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ALVENARIA ESTRUTURAL: ASPECTOS EXECUTIVOS
Juliana Hipólito Rios1
Félix Silva Barreto2
RESUMO: A alvenaria estrutural é um modelo construtivo com origens na pré história, porém ao longo
dos anos muitas evoluções foram feitas a níveis de resistência, em bases de cálculo mais racionais e
experimentações laboratoriais. O Estado de São Paulo foi o pioneiro na utilização sistema construtivo,
mas foi no fim dos anos 80, que o Brasil teve seu maior desenvolvimento, onde obteve ajuda de diversas
construtoras e produtoras em busca de sempre aperfeiçoar o sistema deixando-o mais vantajoso.Nos dias
atuais, esse método vem sendo capaz de sustentar projetos residenciais de 3 a 20 pavimentos, além de
ambientes comerciais e prédios públicos. Uma das principais vantagens na escolha desse método
construtivo é a maior racionalização e industrialização, o que gera maior rendimento de mão de obra,
possibilita a programação de gastos em cada etapa e gera economia de material.
Palavras-chave: Alvenaria Estrutural. Método construtivo.
Abstract: Structural masonry is a constructive model with prehistoric origins, but over the years many
evolutions have been made at strength levels, on more rational bases and laboratory experiments. The
State of São Paulo was the pioneer in the use of the building system, but it was not concluded from the
80's, that Brazil had its greatest development, where it got help from several builders and products in
search of always perfected or left-or-right system. most advantageous. Nowadays, this method has been
able to support residential projects from 3 to 20 floors, as well as commercial environments and public
buildings. One of the main advantages in choosing this construction method is the greater rationalization
and industrialization, which generates higher manpower yield, enables the scheduling of expenses at
each stage and generates material savings.
Keywords: Structural Masonry. Constructive method
INTRODUÇÃO
No contexto atual da construção civil, é de interesse das grandes construtoras a busca
pela qualidade em seus métodos de construções,novas tecnologias e claro melhor custo
1Autora,Engenheira Civil,ÁREA 1,2017.1.Salvador-BA, e-mail:
2Orientador,Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia de Estruturas, Mestre em
Geoquímica e Meio Ambiente e Professor de Engenharia, e-mail: [email protected]
2
benefício.Esse fato ocorre devido ao atraso da indústria da construção em relação a outros
setores, o que resulta na necessidade de desenvolver formas de melhorar produtos e processos.
Um dos sistemas que vêm aumentado seu espaço no ramo da construção civil é a
alvenaria estrutural, uma tecnologia que dispensa estruturas convencionais como vigas e
pilares, pois é utilizado paredes chamadas portantes feitas de blocos de concreto,ou seja, não
tem uma estrutura de elementos lineares, posteriormente preenchido por paredes de vedação.
“A alvenaria estrutural é definida como um processo construtivo em que as paredes são
elementos resistentes compostos por blocos, unidos por juntas de argamassa capazes de resistir
a outras cargas, além do seu peso próprio.” (PENTEADO, 2003; CAVALHEIRO, 2006). Sua
execução é feita desde a antiguidade, porém hoje ela consegue alcançar uma maior economia
quando se tem uma visão sistêmica do processo.
Os profissionais que colaboram para a execução deste sistema construtivo viabilizam a
compatibilização com as outras estruturas formando um balé perfeito entre alvenaria estrutural
e os chamados de subsistemas como: instalações, paredes de vedação, permitindo um a
racionalização da produção por conta das formas, armaduras, e até o concreto que é reduzido
em grande porcentagem, tornando a obra, portanto uma construção limpa e mais racionalizada.
A utilização dos sistemas construtivos em Alvenaria Estrutural para a construção de
edificações de andares múltiplos tem sido amplamente empregada em grande parte do mundo
devido as suas inúmeras vantagens, quando comparada com os sistemas tradicionais.
“A Alvenaria Estrutural é o método construtivo mais utilizado e de maior aceitação pelo
público consumidor em função de ser mais econômico e o mais simples método de construção”.
(SABBATINI, 2003).
O sistema em alvenaria estrutural é resistente em grande capacidade a compressão.
Devido a essa resistência é possível executar alvenaria não armada, chamada de alvenaria de
vedação. Porém, ainda sim, forças laterais, como vento, ou excentricidade das cargas, podem
incidir sobre as paredes, gerando esforço de tração. Nesse caso faz-se necessário o uso da
armadura, devidamente calculada, inserida nos blocos de cimento, que por sua são vazados,
justamente por esse motivo. Na alvenaria armada, as paredes são calculadas e projetadas para
3
resistir esforços devido as cargas usuais atuantes nos edifícios de andares múltiplos, em
substituição dos sistemas convencionais usualmente empregados.
”A maneira mais comum de superar os problemas de baixa resistência a tração e
assegurar, no projeto estrutural, uma melhor geometria e aperfeiçoar a função de cada parede”.
(ARAUJO 1995).
A elaboração de um projeto em Alvenaria Estrutural de interações completa entre os
diversos projetos e o controle adequado dos materiais utilizados. Os seguintes projetos devem
ser desenvolvidos e compatibilizados simultaneamente: Projeto Arquitetônico, Projeto
Estrutural, Projeto Elétrico, Projeto Hidráulico e Projeto Construtivo (ERNESTO RIPPER
1996).
1 OBJETIVO
1.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo: descrever as fases de execução de obras em
edificações pelo sistema construtivo em alvenaria estrutural eexplicar os materiaise suas
funções no processo executivo.Visando mostrar que não se trata apenas deuma forma mais
econômica de se construir, mas também uma forma segura, com qualidade e rapidez de
execução. Como base foi usado dados de uma construtora que utiliza o sistema construtivo em
alvenaria estrutural.
1.2 Objetivo Especifico
Como objetivo especifico, foi feito o levantamento das informações relativas ao sistema
construtivo em alvenaria estrutural para assim ser elaborado as etapas construtivas do sistema.
Foi escolhido, como estudo de caso, o empreendimento Spazio Solar do Parque, localizado em
Narandiba Salvador
2 METODOLOGIA
Relacionando ao tema, este artigo contempla a realização de uma pesquisa bibliográfica,
de onde foram retiradas informações técnicas usuais, sendo que principalmente de livros,
dissertações, revistas e dados fornecidos pela empresa estudada.
4
As normas técnicas, como as da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
foram consultadas e utilizadas para demonstrar as diretrizes que devem ser utilizadas no sentido
de orientar os trabalhos executivos sobre o sistema construtivo em alvenaria estrutural.
Com a escolha do empreendimento localizado na cidade de Salvador no bairro de
Narandiba foi consolidado os conhecimentos adquiridos em campo que serviram como
sustentação no presente trabalho.
3 HISTÓRICO
A Alvenaria Estrutural é um sistema construtivo adotado pelo homem desde a
antiguidade. As primeiras alvenarias eram executadas com diversos materiais como: pedra,
mármore, argila, tijolo seco ao sol, dentre outros. Apresentavam grandes espessuras, devido ao
desconhecimento das características resistentes dos materiais e de procedimentos racionais de
cálculo. Essa forma de execução se estendeu por muitos séculos entre seus construtores. Mesmo
assim, essas obras chegam aos dias atuais como verdadeiros monumentos de grande
importância histórica. Podendo ser citada como grandes exemplos da antiguidade as Pirâmides
de Gizé, o Farol de Alexandria, o Coliseu, a Catedral de Reims, a Muralha da China, dentre
outros, conforme mostra algumas figuras. É importante salientar que obras como essas foram
concebidas através de métodos empíricos, sem a utilização do procedimento formalizado de
dimensionamento. (CAMARGO E CORRÊA, 2003).
Figura 01-FAROL DE ALEXANDRIA( Pedro Lima, 2008)
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Figura 02- COLISEU DE ROMA (PedroLima, 2008).
No Brasil, a alvenaria estrutural é utilizada desde o início do século XVII. Entretanto, a
alvenaria estrutural com blocos estruturais, encarada como um processo construtivo voltado
para a obtenção de edifícios mais econômicos e racionais, demorou muito a encontrar seu
espaço (RAMALHO; CORRÊA, 2003). Por volta dos anos 60 foi tomando seu espaço com os
blocos vazados de concreto com pequenos prédios de quatro pavimentos, executados com
procedimentos baseados em normas americanas. Apesar de sua chegada tardia, o processo
construtivo acabou firmando-se como uma escolha econômica e eficiente, atendendo muito
bem a execução de edifícios residenciais e também industriais.
Após anos de adaptação e desenvolvimento no país, esta tecnologia construtiva foi
efetivamente consolidada na década de 80, através da normalização oficial consistente e
razoavelmente ampla (SABATTINI, 2003). Podemos ver constantemente uma ótima aplicação
do processo construtivo em conjuntos habitacionais de renda baixa. Esses empreendimentos
vem sendo cada vez mais desenvolvidos no Brasil. No nordeste não tem sendo diferente essa
realidade. Buscando atender o Projeto Minha Casa Minha Vida, grandes investimentos públicos
e privados vêm sendo feitos para construção de obras em alvenaria estrutural. Na Bahia,
empresas Andrade Mendonça, OAS, Costa Andrade, Sertenge, Gráfico, Consil e Paraguaçu
também têm investido em obras de alvenaria estrutural com blocos de concreto. Segundo a
Associação Brasileira de Cimento Portland, todas elas têm procurado e participado
efetivamente de capacitações técnicas, a fim de adotar a tecnologia em suas obras e garantir
qualidade, maior rapidez e otimização considerável de custos.
6
4 DEFINIÇÕES DO SISTEMA
Alvenaria, palavra que tem uma derivação do árabe al-banná, tendo o significado aquele
que constrói. É construção de estrutura de parede, realizada pelo profissional pedreiro, com
junção de peças justapostas entre si unidas por juntas de argamassa apropriada, formando um
elemento vertical coeso. Podem exercer a função de vedação, apenas para separação de vãos, e
também poder ser uma estrutura em si. Esta última além de blocos e argamassa em sua
composição acrescenta-se armação, denominando-se de alvenaria estrutural armada. A
alvenaria estrutural tem a função de suportar cargas de todo o prédio
Para Camacho (2006), a Alvenaria Estrutural é o processo construtivo no qual os
elementos que desempenham a função estrutural são de alvenaria, sendo projetados e
dimensionados de forma racional na execução do sistema. A Alvenaria Estrutural não armada
emprega como estrutura suporte, paredes de alvenaria sem armação. A Alvenaria Estrutural
emprega os reforços metálicos aplicados apenas em cintas, vergas, contra-vergas, nas
amarrações entre paredes e nas juntas com finalidade de evitar fissuras localizadas, tendo os
vazados verticais dos blocos preenchidos por graute (micro concreto de grande fluidez)
envolvendo barras e fios de aço.
A escolha da alvenaria estrutural no lugar da estrutura convencional, não significa dizer
que não há preocupação com pilares e vigas, apenas os esforços solicitantes são distribuidos
para o projeto estrtutural das paredes.
É de suma importância que sejam feitos cálculos estruturais a fim de suportar as cargas,
por um profissional qualificado e habilitado para tais cálculos, a fim de garantir a integridade e
segurança da obra.
No sistema convencional as formas representam 40% dos custos e consomem 60% de
horas trabalhadas na execução de estrutura, necessitam de armaduras para suportar o esforço de
tração. No caso das alvenarias estruturais não se usa formas, somente quando é necessário
executar lajes moldadas no canteiro de obra (KATO, 2002; SILVA et al., 2017; PEREIRA,
2018).
No caso da estrutura convencional o número de etapas e serviços e consequentemente,
o número de trabalhadores é maior, como: eletricista, pedreiro, servente, encanador. Na
alvenaria estrutural o número de profissionais qualificados é menores, um único funcionário
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qualificado pode levantar a parede, inserir os dutos para instalação elétrica e hidráulica,
mantendo a qualidade dos blocos para a eficiência e segurança da edificação. A alvenaria
estrutural não pode ser rasgada, derrubada, devido a função estrutural que exerce, não ocorre
desperdício de insumos como o cimento e areia, e há redução de resíduos sólidos. Em ambos
os casos, o revestimento melhora a estética das paredes, bem como protege das intempéries e
eleva a resistência, sendo que nas alvenarias estruturais não é necessário usar o chapisco e
emboço (NUNES E JUNGES, 2008; DELLATORRE e MOHAMAD, 2014; PEREIRA, 2018).
A alvenaria estrutural é um dos elementos que compõem o sistema construtivo
denominado pré-fabricado. Acredita-se que a origem desse sistema ocorreu logo depois da
Segunda Guerra Mundial, na Europa, entre 1945 e 1950, devido a extrema necessidade de
reconstrução e a demanda por habitações, escolas, hospitais, indústrias, pontes, entre outras
obras. Assim, o período de 1945 a 1950 caracterizou-se pela extraordinária demanda de
construções, notadamente de habitação. (MANSELL et al., 2010)
O sistema de alvenaria estrutural divide-se em três principais tópicos:
• Instalações Hidráulicas e Elétricas
Nesse tipo de sistema, há uma rapidez e limpeza em obra considerável em relação ao
sistema convencional, visto que a alvenaria estrutural possuem peças projetadas por onde
passarão as instalações hidráulicas e elétricas, evitando assim cortes nas paredes.
• Possíveis reformas
Tratando-se de alvenaria estrutural, reformas nunca serão bem aceitas. Paredes
estruturais foram projetadas para suportar cargas. Dificilmente haverá alguma parede que possa
ser retirada ou relocada. De certa forma isso prejudica a construção como um todo.
• Quanto a construção propriamente dita
A alvenaria estrutural é mais rápida e tem como uma das vantagens uma obra limpa.
Além disso há bastante economia na ferragem e no concreto por não ser peças maciças, ou seja,
feitas apenas de concreto armado,o que barateia em grande percentual a obra.
4.1 Principais Componentes do Sistema
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O sistema construtivo é determinado por uma combinação dos componentes para formar
os subsistemas que definirão o edifício composto pelos componentes:
• Bloco de Concreto
• Bloco cerâmico
• Argamassa
• Graute
• Armadura
• Tela metálica e grampo
• Verga e Contraverga
4.1.1 Blocos de concreto
Os blocos são componentes básicos da alvenaria. São elementos construídos de uma
mistura de cimento Portland, agregados e água. Devem atender intrinsecamente a NBR
6136:2007, onde afirma no item 4.3 que os blocos devem apresentar um aspecto homogêneo e
compacto, com arestas vivas, não podem apresentar trincas ou fraturas, devem apresentar
textura com aspereza adequada a aderência de revestimentos. Sua resistência é especificada
pelo fck, onde o índice mínimo para paredes internas e externas com revestimentos e 4,5 MPa
e o índice mínimo para paredes externas sem revestimento é de 6 MPa.
Com relação às dimensões, podem-se classificar os blocos em dois grupos: blocos
modulares (com comprimento igual a duas vezes a largura mais a junta) e blocos não modulares.
A normalização brasileira definiu basicamente dois tipos de blocos de concreto:
• Bloco vazado de concreto simples para alvenaria sem função estrutural
(NBR 7173/82), que é conhecido como bloco de vedação.
• Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural
(NBR6136/1994), que é conhecido como bloco estrutural.
4.1.2 Bloco cerâmico
Geralmente os blocos cerâmicos utilizados para alvenaria estrutural têm tamanho
comercial de 19 x 14 cm e variam em comprimento de acordo com o projeto, de acordo com o
tipo de bloco e sua função na estrutura.
• São produzidos em argila aquecida em elevadíssimas temperaturas.
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• Os blocos de qualidade têm aparência homogênea, arestas vivas e superfície
lisa.
• Não devem apresentar trincas ou buracos.
Sua vantagem em relação ao bloco de concreto é que eles tendem a proporcionar maior
conforto com relação ao isolamento térmico, são mais leves e fáceis de manusear do que os
blocos de concreto. E como desvantagem, as peças cerâmicas quebram mais e acabam causando
muito desperdício nas obras.
4.1.3 Argamassa
Conforme Sabbatini (2003) a função principal da argamassa unir os blocos, como um
adesivo, solidarizando-os pela transferência de esforços e acomodando as deformações,
transmitir tensões de forma uniforme de uma unidade para outra, acomodação das armaduras
horizontais. Deve possuir de 70% a 100% da resistência do bloco não afetando o prisma. As
propriedades desejáveis da argamassa são:
• Trabalhabilidade
• Capacidade potencial de aderência
• Resistência inicial adequada
• Capacidade de sustentação de bloco
• Capacidade de retenção de agua
A espessura da junta deve ser igual a 1(um) cm. Valores inferiores podem ocasionar
concentração de tensões e no caso de valores maiores levam a uma diminuição na resistência
da parede. As propriedades desejáveis das junta são:
• Resistência mecânica adequada
• Capacidade de absorção de deformações e durabilidade
A argamassa é constituída de aglomerantes como cimento, cal e água.
4.1.3.1 Cimento
Os cimentos mais utilizados nesse sistema são: Cimento Portland comum, Cimento CP-
V ARI (NBR 5.733) Alta Resistência Inicial, Cimento CP-III (NBR 5.735) Ato Forno
, Cimento CP-IV (NBR 5.736) Pozolânico, MRS, ARS.
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O aumento da proporção de cimento da argamassa no estado fresco acarreta maior
exsudação, menor tempo de endurecimento e aumento da retração e coesão. No estado
endurecido com esse aumento ocorre o acréscimo da resistência à compressão e da aderência
superficial.
4.1.3.2 Água
A quantidade de água a ser inserida na argamassa deve ser estudada, a fim de obter-se
uma boa trabalhabilidade da massa, boa produtividade no assentamento dos blocos sem causar
segregação dos demais componentes.
Deve ser cristalina e sem sujeiras ou produtos orgânicos. A reposição da água evaporada
deve ser feita com cautela, deve-se manter a fluidez da massa e se possível deve ser evitada.
4.1.4 Graute
O graute é um micro concreto de alta plasticidade, produzido com brita zero, areia fina,
cimento e água. Tem como função principal de aumentar a resistência da parede a compressão
através do aumento da seção transversal do bloco. Quando combinado com o uso de armadura
em seu interior, o graute combate também a esforços de tração. Geralmente é colocado dentro
dos blocos através de funis, para evitar o desperdício do material.
Conforme a NBR 10837, o graute deve ter sua resistência caracterizada duas vezes
maior que a resistência do bloco.
Segundo Leonardo Manzione (2004), operação do grauteamento diminui o ritmo da
produção, por isso é desejável que o calculista estrutural procure reduzir o mínimo necessário
o uso do graute, o que irá gerar também uma economia de material.
4.1.5 Armaduras
No sistema estrutural em alvenaria, a ação resistente ações horizontais ou de vento é
proveniente das barras de aço, que juntamente com o graute, combatem esforços de tração ou
compressão, desaprumo e outras ações. Assim, nestes casos, o trabalho assemelha-se ao
processo do concreto armado convencional. As barras também exercem função de amarração,
quando é necessário unir uma parede a outra, impedindo deformações no conjunto da alvenaria.
4.1.6 Tela Metálica e Grampo
A tela metálica e o grampo são utilizados geralmente quando há situações no projeto,
ou alterações no mesmo, que não se consegue ter uma amarração na alvenaria com modulação
e medidas múltiplas perfeitas. Serve também para unir a alvenaria de vedação com alvenaria
estrutural.
11
O grampo é bastante utilizado também na situação de paredes duplas, ou onde há uma
solicitação de carga lateral considerável na parede. Faz-se com que, desta maneira, as duas
peças de alvenaria se integrem formando uma maior seção o mais uniforme possível
Figura 03 – Ligação com reforços metálicos. Fonte: FRANCO, 2010, 10 de setembro de
20011
4.1.7 Verga e Contraverga
Existem também na paginação das paredes, elementos de reforço com a finalidade de
evitar fissuras garantir um bom desempenho da parede . Nos vãos de portas são colocadas
vergas, e nas janelas, vergas e contravergas (recomenda-se ultrapassar 30cm de cada lado do
vão), são localizadas em uma fiada acima da abertura e uma abaixo, respectivamente
5 VANTAGENS
Nas construções convencionais em concreto armado, o sistema estrutural é definido
pelos pilares, vigas e lajes, além das paredes de vedação. Todo esse conjunto requer um tempo
para ser executado um após o outro devido o tempo de resistência do concreto. No sistema
estrutural em alvenaria, esse tempo é otimizado em grande escala, visto que o único processo
de execução são as paredes propriamente ditas. Tendo função dupla, que é a estrutural e de
vedação ao mesmo tempo.
As vantagens do sistema construtivo com bloco de concreto são:
a) Técnica executiva simplificada
b) Diminuição no tempo da obra
c) Obra mais limpa, redução significativa na quantidade de entulho
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d) Redução dos custos referentes a, utilização de madeira, equipamentos,
armaduras, concreto, instalações elétricas e hidráulicas e mão de obra.
e) Alta velocidade na conclusão da obra (com blocos faz-se um andar com
quatro apartamentos em 6 a 10 dias);
f) Padronização e nivelamentos da obra com menores desvios;
g) Aumento na produção do pedreiro e outros profissionais envolvidos no
processo por se tratar de padronização e repetição de serviços;
h) Redução significativa nos revestimentos.
i) Eliminação de interferências através da compatibilização de todos os
projetos e facilidade de integração com outros subsistemas.
j) Não permite improvisações comumente praticadas em estruturas
Convencionais( esquadro, alinhamento, compensações de prumo), que
acabam aumentando o custo da obra.
As vantagens acima citadas, apenas serão logradas com êxito se a elaboração e
coordenação dos projetos bem planejados, a utilização dos materiais e a mão de obra treinada
estejam trabalhando em conjunto, além da correta organização e planejamento da obra.
Os projetos arquitetônicos devem estar subordinados a concepção estrutural, de maneira
que os dois casem pensando sempre em arquitetura e estrutura como um todo. Feito então,
haverá com certeza um
melhor aproveitamento da capacidade resistente da alvenaria estrutural.
6 DESVANTAGENS
As desvantagens apresentadas pelo sistema construtivo são:
a) dificuldade de se adaptar arquitetura para um novo uso em caso de mudanças não
planejadas;
b) limitações na execução de grandes vãos em balanço;
c) interferência entre projetos de arquitetura/estruturas/instalações
d) mudança do tipo de utilização do edifício (retrofit de utilização).
e) nas paredes onde haverão instalações se possível não usar paredes estruturais
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A principal divergência entre a estrutura convencional e a alvenaria estrutural está
na composição. A estrutura convencional funciona para dividir uma estrutura composta por
lajes, vigas, pilares e fundações; enquanto a alvenaria estrutural exerce a função de laje,
alvenaria fundação (KATO, 2002; e DELLATORRE e MOHAMAD, 2014).
É importante saber que, como qualquer tipo de execução de um serviço, é preciso
um estudo mais abrangente do projeto, manter um cuidado com os materiais, desenvolver
treinamentos e supervisão para que a mão de obra esteja sempre qualificada e manter uma
organização e planejamento na obra.
7 ETAPAS CONSTRUTIVAS
7.1 Estudo de caso no Empreendimento Spazio Solar do Parque
7.1.1Informações sobre o Empreendimento
O Empreendimento está localizado na Av. Edgar Santos, 468 (Narandiba -
Salvador/BA) constituído de 3 torres compostas por Térreo. Espaço Gourmet, Piscinas Adulto
e Infantil, Playground fazem parte da construção. As torres são compostas por 11 pavimentos
sendo um térreo e mais 10 apartamentos por andar. A planta baixa pode ser vista na figura 03.
Figura 04 - Planta baixa da obra
Fonte: O autor
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7.2 Relatório de etapas da um obra
O empreendimento foi executado com fundações em estaca hélice-continua e seus
blocos de fundação apoiado nas vigas baldrames de onde foram levantadas as paredes portantes
da alvenaria.
Figura 05- Execução da viga baldrame
Fonte: O autor
Após a concretagem dos blocos de fundação e consequentemente as vigas-baldrames, é
necessário ser executada a armação das lajes e distribuição das tubulações conforme a figura
06. Os compartimentos das lajes devem conter as tubulações tanto das instalações elétricas
quanto hidráulicas, assim podendo ser concretada a laje.
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Figura 06- Disposição das armaduras e distribuição das tubulações na laje.
Fonte: O autor
Na figura 07 podemos observar a primeira laje concretada, local de onde começará o
levante da alvenaria, para isto todos os materiais precisam estar disponíveis de forma fácil,
rápida e armazenada de maneira correta para que não atrapalhe o andamento dos serviços.
Figura 07- Laje concretada
Fonte: O autor
Para a execução da primeira fiada verifica-se o transpasse das armaduras e das
tubulações elétricas e hidráulicas que ficaram embutidas nas paredes, visto na figura 08. Com
a primeira fiada executada começa o levante da alvenaria ao decorrer do serviço.
16
Figura 08 - Levante de alvenaria com transpasse de armadura e tubulação
Fonte: O autor
Os blocos chegam paletizados e são armazenados em locais de fácil acesso conforme
mostra a figura 09 e figura 10, o transporte e distribuição dos blocos é feito de modo
cuidadoso, pois não podem ser danificados, e de modo racionalizado, gerando perdas
desprezíveis e com alta produtividade.
Figura 09 - Armazenamento dos blocos de concreto
Fonte: O autor
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Figura 10- armazenamento dos blocos calha
Fonte: O autor
Para o transporte de materiais dentro da obra, utiliza-se de alguns equipamentos. Na
figura 11 podemos observar a máquina bobcat, a grua com estrutura de cor amarela que também
ajuda no transporte de materiais, e o elevador com estrutura vermelha.
Figura 11- fase da estrutura completa.
Fonte: O autor
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ideia de racionalização em sistemas construtivos está longe se ser apenas modismo
ou uma maneira de demonstrar técnicas alternativas de se construir. Passa desse âmbito, é uma
questão mesmo de sobrevivência no mercado, que está cada vez mais competitivo e exigente
em termos de qualidade, tempo, e preço. Com isso, a alvenaria estrutural vem se destacando
pois esses três itens citados são característicos desse método construtivo.
18
Pode-se dizer que o sistema estrutural é um sistema de simples execução, onde nos dias
atuais, com novas tecnologias e desenvolvidas, são quase inexistentes ou cada vez mais extintos
os obstáculos para a sua realização.
Através desse artigo, pode-se observar a finalidade dos principais aspectos construtivos
da alvenaria estrutural, passando por cada material constituinte e suas funções no sistema como
um todo. Saber cada etapa para a realização de uma construção bem sucedida, desde a fundação
até o próprio levante da alvenaria estrutural.
As principais palavras observadas durante a pesquisa, fora racionalização, qualidade e
tempo. Por ser um sistema de alto nível de industrialização, respeitando os projetos na mão de
obra não haverá desperdícios de matérias, como por exemplo os blocos, já são moldados
perfeitamente, não podendo haver quebras, a argamassa geralmente já vem pronta não havendo
desperdício de areia ou cimento na obra, dispensação da madeira e de boa parte do aço
comparado com outros sistemas construtivos, dentre outros exemplos. O sistema apresenta
alguns obstáculos e pequenas limitações, porém quando supridos com bons profissionais,
atuando com projetos inteligentes e estratégico, é certeza de qualidade na execução do sistema
como um todo.
Com isso, pode-se concluir que o sistema construtivo em alvenaria estrutural, quando
executado de forma correta e uniformidade total entre as partes envolvidas, e respeitando seus
obstáculos, é um método muito limpo, lucrativo e ágil de se construir.
REFERÊNCIAS
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alvenaria estrutural: Florianópolis: UFSC, 1995. 117 p. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Santa Catarina, 1995.
ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICASNBR 10837: Calculo de
alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Rio de Janeiro, 1989.
CAMACHO, J. S. Projeto de Edíficio d Alvenaria Estrutural. São Paulo, UNESP,
Universidade Estadual Paulista “Julio De Mesquita Filho”. 2006.
19
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Alvenaria Estrutural. Associação Nacional da Indústria Cerâmica. Porto Alegre, p.79, 1999.
Mohamad, G. Construções em Alvenaria Estrutural. Blucher, 2015.
NBR 10837: Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Rio de
Janeiro, 1989.
NBR 6136: Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural. Rio de
Janeiro.
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de concreto. Rio de Janeiro, 1985.
PRUDÊNCIO JR, L.R. OLIVEIRA A. L. BEDIN, C.A. Alvenaria Estrutural de
Blocos de Concreto. Florianópolis: Editora Gráfica Pallotti, 2002.
RAMALHO, M.A.; CORRÊA. M.R.S. Projetos de edifícios de alvenaria estrutural.
São Paulo, Pini. 2003.
ROMAM, H. R., MUTTI, C. N., ARAÚJO, H. N. Construindo em alvenaria
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SABBATINI, F.H. Alvenaria Estrutural – Materiais, execução da estrutura e
controle tecnológico: Requisitos e critérios mínimos a serem atendidos para solicitação de
financiamento de edifícios em alvenaria estrutural junto à Caixa Econômica Federal.
Caixa Econômica Federal, Diretoria de Parcerias e Apoio ao Desenvolvimento Urbano. Março,
2003.
Tauil, C.A., Nesse, F. J. M. Alvenaria Estrutural (Pini, 2010).