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AME-BRASIL Associação Médico-Espírita do Brasil DEPARTAMENTO DE SOLIDARIEDADE HUMANA INSTITUTO DA SAÚDE MÓDULO DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE PROJETO CUIDANDO DO ENTARDECER ESCOLA DE AUTOCUIDADO CUIABÁ 2013 1

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil

DEPARTAMENTO DE SOLIDARIEDADE HUMANA

INSTITUTO DA SAÚDE

MÓDULO DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE

PROJETO CUIDANDO DO ENTARDECER

ESCOLA DE AUTOCUIDADO

CUIABÁ

2013

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil

DEPARTAMENTO DE SOLIDARIEDADE HUMANA

INSTITUTO DA SAÚDE

– Projeto de Medicina Preventiva com foco em

pessoas igual ou maior que 60 anos.

Coordenador Médico:

Médico RT

Dr. Luiz Augusto dos Santos

Enfermeira RT:

Alessandra Hoelscher da Silva

Enfermeiras:

Cristiana Alice dos Santos Gomes

Luciane Elisa Pires

Assistente Social:

Francisca de Paula da Silva Bezerra Soares

Nutricionista:

Dayse Regina PetinariFerratto

Psicóloga:

Thainá de Castro Benatto Ferreira

Assistente Administrativo:

Rosimeire Pereira de Souza Marques

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Quem determina o belo e o feio?

A mais linda, o mais belo?

E em que idade?

A idade do entardecer é tão bela quanto à idade do amanhecer.

Gabriel Chalita

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SUMÁRIOJUSTIFICATIVA............................................................................................................................ 7OBJETIVOS.................................................................................................................................. 10

Objetivos Específicos:........................................................................................................................ 10METODOLOGIA......................................................................................................................... 11ATIVIDADES PROPOSTA........................................................................................................ 13

1. Prevenção de quedas no domicílio, no lazer e nos ambientes públicos...........................................13

2. Cuidando do cuidador.................................................................................................................... 15

3. Atividades físicas e lazer................................................................................................................ 173.1 A importância da atividade física para os idosos....................................................................................17

3.2 A importância do lazer para os idosos....................................................................................................20

5. Outras oficinas possíveis................................................................................................................ 255.1 Oficina de Culinária.................................................................................................................................25

5.2 Oficina para inclusão digital em parceria com a Escolas Públicas, Escolas privadas, etc.......................27

5.3 Oficina de memória................................................................................................................................28

6. Grupos operativos......................................................................................................................... 29DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA.............................................................................................. 30

Estratégias para divulgação do programa para profissionais...............................................................30

Cronograma:..................................................................................................................................... 31

Estratégias para divulgação do programa para a comunidade............................................................32REFERÊNCIAS............................................................................................................................ 33

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilINTRODUÇÃO

Dos fatos mais marcantes para as sociedades atuais tem destaque o processo de

envelhecimento populacional observado em todos os continentes.

O aumento do número de idosos, tanto proporcional quanto absoluto, está a impor

mudanças profundas nos modos de pensar e viver a velhice na sociedade. Todas as

dimensões da vida humana já estão sendo desafiadas nesse sentido.

Explorada por pesquisadores, epidemiologistas e estatísticos por meio de

investigações científicas encontradas na literatura nacional e internacional, que revelam a

projeção notória desta população de idosos, o envelhecimento é uma questão que reclama

atenção e demanda várias providências. Nos países em desenvolvimento, assim como no

panorama mundial, a população idosa aumenta significativamente e o contraponto desta

realidade aponta que o suporte para essa nova condição não evolui com a mesma

velocidade (MENDES et al., 2005). Diante disto, a preocupação com esse novo perfil

populacional vem gerando, nos últimos anos, inúmeras discussões e a realização de

diversos estudos com o objetivo de fornecerem dados que subsidiem o desenvolvimento de

políticas e programas adequados para essa parcela da população. Isto devido ao fato que a

referida população requer cuidados específicos e direcionados às peculiaridades advindas

com o processodo envelhecimento sem segregá-los da sociedade.

Segundo Costa (2009) a população idosa é a que mais cresce no mundo, em países

desenvolvidos é considerado como idoso aquele indivíduo de idade igual ou superior aos

65 anos, já no Brasil, por ser um país em desenvolvimento em que a expectativa de vida

ainda é baixa, passa a ser considerado idoso a partir da sexta década de vida.

Alves; Leite e Machado (2007) apontam que a população brasileira tem crescido de

forma muito rápida e acentuada. Segundo projeções, a população no país chegará ao ano

2020 com mais de 26,3 milhões de idosos, o que será quase 12,9% do número total de

indivíduos.

De acordo com Pedrinelli; Leme; Nobre (2009) projeções internacionais estimam

que a população idosa no Brasil vai ampliar a sua importância relativa de 5,4% em 2000

para 18,4% em 2050.

Nesse contexto, a saúde aparece como elemento central por exercer forte impacto

sobre a qualidade de vida. Os estigmas negativos, normalmente associados ao processo de

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilenvelhecimento, têm como um de seus pilares o declínio biológico, ocasionalmente

acompanhado de doenças e dificuldades funcionais com o avançar da idade. As

representações sociais construídas em torno da velhice estão fortemente associadas à

doença e à dependência, aceitas como características normais e inevitáveis desta fase.

Entretanto, o maior acesso aos serviços de saúde, bem como aos bens sociais como

educação e renda, tem modificado sobremaneira a própria imagem do abandono associada

à velhice. Políticas previdenciárias e de assistência social, em conjunto com a expansão e

qualificação da estratégia saúde da família têm contribuído para horizontes cada vez mais

positivos na vida de brasileiros e brasileiras com 60 anos e mais.

Deste modo, a visão mais imediatista para o momento consiste em apresentar

propostas de trabalho e cuidados com essa população que possam delinear rumos de uma

maior qualidade de vida desses indivíduos, de redução dos agravos à saúde, do resgate ou

da ampliação da esperança, de sua inserção social e da sua felicidade, constituindo, assim,

um programa de prevenção secundária pelo fato de que tais intervenções se produzam na

faixa dos chamados idosos, considerando que as mesmas poderiam, se realizadas antes, ter

podido prevenir alguns agravos que agora se fazem presentes. A visão ampliada deste

mesmo momento será promover intervenções na população abaixo da faixa de idade que

caracteriza a senectude estabelecida por parâmetros locais, isto é, da população abaixo de

sessenta anos, para redesenhar uma trajetória de Saúde Integral nessa população que,

fatalmente, atingirá as faixas etárias mais elevadas com menores necessidades que os

componentes atuais da população de idosos, constituindo essas as medidas de prevenção

primária. Afinal, envelhecer com saúde é um direito de cidadania e somos uma empresa

cidadã e com responsabilidades sociais marcantes.

Assim sendo, esse projeto tem como objetivo entender a situação do idoso em nossa

sociedade, considerando os aspectos demográficos, epidemiológicos e os aspectos

psicossociais e, a partir destes, contribuir para a ampliação da autonomia e para a melhoria

da qualidade de vida da pessoa idosa entendida em seus múltiplos aspectos.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilJUSTIFICATIVA

O termo envelhecimento é usado normalmente para se referir a um processo ou

conjunto de processos que ocorrem no decorrer da vida dos seres vivos e que, com o passar

do tempo, levam à perda de adaptabilidade, à deficiência funcional e também à morte

(SPIRDUSO, 2005).

Para Meirelles (2000) o envelhecimento tem início no momento da concepção e se

estende até a morte.

Campos (2008) concorda que inúmeros agravos à saúde poderão ocorrer nos idosos

devido às várias alterações fisiológicas e funcionais, e acrescenta que nessa fase da vida é

muito comum o aparecimento das limitações físicas, perdas cognitivas, acidentes

domésticos e isolamento social.

As modificações que ocorrem durante o envelhecimento baseiam-se em contínuas

perdas, com diferentes magnitudes e singularidades nos distintos sistemas, sendo

dependentes de diversos fatores, inclusive da carga genética.

Souza (2005) cita que o envelhecimento é um processo intrínseco, o qual mostra

marcas físicas e fisiológicas inerentes. Cada indivíduo sofre diferentes alterações que não

são necessariamente doenças. De acordo com Alves; Leite e Machado (2007) alguns

sofrem grandes limitações, e outros, podem ser independentes ou apresentar dificuldades

pouco significativas durante a realização de tarefas. Esta perspectiva nos mostra que os

idosos têm potenciais de modos de viver e de saúde diferenciados daqueles das demais

fases da vida. Esses potenciais podem ser bem sustentados ou não, tanto pela família, pela

comunidade próxima, mas, principalmente, pela sociedade. Sobre isso, Medeiros e Diniz

(2004, p.4-8) apontam que:

Para os idosos, o rigor excessivo na definição de deficiência pode terconsequências negativas. Como a deficiência é tratada como uma situação deincapacidade total, uma série de ajustes na sociedade necessários para a melhoriade condições de vida dos idosos recebe pouca ou nenhuma atenção das medidasde apoio à deficiência. Há alguns anos discutia-se como permitir o acesso depessoas em cadeiras de rodas nos veículos de transporte coletivo, mas poucaatenção era dada a medidas simples e, portanto, mais fáceis de implementar, quefacilitassem o acesso de pessoas com capacidade limitada de subir escadas – umproblema relativamente comum entre idosos - nesses veículos. Há outrosexemplos. Existem iniciativas, inclusive privadas, para a oferta de certos textosem Braile - cardápios de restaurante, rótulos de mercadorias, etc. - mas pouco sefaz para oferecer esses mesmos textos em letras nítidas e de grande tamanho paraas pessoas que têm sua acuidade visual reduzida - algo também mais comum

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entre idosos.O modelo social jamais ignorou o papel que as perdas defuncionalidade têm na experiência da deficiência, mas enfatiza que em muitoscasos essa experiência só ocorre por motivos eminentemente sociais. Éperfeitamente possível, por exemplo, que, em uma sociedade devidamenteajustada, uma pessoa com algum tipo de limitação funcional não experimente adeficiência.A perspectiva do modelo social da deficiência encontrou nos idososum caso paradigmático. A acumulação de limitações leves na funcionalidadecorporal, típica entre os idosos, pode levar à experiência de grandes deficiências,caso estes vivam em uma sociedade que se organiza de maneira hostil às pessoascom essas limitações. Além disso, o envelhecimento populacional de certo modoevidencia que a deficiência não pertence apenas ao universo do inesperado. Aideia de que a experiência da deficiência faz ou fará parte da vida de uma grandequantidade de pessoas torna a deficiência um tema de pauta não mais limitadoaos movimentos de deficientes, mas de todos os movimentos sociaisigualitaristas.

Para Simões et al (2010) o envelhecimento ainda apresenta algumas consequências,

entre elas, a redução da força muscular esquelética ou sarcopenia, que pode alterar as suas

atividades de vida diária. Para Ribeiro et al (2009), o surgimento de doenças crônicas que

resultam em parte das alterações neuromusculares, tais como a atrofia muscular e a

diminuição da potência muscular, acompanha esse processo.

Pedrinelli; Leme e Nobre (2009), acrescentam que a perda da potência muscular no

idoso ocorre com maior facilidade do que a diminuição da força muscular, devido ao

declínio das capacidades neuromusculares. Dos 65 anos aos 84 anos, a força isométrica

muscular diminui aproximadamente 1,5% por ano, já a potência muscular decresce cerca

de 3,5% ao ano.

Tendências populacionais vêm se confirmando na medida em que a população sofre

um aumento gradativo do segmento daqueles com mais de 65 anos de idade. Esse

crescimento deve se estender ainda mais pelos próximos anos; no entanto, a manutenção

por um estilo de vida ativo através da realização regular de exercícios físicos contribui para

uma melhor qualidade de vida, o que resulta, consequentemente, num menor risco de

morbidade e mortalidade (NUNES e SANTOS, 2009).

Entre as morbidades mais frequentes entre a população idosa podemos destacar a

Pressão Arterial Sistêmica (HAS). Para Monteiro et al (2007), aproximadamente 20% a

30% dos brasileiros têm Pressão Arterial acima do recomendado. Lima et al (2011),

apontam que na população urbana adulta ela chega a atingir índices entre 22% a 44% e

suas consequências são responsáveis por 40% das aposentadorias precoces.

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Justifica-se, assim, a importância de estabelecer um programa que proponha intervir

nessas alterações já instaladas na população de 60 anos ou mais e que, de maneira

inequívoca, colabore com os trabalhos já existentes que demonstram que estas intervenções

trazem redução dos danos à saúde desta população, melhora sua qualidade de vida, amplia

sua felicidade e esperança, empodera seus indivíduos para uma vida mais ativa e produtiva

resultará em redução de quedas, dos agravos à saúde física e mental, em redução da

hospitalização, em redução dos custos operacionais, oferecendo-lhes um modelo de

atenção mais condizente com suas necessidades e com as realidades científicas atuais,

habilitando-nos a implementar um novo modelo de promover saúde também na população

de indivíduos abaixo dessa faixa etária.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilOBJETIVOS

Objetivo Geral:

Entender a situação do idoso em nossa sociedade, considerando os aspectos

demográficos, epidemiológicos e os aspectos psicossociais e, a partir destes, contribuir

para a ampliação da autonomia e para a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa

entendida em seus múltiplos aspectos.

Objetivos Específicos:

Conhecer o significado de autonomia para esta população;

Identificar os fatores de risco de doenças e agravos;

Conhecer as condições de saúde física e mental dos idosos em nossa sociedade;

Identificar e promover os fatores de proteção e recuperação da saúde;

Prevenir agravos futuros das patologias com orientações específicas;

Identificar o grau de dependência desses idosos e intervir nas possíveis soluções;

Intervir de forma positiva para ampliar as possibilidades de promover saúde em

seus múltiplos aspectos(físico, psíquico, social, ambiental e espiritual);

Promover através da equipe multidisciplinar a potencialização no conhecimento do

autocuidado;

Incentivar as atividades físicas, alimentação saudável e interação social através de

vivências, oficinas, etc.;

Resgatar e valorizar o papel social do idoso, seus saberes, experiência e vivências;

Diminuir a inatividade gerada pela aposentadoria;

Envolver a família e a comunidade no processo do cuidado;

Sensibilizar instituições e a sociedade em geral para que reconheçam que o idoso é

um cidadão, atuante e produtivo.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilMETODOLOGIA

O Projeto Cuidando do Entardecer será desenvolvido pelos Institutos da Saúde das

diversas AME’S – Escola de Autocuidado. A Escola de Autocuidado é um programa de

medicina preventiva, fundamentado na visão integral do homem e organizado por uma

equipe multidisciplinar composta dos seguintes profissionais: um médico, uma psicóloga,

uma nutricionista, uma assistente social, três enfermeiras, três técnicas de enfermagem,

uma assistente administrativa e um motorista que da suporte às ações.

Para o presente projeto temos como população alvo pessoas com 60 anos de idade

ou mais. No entanto, o projeto não se restringe as pessoas nesta faixa etária podendo

abarcar demais interessados em desempenhar as atividades propostas que também poderão

contemplar a participação da população como um todo, do universo das famílias dos

idosos.

As atividades acontecerão nos município sede das respectivas AME’s, onde

utilizaremos de espaços públicos (como parques adequados para realização das atividades

físicas) e espaços privativos das AME’s, (como o auditório) e outras instituições tomadas

como parceiras deste projeto. O presente projeto tem prazo indeterminado e as atividades

acontecerão em dias semanais a serem definidos com as entidades parceiras e participantes.

Temos como método a execução do projeto em dois momentos: primeiro,

pretendemos circundar e entender como acontece o envelhecer, comprovar com dados

estatísticos e com entrevistas com os participantes a prevalência das comorbidades e

aspectos relacionados ao adoecer e ao envelhecer. Neste momento é necessário observar e

se aproximar dos idosos em conversas “descompromissadas”, para assim conseguir relatos

sinceros das dificuldades a serem sanadas.

A escolha por conversas “descompromissadas” justifica-se por estas apontarem

para um fato predominante nas entrevistas formais, o estigma observado do “velho” dentro

da sociedade, que não admitem suas fragilidades e não relatam a existência de dificuldades

e a ausência da agilidade que antes possuíam, pois são sinônimos de fraqueza perante as

pessoas. Partindo deste princípio, em que o sentimento de julgamento é muito grande e

viver com a dificuldade de se admitir “velho” é difícil, é necessário uma aproximação mais

humana e pessoal, com longas conversas, sem a imposição de entrevistas com perguntas e

respostas. A ausência do tom impositivo de um questionário gera uma intimidade

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilfacilitadora por parte dos idosos para constatar muitas das realidades relacionadas às

perdas da velhice, pois as “conversas descompromissadas” criam um ambiente mais

confortável.

Feito isto, poderemos identificar os idosos com maior risco de adoecimento e/ou

agravamento das suas condições de saúde e orientá-los, individualmente, quanto às suas

necessidades assistenciais. Do mesmo modo, munidos de informações sobre a vida

cotidiana destas pessoas e suas experiências de viver e adoecer poderemos então oferecer

atividades pautadas nos princípios da multidisciplinariedade, bem como nas prioridades e

interesses dos participantes/idosos.

Partindo deste pressuposto e baseando-se na literatura existente na área do

envelhecimento humano, o programa, de antemão, esboça algumas possibilidades de

atividades que serão oferecidas medianteo interesse dos participantes/idosos aos quais será

oportunizada a livre escolha em participar de atividades, físicas, artísticas e/ culturais.

Assim, a execução de atividades norteadas por uma equipe multidisciplinar em conjunto

com o participante/idoso (sujeito igualmente responsável pela construção e consolidação

da proposta) caracteriza-se como o segundo momento do projeto.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilATIVIDADES PROPOSTA

1. Prevenção de quedas no domicílio, no lazer e nos ambientes públicos

O processo de envelhecimento vem acompanhado por problemas de saúde físicos e

mentais, tornando a pessoa idosa mais fragilizada e susceptível a eventos incapacitantes,

entre eles as quedas. Pessoas de todas as idades apresentam risco de sofrer queda. Porém,

para as pessoas idosas, elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-lo à

incapacidade, injúria e morte (FABRÍCIO, RODRIGUES e JUNIOR, 2004).

Nos idosos, a incidência de quedas é de cerca de 32% ao ano, sendo que 24%

resultam em injúrias que requerem atendimento médico. Desses pacientes, cerca de 25%

morrem dentro de um ano, 15% são institucionalizados e 60% nunca recuperam o nível

funcional prévio(ROTHSCHILD, BATES E LEAPE, 2000). Os estudos mostram que

idosos que já caíram anteriormente têm de quatro a vinte vezes mais chance de sofrer uma

fratura (CUMMING e KLINEBERG, 1994).

Outro dado importante é que em indivíduos com déficits visuais o controle do

equilíbrio corporal pode estar diminuído. Estudos associaram déficit visual à incidência de

quedas e fraturas do quadril em idosos (MACEDO et al., 2008). A prevalência de catarata,

degeneração macular relacionada à idade, ou mesmo erros de refrações visuais, é alta em

pacientes admitidos em enfermaria geriátrica devido às quedas. No entanto, muitos

problemas relacionados à baixa visão em idosos são passíveis de correção e tratamento,

seja através das órteses ou mesmo da extração da catarata, melhorando, assim, a função

visual e motora.

Aqueles que já sofreram queda apresentam um grande declínio funcional nas

atividades de vida diária e nas atividades sociais, com aumento do risco de

institucionalização(REBELATTO e MORELLI, 2004). Agrava-se a isso o fato dos idosos

serem particularmente suscetíveis a infecções nosocomiais, principalmente respiratórias,

urinárias e de pele. Estudo retrospectivo de 1.200 infecções nosocomiais(GROSS,

RAPUANO, ADRIGNOLO e SHAW, 1983) encontrou um risco dez vezes maior entre o

grupo etário de 70 a 79 anos do que entre o grupo de 40 a 49 anos.

Assim sendo, a equipe do Instituto da saúde – Medicina Preventiva objetiva ao

máximo a manutenção da pessoa idosa na comunidade, junto de sua família, da forma mais

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasildigna e confortável possível, como fatores fundamentais de suporte para o seu equilíbrio

físico e mental. Do mesmo modo, reconhecemos as quedas como um importante problema

de saúde pública entre as pessoas idosas, em decorrência da frequência, da morbidade e do

elevado custo social e econômico decorrente das lesões provocadas.

Tendo em vista o exposto, objetivamos realizar intervenção para prevenir e/ou

minimizar riscos de quedas em idosos da área da abrangência das AME’s, nos seus

municípios sede. Temos como propostas:

Verificar na população de idosos sem a frequência de consultas oftalmológicas;

Verificar na população de idosos sem a frequência de consultas

otorrinolaringológica;

Levantar, por meio de entrevistas, os portadores de deficiência auditiva e visual;

Dar providência a solução de tais deficiências;

Estabelecer parceria com a Faculdade de Educação Física da Universidade Locais.

Estabelecer parceria com academias em vários bairros da cidade, facilitando o

acesso à maioria dos indivíduos;

Criar espaço próprio com educador físico e fisioterapeuta pertencente ao Instituto

da Saúde da AME local para a prática de atividade física.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil2. Cuidando do cuidador

A arte do cuidador é agregar a um ato de respeito e solidariedade, alguns

conhecimentos técnicos, compromisso e empenho no resgate da dignidade humana e

qualidade de vida.

Estes atributos separados, por maior que seja a boa vontade, não alcançam o

resultado esperado e desejado. Assim, é fundamental, além dos estímulos naturais para o

ato de cuidar, que a pessoa esteja munida de conhecimentos técnicos básicos para a tarefa,

permitindo melhor entendimento sobre as necessidades, dificuldades e características dos

problemas que acometem o paciente e familiares, bem como, utilizando técnicas e

processos de higienização, alimentação, etc, propiciem maior qualidade aos cuidados

prestados e, portanto, maior segurança ao paciente (MANSUR, 2011).

No entanto, o cuidado com o cuidador antecede o ato de cuidar do outro. Essa

concepção implica em uma ação preventiva, ou seja, se o cuidador não for assistido nas

suas necessidades, isso vai interferir diretamente na qualidade do atendimento que prestará.

Deste modo, o Projeto Cuidando do Entardecer também se destina aos cuidadores

de idosos e a todos que desejem se cuidar melhor. Para tal propomos um espaço onde as

pessoas possam partilhar suas vivências, saberes, trazendo as alegrias e as aflições,

podendo ser ouvidas, acolhidas, compreendidas e cuidadas: o próprio grupo torna-se

instância terapêutica no tratamento e prevenção de seus males, podendo usar sua própria

criatividade para construir seu presente e seu futuro através de seus próprios recursos

(ZANINI, 2003).

As ações serão desenvolvidas a fim de alcançar o objetivo de promover a saúde e a

qualidade emocional dos cuidadores pela valorização do autoconhecimento como recurso

de transformação pessoal e social, através de técnicas e práticas vivenciais. Bem como

temos a preocupação em preencher dois dos objetivos mais importantes na área da

tecnologia da saúde: a inovação e a difusão. Assim, propomos que profissionais

capacitados e experientes instruam ao cuidador informal, membro da família e da

comunidade a desenvolver as habilidades necessárias para conversar, orientar e até mesmo

impor, quando necessário, as condutas ao bem estar do paciente.

Sugerimos alguns assuntos para abordagem junto ao cuidador e de benefícios

diretos ao idoso:

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Cuidados de higiene em pacientes dependentes.

Banho no leito;

Prevenção de escaras;

Cuidados com a Sonda Vesical de Demora;

Cuidados com a Ostomia;

Cuidados na Saúde Bucal;

Alimentação saudável e nutrição;

O que observar e como ajudar durante as refeições

Cuidados com o idoso que usa sonda de alimentação;

Posicionamento no leito/orientações para o idoso acamado;

Dificuldades de comunicação após um derrame;

Cuidados com a medicação;

Medicação de alto custo

O Cuidador que cuida do seu corpo;

Existem muitas formas de incorporar a atividade física à sua vida;

Dicas de exercícios para o cuidador;

Previdência social para o cuidador;

Lei orgânica de assistência social;

Aposentadoria por idade;

Aposentadoria por invalidez;

Documentações para INSS;

Acidente de trabalho.

As ações do Cuidando do Cuidador poderão ser realizas em parceria com Centros

Espíritas, Centros Holísticos, Universidades, Centros Comunitários e quaisquer outras

instituições que visem o bem estar físico, psíquico, social e espiritual dos participantes.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil3. Atividades físicas e lazer

3.1 A importância da atividade física para os idosos

É notório que o envelhecimento vem acompanhado por progressivas alterações em

órgãos e sistemas (visão e audição, por exemplo), como a diminuição e alteração da

composição muscular, da massa óssea e da capacidade cardiorrespiratória, que podem

comprometer o desempenho das tarefas mais simples da vida diária. Sendo assim, cuidados

específicos com a acuidade visual e auditiva (MACEDO, 2008), bem como a prática da

atividade física regular irá prevenir a independência e manter a melhor condição funcional

do idoso.

O processo de envelhecimento apresenta como uma de suas consequências o

declínio na força dos músculos esqueléticos bem como dos respiratórios(SUMMERHILL,

2007), o que pode interferir na capacidade funcional e no desempenho das atividades de

vida diária (AVD) do idoso (DOHERTY, 2003; CRESS, 2003). A redução da massa e

força muscular decorrentes do envelhecimento, ou sarcopenia, ocorre mesmo no idoso

saudável (SILVA, 2006) e é considerada como fator mais significativo à perda de

independência e função nessa faixa etária(DOHERTY,2003; SILVA, 2006). Sabe-se que a

atividade física regular pode retardar esse processo, e que os exercícios de resistência são

considerados como uma intervenção eficaz(DOHERTY, 2003) E (NELSON, 2007).

Porém, ainda são necessários estudos para identificar variáveis que interferem na

capacidade para exercício nessa população.

O sedentarismo é considerado um fator de risco, estando, na maioria das vezes,

associado direta ou indiretamente às causas ou ao agravamento de várias doenças, tais

como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, ansiedade, depressão, dislipidemia,

aterosclerose, doença pulmonar, osteoporose e câncer. O sedentarismo em idosos pode ser

caracterizado por atividades físicas com duração inferior a 150 minutos por semana.

Segundo a Organização Mundial de Saúde o exercício físico realizado de maneira

sistemática ajuda no controle da hipertensão arterial por redução da resistência arterial

periférica (dilatação dos vasos), aumenta HDL-colesterol ("colesterol bom"), reduz a

obesidade, triglicerídeos, propicia melhor controle dos níveis glicêmicos (taxas de açúcar

no sangue), previne doença arterial coronariana e diminui o risco de morte; melhora ainda

a qualidade do sono, a função cognitiva, reduz ou atrasa o aparecimento da demência e

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilvários tipos de câncer, além de diminuir o aparecimento de fraturas de fêmur e vertebras,

pois aumenta a densidade óssea.

Os exercícios com ênfase nos membros inferiores e superiores, de baixo impacto,

são os mais indicados. Da mesma forma, o equilíbrio e os movimentos corporais totais

devem fazer parte dos programas de atividade física na terceira idade.

3.1.1Natação e hidroginástica

Estassão as atividades físicas mais indicadas pelos médicos, para essa faixa etária,

por ser ideal para as pessoas que possuem problemas ósseos, porque na água são reduzidos

os impactos sobre as estruturas ósseas e articulares, diminuindo desgastes e fraturas.

Natação: benéfica para a terceira idade pode interferir na frequência cardíaca e no

consumo de oxigênio. Destacamos ainda que a prática da natação pode ainda aumentar a

disposição para as rotinas diárias, com a possibilidade de executar atividades da vida que

antes não conseguia.

A natação melhora ainda a musculatura do abdômen e do assoalho pélvico, o que

diminui os casos de incontinência urinária, em especial nas mulheres.

Hidroginástica: com a hidroginástica bem orientada, o indivíduo garante benefícios

comoo alívio das dores, relaxamento muscular, manutenção e/ou aumento da amplitude

dos movimentos das articulações, reeducação demúsculos semi ou atrofiados, devoluçãoda

coordenação dos músculos em paralisias, desenvolvimentoda força e da resistência

proporcionando maior fortalecimento muscular, melhora ou reabilitaçãodas atividades

funcionais da marcha, além de fortalecer a musculatura sem traumas nas articulações.

Acontece considerável melhora no sistema cardiorrespiratório, aprimorando muito o

condicionamento físico.

Até mesmo os componentes secundários do condicionamento físico como,

velocidade, potência, agilidade, reflexo, coordenação e equilíbrio, que tendem a diminuir

com a idade, também podem se manter na ativa com a prática da hidro.

Ahidroginástica ainda pode ser benéfica com exercícios de movimentos enérgicos

contra a resistência da águacontribuindo para aumentar ou manter a densidade mineral

óssea, pois somente com exercícios de tensão, novas células ósseas se formarão

desencadeando um aumento da densidade óssea.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil

A ligação corpo-mente é outra excelente razão para fazer exercícios, pois a pessoa

emocionalmente estável, com uma atitude positiva, é menos suscetível a doenças físicas,

dores e deficiências no sistema imunológico. Em um trabalho de hidro/natação em grupo, a

oportunidade de cultivar amizades, se torna mais rotineiro, contribuindo para o bom

relacionamento social. Lembrando sempre que a atividade física realizada em grupo

sempre favorece a formação de novas amizades.

Lembrando que estes exercícios devem ser feitos com um alongamento prévio e sob

orientação de um profissional especializado.

3.1.2Caminhada

Ao contemplar a prática de exercício físico para indivíduos cronicamente doentes, é

possível surgir a impressão de que a mesma é contra indicada. Contudo, o exercício tem

função muito importante na reabilitação daqueles com doença cardiovascular crônica,

sobretudo, a HAS (SPIRUSO, 2005).

Segundo Monteiro et al (2007) programas de exercícios físicos estão associados à

prevenção do desenvolvimento da hipertensão tanto de indivíduos normotensos, quanto em

hipertensos. Estudos têm revelado que exercícios aeróbios são úteis na redução da pressão

arterial.

Nieman (1999) afirma que tais práticas exercem uma função bastante importante no

controle da HA, podendo ser notadas melhoras nas primeiras semanas por meio de

exercícios aeróbios de intensidade moderada e realizados de três a cinco vezes por semana.

Spinato et al (2010) afirma que a prática regular do exercício aeróbio consiste na

principal intervenção não farmacológica determinante do sucesso na prevenção da HAS.

Seus benefícios estão relacionados à melhora do desempenho metabólico muscular,

redução da disfunção endotelial, melhora das anormalidades neuro-hormonais e redução da

resistência à insulina, que culminam na diminuição da resistência vascular sistêmica,

promovendo efeitos favoráveis concomitantes nos fatores de risco cardiovascular.

Segundo Silva e Costa (2008) antes de dar início a um programa de exercícios

físicos, a pessoa deve passar por uma avaliação clínica cardiológica onde terá que executar

um teste de esforço, podendo ser o teste ergométrico convencional ou cardioespirômetro

(cardiorrespiratório). Além de submeter-se a esses testes, o futuro praticante deve também

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilprocurar um educador físico para fazer uma avaliação física, este profissional deverá ser

consultado frequentemente (TERRA; OPPERMANN E TERRA, 2010).

Barroso et al (2008) apontam que o exercício físico deve ser avaliado e prescrito em

termos de intensidade, frequência, duração, modo e progressão. A escolha do tipo de

exercício deverá ser orientada de acordo com as preferências individuais e respeitando as

limitações impostas pela idade e condições físicas do indivíduo. Para Dutra et al (2007)

também é importante levar em consideração o peso, a composição corporal e o nível de

atividade em que a pessoa se encontra.

Para o idoso hipertenso, a prática da caminhada é uma das atividades mais

recomendadas, por oferecer benéficos à saúde, baixo impacto, e ter a possibilidade de ser

praticada em diferentes intensidades (MATSUDO, 2008).

3.1.3Dança

Uma pesquisa, realizada pelo setor de Gerontologia da Universidade de Campinas

(Unicamp), envolvendo dança e idosos comprova que a atividade, além de exercitar o

corpo,ativa a memória e a concentração. Habilidades como força, ritmo, agilidade,

equilíbrio e flexibilidade também são desenvolvidas e trazem bem-estar e saúde aos idosos.

A dança exercita a área do cérebro que é responsável por essas ações e também estimula

outras regiões como a que controla a ansiedade e a motivação. A dança é uma atividade

física de corpo e alma.

3.2 A importância do lazer para os idosos

Com maior acesso à informação e à participação ativa em diferentes vivências,

outra marca da sociedade globalizada, o idoso vem tendo oportunidades, nos mais diversos

âmbitos, inclusive no contexto do lazer, de ressignificar sua existência, sua aprendizagem,

sua importância como cidadão detentor de direitos e garantias legais, seu envelhecimento,

sua própria velhice e os níveis de sua efetiva participação dentro da sociedade.

Gradativamente, o idoso parece estar, também, se conscientizando sobre a

importância de adotar hábitos saudáveis de alimentação, de praticar exercícios físicos

regulares, de estar inserido em programas de valorização e convívio social e de buscar por

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilatividades mais significativas como forma de preservar e melhorar sua vida, sua saúde e

seu bem-estar.

Com isso, aquelas imagens de inércia, sedentarismo, acomodação, tristeza,

indisposição, fadiga, dores sem fim, isolamento, depressão e falta de perspectivas diante

desta etapa de vida, paulatinamente, vão perdendo espaço para a crescente participação e

adesão às inúmeras oportunidades que são oferecidas ao segmento idoso nos espaços

públicos e/ou privados, formal e/ou informal. Este fato vem chamando a atenção da

sociedade porque, em cada espaço/lugar dos parques e jardins, teatros, cinemas,

restaurantes, família, escola, partidos políticos, igreja, equipamentos de esporte, recreação

e lazer, pode-se constatar a presença do idoso, cada vez mais consciente de sua capacidade

de reverter o atual quadro de exclusão social que o estigmatiza à condição de cidadão de

segunda categoria e modificar os patamares de sua qualidade de vida.

Esses dados corroboram para a tese sobre a importância da relação lazer- educação

exposta por Marcellino (1990); da educação para o lazer, evidenciada por Camargo (1998);

da educação para o tempo livre, salientada por De Masi (2000); de DeGáspari (2004), a

respeito da relação entre as inteligências múltiplas e lazer; de Schwartz & Silva (1999),

acentuando as perspectivas de redimensionamento da relação homem-natureza, por meio

das práticas educacionais provenientes das vivências nas atividades na natureza e das

reflexões de Schwartz (2003), acerca da verdadeira simbiose entre corpo e natureza,

evidenciando o corpo sensível como próprio espaço ecológico e de uma pedagogia para o

idoso, que leve em consideraçãoos aspectos cogitados por Giubilei (1993).

Ratifica-se, então, a possibilidade de o ser humano, em todos os espaços de

educação, especialmente no que concerne aos espaços informais do lazer, ressignificar e

usufruir a vida a partir de parâmetros qualitativos, encontrar-se consigo mesmo e com o(s)

outro(s), fundir seu eu natureza e resgatar a natureza de seu eu, recuperar sua autoestima

positiva, promover o desenvolvimento de suas múltiplas inteligências, aguçar e

desenvolver seu pensamento crítico, sua criatividade, como armas poderosas citadas pelos

próprios sujeitos do estudo para a reversão dos diversos antagonismos sociais que o afetam

frontalmente.

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Pode-se, ainda, reafirmar as ideias e Santin (1998) e Assmann (1998), quanto à

validade de uma ação educativa extravasada, para além dos muros institucionais tendo, no

lazer, um campo rico para ação/intervenção.

Conclui-se, então, que experiências emocionais significativas no âmbito do lazer,

sob a ótica de “veículo” e “objeto” de educação, como expõe Marcellino (1990),

contemplam em seus conteúdos culturais uma gama de necessidades radicais do ser

humano (De Masi, 2000) as quais podem contribuir para o processo de desenvolvimento

humano, ao longo de todo seu período vital, bem como, para a elevação dos patamares

qualitativos de vida da população, especialmente, daquelas concentradas nos centros

urbanos da sociedade contemporânea.

3.2.1 Oficina de cinema

Cinemateca–Lugar onde são projetados aqueles que não estão mais em circuito

comercial que podem trazer reminiscências felizes e promover discussões em torno da

vida, da saúde e da felicidade.

Utilizar filmes como recurso de ensino e reflexão.

Sabemos que um filme carrega influência cultural de quem criou e produziu, tendo

assim uma interpretação diferente para cada espectador. Criando assim grupos para a

discussão e reflexão com convidados da equipe multidisciplinar. Trazendo a importância

de aliar arte e saúde no que reuniu várias atividades científicas e culturais com o intuito de

divulgar e difundir conceitos técnicos da área da saúde.

3.2.2 Oficina de Artesanato

Dentro do universo das artes, existem várias formas de expressão, técnicas, recursos

e materiais que são excelentes meios para o desenvolvimento humano, uma vez que a arte

ocupa significativo espaço na formação humana, desde o início das civilizações até o

momento.

Quando realizarmos uma atividade artística, desenvolvemos competências pessoais

que aprimoram o desempenho pessoal, o que estabelecerá formas de comunicação entre o

real e o imaginário, entre o pragmático e o sensível, transformando o ato criativo em

expressão produtiva. Dessa forma, as pessoas aprendem a construir, desfrutam o prazer de

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilcriar, valorizando a invenção de coisas originais e não a mera repetição ou cópia,

acrescentando detalhes específicos e únicos.

Com o artesanato, a pessoa desenvolve habilidades com as mãos e, principalmente,

com o cérebro, dando lugar à criatividade através de diversos materiais, técnicas e

procedimentos.

O indivíduo vai criar, aproximando ideias e materialidade; vai dar forma, vai dar

vida à sua ideia com isto estará exercitando a mente, prevenindo problemas com a

memória, principalmente os idosos, pois além de relacionar-se com pessoas com as quais

tem afinidade e interesses comuns, vai melhorar o humor, afastando a possibilidade do

isolamento, tão comum nesta fase da vida. Pode, ainda, transformar esse hobby em

atividade rentável, além de prazerosa, pois os produtos artesanais têm excelente aceitação

no mercado.

Os benefícios de se dedicar ao artesanato no dia-a-dia atingem praticamente todas

as pessoas interessadas, uma vez que o trabalho manual gera introspecção, concentração e

reflexão. Enquanto desenvolvem um trabalho manual, as pessoas ficam calmas, atentas,

com os olhos focados em sua produção, acompanhando criteriosamente o resultado de cada

passo realizado. Durante esse processo sentem-se importantes, capazes e amadurecem,

convivendo melhor consigo mesmas e com o grupo.

Sugestão de Artesanatos:

Reutilização de Caixotes de Frutas

Topiaria de Flores e Sementes

Mosaico

Bijuteria e

Bordados

O processo de reutilização de materiais recicláveis tem grande importância para o

meio ambiente de uma forma geral. Ressaltamos aqui que ao utilizarmos caixotes de frutas

para fabricação de peças decorativas, estamos contribuindo para diminuir a produção de

resíduos deixados pelo homem na natureza e desenvolvendo um excelente trabalho através

da reutilização/reciclagem destes materiais

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil4. Oficina para divulgação de informações e orientações sobre a saúde do idoso

As oficinas e palestras visam à prevenção, à promoção da saúde e ao

esclarecimento de dúvidas através das atividades de grupo, tornando-se um espaço de

interação para que haja diálogos sobre temas atuais e de interesse dos idosos. A saúde e a

qualidade de vida dos idosos, mais que em outros grupos etários, sofrem a influência de

múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim, avaliar e promover a

saúde do idoso significa considerar variáveis de distintos campos do saber, numa atuação

interdisciplinar e multidimensional.

Baseado nessa premissa, a equipe do Instituto da saúde, pretende desenvolver

oficinas educativas através de método participativo, integrador e lúdico. Para dinamização

das oficinas serão utilizadas as seguintes estratégias: discussões em grupo, musicoterapia,

dinâmicas diversas, exposição do tema e diálogos com o grupo. Todos os métodos ora

apresentados serão desenvolvidos com a utilização de recursos didáticos e audiovisuais

diversificados. Essas atividades visam promover o exercício da escuta do outro e a

interação. A discussão no grupo favorece a troca de ideias e a cooperação. Palestras, para

pessoas que têm interesse em conhecer melhor as inter-relações entre saúde, qualidade de

vida e envelhecimento, assim como desenvolver ações especificamente voltadas à

prevenção e promoção da saúde, como estratégia fundamental de ampliação do

envelhecimento bem-sucedido.

Com as oficinas pretendemos trabalhar temas como:aspectos sociais do

envelhecimento, alimentação, atividade física, estresse, arte de envelhecimento, patologias

comuns, como hipertensão arterial, diabetes, alterações ósteo-articulares,queda na terceira

idade e depressão.

Além destes, outros temas poderão ser trabalhados desde que estejam entre os

interesses do grupo participante e contribuam para o fortalecimento da cidadania e para

oempoderamento dos idosos como protagonistas de seu bem estar e saúde.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil5. Outras oficinas possíveis

5.1 Oficina de Culinária

A alimentação é requisito básico para a obtenção de saúde. Uma alimentação bem

variada e balanceada, a prática regular de exercícios físicos, o controle do estresse, a

adoção de um comportamento preventivo, são componentes da categoria estilo de vida, que

podem ser modificados para promoção da saúde (ASSIS ; NAHANS, 1999).

Uma das funções dos profissionais da saúde é a veiculação de orientações que

permitam à população a seleção adequada de alimentos para manter a saúde do organismo.

A orientação nutricional deve capacitar o indivíduo ou grupo a selecionar os alimentos em

quantidade e qualidade adequadas para assegurar uma boa nutrição, e consequentemente os

benefícios advindos desse comportamento, levando em consideração a renda e a

disponibilidade local de alimentos (BOOG, 1999).

Para tornar realidade a educação nutricional na promoção da saúde é necessário

entender que esta se volta para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a

atitude crítica e não para o fazer imediato, como dietas com objetivos específicos. Ao fazer

educação nutricional não se está apenas lidando com nutrientes, mas com todo o universo

de interações e significados que compõem o fenômeno do comportamento alimentar,

procedimentos relacionados às práticas alimentares de grupos humanos (o que se come,

quanto, como, quando, onde e com quem se come; a seleção de alimentos e os aspectos

referentes ao preparo) associados a atributos socioculturais, ou seja, aos aspectos

subjetivos individuais e coletivos relacionados ao comer e à comida (alimentos e

preparações apropriadas para situações diversas, escolhas alimentares, combinação de

alimentos, comida desejada e apreciada, valores atribuídos a alimentos e preparações). Para

educar a população é preciso que haja modelos capazes de olhar o indivíduo enquanto

sujeito de sua história, e não enquanto doença, tendo o aconselhamento dietético e suas

práticas cotidianas como referência para o atendimento (RODRIGUES, SOARES e

BOOG, 2005).

Para tornar possível a criação de um modelo e o indivíduo como sujeito de sua

história, a “Oficina de Culinária” pode fazer com que o indivíduo modifique sua realidade

sem destruir hábitos e costumes culturais: o sujeito é capaz de reproduzi-la, seguindo

passos, como num livro de receitas, e atingir assim melhores resultados em sua saúde

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilatravés de um processo educacional, onde se ensina o ser humano a “processar”

informações e experiências de forma consciente em seu cérebro (AZEVEDO, 2006).

De acordo com Farias (2005), a falta de informação sobre o valor nutritivo dos

alimentos, aliado ao desconhecimento de seu preparo e aproveitamento máximo, são

fatores que contribuem para o desperdício, que se apresenta como um grande problema na

produção, distribuição, comercialização e preparo.

Os padrões alimentares da população geral apresentam pouco consumo de frutas e

hortaliças, elevado teor de lipídios saturados e trans, e carboidratos simples (doces, balas,

açúcares), sendo considerados fatores de risco para doenças crônicas e obesidade.

A reeducação alimentar através da mudança de estilo de vida compreende hábitos

alimentares corretos, utilizando técnicas adequadas de preparo de alimentos e mudança de

comportamento, buscando sempre a motivação interior para manter os resultados. O

conhecimento de como a alimentação é capaz de modificar o potencial genético de um

indivíduo, fomentar seu desenvolvimento físico e mental, aumentar seu bem estar e mudar

a susceptibilidade a certas enfermidades pode ter grandes implicações, especialmente em

caso de doenças de elevada prevalência e comorbidades como doença cardiovascular,

obesidade, síndrome metabólica e câncer NICKLAS et al, 2001 e KRAUSS et al, 2000.

Com base em todo o conceito anterior, uma das atividades que serão desenvolvidas

para a promoção do autocuidado será “oficinas de culinária”, e dando sempre atenção à

alimentação saudável e/ou alimentação nas Doenças Crônicas não transmissíveis,

aproveitando a riqueza da culinária regional.

Para a realização da atividade proposta contaremos com as seguintes parcerias:

Restaurante de Entidades Diversas, nos cedendo o espaço físico;

Projeto Cozinha Brasil/SESI, que tem como objetivo Promover a educação

alimentar com impactos positivos para a saúde e valorização da renda por meio do

aproveitamento total dos alimentos.

Estabelecimentos comerciais como: supermercados,frutarias, açougues, etc.

Para um bom aproveitamento da oficina sugerimos sempre turmas pequenas, com no

máximo 30 participantes.

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil5.2 Oficina para inclusão digital em parceria com a Escolas Públicas, Escolas privadas, etc.

Essa atividade visaà inserção dos indivíduos nas redes sociais facilitando a

comunicação, o intercambio de informações e a participação no universo do conhecimento.

Levando-se em consideração os estudos revisados, pode-se concluir que a internet,

pela sua crescente expansão e pelo seu uso cada vez mais expressivo, é uma ferramenta útil

na divulgação de informações sobre saúde e atividade física direcionada ao idoso. Essa

ferramenta tem se mostrado eficiente quando usada como coadjuvante de políticas de

saúde pública, por sua grande abrangência e interatividade.

Em um nível individual, essa disponibilidade de informações associada à saúde e à

atividade física está fazendo com que o idoso passe a ter uma importante atitude sobre suas

escolhas nesses campos.

Tais atitudes têm reflexos no estilo de vida do idoso e transformam-no de agente

passivo, que se limita apenas às orientações de profissionais, para ativo, no processo de

cuidados com a saúde e escolhas de práticas de atividades físicas. Existe, porém, a

necessidade de se realizarem mais estudos que avaliem o impacto dessa nova realidade

para esse público.

O idoso usuário da rede mundial de computadores tem benefícios psicológicos

importantes, tais como: prevenção da depressão e do isolamento social, especialmente os

limitados fisicamente, e manutenção dos níveis cognitivos. Além de a internet ser utilizada

como recurso para estimular as atividades cerebrais, ela oferece diferentes possibilidades

de interação social para todas as faixas etárias.

Estudos demonstraram a sua efetividade como ferramenta de comunicação social

para os idosos.

No âmbito do lazer, não foram encontradas evidências de quais os tipos de lazer

digital que se expressam significativamente entre os idosos, porém é constatado que eles

consideram o tempo gasto na internet como lazer. Tal constatação leva a crer que essa

forma de lazer tem fortes expressões entre uma parcela da população idosa, porém poucos

estudos foram encontrados com esse objetivo.

Para concluir, embora exista a necessidade da realização de mais estudos

longitudinais sobre o assunto, sugere-se, com base nas constatações acima, que as políticas

de inclusão digital insiram os idosos em suas metas, considerando os seus efeitos benéficos

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasilsobre a saúde e, assim, consequentemente, contribuindo para a melhoria da qualidade de

vida da população em geral.

5.3 Oficina de memória

No ciclo de vida da pessoa idosa novas situações surgem como adoecimento, dores

físicas, problemas de audição, fragilidade muscular e perdas cognitivas (memória, atenção,

percepção, raciocínio, juízo, pensamento, linguagem) – alguns idosos com perdas

esperadas e outros desencadeiam para doenças como demência e alzheimer.

A memória exerce importante influência sobre a autonomia e independência na

vida cotidiana. Entre a população idosa, considera-se que 50% destes apresentam queixas

frequentes de falhas de memória, indícios de demência, pouca flexibilidade mental e

tendência à repetição (LEMOS, LEAL e PAZ, 2011).

O declínio cognitivo é parte integrante do processo de envelhecimento e com o

passar dos anos, muitos indivíduos por conta de seus afazeres diários deixam de exercitar a

memória, levando a uma diminuição da mesma com o progresso da idade, por uma ordem

fisiológica e por falta da estimulação (LEMOS, LEAL e PAZ, 2011).

Tendo em vista que a boa funcionalidade cognitiva do indivíduo é um bom indício

para um envelhecimento ativo e longevidade, temos como objetivo realizar Oficinas da

Memória com a população de idosos beneficiários da Unimed Cuiabá. Com encontros

semanais ou quinzenais, em local a ser definido (por conta da disponibilidade),

pretendemos reunir pessoas com igual ou mais de 60 anos e com uma equipe

multiprofissional estimular a manutenção ou melhora do desempenho da memória. Os

encontros terão duração de aproximadamente 120 minutos.

Utilizaremos como material, vídeos explicativos, recortes de artigos/revistas,

palestras para divulgação de informações básicas sobre a memória do ponto de vista da

neurociência, além de jogos estimulantes como caça-palavras, jogo dos erros, associações,

dominós, xadrez, resta um, batalha naval (o material precisará ser adquirido pela

cooperativa).

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil6. Grupos operativos

Surgiu na década de 1940 com psiquiatra e psicanalista argentino Pichon-Rivière,

fundamentado na Psicologia Social. Essa técnica de Grupo Operativo baseia-se em um

instrumento de intervenção grupal, sustentado na concepção de sujeito, que é social e

historicamente produzido (SOARES; FERRAZ, 2007). Nesta situação, o grupo é

considerado como a unidade básica de interação entre os sujeitos, que se encontra em

constante dialética com o ambiente em que vive, ou seja, constroem o mundo e nele se

constroem, com a inter-relação entre os sujeitos valorizando a experiência da

aprendizagem (CASTANHO, 2007). No entanto, a grande indicação dos grupos operativos

é investigar o que facilita ou emperra a aprendizagem.

O grupo operativo é composto por pessoas com objetivos em comum, que

trabalham como equipe e focam encontrar os empecilhos nas realizações de suas tarefas. O

psicólogo, que é o facilitador do grupo, auxilia na diluição da temática trazida pelo próprio

grupo produzido (SOARES; FERRAZ, 2007).

Os temas no Projeto Cuidando do Entardecer serão pré-definidos, com

possibilidade de mudança a qualquer momento pelo próprio grupo, todavia, o principal

objetivo é abordar temáticas voltadas para a vida dos idosos. Devendo lembrar que em

qualquer grupo os níveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal são os

mesmos, e os participantes têm as mesmas aflições e pedidos básicos.

O grupo operativo compõe uma categoria de processo grupal que, deve ser:

dinâmico – permitindo-se o fluir das interações e da comunicação para fomentar o

pensamento e a criatividade; reflexivo – refletir sobre o próprio processo grupal

compreendendo os fatores que interrompem a tarefa; e democrático quanto à tarefa – o

grupo demanda suas próprias ações e pensamentos, em um princípio de autonomia.

Mesmo que o grupo operativo não tenha como foco principal ser terapêutico,

executará de maneira indireta essa função, assim como os grupos terapêuticos

proporcionam alto grau de aprendizagem.

Este espaço será um momento para o grupo trabalhar junto com o facilitador, o

psicólogo, temáticas que possam explorar por completo os conflitos de ordem pessoal,

familiar e/ou social. Essencialmente as questões como aposentadoria, luto, perdas,

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasillimitações físicas, patologias específicas, adoecimento de modo global, velhice, restrições

alimentares, esperança, entre outros.

DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA

Estratégias para divulgação do programa para profissionais.

Objetivos:

Divulgar a finalidade e filosofia do Instituto da Saúde - Escola de Autocuidado.

Divulgar as características/perfil dos clientes a serem atendidos.

Divulgar os critérios de inclusão e encaminhamento para a Escola de Autocuidado.

Divulgar os procedimentos para inclusão.

Os principais meios a serem utilizados serão:

Comunicação por meio de folders.

Espaçõs em rádio e TV locais.

Comunicação por visitas às Casa Espíritas previamente agendadas.

Avaliação dos resultados (pelo critério encaminhamentos).

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do Brasil

Cronograma:

ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZAPRESENTAÇÃO

P/PROFISSIONAIS

QUE QUEIRAM SE

ENGAJAR NO

PROJETO PREPARAÇÃO

DOS FOLDERSDISTRIBUIÇÃO

DOS FOLDERSVISITAS A CASAS

ESPÍRITAS

ORIENTAÇÃO/

TREINAMENTO

NO RESAVALIAÇÃO DOS

RESULTADOS

31

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AME-BRASILAssociação Médico-Espírita do BrasilEstratégias para divulgação do programa para a comunidade

Formas de captação de beneficiários para o programa:

Prioritariamente busca ativa (envio de material explicativo para Casas Espíritas,

entidades religiosas, centros comunitários, escolas) e demanda espontânea.

Objetivos:

Divulgar a finalidade e filosofia do Instituto da Saúde - Escola de Autocuidado;

Divulgar as características/perfil dos clientes a serem atendidos;

Divulgar a forma que o cliente poderá participar e como incluir-se;

Divulgar os procedimentos para inclusão.

Os principais meios a serem utilizados serão:

Comunicação por meio de folders;

Comunicação por meio de reportagens publicadas em Jornais Locais;

E-mail Marketing;

Inserção no Blog da AME;

Ligações telefônicas.

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