta dificuldade em reler.6.5- Alexia PuraAAlexia Purase caracteriza por uma perda eletiva de identificao da linguagem escrita, na ausncia de qualquer outra forma de Afasia. As caractersticas gerais so as mesmas de umaAlexia Agnsicae ocorrem, quase sempre, manifestaes associadas deAgnosia Visual, principalmente agnosia para cores e para formas geomtricas. A leso responsvel se localiza no giro lingual e no giro fusiforme do hemisfrio dominante, mas atinge tambm o esplnio do corpo caloso.

6.6 - Alteraes de ClculosRelativamente independentes uma da outra, a linguagem verbal e a linguagem dos nmeros esto, contudo, intrincadas. Assim se explica a associao muito freqente de uma Afasia e de uma Acalculia.AAcalculiapode acometer tanto a identificao ou a expresso oral ou escrita de nmeros, quanto a utilizao dos nmeros e outros smbolos (tais como sinal de mais ou menos) nas operaes simples de adio, subtrao, multiplicao ou, nas operaes complexas e resoluo de problemas.Embora freqentemente aAfasiae aAcalculiaocorram simultaneamente, excepcionalmente a conservao da possibilidade de clculo admirvel em alguns afsicos. Por outro lado, aAcalculiapode ocorrer sem aAfasia. Isto ocorre visivelmente nasndrome de Gerstmann, onde existe um aspecto particular daAcalculiaespacial, onde a desorganizao do alinhamento dos nmeros parece ser o determinante principal dos erros.

6.7 - Afasia de ConduoAAfasia de Conduo mais rara que as variedades precedentes e se caracteriza por uma extraordinria perturbao da repetio que impede o doente de reproduzir palavras ou frases que ele compreende. A expresso espontnea, oral ou escrita fluida, embora rica em parafasias, apresentando uma maior dificuldade no encadeamento de elementos lingsticos que particularmente evidente quando o doente constri uma frase com as palavras que lhe so apresentadas.A compreenso da linguagem oral ou escrita, ao contrrio da maioria dasAfasias, est pouco perturbada e se observa um esforo de autocorreo. TalAfasia de Conduoest freqentemente associada a uma apraxia ideomotora e resulta de leses que acometem o oprculo parietal. Esse transtornos poderia indicar, tambm, uma desconexo entre a regio deWernickee as regies motoras da linguagem.6.8 - Afasia MotoraPode tambm ser chamada de afemia, anartria,Afasiaverbal, ou sndrome de desintegrao fontica, dependendo do autor onde se estuda. NaAfasia motora, o doente conserva a linguagem, porm no pode falar, embora no apresente distrbio da musculatura que intervm na articulao das palavras.A perturbao tem aqui uma origem cerebral. Neste caso o doente compreende o que ouve mas h impossibilidade de pronunciar as palavras. A leitura e a escrita tambm esto conservadas. AAfasia motora a que se observa nos pacientes portadores de acidentes vasculares cerebrais capazes de deixar seqela.6.9 - Afasia SensorialEnquanto a Afasia motora consiste numa alterao da expresso, aAfasia sensorialse centraliza na compreenso dos sinais verbais. Neste tipo deAfasia, observam-se uma espcie de surdez verbal, uma perturbao da palavra espontnea, da leitura e da escrita. O afsico tipoWernickeconsegue falar, mas geralmente fala numa linguagem destituda de sentido lgico e pronuncia as palavras de maneira defeituosa ou emite uma srie de palavras sem ordem gramatical, o que torna a sua linguagem inteiramente incompreensvel.Aqui coexiste mais ainda a decadncia dos processos intelectuais. AAfasia sensorialcostuma ser encontrada nos pacientes involutivos, tanto em casos deDoena de Alzheimer, quanto nas demncias vasculares.6.10 - Surdez Verbal PuraASurdez Verbal Purase caracteriza por uma alterao extremamente grave e eletiva da compreenso da linguagem oral. NaSurdez Verbal Puraa repetio impossvel, assim como a escrita por ditado mas todas as outras atividades da linguagem esto normais. Essa alterao da percepo da linguagem a mais freqentemente associada a outras manifestaes de agnosia auditiva (alteraes do reconhecimento de sons e ritmos), porm se apresenta, s vezes, isoladamente.A leso responsvel pelaSurdez Verbal Purase localiza sobre a face superior do lobo temporal, prxima circunvoluo deHeschl. Ela bilateral ou algumas vezes unilateral, afetando o hemisfrio dominante. Nesse caso, pode se tratar de uma leso subcortical do lobo temporal esquerdo, a qual interrompe, simultaneamente, as radiaes auditivas desse mesmo lado e as fibras calosas provenientes da rea auditiva direita.

6.11 - Afasia de BrocaAAfasia de Broca caracterizada pelo fenmeno da reduo da linguagem. O paciente fala muito pouco e, quando solicitado, se expressa a contragosto. O portador deAfasia de Brocaemprega um pequeno nmero de palavras cujo encadeamento em frases est reduzido ao mnimo. As alteraes da articulao freqentemente se associam a esta reduo.

Paralelamente alterao da expresso, observa-se uma alterao da compreenso da linguagem oral, mais acentuada para as frases ou ordens complexas do que para as palavras relativamente bem conhecidas. As alteraes de expresso e de compreenso, observadas na linguagem oral, surgem igualmente durante a explorao da linguagem escrita.

No seu desenvolvimento aAfasia de Brocapode percorrer diversas etapas e, de uma maneira geral, o doente est consciente das anomalias de sua linguagem contra as quais ele reage, s vezes determinando uma reao catastrfica. No incio habitualmente ocorre alguma forma de suspenso da linguagem e, aps a recuperao desta pode persistir uma estereotipia na fala, a qual, excepcionalmente, pode permanecer por definitivo.

Freqentemente essas estereotipias se multiplicam e se diferenciam, evoluindo para uma linguagem reduzida e agramtica (agramatismo) com dificuldades articulares mais ou menos graves. Aps a regresso, as alteraes da compreenso e das anomalias da linguagem escrita que estavam associadas s alteraes de expresso podem se ocultar a tal ponto que o quadro se assemelha a uma anartria pura.Em ressumo, aAfasia de Brocase caracteriza por uma reduo do lxico, ou seja, da escolha de palavras. Ocorre, simultaneamente, uma incapacidade de se modificar os sentidos das palavras atravs da utilizao de pequenos instrumentos de linguagem e pela sua incluso na frase. A reduo da escolha de palavras certamente est ligada s alteraes da articulao, pois o esboo oral facilita consideravelmente a denominao.AAfasia de Brocase associa hemiplegia, com importante paralisia facial central, hemianestesia, apraxia ideomotora e apraxia buco-facial, sem uma relao constante com as alteraes da articulao. As verificaes deBrocaresultaram na localizao das leses responsveis ao p da terceira circunvoluo frontal do hemisfrio dominante (rea de Broca).

NaAfasia de Brocatodas as modalidades da linguagem podem estar perturbadas em maior ou menor grau, mas h sempre predominncia da perturbao da palavra articulada, da leitura e da escrita. O afsico deste tipo no articula nenhuma palavra ou apenas poucas palavras, no compreende bem, no l nem escreve bem. No apenas um afsico da expresso mas, sobretudo, tambm da compreenso. o tipo mais comum deAfasia.

Geralmente aAfasia de Brocase apresenta como seqela de um AVC (acidente vascular cerebral) do lado direito, pode tambm ser observada na doena de Pick, quando esta se manifesta de modo progressivo.6.12 - Anartria PuraAAnartria pura, muito rara como modo de instalao e freqentemente observada como uma forma evolutiva daAfasia de Broca. Ela se caracteriza pelo conjunto de alteraes da articulao j descrito naAfasia de Broca, perturbando a linguagem espontnea, a repetio e a leitura em voz alta. A associao de uma apraxia buco-facial comum. Por outro lado, no h alteraes da compreenso da linguagem oral ou escrita nem da expresso por escrito.

As leses responsveis pela anartria pura so muito semelhantes s que produzem umaAfasia de Broca, apesar dos estudos disponveis no estabelecerem correlaes anatomoclnicas precisas.6.13 - Afasia de WenickeNaAfasia de Wenickea expresso oral fluida, espontnea, abundante, ao contrrio daAfasia de Broca, porm sem muito significado devido ao uso inadequado de palavras ou fonemas (parafasias). As parafasias podem surgir acidentalmente na linguagem espontnea ou existir de forma permanente

Em outros casos, a linguagem espontnea naAfasia de Wenickese caracteriza pela impreciso dos termos, utilizao de circunlocues de aproximaes sucessivas e o paciente costuma manter-se relativamente consciente de seus erros. A alterao da compreenso pode ser grave ou simplesmente moderada e mostra-se mais acentuada para as palavras isoladas do que para as frases onde h uma facilitao pelo contexto.A linguagem escrita costuma estar to perturbada quanto a linguagem oral, porm possvel haver uma dissociao relativa. A alterao da evocao da palavra pode constituir um fenmeno isolado, sem parafasias e alteraes da compreenso. Nesses casos, por se tratar de um quadro que envolve a memria, tambm conhecido com o nome deAfasia NominalouAfasia Amnsica.

De uma maneira geral, naAfasia de Wernickea escolha das palavras e dos fonemas ampla e seu encadeamento est conservado, porm so mnimos os contrastes que regem esta escolha. O prognstico daAfasia de Wernicke grave, principalmente quando ocorrem tambm alteraes da compreenso somadas a um jargo no- semntico e a uma impossibilidade de repetio.

Geralmente no se observa nenhuma hemiplegia naAfasia de Wernicke, como acontece na de Broca, porm, a hemianopsia lateral homnima direita freqente e pode estar associada a alteraes de clculo e a um esboo dasndrome de Gerstmann.

A leso responsvel pelaAfasia de Wernickese localiza ao nvel do crtex temporal. Ela ocupa a parte posterior da primeira e segunda circunvolues temporais, o giro cingular e o giro supramarginal. AAfasia amnsicapode resultar de leses anlogas na regio tmporo-parietal. Entretanto, algumas vezes aAfasia de Wernickedepender de leses isqumicas no territrio da artria cerebral posterior. Ela tambm surge freqentemente de leses corticais difusas e bilaterais, tais como as que se observam naDoena de Alzheimer.6.13 - Afasia GlobalTrata-se de uma forma deAfasiacaracterizada pela perda completa da articulao da palavra e surdez verbal. Nos casos tpicos a dissoluo da linguagem de tal magnitude que chega a comprometer os automatismos mais elementares. O dficit atinge de igual modo as funes da compreenso e de expresso da palavra. Esta forma deAfasia conseqncia de extensas leses cerebrais que atingem a zona motora, a nsula e a zona parieto-temporal da linguagem. Acompanha-se de hemiplegia direita e hemianopsia lateral homnima direita e de transtornos aprxicos e agnsticos.

Alteraes Predominantemente FuncionalAqui se incluem todas as alteraes da linguagem oral resultantes de distrbios emocionais, havendo integridade anatmica dos centros e das vias de conduo da linguagem. As principais alteraes deste tipo so:DISFEMIASDISFONIASLOGORRIABRADILALIAVERBIGERAOMUTISMOMUSSITAOECOLALIAESQUIZOFASIANEOLOGISMOS1. - DisfemiasSo perturbaes intermitentes na emisso das palavras, sem que existam alteraes dos rgos da expresso. Neste grupo de transtornos da linguagem o distrbio mais importante a gagueira (tartamudez). ADisfemia uma desordem da comunicao humana que vem despertando a curiosidade de fonoaudilogos, foniatras, psiclogos, psiquiatras e outros profissionais afins, alm de leigos que lidam com indivduos portadores de gagueira . Caracteriza-se por hesitao, silabao, precedida ou intercalada dos fonemas qui, que, ga, gue. A gagueira revela a tendncia de aumentar ou diminuir sob a influncia da emoo.

Segundo o dicionrio, gaguejar falar com repeties, pronunciar as palavras com hesitao e sem clareza de sons mas, na realidade, a gagueira est muito alm do simples ato de falar com bloqueios e/ou repeties. Ocorrem com os gagos fenmenos que no conseguimos observar, como o conflito de falar e no falar, o medo de algumas palavras, a ansiedade em certas situaes de fala, auto-defesa, entre outros.

Segundo um gago famoso (Blodstein) que estudou o assunto a fundo, a gagueira o resultado da reao de luta interior do indivduo que fala. A definio exata do fenmeno sempre trouxe dificuldades porque a nica pessoa que sabe o que realmente a gagueira o prprio gago .

vistas a estudos e depoimentos de indivduos gagos, apesar de existirem muitas dvidas sobre a causa da gagueira e o mtodo ideal de tratamento, costuma passar pelo melhor ajustamento social e emocional, no evitar as situaes onde se deve falar, no evitar de dizer determinadas palavras, acalmar-se e trabalhar o medo e a auto-confiana.2. - DisfoniasNo se trata, propriamente, de alterao da linguagem, mas de defeitos da voz conseqentes a perturbaes orgnicas ou funcionais das cordas vocais ou, ainda, como conseqncia de uma respirao defeituosa. Seria ento, aDisfonia, um distrbio da voz, como rouquido, soprosidade ou aspereza.ADisfonia subdividida em:a)Disfonia Funcional: Alterao da voz resultante de abuso vocal ou mal uso. No apresenta qualquer causa fsica ou estrutural.b)Disfonia Orgnica: Alterao da voz, causada ou relacionada a algum tipo de condio laringiana ou doena.3. - LogorriaDizAntoine Porotque a arte de falar muito e no dizer nada no atributo apenas de alguns tipos de enfermos mentais. Na vida comum encontramos muitos charlates cuja incontinncia verbal poderia ser comparada a uma forma menor e de certo modo subnormal da logorria: o palavrrio feminino ftil e inconsistente de certas reunies sociais, a facndia e conversa cnica de certos embusteiros, as explicaes discursivas interminveis de propagandistas e vendedores.

Adisposio hipomanacapode representar um estado permanente, de forma moderada, compatvel com a vida social. Assim, um indivduo de tipo hipomanaco pode despertar a ateno sobre sua pessoa pela maneira incessante como fala, no dando oportunidade ao interlocutor para contest-lo, falando em tom de voz elevado, gesticulando muito e, sobretudo, logorreico. Na excitao manaca verifica-se o fluxo incessante e incoercvel de palavras, emitidas sem coeso lgica, que se acompanha de acelerao do ritmo psquico e de elevao do estado de nimo.

Alogorria comum em todos os casos de excitao psicomotora, principalmente nos estados manacos e hipomanacos, na embriaguez alcolica; em casos de demncia senil, a logorria est reduzida, muitas vezes, a um verbigerao incoerente.4. - BradilaliaConsiste numa diminuio da velocidade de expresso, como resultado da lentido dos processos psquicos e do curso do pensamento. Observa-se no parkinsonismo ps-encefaltico, em casos de epilepsia ps-traumtica.5. - Verbigerao a repetio incessante durante dias, semanas e at meses, de palavras e frases pronunciadas em tom de voz montono, declamatrio ou pattico. observada nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na esquizofrenia, especialmente na forma catatnica.6. - MutismoMutismo a ausncia de linguagem oral. Omutismotem origem e mecanismos os mais variados. Nas doenas mentais, observado nos estados de estupor da confuso mental, da melancolia e da catatonia; nos estados demenciais avanados, na paralisia geral e na demncia senil.Na esquizofrenia, omutismoadquire uma importante significao. Pode decorrer, nesse caso, de interceptao do pensamento, de perda de contato com a realidade, de alucinaes imperativas ou de idias delirantes de culpabilidade. Com muita freqncia, os catatnicos no falam nem respondem ao interrogatrio, dando-nos a impresso de que se encerram voluntariamente no mais completomutismo.7. - Mussitao a expresso da linguagem em voz muito baixa; o enfermo movimenta os lbios de maneira automtica, produzindo murmrio ou som confuso. um sintoma prprio da esquizofrenia.8. - EcolaliaEcolalia a repetio, como um eco, das ltimas palavras que chegam ao ouvido do paciente. Em condies patolgicas, observa-se nos catatnicos. O fenmeno tem muita semelhana com a perseverao do pensamento, observada nos epilpticos. Os enfermos repetem como um eco no s as palavras que lhes so dirigidas, como partes de uma frase que escutam ao acaso.No se pode fazer distino clara entre a ecolalia manifestada por um esquizofrnico crnico e um enfermo portador de um transtorno cerebral orgnico, pois ambos os pacientes podem ter em comum uma notvel alterao dos processos intelectuais e da intencionalidade.9. - Esquizofasia uma expresso criada porKraepelinpara designar uma profunda alterao da expresso verbal, observada em alguns esquizofrnicos paranides, em resultado da qual a linguagem se torna confusa e incoerente, sem que existam alteraes graves do pensamento.Em sua forma bem acentuada, a linguagem se apresenta como uma salada de palavras, em que o enfermo emprega neologismos e palavras conhecidas com sentido desfigurado, tornando o discurso inteiramente incompreensvel.10. - NeologismoNeologismosso palavras criadas ou palavras j existentes empregadas com significado desfigurado. Pode ser um sintoma comum na esquizofrenia.A linguagem costuma refletir o pensamento e pode ser tida como o elo final da cadeia de processos psquicos que se iniciam com a percepo e terminam com a palavra falada ou escrita . Costuma-se ter por certo que no existem pensamentos que no sejam formulados por palavras, ao ponto de poder se afirmar que todo pensamento corresponde a alguma determinada expresso verbal. por isso que no se estabelecem diferenciaes entre as perturbaes do pensamento e as alteraes da linguagem.Se existissem apenas alteraes da linguagem, estasficariam limitadas aos distrbios da articulao da palavra e da sintaxemas, na realidade, as perturbaes da linguagem so muito mais complexas. Se a linguagem um atributo humano dirigido comunicao entre pessoas, comeamos por considerar o contedo da linguagem. Sim, porque os esquizofrnicos podem expressar os maiores disparates delirantes, mantendo uma perfeita correo da sintaxe. Ainda aqui no demais relembrar que a classificao dos diferentes processos psquicos serve apenas para facilitar o ensino.para referir:Ballone GJ, Moura EC-Alteraes da Linguagemin. PsiqWeb, Internet, disponvel emhttp://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2008BIBLIOGRAFIA1- BLEULER E- Psiquiatria, Guanabara-Koogan, 1985, RJ.

2- EY H, BERNARD P, BRISSET C- Manual de Psiquiatria, Masson, 1981, RJ

3- PAIM I- Curso de Psicopatologia, EPU, 1988,SP

4- NOBRE DE MELO AL- Psiquiatria, Koogan, 1981, RJ

5- CAMBIER J, MASSON M, DEHEN H- Neurologia, Masson do Brasil, 1990, RJ.