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INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL EFICIÊNCIAS ASSOCIADAS À PRODUTIVIDADE DE CANA-DE- AÇÚCAR E À ARQUITETURA DO DOSSEL JOSÉ RODRIGUES MAGALHÃES FILHO Orientador: Eduardo Caruso Machado Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola Campinas, SP Novembro 2014

ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

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INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL E SUBTROPICAL

EFICIÊNCIAS ASSOCIADAS À PRODUTIVIDADE DE CANA-DE-

AÇÚCAR E À ARQUITETURA DO DOSSEL

JOSÉ RODRIGUES MAGALHÃES FILHO

Orientador: Eduardo Caruso Machado

Tese submetida como requisito parcial para

obtenção do grau de Doutor em Agricultura

Tropical e Subtropical, Área de

Concentração em Tecnologia da Produção

Agrícola

Campinas, SP

Novembro 2014

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ii

Aos meus pais

Lídia Ferreira Magalhães e José Rodrigues Magalhães (in memoriam),

À minha namorada e companheira de sempre

Mariana Dorigatti Ferreira,

DEDICO

Às minhas irmãs Elizandra, Suziany, Estelamaris

e irmão Flaviano e cunhados (a), e ao meu

orientador Dr. Eduardo Caruso Machado cujo

apoio, carinho, dedicação e atenção foram

imprescindíveis,

OFEREÇO

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iii

AGRADECIMENTOS

- Ao pesquisador, amigo e orientador Dr. Eduardo Caruso Machado, pela confiança e

ensinamentos importantes no curso e na minha vida profissional;

- Ao pesquisador Dr. Rafael Vasconcelos Ribeiro pelas sugestões, ensinamentos e auxílios

na pesquisa, desenvolvimento do trabalho e correções necessárias na confecção da tese;

- Aos professores Dr. Fábio Ricardo Marin e Dr. Marcelo de Almeida Silva pelas sugestões

da pré-banca para melhora deste trabalho;

- Às pesquisadoras Dra. Norma de Magalhães Erismann e Dra. Rose M. A. G. Tomaz pela

ajuda nas análises laboratoriais;

- Aos professores da área de concentração Tecnologia da Produção Agrícola da PG-IAC,

pelos ensinamentos e conselhos constantes transmitidos;

- À professora Dra. Ana Maria Magalhães de Andrade Lagôa pela confiança e paciência;

- Ao IAC e ao seu programa de Pós-Graduação pela oportunidade dada à mim para esta

formação;

- Aos amigos que deram suporte na realização do experimento, Paulo Eduardo Ribeiro

Marchiori, André Luiz B. de O. Silva, Daniela Fávero S. P. Machado e em especial

Severino Nogueira;

- Às funcionárias da PG-IAC Célia Regina Terra, Caroline Germin e Tatiana Araújo e aos

amigos do curso ciclo 2010/2014, em especial Cristina R. G. Sales, Fernanda Castro,

Erick Espinoza, Neidiquele Silveira e Guilherme Garcia;

- Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão da bolsa de estudo;

- À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo financiamento

do projeto.

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iv

“Só sei que nada sei.”

Sócrates (470-399 a.C.)

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v

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ........................................................................ vii

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................ ix

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................. xi

RESUMO ................................................................................................................................. xv

ABSTRACT ........................................................................................................................... xvii

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 2

2.1 A Cana-de-Açúcar ............................................................................................................ 2

2.2 Fatores que Determinam a Produtividade ........................................................................ 5

2.3 Influência da Arquitetura do Dossel no Crescimento e na Produtividade das Plantas ..... 9

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 10

3.1 Descrição das Cultivares, da Área Experimental e do Manejo da Cultura ..................... 10

3.2 Medidas da Radiação Fotossinteticamente Ativa Interceptada pelo Dossel Vegetativo 14

3.3 Análise Quantitativa do Crescimento ............................................................................. 15

3.4 Eficiência de Conversão da Radiação Fotossinteticamente Ativa (ECPAR) .................... 17

3.5 Maturação e Análise Tecnológica dos Colmos .............................................................. 18

3.6 Determinação dos Carboidratos ..................................................................................... 19

3.7 Trocas Gasosas e Potencial da Água nas Folhas ............................................................ 19

3.8 Exportação de Fotoassimilados e Teor de Nitrogênio Foliar ......................................... 20

3.9 Análise dos Resultados ....................................................................................................... 21

4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 21

4.1 Condições Ambientais Durante o Período Experimental ............................................... 21

4.2 Análise dos Componentes de Produção ......................................................................... 23

4.3 Análise Quantitativa do Crescimento da Cultura e Produção de Fitomassa ...................... 26

4.4 Maturação, Produtividade de Açúcares e Qualidade Tecnológica ................................. 28

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4.5 Eficiência de Interceptação da Radiação Fotossinteticamente Ativa, Eficiência de

Partição de Fitomassa e Eficiência do Uso da Radiação ...................................................... 31

4.6 Assimilação Diária de CO2 e Potencial da Água na Folha ............................................. 34

4.7 Teores de Carboidratos e de Nitrogênio Foliares e Exportação de Fotoassimilados ..... 39

5 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 42

5.1 Área Foliar e Interceptação da Radiação PAR ............................................................... 42

5.2 Produção de Colmos, Acúmulo de Sacarose e Eficiência de Partição de Fitomassa ..... 44

5.3 Análise do Crescimento da Cultura e da Eficiência de Conversão da Radiação PAR ... 46

5.4 Fatores que Determinam e que Afetam a ECPAR ............................................................ 48

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 51

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 52

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vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AF Área foliar (cm²)

AMI Amido (mg g-1

MS)

AST Açúcares solúveis totais (mg g -1

MS)

ATR Açúcares totais recuperáveis (kg t-1

cana ou t ha-1

)

BH Balanço hídrico climatológico

CAD Capacidade de armazenamento de água no solo (mm)

Ci Concentração intercelular de CO2 (mol mol-1

)

DAP Dias após o plantio

DAF Duração de área foliar (d-1

)

DEF Deficiência hídrica no solo (mm)

E Transpiração foliar (mmol m-2

s-1

)

ECi Eficiência instantânea de conversão da radiação PAR em fitomassa seca da

parte aérea (g MJ-1

d-1

)

ECPAR Eficiência de conversão da radiação PAR em fitomassa seca da parte aérea (g

MJ-1

)

EXC Excedente hídrico no solo (mm)

ExF Exportação de fotoassimilados [g (CH2O) m-2

d-1

]

Ɛc Eficiência média de conversão da energia luminosa absorvida nas folhas em

energia acumulada na fitomassa (J J-1

)

Ɛcmax Eficiência máxima de conversão da energia luminosa absorvida nas folhas em

energia acumulada na fitomassa (J J-1

)

Ɛi Eficiência de interceptação da radiação PAR acumulada no ciclo total da

cultura (admensional)

Ɛp Eficiência de partição de fitomassa (admensional)

F+1 Folha +1

F+3 Folha +3

gs Condutância estomática (mol m-2

s-1

)

IAF Índice de área foliar (m2 folha m

-2 terreno)

K Coeficiente de extinção da luz (admensional)

MFC Produtividade de massa da matéria fresca de colmos (g m-2

)

MS Fitomassa seca (g m-2

)

MST Produtividade da fitomassa seca total (colmo + folha, em g m-2

)

N Teor de nitrogênio (g kg-1

MS)

P Precipitação (mm)

PAR Radiação fotossinteticamente ativa instantânea (W m-2

ou mol fótons m-2

s-1

)

PAR Radiação fotossinteticamente ativa diária (MJ m-2

d-1

)

PARTO Radiação fotossinteticamente ativa diária no topo do dossel (MJ m-2

d-1

)

PART Radiação fotossinteticamente ativa diária transmitida no dossel (MJ m-2

d-1

)

PARI Radiação fotossinteticamente ativa diária interceptada pelo dossel (MJ m-2

d-1

)

PARAC Radiação fotossinteticamente ativa interceptada pelo dossel e acumulada por

um determinado período de tempo (MJ m-2

)

PN Assimilação instantânea de CO2 (mol CO2 m-2

s-1

)

PNI Assimilação diária de CO2 (mmol CO2 m-2

d-1

)

Qg Radiação solar global (W m-2

)

Qn Saldo de radiação (W m-2

)

RH Umidade relativa do ar (%)

SAC Teor de sacarose (mg g -1

MS)

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viii

t Tonelada

Tar Temperatura do ar (°C)

TCH Tonelada de colmos por hectare

TI Terço inferior do colmo

TM Terço médio do colmo

TS Terço superior do colmo

TAL Taxa de assimilação líquida (g m-2

folha d-1

)

TCC Taxa de crescimento da cultura (g m-2

terreno d-1

)

u Velocidade do vento (m s-1

)

Potencial da água nas folhas (MPa)

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ix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 -

Características químicas do solo da área experimental. Amostras

compostas retiradas nas profundidades 0-20 cm e 20-40

cm............................................................................................................

11

Tabela 2 - Características físicas do solo da área experimental. Amostras retiradas

em seis profundidades distintas..............................................................

12

Tabela 3 - Tratos culturais efetuados no período inicial do estabelecimento da

cultura.......................................................................................................

13

Tabela 4 - Teores de sacarose nos colmos (mgSAC g-1

MS) de quatro variedades

de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e

IACSP94-2094. Determinações realizadas em três diferentes posições

do colmo: terço superior (TS), terço mediano (TM) e terço inferior (TI)

e em três épocas distintas, aos 313 (Fevereiro), 363 (Abril) e 461

(Agosto) dias após o plantio (DAP).................................................

29

Tabela 5 - Estimativa da produtividade de sacarose (t SACTO ha-1

) aos 313

(Fevereiro), 363 (Abril) e 461 (Agosto) dias após plantio (DAP), em

quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101,

SP79-1011 e IACSP94-2094. Letras minúsculas e maiúsculas distintas

indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05) na

mesma variedade ao longo do tempo (DAP) e as diferenças entre as

variedades no mesmo período (DAP).......................................................

30

Tabela 6 - Qualidade tecnológica da cana expressa em Pol (% cana), teores de

fibra (%) e de açúcares totais recuperáveis (kg ATR t -1

cana) nos

colmos e produtividade de ATRTO estimada (t ha-1

) em quatro

variedades (Var) de cana-de-açúcar: (1) IACSP95-5000, (2) IACSP94-

2101, (3) SP79-1011 e (4) IACSP94-2094 aos 427 (Julho) e 533

(Outubro) dias após plantio (DAP). Letras minúsculas distintas

indicam diferenças estatísticas (Tukey, p<0,05) ao longo do tempo na

média de todas as variedades (M), enquanto as maiúsculas distintas as

diferenças entre variedades em cada período (DAP)................................

30

Tabela 7 - Eficiência de interceptação da radiação PAR (Ɛi), eficiência de partição

da fitomassa (Ɛp) e eficiência máxima (Ɛcmax) e média (Ɛc) de

conversão da radição PAR em energia armazenada na fitomassa (J J-1

).

Letras maiúsculas distintas indicam diferenças entre as variedades

(Tukey, <0,05)..........................................................................................

32

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x

Tabela 8 - Condutância estomática média diária (gs, mol m-2

s-1

) das folhas +1 e

+3 de quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-

2101, SP79-1011 e IACSP94-2094, medidas aos 125, 208, 301 e 439

dias após o plantio (DAP). Medidas instantâneas realizadas a cada 2

horas entre 7h - 17h. Letras minúsculas e maiúsculas distintas indicam,

respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05) ao longo do

tempo na mesma variedade (mesma linha) e entre as variedades na

mesma data (mesma coluna). n=8............................................................

37

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xi

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 -

Em A, média decendial da radiação fotossinteticamente ativa

incidente diária (PARTO); em B, precipitação e lâmina de irrigação

aplicada mensal (mm) e média mensal das temperaturas do ar (°C)

mínima (Tmin), máxima (Tmax) e média (Tmed); e em C, extrato do

balanço hídrico (BH) climatológico da área experimental irrigada

referente aos anos de 2010 e 2011 em Campinas-SP. DEF e EXC

indicam período de ocorrência de deficiência hídrica e excedente

hídrico, respectivamente. Área hachurada corresponde ao período

experimental (01/05/2010 à 07/10/2011). DAP indica os dias após

plantio....................................................................................................

22

Figura 2 - (A) Número de colmos por metro quadrado; e (C) Número de

entrenós por colmo ao longo do ciclo da cultura. (B) Comprimento

dos colmos; e (D) Diâmetro dos entrenós medido no ponto mediano

de três posições distintas do colmo (terço inferior, TI; terço médio,

TM; e terço superior, TS), ambos no final do ciclo da cultura (525

DAP). Letras minúsculas (em D) e maiúsculas (em B, e D) distintas

indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05)

entre as posições do colmo (terço) na mesma variedade e as

diferenças entre as variedades (em B) na mesma posição do colmo

(em D). Barras (em A e C) indicam a diferença mínima significativa

(DMS, Tukey, p<0,05) entre as médias no último período (525 DAP).

Cada ponto/barra representa a média de quatro repetições ± desvio

padrão. GDD indica a soma térmica acumulada considerando

temperatura base (Tb) de 16 °C (INMAN-BAMBER,

1994)..........................................................................................

24

Figura 3 - (A) Número de folhas verdes presentes nas plantas e (B) área foliar

média unitária (AF) ao longo do tempo, em dias após plantio (DAP),

das variedades de cana-de-açúcar IACSP95-5000, IACSP94-2101,

SP79-1011 e IACSP94-2094. DMS1 e DMS2 indicam,

respectivamente, a diferença mínima significativa (Tukey, p<0,05)

entre as variedades no mesmo tempo (DAP) e as diferenças ao longo

do tempo em cada variedade. Cada ponto representa a média de

quatro repetições ± desvio padrão. GDD indica a soma térmica

acumulada considerando a temperatura base (Tb) de 12 °C (INMAN-

BAMBER, 1994)...................................................................................

25

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xii

Figura 4 - (A) Índice de área foliar (IAF) e duração de área foliar (DAF, em

dias; detalhe no gráfico), (B) Correlação entre MFC unitário (MFCun)

e o volume do colmo aos 525 DAP, (C) taxa de crescimento da

cultura (TCC), (D) taxa de assimilação líquida (TAL), (E) biomassa

seca total (MST) e (F) massa fresca de colmos ao longo do ciclo da

cultura, em dias após plantio (DAP) nas variedades de cana-de-açúcar

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Cada

ponto representa a média de quatro repetições. Letras minúsculas

distintas (em B) indicam diferenças significativas (Tukey, p<0,05) do

volume do colmo entre as variedades. DMS1 e DMS2 indicam as

diferenças mínimas significativas (Tukey, p<0,05) que distinguem,

respectivamente, as variedades em cada tempo (DAP) e as médias de

cada variedade ao longo do tempo. GDD indica a soma térmica

considerando temperatura base de 16 °C (SMIT & SINGELS,

2005).......................................................................................................

27

Figura 5 - (A) Fração da radiação fotossintética interceptada pelo dossel (FIPAR)

e, (B) coeficiente de extinção da radiação (K) ao longo do tempo, em

dias após o plantio (DAP) de quatro variedades de cana-de-açúcar:

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094..........

31

Figura 6 - Razão entre a radiação fotossinteticamente ativa que atinge a folha+3

vs. a folha+1 ao longo do ciclo da cultura, em dias após o plantio

(DAP) em quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000,

IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Linha tracejada indica

a razão 1.................................................................................................

33

Figura 7 - Eficiência do uso da radiação fotossinteticamente ativa (ECPAR, linhas

vermelhas, em g MJ-1

) calculada pelo ajuste linear da correlação dos

dados da biomassa seca total (MST) vs. radiação fotossinteticamente

ativa interceptada pelo dossel (PARAC) em quatro variedades de cana-

de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-

2094. Linha tracejada refere-se à média de quatro repetições dos

dados ajustados de acúmulo de fitomassa (MST) em função do tempo

(em dias após plantio, DAP). Linha vermelha refere-se ao ajuste

linear para o período compreendido entre os 221 e 363 DAP (ECPAR1,

Fase I) e para o período compreendido entre os 431 e 525 DAP

(ECPAR2, Fase II). □ Produtividade esperada da cultura (MST) se a

ECPAR da fase I fosse constante. Letras maiúsculas distintas indicam

diferenças significativas (Tukey, p<0,05) da ECPAR entre as

variedades dentro de cada fase e as minúsculas, diferenças entre as

fases em cada variedade.........................................................................

34

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xiii

Figura 8 - Assimilação diária de CO2 (PNI) em quatro variedades de cana-de-

açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094

(A-D) medida ao longo do ciclo da cultura, em dias após plantio

(DAP) com respectivo mês de ocorrência (Mês), e em duas folhas

distintas: folha+1 (F+1) e folha+3 (F+3). Letras maiúsculas distintas

indicam diferenças significativas (Tukey, p<0,05) de PNI entre as

variedades no mesmo período (DAP). DMS indica as diferenças

(Tukey, p<0,05) ao longo do tempo dentro da mesma variedade. *

indica os períodos em que houve diferença significativa (p<0,05) da

PNI entre F+1 e F+3 dentro da mesma variedade. Cada ponto

representa a média de quatro repetições ±desvio padrão......................

35

Figura 9 - Assimilação instantânea de CO2 (PN) ocorrida em função da radiação

PAR incidente no terço médio das folhas +1 e +3 mantidas na posição

original de acordo com a inclinação. Medidas realizadas ao longo do

dia 208 DAP (A, C, E e G) e 371 DAP (B, D, F e H) em quatro

variedades de cana de açúcar: IACSP95-5000 (A e B), IACSP94-

2101 (C e D), SP79-1011 (E e F) e IACSP94-2094 (G e

H)............................................................................................................

365

Figura 10 - Potencial da água das folhas +3 (w) em quatro variedades de cana-

de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-

2094. Medidas realizadas em quatro épocas distintas, em dias após o

plantio (DAP) e/ou meses, antes do amanhecer (am, em A) e às 13h

do mesmo dia (13h, em B). Letras minúsculas e maiúsculas distintas

indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05)

ao longo do tempo dentro da mesma variedade e as diferenças entre

as variedades no mesmo período (DAP). Cada coluna indica média de

quatro repetições ±desvio padrão...........................................................

38

Figura 11 - Teores foliares de amido (AMI), açúcares solúveis totais (AST),

sacarose (SAC) e carboidratos totais não estruturais (CTNE) e

exportação de carboidratos fotoassimilados (ExF), nas folhas+3 em

quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-

2101, SP79-1011 e IACSP94-2094 (A-D) e em quatro épocas

distintas (DAP). Letras minúsculas e maiúsculas distintas em cada

variável indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey,

p<0,05) entre as médias ao longo do tempo (DAP) dentro da mesma

variedade e diferenças entre as variedades dentro de cada período

(DAP). Médias compostas por quatro repetições...................................

39

Figura 12 - Teor de nitrogênio foliar (g kg-1

) em quatro variedades de cana-de-

açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-

2094, determinados aos 167, 271, 371 e 412 dias após plantio (DAP),

nas folhas+3. Letras maiúsculas distintas indicam as diferenças

significativas (Tukey, p<0,05) entre as variedades no mesmo período.

DMS indica as diferenças ao longo do tempo (DAP) na mesma

variedade (Tukey, p<0,05).....................................................................

41

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xiv

Figura 13 - Correlação entre os teores de N foliares com a eficiência instantânea

de carboxilação (PN/Ci, A) e com a eficiência de conversão da

radiação solar instantânea (ECi, B) em quatro variedades de cana-de-

açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-

2094. Dados referentes a períodos distintos ao longo do ciclo da

cultura. Valores de N da figura 12. Cada ponto representa a média de

quatro repetições ± desvio padrão. ** p<0,01.......................................

41

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xv

Eficiências associadas a produtividade de cana-de-açúcar e a arquitetura do

dossel

RESUMO

O aumento na produtividade da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) tem ocorrido em função do

desenvolvimento de variedades melhoradas geneticamente. Entretanto pouco se conhece

sobre as características fisiológicas e morfológicas das plantas responsáveis pelo aumento da

produtividade ocorrida nas últimas décadas. O conhecimento dos fatores intrínsecos da

produção em cana-de-açúcar pode direcionar os programas de melhoramento genético pela

busca por variedades com características fisiológicas e morfológicas específicas, além de

contribuir na melhora do manejo fitotécnico da cultura. O objetivo deste trabalho foi estudar

as características fisiológicas e morfológicas relacionadas à produção diferencial de fitomassa

e de sacarose em variedades de cana-de-açúcar em condições de campo irrigado, abordando

as eficiências de interceptação de luz, da partição de fitomassa e da conversão da radiação

solar em fitomassa. Utilizaram-se variedades de cana-de-açúcar com diferentes exigências

ambientais (rústicas e responsivas) e com diferentes arquiteturas foliares (folhas lanceoladas e

arqueadas). Foram realizadas análise quantitativa do crescimento e do acúmulo de sacarose

nos colmos, da fotossíntese diária (PNI) e da exportação de fotoassimilados foliares (ExF), e

análise das eficiências de interceptação (Ɛi), de partição (Ɛp) e de conversão da radiação solar

em fitomassa (ECPAR). As variedades indicadas para ambientes de produção favoráveis, a

IACSP95-5000 e a IACSP94-2101 produziram 300 toneladas de colmo por hectare (TCH),

enquanto as indicadas para ambientes mais restritivos, a IACPSP94-2094 e a SP79-1011

produziram 260 TCH e 220 TCH, respectivamente. A TCH foi correlacionada ao volume dos

colmos. A variedade IACSP94-2094 produziu maior número de colmos por área. As

variedades com folhas arqueadas IACSP95-5000 e IACSP94-2094 interceptaram ~90% da

radiação solar a partir dos cinco meses de idade da cultura até o final do ciclo produtivo e as

com folhas lanceoladas 78% no mesmo período. A característica da arquitetura foliar afetou o

coeficiente de extinção de luz (K), o qual variou também ao longo do ciclo da cultura. As

elevadas produtividades das variedades nacionais revelaram alta eficiência de conversão da

radiação solar em fitomassa (ECPAR). A produtividade da cana-de-açúcar é proporcional à

ECPAR, e há uma relação entre a produtividade fotossintética global e a ECPAR, a qual decai

com a idade da planta. Na fase de desaceleração do crescimento, a queda em ECPAR está

relacionada com a menor atividade de PNI, que por sua vez está relacionada com o teor de

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nitrogênio na folha, com o acúmulo de carboidratos nas folhas e com a baixa temperatura do

ar. A diferença de produtividade de sacarose nas variedades de cana-de-açúcar IACSP95-

5000, IACSP94-2094, IACSP94-2010 e SP79-1011 ocorreu em função da produtividade de

colmos, já que os teores de açúcares totais recuperáveis (ATR) e de sacarose nos colmos são

iguais.

Palavras- chave: Saccharum spp., eficiência de conversão de energia, fotossíntese, acúmulo

de sacarose, crescimento.

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Efficiencies associated with sugarcane productivity and the canopy

architecture

ABSTRACT

The yield increase in sugarcane (Saccharum spp.) has occurred in response to development of

genetically improved varieties. However, there is very few knowledge about the physiological

and morphological characteristics of the plant due to increasing in productivity over recent

decades. The knowledge of the intrinsic factors responsible for production in sugarcane can

direct breeding programs by the search for varieties with specific physiological and

morphological characteristics, besides contributing for improving crop management. This

work has aimed to study the physiological and morphological characteristics related to both

differential biomass production and sucrose content in varieties of sugarcane produced in a

well-watered field condition, addressing the efficiency of light interception (Ɛi), of biomass

partition (Ɛp) and of solar radiation conversion into biomass (ECPAR). Varieties of sugarcane

to different environmental requirements (rustic and responsive) and to different leaf canopies

(lance-shaped leaves and arched) were used. The measurements of growth analysis, stalk

sucrose content, daily photosynthesis (PNI) and export of assimilates of leaves (ExF) were

made. Analysis of Ɛi, Ɛp and ECPAR were determined. The varieties indicated to favorable

environments of production IACSP94-2101 and IACSP95-5000 produced 300 tonnes per

hectare (TCH) of stem, followed by IACPSP94-2094 (260 TCH) and by SP79-1011 (220

TCH). The TCH productivity was correlated with length and diameter dimensions. The

IACSP94-2094 variety produced higher number of stems per unit area. Varieties with arched

leaves IACSP95-5000 and IACSP94-2094 intercepted ~90% of the solar radiation from the

five-month-old culture to the end of the cycle while the lance-shaped leaves varieties

intercepted 78% of the solar radiation in the same period. The canopy architecture affected the

light extinction coefficient (K), which also varied throughout the crop cycle. The high

productivity of domestic varieties showed high ECPAR. The sugarcane productivity is

proportional to ECPAR, and there is a relationship between global photosynthetic productivity

and ECPAR, which decays with plant aging. During the latter slowing growth phase the fall in

ECPAR is related to the lower daily photosynthetic activity (PNI) which in turn is related to the

leaf nitrogen content, to the accumulation of carbohydrates in the leaves and to low air

temperature. Differences of sucrose yield among IACSP95-5000, IACSP94-2094, IACSP94-

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2101 and SP79-1011 varieties were due to stalk productivity, since they showed no

differences of total recoverable sugars (ATR) and sucrose content in stems.

Key words: Saccharum spp., energy conversion efficiency, photosynthesis, sucrose

accumulation, growth rate.

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1

1 INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século

XVI. Naquela época o processamento da cana era rudimentar e a produtividade agrícola

baixa, e pouco se aproveitava da cana-de-açúcar já que o interesse da matéria-prima era o

açúcar contido no caldo. Com o passar do tempo a cultura da cana-de-açúcar foi se tornando

importante fonte de riqueza para o país e outros subprodutos passaram a ser produzidos. Além

do açúcar extraído do caldo, a cana-de-açúcar é hoje a principal fonte de etanol utilizado na

recém-frota automotiva “flex-fuel”. Devido ao seu grande volume de produção atual há um

grande volume de bagaço sendo gerado na indústria, o qual é utilizado como biomassa na

geração de energia (MOREIRA et al., 2014).

Dada à sua importância, investimentos feitos no setor industrial levaram ao aumento

na eficiência produtiva e, atualmente, investimentos crescentes tem se observado na busca

para geração do etanol oriundo do bagaço da cana. Do ponto de vista agronômico, as

variedades desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético e a melhora do manejo

da cultura elevaram a produtividade agrícola consideravelmente nas últimas décadas. Do

ponto de vista ambiental, a cana-de-açúcar tem importante papel por fixar elevada quantidade

de CO2 da atmosfera, o que gerou um mercado conhecido como crédito carbono, em que a

previsão da quantidade de CO2 do ar a ser absorvido pela cultura ao longo do seu ciclo é

vendida para indústrias que liberam esse gás na atmosfera durante suas atividades

(MOREIRA et al, 2014; WACLAWOVSKY et al., 2010).

Devido a atual demanda da cana-de-açúcar como fonte de energia na forma de etanol e

de energia elétrica, o setor agrícola necessita ampliar sua produtividade para aumentar a oferta

global da matéria-prima a fim de não afetar a produção de açúcar a favor da geração de etanol

e vice-versa. Além disso, com o desenvolvimento da tecnologia do etanol de segunda geração

é possível que parte do bagaço hoje destinado à produção de energia elétrica seja desviada

para a produção de etanol (NAIK et al., 2010).

O aumento na produtividade agrícola deverá ocorrer em função do contínuo

desenvolvimento de variedades adaptadas aos diversos ambientes de produção, e da melhora

no manejo onde a cultura está inserida. O conhecimento das características fisiológicas das

plantas relacionadas à produção pode direcionar os programas de melhoramento genético na

seleção de plantas mais produtivas, além de melhorar o manejo varietal e da cultura em

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ambientes específicos. Ainda que a cana-de-açúcar seja considerada uma planta de alto

potencial produtivo, a produtividade atual está muito aquém do seu potencial teórico e há

diferenças consideráveis de produção e do uso dos recursos ambientais entre as diversas

variedades existentes no Brasil. Pouco se conhece sobre os aspectos fisiológicos que

determinam a produção das variedades nacionais de cana-de-açúcar. Além das diferenças

varietais, a produtividade da cultura tem estreita relação com o espaçamento de plantio

utilizado, e este possivelmente está relacionado com a arquitetura do dossel vegetativo. A

arquitetura das folhas influencia na interceptação da radiação solar podendo afetar a

produtividade primária das plantas.

Neste contexto nosso objetivo foi estudar quais características fisiológicas e

morfológicas estão relacionadas com a produção diferencial de fitomassa e de sacarose em

variedades de cana-de-açúcar em condições de campo irrigado, abordando as eficiências de

interceptação de luz, da partição de fitomassa e da conversão da radiação em fitomassa.

Nossas hipóteses foram: (1) variedades mais produtivas possuem maior eficiência de

interceptação da luz e de conversão da radiação solar em fitomassa; e, (2) plantas com

arquitetura de folhas erectófila são mais produtivas devido à melhor distribuição da radiação

solar no dossel vegetativo que aumenta a fotossíntese global da planta.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar pertence ao gênero Saccharum e é oriunda de distintas regiões do

sudeste asiático (FIGUEIREDO, 2010; MARIN, 2014). As espécies que compõem esse

gênero são: Saccharum officinarum, Saccharum spontaneum, Saccharum sinense, Saccharum

barberi, Saccharum robustum e Saccharum edule (FIGUEIREDO, 2010). Existe grande

diferença entre as espécies quanto à produção de sacarose e de fitomassa, sendo que a S.

officinarum destaca-se pela elevada produção e armazenamento de sacarose e baixo teor de

fibras nos colmos, enquanto as demais espécies possuem elevado teor de fibras e baixos teores

de sacarose nos colmos (MOORE et al., 2014). Atualmente, as variedades comerciais

desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético são híbridas, oriundas

principalmente do cruzamento das espécies S. officinarum e S. spontaneum (LANDELL &

BRESSIANI, 2010; MOORE et al., 2014).

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A cultura da cana-de-açúcar no Brasil iniciou-se com a chegada dos portugueses

colonizadores no século XVI. Os primeiros cultivos ocorreram região nordeste do país e o

açúcar produzido nos engenhos era destinado à exportação para a Europa, onde o açúcar era

considerado especiaria de elevado valor agregado (FIGUEIREDO, 2010). Atualmente, o

cultivo da cana-de-açúcar tem grande importância econômica no cenário internacional, sendo

o Brasil o principal produtor de etanol e açúcar (ORTOLAN, 2006). Esta posição no mercado

mundial é baseada na alta eficiência produtiva do setor sucroalcooleiro nacional, sendo o

estado de São Paulo o mais importante produtor de etanol de cana-de-açúcar (CONAB, 2006;

ORTOLAN, 2006). Além das condições ambientais apropriadas, o setor sucroalcooleiro

nacional é favorecido pela disponibilidade de variedades adaptadas a diferentes condições da

cultura (LANDELL et al., 2006), que supri a indústria com material cru durante todo ano, e

pela alta tecnologia e bem estruturada indústria do açúcar e do etanol (ORTOLAN, 2006).

Com o aumento crescente na demanda por etanol pelo mercado automobilístico, o setor

sucroalcooleiro está em busca de processos produtivos mais eficientes, desde o campo até a

indústria.

Do ponto de vista da produtividade agrícola, o Brasil aumentou em cinco vezes a área

plantada num período de 34 anos, passando de 1,9 (em 1975) para 9,7 (em 2009) milhões de

hectares. Nesse período houve aumento de 70% na produtividade, que passou de 46,8 para

80,2 toneladas cana por hectare por safra (MAPA, 2011). Esse aumento da produtividade

ocorreu em função do melhoramento genético da cana-de-açúcar que desenvolveu variedades

mais produtivas, e também pelo uso de técnicas de manejo nutricional e fitotécnico mais

adequados (CASAGRANDE & VASCONCELOS, 2010; LANDELL et al., 2006; VITTI el

al., 2006). Entretanto, a produtividade brasileira da cana-de-açúcar é baixa quando comparada

ao potencial produtivo da cultura (WACLAWOVSKY et al., 2010; ZHU et al., 2010) e a

melhora da produtividade em toda a cadeia produtiva deve ocorrer principalmente em função

do aumento da produtividade agrícola.

Um importante índice na indústria canavieira é a produtividade de sacarose que é

variável de acordo com as espécies e variedades (LANDELL et al., 2004; 2006; WATT et al.,

2005). Por um longo tempo, o objetivo principal dos programas de melhoramento genético

tem sido o aumento na produção de sacarose através da maior produção de colmos por

hectare, com pequenas ou nenhuma mudança na concentração de sacarose nos colmos

(JACKSON, 2005). Este é um importante aspecto, uma vez que cultivares com alta

concentração de sacarose nos colmos aumenta a eficiência industrial. Do ponto de vista

fisiológico, a produção de sacarose é o resultado de um processo complexo relacionado ao

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metabolismo de carboidratos nos tecidos fonte e dreno, sendo regulado pela síntese

(fotossíntese), consumo (respiração e crescimento estrutural) e partição de carboidratos e

estresse abióticos durante a maturação (McCORMICK et al., 2009; MOORE, 2005).

A capacidade de transporte de fotoassimilados não limita o movimento do açúcar e seu

acúmulo nos tecidos dreno, exceto sob condições extremas (LAWLOR, 1995; WARDLAW,

1990). A capacidade do dreno, relacionado com a dimensão e quantidade de entrenós,

regulam a produtividade de sacarose e pode afetar a fotossíntese da planta. Drenos com alta

capacidade e ativos por um longo período de tempo aumentam a atividade fotossintética da

cana-de-açúcar devido a mudanças na atividade de enzimas e expressão de genes

(McCORMICK et al., 2006; 2008). O oposto também é verdadeiro, isto é, menor atividade do

dreno induz acúmulo de açúcar nas folhas e modifica o metabolismo no tecido fonte, levando

a um decréscimo na fotossíntese (PAUL & PELLNY, 2003). Todavia, a morfologia e a

anatomia do dreno afetam a fisiologia da fonte, sendo a capacidade do dreno uma importante

característica que pode ser melhorada em cana-de-açúcar.

Os entrenós da cana-de-açúcar possuem forma cilíndrica. Considerando um corte

transversal, o entrenó possui epiderme com parede celular espessa, córtex com células

esclerênquima e numerosos feixes vasculares envoltos em tecidos parenquimáticos

(ARTSCHWAGER, 1925). WEIJIAN (1989) observou diferenças anatômicas significantes

entre variedades de cana-de-açúcar, a saber: (i) correlação negativa entre o tamanho das

células de armazenamento com sólidos solúveis e teores de sacarose, e (ii) correlação positiva

entre densidade da bainha vascular com teor de sacarose, mas não com o tamanho da célula de

armazenamento. Mudanças no módulo de elasticidade volumétrica, turgor e condutividade

hidráulica da membrana de células durante o desenvolvimento dos tecidos do colmo podem

afetar o crescimento das células parenquimáticas e dessa forma a capacidade de

armazenamento de açúcar (MOORE & COSGROVE, 1991). Entretanto, o crescimento dos

entrenós induz menor tamanho das células de armazenamento em algumas variedades

(WEIJIAN, 1989), sendo as células de armazenamento das variedades de maturação precoce

menores do que as de maturação tardia.

A sacarose desempenha um papel central no metabolismo das plantas, sendo o

principal produto da fotossíntese e a forma de carboidratos que são exportados das folhas, por

meio do floema. A sacarose é utilizada como fonte de energia e carbono para o crescimento e

manutenção nos diversos órgãos da planta. Em cana-de-açúcar, possivelmente, a conexão

entre as células fotossintetizadoras e as células condutoras do floema ocorre via simplasto

pelos plamodesmos (VAN BEL & GAMALEI, 1992) e o seu carregamento ocorre via

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apoplasto nas folhas de cana-de-açúcar (RAE et al., 2005). Pelo floema, a sacarose move-se

até os tecidos drenos, isto é, órgãos em desenvolvimento e de armazenamento. A sacarose é

descarregada via simplasto, no entanto, a presença de sacarose no apoplasto sugere que ambas

as formas participam do acúmulo de sacarose nos tecidos de armazenamento (RAE et al.,

2005).

O fato da demanda do dreno afetar a atividade da fonte indica que o sinalizador desse

sistema de retro regulação pode ser um importante fator a ser considerado com intuito de

melhorar o acúmulo de sacarose (McCORNICK et al., 2006). Açúcares solúveis (sacarose e

hexoses) são considerados sinalizadores metabólicos que têm efeito sobre a regulação

fonte/dreno e nas respostas metabólicas aos fatores ambientais (PAUL & PELLNY, 2003).

Embora o conhecimento atual permita que se construam modelos mecanísticos sobre a

produção, transporte e armazenamento de sacarose em colmos de cana-de-açúcar (RAE et al.,

2005), há muitos pontos que ainda suscitam dúvidas (McCORMICK et al., 2009),

principalmente de suas relações com o ambiente. Pouco se conhece sobre as características

intrínsecas das plantas relacionadas à produção primária e que determinam a produtividade

agrícola nas condições ambientais brasileiras e, principalmente, nas variedades nacionais de

cana-de-açúcar. O conhecimento dos fatores intrínsecos relacionados à produtividade é um

aspecto importante a ser considerado nos programas de melhoramento genético e de manejo

de culturas.

2.2 Fatores que Determinam a Produtividade

Do ponto de vista fisiológico, a produtividade econômica de uma cultura (Y) é

determinada pelo produto da produtividade primária da planta (PP) com o índice de colheita

(HI), segundo MONTEITH & MOSS (1977) e ZHU et al. (2010), de acordo com as seguintes

equações:

PP = ΣPAR . Ɛi . Ɛc, (1)

e

Y = PP . HI, (2)

sendo ΣPAR o somatório da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) incidente ao longo do

ciclo da planta; Ɛi, a eficiência de interceptação da radiação PAR pelo dossel vegetativo

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(admensional); Ɛc, a eficiência de conversão da radiação PAR em fitomassa (g MJ-1

); e HI, o

índice de colheita, que pode ser denominado também como eficiência de partição (Ɛp,

admensional). Embora o termo “eficiência” seja muito utilizado como sinônimo de

produtividade, mesmo nos estudos de fisiologia da produção (DONALDSON et al., 2008;

MARIN et al., 2008; PARK et al., 2005; VAN HEERDEN et al., 2010) esse termo é um

conceito dado pela termodinâmica que expressa a razão entre a energia recuperada e a energia

utilizada num processo (MARIN et al., 2008; MONTEITH & MOSS, 1977).

A quantidade de radiação solar disponível para a planta depende da região onde a

cultura está inserida e é maior quanto menor for a latitude local. A cana-de-açúcar é uma

espécie cultivada em condições tropicais e subtropicais encontrada entre as latitudes 35°

Norte e Sul do equador (MOORE et al, 2014) e diferenças de produtividade devem ocorrer

em função da disponibilidade de luz nas distintas regiões. Além da radiação solar, a

produtividade da cana-de-açúcar é dependente da temperatura do ar, da disponibilidade

hídrica e de nutrientes ao longo do seu ciclo produtivo (BONNETT, 2014; CASAGRANDE

& VASCONCELOS, 2010; RIBEIRO et al., 2013). Fatores genéticos também determinam o

potencial produtivo da cana-de-açúcar, pois há diferenças consideráveis de produtividade de

fitomassa e de sacarose entre variedades e espécies, independente do ambiente de produção

(LANDELL et al., 2006; MOORE et al., 2014; RIBEIRO et al., 2013).

De toda a radiação solar disponível no ambiente, apenas aquela absorvida

efetivamente pelo dossel vegetativo das plantas é utilizada para conversão em fitomassa

através do processo fotossintético. A fração da radiação total disponível no ambiente que é

absorvida pelo dossel vegetativo caracteriza a Ɛi (ZHU et al., 2010). A Ɛi relaciona-se com o

tamanho da área foliar da planta, cuja característica é dependente das variedades e o

adensamento de plantio favorece o aumento da Ɛi da cultura (ROBERTSON et al., 1996;

TEJERA et al., 2007). Durante o estágio inicial do desenvolvimento a área foliar das plantas é

baixa e por isso uma pequena fração da radiação solar disponível no ambiente é interceptada

pelo dossel vegetativo. O desenvolvimento mais rápido das folhas poderia aumentar a

interceptação da radiação acumulada e, consequentemente Ɛi e a produtividade da cultura.

Sabe-se que o desenvolvimento das folhas em cana-de-açúcar tem estreita relação com a

temperatura do ar (BONNETT, 2014; INMAN-BAMBER, 1994) e o cultivo em regiões com

temperaturas elevadas pode favorecer o desenvolvimento inicial das folhas e favorecer a Ɛi da

cultura.

A utilização da radiação PAR interceptada pelo dossel vegetativo é feita pelo processo

fotossintético. A quantidade de fitomassa produzida em função da radiação PAR interceptada

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pelo dossel vegetativo define a Ɛc. De acordo com ZHU et al. (2010), a Ɛc máxima teórica das

plantas de metabolismo fotossintético tipo C3 é de 9,4%, enquanto nas C4 de 12,3% (ZHU et

al., 2010) considerando apenas a energia da radiação PAR. Em cana-de-açúcar (espécie C4), a

Ɛc máxima teórica de 12,3% corresponde a uma taxa média de conversão de energia em

fitomassa da ordem de 8,2 g MJ-1

, o que equivaleria a produtividade de 380 t cana ha-1

ano-1

(LIU & BULL, 2001; WACLAWOVSKY et al., 2010). Valores sempre abaixo do potencial

teórico de Ɛc são encontrados em diferentes regiões do mundo mesmo nas variedades

consideradas mais produtivas: na África do Sul, entre 2,0 e 5,0 g MJ-1

(DONALDSON et al.,

2008) e na Austrália, entre 2,7 e 3,7 g MJ-1

(PARK et al., 2005; ROBERTSON et al., 1996).

Vale ressaltar que esses valores de Ɛc referem-se à radiação PAR e considera apenas a

fitomassa da parte-aérea da planta, desconsiderando a fitomassa radicular.

No Brasil, WACLAWOVSKY et al. (2010) relataram produtividade em área

comercial de cana-de-açúcar de 260 t cana ha-1

num ciclo de 13 meses, e em condições

experimentais de 299 t cana ha-1

. Essa produtividade em área comercial no Brasil relatada por

esses autores está bem acima da produtividade média do país, atualmente em 80 t ha-1

(MAPA, 2011), sugerindo que essa baixa produtividade possivelmente está mais associada ao

manejo inadequado da cultura e a estresses abióticos (principalmente déficit hídrico) do que

ao potencial genético das variedades. É fato que os programas de melhoramento genético de

cana-de-açúcar brasileiros trouxeram grandes avanços na produtividade agrícola nas últimas

décadas (MAPA, 2011; WACLAWOVSKY, 2010), e possivelmente o potencial genético das

variedades atuais está sendo sub-explorado.

O índice de colheita (HI) da cana-de-açúcar refere-se à proporção de fitomassa de

colmos produzido em relação à fitomassa total da parte-aérea, ou à produção de sacarose

produzida em relação à fitomassa de colmos e esse índice pode ser denominado Ɛp. A Ɛp em

cana-de-açúcar varia entre espécies e variedades e influencia na produtividade agrícola e

industrial, por isso a Ɛp é um fator importante considerado no melhoramento genético vegetal

(LANDELL & BRESSIANI, 2010). Considerando a produtividade de colmos, a Ɛp

mencionada na literatura estão entre 0,66 e 0,80 em diferentes regiões do mundo, incluindo o

Brasil (CASAGRANDE & VASCONCELOS, 2010; INMAN-BAMBER, 2014). Atualmente

as variedades nacionais de cana-de-açúcar estão próximas da Ɛp potencial, uma vez que

colmos com maiores dimensões diâmetro e altura são características consideradas na seleção

de novas variedades (LANDELL & BRESSIANI, 2010).

Dos fatores determinantes da produtividade da cana-de-açúcar mencionados acima, a

Ɛc é o fator com maior potencial para o incremento da produtividade agrícola atual e, por isso,

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esse é um aspecto importante a ser considerado pelos melhoristas genéticos na busca por

variedades mais produtivas (JACKSON, 2005; SINGELS, 2005). Para atingir esse objetivo é

necessário conhecer os fatores que determinam a Ɛc da planta. É importante considerar que

aumentos na Ɛc podem ser alcançados nas variedades de cana-de-açúcar atuais através de

manejo varietal adequado e da utilização de irrigação na cultura (LANDELL & BRESSIANI,

2010; WACLAWOVSKY, 2010).

A Ɛc está estreitamente relacionada à fotossíntese das plantas. Devido ao seu

metabolismo fotossintético tipo C4, a assimilação de CO2 da cana-de-açúcar pode atingir

valores próximos de 63 mol CO2 m-2

s-1

(MOORE & MARETZKI, 1996). Em apenas um

dia, a cana-de-açúcar pode acumular 40 g de fitomassa m-2

, sendo grande parte do carbono

assimilado direcionado aos colmos (MOORE & MARETZKI, 1996). Embora menos de 1%

da energia solar disponível seja usada na produção de fitomassa (ALEXANDER, 1973), a

fotossíntese total da cultura tem estreita relação com o crescimento da planta e com a

produtividade da cultura (LAWLOR, 1995; LONG et al., 2006), e há significante variação

desses parâmetros dentre as variedades de cana-de-açúcar (IRVINE, 1967; MACHADO et al.,

2009). No entanto, o acúmulo de sacarose nos colmos pode não estar diretamente relacionado

com alta capacidade fotossintética por unidade de área foliar, visto que a espécie Saccharum

spontaneum (L.) acumula pouca sacarose e sua taxa de fotossíntese é 30% maior do que

Saccharum spp (L.) que tem alto acúmulo de sacarose (IRVINE, 1975).

A eficiência fotossintética (ƐF) considerada é estimada pela razão entre a quantidade de

carboidrato (CH2O) produzido e a radiação fotossinteticamente ativa (MJ m-2

d-1

entre 400 e

700 nm) absorvida (SINGELS et al., 2005). Este índice de conversão de energia solar em

variedades de cana-de-açúcar varia entre 2,7 e 8,2 gCH2O MJ-1

de radiação

fotossinteticamente ativa, dependendo da temperatura (LIU & BULL, 2001; PARK et al.,

2005). Altas reservas de sacarose em variedades de cana-de-açúcar podem ser alcançadas pelo

aumento da conversão de energia solar e/ou partição de fotoassimilados nos colmos

(SINGELS et al., 2005). TEJERA et al. (2007) obtiveram boa correlação entre alta produção

de fitomassa e o balanço positivo entre fotossíntese e respiração, com as plantas apresentando

alta ƐF em todo dossel.

A ƐF pode ser afetada em função da fenologia, do ambiente, da variedade e da

ocorrência de estresses ambientais. Plantas jovens apresentam assimilação de CO2 maiores do

que aquelas próximas da maturação (BULL & TOVEY, 1974; HARTT & BURR, 1965).

Folhas recém-expandidas também apresentam assimilação de CO2 mais elevadas que as mais

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velhas (HARTT & BURR, 1965). Em função da variedade de cana-de-açúcar, observaram-se

grandes diferenças de capacidade fotossintética, com taxas variando de 15 até 63 mol m-2

s-1

(MACHADO et al, 2009; McCORMICK et al., 2006; MOORE & MARETZKI, 1996; VU et

al, 2006). Tais valores também são afetados pela deficiência hídrica e baixa temperatura

(IRVINE, 1975; MACHADO, 2009; MACHADO et al., 2013; SALES et al., 2014). Além

disso, redução em ƐF no decorrer do tempo da cultura pode ser causada pelo decréscimo na

atividade fotossintética das folhas maduras, que possuem menores teores de nitrogênio devido

à sua senescência (ALISSON et al., 1997; PARK et al., 2005).

A maioria desses estudos em cana-de-açúcar foi feita em outras regiões do mundo,

mas no Brasil pouco se conhece sobre os processos fisiológicos que envolvem a produção

fotossintética, a exportação de fotoassimilados foliares, e as eficiências de conversão da

radição em fitomassa, de partição de fitomassa e de interceptação da radiação, principalmente

em condições de campo e que considerem variedades de cana-de-açúcar com diferentes

exigências de ambiente de produção.

2.3 Influência da Arquitetura do Dossel no Crescimento e na Produtividade das Plantas

A arquitetura do dossel está relacionada com o tamanho, com a forma e com a

orientação das folhas nas plantas e influencia na distribuição da radiação solar no dossel,

afetando as temperaturas do solo e das folhas, o armazenamento de calor no solo e o tempo de

molhamento das folhas (NOBEL et al., 1993). O crescimento das plantas tem estreita relação

com a quantidade de radiação solar absorvida pelas folhas, e o ângulo de inserção das folhas

afeta a distribuição e a absorção dessa radiação no dossel (CAMPBELL, 1986; NOBEL et al.,

1993). As folhas de plantas que se mantém na posição mais vertical são denominadas

erectófilas ou lanceoladas (NOBEL et al., 1993), e essa característica de folha promove

distribuição mais homogênea da radiação solar no dossel vegetativo permitindo maior

incidência de luz no estrato inferior do dossel podendo influenciar na anatomia, na capacidade

fotossintética e na senescência das folhas localizadas naquela posição (BOLHÀR-

NORDENKAMPF & DRAXLER, 1993; MARCHIORI et al., 2014).

A maximização da captura de energia luminosa pelo dossel da planta ocorre quando

cada colmo possui um número ótimo de folhas e quando há uma quantidade ideal de colmos

por área, sendo essas características variáveis de acordo com o ambiente, variedade e idade da

planta (MOORE & MARETZKI, 1996; TEJERA et al., 2007). A fotossíntese da cana-de-

açúcar praticamente não satura com o aumento da radiação solar devido a seu metabolismo

Page 30: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

10

C4 (IRVINE, 1975; MOORE & MARETZKI, 1996), e a radiação solar que atinge as folhas

inferiores do dossel vegetativo reflete na fotossíntese total da planta, podendo favorecer a

produtividade final (DUNCAN, 1971; MARCHIORI et al., 2010; NOBEL et al., 1993).

O espaçamento de plantio utilizado nas culturas deve ser definido em função da

maximização do índice de área foliar (IAF) relacionado com a interceptação da radiação solar

(TEJERA et al., 2007), e plantas cultivadas que possuem diferenças varietais na arquitetura

foliar sugere a adoção de espaçamento de plantio diferente do habitualmente utilizado

(CAMPBELL et al., 2001; MAO et al., 2014). O aumento do IAF em função do adensamento

de plantio favorece a interceptação da radiação solar, mas pode reduzir a produtividade da

cultura em resposta à queda da fotossíntese global da planta, tal como ocorre na cultura de

arroz (CAMPBELL et al., 2001). Por outro lado, aumento de produtividade pode ser obtido

em função do adensamento de plantio em plantas com arquitetura de folhas mais eretas, como

observado na cultura do algodão (MAO et al., 2014). Tal como o IAF o ângulo de inserção

das folhas também influencia na distribuição da radiação ao longo do dossel vegetativo e afeta

diretamente a interceptação da radiação solar (CAMPBELL, 1986).

Em cana-de-açúcar diferenças de produtividade são encontradas em função do

espaçamento de plantio utilizado, e a produtividade de algumas variedades é favorecida com

espaçamento de plantio adensado (BELL & GARSIDE, 2005; DONALDSON, et al., 2008),

possivelmente em função das arquiteturas de folhas diferenciadas. No Brasil pouco se

conhece sobre a influência direta da arquitetura foliar sobre a produtividade das plantas

(MARCHIORI et al., 2010; 2014), e possivelmente diferenças varietais de produtividade

estão relacionadas à arquitetura foliar das plantas afetando a interceptação da radiação solar e,

consequentemente, a eficiência de conversão da radiação solar.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Descrição das Cultivares, da Área Experimental e do Manejo da Cultura

O experimento foi conduzido em uma área de 0,4 ha localizada no Centro

Experimental Central do Instituto Agronômico em Campinas - SP (22º 54' S, 47º 03' W, 670

m altitude). O clima local, de acordo com a classificação climática de Köppen, é do tipo Cwa

(SETZER, 1966), que é definido como tropical de altitude, com inverno seco e temperatura

média do mês mais quente maior que 22 °C. A área experimental possuía leve declive e o solo

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11

classificado como Latossolo Vermelho Eutrófico típico (DOS SANTOS et al., 2013), cujas

características químicas e físicas estão descritas nas tabelas 1 e 2, respectivamente. As

amostras de solo para as análises físico-químicas foram coletadas antes do plantio e as

necessidades de nutrientes corrigidas por meio de adubação (DIAS & ROSSETO, 2006;

VITTI et al., 2006).

Tabela 1 - Características químicas do solo da área experimental. Amostras compostas

retiradas nas profundidades 0-20 cm e 20-40 cm.

-------- Camadas (cm) --------

Característica Unidade 0-20 20-40

MO (g dm-3

)

19,0

15,0

Na (mmolc dm-3

)

0,2

0,3

Al+3

(mmolc dm-3

)

0,0

0,0

H+Al+3

(mmolc dm-3

)

19,0

24,0

SB (mmolc dm-3

)

36,9

26,2

CTC (mmolc dm-3

)

55,9

50,2

V% (%)

66,0

52,0

pH (CaCl)

5,6

5,2

P (mg dm-3

)

8,0

1,0

K (mmolc dm-3

)

2,7

1,9

Ca (mmolc dm-3

)

22,0

16,0

Mg (mmolc dm-3

)

12,0

8,0

S (mmolc dm-3

)

11,0

24,0

B (mg dm-3

)

0,6

0,2

Cu (mg dm-3

)

3,5

3,5

Fe (mg dm-3

)

13,0

5,0

Mn (mg dm-3

)

38,0

22,0

Zn (mg dm-3

) 2,6 5,4

Page 32: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

12

Tabela 2 - Características físicas do solo da área experimental. Amostras retiradas em seis

profundidades distintas.

Camada Areia Limo

(silte) Argila

Densidades Porosidade Classe

Grossa Fina Aparente Real

(cm) ----------------- (%) ------------------ (g cm-3

) (g cm-3

) (%)

10 29,00 13,00 16,00 42,00 1,15 2,30 49,99 Argiloso

20 30,00 11,00 19,00 40,00 1,17 2,30 49,16 Barrento

30 27,00 11,00 19,00 43,00 1,18 2,30 48,50 Argiloso

40 25,00 11,00 18,00 46,00 1,07 2,30 53,43 Argiloso

60 19,00 9,00 23,00 49,00 1,09 2,22 50,92 Argiloso

80 21,00 9,00 19,00 51,00 1,08 2,25 51,84 Argiloso

Foram utilizadas quatro variedades de cana-de-açúcar (Saccharum sp.): duas

variedades rústicas, que são indicadas para ambientes de produção mais restritivos, mas com

arquiteturas foliares distintas, sendo a SP79-1011 constituída de folhas lanceoladas

(erectófila) e a IACSP94-2094 de folhas arqueadas (planófila); e duas variedades responsivas,

indicadas para ambientes favoráveis, sendo a variedade IACSP94-2101 lanceolada e a

variedade IACSP95-5000 arqueada. As variedades IACSP95-5000 e a IACSP94-2101

possuem produtividades elevadas e têm ciclo de produção médio (colheita no inverno) a

tardio (colheita na primavera). As variedades SP79-1011 e IACSP94-2094 são menos

produtivas e também possuem ciclo de produção médio (colheita no inverno).

O plantio foi com espaçamento de 1,5 metros entre linhas, conforme recomendado

para o estado de São Paulo (FAHL et al., 1998). A densidade de gemas utilizadas no plantio

foi de 14±1 por metro linear. No momento do plantio foram aplicados inseticidas no sulco e,

14 dias após o plantio foram aplicados herbicidas pré-emergente e pós-emergente em área

total. Os tratos culturais, as datas de ocorrência, as dosagens e os produtos utilizados estão

descritos na tabela 3.

Page 33: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

13

Tabela 3 - Tratos culturais efetuados no período inicial do estabelecimento da cultura.

Período Data DAP Trato Produto/Fórmula Quantidade

Pla

nti

o

01/05/2010 0

Adubação

(N-P-K) 08-28-16

60-210-120

(kg ha-1

)

Inseticida* Furadan 50 (GR) 60 kg pc ha-1

Herbicida* Boral 500 (SC) 1,8 L pc ha

-1

Velpar K 2,2 kg pc ha-1

Pós-

pla

nti

o 14/05/2010 14

Herbicida* Boral 500 (SC) 1,8 L pc ha

-1

Velpar K 2,2 kg pc ha-1

23/07/2010 84 Adubação

(N-P-K) 20-00-20

75-0-75

(kg ha-1

)

*Inseticida aplicado no sulco de plantio; herbicida aplicado em área total; DAP = dias após o plantio.

A cultura foi irrigada por um sistema de gotejo subsuperficial. Os tubos gotejadores

foram enterrados a 25 centímetros de profundidade nas linhas de plantio, abaixo dos toletes

sementes. Os tubos continham dois gotejadores a cada metro linear, ou seja, espaçamento de

0,5 metro entre gotejadores com vazão nominal de 1,6 L h-1

cada ou 3,2 L h-1

m-1

linear.

Considerando o espaçamento de plantio de 1,5 metros entre linhas, a vazão do sistema de

irrigação foi de 2,13 mm h-1

. A frequência de irrigação foi diária e a umidade do solo

monitorada diariamente por uma sonda de capacitância Diviner2000 (Sentek Sensor

Technologies, Stepney, Austrália). A quantidade de água aplicada na irrigação foi suficiente

para manter o solo próximo ao seu limite superior de retenção de água.

Para o monitoramento das condições ambientais na área experimental foram instalados

sensores para medição da temperatura (Tar, °C) e umidade (RH, %) do ar, da radiação solar

global (Qg, W m-2

) e da fotossinteticamente ativa (PAR, W m-2

), do saldo de radiação (Qn, W

m-2

), da velocidade do vento (u, m s-1

) e da precipitação (P, mm), de acordo com

procedimento descrito por ROLIM et al. (2008). Esses sensores foram ligados à um

registrador multicanais modelo CR1000 (Campbell, North Logan UT, EUA), onde os dados

eram armazenados a cada 20 minutos ao longo de todo o ciclo da cultura. A partir dos dados

de temperatura e da precipitação somada ao volume de água aplicada na irrigação foi

calculado o balanço hídrico climatológico (BH) da área irrigada pelo método de Thornthwaite

utilizando a planilha desenvolvida por PEREIRA et al. (2002). O valor da capacidade de

armazenamento de água no solo (CAD) utilizado no cálculo do BH foi de 98 milímetros

Page 34: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

14

(mm), cujo valor foi determinado até 1 metro de profundidade conforme descrito em

REICHARDT (1987).

3.2 Medidas da Radiação Fotossinteticamente Ativa Interceptada pelo Dossel Vegetativo

Para medir a radiação fotossinteticamente ativa (PAR) transmitida pelo dossel

vegetativo foram instalados dois tubos solarímetros modelo Li-191 (LiCor, Lincoln NE,

EUA) para cada variedade. Os tubos foram instalados nas entrelinhas de plantio, mantidos

sempre abaixo do dossel vegetativo e dispostos num ângulo de 45 ° em relação às linhas de

plantio. A radiação interceptada pelos tubos solarímetros foi armazenada a cada 20 minutos

num registrador multicanal modelo CR1000 (Campbell, North Logan UT, EUA). Essas

medidas iniciaram-se a partir dos 158 dias após o plantio (DAP, Outubro/2010) e foram até o

final do ciclo da cultura (525 DAP, Outubro/2011). A partir dos dados diários integrados de

PAR medida no topo do dossel (PARTo, em MJ m-2

d-1

) e da PAR medida nos tubos

solarímetros abaixo de dossel, ou seja a fração de radiação transmitida (PART, em MJ m-2

d-1

)

calculou-se a PAR interceptada diariamente (PARI) pelo dossel vegetativo da seguinte forma:

PARI = PARTo – PART [MJ m-2

d-1

].

(3)

A partir dos dados da PARI e da PARTo calculou-se a fração de interceptação da

radiação diária (FIPAR) da seguinte forma:

FIPAR = PARI / PARTo (4)

Os dados da PAR acumulada no topo (PARTOac) e da acumulada no dossel (PARAC)

por um determinado período foram obtidos pela somatória da PARTO e da PARI diariamente:

525 525

PARTOac. = ∑ i PARTO(i), e PARAC = ∑ i PARI(i). (5) i=158 i=158

Com os dados da PARTOac e da PARAC calculou-se a eficiência de interceptação da

radiação do ciclo da cultura (Ɛi):

Ɛi = PARAC / PARTOac (admensional) (6)

Page 35: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

15

O coeficiente de extinção da radiação (K) foi determinado ao longo de todo o período

a partir da equação a seguir (MONSI & SAEKI, 1953):

K = - [ln (PART / PARTo)] / IAF, (7)

em que K é o coeficiente de extinção, ln o logaritmo natural, PART a radiação PAR

transmitida, PARTO a radiação PAR no topo do dossel e IAF o índice de área foliar.

3.3 Análise Quantitativa do Crescimento

Para a análise quantitativa do crescimento foram coletadas todas as plantas contidas

em dois metros lineares, correspondente a 3 m2 de área em cada bloco (repetição), totalizando

uma área total de 12 m2 (quatro blocos) de amostras coletadas por variedade. As coletas foram

feitas em intervalos médios de cinco semanas durante todo o ciclo cana-planta e foram

iniciadas a partir de quatro meses após o plantio, aos 126 DAP (Setembro/2010). Dentre as

plantas coletadas em cada bloco, foram retiradas cinco subamostras (plantas) uniformes e

representativas para obtenção dos seguintes parâmetros (dados primários): comprimento do

colmo, número de folhas verdes, área foliar, diâmetro dos entrenós, número de entrenós,

número de colmos, fitomassa fresca e seca das folhas e dos colmos. O comprimento do colmo

foi obtido com uso de trena, o diâmetro dos colmos com paquímetro digital (modelo 100.176

BL Digimess/Brasil) e a área foliar com medidor portátil modelo Li3000C (LiCor, Lincoln

NE, EUA) acoplado ao acessório de mesa modelo Li3050C (LiCor, Lincoln NE, USA) para

obtenção das medidas em folhas destacadas das plantas. A fitomassa seca das folhas e dos

colmos foi obtida após secagem a 60 °C até massa constante, em estufa com circulação de ar

forçada, de parte do material utilizado na obtenção dos dados primários. Para facilitar a

secagem dos colmos, as amostras frescas dos mesmos foram picadas longitudinalmente em

quatro partes e, em seguida, em pequenos pedaços. A partir dos dados primários calculou-se

os índices de crescimento de acordo com KVET et al. (1971), adotando o método funcional

(MACHADO et al., 1982; KVET et al., 1971). Para tanto os dados primários de fitomassa

seca foram ajustados pela equação não linear de Boltzmann (equação 8), enquanto o índice de

área foliar ajustado pela equação polinomial de quarto grau Poly4 (equação 9), descritas a

seguir:

MST = (A1-A2) / (1 + e (t-t

o)/dt

) [g m-2

], (8)

Page 36: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

16

em que MST é o valor da fitomassa, A1 e A2 os parâmetros intrínsecos da equação, e a base

do logaritmo natural, t e t0 o tempo e dt a derivada do tempo; e

IAF = A0 + A1 t + A2 t² + A3 t³ + A4 t4 [m

2 folha m

-2 terreno], (9)

em que IAF é o valor do índice de área foliar, A0 – A4 parâmetros intrínsecos da equação e t o

tempo.

Com a manipulação das funções ajustadas os índices fisiológicos descritos abaixo

foram obtidos:

-Taxa de Crescimento da Cultura (TCC): TCC= (dMST/dt) [g m-2

d-1

], (10)

em que dMST é a derivada da curva de acúmulo de fitomassa;

-Taxa de Assimilação Líquida (TAL): TAL=(1/IAF.dMST/dt) [g m-2

folha d-1

]; (11)

-Duração de área foliar: DAF= ᶴ IAF [d-1

]. (12)

O volume do colmo foi calculado a partir dos dados comprimento e diâmetro do colmo

obtidos para cada porção (terço) do colmo através da seguinte equação:

Vol.Colmo = ((Π . (DI/2)² . HI) + (Π. (DM/2)² . HM) + (Π. (Ds/2)². HS)) [cm³], (13)

em que Π equivale ao valor Pi (~3,14), D os diâmetros (em centímetros) das porções

medianas dos terços inferior (I), mediano (M) e superior (S) do colmo, e H os comprimentos

(em centímetros) de cada terço do colmo.

A soma térmica acumulada (GDD), em graus dia (°d) apresentada em alguns gráficos

referente à análise de crescimento foi calculada pelo somatório da diferença diária entre a

temperatura média (Tmed) e a temperatura basal (Tb), conforme segue:

525

GDD. = ∑ i (Tmed – Tb)(i) [°C dia], (14) i=1

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17

A temperatura base (Tb) utilizada para a população de plantas (N° colmos.m-2

) foi de

16 °C (INMAN-BAMBER, 1994); para o desenvolvimento da área foliar (AF) a Tb utilizada

foi de 12 °C (INMAN-BAMBER, 1994); e para o crescimento da cultura (TCC) a Tb foi de 16

°C (SMIT & SINGELS, 2005).

A partir da massa seca dos colmos (MSC) e da massa seca total (MST) da parte aérea

obtidos no final do ciclo da cultura calculou-se a eficiência de partição da fitomassa (Ɛp), que

indica a proporção da fitomassa seca que é composta de colmos em relação à fitomassa seca

total da parte aérea, de acordo com a equação abaixo:

Ɛp = MSC / MST (admensional) (15)

3.4 Eficiência de Conversão da Radiação Fotossinteticamente Ativa (ECPAR)

A eficiência de conversão da radiação fotossinteticamente ativa (ECPAR) é dada pela

razão entre a fitomassa seca (MST) e a radiação fotossinteticamente ativa acumulada (PARAC)

ao longo do tempo. O coeficiente angular da regressão linear entre a MST x PARAC, expressa

a ECPAR (g MJ-1

). Foram identificadas duas fases da ECPAR: primeira com alta ECPAR1 e a

segunda com ECPAR2 menor. O melhor ajuste linear foi definido considerando a menor soma

de quadrados em cada fase. Um terceiro ajuste linear foi realizado considerando o período

total para obtenção da ECmédia . A partir dos dados da ECmédia e da ECPAR1, calculou-se a Ɛc e a

Ɛcmax, que indicam a eficiência de conversão da energia luminosa absorvida nas folhas em

energia acumulada na fitomassa (J J-1

). Para o cálculo da Ɛc e da Ɛcmax utilizou o teor médio

de energia acumulada na fitomassa de 17,5 kJ g-1

(MONTEITH & MOSS, 1977), conforme

segue:

Ɛc = [ECmédia (g MJ-1

) . 17,5 (kJ g-1

)] / 1000 [J J-1

], e (16)

Ɛcmax = [ECPAR1 (g MJ-1

) . 17,5 (kJ g-1

)] / 1000 [J J-1

]. (17)

A eficiência de conversão da radiação fotossinteticamente ativa instantânea (ECi, em g

MJ-1

d-1

) foi calculada pela razão entre a MST acumulada no período de um dia e PARI no

mesmo dia.

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18

3.5 Maturação e Análise Tecnológica dos Colmos

Para o acompanhamento da maturação dos colmos, foram retiradas amostras para

determinação dos teores de sacarose (SAC) nos colmos aos 313 (Março/2011), 363

(Maio/2011) e 461 (Agosto/2011) DAP. As determinações foram feitas em amostras retiradas

da porção mediana de cada uma das três posições distintas dos colmos, divididos previamente

em três partes iguais, as quais foram denominadas de terço inferior (TI), terço médio (TM) e

terço superior (TS) para representar as posições basais, medianas e superiores dos colmos,

respectivamente. A amostra (repetição) para cada porção do colmo (terço) foi considerada

como sendo a média de duas medidas (subamostras) realizadas em plantas distintas, as

mesmas utilizadas na análise de crescimento. A determinação do teor de SAC nos colmos foi

feita conforme o método descrito no item (3.6). A estimativa de produtividade de SAC total

por hectare (SACTO) foi calculada conforme segue:

SACTO = (SACTI+SACTM+SACTS/3)* MSC [t SAC ha-1

], (18)

em que MSC é a massa seca dos colmos em t ha-1

, e SACT1; SACT2 e SACT3 os teores de

sacarose, respectivamente, nos terços inferior, médio e superior do colmo em kg t-1

.

Antes e após a suspensão da irrigação, ou seja, aos 14 meses (427 DAP, Julho/2011) e

aos 18 meses (533 DAP, Novembro/2011) de idade da cultura respectivamente, foram

coletados dez colmos contidos em dois metros lineares em cada bloco e variedade para

determinação da análise tecnológica. Dessa análise foram apresentados os teores de fibra (%),

os teores de açúcares totais recuperáveis (ATR) nos colmos, a produtividade de ATR e o Pol

(% cana). A estimativa da produtividade ATR total por hectare (ATRTo) foi calculada pela

equação a seguir:

ATRTo = ATR. TCH

[kg ATR ha-1

], (19)

onde: ATR é a quantidade de açúcares totais recuperados por tonelada de colmo (kg ATR t-1

colmos) e TCH é a fitomassa de colmos por hectare (t colmo ha-1

).

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19

3.6 Determinação dos Carboidratos

Os teores de sacarose (SAC) e de açúcares solúveis totais (AST) nas folhas e colmos

foram quantificados pelo método do ácido fenol-sufúrico (DUBOIS et al., 1956; VAN

HANDEL, 1968), enquanto o amido das folhas (AMI), determinado por método enzimático

(AMARAL et al., 2007). As amostras foram previamente secas em estufa a 55 °C até massa

constante e posteriormente moídas com moinho manual (IKA A11B, Staufen, Alemanha).

Foram utilizadas as folhas+3, as mesmas utilizadas nas medidas de trocas gasosas. As

amostras de colmos foram retiradas de duas plantas (subamostras) utilizadas na análise de

crescimento para cada bloco e variedade, as quais foram homogeneizadas no momento da

moagem compondo uma amostra composta (repetição). No momento da coleta retirou-se

apenas o miolo do colmo, excluindo a casca fibrosa.

Os carboidratos totais não estruturais (CTNE) das folhas foram calculados somando-se

os teores de AMI e de AST.

3.7 Trocas Gasosas e Potencial da Água nas Folhas

A partir do quinto mês após o plantio (125 DAP) foram medidas a assimilação de CO2

e o potencial da água nas folhas em intervalos médios de cinco semanas. As trocas gasosas

foram medidas com analisador de gases por infra-vermelho modelo Li-6400 (LiCor, Lincoln

NE, EUA). Medidas instantâneas de assimilação de CO2 foram realizadas em intervalos de 2

horas nas folhas+1 e +3, predominantemente em dias claros, das 7h às 17h totalizando seis

medidas diárias em cada uma das quatro repetições de cada variedade e por folha (+1 e +3).

As medidas foram realizadas em condições ambientais de temperatura e umidade do ar. A

radiação fotossinteticamente ativa (PAR) utilizada em cada medida do dia foi aquela

interceptada pelo terço médio das folhas, de acordo com o ângulo de inserção das mesmas em

cada variedade. As variáveis de trocas gasosas medidas foram a assimilação de CO2 (PN,

mol m-2

s-1

), a condutância estomática (gs,mol m-2

s-1

), a transpiração foliar (E,mmol m-2

s-

1) e a concentração intercelular de CO2 (Ci, mol mol

-1). A partir das curvas diárias de

assimilação de CO2 formada pelas medidas instantâneas, calculou-se a assimilação diária de

CO2 (PNI, mmol CO2 m-2

d-1

) integrando-se a área sob as curvas.

Para monitorar o estado de hidratação dos tecidos foliares mediu-se o potencial de

água nas folhas (, MPa) com câmara de pressão modelo 3005 (SoilMoisture Equipment

Page 40: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

20

Corp., Santa Barbara CA, EUA). Essas medidas foram realizadas nas folhas+3, colhidas antes

do amanhecer (am) e às 13 h (13h) no mesmo dia das medidas das trocas gasosas. As folhas

utilizadas nessa medida foram destacadas de plantas presentes na mesma touceira das

utilizadas nas trocas gasosas.

3.8 Exportação de Fotoassimilados e Teor de Nitrogênio Foliar

A exportação de fotoassimilados foliares (ExF) foi calculada pela variação da

quantidade total de carboidratos foliares num período de 24 h, considerando a quantidade de

CO2 fixado fotossinteticamente ao longo do período de luz do dia em questão, de acordo com

a equação 19 abaixo:

ExF = (ATD + PNI) – ATD+1, (20)

onde ExF indica a exportação de fotoassimilados foliares em (g CH2O m-2

d-1

), ATD = ASTD +

AMD indica o conteúdo total de carboidratos antes do amanhecer do dia D (g CH2O m-2

) onde

ASTD e AMD significam açúcares solúveis totais e amido para o dia D, respectivamente;

ATD+1 = ASTD+1 + AMD+1, o conteúdo total de carboidratos no amanhecer do dia seguinte (g

CH2O m-2

); e PNI (mmol CO2 m-2

d-1

) a assimilação diária de CO2 medida ao longo do dia D.

O valor de PNI em mmol CO2 m-2

d-1

foi multiplicado por 0,02992 para obter-se o valor

equivalente em g CH2O m-2

d-1

. O fator 0,02992 foi obtido pelo produto da razão molar entre

CH2O/CO2 (30/44 [mg mmol-1

]) e a massa molar de CO2 em g mmol-1

(44 g/1000 mmol),

segundo KALT-TORRES et al. (1987). Os valores de AT, em g CH2O g-1

MS, foram

multiplicados pela massa foliar específica, em g MS m-2

, para cada variedade obtendo-se

dessa forma os valores em g CH2O m-2

. As coletas das folhas nos dias D e D+1 foram feitas

antes do amanhecer e referem-se às folhas+3 (F+3). As folhas colhidas no dia D+1 foram as

mesmas utilizadas para a obtenção de PN, enquanto as coletadas no dia D extraídas de plantas

pertencentes à mesma touceira.

Os teores de nitrogênio foliar (N, em g kg-1

) foram determinados pelo método de

Kjeldahl como descrito por BATAGLIA et al. (1983). As folhas utilizadas nesta determinação

foram as mesmas colhidas no dia D+1 para a determinação de ExF (F+3): seis (167 DAP,

Outubro/2010), nove (271 DAP, Janeiro/2011), 10 (301 DAP, Fevereiro/2011) e 14 (412

DAP, Junho/2011) meses após o plantio.

Page 41: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

21

3.9 Análise dos Resultados

O experimento no campo foi distribuído em quatro blocos casualizados, cada um

contendo quatro parcelas. As parcelas foram compostas pelas variedades e foram distribuídas

de tal forma que cada bloco continha as quatro variedades. Todos os dados foram submetidos

à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey ao nível de 0,05 de

probabilidade. Os dados de comprimento do colmo, da duração de área foliar (DAF), do

número de entrenós por colmo e da população final de colmos que foram comparados apenas

no final do ciclo (525 DAP), foram tratados como delineamento em blocos casualizados. Os

dados da taxa de assimilação diária de CO2 (PNI) (4 variedades x 10 tempos x 2 folhas) e do

potencial de água das folhas () (4 variedades x 4 tempos x 2 horários) foram tratados como

fatorial triplo. Os demais dados foram tratados como fatorial duplo.

4 RESULTADOS

4.1 Condições Ambientais Durante o Período Experimental

A radiação fotossinteticamente ativa diária incidente (PARTO) no local do experimento

foi semelhante nos dois anos avaliados. A PARTO variou entre 5 e 7 MJ m-2

d-1

nos períodos

de Março a Agosto e entre 8 e 10 MJ m-2

d-1

de Setembro a Fevereiro (Figura 1A).

Em relação à distribuição de chuvas, observa-se semelhança entre os anos 2010 e 2011

(Figura 1B). A precipitação máxima mensal na área experimental foi de 400 mm, ocorrida em

janeiro de 2011. Em 2010 a precipitação total foi menor em relação a 2011, ou seja, 1185 mm

vs. 1628 mm respectivamente. Os maiores volumes de chuva ocorreram de janeiro a março e

em novembro e dezembro e foram maiores em 2011 comparativamente a 2010 (Figura 1B).

Considerando apenas o período experimental (área hachurada na Figura 1) a precipitação total

foi de 1570 mm. Entre junho de 2010 e junho de 2011, a irrigação total aplicada foi de 468

mm. A quantidade total de água disponibilizada na área experimental, somando-se a

precipitação e a irrigação, proporcionou um crescimento vigoroso da cultura sem restrição de

água.

Page 42: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

22

2

4

6

8

10

12

-50

0

50

100

150

200

250

300

PA

RT

O (

MJ

m-2

d-1

)

A

0

50

100

150

200

250

300

350

400 B

DAP

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Precipitação Irrigação

30

12

16

20

24

28

32

Tmax Tmin Tmed

Tem

peratu

ra (°C)

C

51045039033027021015090

20112010

Dis

po

nib

ilid

ade

híd

rica

(m

m)

DEF

EXC

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D

Figura 1 – Em A, média decendial da radiação fotossinteticamente ativa incidente diária

(PARTO); em B, precipitação e lâmina de irrigação aplicada mensal (mm) e média mensal das

temperaturas do ar (°C) mínima (Tmin), máxima (Tmax) e média (Tmed); e em C, extrato do

balanço hídrico (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010

e 2011 em Campinas-SP. DEF e EXC indicam período de ocorrência de deficiência hídrica e

excedente hídrico, respectivamente. Área hachurada corresponde ao período experimental

(01/05/2010 à 07/10/2011). DAP indica os dias após plantio.

Page 43: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

23

As médias mensais das temperaturas foram semelhantes entre os anos de 2010 e 2011

(Figura 1B). As temperaturas mínimas anuais ocorreram em junho nos dois anos analisados,

porém em estágios distintos da cultura. Em junho de 2010 a temperatura mínima mensal foi

12,2 °C e nesse período ocorria a emergência da cultura. Em junho de 2011 a cultura estava

com 14 meses em fase de maturação com temperaturas médias mínimas de 11,0 °C adequada

para induzir a maturação dos colmos (GLASZIOU et al., 1965). As temperaturas máximas

ocorreram em fevereiro e foram de 29,5 °C em 2010 e 29,8 °C em 2011. As temperaturas

médias durante o ciclo da cultura variaram entre 24,6 ºC, ocorrida em fevereiro de 2011, e

16,8 °C, ocorrida em junho de 2011 (Figura 1B).

Em relação ao balanço hídrico climatológico (BH) observou-se que em maio de 2010

ocorreu déficit hídrico (DH) correspondente a 10,8 mm (Figura 1C), devido à baixa

precipitação (24 mm, Figura 1B). Vale ressaltar que o sistema de irrigação naquele momento

estava inoperante e por isso a área não foi irrigada. Mesmo com a umidade do solo mais baixa

a germinação da cana e o estabelecimento da cultura não foram prejudicados. A partir de

agosto a irrigação subsuperficial foi regularizada e nos meses consecutivos, a quantidade de

água oriunda das chuvas e da irrigação permitiu que a cultura se desenvolvesse sem a

ocorrência do DH. A partir de junho de 2011 até setembro de 2011 a suspensão da irrigação

somada à redução das chuvas causou DH de 55,1 mm.

4.2 Análise dos Componentes de Produção

As primeiras brotações surgiram ao redor dos 25 DAP na variedade SP79-1011 e aos

32 DAP nas demais. A análise do crescimento iniciou-se a partir dos 126 DAP (427 °C dia),

em setembro de 2010, no momento em que a cultura estava em perfilhamento crescente com

população média entre 12 e 16 colmos m-2

(Figura 2A). O número máximo de perfilhos

emitidos ocorreu ao redor dos 193 DAP (824 °C dia, Novembro/2010) em todas as variedades

e atingiu a população de 23 colmos m-2

, exceto na variedade IACSP94-2101 que foi de 17

colmos m-2

. A partir dos 193 DAP houve redução gradativa e generalizada no perfilhamento

das plantas até atingir, aos 461 DAP (2300 °C dia, Agosto/2011), a população média final

entre 14 e 18 colmos m-2

(Figura 2A).

Page 44: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

24

126

158

19322

126

531

333

336

339

843

146

152

50

5

10

15

20

25

30

354

8

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16

20

24

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Diâm

etro en

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c,Bb,B

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c,Cb,B

a,B

c,Ab,A

a,A

c,Ab,A

a,B TI TM TS

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o-1

DM

S

B

IACSP955000 IACSP942101 SP791011 IACSP942094

0

1

2

3

4

Co

mp

rimen

to co

lmo

(m)

IACSP94

-209

4

SP79-1

011

IACSP94

-210

1

BBB

DC

IACSP95

-500

0

A

(DAP)

GDD (°C dia) - Tb=16 °C

26

58

23

00

21

81

21

11

20

19

18

52

17

02

13

33

10

56

82

4

60

3

(Mês)O

utA

goJul

Jun

AbrM

arFevJa

nDez

NovO

ut

Co

lmo

s m

-2

DM

S

Set

42

7

Figura 2 – (A) Número de colmos por metro quadrado; e (C) Número de entrenós por colmo

ao longo do ciclo da cultura. (B) Comprimento dos colmos; e (D) Diâmetro dos entrenós

medido no ponto mediano de três posições distintas do colmo (terço inferior, TI; terço médio,

TM; e terço superior, TS), ambos no final do ciclo da cultura (525 DAP). Letras minúsculas

(em D) e maiúsculas (em B, e D) distintas indicam, respectivamente, diferenças significativas

(Tukey, p<0,05) entre as posições do colmo (terço) na mesma variedade e as diferenças entre

as variedades (em B) na mesma posição do colmo (em D). Barras (em A e C) indicam a

diferença mínima significativa (DMS, Tukey, p<0,05) entre as médias no último período (525

DAP). Cada ponto/barra representa a média de quatro repetições ± desvio padrão. GDD

indica a soma térmica acumulada considerando temperatura base (Tb) de 16 °C (INMAN-

BAMBER, 1994).

A formação dos colmos iniciou-se após 158 DAP (Outubro/2010) em todas as

variedades, ou seja, inicialmente a prioridade foi a formação de folhas. O surgimento dos

entrenós ao longo do tempo seguiu o mesmo padrão para todas as variedades (Figura 2C). Ao

final do ciclo da cultura (525 DAP), o número de entrenós por colmo foi maior (p<0,05) nas

variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2101 do que na SP79-1011 e IACSP94-2094 (Figura

2C). Aos 525 DAP, a variedade IACSP95-5000 apresentou colmos maiores (p<0,05) em

relação às demais (Figura 2B). O diâmetro do terço inferior (TI) foi maior (p<0,05) em

relação aos terços médio (TM) e superior (TS) (Figura 2D). Independente da posição no

colmo, os diâmetros na IACSP95-5000 e na IACSP94-2101 foram maiores (p<0,05) do que

nas variedades SP79-1011 e IACSP94-2094 (Figura 2D).

Page 45: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

25

Ao longo do tempo o dossel das plantas foi caracterizado pelo número de folhas

verdes e pela área foliar média unitária. No período entre 126 e 158 DAP houve aumento de

70% no número de folhas verdes em todas as variedades (Figura 3A). A partir dos 158 DAP

as variações no número de folhas verdes não foram significativas até os 461 DAP para todas

as variedades. A quantidade máxima de folhas verdes presentes nas plantas no período entre

158 e 461 DAP foi entre 8,5 e 11,0 folhas planta-1

nas variedades IACSP95-5000, IACSP94-

2101 e IACSP94-2094 e entre 7,0 e 9,0 folhas planta-1

na SP79-1011. Apenas esta última

diferenciou significativamente (p<0,05) no número de folhas em relação às demais variedades

no período entre 193 e 398 DAP. Neste período a diferença média significativa de folhas

verdes entre a variedade SP79-1011 e às demais foi de 1,5 folhas planta-1

(p<0,05). Entre os

461 e 525 DAP, houve redução significativa (p<0,05) de 22% no número de folhas verdes das

quatro variedades finalizando o ciclo da cultura com 7,0 folhas planta-1

.

Figura 3 – (A) Número de folhas verdes presentes nas plantas e (B) área foliar média unitária

(AF) ao longo do tempo, em dias após plantio (DAP), das variedades de cana-de-açúcar

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. DMS1 e DMS2 indicam,

respectivamente, a diferença mínima significativa (Tukey, p<0,05) entre as variedades no

mesmo tempo (DAP) e as diferenças ao longo do tempo em cada variedade. Cada ponto

representa a média de quatro repetições ± desvio padrão. GDD indica a soma térmica

acumulada considerando a temperatura base (Tb) de 12 °C (INMAN-BAMBER, 1994).

Observou-se que houve variação significativa (p<0,05) na área foliar unitária média

(AF) ao longo do tempo (DAP) e entre as variedades. Aos 126 DAP (912 °C dia) a AF variou

entre 130 e 210 cm² folha-1

(Figura 3B). As diferenças entre variedades ocorreram a partir dos

193 DAP (1577 °C dia) quando a AF da IACSP94-2101 e da IACSP94-2094 foi menor

(p<0,05) do que das variedades IACSP95-5000 e SP79-1011. A partir dos 265 DAP (2374 °C

12615

819

322

126

531

333

336

339

843

146

152

5

4

6

8

10

12

12615

819

322

126

531

333

336

339

843

146

152

5

100

200

300

400

500

600

700

800

DMS2

folh

as v

erd

es

IACSP95-5000 IACSP94-2101 SP79-1011 IACSP94-2094

A

DMS1

47

02

40

92

38

60

36

81

34

51

31

65

29

35

23

74

19

21

15

77

12

16

DMS2

DMS1

B

AF

(cm²)

DAP

91

2

GDD (°C dia) - Tb=12 °C

Page 46: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

26

dia) até o final do ciclo da cultura (525 DAP) a AF das variedades IACSP95-5000 e foliares

máximas ocorreram aos 265 DAP (2374 °C dia) e foram de 748,1, 706,3, 646,4 e 627,3 cm²

nas variedades IACSP95-5000, IACSP94-2094, IACSP94-2101 e SP79-1011,

respectivamente. Após os 265 DAP houve redução gradativa da AF até atingir valores

equivalentes a 61%, 56%, 53% e 59% das dimensões máximas ocorridas, respectivamente,

nas variedades IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094.

4.3 Análise Quantitativa do Crescimento da Cultura e Produção de Fitomassa

A dinâmica do desenvolvimento da área foliar total das quatro variedades foi semelhante ao

longo do tempo (Figura 4A). Aos 126 DAP o IAF estava entre 2,5 e 3,5 e as diferenças

significativas (p<0,05) no IAF entre variedades ocorreram a partir dos 221 DAP e

permaneceram até o final do ciclo da cultura (Figura 4A). Os valores máximos do IAF

ocorreram aos 265 DAP em todas as variedades e foram de 11,0 na IACSP95-5000 e na

IACSP94-2094 e de 8,0 e 7,0 na IACSP94-2101 e na SP79-1011, respectivamente. O IAF

máximo permaneceu praticamente estável por 68 dias (265 a 333 DAP) em todas as

variedades e após os 333 DAP decresceu paulatinamente até aproximadamente 50% do IAF

máximo aos 461 DAP, permanecendo inalterada até o final do ciclo da cultura (525 DAP).

Em relação à duração da área foliar (DAF), as variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2094

tiveram maiores (p<0,05) DAF (>3200 d) em relação à IACSP94-2101 e à SP79-1011 (<2650

d) (Figura 4A).

Para analisar os dados de comprimento e diâmetro dos colmos conjuntamente

calculou-se o volume dos colmos e correlacionou-o com a massa fresca do colmo aos 461

DAP (Figura 4B). Os colmos das variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2101 tiveram

volumes 29% maiores (p<0,05) em relação a SP79-1011 e a IACSP94-2094, ou seja, ~2250

vs. ~1750 cm³. Foi encontrada correlação positiva e significativa (R² = 0,65, p<0,1) entre o

volume de colmos e a massa fresca do colmo.

Os incrementos de fitomassa ao longo do tempo foram analisados com base na área do

terreno (taxa de crescimento da cultura, TCC) e com base na área foliar (taxa de assimilação

líquida, TAL). Houve grande variação temporal na TCC em todas as variedades (Figura 4C).

No início do desenvolvimento (126 DAP, 427 °C dia) a TCC média, considerando

todas as variedades, foi de 7,2 g m-2

d-1

. Entre os 126 DAP (427 °C dia) e 265 DAP (1333 °C

dia) houve aumento (p<0,05) da TCC superior a seis vezes nas variedades IACSP95-5000,

IACSP94-2101 e IACSP94-2094 e quatro vezes na SP79-1011. Nesta últim’a o valor máximo

Page 47: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

27

1800 2000 2200 2400 2600

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

0

2

4

6

8

10

12

0

1

2

3

4

5

6

7

0

10

20

30

40

50

60

70

126

158

193

221

265

313

333

363

398

431

461

525

0

2

4

6

8

10

12

126

158

193

221

265

313

333

363

398

431

461

525

0

5

10

15

20

25

30

35

b

b

a

3249,7 a

2618,8 b

2556,8 b

3275,2 a

B

Vol.Colmo (cm³) MF

Cu

n (g) x

10

3

R² = 0,65

(p<0,1)

a

DMS2

DMS1

DAF (d-1)

IACSP95-5000 IACSP94-2101 SP79-1011 IACSP94-2094

IAF

(m

2 m

-2)

A

DMS2

DMS1

D

TA

L (g

m-2 d

-1)

DMS2

DMS1

C

TC

C (

g m

-2 d

-1)

26

58

23

00

21

81

21

11

20

19

18

52

17

02

13

33

10

56

82

4

60

3

DMS2

DMS1

(Mês)Jun

Abr

MarFevJa

nD

ezN

ovOutSet

Out

AgoJu

lJu

nA

brM

arFevJan

DezN

ovO

ut

(DAP)

E

MS

T (

g m

-2)

x 1

Set

42

7

GDD (°C dia) - Tb=16 °C

DMS2

DMS1

Out

AgoJu

l

F MF

C (g

m-2) x

10³

Figura 4 – (A) Índice de área foliar (IAF) e duração de área foliar (DAF, em dias; detalhe no

gráfico), (B) Correlação entre MFC unitário (MFCun) e o volume do colmo aos 525 DAP, (C)

taxa de crescimento da cultura (TCC), (D) taxa de assimilação líquida (TAL), (E) biomassa

seca total (MST) e (F) massa fresca de colmos ao longo do ciclo da cultura, em dias após

plantio (DAP) nas variedades de cana-de-açúcar IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011

e IACSP94-2094. Cada ponto representa a média de quatro repetições. Letras minúsculas

distintas (em B) indicam diferenças significativas (Tukey, p<0,05) do volume do colmo entre

as variedades. DMS1 e DMS2 indicam as diferenças mínimas significativas (Tukey, p<0,05)

que distinguem, respectivamente, as variedades em cada tempo (DAP) e as médias de cada

variedade ao longo do tempo. GDD indica a soma térmica considerando temperatura base de

16 °C (SMIT & SINGELS, 2005).

Page 48: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

28

da TCC, ocorrido aos 265 DAP (1333 °C dia), foi menor (p<0,05) em relação às demais

variedades (34 g m-2

d-1

vs. 50 g m-2

d-1

, respectivamente). A TCC máxima permaneceu por

48 dias (265 a 313 DAP) em todas as variedades e reduziu gradativamente após os 313 DAP

(1702 °C dia) até o final do ciclo da cultura, quando atingiu o equivalente a 6,9% dos valores

máximos e a 44,4% dos valores do início do ciclo.

A TAL representa o balanço entre o ganho de carbono por meio da fotossíntese por

unidade de área foliar e a perda de carbono pela respiração da planta inteira (KVET et al.,

1971). A variação da TAL ao longo do tempo seguiu o mesmo padrão entre as variedades e a

diferença significativa (p<0,05) ocorreu apenas entre dois materiais aos 313 DAP (1702 °C

dia), ou seja, 3,14 g m-2

d-1

na IACSP94-2094 vs. 5,42 g m-2

d-1

na IACSP94-2101.

Considerando a variação temporal, houve aumento progressivo da TAL do início do ciclo

(427 °C dia) até os 265 DAP (1333 °C dia). Neste momento os valores foram superiores

(p<0,05) aos ocorridos no início (126 DAP, 427 °C dia) e no estágio final 398 DAP (2111 °C

dia) a 525 DAP (2658 °C dia) do desenvolvimento da cultura (Figura 4D). Em média, dos

126 DAP aos 265 DAP a TAL duplicou em todas as variedades e ao final do ciclo (525 DAP)

os valores reduziram a 13% da TAL máxima (265 DAP) e a 26% da ocorrida no início do

ciclo (126 DAP).

A MST no final do ciclo da cultura foi maior nas variedades IACSP95-5000 e

IACSP94-2101 (10 kg m-2

) e na IACSP94-2094 (9,2 kg m-2

, p<0,05) do que na SP79-1011

(7,3 kg m-2

). Nesta última variedade a fitomassa produzida a partir dos 313 DAP foi menor

(p<0,05) em relação às demais variedades, que não diferiram entre si durante todo o ciclo de

produção (Figura 4E). Quanto a produção de colmos (MFC), as diferenças significativas

(p<0,05) entre as variedades surgiram a partir dos 313 DAP e permaneceram até o final do

ciclo da cultura (Figura 4F). Aos 525 DAP, a IACSP95-5000 e a IACSP94-2101 produziram

30,0 kg colmo m-2

, o equivale a 300 toneladas de colmo por hectare (TCH), enquanto a

IACSP94-2094 produziu 26,0 kg colmo m-2

e a SP79-1011 22,1 kg colmo m-2

, o equivalente

a 260 e 221 TCH, respectivamente (Figura 4F).

4.4 Maturação, Produtividade de Açúcares e Qualidade Tecnológica

A maturação da cana-de-açúcar foi acompanhada através da determinação do teor de SAC em

três posições distintas dos colmos (terços) e em três períodos distintos do ciclo da cultura

(Tabela 4). Aos 10 meses de idade (313 DAP), as variedades IACSP94-2094 e SP79-1011

Page 49: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

29

apresentavam maiores (p<0,05) teores de SAC nos colmos em relação as outras duas

variedades, entretanto havia gradiente no teor de SAC entre as posições dos colmos em todas

elas. Aos 363 DAP o gradiente nos teores de SAC desapareceu e a variedade IACSP94-2101

apresentou maior teor de açúcar nos colmos (p<0,05) em relação às demais variedades. Aos

461 DAP as diferenças entre variedades nos teores de açúcares nos colmos desapareceram.

Tabela 4 - Teores de sacarose nos colmos (mgSAC g-1

MS) de quatro variedades de cana-de-

açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Determinações

realizadas em três diferentes posições do colmo: terço superior (TS), terço mediano (TM) e

terço inferior (TI) e em três épocas distintas, aos 313 (Fevereiro), 363 (Abril) e 461 (Agosto)

dias após o plantio (DAP).

IACSP IACSP SP IACSP

95-5000 94-2101 79-1011 94-2094

DAP Teor de SAC nos colmos (mg SAC. g MS-1

)

313

(Fev)

TS 77,1 cB 83,3 cB 195,7 bA 238,8 bA

TM 311,0 bC 365,2 bBC 422,5 aAB 453,8 aA

TI 410,7 aB 460,6 aAB 445,6 aAB 529,4 aA

363

(Abr)

TS 273,0 aB 511,8 aA 335,4 aB 347,6 aAB

TM 377,9 aB 613,1 aA 366,9 aB 428,5 aB

TI 306,8 aB 582,4 aA 345,8 aB 417,6 aAB

461

(Ago)

TS 325,8 aA 435,3 aA 304,1 aA 387,5 aA

TM 358,1 aA 451,7 aA 350,2 aA 394,2 aA

TI 363,5 aA 407,0 aA 264,1 aA 358,9 aA

*Letras minúsculas distintas indicam diferenças estatísticas (Tukey, p<0,05) entre as diferentes posições do

colmo na mesma variedade e em cada período (DAP) (DMS313 = 79,5; DMS363 = 152,9; DMS461 = 145,0). Letras

maiúsculas distintas indicam as diferenças estatísticas (Tukey, p<0,05) entre as variedades na mesma posição do

colmo e no mesmo período (DMS313 = 87,6; DMS363 = 168,8; DMS460 = 159,9).

A produtividade estimada de SAC (t SAC ha-1

) variou em função do tempo e da

variedade (Tabela 5). Observou-se aumento significativo (p<0,05) na produtividade de

sacarose dos 313 aos 461 DAP nas variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2101, as quais

foram estatisticamente iguais no último período. A produtividade máxima de SAC da

variedade IACSP94-2101 foi atingida 98 dias antes (363 DAP) do que a IACSP95-5000 (461

DAP).

Aos 461 DAP, a produtividade de SAC da variedade IACSP94-2101 foi maior

(p<0,05) do que na SP79-1011 (39,15 vs. 21,32 t SAC ha-1

, respectivamente), enquanto as

variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2094 alcançaram produtividade de SAC intermediárias

(34,0 e 28,7 t SAC ha-1

, respectivamente) e sem diferenças estatísticas das demais (Tabela 5).

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30

Tabela 5 – Estimativa da produtividade de sacarose (t SACTO ha-1

) aos 313 (Fevereiro), 363

(Abril) e 461 (Agosto) dias após plantio (DAP), em quatro variedades de cana-de-açúcar:

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Letras minúsculas e

maiúsculas distintas indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05) na

mesma variedade ao longo do tempo (DAP) e as diferenças entre as variedades no mesmo

período (DAP).

Produtividade de sacarose

Variedades ------------- (t SACTO ha-1

) -------------

313 DAP

(Fev)

363 DAP

(Abr)

461 DAP

(Ago)

IACSP95-5000 16,1 bA 19,6 bB 34,0 aAB

IACSP94-2101 21,0 bA 40,8 aA 39,2 aA

SP79-1011 16,0 aA 20,1 aB 21,3 aB

IACSP94-2094 24,2 aA 23,4 aB 28,7 aAB

Em relação aos parâmetros de qualidade tecnológica da cana, os teores de ATR nos

colmos foram semelhantes entre as variedades, mas houve diferença (p<0,05) na

produtividade de ATR estimada (Tabela 6). Aos 427 DAP, a produtividade de ATR da

IACSP94-2101 (40,4 t ha-1

) foi ~28% maior (p<0,05) em relação à SP79-1011 (31,8 t ha-1

) e à

IACSP94-2094 (31,3 t ha-1

). Ao final do ciclo da cultura (533 DAP) a produtividade de ATR

Tabela 6 – Qualidade tecnológica da cana expressa em Pol (% cana), teores de fibra (%) e de

açúcares totais recuperáveis (kg ATR t -1

cana) nos colmos e produtividade de ATRTO

estimada (t ha-1

) em quatro variedades (Var) de cana-de-açúcar: (1) IACSP95-5000, (2)

IACSP94-2101, (3) SP79-1011 e (4) IACSP94-2094 aos 427 (Julho) e 533 (Outubro) dias

após plantio (DAP). Letras minúsculas distintas indicam diferenças estatísticas (Tukey,

p<0,05) ao longo do tempo na média de todas as variedades (M), enquanto as maiúsculas

distintas as diferenças entre variedades em cada período (DAP).

Pol Fibra -------- ATR --------- Pol Fibra -------- ATR ---------

Var (%cana) (%) (kg t-1

cana) (t ha-1

) (%cana) (%) (kg t-1

cana) (t ha-1

)

-------------- 427 DAP (Jul) ---------------- ------------- 533 DAP (Out) ------------

(1) 15,0 A 12,6 A 147,3 A 39,0 AB 17,0A 12,0 A 165,6 A 45,5 A

(2) 14,5 A 12,4 A 142,8 A 40,4 A 17,4A 12,3 A 169,3 A 48,3 A

(3) 14,3 A 13,0 A 138,7 A 31,8 B 16,5A 12,3 A 160,4 A 29,8 B

(4) 14,7 A 13,6 A 143,6 A 31,3 B 17,6A 13,3 A 170,4 A 45,7 A

M 14,6 b 12,9 a 143,1 b 35,6 b 17,1 a 12,5 a 166,4 a 42,3 a

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31

da variedade SP79-1011 (29,8 t ha-1

) foi 35% menor (p<0,05) em relação às demais

variedades. Dos 427 aos 533 DAP houve aumento médio significativo (p<0,05) de 19% na

produtividade de ATR (35,6 vs. 42,3 t ha-1

, respectivamente) e de 16% nos teores de ATR nos

colmos (143,1 vs. 166,4 kg t-1

cana, respectivamente). Em relação aos teores de fibra, não

houve diferença entre as variedades e entre os períodos analisados. O Pol (% cana) não

diferenciou entre as variedades, mas aumentou significativamente (p<0,05) aos 533 DAP em

relação ao período anterior (Tabela 6).

4.5 Eficiência de Interceptação da Radiação Fotossinteticamente Ativa, Eficiência de

Partição de Fitomassa e Eficiência do Uso da Radiação

As medidas referentes à radiação fotossinteticamente ativa (PAR) transmitida pelo

dossel iniciaram-se aos 158 DAP e foram feitas diariamente até o final do ciclo da cultura

(525 DAP). A interceptação da PAR pelo dossel da cultura ocorreu de forma distinta entre as

variedades (Figura 5A, B) em função da arquitetura foliar diferenciada entre elas. A fração da

PAR interceptada pelo dossel (FIPAR) nas variedades com folhas lanceoladas foi relativamente

menor até os 193 DAP, igualando-se às de arquitetura foliares arqueadas nos períodos

subsequentes (Figura 5A). A partir dos 431 DAP a FIPAR na IACSP94-2101 reduziu a 70% e

158

19322

126

531

333

336

339

843

146

152

5

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

158

19322

126

531

333

336

339

843

146

152

5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Arqueada

IACSP955000 IACSP942101 SP791011 IACSP942094

FI P

AR

DAP

A

Lanceolada

B

K

Figura 5 – (A) Fração da radiação fotossintética interceptada pelo dossel (FIPAR) e, (B)

coeficiente de extinção da radiação (K) ao longo do tempo, em dias após o plantio (DAP) de

quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e

IACSP94-2094.

Page 52: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

32

chegou ao final do ciclo da cultura (525 DAP) interceptando em torno de 50% da PAR

incidente, o que também ocorreu na variedade SP79-1011 (Figura 5A). O coeficiente de

extinção (K) variou entre 0,10 ocorrido aos 158 DAP e 0,53 aos 313 DAP. Após os 398 DAP

houve redução generalizada em K, chegando ao final do ciclo da cultura com valores entre

0,15 na IACSP94-2101 e de 0,30 nas demais (Figura 5B).

A eficiência de interceptação da radiação (Ɛi) foi maior nas variedades com folhas

arqueadas, a IACSP95-5000 (0,90) e a IACSP94-2094 (0,86), enquanto nas de folhas

lanceoladas a Ɛi foi de 0,79 e 0,78 na SP79-1011 e na IACSP94-2101, respectivamente

(Tabela 7).

Tabela 7 - Eficiência de interceptação da radiação PAR (Ɛi), eficiência de partição da

fitomassa (Ɛp) e eficiência máxima (Ɛcmax) e média (Ɛc) de conversão da radição PAR em

energia armazenada na fitomassa (J J-1

). Letras maiúsculas distintas indicam diferenças entre

as variedades (Tukey, p<0,05).

Variedades Ɛi Ɛp Ɛcmax* Ɛc*

(admensional) (J J-1

) (J J-1

)

IACSP95-5000 0,90 0,87 A 0,096 A 0,076 AB

IACSP94-2101 0,78 0,88 A 0,109 A 0,091 A

SP79-1011 0,79 0,88 A 0,072 B 0,060 B

IACSP94-2094 0,86 0,86 A 0,087 AB 0,071 AB

* Para o cálculo da Ɛc e Ɛcmax, utilizou-se o teor médio de energia acumulada na fitomassa de 17,5 kJ g-1

(MONTEITH & MOSS, 1977; BARBOSA, 2012). Ɛcmax refere-se à fase I da figura 7.

Em cana-de-açúcar a relação entre a fitomassa de colmos e a fitomassa total da parte

aérea representa a eficiência de partição de fitomassa (Ɛp). A Ɛp não diferiu entre os materiais

e variaram entre 0,86 a 0,88 (Tabela 7). A Ɛc indica a eficiência média de conversão da

energia luminosa absorvida pelas folhas em energia acumulada na fitomassa e a Ɛcmax a

eficiência máxima calculada no período de crescimento linear da cultura. A Ɛcmax de 0,075 da

SP79-1011 foi menor (p<0,05) em relação à da IACSP95-5000 (0,099) e da IACSP94-2101

(0,106), enquanto da IACSP94-2094 (0,089) não diferiu (p>0,05) das demais (Tabela 7). Por

outro lado, a Ɛc de 0,060 da SP79-1011 foi menor (p<0,05) apenas em relação a IACSP94-

2101 (0,091) e não diferiu da IACSP95-5000 (0,076) e da IACSP94-2094 (0,071) (Tabela 7).

A arquitetura do dossel também afetou a quantidade da PAR que incidente nas folhas

+1 e +3. Observa-se que a menor razão da PARF+3/PARF+1 ocorreu nas variedades com folhas

arqueadas ao longo de todo o ciclo da cultura (Figura 6).

Page 53: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

33

125167

208271

301343

371412

439477

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

IACSP95-5000 IACSP94-2101

SP79-1011 IACSP94-2094

PA

RF

+3/P

AR

F+

1

DAP

Lanceoladas

Arqueadas

Figura 6 – Razão entre a radiação fotossinteticamente ativa que atinge a folha+3 vs. a folha+1

ao longo do ciclo da cultura, em dias após o plantio (DAP) em quatro variedades de cana-de-

açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Linha tracejada indica

a razão 1.

A eficiência do uso da radiação fotossinteticamente ativa (ECPAR) indica a eficiência

da conversão da radiação PAR interceptada pelo dossel vegetativo em fitomassa (Figura 7).

Foram detectadas duas fases distintas da ECPAR ao longo do ciclo da cultura. Para as quatro

variedades estudadas a primeira fase (ECPAR1, Fase I) ocorreu dos 221 aos 363 DAP enquanto

a segunda (ECPAR2, Fase II) dos 431 aos 525 DAP (Figura 7). ECPAR1 mínima ocorreu na

variedade SP79-1011 (4,11 g MJ-1

), cujo valor foi menor (p<0,05) em relação às variedades

IACSP95-5000 (5,50 g MJ-1

) e IACSP94-2101 (6,26 g MJ-1

). A ECPAR da variedade

IACSP94-2094 (4,97 g MJ-1

) não diferiu (p>0,05) das demais variedades. Na fase II as

ECPAR2 de todas as variedades foram estatisticamente iguais, entretanto houve redução

(p<0,05) da ECPAR nesta fase em relação à fase I (0,94 g MJ-1

vs. 5,21 g MJ-1

,

respectivamente).

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34

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

0

2

4

6

8

10

12

14

16

bA

Fase IIFase I

0,86 g MJ-1

IACSP95-5000

5,50 g MJ-1 aA

+41%

A

MS

T (

g m

-2)

x 10

³

B Fase IIFase I

1,46 g MJ-1

bA

MS

T (g m

-2) x 10³

IACSP94-2101

+ 36%

6,26 g MJ-1 aA

bA

C Fase I Fase II

0,69 g MJ-1

PARAC

(MJ m-2

)

SP79-1011

4,11 g MJ-1 aB

+35%

D

Fase IIFase I

0,75 g MJ-1 bA

IACSP94-2094

+34%

4,97 g MJ-1 aAB

Figura 7 - Eficiência do uso da radiação fotossinteticamente ativa (ECPAR, linhas vermelhas,

em g.MJ-1

) calculada pelo ajuste linear da correlação dos dados da biomassa seca total (MST)

vs. radiação fotossinteticamente ativa interceptada pelo dossel (PARAC) em quatro variedades

de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Linha

tracejada refere-se à média de quatro repetições dos dados ajustados de acúmulo de fitomassa

(MST) em função do tempo (em dias após plantio, DAP). Linha vermelha refere-se ao ajuste

linear para o período compreendido entre os 221 e 363 DAP (ECPAR1, Fase I) e para o período

compreendido entre os 431 e 525 DAP (ECPAR2, Fase II). □ Produtividade esperada da cultura

(MST) se a ECPAR da fase I fosse constante. Letras maiúsculas distintas indicam diferenças

significativas (Tukey, p<0,05) da ECPAR entre as variedades dentro de cada fase e as

minúsculas, diferenças entre as fases em cada variedade.

4.6 Assimilação Diária de CO2 e Potencial da Água na Folha

A PNI variou significativamente (p<0,05) em função das variedades, da idade das

plantas e das folhas (F+1 e F+3). Independente da folha (+1 ou +3), os maiores valores de PNI

ocorreram no início do ciclo da cultura, ou seja, dos 125 aos 208 DAP nas variedades

IACSP95-5000, IACSP4-2101 e IACSP94-2094 (Figura 8A, B, D), enquanto na variedade

SP79-1011 os valores máximos ocorreram dos 208 aos 271 DAP (Figura 8C). Aos 343 DAP

houve redução significativa de 25%, 72%, 52% e 28% da PNI nas variedades IACSP95-5000,

IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094, respectivamente, em relação ao período inicial

(125-208 DAP). No final do ciclo da cultura (477 DAP), a PNI foi de 39%, 15%, 42% e 43%

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35

da máxima ocorrida nas variedades IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-

2094, respectivamente.

0

200

400

600

800

1000

1200

*****

A

A

AAA

AB

A

AA

A

F+1

F+3

B

A

AB

BA

A

B

A

A

IACSP95-5000

A

A

*

DM

S

0

200

400

600

800

1000

1200

DM

S

CBB** B

C

A

A

AAA

F+1

F+3

B

B

BC

A

B B

A

B IACSP94-2101

PN

I (mm

ol C

O2 m

-2 d-1)

125

167

208

271

301

343

371

412

439

477

0

200

400

600

800

1000

1200

DM

S

B

***

BAA CB

AA

A

A

A

F+1

F+3

AA

B

A

B

BB

A

AC

PN

I (m

mo

l C

O2 m

-2 d

-1)

SP79-1011

125

167

208

271

301

343

371

412

439

477

0

200

400

600

800

1000

1200

DM

S

AA

20112011 2010

****

AA

AC

B

BA

B

A

A

AgoJu

lJu

nM

aiAbr

Fev

Jan

Nov

OutSe

t(Mês)

F+1

F+3

BC

CB

A

A

C

B

D IACSP94-2094

(DAP)

2010

AgoJu

lJu

nM

aiAbr

FevJa

nNovO

utSet

Figura 8 – Assimilação diária de CO2 (PNI) em quatro variedades de cana-de-açúcar:

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094 (A-D) medida ao longo do

ciclo da cultura, em dias após plantio (DAP) com respectivo mês de ocorrência (Mês), e em

duas folhas distintas: folha+1 (F+1) e folha+3 (F+3). Letras maiúsculas distintas indicam

diferenças significativas (Tukey, p<0,05) de PNI entre as variedades no mesmo período

(DAP). DMS indica as diferenças (Tukey, p<0,05) ao longo do tempo dentro da mesma

variedade. * indica os períodos em que houve diferença significativa (p<0,05) da PNI entre

F+1 e F+3 dentro da mesma variedade. Cada ponto representa a média de quatro repetições

±desvio padrão.

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36

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

0 400 800 1200 1600 2000

0

10

20

30

40

0 400 800 1200 1600 2000

0

10

20

30

40

A

IACSP95-5000

208 DAP

Folha+1

Folha+3B

371 DAP

C

IACSP94-2101

D

Folha+1

Folha+3

E

SP79-1011

PN (

mol

m-2 s

-1)

Folha+1

Folha+3F

PN (

mol m

-2 s-1)

G

IACSP94-2094

PAR (mol m-2 s

-1)

Folha+1

Folha+3

H

Figura 9 – Assimilação instantânea de CO2 (PN) ocorrida em função da radiação PAR

incidente no terço médio das folhas +1 e +3 mantidas na posição original de acordo com a

inclinação. Medidas realizadas ao longo do dia 208 DAP (A, C, E e G) e 371 DAP (B, D, F e

H) em quatro variedades de cana de açúcar: IACSP95-5000 (A e B), IACSP94-2101 (C e D),

SP79-1011 (E e F) e IACSP94-2094 (G e H).

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37

Quanto às diferenças entre variedades, PNI da IACSP94-2094 foi menor (p<0,05) em

relação às outras variedades até os 301 DAP, independente da folha (F+1 ou F+3), igualando-

se às demais a partir dos 343 DAP (Figura 8D). Nessa variedade a variação de PNI ao longo

do ciclo foi menor. Em todas as variedades observou-se que PNI da F+3 foi menor (p<0,05)

que F+1 em alguns períodos. Na variedade IACSP95-5000 a PNI da F+3 foi em média 25%

menor (p<0,05) que a da F+1 nos períodos 125, 167, 208, 271, 343 e 439 DAP (Figura 8A).

Nas variedades IACSP94-2101 e SP79-1011 a PNI da F+3 foi em média 31% menor (p<0,05)

que a da F+1 nos períodos 208 e 271 DAP. A redução significativa (p<0,05) da PNI da F+3

em relação à F+1 na variedade IACSP94-2094 foi de 29% em média nos períodos 125, 208,

271 e 371 DAP. Considerando dois períodos distintos, 208 e 371 DAP, a resposta da PNI à

radiação PAR foi similar entre as folhas +1 e +3 (Figura 9).

A condutância estomática (gs) medida nas folhas F+1 e F+3 foi similar e por isso os

dados apresentados na tabela 8 referem-se à média das duas folhas e aos períodos em que

houve diferença significativa da PNI ao longo do ciclo da cultura, ou seja, aos 125, 208, 301 e

439 DAP. Houve variação significativa (p<0,05) de gs tanto em função do tempo quanto em

função da variedade nos períodos analisados. A maior gs ocorreu dos 125 aos 301 DAP nas

variedades IACSP94-2101 e na IACSP94-2094, enquanto na SP79-1011 a gs máxima ocorreu

aos 208 DAP. Aos 439 DAP a gs dessas variedades reduziu significativamente (p<0,05),

enquanto a IACSP95-5000 não apresentou variação temporal em gs. A variedade IACSP94-

2094 obteve a menor gs durante todo o ciclo da cultura (Tabela 8).

Tabela 8 – Condutância estomática média diária (gs, mol m-2

s-1

) das folhas +1 e +3 de

quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e

IACSP94-2094, medidas aos 125, 208, 301 e 439 dias após o plantio (DAP). Medidas

instantâneas realizadas a cada 2 horas entre 7h - 17h. Letras minúsculas e maiúsculas distintas

indicam, respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05) ao longo do tempo na

mesma variedade (mesma linha) e entre as variedades na mesma data (mesma coluna). n=8.

------------------------------------ DAP/(Mês) -------------------------------------

Variedade 125 (Set) 208 (Nov) 301 (Fev) 439 (Jul)

---------------------------------- gs (mol m-2

s-1

) ----------------------------------

IACSP95-5000 0,15 aA 0,13 aBC 0,12 aB 0,12 aA

IACSP94-2101 0,15 aA 0,16 aAB 0,17 aA 0,05 bB

SP79-1011 0,12 bAB 0,17 aA 0,14 bB 0,08 cB

IACSP94-2094 0,11 aB 0,12 aC 0,13 aB 0,06 bB

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38

Não houve diferença em am (p<0,05) entre as variedades ao longo de todo o ciclo da

planta e apenas aos 125 DAP os valores médios (-0,22 MPa) foram menores (p<0,05) em

relação aos períodos posteriores (~ -0,05 MPa), independente da variedade (Figura 10A). O

am foi significativamente maior (p<0,05) ao das 13 horas (13h, Figura 8B) em todos os

períodos e variedades. Os menores potenciais da água na folha ocorreram no início do ciclo

da cultura (125 DAP). Nas variedades IACSP94-2101 e IACSP94-2094 os 13h foram

menores (p<0,05) ao das variedades IACSP95-5000 e SP79-1011 (-1,0 vs. -0,5 MPa,

respectivamente) aos 125 DAP (Figura 10B). Nos períodos 208 e 301 DAP houve aumento

(p<0,05) do Ψ13h na IACSP94-2101 e na IACSP94-2094, com pequena variação dessa

variável nas outras variedades. Aos 439 DAP apenas a SP79-1011 apresentou pequena,

porém significativa (p<0,05) redução do Ψ13h em relação aos períodos anteriores (-0,35 MPa

vs. -0,55 MPa).

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

125 208 301 439

b

am

(M

Pa)

IACSP95-5000 IACSP94-2101 SP79-1011 IACSP94-2094

a

A

Meses

125 208 301 439

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

JulFevNovSetJulFevNov

B

1

3h (M

Pa)

bc,

AB

b,A

B

a,A

c,B

b,A

ab,A

b,A

ab,A

DAPa,

B

a,A

a,B

a,A

ab,A

b,B

c,A

B

c,A

B

Set

Figura 10 – Potencial da água das folhas +3 (w) em quatro variedades de cana-de-açúcar:

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094. Medidas realizadas em quatro

épocas distintas, em dias após o plantio (DAP) e/ou meses, antes do amanhecer (am, em A) e

às 13h do mesmo dia (13h, em B). Letras minúsculas e maiúsculas distintas indicam,

respectivamente, diferenças significativas (Tukey, p<0,05) ao longo do tempo dentro da

mesma variedade e as diferenças entre as variedades no mesmo período (DAP). Cada coluna

indica média de quatro repetições ±desvio padrão.

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39

4.7 Teores de Carboidratos e de Nitrogênio Foliares e Exportação de Fotoassimilados

Considerando os períodos 167, 271 e 301 DAP os teores de AMI foliares nas quatro

variedades variaram pouco (Figura 11). Nesses períodos os teores de AMI foram em média de

1,5 mg g-1

MS nas variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2101 e variaram entre 1,5 e 7,5 mg

g-1

MS na SP79-1011 e na IACSP94-2094. Exceto na variedade IACSP94-2101 (Figura 11B),

houve aumento (p<0,05) de AMI aos 412 DAP em relação aos períodos anteriores, cujos

teores variaram entre 10 e 16 mg g-1

MS (Figura 11A, C, D). Em relação ao AST houve

redução (p<0,05) dos teores entre os períodos 167 e 301 DAP (35 mg g-1

MS vs. 15 mg g-1

MS, respectivamente) nas variedades IACSP94-2101 (Figura 11B) e IACSP94-2094 (Figura

11D). Comparando o AST entre as variedades, o menor (p<0,05) teor (~15 mg g-1

MS)

0

20

40

60

80

a,A

b,Ab,A

b,A

b,A

a,AB

a

a,A

a,A

bb

,Ab

,Abb

,Ab

,A

bb

,Ab

,AB

AMI AST SAC CTNE

a,A

EF

IACSP95-5000A

a,C

c,Ab

c,A

ab,A

B

B

c,B

a,A

b,A

a

aaa

a,A

a,A

a,A

a,B

EX F

[g(C

H2 O

) m-2 d

-1]

IACSP94-2101

0

5

10

15

20

25

ab,A

bc,

A

c,A

a,B

0

20

40

60

80

a,B

C

b,A

b,A

b,B

C

Teo

r de

carb

oid

rato

foli

ar (

mg g

-1M

S)

b,AB

a,B

a

aaa

a,B

b,A

b,A

b,B

b,A

B

ab,A

ab,A a,A

SP79-1011

412301271167

DAP

a,A

ab,A

B

c,A

bc,

A

b,A

D

b,Ab,C

a,A

b b b

aa,

B

c,A

c,A

b,A

a,A

b,Ab

,A

b,A

IACSP94-2094

4123012711670

5

10

15

20

25

Figura 11 – Teores foliares de amido (AMI), açúcares solúveis totais (AST), sacarose (SAC)

e carboidratos totais não estruturais (CTNE) e exportação de carboidratos fotoassimilados

(ExF), nas folhas+3 em quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101,

SP79-1011 e IACSP94-2094 (A-D) e em quatro épocas distintas (DAP). Letras minúsculas e

maiúsculas distintas em cada variável indicam, respectivamente, diferenças significativas

(Tukey, p<0,05) entre as médias ao longo do tempo (DAP) dentro da mesma variedade e

diferenças entre as variedades dentro de cada período (DAP). Médias compostas por quatro

repetições.

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ocorreu na IACSP94-2101 e IACSP94-2094 aos 301 DAP (Figura 11B, D). Aos 412 DAP

houve aumento (p<0,05) do AST em todas as variedades, atingindo o teor máximo de 74 mg

g-1

MS na variedade IACSP95-5000 (Figura 11A) que foi superior (p<0,05) aos máximos

atingidos nas demais variedades, entre 45-58 mg g-1

MS (Figura 11B, C, D). Quanto à SAC,

não houve diferença entre variedades e ocorreu pequena variação temporal nos teores com

valores médios iniciais de 7 mg g-1

MS (167 DAP) e finais de 16 mg g-1

MS (412 DAP). Os

CTNE seguiu o mesmo padrão temporal do AST. Os menores teores (p<0,05) de CTNE

ocorreram nas variedades IACSP94-2101 e IACSP94-2094 (~17 mg g-1

MS) aos 301 DAP

(Figura 11B, D). Aos 412 DAP houve aumento generalizado de CTNE e os maiores teores

(p<0,05) ocorreram nas variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2094 (Figura 11A, D).

A ExF variou (p<0,05) ao longo do tempo e entre as variedades. No início do ciclo da

cultura (167 DAP) a ExF foi igual em todas as variedades (~18,0 g[CH2O] m-2

d-1

) e

permaneceu inalterada até os 301 DAP nas variedades IACSP95-5000 e SP79-1011 (Figura

11C). Aos 301 DAP houve aumento (p<0,05) da ExF na variedade IACSP94-2101 (~24,0

g[CH2O] m-2

d-1

) e redução (p<0,05) na IACSP94-2094 (~12,0 g[CH2O] m-2

d-1

) (Figura 11B,

D). Exceto em IACSP94-2094, aos 412 DAP houve redução generalizada da ExF. Nesse

período a menor (p<0,05) ExF ocorreu na variedade IACSP94-2101 (6,5 g[CH2O] m-2

d-1

)

(Figura 11B).

Os teores foliares de nitrogênio (N) nas folhas+3 apresentaram variação significativa

(p<0,05) entre as variedades e ao longo do tempo (Figura 12). Os maiores teores de N

ocorreram aos 271 DAP nas variedades IACSP95-5000 (24,7 g kg-1

) e IACSP94-2101 (26,7 g

kg-1

), cujos teores foram maiores (p<0,05) em relação aos demais períodos.

Aos 412 DAP houve redução de 41% e 37% nos teores de N na IACSP95-5000 e na

IACSP94-2101. Os teores de N nas variedades SP79-1011 e IACSP94-2094 permaneceram

praticamente constantes ao longo do tempo, e as médias considerando todo o período foram

de 16,5 g kg-1

e 20,5 g kg-1

, respectivamente.

Page 61: ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS …©... · 4.2 Análise dos Componentes de Produção ... (BH) climatológico da área experimental irrigada referente aos anos de 2010 e

41

Figura 12 – Teor de nitrogênio foliar (g kg-1

) em quatro variedades de cana-de-açúcar:

IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e IACSP94-2094, determinados aos 167, 271,

371 e 412 dias após plantio (DAP), nas folhas+3. Letras maiúsculas distintas indicam as

diferenças significativas (Tukey, p<0,05) entre as variedades no mesmo período. DMS indica

as diferenças ao longo do tempo (DAP) na mesma variedade (Tukey, p<0,05).

Foi encontrado correlação positiva e significativa entre a eficiência instantânea de

carboxilação (PN/Ci) (p<0,01) e a eficiência de conversão da radiação solar instantânea (ECi)

(p<0,01) com os teores de N foliar (Figura 13).

14 16 18 20 22 24 26

0

1

2

3

4

5

14 16 18 20 22 24 26 28

1

2

3

4

5

6

IACSP-95-5000 IACSP94-2101 SP79-1011 IACSP94-2094

PN/C

i (

mol

m-2 s

-1 P

a-1)

R² = 0,43 **

A

371 DAP

B

EC

i (g M

J-1)

R² = 0,46 **

Teor N (g kg-1)

271 DAP

Figura 13 - Correlação entre os teores de N foliares com a eficiência instantânea de

carboxilação (PN/Ci, A) e com a eficiência de conversão da radiação solar instantânea (ECi,

B) em quatro variedades de cana-de-açúcar: IACSP95-5000, IACSP94-2101, SP79-1011 e

IACSP94-2094. Dados referentes a períodos distintos ao longo do ciclo da cultura. Valores de

N da figura 12. Cada ponto representa a média de quatro repetições ± desvio padrão. **

p<0,01.

167 271 371 412

14

16

18

20

22

24

26

28

30

AB

B

AAB

A

B

C

B

A

A

B

AB

Teo

r N

(g

kg

-1)

DAP

IACSP95-5000 IACSP94-2101

SP79-1011 IACSP94-2094

DM

S

A

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42

5 DISCUSSÃO

5.1 Área Foliar e Interceptação da Radiação PAR

As diferenças na interceptação da radiação encontradas neste trabalho estão

relacionadas com as características da arquitetura das folhas e com IAF (Figuras 4A e 5A)

sendo que a interceptação de PAR aumenta progressivamente com o aumento do IAF (Figuras

4A e 5A, B). As diferenças na interceptação da radiação solar entre as variedades estudadas

desapareceram quando o IAF atingiu valores acima de 7,0, a partir dos 221 DAP (Figuras 4A

e 5A). A menor interceptação de radiação PAR (FIPAR) ocorrida nas variedades IACSP94-

2101 e SP79-1011 até os 193 DAP e após os 398 DAP podem ser atribuídas às suas

características de folhas lanceoladas [MARCHIORI et al., 2014, (Figura 5A)].

A quantidade de radiação absorvida pela cultura durante seu ciclo tem relação direta

com a duração de área foliar (DAF), que é dependente do IAF (KVET et al., 1971). Observa-

se que a maior DAF ocorreu nas variedades IACSP95-5000 e IACSP94-2094 associada ao

maior IAF (Figura 4A), e a maior Ɛi foi atingida nessas duas variedades (Tabela 7). Nota-se

que as diferenças do IAF podem ser atribuídas a área foliar (AF) média, que foi menor nas

variedades IACSP94-2101 e na SP79-1011 e também ao menor número de folhas desta última

(Figuras 3A, B e 4A). Os valores de IAF observados estão acima dos citados na literatura

(DONALSON et al., 2008; MARIN, 2014; TEJERA et al., 2007) e podem ser atribuídos à

elevada AF, com valores entre 600 e 750 cm² folha-1

(Figura 3B). O IAF da variedade

IACSP94-2094 foi favorecido também pela maior população de plantas em relação às demais

variedades (Figura 2A).

Em geral a produção de fitomassa de cana-de-açúcar sadia e sem nenhum estresse

ambiental e bem irrigada é proporcional à quantidade de radiação solar interceptada e à taxa

de conversão dessa radiação em fitomassa (ROBERTSON et al., 1996), e diferenças na

produção de fitomassa podem ocorrer em função da Ɛi. Entretanto, nota-se nesse estudo que

as duas variedades mais produtivas, a IACSP95-5000 e a IACSP94-2101 apresentaram Ɛi

distintas (Tabela 7). Sabe-se que a fotossíntese de uma planta é proporcional à superfície de

folhas verdes disponíveis (RAJI et al., 1999), mas elevado IAF pode reduzir a quantidade de

radiação incidente nas folhas mais abaixo do dossel, podendo induzir a senescência precoce

dessas folhas (TEJERA et al., 2007). Por outro lado, a melhor distribuição de luz no dossel

vegetativo pode favorecer a fotossíntese global da planta, afetando positivamente a

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43

produtividade de fitomassa (FORSETH & NORMAN, 1993). MARCHIORI et al. (2014) e

TEJERA et al. (2007) observaram maior produção de fitomassa em variedades de cana-de-

açúcar associadas à melhor distribuição da radiação no dossel vegetativo, que ocorreu em

função da presença de folhas lanceoladas nas variedades estudadas. As diferenças na

interceptação da luz entre as duas variedades mais produtivas encontradas nesse estudo foram

atribuídas à diferença de arquitetura das folhas e ao IAF (Figuras 4A e 5A), e possivelmente a

produtividade de fitomassa da variedade IACSP94-2101 foi influenciada pela melhor

distribuição da radiação no dossel vegetativo, que favoreceu a fotossíntese global da planta.

Diferentemente do ocorrido na IACSP94-2101, a SP79-1011 que também teve melhor

distribuição da radiação no dossel vegetativo em função da sua arquitetura de folhas

lanceoladas obteve a menor produtividade de fitomassa entre as variedades estudadas (Figura

4E, F). A menor produção de fitomassa nessa variedade possivelmente foi afetada em função

da menor Ɛi associada à menor IAF e DAF (Figura 4A). Aumento de produtividade em cana-

de-açúcar foi encontrado com a otimização do IAF através do aumento do número de plantas

por unidade de área (TEJERA et al., 2007). É possível que o IAF encontrado na variedade

SP79-1011 não estava otimizado com o espaçamento de plantio utilizado nesse estudo (1,5

m), sugerindo que o adensamento de plantio poderia favorecer a produtividade final pelo

aumento do IAF e, consequentemente da Ɛi.

Em relação à distribuição da radiação no dossel, é possível notar o efeito da

arquitetura foliar na distribuição de luz no dossel através do coeficiente de extinção (K). Nota-

se que a partir dos 265 DAP quando a FIPAR atingia 90% o K das variedades com folhas

lanceoladas, a IACSP94-2101 e a SP79-1011 foi sempre igual ou maior em relação às de

folhas arqueadas, sugerindo melhor distribuição da luz no dossel das variedades com folhas

lanceoladas, uma vez que a extinção de luz nessas variedades ocorreu com menor IAF

(Figuras 4A, 5A, B). Os valores de K encontrados neste trabalho corroboram com os citados

por PARK et al. (2005) e ROBERTSON et al. (1996), mas estão abaixo dos encontrados em

outros trabalhos (MARIN, 2014; MARIN & JONES, 2014). Entretanto, vale destacar a

variação temporal de K ocorrida nesse trabalho e a influência da arquitetura do dossel sobre

K. Geralmente os valores de K citados na literatura não consideram a variação sazonal e são

utilizados para todo o ciclo da cultura (DONALDSON et al., 2008; MARIN, 2014; PARK et

al., 2005). A utilização de valores fixos de K para obtenção da radiação transmitida pode

subestimar ou mesmo superestimar os valores de radiação interceptada pelo dossel, podendo

afetar os resultados de eficiência de conversão da radiação. Além disso, a variação de K em

função da arquitetura foliar encontrada nesse trabalho reforça a importância de se abordar a

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44

estrutura da copa e a absorção da radiação solar em modelos de crescimento de cana-de-

açúcar brasileiros, como sugerido por MARIN (2014).

5.2 Produção de Colmos, Acúmulo de Sacarose e Eficiência de Partição de Fitomassa

As diferenças na produção final da MST e da MFC entre as variedades estudadas

podem ser atribuídas à morfologia das plantas. Nota-se que as variedades mais produtivas, a

IACSP95-5000 e a IACSP94-2101 possuem maiores diâmetros e comprimentos de colmo e a

correlação encontrada entre o volume do colmo com sua massa fresca unitária mostra o efeito

do tamanho dos colmos sobre a produtividade final (Figuras 2B, D e 4B, E, F). BELL &

GARSIDE (2005) e TEJERA et al. (2007) encontraram diferenças de produtividade de cana-

de-açúcar em função do peso unitário dos colmos, associadas possivelmente às dimensões dos

colmos. A diferença de produtividade de colmos entre as variedades IACSP94-2094 e SP79-

1011 pode ser atribuída ao maior número de colmos por unidade de área na IACSP94-2094

(18 colmos m-2

vs. 14 colmos m-2

), uma vez que o tamanho de colmos de ambas foi

semelhante (Figuras 2A e 4B, F). BELL & GARSIDE (2005) comparando variedades de

cana-de-açúcar encontraram correlação negativa entre a massa seca unitária dos colmos e o

número de plantas por unidade de área em algumas variedades. É possível que o maior

número de plantas da variedade IACSP94-2094 tenha limitado o tamanho e o peso final dos

colmos dessa variedade.

Entre as variedades desenvolvidas mais recentemente, a IACSP94-2094 foi a que

apresentou as menores dimensões e volume de colmo, que afetou a MFC final em relação à

IACSP95-5000 e IACSP94-2101 (Figuras 2B, D e 4B). Entretanto sua MST foi equivalente

às mais produtivas (Figura 4E), e pode ser atribuído ao maior número de colmos por área

dessa variedade (Figura 2A). Além disso, a IACSP94-2094 apresenta características de

rusticidade e de tolerância ao déficit hídrico (RIBEIRO et al., 2013) que a tornam interessante

para o cultivo em áreas de produção mais restritiva. Vale ressaltar que as dimensões dos

colmos encontradas nas variedades estudadas são resultados do melhoramento genético, que

utiliza como um dos parâmetros de seleção de variedades as dimensões de colmos

(LANDELL & BRESSIANI, 2010).

Em relação à produtividade final de sacarose (SAC), os valores obtidos nesse trabalho

estão muito acima dos encontrados em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil (VAN

HEERDEN et al., 2014; KEATING et al., 1999; LAVANHOLI, 2010) e podem ser atribuídos

à elevada produção de colmos (Tabelas 5 e 6). As diferenças de produtividade de SAC entre

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45

as variedades estudadas estão relacionadas com a capacidade volumétrica dos colmos de

armazenar açúcares (Figura 4B). Observa-se que as diferenças nos teores de sacarose (SAC)

dos colmos ocorreram até os 363 DAP em função do ciclo produtivo diferenciado das

variedades e desapareceram no período seguinte (Tabela 4). As variedades menos produtivas,

a IACSP94-2094 e a SP79-1011 são consideradas de ciclo precoce e os maiores teores de

SAC dos terços mediano (TM) e superior (TS) dos colmos ocorreram antecipadamente em

relação às outras variedades, ou seja, aos 313 DAP (Tabela 4). Variedades com ciclo precoce

de produção geralmente possuem entrenós mais curtos, e teores diferenciados de SAC entre

variedades têm sido atribuídas a diferenças anatômicas e ao tamanho dos entrenós (WEIJIAN,

1989).

Interessante notar que a variedade mais produtiva, a IACSP94-2101 apresentou maior

teor e produtividade de SAC aos 363 DAP (Abril) em relação às demais, e que houve

acúmulo expressivo de SAC nos colmos em apenas 50 dias, dos 313 (Fevereiro) aos 363 DAP

(Tabelas 4 e 5). Possivelmente o aumento no teor de SAC nesse período esteja associado à

elevada atividade da enzima de síntese da sacarose (SPS) (GROFF et al., 2007). Em relação à

análise tecnológica, os resultados mostraram que não houve diferença entre as variedades nos

teores de fibra e na porcentagem de açúcar dos colmos (Pol % cana) e as diferenças de

produtividade de ATR ocorreram em função da produção de colmos (Tabela 6).

A produtividade final de colmos pode também ser afetada em função da quantidade de

carbono que é direcionado para formação de folhas (ZHU et al., 2010). A partir dos dados

IAF pode-se inferir que houve diferença de fitomassa de folhas entre as variedades estudadas

(Figura 4A), entretanto a eficiência de partição (Ɛp) foi igual em todas elas (Tabela 7),

indicando que a produção de fitomassa de colmos foi proporcional à de fitomassa das folhas.

É importante mencionar que os valores da Ɛp encontrados neste trabalho estão próximos aos

máximos encontrados por outros autores (BELL & GARSIDE, 2005; MARIN et al., 2014;

SINGEL et al., 2005), sugerindo que o melhoramento genético brasileiro já atingiu

praticamente o potencial genético da planta no quesito partição de fitomassa. Vale destacar

que os dados da Ɛp apresentados aqui consideraram os colmos como índice de colheita (HI),

entretanto o HI pode ser atribuído à quantidade de SAC produzida em relação à fitomassa de

colmos (SINGELS, 2014). Nesse caso pode-se considerar que a Ɛp entre as variedades

estudadas também foi igual, uma vez que não houve diferença nos teores finais de açúcares

dos colmos (Pol, teor de ATR e de SAC) e que a produtividade final de açúcares ocorreu em

função da produção de colmos (Tabelas 4, 5 e 6). Analisando-se a Ɛp de açúcares, talvez este

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46

seja o fator que o melhoramento genético possa melhorar ainda nas variedades de cana-de-

açúcar.

5.3 Análise do Crescimento da Cultura e da Eficiência de Conversão da Radiação PAR

A taxa de crescimento da cultura (TCC) foi um dos fatores responsáveis pela diferença

de produtividade de fitomassa entre as variedades estudadas (Figura 4C, E). A TCC é dada

pelo produto entre a TAL e o IAF e a variação em qualquer uma destas variáveis implica na

variação de TCC (KVET et al., 1971). Observa-se que a variedade menos produtiva, a SP79-

1011 teve menor TCC no período do crescimento linear e pode ser atribuído à sua menor IAF

encontrada naquele período, uma vez que sua taxa de assimilação líquida (TAL) não diferiu

das mais produtivas, a IACSP95-5000 e a IACSP94-2094 (Figura 4A, C, D). Como sugerido

anteriormente, o espaçamento de plantio utilizado (1,5 m) na SP79-1011 possivelmente não

foi adequado para obtenção da máxima produtividade, e a redução de espaçamento de plantio

poderia favorecer a produtividade em função do aumento do IAF. Interessante notar que a

variedade IACSP94-2101 teve a mesma IAF da SP79-1011, entretanto sua TCC foi maior e

essa resposta pode ser atribuída à sua maior TAL (Figura 4A, C, D). A diferença na TAL

entre essas duas variedades pode ser atribuída à eficiência de conversão da radiação (Ɛc), que

foi maior na IACSP94-2101 (Tabela 7 e Figura 7). Diferenças na TAL em função da Ɛc foram

sugeridas também por TEJERA et al. (2007). Vale destacar que os valores da TCC

encontrados nesse estudo foram elevados e são comparáveis aos citados por MOORE &

MARETZKI (1996), e próximos aos observados para a espécie Pennisetum purpureum

(capim Napiê) (58 g m-2

d-1

), que é considerada uma gramínea de capacidade produtiva típica

de plantas C4 (ALLISON et al., 2007).

A produtividade de fitomassa foi determinada pela eficiência de conversão da radiação

solar em fitomassa (ECPAR). A ECPAR tem estreita relação com a fotossíntese global (dossel)

da planta e as maiores ECPAR1 encontrada nas variedades mais produtivas, a IACSP95-5000 e

a IACSP94-2101 possivelmente estão associadas às maiores taxas de fotossíntese global

(Figura 7A, B). A fotossíntese global da planta deverá ser maior quanto mais próxima da

saturação de luz estiver a fotossíntese do dossel (SAGE et al., 2014). Além disso, baixo ponto

de compensação de luz (Γ) das folhas contribui para o balanço positivo da assimilação de CO2

em condições de baixa radiação, situação comum nas folhas mais abaixo do dossel (SAGE et

al., 2010). Observa-se que a PNI das variedades IACSP95-5000, IACSP94-2101 e da SP79-

1011 medida nas folhas +1 e +3 foram semelhantes até os 301 DAP, entretanto a ECPAR1 desta

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última foi menor (Figuras 7A-C e 8A-C). A maior ECPAR1 da variedade IACSP94-2101

possivelmente está associada à maior fotossíntese global da planta em resposta à melhor

distribuição de luz no dossel ocorrida nessa variedade, permitindo maior fotossíntese no

interior do dossel (Figura 5B). A ECPAR1 da IACSP95-5000 estaria associada também à

elevada fotossíntese global da planta, entretanto a fotossíntese do dossel possivelmente estaria

associada com o maior IAF (Figura 4A). Além disso, embora não houve diferença entre a

IACSP95-5000 e a IACSP94-2101, os valores absolutos da ECPAR1 analisados junto com os

dados da TAL (Figura 4D) sugerem que há diferenças relacionadas à respiração das plantas

e/ou ao Γ entre essas duas variedades.

ECPAR1 da IACSP94-2094 foi relativamente menor comparada às duas variedades mais

produtivas e pode ser atribuída à menor PNI encontrada nessa variedade (Figuras 7D e 8D).

Além disso, o elevado IAF dessa variedade reduziu a disponibilidade de luz das folhas

localizadas abaixo, e provavelmente a fotossíntese do dossel ocorreu com baixa intensidade

de PAR. A SP79-1011, embora tivesse a distribuição de luz no dossel favorecida pelas folhas

lanceoladas, teve a menor ECPAR1 entre as variedades estudadas (Figura 7). Comparando essa

variedade com a IACSP94-2101, que também é composta de folhas lanceoladas, observa-se

que a menor TAL ocorreu na SP79-1011 e possivelmente está associado aos menores teores

de N foliares encontrados nessa variedade, ou ainda a maior taxa respiratória afetando a

ECPAR1 (Figuras 4D, 7B, C e 12). Por outro lado, comparando a ECPAR1 dessa mesma

variedade com a da IACSP95-5000 é possível que a menor área foliar da SP79-1011 tenha

reduzido sua ECPAR1, uma vez que a TAL entre essas duas variedades foi igual (Figuras 4D e

7A, C).

Os valores de produtividade e da ECPAR encontradas nesse trabalho estão acima dos

encontrados em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil (DONALDSON et al., 2008;

INMAN-BAMBER et al., 2002; KEATING et al., 1999; MARIN, 2014; PARK et al., 2005;

TEJERA et al., 2007; VAN HEERDEN et al., 2010; WACLAWOVSKY et al., 2010). Os

dados obtidos nesse estudo revelam que as variedades de cana-de-açúcar utilizadas atingiram

eficiência de conversão da radiação solar (Ɛcmax) próximas do potencial teórico produtivo

típico de plantas C4 (Tabela 7), que é de 12,3% considerando a radiação PAR máxima

disponível no ambiente (ZHU et al., 2010). Observa-se que a Ɛcmax foi linear até os 363 DAP

e reduziu após esse período (Figura 7), entretanto a eficiência de conversão média (Ɛc)

considerando o período total foi também elevada, entre 6,0 a 9,1% (Tabela 7). A queda

generalizada da Ɛcmax após 363 DAP afetou a produtividade de fitomassa entre 34% e 41% no

final do ciclo da cultura (Figura 7).

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48

5.4 Fatores que Determinam e que Afetam a ECPAR

ECPAR é determinada pelo balanço entre a assimilação de CO2 global e a respiração da

planta, e esse balanço varia em função dos fatores ambientais (MACHADO et al., 2013;

SALES et al., 2013; SAGE et al., 2013), do estádio fenológico da cultura e dos teores foliares

de carboidratos e de nitrogênio (SAGE et al., 2013). As ECPAR1 encontradas nesse estudo

podem ser atribuídas às elevadas PNI que ocorreram até os 301 DAP (Figura 8), que

promoveram elevadas eficiências de conversão instantâneas (ECi) (Figura 13B). Nesse

trabalho a ECi representa o ganho líquido diário do carbono assimilado na fotossíntese em

função da radiação PAR acumulada no dia, e descontando a perda do carbono pela respiração

da planta num período de 24h. Os valores da ECi encontrados nas variedades mais produtivas,

a IACSP95-5000, IACSP94-2101 e IACSP94-2094 no período da máxima ECPAR1 foram

entre 4 e 5 g MJ-1

d-1

(271 DAP, Figura 13B), que estão próximos ao potencial teórico para

cana-de-açúcar se considerar a temperatura média do ar de 25 °C (~6 g MJ-1

), de acordo com

LIU & BULL (2001) e SINGELS et al. (2005). Vale ressaltar que no período da máxima

ECPAR1 (Dezembro/2010 à Abril/2011) a temperatura média do ar variou entre 22 °C e 26 °C

(Figura 1B).

A PNI tem estreita relação com a demanda de carbono da planta, uma vez que a força

dreno elevada mantém a taxa de exportação de sacarose das folhas ativa, mantendo os teores

de açúcares nas folhas baixo e favorecendo a fotossíntese (McCORMICK et al., 2008a; 2009).

A elevada PNI encontrada nesse estudo até os 301 DAP pode ser atribuída à grande demanda

de carbono envolvido no crescimento nesse período, evidenciado pela TCC, que manteve

elevada taxa de exportação de fotoassimilados (ExF) e baixo teor relativo de carboidratos não

estruturais nas folhas (CTNE) (Figuras 4C, 8 e 11). Observa-se que até os 301 DAP a PNI da

variedade IACSP94-2094 foi menor em relação às demais variedades, e esse fato pode estar

relacionado com a menor condutância estomática diária (gs) ocorrida nessa variedade (Tabela

8), e possivelmente com fator metabólico da fotossíntese (MARCHIORI et al., 2014), que

será discutido adiante. Vale ressaltar que a cultura foi irrigada e que as plantas mantiveram-se

bem hidratadas durante todo o ciclo produtivo, evidenciado pelo alto potencial hídrico das

folhas (Figura 10).

A fotossíntese em cana-de-açúcar atinge seu máximo em torno de 35 °C (MOORE &

MARETZKI, 1996; SAGE et al., 2013). Observou-se que o período da elevada PNI ocorreu

nos meses de maior temperatura do ar, quando a média das temperaturas diurnas estava em

torno de 28 °C (Figura 1B). A PNI desse período foi também favorecida pela ocorrência das

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maiores radiações que atingem o hemisfério sul nessa época do ano (Figura 1A). Nota-se que

em alguns períodos do ciclo da cultura houve diferença da PNI entre as folhas+1 e +3, e

aparentemente essa diferença ocorreu em função da radiação PAR incidente nas folhas, uma

vez que não houve diferença na resposta da PNI em função da PAR (Figura 9). Vale destacar

ainda que diferenças da PNI entre as folhas +1 e +3 foram mais frequentes nas variedades com

folhas arqueadas, a IACSP95-5000 e IACSP94-2094 (Figura 8A, D) e que essa diferença

pode ser atribuída à menor radiação PAR incidente nas folhas+3 (Figura 6), reforçando a

hipótese já mencionada de que a fotossíntese do dossel das variedades com folhas lanceoladas

ocorreram mais próximas do ponto de saturação de luz, o que favoreceria a ECPAR.

A partir dos 363 DAP, a ECPAR começou a reduzir e devido a queda de PNI aos 343

DAP (Figuras 8 e 11). Um dos fatores envolvido na redução acentuada da PNI aos 343 DAP

nas variedades IACSP95-5000, IACSP94-2101 e SP79-1011 possivelmente está associada

com a redução da ExF e com o aumento nos teores de carboidratos não estruturais (CTNE)

das folhas, como indicado aos 412 DAP (Figura 11A, B, C). A possibilidade de teor de açúcar

foliar estar envolvido na inibição da fotossíntese foi sugerida em cana-de-açúcar há anos

(HARTT & BURR, 1965). Estes autores sugeriram que em função da queda da translocação o

aumento do teor de sacarose foliar diminuiria a capacidade da fotossíntese. Assim, a

manutenção de alta translocação de sacarose no sentido folha-colmo é relevante para a

manutenção das altas taxas fotossintéticas. Além da diminuição da taxa fotossintética, sugere-

se que altos teores de SAC nas folhas podem induzir senescência foliar prematura (VAN

DOORN, 2008). Trabalhos recentes demonstraram uma correlação negativa entre o conteúdo

de hexoses foliar e a eficiência aparente de carboxilação, e sugeriram que o mecanismo

regulatório da fotossíntese é controlado pelo teor de hexoses foliar e que a glicose das folhas

atuaria com um sinalizador (McCORMICK et al., 2006; 2008a,b). Entretanto, trabalhos

realizados recentemente mostraram o efeito da SAC exógena aplicada nas folhas regulando

atividade metabólica da fotossíntese, em duas variedades de cana-de-açúcar (informação

pessoal do Dr. R.V.Ribeiro). Apesar das discordâncias dos trabalhos sobre os açúcares que

regulam o metabolismo da fotossíntese, os resultados desses estudos mostram a influência dos

carboidratos foliares sobre a fotossíntese da cana-de-açúcar.

O acúmulo de CTNE nas folhas de cana-de-açúcar pode ocorrer em resposta à inibição

do transporte de sacarose no floema (SALES et al., 2012), que é sensível à baixa temperatura

do ar (HARTT, 1965). Aos 341 DAP (Abril/2011) a temperatura do ar estava reduzindo

gradativamente e a média naquele período encontrava-se em 18 °C (Figura 1B) o que pode ter

afetado a taxa de transporte de sacarose no floema e, consequentemente, promovido aumento

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de CTNE nas folhas. A temperatura do ar exerce influência também na abertura estomática

(gs) afetando a fotossíntese (MACHADO et al., 2013), e possivelmente a reduzida gs

encontrada aos 439 DAP (Tabela 8) em resposta à baixa temperatura do ar, cuja mínima

atingia os 12 °C (Julho/2011, Figura 1B), contribuiu para a baixa PNI.

Outro fator que influenciou a PNI foi o teor de nitrogênio foliar (N), havendo uma

correlação positiva entre PN/Ci (Figura 13A). Os maiores teores de N no início do ciclo da

cultura (Figura 12) ocorreram concomitantemente às maiores PNI (Figura 8) (ALISSON et al.,

1997; MEINZER & ZHU, 1998; RANJITH & MEINZER, 1997). As variedades comerciais

mais produtivas, a IACSP95-5000, IACSP94-2094 e a IACSP94-2101 mostraram maior

dependência da PN ao N no período do intenso crescimento em relação à variedade menos

produtiva, a SP79-1011 (Figuras 12 e 13A). RANJITH & MEINZER (1997) observaram que

a resposta da fotossíntese ao N está associada a maior partição relativa do N foliar à clorofila

e à ribulose-1,5-bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco), sugerindo que o mesmo pode ter

ocorrido nas variedades estudadas nesse trabalho. O baixo coeficiente de determinação (R²)

da correlação PN vs. N indica que outros fatores além dos teores de N possivelmente

contribuíram para a variação sazonal da PN, como já discutido. A correlação positiva e

significativa encontrada entre o teor de N e a ECi (Figura 13B) revelou o efeito direto do N

foliar sobre a ECPAR, possivelmente pela influência do N sobre o metabolismo fotossintético

(SAGE et al., 2014).

Por fim, vale destacar que a produtividade atingida foi favorecida pelas características

favoráveis do Latosso Eutrófico (Tabela 1) (DOS SANTOS et al., 2013; OLIVEIRA, 1999).

Além da adubação aplicada, os teores dos macronutrientes (Ca, Mg, K e S) eram elevados, e

os de micronutrientes médios (B e Fe) a elevados (Cu, Mn e Zn ) (VAN RAIJ et al., 1997), e

a cultura esteve sadia durante todo ciclo de cultivo.

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6 CONCLUSÕES

# A produtividade da cana-de-açúcar é proporcional a eficiência de conversão da radiação

fotossinteticamente ativa (ECPAR).

# Há relação direta entre produtividade fotossintética global e ECPAR, a qual sob condições

naturais decai com a idade da planta.

#A produção fotossintética decai com a idade das plantas, com a queda do conteúdo de N

foliar e com o aumento nos teores de carboidratos foliares.

# As variedades de cana-de-açúcar com arquitetura de folhas lanceoladas (IACSP94-2101 e

SP79-1011) permitem melhor penetração da radiação solar no dossel vegetativo, enquanto

que as variedades com arquitetura de folhas arqueadas (IACP95-5000 e IACSP94-2094)

interceptam maior quantidade de radiação solar.

# A assimilação de CO2 nas folhas+3 das plantas lanceoladas é maior em função da maior

incidência de radiação solar em relação às folhas arqueadas.

# Na comparação entre variedades de cana-de-açúcar não há uma relação entre arquitetura

foliar e ECPAR. O fator arquitetura por si só não é suficiente para determinar maior ECPAR, não

sendo comprovada nossa hipótese.

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