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ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DO PLANO OPERATIVO (PO) NA CENTRAL DE
ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO DO DSEI KAIAPÓ/PA, 2012.
Miracy do Nascimento Silva1
Marco Bertulio das Neves2
Belém
(2012)
1 DSEI GUATOC/SESAI/MS
2 UFMT
ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DO PLANO OPERATIVO (PO) NA CENTRAL DE
ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO DO DSEI KAIAPÓ/PA, 2012.
RESUMO
O presente estudo foi realizado a partir da experiência da adoção do método do Planejamento
Estratégico Situacional (PES) em um Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI), onde foram
analisados os resultados da aplicação do Plano Operativo (PO) em uma unidade de
Assistência Farmacêutica, a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) no ano de 2012.
Para a aplicação do método foi realizada uma oficina para identificação, seleção e priorização
de problemas. Os participantes presentes foram estimulados a participar usando como
estratégia perguntas norteadoras (Brainstorming), onde se desenvolveu análise da gestão da
Assistência Farmacêutica do DSEI Kaiapó do Pará/PA. Dentre os problemas descritos, o que
foi mais pontuado foi " Condições inadequadas de transporte de medicamentos". Pela
complexidade do método foram necessários muitos retornos aos momentos, revendo a
explicação do problema e os objetivos.
O objetivo geral deste estudo é descrever o processo de construção do Plano Operativo na
Central de Abastecimento Farmacêutico do DSEI Kaiapó do Pará, onde foram traçadas metas
e estratégias para o alcance da imagem-objetivo que é condições adequadas durante o
transporte de medicamentos, organizando o processo de aquisição de veículo e implantando
um programa de transporte de medicamentos, reduzindo o desabastecimento das farmácias
atendidas pela CAF. O método de pesquisa escolhido foi o método qualitativo tipo estudo de
caso.
PALAVRAS-CHAVE: Transporte de medicamentos, Logística, Planejamento
Estratégico.
ABSTRACT
This study was conducted based on the experience of adopting the method Situational
Strategic Planning (ESP) on a Special Indigenous Health District (DSEI), where he analyzed
the results of implementing the Operational Plan in a Pharmaceutical Care Unit, the Central
Pharmaceutical Supply (CAF).
To implement the method a workshop was held for identification, selection and prioritization
of problems, all attendees were encouraged to participate using a strategy guiding questions
(Blainstorming). It develops an analysis for the management of the Pharmaceutical Care
DSEI Kaiapó Pará/PA. Among the problems described, what was more was punctuated "The
conditions in the inadequate transport of drugs." Due to the complexity of the method was
often necessary to return moments, review the problem and objectives.
The aim of this study is to describe the process of constructing the Operative Plan which were
outlined goals and strategies to achieve our goal which is image-adequate conditions during
transport of drugs, organizing the process of acquiring and implementing a program of
transporting drugs, reducing the shortage of pharmacies served by CAF. The research method
chosen was the qualitative case study method.
Keiwords: Transport of drugs, Logistics, Strategic Planning.
1 – INTRODUÇÃO:
Os medicamentos são produtos diferenciados de suma importância para a manutenção e
melhoria da qualidade de vida. Mas, somente são eficazes quando são garantidas as suas
qualidades em todo o Ciclo Logístico da Assistência Farmacêutica, como aquisição,
programação, armazenamento, distribuição, transporte e dispensação.
1.1 DADOS GERAIS DO TERRITÓRIO:
O Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI) Kaiapó do Pará possui uma
população de 4.468 índios, sendo 4.465 da etnia Kayapó e três Guajajara, e é um dos 34
distritos que compõem a estrutura da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do
Ministério da Saúde (MS). Tem sua sede no município de Redenção/PA, mas sua atuação
abrange vários municípios do sul do Pará. Possui quatro (04) polos-base localizados nos
municípios de São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte, Tucumã e Redenção, e cinco (05)
Casas de Apoio a Saúde Indígena (CASAIs) nos municípios de Redenção, Tucumã,
Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Santana, e quarenta e três (43) aldeias localizadas
nas áreas de abrangência dos municípios de Bannach, Pau D'arco, Cumaru do Norte, São
Félix do Xingu e Ourilândia do Norte.
Tendo em vista que a principal missão da SESAI é proteger, promover e recuperar a
saúde dos povos indígenas, a nível de Atenção Básica, os DSEIs como unidades responsáveis
diretas por essas ações desenvolvem entre os principais programas, o de imunização,
saneamento básico nas aldeias, o programa de saúde bucal e a Assistência Farmacêutica.
Merece destaque esta última pelo fato de ser uma atividade transversal, pois esta relacionada
com todos os programas.
É na sede do DSEI esta localizada a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) que
é responsável pela distribuição de medicamentos às farmácias existentes nos polos de
Redenção, Tucumã, Ourilândia e São Félix do Xingu, as CASAIs de Santana, Redenção e
Tucumã, e a todos os postos de saúde existentes nas aldeias pertencentes do polo Redenção.
1.2 - ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NOS DSEIs:
A relação da Gestão e Assistência Farmacêutica dessa Coordenadoria com os outros
setores que fazem parte do DSEI é transversal, pois a atividade de Gestão e Assistência
Farmacêutica está inserida em todos os programas de Atenção a Saúde Indígena desenvolvida
pelo DSEI Kaiapó do Pará. Está intimamente relacionada com vários setores, cooperando para
que eles desenvolvam suas ações.
1.3- JUSTIFICATIVA:
As condições inadequadas de transporte de medicamentos sejam na qualidade do
serviço prestado atualmente ou na própria ausência desse transporte sem qualidade tem
causado muitos transtornos na CAF, pois não se tem um fluxo de distribuição pré-
estabelecido de medicamentos. E com isso é comum ocorrer extravios de medicamentos, falta
e/ou interrupção do tratamento de saúde dos pacientes indígenas pelo desabastecimento das
farmácias e medicamentos inutilizados durante o transporte por ação da umidade e calor. A
implantação de logística de distribuição e transporte de medicamentos faz-se necessário, pois,
trará melhoria da qualidade do atendimento ao usuário indígena.
1.4 - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA:
O problema priorizado foi "As condições inadequadas no transporte de medicamentos".
De acordo com, o Manual de estruturação de almoxarifados de
medicamentos e produtos para a saúde e de boas praticas de
armazenamento e distribuição. São Paulo (2003), “a distribuição
deve suprir as necessidades das unidades de saúde, seguir um
cronograma, evitar atrasos e desabastecimentos: Estabelecer e
divulgar fluxo e cronograma de distribuição; Distribuir em
quantidades corretas com qualidade; Transportar adequadamente".
No DSEI Kaiapó do Pará a aquisição a programação e armazenamento de
medicamentos são realizados em consonância com as legislações existentes, mas o fluxo
regular de distribuição de medicamentos inexiste prejudicando a dispensação de
medicamentos nas unidades de saúde que compõem o DSEI. O meio de transporte utilizado
da CAF até os polos-base e CASAIs é o terrestre, mas devido a maioria das aldeias indígenas
pertencentes ao DSEI Kaiapó do Pará estarem localizadas em área de difícil acesso, o
transporte até as aldeias na sua maioria é aéreo, o que dificulta a implantação do fluxo de
distribuição até as aldeias pelo alto custo.
2 - OBJETIVOS:
2.1 - OBJETIVO GERAL:
O objetivo geral deste estudo é descrever o processo de construção do Plano Operativo
na Central de Abastecimento Farmacêutico do DSEI Kaiapó do Pará para o enfrentamento do
problema identificado, com a proposição de implantação de logística de distribuição e
transporte de medicamentos.
2.2 - OBJETIVO ESPECIFICO:
2.2.1- Organizar processo de aquisição de veículo com isolamento térmico para o transporte
de medicamentos, com isso reduzindo o risco de perda de medicamentos por exposição a altas
temperaturas, umidades ou a produtos químicos.
2.2.2- Implantar um programa de distribuição de medicamentos, reduzindo o
desabastecimento das farmácias dos polos, Casais e postos de saúde.
3- METODOLOGIA:
3.1- TIPO DE ESTUDO:
O estudo de caso é uma investigação empírica de fenomenos contemporâneos e um
contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são
bem definidos, Yin, 2001.
Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso. O método utilizado foi o
qualitativo e foi escolhido por ser um método mais adequado para pesquisas avaliativas de
situações particulares, onde existe a necessidade de identificar e analisar as questões "como" e
"porque" ocorrem, que são questões explicativas e reais.
3.2- LOCAL E FOCO DO ESTUDO:
O DSEI Kaiapó do Pará foi o local escolhido e a Central de Abastecimento
Farmacêutico (CAF) foi o foco escolhido para o desenvolvimento do Planejamento
Estratégico Situacional (PES).
3.3- CONCEPÇÃO E PLANEJAMENTO DO PLANO OPERATIVO:
No DSEI Kaiapó do Pará foi realizada uma oficina com o objetivo de priorizar os
problemas da Assistência Farmacêutica, especificamente na Central de Abastecimento
Farmacêutico (CAF). Nove (09) atores participaram dessa oficina, a saber: o Chefe da CASAI
de Redenção/PA, o Chefe substituto da CASAI de Redenção/PA, a Coordenadora do polo
Redenção/PA, a Farmacêutica da CAF, o Farmacêutico da CAF, o Agente indígena de saúde
(AIS), a enfermeira e a técnica de enfermagem da CASAI de Redenção/PA.
Na referida oficina foi desenvolvido o momento explicativo (a priorização de
problemas, determinação de suas causas e consequências, relação de descritores e espinha de
peixe). Os momentos normativo, estratégico e o operacional foram desenvolvidos pelo
pesquisador do trabalho.
A oficina foi iniciada com a técnica do Brainstorming objetivando estimular a
participação dos atores e geração de novas ideias. No momento explicativo, a partir de um
primeiro debate em grupo os participantes foram citando os problemas e estes escritos no flip
chart. Após a identificação dos problemas, estes foram colocados em uma tabela denominada
Matriz de priorização de problemas e disponibilizado (cópia) a todos os participantes.
Os critérios utilizados pelos participantes para priorização do problema foram:
magnitude, transcendência, vulnerabilidade, urgência e factibilidade. Considerou-se uma
pontuação cuja escala foi de zero(0) para a inexistência do critério analisado, um (1) para
pouco, dois (2) para um padrão médio, três (3) para um nível alto e quatro(4) para um nível
muito alto.
Os participantes atribuíram valores para cada critério, aos diferentes problemas
identificados e o somatório classificou o grau de prioridade dos problemas segundo esta
avaliação técnica.
Após a priorização do problema, procedeu-se a explicação do problema, e novamente
utilizando a técnica do Brainstorming, através de perguntas chegou- se as causas e
consequências do problema em relação a população e a eleição dos descritores do problema.
Tratou-se de informar o tamanho do problema, a população atingida, a localização e a
temporalidade do problema. Essa descrição orientou posteriormente o descritor de resultado,
ou seja, o quanto do problema seria solucionado com o conjunto de ações definidas no plano,
e o efeito esperado do processo de planejamento. Na sequência partiu-se para conhecer os
motivos que permitiriam chegar a esse problema e as consequências da manutenção do
problema. Estabeleceu-se ainda, um fluxograma situacional como proposto por Carlos Matus,
com a utilização de quadros e setas " Rede Explicativa do Problema", na forma de “espinha de
peixe”.
Como produto do momento explicativo obteve-se: a matriz de priorização de
problemas, a relação de descritores, diagrama da explicação do problema priorizado, e a
espinha de peixe.
No momento normativo foi determinado o objetivo geral, os objetivos específicos e
determinadas operações e ações para o alcance da imagem objetivo do problema. Neste
momento, o plano adquiriu a forma de propostas de decisão que deveriam ser tomadas. A
partir das causas e das consequências do problema priorizado determinadas no momento
explicativo, os objetivo geral e específicos foram construídos. Desse modo, os objetivos
específicos expressam o que é necessário fazer para cumprir o objetivo geral. Para a
construção dos objetivos, foram feitos os seguintes questionamentos, "o que esta causando o
problema?", "quais as consequências do problema?", e "o que pode ser feito para mudar essa
situação?". A partir das conclusões foram propostas operações e ações através da Planilha do
momento normativo que corresponde a definição de quais operações e ações serão
desenvolvidas para enfrentar o problema, priorizando o alcance de cada um de seus objetivos
específicos.
No momento estratégico foi analisado a viabilidade e a factibilidade das ações e
operações determinadas no momento normativo. Aqui, analisaram-se quais as ações que
poderiam ser realizadas apenas pela equipe da Assistência Farmacêutica da CAF do DSEI
Kaiapó do Pará, onde apresentam poder de decidir, executar e manter as operações e ações
propostas e também foram determinados quais os recursos existentes e quais os recursos
necessários para a execução das operações e ações. Onde a execução não dependeu apenas da
equipe da Assistência Farmacêutica da CAF do DSEI Kaiapó do Pará, seja pela necessidade
de outros recursos e apoio para serem realizadas foram propostas atividades estratégicas de
sensibilização ao Coordenador e Chefes do DSEI que para a viabilidade das operações e ações
seriam necessários os apoios político e financeiro. Todos os dados analisados foram inseridos
na Planilha do momento estratégico.
No momento tático operacional foram determinados: os recursos financeiros necessários
a execução das ações, a identificação do ator principal (órgão ou/ setor ou/técnico) e demais
parceiros (órgão ou/setor ou/ técnico) responsáveis pela execução das ações, os prazos para a
realização das ações e indicadores de avaliação das etapas realizadas (%). Em algumas ações
o ator principal determinado foi a equipe da Assistência Farmacêutica da CAF e em outras a
equipe se apresentou como parceira para execução da ação.
3.4- ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS:
Os dados coletados foram analisados de forma descritiva.
4- RESULTADOS
4.1- DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANO OPERATIVO:
4.1.1- Oficina:
4.1.1.1- Seleção dos participantes:
O critério de seleção dos participantes foi estarem diariamente em contato com a
Assistência Farmacêutica. Os profissionais convidados foram: a Chefia do DSEI Kaiapó do
Pará, da CASAI de Redenção do Pará, o Chefe substituto do Setor de Finanças ( o mesmo foi
o responsável pela criação da CAF), a Coordenação do Polo Redenção, o farmacêutico do
DSEI, os dois Enfermeiros da CASAI Redenção, a Responsável Técnica pela Saúde Bucal e
uma Técnica em Enfermagem do Distrito, uma Técnica em Enfermagem da CASAI
Redenção, um Agente Indígena de Saúde (AIS) e um servidor do setor de finanças.
4.1.1.2 - Realização da oficina:
Foi realizada a I OFICINA DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO DSEI
KAIAPÓ DO PARÁ com o tema "A Assistência farmacêutica tem problemas?". A escolha do
tema teve como objetivo despertar nos convidados um momento de reflexão sobre o que é
Assistência Farmacêutica. Mas, a finalidade da oficina foi usar a metodologia do
Planejamento Estratégico Situacional (PES), de Carlos Matus, identificando problemas que
poderiam estar interferindo na efetivação ou qualidade do serviço de saúde prestado a
população indígena, sob a perspectiva de diferentes atores que de alguma forma estão
envolvidos com este serviço.
4.2.1- Momento explicativo: Identificação e priorização de problemas.
4.2.1.1- Identificação de problemas:
O processo de identificação dos problemas adotou por referência a técnica do
Brainstorming e com as duas perguntas chaves: Quais as atividades desenvolvidas pela
Assistência Farmacêutica no DSEI Kaiapó do Pará?; e Quais os problemas da Assistência
Farmacêutica do DSEI Kaiapó do Pará?.
Para a primeira pergunta obteve-se respostas distintas como: o controle, a previsão,
compras e dispensação de medicamentos. As respostas obtidas ao segundo questionamento
estão apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 1- Lista de problemas.
N◦ Problemas identificados
01 Demora no atendimento das receitas médicas que são enviadas pela CASAI Redenção à
CAF.
02 Falta de fornecimento de álcool para o uso da Equipe Multidisciplinar de Saúde indígena
(EMSI) nos polos-base, CASAIs e postos de saúde nas aldeias.
03 Tratamento parcial ou ausência de tratamento dos pacientes indígenas durante o fim de
semana na CASAI de Redenção, devido a farmácia do DSEI e a farmácia que atende o
contrato de compra de medicamentos através de receitas médicas não funcionarem nos
fins de semana.
04 Prescrição médica em quantidades elevadas de medicamentos para o mesmo paciente.
05 Demora na entrega de medicamentos do pregão realizado pelo Ministério da Saúde em
Brasília ao DSEI Kaiapó do Pará, que tem causado constantes desabastecimento de
medicamentos.
06 Preferência dos indígenas por medicamentos de referencia ou de marcas conhecidas e que
não fazem parte da RENAME Indígena.
07 Dispensa parcial das receitas médicas enviadas pela CASAI Redenção à CAF.
08 Interrupção do contrato de compra de medicamentos através de receitas médicas todo
inicio de ano.
09 Condições inadequadas de transporte de medicamentos que é realizado aos polos, aldeias e
CASAIs.
Fonte: Plano Operativo, Momento Explicativo,2012.
4.2.1.2- Priorização dos problemas:
Para a priorização dos problemas os atores utilizaram a planilha de priorização de
problemas e os seguintes critérios de qualificação: Magnitude (tamanho), Transcendência
(interesse), Vulnerabilidade (Reversão), Urgência (espera) e Factibilidade (Recursos). Com
pontuação de 0 a 4. Após a soma desses valores, o problema com maior pontuação foi: "
Condições inadequadas de transporte de medicamentos que é realizado aos polos, aldeias e
CASAIs".
Os critérios de qualificação pontuados no momento explicativo estão apresentados no
quadro a seguir.
Quadro 2- Matriz de priorização de problemas.
Problemas
Magnitude Transcendência Vulnerabilidade Urgência Factibilidade
Total
Tamanho Interesse Reversão Espera Recursos
1 31 28 23 26 25 133
2 23 22 20 26 21 112
3 31 23 21 26 22 123
4 24 18 21 21 22 106
5 34 20 17 25 19 115
6 19 13 16 19 18 85
7 22 19 22 25 26 114
8 36 32 23 25 22 138
9 32 30 25 29 23 139
Fonte: Plano Operativo, Momento Explicativo,2012.
Nota: Os problemas numerados na primeira coluna deste quadro refere-se aos problemas
apresentados no Quadro 2.
4.2.2- Momento Explicativo: Explicação do problema.
No momento de explicação do problema identificado adotou-se por referência a técnica
do Brainstorming, com duas perguntas chaves: O que esta causando este problema? Por que
isso ocorre? e Quais as consequências desses problemas? O que isso provoca?.
Para a primeira pergunta obteve-se como respostas a ausência de veículos com
isolamento térmico para o transporte de medicamentos, ausência de programação exclusiva
para a distribuição de medicamentos e ausência de plano de distribuição de medicamentos
pelo setor de logística.
As respostas obtidas ao segundo questionamento foram: risco de perda de
medicamentos expostos a altas temperaturas, umidades ou a produtos químicos, a demora no
abastecimento das farmácias dos polos, CASAIs e postos de saúde das aldeias levando a falta
ou descontinuação do tratamento de saúde dos pacientes atendidos por essas unidades de
saúde ou tratamento com medicamentos cujo efeito esperado seja duvidoso, colocando em
risco a vida do paciente.
4.3- MOMENTO EXPLICATIVO: DESCRITORES.
A partir dos produtos obtidos durante a realização da oficina, como o problema
priorizado, suas causas e consequências, e das observações das evidencias do problema, foram
relacionados os descritores com indicadores quantitativos, conforme quadro abaixo:
Quadro 3- Relação dos descritores.
DESCRITORES (D)
D1- 100% dos medicamentos são transportados em carrocerias de caminhonetes juntos com
outros produtos como combustível, gás de cozinha e pneus..
D2- 100% da distribuição de medicamentos é feita aproveitando a programação da equipe
multidisciplinar de saúde indígena (EMSI).
Fonte: Plano Operativo, Momento Explicativo, 2012.
4.4 - DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO: ESPINHA DE PEIXE.
O diagrama espinha de peixe permitiu a visualização das causas e consequências dos
problemas priorizados.
As causas citadas foram: a ausência de veículos com isolamento térmico para o
transporte de medicamentos, a ausência de programação exclusiva para distribuição de
medicamentos e a ausência de planejamento de distribuição de medicamentos pelo setor de
logística(SELOG).
As consequências citadas foram: o risco de perdas de medicamentos expostos a altas
temperaturas, umidade, chuvas, a demora no abastecimento das farmácias dos polos, postos
de saúde e CASAIs e a falta ou descontinuação do tratamento de saúde dos pacientes
indígenas. Conforme a figura abaixo.
Figura 1- Diagrama espinha de peixe.
Fonte: Plano Operativo, Momento Explicativo, 2012.
4.5- MOMENTO NORMATIVO:
Na planilha do momento normativo foram preenchidos os seguintes dados: o foco do
Plano Operativo (PO), o problema priorizado e a imagem- objetivo, e o objetivo geral
estabelecido no PO, que é implantar a logística de distribuição e transporte de medicamentos
no DSEI Kaiapó do Pará/PA, com isso reduzindo a falta e/ou interrupção do tratamento de
saúde dos pacientes indígenas atendidos pelo DSEI. O quadro abaixo apresenta os objetivos
específicos propostos, a definição das ações e operações. Foram propostas sete (07) operações
e onze (11) ações para o alcance do objetivo geral.
Quadro 4 - Momento Normativo.
Objetivos específicos Operações Ações
Organizar processo de
aquisição de veículo com
isolamento térmico para o
transporte de medicamentos,
com isso reduzindo o risco de
perda de medicamentos por
exposição a altas
temperaturas, umidades ou a
produtos químicos.
Realizar estudo sobre
transporte de medicamentos e
processo de aquisição de bens.
Elaborar Nota Técnica sobre
veículos apropriados ao
transporte de medicamentos
segundo legislação específica.
Elaborar Nota Técnica sobre
licitação.
Comprar veículo fechado e
climatizado para o transporte
de medicamentos.
Verificar a existência de
recursos financeiros para
aquisição de veículo.
Realizar processo licitatório
para aquisição de veículo.
Implantar um programa de
distribuição de medicamentos,
reduzindo o desabastecimento
das farmácias dos polos-base,
CASAIs e postos de saúde.
Identificar as pessoas
responsáveis pela farmácia
dos polos-bases, CASAIs e
Postos de Saúde nas aldeias.
Estabelecer contato através de
e-mail e prestar orientações
sobre os cuidados que deve
existir no recebimento dos
medicamentos.
Levantar o consumo mensal
de medicamentos nos polos-
base, CASAIs e postos de
saúde nas aldeias.
Elaborar planilhas para serem
preenchidas e enviadas
mensalmente a CAF até a
implantação do Sistema Hórus
(Sistema de controle de
medicamentos).
Implantar o controle de
medicamentos, através do
Hórus nos polos-base e
CASAIs.
Realizar oficinas para
treinamento dos responsáveis
pela farmácia dos polos-base e
CASAIs.
Garantir a execução do
Programa de distribuição de
medicamentos.
Disponibilizar recursos para
diárias dos motoristas, locação
ou compra de veículo.
Definir as condições e
cuidados no transporte de
medicamentos
Elaborar manual com normas
técnicas e operacionais para o
transporte de medicamentos.
Aprovar o manual junto aos
gestores e definir prazo para a
implantação e divulgação do
manual e cronograma.
Fonte: Plano Operativo, Momento Normativo, 2012.
4.7- MOMENTO ESTRATÉGICO:
Na planilha do momento estratégico foram preenchidos os seguintes dados: o problema
priorizado e a imagem- objetivo do PO, o objetivo geral estabelecido no PO, que é implantar a
logística de distribuição e transporte de medicamentos no DSEI Kaiapó do Pará/PA, com isso
reduzindo a falta e/ou interrupção do tratamento de saúde dos pacientes indígenas atendidos
pelo DSEI. O quadro abaixo apresenta além dos objetivos específicos propostos, as ações e
operações, a análise de viabilidade, a análise da factibilidade e atividades estratégicas que
devem ser realizadas para o alcance da ações e operações propostas.
Quadro 5 - Momento Estratégico.
Objetivo específico 1- Organizar processo de aquisição de veículo com isolamento térmico para
o transporte de medicamentos, com isso reduzindo o risco de perda de medicamentos por
exposição a altas temperaturas, umidades ou a produtos químicos.
Operação: Realizar estudo sobre transporte de medicamentos e processo de aquisição de bens.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
s
Déficit
Elaborar
Nota
Técnica
sobre
sim
sim
sim
Materiais
como
livros,
internet,
Materiais
como
livros,
internet,
não
-
veículos
apropriados
ao transporte
de
medicament
os segundo
legislação
especifica.
computad
or e
impressor
a.
computad
or e
impressor
a
Elaborar
Nota
Técnica
sobre
licitação.
sim sim sim Materiais
como
livros,
internet,
computad
or e
impressor
a.
Materiais
como
livros,
internet,
computad
or e
impressor
a.
não
-
Operação: Comprar veículo fechado e climatizado para o transporte de medicamentos.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
s
Déficit
Verificar a
existência de
recursos
financeiros
para
aquisição de
veículo.
sim
sim
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Informaçã
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recursos
financeiro
s.
Informaçã
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recursos
financeiro
s.
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-
Realizar
processo
licitatório
para
aquisição de
veículo.
não
não
não
-
Recursos
financeiro
s e
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ativos.
sim
Sensibiliz
ar o
coordenad
or do
distrito,
chefe de
finanças e
chefe de
logística
sobre a
importânc
ia da
compra.
Objetivo específico 2- Implantar um programa de distribuição de medicamentos, reduzindo o
desabastecimento das farmácias dos polos-base, CASAIs e postos de saúde nas aldeias.
Operação: Identificar as pessoas responsáveis pela farmácia dos polos-bases, CASAIs e Postos
de saúde nas aldeias.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
s
Déficit
Estabelecer
contato
através de e-
mail e prestar
orientações
sim
sim
sim
Internet,
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recursos
humanos
Internet,
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recursos
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sobre os
cuidados que
deve existir no
recebimento
dos
medicamentos
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informaçã
o.
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informaçã
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Operação: Levantar o consumo mensal de medicamentos nos polos-base, CASAIs e postos de
saúde.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
s
Déficit
Elaborar
planilhas para
serem
preenchidas e
enviadas
mensalmente
a CAF até a
implantação
do Sistema
Hórus
(Sistema de
controle de
medicamentos
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sim
sim
sim
Recursos
de
materiais
como
planilhas,
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or,
impressor
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e
técnicos.
Recursos
de
materiais
como
planilhas,
computad
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impressor
a, internet
e
técnicos.
não
-
Operação: Implantar o controle de medicamentos, através do Hórus nos polos-base e CASAIs.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
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Déficit
Realizar
oficinas para
treinamento
dos
responsáveis
pela farmácia
dos polos-base
e CASAIs.
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Recursos
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computad
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impressor
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técnicos.
Recursos
de
materiais
como
plano de
implantaç
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or,
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e
técnicos.
não
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Operação: Garantir a execução do Programa de distribuição de medicamentos.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
estratégic
a decidir executar manter Recursos
existentes
Recursos
necessário
s
Déficit
Disponibilizar
recursos para
diárias dos
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Recursos
como
carros,
motoristas
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Sensibiliz
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programa
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ão.
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chefe de
finanças e
da
logística
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Operação: Definir as condições e cuidados no transporte de medicamentos.
Ações Análise da viabilidade Análise da factibilidade Atividade
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técnicas e
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Materiais
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impressor
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Sensibiliz
ar o
coordenad
or do
distrito, o
chefe de
finanças e
o chefe de
logística
sobre a
importânc
ia da
elaboraçã
o do
manual.
Aprovar o
Manual junto
aos gestores e
definir prazo
para a
implantação.
não
não
não
-
Aprovaçã
o do
manual
para
divulgaçã
o e
cronogra
ma.
sim
Sensibiliz
ar o
coordenad
or do
distrito, o
chefe de
finanças e
o chefe de
logística
sobre a
importânc
ia da
implantaç
ão do
manual.
Fonte: Plano Operativo, Momento Estratégico, 2012.
4.8- MOMENTO TÁTICO - OPERACIONAL:
Na planilha do momento tático-operacional foram preenchidos os seguintes dados: o
problema priorizado, a imagem- objetivo do PO, o objetivo geral estabelecido no PO, que é
implantar a logística de distribuição e transporte de medicamentos no DSEI Kaiapó do
Pará/PA, com isso reduzindo a falta e/ou interrupção do tratamento de saúde dos pacientes
indígenas atendidos pelo DSEI. O quadro abaixo apresenta os recursos financeiros necessários
ou estimados, a responsabilidade e centralidade, ou seja, a definição do ator principal e outros
parceiros, a determinação dos prazos para a realização das ações e indicadores de avaliação do
desenvolvimento das operações.
Quadro 7- Momento Tático - Operacional.
Objetivo especifico 1 - Organizar processo de aquisição de veículo com isolamento térmico para o
transporte de medicamentos, com isso reduzindo o risco de perda de medicamentos por exposição a altas
temperaturas, umidades ou a produtos químicos.
Operações
Ações
Recurso
financeiro
(necessári
os/
estimados
)
Responsabilidade e centralidade
Prazo
para as
ações
Indicadores
de
avaliação
(operação)
Ator
principal
(órgão ou/
setor ou/
técnico)
Outros parceiros.
(órgão ou/ setor
ou /técnico)
Realizar
estudo sobre
transporte de
medicamentos
e processo de
aquisição de
bens.
Elaborar Nota
Técnica sobre
veículos
apropriados ao
transporte de
medicamentos
segundo
legislação
especifica.
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
SELOG- Setor de
Logística.
OUT/12
% de
estudo
concluído.
Elaborar Nota
Técnica sobre
licitação.
- Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
SELOG- Setor de
Logística.
OUT/12
% de
estudo
concluído.
Comprar
veículo
fechado e
climatizado
para o
transporte de
medicamentos
.
Verificar a
existência de
recursos
financeiros
para aquisição
de veículo.
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
SEFIN- Setor de
Finanças.
OUT/12
-
Realizar
processo
licitatório para
aquisição de
veículo.
-
SELOG-
Setor de
Logística.
Coordenação da
Assistência
Farmacêutica.
JUN/13
% de etapa
da licitação
concluída.
Objetivo especifico 2- Implantar um programa de distribuição de medicamentos, reduzindo o
desabastecimento das farmácias dos polos-base, CASAIs e postos de saúde nas aldeias.
Operações
Ações
Recurso
financeiro
(necessári
os/
Responsabilidade e centralidade
Prazo
para as
ações
Indicadores
de avaliação
(operação)
Ator
principal
(órgão ou/
setor ou/
Outros
parceiros.
(órgão ou/ setor
ou /técnico)
estimados
)
técnico)
Identificar as
pessoas
responsáveis
pela farmácia
dos polos
bases,
CASAIs e
Postos de
Saúde nas
aldeias.
Estabelecer
contato
através de e-
mail e prestar
orientações
sobre os
cuidados que
deve existir no
recebimento
dos
medicamentos
.
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
Coordenação da
Assistência
Farmacêutica.
OUT/12
% de
contatos
realizados.
Levantar o
consumo
mensal de
medicamentos
nos polos-
base, CASAIs
e postos de
saúde.
Elaborar
Planilhas para
serem
preenchidas e
enviadas
mensalmente
a CAF até a
implantação
do Sistema
Hórus (
Sistema de
controle de
medicamentos
).
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
Coordenação da
Assistência
Farmacêutica.
OUT/12
% de
planilhas
enviadas a
AF.
Implantar o
controle de
medicamentos
, através do
Hórus nos
polos-base e
CASAIs.
Realizar
oficinas para
treinamento
dos
responsáveis
pela farmácia
dos polos-base
e CASAIs.
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
SELOG- Setor
de logística.
DEZ/12
% de Casais
e polos-base
implantados.
com o
Hórus.
Garantir a
execução do
Programa de
distribuição de
medicamentos
.
Disponibilizar
recursos para
diárias dos
motoristas,
locação ou
compra de
veiculo.
-
Coordenador
do Distrito e
Chefe de
Finanças.
SELOG- Setor
de logística
MAR/13
% de
distribuição
programada
de
medicament
os.
Definir as
condições e
cuidados no
transporte de
medicamentos
através da
elaboração de
um manual.
Elaborar um
manual com
normas
técnicas e
operacionais
para o
transporte de
medicamentos
.
-
Coordenação
da
Assistência
Farmacêutica
.
SELOG- Setor
de logística.
MAR/13
% de
conclusão do
manual.
Aprovar o
manual junto
aos gestores e
definir prazo
para a
implantação.
-
Coordenador
do Distrito e
Chefe de
Finanças.
SELOG- Setor
de logística.
MAR/13
% de
transportes
de
medicament
os realizados
respeitando
as normas do
manual.
Fonte: Plano Operativo, Momento Tático - Operacional, 2012.
5- DISCUSSÃO:
Planejar consiste, basicamente, em decidir com antecedência o que será feito para
mudar condições insatisfatórias no presente ou evitar que condições adequadas venham a
deteriorar-se no futuro (CHORNY,1998).
A técnica do Brainstorming, com perguntas chaves facilitou a identificação e
priorização de problemas do Plano Operativo (PO). Pois, a metodologia do Planejamento
Estratégico Situacional (PES) é muito complexa e na oficina estavam presentes convidados
com níveis de conhecimentos diferenciados. Sendo que a maior dificuldade foi entender o
significado dos critérios de priorização.
Dois dos problemas mais pontuados estão relacionados a deficiência no transporte
existente no DSEI Kaiapó do Pará como as condições inadequadas de transporte de
medicamentos que é realizado aos polos, CASAIs e Postos de saúde das aldeias indígenas e a
demora no atendimento das receitas médicas que são enviadas pela CASAI Redenção à CAF.
Durante a oficina, a maioria dos participantes que compareceram pertenciam a CASAI
Redenção, o que levou a oficina a ser direcionada mais aos problemas da Assistência
Farmacêutica em relação a CASAI de Redenção. Se houvesse na oficina participantes de cada
polo, CASAIs e profissionais de aldeias possivelmente os problemas seriam mais
abrangentes.
No Dsei Kaiapó do Pará, 100% da distribuição de medicamentos ocorre aproveitando a
programação da Equipe Multidisciplinar de Saúde (EMS). O que impossibilita o
estabelecimento de um fluxo de distribuição regular de medicamentos e os medicamentos
transportados podem ter sua qualidade comprometida.
O preenchimento do diagrama espinha de peixe foi mais uma das dificuldades
apresentada Pois, durante a oficina foi permitido que os diversos atores exprimissem os
problemas que sentiam em relação a Assistência Farmacêutica. Da forma que cada um citava
o problema, os problemas iam sendo listados na planilha de priorização de problemas, por fim
alguns problemas parecidos iam sendo suprimidos da lista. Porem durante o momento
normativo, na determinação do objetivo geral e os objetivos específicos, constatou-se que a
falta de transporte para os medicamentos não era o problema principal, e sim a causa do
problema. Pois, o problema eram as deficiências apresentadas durante o transporte de
medicamentos.
O planejamento tenta introduzir uma racionalidade, ajustada a critérios técnicos onde o
comportamento dos atores se manifesta, por vezes em conflito, negociação ou compromisso
(OSZLAK, 1980).
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Farmácia, N◦ 365, de
02 de Outubro de 2001, que dispõe sobre a assistência técnica
farmacêutica em distribuidoras, representantes importadoras e
exportadoras de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.
No Art. 1◦ - É dever dos farmacêuticos responsáveis técnicos: IV. a)
no recebimento do produto farmacêutico ou correlato seja avaliado se
o meio de transporte utilizado é adequado ao acondicionamento e
conservação capazes de assegurar as condições de qualidade,
segurança e eficácia do produto.
Existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos
medicamentos. Os fatores intrínsecos estão ligados a tecnologia de
fabricação, como interação entre os fármacos e os solventes ou
adjuvantes, ph, qualidade do recipiente e presença de impurezas. E os
fatores extrínsecos são ambientais ligados a temperatura,
luminosidade, ar e umidade. (Marin, N. et al. Assistência
Farmacêutica para gerentes municipais, Rio de Janeiro, 2003).
Dentre as ações propostas no PO, para algumas ações foi necessário a definição de
atividades estratégicas como sensibilização dos gestores para a necessidade de executa-las,
muitas ações são interdependentes como a aquisição de veículo e a necessidade de contratar
motoristas e disponibilizar recursos para diárias dos mesmos. Pois, a execução apenas de uma
das ações impossibilitará o alcance das metas e objetivos propostos.
Na maioria das ações propostas no PO, a Coordenação da Assistência Farmacêutica do
DSEI ocupa o lugar central ou seja é o principal responsável pela execução das ações como
orientar sobre os cuidados que deve existir no recebimento dos medicamentos, realizar
oficinas para treinamento dos responsáveis pelas farmácias dos polos-base e CASAIs e na
elaboração do manual com normas técnicas e operacionais para o transporte de
medicamentos. Porem, para todas as ações é necessário recursos financeiros para executa-las.
O pressuposto do planejamento é estabelecer diretrizes claras a serem
perseguidas, assim faz-se necessária a revisão permanente do plano
em função do comportamento dos atores e da conjuntura. Na sua raiz
metodológica, o planejamento estratégico situacional considera que o
cenário (variáveis básicas para a formulação do plano) pode alterar-se
ao longo do tempo que é fundamental a flexibilização das metas e das
ações. É preciso estabelecer fluxos de informação, controle, análise,
revisão do plano, articulações, entre programas e execução. (SILVA,
S.V.; NIERO, J.C.C; MAZZALI, L. O planejamento Estratégico
Situacional no Setor Público- A contribuição de Carlos Matus).
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O Planejamento Estratégico Situacional (PES), de Carlos Matos, é uma ferramenta
essencial para qualquer gestor, inclusive para o profissional farmacêutico, que a cada dia tem
surgido oportunidades de assumir novas competências. Então, o Plano Operativo (PO)
tornou-se um meio de orientação também para a Assistência farmacêutica. Através da
construção do PO, ao passar por seus momentos, a visão do problema torna-se mais clara
pois, conseguimos enxergar nossos erros e acertos no momento de planejar. Pois, muitas
vezes ao concluir um momento, temos que voltar novamente a ele e modificar alguma
operação ou meta que considerávamos estar correta ou o que considerávamos problema pode
ser a causa de um outro problema ou vice/versa até o alcance da nossa Imagem- objetivo, que
segundo Matus (1993), é uma situação futura ideal ou desejada que marca a direção das
estratégias a serem implantadas.
Através da construção do Plano Operativo(PO) na Central de abastecimento
Farmacêutico do Dsei Kaiapó do Pará, com a identificação dos principais problemas
encontrados e as estratégias prioritárias para o seu enfrentamento, foi concluído que muitas
ações dependem apenas de organização da Assistência Farmacêutica do local. Também,
fomos convencidos que essas mudanças são necessárias e urgentes. Pois, as consequências
são a perda de vida de pessoas, que acreditam que estão consumindo medicamentos com
qualidade garantida, apenas pela presença do profissional farmacêutico na CAF.
Durante a construção do PO, procurou-se despertar em todos os participantes (gestores
e profissionais de saúde) a reflexão do papel fundamental do medicamento que por ser
considerado um produto essencial e necessário a promoção, proteção e recuperação da saúde,
deve ter um tratamento diferenciado e não ser tratado como um produto qualquer e também
buscou-se promover e divulgar a Assistência farmacêutica.
A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) precisa voltar sua atenção não apenas
para o que acontece com o medicamento em seu espaço físico. Mas, em toda cadeia da
Assistência farmacêutica garantindo que esse medicamento se apresente até o usuário com
qualidade, quantidade e tempo oportuno. Pois, os indígenas que pela posição de
vulnerabilidade que ocupam na sociedade, não são respeitados e cuidados.
Assim, esperamos que com a construção do Plano Operativo (PO), nosso objetivo seja
alcançado que é Implantar a logística de distribuição e transporte de medicamentos no Dsei
Kaiapó do Pará/PA, com isso reduzindo a falta e/ou interrupção do tratamento de saúde dos
pacientes indígenas atendidos pelo DSEI Kaiapó do Pará, garantindo a redução das
desigualdades e ampliando o acesso aos medicamentos e promovendo seu uso racional e a
humanização do atendimento.
Segundo MINAYO (1999), " O processo de conhecimento é infinito e o ciclo da
pesquisa um processo de trabalho sempre inacabado, uma vez que emergem da analise final
pontos relevantes a serem considerados em outras pesquisas".
REFERÊNCIAS
1- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA.
Resolução RDC N◦ 44, 2009. Dispõe sobre as Boas Praticas Farmacêuticas para o
controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e
da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e da outras providencias.
Brasília: 2009.
2- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos-
SECTIE. Diretrizes para estruturação de farmácias no âmbito do Sistema único de
Saúde -SUS. Brasília: 2009.
3- CHORNY, A. H. Planificación em Salud: Viejas ideas en nuevos ropetes. Cuadernos
médico Sociales, Rosario, v. 73, p. 5-30, 1998.
4- CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n◦ 365, de 02 de outubro de 2001.
Dispõe sobre a assistência farmacêutica em distribuidoras, representantes, importadoras e
exportadoras de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. Brasília: 2001.
5- MARIN, N. et al. Assistência Farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro:
OPAS, 2003.
6- MARISMARY, H. D. S. Planejamento e programação como instrumentos para a
gestão. In: PEPE, V. L. E.; OLIVEIRA. Gestão e Vigilância Sanitária: modos atuais do
pensar e fazer. 1a ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. p. 167-193.
7- MATUS, Carlos. O Plano como Aposta. São Paulo em perspectiva. 5(4): 28-42
out/dez.1991.
8- MINAYO, M.C.S. O Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. São
Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.
9- OSZLAK, O. Políticas publicas y regimenes políticos: reflexiones a partir de algunas
experiências latino americanas. Revista de estudios CEDES. Buenos Aires, vol. 3 n. 2,
p. 5-58, 1980.
10- SILVA, S.V. ; NIERO, J. C. C; MAZZALI, L. O planejamento Estratégico Situacional
no Setor Público - A Contribuição de Carlos Matus.
11- SÃO PAULO. Secretaria de Saúde de São Paulo. Manual de estruturação de
almoxarifado de medicamentos e produtos para a saúde e de boas práticas de
armazenamento e distribuição. São Paulo: 2003.
12- YIN RK, Grassi D. Estudo de caso: planejamento e métodos: Bookman;2001.