Análise Da Motivação Dos Empreendedores No Novo Paradigma

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  • 8/17/2019 Análise Da Motivação Dos Empreendedores No Novo Paradigma

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    Universidade de Brasília

    Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação

    RENATA RIBEIRO NAVEGA CRUZ

    Análise da Motivação dos Empreendedores no Novo Paradigmado Século 21: um estudo de caso com empreendedores do

    primeiro, segundo e terceiro setor de Brasília.

    Brasília – DF

     Novembro / 2009

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    Universidade de Brasília

    Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação

    Análise da Motivação dos Empreendedores no Novo Paradigmado Século 21: um estudo de caso com empreendedores do

    primeiro, segundo e terceiro setor de Brasília.

    Projeto apresentado ao Departamento de Administração como requisito parcial à obtenção do

    título de Bacharel em Administração.

    Professor Orientador: Walter Eustáquio Ribeiro

    ]

    Brasília – DF

     Novembro / 2009

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    Navega, Renata. Análise da motivação dos empreendedores do novo paradigma

    do Século 21: um estudo de caso com empreendedores do primeiro,segundo e terceiro setor de Brasília. / Renata Navega – Brasília,2009.

    54 f. : il.

    Monografia (bacharelado) – Universidade de Brasília,Departamento de Administração, 2009.

    Orientador: Prof. Walter Eustáquio Ribeiro, Departamento de Administração.

    1. O novo paradigma dos negócios no Século 21. 2.Empreendedorismo para o alcance da sustentabilidade. 3.TeoriaContingencial da Motivação Humana. I. Título.

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    Universidade de Brasília

    Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação

    Análise da Motivação dos Empreendedores no Novo Paradigmado Século 21: um estudo de caso com empreendedores do

    primeiro, segundo e terceiro setor de Brasília.

    A Comissão Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Conclusão

    do Curso de Administração da Universidade de Brasília da aluna

    Renata Ribeiro Navega Cruz

    Walter Eustáquio RibeiroProfessor-Orientador 

    Brasília, 18 de novembro de 2009.

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    À Grande Mãe, geradora e ceifadora da vida. Aquela queamorosamente nutriu minha alma com o Entusiasmo,abençoou minha Visão e me concedeu a Confiança paraiçar velas e navegar por um Novo Mundo.

    A todos os seres humanos que caminham sobre essa Terracom a coragem de empreender um Novo Mundo.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeço à minha família de Mestras e Mestresgrandiosos que teceram o fio da sabedoria ao longo dasgerações e me transmitiram a sede de Infinito e a paixão

     pelo Servir.

    Agradeço àqueles que se doaram para esse estudo e porserem a inspiração desse Trabalho:

    À Mônica Passarinho, por ser uma referência do Cuidadoe do Feminino na construção do Novo Mundo;

    Ao Sérgio Pamplona, pela sua ética e humildade querevelam a grandeza de seu Espírito;

    À disciplina da Atleta e a doação da Educadora queintegradas se traduzem na realização do Serviço da Kika;

    Ao Eduardo Weaver, pela sua paz de espírito capaz defalar a Verdade ao coração de todos os seres;

    E à Regina Fittipaldi, por me mostrar atentamente o fluirda gestação e do parto de uma nova humanidade.

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    “O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.

    O que for o teu desejo, assim será tua vontade.

    O que for a tua vontade, assim serão teus atos.

    O que forem teus atos, assim será teu destino!”

    - Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5

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    RESUMO

    Esta pesquisa tem como objetivo analisar a motivação dos empreendedores que promovem oalcance da sustentabilidade, contextualizados pelo novo paradigma dos negócios do Século

    21. Para isso, este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa com roteiro semiestruturado, na qual foram entrevistados empreendedores do primeiro, segundo e terceirosetor de Brasília. A abordagem teórica da Motivação adotada foi a Teoria Contingencial deVictor Vroom, por meio da qual foram abordados aspectos relativos à valência,instrumentalidade e expectativa. Entre os resultados obtidos com a pesquisa, estão: adescrição dos elementos que compõe o perfil de motivação dos empreendedores que orientamsua atuação para o alcance da sustentabilidade; atributos co-relacionados à trajetória de vida eas escolhas pela atuação pró-sustentabilidade; e por fim, questionamentos norteadores parafuturas pesquisas que envolvam o tema. A partir da abordagem introduzida por Vroom,foram observados no campo da valência um elevado grau de valoração e atração em relaçãoao trabalho que desempenham, apresentando alta determinação para o atingimento de seusresultados almejados. Quanto à instrumentalidade, entretanto, os empreendedores apresentam

    dificuldade em integrar conhecimento e experiência em gestão de negócios, e planejamentos pessoal e profissional para obtenção dos resultados e para manutenção da motivação a longo prazo. Por fim, em relação ao fator expectativa, os empreendedores são caracterizados pelaintegração da conduta na vida pessoal e profissional sendo apresentados como indivíduoscomprometidos em atuar no mundo do trabalho de acordo com o que esperam ver realizadono mundo em que vivem. Esta pesquisa concluiu que há uma carência de pesquisas queintegrem os estudos de motivação e o universo de empreendedores que promovem o alcanceda sustentabilidade. Destaca-se ainda, a carência de conhecimento e experiência em gestão denegócios existente entre esses empreendedores, orientando-se para uma necessária integraçãoentre o campo socioambiental e o campo empreendedor. Infere-se por meio desta pesquisaque o aumento da atuação mais consciente em relação ao meio ambiente e a sociedade é umatendência dos empreendedores do Século 21, protagonistas de um novo paradigma onde a

    visão de futuro e a consciência socioambiental superam a busca pelo lucro e desenvolvimentoeconômico, promovendo a cidadania no mundo dos negócios em primeiro plano.

    1. Sustentabilidade 2. Empreendedorismo 3. Motivação

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    LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1 – Pirâmide de Maslow............................................................................................ 31Figura 2 – Os três fatores da Teoria de Vroom ..................................................................... 33

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 – Trechos das entrevistas................................................................................42

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    LISTA DE ABREVIAÇÕES

    CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável

    CEPAA - Council on Economic Priorities Accreditation Agency

    CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

    IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

    IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

    ISSO - International Organization for Standardization

    ONU - Organização das Nações Unidas

    SA - Social Accountability

    SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

    TR - Tríplice Resultado

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12

    1.1 Contextualização do Assunto................................................................................ 121.2 Formulação do problema ...................................................................................... 141.3 Objetivo Geral...................................................................................................... 151.4 Objetivos Específicos ........................................................................................... 151.5 Justificativa .......................................................................................................... 151.6 Métodos e Técnicas de Pesquisa:.......................................................................... 161.7 Estrutura e Organização da Monografia................................................................ 16

    2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 18

    2.1 O Novo Paradigma do Século 21 .......................................................................... 18

    2.1.1 Do Paradigma Analítico à Visão Holística ...................................................... 18

    2.2 Empreendedorismo............................................................................................... 192.2.1 Desenvolvimento Histórico do Conceito .........................................................19

    2.2.2 Empreendedorismo Sustentável ...................................................................... 222.3 Responsabilidade Social ....................................................................................... 23

    2.3.1 Um breve histórico sobre Responsabilidade Social ......................................... 23

    2.3.2 Desenvolvimento conceitual de Responsabilidade Social ................................ 24

    2.3.3 Responsabilidade Social no Mundo e no Brasil............................................... 262.4 Motivação ............................................................................................................ 29

    2.4.1 Desenvolvimento conceitual de motivação...................................................... 29

    2.4.2 Necessidades e motivação............................................................................... 30

    2.4.3 A Teoria Contingencial da Motivação............................................................. 33

    3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA .................................................................36

    3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa ........................................................................ 363.2 Caracterização da organização, setor ou área ........................................................ 363.3 Participantes do estudo ......................................................................................... 373.4 Caracterização do instrumento de pesquisa ........................................................... 393.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados...................................................... 40

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 41

    5 CONCLUSÕES E RECOMEDAÇÕES........................................................................ 47

    REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 50

    APÊNDICE ......................................................................................................................... 53

    Apêndice A – Roteiro da Entrevista ..................................................................................... 53

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    1 INTRODUÇÃO

    1.1 Contextualização do Assunto

    Em função de um paradigma materialista e racionalista, estamos divorciados denossa alma profunda, que não tem lugar nas escolas, nas empresas e espaçosinstitucionais. No nosso contexto normótico, uma pessoa pode chegar a ser um PhD,um pós-doutor, sendo um analfabeto emocional, um bárbaro da subjetividade, umignorante da alma. (CREMA, 2001, p.40)

    Quer falemos de câncer, criminalidade, poluição, energia nuclear, inflação ouescassez de energia, a dinâmica subjacente a esses problemas é a mesma. (CAPRA,1982).

    A aurora do Século 21 ilumina um cenário de profundas transformações na cultura

    humana. O colapso do velho paradigma apresenta ao mundo pós-moderno os sintomas de que

    a atual estrutura política econômica, empresarial e social não é, em termos gerais, coerente

    com o desenvolvimento global viável de longo prazo. Adoecem os sistemas financeiros

    internacionais, adoecem as fontes de recursos naturais e adoecem por fim, os indivíduos.

    Afinal, as tentativas paliativas de manutenção de um sistema caduco não mais parecem surtir

    efeito e é chegada a hora em que a era industrial do Ocidente, a insaciável sede pelo progresso

    material, as crenças convencionais do método científico, e a cultura da satisfação à curto

     prazo não mais fazem calar os anseios humanos por um mundo mais sustentável. Vem

    nascendo uma mudança profunda no pensamento, percepção e valores que está transformando

    a visão humana da realidade para um novo paradigma. Paradigma vem da palavra greao

     paradeigma, que significa padrão.

    Para compreender o nascente paradigma é preciso aceitar a importante tarefa de

    ouvir os alarmantes dilemas e problemas da atual política econômica internacional, assumir as

    agressões ambientais praticadas sob o jugo do desenvolvimento econômico concentrador de

    renda, e reconhecer o caminho insustentável que fora adotado pelas lideranças

    organizacionais nos últimos séculos. Em outras palavras, reconhecer onde se encontra para

    então olhar para onde deseja chegar. Como dito por Crema (2001), é preciso transcender o

     paradigma pós-moderno de desequilíbrios e determinismos através de uma nova consciência

    holística em curso com um enfoque transdisciplinar, que concilie a existência humana com a

    essência humana, o quantitativo com o qualitativo, o analítico com o sintético, a razão com o

    coração, a ciência com a consciência. Emancipando os indivíduos a assumirem seu papel na

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    construção do Humanismo, praticando o que até o final do segundo milênio se estabeleceu

    como uma idéia.

    É nesse contexto que protagonistas da transição para o novo paradigma têm atuado

    em diversos ambientes assumindo a importante missão de construir pontes para uma nova

    visão da realidade, tornando possível a percepção de meios mais sustentáveis em ser e estar

    no mundo social e organizacional. Esses pioneiros empreendedores são a manifestação de que

    “ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação. A luz poderosa que

    fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força... o movimento é

    natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil.” I

    Ching, o Livro das Mutações da tradição chinesa (apud CAPRA, 1982).

    Harman (1994) tem sido, há anos o prócer da ideologia do novo paradigma e uma

    grande força criativa em sua disseminação. Em seu livro Uma Total Mudança de Mentalidade, publicado em 1994, Harman apresenta os antigos fatores que contribuíram para a atual

    situação do mundo contemporâneo, apresentando um retrospecto a partir da revolução

    modernizadora do pensamento do século XVII que deu origem à Era Industrial moderna do

    Ocidente. Segundo Harman (1994), entre os temas persistentes do velho paradigma estão: a

    crença de que o método científico é a única abordagem válida do conhecimento; o ilimitado

     progresso industrial material a ser alcançado através do crescimento econômico e tecnológico;

    a industrialização dos padrões de vida; e por fim a predominância do pragmatismo da

    satisfação dos desejos acima das tradições e coletividades.Corroborando com essa visão, Capra (1982), em seu livro O Ponto de Mutação,

    acrescenta à visão de Harman a respeito dos fatores que contribuíram para o atual estágio do

    velho paradigma, a concepção da vida em sociedade como uma luta competitiva pela

    existência. Esse último aspecto introduzido por Capra (1982) provoca uma discussão acerca

    da dificuldade dos indivíduos em desenvolverem sistemas sustentáveis, uma vez que não se

    familiarizam com princípios fundamentais da sustentabilidade como a cooperação e a

    interdependência das partes para o equilíbrio do todo.

    Com a transformação pela qual a sociedade vem passando, a população espera umnovo comportamento das organizações e de suas lideranças. Comportamento este que vai

    além das obrigações da organização com seus consumidores, mas também com a sociedade e

    o ambiente no qual ela está inserida, atingindo todos seus stakeholders. Drucker (1994) ao

    contestar o postulado de que as empresas privadas não têm outra responsabilidade, senão a de

    gerar lucro esclarece que,

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    Do ponto de vista ambiental, uma sociedade baseada exclusivamente nas relações de

    consumo é insustentável, pois provoca um grande aumento da extração de recursos naturais e

    despejo de resíduos, comprometendo o ciclo natural do meio ambiente, que não consegue se

    regenerar na mesma velocidade com a qual é degradado. A tomada de consciência quanto aos

    efeitos do acelerado consumo tem se intensificado a partir da década de 1980, considerando a

    interligação das diferentes crises ambientais, sociais e planetária, como descreve Capra:

    “A deterioração do nosso meio ambiente natural tem sido acompanhada de umcorrespondente aumento nos problemas de saúde dos indivíduos. Enquanto asdoenças nutricionais e infecciosas são as maiores responsáveis pela morte noTerceiro Mundo, os países industrializados são flagelados pelas ‘doenças dacivilização’, sobretudo as enfermidades cardíacas, o câncer e o derrame. Quanto aoaspecto psicológico, a depressão grave, a esquizofrenia e outros distúrbios decomportamento, parecem brotar de uma deterioração paralela de nosso meioambiente social. Existem numerosos sinais de desintegração social, incluindo orecrudescimento de crimes violentos, acidentes e suicídios; o aumento do alcoolismoe consumo de drogas; e um número crescente de crianças com deficiência deaprendizagem e distúrbios de comportamento.”(...)“A par dessas patologias sociais, temos presenciado anomalias econômicas que parecem confundir nossos principais economistas e políticos. Inflação galopante,desemprego maciço e uma distribuição grosseiramente desigual da renda e dariqueza passaram a ser características estruturais da maioria das grandes economiasnacionais. A consternação e o desalento resultantes disso são agravados pela percepção de que a energia e nossos recursos naturais – os ingredientes básicos detoda a atividade industrial – estão sendo rapidamente exauridos.” (CAPRA, 1987, p.21-22).

    O atual momento da humanidade é o de transição para uma realidade mais

    sustentável. A sociedade está presenciando o resgate dos valores de comunidade como sendoa inteligência necessária para enfrentar a turbulenta transição do velho para o novo

     paradigma. Segundo Aktouf (2004), ao acelerarem-se os processos econômicos de geração de

    riqueza, ocorre a espoliação cada vez mais rapidamente das riquezas do planeta e são privadas

    as gerações futuras de uma vida com qualidade na Terra. Existe um consumo dos recursos

    naturais que vão além das necessidades básicas humanas. Resumindo, pode-se dizer que “o

    consumo é necessário à vida; o consumismo depreda a vida”. (TRIGUEIRO, 2005, p.295)

    1.2 Formulação do problema

    O que tem sido importante para a motivação dos empreendedores da sustentabilidade

    no novo paradigma do Século 21? Essa questão define o olhar específico dessa pesquisa que

    inicia um diálogo com o universo do empreendedor do novo paradigma do século 21 através

    da análise dos elementos da sua motivação.

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    Muito tem sido discutido acerca das teorias da motivação, e também acerca do

    empreendedorismo social. Contudo, há ainda um campo vasto de possibilidades pouco

    conhecido sobre estudos que aprofundem a compreensão da motivação dos empreendedores

    que se lançam nesse cenário de atuações que promovam uma nova realidade social e

    organizacional.

    1.3 Objetivo Geral

    O objetivo geral deste estudo é analisar a motivação dos empreendedores da

    sustentabilidade do novo paradigma do Século 21. Dessa forma, espera-se obter elementos

    significativos para o aprofundamento de futuras pesquisas do tema.

    1.4 Objetivos Específicos

    Esta pesquisa tem como objetivos específicos:

    Identificar os elementos fundamentais da motivação dos empreendedores entrevistados a

     partir da abordagem teórica definida.

    Apresentar os desafios à motivação relativos ao universo de empreendedores que

     promovem o alcance da sustentabilidade.

    Caracterizar a motivação dos empreendedores do novo paradigma do século 21 a partir

    da correlação dos elementos motivacionais identificados com os entrevistados.

    1.5 Justificativa

    A motivação desta pesquisa nasce a partir do encontro com empreendedores que tem

    resignificado a atuação empreendedora, construindo novas trilhas de possibilidades para um

    mundo mais sustentável. Esse estudo considera importante compreender o contexto do novo

     paradigma dos negócios a partir de uma reestruturação coletiva da realidade que vêm surgindo

    no século 21. Com um olhar especifico sobre os empreendedores que promovem o alcance dasustentabilidade, essa pesquisa observa a motivação desse grupo de indivíduos a partir da

    abordagem teórica da Teoria Contingencial de Victor Vroom.

    Diante do colapso do antigo paradigma citado acima, esse tema possui elevada

    importância em todos os cenários de estudos sobre gestão e empreendedorismo no século 21

     por aprofundar um diálogo entre as teorias de motivação e os empreendedores do novo

     paradigma.

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    Muito tem sido discutido acerca das teorias da motivação, e também acerca do

    empreendedorismo social. Contudo, há ainda um campo vasto de possibilidades pouco

    conhecido sobre estudos que aprofundem a compreensão da motivação dos empreendedores

    que se lançam nesse cenário de atuações que promovam uma nova realidade social e

    organizacional.

    1.6 Métodos e Técnicas de Pesquisa:

    O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa com roteiro semi

    estruturado, na qual foram entrevistados cinco empreendedores do primeiro, segundo e

    terceiro setor de Brasília. A abordagem teórica da Motivação adotada foi a Teoria

    Contingencial de Victor Vroom, por meio da qual foram abordados aspectos relativos à

    valência, instrumentalidade e expectativa.

    As entrevistas foram realizadas presencialmente os empreendedores em que se

     buscou analisar ambientes distintos a fim de enriquecer a análise dos elementos da motivação

     por meio da comparação dos setores e das áreas de atuação.

    O instrumento utilizado para coleta de dados foi construído a partir da abordagem

    teórica da motivação adotada que foi a Teoria Contingencial de Victor Vroom. Dessa forma,

    foi construído um roteiro semi estruturado no qual foram abordados os três fatores inerentes à

    motivação, de acordo com Vroom (1995), são eles: o grau de valência, a consciência da

    instrumentalidade e a expectativa de realização.

    As entrevistas foram gravadas e transcritas para facilitar a coleta e a análise dos

    dados.

    O conteúdo das respostas foi classificado de acordo com os três fatores da

    abordagem teórica definida. Assim, a análise dos dados empregados consistiu na identificação

    dos elementos da motivação dos empreendedores, suas dificuldades e desafios em manter a

    motivação e as expectativas de realização do trabalho que empreendem.

    1.7 Estrutura e Organização da Monografia

    Esta pesquisa está organizada em seis divisões, levando em consideração essa

    introdução. No segundo capítulo é apresentado o referencial teórico no qual, a partir da

    revisão bibliográfica, é conceituado o empreendedorismo na perspectiva sustentável, e

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    aplicação da abordagem teórica da motivação que foi adotada, a Teoria Contingencial

    desenvolvida por Victor Vroom. No terceiro capítulo, é tratada a metodologia que se utilizou

     para a elaboração do artigo e da pesquisa de campo. Encontra-se no quarto capítulo os

    resultados alcançados e posteriormente, no quinto capítulo a conclusão do estudo. Por fim, o

    sexto capítulo informa todas as obras utilizadas para a elaboração deste estudo.

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    2 REFERENCIAL TEÓRICO

    2.1 O Novo Paradigma do Século 21

    2.1.1 Do Paradigma Analítico à Visão Holística

     No Ocidente, o método analítico foi essencialmente concebido no discurso filosófico

    de René Descartes (1596-1650), considerado o pai do racionalismo moderno. O pensamento

    cartesiano foi construído a partir do método analítico newtoniano que implica em primeiro

    lugar no processo de decomposição de um objeto em seus componentes, e em segundo, na

    relação de como o efeito depende de respectivas causas. Segundo Crema (1995), o postulado

    subjacente ao paradigma cartesiano-newtoniano é que os fenômenos são causados e redutíveisaos seus elementos: é redutível – causal e o encantamento de Descartes pelas máquinas

    influenciou profundamente o a sua visão de homem.

    Com a origem do mecanicismo da ciência e a ênfase empírica, apoiada na

    causalidade sempre buscando regularidades, tal paradigma se configurou determinista e com a

     pretensão de desempenhar uma função explicativa da natureza. Alguns séculos depois, o

    enfoque analítico foi aplicado à ciência psíquica pelo psiquiatra Sigmund Freud (1856 – 

    1939), criador da psicanálise. Com base nos pressupostos científicos de sua época Freud

    adentrou o mundo da psique com o enfoque analítico com a mesma pretensão explicativa,

    vide o ditado popular “Freud Explica!”. “Preso desde o início ao mal-entendido cientificista,

    Freud sucumbe a um objetivismo que retorna, sem qualquer mediação, do estágio de auto-

    reflexão ao positivismo da época e assume por isso mesmo, uma forma particularmente

    áspera”, afirma o filósofo alemão Habermas (1987) discorrendo sobre o “auto-equívoco

    cientificista da metapsicologia freudiana”.

    A rudimentar visão mecanicista do homem revela que o método analítico tem sua

    comprovada utilidade e eficácia: analisar para controlar, seguindo o antigo postulado

    estratégico: dividir para reinar. Segundo Crema (1995) profundo pesquisador da visão

    holística não é de se estranha que a ciência ocidental, analítica por excelência, tenha se

    centrado na frenética busca de controle das variáveis e dos eventos. Caracteriza-se pelo

    aspecto quantitativo, perseguindo o ideal da codificação matemática. Tem como meta ideal a

    objetividade e isenção valorativa, excluindo a subjetividade de seu manipulador.

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    Entretanto, o método analítico esbarra na dimensão essencial do homem. Ele fracassa

    diante daquilo que os antigos denominavam de Mistério. Não há bisturi para dissecar o Holos,

    reduzindo-o a meras engrenagens e explicações reducionistas. Um novo caminho torna-se

    indispensável para o investigador do fenômeno humano. O método sintético delineou-se no

    final do século XIX e início do século passado, como uma reação da fragmentação exarcebada

     pela síndrome do analicismo, como nos traz Crema (1995). Sua tendência e inclusora,

    ampliadora e de integração. Seu enfoque é orgânico, resgatando os ritmos vitais e sabedoria

    ancestral. Fundamentada nas funções psíquicas do sentimento e da intuição. Assume um

    caráter consciencial e subjetivo, a intersubjetividade e os valores.

    A visão holística tem como chave de compreensão o entendimento de que o enfoque

    analítico e o sintético não são antagônicos, e sim complementares. A parcialização analítica é

    um processo necessário e saudável desde que seguida por uma integração sintética quevincula e restaura. Como Crema (1995) enuncia “a análise decompositora precisa ser sucedida

     – e não substituída – por uma síntese unificadora”.

    2.2 Empreendedorismo

    2.2.1 Desenvolvimento Histórico do Conceito

    Muito se fala a respeito do empreendedorismo e pouco se conhece acerca do seu

    conceito e histórico cultural. Segundo Souza (2004), os termos empreendedor e empresa

    têm sua origem em torno do século XV, na França. A empresa como categoria da vida

    econômica e social, segundo Segrestin (1996), é um fato histórico inserido recentemente no

    desenvolvimento da civilização.

     Nos séculos XVI e XVII com a abertura econômica do mundo, através das grandes

    navegações, o regime econômico e rural deu lugar ao modelo mercantilista, que proferia a

    máxima “É fundamental que a moeda circule”, ela deve intermediar todas as trocas (VÉRIN,

    1982, p. 97). Com o surgimento da lei do comércio, as novas formas de organização de oferta

    e demanda anunciam a necessidade de um articulador entre o antigo sistema e o novo. Esse

    importante papel de fazer circular e multiplicar a riqueza era desempenhado por um novo ator,

    o negociante, que se preocupava com o risco do mercado e com o processo de venda de toda

    uma região.

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    As pessoas de negócio constituíam grupos heterogêneos, indo do simples mercador

    ao negociante, do fabricante ao proprietário. Segundo Segrestin (2006), o sistema

    mercantilista não era senão um “enxerto” em uma rede corporativa local, na qual era quase

    impossível diferenciar as estruturas sociais das econômicas. Essa progressiva transformação

    do sistema de produção, conseqüentemente desencadeou a transformação da ordem social.

     Nesse contexto revolucionário, fora cunhado uma nova terminologia para as

    constantes transformações que se realizavam na sociedade. Empreender representa mobilizar

    meios para fins, de uma maneira distinta daquela tradicionalmente utilizada pela sociedade,

    ou seja, empreender significa renovar. Segundo Schumacher (1982), o empreendedor surge

    emprestando dinheiro, comprando para estocar, envolvendo-se em negócios sem garantias

    quanto aos resultados. Observa-se também que os agentes de transformação conhecidos como

    empreendedores eram tidos como revolucionários, conforme diz Vérin (1982, p.171) “o ato deempreender era, por natureza, um ato subversivo da ordem predominante”.

    A empresa por sua vez representou uma ruptura das redes sociais. Conforme diz

    Vérin (1982), as redes de produção estavam inseridas nas redes sociais, com a entrada das

    empresas aconteceu uma ruptura dessa interação. E em decorrência da fragmentação da

     produção na sociedade, o empreendedor passa a inserir-se no sistema de corporações que

    delimita a atuação empreendedora à produção. Finalmente, no século XVIII, a empresa

    adquire sua significação moderna: sistema de produção capitalista e estabelecimento de

     produção, no qual a atividade econômica está separada da familiar. (SEGRESTIN, 1996, p.12).

    Ao longo dos últimos séculos, as empresas conquistaram diferentes espaços na

    sociedade, demandando mudanças de perfis de seus empreendedores. Esse perfil é

    interpretado, atualmente, como o líder que se orienta, estrategicamente, em não mais

    controlar, mas, sim, desenvolver potencial pessoal e profissional de cada membro da

    organização.

    Apesar do debate que se criou acerca do perfil empreendedor, algumas questões

     permanecem em aberto em busca de um aprofundamento teórico e vivencial. A grandedificuldade encontrada está em quais valores é necessário modificar e quais são as

    características do empreendedor e, ainda, o mais importante, como desenvolver competências

    empreendedoras para atuar em um novo mundo, regido por um novo paradigma.

    Os enfoques de maior destaque nos estudos sobre empreendedorismo, por estarem

    sendo utilizados com maior intensidade no campo científico, são: o econômico, representado

     por pensadores como Schumpeter (1982), e comportamental, representado por pensadores

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    como McClelland (1972). De modo geral, os economistas tendem a associar

    empreendedorismo com inovação, enquanto os comportamentais concentram-se nas

    características criativas e intuitivas dos indivíduos empreendedores.

    Para Schumpeter (1982), o produto, a produção, a comercialização/distribuição, o

    mercado, os componentes/suprimentos e o processo da gestão organizacional são os espaços

    de atuação do empreendedor; espaços esses voltados para a inovação na medida em que esse

    autor entende o termo produto como a descoberta de um novo bem ou uma nova qualidade;

     produção como introdução de um novo método capaz de revolucionar o processo produtivo; e

    distribuição como algo capaz de promover maior aproximação dos consumidores em relação

    aos produtos. No que diz respeito ao mercado, Schumpeter (1982) considera o empreendedor

    capaz de descobrir nichos, bem como fontes de produtos e serviços. O processo de gestão

    volta-se para a inovação ao serem criados, pelo empreendedor, modelos de organização donegócio, que venham a assegurar sua manutenção e crescimento. Para esse autor, esses

    indivíduos deixam de ser empreendedores, quando deixam de inovar.

    A visão comportamental do empreendedorismo teve início com Weber em sua obra

    A ética protestante e o espírito do capitalismo, publicada em 1904, que definiu indivíduos

    empreendedores como pessoas inovadoras que possuem uma importante função de liderança

    em um ambiente organizacional. Uma das maiores referências no campo do

    empreendedorismo foi McClelland (1972), que relaciona o conceito de empreendedor à

    necessidade de sucesso, de reconhecimento, de poder e controle. As primeiras pesquisasrealizadas por este autor apresentaram, a necessidade de realização do individuo como a

     principal força motivadora do comportamento empreendedor. Essa força significa a vontade

    humana de se superar e de se distinguir, englobando um conjunto de características

     psicológicas e comportamentais que compreendem, entre outras, por risco calculado,

    iniciativa e desejo de reconhecimento.

    Diversos autores tecem comentários e desenvolvem abordagens teóricas acerca do

    empreendedorismo. Ampliar-se para novas perspectivas é também uma característica

    fundamentada no perfil empreendedor. Segundo Drucker (1986), o empreendedor tende aficar atento às contingências, como o inesperado, as incongruências, as mudanças na estrutura

    de um setor ou de um mercado, os novos conhecimentos para colocar em prática a mudança.

    Souza (2000) por sua vez, ressalta a importância do desenvolvimento de uma consciência para

    a formação de pessoas disseminadoras da inovação, característica básica para a formação de

    empreendedores. Além disso, essa autora destaca que a proatividade, a criticiade, a

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    criatividade, a liderança, a visão de futuro e a independência são características fundamentais

     pra formação de empreendedores no mundo moderno.

    2.2.2 Empreendedorismo Sustentável

    Os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em

    inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), comprovaram em 2007 que a ação do

    homem está colaborando para o aquecimento global e para a devastação do meio ambiente.

    Segundo o relatório, acredita-se que até o fim deste século a temperatura média global se

    eleve algo entre de 1,8ºC a 4ºC. O aquecimento global agrava os riscos de enchentes nos

    centros urbanos, compromete a segurança alimentar da população e influencia diretamente o

    aumento de doenças conhecidas como “doenças da civilização”, como o câncer. Esse

    aquecimento se deve ao crescimento da população mundial e ao consumo exagerado dos

    recursos naturais por ela utilizados. Segundo o diretor-presidente do Instituto Akatu, Hélio

    Matar (2005, p.26), as pessoas estão consumindo 20% a mais do que a Terra pode suportar.

    Diante desse cenário de crises ambientais que ameaçam a sobrevivência da própria

    humanidade no planeta, destaca-se entre os estudos de empreendedorismo, o

    empreendedorismo sustentável. Conforme Lan(2005) nas últimas décadas, tanto a sofisticação

    dos mercados como o esgotamento dos recursos obrigaram o mundo dos negócios a

    reformular a forma de fazer negócio, por meio desta percebe-se que o assunto globalizaçãoevoluiu para um debate sobre o futuro da humanidade no planeta, que está ameaçado pela

    superprodução irresponsável de muitos empreendimentos, organizações e países. É chamado

    ao empreendedor a responsabilidade de pensar nos problemas sociais, ambientais e o futuro

    das novas gerações.

    Complementando essa análise, para Savitz (2002) o movimento em busca do melhor

    desempenho de um empreendimento atualmente chama-se sustentabilidade, ao passo que os

    interesses financeiros coincidem com os interesses sociais e ambientais. Savitz (2007) afirma

    Sustentabilidade, na prática, pode ser encarada como a arte de fazer negócios num mundointerdependente.

    A sustentabilidade pode ser compreendida a partir de três perspectivas, que ao

    unificadas compõem o Tríplice Resultado (TR) são elas, perspectiva da economia, perspectiva

    do meio ambiente e perspectiva da sociedade. Segundo Lan (2005) qualquer negócio deveria

    estar enfocado em buscar a realização dos objetivos sociais, ambientais e econômicos para

    contribuir para o desenvolvimento sustentável da sua comunidade ou região. Entretanto, é

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     preciso trabalhar a mudança de consciência de muitos empreendedores que ainda se apóiam

    em um paradigma ultrapassado de competição e busca desenfreada pelo desenvolvimento

    econômico e tecnológico acima da ética do cuidado com as pessoas e com o planeta.

    Essa miopia ainda presente no mundo dos negócios foi comentada por Ohmae (2005)

    afirmando A alta gerência é sempre lenta em apontar o dedo da responsabilidade na direção

    da matriz ou dela mesma. Quando as culpas globais têm sintomas locais, ele serão mais lentos

    ainda.

    O momento de mudança paradigmática é propício para a integração da busca pelo

    lucro e a busca do bem comum. Para Keinter (2007) A sustentabilidade da organização

    depende, dentre outros fatores, da plena realização do que ela se propôs na sua missão. Ir além

    do mero discurso pró-sustentabilidade já se torna uma exigência dos investidores e

    consumidores, cada vez mais crítico em relação às ações das organizações. Savitz (2007)afirma que cada vez mais investidores estão escolhendo oportunidades de investimento com

     base nos antecedentes ambientais e sociais das empresas, prática denominada investimentos

    socialmente responsáveis.

    2.3 Responsabilidade Social

    2.3.1 Um breve histórico sobre Responsabilidade Social

    Com a publicação do livro  Responsibility of the Businessman de Howard Bowen em

    1953, surgem as primeiras manifestações da idéia de inclusão de outros objetivos

    empresariais, além do lucro. O altruísmo da filantropia empresarial pode ser visto a partir da

    idéia de que a qualidade de vida da sociedade depende da preocupação dos seus integrantes

    com o bem-estar do próximo (MARTINS, 2001).

    Após o período da Segunda Guerra Mundial, a política capitalista neoliberal ganhou

     proporções fazendo com que o mercado privado expandisse suas forças além de suas relações

    estaduais. Assim, a política do mercado privado passou a agir como regulador das ações

    sociais, afastando o Estado dessa que era uma de suas principais funções.

    O neoliberalismo é caracterizado pela total liberdade de mercado. Ele enfatiza a

    iniciativa individual como a base da vida econômica e propõe um Estado responsável por

    apenas três funções: policiamento, administração da justiça e defesa nacional. Em

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    conseqüência dessa política econômica, os números relacionados à exclusão social passaram a

    crescer.

    Para combater essa mudança foi criado o Terceiro Setor. Este setor surgiu

    originalmente nos Estados Unidos a partir de atividades filantrópicas e se caracteriza pelas

    ações de caráter privado cuja finalidade é a geração de bens de consumo para a coletividade

    sem o acúmulo de excedentes econômicos (SILVA; MATOS; PICCININI, 2004).

    As ações da Segunda Guerra influenciaram a população civil, acadêmicos e políticos a

    refletir sobre suas conseqüências que causaram grande impacto em diferentes esferas.

    Algumas ações, citadas a seguir, simbolizaram a manifestação dessa preocupação.

    A criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, por 51 países

    exemplifica esse fato. A ONU surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial com os objetivos

    de manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover o progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos.

    A Conferência de Estocolmo foi realizada em 1972 para discutir questões relativas à

     preservação do meio ambiente no mundo. Cento e treze países estiveram presentes para

     buscar e delinear estratégias que norteassem a preservação do meio ambiente.

    Além dos encontros citados, o Convênio de Viena em 1983, a Reunião de Cúpula das

     Nações Unidas para o Meio Ambiente em 1992 e a assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997

    foram outros marcos que simbolizaram a manifestação dessa preocupação.

    O mercado passou a ter também maior responsabilidade com as suas relações sociais.Este não poderia apenas impor produtos ou serviços à sociedade, uma vez que as empresas

    agora necessitavam mais dos grupos sociais do que estes delas.

    Atualmente mais importante que maximizar lucro é maximizar valor. Amaximização do valor ocorre, geralmente, quando a empresa amolda-se àsimposições da sociedade, ou seja, passa a seguir normas que respeitem o meioambiente, os empregados, os clientes e a comunidade. (SILVA; MATOS;PICCININI, 2004).

    2.3.2 Desenvolvimento conceitual de Responsabilidade Social

    Segundo o Instituto Ethos, o conceito de Responsabilidade Social aplicado à gestão

    dos negócios se traduz como um compromisso ético voltado para a criação de valores para

    todos os públicos com os quais a empresa se relaciona: clientes, funcionários, fornecedores,

    comunidade, acionistas, governo e meio ambiente.

    Para NETO (2001, p. 78) a responsabilidade social das empresas concentra-se em

    sete vetores, os quais foram adotados pelo SEBRAE e o Instituto ETHOS, são eles:

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    1. Apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;

    2. Preservação do meio ambiente;

    3. Investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num ambiente

    de trabalho agradável;

    4. Comunicações transparentes;

    5. Retorno aos acionistas;

    6. Sinergia com parceiros; e

    7. Satisfação dos clientes e dos consumidores.

    Para uma gestão ser considerada socialmente responsável não basta fomentar o

    crescimento da empresa, com eficiência nos padrões gerenciais e alta lucratividade. É

    indispensável, também, a existência de consideração ao desenvolvimento dos funcionários, parceiros, ou membros de comunidades onde a empresa é atuante ou não (CAMPANHOL E

    BREDA, 2005).

    A sociedade, após anos de luta, não permite que as empresas negligenciem as

    conseqüências de suas atitudes contra a comunidade em geral e, especialmente, o meio-

    ambiente, impondo, assim, uma atitude mais responsável das organizações. De acordo com a

    Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988), CMMAD, o conceito

    de desenvolvimento sustentável pode ser entendido como aquele que atende às necessidades

    do presente sem comprometer as necessidades futuras. Não há discussão sobre os fatos de que as organizações, assim como os indivíduos,têm responsabilidades sociais, à medida que seu comportamento afeta outras pessoase, querendo elas ou não, há pessoas e grupos dispostos a cobrar essasresponsabilidades por meio do ativismo político, da imprensa, da legislação e daatuação nos parlamentos. (MAXIMIANO, 2004, p. 407)

    O compromisso com todos esses setores mostra uma preocupação extra da empresa

    que vai além de seus lucros e maximização deste. Demonstra, assim, uma face humanizada do

    setor privado disposta a apoiar os diversos segmentos da sociedade em outras áreas além do

    core work da organização.

    Para Neto e Brennand (2004), a responsabilidade empresarial baseia-se na escolha ecompromisso com uma causa social. Esta causa deve ter relevância expressa pelo número de

     pessoas afetadas, natureza do segmento populacional atingido e local de ocorrência.

    Portanto, a atitude socialmente responsável da empresa revela a sua consciênciasocial, motivada pela sua compreensão da gravidade do problema social, daimportância da população-alvo deste problema e pelo desejo de transformação socialda comunidade-alvo do problema. (NETO e BRENNAND, 2004, p. 11)

    Mais recentemente as empresas compreendem por responsabilidade social, duas

    esferas em que se subdividem em responsabilidade social interna e externa. Segundo Melo

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    (1999), a responsabilidade social interna busca atingir os próprios atores internos da empresa,

    como:

    Funcionários,

    Metodologia de trabalho;

    Cultura e missão institucional.

     Na responsabilidade social externa trata-se de se atingir os atores externos que são os

    que, em sua grande maioria, sofrem as ações das empresas em seu ambiente.

    Atualmente, as organizações investem cada vez mais em atitudes para o seu público

    interno. Ações voltadas para saúde, ergonomia e educação fazem parte do portfólio de

     produtos que as empresas oferecem para seus colaboradores. Nesse sentido, o foco dessas

    ações sociais é interno por promoverem antes de tudo um bem-estar dos funcionários e uma

    melhoria na sua forma de trabalho.Do outro lado da esfera encontra-se a responsabilidade social externa, que focaliza seu

    esforço nas comunidades e o meio ambiente para, assim, construir e desenvolver valores

    como cidadania e desenvolvimento sustentável.

    O exercício da responsabilidade social externa corresponde ao desenvolvimento deações sociais empresariais que beneficiem a comunidade. Estas ações podem serrealizadas através de doações de produtos, equipamentos e materiais em geral,transferência de recursos em regime de parceria para órgãos públicos e ONG’s, prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos funcionários da empresa,aplicações de recursos em atividades de preservação do meio ambiente, geração deempregos, patrocínio de projetos sociais do governo e investimentos sociais criados

     pela própria empresa (MELO,1999, p. 88).Algumas instituições também tratam a responsabilidade social por meio da ética

    empresarial no qual tem fundamental importância por constituírem a política e caráter

    implícito da empresa.

    Os investimentos em programas de gestão ética nas organizações surgiram com basenas demandas da sociedade, legislações, movimentos anticorrupção e detransparência internacional, tornando-se questão estratégica e fator diferencial decompetitividade e de aumento da produtividade. (GARCIA, 2002, p. 57).

    2.3.3 Responsabilidade Social no Mundo e no Brasil

    Mais do que falar, os consumidores que demandam responsabilidade socioambiental

     parecem dispostos a agir. Estima-se que, na média mundial, um terço deles já tenha boicotado

     pelo menos um produto por causa de um escorregão socioambiental. Mais envolvido, ele está

    também atento ao que proclama a cada dia mais barulhenta publicidade verde. E também

    muito desconfiado do valor de suas mensagens. No Reino Unido, o Advertising Standards

     Authority retirou de circulação, em 2007, 19 campanhas consideradas enganosas. Por pressão

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    da sociedade, o governo francês acaba de criar uma regulação para campanhas verdes visando

    coibir mentiras, promessas vagas, imprecisões e falsos compromissos. Nos EUA, observa-se

    um movimento semelhante.

     No intuito de estimular a responsabilidade social empresarial, uma série de

    instrumentos de certificação foram criadas nos últimos anos. O apelo relacionado a esses selos

    ou certificados é de fácil compreensão. Num mundo cada vez mais competitivo, empresas

    vêem vantagens comparativas em adquirir certificações que atestem sua boa prática

    empresarial. A pressão por produtos e serviços socialmente corretos faz com que empresas

    adotem processos de reformulação interna para se adequarem às normas impostas pelas

    entidades certificadoras. Entre algumas das certificações estão as seguintes:

    Selo Empresa Amiga da Criança. Selo criado pela Fundação Abrinq para empresas

    que não utilizem mão-de-obra infantil e contribuam para a melhoria das condições devida de crianças e adolescentes.

    ISO 14000. O ISO 14000 é apenas mais uma das certificações criadas pela

    International Organization for Standardization (ISO). O ISO 14000, parente do ISO

    9000, dá destaque às ações ambientais da empresa merecedora da certificação.

    AA1000. O AA1000 foi criada em 1996 pelo Institute of Social and Ethical

     Accountability. Esta certificação de cunho social enfoca principalmente a relação da

    empresa com seus diversos parceiros, ou “stakeholders”. Uma de suas principais

    características é o cárater evolutivo já que é uma avaliação regular (anual). SA8000. A “Social Accountability 8000” é uma das normas internacionais mais

    conhecidas. Criada em 1997 pelo Council on Economic Priorities Accreditation

     Agency (CEPAA), o SA8000 enfoca, primordialmente, relações trabalhistas e visa

    assegurar que não existam ações anti-sociais ao longo da cadeia produtiva, como

    trabalho infantil, trabalho escravo ou discriminação.

    O conceito de responsabilidade social é recente no Brasil, mas tem apresentado um

    aumento expressivo nas últimas duas décadas. As empresas que admitem suasresponsabilidades sociais ainda são poucas, entretanto, os números mostram que são

    crescentes as organizações com engajamento social.

    Segundo o estudo Monitor de Responsabilidade Social de 2009, realizado pela

     Market Analysis, quase seis entre 10 consumidores da América do Norte (56%) e da Oceania

    (54%) admitem ter recompensado uma empresa por causa de práticas socioambientais,

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    comprando os seus produtos ou falando bem deles para outros. Na Europa, esse número é, em

    média, de quase três (29%) em dez.

     No Brasil, mais especificamente, 15,2% dizem ter tomado decisão semelhante (8,2%

     puniram, deixando de comprar). Cerca de 59,3% nunca pensaram em punir ou premiar

    empresas segundo os compromissos de sustentabilidade. Fosse selecionada uma amostragem

    de consumidores de classe A, mais escolarizados, a proporção de “engajados” seria

    certamente maior, aproximando-se do padrão dos europeus.

    De acordo com o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a participação

    empresarial na área social aumentou para 69% do ano 2000 a 2004, sendo assim,

    aproximadamente 600 mil empresas atuando voluntariamente. Em 2004, foram aplicados

    aproximadamente R$ 4,7 bilhões, o que correspondia a 0,27% do PIB brasileiro daquele ano

    (IPEA, 2006).Para Gois, Santos e Costa (2004), a presença do setor privado do Brasil em ações de

    engajamento social surge nos primeiros anos do século XX. Contudo, é a partir da década de

    70 que passa a existir um esforço sistemático em superar as ações filantrópicas e atuar em

    ações sociais que abrangem noções de direito e cidadania.

    Percebe-se o aumento da discussão sobre responsabilidade social principalmente na

    década de 90. No governo Fernando Henrique Cardoso, suas políticas de privatizações de

    setor diminuíram a dominação do Estado nas relações econômicas do mercado privado.

    Assim, passou a existir um crescente interesse do setor privado nas questões sociais. Alémdisso, começa a crescer o interesse desse segmento em participar de investimentos sociais,

    como, por exemplo, a criação de instituições empresariais que difundem práticas de valores e

    éticas, como o Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável – CEBDS

    em 1997 e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social em 1998.

    O Instituto Ethos se define da seguinte maneira:

    O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-

    governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas agerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na

    construção de uma sociedade sustentável e justa(...)Idealizado por empresários e

    executivos oriundos do setor privado, o Instituto Ethos é um pólo de organização de

    conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam

    as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com

    a responsabilidade corporativa. (INSTITUTO ETHOS, 2008)

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    motivação ocorre, teorias de processo. As teorias de processo centram-se nos processos

    cognitivos que afetam as decisões face ao comportamento no trabalho, ou seja, analisam os

     processos de pensamento através dos quais as pessoas optam por uma determinada ação entre

    outras. Este tipo de teoria explicita porque é que a oportunidade de obter uma promoção pode

    ser atraente para uma pessoa e não despertar interesse noutra. As teorias de processo são

    constituídas pelas teorias gerais e pelas teorias organizacionais. As teorias de processo gerais

    abordam a teoria de equidade de Adams e a teoria da modificação do comportamento

    organizacional, denominada por ModCO. As teorias de processo organizacionais abordam a

    teoria da definição de objetivos de Locke e Latham, a teoria da avaliação cognitiva de Deci e

    a teoria da espectância de Vroom (1995).

    Essa pesquisa procura analisar a motivação dos empreendedores do novo paradigma

     por meio da abordagem teórica de Vroom. Com vistas a enriquecer o estudo, será feito um percurso teórico pela abordagem das necessidades, com ênfase na abordagem de Maslow, e

     pela teoria contingencial de Vroom, a fim de integrar as diferenças abordadas por esses dois

     pensadores. Com esse percurso teórico, espera-se ilustrar as razões pelas quais a teoria de

    Vroom foi a definida para orientar essa pesquisa.

    2.4.2 Necessidades e motivação

    Em pesquisas realizadas por diversos autores estudiosos da motivação humana,constatou-se que existem certas necessidades humanas fundamentais e também algumas cujas

    causas escapam ao próprio entendimento racional do homem. Essas causas se chamam

    necessidades, ou motivos, e são forças conscientes ou inconscientes que levam o indivíduo a

    apresentar um determinado comportamento. A motivação se refere ao comportamento, que é

    causado por necessidades de dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos objetivos

    que podem satisfazer suas necessidades.

    De modo geral as teorias que se sustentam no conceito de necessidade partem da

     premissa de que há uma energia ou força que excita ou gera uma tensão interna no organismo,

    experimentada subjetivamente como um impulso ou desejo para agir de modo que se reduza a

    força deste mesmo impulso, tensão ou desejo. Segundo Borges-Andrade, Zanelli, e Bastos

    (2004) essas teorias estão interessadas em desvendar os aspectos individuais biológicos e

     psicológicos que desencadeariam um impulso ou desejo; em outras palavras, a falta ou a

    carência de algo a ser suprido.

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    Entre as teorias de necessidade, a teoria de Maslow tem uma importância relevante

    no estudo da motivação humana. Em síntese, segundo Maslow, as necessidades humanas

    estão arranjadas em uma pirâmide de importância e de influência do comportamento humano.

     Na base da pirâmide estão as necessidades mais baixas e recorrentes, chamadas necessidades

     primárias – as necessidades fisológicas e de segurança-; enquanto no topo estão as mais

    sofisticadas e intelectualizadas – necessidades secundárias: sociais, de estima e de auto-

    realização. (BORGES-ANDRADE, J.; ZANELLI, J. C.; BASTOS, 2004)

    Auto-Realização

    Estima

    Sociais

    Segurança

    Fisiológicas

     Necessidades

    Superiores

     Necessidades

    Inferiores

    Pirâmide de Maslow

    Figura 1 – Pirâmide de Maslow

    Fonte: Maslow (apud BORGES-ANDRADE, J.; ZANELLI, J. C.; BASTOS, 2004)

    Maslow foi responsável por organizar a compreensão das necessidades humanas e

     por meio desse entendimento estabeleceu a relação da motivação através da realização das

    necessidades.

    As necessidades fisiológicas e de segurança constituem as necessidades primárias,

    essenciais à sobrevivência do indivíduo. São inatas e instintivas, estão relacionadas no nível

    mais baixo na classificação hierárquica e exigem satisfação periódica e cíclica. As principais

    são: alimentação, sono, atividade física, satisfação sexual, e de segurança física contra os

     perigos. As necessidades de segurança íntima são aquelas que levam o indivíduo a buscar sua

    autodefesa, a proteção contra o perigo, à ameaça ou à privação potenciais. Conduz a uma

     busca sem fim à tranqüilidade pessoal e à uma situação segura pra o indivíduo.

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    Quando satisfeitas facilmente, deixam de ser uma motivação importante. Por outro lado, se

     por alguma eventualidade, elas não forem satisfeitas, passam a atuar com intensidade

    extremamente forte no comportamento humano.

    As necessidades psicológicas, segundo Chiavenato (1999) podem ser definidas como

    as necessidades secundárias e exclusivas do homem. São aprendidas e adquiridas no decorrer

    da vida e representam um padrão mais elevado e complexo. Raramente são satisfeitas em sua

     plenitude por que o homem, por natureza, está sempre buscando mais satisfações dessas

    necessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticando gradativamente.

    Como o homem é um ser social, ele tem necessidade de estar participando de algum

    empreendimento, interagindo a todo momento com meio e com outras pessoas. Entre as

    necessidades de participação estão a necessidade de reconhecimento do grupo a que pertence

    e de aprovação social. A necessidade de estima por sua vez está relacionada à condição davida em grupo e a necessidade de dar e receber afeto.

     No topo da pirâmide, Maslow elenca a necessidade de Auto-Realização que é a

    síntese de todas as outras necessidades podendo ser definida como o impulso que cada um

    tem de realizar o seu próprio potencial, de estar em contínuo autodesenvolvimento. Tratam-se

    de necessidades mais elevadas, produtos da educação e da cultura, podendo, portanto variar

    muito. Devido à busca constante do homem por novas metas, cada vez mais complexas,

    raramente são satisfeitas em sua plenitude, segundo a visão de Maslow.

    Observa-se que a teoria de Maslow apresenta uma maior clareza sobre o universomotivacional dos indivíduos. Um aspecto relevante dessa teoria para fins de conteúdo crítico

    desta pesquisa é observar que Maslow compreendia a atuação do trabalho como parte da

    motivação do indivíduo como um todo, considerando uma serie de outros elementos

    importantes na composição da motivação. Observa-se ainda, que os indivíduos adotaram uma

    relação com o trabalho que supervaloriza o emprego de sua atenção, desequilibrando as

    demais necessidades como as de estima e fisiológicas.

    Considerando a máxima fundamental da teoria de Maslow em que a Auto-Realização

    é uma síntese de todas as outras necessidades, nota-se uma questão interessante acerca do queo homem moderno vem convocando como um redesenho da relação vida pessoal e vida

     profissional, uma vez que a auto-realização não tem sido alcançada no presente paradigma do

    trabalho.

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    2.4.3 A Teoria Contingencial da Motivação

    Buscando um novo olhar sobre a motivação humana, Victor Vroom (1995)

    desenvolveu uma nova abordagem que identifica por um prisma contingencial os elementos

    da motivação. Concebida em 1964, a Teoria Contingencial defende que o processo de

    motivação deve ser explicado em função dos objetivos e das opções de cada indivíduo e das

    expectativas de atingir esses mesmos objetivos. Propondo um olhar diferente da teoria da

    necessidade de Maslow, a teoria de Vroom considera as diferenças individuais reconhecendo

    a evidência de que diferentes pessoas reagem de diferentes maneiras, conforme a situação em

    que estejam colocadas. Conforme dito anteriormente, esse tipo de teoria explicita porque é

    que a oportunidade de obter uma promoção pode ser atraente para uma pessoa e não despertar

    interesse noutra. Segundo Vroom (1995), existem três fatores que atuam dentro do indivíduo

    e influenciam o nível da sua motivação:

    Motivação

    Valência

    ExpectativaInstrumen-talidade

    Os três fatores da Teoria de Vroom

    Figura 2 – Os três fatores da Teoria de VroomFonte: Vroom (1995)

    O primeiro fator abordado é o da valência, que significa o grau de atração do

    individuo pelo trabalho que ele deseja realizar. É a valência que estuda o quanto o individuo

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    valoriza o que faz, e o grau de importância que atribui ao trabalho na sua própria vida. Por

    meio da compreensão da valência da motivação do individuo pode-se compreender que tipo

    de realização de fato representa uma satisfação e o que não se apresenta como valioso. Como

    todo estudo de motivação, as valências revestem-se de um aspecto subjetivo, uma vez que

    determinada realização pode não assumir importância para um indivíduo e ser muito

    importante para outro.

    A instrumentalidade, por sua vez tem como papel identificar o grau de percepção das

    trilhas e dos rumos da atuação do individuo em busca da sua valência fundamental. Ao passo

    que o individuo identifica o caminho a percorrer, é possível compreender como o indivíduo se

    mantém motivado durante o processo de busca pela satisfação. Uma instrumentalidade que

    não tenha sido bem desenvolvida poderá desconectar o individuo do desejo de alcançar a

    valência. É por meio da instrumentalidade que se compreende como o individuo enfrentadesafios e se mantém no caminhar em busca da realização desejada.

    O terceiro fator da teoria de Vroom centra-se na expectativa de alcançar um estado

    de satisfação após percorrer o longo caminho (instrumentalidade) em busca da realização

    almejada (valência). Em outras palavras, Vroom (1995) compreende que se um determinado

    esforço for exercido por um individuo que disponibilize de meios de competências para

    atingir o sucesso, o resultado será um desempenho bem sucedido (expectativa – esforço -

    desempenho).

    Deste modo, Vroom considera que a motivação possa ser orientada de acordo peloequilíbrio da seguinte equação:

    Motivação = f(expectativa X instrumentalidade X valência)

    O que significa que todos os termos têm que ser maiores que zero, ou seja, nenhum

    dos fatores pode estar ausente. Estes três elementos, segundo Vroom (1995), influenciam a

    motivação das pessoas no trabalho. Se um desses elementos for zero, a motivação será nula.

    Se todos estão presentes (expectativa alta, instrumentalidade alta, valência alta), a motivaçãoserá alta. Em suma, a Teoria de Vroom, revela que para que o indivíduo se sinta motivado é

    imprescindível que este se sinta capaz de atingir os objetivos pessoais delineados.

    O presente percurso teórico acerca das teorias de Maslow e Vroom contextualizam o

    questionamento fundamental que iniciou essa pesquisa. Esse questionamento reside no campo

    da integração das duas teorias, ao passo que Maslow orienta as necessidades humanas ao

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    caminho da auto-realização e Vroom ilumina a compreensão da subjetividade de que cada

    indivíduo desenvolverá uma motivação única.

    Ao integrar o legado desses pensadores, essa pesquisa inicia um diálogo com a

    subjetividade dos empreendedores do novo paradigma do século 21, por meio da abordagem

    teórica de Vroom, compreendendo a motivação por uma nova atuação empreendedora que

     busca a auto-realização humana enunciada por Maslow.

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    3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

    O instrumento utilizado para coleta de dados foi construído a partir da abordagem

    teórica da motivação adotada que foi a Teoria Contingencial de Victor Vroom. Dessa forma,foi construído um roteiro semi estruturado no qual foram abordados os três fatores inerentes à

    motivação, de acordo com Vroom (1995), são eles: o grau de valência, a consciência da

    instrumentalidade e a expectativa de realização.

    As entrevistas foram gravadas e transcritas para facilitar a coleta e a análise dos

    dados.

    O conteúdo das respostas foi classificado de acordo com os três fatores da

    abordagem teórica definida. Assim, a análise dos dados empregados consistiu na identificaçãodos elementos da motivação dos empreendedores, suas dificuldades e desafios em manter a

    motivação e as expectativas de realização do trabalho que empreendem.

    3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa

    Esta é uma pesquisa do tipo exploratória, pois inicia um diálogo entre o universo dos

    empreendedores que promovem o alcance da sustentabilidade e o estudo acadêmico da

    motivação, em especial, sob a perspectiva da Teoria Contingencial de Victor Vroom. A

     pesquisa se propõe a trazer elementos sobre a motivação dos indivíduos que se destacam no

    mundo dos negócios por promover sociedades mais sustentáveis.

    O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa com dados primários

    coletados por meio de entrevistas com indivíduos que promovem o alcance da

    sustentabilidade por meio de sua atuação como empreendedores, em áreas e setores distintos

    da sociedade.

    3.2 Caracterização da organização, setor ou área

    As entrevistas foram realizadas presencialmente com cinco empreendedores do

     primeiro, segundo e terceiro setor de Brasília, em que se buscou analisar ambientes distintos a

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    fim de enriquecer a análise dos elementos da motivação por meio da comparação dos setores e

    das áreas de atuação.

    Entre as áreas de atuação dos empreendedores estão a bioarquitetura, a educação

    ambiental, a produção e o tratamento de resíduos orgânicos e a preservação ambiental.

    Os empreendedores entrevistados se encontram no primeiro, segundo e terceiro setor,

    atuando por meio do Governo Federal, empresa privada, Organização Não Governamental e

    fundação educacional.

    3.3 Participantes do estudo

    Essa pesquisa identificou nos três setores da sociedade empreendedores que

     promovem a sustentabilidade por meio do seu trabalho. Foram definidos dois critérios de

    seleção dos participantes desse presente estudo, a saber: em primeiro lugar apresentar

    destaque na atuação como empreendedor pela sustentabilidade na área em que atua, e em

    segundo, apresentar interesse em refletir sobre os elementos da motivação que os induzem a

    atuar em prol da sustentabilidade na sociedade em que vivem.

    A partir dos critérios descritos acima, cinco empreendedores distribuídos entre os

    três setores da sociedade foram convidados a participar dessa pesquisa. Todos os indivíduosselecionados atuam de forma empreendedora tendo a busca pela sustentabilidade na sociedade

    como propósito maior do seu trabalho. Esta singular característica os une neste estudo em que

    o foco incide sobre o empreendedor que está por trás do empreendimento que promove a

    sustentabilidade trazendo luz para a motivação desses pioneiros do novo paradigma do século

    21.

    A primeira entrevistada é bióloga, desenvolve projetos de educação ambiental por

    meio da permacultura em uma Organização Não Governamental de Brasília, onde coordena

    atividades na área da Ecopedagogia através de vivências educacionais em áreas protegidas do

    Cerrado. Além disso, criou uma marca de produtos ecológicos sob a qual elaborou diferentes

    linhas de produtos com o objetivo de proporcionar opções ecologicamente corretas para as

     pessoas, a sociedade e o meio ambiente, com o enfoque da redução do lixo nas cidades. Entre

    os ecoprodutos da marca, encontram-se absorventes femininos e fraldas reutilizáveis.

    Atualmente, a marca tem atendido demandas de Brasília, com um ponto de venda na Asa

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     Norte, em outras cidades do Brasil, como Florianópolis, João Pessoa, Rio de Janeiro e Belém,

    e também expondo em outros países como Cuba e Argentina.

    O segundo entrevistado é arquiteto, permacultor e desenvolve projetos de

     bioarquitetura para todo o país. Estudou na Universidade de Brasília e passou a pesquisardiferentes formas de abordar a ocupação humana no planeta que pudessem ser mais

    sustentáveis. É um profissional autônomo e trabalha com arquitetos associados para

    implementação de seus projetos. Além disso, desenvolveu trabalhos com edição de revistas na

    área da bioarquitetura e permacultura, empreendendo informações sobre o assunto no Brasil.

    A terceira entrevistada estudou Educação Física e Pedagogia para encontrar

    intersecções de uma abordagem educacional que pudesse conectar o ser humano com os

    ambientes ao ar livre que estivessem mais próximos da Natureza. Desenvolveu uma tese nesse

    assunto no mestrado na Austrália, onde teve profundo contato com a permacultura e suas

    aplicações urbanas. Ainda na Austrália pesquisou políticas públicas que estimulam os

    cidadãos a praticarem a cidadania por meio da consciência ecológica, em especial quanto à

    separação e destinação correta dos resíduos orgânicos e inorgânicos. De volta ao Brasil abriu

    uma empresa de soluções para o tratamento correto dos resíduos orgânicos, que oferece kits

    de minhocários adaptados para casas e apartamentos para pessoas que têm a vida agitada da

    cidade. Além dos kits de minhocários a empresa abrange oficinas de educação ambiental para

     jovens, adultos e crianças. Atualmente, a empresa tem atendido a demanda de Brasília e já

    está prospectando clientes em outros estados como São Paulo e Santa Catarina, participando

    de feiras de sustentabilidade de todo o país.

    O quarto entrevistado desse estudo é engenheiro eletrônico, pesquisador da teosofia,

    e empresário. Desenvolveu sua carreira na área de Tecnologia da Informação, na qual atuou

     por 25 anos. Mudou-se para Brasília há 6 anos, quando passou a integrar movimentos pró

    sustentabilidade, em contato com projetos de preservação do meio ambiente e ideais de uma

    vida mais plena e saudável. Reconheceu nos projetos da cidade a oportunidade de integrar sua

    filosofia de vida em atividades profissionais e fundou uma empresa que tem como atuaçãoorientar e facilitar as demais organizações a viverem de forma mais sustentável. (metologia)

    Entre os clientes que possui, estão empresas, governo, OnGs e pessoas físicas. Atualmente, o

    empresário tem se voltado para aprofundar-se no ramo da educação ambiental, onde passou a

    integrar conhecimentos e experiências internacionais como Singapura e Estados Unidos na

    formação de educadores para o novo milênio.

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    A quinta entrevistada deste estudo é arquiteta e pró-reitora de uma universidade

    holística da paz voltada para a formação transdisciplinar do novo paradigma do século 21,

    sendo também vice presidente da fundação educacional mantenedora dessa universidade,

    sediada em Brasília. A arquiteta integra princípios e valores ecológicos à arquitetura de uma

    nova cultura de paz. Desenvolve projetos voltados para sustentabilidade dos ecossitemas

    urbanos, e para a formação de designers de sustentabilidade, tendo como base a visão

    holística e transdisciplinar. Colaborando para a construção de uma educação para o novo

    milênio escreve livros, artigos e periódicos, palestra em diversas cidades do país, além de

    conduzir um programa de televisão de amplitude internacional sobre a ética do cuidado com

    as pessoas e com o planeta.

    3.4 Caracterização do instrumento de pesquisa

    O instrumento utilizado para coleta de dados foi construído a partir da abordagem

    teórica da motivação adotada que foi a Teoria Contingencial de Victor Vroom. Dessa forma,

    foi construído um roteiro semi estruturado no qual foram abordados os três fatores inerentes à

    motivação, de acordo com Vroom (1995), são eles: o grau de valência, a consciência da

    instrumentalidade e a expectativa de realização por meio do trabalho.

    O conteúdo que se esperava obter por meio das respostas foi classificado de acordo

    com os três fatores da abordagem teórica definida e acrescido de um breve relato da trajetóriade vida do indivíduo discorrendo acerca dos elementos que contribuíram para a escolha que

    definiram sua atuação pela sustentabilidade. Assim, o roteiro contemplou a identificação dos

    elementos da motivação dos empreendedores, suas dificuldades e desafios em manter a

    motivação, e por fim, as expectativas de realização do trabalho que empreendem.

    A entrevista foi dividida em quatro partes principais. A primeira, na qual se o

    entrevistado fora convidado a compartilhar brevemente a sua trajetória de vida, abordando os

     principais elementos que foram importantes para a escolha do caminho voltado para

    sustentabilidade.

    Em seguida, abordou-se a valência motivacional dos indivíduos que objetivou

    identificar o grau de atração do indivíduo com o trabalho que desenvolve. Abordou-se assim,

    elementos como as razões determinantes pelas quais sentiu-se e continua sentindo-se atraído

     pela atuação que desempenha.

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     Na terceira parte da entrevista foram abordados elementos da instrumentalidade que

    teve como objetivo identificar o grau de consciência do caminho a percorrer para manter a

    motivação. Questões como planejamentos pessoais e profissionais, descrição dos desafios e

    dificuldades do caminho foram trazidas para contextualizar o individuo no processo de busca

    de sua auto-realização.

    Por fim, na quarta parte da entrevista foram abordadas questões sobre a expectativa

    do indivíduo em realizar seu papel de acordo com a conduta que escolheu. Falou-se sobre o

    impacto das realizações alcançadas na vida pessoal e na sociedade. Abordou-se o aumento de

     profissionais que vem se destacando com a atuação voltada para a sustentabilidade.

    As entrevistas se encerraram a partir das mensagens encorajadoras deixadas pelos

    entrevistados aos novos empreendedores que estão despertando para uma nova forma de

    atuação, mais consciente do seu papel na sociedade contemporânea.

    O roteiro da entrevista foi validado por meio de pré-teste no qual foram observadas

    as adaptações necessárias para o melhor funcionamento das entrevistas.

    3.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados

    A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas devidamente gravadas e

    transcritas. As entrevistas ocorreram durante os meses de outubro e novembro de 2009 na

    cidade de Brasília, por meio de encontros presenciais com a autora dessa pesquisa.

    Em seguida os dados foram transcritos para análise em meio eletrônico na qual foram

    agrupadas as respostas de acordo com os fatores de motivação previstos por Vroom (1995). O

    roteiro da entrevista foi previamente estruturado com vistas a implementar a análise de

    conteúdo de acordo com a abordagem teórica definida na pesquisa.

    Dessa forma, as principais análises realizadas tiveram como primeiro passo a

    organização das respostas em temáticas relativas a valência, instrumentalidade e expectativa.

    E em seguida na associação entre as respostas equivalentes a motivação do individuo, de

    maneira que fosse possível mapear correlações dos elementos da motivação enriquecendo a

    análise.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    A seguir são apresentados trechos relevantes das entrevistas realizadas, seguidas de

    análises estruturadas com base na abordagem metodológica de Victor Vroom (1995). Para

    melhor compreensão da abordagem no contexto deste estudo, os trechos selecionados paraesta seção estão organizados de acordo com a seqüência da entrevista.

         V   a     l     ê   n   c     i   a

    1) Quanto você valoriza sua

    atuação profissional na sua

    vida?

    “Não pretendo me aposentar nunca”

    “valorizo meu trabalho 100%. Minha atuação no trabalho

    significa minha razão de estar no mundo e está totalmente

    integrada com os valores que eu acredito.”

    “meu trabalho é absolutamente integrado à minha vida. É um

    dos caminhos mais fortes para mim em termos decrescimento pessoal.”

    “não sou uma pessoa diferente do que eu sou na minha vida

     pessoal e do que eu sou no trabalho. Busco ser o que eu

    acredito, por isso realizo aquilo sou.”

    “a minha vida profissional não é separada da minha vida

     pessoal. O meu trabalho é a minha própria vida!”

    2) Como essa atuação

     profissional atraiu você

    inicialmente? E hoje como atrai

    você?

    “a busca por uma vida mais saudável, conectada com a

    natureza me levou a trabalhar a pedagogia com uma nova

    abordagem. Hoje o doutorado já representa um novo desafio

     para estudar o comportamento humano em relação à

    sustentabilidade. Nunca me acomodei”

    “a busca pela aprendizagem sempre impulsionou a atração

     por novos conhecimentos. Saber que ainda tenho muito a

    aprender me manteve motivado a atravessar longos caminhos

    no escuro do que eu iria desenvolver.”

    3) O que espera realizar

     profissional e pessoalmente por

    meio dessa atuação?

    “ser um diferencial pela mudança do país. Busco ampliar

    minha atuação para alcançar uma maior dimensão social e

    educacional brasileira.”

         I   n   s    t   r   u   m   e   n    t   a     l     i     d   a     d   e

    4) Você tem feito algum tipo de

     planejamento para alcançar o

    que deseja?

    “tenho dificuldade em fazer registros e estruturar um

     planejamento detalhado sobre meus objetivos profissionais e

     pessoais.”

    “planejo seguir o que me é verdadeiro, o que encanta meu

    ser, o que impulsiona meu caminhar.”

    5) Quais as principais

    dificuldades você tem

    “saber conciliar os períodos de lazer e família com o

    trabalho. Chego a exaustão e prejudico minha qualidade de

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    enfrentado pessoal e

     profissionalmente para manter-

    se motivado nessa atuação?

    vida”

    “sou muito informal no meu trabalho e isso me atrapalha em

    alguns momentos. Foi difícil conseguir cobrar preço dos

    meus serviços”

    “tenho dificuldade em dizer não para os outros. Muitas vezesfaço tanto o bem que me dou mal!”

    “o mercado muitas vezes não reconhece financeiramente e

    no tempo que eu gostaria”

    6) Como você lida com as

    dificuldades que identifica?

    Descreva como isso tem

    contribuído para alterar ou não o

    seu caminho nessa atuação.

    “tenho me interessado muito mais por gestão de negócios e

    em conhecer melhor o mercado”

    “eu aprendo com os meus desafios. Eles são bons para o

    crescimento. Me mantenho motivado com esse trabalho e

    evoluo com os desafios aprendendo a trabalhar a paciência,

    flexibilidade e a comunhão da família.”

         E   x   p   e   c    t   a    t     i   v   a

    7) Como você percebe o

    impacto na sua vida pessoal em

    relação à realização da sua

    atuação?

    “estamos em uma transição de cultura. Daremos um grande

    salto enquanto humanidade. Em momentos especiais,

    aparecem pessoas especiais. Pretendo servir à essa mudança

    e para isso venho me preparando interiormente.”

    8) Como você compreende o

    aumento do número de

     profissionais que estão iniciando

    nessa forma de atuação a

    continuarem nesse caminho?

    “o trabalho daqueles que já estão vivendo um novo

     paradigma é uma inspiração para os novos empreendedores.

    A cada novo grupo que conhece novas praticas sustentáveis,

    sempre há uma pequena parte que se compromete com a

    sustentabilidade. Mesmo sendo pequeno esse grupo écomposto de pessoas que se comprometerão a vida inteira!”

    “esse aumento de profissionais é o resultado da teoria do

    exemplo. Percebendo que há uma coerência entre discurso e

     pratica e que há resultados expressivos acontecendo

    encontramos profissionais mudando de consciência em todas

    as áreas!”

    9) Em sua opinião, o que pode

    ser encorajador para esses

     profissionais que estão iniciando

    essa forma de atuação a

    continuarem nesse caminho.

    “são as diversas possibilidades de atuação. Tem muita área

     para atuar. Se estivermos conectados com a coerência desse

    novo paradigma, qualquer área hoje está carente de inovação

     para uma nova visão de uma realidade mais sustentável.”

    Quadro 1 – Trechos das entrevistasFonte: Dados das entrevistas

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    O grupo de empreendedores selecionados para esta pesquisa compartilhou uma série