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7/23/2019 Anais Do Museu Paulista - o Turista Aprendiz http://slidepdf.com/reader/full/anais-do-museu-paulista-o-turista-aprendiz 1/31  Anais do Museu Paulista Universidade de Sao Paulo [email protected]  ISSN (Versión impresa): 0101-4714 BRASIL  2005 Telê Ancona Lopez O TURISTA APRENDIZ NA AMAZÔNIA: A INVENÇÃO NO TEXTO E NA IMAGEM  Anais do Museu Paulista, Julho-Dezembro, año/vol. 13, número 002 Universidade de Sao Paulo São Paulo, Brasil pp. 135-164 Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México  

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 Anais do Museu Paulista

Universidade de Sao Paulo

[email protected]  

ISSN (Versión impresa): 0101-4714

BRASIL

 

2005Telê Ancona Lopez

O TURISTA APRENDIZ NA AMAZÔNIA: A INVENÇÃO NO TEXTO E NA IMAGEM Anais do Museu Paulista, Julho-Dezembro, año/vol. 13, número 002

Universidade de Sao PauloSão Paulo, Brasil

pp. 135-164

Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal

Universidad Autónoma del Estado de México

 

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O Turista Aprendiz na A m azônia:a invenção no texto e na im agem

Telê Ancona Lopez

Instituto de Estudos Brasileiros daUniversidade de São Paulo

RESUM O :O objeto deste estudo é o escritor M ário de A ndrade (1893-1945) em sua experiência

de fotógrafo m oderno, durante sua perm anência no N orte, especialm ente na Am azônia, em

1927, na prim eira das duas grandes viagens do Turista A prendiz pelo Brasil. A nalisa o

processo criativo no qual as im agens da C odaque constituem o diário im agético dos negativos

e positivos que se justapõe ao diário das legendas e ao do texto onde se desenvolvem as

im pressões do viajante e a invenção do ficcionista. A ponta tam bém certos vínculos da

fotografia produzida nessa viagem com as leituras, a poesia e a ficção andradiana.

PA LAVRA S-C H AVE: M ário de Andrade. Diários de viagem . M odernism o brasileiro. Fotografiam oderna.

ABSTRAC T: The object of this study is Brazilian w riter M ário de Andrade (1893-1945) in his

experience as a m odern photographer, during his stay in the N orthern region of Brazil, specially

in the Am azon region, during the first of his tw o long Apprentice Tourist trips throughout Brazil

in 1927. The author analyses the creative process by w hich the C odaque’s im ages constitute

the prints and negatives im age diary that overlaps w ith the diary of legends and of text w here

the traveller’s im pressions and the fictionist’s invention are developed. The article highlightscertain links betw een the photography produced in this trip and A ndrade’s readings, poetry

and fiction.

K EYW O RD S:M ário de A ndrade. Travel Journals. Brazilian M odernism . M odern Photography.

M ário de A ndrade (São Paulo, 1893-1945), fotógrafo m oderno, m asde reconhecim ento tardio, é a parte que m e cabe na jornada ”Representaçõesdo Brasil: da viagem m oderna às coleções fotográficas”. C om o esse tem a ém uito am plo, vou restringir-m e à fotografia na prim eira das duas viagens em queele se denom ina Turista Aprendiz . Essa viagem , ao N orte do país, além de nos

135 Anais do Museu Paulista.São Paulo.N.Sér.v.13.n.2.p.135-164.jul.-dez.2005.

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oferecer o débutdo fotógrafo em penhado em desvendar seu trabalho em m aisdetalhes do que na segunda, ao N ordeste, parece-m e, ao lado de outros m éritos,m ais rica em term os da fotog rafia. O corre em 1927, quando M ário, aos 34

anos, por sua obra de poeta, ficcionista, teórico do M odernism o, cronista ecrítico, já goza de certa projeção nacional. A escolha do ano de 1 927 abreexceção a duas fotos de 1 928-1929, dada a im portância delas para estareflexão.

N o arquivo do escritor, no Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo, na série Fotografias, entre as subséries aliorganizadas, sobressai aquela que o caracteriza com o um fotógrafo m oderno,m anejando um a Kodak de caixão, pelo que se observa no auto-retrato enquanto

som bra, datado do ano-novo de 1 928, no qual nos deterem os m ais tarde.C ircunscrita a um período de curta duração (1927-1929), a subsérie M ário deAndrade fotógrafo reúne 1.538 im agens em positivo e um núm ero expressivo denegativos1. O s positivos, em preto-e-branco, m edem , a m aioria, 6,1 cm x 3,7cm , e adm item diversas am pliações de 17,5 cm x 12,5 cm , em PB assim com oem viragens sépia ou averm elhadas2.

Penso que se pode procurar a gênese do fotógrafo no esforço deatualização que a biblioteca do crítico e teórico do M odernism o reflete na área

das artes plásticas e na do cinem a. Em suas estantes, em 1919, aparece arevista de D arm stadt,Deutsche Kunst und Dekoration, que lhe exibe excelentesfotos,Le C iném a de Ernest C oustet (1921), artigos de L. D elluc ou de C élineA rnaud, na revista L’Esprit N ouveau, entre 1922 e 1 923, bem com o ensaiosde am bos que têm por objeto o C harlot, de C haplin, num enfoque rigorosam entecinem atográfico. A o que se entende, com eles dialogam os com entários sobreThe kid, que M ário assina em Klaxon, no m esm o ano da Sem ana de A rteM oderna, 1922 3. N essa revista do M odernism o de São Paulo, na qual, com

suas próprias iniciais ou com o J. M . e R. de M ., faz crítica de cinem a, já seesboça o nam oro com a arte de D aguerre. É então que, pioneiro, valorizandonossa cinem atografia nascente, assim se expressa sobre a com édia D o Rio a

São Paulo para casar : “Fotografia nítida, bem focalizada. Aquelas cenas noturnasforam tiradas ao m eio-dia com sol brasileiro... Film adas à tardinha, o rosadonão sendo tão fotogênico, a produção sairia suficientem ente escura. Isso enquantoa Em presa não consegue film ar à noite”4.

Apesar da L’Esprit N ouveau não cultivar especialm ente a fotografia,a presença dela, nas estantes de M ário de A ndrade, sinaliza a educação doolhar do leitor perspicaz que se depara, por exem plo, no n. 21, de fevereirode 1 924, com O zenfant e Jeanneret postulando, juntos, a “Form ation de l’optiquem oderne”. Esse leitor, em 1923, já definira com o “cinem atográfico”orom ance/ idílio estruturado no encadeam ento das cenas, sem divisão emcapítulos,Fräulein, que vinha escrevendo, no qual trabalhará até a publicação,em 1927, sob o título Am ar, verbo intransitivo. Pode-se então pensar que anecessidade de apreender a geom etria na disposição dos objetos e nas cenasdo cotidiano, ressaltada pelo artigo de O zenfant e Jeanneret, tenha repercutidona criação do olhar sofisticado da heroína de M ário. M ulher culta, de

1.Embora as primeiras fo-tos no tamanho 6,1 cm x3,7 cm tragam legendasna letra de Mário de An-drade,identificando-as edatando-as de 1923 e1925, o fato de seremapenas 22 documentos ede não se associarem anegativos, as coloca nacategoria de cópias rece-bidas como recordação.Retratam férias em Arara-quara,no interior do Es-tado de São Paulo,na fa-zenda de parentes,nos úl-

timos dias de junho e noprincípio de julho desseano de 1923 (10 docu-mentos),bem como em

 julho de 1925 (cinco do-cumentos), nas quais ohóspede está acompa-nhado de primos ou so-zinho. Captam instantesde alegria e manifestamapenas um bom enqua-dramento.

2.A variação das medidasestá apenas nos milíme-tros e depende do cortedas reproduções.

3. Charlot de L. Delluc(1921) ou a análise de Cé-line Arnaut em L’Action 

(1922) respaldam os co-mentários que Mário le-

 va paraKlaxon : mensá-rio de arte moderna,ns.3 e 5 em 15/7 e 15/9 de1922,como J.M.em “Umalição de Carlito”e M.de

 A.em “Ainda O garoto ”.

4.Texto assinado como R.de M.emKlaxon ,n.2,em15/6/1922.

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sensibilidade m oderna, Fräulein, com o um a câm era, sabe isolar ângulos, percebervolum es, seguir planos e contornos no espaço da casa da fam ília Sousa C osta.

N o arquivo, o exam e dos docum entos nos faz supor que a série

Fotografias procede dos retratos de fam ília e de si próprio, resguardados porM ário a partir da segunda m etade da década de 1 910. N esse m esm o período,ao m oço autodidata agrada recortar, de jornais e revistas, não só textos com oim agens do Brasil, no intento de conhecer sua terra e de constituir um conjuntodocum ental para seu uso. Esses recortes, ao delinear estudos e viagens virtuaispor diversas regiões, associam -se, na m alha do arquivo, a oito cartões-postaissem m ensagem , com vistas de M ariana e São João del-Rei que dem arcam um aviagem real e a existência de um a coleção fotográfica. N o envelope que os

conservava, a nota m anuscrita do colecionador, “Brasil antigo”, convalidaigualm ente a finalidade de estudos. A s cidades m ineiras fotografadas e o fatodos postais serem graficam ente m ais antigos trazem à baila as férias de M áriode A ndrade, em julho de 1 919, quando, em M ariana, ele visita A lphonsus deG uim araens e conta, ao sim bolista da sua adm iração, estar se preparando parafazer conferências5. N esse m esm o ano, a crônica “Alphonsus”sai em 1º denovem bro na revista paulistana A C igarra, ilustrada com a fotografia da Igrejade S. Francisco de um dos cartões, aliás, com duplicata na coleção6. Em 19 20 ,

a Revista do Brasilestam pa, dividida em quatro partes, “A arte religiosa noBrasil”, conferência na C ongregação da Im aculada C onceição de Santa Ifigênia7.Tendo publicado em 1917 H á um a gota de sangue em cada poem a, M árioestá prestes a se definir com o m odernista, o que ocorrerá na série de crônicasDe São Paulo, entre novem bro de 1920 e m aio de 1921 8.

C om o se vê, há bastante tem po interessa a M ário de A ndrade conhecerseu país. Esse desígnio, por certo, o m otiva a voltar a M inas G erais, na Sem anaSanta de 1 924. C om O sw ald de Andrade, Tarsila do Am aral, o poeta francês

Blaise C endrars, O lívia G uedes Penteado, grande dam a da aristocracia do cafée m ecenas dos m odernistas, e outros am igos, participa da “viagem da descobertado Brasil”, assim nom eada pelo crítico A lexandre Eulálio 9. Fundam ental nosrum os do nosso nacionalism o m odernista, a viagem tem , entre outros im portantesresultados, o N oturno de Belo H orizonte, longo poem a de M ário no qual asvisões do eu lírico transfiguram cam inhos do viajante que deixa, tam bém nodesenho e na crônica, flagrantes de seu percurso10. E que testem unha o gostode fotografar na am iga que assim se registra num hotel: “D . O lívia G uedes

Penteado, solteira, photographer, anglaise, London”, em m eio ao “o claro risodos m odernos”11.

Logo depois de setem bro de 1 924, pelo que se pode analisar, teminício o contato m ais direto de M ário de A ndrade com a arte fotográfica: elepassa a receber, m ediante assinatura,Der Q uerschnitt, revista de Berlim ligadaà N ova O bjetividade. A li, nas reproduções de fotos de M an Ray, Riebicke,Schneider, G allow ay e outros, m ultiplicam -se lições de com posição de autor,consignando o corte, o valor do close, m atizes para o m elhor rendim ento dopreto-e-branco, a sugestão de cores, geom etrizações, o aproveitam ento da luze da som bra, o reflexo, o m ovim ento, o retrato de costas, a plena liberdade

5.GUIMARAENS FILHO,1974.À p.29, a nota 27do organizador transcre-

 ve carta do pai, de15/7/1919, relatando ospropósitos da viagem deseu visitante.

6.A crônica vem deA Ci- garra ,São Paulo,n.123,ano 6,1/11/1919.

7.Ver a edição anotada deClaudete Kronbauer de

 ANDRADE,1993,onde serecupera a publicação na

Revista do Br asil ,n.49,50,52,54,São Paulo/Riode Janeiro,1920.A sériedivide-se em “O Trium-pho Eucharistico de1733.Conferência reali-zada na Congregação daI.C.de Sta.Ephigenia”(n.49,p.5-12);“Arte Christã”(n.50,p.95-103);[Rio de

 Janeiro] (n. 52, p. 289-293);“Em Minas Geraes”

(n.54,p.102-111).

8.As crônicas,publicadasna revista carioca Ilustra- ção B ra sil eir a entre no-

 vembro de 1920 e maiode 1921,saíram na ediçãoanotada de Telê AnconaLopez,em 2004.

9.EULÁLIO,1978.

10.O poema,escrito em1924, foi publicado emClã do j abu ti ,em 1927.São seis os desenhos emfolhas milimetradas decaderninho de bolso (verColeção de artes de Má-rio de Andrade, IEB-USP);a VIII das “Crônicas deMalazarte”focaliza a ex-cursão na Amér i ca b ra - 

si leira . Rio de Janeiro,maio de 1924.

11. EULÁLIO,op. cit., p.277;registro dos hóspe-des no Hotel Macedo deSão João del-Rei, eml6/4/1924.

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para a experim entação, enfim .Der Q uerschnittabre, para o sôfrego leitor, acapacidade da câm ara expressar o hum or, o lirism o, a poesia visual, a cenacôm ica; de recriar a aleg ria, a espontaneidade do cotidiano; de construir o

retrato com o o instante ilum inado que recolhe a alm a de hom ens e m ulheres ouque com eles inventa personagens para propor situações existenciais novas,surpreendentes, com o o pintor Braque de ponta-cabeça. Ensina-lhe,principalm ente, que a m áquina é a com panheira inseparável do viajante e detodos aqueles que em preendem pesquisas de cam po etnográficas ou etnológicas.

N essa direção, as lições proporcionadas porDer Q uerschnittcasam -se com aquelas que o m odernista brasileiro recebe de Theodor Koch-G rünberg

em 1926, nos quatro volum es que possui da obra m agna Vom Roroim a zumO rinoco 12. Em Koch-G rünberg, além do lendário do segundo volum e, m atriz dopoem a Lenda das mulheres de peito chato e da rapsódia M acunaím a, iniciadanesse ano nas m argens do exem plar, M ário de Andrade acom panha um longoe rigoroso ensaio fotográfico que docum enta, no correr dos volum es, o tipofísico, costum es e elem entos da cultura m aterial dos diferentes povos indígenasestudados, bem com o o espaço geográfico e o próprio etnólogo em atividade.O ano da leitura de Vom Roroim a e o prim órdio da escritura de M acunaím a nos

são fornecidos pelo próprio escritor, de form a cifrada, na data que encim a a“C arta pras icam iabas”, capítulo IX: “Trinta de M aio de M il N ovecentos e vintee seis, em São Paulo”.

Aliás, em 1926, na carta de 2 6 de julho, enviada por M ário a Luísda C âm ara C ascudo, percebe-se que fotografia, coleção e intenções viajorascom binam -se no horizonte do rem etente:

Você nem im agina que gosto m e deu o cam peiro vestido de couro que você m e m andou.

Andei m ostrando pra toda gente e m ais a fotografia do m aravilhoso cacto. As três fotografias

já estão bem guarda dinhas na m inha coleção. Se lem bre sem pre de m im quando vir

fotografias da nossa terra aí dos seus lados. M eu D eus! Tem m om entos em que eu tenho

fom e, fom e estom acal de Brasil agora. Até que enfim sinto que é dele que m e alim ento! Ah!

se eu pudesse nem carecia você m e convidar, já faz sentido que tinha ido por essas bandas

do norte visitar vocês e ao norte13.

A viagem no texto e na C odaque

M ário de A ndrade vai prim eiram ente ao N orte. As duas viagens querealiza com o Turista Aprendiz, em 1927 e 1 928-1929, são as m ais dem oradase extensas de um a vida de poucas viagens. D evotadas a um a espécie deim pregnação do Brasil, am bas lhe rendem diários textuais e im agéticos, estesúltim os unindo legendas às fotografias. N a prim eira, entre m aio e princípio de

agosto de 1 927, ao lado de D . O lívia Penteado, na verdade, a responsávelpela idéia, e de duas m ocinhas, a sobrinha dela, M argarida G uedes N ogueira

12.O ano de 1926 podeser considerado como oano da aquisição de qua-tro volumes da obra deKoch-Grünberg e da lei-tura,bem como do inícioda criação de Macun aí- 

m a , nas margens do se-gundo volume de Vom 

Roroima zum Orinoco: 

Myten und Legenden 

der Taul ipan g und Are- 

ku ná In dian er. É possí- vel que tenha, então,comprado a obra com-pleta em cinco volumes,

da qual o quarto desapa-receu,ou reunido,comoconseguiu, os volumesque continuaram emsuas estantes:v.I,ediçãode Berlim,Dietrich Rei-mer,1917;v.II, Stuttgart,Strecker und Schröder,1924;v.III e V,tirados poresta última editora, am-bos em 1923.

13.MELLO,1991,p.35.

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–M ag –e a filha da pintora Tarsila do Am aral, Dulce do Am aral Pinto –Dolur –,retroceder visita os Estados do A m azonas e do Pará, chega a Porto Velho, aIquitos, no Peru, e à fronteira com a Bolívia. Vai e volta de vapor, com escalas

nos portos principais; a bordo de em barcações típicas da região, navega osgrandes rios, igapós e igarapés; tom a um trem da M adeira-M am oré. N a segunda,ao N ordeste, do final de 1 928 até fevereiro no ano seguinte, anda por Alagoas,Rio G rande do N orte, Paraíba e Pernam buco.

O diário, durante a viagem à Am azônia, em 1927, dispersa-se emm uitos fólios de variado feitio, conform e nos conta a últim a versão de vida dotexto, datada de 1 943:

Estas notas de diário são sínteses absurdas, apenas pra uso pessoal, jogadas num

anuariozinho de bolso, m e dado no Lóide Brasileiro, que só tem cinco linhas pra cada dia.

A s literatices são jogadas noutro caderninho em branco, em papéis de cartas, costas de

contas, m argens de jornais, qualquer coisa serve. Jogadas. Sem o m enor cuidado. Verem os

o que se pode fazer com isso em São Paulo14.

A análise dos docum entos do processo criativo aponta quatro diários.D ois, no decorrer da viagem . Este, acim a citado, conjunto de textos espalhados

em papéis diversos, coexistiu com um segundo, im agético-textual, constituídodos negativos vinculados, ao que se supõe, a um caderninho de bolso, onde ofotógrafo teria feito de im ediato, a lápis preto, anotações relativas às tom adasque concretizava com sua câm era. Vale dizer, inform ações de ordem técnica,rápido registro de locais, pessoas e talvez de outros dados, visando à precisãodo testem unho no m om ento de legendar as im agens copiadas em São Paulo.C aderninho que, m issão cum prida, foi por ele descartado.

A o regressar, o escritor e fotógrafo, ainda em 1927, lança-se emm ais dois diários: o im agético-textual e o textual propriam ente dito. O prim eirocom põe-se de m ais de 5 00 im agens reveladas em preto-e-branco e viragens,seguidas das respectivas legendas no verso, a lápis. Estas, em um a prim eiraetapa da escritura, geralm ente transpõem apenas as inform ações colhidas inloco, m as, em um a segunda –m aterializada no traço m ais leve –, glosam asrepresentações e o exercício fotográfico, ao construir um texto fragm entário,m ultifacetado e híbrido, com o todos os diários. N ele viceja tanto o registro que

se propõe fidedigno com o a criação literária que exerce o hum or, o lirism o e am etalinguagem .

D iário m oderno, junto com o prim eiro, aquele das sínteses esboçadas

em papéis esparsos, em basa o trabalho do escritor que, em sua escrivaninha

paulistana, no m esm o ano da viagem , expande um novo texto, no qual recorre

a diversos tipos de relato e dialoga com o diário da viagem do naturalista M artius

pela A m azônia15. Tem intenção de publicá-lo com o O Turista Aprendiz: (Viagem

 pelo Am azonas até o Peru, pelo M adeira até a Bolívia e por M arajó até dizer 

chega), paródia ao título do livro do avô, Leite M oraes, de 1 883,Apontam entos

de viagem de São Paulo á capital de G oiás, desta ao Pará, pelos rios Araguaia

14. ANDRADE, 1976, p.64.

15.SPIX;MARTIUS,1823-1831.Obra na bibliotecade Mário de Andrade comnotas a lápis dele.Entre osManuscritos Mário de An-drade está uma traduçãodo nascer do dia amazô-nico na obra de Martius,matriz da alvorada no diá-rio do Tur ista Aprendi z.

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e Tocantins, e do Pará á C orte. C onsiderações adm inistrativas e políticas. Dessaversão de 1927, restaram parcelas aproveitadas na versão final em datiloscrito,precedida do prefácio de 30 de dezem bro de 1943. C uriosam ente, prefácio e

texto não prevêem a inclusão de fotografias no livro planejado.“C rônica do cotidiano”, no dizer de G irard, ou “ancoragem no tem po”,

segundo C . Viollet e bem m ais que isso, o diário final do Turista A prendiz,m oderno e nacionalista de olhos postos no universal, em m uitas seqüênciassupera o registro da realidade do espaço, característica usual dos diários deviagem . Assim acontece porque, ao enveredar pela ficção, prefere um trajeto àm oda do barão de M ünchhausen. Faz do narrador o protagonista da transviagem

da invenção que lhe faculta de cruzar um espaço de feições surrealistas, nointuito de figurar, com hum or, no estranham ento, a hipérbole natural da naturezaam azônica, desprezando o regionalism o de cunho apologético. A transviagem

perm ite ao diarista, paradoxalm ente, a viagem ao redor de suas leituras, quandoele logra, na recriação de relatos de outros viajantes, justapor irreverência ediscurso elevado, ao transitar por um espaço de invenção, “desgeograficado”(conform e classificação sua no Prefácio a M acunaím a), contendo elem entos doBrasil, da Am érica, da Europa e da África 16.

O Turista Aprendiz , diário textual publicado, contém diversas alusõesà câm era, cuja m arca é abrasileirada para C odaque, e ao ato de fotografar,criado o neologism o “fotar”. C am inha paralelo ao diário na fotografia, am bosm ultifacetados, m ais um traje de arlequim no m odo de M ário de A ndrade estruturar

suas obras. O diário im agético, aquele que aqui nos interessa, consolida aexperim entação, vincada por um forte senso da com posição, apoiada noconhecim ento técnico. C onfigura a incursão consciente pela fotografia com o

linguagem , a redefinição do olhar através da lente, sabendo que “nenhumfotógrafo oferece um a im agem natural: o que ele produz com sua câm era ésem pre construção que recorta, enquadra, valoriza ou dim inui aspectosrepresentados do m undo”, conform e sublinha hoje o crítico Jorge C oli17.

M ário fotógrafo subverte planos, pratica o close; calcula, com põe;

despreza padrões ao fazer cortes ou tom ar figuras de costas. G rava sutilezas,com o no desfile escolar em Porto Velho, em que o sem icírculo dos chapéus e doguarda-sol de D . O lívia é arrem edado pela copa das árvores. Im prim e um “clim a”

à fotografia. D esenvolve seqüências de acordo com a m ovim entação da luz,da cena, quase cinem a, com o nas fotos do pescador que arrem essa a tarrafa.E anota, de im ediato, seu propósito para cada im agem , bem com o as condiçõesem que o trabalho se processa, para depois agregar esses apontam entos àslegendas, no verso dos positivos: luz –“sol”–, abertura do diafragm a, hora em inutos exatos (Figuras 1 e 2).

16.“Desgeograficar”é ex-pressão cunhada por Má-rio de Andrade quandoda apresentação de suaspropostas de modernida-

de e nacionalismo no se-gundo prefácio paraMa - 

cun aíma, 1928.Ver edi-ções críticas da obra,Co-leção Archives, 1988,1996.

17.COLI,2005.

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141 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 1 –“C asa telada da/M adeira-M am oré/ Porto Velho –11/VI-27/O bj. 2 Sol1/13 e 10.”Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 2 – “Alm oço da 3ª. C lasse. Baependy –ao largo/6-VIII-27/diaf. 1 –Sol 1 das 10 Emterceira voracidade”. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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Vertentes

O diário das im agens e legendas, que funde testem unho e artefazer,possui vertentes que se interpenetram , concernindo ao registro do cotidiano dogrupo de am igos, do espaço e da vida do hom em na A m azônia, assim com oàquela dim ensão que põe M ário de Andrade em destaque –a experim entaçãoartística.

O cotidiano do quarteto excursionista –instantâneos, poses e retratos–circunscreve-se ao Turista Aprendiz e suas com panheiras, apanhando por vezesoutros com panheiros de viagem . D esdobra-se na ficção vivida com o lazer: o

turista e a filha de Tarsila se fantasiam de índio, incorporando legendas jocosas;M ário se arranja especialm ente para um a “Aposta de ridículo”em Tefé, a 12de junho, de luvas, leque, com endo banana, e suas três com panheiras seconvertem em personagens. A ssim , D . O lívia, objeto da am izade reverente dom odernista, é cognom inada N ossa Senhora do Brasil e M anacá, flor discreta,perfum ada; D olur se torna Trom beta, e M ag, Balança, por conta de um abrincadeira envolvendo a questão do Juízo Final.

N essa vertente, os auto-retratos de M ário, na referida aposta e em

A ssacaio, em 17 de junho, são bastante significativos. Preludiam –cheios dehum or –um a espécie de adesão à civilização tropical por ele postulada emBelém , no dia 1 8 de m aio de 1 927:

H á um a espécie de sensação fincada da insuficiência, da sarapintação, que m e estraga todo

o europeu cinzento e bem arranjadinho que ainda tenho dentro de m im . Por enquanto, o que

m ais m e parece é que tanto a natureza com o a vida destes lugares foram feitos m uito às

pressas, com excesso de castro-alves. E esta pré-noção invencível, m as invencível, de que o

Brasil, em vez de se utilizar da África e da Índia que teve em si, desperdiçou-as, enfeitandocom elas apenas a sua fisionom ia, suas epiderm es, sam bas, m aracatus, trajes, cores,

vocabulários, quitutes... E deixou-se ficar, por dentro, justam ente naquilo que, pelo clim a, pela

raça, alim entação, tudo, não poderá nunca ser, m as m acaquear, a Europa. N os orgulham os

de ser o único grande (grande?) país tropical.... Isso é o nosso defeito, a nossa im potência.

Devíam os pensar, sentir com o indianos, chins, gente de Benin, de Java... Talvez então pudéssem os

criar cultura e civilização próprias. Pelo m enos seríam os mais nós, tenho certeza 18.

São im agens que am pliam o alcance do crivo crítico nacionalista

proposto na profissão de fé do poeta, em 1922, “Sou um tupi tangendo umalaúde!”19.

Se em diversas passagens, no datiloscrito concluído em 1943, acrônica do cotidiano deixa transparecer o espanto do olhar europeizado dopaulistano diante da desm esura e da singularidade do m undo am azônico, odiário im agético tam bém se instala nessa dim ensão. N o texto, m uito do que, aoviajante, parece inusitado, insólito, ali se reveste da dim ensão ficcional, m arcadapelo estranham ento que se vale do corriqueiro e apela para o nonsense, para odisparate, com o no fragm ento que parodia a com posição escolar ao apresentaro peixe-boi. O u na longa seqüência intitulada “Perdidos”–quase um conto –,

18. No diário: “18 demaio”, ANDRADE, 1976,p.60.

19.Verso 10º,final,do poe-

ma “O trovador”dePauli- céia desvai ra da .São Pau-lo, ed.do A. na Casa Ma-

 yença,1922.O ensaio dacrítica norte-americanaEsther Gebara, “‘Nuncaolhei tão olhado em mi-nha vida e está sublime’:o (auto)-retrato de Máriode Andrade”,põe a “Apos-ta de ridículo”na esfera da

sátira. Ver GEBARA In:SÜSSSEKIND;DIAS,2004,p.169-190.

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que joga com a escala do tam anho dos excursionistas desorientados na im ensidãoda floresta e que se liga, na fotografia, ao bem -hum orado auto-retrato à Lilliput,no qual o Turista A prendiz, m uito chique, pára, dim inuto, diante do tronco da

sum aúm a gigante. A ficção im plícita se repete na pose de D olur, no m esm olugar, frágil e m iúda, tam bém trajada com elegância. N a verdade, seqüêncianarrativa e fotos nos perm item im aginar a força da im agem no âm bito da criaçãodo texto. Refiro-m e ao estreito relacionam ento do texto com a im agem quandoda escritura que, em São Paulo, unificou o diário, debruçando-se sobre as notastom adas in loco, sobre as legendas e as reproduções fotográficas (Figura 3).

O utra vertente da m escla de fotos e legendas é aquela que retém –com engenho e arte –a função docum ental da fotografia ao se voltar para

aspectos da geografia física da região, para o hom em e a cultura m aterial.D este m odo, a paisagem –a terra, os rios, a vegetação –, a população debrancos, m estiços e indígenas, hom ens, m ulheres, curum ins, os m eios detransporte, trabalho, usos e costum es são fixados. A profusão de im agens, dentreas quais se pode lem brar o vaqueiro de M arajó, as caiçaras, isto é, os estradosque protegem os bois da voracidade das piranhas, o m ogno cortado e num erado,deslizando na corrente, os sacos de sernam bi, a pesca de tarrafa, a casa sobrepalafitas, a casa de alvenaria telada, a m aloca e os índios pintados com jenipapo,

o hotel de janelas góticas, as ruínas da igreja de Porto Velho –para selecionaralgum as –, recebe, nas legendas, além da identificação e do relatório técnico,o com entário cheio de hum or, incluindo por vezes rim as, trocadilhos e a citaçãode versos de grandes poetas.

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Figura 3 –“Eu diante dum tronco de sum aúm a entre Sto. Antônio e Porto-Velho, nos lim ites entreAm azonas e M ato G rosso/ 11-VII-27/D iaf. 1 Sol 3/16 e 3 0”. Acervo do Instituto de EstudosBrasileiros da U niversidade de São Paulo.

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M ário de A ndrade, nessa viagem , não é um pesquisador da vidaindígena. O s índios com os quais se defronta, quase todos aculturados, são apenasobjeto da adm iração ou do espanto do diarista, no texto e na fotografia. Ele assim

se m anifesta, por exem plo, neste trecho datado de A ssacaio, 17 de junho:

Índios legítim os, bancando negros, pintados com jenipapo. N ão pintam as articulações dos

dedos, que ficam parecendo cicatrizes claras, é horrível. Fotei. Pouco depois do m eio-diaportam os em Belém , onde vim os uns índios lindos, principalm ente a cunhã tristonha, já bemm ulher, fineza esplêndida de linhas20.

E na foto, em cuja legenda está:

“Assacaio/17-VI-27/ O m ais alto é enegrecido pintado de jenipapo”.

A falta de recursos técnicos da C odaque im possibilitou, seguram ente,a fotografia noturna. A s dificuldades de ordem técnica e o desejo de aum entara docum entação iconográfica fundam entam , ao que nos parece, o lote de 2 4im agens que com plem enta a viagem de 1 927, na série Fotografias. Retrataindivíduos e aspectos da cultura de nações indígenas, um a caçada de jacaré ea praça principal de Iquitos. C om legendas im pressas, sete são cartões-postaisverdadeiros, da lavra de um profissional. Da m áquina de um am ador, 17, tendono verso inform ações sum árias em autógrafo ou datilografadas, ou não portandolegenda, são poses de índios am pliadas com o cartões-postais.

N as vertentes da fotografia andradiana, é preciso destacarespecialm ente a experim entação artística m odernista, a qual, por exem plo,concentra-se na geom etria dos m astros dos veleiros em Areia Branca, M ossoró, narota do regresso, em 6 de agosto, repetindo, de certo m odo, os barcos de pescade G allow ay no golfo de C orinto, da Q uerschnittde fevereiro daquele ano de1927. Recorte sem elhante, em 1942, afirm aria o grande N ikvist, em O porto,deBergm an, na bela cena em que a aglom eração dos m astros preenche a tela.

Q uando o fotógrafo pesa a sua experim entação, isto é, quandoanalisa a própria arte nas cópias em positivo, dá à legenda, em vários casos,a incum bência de avaliar o resultado. O lápis traça, então, no verso: “Ritm o”,“Equilíbrio”, “Futurism o pingando”ou “M inha obra-prim a”(que é de fato, noflagrante da vitória-régia), e não se esquece de acusar a dupla exposição dosnegativos: “Desvairism o por acaso/questão de lancha e de lunch/ 7-VI-27.”e“Foto futurista de M ag e D olur sobrepostas às m argens do Am azonas. Junho de1927. O bsessão.”

O olhar do fotógrafo que persegue a dim ensão poética harm oniza-secom os estudos de M ário a respeito do Seqüestro da D ona Ausente, os quais,am parados pela psicanálise, esm iúçam esse tem a do lirism o am oroso nocancioneiro luso-brasileiro. Q uando o vento enfuna no varal os lençóis e levantaas roupas brancas, os volum es e o m ovim ento colhidos pela objetiva sugeremcorpos e fazem jus à legenda “Roupas freudianas/Fortaleza, 5-VII-27/Fotografia

refoulenta/Refoulem ent/Sol l diaf. l”(Figura 4). O branco espraia-se pelo areãocom o a luz intensa do sol que as lentes vêem branco, tam bém . M ário possui,

20.ANDRADE, 1976, p.103.

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sem dúvida, o dom de “com por o am biente em que a realidade capitula dianteda luz e se converte em um a expressão sugestiva e bela”, se fizerm os nossas aspalavras dele sobre a exposição Jorge de C astro, em 1939 21. C uriosam ente,essa foto recupera um varal rabiscado em 1923 (Figura 5), pelo leitor da

L’EspritN ouveau, na folha de guarda do seu exem plar do n. 10, de outubro de 1921 22.A C odaque que busca, na paisagem am azônica, espelhos d’água e

reflexos, recorre tam bém à captação da som bra, o duplo ou um a espécie dealm a da im agem , no auto-retrato. D o toldo do vaticano, em julho de 1 927,M ário de A ndrade/ Turista A prendiz surpreende a própria som bra e o ato defotografar nas águas do Rio M adeira e se/nos pergunta, com o no brinquedodo esconde-esconde: “Q ue-dê o poeta?”E que-dê o fotógrafo? perguntam os.

Eles se juntam , por obra e graça do viajante, nas duas artes que ali recorrem àsom bra projetada, contem plação de N arciso m oderna, plena de hum or e m etáforada criação. A figura de ponta-cabeça, além de aludir à técnica fotográfica, é oreflexo que, ao duplicar, deform a a im agem e estabelece, na inserção nas águas,um a nova realidade, a realidade da arte (Figura 6).

Assim , esse auto-retrato liga-se intim am ente à poesia m arioandradina,fortem ente m arcada pelo reflexo na água de rios. Em 1922, em Paulicéia

desvairada, nos versos 11 e 12 de “Tietê”, as braçadas do im igrante italiano e

novo bandeirante abarcam a cidade m oderna e cosm opolita dos cartazescom erciais, espelhada no rio. Em N oturno de Belo H orizonte, escrito em 1924 e

21.ANDRADE,Mário de.“O homem que se achou”,publicada no n.150,da 1ªquinzena,jan.1940.In:AN-DRADE,1992,p.80.

22.Diante da inexistên-cia de datas na L’Esprit 

Nouveau ,a pesquisa dadoutoranda Lílian Esco-rel,voltada para a leiturade Mário de Andrade des-sa revista,logrou estabe-lecê-las.

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Figura 4 –“Roupas freudianas/Fortaleza, 5-VII-27/Fotografiarefoulenta/Refoulem ent/Sol l diaf.l”. Fotografia de M ário de A ndrade. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidadede São Paulo.

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Figura 6 –Rio M adeira. Fotografia de M ário de A ndrade. Acervo do Instituto de EstudosBrasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 5 –Um varal rabiscado em 1923, pelo leitor da L’Esprit N ouveau, na folha de guarda doseu exem plar do n. 10, de outubro de 1921. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

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publicado em 1927, nas “lagoas polidas de cabeça para baixo”(v. 146), o poetanão avista apenas o tum ulto e a calm a da paisagem m ineira, m as ele m esm o,m etaforicam ente, conform e a bela análise de G ilda de M ello e Souza 23. E o eu

lírico pontifica soberano sua condição de paulista, brasileiro e principalm ente dehom em , na M editação sobre o Tietê, últim o poem a da vida, em 1945. N o rio, oeu lírico, incorporado ao caudal, “lágrim a”e “alga”, revisita, na cidade refletida,os tem as e todos os cam inhos do poeta. Pode-se presum ir que, nesse auto-retratode 1927 (Figura 7), estão as sem entes de versos capitais para a definição do vatebrasileiro, superada a contingência m odernista: “O h espelhos, ô Pirineus! Ôcaiçaras!”(1929), em “Eu sou trezentos...”, e em “Brasão”–“Eu sou aquele queveio do im enso rio”(1937) –, que constam , respectivam ente, de Rem ate de m ales

e de “A costela do G rã C ão”24. N ão é hora, porém , de analisar essa repercussão.D e volta a seu m eio, em 1º de janeiro de 1 928, na fazenda de Tarsila,

no interior paulista, a objetiva funde M ário de Andrade ao solo, entregue a esseseu artefazer. N o contorno de um gigante que ganha o título cam oniano “Som bram inha”, o gesto desvela a m áquina-caixão. Renovadíssim a form a do auto-retrato,

23.Ver “O colecionador ea coleção”. In:BATISTA;LIMA,1984,p.XIII-XIX.

24. O livro Remate de 

males ,edição do autor de1930,sai em São Paulo,onde a Livraria MartinsEditora imprime, em1941,Poesias ,que inclui“A costela do Grã Cão”.

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Figura 7 –Auto-retrato, 1927. Fotografia de M ário de A ndrade. Acervo do Instituto de EstudosBrasileiros da U niversidade de São Paulo.

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será, no decênio de 1940, um dos trunfos de A nsel Adam s, atualm ente aplaudidoem Friedlander.

A criação de M ário de A ndrade fotógrafo, que tanto enriquece a

produção do m odernista da década de 1 920, foi por ele divulgada um a únicavez. A im ag em de C atolé do Rocha, obtida em 1929, durante a viagem doTurista A prendiz ao N ordeste, deu ensejo à crônica com o m esm o nom e dacidadezinha paraibana, no Suplem ento em Rotogravura do jornalO Estado de

S.Paulo, em 1939 (Figura 8). N o texto, um a espécie de m ovim ento de câm eracinem atográfica decodifica, para o leitor, as cores plasm adas na fotografia:

Era um dom ingo e na igrejinha branca, adm irável pela harm onia da sua fachada sem torres,

a procissão entrava. O céu estava negro de nuvens que não se resolviam a chover sobre aterra, e apenas do lado do poente, um a nesga de céu lim po deixava uns últim os raios do

sol focalizarem , para efeitos da fotografia que encim a estas evocações, a igreja e as casas

da sua direita, no im enso largo vazio. N o alto do m orro, um a capelinha votiva tam bém

gritava m uito espevitadam ente o seu branco sem poeira, com o um defeito de p elícula

fotográfica. E as casas coloridas, encarnadas, azuis, verde, lim ão, brincavam , num a

esperança de alegria, com o am biente feroz25.

Em 1929, no térm ino do prim eiro tem po m odernista dos grupos, dosprogram as e das polêm icas, o em penho do fotógrafo arrefece até cessar semexplicações. M ais tarde, com o diretor do D epartam ento de C ultura da

25.“Catolé do Rocha”,pu-blicada na 1ª quinzena,maio 1939.In:ANDRADE,1992.p.38-33.

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Figura 8 –C atolé do Rocha, 1929. Fotografia de M ário de A ndrade. Acervo do Instituto deEstudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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M unicipalidade de São Paulo ou com o delegado do Serviço do Patrim ônioH istórico e A rtístico N acional, M ário de A ndrade incentivará a fotografia aocontratar dois excelentes profissionais, Benedito D uarte e G erm ano G raeser.

C om o cronista e crítico do suplem ento Rotogravura, em 1939 focalizará asfotom ontagens do poeta Jorge de Lim a26 e, em 1940, a exposição de Jorge deC astro. Escreve então:

[...] aquilo em que a fotografia artística se eleva sobre a puram ente docum ental, reside nãona m áquina ou na luz, com o im aginam confusionistam ente os m anipuladores de truquesfotográficos ou os fotografadores de eternos crepúsculos rom ânticos, m as na criação hum anado artista. Enfim , há que ter esse dom especial de apanhar “a poesia do real”, com o dissem uito bem o desenhista Santa Rosa, justam ente a propósito das fotografias do sr. Jorge de

C astro27.

O DIÁRIO DO FO TÓ G RAFO : C RÔ N IC A DO C O TIDIAN O

26.“Fantasias de um poe-ta”,publicada no n.146;1ª quinzena,nov.1939.In:Id.,p.71.

27. “O homem que seachou”.In:Ibid,p.80.

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Figura 9 –“A bordo do S. Salvador em pleno Peru com Sol na cara/ 22-VI-27”(notação noverso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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150  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 1 0 –“C oari –11-VI-27/ Alto Solim ões/ M anacá Trom beta e Balança”(notaçãono verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 11 –“N ossa Senhora no M adeira/ 4-Julho-1927”(notação no verso). Acervo do Institutode Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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151 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 12 –“Dolur na vista m arajoara 31-VII-27/ Sol 3 diaf. 3/ Trom beta”(notação no verso).Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 13 –“Aposta de Ridículo em Tefé/ 12-VI-27”(notação no verso). Acervo do Instituto deEstudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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152  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 14 –“Assacaio/ (na m ão direita um a flor feito cachim bo. U m grupo de flores bicos-de-araras na outra/ 17-VI-27”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

Figura 15 –“Eu voltando do passeio por Assacaio/ 17-VI-27/ M onstro à m ostra”(notação noverso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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O TU RISTA A PREN D IZ RETRATA A AM A ZÔ N IA

153 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 16 –“Entrada dum paraná ou paranã/ rio M adeira/ 5-VII-27/ Ilha de M anicoré. O I é orio M ataurá, o II é o M adeira”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

Figura 17 –“Bom -Futuro bonita/ O II é um igrejó gótico/ 6-VII-27/ rio M adeira/Ver as

sum anúm as dos dois lados/ água de N arciso”(notação no verso). Acervo do Instituto de EstudosBrasileiros da U niversidade de São Paulo.

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Figura 18 –“Assacaio/ 17-VI-27/ O m ais alto é enegrecido pintado de genipapo”(notação noverso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 19 –“Boniteza tapuia/ D e fato ela era m ais bonita que o retrato. S. Salvador/ 1-VII-27/‘A Venus do m ilho’!”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

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155 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 20 –“Alm oço da 3ª. C lasse. Baependy –ao largo/ 6-VIII-27/ diaf. 1 –Sol 1 das 10Em terceira voracidade”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

Figura 21 –“Jangadas de m ogno enconstando no S. Salvador pra em barcar/N anay 23- Junho1927/ Peru/ Vitrolas futuras”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros daU niversidade de São Paulo.

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156  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 22 –“C asa telada da M adeira-M am oré/ Porto Velho –11-VI-27/ O bj. 2 Sol 1/ 13 e10”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 23 –“M argem do Solim ões/ Junho –1927/ Sobre as ondas”(notação no verso). Acervodo Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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157 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 2 4 –“Única igreja de Porto-Velho/ 11-VI-27/ Sol 1 Diaf. 2 13 e 1 5/N un arm Ich bingehst du zuruck”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de

São Paulo.

Figura 2 5 –“C aiçara pra em barque de gado/ S. Joaquim / M arajó 2 9-VII-27/ diaf. 1, sol 1 das16”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.

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O C O DA Q UE E A EXPERIM EN TAÇ ÃO ARTÍSTIC A

158  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 26 –“C aiçara/ rio M adeira/ 3-VII-27”(notação no verso). Acervo do Instituto deEstudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 27 –“Veleiros encostados no Baependy/ Areia Branca/ 6-VIII-27/ Diaf. 3 –sol 1 das 7 e40”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.

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159 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 28 –“Procissão de N ossa Senhora em Porto-Velho/ 15-VII-27”(notação no verso). Acervodo Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 2 9 –“Am or e Psiquê no Solim ões/ Junho –1927/ C anova 1927”(notação no verso).Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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160  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 30 –“Foto futurista de M ag e D olur sobrepostas às margens do Am azonas/ Junho 1927/O bsessão”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.

Figura 31 –“Desvairism o por acaso/ questão de lancha e de lunch/ 7-VI-27”(notação noverso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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161 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 32 –“Futurism o pingando 7-VI-27”(notação no verso). Acervo do Instituto deEstudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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162  Anais do Museu Paulista.v.13.n.2.jul.-dez.2005.

Figura 34 –“N o furo de Barcarena (M anaus)/ Atirando a tarrafa 7-VI-27/ Tarrafeando”(notação no verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 33 –“Atirando tarrafa/ Igarapé de Barcarena/ arredores de M anaus/ 7-VI-27”(notaçãono verso). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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163 Annals of Museu Paulista.v.13.n.2.Jul.-Dec.2005.

Figura 35 –“Tarrafeando/ Furo de Barcarena/ 7-VI-27”(notação no verso). Acervo do Institutode Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

Figura 36 –“Tarrafeando a beira-rio/ Furo de Barcarena/ 7-VI-27”(notação no verso). Acervodo Instituto de Estudos Brasileiros da U niversidade de São Paulo.

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Artigo apresentado em 08/2005. Aprovado em 09/2005.