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Alternativas metodológicas para trabalhar Geografia na 5ª série do Ensino
Fundamental
Márcia Regina Telli Ferronatto¹Mafalda Nesi Francischetti²
Resumo
O ensino da Geografia, principalmente na 5ª série do Ensino Fundamental tem por objetivo, possibilitar aos alunos a elaboração de conceitos científicos. Através da prática pedagógica pelo lúdico, o aluno participa mais efetivamente da apropriação do espaço geográfico, preparando-o para o entendimento de sua vivência. O papel do educador é proporcionar esta interligação entre o real e o abstrato, levando o educando a construir seus saberes com atividades interessantes que envolvam ao mesmo tempo conteúdos essenciais de Geografia numa aprendizagem significativa, despertando no aluno o gosto pela Geografia escolar, bem como para a sua alfabetização espacial. Para diminuir a distância entre a escola e a vida cotidiana do aluno, é fundamental que o professor seja mediador na construção de saberes escolares, na formação de raciocínios e significados, levando o aluno a fazer as interligações do que conhece e do que ainda é abstrato na sua concepção de mundo. Este é um requisito essencial para efetivação da aprendizagem. Neste artigo, apresentamos algumas atividades lúdicas para o desenvolvimento dos conteúdos visando condições para reflexão de diversos conceitos da relação da Geografia Escolar com o cotidiano dos alunos.
Palavras-Chave: Ensino, Atividades, Conteúdos, Cotidiano, Aprendizagem.
________________________________
¹Graduada em Geografia pela Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão (Facibel); Especialista em Orientação Educacional pelo Centro Avançado de Especialização e Desenvolvimento de Recursos Humanos Assessorias Técnica e Jurídica (CAEDRHS); ²Professora Orientadora pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
INTRODUÇÃO
Considerando que é nas primeiras séries do Ensino Fundamental que
ocorrem as principais e primordiais bases para a consolidação do aprendizado,
na construção e na formação de conceitos do educando, faz-se necessário
rever algumas posturas em relação, principalmente, à 5ª série do Ensino
Básico.
A abordagem do conhecimento prévio do aluno exige que a
contextualização sobre a teoria da aprendizagem, esteja presente na prática
pedagógica do professor, possibilitando-o entender e construir o aprendizado e
os saberes com seus alunos que serão profundamente marcados por esta
prática. Nesta relação que professores e alunos mantêm com o ensino é que
resulta o processo didático-pedagógico.
A postura do professor para 5ª série precisa considerar a continuidade
das séries iniciais do Ensino Básico, reforçando o desenvolvimento educacional
sem grandes rupturas para que não causem traumas para este aluno. A
Geografia Escolar Crítica, principalmente neste ciclo, possibilita a construção
do saber através do lúdico, levando o aluno a participar efetivamente da
apropriação do conhecimento do espaço em que vive, preparando-o para
entender além de sua vivência.
O papel do educador é proporcionar a interligação entre o real e o
abstrato representado, levando o educando a construir seus saberes,
transformando assim atividades pedagógicas interessantes que envolvam ao
mesmo tempo conteúdos essenciais de Geografia em aprendizagem
significativa, despertando o aluno para a alfabetização espacial. Buscando,
dessa forma, diminuir a distância entre a escola e a vida cotidiana.
Nesta etapa da vida, a criança ainda necessita da concretização do
aprendizado, para depois entender a sua abstração. Precisa ter consciência do
espaço que ocupa. Para tal, o aprendizado se faz a partir do seu corpo para o
espaço mais amplo para entender a abrangência e as transformações, bem
como as causas e as conseqüências dessas mudanças.
Segundo Castrogiovanni (2000) a evolução da forma de apreensão do
espaço pela criança segue três etapas essenciais: a) a etapa do espaço vivido;
b) a do espaço percebido e c) a do espaço concebido. Cabe à escola como um
todo, proporcionar a apreensão destes espaços, na orientação, leitura,
interpretação, localização como também nas relações do educando com o meio
em que vive.
Cavalcanti (1998) diz que o ensino deve propiciar ao aluno a
compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições.
Ainda, que a escola tem a função de trazer o cotidiano para seu interior com o
intuito de fazer uma reflexão sobre ele a partir de uma confrontação com o
conhecimento científico. Nesse sentido, deve estar estritamente ligada ao
cotidiano.
Assim, o papel do educador é de promover a articulação de conceitos
formados no cotidiano interligando com o conceito científico. A construção de
saberes escolares, a formação de raciocínios e significativos se dá a partir da
vivência do dia a dia, levando o aluno a fazer as interligações do que conhece
e o que é abstrato na sua concepção de mundo.
Neste deste artigo procuramos entender a relação da metodologia de
ensino com êxito do aprendizado de Geografia na 5ª Série do Ensino
Fundamental. O que se justifica pelas dificuldades encontradas enquanto
professora e demonstradas pelos alunos na abstração e compreensão dos
conteúdos de Geografia na 5ª série do Ensino Fundamental. O objetivo foi
elaborar uma proposta de construção de atividades significativas para trabalhar
na 5ª série, os conteúdos específicos em Geografia, como:
localização/orientação; relevo e os agentes modificadores; clima e vegetação;
espaço geográfico em formação/ rural e urbano- (re) organização econômica
do espaço rural e urbano; setores da economia - sistemas de circulação de
mercadorias, pessoas, capitais e informações.
A CONTEXTUALIZAÇÃO DA GEOGRAFIA
De acordo com Kaercher (1998), a Geografia sempre existiu e nós a
fazemos diariamente. Com esse pensamento, devemos construir nossa prática
em sala de aula, possibilitando ao aluno entender o espaço em que vive e as
suas modificações. Procurar entender o porquê dessas alterações e a
influência direta ou indireta na vida. Como obter a compreensão do espaço
pela criança? Como (re) elaborar conceitos significativos para o educando
nesta série? O nosso desafio é buscar soluções para os problemas que
enfrentamos na educação, na sala de aula, na escola. Os objetivos são,
portanto como ensinar a Geografia escolar. O que podemos construir em
nossos alunos?
(...) é sempre difícil apontar caminhos. Há sempre dois riscos a correr da parte de quem o faz: que eles sejam tomados como lei a seguir tal e qual são apresentados ou que não consigam atingir o seu real objetivo, que é o de despertar o ser criativo e capaz de encontrar as suas soluções, ser este, que há dentro de cada professor e em seus alunos (MESQUITA, 1998, p. 149).
No entanto, buscar novos caminhos, criar, inovar o ensino em sala de
aula é uma necessidade diária, num mundo de velozes transformações. A
reflexão sobre a práxis pedagógica nos questiona sobre o que queremos (re)
produzir com nossos alunos. Como fazer com que a aprendizagem aconteça?
Qual é o papel da escola e principalmente do professor? Como fazer acontecer
a contextualização e a participação efetiva do educando na construção de sua
aprendizagem? O que torna o professor um pesquisador em busca do novo e
inovador para atingir seu principal objetivo: é a aprendizagem.
Castrogiovanni (2000) afirma que a Geografia Escolar deve lidar com
as representações da vida dos alunos, sendo necessário sobrepor o
conhecimento do cotidiano aos conteúdos escolares, sem distanciar-se, em
demasia, do formalismo teórico da ciência. É primordial entendermos quais os
saberes que o aluno traz, partindo desse conhecimento vivenciado no dia a dia,
em seu meio e no entendimento que tem desse meio inserindo nesse contexto
o conhecimento científico necessário à sua formação.
Cavalcanti (1998) relata a dificuldade dos alunos de 5ª e 6ª séries em
localizarem-se no espaço, sendo que este conteúdo foi trabalhado na 5ª série,
cita a precariedade do trabalho nesta série, provocando uma consolidação
precária de conhecimentos geográficos, o que se verifica a não assimilação
dos conteúdos trabalhados. Em sua pesquisa de campo constatou a dificuldade
de professores trabalharem nestas séries conteúdos tão imprescindíveis para a
Geografia tanto escolar como a cotidiana, apontando a importância para a vida
do indivíduo essa construção de conceitos, destacando ainda que: “A
construção de conceitos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana,
uma vez que possibilita à pessoa organizar a realidade, estabelecer classes de
objetos e trocar experiência com o outro” (CAVALCANTI, 1998, p. 139).
E é na construção desses conceitos que o educando vai formar
parâmetros para o entendimento do conhecimento formal, que é o papel da
escola, consolidando na educação básica o raciocínio geográfico e o
desenvolvimento de um cidadão crítico e participativo. Conforme consta nas
DCEs (Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado
do Paraná), serão apontados os Conteúdos Estruturantes1 da Geografia para a
Educação Básica. Neste documento estão contemplados:
- Dimensão econômica da produção do/no espaço.
- Geopolítica.
- Dimensão socioambiental; e
- Dinâmica Cultural e demográfica.
De acordo com as DCEs, ao iniciar os estudos na 5ª série do Ensino
Fundamental, espera-se que o aluno amplie suas noções espaciais. Por isso o
professor trabalhará os conhecimentos necessários para o entendimento das
inter-relações entre as paisagens naturais e artificiais. Sob essa perspectiva, o
professor aprofundará os conceitos de lugar e paisagem e, em caráter
introdutório, os conceitos de região e território.
O espaço deve ser compreendido como resultado da integração entre
dinâmica físico-natural e dinâmica humano-social. Os diferentes níveis de
escalas de análise podem transitar entre o local, regional, nacional e global ou
o oposto. Torna-se importante promover um domínio da linguagem cartográfica
para entender como os fenômenos se distribuem e se relacionam nesse
espaço. Assim está proposto para trabalhar o ensino de Geografia na 5ª série
do Ensino Fundamental na rede pública do Paraná, através das Diretrizes
Curriculares.
1Conteúdos Estruturantes definem-se em saberes e conhecimentos de grande amplitude que identifiquem e organizem os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e ensino. A partir deles, derivam-se os conteúdos específicos, a serem trabalhados na relação de ensino e aprendizagem no cotidiano escolar.
METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO
Nas questões que permeiam esta proposta de ensino, através do
papel do educador, seus objetivos, suas necessidades e dificuldades, no que
tange a profissão e na importância que esta disciplina possui no contexto atual,
a análise torna-se um instrumento de orientação e planejamento para as
metodologias de ensino em sala de aula. De acordo com os conteúdos
específicos da 5ª série, condicionando a pesquisa para a prática pedagógica
dos professores de Educação Básica.
Convém frisar que a Geografia trabalhada na 5ª série, em especial,
proporciona a busca por metodologias variadas, para que o educando se
aproprie do conhecimento de forma contextualizada, através da pesquisa.
Nesse contexto, é preciso lembrar todas as questões sócio-culturais que
envolvem a escola.
Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Estado do
Paraná foram muitas as denominações propostas para o que hoje é entendido
como espaço geográfico e sua composição conceitual básica – lugar,
paisagem, região, território, natureza, sociedade, entre outros. A apreensão
deste espaço pelo aluno e sua vivência deve ocorrer de maneira lúdica,
levando a contextualização da teoria aprendida nos livros escolares.
Em relação ao objetivo geral do plano de ação, propomos como
metodologia de trabalho, atividades significativas, para diminuir a ruptura entre
o 1º e 2º ciclo com o início do 3º ciclo do Ensino Fundamental, possibilitando
assim o melhor relacionamento professor-aluno bem como o processo da
aprendizagem.
Com esta proposta, elaboramos oito planos de aula, para desenvolver
estas atividades, com conteúdos específicos para a 5ª série, na disciplina de
Geografia. A escolha destes conteúdos deu-se através das análises realizadas
durante os anos de trabalho com esta série, considerando o que é primordial
na Geografia escolar, para que o educando consiga entender o espaço em que
vive.
Com os temas definidos, elaboramos as atividades, selecionadas e já
vivenciadas, porém nunca antes seqüenciadas em um grupo e na mesma
série. Como Já tínhamos a experiência, acreditamos que deveriam ser
adequadas dentro da proposta atual, histórico–crítica, por ser a metodologia
mais adequada ao trabalho que nos propomos, estando também de acordo
com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná.
Este trabalho foi desenvolvido no Colégio Estadual de Marmeleiro, em
uma 5ª série, com 27 alunos do turno vespertino, na disciplina de Geografia,
em conjunto com outra professora PDE. Trabalhamos a metodologia histórico-
crítica, seguindo os passos indicados por Gasparin (2005): a) Prática Social
Inicial, b) Problematização, c) Instrumentalização, d) Catarse, e) Prática Social
Final. Porém, ressaltamos que nosso objetivo foi trabalhar a Geografia Escolar
de forma dinâmica, atrativa e através de atividades contextualizadas, onde o
aluno participa ativamente da aula, construindo o seu conhecimento.
De acordo com essas indicações pontuamos alguns conteúdos
específicos da série em que o aluno demonstra maior dificuldade, embora
estes sejam essenciais para o ensino da Geografia escolar como também no
dia-a-dia: a) localização/orientação; b) relevo: os agentes modificadores, clima
e vegetação; c) espaço geográfico em formação/ rural e urbano-(re)
organização econômica do espaço rural e urbano; d) setores da economia-
sistemas de circulação de mercadorias, pessoas, capitais e informações.
Para exemplificar o desenvolvimento das atividades e a metodologia,
explanamos o tema denominado: “Cartografia – Conhecendo os Mapas
(ESCALAS E LEGENDAS).”
Ao trabalhar esta etapa tivemos como objetivos: compreender que o
mapa é uma representação da realidade; identificar a escala do mapa e
transformá-la em medidas reais; reconhecer que a leitura da legenda é
fundamental para a interpretação do mapa e identificar os diferentes tipos de
mapas.
Iniciamos com os alunos partindo do primeiro passo sugerido por
Gasparin (2005), a Prática Social Inicial, que é aquilo que os alunos já sabem,
o conhecimento que trazem consigo sobre o assunto trabalhado.
Questionamos os alunos a partir de um texto lido a história Casa Do Amigo:
“– Tiago, onde estava você? Olhe a que horas você está voltando para casa! - Fui à casa do Júnior para dar uma estudada, pois temos prova de Geografia amanha. Ah, por falar nisso, amanha terei
de voltar lá e precisaria que você me levasse lá, pois o pai dele vai viajar. Tudo bem?- Então explique pra mim como faremos para ir, pois só sei que é muito longe e nem tenho idéia de como chegar lá, certo?” ROCKENBACH. 2002, p.62.
A partir do texto questionamos os alunos:
“O pai de Tiago quer que ele desenhe o trajeto até a casa de seu
amigo Júnior. Como ele fará este desenho?” “Como reduzir o tamanho real do
trajeto para que ele caiba numa folha de papel?” “Que tipo de medidas usamos
para fazer o desenho?” Registramos as observações dos alunos no quadro, os
quais também registraram em seus cadernos as respostas.
Partimos para o segundo passo, a problematização, isto é, a
discussão sobre o conteúdo e domínio em profundidade de outros conteúdos a
partir deste, utilizamos, uma figura, que foi distribuída para todos os alunos,
solicitando que a observassem atentamente. O objetivo foi que os alunos
percebessem a disparidade de tamanho, inserindo assim a escala.
O que há de errado nesta imagem? Por quê?
Com este questionamento, registramos as observações dos alunos, no
quadro-giz. Em seguida transcrevemos o seguinte texto:
“Para fazer a representação de um lugar, é preciso reduzir o que se quer desenhar, no tamanho real, um lugar vem os seus detalhes. Além disso, é necessário ter símbolos ou sinais para dar significados aos fenômenos.A ESCALA e as LEGENDAS possibilitaram a elaboração e a leitura de mapas.” CASTELLAR, 2002, p. 32.
O terceiro passo é a Instrumentalização, que são as ações dos
docentes e discentes, a partir do conteúdo trabalhado. Para isto,
desenvolvemos as seguintes atividades denominadas de A, B e C com o
objetivo de trabalhar a escala, a partir de medidas utilizando inicialmente o
próprio corpo, para depois introduzir o centímetro e o metro, entendendo a
escala real.
Na atividade, que chamamos de “A”, o primeiro passo foi medir com os
alunos a largura e o comprimento da sua carteira com palmos. Em seguida
fizeram o desenho da carteira “vista de cima”, no caderno usando a escala:
1 palmo vale 1cm.
Na atividade “B”, construímos a planta da sala de aula, para isso
utilizamos o seguinte material: barbante e papel pardo. Com o barbante em
mãos, medimos o comprimento e a largura da sala; em seguida, dividimos a
sala em 5 grupos. Cada grupo deveria dobrar o barbante em tamanhos
diferentes; O primeiro grupo deveria dobrá-lo em 8 vezes, o segundo em 16
vezes, o terceiro em 12 vezes, o quarto em 32 vezes e o quinto grupo repetiria
a medida do primeiro, ou seja, em 8 vezes. Feito isso, distribuímos um pedaço
de papel pardo para cada grupo, no qual deveriam desenhar uma reta com o
barbante dobrado na quantidade de vezes determinada. Este procedimento foi
aplicado para a medida de largura e comprimento da sala de aula; Com o
barbante dobrado na mesma quantidade de vezes, mediram a mesa do
professor, carteiras (1 fila), quadro, porta, janela. Com as medidas foram
representando a sala de aula no papel pardo;
Com a planta da sala de aula desenhada, os alunos foram orientados
para fazer a legenda e os símbolos, conforme a função dos mesmos na planta.
Registraram no cartaz quantas vezes a sala de aula foi diminuída, assim:
ESCALA = 1:12 vezes (Aqui explicamos o significado e função da
Escala.)
Finalizando, pintaram e fizeram colagens nos desenhos da sala de
aula, como referências para a construção da legenda;
Fixamos os cartazes na parede da sala de aula, para a análise da
atividade. Promovemos uma discussão de análise dos trabalhos, comparando-
os, ressaltando que nesta planta, a altura da sala e dos objetos não aparece, a
visão é “de cima”, trata-se de uma planta baixa.
Como atividade “C” aconteceu a sistematização do conteúdo, com o
registro do conteúdo no caderno do aluno, para isto selecionamos um texto, o
qual foi transcrito no quadro para posterior cópia e leitura pelos alunos.
A escala indica o nível de detalhamento de um mapa e define as distâncias entre os objetos representados. Todos os mapas precisam conter uma escala pra sabermos quantas vezes o real foi reduzido para caber no papel. CASTELLAR, 2002, p.32.A palavra legenda quer dizer conforme Castellar (2002), “coisas que devem ser lidas”. Toda representação cartográfica utiliza sinais ou símbolos para organizar e explicar o que está sendo representado, facilitando a leitura e compreensão do mapa.A legenda explica os símbolos, cores e retículas utilizadas no mapa. Algumas vezes, esses símbolos são desenhos relacionados ao que se quer identificar.
Para a avaliação, seguiremos o quarto passo citado por Gasparin
(2005), a Catarse, que é a expressão da síntese mental do aluno. Para isto
selecionamos duas atividades, para avaliar o entendimento dos alunos e a
dimensão do seu aprendizado, na contextualização do conteúdo. Com o auxilio
do Geoatlas, em duplas, os alunos mediram com a régua as distâncias entre
cidades conhecidas, (Região Sul e/ou PR), transformando as distâncias no
mapa para o real, utilizando-se para isso, da escala gráfica do geoatlas. Ex:
Francisco Beltrão à Curitiba. Medida em cm............, Medida em Km...........
Para o entendimento de legenda e símbolos e qual é sua importância,
fizemos uso de uma carta enigmática, adequada à realidade do espaço de
vivência.
Carta Enigmática
Saímos da Θ do Paraná de , no leste do Estado em direção à @
de Itaipu, à oeste da Θ. De lá, através __, fomos para Santa Catarina ao sul do
nosso Estado. Fomos conhecer uma exploração de ■, pois Santa Catarina,
cuja capital é - - - - - - - - - , é o Estado que mais produz ■. De ,
fomos até Belo Horizonte, capital de - - -- - - - - -, que fica na região - - -- - - -- -
do Brasil. Viajamos de ≠ até Vitória, Θ do - - - - - - - - -. Através da __ fomos
até Salvador, Θ da Bahia, conhecer a exploração de ▲. Voltamos ao nosso
Estado que fica na região - - - -- - - - -- - do nosso país. A viagem de volta foi
feita de .
LegendaΘ capital do Estado
ônibus
@ usina hidrelétrica__ rodovia pavimentada■ usina de carvão≠ ferrovia
avião▲ exploração de petróleo
Na etapa seguinte, denominada de Prática Social Final, a última
etapa, trabalhamos as intenções e ações dos alunos.
Em duplas, desenharam, em papel ofício, o trajeto da escola até a
prefeitura. Como se trata de uma cidade pequena todos conheciam o trajeto.
Neste desenho constaram todos os conhecimentos adquiridos até o momento:
legenda, pontos cardeais e de referência. Comparamos os desenhos e
promovemos novamente um debate sobre os mesmos, relacionando-os com a
planta da sala, feita com a escala. Ainda nesta etapa finalizamos o trabalho
com uma Atividade Complementar , chamada:
Mapa do Eu
O “Mapa do Eu”, é o desenho do corpo, utilizando-se de uma escala
pré-determinada. Para esta atividade efetuamos a medida da altura dos alunos
e registramos os valores no caderno de cada um; Fizemos o questionamento:
“Que escala utilizarei para fazer o meu mapa no caderno?”
Com os alunos determinamos a seguinte escala= 1 m : 10 cm.
Aproveitamos aqui para explicar que não podemos utilizar uma escala maior
porque o desenho iria ficar minúsculo e teríamos dificuldade para fazê-lo, como
também não poderíamos fazer um desenho muito grande, porque não caberia
no caderno. Com estas explicações procuramos ensinar proporcionalidade.
Após o exemplo e com o auxilio da régua, cada aluno fez a redução de
sua altura dentro da escala determinada, marcando o espaço no caderno.
Dentro desse espaço fez o desenho do seu corpo, com todos os detalhes
possíveis. Em seguida pintou o desenho respeitando as cores e roupas
utilizadas por ele neste dia, fazendo também a legenda. Montamos na sala
uma exposição dos desenhos, conforme fotos a seguir, para que todos
pudessem observar seus colegas, semelhanças e diferenças, analisando e
interpretando a atividade realizada.
Foto nº 1 - Título: Atividade de Foto nº 2- Título: Crianças medindo
problematização do conteúdo a sala de aula com barbante.
Fonte: Tiragem da autora. Fonte: Tiragem da autora
Foto nº 3 – Título: Crianças Foto nº 4- Título: Planta da sala de
desenhando a planta da sala aula finalizada.
Fonte: Tiragem da autora Fonte: Tiragem da autora.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Durante a realização das atividades, as crianças participaram
ativamente realizando todas as etapas propostas para o trabalho. Percebemos
que a aprendizagem ocorreu de maneira prazerosa, porém organizada. O
crescimento em grupo foi muito importante, houve a garantia da troca de
conhecimento, até mesmo nas cobranças feitas por alguns, com seus colegas
como: “Você não mediu direito, não está vendo que está maior?”
Na exposição e análise dos trabalhos, mesmo nos “erros”, observamos
a construção dos conceitos por parte dos alunos: “Professora, a carteira do
fulano está muito maior que a sala” ou “Como pode a mesa ser tão grande?”
Aproveitamos o momento para levantarmos os questionamentos, “porque não
deveria estar tão grande?”, “podemos ver os objetos e a sala de “lado”?, “qual a
visão que temos da sala de aula?, por quê?”
Alcançamos os nossos objetivos quando ouvimos dos alunos após
duas horas/aula, cerca de 1 hora e 40 min., a pergunta: “... professora, já
acabou a aula? Que pena!! Passou tão rápido!”
Como segundo exemplo, citamos outro plano de unidade realizado
com os alunos, “Cartografia- Conhecendo os Mapas e Coordenadas
Geográficas”, cujo objetivo é compreender o sistema de coordenadas e
reconhecer sua importância para a localização e Identificar os principais
paralelos e meridianos e hemisférios terrestres.
Como em todas as atividades desenvolvidas, iniciamos com a prática
social inicial. Para identificar o que os alunos sabem, retomamos a história da
atividade anterior, Casa do Amigo de Rockenbach (2002), questionando os
alunos: “Para o Tiago e seu pai encontrar a casa do Júnior foi fácil, mas como
localizar uma cidade ou um ponto qualquer da superfície da Terra?”
(ROCKENBACH, 2002, p. 62). Os alunos responderam e anotamos no quadro
suas informações que foram: Mapa, Globo, GPS, avião, carro, moto.
Após, perguntamos o que poderíamos saber mais sobre o assunto e
surgiram as questões: O que é latitude? O que é linha do Equador? O que é o
Trópico de Câncer? Anotamos novamente no quadro essas questões e
pedimos que registrassem também em seu caderno.
Na problematização do tema, instigamos os alunos com o
levantamento de problemas, aprofundando o conteúdo da seguinte forma: O
que são linhas imaginárias e para quer servem? Que linhas imaginárias cortam
o território brasileiro? Quais hemisférios localizam-se no Brasil? Observando os
países localizados ao sul e ao norte da linha do Equador, são países pobres ou
ricos?
Realizamos a instrumentalização com a atividade 1. Dividimos a
classe em 05 fileiras; entregamos um cartaz para o primeiro aluno da fila do
meio, no sentido de comprimento: ( observe o esquema abaixo)
Entregamos outro cartaz para o aluno que estiver situado no meio
desta mesma fila, com a inscrição: (Observe o esquema abaixo)
Para os alunos que estão sentados nas fileiras das paredes laterais,
no sentido do comprimento da sala, distribuímos cartazes de 10º em 10º, em
0º
Meridiano de Greenwich
0º
Linha do Equador
ordem crescente, a partir da LINHA DO EQUADOR, que se situa no meio da
sala:
Realizamos a atividade com diversos alunos, interrogando-os sobre
suas coordenadas geográficas. Alternamos os alunos de lugar para
vivenciarem as diferentes posições das coordenadas geográficas. Esta
atividade os fez entenderem a importância das linhas imaginárias e sua função
no mapa, partindo assim do abstrato para a atividade vivenciada.
Para a sistematização do conteúdo sobre Coordenadas Geográficas
realizamos a atividade nº2, que foi um texto literário, pela importância teórica
do que foi debatido e contextualizado, para que o aluno vivencie as atividades,
mas tenha também garantido o registro do conteúdo em seu caderno.
Coordenadas GeográficasPara localizar com precisão um determinado lugar na superfície terrestre, a informação baseada apenas nos pontos
10º
LESTE
10º
OESTE
de orientação não é suficiente, pois indicam somente a direção.Numa cidade é possível encontrar os lugares utilizando o endereço, que indica os nomes do bairro e da rua e o número da casa.Para ir de uma cidade à outra, mesmo que elas estejam distantes, os motoristas dos veículos se orientam pelas placas nas estradas, consultam o guia rodoviário ou pedem informações.Mas como os navios e aviões podem obter sua localização com precisão e atingir com facilidade os locais de destino?Os pilotos dos aviões e navios orientam-se por meio de equipamentos que lhes fornecem a sua localização.Entretanto, para fornecer a localização, esses equipamentos precisam se basear num sistema de coordenadas, ou seja, linhas imaginárias que se cruzam entre si sobre a esfera terrestre.As linhas que vão de um pólo a outro da Terra (semicírculos) são chamados de Meridianos. As linhas que dão a volta completa ao redor da esfera terrestre no sentido leste-oeste são chamadas de paralelos. Os paralelos formam círculos completos.O Equador é um circulo imaginário eqüidistante dos pólos, que divide a Terra em Hemisfério Norte e Hemisfério Sul. Paralelamente ao Equador, são traçados perpendicularmente ao Equador e vão de um pólo a outro. O meridiano principal que divide a Terra em Leste (oriental) e Oeste (ocidental) é o Meridiano de Greenwich. (ALABI, 1999, p. 41 e 42).
Dentre as práticas significativas para professor e alunos, destacamos
para o reforço dos os conteúdos trabalhados até o momento,
localização/orientação, cartografia, coordenadas geográficas, outra atividade
que se chama: Caça ao tesouro.
Dividimos a classe em grupos de 4 ou 5 alunos, entregamos para cada
grupo de alunos, 1 cartolina ou papel pardo; levamos os alunos na praça da
cidade, por ser próxima à escola, mas pode ser realizada no pátio; quadra ou
local que a escola dispõe que tenha um grande espaço; pedimos aos grupos
que escolhessem um local para “enterrarem” simbolicamente um tesouro
imaginário, sem revelar o local aos demais grupos;
Após, solicitamos que os alunos traçassem um mapa com desenhos e
símbolos situando os pontos cardeais e colaterais da praça e o local onde
estaria “enterrado” o tesouro. Esclarecemos que deveriam desenhar algumas
dificuldades para que os outros grupos tivessem ao tentar encontrar o
“tesouro”. Ex.: cinco passos para o NORTE, 10 para o SUL, vire para a direita,
passe a ponte, atravesse o rio.
Deveriam identificar o local de partida e de chegada no mapa
desenhado; Após tudo pronto, trocamos os mapas entre os grupos de forma
que cada grupo tivesse um mapa diferente; O “tesouro” foi procurado por um
grupo de cada vez, enquanto os demais aguardavam e acompanhavam a
“descoberta”. Quando foi encontrado o grupo entregou balas, representando o
“tesouro” e assim iniciou-se a participação dos outros grupos.
De volta à sala de aula, os alunos expuseram os mapas do tesouro no
mural, onde foi feito vários comentários: legenda, símbolos, pontos cardeais e
colaterais, orientação de cada grupo e as dificuldades para encontrarem o
tesouro.
Na catarse, propomos, com o mapa-múndi que localizassem duas ou
três cidades do mundo que gostariam de conhecer, dando as coordenadas
geográficas aproximadas dessas cidades e descrevendo os procedimentos que
utilizariam para encontrá-las no mapa.
Para a prática social final, retomamos a questão colocada no início,
fazendo os questionamentos desta etapa e registrando as novas observações
dos alunos, verificando com eles a compreensão dos novos conhecimentos
geográficos e a realização das atividades envolvendo o conteúdo:
“Cartografia- Conhecendo os Mapas e Coordenadas Geográficas”. Na
seqüência apresentamos fotos que demonstram etapas das atividades práticas.
Foto nº 1- Título: Atividade “Caça Foto nº 2-Título: Confecção da
ao Tesouro” na praça da planta do mapa.
cidade.
Fonte: Tiragem da autora. Fonte: Tiragem da autora.
Foto nº 3- Título: “Confecção Foto nº 4 – Título:” Procura
do Mapa.” Tesouro pelos Grupos”
Fonte: Tiragem da autora. Fonte: Tiragem da autora.
Estas atividades referentes ao conteúdo em especial, foram realizadas
de forma efetiva em relação ao objetivo geral da pesquisa. Tratando-se de um
conteúdo abstrato para os alunos, como Coordenadas Geográficas,
percebemos a compreensão e aprendizagem pelas crianças no momento da
sua participação das atividades propostas para o tema. Investigamos o
comportamento dos alunos, seus comentários e a formulação dos conceitos a
partir do que foi trabalhado, o que culminou na apreensão do conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Geografia pode e deve ser olhada pelos alunos como uma fonte de
informações que nos liga com o meio e nos faz entender as transformações
deste e o papel de cada um na construção do espaço. O desenvolvimento
destas atividades ocorreu de forma prazerosa para os alunos e professoras, já
que contava com o auxílio da professora PDE que desenvolvia seu plano de
ação nesta turma, porém direcionado especificamente para a aplicação da
metodologia histórico-crítica, os alunos integraram-se totalmente nas aulas,
participando e realizando todas as atividades propostas questionando e
construindo os conceitos básicos da Geografia. A brincadeira levou-os a olhar
de forma diferente as aulas de Geografia desmistificando-a de disciplina chata
e teórica para algo que além de divertido leva-os a aprendizagem de forma
organizada. Para ilustrar o êxito desta proposta ressaltamos a frase de um
aluno desta turma, após termos encerrado o trabalho: “Professora, quando
vamos fazer aquelas atividades diferentes de novo?..”
Nesta turma de 5ª série em que trabalhamos as atividades, tínhamos 4
alunos num total de 27, que possuíam dificuldades de aprendizagem, um deles
repetindo a série. Observamos nas avaliações feitas que conseguiram evoluir
mais do que se trabalhássemos no método tradicional (livro didático e teoria). O
envolvimento e a participação deles e de todo o restante da turma foi
excelente. Analisando o trabalho realizado não podemos citar nem apontar
algo que não tivesse funcionado. Todos os objetivos propostos inicialmente
foram amplamente atingidos. Ressaltamos que, esta prática nos causa muito
mais trabalho, pois requer maior preparação e estímulo tanto do professor
como dos alunos.
Precisamos estar sempre “dispostos” e atentos para levarmos até o fim
a atividade a que nos propomos. Necessitamos sair da “casca” de professor
tradicional para arriscarmos e mergulharmos junto com os alunos na
“brincadeira de aprender”. Isso gera um pouco mais de tumulto do que
normalmente estamos habituados. Porém, analisando os resultados,
enfatizamos o sucesso dessas sugestões. As atividades propostas neste artigo
proporcionam ao professor trabalhar os conteúdos de Geografia de forma
contextualizada com a realidade, facilitando assim, o seu trabalho em sala de
aula.
Alternative methods working for Geography at the 5th grade of elementary school
Abstract
The teaching of Geography, mainly in the 5th grade of Elementary School, aims
to enable students the development of scientific concepts. Through the playful
pedagogical practice, the student participate more effectively the ownership of
the geographical area preparing it for the understanding of its experience. The
educator's role is to provide the interconnection between the real and abstract,
leading the learner to build their knowledge with interesting activities involving
the same time essential content of Geography a significant learning, raising the
student a taste for school Geography as well as for its literacy space. To
decrease the distance between school and everyday life of a student, it is
essential that the teacher is mediating in the construction of school knowledge,
training of reasoning and meanings, leading the student to make the
interconnections of you know and what is still in its abstract conception of the
world. This is an essential requirement for effective learning. In this article, we
present some recreational activities for the development of content seeking
conditions for reflection on various concepts of the School of Geography with
the students' daily life.
Key-words: Education. Activities. Content. Life. Learning.
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