Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
ALTERAÇÕES GLOBAIS
OS DESAFIOS E OS RISCOS PRESENTES E FUTUROS
FILIPE DUARTE SANTOS
SIM – Laboratório de Sistemas, Instrumentação e Modelação em Ciências e Tecnologias do Ambiente e do Espaço
FCUL – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
www.sim.ul.pt
Agência Portuguesa do Ambiente
Lisboa, 2 de Janeiro de 2013
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
Alterações globais em sentido lato são as mudanças
que se dão à escala planetária na Terra e que
resultam da evolução do sistema terrestre e das
interações e processos físicos, químicos e biológicos
nos seus subsistemas, incluindo a litosfera, a
hidrosfera, a criosfera, a atmosfera e a biosfera.
Nos últimos milénios, e especialmente durante os
séculos XX e XXI, as sociedades humanas, através
de algumas das suas atividades, têm provocado
alterações significativas no ambiente terrestre
que assumem um carácter global, devido à sua
natureza, intensidade e amplitude de distribuição
geográfica.
De acordo com a sua origem, as alterações globais podem ser
naturais ou antropogénicas. As últimas dão-se geralmente em
intervalos de tempo mais curtos e, por vezes, designam-
se simplesmente alterações globais.
Para poder abordar de forma integrada a problemática das
alterações globais, é necessário considerar a dimensão humana
dessas alterações, ou seja, as transformações que se dão nas
sociedades humanas ao longo do tempo, especialmente à escala
global.
Estas transformações, cada vez mais importantes devido à
globalização crescente, constituem grande parte da origem da
componente antropogénica das alterações globais. Neste
contexto, é especialmente importante analisar a evolução cultural,
em sentido lato, que conduziu à globalização, entendida como um
processo de expansão e intensificação das interacções e ligações
sociais, económicas, políticas, científicas, tecnológicas, culturais
e religiosas à escala mundial.
Os conceitos de população global, saúde global,
economia global, segurança alimentar global,
escassez de recursos naturais renováveis e não
renováveis à escala global, fontes primárias globais de
energia, consumo global de energia, mobilidade global,
sistemas de comunicação e informação à escala
global, em especial a Internet e as redes sociais,
traduzem uma realidade cada vez mais importante
para toda a população humana.
Importa distinguir as alterações globais sistémicas, que
se manifestam diretamente à escala do sistema
terrestre, das alterações globais cumulativas, que,
embora se manifestem apenas à escala local ou
regional, adquirem uma expressão global porque
surgem de forma significativa por todo o planeta ou
porque a sua intensidade é de tal modo elevada, que
geram uma problemática de âmbito global, incluindo
situações que põem em risco um recurso natural à
escala mundial
:
Alterações globais sistémicas: mudança climática, redução da
concentração do ozono estratosférico e alteração do albedo
terrestre.
Alterações globais cumulativas: Os principais exemplos são a
progressiva escassez de água resultante da sobre-exploração
dos recursos hídricos – rios, lagos e aquíferos –, a degradação e
destruição de uma grande diversidade de ecossistemas, tais
como as florestas tropicais húmidas e os recifes de corais, a
desflorestação, a perda de biodiversidade, a degradação e
perda de solos com aptidão agrícola, a desertificação, a
perturbação dos ciclos do azoto e do fósforo, a poluição do ar,
dos oceanos, da água e dos solos, o aumento da concentração
atmosférica de aerossóis antropogénicos e, de modo geral, a
crescente escassez de alguns recursos naturais renováveis e
não renováveis.
A Grande Aceleração
Desde o final da 2ª Guerra Mundial até à crise financeira e económica ocidental de 2008-2009 registou-se um crescimento muito pronunciado da população humana, da actividade económica, da produção e do consumo, do uso de recursos renováveis e não-renováveis, do transporte, dos fluxos de comunicação e informação, do conhecimento científico e das aplicações tecnológicas. Alguns autores designam este período de crescimento por “A Grande Aceleração” (Hibbard, 2007)
• A população humana aumentou 10 vezes nos últimos 3 séculos e por um factor de 4 no século XX, atingindo actualmente cerca de 7000 milhões. É muito provável que atinja cerca de 9000 milhões em 2050.
• A área urbana global cresceu por um factor de 10 no século XX. Actualmente cerca de metade da população mundial habita em cidades.
• No século XX a produção industrial cresceu por um factor de 40 e a utilização de energia por um factor de 16;
• Aproximadamente 50% da superfície terrestre está modificada pela acção humana;
• No século XX o consumo de água aumentou por um factor de 9. Actualmente é de 800 m3 por ano e per capita: 65% para a agricultura; 25% para a indústria e cerca de 10% para consumo doméstico.
• Aumento da poluição do ar, da água e dos solos;
• Perda de biodiversidade: o ritmo actual de extinções é cerca de 100 a 10 000 vezes superior (valor mais provável 1000) ao pré-humano, que era de, aproximadamente, uma espécie por 106 espécies por ano (E.O. Wilson);
As actividades humanas exercem actualmente uma interferência significativa sobre os sistemas terrestres à escala global, como por exemplo, o sistema climático. Iniciou-se uma nova época que P. Crutzen e E.F. Stoermer designam por Antropocénica.
A GRANDE ACELERAÇÃO 1945 - 2008
População PIB Mundial Investimento
Estrangeiro Directo
Barragens nos Rios Consumo de
Fertilizantes Uso mundial de Água
ANO ANO ANO
ANO ANO ANO
Nú
mer
o d
e b
arra
gen
s
(milh
ares
)
1012
US
dó
lare
s d
e 19
90
1012
US
dó
lare
s d
e 19
98
Pes
soas
(b
iliõ
es)
Km
3 p
or
ano
Ton
elad
as d
e n
utr
ien
tes
(milh
ões
)
A GRANDE ACELERAÇÃO 1945 - 2008
População urbana Consumo de papel
Veículos
Automóveis
Comunicações
telefónicas
Turismo
internacional
Pes
soas
(b
iliõ
es)
Ton
elad
as (
milh
ões
)
Nú
mer
o d
e ve
ícu
los
(milh
ões
)
Nú
mer
o d
e te
lefo
nes
(milh
ões
)
Nú
m d
e ch
egad
as d
e p
esso
as (
milh
ões
)
ANO ANO
ANO ANO ANO
Source: Joel E. Cohen,
1995
Fonte: WBGU
Evolução da População Global
Fonte: Nações Unidas
World Poverty Statistics
Total Percentage of World Population that lives on less than $2.50 a day 50%
Total number of people that live on less than $2.50 a day 3,8 Billion
Total Percentage of People that live on less than $10 a day 80%
Total percent of World Populations that live where income differentials are widening
80%
Total Percentage of World Income the richest 20% account for 75%
Total Number of children that die each day due to Poverty 22,000
Total Number of People in Developing Countries with Inadequate Access to Water
1.1 billion
Total Number of School Days lost to Water Related Illness 443 million school days
Poverty to Wealthy Ratio Statistics Year Ratio of People at Poverty to Wealthy Level 1820 3 to 1 1913 11 to 1 1950 35 to 1 1973 44 to 1 1992 72 to 1
World Bank Data, 2012
Source: Congressional
Budget Office, 2007
USA
FONTE: Banco Mundial, 2008
Densidade demográfica em 1995 com uma resolução espacial de 2.5 arc-min latitude/longitude (CIESIN)
Source: S. W. Dunning
Quadrado da Insustentabilidade Desigualdades e Iniquidades de
Desenvolvimento Pobreza extrema e severa
Alterações Climáticas
Insustentabilidade dos sistemas de Energia
Insegurança Alimentar, escassez de água e de outros recursos naturais, perda de biodiversidade
1 – Os 4 factores de insustentabilidade
estão fortemente interligados e
interdependentes
2 – Não é possível atingir o desenvolvimento
sustentável sem procurar resolver os 4
desafios de forma integrada
e simultânea
Nature, 461(2009) 472, 24 September
Fronteiras Planetarias
ENERGIA
Renováveis modernas: Hidroelectricidade – 3,34%
Outras – 1,92%
Total – 5,26%
ENERGIA
Fonte: AIE
Procura mundial de energia primária no cenário de referência da AIE
•Non-OECD countries account for 93% of the increase in global demand •between 2007 & 2030, driven largely by China & India
0
2 000
4 000
6 000
8 000
10 000
12 000
1980 1990 2000 2010 2020 2030
Mto
e
China and India
Rest of non-OECD
OECD
Fonte: AIE
Numero de pessoas sem acesso a electricidade em 2008 e 2030 no cenário de referência da AIE
$35 billion per year more investment than in the Reference Scenario would be needed to 2030 – equivalent to just 5% of global power-sector investment – to ensure universal access
World population without access to electricity
2008: 1.5 billion people 2030: 1.3 billion people Fonte: AIE, 2011
Extreme Energy – Energia Extrema
Unconvencional oil – Petróleo Não Convencional
Oil sands – Areias betuminosas (Canadá)
Tight oil – Xistos petrolíferos (Dakota do Norte, EUA)
Offshore deepwater – Offshore muito profundo (Brasil
e EUA - Golfo do México)
Unconventional gas – Gás Não Convencional
Shale gas – Gás de xisto (EUA)
AREIAS BETUMINOSAS
Gás de xisto: Emissões de gases com efeito de estufa comparáveis
ao do carvão quando se contabilizam as emissões de metano durante
o processo de exploração
GÀS DE XISTO
ESCASSEZ DE ÁGUA
By 2025, nearly 2 billion people will be living in countries
or regions with absolute water shortage, where water
resources per person fall below the recommended level
of 500 cubic metres per year. This is the amount of
water a person needs for a healthy and hygienic living.
Water scarcity already affects every continent and four
of every ten people in the world. The situation is getting
worse due to population growth, urbanization and the
increase in domestic and industrial water use.
Millennium Development Goal number 7, target 10 aims
"to halve, by 2015, the proportion of people without
sustainable access to safe drinking water and basic
sanitation". The world is still on track to reach the drinking
water target, but increasing water scarcity may seriously
undermine progress towards achieving this goal
OMS, 10 facts about water scarcity
TERRAS ÁRIDAS
Semi-árido
Subhúmido seco
Subhúmido húmido
Húmido
• Desertificação é a degradação dos solos nas terras áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas;
• A desertificação atinge actualmente cerca de 10 a 20% da área total das regiões áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas e constitui um dos mais graves problemas ambientais de âmbito global devido à relação estreita entre a degradação dos solos e a produção alimentar.
Biodiversidade
• A biodiversidade de uma região é a totalidade dos
seus genes, espécies e ecossistemas;
• Os ecossistemas naturais providenciam à
humanidade um vasto e diversificado conjunto de
serviços essenciais à vida: ciclo do carbono,
equilíbrio do oxigénio atmosférico; geração,
manutenção e fertilidade dos solos; novos
medicamentos; valores educativos, culturais,
estéticos e éticos, etc.
SOURCE: Myers et al., 2000
Fischlin et al., 2007
• É possível que se esteja na 6ª extinção maciça de espécies, esta com origem nas actividades humanas;
• Foram identificadas e descritas cientificamente cerca de 1,75 milhões de espécies, mas é provável que o número total seja muito maior, da ordem de 14 milhões;
• A actual taxa de extinção de espécies é superior por um factor de 100 a 10 000, à taxa natural de extinção livre da interferência antropogénica, cujo valor é da ordem de 1 espécie por milhão e por ano.
Desflorestação
• Desde o surgimento da agricultura, há cerca de 10 000 anos, a área florestal global reduziu-se da ordem de 20% a 25%.
• As florestas tropicais húmidas, apesar de cobrirem apenas cerca de 6% da superfície terrestre, constituem o habitat de mais de 50% e possivelmente 90% das espécies da fauna e flora do nosso planeta.
• As florestas das zonas temperadas da América do Norte e da Eurásia estabilizaram ou estão a crescer enquanto que as florestas tropicais continuam em declínio acentuado;
• De acordo com várias estimativas, a manutenção do actual ritmo de desflorestação da floresta tropical húmida irá conduzir à sua extinção nos próximos 100 anos;
• Cerca de 15% a 25% das actuais emissões globais de CO2 para a atmosfera resultam da desflorestação.
Source: Mongabay.com
Deforestation in Amazonia, seen from satellite. The roads in the
forest follow a typical "fishbone" pattern
Extent of deforestation in Borneo 1950-2005, and projection towards 2020. The tropical lowland and
highland forests of Borneo, including vast expanses of rainforest, have decreased rapidly after the end of
the second world war. Forests are burned, logged and clear, and commonly replaced with agricultural land,
built-up areas or palm oil plantations. These areas represent habitat for species, such as Orangutan and
elephants
Aumento do preço das commodities
Resource Revolution, McKinsey, 2011
Aumento do preço de 147% desde o princípio do século
SEGURANÇA ALIMENTAR
Download full dataset: Excel
Porque razão os preços dos alimentos sobem?
- Devido às mudanças climáticas que conduzem a uma maior
frequência de secas, inundações e tempestades que diminuem
a produção agrícola
- Devido ao cultivo de biocombustíveis em terrenos com boa
aptidão para a produção de alimentos
- Devido ao crescimento da população global que é mais rápido
do que o crescimento da produção agrícola
- Devido às economias emergentes, especialmente a China e a
Índia, onde se estão a consumir cada vez mais produtos
alimentares de qualidade
- Devido ao preço crescente do petróleo que torna mais cara a
produção agrícola e o transporte e exportação dos produtos
alimentares
- Devido ao aumento global do consumo de carne que exige maior
produção de cereais para alimentação do gado
- Devido a décadas de abandono e desinvestimento na agricultura
e na investigação e desenvolvimento do sector agrícola,
sobretudo nas regiões mais vulneráveis à fome.
Keeling‘s Mauna Loa Curve
Source: NOAA, http://www.esrl.noaa.gov/gmd/obop/mlo/
New Analysis of Land Surface Temperatures (BEST):
A skeptics‘ confirmation of global warming
Decadal Land-Surface Average Temperature
Berkeley Earth, http://www.berkeleyearth.org
Figure 1. A comparison of August temperatures, the peak of the great European heat
wave of 2003 (left) with July temperatures from the Great Russian Heat Wave of 2010
(right) reveals that this year's heat wave is more intense and covers a wider area of
Europe.
Rahmstorf, 2007
Em 2100
-IPCC, 2007 0.18 – 0.59 m
-Rahmstorf, 2007 0.5 - 1.4 m
-Vermeer, 2009 0.81 – 1.79 m
-Jevrejeva, 2010 0.59 – 1.8 m
Fonte, IPCC
3.7
3.8
Environmental constraints to rain-fed agriculture, reference climate 1961-90
Environmental constraints to rain-fed agriculture, HadCM3-A1FI 2080s
A. Day, 2010
Fonte, SIAM, 2006
SIAM Project : Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and Adaptation Measures
Mais Informação ...
http://www.siam.fc.ul.pt/
SIAM II - 2006 SIAM I - 2002
O crescimento exponencial da oferta e do consumo
material não é indefinidamente sustentável.
Poderá satisfazer as nossas expectativas imediatas,
mas conduz necessariamente a uma situação de
ruptura e crise num futuro mais ou menos próximo.
Há limites para o crescimento económico exponencial,
ou seja a uma taxa anual de crescimento
aproximadamente constante
The Limits to Growth – Club of Rome
D.H. Meadows, D.L. Meadows, J. randers and
W.W.Beherens III, 1972
Limits to growth: The 30 – Year Update
D.H. Meadows, J. Randers and D.L. Meadows, 2004
- Humans on Earth
Filipe Duarte Santos
Springer, 2011
- Alterações Globais
Os desafios e os riscos
Presentes e futuros
Filipe Duarte Santos
Fundação Francisco
Manuel dos Santos, 2012
ORIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO
Desertificação
• Cerca de 41,3% da superfície terrestre emersa são terras sub-húmidas secas, semi-áridas, áridas e hiper-áridas (desertos), designados por “terras secas” ou “drylands”.
• Nas “Terras secas” habitam 2250 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 34,7% da população mundial;
• Nas “Terras secas” a produção agrícola e florestal e outros serviços dos ecossistemas estão limitados pela escassez de água.
Biodiversidade
• A biodiversidade de uma região é a totalidade dos
seus genes, espécies e ecossistemas;
• Os ecossistemas naturais providenciam à
humanidade um vasto e diversificado conjunto de
serviços essenciais à vida: ciclo do carbono,
equilíbrio do oxigénio atmosférico; geração,
manutenção e fertilidade dos solos; novos
medicamentos; valores educativos, culturais,
estéticos e éticos, etc.
• É possível que se esteja na 6ª extinção maciça de espécies, esta com origem nas actividades humanas;
• Foram identificadas e descritas cientificamente cerca de 1,75 milhões de espécies, mas é provável que o número total seja muito maior, da ordem de 14 milhões;
• A actual taxa de extinção de espécies é superior por um factor de 100 a 10 000, à taxa natural de extinção livre da interferência antropogénica, cujo valor é da ordem de 1 espécie por milhão e por ano.
Desflorestação
• Desde o surgimento da agricultura, há cerca de 10 000 anos, a área florestal global reduziu-se da ordem de 20% a 25%.
• As florestas tropicais húmidas, apesar de cobrirem apenas cerca de 6% da superfície terrestre, constituem o habitat de mais de 50% e possivelmente 90% das espécies da fauna e flora do nosso planeta.
• As florestas das zonas temperadas da América do Norte e da Eurásia estabilizaram ou estão a crescer enquanto que as florestas tropicais continuam em declínio acentuado;
• De acordo com várias estimativas, a manutenção do actual ritmo de desflorestação da floresta tropical húmida irá conduzir à sua extinção nos próximos 100 anos;
• Cerca de 15% a 25% das actuais emissões globais de CO2 para a atmosfera resultam da desflorestação.
Deforestation in Amazonia, seen from satellite. The roads in the
forest follow a typical "fishbone" pattern
Extent of deforestation in Borneo 1950-2005, and projection towards 2020. The tropical lowland and
highland forests of Borneo, including vast expanses of rainforest, have decreased rapidly after the end of
the second world war. Forests are burned, logged and clear, and commonly replaced with agricultural land,
built-up areas or palm oil plantations. These areas represent habitat for species, such as Orangutan and
elephants
RECURSOS NATURAIS
Resource Revolution, McKinsey, 2011
SEGURANÇA ALIMENTAR
Download full dataset: Excel
Porque razão os preços dos alimentos sobem?
- Devido às mudanças climáticas que conduzem a uma maior
frequência de secas, inundações e tempestades que diminuem
a produção agrícola
- Devido ao cultivo de biocombustíveis em terrenos com boa
aptidão para a produção de alimentos
- Devido ao crescimento da população global que é mais rápido
do que o crescimento da produção agrícola
- Devido às economias emergentes, especialmente a China e a
Índia, onde se estão a consumir cada vez mais produtos
alimentares de qualidade
- Devido ao preço crescente do petróleo que torna mais cara a
produção agrícola e o transporte e exportação dos produtos
alimentares
- Devido ao aumento global do consumo de carne que exige maior
produção de cereais para alimentação do gado
- Devido a décadas de abandono e desinvestimento na agricultura
e na investigação e desenvolvimento do sector agrícola,
sobretudo nas regiões mais vulneráveis à fome.
Fonte: FAO
MUDANÇAS CLIMÀTICAS
Reconstituição da evolução da
temperatura média global da
baixa atmosfera, representada
por meio da anomalia
relativamente à média do
período de 1961 a 1990, e da
concentração atmosférica do
CO2 nos últimos 400 000 anos
(Petit, 1999). Figura adaptada
de EEA, 2004. Repare-se na
correlação que se observa
entre os dois registos. O
aumento da concentração do
CO2 a partir da revolução
industrial e até ao presente está
indicado por um vector
aproximadamente vertical
devido à escala de tempo
utilizada na figura
Fonte, Petit et al., 1999
Fonte, IPCC
Emisiones no relacionadas
con la energía
Emisiones relacionadas con la energía
Emissões de GEE por sector 2007 Desechos y aguas
residuales
3%
Agrucultura
14%
Uso de suelo
17%
Energía
eléctrica
26%
Industria
19%
Transporte
13%
Edificios
8%
Fonte: NOAA
Variação da Temperatura Média Global à Superfície
Média 2001-2007 em relação 1951-80 (+0,54º C)
Fonte: NOAA
Redução do Gelo Oceânico no Ártico
Ca
mb
ios
en l
a c
an
tid
ad
de
hie
lo (
Gt)
Ano
1980 2008
Fonte: NASA -University of California Irvine. 2010.
Variabilidade e
Alterações
Climáticas
Impactos
Mitigação
Adaptação
Respostas
Efeitos indirectos
Efeitos directos ou retroacção
Fonte, IPCC
Fonte: IPCC
Rahmstorf, Cazenave, Church, Hansen, Keeling, Parker and Somerville
(Science, 2008)
Rahmstorf, 2007
Em 2100
-IPCC, 2007 0.18 – 0.59 m
-Rahmstorf, 2007 0.5 - 1.4 m
-Vermeer, 2009 0.81 – 1.79 m
-Jevrejeva, 2010 0.59 – 1.8 m
Fonte:
Fonte, IPCC
3.7
3.8
Environmental constraints to rain-fed agriculture, reference climate 1961-90
Environmental constraints to rain-fed agriculture, HadCM3-A1FI 2080s
A. Day, 2010
Fonte, SIAM, 2006
Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and
Adaptation Measures (SIAM Project)
• SIAM I study was the first integrated study on the impacts of climate change in
Portugal (and in any Southern European country)
– Integration Team
– Scenario Teams
• Climate
• Socio-economic
– Impact Teams
• Health Study
– National focus
– Team
• Elsa Casimiro
• Jose Calheiros
• Suraje Dessai
http://www.siam.fc.ul.pt/SIAM_Book
Agriculture
Human
Health
Forest &
Biodiversity Energy
Fisheries
Coastal
Zones
Water
Resources
IMPACT
TEAMS
SIAM Project : Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and Adaptation Measures
Mais Informação ...
http://www.siam.fc.ul.pt/
SIAM II - 2006
http://www.siam.fc.ul.pt/SIAM_Book
SIAM I - 2002
Trajectórias das emissões de CO2e (2005 = 380 ppmv)
4
C 3
C
2
C
Mil
es
de
mil
lon
es
de
to
ne
lad
as
de
CO
2
Fuente: Stern Review; World Resources Institute
FONTE: WBGU
O crescimento exponencial da oferta e do consumo
material não é indefinidamente sustentável.
Poderá satisfazer as nossas expectativas imediatas,
mas conduz necessariamente a uma situação de
ruptura e crise num futuro mais ou menos próximo.
Há limites para o crescimento económico exponencial,
ou seja a uma taxa anual de crescimento
aproximadamente constante
The Limits to Growth – Club of Rome
D.H. Meadows, D.L. Meadows, J. randers and
W.W.Beherens III, 1972
Limits to growth: The 30 – Year Update
D.H. Meadows, J. Randers and D.L. Meadows, 2004
Resource Consumption growth rate, annual
Static index Exponential index
5 times reserves exponential index
Chromium 2.6% 420 95 154
Gold 4.1% 11 9 29
Iron 1.8% 240 93 173
Petroleum 3.9% 31 20 50
YEARS
The static reserve numbers assume that the usage is constant, and the
exponential reserve assumes that the growth rate is constant.
Recursos naturais não renováveis
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2010
6
4
2
0
-
2
2,0 2,7
4,0 3,5
4,0 3,9
1,3
-2,2
4,3
2,7
Produto mundial bruto real
Fonte: Banco Mundial
Os países mais industrializados têm frequentemente como objectivo
assegurar um crescimento anual da economia de pelo menos 3%.
As economias emergentes ambicionam manter crescimentos anuais
superiores, como é o caso da China que nos últimos 30 anos teve um
crescimento médio anual de cerca de 10%.
Imaginemos porém que se elege como objectivo um crescimento
anual da economia mundial de 3%. Se fosse possível manter este
crescimento exponencial indefinidamente a produção económica
duplicaria todos os 24 anos. No ano de 2084 a produção económica
global seria 8 vezes maior do que em 2012. Será isto credível?
Com o actual sistema económico taxas de crescimento da economia
global inferiores a 3% tendem a provocar o colapso devido à
dificuldade de crédito e superiores a 6% a provocar uma inflação
crescente e descontrolada.
By the beginning of the 21st century the world's environment was in critical decline. Oceans are turning
acidic from atmospheric CO2 threatening marine life, melting glaciers are flooding cities where soon little water will flow at all, species are disappearing from the Earth at a faster rate than during the dinosaur extinction 65 million years ago.
The design of the global economy demands that by 2019 the economy will be twice the size it was in 2000. At its present rate of growth, by 2059 the global economy will be ten times its 2000 size. But Earth cannot sustainably support a
global economy the size it was in 2000. Even if the economy slid along at a minimal 3% growth it would still be 10 times its 2000 size by the year 2080. So in order to survive, the global economy is compelled to keep growing like a cancer, at an unsustainable rate that will
kill its host. This self-destructive design is a direct result of the flaw in the global money system (see accompanying article
Tabela de períodos de
crescimento
da economia por factores
de 2, 3, 4, 5,…
para taxas anuais de
crescimento de
3%, 4%, 5% e 6%.
Há limites ao crescimento económico que decorrem das
leis fundamentais da física. A preservação da vida na
Terra e o crescimento e desenvolvimento da população
humana são processos organizativos em que, por meio
da utilização da energia solar e da exploração dos
recursos naturais, a entropia decresce à custa do seu
aumento no sistema envolvente, ou seja, no ambiente
na Terra.
Nicholas Georgescu – Roegen
The entropy law and the economic process, 1971
Reconheceu a ligação entre a economia, a entropia e a
Biologia e estabeleceu as bases da Economia Ecológica
The ecological economic approach (left) recognises
that the economy is a smaller system supported by the environment
in which it exists. The neoclassical environmental economic system
(right) identifies the environment only as a part of the ecological
system, rather than as its own entityity.
A actual situação de fraco crescimento, estagnação ou
crise económica na maioria dos países desenvolvidos
poderá ser uma primeira manifestação da insustentabilidade
do actual sistema económico.
Recursos naturais mais escassos e com uma procura
crescente, especialmente por parte dos países com
economias emergentes, tornam-se mais caros e
desaceleram a economia.
A subida dos preços das commodities, especialmente da
energia, e a dificuldade de acesso ao crédito estão a
desacelerar o crescimento económico nas economias mais
avançadas. O crescimento económico está a tornar-se cada
vez mais difícil e problemático na Europa e nos EUA.
Gerou-se no mundo actual uma profunda dicotomia. De um lado, temos o
conjunto dos países desenvolvidos com economias avançadas cuja
população global é cerca de 1400 milhões e que se manterá
aproximadamente constante até 2050, logo com uma idade média
crescente.
Por outro lado, temos os países com economias emergentes, entre os quais
se destacam o Brasil, a China, a Índia e a Rússia e todos os restantes
países em desenvolvimento, incluindo a maior parte dos países que são
actualmente os principais produtores de petróleo e gás natural
convencionais.
O conjunto destes países tem actualmente uma população próxima de
5600 milhões, prevendo-se que cresça para mais de 7800 milhões em
2050. Estamos perante um grupo com uma forte dinâmica de crescimento
demográfico e económico e com uma capacidade de criar emprego cada
vez mais especializado, com vencimentos muito inferiores aos praticados
nos países com economias mais avançadas.
Os próximos anos vão ser profundamente marcados pela multipolaridade
da nova ordem mundial.
Uma parte importante do poder financeiro e económico está a transferir-
se dos países mais industrializados para o outro grupo de países.
É muito provável que a maioria dos países do primeiro grupo atravesse
um período relativamente longo de estagnação ou declínio económico e
desemprego elevado.
Esta situação deve-se essencialmente às disparidades de crescimento
demográfico já referidas, ao relativo decrescimento da produtividade do
investimento, aos elevados défices e dívidas públicas, e ao aumento dos
preços de alguns recursos naturais, especialmente da energia.
- Humans on Earth
Filipe Duarte Santos
Springer, 2011
- Alterações Globais
Os desafios e os riscos
Presentes e futuros
Filipe Duarte Santos
Fundação Francisco
Manuel dos Santos, 2012
Obrigado pela Atenção