Ana Claudia Giannini Borges

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    VI SIMPSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRRIA - VII SIMPSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRRIA1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS GUAS (ISBN 978-85-237-0718-7)

    O PROCESSO DE CONCENTRAO E DE CENTRALIZAO DO CAPITAL E O

    FINANCIAMENTO DA PRODUO SUCROALCOOLEIRA NO BRASIL1

    THE PROCESS OF CONCENTRATION AND CENTRALIZATION OF CAPITAL

    AND THE FINANCING OF THE SUGARCANE PRODUCTION IN BRAZIL

    Ana Claudia Giannini BorgesUNESP Univ. Estadual Paulista

    [email protected]

    Vera Mariza Henriques de Miranda Costa UNIARA

    [email protected]

    Resumo

    O processo de modernizao da agricultura no Brasil, a partir da dcada de 1960, desencadeia,no setor agrcola, fenmenos que marcaram o setor industrial, em seu processo decrescimento. Da mesma forma que se formaram os complexos industriais, surgem osagroindustriais e os grandes grupos econmicos. Outro fenmeno que se reproduz o dainternacionalizao de capitais. As transformaes por que tem passado o setorsucroalcooleiro ilustram o processo de desenvolvimento e de reestruturao do setoragroindustrial no Brasil. Na dcada de 1990, h desregulamentao do setor, o que resultouno encerramento da tutela do setor pelo Estado, representada pela presena do IAA, desde1933, suscitando novas estratgias, visando inovao, crescimento da atividadesucroalcooleira e consecuo da competitividade. Neste setor, o processo de concentrao,centralizao e internacionalizao de capitais se intensifica em alguns estados da federao,sobretudo nas atividades presentes no estado de So Paulo, que se destaca na captao derecursos financeiros. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho identificar os processos deconcentrao, centralizao e internacionalizao do capital no setor sucroalcooleiro, na

    primeira dcada do sculo XXI, especificamente na regio Centro-Sul. Foram utilizadosdados e informaes presentes em publicaes especializadas de diversas ordens: teses,dissertaes, artigos, relatrios e informaes divulgadas em sites (Unio dos produtores de

    Bioenergia; Unio da Indstria de cana-de-acar; Ministrio da Agricultura, Pecuria eAbastecimento; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Pde-se atestar: a crescente

    participao dos grupos no nmero de agroindstrias, no volume de cana-de-acar moda ena produo de acar e lcool frente ao total da regio Centro-Sul, em parte propiciada pelaimplantao de novas unidades e pelas operaes de F&A, que, ampliaram o processo decentralizao do capital no perodo observado; a crescente atuao do BNDES nofinanciamento desse setor, configurando uma nova forma de atuao do Estado sobre areferida atividade; a significativa injeo de recursos financeiros, decorrentes das dotaes do

    1Trabalho resultante de parte de pesquisa financiada pela FAPESP.

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    BNDES, gerando impactos significativos, para as aes de implantao, expanso e aquisiode mquinas e servios e, assim, favorecendo o processo de concentrao do capital.

    Abstract

    The modernization of agriculture in Brazil, from the 1960s, triggered, in the agriculturalsector, phenomena that marked the industry in its growth process. Likewise that were formedthe industrial complexes, arise agribusiness and economic groups. Another phenomenon thatis reproduced is the internationalization of capital. The transformations through which it has

    passed the alcohol sector illustrate the process of development and restructuring of the agro-industrial sector in Brazil. In the 1990s, there is deregulation, which resulted in thetermination of the guardianship of sector by the state, represented by the presence of the IAA,since 1933. Becomes necessary new strategies aiming at innovation and growth in sugarcaneactivity and achievement of the sector's competitiveness. In this sector, the process ofconcentration, centralization and internationalization of capital intensifies in some states ofthe federation, especially in activities present in the state of So Paulo, who excels in

    fundraising. In this context, the aim of this work is to identify the processes of concentration,centralization and internationalization of capital in sugar and alcohol sector, in the first decadeof XXI century, specifically in the Mid-South. We used data and information provided in

    publications of various orders: thesis, dissertations, articles, reports and disclosures onwebsites (Union of Bioenergy producers; Industry Union of Sugarcane, Ministry ofAgriculture, Livestock and Food Supply; Brazilian Institute of Geography and Statistics). Itwas possible attest: the growing participation of the groups in the number of agribusinesses,in the volume of cane crushed and in production of sugar and alcohol, compared to the totalof the South-Central region, partly prompted by the deployment of new units and F & Aoperations, expanding the process of centralization of capital in the period observed; thegrowing role of BNDES in financing this sector, setting a new form of state action on such

    activity; a significant injection of funds arising from the BNDES funds, generating significantimpacts to the actions of implementation, expansion and acquisition of machinery andservices and thus favoring the process of concentration of capital.

    Palavras-chave: setor sucroalcooleiro; concentrao, centralizao e internacionalizao docapital; financiamento; fuso e aquisio.

    Keywords: sugarcane sector; concentration, centralization and internationalization of capital;financing; merger and acquisition.

    Eixo: 6. Modernizao da Agropecuria e Reestruturao Produtiva.

    INTRODUO

    O setor sucroalcooleiro sempre foi relevante para a economia brasileira e, ao longo, de sua

    existncia, observam-se perodos de maior e menor interveno do Estado. O perodo a partir

    de 1930 destaca-se pela interveno do Estado no setor, principalmente, a partir da criao do

    Instituto do Acar e lcool (IAA), em 1933. Nessa poca, observam-se melhorias

    tecnolgicas, crescimento da produo, bem como o deslocamento da principal regioprodutora do setor, da regio Nordeste para a regio Centro-Sul. A concentrao das

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    atividades do setor nesta ltima regio, especificamente no estado de So Paulo, se consolida

    ao longo do perodo de 1930 a 1980.

    Na dcada de 1990, as mudanas econmicas vivenciadas pelo Brasil, tambm incidem sobre

    o setor sucroalcooleiro. A desregulamentao ocorrida na economia brasileira, com a adoo

    do iderio neoliberal, tambm atinge este setor, a partir da extino do IAA. Neste contexto,

    os agentes passam a ser responsveis por suas decises e pela competitividade desse setor,

    impactando sua dinmica e as condies de concorrncia. As agroindstrias sucroalcooleiras

    passam a adotar aes ativas e reativas, a fim de ampliar a sua competitividade. Entre elas,

    destacam-se as aes de crescimento (expanso e implantao), de fuso e aquisio (F&A),

    de modernizao, de diversificao da produo, de diferenciao de produto, de

    diversificao geogrfica, entre outras, favorecendo o processo de internacionalizao,

    concentrao e centralizao do capital.

    importante destacar que essas aes requerem grande volume de recursos financeiros para a

    sua efetivao e, para tal, tem-se como opo a utilizao de recursos prprios ou de recursos

    de terceiros, seja pela abertura de capital, seja pela captao de crditos de longo prazo. Neste

    ltimo caso, tem-se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico (BNDES) como

    principal credor de longo prazo, no Brasil.

    Assim, o objetivo geral deste trabalho identificar os processos de concentrao,

    centralizao e internacionalizao do capital no setor sucroalcooleiro na primeira dcada do

    sculo XXI. Constituem objetivos especficos: caracterizar a relevncia da regio Centro-Sul

    na produo sucroalcooleira brasileira da dcada de 1930 at 2011; identificar a presena de

    fuses e aquisies no setor sucroalcooleiro brasileiro e sua incidncia por estados da regio

    Centro-Sul (1995 a 2011); identificar os principais grupos econmicos presentes no setor

    sucroalcooleiro, na regio Centro-Sul (nas safras 2004/05 e 2009/10); e identificar os

    desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social) para o

    setor sucroalcooleiro e a contribuio deles para o processo de concentrao de capital.

    Este trabalho est estruturado em cinco partes. A primeira compreende esta introduo. A

    segunda trata da metodologia, das fontes de pesquisa e da definio dos principais conceitos

    utilizados. A terceira um relato histrico, a partir da dcada de 1920/30, priorizando-se o

    perodo de regulamentao do setor sucroalcooleiro e destacando o processo de deslocamento

    geogrfico da regio hegemnica, bem como o processo de concentrao e de centralizao

    do capital. A quarta parte trata especificamente da regio hegemnica (regio Centro-Sul), no

    perodo ps-desregulamentao, a partir da dcada de 1990, salientando o processo de

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    concentrao, centralizao e internacionalizao do capital que se intensifica, no setor

    sucroalcooleiro. Na ltima parte so apresentadas as consideraes finais.

    METODOLOGIA, FONTES E FUNDAMENTAO TERICO-CONCEITUAL

    Utilizou-se bibliografia que contempla estudos tericos e empricos sobre centralizao,

    concentrao e internacionalizao do capital para conceituar e caracterizar esses processos.

    No mbito do setor sucroalcooleiro foram priorizados textos que contextualizavam esses

    processos no perodo de regulamentao e ps-desregulamentao do setor.

    Para conceituar e caracterizar a internacionalizao, centralizao e concentrao do capital

    utilizaram-se como referncias: Marx (1996), Gonalves (2002) e Kon (1999). Ao tratar do

    processo de internacionalizao da produo (exportao, licenciamento de ativos e

    investimento externo direto), Gonalves (2002) utiliza-se dos conceitos de concentrao e

    centralizao do capital de Marx. Destaca que a expanso da produo capitalista depende da

    concentrao do capital, emprego de capital em escala maior, ou seja, reproduo numa

    escala ampliada,e centralizao do capital que a absoro dos pequenos capitalistas pelos

    grandes e a privao daquelesdo capital (GONALVES, 2002, p. 401-402). Este processo

    de centralizao contribui para o processo de acumulao do capital e, tambm, de

    concentrao do capital. importante destacar que, segundo Kon (1999), Marx ressalta a

    importncia do sistema de crdito para a centralizao do capital. Sistema de crdito que se

    desenvolve, segundo a autora, de forma paralela ao sistema de produo, acumulao do

    capital e concorrncia. O sistema de crdito permite alocar recursos dispersos da

    sociedade para determinados capitalistas, bem como para setores e indstrias distintas, o que

    impacta a concorrncia (centralizao do capital) e a forma de desenvolvimento das

    sociedades capitalistas (KON, 1999).

    Para a execuo do trabalho foram considerados dois perodos histricos: 1) de

    regulamentao (1930 ao final dos anos 1980) e 2) de ps-desregulamentao, a partir da

    dcada de 1990.

    Para o primeiro perodo foram utilizados dados sobre: a produo de acar no pas e na

    regio Centro-Sul e Norte-Nordeste, safra 1925/26 e 1936/37; a produo de acar e etanol,

    nmero de agroindstrias e mdia de produo por agroindstria para Brasil, regio Centro-

    Sul e Norte-Nordeste e estados da regio Centro-Sul, nas safras de 1950/51, 1959/960,

    1968/69, 1974/75 (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000); o nmero de agroindstrias no pas e

    na regio Centro-Sul e Norte-Nordeste, nas safras de 1984/85 e 1990/91 (BACCARIN, 2005);

    e a participao dos oito maiores grupos econmicos, 1935 a 1988 (VIAN, 2003).

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    Para o perodo ps-desregulamentao foram utilizados: nmero de agroindstrias no pas e

    na regio Centro-Sul e Norte-Nordeste, nas safras de 1990/91, 1997/98 e 2001/02

    (BACCARIN, 2005). Para o detalhamento da regio Centro-Sul nesse mesmo perodo,

    utilizou-se: o nmero de agroindstrias, total modo e mdia por unidade pas e regio Norte-

    Nordeste e Centro-Sul, com destaque para o estado de So Paulo, para as safras de 2000/01 a

    de 2010/11, dados fornecidos pelo MAPA (2011), mediante solicitao.

    O total Brasil de fuses e aquisies (F&A) para os anos de 1995 a 2011 e os tipos de F&A,

    em que se ressalta o processo de internacionalizao, para os anos de 2007 a 2011, foram

    obtidos em KPMG (vrios nmeros); o numero de F&A por municpio e estado e a

    identificao, nessas operaes, do adquirente e adquirido, foram levantados em: KPMG

    (2008), mediante solicitao, Borges e Costa (2009) e Macdo (2011).

    O nmero de agroindstrias dos dez maiores grupos e sua participao no total de

    agroindstrias e na produo de cana-de-acar, lcool e de acar da regio Centro-Sul, nas

    safras de 2004/05 e 2009/10, foram obtidos em: Macdo (2011) e MAPA (2011).

    Os desembolsos do BNDES para as finalidades expanso, implantao e financiamento de

    compra de mquinas e servios, de 2001 a 2008, por estado e, de 2005 a 2009, por municpio,

    foram organizados a partir de BNDES (2010), mediante solicitao.

    Os dados e as informaes foram coletados e avaliados de uma perspectiva quali-quantitativa

    e os objetivos foram formulados visando no apenas apresentar, mas tambm contextualizar e

    explicar os condicionantes e os resultados do processo de internacionalizao, concentrao e

    centralizao do capital sucroalcooleiro. Assim sendo, considerando os objetivos, a

    investigao que deu suporte ao presente trabalho tem carter explicativo.

    REGULAMENTAO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

    A interveno estatal se fez presente na atividade canavieira desde seu incio, no Brasil, com

    intensidade e objetivos diferentes e, em alguns momentos, com falta de continuidade.

    O principal perodo de interveno do Estado, nesse agronegcio, ocorreu a partir da dcada

    de 1930 e durou at a dcada de 1990.

    Cabe destacar que h determinados momentos e aes que marcam o setor sucroalcooleiro e

    que contribuem para a diferenciao regional e para a concentrao e centralizao de capital.

    Em 1933, o governo cria o Instituto do Acar e do lcool (IAA), dentre outros, como

    resposta crise mundial e de superproduo do acar. Estava tambm contemplada a

    definio de preos que garantissem rentabilidade, sem desconsiderar as diferenas regionais

    de custo, principalmente, entre Nordeste e Sudeste. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000;BACCARIN, 2005) O objetivo de garantir a participao de forma mais equitativa das duas

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    regies, Norte-Nordeste e Centro-Sul, no se efetivou, visto que a segunda se destacou,

    estimulada, especificamente, pelo estado de So Paulo.

    O deslocamento do centro produtor pode ser observado na Tabela 1.

    Tabela 1. Produo de acar nas safras de 1925/26 e 1936/37, Brasil e regies.

    Produo acar (sacos 60 Kg)

    Safra 1925/26 Safra 1936/37

    Norte-Nordeste 4.154.115 4.161.937

    Centro-Sul 1.127.956 5.388.280

    Brasil 5.282.071 9.550.217Fonte: Elaborado a partir de Bray, Ferreira e Ruas (2000).

    A dcada de 1950 marcada pelo crescimento e expanso da atividade canavieira no pas,

    estimulado pelo processo de industrializao e urbanizao. A distribuio da produo por

    regies, com destaque para a regio Centro-Sul, est apresentada na Tabela 2.

    Tabela 2. Capacidade de produo, nmero de agroindstrias e mdia de produo de acar e lcool,por regio e Brasil.

    Safra 1950/51Acar lcool

    Produo(sacos 60 Kg)

    n deagroindstrias

    MdiaProduo

    (m)n de

    agroindstriasMdia

    Norte-Nordeste 12.589.634 161 78.196 52.109 66 790Centro-Sul 12.227.857 163 75.018 87.966 108 815Brasil 24.817.491 324 76.597 140.075 174 805

    Safra 1959/60Acar lcool

    Produo

    (sacos 60 Kg)

    n de

    agroindstrias

    MdiaProduo

    (m)

    n de

    agroindstrias

    Mdia

    Norte-Nordeste 20.132.804 135 149.132 138.468 56 2.473Centro-Sul 30.731.247 172 178.670 333.577 127 2.627Brasil 50.864.051 307 165.681 472.045 183 2.579

    Fonte: Elaborado a partir de Bray, Ferreira e Ruas (2000). .

    importante destacar que os investimentos realizados no setor sucroalcooleiro propiciaram

    aumento da produo de acar e lcool, bem como da capacidade mdia de produo das

    unidades produtivas. Vale ressaltar tambm, conforme Tabela 2, a reduo do nmero de

    unidades agroindstrias na regio Norte-Nordeste e o aumento na regio Centro-Sul. Bray,

    Ferreira e Ruas (2000) apontam que a partir deste perodo se observa uma mudana do portedas unidades agroindstrias de pequeno para mdio, com a existncia de algumas de grande

    porte no estado de So Paulo.

    Na dcada de 1960, observa-se o crescimento da importncia do acar na pauta de

    exportao brasileira e, nesse contexto, o Estado, pelo IAA, estimula a modernizao da

    agroindstria canavieira, com o objetivo de obter um setor mais produtivo, eficiente e

    racional. (WAACK; NEVES, 1998; BACCARIN, 2005). Nesse perodo, o Estado passou a

    apoiar a concentrao e centralizao dos recursos, favorecendo o desenvolvimento intensivodo capitalismo, ao mesmo tempo em que as decises econmicas e polticas do Estado

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    passaram a ser influenciadas pelo capital monopolista nacional e multinacional. (BRAY;

    FERREIRA; RUAS, 2000, p.41)

    Em 1971 adotado o Programa de Racionalizao da Agroindstria Canavieira, que visava

    corrigir as falhas do Plano de Expanso da Agroindstria Aucareira Nacional, de 1964,

    quanto produtividade e aos custos. Para isso, o programa estimulava fuses de usinas,

    aumentando a escala de produo e modernizando as plantas industriais instaladas. (VIAN,

    2003, p. 86)

    A legislao em vigor, nessa poca, estimulava a concentrao empresarial e de terras, por

    meio da absoro das quotas das usinas incorporadas e dos fornecedores; assim, como a

    relocalizao de estabelecimentos industriais em rea de menor concorrncia entre os grupos

    usineiros e mais favorveis expanso desses grupos. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).

    O Programa objetivava eliminar aqueles atores ineficientes e marginais ao sistema, tanto do

    grupo de agroindstrias de acar e lcool como do grupo de produtores de cana-de-acar,

    em especfico aqueles de pequeno porte.

    Essas medidas adotadas, na dcada de 1960 e 1970, favoreceram o crescimento da produo

    de acar e lcool, bem como da produo mdia das unidades agroindustriais.

    Segundo Bray, Ferreira e Ruas (2000) da safra de 1950/51 para a de 1959/60, 17

    agroindstrias foram desativadas; da safra de 1959/60 de 1968/69, o nmero de unidades

    desativadas aumentou para 37; e, na safra de 1968/69 a de 1974/75, as agroindstrias fechadas

    foram 54, totalizando 108 agroindstrias desativadas em 25 anos. Vale ressaltar que o

    Programa de Racionalizao da Agroindstria Canavieira e a legislao para sua efetivao

    foram responsveis pelo fechamento de 57 unidades, bem como para o ganho de produo e

    de produtividade das unidades (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000). Baccarin (2005) afirma

    que a poltica pblica, aps a segunda metade da dcada de 1960, estimula a centralizao do

    capital, com o objetivo de aumentar sua produtividade e racionalidade.

    O IAA, tentando diminuir o poder de negociao das agroindstrias e o atrito destas com os

    fornecedores, estabeleceu o limite mximo de produo prpria de cana-de-acar em 60%

    No entanto, para Vian (2003), esse limite no foi cumprido, o que resultou na concentrao da

    produo da cana-de-acar pelas agroindstrias sucroalcooleiras acima do definido,

    tendncia que se mantm at a primeira dcada do sculo XXI.

    Concomitantemente ao problema do petrleo, na dcada de 1970, verificou-se um cenrio

    negativo para o mercado de acar. Assim, o lcool aparece como um regulador para o setor

    frente s oscilaes do mercado de acar, ou seja, um meio de superar a ociosidade das

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    agroindstrias e de minimizar possvel crise para todos os elos do setor, inclusive para os

    fornecedores.

    O Prolcool, ao estimular a produo de lcool, facilitou a adoo dessa estratgia produtiva

    ao equiparar o lcool ao acar, como um produto e no mais um subproduto. Conforme

    Waack e Neves (1998) e Baccarin (s/d), o Prolcool apresentou trs fases distintas.

    Na primeira, de 1975 a 1978, estimulou-se a produo de lcool anidro como aditivo

    gasolina e a instalao de destilarias junto s agroindstrias de acar.

    Na segunda fase, a partir do final da dcada de 1970 (1979 a 1985), a produo de lcool

    hidratado foi estimulada para o uso direto em veculos, como combustvel, o que resultou no

    crescimento de sua produo. Esse crescimento impactou a instalao de novas unidades

    (Tabela 3), o que resultou na expanso da atividade para novas regies, antes produtoras de

    gado de corte e de caf, tais como o Noroeste e Oeste do estado de So Paulo, o Centro-Oeste

    do pas, o Tringulo Mineiro e o Paran, afetando a distribuio regional da atividade

    sucroalcooleira e a concentrao econmico-financeira.

    Tabela 3. Nmero de agroindstrias e produo de acar e lcool, safra 1984/85 e 1990/91.

    Pas e regiesn de

    agroindstriasAcar lcool

    Produo (mil toneladas) Produo (milhes de litros)Safra 1984/85 366 9.252 8.848Safra 1990/91 394 11.783 7.365

    Norte-Nordeste 126Centro-Sul 268

    Fonte: A partir de dados de Baccarin (2005).

    Para Vian (2003), a expanso propiciou a diminuio da concentrao econmica e financeira

    no setor, visto que, na dcada de 1980, decresceu a participao dos oito maiores grupos com

    a instalao de novas unidades de empresas (Tabela 4).

    Tabela 4. Participao dos oito maiores grupos econmicos, de 1935 a 1988.

    AnoParticipao dos 8

    maiores gruposeconmicos

    Participaodos demais

    AnoParticipao dos 8

    maiores gruposeconmicos

    Participaodos demais

    1935 85,1% 14,9% 1965 55,1% 44,9%

    1940 78,6% 21,4% 1970 52,7% 47,3%1945 73,1% 26,9% 1975 52,2% 47,8%1950 62,5% 37,5% 1980 42,4% 57,6%1955 54,7% 45,3% 1985 37,9% 62,1%1960 53,7% 46,3% 1988 37,2% 62,8%

    Fonte: Vian (2003).

    A terceira fase do Prolcool, a partir de 1986, marcada pela continuidade do crescimento da

    produo de lcool, at alcanar o auge da produo em 1988, bem como pela queda do preo

    do petrleo a partir 1986, que desestimula a continuidade do uso de veculos a lcool e,

    portanto, do lcool, principalmente a partir de 1989. (GATTI JUNIOR, 2010)

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    Nessa ltima fase observa-se, tambm, a diminuio de incentivos, para financiamento de

    novas unidades, bem como reajuste do preo do lcool inferior inflao.

    importante destacar que, de 1975 a 1984, as aes adotadas pelo Estado contriburam para o

    estimulo do crescimento das empresas existentes, bem como a entrada de novos empresrios

    ou capitais ao setor, ocasionando assim a grande expanso do nmero de agroindstrias. A

    partir de 1985, no entanto, os recursos pblicos que contriburam para a expanso quase

    deixam de existir. (BACCARIN, 2005) A extino desses recursos, segundo o autor, est

    relacionada crise fiscal do Estado brasileiro. Outra causa para a estagnao do setor est

    relacionada ao petrleo que, diferentemente do previsto no incio dessa dcada, teve o preo

    do barril reduzido, ao mesmo tempo em que o Brasil passou a produzir mais petrleo,

    reduzindo sua dependncia externa. Alm disso, pode-se destacar que, no final da dcada de

    1980, observou-se o aumento do preo do acar o que favoreceu o aumento da produo e da

    exportao desse produto em detrimento da produo do lcool.

    O agronegcio sucroalcooleiro, a partir da dcada de 1990, passa a ter produo agrcola e

    fabril sob o controle das usinas, heterogeneidade de subprodutos e competitividade sustentada

    em salrios reduzidos e na produo extensiva. (BELIK; VIAN, 2002) Assim, nesse perodo,

    rompe-se com a estrutura bsica anterior aos anos 1990, em que o Estado era pea

    fundamental, planejando e controlando. ,

    DESREGULAMENTAO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

    Nos anos 1990, houve mudanas econmicas, polticas, institucionais no pas como tambm

    especficas ao agronegcio sucroalcooleiro. Um aspecto importante foi a reduo da

    interveno do Estado na economia, tanto em razo da crise fiscal, como pela adoo de

    polticas de cunho Neoliberal, que, no caso em questo, resultaram na extino do IAA e na

    desregulamentao do agronegcio sucroalcooleiro.

    Na dcada de 1990, segundo Vian (2003), parte do setor apresentou resistncia s mudanas,

    decorrentes do processo de desregulamentao, pois desejava manter a estrutura existente

    com suas garantias de comercializao e de lucro. Outros, mais dinmicos, foram favorveis

    s mudanas, por viabilizarem a adoo de aes, que poderiam focar interesses diversos,

    num mercado sem regulao.

    Para Barros e Moraes (2002, p. 161), a diferena competitiva entre a regio Norte-Nordeste e

    a Centro-Sul fez com que a primeira necessitasse de subsdio pblico para competir. Assim,

    faz-se claro que a regio Norte-Nordeste seja contrria ao processo de desregulamentao do

    setor, apresentando resistncia das agroindstrias e tambm dos [] fornecedores de cana-de-acar, que lutaram pela prorrogao do tabelamento de preos deste produto, pela

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    manuteno dos subsdios agrcolas, e pela regulamentao do governo no que se refere sua

    comercializao. Alm de controlar a expanso da regio Centro -Sul. A regio Centro-Sul

    tambm apresenta resistncias desregulamentao. Isso se deve ao fato dessa regio ser

    composta por estados com diferentes nveis de competitividade.

    Assim, o setor sucroalcooleiro, a partir da dcada de 1990, deixa de ter a competio entre as

    unidades da federao cerceada pelo Estado e, no limite, as agroindstrias disputavam o

    plantio em melhores terras e com maior eficincia produtiva. Nesse perodo, a

    competitividade passa a depender, principalmente, das aes da agroindstria, de seu

    planejamento e organizao interna e externa, especificamente, do relacionamento com seus

    fornecedores, com as empresas de apoio, concorrentes e mercado consumidor produtivo e

    improdutivo, dependendo, assim, da abrangncia e dimenso dessa agroindstria. Nesse novo

    contexto, um conjunto de estratgias ganha relevncia, com o intuito de garantir vantagem

    competitiva.

    importante destacar que com o processo de desregulamentao, entre a safra de 1990/91 a

    2001/02, 88 unidades agroindustriais sucroalcooleiras fecharam, passando (Tabela 5) de 394

    unidades para 306 unidades (BACCARIN, 2005). Outro ponto destacado pelo autor que o

    maior nmero de unidades desativadas foi de destilarias autnomas, unidades que no eram

    acopladas a usinas, produzindo exclusivamente lcool. Alm disso, o Governo Federal

    estimulava a passagem de destilaria autnoma para unidades produtoras de acar e lcool.

    Ao mesmo tempo em que houve a diminuio do nmero de unidades agroindustriais, em

    22,3% (de 394 para 306 unidades), o autor destaca que houve aumento da produo de acar

    em 47,8%, no mesmo perodo, devido ao aumento do tamanho mdio das agroindstrias, que

    dobraram de porte.

    Tabela 5. Nmero de agroindstrias Brasil e regies, safra 1990/91, 1997/98 e 2001/02.

    Brasil 394 100%

    Norte-Nordeste 126 32%

    Centro-Sul 268 68%

    Brasil 336 100%

    Norte-Nordeste 98 29%

    Centro-Sul 238 71%

    Brasil 306 100%

    Norte-Nordeste 83 27%

    Centro-Sul 223 73%

    Participao no

    total

    Safra

    1997/98

    Safra

    2001/02

    n de

    agroidstrias

    Safra

    1990/91

    Pas e regies

    Fonte: A partir de dados de Baccarin (2005).

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    Baccarin (2005) destaca que a diminuio das agroindstrias na regio Centro-Sul foi menor

    que na regio Norte-Nordeste, o que favoreceu a maior concentrao de unidades na primeira

    regio em relao segunda.

    No governo do Fernando Henrique Cardoso tambm h a continuidade e a ampliao das

    reformas liberalizantes, iniciadas no governo anterior, inclusive com impactos diretos sobre o

    setor sucroalcooleiro. Algumas das medidas adotadas, que se refletiram sobre esse setor,

    foram: desregulamentao do fluxo de capital internacional que anteriormente limitava a

    participao de capital estrangeiro em determinados setores, como o sucroalcooleiro, o que

    favoreceu a intensificao do processo de Investimento Externo Direto (IED) e de fuses e

    aquisies (F&A), ou seja, de centralizao do capital, inclusive por meio da

    desnacionalizao; e a criao do Conselho Interministerial do Acar e do lcool (CIMA),

    em 1997, com o objetivo de mudar o sistema descentralizado de tomadas de deciso , de

    analisar e propor polticas relativas ao setor sucroalcooleiras. (BARROS; MORAES, 2002).

    No mesmo ano criou-se o Comit Consultivo do CIMA e, em 1999, a Cmara Tcnica do

    CIMA, que objetivava dar suporte s decises do referido conselho. Para Camussi e Guedes

    (2003), algumas das deliberaes relevantes do CIMA, e que marcam a desregulamentao,

    foram: extino dos planos de safra; liberao do preo do acar e lcool (Hidratado e

    Anidro) em fevereiro de 1999, mantidos, no entanto, os subsdios para o lcool hidratado at

    setembro de 1999; remunerao da cana-de-acar, na relao fornecedor e agroindstria,

    deixando o preo de estar atrelado ao teor de sacarose para considerar a quantidade de acar

    total recupervel (ATR). Essas mudanas e outras, para Camussi e Guedes (2003),

    transformaram a dinmica e a estrutura do setor sucroalcooleiro, ao substituir o Estado pelo

    mercado.

    Assim, observa-se que h a reduo da atuao do Estado, como coordenador desse setor, ao

    mesmo tempo em que ocorre a ampliao das aes do setor privado, mesmo sendo o

    agronegcio sucroalcooleiro dependente da presena do Estado para polticas especficas e

    mediadoras.

    As mudanas, a partir da dcada de 1990, entraram em processo de estruturao, com a

    alterao das formas de atuao do Estado.

    Nesse contexto faz-se necessrio observar a concentrao e centralizao do capital,

    especificamente na regio Centro-Sul, maior polo produtor do setor, a partir das F&A, dos

    desembolsos do BNDES e do nmero de unidade produtivas presentes.

    Regio Centro-Sul

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    As agroindstrias sucroalcooleiras no pas tm apresentado crescimento no perodo de

    2000/01 a 2010/11, acompanhando a mesma tendncia de crescimento da regio Centro-Sul e,

    em especfico, o estado de So Paulo, visto que a regio Norte-Nordeste apresenta tendncia

    de queda no nmero de unidades (Grfico 1). Os dados indicam a continuidade da regio

    Centro-Sul como principal polo produtor do setor, tendncia essa que se iniciou na dcada de

    1930 e se consolidou na dcada de 1950 (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).

    Grfico 1. Nmero de agroindstrias por grande regio, pas e estado de So Paulo, na safra de2000/01 a 2010/11.

    Fonte: Dados MAPA (2011).

    Na regio Centro-sul, o principal estado So Paulo, visto que detm 130 unidades na safra

    de 2000/01 e 194 na safra de 2010/11, o que representa, respectivamente, 59,09% e 56%

    dessa regio. Em segundo lugar, com maior concentrao de unidades est Minas Gerais, com

    44 e, em terceiro lugar, Gois com 35 unidades, na safra de 2010/11 (Tabela 6). importante

    destacar que, na safra de 2000/01, o segundo lugar era do Paran, o terceiro de Minas Gerais e

    o quarto Gois. Esta alternncia de posies se deve taxa de crescimento do nmero de

    unidades, entre 2000/01 a 2010/11, nestes estados, visto que Gois apresentou a maior taxa de

    crescimento (218,18%), seguido de Mato Grosso do Sul (150%) e Minas Gerais (131,58%),

    enquanto So Paulo apresentou crescimento de 49,23%.

    Na Tabela 6 tambm possvel observar a quantidade de cana-de-acar moda, para as

    unidades federativas da regio Centro-Sul. A maior capacidade de moagem do estado de

    So Paulo, com 148.256,44 mil toneladas, safra 2000/01, e 359.502,68 mil toneladas, safra

    2010/11, que representam 71,59% e 64,55% do total modo nesta regio. Este estado

    seguido, na safra de 2000/01, por Paran (9,33%) e Minas Gerais (5,14%) e, na safra de2010/11, por Minas Gerais (9,81%) e Gois (8,37%). Essa alternncia de posies tambm se

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    deve taxa de crescimento do volume de cana-de-acar moda no perodo, sendo que a

    maior taxa de crescimento foi de Gois (546,71%), seguido por Mato Grosso do Sul

    (414,03%), Minas Gerais (413,69%) e So Paulo (142,49%).

    Tabela 6. Nmero de unidades agroindustriais sucroalcooleiras, total de cana-de-acar moda e mdiamoda por unidade, na safra de 2000/01 a 2010/11.

    2000/2001 2001/2002 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011

    ESPRITO SANTO 6 6 5 5 6 4 6 6 6 6 6

    GOIS 11 12 11 12 12 14 15 19 28 34 35

    MATO GROSSO 10 10 10 9 9 10 11 11 11 9 11

    MATO GROSSO DO SUL 8 8 9 9 9 10 11 11 14 21 20

    MINAS GERAIS 19 19 18 20 21 23 28 30 35 38 44

    PARAN 27 27 26 27 27 26 30 31 30 32 32

    RIO DE JANEIRO 8 9 8 7 9 8 8 7 7 6 4

    RIO GRANDE DO SUL 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2

    SO PAULO 130 133 133 136 143 145 163 177 182 194 194

    CENTRO-SUL 220 225 221 226 237 241 273 293 314 342 348

    NORTE-NORDESTE 84 83 82 80 78 78 75 72 81 81 81

    BRASIL 304 308 303 306 315 319 348 365 395 423 429

    2000/2001 2001/2002 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011

    ESPRITO SANTO 2.554 2.011 3.293 2.953 3.900 3.804 2.894 3.939 4.373 4.010 3.525

    GOIS 7.208 8.782 9.922 13.041 14.006 14.560 16.140 21.082 29.487 40.076 46.613

    MATO GROSSO 8.670 10.673 12.384 14.350 14.447 12.335 13.059 14.928 15.283 14.046 13.661

    MATO GROSSO DO SUL 6.521 7.744 8.247 8.893 9.700 9.038 11.635 14.869 18.090 23.111 33.520

    MINAS GERAIS 10.635 12.205 15.600 18.916 21.650 24.543 29.034 35.723 42.481 50.573 54.629

    PARAN 19.321 23.076 23.893 28.486 28.998 24.809 31.995 40.369 44.830 45.579 43.321

    RIO DE JANEIRO 3.935 3.073 4.478 4.577 5.638 4.799 3.445 3.832 4.019 3.259 2.093

    RIO GRANDE DO SUL 0 80 103 94 78 58 92 129 107 48 82

    SO PAULO 148.256 176.574 192.487 207.811 230.280 243.671 263.870 296.243 346.293 361.261 3 59.503

    CENTRO-SUL 207.099 244.218 270.407 299.121 328.697 337.618 372.165 431.114 504.963 541.962 5 56.945

    NORTE-NORDESTE 50.523 48.832 50.243 60.195 57.393 49.727 53.251 61.268 64.100 60.231 63.187

    BRASIL 257.622 293.051 320.650 359.316 386.090 387.345 425.416 492.382 569.063 602.193 620.132

    2000/2001 2001/2002 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011

    ESPRITO SANTO 425,69 335,15 658,54 590,58 650,05 951,06 482,40 656,46 728,87 668,27 587,47

    GOIS 655,24 731,86 902,04 1.086,77 1.167,17 1.039,98 1.076,00 1.109,58 1.053,09 1.178,70 1.331,79

    MATO GROSSO 8 66 ,9 5 1 .0 67 ,3 4 1 .2 38 ,4 5 1 .5 94,4 4 1 .6 05 ,24 1 .2 33 ,5 5 1 .1 87 ,2 1 1 .3 57 ,0 9 1 .3 89 ,3 8 1 .5 60 ,6 3 1 .2 41 ,8 8

    MATO GROSSO DO SUL 815,12 967,99 916,34 988,11 1.077,78 903,79 1.057,74 1.351,73 1.292,17 1.100,54 1.675,98

    MINAS GERAIS 559,72 642,36 866,64 945,80 1.030,94 1.067,11 1.036,94 1.190,77 1.213,74 1.330,87 1.241,57

    PARAN 715,59 854,65 918,95 1.055,03 1.073,98 954,19 1.066,49 1.302,23 1.494,32 1.424,33 1 .353,77

    RIO DE JANEIRO 491,86 341,40 559,77 653,86 626,45 599,92 430,64 547,38 574,12 543,12 523,18

    RIO GRANDE DO SUL 0,00 80,26 103,00 93,84 78,00 57,98 91,92 128,98 107,18 24,17 40,89

    SO PAULO 1 .1 40 ,4 3 1 .3 27 ,6 3 1 .4 47 ,2 7 1 .5 28,0 2 1 .6 10 ,35 1 .6 80 ,4 9 1 .6 18 ,8 4 1 .6 73 ,6 9 1 .9 02 ,7 1 1 .8 62 ,1 7 1 .8 53 ,1 1

    CENTRO-SUL 9 41 ,3 6 1 .0 85 ,4 1 1 .2 23 ,5 6 1 .3 23,5 4 1 .3 86 ,91 1 .4 00 ,9 0 1 .3 63 ,2 4 1 .4 71 ,3 8 1 .6 08 ,1 6 1 .5 84 ,6 8 1 .6 00 ,4 2

    NORTE-NORDESTE 601,46 588,34 612,72 752,44 735,80 637,53 710,01 850,95 791,35 743,60 780,09

    BRASIL 8 47 ,4 4 9 51 ,46 1 .0 58 ,2 5 1 .1 74,2 3 1 .2 25 ,68 1 .2 14 ,2 5 1 .2 22 ,4 6 1 .3 48 ,9 9 1 .4 40 ,6 7 1 .4 23 ,6 2 1 .4 45 ,5 3

    MDIA DE CANA-DE-ACAR MODA POR AGROINDSTRIA (MIL TONELADAS) POR SAFRA

    TOTAL DE CANA-DE-ACAR MODA (MIL TONELADAS) POR SAFRA

    TOTAL DE UNIDADES POR SAFRA

    Fonte: Elaborado a partir MAPA (2011) e UNICA (2012).

    importante considerar que o crescimento do volume modo de cana-de-acar, comparando

    a safra de 2010/11 com a de 2000/01, foi maior que o crescimento do nmero de unidades

    para todas as unidades federativas, exceto para o Rio de Janeiro, que apresentou decrscimo.

    Com isso, pode-se inferir um ganho de produtividade mdio das unidades. Isto pode ser

    aferido na parte 3 da Tabela 6, visto que todas as unidades federativas apresentam

    crescimento da mdia moda por unidade, da safra de 2000/01 a 2010/11, inclusive Rio de

    Janeiro.

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    A elevao do nmero de agroindstrias e da mdia de cana-de-acar moda por unidade

    pode ser resultado, no exclusivo, da implantao de novas unidades, com tecnologias mais

    avanadas, que possibilitam maior produtividade no processo produtivo, bem como pela ao

    de expanso das unidades e aquisio de novos equipamentos, mais modernos. Para a

    efetivao dessas aes demanda-se grande volume de capital e, nesse contexto, os recursos

    financeiros de longo prazo, concedidos pelo BNDES, apresentam-se como um viabilizador.

    Na Tabela 7 possvel observar que os desembolsos para as trs finalidades destacadas,

    expanso, implantao e aquisio de equipamentos e servios, no perodo de 2001 a 2008,

    representam 92% dos desembolsos do BNDES. Outro ponto a se destacar que a regio

    Centro-Sul a principal receptora dos desembolsos do BNDES, recebendo 96,49% dos

    recursos disponibilizados para este setor no perodo.

    Na regio Centro-Sul, as unidades federativas com maior captao so: So Paulo, com R$

    14,20 bilhes, seguido de Gois (R$ 2,48 bilhes), Paran (R$ 1,72 bilhes), Minas Gerais

    (1,57 bilhes) e Mato Grosso do Sul (R$1,50 bilhes), as quais, coincidentemente, foram as

    unidades federativas que apresentaram a mais alta mdia de cana-de-acar moda por

    unidade (Tabela 6).

    Tabela 7. Desembolsos do BNDES por finalidade para as unidades federativas da regio Centro-Sul,de 2001 a 2008, em R$ constante (IGP-DI 2012).

    EXPANSO FIN. COMPRAMAQ/SERV IMPLANTAO SUB TOTAL(FINALIDADESSELECIONADAS)

    TOTAL DOS

    DESEMBOLSOSPARA TODASFINALIDADES

    DISTRITO FEDERAL 0,00 0,00 0,00 0,00 125.434,89ESPIRITO SANTO 6.949.601,60 14.247.174,19 0,00 21.196.775,79 21.245.947,21GOI S 792.257.312,55 546.954.048,44 1.144.882.453,53 2.484.093.814,53 2.484.940.895,51MATO GROSSO 0,00 48.591.989,79 15.826.670,54 64.418.660,33 64.494.907,17MATO GROSSO DO SUL 521.573.608,73 118.683.726,01 509.862.226,55 1.150.119.561,29 1.150.761.923,02MINAS GERAIS 451.003.813,13 657.535.720,90 459.889.729,86 1.568.429.263,90 1.706.966.428,56PARAN 207.563.163,14 695.985.690,00 814.628.974,90 1.718.177.828,03 1.870.047.294,41RIO DE JANEIRO 0,00 4.330.095,76 79.201,70 4.409.297,46 4.409.297,46RIO GRANDE DO SUL 4.349.223,75 11.563.391,09 0,00 15.912.614,84 15.993.817,32SANTA CATARINA 125.026,42 1.306.312,60 0,00 1.431.339,03 1.431.339,03SAO PAULO 3.966.744.187,66 6.329.133.896,03 3.906.553.910,58 14.202.431.994,27 15.574.089.939,21CENTRO-SUL 5.950.565.937,00 8.428.332.044,81 6.851.723.167,66 21.230.621.149,48 22.894.507.223,79NORTE-NORDESTE 3 09. 16 7. 725 ,8 1 4 29 .5 62. 95 8, 36 6 .63 0. 34 8,7 3 7 45 .36 1. 03 2, 91 83 3.1 54 .66 4, 77

    BRASIL 6.259.733.662,82 8.857.895.003,17 6.858.353.516,40 21.975.982.182,39 23.727.661.888,56 Fonte: Elaborada a partir de BNDES (2010).

    importante considerar que o estado de So Paulo foi responsvel pela captao de

    aproximadamente 65% dos recursos desembolsados pelo BNDES, para as trs finalidades,

    bem como para todas as finalidades de desembolsos (Tabela 7), o que se justifica se for

    considerado que este estado responsvel por 45% das agroindstrias e por 64,6% do total de

    cana moda pas na safra de 2010/11. Porm, ao se observar a elevao da mdia de cana-de-

    acar moda por unidade, os estado de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Gois e Paranapresentam ganhos maiores, para a safra de 2010/11 frente de 2000/01 (Tabela 6). No

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    entanto, em valores absolutos, o estado de So Paulo apresenta maior mdia de cana-de-

    acar moda por unidade da regio Centro Sul, exceto para a safra de 2003/2004.

    Tabela 8. Municpios que receberam desembolsos do BNDES para a finalidade expanso eimplantao agrcola e/ou industrial e o volume de moagem esperada, de 2004 a 2009.

    UF Municpio Finalidade

    Incio

    (ano)

    Moagem (milhe s

    toneladas)

    GOIANESIA Expanso Agrcola e Industrial 2008 0,80

    QUIRINOPOLIS Expanso Industrial 2008 2,25

    QUIRINOPOLIS Imp lantao Agrcola e Industrial 2006 1,50

    EDIA Implantao Agrcola e Industrial 2008 2,40

    M ORRINHOS Implantao Agrcola e Industrial 2008 0,85

    CHAPADAO DO CEU Imp lantao Agrcola e Industrial 2009 3,40

    M INEIROS Implantao Agrcola e Industrial 2009 3,78

    ITUMBIARA Implantao Industrial 2006 1,80

    CACHOEIRA DOURADA Implantao Industrial 2008 2,25

    STO ANTONIO DA BARRA Implantao Industrial 2008 1,60

    CAU Implantao Industrial 2009 2,00

    22,63

    M ATO GROSSO ALTO TAQUARI Implantao Agrcola e Industrial 2009 3,78

    3,78

    ANGELICA Implantao Agrcola e Industrial 2008 3,60

    RIO BRILHANTE Imp lantao Agrcola e Industrial 2008 3,60

    CHAPADAO DO SUL Imp lantao Agrcola e Industrial 2009 1,90

    DOURADOS Implantao Agrcola e Industrial 2009 2,30

    COSTA RICA Implantao Agrcola e Industrial 2010 3,78

    NOVA ALVORADA Implantao Industrial 2009 2,00

    17,18

    PASSOS Expanso Agrcola e Industrial 2007 0,40

    SANTA JULIANA Imp lantao Agrcola e Industrial 2006 1,20

    FRUTAL Implantao Agrcola e Industrial 2008 2,20

    UBERABA Implantao Industrial 2008 1,62

    FRUTAL Implantao Industrial 2009 1,60

    7,02

    FLORESTOPOLIS Expanso Industrial 2007 0,61

    JUSSARA Expanso Industrial 2007 1,80

    SANTO INACIO Imp lantao Agrcola e Industrial 2007 2,40

    TERRA RICA Implantao Agrcola e Industrial 2007 1,50

    6,31CATANDUVA Expanso Agrcola e Industrial 2005 0,35

    ITAPIRA Expanso Agrcola e Industrial 2005 0,30

    JOSE BONIFACIO Expanso Agrcola e Industrial 2006 1,33

    ARARAQUARA Expanso Agrcola e Industrial 2007 0,71

    SAO MANUEL Expanso Agrcola e Industrial 2007 1,00

    GUAIRA Expanso Agrcola e Industrial 2008 1,90

    JOSE BONIFACIO Expanso Agrcola e Industrial 2008 1,40

    IACANGA Expanso Agrcola e Industrial 2009 0,45

    FLORIDA PAULISTA Expanso Industrial 2004 0,80

    PITANGUEIRAS Expanso Industrial 2006 0,25

    TARUMA Expanso Industrial 2007 0,30

    PEREIRA BARRETO Imp lantao Agrcola e Industrial 2007 1,50

    NOVA INDEPENDENCIA Implantao Agrcola e Industrial 2008 1,20

    UBARANA Implantao Agrcola e Industrial 2008 0,50

    VALPARAISO Imp lantao Agrcola e Industrial 2008 1,20

    BREJO ALEGRE Imp lantao Agrcola e Industrial 2009 3,00CERQUEIRA CESAR Imp lantao Agrcola e Industrial 2009 1,80

    OUROESTE Implantao Agrcola e Industrial 2009 1,20

    CASTILHO Implantao Industrial 2006 1,50

    M ONCOES Implantao Industrial 2007 1,00

    PALESTINA Implantao Industrial 2007 1,50

    PONTES GESTAL Implantao Industrial 2007 0,95

    NARANDIBA Implantao Industrial 2008 2,50

    SANTA ALBERTINA Implantao Industrial 2009 1,00

    27,64

    TOTAL GOIS

    TOTAL MATO GROSSO

    TOTAL MATO GROS SO DO S UL

    TOTAL MINAS GERAIS

    TOTAL PARAN

    TOTAL SO PAULO

    SO PAULO

    PARANA

    MINAS GERAIS

    GOIS

    MATO GROSSO DO SUL

    Fonte: Elaborada a partir de BNDES (2010), em Borges (2012).

    Na Tabela 8, possvel identificar a distribuio geogrfica, por municpio, de desembolsos

    por finalidade implantao e expanso industrial e/ou agrcola. Seguindo a tendncia, o estado

    de So Paulo aquele que abrange o maior nmero de municpios beneficiados por

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    desembolsos para essas finalidades, no perodo de 2004 a 2009, num total de 24 municpios,

    seguindo-se Gois, com 11, Mato Grosso do Sul, com 6, Minas Gerais, com 5 e Paran, com

    4.

    Vale ressaltar, porm, que o estado de So Paulo, mesmo abrangendo o maior nmero de

    municpios com captao de recursos do BNDES, estes investimentos representam nos termos

    da Tabela 8, aumento da capacidade moagem em 27,64 milhes de toneladas de cana-de-

    acar, valor pouco superior ao estimado para o estado de Gois. Este, em 11 municpios,

    incrementar no estado a capacidade de moagem em 22,63 milhes de toneladas de cana-de-

    acar. Este um dos fatores que ajuda a explicar a razo da mdia de cana-de-acar moda

    por unidade ter crescido mais no estado de Gois (103,25%) do que em So Paulo (62,49%),

    Tabela 6.

    Esses dados evidenciam que, na primeira dcada do sculo XXI, h o aumento do nmero de

    agroindstrias sucroalcooleiras e da produo de cana-de-acar moda, nas unidades

    federativas da regio Centro-Sul, mas tambm h a concentrao geogrfica destas, bem

    como da captao de recursos do BNDES. Essas evidncias contribuem para justificar o

    aumento da mdia de cana-de-acar moda por agroindstria, o que constitui um indicador

    de concentrao do capital.

    Na primeira dcada do sculo XXI, alm do processo de concentrao do capital, observa-se

    tambm o processo de centralizao do capital, que se favoreceu, j na dcada de 1990, da

    desregulamentao do setor. No Grfico 2 possvel aferir que, na dcada de 1990, ocorreram

    9 F&A, enquanto a partir de 2000 at 2011, o nmero de F&A de 147.

    Grfico 2. Total de F&A no setor sucroalcooleiro de 1995 a 2011, no Brasil.

    Fonte: Elaborado a partir KPMG (vrios nmeros).

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    Tomando-se dados de F&A at 2007, podem ser destacadas as operaes por estado e regio

    do pas. No trabalho de Borges e Costa (2009), as autoras apontam que a regio que

    apresentou maior nmero de operaes foi a regio Centro-Sul, com 80 operaes,

    impulsionada pelo estado de So Paulo, este com 56 operaes. Esses dados demonstram que

    as operaes de F&A acompanham a predominncia, j destacada anteriormente, desta regio

    e estado no setor.

    Tabela 9. Total de F&A no setor sucroalcooleiro de 1995 a 2007, por estado e regio.

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total

    Total Brasil 2 1 1 3 2 7 11 9 5 5 8 9 25 88

    Regio Centro-Sul (CS) 2 1 1 3 2 7 11 8 4 5 7 9 21 80

    Regio Norte-Nordeste (NN) 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 4 7

    Outro pas (Moambique) 1 1

    So Paulo 2 1 3 1 6 7 7 2 4 5 4 14 56

    Minas Gerais 1 1 1 1 1 2 7

    Mato Grosso do Sul* 1 1 1 2 2 7

    Goias 1 1 1 3

    Santa Catarina 1 1 2

    Rio de Janeiro 1 1 2

    Esprito Santo 1 1

    Paran 1 1 2

    Unidades Federativas (CS)

    * Em uma das operaes de F&A, do ano de 2007, foram adquiridas unidades de outros estados (Rio Grande do Norte e Paraba). Neste mesmo ano, o Grupo

    Tereos fez uma operao de F&A em Moambique. Fonte: Borges e Costa (2009).

    No Grfico 3, possvel observar os tipos de F&A predominantes no setor sucroalcooleiro, no

    3 trimestre de 2007 (perodo para o qual a KPMG disponibiliza estes dados) a 2012, de umtotal de 79 operaes de F&A. Essas operaes de F&A so de diferentes tipos, definidas a

    partir de suas caractersticas e recebem diferentes designaes (conforme o indicado ao lado

    do Grfico 3).

    Grfico 3. Total de F&A por tipos de transao no setor sucroalcooleiro de 2007 a 2011, no Brasil.

    Fonte: Elaborado a partir KPMG (vrios nmeros).

    Desse total de 79, 35 foram domsticas, caracterizando o processo de centralizao do capital,e 40 foram F&A de empresas nacionais por empresas estrangeiras, sediadas no exterior, o que

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    denota o processo de internacionalizao do setor. H 6 operaes do tipo cb4, que indicam

    que a posse do capital continua em mos de capital estrangeiro, e 4 operaes (cb3) em que a

    posse volta para empresas de capital nacional. importante destacar que as F&A podem ser

    realizadas por empresas que j atuam no setor, favorecendo o processo de centralizao do

    capital, ou de empresas que objetivam ingressar no mercado. Nesses dois casos, as empresas

    promotoras da F&A podem ser empresas nacionais ou estrangeiras.

    O processo de centralizao do capital pode ser identificado nos Quadros 1 e 2, ao se verificar

    a repetio das empresas/grupos como compradoras ao longo de todo o perodo, bem como do

    processo de internacionalizao, ao serem identificadas as empresas/grupos adquirentes.

    A internacionalizao via F&A comeou em 1995 com o adquirente Balli Group, trading de

    capital predominante ingls e iraniano (BINI, 2012), sendo seguido pela Louis Dreyfuss

    Commodities e Union des Sucreries et Destilleries Agricoles (que em 2004 compra a Bghin-

    Say e forma a Tereos) em 2000, entre outras nos anos posteriores.

    De 1995 a 2011, as principais compradoras foram Cosan com 15 operaes de F&A, seguida

    do Grupo Jos Pessoa com 8 operaes, da Louis Dreyfus Commodities e da Tereos/Guarani

    com 5 operaes cada; outros casos envolvem duas ou trs operaes. No entando, vale

    destacar que h casos de grupos comprando grupos (grande recorrencia em 2010Quadro 2),

    o que amplia o processo de centralizao do capital e, portanto, a capacidade de investimento,

    resultando em maior concentrao do capital e surgimento de novas unidades.

    Quadro 1. F&A por empresa/grupo alvo e comprador, por municpio, de 1995 a 2007.Estado Municipio Ano Adquirida Adquirente

    ES Pedro Canario 2006 Cristal Destilaria de lcool (Cridasa) EvergreenGO Carmo do Rio Verde 2001 Usina CRV Industrial Grupo Japungu (Paraiba)GO Rubiataba 2003 Usina Cooper-Rubi Grupo Japungu (Paraiba)GO Quirinpolis 2007 Usina Boa Vista Mitsubishi CorporationMG Fronteira 1999 Usina Sanagro Grupo Jos PessoaMG Delta 2000 Usina Delta Grupo Carlos LyraMG Lagoa da Prata 2001 Usina Lucinia Louis Dreyfuss Commodities - LDCMG Nanuque 2005 Usina Alcana EvergreenMG Monte Belo 2006 Usina Monte Alegre Adeco Agropecuria

    MG Santa Juliana 2007 Agroindustrial Santa Juliana (Grupo Tenrio) BungeMG So Sebastio do Paraso 2007 Cepar Infinity Bio-EnergyMS Sidrolndia 1996 Usina Santa Olinda Grupo Jos PessoaMS Aparecida Taboo 2001 Alcovale Destileria Vale do Rio Quitrio S.A. Unialco S.A. Acar e lcoolMS Nova Alvorada 2005 Usina Novagro (atual Santa F) Grupo SafiMS Confresa 2006 Destilaria Araguaia (Ex- Gameleira) Grupo EQMMS Navira 2006 Coopernavi Kidd&CompanyMS n.a. 2007 Grupo Unialco S.A - trs unidades Clean Energy Brazil (CEB)MS, RN e PB n.a. 2007 Tavares de Melo Louis Dreyfuss Commodities - LDCPR So Tom 2006 Cocamar Cooperativa Agroindustrial Grupo Santa TerezinhaPR Cidade Gacha 2007 Usaciga Clean Energy Brazil (CEB)RJ Campos dos Goitacazes 2002 Usina Santa Cruz Grupo Jos PessoaRJ Quissam 2003 Usina Quissaman Grupo Jos PessoaSC Ilhota 2001 Refinadora Catarinense/Usati Glencore

    SC Ilhota 2004 Usati Cosan Continua...

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    Estado Municipio Ano Adquirida Adquirente

    SP Sertozinho 1995 Usina Santa Elisa Balli GroupSP Ribero Preto 1995 Usina Santa Lydia Consrcio PaulistaSP Mococa 1997 Santo Alexandre IipirangaSP Sertozinho 1998 Cia Aucareira So Geraldo Usina Santa Elisa S/ASP Ja 1998 Usina Diamante CosanSP Dois Crregos 1998 Usina Adelaide Usina DaBarra

    SP Ita 1999 Usina Iracema Usina So MartinhoSP Rafard 2000 Usina Rafard CosanSP Sta Rosa de Viterbo 2000 Usina Amalia/Santa Rosa Usina Da PedraSP Bento de Abreu 2000 Usina Benalco Grupo Jos PessoaSP Leme 2000 Usina Cresciumal Louis Dreyfuss Commodities - LDCSP Onda Verde 2000 Destileria Vale do Rio Turvo Jos Luis Duarte de Silveira Barros / Jorge ToledoSP Ipaussu 2000 Indstria Aucareira So Francisco (Ipaussu) Union des Sucreries et Destilleries AgricolesSP Ibat 2001 Aucareira da Serra CosanSP Mirandpolis 2001 Usina Alcomira Mrcio Jos PavanSP Valparaiso 2001 Univalem/Guanabara Agro-Industrial (50%) Franco-Brasileira Acar e lcool S.A (FBA )SP Monte Aprasvel 2001 Destileria gua Limpa Grupo PetribuSP Olimpia 2001 Acar Guarani Bghin-SaySP Rio das Pedras 2001 Usina So Jos Grupo Antonio FariasSP Piracicaba 2001 Usina Santo Antonio FBASP Pontal 2002 Usina Bela Vista Usina BazanSP Andradina 2002 Guanabara Agroindustrial (Gasa) CosanSP Santo Antonio de Posse 2002 Usina Maluf DulciniSP Igarapava 2002 Usina Junqueira CosanSP Bor 2002 Usina Gantus Grupo ToledoSP Barra Bonita 2002 Usina Da Barra CosanSP Araatuba 2002 Usina Alcoazul Grupo Jos PessoaSP Santo Antnio do Aracangu 2003 Cruzalcool Grupo Jos PessoaSP Caiua 2003 Destilaria Decasa Grupo Tenrio CostaSP Penpolis 2004 Usina Penpolis (Usina Evereste Acar e lcool) Grupo Jos PessoaSP Jaboticabal 2004 Usina So Carlos Louis Dreyfuss Commodities - LDCSP Barra Bonita/Dois Crregos 2004 Usina Da Barra/Usina santa Adelaide CosanSP Olimpia 2004 Usina Guarani TereosSP Araatuba 2005 Destivale Cosan e FBASP Diversos 2005 Marca Unio, outras marcas e 2 unidades industriai Nova AmricaSP Ribero Preto 2005 Usina Galo Bravo Jos Alberto Abro Miziara e Marcelo MarquesSP Guariba 2005 Usina Corona Agua Santa (Controladora da Cosan) (35%) / Fluxo 35%SP Mirandpolis 2005 Usina Mundial (ex-Alcomira) CosanSP Guariba 2006 Usina Corona CosanSP Capivari 2006 Usina Bom Retiro CosanSP Patrocinio Paulista 2006 Cevasa CargillSP Tanabi 2006 Usina em construo do Grupo Petribu Tereos/GuaraniSP Sebastianpolis do Sul 2007 Petribu Paulista Noble GroupSP Presidente Prudente 2007 Destilaria Paranapanema Biofuel ASSP Motuca 2007 Santa Luiza Etanol Participaes**SP Pitangueiras 2007 Usina Andrade Tereos/GuaraniSP Diversos 2007 Cosan Investors

    SP So Paulo (sede) 2007 Unialco (participao dos minoritrios) Acionistas majoritriosSP Teodoro Sampaio 2007 Alcdia ETHSP Diversos 2007 Cosan Wellington ManagementSP Diversos 2007 Vale do Rosrio/Santa Elisa Santelisa.ValeSP Diversos 2007 Acar Guarani Ventoria LimitedSP Diversos 2007 Dedini Agro AbengoaSP Pontal do Paranapanema 2007 Usina Conquista do Pontal ETHSP Paraguau Paulista 2007 Paraguau - Paralcool Nova AmricaSP n.a. 2007 Infinity Bio-Energy RanchCapital Investment

    Fonte: Elaborado a partir KPMG (2008).

    importante, tambm, salientar que h casos de operaes de F&A ocorrendo mais de uma

    vez em um municpio, principalmente por causa da renegociao da empresa/grupo alvo para

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    outra empresa/grupo ou devido aquisio em partes. Outra possibilidade, menos observada,

    a aquisio de empresas/grupos diferentes no mesmo municpio.

    Quadro 2. F&A por empresa/grupo alvo e comprador, por municpio, de 2008 a 2011.Ano Estado Municpio Grupo/Empresa Alvo Grupo/Empresa Compradora

    Gois Edia Tropical Bioenergia BP Biofuels do Brasil

    Bento de Abreu Usina Benlcool Cosan

    Pirassununga Dedini Agro Abegoa

    Paran - Cocarol e Usiciga Usacar

    So Paulo Assis Nova Amrica Cosan

    - SantaelisaVale Louis Dreyfus Commodities - LDC

    Paran - Vale do Iva Shree Renuka

    Orindiuva Usina Moema Bunge

    Guaraci Usina Vertente Guarani/Tereos

    Guara Usina Mandu Guarani/Tereos

    Junqueirpolis Usina Rio Vermelho Glencore

    - Brenco ETH

    - Cosan Shell

    - Infinity Bioenergy Bertin

    - Guarani (Tereos) Petrobras

    - Grupo Equipav Shree Renuka- So Martinho* Petrobras

    - Grupo Cerradinho Noble Group

    Gois Edia Tropical Bioenergia BP Biofuels do Brasil**

    So Paulo Araraquara Usina Zanin Cosan

    - CNAA BP Biofuels do Brasil

    - USJ Cargill

    Obs.: Quando aparecer 2010/2011 siginifca que as operaes de negociao foram inciadas em 2010 e finalizaram em

    2011. Quando no se identifica municpio porque a operao foi realizada por Grupos, o que significa o envolvimento

    de vrios municpios e, as vezes, de vrios estados.

    * Parceria objetivando produo no estado de Gois. **Finalizao da aquisio da Tropical Bioenergia e da CNAA, em

    2011.

    2008

    2009

    2010

    2010/2011

    So Paulo

    So Paulo

    Fonte: Elaborado a partir de Macdo (2011) e Estado (Vrios nmeros).

    A centralizao do capital pode ser observada nas Tabelas 10 e 11, nas quais podem ser

    verificadas as safras de 2004/05 e 2009/10.

    Tabela 10. Os dez maiores grupos do setor sucroalcooleiro, safra de 2004/2005.

    Moagem de

    cana-de-acar

    Produo

    de acar

    Produo

    de etanol

    Total regio Centro-Sul328,7 milhes

    (toneladas)

    22,1 milhes

    (toneladas)

    13,6 bilhes

    (litros)

    Nmero de

    agroindstrias

    Participao no total de

    agroindstrias (regio

    Centro-Sul)

    Cosan 12 5,22% 7,60% 9,30% 6,40%

    So Martinho 2 0,87% 2,90% 2,90% 2,90%

    Zilor 3 1,30% 2,80% 2,70% 3,30%

    Vale do Rosrio 3 1,30% 2,70% 2,70% 2,60%

    Tereos 4 1,74% 2,20% 2,90% 1,70%

    Sub Total (A) 24 10,43% 18,20% 20,50% 16,90%

    Santa Elisa 3 1,30% 2,20% 2,10% 2,40%

    Usacar 5 2,17% 2,20% 3,10% 1,30%

    Irmos Biagi 3 1,30% 2,00% 1,30% 2,70%

    Nova Amrica 2 0,87% 1,70% 1,90% 1,60%

    Louis Dreyfus 4 1,74% 1,70% 2,00% 1,40%

    Sub Total (B) 17 7,39% 9,70% 10,40% 9,40%

    Total 10 maiores grupos (A+B) 41 17,83% 27,90% 30,90% 26,30%

    Demais agroindstrias da regio Centro-Sul 189 82,17% 72,10% 69,10% 73,70%

    Safra 2004/2005

    Paticipao na produo total da regio

    Centro-Sul

    Fonte: Elaborada a partir de Macdo (2011) e MAPA (2011).

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    Na safra de 2004/2005, os cinco maiores grupos detinham 24 agroindustrias, o que representa

    10,43% das agroindstrias da regio Centro-Sul e 18,20% da moagem de cana-de-acar,

    20,50% da produo de acar e 16,90% da produo de etanol dessa regio. Avaliando os

    dez maiores grupos, constata-se que eles detinham 17,83% das agroindustrias e foram

    responsveis por 27,90% da moagem de cana-de-acar, 30,90% da produo de acar e

    26,30% da produo de etanol da regio Centro-Sul (Tabela 10).

    Tabela 11. Os dez maiores grupos do setor sucroalcooleiro, safra de 2009/2010.

    Moagem decana-de-acar

    Produode acar

    Produode etanol

    Total regio Centro-Sul541,9 milhes(toneladas)

    28,6 milhes(toneladas)

    23,6 bilhes(litros)

    Nmero deagroindstrias

    Participao no total de

    agroindstrias (regioCentro-Sul)

    Cosan 22 6,88% 9,80% 12,90% 8,20%LDC SEV 11 3,44% 5,10% 6,10% 4,20%Tereos 7 2,19% 3,40% 4,20% 2,90%Usacar 8 2,50% 2,90% 4,20% 2,00%So Martinho 3 0,94% 2,40% 2,00% 2,50%Sub Total (A) 51 15,94% 23,50% 30,00% 19,80%Bunge 5 1,56% 2,10% 2,30% 2,00%Virgolino Oliveira 4 1,25% 2,00% 2,60% 1,60%Shree Renuka 4 1,25% 1,80% 1,50% 1,80%

    Moreno 3 0,94% 1,80% 1,90% 1,60%Carlos Lyra 2 0,63% 1,70% 2,50% 1,20%Sub Total (B) 18 5,63% 9,40% 10,80% 8,20%Total 10 maiores grupos (A+B) 69 21,56% 32,90% 40,70% 27,90%Demais agroindstrias da regio Centro-Sul 251 78,44% 67,20% 59,30% 72,10%

    Safra 2009/2010

    Paticipao na produo total da regioCentro-Sul

    Fonte: Elaborada a partir de Macdo (2011) e MAPA (2011).

    Na safra de 2009/2010, os cinco maiores grupos passaram a deter 51 agroindustrias, o que

    representa 15,94% das agroindustrias da regio Centro-Sul e 23,50% da da moagem de cana-

    de-acar, 30% da produo de acar e 19,80% da produo de etanol dessa regio (Tabela

    11), dados que indicam o aumento da centralizao e da concetrao de capital nos cinco

    maiores grupos na safra de 2004/2005 e 2009/2010. Essa tendencia tambm observada

    quando so considerados os dez maiores grupos, visto que na safra de 2009/2010 esses grupos

    eram proprietrios de 69 agroindstrias, o que representa 21,56% da regio Centro-Sul e

    23,80% da moagem de cana-de-acar, de 40,70% da produo de acar e de 27,90% da

    produo de etanol da mesma regio.

    CONSIDERAES FINAIS

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    Para observar o processo de concentrao, centralizao e internalizao do capital, no sculo

    XXI, especificamente na regio Centro-Sul fez-se necessrio compreender, primeiro, como

    ocorreu o deslocamento da atividade da regio Norte-Nordeste para a Centro-Sul. Coube,

    ainda, caracterizar a relevncia do estado de So Paulo nesse processo, que se iniciou na

    transio da dcada de 1920 para a de 1930 e que consolida a regio Centro-Sul como

    principal produtora do setor sucroalcooleiro, na dcada de 1950. A partir dessa dcada

    observa-se, sob o estmulo do crescimento do mercado e de polticas pblicas favorveis, no

    s a modernizao das agroindstrias, mas, ainda, o crescimento do porte das unidades

    produtivas e da mdia de moagem de cana-de-acar, indicativo do processo de concentrao

    do capital.

    Na dcada de 1970, o Estado cria um programa objetivando ampliar a produtividade e reduzir

    os custos, via F&A, ampliao e modernizao das unidades produtivas, favorecendo a

    concentrao e a centralizao do capital. Com esses processos, as polticas contriburam para

    a desativao de 108 agroindstrias de 1950 a 1975.

    Com o Prolcool, observa-se o crescimento do nmero de agroindstrias, bem como a

    expanso da atividade para outras regies no produtoras. Essa expanso das agroindstrias

    propiciou a diminuio da concentrao econmica e financeira no setor, o que verificado

    com um processo que acentua a diminuio da participao dos maiores grupos na atividade

    sucroalcooleira.

    Na dcada de 1990, h a desregulamentao do setor sucroalcooleiro, o que ocasiona

    mudana na dinmica de funcionamento desse setor. De 1990 a 2002, 88 unidades

    agroindstrias foram fechadas, principalmente as destilarias autnomas; observou-se, porm,

    aumento da produo de acar no perodo, viabilizado em parte pelo aumento do porte das

    agroindstrias. Nessa poca, o governo brasileiro desregulamentou os controles que inibiam a

    entrada de capital internacional, favorecendo a entrada de IED no setor, favorecendo o

    processo de internacionalizao do capital. Esse processo, que se somou ao de concentrao

    de capital, j observado no setor, e ao de centralizao de capital, intensifica-se com as F&A,

    a partir da dcada de 1990.

    Na primeira dcada do sculo XXI, mantm-se a predominncia do estado de So Paulo,

    como detentor do maior nmero de agroindstrias e do maior volume de cana-de-acar

    moda. Alm disso, o estado que detm a maior mdia de cana-de-acar moda, seguido,

    por Mato Grosso do Sul, Paran, Gois, Mato Grosso e Minas Gerais. Vale ressaltar que os

    referidos estados apresentaram crescimento da mdia moda ao longo desse perodo e isso

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    deve ter sido estimulado pela implantao de novas unidades, mais modernas, bem como pela

    ampliao e modernizao das unidades j existentes.

    A viabilizao dessas aes demandou grande volume de recursos financeiros. No perodo de

    2001 a 2008, o BNDES financiou, para as finalidades de expanso, implantao e aquisio

    de mquinas e servios, R$21,23 bilhes, para os estados da regio Centro-Sul, sendo o

    estado de So Paulo responsvel pela captao de 65% dos desembolsos, seguido por Gois,

    Paran, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que so os estados com mdia mais alta (Tabela

    6) de cana-de-acar moda por unidade.

    importante destacar que o estado de So Paulo apresenta o maior nmero de municpios

    captores para as finalidades expanso e implantao, seguido pelos quatro estados

    anteriormente referidos. No entanto, a acrscimo relativo esperado na capacidade de moagem

    do estado de So Paulo menos substancial que para os demais estados, o que pode justificar

    o grande crescimento apresentado por esses estados na mdia de cana-de-acar moda por

    unidade. Com isso, observa-se uma tendncia de conservao da concentrao da atividade

    sucroalcooleira na regio Centro-Sul e do processo de concentrao do capital, viabilizado em

    parte pelo Estado, via BNDES.

    O processo de centralizao do capital tambm observado no setor sucroalcooleiro, na

    primeira dcada do sculo XXI, visto que este setor vivenciou uma grande onda de F&A,

    sendo 147 operaes, de 2000 a 2011 e estando o estado de So Paulo como o grande

    impulsionador. importante considerar que a operao de F&A poder ser uma forma de

    ingresso no setor, mas tambm pode promover a concentrao do mercado, ou seja, o

    processo de centralizao do capital. Alm disso, foi possvel tambm observar o processo de

    internacionalizao do capital do setor, visto que das 79 operaes realizadas, entre 2007 a

    2011, 40 foram de empresas brasileiras adquiridas por empresas estrangeiras. Este processo

    de internacionalizao tambm j podia ser observado a partir de 1995, com o ingresso de

    empresas estrangeiras.

    No perodo de 1995 a 2011, as principais empresas/grupos compradores foram Cosan, Jos

    Pessoa, Louis Dreyfuss Commodities e Tereos/Guarani, que favoreceram o processo de

    centralizao do capital, visto que realizaram, ao todo, 33 operaes de F&A. Alm disso,

    observa-se tambm o processo de internacionalizao direta ou via parceria com empresas

    nacionais. Outro fato observado, que contribui para a centralizao do capital, so as

    operaes de F&A entre grupos, principalmente no ano de 2010.

    Ao se considerar os dez maiores grupos, estes detinham 17,83% das agroindustrias e foramresponsveis pela moagem de 27,90% da cana-de-acar na safra de 2004/2005. Na safra de

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    2009/2010, os dez maiores grupos detinham 21,56% das agroindstrias e moam 32,80% da

    cana-de-acar da regio Centro-Sul, o que ratifica a tendncia de centralizao do capital.

    importante destacar que os dez maiores grupos esto listados como adquirentes de vrias

    operaes de F&A.

    REFERNCIAS

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