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Anais das 40 Mostra de Iniciação Científica do

UniNorte

Manaus 2008

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Presidente: Waldery Areosa Ferreira

Reitora:

Maria Hercília Tribuzy de Magalhães Cordeiro

Pró-Reitor Administrativo: Waldery Areosa Ferreira Jr.

Pró-Reitora Acadêmica:

Leny Xavier Louzada

Diretora de Ensino de Graduação: Maria Izolda de Oliveira Barreto

Diretor de Pós-Graduação e Pesquisa:

Tristão Sócrates Baptista Cavalcante

Diretora de Extensão: Júlia Cristina Silveira Camilotto

Coordenadora da Pós-Graduação: Nívia Pires Lopes

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Stricto Sensu: Lígia Fonseca Heyer Coordenadora do NIP em Ciências Biológicas e da Saúde: Nívia Pires Lopes

Coordenador do NIP em Ciências Humanas e Lingüística: Lígia Fonseca Heyer Coordenador do NIP em Ciências Sociais Aplicadas: Paulo Roberto Simonetti Barbosa Coordenador do NIP em Ciências Exatas e da Terra: Alcides de Castro Amorim Neto

Anais

Organização: Mirna Feitoza Pereira e Márcio Alexandre dos Santos Silva Programação visual: Márcio Alexandre dos Santos Silva Logomarca e capa do CD: Assessoria de Comunicação

Reprodução: Juvenal Pinheiro da Costa Filho Ficha Catalográfica: Valéria Lima Machado

Catalogação na fonte

Mostra de Iniciação Científica do UniNorte (4.: 2008: Manaus) Anais [resumos] da 4. Mostra de Iniciação Científica do UniNorte./ Organização Mirna Feitoza Pereira, Márcio Alexandre dos Santos Silva. – Manaus: Editora do UniNorte, 2008. 71 p. Evento realizado em 20 e 21 de outubro de 2008. 1. Ciências Biológicas e Saúde - mostra 2. Ciências Humanas e Lingüística - mostra 3. Ciências Sociais Aplicadas - mostra I. Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa. II. Pereira, Mirna Feitoza. III. Silva, Márcio Alexandre dos Santos. IV. Título CDD 001.42

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APRESENTAÇÃO O Programa Institucional de Iniciação Científica (PROBIC) tem um papel

fundamental para incentivar a investigação científica no Centro Universitário do Norte (UniNorte). Apesar de sua recente implantação, em 2005, vem contribuindo para que professores com títulos de mestre e doutor exerçam as atividades de pesquisa e orientação científica, despertando nos alunos o interesse pela pesquisa, representando uma grande contribuição para a formação de novos cientistas.

Este ano foram desenvolvidos 16 projetos de pesquisa no PROBIC, dentro das áreas de Ciências Humanas e Lingüística, Ciências Sociais Aplicadas e Ciências Biológicas e da Saúde, e um em nível de pós-graduação, no Núcleo de Pesquisa Stricto Sensu, cumprindo, assim, o objetivo de ser um instrumento de formação que permite introduzir, na pesquisa científica, estudantes de graduação, com a finalidade de prepará-los não somente para o mercado de trabalho como para adquirirem novos conhecimentos através da pesquisa sistematizada, proporcionando uma formação global.

O PROBIC não só contribui para a formação dos alunos, meta esta que por si só já justificaria todos os esforços institucionais no custeio de bolsas de pesquisa, como também se coloca na altura de contribuir com uma base sólida para os programas de pós-graduação que estão sendo implantados no UniNorte.

Ligia Fonseca Heyer Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Stricto Sensu/

Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa UniNorte

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SUMÁRIO

I. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGI CAS E DA SAÚDE ALTERAÇ$ÕES NOS PARÂMETROS CINEMÁTICOS E ELETROMIOGRÁFICOS DURANTE SÉRIES INTERVALADAS EM EXERCÍCIOS CONTRA-RESISTÊNCIA PARA MEMBRO SUPERIOR EM INDIVÍDUOS TREINADOS 8 Genner Pinheiro Cruz Neto e Ewertton de Souza Bezerra AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO E FITOQUÍMICA DE PLANTAS MEDICINAIS CONSUMIDAS IN NATURA NA CIDADE MANAUS 12 Beatriz S. Gouvea, Eva Maria Cavalcante Atroch, Francisca das Chagas A. Souza

AVALIAÇÃO MOTORA DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: CATEGORIA DE MOVIMENTO ESTABILIZADORA 16 Solange Cruz, Josiene de Lima Mascarenhas

AVALIAÇÃO DA POSTURA DE CRIANÇAS EM AMBIENTE ESCOLAR 19 Simone Peres Carneiro, Jansen Atier Estrazulas

A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO MANIPULATIVO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 23 Lidiane Viégas Lessa, Josiene de Lima Mascarenhas EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 26 Joicy Dias dos Reis, Josiene de Lima Mascarenhas ESTUDO DA DIVERSIDADE DE BACTÉRIAS DAS AREIAS DAS PRAIAS DA CIDADE DE MANAUS-AM 30 Larissa dos Santos Ferreira, Alessandra Alves Drumond-Siqueira

ESTUDO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS FILAMENTOSOS E LEVEDURAS DAS AREIAS DOS BALNEÁRIOS (PRAIAS) NA CIDADE DE MANAUS-AM 33 Hananda Gabrielle Nunes dos Santos, Alessandra Alves Drumond-Siqueira

INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 37 Lorena da Glória Lins, Josiene de Lima Mascarenhas

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS PRESENTES NA MICROBIOTA NORMAL DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) E ACARÁ-BANDEIRA (Pterophyllun scalare) CULTIVADOS EM CATIVEIRO, MANAUS-AM 41

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Keillen Monick Martins Campos, Cristiany de Moura Apolinário e Silva, Alessandra Alves Drumond Siqueira

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PRESENTES NA MICROBIOTA NORMAL DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) CULTIVADOS EM CATIVEIRO, MANAUS – AM 46 Simon Batista Castilho, Cristiany de Moura Apolinário e Silva II. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANA S E LINGÜÍSTICA

REPERTÓRIOS DE LEITURA E ESCRITA E ÍNDICES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ENTRE CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E/OU COM HISTÓRICO DE FRACASSO ESCOLAR 51 Dayse da Silva Albuquerque, Gustavo Paiva de Carvalho, Williames Augusto Bacelar Souza e Karla Alessandra de Amorim D’Elía

III. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIA IS APLICADAS

ESTUDO DOS CONTEXTOS URBANO E AMBIENTAL DAS PALAFITAS DA CIDADE DE MANAUS 56 Taissa Dias Barros, Mirna Feitoza Pereira, Márcia Honda Nascimento Castro A TUTELA JURÍDICA DOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS ENQUANTO ESPÉCIE DE PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL NA AMAZÔNIA 60 Alberto Luiz Silva Ferreira Filho, Fabiana da Silva Barreiros, Francisco João Leite, Marcelo Augusto Andrade de Oliveira e Raimundo Pereira Pontes Filho

LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA INCIDÊNCIA DE PALAFITAS NA CIDADE DE MANAUS, COM ÊNFASE NOS IGARAPÉS DE EDUCANDOS E SÃO RAIMUNDO 62 Márcio Alexandre dos Santos Silva, Mirna Feitoza Pereira, Milke Cabral Alho

A SOBERANIA NACIONAL NA AMAZÔNIA LEGAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL AMBIENTAL BRASILEIRA 66 Alexander Cavalcante Xavier, Danielle Costa de Souza, Marcella Santos d’Oliveira, Raimundo Pereira Pontes Filho, Helso do Carmo Ribeiro Filho IV. NÚCLEO DE PESQUISA STRICTO SENSU ESTABELECENDO PRÉ-REQUISITOS PARA A LEITURA COM ALUNO DA APAE 69 Juliana dos Santos Leão,Maria do Perpétuo Socorro Silva de Lima, Jaci Augusta Neves de Souza

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ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS CINEMÁTICOS E

ELETROMIOGRÁFICOS DURANTE SÉRIES

INTERVALADAS EM EXERCÍCIOS CONTRA-RESISTÊNCIA PARA

MEMBRO SUPERIOR EM INDIVÍDUOS TREINADOS

Genner Pinheiro Cruz Neto1, Ewertton de Souza Bezerra2

INTRODUÇÃO

Atualmente o treinamento de força é utilizado como uma modalidade de prática de exercícios amplamente difundida no meio do treinamento esportivo, bem como em práticas recreativas e até durante recuperações de patologias. Gerando adaptações morfofuncionais tanto no músculo esquelético, como no cardíaco, podendo estas adaptações ser crônicas e agudas, dependentes das combinações de muitas variáveis. Segundo Kramer et al. (2000) estas podem ser o número de séries, quantidade, tipo e ordenação dos exercícios, assim como, o tempo de recuperação entre as séries realizadas. No entanto, o tempo de intervalo entre as séries pode ser determinante para o alcance dos resultados almejados, desse modo, o objetivo do referido trabalho foi investigar as alterações dos movimentos articulares e do nível de atividade máxima (root mean square-RMS) dos músculos envolvidos no exercício supino horizontal, em séries intervaladas para indivíduos treinados.

1. Aluno do PROBIC. Curso de Educação Física. 2. Mestre em Biomecânica- EEFE-USP, orientador do bolsista e professor do UniNorte.

METODOLOGIA

O grupo experimental foi composto de cinco voluntários (26,2 ± 5,6 anos; 77,54 ± 9,56 Kg; 168,1 ± 4,20 cm), sendo todos treinados com mais de dois anos de experiência com o movimento estudado. Como critério de inclusão, os mesmos não poderiam apresentar qualquer lesão osteo-mio-articular no membro superior. Todos os voluntários foram informados sobre os objetivos e procedimentos do estudo e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido que foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário do Norte, Manaus, AM.

Foram realizados 4 sessões durante o procedimento experimental. Na sessão 1 verificou-se as medidas antropométricas, na sessão 2 e 3 foram realizados teste e reteste para a obtenção da carga máxima para 10RM, respectivamente, na sessão 4 a coleta dos dados cinemáticos e eletromiográficos. Entre as 1 e 2 sessão 24 horas foram adotadas de intervalo, já entre a 2 e 3 foram 48 horas e entre a 3 e 4, 72 horas foram dadas tentando evitar acumulo de fadiga que poderia comprometer os resultados.

O exercício supino horizontal foi selecionado devido ao seu grande emprego nos programas de treinamento e em investigações experimentais. A carga utilizada foi estimada a partir da realização de um teste que foi realizado em dois dias distintos, sendo estes separados por um mínimo de 48 horas, como os resultados mostraram diferenças entre o teste e reteste, 92,44±18,24 e 98,22±16,98 para p<0,05, respectivamente, a carga obtida no segundo dia para cada um dos sujeitos foi a aplicada no dia da coleta dos dados cinemáticos e eletromiográficos. Os procedimentos adotados para obtenção da carga em 10 repetições máximas foram os mesmos em ambos os dias e são descrito a seguir: foi permitida no máximo 5 tentativas para atingir a carga para 10 RM com o intervalo de 5 minutos entre as tentativas; a carga utilizada na primeira tentativa foi determinada pelo sujeito (subjetiva) com

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base em sua experiência de treinamento; o aumento da carga entre as tentativas foi de no mínimo 1 kg; os sujeitos foram instruídos a realizar no máximo 10 repetições por tentativa mesmo que a carga possibilitasse mais, sendo considerada válida a tentativa em que o voluntário realizou 10 repetições com o máximo de carga possível, ao ocorrer falha concêntrica ou excêntrica, antes da décima repetição a ser atingida, a tentativa foi descartada; para não limitar a geração de força a velocidade de execução não foi padronizada entre os sujeitos. (Brown e Weir, 2001).

Visando estabelecer um padrão de movimento semelhante entre os voluntários, o exercício supino reto foi caracterizado da seguinte forma: inicialmente o sujeito permaneceu deitado decúbito dorsal em um banco horizontal com suporte para barra semi-olímpica (12 Kg). A largura da empunhadura ficou a critério do sujeito. Na fase descendente, partindo da posição inicial a barra foi conduzida verticalmente no sentido descendente até entrar em contato com o tórax, realizando abdução horizontal de ombros e flexão do cotovelo, e na fase ascendente, o retorno à posição inicial realizando adução horizontal de ombros e extensão de cotovelos.

O sinal eletromiográfico foi adquirido por intermédio do equipamento EMG 1000 (Lynx Inc.), composto por um amplificador diferencial de 8 canais centrais (com quatro canais auxiliares) para eletrodos passivos pré-amplificados. Tal equipamento possui faixas de entrada do conversor programáveis para até ± 10V, sendo que nesse estudo utilizou-se ± 5V, com taxa de modo comum de rejeição >100 dB em 60 HZ. A taxa de aquisição em cada canal foi 1 KHz. O EMG 1000 possui uma taxa de aquisição máxima de 4 Khz por canal com comunicação com computador PC utilizando rede ethernet. Este ainda possui uma fonte de alimentação com entrada de 90 a 240 Vac ou 12 Vdc. Além de conversor A/D modelo AC 1160 de 16 canais, com 16 entradas digitais TTL (transistor-transistor-logic) e 16 saídas TTL, possuindo duas entradas de contador up/down. Os eletrodos utilizados

no presente estudo foram eletrodos passivos montados em uma estrutura de poliuretano com duas placas de prata posicionadas a 10 mm de distância uma da outra. Os eletrodos foram colocados entre o ponto motor e o tendão distal de cada músculo estudado seguindo a direção das fibras musculares destes (Hermens et al, 2000). A localização do ponto motor foi realizada através de pontos anatômicos informados por um gabarito padrão, tendo antes da fixação o local sofrido tricotomia e limpeza com álcool. Os músculos selecionados foram o peitoral maior (PM), deltóide anterior (DA), tríceps braquial cabeça longa (TBCL) e reto abdominal (RA).

Para a avaliação cinemática marcadores esféricos de isopor (2.5 cm diâmetro) cobertos com fitas reflexivas foram posicionados no pontos anatômicos dos membros superiores: acrômio, epicôdilo lateral do úmero, ponto médio entre o esteloíde da ulna e do rádio. Os dados foram coletados por uma câmera de vídeo de 30 HZ (SONY®, São Paulo, São Paulo, Brazil) posicionada no plano transversal do indivíduo durante a realização do exercício, posteriormente as imagens foram analisadas no sistema Vicon Motion Analysis System (Vicon Corporation, Los Angeles, CA. USA).

As análises das variações angulares foram realizadas somente na fase concêntrica, sendo esta estabelecida pela diferença do segmento braço e relação ao antebraço, tendo a posição inicial a menor angulação e a final a maior angulação do movimento.

Todos os dados foram descritos pela média e desvio padrão. Um teste de normalidade de shapiro-wilk foi aplicado, constatando que os dados apresentavam distribuição normal. Sendo assim, as análises entre a variabilidade da amplitude articular entre as diferentes repetições, bem como para as diferentes séries foi realizada por um teste T-student para medidas pareadas. Para a análise da variância entre as os músculos nas diferentes séries foi utilizados ANOVA one-way e post hoc de Scheffe Todos os testes utilizaram nível de

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significância de p<0,05, sendo tratados no programa SPSS for Windows 12.0.

RESULTADOS

Os valores de deslocamento articular do lado dominante (direito) dos indivíduos não apresentaram modificações significativas entre as repetições e nem entre as séries, figura 1.

Figura 1- Média e desvio padrão para o deslocamento articular do membro superior durante o exercício supino horizontal.

O mesmo pode ser observado para o comportamento eletromiográfico para os músculos PM, DA, TBCL e RA, tabela 1.

Tabela 1- Média e desvio padrão para a máxima atividade muscular (RMS-Volts) durante as três séries de execução do exercício supino horizontal.

Músculos 1 série 2 série 3 série

PM 2,006±0,41 2,122±0,31 2,212±0,34

DA 2,722±0,52 2,856±0,60 2,892±0,64

TBCL 2,356±0,37 2,16±0,65 2,184±0,66

RA 0,316±0,13 0,38±0,09 0,426±0,13

DISCUSSÃO

De acordo com o posicionamento do American College of Sports Medicine (ACSM, 2002) em relação ao treinamento resistido para praticantes intermediários e avançados, destaca-se como suficientes intervalos entre 2 a 3 minutos para exercícios multi-articulares, e para exercícios uni-articulares entre 1 e 2 minutos. Entretanto, esta é uma questão pouco explorada, podendo ser atribuída principalmente à fadiga muscular, devido ao fato de tais evidências basearem-se em estudos relacionados aos efeitos agudos do treinamento.

Acrescentando, períodos de intervalos menores são acompanhados de considerável desconforto muscular, devido à oclusão vascular, conseqüentemente maior produção de lactato (TESH, LARSON,1982) e, diminuindo consideravelmente a produção de força (WILARDSON, BURKETT, 2005).

Os resultados apresentados no presente estudo que utilizou o intervalo fixo de 2 minutos entre as séries apresentou redução quanto ao número de repetições para alguns indivíduos, desta forma a concordar com os estudos mencionados anteriormente. Mas quando analisados o deslocamento articular e o comportamento eletromiográfico para os músculos PM, DA, TBCL e RA, os mesmos não apresentaram diferenças significativas entre as três séries realizadas, desta forma podendo atribuir tal fato ao componente fadiga. Poucos trabalhos enfatizam os intervalos entre as séries, o que dificulta em estipular um período de intervalo suficiente para que os indivíduos possam se recuperar e não reduzir o número total de repetições.

CONCLUSÃO Os resultados indicam que o

deslocamento articular e o nível de ativação muscular não são alterados pela fixação do

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intervalo de descanso entre as séries, quando este é de 2 a 3 minutos.

REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand: Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine and Science in Sports Exercise, v.34, p.364-380, 2002. BROWN L.E.; WEIR, J.P. Asep procedures recommendation I: accurate assessment of muscular strength and power, Journal of Exercise Physiology, Duluth, v. 4, n. 3, p. 1- 21, 2001. HERMENS, H.J., B. FRERIKS, C. DISEELHORST-KLUG, AND G. RAU. Development of recommendations for SEMG sensors and sensor placement procedures. J. Electromyography Kines. 10. 361-374. 2000. KRAMER, W.J.; RATANESS, N.; FRY, A.C.; MCBRIDE, T.; KOZIRIS, L.P.; BAUER, J.A.; LYNCH, J.M.; FLECK, S.J. Influence of resistance training volume and periodization on physiological and performance adaptations in collegiate women tennis player. The American Journal of Sports Medicine, Greenwich, v.28, n. 5, p. 626-633, 2000. TESH, P.; LARSON, L. Muscle hypertrophy in bodybuilders. European Journal Apply Physiology, v.49, p.301-306, 1982. WILLARDSON, J.M.; BURKETT, L.N. A comparison of 3 different rest intervals on the exercise volume completed during a workout. Journal Strength Conditioning Research, v.19, p.23-26, 2005.

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AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO E FITOQUÍMICA DE

PLANTAS MEDICINAIS CONSUMIDAS IN NATURA NA

CIDADE MANAUS

Beatriz S. Gouvea Eva Maria Cavalcante Atroch

Francisca das Chagas A. Souza INTRODUÇÃO Plantas medicinais são geralmente consumidas por suas características terapêuticas. Contudo, juntamente com as substâncias fitoquímicas de interesse, também são ingeridos, entre outros compostos, minerais, lipídios, carboidratos e fibras que podem apresentar uma função nutraceutico. O uso indiscriminado de ervas como automedicação ainda é muito empregado pela população, é preciso varias análises e testes em cobaias para comprovar os efeitos benéficos das plantas medicinais no organismo humano, pois algumas podem levar a toxicidade e comprometer ainda mais a saúde do indivíduo. No Brasil, são raras as pesquisas que avaliem o grau de utilização das plantas como medicamentos e sua inserção na cultura popular. A análise de 1.320 formulários preenchidos pela população do interior do estado do Rio de Janeiro e por profissionais da área de saúde permitiu verificar que as plantas medicinais são as principais formas de tratamento para 63% dos entrevistados, apesar da disponibilidade de medicamentos alopáticos (SILVA, K. Nurit e AGRA, M.F. Rev. bras. farmacogn., out./dez. 2005, vol.15, no.4, p.344-351. ISSN 0102-695X.). Na região amazônica essas ervas são usadas para o tratamento de doenças pulmonares e digestivas e preparada na forma de suco com adição de água ou leite e, desta forma, se constituindo em um alimento.

Considerando a importância do estudo de plantas medicinais (Matos et al., 1998), faz-se necessário a caracterização de espécies de reconhecida ação terapêutica freqüentemente utilizadas na medicina popular da Região Amazônica. O trabalho tem por objetivo avaliar nutricionalmente e fitoquimicamente as plantas medicinais consumida “in natura” na cidade de Manaus. Material e métodos Material As amostras estudadas foram espécies dos gêneros Spilanthes olerace, (Jambú), Bryophillum calycinum (Coirama), Coronopus didymus (Mastruz), Ocimum basilicum (Manjericão) e Mentha piperit (Hortelã) estas espécies foram adquiridas em feiras livres de Manaus, sendo previamente avaliadas quanto à qualidade e em seguida foram acondicionadas em sacos plásticos lacrados para serem transportadas para o laboratório de Bromatologia do Centro Universitário do Norte - UNINORTE para serem pesadas e em seguida trituradas em então serem realizadas as análises físico-químicas e fitoquímicas. Métodos Análises Físico-Químicas: a) Determinação de Umidade A umidade foi determinada sobre tomadas de ensaio com cinco gramas da amostra, por dessecação em estufa com circulação de ar forçada até peso constante, seguindo a técnica da A.O.A.C. (1990). Os resultados representam as médias de três determinações, sendo expressos em porcentagem em relação a folha triturada. b) Determinação de Proteína Total Foi utilizado o método de Kjehldahl, de acordo com a descrição da A.O.A.C. (1990). Para a digestão da amostra e posterior destilação, determinando-se o teor de

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nitrogênio protéico utilizando o fator e conversão 6,25. Os resultados são as média de três determinações e são expressos em porcentagem em relação à folha triturada. c) Determinação da Fibra bruta Na amostra dessecada e desengordurada foi analisado o teor de fibra bruta, mediante digestão ácida com H2SO4 1,25%, seguida de digestão alcalina com NaOH 1,25%. Após as digestões, o resíduo foi submetido a aquecimento a 105°C e pesado. Posteriormente, este foi calcinado a 550°C. A.O.A.C. (1990). e) Determinação das cinzas A amostra previamente seca e desengordurada foi submetida a calcinação em estufa a 550º.C até peso constate esta metodologia é descrita na A.O.A.C. (1990). Obtenção dos Extratos a) Obtenção dos extratos A obtenção do extrato aquoso de folhas trituradas em liquidificador (Mondial) na velocidade mínima. Para a secagem do material foi utilizada uma estufa com circulação de ar forçada (ECB-LINEA) por 72 horas a 50º.C. Para teste com material fresco foram cortados em pequenos fragmentos e depois pesados para infusões e decocção do decorrente trabalho. b) Preparação dos extratos aquosos por infusão Foi pesado 10g de material seco e misturado com 200mL de água destilada em seguida levados ao forno microondas (Eletrolux) por 10 minutos em temperatura à 100º.C . Após esta etapa foi homogeneizado e deixado em repouso por cerca de 1 hora e logo depois filtrados em gases, obtendo-se então os extratos por infusão. c) Preparação dos extratos aquosos por decoção

Utilizou-se 10g de material seco misturado com 200mL de água destilada que foram levados ao forno microondas (Eletrolux) por 20 minutos e em seguida por 10 minutos, permanecendo em repouso até o completo esfriamento. Após este procedimento o material foi filtrado, com o auxílio de gaze e esterilizada. Análise fitoquímicas a) Verificação de taninos solubilizáveis em água quente Em 100 mL do extrato, foi adicionado 10 mL de Formaldeído neutralizado e 5 mL de ácido clorídrico concentrado, deixando em repouso por 24 horas, e em foi filtrado, e seco em estufa a 105º.C e pesado o que restou obtendo-se o (IS), índice de Stiansy (teor de polifenóis condensados contidos no extrato), realizando três repetições e obtendo-se a média. Esta metodologia é descrita por Doat ( 1978) e Fetchal (1994) citados por Trugilho et al., (2003). b) Prospecção de constituintes do extrato aquoso As técnicas foram adaptadas, de tópicos especiais contidos em textos de fitoquímica, e análise orgânica de Rosenthaler, Feigl descrito por Matos (1997). Foram feitos extratos por infusão e decocção para os testes de ensaios fitoquímicos onde foram separadas oito porções do chá de 4 mL em cada tudo e ensaio numerado e uma porção de 100mL em um erlenmeyer para serem submetidos os conteúdos os tubos aos seguintes testes de: fenóis, taninos, antocianinas, antocianidinas , flavonóides, leucoantocianidinas, catquinas e flavanonas, taninos condensados. b.1) Teste para fenóis e taninos No tubo de número 1 foi adicionado 3 gotas de cloreto de Ferro, depois agitado e observado qualquer variação de cor ou formação de precipitados abundantes, escuros.

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b.2) Teste para antocianinas, antocianidinas e falvonóides O tubo de número 2 foi acidulado para pH 3 (com ácido clorídrico), no tubo de número 3 foi alcalinizado para pH 8,5 (NaOH) , o tubo de número 4 também alcalinizado para pH 11 (NaOH), onde foi observado qualquer mudança de coloração do material. b.3) Teste para leucoantocianidinas, catquinas e flavanonas O tubo de número 5 foi acidulado para pH 1 a 3 (com ácido clorídrico), o tubo de número 6 foi alcalinizado para pH 11 (com NaOH) este foi aquecido durante 3 minutos, cuidadosamente, e observado qualquer mudança de coloração do material com os tubos anteriores. b.4) Teste para flavonóis, flavanonas, flanonóis e xantonas No tubo de número 7 foram adicionados alguns centigramas de fita de magnésio (0,02g) mais 0,5mL de ácido clorídrico concentrado. Após este procedimento foi comparado com a mudança na cor da mistura da reação nos tubos 5 (acidificados). Intensificação do vermelho é indicativo de flavonóis, flavanonas, flanonóis e xantonas. b.5) Leitura para determinação de taninos condensados Após a adição de formaldeído e ácido clorídrico nos tubos, foi feita a leitura do pH através de fitas. Resultados e Discussão Analise físico-química Os resultados obtidos para a composição físico-química mostram a coirama com o maior teor de umidade (91,5%), no entanto a hortelã apresentou o maior teor de fibras (73%), e o maior teor de minerais foi o da

coirama 16 como podemos observar na Tabela 1. Tabela 1. Valores de umidade, proteína, fibra bruta e cinzas. Coiram

a Mastruz Manjericão Hortelã

Umidade 91,5% 89% 88,4% 81,6%

Proteína 0.5% 0,4% 0,4% 0,9%

Fibras 33% 23,3% 33% 73%

Cinzas 16% 15,2% 14,8% 15%

Análise fitoquímica Os resultados mostram o mastruz como uma boa fonte de flavonas, flavonóis, xantonas e flavononóis, o manjericão apresentou taninos e flababenicos, a hortelã apresentou bons resultados para taninos, chalconas, xantonas, e o jambú mostrou-se como boa fonte fenóis, flavonas, flavonois, xantonas e catequinos. Todas as espécies apresentaram flavonóides sendo indicadas como antioxidante e antiinflamatória. Todos os chás apresentaram xantonas. sendo indicadas como anti-depressivos e anti-diabéticos. Tais resultados nos levam a acreditar que os chás podem auxiliar em tratamentos dietoterápicos, como prevenção de doenças já que essas ervas apresentam substâncias antioxidantes que combatem os radicais livres . A quantidade de fibra bruta no jambú pode auxiliar nos movimentos intestinais, evitando a constipação nos indivíduos que o consomem. Todos os extratos mostraram-se como boas fontes de xantonas sendo indicadas como anti-depressivos e anti-diabéticos. Tais resultados nos levam a acreditar que os chás podem auxiliar em tratamentos dietoterápicos. REFERÊNCIAS A.O.A.C. Official Methods of Analysis. 15 ed., Washington: Association of Official Analytical Chemists, 1990. 960p

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Harper, H.A.; Rodwell, V.W.; Mayes, R.A. Manual químico fisiológico.5.ed. São Paulo: Atheneu, 1982. 736 p. Matos, F.J.A. Farmácias vivas. 3. ed. Fortaleza: UFC, 1998. 180 p. Moreira, R.C. R, Rebelo, J.M.M., Gama, M.E.A., Costa, J.M.L. Nível de conhecimentos sobre Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e uso de terapias alternativas por populações de uma área endêmica da Amazônia do Maranhão, Brasil. Cad. Saúde Pública v.18 n.1 Rio de Janeiro jan./fev. 2002. Helmuth ,W. Nova Apicultura,1985. CAMPOS, R. G. M. Contribuição para o estudo do mel, pólen, geléia real e própolis. Boletim da Faculdade de Farmacia de Coimbra, vol.11, n.2, p.17-47, 1987. ALVES, Rogério Marcos de Oliveira, “Criação de Abelhas Nativas Sem Ferrão – Urucu, Mandaçaia, Jataí e Irai,”Viçosa-MG,CPT,2003,130p.

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AVALIAÇÃO MOTORA DE PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS: CATEGORIA DE MOVIMENTO

ESTABILIZADORA

Solange Cruz1 Josiene de Lima Mascarenhas2

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor é um

processo de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. Ou seja, no decorrer da vida é necessário ajustar, compensar ou mudar, a fim de obter, melhorar ou manter a habilidade (CAETANO, SILVEIRA, GOBBI, 2005).

O movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução de movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com outros, aprendendo sobre si e seus limites.

Os portadores de necessidades educacionais especiais (PNEE) possuem algumas dificuldades em seu desenvolvimento, dentre eles está o do equilíbrio do corpo prejudicando o desenvolvimento do movimento (VALENTTINI, 2000).

O movimento é precioso e está presente em todos os momentos da nossa vida, da inabilidade para a habilidade e, novamente, da inabilidade para a idade avançada (KRETCHMAR, 2000). Para que estas habilidades sejam desenvolvidas é necessário oferecer oportunidades de um indivíduo praticar Educação Física, que vai contribuir para o desenvolvimento motor e garantir aprendizagem de habilidades específicas nos jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas (NETO et al., 2007).

1. Aluna do UniNorte. 2. Orientadora do bolsista.

O desenvolvimento do equilíbrio é básico para todo movimento e é influenciado por estímulos visuais, somatossensorias e vestibulares. O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção (GALLAHUE, 2005).

O equilíbrio biológico-funcional do organismo favorece o desenvolvimento normal de uma pessoa para o ato de aprender. No entanto, somente estímulos significativos (que atendam suas reais necessidades) darão a este indivíduo motivos para que o momento da aprendizagem resulte em benefícios próprios a este determinado indivíduo.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar a influência de um programa de atividade motora sobre movimentos estabilizadores em portadores de necessidades educacionais especiais, assim como identificar atrasos motores por meio de testes específicos, propostos pelo Modelo Bidimensional de Gallahue (2005).

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, onde participaram 40 indivíduos PNEE na categoria de movimento estabilizador, com idade cronológica entre 10 a 44 anos, divididos em grupos etários de acordo com GALLAHUE & OZMUM (2005): Adolescentes: entre 10 e 19 anos; Adultos jovens: entre 20 e 39 anos; Meia idade: entre 40 e 49 anos.

Foram avaliadas e analisadas as habilidades motoras do equilíbrio com u pé só e do equilíbrio na caminhada de todos os sujeitos, segundo o Modelo Bidimensional de Gallahue (2005), que classifica esses movimentos em três estágios: inicial, elementar e maduro. Todos os sujeitos participaram de um programa de atividade física que teve a duração de 04 meses, sendo 24 aulas, duas semanais. Cada sessão com duração de 45 minutos, organizado da seguinte forma: a) 05 minutos de introdução com atividades motoras de alongamento e

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aquecimento; b) 35 minutos de instrução e prática de atividades motoras e atividades recreativas em grandes grupos e estações; c) cinco minutos de encerramento, com o objetivo de volta à calma.

Os sujeitos foram avaliados no início da intervenção e ao final da aplicação de todo o programa foram avaliados novamente.

Utilizamos como critério para seleção dos sujeitos que todos sejam PNEE, matriculados na APAE; não estejam fazendo uso de medicamentos sobre o sistema nervoso central; e que tenham ausência de qualquer tipo de disfunção física aparente.

Os dados foram coletados com uma câmera digital, e durante a coleta foram dadas instruções verbais e exemplos práticos de como realizar o movimento. Cada coleta teve duração de 4 minutos por sujeito.

Para execução do movimento utilizamos uma tábua de madeira com altura de 3 cm e largura de 15 cm e 1 metro de comprimento para análise do movimento equilíbrio com um pé só, e um espaço de 16 metros para análise do equilíbrio na caminhada.

Foram realizadas três tentativas para cada sujeito. Foi testada a normalidade de dados tendo como resultado os dados não paramétricos. Desta forma utilizamos o teste Wilcoxon para comparação entre os grupos. Foram comparados os resultados de cada grupo. Para o tratamento estatístico foi utilizado o nível de significância P> 0,05. RESULTADOS

Na figura 1 são mostrados os

resultados para o grupo dos adolescentes. Apesar de os resultados não apresentarem diferença significativa os percentuais demonstram que na habilidade motora do equilíbrio com um pé só houve uma melhora de 20% dos sujeitos na segunda coleta do estágio inicial para o maduro, na habilidade motora do equilíbrio na caminhada observamos que todos os sujeitos analisados mantiveram-se no estágio maduro.

Na figura 2 são mostrados os resultados para o grupo adulto jovem, que

no movimento equilíbrio com um pé observamos diferença significativa da primeira para a segunda coleta.

Na figura 3 são mostrados os resultados para o grupo meia idade, onde também visualizamos diferença significativa para a habilidade motora do equilíbrio com um pé. Figura 1- Grupo Adolescentes: 1ª e 2ª coleta dos movimento equilíbrio com um pé só e equilíbrio na caminhada. Figura 2- Grupo Idade Adulta Jovem: 1ª e 2ª coleta dos movimentos equilíbrio com um pé só e equilíbrio na caminhada.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

EQUILÍBRIO COM UM PÉ

EQUILÍBRIO NA

CAMINHADA

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Figura 3 - Figura 4- Grupo Meia Idade: 1ª e 2ª coleta dos movimentos equilíbrio com um pé só e equilíbrio na caminhada. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a participação dos sujeitos nas aulas de atividade física percebemos, através dos resultados, que os mesmos apresentaram desenvolvimento motor para a habilidade motora equilíbrio com um pé só, principalmente para os grupos Idade adulta jovem e Meia idade.

Acreditamos que esse desenvolvimento deu-se pelo fato de que executar o movimento de equilíbrio com um pé só foi diferente das atividades praticadas no dia-a-dia dos sujeitos analisados. Como as atividades não foram direcionadas e nem específicas para cada habilidade analisada, constatamos que este foi um resultado positivo se comparado ao movimento do equilíbrio na caminhada, pois este sim é executado no dia-a-dia do indivíduo.

Acreditamos que a prática de atividades físicas é fundamental para adquirir equilíbrio, em relação ao equilíbrio com um pé só não é diferente. É preciso viver a prática para se adquirir a experiência (GALLAHUE, 2005). REFERÊNCIAS GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças, adolescentes e adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora, 2005.

SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J. A. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação Física. V. 18, p. 33-44, ago. 2004. ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993. FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão fundamental de movimento correr em crianças: um estudo semi-longitudinal. Revista paulista de educação física, 6 (1), 26-34, 1992. VALENTINI, N. C. Percepções de Competência e desenvolvimento motor de meninos e meninas: um estudo transversal. Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62, 2002. ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação física na educação infantil: influência de um programa em conteúdos conceituais e procedimentais. Revista Paulista de Educação Física, 2004. NETO, F. R.; ALMEIDA, G. M. F.; CAON, G.; RIBEIRO, J.; CARAM, J. A.; PIUCCO, E. C. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de dificuldades na aprendizagem escolar. Revista Brasileira de Cineantropometria e Movimento. p. 45-51, 2007. CAETANO, M. J. D.; SILVEIRA, C. R.A.; GOBBI, L. T. B. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. p. 05-13, 2005. BRONSATO, T. M. S., ROMERO, E. Relações de gênero e de desempenho físico e motor de alunos submetidos aos testes do eurofit. Revista Movimento. p. 21-34, 2001.

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AVALIAÇÃO DA POSTURA DE CRIANÇAS EM AMBIENTE

ESCOLAR

Simone Peres Carneiro1 Jansen Atier Estrazulas2

INTRODUÇÃO

O comportamento postural da criança durante os primeiros anos escolares entre as idades de 6 a 10 anos, vem a ser o grande responsável pelos vícios posturais adquiridos, levando-se em consideração a evolução da postura ereta, as condições anatômicas, a coluna vertebral e as relações da criança com o meio social em que vivem, segundo (Ascher, 1976).

Esses efeitos posturais geralmente são agravados durante os anos escolares, pois a criança fica muito tempo sentada, sendo forçada a permanecer numa mesma posição por longos períodos, conforme relatos de Nachemson (1975), a posição sentada é considerada a mais danosa para a coluna, pior até mesmo que a posição em pé. O crescimento rápido também pode ter um efeito adverso na postura, pois o desenvolvimento dos músculos posturais não acompanha o rápido crescimento na altura. (EITNER, KUPRIAN, MEISSNER et al., 1984).

Durante a infância, as alterações posturais são fatores importantes e desencadeadores de condições degenerativas da coluna, o que se torna, mais tarde, presente nos adultos, em forma de dor, podendo apresentar ou não alterações funcionais. Como a postura sentada é mantida por séries irregulares de potenciais de ação, os próprios móveis podem forçar o corpo a assumir uma posição ou outra, segundo Knusel e Jelk (1994). Esses hábitos deficientes podem ocasionar alterações posturais na criança que passa horas durante

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientador do bolsista.

o dia sentada na escola, sem um mobiliário adequado à sua idade e estatura.

Diante dos estudos e informações supracitadas, formulou-se o objetivo deste estudo que foi analisar a postura no ambiente escolar de crianças de duas series do ensino fundamental de uma escola privada da cidade de Manaus.

METODOLOGIA

Caracteriza-se uma pesquisa descritiva, visto que busca-se descrever as características biomecânicas no ambiente escolar, bem como as alterações na postura decorrentes de diferentes forma de posicionar-se sobre um mesmo mobiliário escolar.

A população deste estudo foi constituída de crianças estudantes de um Colégio da Rede Privada de Ensino da Cidade de Manaus. Para a amostra do estudo avaliou-se 30 crianças com idades de 8 a 10 anos, pertencentes a 3º e 4º Série do Ensino Fundamental. Mediante os alunos, foi enviado aos pais o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação no estudo. Com a amostra constituída, as coletas de dados foram realizadas no próprio ambiente escolar, com seus respectivos grupos e mobiliários. Todos os sujeitos foram filmados, através de uma câmera filmadora digital, posicionada em um tripé, a uma altura de 80 cm e com uma distância horizontal de 3 metros em relação aos indivíduos. Nos sujeitos, foram colocados marcadores constituídos por isopor na forma esférica de 2,5 cm de diâmetro, fixos no corpo com uma fita dupla-face, após a palpação das estruturas previamente selecionadas e demarcadas com lápis dermatográfico, conforme protocolo sugerido por Mercadante et al, (2005). Os marcadores foram fixados nas seguintes estruturas anatômicas baseadas na literatura (NETTER, 2000; KENDALL, 1995): Articulação Têmporo-Mandibular, Processo Espinhoso C7, Acrômio Direito, Linha Média da Articulação do Cotovelo, Processo Estilóide do Rádio, Linha Média da Crista

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Ilíaca, Trocânter Maior do Fêmur, Linha Poplítea, Maléolo Lateral, Calcâneo e Cabeça do 5º Metatarso, para analise dos ângulos da cabeça, tronco, joelho e tornozelo.

Para o processamento dos dados, as imagens foram transferidas para o computador, utilizando-se um software especifico para análise em cinemetria, o Sistema Peak Motus, depois, foi realizada a digitalização dos pontos de referência das articulações do corpo humano para o cálculo dos ângulos da cabeça, ombro, tronco, quadril, joelho e tornozelo. Por fim, realizou-se uma estatística descritiva dos resultados obtidos. RESULTADOS

Através dos pontos digitalizados e cálculos angulares podemos verificar na Tabela 1 os valores dos ângulos da cabeça e tronco dos dois grupos (3º e 4º série), onde os valores médios da 4º série são maiores que da 3º série, tanto para o ângulo da cabeça como do tronco. Analisando o CV% podemos verificar que para os dois ângulos e turmas se apresentaram muito alto, o que pode ser indicativo das diversas adaptações que cada criança perfaz para o ajuste junto a cadeira.

Tabela 1: Valores descritivos dos ângulos da cabeça e tronco dos grupos analisados.

Valores angulares

3 SÉRIE (n=20) 4 SÉRIE(n=10)

CABEÇA

TRONCO

CABEÇA

TRONCO

X 27,6 7,9 32 11,9

DP 16,5 6,7 18,3 5,2

CV% 59,80 84,50 57,20 43,50

Min 4,1 0,3 7,7 4,9

Max 62,9 23,6 60,9 21,4

A Tabela 2 expressa os valores observados para os ângulos do joelho e tornozelo dos dois grupos (3º e 4º série), onde os valores médios da 3º série são

maiores que da 4º série, tanto para o ângulo do joelho como do tornozelo. Tabela 2: Valores descritivos dos ângulos do

joelho e tornozelo dos grupos analisados.

Valores angulares

3 SÉRIE (n=20) 4 SÉRIE(n=10)

JOELHO

TORNOZELO

JOELHO

TORNOZELO

X 113,1 124,4 112,9 120,2

DP 6,3 10,3 5 9,4

CV% 5,60 8,30 4,50 7,80

Min 103,8 97,8 103,9 102

Max 125,3 138,7 119,8 133,3

Os valores de medidas do mobiliário utilizado pelas crianças dos dois grupos do estudo estão apresentadas na tabela a seguir, contendo valores de comprimentos, ângulos e alturas de acordo com os mensurados e impostos pelas normas regulamentadoras. Tabela 3: Medidas do mobiliário escolar utilizado pelas crianças do grupo experimental do estudo. PONTO REFERENCIA.

MEDIDA DECRIÇÃO DAS DISTANCIAS E ANGULOS

Altura Poplítea 0,46 cm Entre o solo e borda anterior da cadeira

Comp. Sacro-poplíteo

0,41 cm Entre a borda anterior e o encosto da cadeira

Altura do Encosto

0,13 cm Entre a borda posterior da cadeira e a base do encosto

Comp. do Encosto

0,22 cm Entre a base e o ápice do encosto

Altura da Mesa 0,73 cm Entre o solo e o ápice da mesa

Inclinação Assento

6,3 post + baixo

Formado entre a reta do assento e o eixo "x"

Inclinação Encosto

8,5 ápice post

Formado entre a reta do encosto e o eixo "y"

Angulação Relativa Encosto Assento

93º

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A região poplítea do membro inferior, que fica apoiada sobre a parte anterior do assento, pode ter um aumento de compressão dependendo da altura do assento, resultando por exemplo em ausência de contato do pé com o solo, o que pode gerar problemas na circulação sanguínea desta região, dificultando o retorno venoso e gerando compressão do Nervo Ciático (REIS, 2003; SOUZA, 2007). Desta forma, formulou-se o Gráfico 1 e 2 que ilustram o contato do pé em relação ao solo das crianças avaliadas. Estes valores são expressos em percentuais do grupo. Gráfico 1: descrição do contato do pé em relação ao solo das crianças da 3ª serie durante a posição sentada. Gráfico 2: descrição do contato do pé em relação ao solo das crianças da 4ª serie durante a posição sentada. DISCUSSÃO De acordo com as normas da ABNT (1997), através da NBR 14.006 – Móveis escolares – assentos e mesas para instituições educacionais, que trata das questões relativas a recomendações ergonômicas (postura) e antropométricas

(dimensões) desse tipo de mobiliário, indicando o padrão para sete medidas referente a mesa e cadeira escolar de acordo com a estatura do indivíduo.

Segundo as recomendações existentes nesta norma referentes ao ensino fundamental, abrangendo os dois grupo de estudo, que apresentaram estatura média de 136 cm, a carteira escolar teria, quanto ao assento, altura poplítea de 34 cm, comprimento de 33 cm. O encosto, teria altura de 15 cm, comprimento de 13cm e inclinação encosto-assento de 95 a 106 graus. A mesa do mobiliário, teria uma altura de 0,58 cm.

Analisando os resultados obtidos no estudo, pode-se verificar que o mobiliário utilizado para as turmas analisadas não estão de acordo com a antropometria das crianças. Esta situação pode ser verificada nos gráficos 1 e 2, que apontam a maior parte das crianças com o contato inadequado do pé com o solo, o que demonstra que a altura do assento que perfaz contato com a região poplítea da criança não está de acordo com os padrões. A diferença de altura do assento foi de 12cm, sendo acima do recomendado pelas normas e o comprimento do assento foi 8 cm maior que o recomendado. Esta diferença pode levar a criança a uma postura errada, não sentando com a região glútea próxima do encosto da cadeira, o que pode agravar os problemas que ocorrem na coluna vertebral.

A inclinação encosto-assento encontrada na escola avaliada foi de 93º, sendo um valor próximo do valor mínimo indicado pelas normas (95º a 106 º). Entretanto, quando analisamos o estudo de Andersson et al. (1974), que concluiu que o apoio na região lombar de uma cadeira deve ter uma inclinação próxima a 100º, pois reduziria a atividade mioelétrica dos músculos posteriores das costas e a pressão nos discos intervertebrais, trazendo assim menos problemas a maturação da coluna vertebral.

A altura do encosto, ou seja, a região para o espaço lombar encontra-se com uma diferença de 2cm abaixo do recomendado, o seu comprimento com uma

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diferença de 9cm acima do recomendado. Entretanto, estas pequenas variações encontradas nestas medidas dos mobiliários do estudo em comparação as normas não seriam as alterações mais importantes para uma possível implicação de alteração postural.

Na analise dos ângulos podemos inferir que não houve diferença entre os grupos, mas que a postura que os grupos adotam no mobiliário escolar favorecem para a formação de alterações posturais e surgimento de algias a nível cervical e lombar principalmente, visto que o estudo realizado por Andersson et al. (1974), enfatiza que o sentar relaxado, ou seja, com a curvatura lombar retificada, leva a um aumento na pressão do disco, pois o espaço anterior entre as vértebras diminui e o posterior aumenta, empurrando o disco para trás, e conseqüentemente aumentando a possibilidade de lesão nestes discos.

CONCLUSÃO

Analisando os resultados obtidos no estudo, pode-se verificar que o mobiliário utilizado para as turmas analisadas não estão de acordo com a antropometria das crianças. Esta situação pode ser verificada nos gráficos 1 e 2, que apontam a maior parte das crianças com o contato inadequado do pé com o solo, o que demonstra que a altura do assento que perfaz contato com a região poplítea da criança não está de acordo com os padrões.

Na analise dos ângulos podemos inferir que não houve diferença entre os grupos, mas que a postura que os grupos adotam no mobiliário escolar favorecem para a formação de alterações posturais e surgimento de algias a nível cervical e lombar principalmente.

Estes resultados indicam que as instituições de ensino fundamental devem reter uma atenção especial para os mobiliários que utilizam em sala de aula, bem como fazer orientações posturais para que os danos as estruturas osteomioarticulares possam ser minimizados nos escolares em questão.

REFERÊNCIAS ABNT. NBR 14006. Móveis escolares; assentos e mesas para instituições educacionais; classes e dimensões. 1997. AMADIO, A. C, DUARTE, M. Fundamentos biomecânicos para a análise do movimento humano. São Paulo: EEFEUSP, 1996. ANDERSSON, B. J. G.; Örtengren, R.; Nachemson, A; Elfstrom, G. Lumbar discpressure and myoelectric back muscle activity during sitting. Scandinavian Journal of Rehabilitation Medicine, v.6, n.3, p.104-4, 1974. ASHER, C. Variações de Postura na Criança. São Paulo: Manole, 1976. HAMILL, J. & KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manole, 1999. MERCADANTE, F; Okai L, Duarte, M. Avaliação Postural Quantitativa Através de Imagens Bidimensionais. ANAIS XI Congresso Brasileiro de Biomecânica; 2005. NACHEMSON, A. Towards a better understanding of low-back pain: a review of the mechanics of the lumbar disc. Rheumatology and Rehabilitation, v.14, p.129-43, 1975. NETTER, F. H. Atlas da anatomia humana. Traduzido: Vinky J, Ribeiro E. 2a ed Porto Alegre: Artmed, 2000. KENDALL, F. P, McCreary, E. K, Provance, P. G. Músculos: provas e funções. 4ª ed. Manole. São Paulo. 1995. REIS, P. F. . Estudo da Interface Aluno- Mobiliario: A questão Antropométrica e Biomecânica da Postura Sentada. In: Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano. Florianópolis, 2004. v. 6. p. 90-91. SOUSA, C. O; Santos, H. H. ; Rebelo, F. S; Cardia, M. C. G; Oishi, J. Relação entre variáveis antropométricas e as dimensões das carteiras utilizadas por estudantes universitários. Revista Fisioterapia e Pesquisa, v. 14, p. 27-34, 2007.

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A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO MANIPULATIVO

PARA PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS

Lidiane Viégas Lessa1 Josiene de Lima Mascarenhas2

INTRODUÇÃO O estudo do desenvolvimento motor tem sido de grande interesse para estudiosos e educadores há muitos anos. Este proporciona conhecer o nível de desenvolvimento de um indivíduo, seja ele portador de necessidades educacionais especiais ou não (GALLAHUE, 2005). O desenvolvimento motor é uma alteração contínua no comportamento motor ao longo do ciclo da vida o que implica em mudanças crescentes e perceptíveis na capacidade de controlar movimentos desde a vida uterina à terceira idade (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Existe uma seqüência previsível de movimento, sendo a mesma para todas as crianças onde apenas a velocidade varia; há uma interdependência entre as mudanças, daí surge a afirmação que existem habilidades básicas, ou seja, habilidades que são os alicerces para que toda a aquisição posterior seja possível e mais efetiva, indicando não apenas aquilo que a criança pode aprender, mas especialmente as suas necessidades (OLIVEIRA; MANOEL, 2005). A categoria de movimento manipulativo fundamental envolve aplicar força sobre objetos ou receber força deles, como: arremessar, segurar, chutar, derrubar um objeto, prender, rebater etc (GALLAHUE, 2005). As habilidades manipulativas permitem o uso de mecanismos sensório-

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientadora do bolsista.

motores para obter informações. As realizações desses movimentos dependem tanto da função quanto da maturação neurológica. Pela manipulação de objetos os indivíduos Portadores de Necessidades Educacionais Essenciais (PNEE) são capazes de explorar a relação deles em movimento no espaço, isso possibilita um ir e vir entre as representações mentais e ações concretas, firmando-se como um facilitador no exercício das aprendizagens (FALKENBACH et al., 2007). Contudo, é essencial incluir os PNEE em programas de atividades físicas proporcionando-lhes a experiência de desenvolverem habilidades motoras que contribuirão para o seu desenvolvimento como um todo. Portanto, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar as alterações motoras manipulativas em PNEE e analisar a influência de um programa de atividade física regular sobre essas variáveis por meio de testes específicos, propostos pelo Modelo Bidimensional de Gallahue (2005). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, onde participaram 40 indivíduos PNEE na categoria de movimento manipulativo, com idade cronológica entre 09 a 44 anos, divididos em grupos etários de acordo com GALLAHUE & OZMUM (2005): Adolescentes: entre 10 e 19 anos; Adultos jovens: entre 20 e 39 anos; Meia idade: entre 40 e 49 anos. Foram avaliadas e analisadas as habilidades motoras do arremessar e chutar de todos os sujeitos segundo o Modelo Bidimensional de Gallahue (2005), que classifica esses movimentos em três estágios: inicial, elementar e maduro. Todos os sujeitos participaram de um programa de atividade física que teve a duração de 04 meses, sendo 24 aulas, duas semanais. Cada sessão com duração de 45 minutos, organizado da seguinte forma: a) 05 minutos de introdução com atividades motoras de alongamento e aquecimento; b)

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35 minutos de instrução e prática de atividades motoras e atividades recreativas em grandes grupos e estações; c) cinco minutos de encerramento, com o objetivo de volta à calma. Os sujeitos foram avaliados no inicio da intervenção e ao final da aplicação de todo o programa foram avaliados novamente. Utilizamos como critério para seleção dos sujeitos que todos sejam PNEE, matriculados na APAE; não estejam fazendo uso de medicamentos sobre o sistema nervoso central; e que tenham ausência de qualquer tipo de disfunção física aparente. Os dados foram coletados com uma câmera digital, e durante a coleta foram dadas instruções verbais e exemplos práticos de como realizar o movimento. Cada coleta teve duração de 4 minutos por sujeito. Para execução do movimento utilizamos uma bola de meia para o arremesso e uma bola de futebol para o chutar. Foram realizadas três tentativas para cada sujeito. Foi testada a normalidade de dados tendo como resultado os dados não paramétricos. Desta forma utilizamos o teste Wilcoxon para comparação entre os grupos. Foram comparados os resultados de cada grupo. Para o tratamento estatístico foi utilizado o nível de significância P> 0,05. Resultados e Discussão Analisando os resultados observamos que nenhum apresentou diferença significativa, entretanto, podemos verificar que houve diferença percentual comparando a primeira e a segunda coleta em cada grupo.

No gráfico 1 são mostrados os resultados para o grupo dos adolescentes: na habilidade motora do chutar 19% dos sujeitos na segunda coleta saíram do estágio inicial e foram para elementar, na habilidade motora do arremessar observamos que na segunda coleta 6% dos sujeitos saíram do estágio inicial e foram para o maduro

No gráfico 2 são mostrados os resultados para o grupo adulto jovem, que no chutar observamos melhora, pois 16%

dos sujeitos saíram do estágio inicial e foram para o elementar. No arremesso o mesmo ocorreu, entretanto, foram somente 5% dos sujeitos.

No gráfico 3 são mostrados os resultados para o grupo meia idade. Na habilidade motora do chutar todos os sujeitos mantiveram seus padrões de movimentos, já no arremesso observamos melhora, já que 42,85% dos sujeitos saíram do estágio inicial para o elementar.

0,00%

10,00%

20,00%

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40,00%

50,00%

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GRUPO A DOL ES CENTES

Gráfico 1 – Grupo Adolescentes: 1ª e 2ª coleta dos movimentos chutar e arremessar

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%

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Gráfico 2 – Grupo Idade Adulta Jovem: 1ª e 2ª coleta dos movimentos chutar e arremessar

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0,00%

10,00%

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30,00%

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Gráfico 3 – Grupo Meia Idade: 1ª e 2ª coleta dos movimentos chutar e arremessar

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria de Ensino Fundamental, MEC/SEF, 1997. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996 GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças, adolescentes e adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora, 2005. ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993. OLIVEIRA, J. A.; MANOEL, E. J. Análise desenvolvimentista da tarefa motora: estudos e aplicações. In: TANI, G. (Org.). Comportamento motor: aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro, 2005, p.273 84. FALKENBACH et all. A inclusão de crianças com necessidades especiais nas aulas de educação física na educação infantil. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 02, p. 37-53, 2007. KASSAR, M. C. M. Matrículas de crianças com necessidades educacionais especiais na rede de ensino regular: do que e de quem se fala? In: GOES, M. C. R. Políticas e práticas de educação inclusiva. Campinas, SP: Autores Associados, p. 95-105, 2005. VALENTINI, N. C. Percepções de Competência e desenvolvimento motor de meninos e meninas: um estudo transversal. Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62, 2002.

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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:

CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE

PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS

Joicy Dias dos Reis1 Josiene de Lima Mascarenhas2

INTRODUÇÃO O desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais é básico para o desenvolvimento motor de todos os indivíduos, pois eles servem de base para o desenvolvimento de habilidades motoras especializadas que vão contribuir para o desenvolvimento de atividades e tarefas mais complexas como praticar um esporte, dançar etc. (ECKERT, 1993). De acordo com Gallahue (2005), a categoria de locomoção é um aspecto fundamental no aprendizado do movimentar-se, efetiva e eficientemente, pelo ambiente. Todo indivíduo deve ser capaz de: usar qualquer movimento para alcançar o objetivo; mudar de um tipo de movimento para o outro quando a situação assim exigir e alterar cada movimento. Quando o movimento de locomoção é efetivamente desenvolvido a prática de tarefas diárias são facilmente realizadas.

Muitos estudiosos estão confirmando as evidências dos benefícios atribuídos à atividade física. Em relação a promoção da saúde Fleck e Kraemer (1999), discutem que a prática regular de atividade física auxilia no controle e manutenção do peso corporal e na redução de riscos cardiovasculares, e que o treinamento sistemático pode aumentar a massa muscular podendo resultar em ganho de força de 20% a 50 %, proporcionando, sem dúvida, um

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientadora da bolsista.

impacto significativo sobre a qualidade de vida. Do ponto de vista psicológico Saba (1999), ressalta que ela pode ajudar a combater a depressão, atuando como um catalisador de relacionamento interpessoal, produzindo agradável sensação de bem estar e estimulando a auto-estima pela superação de pequenos desafios. Salienta-se ainda que, existe hoje, documentação científica de que as pessoas ativas diminuem a probabilidade de desenvolverem importantes doenças crônicas e melhoram os níveis de aptidão física e disposição mental.

Os PCN’s (1997), discute que a atividade física desenvolvida pela disciplina Educação Física é a única na escola que tem como objetivo direto educar e desenvolver os alunos através do movimento corporal, em virtude disso, além de propiciar a elaboração de conhecimentos sobre atividade física para o bem-estar e a saúde, estimula atividades positivas em relação aos exercícios físicos e proporcionando oportunidades para escolha e a prática regular de atividades que possam ser continuadas após os anos escolares para que essas promovam aumento da expectativa de vida através do movimento com a diminuição de doenças cardiovasculares e melhoria da qualidade de vida. Os portadores de necessidades educacionais especiais (PNEE) possuem algumas dificuldades em seu desenvolvimento, dentre eles está o do movimento (VALENTTINI, 2000). Sabemos que a prática é fundamental para adquirir experiência de movimento que vão nos proporcionar uma vida mais ativa e saudável. Contudo, é preciso proporcionar ao PNEE vivências práticas para que esses adquiram a capacidade de realizar movimentos locomotores (GALLAHUE, 2005). A avaliação do desenvolvimento motor, através de testes específicos nos proporcionam a identificação de atrasos motores, e com a identificação desses atrasos podemos construir programas de atividades práticas que venham contribuir com as dificuldades motoras que os PNEE apresentam.

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Contudo, o objetivo do nosso trabalho foi diagnosticar atrasos motores em PNEE, assim como analisar a influência de um programa de atividade física sobre variáveis motoras da categoria de movimento locomoção. METODOLOGIA

Participaram desse estudo 40 sujeitos portadores de necessidade educacionais especiais com idade entre 09 e 44 anos. Tais sujeitos foram divididos em três grupos: adolescentes, idade adulta jovem e meia idade (GALLAHUE, 2005).

Foram analisadas as habilidades motoras fundamentais salto horizontal e correr de todos os sujeitos antes e após a participação de 24 aulas práticas. Os resultados foram avaliados segundo o Modelo Bidimensional de Gallahue, o qual classifica as habilidades motoras fundamentais em três estágios: inicial, elementar e maduro.

Os dados foram coletados através de instruções verbais e demonstrações práticas de como realizar o movimento. Cada sujeito realizou três vezes cada habilidade motora que teve a duração de 12 minutos cada sujeito. Os instrumentos utilizados foram uma câmera filmadora e cones.

Todos os sujeitos participaram de 24 aulas práticas, sendo duas vezes na semana, com duração de 45 minutos cada, organizados em: 5 minutos de introdução com atividades motoras de alongamento e aquecimento; 35 minutos de instrução e prática de atividades motoras e atividades recreativas em grandes grupos e estações; 5 minutos de encerramento, com o objetivo de volta à calma.

Para análise estatística foi utilizado o teste Wilcoxon para comparação entre os grupos. Para o tratamento estatístico foi utilizado o nível de significância P˂ 0,05. RESULTADOS

Na figura 1 encontramos os

resultados da primeira e segunda coleta das habilidades motoras fundamentais salto horizontal e correr do grupo Adolescentes. Ao analisarmos os dados verificamos que nenhum dos resultados foram significativos, entretanto, os resultados percentuais demonstraram que 06% dos sujeitos tiveram melhora em relação ao estágio maduro no movimento salto horizontal.

Na figura 2 são apresentados os dados da primeira e segunda coleta das habilidades motoras fundamentais salto horizontal e correr do grupo Idade Adulta Jovem. Para esse grupo os resultados indicam que houve diferença significativa para o movimento salto horizontal, pois 82% dos sujeitos se encontram no estágio maduro na segunda coleta. Em relação ao movimento corer os resultados percentuais demonstram que houve uma melhora de 6% dos sujeitos no estágio maduro.

Na figura 3 são demonstrados os dados da primeira e segunda coleta das habilidades motoras fundamentais salto horizontal e correr do grupo Meia Idade. Os resultados nao indicam diferença significativa para nenhum movimento, entretanto, os dados percentuais demonstram que 14% dos sujeitos melhoraram emrelação ao estágio maduro na segunda coleta no movimento salto horizontal. Para o movimento corer o meso ocorreu com 28% dos sujeitos.

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10,00%

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SALTO HORIZONTAL

CORRER

Figura 5- Grupo Adolescentes: comparação entre a 1ª e a 2ª coleta dos movimento salto horizontal e correr

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Figura 6 - Grupo Idade Adulta Jovem: comparação entre a 1ª e a 2ª coleta dos movimento salto horizontal e correr

Figura 7 - Grupo Meia Idade: comparação entre a 1ª e a 2ª coleta dos movimentos salto horizontal e correr CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na análise dos dados podemos verificar após a aplicação das atividades práticas que os sujeitos apresentaram melhorias significativas em relação ao desenvolvimento motor da habilidade motora salto horizontal. Acreditamos que o por ser um movimento que os sujeitos não realizam freqüentemente após realizarem e experimentarem suas dificuldades tiveram a oportunidade de desenvolver seus padrões motores adquirindo controle motor.

Ao compararmos os grupos verificamos que o Idade Adulta Jovem apresentaram melhorias significativas em relação ao movimentos locomotores. De acordo com Gallahue (2005), o desenvolvimento motor e a aprendizagem motora se dão através de mudanças no

comportamento a partir da maturação e experiências vividas no ambiente. Os resultados obtidos em relação ao grupo Idade Adulta Jovem indicaram que a prática foi essencial para a aprendizagem dos movimentos salto horizontal e correr.

As atividades práticas realizadas com os portadores de necessidades educacionais especiais durante esse trabalho foram importantes para adquirirem experiências de novos movimentos, portanto, é primordial garantir para esses sujeitos atividades práticas diárias oportunizando vivências para que desenvolvam seus aspectos motores contribuindo pra melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: Secretária de Ensino Fundamental, MEC/SEF, 2001. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1997. FLECK, S. J. & KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: 2ª ed. Artmed, 1999. GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças, adolescentes e adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora, 2005. SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J. A. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação Física. V. 18, p. 33-44, ago. 2004. ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993. FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão fundamental de movimento correr em crianças: um estudo semi-longitudinal.

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Revista paulista de educação física, 6 (1), 26-34, 1992. SABA, F. K. F. Determinantes da prática de exercícios físicos em academia de ginástica. (tese de doutorado) São Paulo: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo – USP, 1999. VALENTINI, N. C. Percepções de Competência e desenvolvimento motor de meninos e meninas: um estudo transversal. Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62, 2002. ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação física na educação infantil: influência de um programa em conteúdos conceituais e procedimentais. Revista Paulista de Educação Física, 2004.

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ESTUDO DA DIVERSIDADE DE BACTÉRIAS DAS AREIAS DAS

PRAIAS DA CIDADE DE MANAUS-AM

Larissa dos Santos Ferreira1

Alessandra Alves Drumond-Siqueira2 INTRODUÇÃO Os utentes, nas suas atividades de lazer, mantêm um contato estreito com a areia. Sendo estas, uma das principais fontes de contaminação juntamente com a água, domésticos e selvagens. O Homem e os animais transmitem à areia microrganismos potencialmente patogênicos de que são portadores e por outro lado produzem resíduos que são o substrato ideal para o desenvolvimento destes microrganismos. No entanto atualmente o risco de adquirir de doenças por poluição bacteriológica da água está de uma maneira geral controlado nas praias, a comunidade técnico-científica, incentivada pela exigência em termos de qualidade e de proteção dos cidadãos, avançou no sentido de identificar outras potenciais origens de risco (SÃO JOSÉ, 1994). A escolha recaiu, então, sobre a areia cujo contato direto com alguns grupos de risco, como crianças e idosos, pode constituir uma fonte de contágio por microrganismos patogênicos. Desta forma esse estudo que tem por objetivo avaliar a qualidade microbiológica das areias das praias da cidade de Manaus.

Segundo Tortora et al. (2005) os principais grupos bacterianos indicadores de contaminação são: Bactérias coliformes; Escherichia coli, Enterococos intestinais, Staphylococcus sp, S. aureus e Pseudomonas aeruginosa (Quadro I). Podem existir outros parâmetros que influenciam claramente a qualidade

1. Aluna do UniNorte. Curso de Ciências Biológicas, 6º. período. 2. Orientadora da aluna.

microbiológica nas areias de uma praia como presença de lixo nas parais e condições ambientais. (LACAZ, et al, 2002, ABEA, 2001). Segundo a ABEA (2007) para se realizar um monitoramento preciso das áreas balneares deve-se usar como parâmetros de análise zona balneária de má qualidade, baixa ocupação humana e de boa qualidade. Deste modo, a finalidade deste estudo, consiste em contribuir para o melhoramento da qualidade das areias dos balneários de Manaus. Quadro I: Bactérias selecionadas para como indicadores de Qualidade das areias. Grupo B1 Grupo B2 Grupo B3

Coliformes totais Escherichia coli Enterococos

Staphylococcus sp Staphylococcus coagulese+

Pseudomonas aeruginosa

Fonte: ABEA (2001) METODOLOGIA As coletas foram realizadas em fevereiro a junho de 2008, em três praias, praia da Ponta Negra, praia da Lua e praia do Tupé. Em cada praia foram colhidas duas amostras de areia, uma de areia seca e outra de areia úmida. O método de análise utilizado foi a técnica de diluição das amostras de areia em água destilada esterilizada e a semeadura por espalhamento em diferentes meios de cultura para análise bacteriológica. Os sacos com as amostras foram identificados com o nome do local da coleta e data da recolha, para assim serem transportados até o laboratório. Para a preparação da amostra, foi retirado com o auxilio de uma espátula esterilizada a areia do saco plástico, procedendo-se à pesagem de 40g numa balança de precisão. Em seguida a areia foi colocada em um frasco esterilizado e adicionado a ele 10 ml ou 15 ml de água destilada e esterilizada (homogeneização). A partir deste lavado de areia retirou-se em condições de assepsia, (na câmara de fluxo laminar) com o auxilio

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de uma pipeta 0,2ml de liquido do sobrenadante, em seguida inoculado em placas de Petri contendo os meios de cultura (EMB – Eosina Azul de Metileno), Salmanitol, PCA (meio para contagem total de bactérias) todos feitos em duplicata. Logo em seguida as placas foram incubadas a 37˚C por 24 horas. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram isolados das areias Bactérias aeróbicas ou anaeróbicas facultativas, Enterobactérias e Staphylococcus entre as foram identificadas as seguintes representantes: Staphylococcus sp, Staphylococcus aureus e Escherichia coli (Figura 01). A análise global dos resultados demosntraram que tanto a areia seca como a úmida (que possui contato direto com a água) apresentaram número elevado de bactérias entre estas o grupo dos coliformes e Staphylococcus spp (Figura -02) que, segundo Murray et al (2006); Tortora et al, 2005; Black, 2002; Konemam, 2008) são microganismos patógenos oportunistas que podem causar vários tipos de infecções entre eles lesões de pele.

Figura 01: Enterobactérias; Staphylococcus aureus e Bactérias aeróbicas ou anaeróbicas facultativas respectivamente.

Figura 02: Escherichia coli e Staphylococcus aureus

Em todas as praias analisadas nesta

pesquisa foi observado que o contato da areia com animais e uma quantidade elevada

de lixo. É importante notar que todos os microrganismos que foram isolados fazem parte da microbiota endógena pode-se então inferir que a ocupação humana vem interferindo na qualidade destas areias. Para diminuir este índice de ABEA (2007) sugere campanhas de monitorização efetiva e vigilantes, campanha de conscientização direcionadas aos utentes visando uma queda neste índice.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De posse dos resultados ficou claro que as praias analisadas não são satisfatórias para balneabilidade e utilização por parte da população. Sendo que estas areias possuem microrganismos entre estes bactérias que podem causar infecções. É necessária uma política de educação ambiental tornando-os conscientes da importância de preservar as nossas praias. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BANDEIRA AZUL DA EUROPA (ABEA). Qualidade microbiológica de areias de praias litorais. Relatório intercalar. 58 p. 2001. ASSOCIAÇÃO BANDEIRA AZUL DA EUROPA (ABEA). Qualidade microbiológica de areias de praias litorais. Relatório intercalar. 75 p. 2007. BLACK, J. G. 2002. Microbiologia fundamentos e perspectivas. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN, W. C. Diagnóstico Microbiológico: Texto e Atlas Colorido. ed 6, São Paulo: Guanabara koogan, 1760p. 2008. TORTORA, G.J. et al. Microbiologia. 6 ed. Artmed. 2005. 827p. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN, W. C. Diagnóstico

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Microbiológico: Texto e Atlas Colorido. ed 6, São Paulo: Guanabara koogan, 1760p. 2008. LACAZ, C.S. et al. Tratado de micologia médica, São Paulo: Savier, 1104p., 2002. VERMELHO, Alane Beatriz et al. Práticas de Microbiologia. Rio de janeiro: Guanabara Koogan. 2006. 239p.

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ESTUDO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS FILAMENTOSOS E

LEVEDURAS DAS AREIAS DOS BALNEÁRIOS (PRAIAS) NA CIDADE DE MANAUS-AM

Hananda Gabrielle Nunes dos Santos1; Alessandra Alves Drumond-Siqueira2;

INTRODUÇÃO As areias das praias são uma das maiores fontes de transmissão de doenças ao homem e são contaminadas pelas águas dos rios ou mares as quais na maioria das vezes recebem grande influência de esgotos domésticos que introduzem bactérias, fungos, vírus patogênicos e parasitas. Sendo acidentalmente ingeridas as areias e/ou águas, tem a possibilidade de transmitir aos banhistas agentes causadores de várias doenças infecciosas. Por outro lado tais contaminações podem atingir alimentos de origem aquática, como por exemplo, os peixes pertencentes da região amazônica (AMBIENTE BRASIL, 2005). Nos últimos anos tem-se apresentado uma enorme preocupação quanto à qualidade sanitária de areias de praias com um grande número de freqüência de banhistas devido ao crescente descarte inadequado de lixo, dejetos de animais trazidos pelas águas das chuvas, que carreiam poluição à areia. Esta preocupação se torna única quando a RESOLUÇÃO CONAMA 274/00 que classifica as praias para fins de balneabilidade em um de seus artigos, recomenda aos órgãos ambientais a avaliação das condições parasitológicas e microbiológicas da areia, para futura padronização. Sabe-se que o número de indivíduos envolvidos com os problemas da poluição e contaminação das areias e águas das praias, aumenta consideravelmente nos fins de semana, feriados e férias escolares.

1. Aluna do UniNorte. Curso de Ciências Biológicas. 2. Orientadora da aluna.

As praias formadas nas margens do Rio Negro em época de vazante sofrem grande influência do esgoto jogado clandestinamente ficando assim sujeitas à ação de poluentes químicos, tóxicos etc. Atualmente pela intensa e desordenada urbanização vem ocorrendo um aumento significativo das micoses de praia, assim como outras dermatofitoses (Boelm et al., 2003). Para esse trabalho foram escolhidas três praias para a realização das coletas, são elas: praia da Ponta Negra, praia do Tupé e praia da Lua (Figuras 1, 2 e 3). Figura 1: Praia da Lua Figura 2: Praia da Ponta Negra Figura 3: Praia do Tupé

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As dermatofitoses são micoses cutâneas, extremamente contagiosas, causadas por fungos dermatófitos que utilizam a queratina como fonte de subsistência. Apresentam uma grande variedade de aspectos clínicos e as espécies são distribuídas em três gêneros de acordo com suas características anamórficas: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. São infecções fúngicas localizadas nas camadas superficiais da pele e seus anexos, bem como nas mucosas e zonas cutâneo-mucosas. (Figura 4 e 5) Figura 4: Tinea corporis (Fonte: www.dermatologia.net/neo/base/fotos.asp) Figura 5: Tinea pedis. (Fonte: www.dermatologia.net/neo/base/fotos.asp) Este projeto teve o objetivo de avaliar a qualidade micológica de areias das praias da cidade de Manaus, identificando os fungos filamentosos e leveduras isoladas conservando as culturas identificadas em duas técnicas de armazenamento: óleo mineral e método de Castellani. METODOLOGIA

Para as coleta das amostras de areias das praias foram delimitadas zonas de areias úmidas e secas (Figuras 6 e 7), uma vez que esta sofre menos influência do grau de contaminação da água. A zona seca, que geralmente não é banhada pela água do rio, corresponde à área que sofre maior influência dos banhistas e a zona úmida a que sofre influência das águas do rio. As coletas foram realizadas entre os meses de Abril a Julho. A recolha foi realizada em cada ponto, a uma profundidade compreendida entre 5 e 15 centímetros, utilizando para isso, luvas e sacos estéreis. Os sacos foram etiquetados com o nome da praia e data de recolha e então transportados em bolsas térmicas para o laboratório de Microbiologia do UNINORTE. Figura 6: Coleta de areia úmida Figura 7: Coleta de areia seca Para a análise das amostras em laboratório foi pesado 50g de areia seca e úmida separadamente e então misturada a 10 ml de água destilada e esterilizada em um vidro de Becker (Figura 8). Após homogeneização, foi retirada uma alíquota de 1000 µL e inoculado em duplicada em placa de Petri contendo Ágar Sabouraud acrescido de

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Cloranfenicol. Devidamente identificadas, foram incubadas em estufa numa temperatura de 25º C a 28º C por 3 – 5 dias. Figura 8: Preparação das amostras Após o período de incubação foi realizado as contagens das colônias fúngicas (UFC). Em seguida as colônias foram repicadas para tubos de ensaio com Ágar Sabouraud para posterior identificação (Figura 9).

Figura 9: Contagem das colônias fúngicas (Fonte ABEA, 2001) A identificação foi realizada preparando-se lâminas, utilizando azul de Metileno para a visualização em microscópio óptico num aumento de 40 x. Os principais grupos de fungos encontrados que possuam uma forte associação ao homem e animais homeotérmicos, assim como potencialmente patogênicos por contato, inalação e ingestão distribuem-se em 3 grupos simultâneos, de acordo com os agentes etiológicos e relevância clínica que se especificam em:

fungos filamentosos (não dermatófitos), fungos leveduriformes e dermatófitos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificados diversos gêneros: Aspergillus sp., Candida sp, Mucor sp, Trichophyton sp, Trichosporon sp, Curvularia sp, Microsporon sp, Paecilomyces sp, Geotrichum sp, Absidia sp (Tabela 1). Esses resultados estão de acordo com os dados citados na literatura onde todos os representantes isolados nesta pesquisa são considerados agentes fúngicos causadores de micoses superficiais. Observou-se que a areia seca apresentou sempre elevado índice de contaminação comparando aos da areia úmida. Importante ressaltar que todos os fungos isolados nesta pesquisa são agentes de micoses superficiais (LACAZ et al, 2002; SIDRIM, 2004). Foi observado em todas as coletas um número elevado de contaminação das areias sendo necessárias campanhas de conscientização visando reduzir este número. De acordo com os resultados podemos classificar as praias analisadas como balneários insatisfatórios para ocupação humana, inviabilizando sua utilização. Tabela 1. Principais grupos de fungos isolados de areias. Fungos leveduriformes

Fungos filamentosos potencialmente patogênicos

Dermatófitos

Candida spp. Aspergillus sp. Penicillium sp. Geotrichum sp. Absidia sp. Curvularia so. Paecilomyces sp.

Trichosporon sp. Microsporum sp.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos sugerem que a implementação de campanhas de educação ambiental podem servir como ferramentas necessárias para minimizar este impacto bem como iniciar um debate comunitário sobre esta matéria

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REFERÊNCIAS

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INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA NO

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PORTADORES DE

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Lorena da Glória Lins1

Josiene de Lima Mascarenhas2 INTRODUÇÃO

Dentre os problemas que os portadores de necessidades educacionais especiais enfrentam, os mais comuns são a obesidade, pelo descontrole que esses possuem em relação a se alimentar, com isso desencadeiam vários outros problemas de saúde como a hipertensão e o diabetes, sofrem também retardos no desenvolvimento motor e descontrole do movimento, além dos fatores psicológicos, como a depressão e baixo auto-estima (VALENTINI, 2002).

Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos portadores de necessidades educacionais especiais foram (e são) excluídos das aulas de Educação física. A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social (PCN’S, 2001). De acordo com Sabá (1999), muitos são os benefícios atribuídos à atividade física. Do ponto de vista psicológico ela pode ajudar a combater a depressão, atuando como um catalisador de relacionamento interpessoal, produzindo agradável sensação de bem estar e estimulando a auto-estima pela superação de pequenos desafios. Salienta-se ainda que, existe hoje, documentação científica de que as pessoas ativas diminuem a probabilidade de desenvolverem importantes doenças

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientadora da bolsista.

crônicas e melhoram os níveis de aptidão física e disposição mental. Para o portador de necessidade educacional especial (PNEE), essa prerrogativa se fortalece ainda mais, uma vez que a atividade motora propicia desenvolvimento de habilidades comunicativas por meio do exercício de julgar, avaliar e trocar idéias em grupo (ADAMS, 1985), bem como a superação da dificuldade auxiliando a mesma na conquista da autonomia e da confiança (MEC, 1981). Segundo, Gallahue e Ozmun (2001) a aquisição de habilidades motoras fundamentais, as quais em sua totalidade constituem-se no desafio maior do desenvolvimento motor na idade escolar, torna-se um facilitador na construção da autoconfiança infantil. A prática motora, além de otimizar o desenvolvimento motor, amplia e aprofunda as relações sociais entre crianças, fortalece os níveis de autoconfiança e diminuem a incidência de atos agressivos (MACHADO, 2002), comumente evidenciados após frustrações (BEE, 1996), rejeição, provocação, ansiedade e tensão (RODRIGUES; CAMPOS; MANNING apud DIAS, 1996).

Portanto, é necessário conhecer o nível de desenvolvimento motor de portadores de necessidades educacionais especiais para conhecermos suas deficiências e construir um programa de atividade motora que venha ao encontro e suas necessidades, propiciando a elaboração de práticas mais efetivas que levem aos deficientes construções de movimento mais avançados e que garantam a participação em atividades práticas durante toda a vida. Para tanto, o presente estudo tem como objetivo analisar a influência de um programa de atividade física regular sobre variáveis motoras, assim como diagnosticar alterações motoras por meio de testes específicos em portadores de necessidades educacionais especiais. METODOLOGIA

Participaram desse estudo 40 sujeitos portadores de necessidade

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educacionais especiais com idade entre 09 e 44 anos. Tais sujeitos foram divididos em três grupos: adolescentes, idade adulta jovem e meia idade (GALLAHUE, 2005).

Todos os sujeitos selecionados estavam matriculados na Instituição APAE e não estavam fazendo uso de medicamentos sobre o sistema nervoso central e não possuíam qualquer tipo de disfunção física aparente.

Coletas de dados: -Instruções verbais e demonstrações práticas de como realizar o movimento; - Cada sujeito realizou três vezes cada habilidade motora; - Duração do teste: 12 minutos cada sujeito. Instrumentos utilizados - Câmera filmadora; uma tábua de madeira (medidas: 1 m, 03 cm, 15 cm); uma bola de meia pequena; uma bola de futsal e um espaço que correspondeu aproximadamente 50 m² Programa de atividade física - Todos os sujeitos selecionados participaram de 24 aulas de atividades físicas, sendo duas sessões semanais. Cada sessão tem a duração de 45 minutos. - Organização das aulas: a) 05 minutos de introdução com atividades motoras de alongamento e aquecimento; b) 35 minutos de instrução e prática de atividades motoras e atividades recreativas em grandes grupos e estações; c) cinco minutos de encerramento, com o objetivo de volta à calma. Análise dos dados - Foram analisadas duas habilidades motoras fundamentais de cada categoria de movimento que Gallahue divide em:

-Estabilizadora: equilíbrio com um pé só e equilíbrio no andar.

-Locomotora: correr e salto horizontal. -Manipulativa: arremesso e chutar.

- Todos os sujeitos realizaram os testes antes e após a aplicação das aulas práticas. Os resultados foram avaliados segundo o Modelo Bidimensional de Gallahue, o qual

classifica os movimentos fundamentais em três estágios: inicial, elementar e maduro. - Cada sujeito realizou três vezes cada habilidade motora, cada tentativa foi analisada pela Moda e foi escolhida a melhor das três. Foi testada a normalidade de dados tendo como resultado os dados não paramétricos. Desta forma utilizamos o teste Wilcoxon para comparação entre os grupos. Foram comparados os resultados dos Gêneros de cada grupo. Para o tratamento estatístico foi utilizado o nível de significância P> 0,05. RESULTADOS Foram discutidos e comparados os resultados dos gêneros de cada grupo separadamente. Na análise dos dados levamos em consideração a melhora no estágio maduro das habilidades motoras. Adolescentes Figura 8: Grupo Adolescentes - comparação entre gêneros. (1º e 2º coleta) Categoria de movimento Estabilização

Apesar de não apresentar nenhuma diferença significativa os resultados percentuais indicam que para o movimento de equilíbrio com um pé só 25% das meninas e 15% dos meninos melhoraram em relação ao estágio maduro da primeira para a segunda coleta (figura 1). Categoria de movimento Manipulação Não houve diferença significativa para os movimentos de chutar e arremessar, entretanto, para o movimento de chutar os resultados percentuais indicam que 60% das meninas se encontram no estágio maduro na segunda coleta, apresentando melhora de 47,5%.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

1ª C O L 2ª C O L 1ª C O L 2ª C O L 1ª C O L 2ª C OL 1ª C OL 2ª C O L 1ª C O L 2ª C O L 1ª C OL 2ª C O L

F E MININO MA S C UL INO F E MININO MA S C ULINO F E MININO MA S C ULINO

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E QUIL ÍB R IO C 1 P É S Ó

E QUIL ÍB R IO NA

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Para o movimento de arremessar as meninas melhoraram 12,5% (figura 1). Categoria de movimento Locomoção

Para essa categoria também não foi apresentado diferença significativa. Em relação aos resultados percentuais verificamos melhora da primeira para a segunda coleta somente no movimento salto horizontal para os meninos, onde 14,30% dos sujeitos se encontram no estágio maduro (figura 1). Idade adulta jovem Figura 9: Grupo Meia Idade - comparação entre gêneros. (1º e 2º coleta) Categoria de movimento Estabilização

Para o movimento de equilíbrio com um pé só houve diferença significativa. Da primeira para a segunda coleta 20% das meninas e 36% dos meninos apresentaram melhora (figura 2).

Categoria de movimento Manipulação Para essa categoria não houve diferença significativa e nem percentual. Houve melhora da primeira para a segunda coleta somente para os meninos, onde 30% saíram do inicial e foram para o elementar no movimento de chutar e 10% no movimento de arremessar (figura 2). Categoria de movimento Locomoção Nessa categoria verificamos diferença significativa para o movimento de salto horizontal para o gênero feminino, onde 33,33% tiveram melhora. Entretanto, analisando os resultados percentuais verificamos que os meninos tiveram melhora da primeira para a segunda coleta

de 11% para o salto horizontal e 10% para o correr (figura 2). Meia Idade Figura 10: Grupo Meia Idade - comparação entre gêneros. (1º e 2º coleta) Categoria de movimento Estabilização Encontramos diferença significativa para o movimento de equilíbrio com um pé só, pois os meninos apresentaram melhora de 33,33% da primeira para a segunda coleta para o estágio maduro (figura 3). Categoria de movimento Manipulação

Não houve mudança significativa e nem percentual em nenhum dos gêneros e movimentos (figura 3). Categoria de movimento Locomoção

Não houve diferença significativa para nenhum dos gêneros, entretanto, para os resultados percentuais verificamos que os meninos apresentaram melhora de 20% no movimento salto horizontal de 40% para o movimento de correr (figura 3). CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de os resultados apresentarem poucas diferenças significativas podemos observar através dos resultados percentuais que as atividades práticas trouxeram melhoras para ambos os

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gêneros. Contudo, os meninos apresentaram melhores resultados entre os grupos. Comparando os grupos, a Idade Adulta Jovem apresentou melhores resultados nas três categorias de movimentos.

Portanto, acreditamos que a atividade física é essencial para o desenvolvimento motor também de portadores de necessidades educacionais especiais, proporcionando-lhes uma vida mais ativa e saudável. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: Secretária de Ensino Fundamental, MEC/SEF, 2001. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2001. GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças, adolescentes e adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora, 2005. SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J. A. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação Física. V. 18, p. 33-44, ago. 2004. ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993. FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão fundamental de movimento correr em crianças: um estudo semi-longitudinal. Revista paulista de educação física, 6 (1), 26-34, 1992. SABA, F. K. F. Determinantes da prática de exercícios físicos em academia de ginástica. (tese de doutorado) São Paulo: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo – USP, 1999. VALENTINI, N. C. Percepções de Competência e desenvolvimento motor de meninos e meninas: um estudo transversal.

Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62, 2002. ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação física na educação infantil: influência de um programa em conteúdos conceituais e procedimentais. Revista Paulista de Educação Física, 2004.longitudinal. Revista paulista de educação física, 6 (1), 26-34, 1992. SABA, F. K. F. Determinantes da prática de exercícios físicos em academia de ginástica. (tese de doutorado) São Paulo: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo – USP, 1999. VALENTINI, N. C. Percepções de Competência e desenvolvimento motor de meninos e meninas: um estudo transversal. Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62, 2002. ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação física na educação infantil: influência de um programa em conteúdos conceituais e procedimentais. Revista Paulista de Educação Física, 2004.

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ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS PRESENTES NA MICROBIOTA NORMAL DE

TAMBAQUI ( Colossoma macropomum) E ACARÁ-

BANDEIRA ( Pterophyllun scalare) CULTIVADOS EM CATIVEIRO,

MANAUS-AM

Keillen Monick Martins Campos1 Cristiany de Moura Apolinário e Silva2 Alessandra Alves Drumond Siqueira1

INTRODUÇÃO Tambaqui (Colossoma macropomum)

O Colossoma macropomum (Cuvier,

1818), mais conhecido como Tambaqui (Fig. 1), é um peixe de áreas alagadas dos rios de água branca da Bacia Amazônica – várzeas são responsáveis por mais de 90 % da captura total de peixes. O ciclo anual de inundações provoca variações qualitativas e quantitativas na dieta, influenciando diretamente a condição nutricional dos organismos que habitam essas águas, como o tambaqui (Colossoma macropomum), um peixe de várzea, de importância econômica para a região amazônica. Mas que tem apresentado decréscimo em sua captura nos últimos anos (Oliveira, 2004).

Em seu desenvolvimento o tambaqui sofre grandes variações tanto no padrão de coloração, quanto na forma do corpo, em relação à cor dos adultos é bastante variável, de acordo com a cor da água, sendo mais escura nos indivíduos que vivem em rios de água preta e mais clara nos de água barrenta. É uma espécie endêmica das bacias do Amazonas e Orinoco (Santos, Ferreira, Zuanon, 2006).

Durante a época da cheia o tambaqui entra na mata inundada, onde se alimenta de

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientadora do bolsista. 3. Co-orientadora.

frutos ou sementes. Durante a seca que coincide com o defeso, os indivíduos jovens ficam nos lagos de várzea onde se alimentam de zooplâncton e os adultos migram para os rios de águas barrentas para desovar. Na época de desova não se alimentam, vivendo da gordura que acumulam durante a cheia (Woynarovich, 1988). Figura 1. Tambaqui (Colossoma macropomum).Fonte:Campos, 2008 Acará-bandeira (Pterophyllum scalare)

O Pterophyllum sacalare é um dos peixes mais comercializados no mundo inteiro. Originário da bacia amazônica, ele é hoje criado em larga escala praticamente no mundo inteiro, desde Estados Unidos, passando pela Europa, Ásia, África, Oceania e aqui no Brasil. O formato triangular torna o bandeira, um dos peixes mais exóticos. (Rodrigues & Fernandes, 2006).

O baixo nível de conhecimento e cuidados torna raro o crescimento completo do bandeira, que pode viver por anos. Apesar de observarmos de vez em quando alguma briga entre bandeiras, isto não chega a preocupar, pois é um comportamento normal da família Ciclidae, e estas normalmente acontecem por disputa de machos por alguma fêmea, ou simplesmente uma disputa territorial. Estas brigas não chegam a machucar nenhum dos indivíduos. É preciso prestar atenção nestas brigas, pois, isto pode significar o empenho de algum

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casal que se formou em seu aquário, e está defendendo uma pequena área para acasalamento e desova, fato corriqueiro em aquários comunitários com vários bandeiras adultos. (Sugai, 2003).

Leveduras Fungos de coloração branca,

vermelha ou preta, caracterizada por reprodução através de brotamento ou cissiparidade. Raramente formando micélio rudimentar, incluindo Ascomicetos, Basidiomicetos e Deuteromicetos. As chamadas leveduras imperfeitas ou anascosporadas possuem afinidades com ambos os grupos. (Lacaz et al, 2002).

As leveduras (Fig. 2) englobam estruturas somáticas globosas, ovais, ou alongadas. Algumas vezes, as gêmulas formam cadeias de células alongadas, denominadas pseudo-hifas, com constrições no local dos septos. Assim leveduras do gênero Candida sp. possuem pseudo-hifas e hifas verdadeiras, dependendo das condições de crescimento, enquanto as células somáticas de Cryptococcus possuem hifas somente em seu ciclo sexuado. (Lacaz et al, 2002). Segundo Lacaz et al, 2002 as leveduras são classificadas em :

1) Ascosporadas - formam ascos com ascósporos, pertencendo a classe Ascomycetes, família Saccharomycetaceae.

2) Anascosporadas – ausência de ascos e ascósporos. Pertencem a divisão Deuteromycota, classe Blastomycetes, família Cryptococcaceae.

Blastiosporadas – presença de blastiosporos, em curtos dentículos da célula vegetativa, posteriormente expelidos. Divisão Deuteromycota, classe Blastomycetes, família Sporobolomycetaceae.

Figura 2. Levedura. Fonte:Campos, 2008

Fungos Patogênicos Os fungos são conhecidos há muitos

anos como importantes agentes patogênicos para os peixes. São várias as doenças em que se manifestam, podendo atingir o aspecto de infecções tegumentares ou branquiais – as mais freqüentes e importantes – como acontece com a saprolegniose ou branquiomice ( Pavanelli et al, 2002).

Os fungos que interessam à piscicultura são pluricelulares, formados por células unidas em longos filamentos. A produção de esporos tem uma enorme importância na patologia piscícola, já que são os agentes infectantes dos peixes, sendo disseminados pela água que muitas vezes são de má qualidade, sendo a temperatura ou o manejo inadequado.

Objetivos

• Isolar leveduras que compõem a microbiota normal de tambaqui e acará-bandeira;

• Identificar as leveduras isoladas do tambaqui e acará-bandeira;

• Identificar quais extratos são úteis na tentativa de impedir o crescimento e desenvolvimento de leveduras nos peixes analisados;

• Testar a toxicidade de extratos de crajirú.

METODOLOGIA

Isolamento de Leveduras Para isolamento de leveduras dos peixes analisados, tambaqui e acará-bandeira, foi utilizado os seguintes procedimentos:

Examinou o visual da superfície do corpo e brânquias para detecção de sintomas que podem estar associados a infecções fúngicas (Silva, 2001);

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Usou um molde estéril, delimitando a área a que foi amostrada (Silva et al., 2001); Aplicou o swab (Fig. 3) com pressão, numa inclinação de 45º, descrevendo primeiro movimentos da esquerda para a direita e depois de cima para baixo. Rodou continuamente o swab, para que toda a superfície do algodão entre em contato com a amostra (Fig. 4) – Técnica do esfregaço de superfície (Silva et al., 2001); Foram selecionados 5 pontos de 10 cm2 na superfície de peixes grandes, quando estes forem pequenos foi amostrado o peixe inteiro (Silva et al., 2001);

O muco superficial do corpo ou das brânquias coletado pelos swabs forão inoculados em placas de Petri (Fig. 6) contendo os meios Agar Sabouroud com cloranfenicol (Shotts-Jr et al., 1975; Frerichs, 1984; Collins, 1993; Silva, 2001) para leveduras; (Silva et al., 2001); Incubou a 27ºC por 24 a 72 horas. (Silva et al., 2001).

Figura 3. Swab. Fonte: Campos, 2008 Figura 4. Coletando os fungos e leveduras nos peixes. Fonte:Campos, 2008

Figura 5. Inoculando o material no tubo de ensaio. Fonte:Campos, 2008. Figura 6. Material passado para as placas de petri.. Fonte:Campos, 2008.

Identificação de Levedura Para a identificação das leveduras

foi utilizado a coloração de azul de metileno, procedimento:

Flambou a lâmina e alça de platina; Colocou uma gota de azul de metileno sobre a lâmina; Com o auxílio de uma alça de platina, retirou-se uma pequena alíquota da colônia de leveduras e coloca na lâmina que contêm azul de metileno; Colocou-se a lamínula sobre a lâmina; Examinou-se a preparação ao microscópio óptico, com objetivas de 10 e 40X.

Preparação do extrato vegetal Foi obtido o extrato aquoso de

crajirú a partir da pesagem de 5g e 10g do material seco e misturado cada um com 100 ml de água destilada levadas a banho-maria por 10 min., em seguida foi deixado em descanso e depois filtrado em gases para obtenção do extrato.

Ação do Extrato Um tubo de ensaio com 5 ml contendo fungos já crescidos e dele foram passados para outros 4 tubos de ensaio, um tubo contendo solução salina e nos outros três contendo extrato de crajirú a uma concentração a 5% e 10%, utilizando uma placa de petri com o meio ágar-sabouroud, a

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placa foi dividida em 4 partes, uma das partes foi o controle e as outras três receberam extratos com fungos. (Figura 7) (JORGE, 2001). Figura 7. Esquema de procedimentos seguidos na verificação da ação do extrato sobre os fungos isolados do tambaqui e acará-bandeira. (JORGE, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos peixes foi possível identificar a presença da levedura Candida albicans, onde a caracterização das colônias auxiliou na identificação, que apresentavam borda cremosa e opaca. De acordo com Lacaz et al, 2002 a maioria das leveduras produz colônias glabras, de coloração branca ou bege, textura cremosa e superfície lisa. As coletas foram feitas em regiões onde mostravam maiores sintomas na superfície do peixe, para detecção de leveduras e fungos. Crocco, (2004) afirma os fungos associados às doenças de peixes são, na verdade, organismos patogênicos facultativos, ou seja, não causam diretamente a doença, mas sim se aproveitam de uma circunstância instalada para se manifestar. Reforça-se aqui a questão da prevenção, pois os fungos podem se estabelecer em qualquer lesão existente no corpo do peixe, causada por choques no transporte, agressão por outro peixe ou doenças já instaladas. As doenças mais comuns apresentam sintomas como manchas

brancas com formação de tufos semelhantes a algodão que se manifestam na superfície do corpo. Considerações finais

A identificação desses fungos e leveduras auxilia na tentativa de diminuir as doenças causadas por esses microrganismos nos peixes, já que os mesmos têm grande importância econômica, não só na nossa região mais em todo o mundo de forma que encontre agentes biocidas ou biostáticos, em uma possível ajuda aos criadores de cativeiros. O extrato de crajirú não mostrou eficácia. REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, Ana Cristina Belarmino de. Isótopos estáveis como bioindicadores qualitativo e quantitativo da dieta do tambaqui (Colossoma macropomum) da Amazônia Central. Disponível: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64132/tde-17092004-153408>. Acesso em 01 de Abr. de 2008. PAVANELLI, G.C.; Eiras, J.C.; Takemoto, R.M. Doenças de peixes: profilaxia, diagnóstico e tratamento. EDUEM; CNPq; Maringá, Brasil. 264p. 2002. SANTOS, G. M.; FERREIRA, E. J. G.; ZUANON J. A. S. Peixes Comerciais de Manaus – Manaus: Ibama/AM, ProVárzea, 2006. SILVA, Jorge Antonio Moreira da; PEREIRA Filho, Manoel; OLIVEIRA-PEREIRA, Maria Inês de. Fruits and seeds consumed by tambaqui (Colossoma macropomum, CUVIER, 1818) incorporated in the diets: gastrointestinal tract digestibility and transit velocity. R. Bras. Zootec., Viçosa, v. 32, n. 6, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-35982003000800003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 Abr 2008. SILVA, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. Livraria Varela; São Paulo. 317p. 2001. SUGAI, William. Acará-bandeira – A sua Magestade. Disponível: http://www.ecoanimal.com.br/ecochannel/artigos/artigobandeira.asp. Acesso em 01 de Abr. de 2008. WOYNAROVICH, E. Tambaqui e pirapitinga: - propagação artificial e criação de alevinos Imprenta: Brasília CODEVASF, 1988.

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ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PRESENTES NA

MICROBIOTA NORMAL DE TAMBAQUI ( Colossoma

macropomum) CULTIVADOS EM CATIVEIRO, MANAUS – AM

Simon Batista Castilho1

Cristiany de Moura Apolinário e Silva2 INTRODUÇÃO

A piscicultura é uma atividade que visa racionalizar o cultivo de peixes, exercendo particular controle sobre o crescimento, a reprodução e a alimentação destes animais (Galli & Torloni, 1985). Na Amazônia, a piscicultura encontra-se em estágio de desenvolvimento, embora seja bem desenvolvida em outras regiões brasileiras (Val et. al., 2000). Na região, tem sido visto como uma atividade com grande potencial, considerando a existência dos estoques naturais de várias espécies com alto valor comercial (Val et. al., 2000) e o desenvolvimento sustentável da região (Val & Honczaryk, 1995).

Por possuir carne bastante apreciada pela população local e apresentar um declínio na captura em ambiente natural, a principal espécie cultivada na região Norte é o tambaqui, sendo cultivado em seis dos sete estados da região (Val et. al., 2000). O tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) é uma espécie endêmica das bacias do Amazonas e Orinoco, sendo muito comum em lagos de várzea, pertence a ordem Characiformes, que são peixes de água doce, de dentes bem desenvolvidos, barbatana adiposa (na maioria das espécies) e com raios, e o corpo é coberto por escamas na forma ctenóide. É considerado um animal de grande porte, chegando até 100 cm de comprimento e mais de 30 kg, com corpo alto ___________________________ 1. Aluno bolsista do PROBIC/UniNorte. 2. Orientadora do bolsista.

e romboidal, lábios grossos e dentes molariformes (Santos, Ferreira, Zuanon, 2006).

O rápido incremento do tambaqui C. macropomum na piscicultura, trouxe consigo uma desvantagem, o crescimento das enfermidades nos peixes cultivados, podendo ser causada por bactérias que aparece como uma das maiores causadoras de infecções nos peixes. As bactérias, por aparecerem como uma das maiores causadoras de enfermidades apresentam uma enorme importância em piscicultura pelas doenças que provocam, as quais frequentemente têm um impacto econômico apreciável nas populações de peixes.

As taxas de mortalidade são por vezes muito elevadas, especialmente em situações de estresse dos hospedeiros (Silva, 2001). No estudo destes peixes, é necessário considerar vários fatores que intervêm de modo mais ou menos determinante no estabelecimento das infecções. É importante frisar que a maior parte destes microorganismos são organismos que fazem parte da microbiota normal da água, sendo encontrados à superfície dos peixes e nas respectivas brânquias (Cahill, 1990 apud Pavanelli et al., 2002). OBJETIVOS

Isolar bactérias que compõem a microbiota normal de tambaqui; Identificar bactérias Gram-negativas e Gram-positivas no tambaqui; Identificar bactérias possíveis causadoras de patologias no tambaqui; Identificar extratos vegetais úteis na tentativa de impedir o crescimento e desenvolvimento microbiano no tambaqui.

METODOLOGIA Coleta das bactérias Foi feito um exame visual da superfície do corpo para a detecção de sintomas associados a infecções bacterianas e em seguida a coleta do muco superficial do corpo com auxílio de um swabs. (figura 1).

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Figura 1. Coleta das bactérias. Isolamento As bactérias coletadas através de swabs foram inoculadas em placas de petri contendo meio de cultura sólido BHI para o crescimento. Posteriormente foram incubadas em estufa a 27ºC por 24 a 72 horas. (figura 2). Figura 2. Procedimento para o isolamento das bactérias. Identificação As colônias foram diferenciadas pela coloração e textura. Foram realizados testes de coloração de Gram, Endósporos e Cápsula (figura 3). Posteriormente

realizaram-se testes bioquímicos para todos os tipos bacterianos isolados: Oxidase, TSI, Citrato, SIM e Urease. (figura 4). Figura 3. Testes de coloração de Gram, endósporos e cápsula. Figura 4. Testes bioquímicos para identificação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram isoladas bactérias gram positiva e gram negativas dos peixes estudados (Figura 5).

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Tipos bacterianos

72%

18%

Gram +

Gram -

Figura 5. Porcentagem de tipos bacterianos, quanto às características de parede, isolados dos tambaquis estudados.

Morfologicamente observamos dois diferentes tipos bacterianos (Figura 6 e 7).

Morfologia bacteriana observada

72,80%

27,20%

Cocos

Bastonetes

Figura 6. Porcentagem de formas bacterianas observadas a partir do isolamento realizado em tambaquis. A B

Figura 7. Micrografias ópticas de formas bacterianas observadas a partir do isolamento realizado em tambaquis. (A – Bastonetes) (B- Cocos). Com os testes bioquímicos de identificação foi possível identificar as seguintes bactérias: Staphylococcus sp., Moraxella sp e Citrobacter sp. As bactérias gram-positivas poucas vezes são reportadas como agentes etiológicos patogênicos em peixes (ROBINSON & MEYER, 1966). No presente estudo, foi isolado um gênero bacteriano gram-positivo o Staphylococcus sp., que ocorrem em grupos assemelhando-se a cachos de uva, produzem muitas toxinas que contribuem para a sua toxigenicidade, aumentando sua habilidade de invadir o corpo e danificar tecidos, causam infecções caracterizadas por febre alta, vomito e com produção de pus (Tortora 2000). Moraxella sp. é uma bactéria gram negativa do tipo cocobacilos estritamente aeróbicos, que apresentam o formato de ovos, um formato intermediário entre cocos e bacilos,e frequentemente estão associadas a infecções em peixes (Tortora 2000). Citrobacter sp. são bastonetes gram negativos, membros da família Enterobacteriaceae, relacionados a Salmonella. Ocorrem no ambiente e podem causar septise. Silva (2001) isolou bactérias de Colossoma macropomum cultivados em duas estações de piscicultura, como resultado, foram identificados os 19 gêneros de bactérias gram negativas isoladas das brânquias, sendo a Moraxella sp. o único gênero presente neste trabalho. Shotts-Jr. et al. (1975) realizaram um estudo com peixes de aquário, transportados em sacos plásticos contendo oxigênio importados do sudeste da Ásia, assim como os demais trabalhos de microbiologia em peixes, foram sacrificados e imediatamente analisados, e da mesma forma que no presente trabalho, isolaram bactérias do gênero Citrobacter. Sousa et. al (1996) isolaram bactérias do gênero Moraxella no rim dos P. mesopotamicus cultivados em Pindamonhangaba. O tambaqui (Colossoma macropomum) assim como qualquer outro

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animal pode ser parasitado por microorganismos, inclusive bactérias, que podem causar ou não infecções, dependendo do estado de saúde do animal (Costa, 1998; Pavanelli et al., 1998). Não se conhece com exatidão os fenômenos fisiológicos que se passam nos peixes e favorecem a invasão e proliferação das bactérias, mas estão certamente relacionados com uma diminuição da capacidade do sistema imunitário dos hospedeiros (Schneider e Nicholson, 1980). Em condições de confinamento (cultivo), as chances de transmissão e proliferação bacteriana aumentam (Armijo, 1984; Pavanelli et al., 1998). As bactérias podem apresentar-se associadas a diversos fenômenos patogênicos, que costumam ser divididos em três principais aspectos: resposta septicêmica, relativamente mais freqüentes e causados particularmente pelas mais agressivas bactérias gram-negativas, necrose do tegumento e músculo, através da produção de toxinas necrosantes, e resposta crônica proliferativa, mais freqüentes no tecido hemacitopoietico (Fryer; Sanders, 1981). Porém se as condições da piscicultura forem boas, não haverá oportunidade para se desenvolverem até um ponto em que constituam uma preocupação para o piscicultor. Em muitos casos é possível evitar, ou pelo menos minimizar, o efeito negativo destes organismos (Austin; Rayment; Alderman, 1983; Eliot; Pascho; Bullock, 1989; Moore; Eimers; Cardell, 1990; Rogers, 1991; Newman, 1993). REFERÊNCIAS AUSTIN, B.; RAYMENT, J.; ALDERMAN, D. J. Control of furunculosis by oxolinic acid. Aquaculture, Amsterdam, v. 31, p. 101-108, 1983. CAHILL, M. M. Bacterial flora of fishes; a review. Microb. Ecol., New York, v. 19, p. 21-41, 1990. FRYER, J. L.; SANDERS, J.E. Bacterial kidney disease of salmonid fish. Annu. Rev.

Microbiol., Palo Alto, v. 35, p. 273-298, 1981. SCHNEIDER, R; NICHOLSON, B. L. Bacteria associated with fin rot disease in hatchery reared Atlantic salmon (Salmo salar). Can. J. Fish. Aquat. Sc., Otawa, v. 37, p. 1505-1513, 1980. SILVA, C.M.A., Bactérias Gram-negativas isoladas do tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) criado em cativeiro, Amazonas – Brasil. Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Universidade Federal do Amazonas. Manaus, Brasil. 2001. SILVA, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. Livraria Varela; São Paulo. 317p. 2001. TORTORA, G. J.; Funke, B. R.; Case, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 827p., 2002.

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REPERTÓRIOS DE LEITURA E ESCRITA E ÍNDICES DE

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ENTRE CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E/OU COM

HISTÓRICO DE FRACASSO ESCOLAR.

Dayse da Silva Albuquerque1 Gustavo Paiva de Carvalho 2

Williames Augusto Bacelar Souza3 Karla Alessandra de Amorim D’Elía3

INTRODUÇÃO

O presente estudo verificou relações existentes entre repertórios de leitura e escrita e consciência fonológica. Para analistas do comportamento, o termo “consciência” possui várias conotações na linguagem coloquial, as quais podem traduzir-se em dificuldades quando da sua utilização visando o estabelecimento de uma definição operacional sobre um ou mais fenômenos investigados (ver Ryle, 1949). Para tanto, sugere-se que o fenômeno da consciência fonológica deva ser abordado mediante a identificação de repertórios comportamentais e do controle discriminativo de estímulos a eles relacionados. METODOLOGIA Participantes:

Participaram desta pesquisa 35 crianças com idades entre 05 e 09 anos,

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. Curso de Psicologia. E-mail: [email protected] 2. Orientador da bolsista. Curso de Psicologia do UNINORTE. E-mail: [email protected]. 3. Estagiários de Psicologia Escolar. Curso de Psicologia.

sendo 13 do sexo feminino e 22 do sexo masculino. Vinte e nove crianças pertenciam a uma mesma turma de alfabetização de uma escola pública. Os outros seis participantes eram crianças institucionalizadas, todas com histórico de fracasso escolar, com idades acima de 07 anos e que ingressarão em um programa alternativo de ensino de leitura. Instrumentos e Procedimento:

Foram utilizados quatro testes como instrumentos de avaliação. O instrumento destinado à avaliação de leitura (LEITURA) consistia na apresentação de palavras simples bissílabas e trissíbalas na tela do computador, solicitando a leitura da mesma. A avaliação de escrita (ESCRITA), a verificação de habilidades fonológicas (HAB_FONO) e a verificação de unidades de controle de estímulos textuais sobre a leitura (UN_CONTR) ocorreu pela adaptação da Prova de Consciência Fonológica (PCF) (Capovilla e Capovilla, 1998) e do Teste de Nível de Consciência Fonológica e Linguagem Escrita (CF/LE) (Maluf e Barreira, 1997).

A seguir são apresentados exemplos de tarefas utilizadas para averiguação das habilidades fonológicas: - HAB_FONO: Sílabas/Fonemas:

Síntese: “Que palavra teremos se juntarmos /pa/ - /to/ (ou /c/ - /a/ - /rr/ - /o/)?” Segmentação: “Como ficará se separarmos em sílabas (ou os sons) a palavra /dedo/?” Manipulação: “Como ficará se colocarmos /co/ depois de /be/ (ou /r/depois de /canta/)?” Transposição: “Vamos falar uma palavra de trás para frente, invertendo as partes (sílabas) (ou os sons – fonemas) da palavra? Como ficará a palavra /lobo/?”

Rima: “Entre as três palavras, quais são as duas que terminam com o mesmo som: /caixão/, /João/, /José/?”

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Aliteração: “Entre as três palavras, quais são as duas que começam com o mesmo som: /boné/, /feijão/, /bola/?” - UN_CONTR: Conteúdo Semântico X Similaridade Fonológica: “PAPAI. Qual palavra inicia com o mesmo som que PAPAI: Garfo / Pato / Mamãe? Tamanho da palavra X Quantidade de letras: “Figuras e palavras impressas: BOI x FORMIGUINHA. Indique qual palavra é a figura.” RESULTADOS

A Figura 1 apresenta as porcentagens de acertos nos quatro testes utilizados. Verificaram-se correlações positivas significativas entre os valores dos quatro testes e não significativas entre cada um destes e a idade dos participantes. A correlação mais intensa foi observada entre os testes de LEITURA e ESCRITA (r=0,83; p=0,00) (ver Tabela 1).

Esta relação entre variáveis foi corroborada por uma análise de regressão múltipla, tomando as porcentagens de acertos obtidos no teste LEITURA como variável dependente, contrastando-os com os valores dos outros testes e com a idade. Somente os testes LEITURA e ESCRITA apresentaram relação linear significativa, evidenciando que o aumento da habilidade de leitura foi acompanhado por aumento de acertos nas tarefas de escrita (b=1,40; r2=0,69; p=0,00) (ver Tabela 2).

Uma ANOVA demonstrou que o teste HAB_FONO foi o único que não apresentou diferenças significativas em relação aos outros, aspecto confirmado por um teste Tukey Post Hoc. DISCUSSÃO

A não diferença entre habilidades de leitura e escrita e as idades explica-se pelas crianças estarem iniciando a alfabetização ou pelo histórico de fracasso escolar. Apenas seis participantes leram mais de

50% das palavras apresentadas no teste de leitura. Os resultados sugerem que, em fase inicial de aquisição de leitura e escrita, unidades de controle sobre o comportamento de leitura (dimensões a) tamanho da palavra falada versus quantidade de letras da palavra impressa e b) conteúdo semântico versus similaridades fonológicas) apresentam maior relevância se comparadas a habilidades mais sofisticadas como c) síntese e/ou transposição de sílabas e/ou fonemas ou habilidades de d) identificação de rima ou aliteração. Contudo, estudos posteriores com as mesmas crianças ao final do primeiro ano de alfabetização ou do programa alternativo de ensino possibilitarão uma maior acurácia sobre a identificação dos fatores mais relevantes no processo de aquisição de leitura e escrita. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Capovilla, A. G. S. e Capovilla, F. C.

(1998). Prova de consciência fonológica: desenvolvimento de dez habilidades da pré-escola à segunda série. Temas em Desenvolvimento, 7, 37, pp. 14-20.

Maluf, M. R. e Barrera, S. D. (1997). Consciência fonológica e linguagem escrita em pré-escolares. Psicologia: Reflexão e Crítica, 10, 1, pp.125-145.

Ryle, G. (1949). The concept of Mind. Londres: Hutchison.

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Tabela 1: Índices de Correlação de Pearson entre variáveis (Testes ou Idade) (p≥0,01).

Tipo de Teste ou Idade LEITURA HAB_FONO UN_CONTR ESCRITA IDADE LEITURA (n=35) 1,00 ,470(p=,005**) ,550(p=,001**) ,827(p=,000**) -,123 (p=,481)

HAB_FONO (n=34) ,470(p=,005**) 1,00 ,504(p=,002**) ,445(p=,010**) -,135 (p=,445)

UN_CONTR (n=34) ,550(p=,001**) ,504(p=,002**) 1,00 ,655(p=,000**) -,263 (p=,133)

ESCRITA (n=33) ,827(p=,000**) ,445(p=,010**) ,655(p=,000**) 1,00 -,196 (p=,273)

IDADE (n=35) -,123 (p=,481) -,135 (p=,445) -,263 (p=,133) -,196 (p=,273) 1,00

Tabela 2: Análise de regressão múltipla entre porcentagem de acertos para o Teste de Leitura e os outros testes e a idade (p≥0,01).

Tipo de Teste ou Idade

Coeficientes

P r2 b D.P. HAB_FONO 0,466 0,443 0,301 0,22

UN_CONTR -0,017 0,335 0,959 0.30

ESCRITA 1,40 0,171 0,000** 0,69

IDADE 0,70 3,750 0,854 0,02

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ESTUDO DOS CONTEXTOS URBANO E AMBIENTAL DAS PALAFITAS DA CIDADE DE

MANAUS

Taissa Dias Barros1 Mirna Feitoza Pereirar2

Márcia Honda Nascimento Castro3 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta os resultados de estudo sobre os contextos urbano e ambiental das palafitas da cidade de Manaus. Palafitas são moradias tradicionais da cultura ribeirinha amazônica, incidindo ao longo dos rios da região. Em Manaus, essa moradias ocorrem no entorno dos igarapés que cortam a cidade, conferindo ao espaço urbano da capital amazonense traços da cultura ribeirinha. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, documental e observação de campo e integra o projeto “Espaços semióticos urbanos: palafitas como texto da cultura amazônica”, coordenado pela Profa. Dra. Mirna Feitoza Pereira, cujo objetivo é investigar a relevância dessas habitações no contexto da cultura amazônica.

A arquitetura das palafitas, caracterizada aqui como vernacular, integra há bastante tempo o espaço urbano de Manaus e atualmente está desaparecendo da cidade em face às ações do poder público

1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. Curso de Arquitetura e Urbanismo, 6º. período. Unidade 8. Rua Huascar de Figueiredo, 205, Centro. CEP 69020-220.E-mail: [email protected]. 2. Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC/SP), orientadora da bolsista e professora do Curso de Comunicação Social do UniNorte, Unidade 11. Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP: 69020-020, Manaus, AM. E-mail: [email protected]. 3. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, co-orientadora da bolsista, professora e coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniNorte, Unidade 8. Rua Huascar de Figueiredo, 205, Centro. CEP 69020-220. E-mail: [email protected].

para revitalizar os igarapés do perímetro urbano. Estes constituem ambientes onde as palafitas historicamente foram construídas na cidade, fazendo parte do espaço urbano. Desse modo, antes que a paisagem composta pelas palafitas e os igarapés desapareçam da cidade, é importante que haja um estudo que explore a relevância cultural dessas habitações no contexto da cidade.

Assim, este projeto tem ainda como objetivo a investigação das relações entre as palafitas e os igarapés que compõem o espaço urbano de Manaus e a documentação das áreas estudadas por meio de registro fotográfico. METODOLOGIA

A coleta de dados foi desenvolvida por meio de pesquisa bibliográfica, observação de campo, pesquisa documental e documentação, por meio de registros fotográficos das áreas de estudo.

As pesquisas bibliográficas envolveram levantamentos, leituras e fichamentos de artigos científicos, dissertações e outras publicações que auxiliaram na coleta de dados a respeito do objeto de pesquisa.

As observações de campo foram técnicas de pesquisa importantes, para análise e compreensão das características referentes ao espaço compreendido pelas ‘palafitas urbanas’ e os igarapés.

Os igarapés observados foram: - Igarapé do Franco (06/03/08); Igarapé de Educandos (25/04/08); Igarapé de São Raimundo (02/05/08); Igarapé 13 de Maio (27/07/08).

Além das técnicas de pesquisa relatadas, também fizeram parte do processo de execução do projeto, a participação nas aulas de metodologia do trabalho científico e reuniões semanais do Grupo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares da Comunicação (GPCOM), coordenado pela Profa. Dra. Mirna Feitoza Pereira.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa chegou aos seguintes resultados: - As palafitas co-existem com os igarapés urbanos, estabelecendo uma forte relação de dependência com o corpo d’água. Desse modo, os igarapés são a condição ambiental necessária para a incidência de palafitas na cidade, sem os quais, elas desaparecem; - Ao mesmo tempo, essas habitações tradicionais da cultura ribeirinha estabelecem uma importante relação com a urbe, compondo o espaço urbano de Manaus; - Essa relação empresta às palafitas elementos da cidade, tanto nos aspectos arquitetônico e urbanístico como paisagístico; - Assim, materiais como alvenaria e concreto passam a fazer parte da arquitetura das palafitas da cidade. Do mesmo modo, as passarelas em madeira, comuns aos aglomerados de palafitas urbanas, constituem-se, pode-se dizer, uma forma de urbanização, com a função de passeios públicos, ainda que de maneira intuitiva; - Portanto, as palafitas da cidade de Manaus, aqui chamadas de “palafitas urbanas”, são herança da cultura ribeirinha da região, apresentando características similares a esta. Ao mesmo tempo, as palafitas recebem e expressam forte influência da cidade; - Nos aglomerados urbanos de palafitas, a arquitetura tradicional ribeirinha se torna mais presente conforme a proximidade da habitação com o igarapé. Concomitantemente, quanto mais distante do leito e próxima das ruas, maior é a influência da urbe na sua arquitetura.

Para desenvolver o estudo e alcançar os resultados supracitados, houve a necessidade de buscar bases para a fundamentação teórica e por conseguinte, aprimorar a definição conceitual de categorias elementares, como espaço geográfico, espaço urbano e paisagem.

Milton Santos (2008) reivindica para a geografia o lugar de excelência da discussão do conceito de “espaço”. Ele define o espaço em diferentes categorias: conjunto de fixos e fluxos, configuração territorial e

relações sociais; sistemas de objetos e sistemas de ações.

Numa primeira hipótese, o espaço é considerado como um conjunto de fixos e fluxos, onde os fixos, fixados em cada lugar, permitem ações que modificam o próprio lugar e os fluxos, novos ou renovados, recriam as condições ambientais e as condições sociais, e ainda redefinem cada lugar. “Os fluxos são um resultado direto ou indireto das ações e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também, se modificam” (SANTOS, 2008, p.62).

Santos indica ainda uma segunda possibilidade: a de trabalhar a definição de espaço com um outro par de categorias formado pela configuração territorial e as relações sociais.

A primeira é dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou uma dada área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. E ressalta que a configuração territorial e o espaço são distintos, já que a realidade da configuração territorial vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a anima. (SANTOS, 2008, p. 62)

A terceira proposta é a de trabalhar o espaço como o conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações que se interagem. “De um lado, os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado, o sistema de ações leva à criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos preexistentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma” (SANTOS, 2008, p.63). Para a geografia, a definição de objeto é tudo o que for existente na superfície terrestre, toda herança natural e todo resultado da ação humana que se objetivou. Já as ações resultam de necessidades, naturais ou criadas que podem ser: materiais, imateriais, econômicas, sociais, culturais, morais, afetivas, e são elas que conduzem os homens a agir e levam a funções. Funções essas que, de uma forma ou de outra, vão desembocar nos objetos. “Realizadas através de formas

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sociais, elas próprias conduzem à criação e ao uso de objetos, formas geográficas”. (SANTOS, 2008, p. 82 e 83)

Durante o estudo, além do conceito de espaço geográfico, também houve a necessidade de buscar o conceito de paisagem, também fundamentado em Santos. Segundo ele, paisagem e espaço não são sinônimos, uma vez que paisagem se dá pelo conjunto de formas ou elementos naturais e artificiais que fisicamente caracterizam uma área e num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. É apenas a porção da configuração territorial; já o espaço “são essas formas mais a vida que as anima”. (SANTOS, 2008, p.103). E acrescenta: “Cada paisagem se caracteriza por uma dada distribuição de formas-objetos, providas de um conteúdo técnico específico. Já o espaço resulta da intrusão da sociedade nessas formas-objetos.” (SANTOS, 2008, p.103).

Seguindo as bases teóricas de Milton Santos e partindo dos conceitos sustentados por ele, pode-se dizer que os igarapés são os elementos fixos e as palafitas os fluxos, estas consideradas de tal modo por serem responsáveis pelas transformações no ambiente em que se instalam nos igarapés. A paisagem se modifica e são inúmeras as alterações, tanto nos aspectos ambientais, quanto nos paisagísticos e em outras categorias que não nos cabe nesta discussão. A confirmação deste raciocínio se concretiza quando Santos diz que “fluxos se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também se modificam”. Mas, se partimos para uma forma macro de pensar e considerarmos este espaço como um todo, ou seja, formado pelo igarapé e as palafitas como elementos indissociáveis, também teremos que estes modificam a cidade, e agora poderão ser identificados como fluxos e a cidade como fixo. No entanto, esta será fluxo se comparado ao Estado e assim por diante. Então, para efeito deste estudo, utilizou-se apenas, a definição de igarapés e palafitas como elementos fixos e elementos fluxos, respectivamente.

Lobato Corrêa (2005) nos ajuda a definir o espaço urbano. Para ele, este compreende um conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si, definindo áreas, como o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais, distintas em termos espaciais e conteúdo social, de lazer e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão. Acrescenta ainda que o espaço é formado por partes e que cada uma mantém relações espaciais entre si, ainda que de intensidade muito variável, considerando desta forma, que o espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado.

Estas relações manifestam-se empiricamente através de fluxos de veículos e de pessoas associados às operações de carga e descarga de mercadorias, aos deslocamentos cotidianos entre as áreas residenciais e os diversos locais de trabalho, aos deslocamentos menos freqüentes para compras no centro da cidade ou nas lojas do bairro, às visitas aos parentes e amigos, e às idas ao cinema, culto religioso, praia e parques.(CORRÊA, 2005, pg.7)

Desta forma, pode-se concluir que o

espaço compreendido pelas palafitas e o igarapé obedece a essa dinâmica de relações espaciais, estabelecidas pelo translado dos moradores a diferentes lugares para finalidades diversas. Roberto Lobato Corrêa constata ainda que o espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado, e que esta divisão articulada é a expressão espacial de processos sociais, sendo, portanto reflexo da sociedade.

Se considerarmos o ambiente constituído pelas palafitas e o igarapé como um núcleo fragmentado do espaço urbano, será possível estabelecer comparações com a outra porção do espaço, ou seja, a porção distinta ao ambiente que, formado pelo igarapé e conseqüentemente pelas palafitas, já que o igarapé é a condição de existência dessas habitações, embora ambas as formas espaciais sejam intensamente articuladas, dentro da cidade de Manaus. E essa forte

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relação empresta às palafitas elementos da cidade. Fazendo uma comparação entre os dois fragmentos, de um lado a parcela que compreende o ambiente onde as palafitas estão inseridas, e de outro a que não compreende este ambiente, pode-se entender as embarcações fluviais como sendo os carros, os igarapés como as ruas largas de acesso principal e as estreitas passarelas de madeira como os passeios públicos.

Ainda em busca da compreensão do espaço em estudo, foi necessário recorrer às técnicas de compreensão das cidades proposta por Lucrecia Ferrara (2006). Segundo ela, a cidade organiza-se como linguagem, em outras palavras, expressa-se por meio da constituição de seu espaço urbano. Ferrara distingüe o “ver” do “observar” e incube a este último a compreensão da paisagem, de forma a despí-la, nas suas diversas nuances.

[...] O olhar leitor precisa passar do ver ao observar e, nessa passagem, investiga semelhanças e diferenças. Logo, para ler cidades é necessário desenvolver a atenção conduzida pela curiosidade científica que se debruça sobre o objeto para perceber as distâncias que se estabelecem entre aquela experiência de ler e o novo objeto de leitura que atrai a atenção. [...] (FERRARA, 2006,p.12)

Para Ferrara, a percepção da cidade

está na interpretação do observador, ou “na própria inteligência que percebe”. É preciso saber “ler” a cidade, diante do “leitor/ observador, faz-se lugar de igualdades e diferenças, de cheios e reentrâncias de sentidos, mas, sobretudo, de comparações” (FERRARA,2006, p.12). Este exercício de leitura do espaço estudado tornou-se possível por meio das observações de campo e registros fotográficos, que permitiram a comparação de imagens e a produção de “uma sintaxe, uma lógica dos significados das imagens e das suas inteligibilidades”.

Para efeito de compreensão das palafitas urbanas como texto cultural manauara, buscou-se como fundamentação teórica a Semiótica da Cultura. O principal legado dessa vertente de estudos semióticos é a abordagem da cultura como texto. Na

semiótica da cultura, ao tomar-se um objeto cultural como texto supõe-se que ele esteja codificado de alguma forma, por mínimo duas linguagens, ainda que os códigos que o entrelaçam sejam, num primeiro momento, desconhecidos pelo investigador (LOTMAN, 1998b: 119).

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Larissa Christinne Melo de. Habitabilidade na cidade sobre as águas: desafio da implantação de infra-estrutura de saneamento nas palafitas do Igarapé do Quarenta – bairro Japiim- Manaus/Am. Natal,2005. Disponível em: www.ppgau.ufrn.br/dissertacoes/larissaa.pdf CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4 ed.São Paulo: Editora Ática, 2005. FERRARA, Lucrecia D´Alessio. Olhar Periférico: Informação, Linguagem, Percepção Ambiental. São Paulo: EDUSP. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. MACHADO, Irene (org.) (2007). Semiótica da cultura e Semiosfera. São Paulo: Fapesp/Anablume. MACHADO, Irene (2003). Escola de Semiótica. A experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. São Paulo: Ateliê Editorial. MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus- História e Arquitetura (1852-1910). 3 ed. . Manaus: Valer, Prefeitura de Manaus e Uninorte, 2006. OLIVEIRA, José Aldemir de. Análise da moradia em Manaus (Am), como estratégia de compreender a cidade. Scripta Nova. Revista Electrónica de geografia y Ciências Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2007, vol.XI, núm. 245 (30). Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-24530.htm> SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo, Razão e Emoção. 4.ed.4.reimpr.. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a vida. 9 ed. Manaus: Valer, 2000.

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A TUTELA JURÍDICA DOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS

ASSOCIADOS ENQUANTO ESPÉCIE DE PROTEÇÃO DA

PROPRIEDADE INTELECTUAL NA AMAZÔNIA

Alberto Luiz Silva Ferreira Filho1

Fabiana da Silva Barreiros2 Francisco João Leite3

Marcelo Augusto Andrade de Oliveira4

Raimundo Pereira Pontes Filho5

INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa trata dos

conhecimentos tradicionais associados, como estes vêm sendo tratados pelo ordenamento jurídico nacional, quais as suas relações com o patrimônio genético, o sistema de proteção da propriedade intelectual, e a repartição de benefícios gerados a partir da exploração dos recursos auridos com base nos saberes e costumes dos povos tradicionais.

Para tanto se optou pelo método dedutivo com base na pesquisa bibliográfica e na utilização de documentação indireta. É importante ressaltar que na coleta dessas informações, procurou-se delinear as fontes concatenando-as de modo que possam mostrar uma correlação de forma encadeada e harmônica com o tema tratado. Além do mais, para que seja implementada tal proposta, cumpri- nos

1. Aluno voluntário do PROBIC/UniNorte, Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541 Praça 14 de Janeiro. 2 Aluna voluntária do PROBIC/UniNorte. Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de Janeiro. 3 Aluno voluntário do PROBIC/ UniNorte. Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de Janeiro. 4 Orientador do PROBIC/ UniNorte. Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de Janeiro. 5 Co-orientador do PROBIC/ UniNorte, Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de Janeiro.

precipuamente fazer uma análise da evolução legislativa do sistema de proteção desses conhecimentos, sobretudo, em seu aspecto jurídico, sem se olvidar do econômico e social, uma vez que, os benefícios decorrentes do domínio dessa cultura milenar, devem ser delimitados pelos ganhos sociais, traduzidos na participação dessas comunidades e na distribuição desses benefícios de maneira eqüitativa. Em decorrência disso, abordaremos neste estudo alguns conceitos trazidos pelo legislador constitucional ao elaborar a Constituição Federal de 1988, o qual desvelou a proteção desses conhecimentos tradicionais e tornou-as efetiva, nos artigos 215, 216 e o inciso II, do art. 225 garantindo assim, a curatela destes interesses ao Estado. Além disso, foram tratados temas presentes na Convenção sobre Diversidade Biológica, uma vez que esta representa a primeira conquista nacional em termos de conscientização acerca do valor intrínseco que concebe a diversidade biológica do país, especificamente pelo fato de trazer em seu bojo a discussão de como devem ser auferidos esses conhecimentos, e da necessidade de se desenvolver capacitação científica, técnica e institucional que proporcione estratégias de planejamento e medidas adequadas de gestão. Vale salientar que o tema está intimamente ligado aos problemas relativos à biopirataria e a bioprospecção cujas relações serão estabelecidas no presente estudo. Por fim, aprofundaremos a discussão que gira em torno da Medida Provisória N. 2186-16 de 23 de Agosto de 2001, que trata das disposições sobre a proteção dos conhecimentos oriundos das populações nativas, objetivando evitar que as comunidades detentoras dessas técnicas e produtos tradicionais sejam utilizadas indevidamente. Traçaremos ainda alguns comentários sobre a diversidade de idéias que o tema sugere, dando ênfase as nuances que ligam o instituto e a nova Lei de Biossegurança, esperando dessa forma disseminar um tema de extrema importância para os centros de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e legislativos, sobretudo, para as populações ribeirinhas e indígenas ao longo do Amazonas.

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REFERÊNCIAS OLIVEIRA, Marcelo Augusto Andrade de Oliveira. A proteção do conhecimento no pólo industrial de Manaus mediante a utilização do sistema de propriedade intelectual. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção. Manaus, UFAM: 2004. SHIVA, vandana. Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. Trad. Laura cardellini barbosa de oliveira. Rio de janeiro: vozes, 2001. SANTILLI, Juliana. Biodiversidade e conhecimentos tradicionais associados: novos avanços e impasses na criação de regimes legais de proteção. Revista de direito ambiental. São Paulo, v. 8, n. 29, p. 83-102, jan.-mar. 2003. SILVA, Américo Luís Martins da. Direito do meio ambiente e dos recursos naturais, v. 3-São Paulo:ed.revistas dos tribunais,2006. SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. O renascer dos povos indígenas para o direito. Curitiba: juruá, 2004.

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LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA INCIDÊNCIA DE PALAFITAS NA

CIDADE DE MANAUS, COM ÊNFASE NOS IGARAPÉS DE

EDUCANDOS E SÃO RAIMUNDO

Márcio Alexandre dos Santos Silva1 Mirna Feitoza Pereira2

Milke Cabral Alho3 INTRODUÇÃO Este projeto de pesquisa desenvolveu um levantamento histórico sobre a incidência de palafitas na cidade de Manaus, com ênfase nos igarapés dos bairros de Educandos e São Raimundo. O projeto integra a pesquisa “Espaços semióticos urbanos: palafitas como texto da cultura amazônica”, coordenada pela Profa. Dra. Mirna Feitoza Pereira no Centro Universitário do Norte.

Dentro do projeto ao qual está vinculado, o levantamento histórico realizado se deu em face da necessidade de compreender os primórdios da ocupação desse tipo de moradia tradicional da cultura ribeirinha no espaço urbano de Manaus, enfocando, sobretudo, os igarapés de Educandos e São Raimundo, por estarem localizados em dois dos bairros mais antigos da cidade.

1. Aluno voluntário do PROBIC/UniNorte. Curso de Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda, 6º. período. Unidade 11, Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP: 69020-020. E-mail: [email protected]. 2. Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), orientadora do aluno e professora do curso de Comunicação Social do UniNorte. Unidade 11, Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP: 69020-020. E-mail: [email protected]. 3. Especialista em Metodologia do Ensino Superior (UFAM), co-orientador e professor do curso de Comunicação Social do UniNorte. Unidade 11, Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP: 69020-020.

Durante a pesquisa, a principal dificuldade foi encontrar fontes que relatassem o desenvolvimento histórico das palafitas na cidade de Manaus. Observou-se que os registros encontrados muitas vezes omitem o nome tradicional da habitação (palafitas), dificultando a compreensão de sua história. Desse modo, a realização de entrevistas com antigos moradores dos bairros estudados tornou-se imperativa.

A hipótese que orientou o trabalho foi a de que a proliferação de palafitas na cidade de Manaus está relacionada com os ciclos econômicos e movimentos migratórios da cidade.

A sistematização dos dados foi feita em duas partes. Na primeira, apresenta-se um panorama do desenvolvimento econômico da cidade de Manaus. Na segunda, mostra-se a presença de palafitas no contexto histórico dos bairros de Educandos e São Raimundo. METODOLOGIA

O método utilizado para o

desenvolvimento da pesquisa foi o dedutivo, com coleta de dados através de técnicas de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, observação de campo e documentação, por meio de registros fotográficos, das áreas estudadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa chegou aos seguintes resultados: - A incidência de aglomerados de palafitas na cidade de Manaus está relacionada com os ciclos econômicos da cidade. - A primeira expansão de aglomerados de palafitas em Manaus coincide com o período áureo da borracha, segunda metade do século XIX até os 12 primeiros anos do século XX, época em que a cidade vivenciou o maior movimento migratório ocorrido na Amazônia pós-conquista: 500.000 pessoas. - Historicamente aterramento de igarapés na cidade de Manaus ignora as tradições culturais locais de morar em palafitas e casas pequenas de madeira. - Com a decadência da economia da borracha, ocorreu um ciclo migratório importante de

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trabalhadores dos seringais para a cidade. Sem encontrar lugar no espaço planejado, esses trabalhadores se estabeleceram nas margens dos igarapés e no próprio rio, a exemplo da Cidade Flutuante. - No período de instalação da Zona Franca de Manaus, o número de habitantes aumentou de 150.000, em 1967, para 600.000, em 1970. - O rádio teve um papel importante na migração de ribeirinhos para a cidade, ao divulgar notícias de que Manaus era o paraíso das mercadorias baratas. - O registro histórico mais remoto de palafitas na cidade de Manaus foi localizado no livro do historiador Mario Ypiranga Monteiro, intitulado “Fundação de Manaus” (1994). A publicação faz referência a agrupamentos de palafitas encontradas na cidade quando esta ainda era denominada Lugar da Barra, em 1695. Foi encontrado também um documento iconográfico dessas habitações, datado de 1865, no livro “Manaus: ruas, fachadas e varandas”, de Moacir Andrade (Figura 1).

Chegou-se a esses resultados por meio da discussão a seguir.

1. Panorama do desenvolvimento econômico da cidade de Manaus 1.1. A era da borracha em Manaus e a expansão urbana

O período da segunda metade do século XIX e durante os 12 anos primeiros anos do século XX é denominado como “apogeu da borracha”. Esta denominação se deu pela grande riqueza trazida pela produção da borracha e venda em grandes quantidades para as fábricas de transformação que se instalavam na Europa e nos Estados Unidos.

A conseqüência dessa riqueza gerada pela borracha foi à criação de um comércio interno muito ativo.

Inicialmente a força de trabalho na extração e beneficiamento da borracha era indígena. Porém, com a resistência dos índios somada a insuficiência populacional de “caboclos”, tornou-se necessária a importação de mais trabalhadores.

Então, houve início ao maior movimento migratório ocorrido na Amazônia pós-conquista: 500.000 pessoas.

Com crescimento econômico gerado pela borracha, foi necessário melhorar a infra-estrutura nas cidades amazônicas. (FIGUEIREDO, 2002, p. 81). Conforme Mesquita, sendo

“ignorada a acidentada topografia de Manaus: os igarapés foram aterrados, colinas niveladas, artérias calçadas e edifícios foram construídos em moldes europeus, mas nem sempre adaptáveis ao clima tropical”. (MESQUITA, 1999, p. 147).

Em contrapartida, uma imensa massa

de miserável de trabalhadores nordestinos, índios destribalizados e caboclos morava na periferia, ocupando chacos e alagadiços, vivendo em palhoças de taipa e chão batido de um só cômodo, abrigando numerosas famílias de sete a nove pessoas, dormindo em redes, amontoados uns sobre os outros. (FIGUEIREDO, 2002, p. 82).

Com a crise em 1906 da economia gomífera, houve um crescimento da miséria, trazendo uma imensa massa de desempregados para as cidades amazônicas.

Neste cenário surge a Cidade Flutuante (1920), na baía do Rio Negro.

“Este conjunto grotesco de casebres insalubres servia de depósito de ribeirinhos famintos, expulsos de suas terras pela fome e pelos jagunços dos patrões. Uma verdadeira pocilga humana cujo maior destaque era delinqüência disseminada no local”. (FIGUEIREDO, 2002, p. 82).

1.2. A Zona Franca de Manaus

No período de instalação da Zona Franca de Manaus, a população aumentou de 150.000 (1967) para 600.000, em 1970.

“Este crescimento deu-se por uma maciça propaganda oficial que alardeava suas esperançosas qualidades, a Zona Franca de Manaus traiu uma massa de imigrantes de todas as regiões do país, principalmente dos beiradões dos rios amazônicos”. (FIGUEIREDO, 2002, p. 107).

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Os ribeirinhos foram “[...] atraídos

pelo sonho de dias melhores, principalmente pelas notícias divulgadas pelos rádios, segundo os quais, Manaus era o paraíso das mercadorias baratas” (BENTES; ROLIN, 2005, p. 205).

Conseqüentemente, a cidade inchou e não teve condições de receber um grande fluxo de pessoas, gerando um desastre do ponto de vista social, econômico e ambiental. (FIGUEIREDO, 2002, p. 109).

Estas pessoas se instalavam no centro da cidade, onde havia instâncias para aluguel, em quando o mínimo de recurso faltava, o que ocorria com a maioria, então se buscava ocupações em bairros mais distantes de do centro ou se alojavam em igarapés que se projetavam pelo interior da cidade.

“Sem áreas suficientes e sem política de assentamentos, os imigrantes ocuparam terras impróprias para fixar suas moradias, levantando seus casebres em lixeiras, leitos de igarapés que cortam a cidade, causando danos irreparáveis nestes ambientes”. (FIGUEIREDO, 2002, p.107).

Em pelo menos 10 anos de Zona

Franca, Manaus já se encontrava como um caos urbano, com o aumento de bairros superpopulosos e sem estruturas sociais adequadas, carente de segurança, com escolas insuficientes para atender a demanda de novos alunos, sem serviços de saúde capazes de atender à população, principalmente de baixa renda e sem saneamento básico. (FIGUEIREDO, 2002, p. 109). 2. Presença de palafitas no contexto histórico do bairro de São Raimundo

A fundação do bairro de São Raimundo é datada de 1849, “por conta da doação do terreno que constituiu o bairro por parte do governo ao seminário “São José”. Segundo o registro manuscrito da Igreja de São Raimundo, o nome do bairro é uma homenagem a uma imagem de São Raimundo trazida pelo Padre Raimundo Amâncio no ano de 1848. (PEDROZA, 2006, p. 25).

O terreno que constitui hoje o bairro de São Raimundo era uma pequena área verde, onde havia poucas residências, todas cobertas de palha e zinco, com chão batido e paredes de taipa. O bairro era pobre e isolado do Centro. (ALENCAR, 1985, p. 12).

Segundo Alencar (1985, p. 13), já no porto das catraias restam casebres de barro batido no chão, servindo de assoalho, cobertura de palha ou zinco e paredes de taipa. Essas paredes eram construídas com grades de varas colhidas no próprio bairro, e eram amarradas com cipó e preenchidas com barro amassado com os pés e mãos.

Alencar (1985) afirma que “os construtores dessas moradas eram os seus próprios donos ou pessoas contratadas por alguém mais afortunado. Quase sempre eram paredes pintadas de azul e branco, ou vermelho e branco, em homenagem aos clubes locais”. (ALENCAR, 1985, p. 13 e 14).

No período que o Bairro de São Raimundo ainda se ligava ao Centro através do trabalho dos catraieiros, a beira-mar, como Alencar denomina o Igarapé de São Raimundo, tinha uma grande influência na economia e na vida social do bairro

“Como que ornamentado a praia, haviam poucas palafitas nas proximidades do barranco, onde residiam muitas das lavadeiras dôo Bairro [...]”. (ALENCAR, 1985, p. 87).

As casas que se instalavam na praia (Figura 2) “eram ligadas ao barranco por pequenas pontes de tábuas ou toras de pau, em rio cheio, abrigavam em seus porões os banhistas em suas canoas ou botes, que ficavam com sua embarcações amarradas aos esteios palafíticos, para se protegerem dos ventos fortes, ou momentaneamente do calor causticante”. (ALENCAR, 1985, p. 89). 3. Presença de palafitas no contexto histórico do bairro de Educandos

A partir das duas primeiras décadas do século XX, com o declínio da economia da borracha surgiram, na foz do Igarapé do Educandos, alguns flutuantes, cujos

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proprietários eram cearenses que vieram dos seringais. (ANDRADE, 1985, p. 180).

Andrade (1985, p. 180) afirma que, “na década de sessenta, todo o litoral da cidade, da foz do Igarapé do Educandos, até quase em frente ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, estendia-se a já cognominada ‘cidade flutuante’, com mais de três mil casas”.

Essas casas eram geralmente de madeira, cobertas de palha ou alumínio medindo em média nove metros de comprimento por cinco de largura. (ANDRADE, 1985, p. 180).

Os proprietários das casas flutuantes aplicavam material leve na sua construção, para terem o máximo de flutuação. Algumas dessas casas possuíam extensão na sua parte posterior, onde a dona-de-casa lavava sua roupa e dava banho nas crianças, que aproveitam para pular na água, usando o flutuador como trampolim. Na varanda, na parte posterior da casa, existia um pequeno quadrado de mais ou menos um metro de lado, utilizado como banheiro e sanitário. (ANDRADE, 1985, p.180). REFERÊNCIAS ALENCAR, Amaro Vieira de. São Raimundo dos Meus Amores. Manaus, Sociedade de Televisão Ajuricaba, 1985. 158 p. AMAZONAS, Claudio. Memórias do Alto da Bela Vista: Roteiro Sentimental do Educandos. Manaus. Norma Propaganda e Marketing. 1996. (Edições Governo do Estado do Amazonas. Série: Mario Ypiranga, V). 278 p. ANDRADE, Moacir. Manaus: Ruas, Fachadas e Varandas. Manaus: Humberto Calderaro, 1985. BATISTA, Djalma. O Complexo da Amazônia – Análise do processo de desenvolvimento. 2º ed. Manaus: Editora Valer, Edua e Inpa, 2007. BENTES, Dorinethe dos Santos; ROLIN, Amarildo Rodrigues. O Amazonas no Brasil e no Mundo. Manaus-AM: Editora Mens’sana, 2005.

FIGUEIREDO; Aguinaldo Nascimento. História Geral do Amazonas. 2º ed. Manaus, 2002. MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: História e Arquitetura – 1852-1910. Manaus: Editora Valer, 1999. MONTEIRO, Mario Ypiranga. Fundação de Manaus. 4º ed. aum. Manaus: Metro Cúbico, 1994. PEDROZA, Luiz Nascimento. Contexto Histórico do Bairro de São Raimundo: Um Resgate da Memória nos Anos de 30 a 50. Monografia do curso de Licenciatura Plena em História do UniNorte. Orientador: Profa. Elisângela Socorro Maciel Soares. Ano: junho de 2006. Site: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acessado em 29 de agosto de 2008 às 10h30min.

Figura 1: Manaós, 1865-1866; Fonte: ANDRADE, 1985

Figura 2: Palafitas no Igarapé de São Raimundo; Fonte: Wilson de Souza Aranha, 1965

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A SOBERANIA NACIONAL NA AMAZÔNIA LEGAL SOB A ÓTICA

CONSTITUCIONAL AMBIENTAL BRASILEIRA

Alexander Cavalcante Xavier3

Danielle Costa de Souza4 Marcella Santos d’Oliveira5

Prof. M.Sc. Raimundo Pereira Pontes Filho6

Prof. Helso do Carmo Ribeiro Filho7

INTRODUÇÃO Este artigo visa compreender a soberania nacional na Amazônia Legal sob a ótica constitucional ambiental brasileira, diante da pressão de discursos externos que implicam em sua relativização através de uma globalização jurídica, estabelecendo tratados, convenções e acordos. Essas pressões incluem um chamado dever de ingerência externa em relação a problemas ambientais da Amazônia Legal, com uma sugestão para que o Brasil abra mão de parte de sua soberania e avalize a criação de uma entidade supranacional para velar pela preservação ambiental da região.

A Amazônia é uma área possuidora de diversos recursos, os quais mantêm vivos até hoje. Recursos minerais, ambientais, hídricos, de fauna e de flora são presentes dentro da imensidão das florestas amazônicas, com seus inúmeros artifícios e preciosidades. Devido a isso, países que já esgotaram seus recursos, principalmente devido a sua abusiva utilização no passado, são aqueles que tratam a Amazônia como uma área de patrimônio mundial, 3. Aluno bolsista PROBIC/UniNorte. Curso de Direito, 8° período. 4. Aluna voluntária. Curso de Direito, 4° período. 5. Aluna bolsista PROBIC/UniNorte. Curso de Direito, 6° período. 6. Mestre em Direito, orientador do bolsista e professor do UniNorte. 7. Mestre em Direito, co-orientador do bolsista e professor do UniNorte.

necessitando por isso, ser cuidada e gerida por todos, como uma medida de proteção ao meio ambiente.

Segundo o Secretário-Geral das Nações Unidas seriam necessários mais de 30 bilhões de dólares para que os problemas dos países com escassez de água fossem resolvidos até 2015. Visando isso, a Amazônia parece ser a solução para os problemas da maioria, pois possui 1/5 da água doce e 1/3 das florestas do mundo, segundo estudos.

A globalização do capitalismo neoliberal junto aos fatores de escassez de recursos no planeta torna a Amazônia uma área de grande cobiça atualmente. Em razão desse cenário, a doutrina jurídica se divide entre os que postulam a defesa da primazia da soberania nacional na Amazônia legal e os que argumentam a necessidade de uma gerência internacional da região, a partir dos instrumentos de direito internacional, tais como tratados, convenções e outros pactos. METODOLOGIA

Consiste numa abordagem qualitativa, fundamentada na pesquisa bibliográfica. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Verificou-se ao longo da pesquisa que a idéia de relativização da soberania tem apoio por alguns doutrinadores brasileiros, porém ainda há uma primazia pelo princípio da soberania nacional sobre esta área e seus recursos.

Para aqueles que concordam com a relativização da soberania, a Constituição Federal parece ser clara no artigo 225 quando afirma que o meio ambiente pertence a “todos”, sendo este analisado como toda a humanidade, incluindo os estrangeiros, pois não entraria aqui a questão da nacionalidade, sob a fundamentação de que mares, rios, ventos não tem fronteiras e nem sabem onde estão entrando ou saindo, as delimitações ocorrem por ação humana.

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Por outro lado, existem aqueles que são a favor de uma proteção da soberania nacional, e por isso analisam essa questão de acordo com as fronteiras de cada país, afirmando que o direito de uns termina quando começa o direito de outros, com isso os recursos, as riquezas de um país pertencem somente a este, de acordo com as delimitações de seu território. À luz do que foi exposto constata-se que tende a predominar na doutrina o posicionamento no sentido de se afirmar a Soberania Nacional na Amazônia Legal, como meio de garantir a não ingerência de outros países no território brasileiro, tendo em vista, sobretudo, o fato de que, a possibilidade de flexibilização ou o compartilhamento representa uma forma bastante relevante de enfraquecimento da manutenção da ordem e do poder interno, bem como a preponderância do direito externo no âmbito nacional. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zigmunt. Globalização: As conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Sahar Editor, 1999. MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 27ª Edição, 2007 PONTES FILHO, Raimundo P. Estudos de História do Amazonas. Manaus: Valer Editora, 2000. TORTOLA, Edson Luiz. A internacionalização da Amazônia. Monografia apresentada ao curso de Direito do Centro Universitário da Várzea Grande – UNIVAG. Várzea Grande, 2006. LEITE, José Rubens Morato. Direito Ambiental na sociedade de risco - 2 ed.- Rio de Janeiro: Forense.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes, LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro – 1 ed.- São Paulo: Saraiva, 2007. MORAES, Alexandre. Direito Constitucional- 20 ed. – São Paulo: Atlas, 2006.

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ESTABELECENDO PRÉ-REQUISITOS PARA A LEITURA

COM ALUNO DA APAE

Juliana dos Santos Leão Maria do Perpétuo Socorro Silva de

Lima Jaci Augusta Neves de Souza11

INTRODUÇÃO

As contribuições dos estudos voltados para a aquisição, manutenção e generalização das habilidades básicas de portadores de necessidades educacionais especiais, desenvolvidos há mais de trinta anos, foram revisadas por O’Donnell e Saunders (2003). Os estudos selecionados revelam consensos e desacordos sobre o papel do comportamento verbal na formação de classes de estímulos equivalentes com argumentos de que resultados negativos podem ser devidos à ausência de nomeação. A análise das características que descrevem os participantes identificou lacunas com relação aos diagnósticos e ao uso de medicação psicoativa. A representatividade da população evidencia a necessidade de melhor documentar os procedimentos de seleção e seus níveis de habilidades linguísticas com a utilização de um instrumento padrão que envolva medidas diretas de comportamentos específicos, ainda que, a maioria dos estudos analisados tenha usado o Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT) como medida de linguagem receptiva.

A revisão de O’Donnell e Saunders (2003) objetivou prover o início de uma sistematização da literatura e apontar as áreas que podem ser fortalecidas, com destaque para esclarecer se os desempenhos emergentes poderiam ser mediados pela linguagem. ______________________ 1 Professora, Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia Experimental pela Universidade Federal do Pará.

As primeiras pesquisas que utilizaram esse tipo de população estiveram voltadas para demonstrar os princípios da aprendizagem aplicados ao comportamento humano e limitavam-se a descrever resultados de manipulações que ampliavam o repertório do indivíduo ou eliminavam comportamentos socialmente inadequados.

Redirecionar o foco de atenção contraria a concepção tradicional que atrela no indivíduo a responsabilidade por não apresentar as habilidades formais socialmente exigidas. Isso implica mudar a direção do estudo das características da aprendizagem para o processo educacional ensinando tarefas ou habilidades específicas que promovam a adaptabilidade do indivíduo dando ênfase à funcionalidade dos comportamentos ensinados com aplicabilidade direcionada para as situações do cotidiano.

A principal característica do portador de necessidades educacionais especiais se define pela insensibilidade às contingências ambientais, resultando num controle de estímulos limitado (para maiores detalhes ver Dube & McIlvane, 1999), isto porque a resposta adequada não faz parte do seu repertório comportamental. No entanto, comportamentos alternativos funcionalmente equivalentes, que proporcionam resultados eficazes, podem vir a ser integrados ao seu repertório comportamental. A ausência dessas habilidades não são, necessariamente, um impedimento para viver socialmente integrado na comunidade.

A emergência de classes ordinais

Estudos que envolvem a formação de seqüências podem se constituir em uma forma alternativa para ensinar comportamentos humanos complexos. Estes estudos podem resultar no desenvolvimento de métodos eficazes para o ensino de frases e sentenças e podem vir a contribuir para o desenvolvimento de procedimentos para instalação de comportamentos socialmente relevantes em pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais.

O presente estudo utilizou formas abstratas para instalar comportamentos pré-requisitos, necessários para ensinar a ordenar

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as letras que compunham palavras dissílabas a um aluno portador de necessidades educacionais especiais.

METODOLOGIA

Participou do estudo 1 aluno da APAE que freqüenta a turma de alfabetização para jovens, com 22 anos e 5 meses e idade mental de 7 anos e 11 meses, avaliada pelo PPTV-III, teste que calcula a idade mental em relação ao domínio de vocabulário. O aluno apresentou conversação sofisticada, mostrando-se capaz de construir frases na formulação e respostas de questões concernentes à atividade proposta. Um teste inicial utilizou palavras dissílabas, previamente selecionadas e que seriam utilizadas na segunda parte do estudo, foi aplicado para avaliar o domínio de leitura. Todas as palavras foram soletradas. O aluno não apresentou comportamento textual, ou seja, não relacionou significado e significante.

A coleta de dados foi efetuada numa sala cedida pela Instituição. Um microcomputador IBM PENTIUM II com a instalação de um software (REL 3.0 for Windows) especialmente desenvolvido para a pesquisa foi usado. O programa foi preparado para controlar e registrar os dados comportamentais, apresentar os estímulos em tentativas randomizadas e gerar relatórios das respostas apresentadas pelo participante.

Os estímulos foram formas abstratas, organizadas em três conjuntos denominados “A”, “B” e “C”. Cada conjunto continha uma forma abstrata em quatro tamanhos diferentes. Testes avaliaram os desempenhos resultantes delineando a formação de três seqüências de quatro estímulos (A1�A2�A3�A4, B1�B2�B3�B4 e C1�C2�C3�C4). O desempenho previsto era que os participantes escolhessem os quatro estímulos em ordem do maior para o menor e a substitutabilidade entre os estímulos das três seqüências ensinadas.

Na segunda parte do estudo foram utilizadas 15 palavras: três originais e 12 geradas pela recombinação silábica das três originais. A tarefa foi ordenar as letras

formando palavras dissílabas. Inicialmente foram ensinadas as três palavras originais e testadas as palavras de generalização I e II. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho buscou estabelecer os pré-requisitos para instalar comportamentos de leitura para aluno que apresenta necessidades educacionais especiais, matriculado na Escola Ilza Garcia da APAE – Manaus. Para o estudo aqui descrito duas dimensões do estímulo foram críticas no estabelecimento dos repertórios planejados. O tamanho dos estímulos que variou em quatro níveis (do maior ao menor). Esta discriminação é a base para a formação de diferentes classes de estímulos com estímulos fisicamente semelhantes. E a posição que cada estímulo ocupou na seqüência ensinada, cujo requerimento da tarefa exigiu o agrupamento dos estímulos por atributos que caracterizam conceitos de grandeza (maior/ menor).

Portanto, classes de estímulos podem ser estabelecidas a partir de relações arbitrárias entre estímulos que não guardam semelhança entre si, elas compartilham uma mesma função discriminativa. Para que isso seja evidenciado, é necessário verificar os efeitos de variáveis sobre um membro da classe em relação aos demais membros. Quando as funções de um membro transferem-se para qualquer outro, dizemos que eles são funcionalmente equivalentes. Nas classes ordinais as funções que se transferem são as funções de ordem (primeiro, segundo, terceiro e assim por diante) que um estímulo ocupou sendo exercida por outro que ocupou a mesma posição em seqüências diferentes.

A transferência de funções ordinais para novos estímulos foi investigada neste estudo, ampliando consideravelmente o potencial de procedimentos de ensino através de generalizações. Os testes envolvendo novos conjuntos de estímulos (letras das palavras geradas pela recombinação das sílabas) com formas diferentes daquelas que foram ensinadas mostraram que o aluno foi capaz de ordenar, inicialmente do maior para

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o menor (as figuras abstratas) e em seguida pela ordem de apresentação do estímulo (as letras). Resultados promissores foram obtidos com crianças do pré-escolar envolvendo comportamento conceitual numérico (numerosidade) em ambiente não-informatizado (Ribeiro, 2004). REFERÊNCIAS Dube, W. & McIlvane, W. J. (1999). Reduction of stimulus overselectivity with nonverbal differential observing responses. Journal of Applied Behavior Analysis, 32, 25-33. Dunn, L. M. & Dunn, I. M. (1981). Peabody Picture Vocabulary Test. Circle Pines, MN: American Guidance Service. O’Donnell, J., & Saunders, K. (2003) Equivalence Relations in Individuals with Language Limitations and Mental Retardation. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 80, 131-157. Ribeiro, M. P. L. (2004). Comportamento matemático: relações ordinais e inferência transitiva em crianças com risco psicossocial para dificuldades de aprendizagem. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES.

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