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ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E RISCO DE CONTAMINAÇÃO DOS
AQÜÍFEROS LIVRES NA BAIXADA CAMPISTA – CAMPOS DOS
GOYTACAZES - RJ
SILVIA FERNANDES ROCHA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
ABRIL – 2004
ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E RISCO DE CONTAMINAÇÃO DOS
AQÜÍFEROS LIVRES NA BAIXADA CAMPISTA – CAMPOS DOS
GOYTACAZES - RJ
SILVIA FERNANDES ROCHA
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias da Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro”, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências de Engenharia.
ORIENTADORA: PROF. MARIA DA GLÓRIA ALVES
CO – ORIENTADOR: PROF. FREDERICO TERRA DE ALMEIDA
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
ABRIL – 2004
II
ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E RISCO DE CONTAMINAÇÃO DOS
AQÜÍFEROS LIVRES NA BAIXADA CAMPISTA – CAMPOS DOS
GOYTACAZES - RJ
SILVIA FERNANDES ROCHA
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias da Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro”, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia.
Aprovada em, 14 de abril de 2004.
Comissão Examinadora:
PROF. GERSON CARDOSO DA SILVA JR. (D. SC.) - UFRJ
PROF. ELIAS FERNANDES DE SOUSA (D. SC.) - UENF
PROF. FREDERICO TERRA DE ALMEIDA (D. SC.) - UENF
___________________________________________________________________
PROF. MARIA DA GLÓRIA ALVES (D.SC.) – UENF
ORIENTADORA
III
DEDICO
à minha mãe Joselina, ao meu pai Geraldo (in memoriam)
e às minhas irmãs, Rita, Waldiza e Renata.
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VI
AGRADECIMENTOS
À Deus pela força, sabedoria e por ter me sustentado.
À minha mãe Joselina pelo incentivo, apoio, compreensão e pelas
constantes orações.
Às minhas irmãs Rita, Waldiza e Renata e ao meu cunhado Cristóvão por
terem me incentivado por telefone, e-mail e por visita durante o tempo em que morei
em Campos.
À minha sobrinha Ana Clara por ter pronunciado a palavrinha TESE,
incessantemente, durante a escrita desse trabalho.
Às minhas amigas Anelisse, Iane, Mônica, Marivone e Rogéria que mesmo
de longe não deixaram de me apoiar e incentivar.
Ao meu grande amigo Fabrício pela amizade, incentivo e compreensão
desde todo o sempre, e à sua família por ter me acolhido.
À minha amiga e orientadora Glória por ter “abraçado” esta dissertação
comigo e ter me ajudando a crescer profissionalmente e pessoalmente.
Ao meu amigo e co-orientador Frederico pela amizade e por ter se mostrado
sempre disposto a me ajudar a “visualizar” melhor este trabalho.
Às amigas Claudineli e Larissa pela amizade e pela grande ajuda nas
campanhas de campo.
Aos amigos da Oficina de Geoprocessamento: Denia, Diego e Izabel pela
amizade e descontração durante a elaboração do trabalho.
À Erneida, Teresa e Eliane pela amizade, compreensão e pela força nos
momentos difíceis.
À Katiuscia e sua família pela amizade.
Ao hidrogeólogo André Monsores (CPRM) pelo material bibliográfico e pelas
idéias e conversas no início do trabalho.
Ao Hermani (DRM) por ter gentilmente disponibilizado os dados de geologia.
Ao Vítor (CCZ) pelas dicas dos poços rasos.
Ao engenheiro Luiz Alberto (EMHAB) pelas informações sobre saneamento.
À FUNDENOR pelos dados de análises bacteriológicas.
VII
À prof ª Lílian Bahia do CBB por ter divulgado o mapa de vulnerabilidade na
Dinamarca.
Aos professores, colegas, técnicos e funcionários do LECIV; em especial ao
Jorge Jóia pela grande ajuda nas campanhas de campo.
À toda comunidade campista pela contribuição com as informações sobre os
poços.
À CAPES pela concessão de bolsa de estudo.
Enfim, agradeço a todas as pessoas, que direta ou indiretamente
contribuíram para que eu realizasse este projeto.
VIII
BIOGRAFIA
SILVIA FERNANDES ROCHA, filha de Geraldo Rocha e Joselina M.
Fernandes Rocha nasceu em 4 de fevereiro de 1974, na cidade de Vitória – ES.
Formou-se em Engenharia de Agrimensura no segundo semestre de 1998
na Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG. No início de 1999 trabalhou como
autônoma em Vitória – ES e ingressou no curso de pós-graduação em Planejamento
Municipal na referida Universidade. No mesmo ano foi contratada para trabalhar
como consultora em Engenharia no Departamento de demarcação de terras da
FUNAI de Brasília – DF onde atuou até fevereiro de 2002.
Foi admitida em março de 2002 no Curso de Mestrado em Ciências em
Engenharia – LECIV, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em
Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se a defesa de dissertação para
conclusão do curso em abril de 2004.
IX
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................... XII
ABSTRACT................................................................................................. XIII
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 1
2 OBJETIVOS...................................................................................... 3
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................
3.1. ASPECTOS SOCIO-ECONÔMICOS.........................................
3.2. SANEAMENTO BÁSICO............................................................
3.3. GEOLOGIA ...............................................................................
3.4. HIDROGEOLOGIA.....................................................................
4
5
6
7
9
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................
4.1. PROTEÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS...........................
4.2 MÉTODOS DE ANÁLISES DE VULNERABILIDADE DE
AQÜÍFEROS.............................................................................
4.3. RISCO DE CONTAMINAÇÃO..................................................
4.3.1. INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR DO RISCO DE
CONTAMINAÇÃO....................................................................
4.4. GEOPROCESSAMENTO..........................................................
12
12
15
19
19
23
4.4.1. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ...............
4.4.2. SENSORIAMENTO REMOTO .......................................
4.4.3. GPS.................................................................................
24
25
27
5 MATERIAIS E MÉTODOS ...............................................................
5.1. LEVANTAMENTO DE DADOS BÁSICOS.................................
5.2. LEVANTAMENTO DE CAMPO..................................................
5.3. ELABORAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS.................................
28
28
28
29
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................
6.1. DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DOS POÇOS VISITADOS
6.2. MAPAS TEMÁTICOS.................................................................
37
38
44
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................... 65
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 67
ANEXO - Caderneta de campo
Análises Bacteriológicas
Mapa de Favorabilidade Hidrogeológica - CPRM
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 Localização da área de estudo 4
Figura 3.2 Divisão geológica do município de Campos (Ramos, 2000). 8
Figura 4.1 Sistema para avaliação do índice de vulnerabilidade do aqüífero – Método GOD (Foster e Hirata, 1991)
17
Figura 4.2 Esquema de determinação de área com risco de contaminação por sistemas de esgoto sanitário através de estudo de vulnerabilidade de aqüíferos (Hirata, 2000).
20
Figura 6.1 Mapa dos distritos de Campos localizados à margem direita do Rio Paraíba do Sul
37
Figura 6.2 Mapa dos distritos localizados na área de estudo. 38
Figura 6.3 Mancha espalhada no Rio Paraíba do Sul devido ao acidente ecológico em abril de 2003.
39
Figura 6.4 Poço raso localizado no bairro Carvão e no centro de Campos, respectivamente.
40
Figura 6.5 Fossa negra localizada na frente da casa – Parque Real 40
Figura 6.6 Caixas com areia, carvão e brita - Coqueiros. 41
Figura 6.7 Ambiente contendo poço cacimba próximo do despejo do esgoto – Olhos D’água
42
Figura 6.8 Poço raso localizado no bairro Pitangueiras 43
Figura 6.9 Captação de água de chuva em Marcelo 43
Figura 6.10 Poço localizado em Quilombo. 44
Figura 6.11 Mapa de uso do solo 46
Figura 6.12 Mapa de espacialização dos poços visitados 47
Figura 6.13 Mapa de Ocorrência da água subterrânea 48
Figura 6.14 Mapa de litologia elaborado com dados do DRM 49
Figura 6.15 Mapa de litologia elaborado com dados do PROJIR 50
Figura 6.16 Mapa de litologia da zona não saturada 50
Figura 6.17 Mapa de profundidade da água subterrânea 52
Figura 6.18 Mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres 56
Figura 6.19 Mapa de área coberta por rede de esgoto 58
Figura 6.20 Mapa de densidade populacional 59
Figura 6.21 Mapa de risco potencial 61
Figura 6.22 Mapa do risco de contaminação por esgoto a céu aberto 63
Figura 6.23 Mapa de análises bacteriológicas dos poços visitados 64
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Tipo de abastecimento de água de alguns bairros localizados na área de estudo (Caetano, 2000)
7
Tabela 4.1 Classificação de fatores essenciais para se definir o tipo de mapa (Vrba e Zaporezec, 1994).
14
Tabela 4.2 Cruzamento dos parâmetros densidade populacional e área coberta por rede de esgoto, definindo as áreas de risco potencial (Hirata, 1994).
21
Tabela 4.3 Cruzamento do Mapa de vulnerabilidade do aqüífero e o Mapa de risco potencial de contaminação para a determinação do Mapa de Investigação preliminar do risco de contaminação (Costa, 2003).
22
Tabela 5.1 Bases cartográficas utilizadas na elaboração dos mapas temáticos
31
Tabela 6.1 Índice GOD para o parâmetro litologia da zona não saturada
51
Tabela 6.2 Índice GOD para o parâmetro profundidade do lençol freático
53
Tabela 6.3 Índice parcial GOD através da multiplicação dos índices de Ocorrência da água subterrânea e Litologia da zona não saturada
53
Tabela 6.4 Índice de vulnerabilidade GOD obtido através da multiplicação do índice parcial 1 com os índices 2 do parâmetro profundidade da água subterrânea
54
Tabela 6.5 Classes de vulnerabilidade GOD (Foster e Hirata, 1991) 54
Tabela 6.6 Classes de vulnerabilidade para a área de estudo 55
Tabela 6.7 Cruzamento da densidade populacional das áreas urbanas dos distritos com as informações de área coberta por rede de esgotamento sanitário.
60
XII
RESUMO
ROCHA, Silvia, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; março
de 2004; TÍTULO: ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E RISCO DE
CONTAMINAÇÃO DOS AQÜÍFEROS LIVRES NA BAIXADA CAMPISTA – CAMPOS
DOS GOYTACAZES - RJ Orientadora: Maria da Glória Alves. Co-orientador:
Frederico Terra de Almeida
Palavras-chave: Aqüífero, contaminação, geoprocessamento, risco, vulnerabilidade.
A Baixada Campista foi escolhida para o estudo por apresentar dados ambientais
relevantes para o desenvolvimento da metodologia adotada. As condições de
abastecimento de água por poços rasos e saneamento são precárias levando a
comunidade às conseqüências do consumo de água não tratada. Além disso, as
diferentes litologias presentes na área de estudo e a profundidade da água
subterrânea evidenciam a possibilidade de contaminação dos aqüíferos livres.
Métodos de análise de vulnerabilidade têm sido extensivamente utilizados em todo
mundo em programas de prevenção de contaminação de água subterrânea, dentre
eles, destaca-se o Método GOD. Neste trabalho o estudo da vulnerabilidade dos
aqüíferos livres teve como finalidade investigar de forma preliminar o risco de
contaminação por esgoto à céu aberto. Através das técnicas do Geoprocessamento
elaboraram-se mapas temáticos que foram essenciais na confecção do mapa do
risco de contaminação e na análise dos resultados encontrados. O cruzamento dos
mapas permitiu definir os graus de risco de contaminação e verificar a influência do
meio físico neste contexto. A região apresentou classes de vulnerabilidade variando
de baixa a extrema e risco de contaminação de pequenas a elevadas proporções.
Essa análise serviu para alertar sobre a necessidade de programas de proteção de
qualidade das águas subterrâneas, com especial atenção para os distritos
localizados em áreas de vulnerabilidade alta e extrema e que fazem uso constante
de água de poços rasos. Devem ser priorizadas medidas mitigadoras principalmente
para as áreas onde o risco demonstrou ser elevado.
XIII
ABSTRACT
ROCHA, Silvia, F., State university of the Fluminense North Darcy Ribeiro; april de
2004; TITLE: ANALYSIS OF THE VULNERABILITY AND RISK OF
CONTAMINATION OF THE FREE AQUIFER’S IN BAIXADA CAMPISTA –
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ; Teacher: Maria da Glória Alves. Assistant
Teacher: Frederico Terra de Almeida.
Key word: Aqüífer’s, contamination, geoprocessamento, risk, vulnerability.
Baixada Campista, chosen place for the study presents pertinent environmental data
for the development of the adopted methodology. The conditions of use of water for
shallow wells and service of public health do with that the community suffers with the
consequences of the consumption of water without treatment. The several existent
lithology in the study area and the depth of underground water indicate the possibility
of contamination of the aquifer’s. Methods of vulnerability analysis are used
extensively in the whole world in programs of prevention of contamination of
underground water, among them, GOD of Method. In this work, the study of the
vulnerability of the aquifers, has as objective, to investigate in a preliminary way the
risk of contamination for sewer. In agreement with the techniques of
Geoprocessamento essential thematic maps were elaborated in the production of the
map of the risk of contamination and in the analysis of the results. The crossing of the
maps allowed to define the degrees of risk of contamination and to verify the
influence of the physical middle in this context. The area presented vulnerability
degrees that vary of low for high and risk of contamination of small for high
proportions. The analysis is a way of alerting about the need of programs of
protection of quality of the underground waters, with special attention for the located
districts in areas of high and extreme vulnerability mainly for those that make
constant use of water of shallow wells. The studies to be prioritized for the areas
where the risk demonstrated to be loud.
1
1. INTRODUÇÃO
Relacionada diretamente com a saúde, a vida e o bem estar, a água é um
elemento essencial para a maior parte das atividades desenvolvidas pelo ser
humano constituindo em um bem de extremo valor.
O conhecimento das unidades aqüíferas, associado às formas de uso e
ocupação do meio, e a importância que as águas subterrâneas representam para o
desenvolvimento, fazem com que exista a preocupação maior com a segurança dos
mananciais subterrâneos. Isso se dá devido à dificuldade e a impraticabilidade de se
promover a remoção de poluentes de fontes pontuais de captação (poços) e devido
ao fato de que a reabilitação de um aqüífero poluído requer custos muito elevados
(Foster e Hirata, 1991).
O município de Campos é caracterizado pelo abastecimento superficial,
através do Rio Paraíba do Sul e pelo subterrâneo, através de poços profundos e
uma grande quantidade de poços rasos.
A Baixada Campista área onde foi desenvolvido o estudo é a região de maior
concentração de habitantes do município e de fontes poluentes. As condições de
abastecimento de água por poços rasos e saneamento são precárias levando a
comunidade às conseqüências do consumo de água não tratada. Além disso, as
diferentes litologias presentes na área de estudo e a profundidade da água
subterrânea evidenciam a possibilidade de contaminação dos aqüíferos livres.
Métodos de análise de vulnerabilidade têm sido extensivamente utilizados em
todo mundo em programas de prevenção de contaminação de água subterrânea.
Apresentam grande aplicabilidade no planejamento do uso do solo, no
monitoramento da qualidade das águas subterrâneas e em investigação de risco de
contaminação. Dentre eles, destaca-se o Método GOD, por sua praticidade na
análise dos resultados.
A apresentação das análises de vulnerabilidade se dá através de um mapa
com classes que podem variar de baixa a extrema. O mapeamento é uma
ferramenta que contém informações claras em relação aos recursos vulneráveis
permitindo que usuários de diferentes áreas possam imediatamente reconhecer e
entender as informações cartográficas representadas.
2
A investigação preliminar do risco de contaminação de águas subterrâneas
para sistemas de esgoto sanitário permite aos planejadores priorizar as ações
mitigadoras para as áreas onde não há saneamento básico (Foster e Hirata, 1991).
Em estudos de grandes escalas não é possível avaliar dados pontuais da
carga contaminante gerada pela falta de saneamento. O que se pode estimar é o
risco potencial baseado na densidade populacional e na extensão coberta por
esgoto.
As técnicas de Geoprocessamento foram necessárias e fundamentais para a
elaboração de mapas temáticos; a criação de banco de dados e o cruzamento de
informações permitindo agilidade na análise dos resultados.
Para se atingir o objetivo proposto, o trabalho foi dividido em oito capítulos. O
primeiro capítulo permite ao leitor obter informações gerais acerca do tema aqui
abordado. No capítulo dois são descritos os objetivos: geral e específico. No capítulo
três é apresentada a caracterização da área de estudo. No capítulo quatro,
encontra-se a revisão bibliográfica. No capítulo cinco são apresentados os materiais
e métodos utilizados para o desenvolvimento da dissertação. No capítulo seis são
apresentados os resultados e discussões. No capítulo sete são apresentadas as
conclusões e recomendações. Ainda são descritas no trabalho, as referências
bibliográficas no capítulo oito, e no anexo encontram-se os dados do levantamento
de campo.
3
2. OBJETIVOS
I – OBJETIVO GERAL
O objetivo do trabalho é analisar a vulnerabilidade dos aqüíferos livres com a
finalidade de investigação preliminar de contaminação por sistema de esgoto à céu
aberto
II – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Para alcançar o objetivo geral, têm-se os seguintes objetivos específicos:
- Levantamento de dados básicos;
- Levantamento de campo;
- Elaboração de mapas temáticos.
4
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Sendo o maior município do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos
Goytacazes está localizado na Região Norte do Estado, apresenta uma área de
4.037 km2 e uma população de 406.989 (quatrocentos e seis mil novecentos e
oitenta e nove) habitantes (IBGE, 2002).
Faz divisa ao norte com o Estado do Espírito Santo, a nordeste com o
município de São Francisco de Itabapoana, a leste com o município de São João da
Barra e o oceano Atlântico, ao sul com os municípios de Quissamã, Conceição de
Macabú e Santa Maria Madalena, a oeste com São Fidélis e a noroeste com
Cardoso Moreira, Italva e Bom Jesus do Itabapoana.
O estudo foi desenvolvido na Baixada Campista compreendendo uma área de
aproximadamente 800 Km2. Esse local foi escolhido por apresentar dados
disponíveis para a elaboração da metodologia (Figura 3.1).
Figura 3.1 - Localização da área de estudo
BRASIL RJ
CAMPOS DOS
GOYTACAZES
ÁREA DE ESTUDO
5
3.1 ASPECTOS SÓCIO ECONÔMICOS
A Baixada Campista recebe este nome por apresentar em toda sua extensão
uma topografia plana e a maior parte da população dentro do município: 366.504
habitantes distribuídos pelos distritos de Campos dos Goytacazes, Dores de
Macabu, Ibitioca, Mussurepe, Santo Amaro de Campos, São Sebastião de Campos
e Tocos (IBGE, 2000).
De acordo com dados do IBGE (2000), o distrito de Campos dos Goytacazes
compreende uma população de 316.951 habitantes e é dividido em quatro sub-
distritos assim delimitados: Á Primeiro sub-distrito – da Rua Voluntários da Pátria até o bairro Ururaí  Segundo sub-distrito – da Rua Voluntários da Pátria até o bairro Penha  Terceiro sub-distrito – Bairro Guarús  Quarto sub-distrito – Bairros Goytacazes e Donana.
Os demais distritos compreendem a área rural e apresentam núcleos urbanos
com baixa densidade populacional. Dores de Macabu apresenta 7464 habitantes em
uma área aproximada de 363 Km2, Ibitioca com 3.034 hab. em uma área de
aproximadamente 193 Km2, Mussurepe com 10.108 hab. em uma área de
aproximadamente 195 Km2, Santo Amaro de Campos com 7.169 hab. em uma área
de aproximadamente 308 Km2, São Sebastião de Campos com 14.161 hab. em uma
área de aproximadamente 105 Km2 e Tocos com 7.617 hab. em uma área de
aproximadamente 338 Km2 (IBGE, 2000).
Até os anos 70 Campos baseava sua economia na monocultura da cana de
açúcar. A partir dessa década, tornou-se um grande produtor de álcool, petróleo e
gás natural. Com os incentivos governamentais para o desenvolvimento da
fruticultura, algumas das áreas de cana-de-açúcar estão sendo gradualmente
substituídas pelas culturas do abacaxi e do maracujá (Correa, 2003).
A produção de petróleo e gás ajudou o Município a elevar sua arrecadação
através dos "royalties". A partir do final dos anos 90, o recebimento dos royalties
passou a ser crescente, constituindo-se em uma das principais fontes de receita
para a região Norte Fluminense, maior produtora de petróleo e gás natural do País.
Atualmente, a economia de Campos tem como destaque a atividade
cerâmica. Segundo Ramos et al. (2003), pelos níveis de produção já alcançados
esta atividade é estratégica para o desenvolvimento regional e estadual. A demanda
ascendente do consumo dos produtos da cerâmica vermelha, a vasta disponibilidade
6
de materiais de excelente qualidade e as facilidades de extração e transporte
justifica investimentos para estabelecer em Campos o grande segmento cerâmico do
Estado do Rio de Janeiro.
Acompanhando a tendência mundial, mais de 50% da população campista
economicamente ativa, exerce sua atividade no setor de prestação de serviços.
A economia hoje de Campos, é baseada também numa diversificação de
indústrias tais como: extração de brita, rochas ornamentais, argila e alimentação,
dentre outros.
3.2 SANEAMENTO BÁSICO
A maior parte da água doce distribuída em Campos é captada do Rio Paraíba
do Sul que chega ao município depois de passar por municípios dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com altos índices de urbanização e
industrialização, onde estão instaladas diversas indústrias poluentes.
Nos distritos que não recebem água do rio Paraíba do Sul, a empresa Águas
do Paraíba distribui água subterrânea captada de poços profundos. Na maior parte
da área estudada constatou-se também um grande consumo de água de poços
rasos tipo cacimba.
Até o ano 2000 existiam no município 34.563 poços abastecendo a população
do município (IBGE, 2000).
O sistema de coleta de esgoto por rede está presente apenas na parte antiga
da cidade de Campos. Não existe o tratamento do esgoto e o destino final após a
coleta nas redes é o Rio Paraíba do Sul.
Na Tabela 3.1 Caetano (2000) apresenta o tipo de abastecimento de água
nos bairros mais populosos da área de estudo.
7
Tabela 3.1 – Tipo de abastecimento de água de alguns bairros localizados na
área de estudo (Caetano, 2000).
Localidades População Abastecida Origem da Água
Campos dos Goytacazes 293.780 95,24% ETA
4,76% poço
Santo Amaro 2.040 100% poço
Ururaí 4.505 100% ETA
Dores de Macabú 1.075 100% poço
Goytacazes 7.575 100% poço
Donana 3.875 100% poço
Saturnino Braga 3.400 100% poço
Baixa Grande 335 100% poço
Tocos 7.300 100% poço
São Sebastião 1.465 100% poço
Poço Gordo 340 100% poço
3.3 GEOLOGIA
Segundo Ramos et al. (2002) o município de Campos caracteriza-se por três
divisões geológico-geomorfológicas:
- Embasamento cristalino, constituído por cadeias de rochas granito-gnássicas,
formadas durante o período pré-cambriano.
- Tabuleiros da Formação Barreiras são elevações, de topo plano, com suave
declividade para o mar. Formaram-se durante o Plioceno e na Região constituem-se,
basicamente, por camadas horizontais de materiais argilosos e argilo-arenosos. À
medida que se desloca, da área próxima aos gnaisses, em direção à costa, os
8
sedimentos são mais finos e com maior contribuição de argila não tendo, porém,
uma boa seleção.
- Planície quaternária onde se encontra o limite da área a ser estudada, é a feição
geológica-geomorfologica dominante do município sendo composta por sedimentos
holocênicos de origem deltaica e aluvionar (Figura 3.2).
Figura 3.2 – Divisão geológica do município de Campos (Ramos, 2000).
O Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro - DRM RJ apresenta
na carta geológica em escala 1: 50.000 a seguinte legenda para a área de estudo:
Qa à Ä�Å�Æ�Ç�ÈÉÅ�ÊIËÍÌ�Î�ÏÑÐ�Ò�Ó�Ç Ì7ʺÔ�ÕÍÅ�ÎTÖ�Ô�Õ×Å�Ç Ô�ÎØÅvÔ�ÕÍÙ�Ç`Ð ÔºÎÉÆ�ÅÛÚ�Ð Ô7Ê7Ü�Ý,Ç Å�ÎÞÆTÅhÇZÊ�ÒTÊßÆ7ÔTà ão, depósitos
de várzea, depósitos flúvio-marinhos, depósitos paludiais (turfa), marinhos e fluviais,
às vezes feldspáticos, com ou sem matéria orgânica, localmente com concentrações
de conchas.
QP á âÑãÍä�å æ�çéè�ê,æ�ãÍë�ìßí�çIæ�ç�îßæ�ã×ï�å�ð æTçñä¡çºåZð ë×ä�ç
Base cartográfica: CIDE
PROJEÇÃO UTM
SAD 69
9
Qc ò óDô�õ�ö`÷Þô�øßùÍúTû�ü,ö ùÍú�ý×þ�øßô7ú�û�ÿ���ý×ô�ö �Tû�������ý�ù��ßú�û��û�÷�7ý ö`ø�����û� �õTô���ú�ý×õ ões litorâneos e
cúspides de lagunas, por vezes associadas a depósitos de conchas calcárias,
relativamente bem selecionadas, com tonalidades esbranquiçadas, amareladas e
acinzentadas escuras (onde os minerais pesados aparecem em concentrações
exploráveis), podendo conter traços de feldspato e argila.
QI � ��������� ����� �!��"$#$�$� %'&������ %)(���*+��� Tb , -!.�/102�3 ão Barreiras: sedimentos constituídos por depósitos continentais,
representados por níveis descontínuos alternados de material friável e mal
selecionado, desde arenosos, areno-argilosos e argilosos, constituídos
principalmente por grãos de quartzo sub-angulosos abundantes, grãos de feldspato
caulinizados, níveis conglomeráticos com seixos arredondados de canal fluvial, “clay
pebbles” e horizontes de concreções lateríticas, bolsões de argila caulínica e
características cores variegadas (roxa, amarela, branca e vermelha) nos níveis
argilosos espessos.
Ggrl 4 576!8 9!:�9�;�< =�>�? -cambrianas
PClllsf @A576!8 9!:�9�;�< =�>�? -cambrianas
3.4 HIDROGEOLOGIA
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, CPRM (2001), em conjunto
com o Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM-RJ) e outras
instituições públicas e privadas elaboraram o Mapa de Favorabilidade
Hidrogeológica, em escala 1:500.000 com o objetivo de propiciar uma visão geral da
favorabilidade à utilização da água subterrânea no Estado do Rio de Janeiro.
ANEXO
Os aqüíferos mapeados correspondem à porção continental da Bacia
Sedimentar de Campos, onde ocorrem sedimentos terciários e quaternários,
depositados sobre o embasamento cristalino e sedimentos mais antigos. A evolução
estrutural da bacia influencia diretamente a geometria dos sistemas aqüíferos.
De acordo com este trabalho na área de estudo encontram-se cinco tipos de
unidades aqüíferas: Flúvio – Deltaico, Emborê, São Tomé II, São Tomé I e Barreiras.
Aqüífero Fluviodeltaico: Localiza-se na margem direita do Rio Paraíba do Sul, a
SW da cidade de Campos, ocorrendo em uma área de aproximadamente 304km2.
Algumas localidades são abastecidas por captações nesse sistema, como é o caso
de Donana e Goytacazes. É constituído por sedimentos quaternários, aflorantes,
10
compostos por areias e arenitos, finos a médios com matriz siltosa e bandas
argilosas.
Aqüífero Emborê: Localizam-se nos arredores da localidade de Farol de São Tomé,
ocorrendo em uma área de aproximadamente 350 km2. É constituído por sedimentos
não aflorantes, tidos como terciários compostos por arenitos conchíferos variados,
com feldspato; argilitos impuros e argilas orgânicas. Encontra-se totalmente coberto
por sedimentos quaternários.
Aqüífero São Tomé II: Localiza-se em toda parte leste da porção emersa da Bacia
de Campos, ocorrendo em uma área de aproximadamente 910 km2. É constituído
por sedimentos não-aflorantes, terciários, compostos por arenitos avermelhados,
lateríticos com argilas cálcicas, sobre arenitos consolidados argilosos. É um sistema
confinado, totalmente coberto por sedimentos quaternários.
Aqüífero São Tomé I: Localiza-se na parte central da porção emersa da Bacia de
Campos, formando uma faixa alongada no sentido NE-SW, ocorrendo em uma área
de aproximadamente 380 km2. É constituído por sedimentos terciários, não-
aflorantes, totalmente recobertos por sedimentos quaternários. Esse sistema é
composto por arenitos avermelhados, lateríticos com argilas cálcicas, sobre arenitos
consolidados argilosos.
Aqüífero Barreiras: Localizado na borda oeste da Bacia Sedimentar de Campos,
faz contato lateral com o embasamento cristalino, ocorrendo em uma área de
aproximadamente 1.630 km2. É constituído por sedimentos terciários, aflorantes,
compostos por argilas lateríticas e areias com óxido de ferro, sobrepostos ao
embasamento cristalino.
12
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No Brasil grandes cidades já são abastecidas, total ou parcialmente, por água
subterrânea. No Estado de São Paulo estima-se que 75% das cidades são
abastecidas por poços. Ribeirão Preto é um bom exemplo de uma grande cidade
onde a água subterrânea tem sido bem gerenciada, garantindo o abastecimento de
toda a população com uma água de ótima qualidade. Nos Estados do Paraná e do
Rio Grande do Sul 90% das cidades são abastecidas por águas subterrâneas
(Hirata, 2000).
A água subterrânea em grandes profundidades apresenta geralmente
excelentes características químicas e físicas, sendo apta para o consumo humano,
muitas vezes sem tratamento prévio. O que coloca em risco a saúde da população é
a contaminação.
Filho (2000) define contaminação como a alteração da água referente aos
organismos patogênicos, substâncias tóxicas e/ou radioativas, que, quando
encontradas em grandes teores são prejudiciais ao homem conceito distinto de
poluição definida como uma alteração artificial da qualidade físico-química da água,
suficiente para superar os limites ou padrões preestabelecidos para determinado fim.
Os microrganismos patogênicos também são bastante comuns nas águas
subterrâneas sendo indicadores de contaminação recente. A atenuação de
contaminantes não é a mesma para todos os aqüíferos. Algumas unidades oferecem
melhor proteção que outras, devido às suas características litológicas (Hirata, 1994).
Várias são as fontes potencialmente capazes de fornecer substâncias
poluentes para as águas, tais como: sistemas de esgoto, cemitérios, atividades
agrícolas e tanques enterrados.
4.1 PROTEÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
A análise das estratégias de proteção de qualidade de águas dos aqüíferos em
vários países revela duas linhas básicas de ação: cartas de vulnerabilidade à
poluição do aqüífero e perímetros de proteção de poços (PPP) (Hirata, 1994).
A primeira linha restringe a ocupação do terreno a partir de cartas de
vulnerabilidade à poluição do aqüífero, proibindo ou autorizando a instalação de
13
novas atividades potencialmente contaminantes segundo áreas de alta ou baixa
vulnerabilidade. Respectivamente, a segunda linha se baseia no estabelecimento de
zonas ao redor de poços ou fontes de abastecimento com diferentes graus de
restrição de ocupação, a partir da identificação de contribuições para o poço ou
fonte, conjuntamente com o tempo de trânsito e o comportamento hidráulico do
aqüífero.
A estratégia baseada em PPPs é mais indicada para aqüíferos relativamente
homogêneos, explorados por um número reduzido de poços. Os PPPs se adaptam
relativamente bem a regiões pouco povoadas, onde não existam sérios conflitos com
outros interesses (Hirata, 1994)..
A estratégia de mapas de vulnerabilidade é melhor em áreas maiores, com a
análise de um número relativamente grande de atividades potencialmente
contaminantes e com a existência de uma quantidade reduzida de informações ou
grande complexidade hidrogeológica. Esta técnica é mais adequada para planejar o
uso e ocupação do solo e estabelecer prioridade de ação para a proteção do
recurso, baseado no reconhecimento de áreas ou atividades de maior perigo de
degradação.
Hirata (1994) descreve que o mapeamento de vulnerabilidade é utilizado em
estudo de escala regional e semi-detalhe (tipicamente <1:100.000 e 50.000) e a
técnica de PPP é mais adequada à escala de detalhe (tipicamente > 1:50.000).
O mapa de vulnerabilidade envolve a combinação de vários mapas temáticos
referentes às características dos solos, zona não saturada, tipo de aqüífero,
profundidade da água subterrânea, topografia, recarga, condutividade hidráulica e
etc. Não são apresentados valores absolutos sobre vulnerabilidade; há apenas a
representação qualitativa dos dados.
A proposta essencial é a subdivisão em áreas apresentando a maior ou
menor susceptibilidade do aqüífero a contaminação como suporte para uma
proposta específica.
A Tabela 4.1 apresenta a classificação dos fatores essenciais para se definir o
tipo de mapa de acordo com as propostas de proteção da qualidade das águas
subterrâneas.
14
Tabela 4.1 - Classificação de fatores essenciais para se definir o tipo de mapa (Vrba e Zaporezec, 1994).
TIPO DE MAPA ESCALA PROPÓSITO (P) e CONTEÚDO (C) REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS
Geral 1:500 000 ou mais
(P) - Planejamento em geral, proteção de água subterrânea a nível nacional ou internacional, propostas de educação. (C) Não apresentam detalhes de locais
Mapa ou atlas compilados manualmente com notas explicativas
Esquemático 1:500 000 a 1:100 000
(P) Planejamento Regional, proteção de água subterrânea, estudo de contaminação. (C) Informações detalhadas necessitam de cartografia específica
Compilados manualmente ou mapas computadorizados ou atlas
Operacional 1: 100 000 a 1:25 000
(P) - Planejamento municipal e programas de proteção de água subterrânea. (C) Os mapas descrevem a vulnerabilidade da água subterrânea a contaminação e podem ser relacionados com contaminantes específicos. Trabalho de campo desejável
Mapa digital ou manualmente compilado; diagramas aumentam sua utilidade
Proposta específica 1:25 000 ou menos
(P) - Mapa específico para o local ou planejamento e proteção do poço. Problemas específico de vulnerabilidade. (C) Requer dados representativos, tipos específicos de investigação.
Mapa digital ou diagramas .
15
4.2 MÉTODOS DE ANÁLISES DE VULNERABILIDADE DE AQÜÍFEROS
Hirata (2000) descreve que a definição sobre vulnerabilidade da água
subterrânea a contaminação vem sendo discutida por vários autores de diferentes
países desde a década de 60. A idéia central é definir os graus de vulnerabilidade
em função das condições hidrogeológicas e informar por meio de mapas sobre os
perigos de contaminação de água subterrânea.
Para Vrba e Zaporezec (1994) a vulnerabilidade depende das propriedades
intrínsecas naturais da zona não saturada e zona saturadas e da habilidade ou
inabilidade deste sistema para conter os impactos humanos.
Foster e Hirata (1991) esclarecem que a expressão vulnerabilidade à
contaminação do aqüífero é usada para representar as características intrínsecas
que determinam as suscetibilidades de um aqüífero vir a ser afetado por uma carga
contaminante.
De acordo com as conclusões e recomendações da Conferência Internacional
sobre Vulnerabilidade dos Solos e Águas Subterrâneas aos Poluentes, realizada nos
Países Baixos em 1987, o termo vulnerabilidade foi definido como: “... a
sensibilidade da qualidade das águas subterrâneas a uma carga poluente,
função apenas das características intrínsecas do aqüífero”. Algumas áreas são
mais vulneráveis a contaminação do que outras independente do aqüífero ser usado
(Vrba e Zaporezec, 1994).
O conceito de vulnerabilidade natural é baseado na idéia de que o ambiente
físico é um protetor da água subterrânea. Os solos agem como filtros naturais e o
contaminante ou água superficial que infiltram no solo são naturalmente purificados
ou retidos pelos materiais existentes na zona não saturada. A capacidade de
atenuação ou purificação desses materiais consiste na integração de processos
físicos, químicos e biológicos e de parâmetros hidrogeológicos no sistema solo –
rocha- água subterrânea (Foster e Hirata, 1991).
Hirata e Rebouças (1999) descrevem os principais métodos para a
determinação da vulnerabilidade à poluição de aqüíferos. Neste contexto destacam-
se os métodos DRASTIC e GOD; ambas as siglas são formadas pelas iniciais em
inglês dos parâmetros exigidos em cada metodologia.
O Método DRASTIC foi desenvolvido pela Agência Ambiental Norte-
Americana EPA, para ser um sistema padronizado de avaliação da vulnerabilidade
16
de aqüíferos frente a eventos de poluição e que pudesse ser aplicado para a
realidade dos países desenvolvidos (Vrba e Zaporezec, 1994).
A metodologia GOD desenvolvida por Foster e Hirata para países da América
Latina utiliza informações disponíveis e que se encontram dispersas em vários
órgãos públicos, universidades, empresas privadas e outros (Foster e Hirata, 1991).
A sigla GOD é formada pelos seguintes parâmetros:
(G) Groundwater occurrence B C�DFE�G1G ência do lençol freático (livre, confinado,
semiconfinado)
(O) Overall lithology of the unsaturated zone H I$J K'LNM L�O�J PRQ�PTSULNV�PTW�P�Q�L�XUPZYcamadas confinantes
(D) Depth to the water table [ \^]'_�`1a�b�cNd cfe$c�ghc!_ji gNb$kF_Nil`1]�gfm�n1d o_
A metodologia proposta para avaliação da vulnerabilidade natural do aqüífero
engloba sucessivamente estes três fatores (Figura 4.6).
A primeira fase consiste na identificação do tipo de ocorrência da água
subterrânea, num intervalo de 0 - 1. A segunda fase trata da especificação dos tipos
litológicos acima da zona saturada no aqüífero, com a discriminação do grau de
consolidação (presença ou ausência de permeabilidade por fissuras) a das
características granulométricas a litológicas. Este fator é representado numa escala
de 0,4 - 1,0, além de um sufixo para os casos de tipos litológicos que apresentem
fissuras ou com baixa capacidade de atenuação de contaminantes. A terceira fase é
a estimativa da profundidade do nível da água (ou do teto de aqüífero confinado),
numa escala de 0,4 - 1,0. Esses índices são multiplicados entre si para produzir a
classificação final, que é então transformada em vulnerabilidade de aqüíferos,
variando entre extrema (por exemplo, aqüíferos livres, rasos e de litologia grosseira)
a baixa (aqüíferos confinados ou aqüíferos livres profundos com solos
impermeáveis) (Hirata, 1994).
17
Figura 4.1 – Sistema para avaliação do índice de vulnerabilidade do aqüífero – Método GOD (Foster e Hirata, 1991)
DADO DE ENTRADA OCORRÊNCIA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
AUSÊNCIA CONFINADO ARTESIANO CONFINADO SEMI-CONFINADO LIVRE (COBERTO) LIVRE
0 0 0,2 0,4 0,6 1,0
DADO DE ENTRADA LITOLOGIA E GRAU DE CONSOLIDAÇÃO DA ZONA VADOSA
Siltes aluviais Solos residuais Cascalhos e areias Cascalhos de Colúvio Sedimentos não consolidados
Argilitos folhelhos Siltitos Arenitos Calcários Rochas
porosas Rochas ígneas, metamórficas Lavas vulcânicas recentes Consolidados (rochas duras)
e rochas vulcânicas antigas
ROCHA FRATURADA
ROCHA MUITO FRATURADA
0,4 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
DADO DE ENTRADA PROFUNDIDADE DA ÁGUA
TERRÂNEA > 100 m 20 – 100 m 5 – 20 m < 5 m
0,4 0,5 0,7 0,9 – 1,0
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE DO AQÜÍFERO
NENHUM NEGLIGENCIÁVEL BAIXO MODERADO ALTO EXTREMO
0 0,1 02-0,3 0,4-0,5 0,6-0,7 0,8-1,0
18
Muitos dados não se encontram disponíveis ou são de difícil mensuração.
Se a seleção de parâmetros for baseada em dados disponíveis ou de fácil
definição, a lista se reduz de forma radical. A metodologia GOD tem sido capaz
de sintetizar as características básicas necessárias para uma avaliação primordial
sobre a vulnerabilidade.
O mapa de vulnerabilidade de aqüíferos pode ser usado em propostas de
planejamento municipal como primeiro passo a proteção da qualidade da água
subterrânea e prevenção do risco de contaminação.
No planejamento do uso e ocupação do solo pode estabelecer prioridades
de ação para a proteção do recurso subterrâneo baseado no reconhecimento de
áreas de maior susceptibilidade de contaminação dos aqüíferos (Hirata, 2000).
Em áreas urbanizadas e industrializadas ou com atividades agrícolas é
necessária a identificação de áreas ou atividades que apresentem maior risco à
poluição e integração deste dado com o mapa de vulnerabilidade. O risco será
maior em áreas que apresentem maior potencial de contaminação e que estão
localizadas em áreas altamente vulneráveis (Hirata, 2000).
O mapa contém informações objetivas e claras em relação aos recursos
vulneráveis e pode ser usado para educar planejadores, técnicos e até mesmo a
população sobre a proteção da qualidade da água subterrânea utilizada em
muitos lugares como única fonte de consumo.
Em diferentes regiões o método foi aplicado como auxilio na utilização
racional do recurso hídrico subterrâneo e como passo inicial na proteção dos
aqüíferos.
No município de Santa Izabel do Pará que apresenta uma população
estimada em 45.000 habitantes, os aqüíferos livres constituem a principal fonte de
abastecimento de água da população de baixa renda. O estudo sobre
vulnerabilidade apontou a necessidade de ações governamentais visando a
proteção da água subterrânea e, conseqüentemente, da saúde pública,
destacando-se a melhoria no sistema de abastecimento de água potável e
saneamento in situ, bem como na disposição de resíduos domésticos (Araújo et
al, 2002).
No Cariri, Estado do Ceará, o mapa de vulnerabilidade foi elaborado para
despertar o interesse dos administradores sobre a necessidade de proteção das
19
águas subterrâneas, um recurso de vital importância para o desenvolvimento da
região (Ribeiro e Veríssimo, 1995).
Ferreira (2000) identificou as áreas críticas em relação à vulnerabilidade
dos aqüíferos na região metropolitana de Campinas – SP. Esta metodologia foi
integrada para a determinação do risco de contaminação às cargas
potencialmente poluidoras.
Hirata (1994) aplicou a metodologia na elaboração do mapa de
vulnerabilidade para o Estado de São Paulo.
4.3 RISCO DE CONTAMINAÇÃO
A caracterização mais próxima da idéia de risco de contaminação de água
subterrânea consiste na associação e interação entre a vulnerabilidade natural do
aqüífero e a carga contaminante aplicada no solo ou em sub-superficie (Foster e
Hirata, 1991).
De acordo com este conceito, pode-se configurar uma situação de alta
vulnerabilidade, porém sem risco de contaminação, pela ausência de carga
poluidora significativa, ou vice-versa. A carga contaminante pode ser controlada
ou modificada; o mesmo não ocorre, com a vulnerabilidade natural, que é uma
propriedade intrínseca do aqüífero.
O gerenciamento do risco é o processo de avaliar e escolher, entre as
opções existentes, aquela que melhor convier à manutenção da saúde de uma
população, analisando fatores do meio físico, econômicos, sociais, políticos e
legais (Hirata, 2001).
4.3.1 INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR DO RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR
SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO
Foster e Hirata (1991) descrevem que, tendo em vista a complexidade dos
fatores que afetam o transporte de contaminantes nas águas subterrâneas e a
importância do estudo de risco de contaminação, seria necessário o detalhamento
das informações das atividades poluentes em um ambiente hidrogeológico.
O custo de investigações hidrogeológicas e hidroquímicas é relativamente
alto, mas é de suma importância a identificação do risco de contaminação para
priorizar as investigações de campo e os dados necessários para o planejamento
20
e execução de programas de proteção de aqüíferos. Torna-se necessário,
portanto, levantar dados em órgãos públicos, universidades, instituições de
pesquisas, empresas privadas, firmas de consultorias e internet.
Capucci, et al (2001) esclarecem que a avaliação do risco varia em função
do nível de abordagem do problema que se queira solucionar considerando-se
dois tipos de investigações: preliminar e detalhada.
Na investigação detalhada a avaliação é quantitativa, incluindo todos os
fatores que influem da definição do risco. Essa investigação é realizada para um
problema já existente.
Na investigação preliminar a avaliação varia de qualitativa até
semiqualitativa e corresponde aos estudos em caráter regional incluindo uma ou
mais fontes de risco, pois não envolve o detalhamento na avaliação do risco
encontrado.
Em áreas urbanas, a principal preocupação é a carga contaminante em
zonas residenciais sem esgotamento sanitário, com uso de tanques sépticos e
fossas negras, que inclui nutrientes e sais, bactérias, vírus e etc.
A Figura 4.1 ilustra uma situação de risco de contaminação por
saneamento em área com alta vulnerabilidade de aqüíferos.
Figura 4.1 – Esquema de determinação de área com risco de contaminação por
sistemas de esgoto sanitário através de estudo de vulnerabilidade de aqüíferos
(Hirata, 2000).
Hirata (1994) propõe um método para investigação preliminar do risco de
contaminação por sistemas de esgoto sanitário através da integração de dados de
Concentração
de usuários de
água de poço
Área com classe de
vulnerabilidade
extrema
Fonte de
contaminação
21
área coberta por rede de coleta de esgoto, densidade populacional e de
vulnerabilidade de aqüíferos.
O mapa preliminar do risco de contaminação é determinado através do
cruzamento do mapa de risco potencial com o mapa de vulnerabilidade de
aqüíferos.
Para a elaboração do mapa de risco potencial são considerados dois
parâmetros: área coberta por esgoto e densidade populacional.
Para o parâmetro área coberta por rede de coleta de esgoto são definidas
três classes: alta (áreas com mais de 75% de cobertura de coleta de esgoto),
parcial (áreas com 25% a 75% de cobertura de coleta de esgoto) e mínima (áreas
com menos de 25% de cobertura de coleta de esgoto).
Para o parâmetro densidade populacional são consideradas três classes:
baixa (menos de 100 habitantes por hectare), média (entre 100 e 200 habitantes
por hectare) e alta (mais de 200 habitantes por hectare).
A Tabela 4.2 apresenta integração dos fatores densidade populacional e
área coberta por rede de esgoto, definindo as áreas de risco potencial (Hirata,
1994).
Tabela 4.2 – Cruzamento dos parâmetros densidade populacional e área coberta
por rede de esgoto, definindo as áreas de risco potencial (Hirata, 1994).
Área coberta por rede de coleta de esgoto Densidade Populacional
(hab/ha) Alta (> 75%) Parcial (25 –75%) Mínima (<25%)
BAIXA (<100) BAIXA MODERADA MODERADA
MÉDIA (100-200) MODERADA MODERADA ALTA
ALTA (>200) MODERADA ALTA ALTA
O mapa de risco potencial poderá apresentar as três classificações para a
área de estudo: baixa (regiões com baixa densidade populacional e alta cobertura
de coleta de esgoto), moderada (regiões com baixa a alta densidade
populacional com variação de alta a mínima para o parâmetro área coberta de
coleta de esgoto) e alta (regiões com média e alta densidade populacional em
área com classe parcial a mínima para o parâmetro área coberta de coleta de
esgoto).
22
Costa (2003) define quatro regiões resultantes do cruzamento do mapa de
risco potencial com o mapa de vulnerabilidade do aqüífero (Tabela 4.3).
Tabela 4.3 - Cruzamento do Mapa de vulnerabilidade do aqüífero e o Mapa de
risco potencial de contaminação para a determinação do Mapa de Investigação
preliminar do risco de contaminação (Costa, 2003).
Mapa de vulnerabilidade do aqüífero Mapa de risco potencial
Baixa Moderada Alta Extrema
BAIXA I I II III
MODERADA I II III IV
ALTA II III IV IV
I - AUSÊNCIA DE RISCO IMINENTE
II – RISCOS DE PEQUENAS PROPORÇÕES
III– RISCOS DE PROPORÇÕES MÉDIAS
IV – RISCOS DE ELEVADAS PROPORÇÕES
Esta metodologia de investigação preliminar de risco proposta porHirata,
1994 tem sido adotada em várias cidades do Brasil como primeiro passo na
prevenção contaminação de aqüíferos.
Rosário (1999) utilizou esta metodologia na elaboração do Mapa de risco
de contaminação dos aqüíferos por postos de serviço e Mapa de risco de
contaminação dos aqüíferos por saneamento in situ na XXIV R. A. – Barra da
Tijuca.
Costa (2003) aplicou a metodologia no município de Belo Horizonte para
avaliação do risco de contaminação de água subterrânea de seis tipos de
atividades poluentes: postos de combustíveis, cemitérios, indústrias, aterro
sanitário, hospitais e esgotos.
Ferreira (2000) aplicou a metodologia na região metropolitana de Campinas
– SP elaborando o mapa de risco de poluição das águas subterrâneas por
23
atividades industriais, área de disposição de resíduos sólidos domiciliares, área
de mineração, lagos de efluentes domiciliares e saneamento.
4.4 GEOPROCESSAMENTO
A coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos
minerais, propriedades, animais e plantas sempre foi uma parte importante das
atividades das sociedades organizadas. No passado, entretanto, isto era feito
apenas em documentos e mapas em papel; impedindo uma análise que
combinasse diversos mapas e dados. Com o desenvolvimento da tecnologia de
Informática, tornou-se possível armazenar e representar tais informações em
ambiente computacional, abrindo espaço para o aparecimento do
Geoprocessamento (Câmara e Medeiros, 1998).
Nesse contexto, o termo Geoprocessamento denota a disciplina do
conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira
crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes,
Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional, dentre outros.
O geoprocessamento integrando o sensoriamento remoto e os sistemas de
informações geográficas correspondem à utilização de tecnologia e conhecimento
avançado, tornando-se ferramenta essencial que permite a realização de
atividades de planejamento e gestão de recursos nas mais diversas áreas do
conhecimento humano.
Segundo Nabil e Néstor(2000) as etapas para a solução de um projeto
utilizando as técnicas do geoprocessamento consistem em:
Estabelecer o objeto do estudo;
Selecionar a base cartográfica e a (s) imagem (s) utilizada (s) como apoio;
Georreferenciamento e processamento da imagem; p Projetar o sistema de informações geográficas definindo-se os planos de
informação, atributos e o banco de dados para o manejo de todos esses
dados; q Manipulação dos dados no SIG; q Editar os planos de informação e analisar os resultados.
24
4.4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
O conceito de Sistema de Informação Geográfica foi desenvolvido nos
anos 60, e já naquela época mostrava a preocupação em mapear os recursos
naturais, bem como analisar o meio ambiente como um todo. O
O SIG é o resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento combinando
os avanços da cartografia automatizada, dos sistemas de manipulação de banco
de dados, captura de dados por meio de mesas digitalizadoras e scanners,
captura de dados por sensores remotos e satélites de posicionamento GPS, bem
como o desenvolvimento metodológico de análise geográfica, produzindo distintos
conjuntos de procedimento analíticos, auxiliando no gerenciamento e atualização
constantes (Alves, 2000).
Os SIGs são compostos: pelo usuário, o sistema propriamente dito, o
banco de dados e o mundo real. O usuário utiliza a tecnologia da informação para
dar suporte a análises. O sistema é a ferramenta que permite a entrada, a análise
e a manipulação de dados, bem como a exibição e a geração de produtos
(mapas, listas, relatórios). O banco de dados registra, organiza e mantém a
informação. O mundo real são todos os objetos geográficos da superfície ou sub-
superficie da Terra representados através de sua posição e de seus atributos
associados. Podem utilizar dados gráficos (mapas, cartas, imagens de satélite,
etc.) e dados não gráficos (tabelas, listagens, etc.) (Câmara e Davis, 1998).
Nesta visão, os estudos de mapeamento temático visam a caracterizar e
entender a organização do espaço, como base para o estabelecimento de ações
e estudos futuros. Exemplos seriam levantamentos temáticos (como geologia,
geomorfologia, solos, cobertura vegetal).
De acordo com Vrba e Zaporezec (1994), na análise de vulnerabilidade da
água subterrânea o SIG: r
Permite que diversos layers de dados envolvidos na análise de
vulnerabilidade possam ser integrados; r
Fornece ferramentas para organizar, relacionar dados espaciais e
exibir graficamente estas relações; r
Dá suporte à análise de modelagem de relações físicas e espaciais
de variáveis e parâmetros ambientais; r
Exibe o resultado das análises de vulnerabilidade da água
subterrânea na forma de mapas e tabelas.
25
Dentre os softwares destaca-se o ARCVIEW que foi criado pela empresa
americana ESRI (Environmental Systems Research Institute, Inc.) no início da
década de 90 e que permite, dentre outros: s
Utilização de várias projeções cartográficas definidas no momento da
apresentação dos dados em tela, sem a necessidade de transformações
físicas nos dados originais; s
Edição de dados tabulares, possibilitando a inclusão de novos itens nas
tabelas alfanuméricas, a exclusão de itens existentes e a alteração dos valores
armazenados; s
Geração de mapas de alta qualidade; s
Digitalização de dados vetoriais na tela ou através de mesa digitalizadora; s
Geração de análises espaciais com dados vetoriais e raster;
4.4.2 SENSORIAMENTO REMOTO
O termo sensoriamento remoto pode ser definido como todos os métodos e
técnicas que empregam a energia eletromagnética como meio de detectar e medir
características dos alvos ou fenômeno da superfície terrestre sem que haja
contato físico (Alves, 2000).
Dentre os principais satélites cujos dados são recebidos no Brasil,
destacam-se as séries LANDSAT e SPOT, o NOAA (National Oceanic and
Atmospheric Administration), o METEOSAT (Meteorological Satellite), o ERS
(European Remote Sensing Satellite), e mais recentemente o Ikonos II. A China e
o Brasil lançaram em 1999 o satélite CBERS (Chinese Brazilian Earth Resources
Satellite).
A interpretação visual dos dados de Sensoriamento Remoto sob a forma
digital (imagens orbitais) busca a identificação das feições impressas nessas
imagens e a determinação de seu significado. Consiste em um processo para a
obtenção de mapas temáticos através da utilização de dados em Sensoriamento
Remoto sendo de extrema importância os trabalhos de campo para auxiliar na
correção, aperfeiçoamento e validação do mapa obtido da interpretação visual.
A importância do Sensoriamento Remoto para o Geoprocessamento está
no fato que este consiste atualmente na maior fonte de dados para os SIGs
sobretudo em países carentes de informações cartográficas atualizadas.
26
A aquisição dos produtos de sensoriamento remoto no formato digital faz
com que a imagem possa ser colocada na forma de uma matriz (formato raster);
sendo representada em termos de valores de níveis de cinza. Para imagens TM
do L5, a matriz é formada por quadrículas de 30x30m, chamados de pixel (Alves,
2000).
Para o processamento digital da imagem são utilizadas técnicas de pré-
processamento, técnicas de realce dentre outras. No desenvolvimento do trabalho
utilizaram-se as técnicas de pré-processamento (correção geométrica) e realce
(manipulação de contraste e composições coloridas).
A Correção Geométrica é uma das técnicas de pré-processamento
utilizadas para melhorar a qualidade das imagens e georreferenciar a base
cartográfica. Sua função é reorganizar os “pixels” da imagem em relação a
determinado sistema de projeção cartográfica. Para tal correção são necessários
pontos de controle no terreno, identificados na base cartográficos e na cena a ser
corrigida geometricamente. Os pontos são localizados nas imagens por suas
coordenadas x,y e, na base, por suas coordenadas geográficas (latitude,
longitude)
Existem vários tipos de técnicas de realce dentre elas estão as técnicas
de realce a manipulação de contraste e a composição colorida RGB.
• Manipulação de contraste - visa facilitar a discriminação visual de
características da cena com baixo contraste. Uma imagem de satélite na forma
como é adquirida pelo sensor aparece aos olhos humanos com baixo contraste
entre as feições registradas.
• Composições coloridas RGB
Composição colorida é a forma mais tradicional de se combinar 3 bandas
espectrais de satélite. Usando-se as cores primarias (vermelho, verde e azul) ou
secundárias (cyan, magenta e amarelo) é possível se obter todas as tonalidades
de cores.
Dentre os softwares destaca-se o SPRING que é um produto
desenvolvido com tecnologia totalmente nacional, feito pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais - INPE, em São José dos Campos/SP. Nesse programa é
possível realizar as técnicas de processamento digital de imagens de satélite.
27
4.4.3 GPS
GPS é a sigla que identifica o GLOBAL POSITIONING SYSTEM, um
sistema norte americano que utiliza 24 satélites ao redor da Terra para determinar
qualquer posição geográfica no planeta utilizando receptores especiais (Gjorup e
Filho,1998).
Os estudos iniciais para o desenvolvimento do sistema GPS datam de
1973. O GPS foi projetado de forma que em qualquer lugar do globo e a qualquer
momento existam pelo menos quatro satélites acima do plano do horizonte do
observador. O sistema subdivide-se em três segmentos: espacial, de controle e
do usuário.
Existem dois métodos de posicionamento em GPS que são: t
Posicionamento por ponto t
Posicionamento Relativo
O posicionamento por ponto utiliza um único receptor para a realização das
medições e somente satélites como referência. É realizado por meio das
distâncias entre o satélite e o receptor que são deduzidos a partir do tempo da
transmissão e do tempo de recepção (Gjorup e Filho,1998).
A precisão conseguida com o uso do método de posicionamento por
ponto depende do tipo de receptor utilizado e principalmente dos erros de
atmosfera, dos relógios e de recepção.
O posicionamento Relativo ou diferencial (DGPS) envolve a utilização de,
pelo menos, dois receptores, em que um fica estacionado em uma coordenada
conhecida e o outro se “move” ao redor deste, possibilitando a determinação das
coordenadas de interesse.
28
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Para se atingir os objetivos do trabalho foi necessário desenvolver
primeiramente a metodologia GOD proposta por Foster e Hirata (1991) para
elaborar o mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres e, em seguida a
metodologia proposta por Hirata (1994) para elaborar o mapa preliminar do risco
de contaminação por sistema de esgoto sanitário.
5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS
Iniciou-se a pesquisa através do levantamento de dados em universidades
(UENF, UFRJ e Universidade de São Paulo USP), órgãos públicos (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Centro de Informações de Dados do
Rio de Janeiro – CIDE, CPRM, DRM-RJ e Prefeitura Municipal de Campos dos
Goytacazes), empresas privadas (Águas do Paraíba e Fundação Norte
Fluminense de Desenvolvimento Regional - FUNDENOR), anais de Congressos e
na Internet.
5.2 LEVANTAMENTO DE CAMPO
O levantamento de campo ocorreu no período de 09/06/2003 a 12/09/2003.
Tendo em vista que o estudo se deu para aqüíferos livres o cadastro de poços
rasos foi realizado em núcleos urbanos e em algumas fazendas.
O planejamento das atividades de campo foi definido para os povoados,
vilas e cidades que se encontravam na base cartográfica. Essa estratégia foi
necessária para que ainda em campo fosse possível espacializar os pontos no
mapa (escala 1:50.000).
29
Elaborou-se uma ficha para o cadastro dos poços onde se identificaram
dados sobre: o usuário (nome, endereço e telefone), o poço (ano de construção,
profundidade, nível d’água e localização geográfica), fossa, pH, temperatura,
condutividade, análise bacteriológica da água e informações locais.
Utilizaram-se os seguintes instrumentos: u
Medidor de nível d’água desenvolvido no Laboratório de Engenharia
Civil - LECIV; u
Trena; u
GPS Geo explore 3 (TRIMBLE);
Os moradores foram os principais informantes sobre a situação do
abastecimento subterrâneo e as condições de saneamento básico.
5.3 ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS
Utilizou-se o SIG, Sensoriamento Remoto e GPS através dos softwares Arc
View 3.2a, SPRING 3.6 e GEO Explore 3 respectivamente, e softwares AutoCAD
2000 e Excel como apoio na elaboração dos mapas.
Através do SIG realizaram-se as seguintes operações: criação de banco de
dados, digitalização de dados vetoriais, edição de polígonos, geração dos mapas,
cruzamento de mapas, integração de arquivos de outros softwares como
AutoCAD e Excel.
As técnicas de Sensoriamento Remoto foram empregadas para o realce,
georreferenciamento e interpretação da imagem de satélite utilizada na
elaboração do mapa de uso do solo e no mapa de densidade populacional; e o
GPS foi necessário no levantamento de campo para localização geográfica dos
poços e pontos duvidosos sobre o uso e ocupação do solo.
A conversão da extensão dos polígonos para (shp) no Arc view 3.2a
permitiu a realização de operações como: cruzamento, união e manipulação de
banco de dados.
Os mapas são oriundos de diferentes bases cartográficas, por isso foi
preciso transformá-los no SIG em uma única base cartográfica.
Por fim realizou-se a edição de polígonos e a apresentação de cada mapa
com sua própria legenda, coordenadas, escala, base cartográfica e projeção.
30
A elaboração dos mapas ocorreu em três etapas:
1º Etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados como apoio no
desenvolvimento do trabalho;
2º Etapa – Elaboração de mapas temáticos utilizados na análise da
vulnerabilidade de aqüíferos livres;
3º Etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados para investigação
preliminar do risco.
A Tabela 5.1 apresenta as bases cartográficas utilizadas na elaboração de
cada mapa.
31
Tabela 5.1– Bases cartográficas utilizadas na elaboração dos mapas temáticos
MAPA BASE CARTOGRÁFICA ESCALA
(1) Ocorrência da água subterrânea Mapa de Potencial de Exploração de Argilas do município de Campos dos Goytacazes/RJ 1:25.000
(2) Litologia - DRM Cartas Geológicas elaboradas pelo DRM (Campos, Mussurepe, Farol de São Tomé, São João da Barra,
São Fidélis e Dores de Macabu) 1:50.000
(3) Litologia – PROJIR Mapa de Potencial de Exploração de Argilas do município de Campos dos Goytacazes/RJ 1:25.000
(4) Litologia RESULTADO DO CRUZAMENTO DOS MAPAS (2) e (3) 1:50.000
(5) Profundidade da água
subterrânea
CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) Interpretado pela Imagem de Satélite LANDSAT TM 7
órbita: 216 ponto: 75 - 14/03/2003 1:100.000
(6) Vulnerabilidade dos aqüíferos
livres RESULTADO DO CRUZAMENTO DOS MAPAS (1) , (4) e (5) 1:50.000
(7) Uso do solo CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) Atualizado pela Imagem de Satélite LANDSAT TM 7
órbita: 216 ponto: 75 – 14/03/2003 1:100.000
(8) Distritos CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) 1:50.000
(9) Espacialização CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) 1:100.000
(10) Saneamento CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) 1:100.000
(11) Densidade Populacional CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) Interpretado pela Imagem de Satélite LANDSAT TM 7
órbita: 216 ponto: 75 - 14/03/2003 1:50.000
(12) Risco Potencial RESULTADO DO CRUZAMENTO DOS MAPAS (10) e (11) 1:50.000
(13) Risco de contaminação RESULTADO DO CRUZAMENTO DOS MAPAS (6) e (12) 1:50.000
(14) Análises Bacteriológicas CIDE ( SF.24-V-C-V, SF.25-Y-A/A1 e SF.25-G-III) 1:100.000
32
1º etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados como apoio no
desenvolvimento do trabalho
Nesta etapa foram criados 3 mapas temáticos: v Mapa de uso do solo w Mapa dos distritos de Campos w Mapa de espacialização dos poços visitados
w Elaboração do mapa de uso do solo
No início da elaboração desse mapa utilizou-se uma imagem de satélite
LANDSAT TM 5 de 20/06/2000. Nesta época a região é caracterizada por apresentar
uma grande área de solo exposto confundindo com isso, a interpretação visual dos
dados referentes aos núcleos urbanos e atividades agrícolas. Em função disso
utilizou-se a imagem de satélite LANDSAT TM 7 de 14/03/2002 que apresenta uma
definição mais nítida dessas categorias.
w Elaboração do mapa dos distritos
Obteve-se no IBGE em Campos a delimitação dos distritos que cobrem a área
de estudo em formato analógico. Utilizou-se de recursos da cartografia para definir
os pontos limítrofes de cada distrito.
Através dos recursos do SIG os dados foram convertidos para o formato
digital e classificados. O resultado desta etapa foi o Mapa dos distritos de Campos.
w Elaboração do mapa de espacialização dos poços visitados
Os dados dos poços foram digitados em planilha do Excel (dbf) e adicionados
ao plano de informação da área de estudo no SIG.
33
2º etapa - Elaboração dos mapas temáticos utilizados na análise da
vulnerabilidade de aqüíferos livres
Para o desenvolvimento desta etapa foi necessária a criação de 6 mapas
temáticos: x Mapa de Ocorrência da água subterrânea; x Mapa de litologia da zona não saturada – DRM; x Mapa de litologia da zona não saturada – PROJIR; x Mapa de litologia da zona não saturada; x Mapa de profundidade do lençol freático; x Mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres.
x Elaboração do mapa de ocorrência da água subterrânea
Durante o levantamento de dados verificou-se que os estudos hidrogeológicos
existentes elaborados por empresas como a CPRM foram realizados para aqüíferos
profundos e aqüíferos livres pelo Projeto de Irrigação e Drenagem da Cana-de-
açúcar na Região Norte-Fluminense - PROJIR. Não existiam dados qualitativos para
analisar os aqüíferos profundos, por isso direcionou-se o trabalho para aqüíferos
livres elegendo para área de estudo aquela que tivesse dados disponíveis para se
desenvolver a metodologia.
x Elaboração do mapa de litologia da zona não saturada
Esse mapa foi elaborado a partir da integração de dados de duas bases
cartográficas diferentes: Cartas geológicas do DRM - RJ e o Mapa de Potencial de
Exploração de Argilas no Município de Campos.
O DRM - RJ engloba a ocorrência de areias, siltes e argilas em uma unidade
litológica (QP). Verificou-se que embora este dado seja qualitativo em escala
1:50.000 esta legenda impediria a definição dos índices GOD para elaboração do
mapa de litologia da área de estudo. Em função disso que se realizou a integração
desse mapa com o Mapa de Potencial de Exploração de Argilas no Município de
Campos elaborado por Ramos (2000).
Ramos (2000) elaborou o mapa em escala 1:25.000 e utilizou dados de 594
pontos de sondagens realizadas pelo PROJIR assim distribuídas: 549 pontos de
sondagens e 45 pontos por meio de GPS. Baseando-se nos ensaios de
34
granulometria por peneiramento, sedimentação e limite de Atterberg, definindo três
litologias diferentes: areia, argila pouco siltosa e argila siltosa.
y Elaboração do mapa de profundidade da água subterrânea
De acordo com os dados de nível d’água, coordenadas obtidas no
levantamento de campo e interpretação da imagem de satélite definiu-se os planos
de informações sobre a profundidade da água subterrânea.
y Elaboração do mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres
Na criação do banco de dados de cada mapa temático: ocorrência água da
subterrânea, litologia da zona não saturada e profundidade da água subterrânea
estabeleceu-se os índices GOD conforme metodologia.
Utilizando-se dos recursos do SIG para o cruzamento desses três mapas. O
plano de informação resultante desse cruzamento foi reclassificado para se obter as
classes de vulnerabilidade de acordo com a metodologia GOD.
3º etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados na investigação
preliminar do risco.
Nesta etapa foram elaborados 5 mapas temáticos: y Mapa de área coberta por rede de esgoto a céu aberto; y Mapa de densidade populacional; y Mapa de risco potencial; y Mapa preliminar do risco de contaminação por esgoto à céu aberto; y Mapa de análises bacteriológicas dos poços visitados.
y Elaboração do mapa de área coberta por rede de esgoto a céu aberto
Por meio de comunicação pessoal com o engenheiro da EMHAB o
saneamento em Campos é caracterizado por apresentar áreas com rede de esgoto e
áreas sem rede esgoto.
Essas áreas foram identificadas na base cartográfica do CIDE e através dos
recursos do SIG elaborou-se este mapa.
35
z Elaboração do mapa de densidade populacional
Obteve-se no IBGE em Campos as informações específicas sobre as
populações urbanas e rurais residentes nos distritos.
Não se obteve informação sobre a densidade populacional dos distritos.
Utilizou-se, portanto das técnicas do Sensoriamento Remoto para interpretar a
imagem de satélite LANDSAT TM 7 órbita: 216 ponto: 75 de 14/03/2002 e criar os
planos de informações sobre núcleos urbanos.
Conhecendo-se as áreas e a quantidade de habitantes dos núcleos urbanos
dos distritos foi possível determinar a densidade populacional e classificá-la de
acordo com a metodologia proposta por Hirata (1994).
Para as áreas rurais não foi possível identificar na imagem os núcleos
populacionais.
z Elaboração do mapa de risco potencial
De acordo com a metodologia proposta no capítulo 4, o mapa de risco
potencial é o resultado do cruzamento do mapa de densidade populacional com o
mapa de saneamento.
Através dos recursos do SIG os mapas de densidade populacional e
saneamento foram cruzados gerando um plano de informação que foi reclassificado
conforme a metodologia proposta por (1994).
z Elaboração do mapa de risco de contaminação por esgoto à céu aberto
O mapa de risco de contaminação por esgotamento sanitário é o resultado do
cruzamento do mapa de risco potencial com o mapa de vulnerabilidade de aqüíferos
livres.
O cruzamento foi realizado através dos recursos do SIG e, os polígonos
encontrados foram reclassificados de acordo com a metodologia descrita no capítulo
4.
36
{ Mapa de análises bacteriológicas
Das 50 análises bacteriológicas dos poços visitados 12 foram obtidas com a
FUNDENOR/CCZ e 38 com dados de um trabalho intitulado “Microbiologia das
águas subterrâneas do município de Campos dos Goytacazes – estudo de
coliformes”, em desenvolvimento no Laboratório de Engenharia Civil da UENF com
apoio da FENORTE/TECNORTE e do Laboratório de Tecnologia de Alimentos
também da UENF.
Ambos realizaram a Contagem de Coliformes Totais, Coliformes Fecais e
Escherichia coli pelo método do Número Mais Provável (NMP) e compararam os
resultados com as exigências da Portaria 1469/MS.
Através dos recursos do SIG estes dados foram cruzados com o mapa de
risco de contaminação.
37
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os mapas elaborados permitiram que a análise fosse realizada por distritos.
Com os dados levantados foi possível criar os bancos de dados e elaborar os mapas
temáticos.
A Figura 6.1 apresenta os distritos que se encontram à margem direita do Rio
Paraíba do Sul. Esse mapa foi elaborado a partir de um mapa analógico existente no
IBGE de Campos. A área de estudo foi cruzada a este mapa resultando no mapa da
Figura 6.2.
Este capítulo apresenta como resultado um diagnóstico da situação de
saneamento básico dos poços visitados e uma discussão sobre as legendas dos
mapas temáticos.
Figura 6.1 – Mapa dos distritos de Campos localizados à margem direita do
Rio Paraíba do Sul
Base cartográfica: CIDE
PROJEÇÃO UTM
SAD 69
38
Figura 6.2 – Mapa dos distritos localizados na área de estudo.
6.1 DIAGNÓSTICO SOBRE AS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO DOS
POÇOS VISITADOS POR DISTRITOS.
As informações obtidas foram espacializadas por distritos permitindo uma
melhor visualização dos dados levantados sobre a profundidade do lençol freático,
as condições de proteção dos poços e o esgotamento sanitário.
A maioria dos poços visitados encontra-se em profundidade de água
subterrânea inferior a 5 metros e, as condições de saneamento básico são precárias
levando a população às conseqüências do consumo de água não tratada.
• CAMPOS DOS GOYTACAZES
O distrito de Campos dos Goytacazes compreende o centro urbano de
Campos e bairros espalhados na área rural. Em todo o distrito a água subterrânea é
inferior a 5 metros e os sistemas de esgotamento sanitário são diferenciados. As
fossas negras existem em todo o distrito e no centro existem redes coletoras, sem o
tratamento do esgoto.
O centro de Campos tem o abastecimento de água realizado pela empresa
Águas do Paraíba e o poço cacimba é uma fonte alternativa de consumo de água
Base cartográfica: CIDE
PROJEÇÃO UTM
SAD 69
39
utilizada na maioria das vezes para lavar calçadas, carros e jardins. Em Cantagalo e
Carvão, bairros localizados na área rural do distrito de Campos, o poço é a única
fonte de abastecimento.
O rompimento de um reservatório da Indústria Cataguazes de Papel, em
Cataguazes, na Zona da Mata de Minas Gerais, em abril de 2003, causou o
vazamento de mais de 20 milhões de litros de soda cáustica, chumbo e outros
produtos químicos usados na fabricação de papel. Esse líquido foi derramado no rio
Pomba, que corta o norte e o noroeste do Estado do Rio e deságua no rio Paraíba
do Sul.
A Figura 6.3 apresenta a mancha espalhada no Rio Paraíba do Sul atingindo
plantações localizadas próximo às suas margens.
Figura 6.3 – Mancha espalhada no Rio Paraíba do Sul devido ao acidente ecológico
em abril de 2003.
Esse acidente provocou um aumento acentuado na exploração por captação
por poços rasos, principalmente por parte da população do centro de Campos.
A Figura 6.4 apresenta exemplos de poços rasos encontrados neste distrito
e a Figura 6.5 apresenta a localização das fossas negras em bairros da periferia de
Campos.
40
Figura 6.5 – Fossa negra localizada na frente da casa – Parque Real
Figura 6.4 - Poço raso localizado no bairro Carvão e no centro de
Campos, respectivamente.
41
• MUSSUREPE
No distrito de Mussurepe a população consome água de poços rasos
localizados em cada residência. Os bairros visitados foram: Baixa Grande,
Coqueiros, Saturnino Braga, Mineiro e Pau Amarelo.
A água é amarela e “gordurosa” levando a população a utilizar recursos
como: caixa com areia, carvão e brita; e cisterna, para “filtra-la”. Em algumas casas
verificou-se o tratamento da água com cloro (Figura 6.6).
A coleta de esgoto se dá por fossas negras e em todos os pontos
encontram-se próximas dos poços.
Figura 6.6 – Caixas com areia, carvão e brita - Coqueiros.
• SÃO SEBASTIÃO
A população residente na sede do distrito de São Sebastião recebe água de
um poço profundo monitorado pela empresa Águas do Paraíba. O poço raso é uma
fonte alternativa de consumo de água.
Nos bairros de Poço Gordo, Olhos D’água, Campo limpo, Campo Novo, Vila
Nova, Usina Cambaíba, e Saquarema Grande localizados na área rural do distrito, o
poço raso é a única fonte de abastecimento e a fossa normalmente é na frente das
casas próxima aos poços.
42
A Figura 6.7 apresenta uma residência onde o poço cacimba encontra-se
próximo ao despejo do esgoto.
Figura 6.7 – Ambiente contendo poço cacimba próximo do despejo do
esgoto – Olhos D’água
• SANTO AMARO
A população residente na sede de Santo Amaro recebe água de um poço
profundo monitorado pela empresa Águas do Paraíba. Identificaram-se poços rasos
nos bairros Pitangueiras e Correnteza. A profundidade de água subterrânea é
inferior a 5 metros
Em Pitangueiras o poço visitado encontrava-se a céu aberto sem qualquer
proteção e não existia fossa séptica nem rede coletora de esgoto (Figura 6.8).
Em Correnteza existem poços tipo cacimba e as fossas encontravam-se na
frente das casas, próxima aos poços rasos. A profundidade da água subterrânea é
inferior a 5 metros.
43
Figura 6.8 – Poço raso localizado no bairro Pitangueiras
• TOCOS
A população residente na sede de Tocos recebe água da empresa Águas
dos Paraíba. Os bairros visitados foram: Marcelo, Alta Areia e Caxias.
No primeiro a população utiliza a água de chuva como fonte alternativa para lavar
roupa. A coleta de esgoto se dá por fossas negras e em todos os pontos visitados
encontram-se construídas perto dos poços (Figura 6.9).
Figura 6.9 – Captação de água de chuva em Marcelo
44
• IBITIOCA
A população do distrito de Ibitioca recebe água da empresa Águas dos
Paraíba. A profundidade da água subterrânea em alguns lugares é superior a 5
metros.
• DORES DE MACABU
A população do distrito de Dores de Macabu consome água de poços.
Identificou-se nos bairros de Ponta da Lama, Guriri e Quilombo poços com
profundidade da água subterrânea entre 5 e 15 metros (Figuras 6.10).
Figura 6.10 – Poço localizado em Quilombo.
6.2 - MAPAS TEMÁTICOS
Como os dados encontravam-se sobre diferentes bases cartográficas, foi
necessária a transformação dessas informações para uma mesma base e um
sistema de referência apropriado.
A elaboração dos mapas ocorreu em três etapas:
1º Etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados como apoio no
desenvolvimento do trabalho;
2º Etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados na análise da vulnerabilidade
de aqüíferos livres;
3º Etapa – Elaboração dos mapas temáticos utilizados na investigação preliminar do
risco.
45
1º ETAPA – Mapas temáticos utilizados como apoio no desenvolvimento do
trabalho
Esses mapas foram elaborados como apoio e permitiram agilidade na
análise dos dados levantados
Nesta etapa foram criados os mapas temáticos:
- Mapa de uso do solo
- Mapa de espacialização dos poços visitados
MAPA DE USO DO SOLO
A elaboração desse mapa foi necessária para se conhecer o potencial de
uso e ocupação do solo.
A vegetação original na área de estudo encontra-se profundamente
modificada pela ação antrópica, através da exploração agrícola e pecuária.
A maior parte da área é caracterizada por apresentar atividade agrícola:
atividades agrícolas e pastoreio. A escala de trabalho não é de detalhamento, por
isso esse mapa não define a delimitação exata destas atividades. Sabe-se, através
do levantamento de campo, que as fazendas produzem em grande quantidade cana-
de-açúcar, abacaxi e maracujá dentre outros. A interpretação da imagem de satélite
propiciou a elaboração das categorias núcleo urbano e atividades agrícolas (Figura
6.11).
47
MAPA DE ESPACIALIZAÇÃO DOS POÇOS VISITADOS
A espacialização dos poços visitados foi necessária para orientação das
atividades de campo permitindo com isso, que a maior parte dos núcleos urbanos
existentes na área de estudo fosse levantada (Figura 6.12).
Foram visitados 50 poços. Em alguns bairros visitou-se mais de um poço
devido a disponibilidade de informação ali existente.
Figura 6.12 - Mapa de espacialização dos poços visitados
48
2º ETAPA - Mapas temáticos utilizados na análise da vulnerabilidade de
aqüíferos livres
Nesta etapa são apresentados os mapas e os seus respectivos índices GOD
definidos na metodologia, bem como as discussões sobre as legendas
apresentadas. Foram elaborados os seguintes mapas:
- Mapa de Ocorrência da água subterrânea;
- Mapa de litologia da zona não saturada – DRM;
- Mapa de litologia da zona não saturada – PROJIR;
- Mapa de litologia da zona não saturada;
- Mapa de profundidade da água subterrânea;
- Mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres.
MAPA DE OCORRÊNCIA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
O estudo foi direcionado para aqüíferos livres e de acordo a metodologia
receberam índice GOD igual a um (Figura 6.13).
Figura 6.13 – Mapa de Ocorrência da água subterrânea
49
MAPA DE LITOLOGIA DA ZONA NÃO SATURADA
Para a elaboração deste mapa considerou-se a integração de dois tipos de
dados:
- Cartas geológicas elaboradas pelo DRM - RJ;
- Mapa de potencial de exploração de argilas no município de Campos.
Com os dados das cartas geológicas do DRM – RJ elaborou-se no SIG o
mapa de litologia da zona não saturada – DRM (Figura 6.14):
Figura 6.14 – Mapa de litologia elaborado com dados do DRM
Com os dados do Mapa de potencial de exploração de argilas no município
de Campos elaborou-se no SIG o mapa de litologia da zona não saturada – PROJIR
(Figura 6.15).
O cruzamento destes dois mapas permitiu definir o mapa de litologia da zona
não saturada para a área de estudo compreendendo: solo residual, argilas da
planície de inundação, areias quartzosas, argilas e depósitos de turfa, areias, argila
siltosa, argila com pouco silte e sedimentos da formação barreiras. (Figura 6.16).
50
Figura 6.15 - Mapa de litologia elaborado com dados do PROJIR
Figura 6.16 - Mapa de litologia da zona não saturada
51
A Tabela 6.1 apresenta a legenda desse mapa e os seus respectivos índices GOD
para a área de estudo.
Tabela 6.1 - Índice GOD para o parâmetro litologia da zona não saturada
Litologia ÍNDICE GOD
Argilas da planície de inundação (Qa) 0,4
Areias Quartzosas (Qc) 0,9
Argilas e depósitos de turfa (QI) 0,6
Areia (Qp1) 0,9
Argila siltosa (Qp2) 0,6
Argila com pouco silte (Qp3) 0,4
Sedimentos da formação barreiras 0,5
Solo residual 0,6
As argilas da planície de inundação e as argilas com pouco silte receberam
os menores índices (0,4). São materiais pouco permeáveis e por isso receberam
índice baixo.
Os sedimentos da formação barreiras, o solo residual e as argilas do
depósito de turfa receberam índice 0,5 e 0,6. São meterias argilosos e se encontram
espalhados nas extremidades da área de estudo.
As areias quartzosas e as areais receberam os maiores índices 0,9. São
materiais mais permeáveis.
52
MAPA DE PROFUNDIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
Identificaram-se dois grupos de profundidades: menores que 5 metros e
entre 5 e 15 metros (Figura 6.17).
Figura 6.17 – Mapa de profundidade da água subterrânea
Na maior parte da área, caracterizada por topografia plana e com grande
quantidade de poços rasos foi possível identificar a profundidade da água
subterrânea menor que 5 metros.
As áreas que apresentaram profundidades entre 5 e 15 metros são
caracterizados por apresentarem topografia relativamente ondulada (pequenos
morros), localizadas na parte sudoeste da área de estudo.
Para estas áreas definiram-se dois índices GOD: 0,9 e 0,7 de acordo com a
metodologia (Tabela 6.2).
53
Tabela 6.2 - índice GOD para o parâmetro profundidade do lençol freático
Profundidade da água subterrânea Índice GOD
Profundidade menor que 5 metros 0.9
Profundidade entre 5 e 15 metros 0.7
MAPA DE VULNERABILIDADE DOS AQÜÍFEROS LIVRES
O índice de vulnerabilidade GOD foi obtido através da multiplicação dos
índices de cada parâmetro que apresentavam a mesma posição geográfica. Nas
Tabelas 6.3 e 6.4 encontram-se os índices parciais da vulnerabilidade GOD.
Tabela 6.3 - Índice parcial GOD através da multiplicação dos índices de Ocorrência
da água subterrânea e Litologia da zona não saturada
Ocorrência da água
subterrânea
Litologia da Zona não saturada Índice parcial 1
Aqüífero livre (1) Argilas da planície de inundação (0,4) 0,4
Aqüífero livre (1) Areias Quartzosas (0,9) 0,9
Aqüífero livre (1) Argilas e depósitos de turfa (0,6) 0,6
Aqüífero livre (1) Areia (0,9) 0,9
Aqüífero livre (1) Argila siltosa (0,6) 0,6
Aqüífero livre (1) Argila com pouco silte (0,4) 0,4
Aqüífero livre (1) Sedimentos da formação barreiras (0,5) 0,5
Aqüífero livre (1) Solo residual (0,6) 0,6
54
Tabela 6.4 - Índice de vulnerabilidade GOD obtido através da multiplicação do índice
parcial 1 com os índices 2 do parâmetro profundidade da água subterrânea
Índice parcial 1 Índice Parcial 2
Prof. menores que 5 metros (0,9)
Índice Parcial 2
Prof. Entre 5 e 15 metros (0,7)
0,4 0,36 0,28
0,9 0,81 0,63
0,6 0,54 0,42
0,9 0,81 0,54
0,6 0,54 0,49
0,4 0,36 0,28
0,5 0,45 0,35
0,6 0,54 0,42
A Tabela 6.5 apresenta a variação dos índices de vulnerabilidade GOD e suas
respectivas classes.
Tabela 6.5 - Classes de vulnerabilidade GOD (Foster e Hirata, 1991)
Baixa Moderada Alta Extrema
0,1 a 0,3 0,3 a 0,5 0,5 a 0,7 0,7 a 1,0
De acordo com a classificação da Tabela 6.5 agruparam-se os índices de
vulnerabilidade GOD encontrados para a área de estudo (Tabela 6.6).
55
Tabela 6.6 - Classes de vulnerabilidade para a área de estudo
ÍNDICE FINAL CLASSE DE VULNERABILIDADE
0,28 BAIXA
0,35 MODERADA
0,36 MODERADA
0,42 MODERADA
0,45 MODERADA
0,54 ALTA
0,63 ALTA
0,81 EXTREMA
O cruzamento dos mapas temáticos: ocorrência da água subterrânea,
litologia da zona não saturada e profundidade da água subterrânea resultou no
mapa de vulnerabilidade com classes variando de baixa a extrema (Figura 6.18).
As áreas que apresentaram vulnerabilidade baixa são caracterizadas por
níveis d’água entre 5 e 15 metros e por materiais menos permeáveis. Encontram-se
na parte sudoeste da área de estudo.
As áreas que apresentaram vulnerabilidade moderada são caracterizadas
por níveis d’água menores que 5 metros e por materias menos permeáveis como as
argilas pouco siltosas.
As áreas que apresentaram vulnerabilidade alta são caracterizadas por
níveis d’água pouco profundos, menores que 5 metros, e por materiais como as
argilas siltosas.
As áreas que apresentaram vulnerabilidade extrema são caracterizadas por
níveis d’água pouco profundos, menores que 5 metros e por materiais como as
areias.
57
3º etapa –Mapas temáticos utilizados na investigação preliminar do risco.
Nesta etapa foram elaborados 5 mapas temáticos:
- Mapa de área coberta por rede de esgoto
- Mapa de densidade populacional;
- Mapa de risco potencial;
- Mapa do risco de contaminação por esgoto à céu aberto;
- Mapa de análises bacteriológicas dos poços visitados;
MAPA DE ÁREA COBERTA POR REDE DE ESGOTO
Esse mapa apresenta duas situações para a área de estudo: área coberta
por rede de esgoto e área sem rede de esgoto; classificadas respectivamente como:
Alta e Mínima de acordo com a metodologia (Figura 6.19).
A área coberta por rede de esgoto encontra-se no centro de Campos, na
parte mais antiga da cidade. Existem redes coletoras, mas não há o tratamento do
esgoto. Por meio de comunicação pessoal com o Engenheiro Luiz Alberto da
EMHAB definiu-se que esta área (antiga) apresenta 75 % de cobertura de coleta de
esgoto.
Os demais distritos encontram-se sem cobertura de rede de esgoto. Essa
área é caracterizada por apresentar fossas negras e esgoto a céu aberto.
59
MAPA DE DENSIDADE POPULACIONAL
Não se obteve informação específica sobre a densidade populacional dos
distritos. Através da imagem de satélite delimitaram-se os núcleos urbanos dos
distritos; e no IBGE obtiveram-se informações sobre a população residente nestes
núcleos.
De posse desses dados calculou-se a densidade populacional. As áreas
apresentaram menos de 100 habitantes por hectare sendo classificadas, de acordo
com a metodologia proposta, em uma única classe para esse parâmetro: BAIXA
(Figura 6.20).
Figura 6.20 – Mapa de densidade populacional
60
MAPA DE RISCO POTENCIAL
De acordo com a metodologia proposta o mapa de risco potencial é o
resultado do cruzamento do mapa de densidade populacional com o mapa de área
coberta por rede de esgoto. Esse mapa apresentou as seguintes classes: Baixo e
Moderado (Figura 6.21).
O centro antigo de Campos foi caracterizado por apresentar risco potencial
baixo em função das considerações para densidade populacional (BAIXA) e área
com mais de 75 % de cobertura de coleta de esgoto (ALTA) (Tabela 6.7).
As áreas urbanas dos demais distritos apresentaram risco potencial
moderado devido às considerações para densidade populacional (BAIXA) e área
com menos de 25% de cobertura de coleta de esgoto(ALTA) (Tabela 6.7).
Tabela 6.7 – Cruzamento da densidade populacional das áreas urbanas dos distritos
com as informações de área coberta por rede de esgotamento sanitário.
Densidade populacional
Áreas urbanas dos distritos
Área coberta por rede de
esgotamento sanitário Risco potencial
Áreas urbanas
dos distritos
Densidade
populacional
ALTA
(> 75%)
PARCIAL
(25– 75%)
MÍNIMA
(<25%)
Centro de campos BAIXA X BAIXO
Campos BAIXA X MODERADO
Dores de Macabu BAIXA X MODERADO
Ibitioca BAIXA X MODERADO
Mussurepe BAIXA X MODERADO
Santo Amaro BAIXA X MODERADO
São Sebastião BAIXA X MODERADO
Tocos BAIXA X MODERADO
61
Figura 6.21 – Mapa de risco potencial
MAPA DO RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR ESGOTO A CÉU ABERTO
De acordo com a metodologia proposta, o mapa de investigação do risco de
contaminação por esgoto a céu aberto é o resultado do cruzamento do Mapa de
Risco Potencial com o Mapa de vulnerabilidade dos aqüíferos livres (Figura 6.22).
As classes encontradas variaram de ausência do risco até risco de elevadas
proporções.
Nos locais que apresentaram ausência de risco encontram-se as zonas
rurais com profundidade do lençol freático inferior a 5 metros. Esse resultado chama
a atenção para o detalhamento das informações em escala apropriada, pois através
do levantamento de campo verificou-se que a população faz uso direto do poço raso,
fossa negra e em alguns lugares o esgoto está à céu aberto.
Na área que apresenta risco de contaminação de pequenas proporções o
risco potencial e a vulnerabilidade são moderados. A maioria desta área é rural
encontrando-se a profundidade do lençol freática inferior a 5 metros e a fossa negra
62
como o principal condutor do esgoto. Embora o risco de contaminação tenha sido
classificado como baixo há necessidade de um estudo de detalhamento nos núcleos
urbanos onde a população faz uso direto da água do poço para consumo.
Na área caracterizada por apresentar risco de contaminação de proporções
médias o risco potencial é baixo e a vulnerabilidade do aqüífero é extrema; ou o
risco potencial é moderado e a vulnerabilidade do aqüífero é alta.
Neste local estão o centro urbano de Campos e outros núcleos urbanos
importantes do município como: Goytacazes, Donana, Mussurepe e Poço Gordo,
dentre outros. Estas localidades merecem uma atenção já que a população
residente faz uso constante do poço raso e a fossa negra o principal condutor do
esgoto.
No centro urbano de Campos, embora, a empresa Águas do Paraíba realiza
o abastecimento de água e existem redes coletoras do esgoto, verificou-se que a
população utiliza em grande quantidade a água do poço raso e o esgoto não é
tratado.
Na área caracterizada por apresentar risco de contaminação de elevadas
proporções o risco potencial é moderado e a vulnerabilidade do aqüífero é extrema.
Neste local estão os bairros localizados na periferia do centro urbano de
Campos. São bairros que, embora estejam próximos ao centro, demonstram o total
desconhecimento pela necessidade de consumo de água tratada. A maioria das
casas consome água do poço raso e fazem uso de fossas negras. Raramente o
caminhão “limpa fossa” passa nesses locais. Além disso, os poços encontram-se
desprotegidos causando dúvidas, muitas vezes, se o risco de contaminação se dá
pela vulnerabilidade do aqüífero livre ou pelas próprias condições dos poços.
63
Figura 6.22 - Mapa do risco de contaminação por esgoto a céu aberto
MAPA DE ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DOS POÇOS VISITADOS
Das 50 amostras dos poços visitados 36 encontram-se inadequadas e 14
adequadas ao consumo humano.
A maioria das amostras inadequada está localizada em áreas de risco de
médias proporções, onde a vulnerabilidade dos aqüíferos livres é alta ou extrema e
as condições de saneamento são precárias (Figura 6.23).
Os dados de análises bacteriológicas se resumiram em uma amostra por
poço visitado. De acordo com especialistas nesta área este dado é insuficiente para
afirmar o nível de contaminação do poço. Seria necessário um monitoramento da
qualidade da água e das condições de proteção dos poços. Mesmo assim, esses
dados permitem visualizar as condições dos poços nas áreas de diferentes riscos de
contaminação.
Dentro do planejamento dos recursos naturais do município é possível
visualizar os locais onde devem ser priorizadas as ações mitigadoras.
65
7- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
De acordo com o que foi exposto neste trabalho pode-se concluir que a
análise da vulnerabilidade dos aqüíferos livres constituiu-se instrumento bastante
eficaz na investigação preliminar do risco de contaminação da água subterrânea por
esgoto à céu aberto.
A elaboração do mapa de vulnerabilidade foi importante não só para o
município de Campos, mas também para todos pretendem desenvolver trabalhos
nesta região demonstrando, através da variação das classes de vulnerabilidade,
quais áreas devem ser priorizadas na prevenção de contaminação.
A cartografia de vulnerabilidade traçada com o método GOD foi de grande
valia para o desenvolvimento desse trabalho. O número reduzido de dados básicos
permitiu agilidade na análise dos resultados e uma melhor visualização dos fatores
parâmetros que contribuíram para o resultado final dos índices de vulnerabilidade.
As escalas empregadas na elaboração de mapas temáticos demonstraram
ser adequadas à proposta do trabalho possibilitando com isso qualidade nos
resultados encontrados.
A utilização de técnicas de geoprocessamento nas análises de
vulnerabilidade e de risco foram fundamentais para a potencialização dos
resultados. As ferramentas do Sensoriamento Remoto, do SIG e o GPS agilizaram a
elaboração dos planos de informação (mapas temáticos) e permitiram criar banco de
dados, manipular dados espaciais, cruzar informações e exibir estas relações na
forma de mapas.
Essa análise serviu para alertar sobre a necessidade de programas de
proteção de qualidade das águas subterrâneas, com especial atenção para os
distritos localizados em áreas de vulnerabilidade alta e extrema e que fazem uso
constante de água de poços rasos.
O cruzamento desse mapa com o mapa de risco potencial permitiu verificar a
influência do meio físico na definição dos graus de risco de contaminação e assim
priorizar medidas mitigadoras principalmente para as áreas onde o risco demonstrou
ser elevado.
66
As informações de sobre as análises bacteriológicas, embora insuficientes
para determinação da qualidade das águas dos poços, foram necessárias para
fundamentar a suspeita do risco de contaminação.
Recomenda-se que seja realizado o monitoramento da qualidade dessas
águas e que o estudo seja estendido não só para todo município de Campos, mas
também para outros municípios, servindo como apoio no planejamento dos recursos
naturais da região.
Nos locais onde o risco foi caracterizado de pequenas proporções
recomenda-se investigação detalhada das fontes poluentes existentes com a
finalidade de prevenção da contaminação. Para os locais onde o risco foi
caracterizado de proporções médias recomenda-se monitorar a qualidade da água
subterrânea de acordo com as exigências da Portaria 1469 e o estudo detalhado de
parâmetros hidrogeológicos. Para os locais onde o risco foi caracterizado de
elevadas proporções recomenda-se que seja realizada investigação detalhada do
meio físico, das condições de saneamento e da qualidade da água dos poços.
Para todo município, recomendam-se trabalhos de educação ambiental
município com a finalidade de conscientização da comunidade sobre a importância
da água subterrânea como bem de consumo sendo instruídas ações práticas como a
utilização de cisternas, filtros, construção de fossas longe de poços, dentre outros.
Conclui-se que com este trabalho foi possível iniciar a prevenção da
contaminação das águas subterrâneas no município de Campos. Os mapas
elaborados apresentaram resultados que auxiliarão os planejadores nas tomadas de
decisões sobre a melhoria da qualidade do saneamento e das águas subterrâneas
da Baixada Campista.
67
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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71
CADASTRO DE POÇOS – LEVANTAMENTO DE CAMPO
PROPRIETÁRIO
POÇO
CONSTRUÇÃO DATA HORA
SITUAÇÃO
COORDENADAS
FOSSAS
N
E
NÍVEL D’ÁGUA
PROFUNDIDADE DO POÇO
TEMPERATURA
PH
CONDUTIVIDADE
OBSERVAÇÕES
FOTO
72
Data NA (m) Prof. (m) COLIFORME CCZ COLIFORME ROSA E N 1 16/6/2003 4,5 8 * * 262921,98 7587630,81 2 16/6/2003 * * Inadequado * 263252,5 7587613,5 3 16/6/2003 * * Inadequado * 266727,98 7588095,03 4 16/6/2003 4 6 Inadequado * 264004,44 7583917,47 5 16/6/2003 3 6 * * 265224,09 7584186,02 6 23/6/2003 4 * * Inadequado 262872 7584053,4 7 23/6/2003 3,5 6 * Inadequado 264580,17 7584317,5 8 23/6/2003 4 7,5 * Inadequado 265720,52 7583929,41 9 23/6/2003 4 7 Inadequado * 266558,7 7583653,8
10 23/6/2003 * * Inadequado * 266526,87 7583588,01 11 23/6/2003 * 5 Inadequado * 266595,1 7583454,9 12 24/6/2003 2,5 * * Inadequado 272061,5 7584626,5 13 24/062003 3,5 * * Inadequado 269551,77 7584211,68 14 24/062003 4,5 * * Adequado 271426,5 7581532,9 15 24/062003 4,5 8 * Adequado 268415,11 7580967,18 16 24/062003 3,5 8 Inadequado * 261274,74 7590730,34 17 24/062003 3 6 Adequada * 260788,31 7590427,22 18 24/062003 3 7 Inadequado * 261267,04 7590119,3 19 24/062003 * 8 Inadequado * 260176,83 7590715,71 20 30/6/2003 2,5 4 * Inadequado 278986,75 7568044,9 21 30/6/2003 3,5 6 * Adequado 279566,33 7571265,72 22 30/6/2003 3 4 * Adequado 278826,19 7572937,48 23 30/6/2003 3 5 * Adequado 278290,8 7574342,9 24 30/6/2003 3 5 * Adequado 274713,6 7577140,6 25 8/7/2003 3 7 * Inadequado 273522 7591709,5 26 8/7/2003 2,2 7 * Inadequado 273828,23 7589071,59 27 8/7/2003 * * * Adequado 273113,33 7588787,16 28 8/7/2003 3 7 * Adequado 268888,71 7589378,27 29 8/7/2003 2,7 10 * Adequado 267104,13 7591853,08 30 09/072003 3,5 8 * Inadequado 253620,54 7588922,05 31 9/7/2003 2,7 9 * Inadequado 252396,18 7585781,13 32 14/7/2003 3 6 * Inadequado 264593,57 7576076,84 33 14/7/2003 * 6 * Inadequado 268817,83 7569702,95 34 14/7/2003 3 * * Adequado 271577,12 7564553,88
73
Data NA (m) Prof. (m) COLIFORME CCZ COLIFORME ROSA E N
35 14/7/2003 2 5 * Inadequado 273599,82 7567459,98 36 14/7/2003 3,5 6 Inadequado * 272791,42 7578111,11 37 14/7/2003 4,5 7 * Adequado 270593,99 7578780,53 38 14/7/2003 2,5 6 * Adequado 271318,26 7575019,44 39 29/7/2003 3 * * Inadequado 249301,22 7580066,51 40 29/7/2003 11 * * Inadequado 246054,54 7569588,65 41 29/7/2003 4 6 * Inadequado 248939,98 7582666,25 42 5/8/2003 2,5 * * Adequado 248646,55 7597779,14 43 22/8/2003 4 10 * Inadequado 262992,9 7588452,33 44 22/8/2003 3,5 9 * Inadequado 264636,84 7588454,53 45 22/8/2003 3 6 * Inadequado 266727,8 7588094,68 46 25/8/2003 3 9 * Inadequado 257752,07 7586125,99 47 25/8/2003 4 6 * Inadequado 257691,15 7583346,83 48 25/8/2003 4 6 * Inadequado 265666,85 7581032,5 49 25/8/2003 3 6 * Inadequado 262531,74 7577593,32 50 16/9/2003 1,84 6 Inadequada * 292765,95 7563866,18