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Análise de prescrições de medicamentos antimicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária do
município de João Pessoa/ PB dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Análise de prescrições de medicamentos antimicrobianos
dispensados em uma farmácia comunitária do município de João
Pessoa/ PB
Camila Gurgel Dantas de Paula – [email protected]
Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
João Pessoa, Paraíba, 20 de março de 2014
Resumo
O uso abusivo e indiscriminado de antimicrobianos tem elevado o número de cepas
resistentes, fato que se tornou um problema de saúde pública. O objetivo deste trabalho foi
determinar o perfil de utilização de antimicrobianos numa farmácia comunitária do bairro de
Mangabeira, João Pessoa/ Paraíba. Foi realizada uma pesquisa retrospectiva, descritiva e
transversal de 221 prescrições de antimicrobianos retidas entre outubro e dezembro de 2012.
Os dados revelaram que 61% das prescrições foram destinadas ao sexo feminino e 50,4% das
prescrições foram provenientes da rede particular; 55% dos medicamentos foram prescritos
pelo nome comercial, porém, levando-se em consideração apenas as prescrições provenientes
do SUS, esse valor diminuiu para 44%. A amoxicilina (17 %) foi a substância mais prescrita
e a classe dos betalactâmicos foi prescrita em 36,8% das receitas avaliadas. Conclui-se que
as mulheres procuram o sistema de saúde com maior freqüência que os homens; os
profissionais prescritores ainda são resistentes à prescrever medicamentos pelo nome
genérico, e o antimicrobiano amoxicilina , devido ao seu espectro de ação e baixo custo, é o
mais prescrito para o tratamento das infecções comunitárias no local estudado, devendo-se,
dessa forma, aumentar a orientação farmacêutica no momento da dispensação para efetivar
seu uso racional.
Palavras-chave: Antimicrobianos. Farmacoepidemiologia. Farmácia Comunitária. Uso
Racional de Medicamentos.
1 Introdução
As doenças infecto-contagiosas são responsáveis por 25% das mortes em todo o
mundo e 45% nos países subdesenvolvidos. Os antimicrobianos são normalmente utilizados
para combater uma infecção estabelecida e possuem a finalidade de eliminar ou impedir o
crescimento bacteriano, sem causar danos ao paciente (ABRANTES et al., 2007).
A utilização desordenada de antibióticos é uma das preocupações mundiais,
constituindo um problema para a farmacoeconomia, ao se considerar que, nos países em
desenvolvimento, 35% do orçamento total da saúde, em média, é gasto com essas drogas
(OZKURT et al., 2005). Além disso, mais de 50% das prescrições são inadequadas e cerca de
2/3 dos antimicrobianos são utilizados sem prescrição médica, havendo provas, cada vez mais
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irrefutáveis, de que o mau uso dessas drogas é o principal responsável pela resistência
(PASKOVATY et al., 2005; FISHMAN, 2006; CORREIA DE BRITO et al., 2007;
MARCHETE et al, 2011).
A associação entre o uso de antimicrobianos e o desenvolvimento de resistência
bacteriana é conhecida desde a introdução da penicilina, tendo sido, a partir de então,
sistematicamente confirmada após o lançamento de diversos representantes de cada uma das
diferentes classes farmacológicas. O período necessário para a ocorrência desse fenômeno
mostrou-se surpreendentemente curto para muitos fármacos, enfatizando a imensa capacidade
de adaptação dos micro-organismos a ambientes hostis, artificialmente criados pelo homem
(GOTTESMAN, 2009; PATERSON, 2005).
Diversos estudos têm sido realizados com o intuito de caracterizar a resistência e
estabelecer fatores de risco para sua ocorrência, e vem demonstrando que o advento desse
fenômeno, embora mais dramático no contexto hospitalar e particularmente entre pacientes
gravemente enfermos, também se tem disseminado entre microrganismos comunitários
causadores de infecções de alta prevalência, como as urinárias, de trato respiratório e de
pele/partes moles (BRASIL, 2012).
Os microrganismos responsáveis por infecções tipicamente de comunidade
começaram a mostrar crescentes níveis de resistência: gonococos resistentes à ampicilina, e
Shigella e Salmonella resistentes à ampicilina e cloranfenicol já foram detectados em estudos
realizados em países do terceiro mundo desde o início da década de oitenta (BERQUÓ et al.
2004). É cada vez mais nítido que esse evento está intimamente associado ao incremento no
consumo de diversos antimicrobianos utilizados no manejo dessas síndromes (BRASIL,
2012).
Foi nesse contexto que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
publicou, em 2010, a RDC 44 (posteriormente modificada para RDC 20/2011), com o intuito
de controlar a venda de medicamentos antimicrobianos, a fim de promover o seu uso de forma
racional, na tentativa de, assim, diminuir a incidência da resistência bacteriana no Brasil.
Na busca pela racionalização do uso dos antibióticos, tanto na atenção individual
quanto na saúde pública, é fundamental atentar para as boas práticas de seleção e prescrição
destes. Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe: considerar a necessidade de
uso do medicamento; a seguir, que se receite o medicamento apropriado, de acordo com os
ditames de eficácia e segurança comprovados e aceitáveis.
Tendo em vista que fatores como: falta de critério para o diagnóstico da infecção,
intervalo entre as doses inapropriadas, dose inadequada, duração do tratamento prolongado ou
curto, existências de melhores opções terapêuticas e o início precoce ou tardio do tratamento,
são os principais fatores que levam aos erros nas prescrições (BRASIL, 2012), este trabalho
buscou avaliar o padrão de prescrição dessa classe de medicamentos, destacando os seus
aspectos sócio-epidemiológicos e, dessa forma, contribuir para o estudo de utilização de
medicamentos, uma das ferramentas essenciais para a promoção racional do seu uso.
2 Revisão da literatura
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Os progressos da terapêutica medicamentosa têm sido notáveis, desde o aparecimento
dos primeiros anti-infecciosos na década de 1930 e 1940, tendo a terapêutica farmacológica
influenciada fortemente a redução de morbidade e mortalidade ao longo do século XX. Neste
período também, o medicamento deixou de ser somente um instrumento de intervenção
terapêutica para converter-se em um elemento complexo – técnico e simbólico – na sociedade
ocidental (LEITE et al.,2008).
O uso de medicamentos é influenciado por vários fatores: as expectativas dos próprios
pacientes quando procuram assistência, o imaginário popular, no qual os medicamentos
constituem-se em meios eficazes de aquisição de saúde; a indústria farmacêutica, a qual
possui estratégias extremamente eficazes de persuasão no que se refere à necessidade do uso
de seus produtos, junto não só à população quanto aos próprios médicos; e, por fim, a
automedicação, outro hábito brasileiro, estimulado pela facilidade de aquisição das drogas
sem a exigência de prescrição médica. Tudo isso contribui, de alguma forma, para o uso
inadequado de antimicrobianos (BERQUÓ et al. 2004).
Numa revisão da literatura realizada por Leite et al.(2008), com o intuito de avaliar
vários parâmetros da utilização de medicamentos, foi relatada a prevalência de utilização de
6,3% de antimicrobianos na população estudada para tratamento de problemas respiratórios,
sendo a mesma classe utilizada, para qualquer indicação, por 8% das pessoas. Já entre as
prescrições de unidades de saúde, os antibióticos constavam em 21,3% delas e, em um
hospital universitário, o consumo destes aumentou de 83,8 para 124,5 DDD (Dose Diária
Definida) por 100 leitos-dia entre 1990 e 1996. Também foi relatada alta prevalência de
utilização de antimicrobianos nas cirurgias, superando o uso de anestésicos.
Num estudo de utilização de antimicrobianos realizado por Marchete et al, 2011, foram
avaliadas 2.719 prescrições que continham medicamentos antimicrobianos, da ala pediátrica
de um hospital. As classes mais prescritas foram a das penicilinas (19,3%), cefalosporinas
(10,1%) e aminoglicosídeos (9,8%). Dentre os antimicrobianos prescritos, 99,8% constavam
na padronização. Os antimicrobianos estavam sendo prescritos pelo nome genérico em 76%
das prescrições. Havia presença da forma farmacêutica em somente 13% dessas prescrições,
descrição da dose em 91%, indicação da via de administração em 90% e intervalo entre doses
em 94% das prescrições.
A fim de avaliar a utilização de antimicrobianos em uma população urbana, Berquó et
al. (2004) selecionaram 6.145 indivíduos e observaram que a prevalência de uso de
antimicrobianos foi significativamente maior entre as mulheres do que entre os homens; que
houve uma tendência de diminuição da utilização de antimicrobianos à medida que aumentou
a faixa etária dos entrevistados, que o uso entre as crianças de até quatro anos de idade foi
quase 2,5 vezes maior do que entre as pessoas com mais de 60 anos e não foi observada uma
diferença significativa na prevalência de uso de antimicrobianos entre as pessoas de diferentes
grupos étnicos (brancos e não brancos).
Quanto aos antimicrobianos utilizados, o grupo das penicilinas (assim como o trabalho
de Marchete et al. (2011) representou mais de 40% de todos os grupos mencionados. A
amoxicilina foi oprincípio ativo mais utilizado individualmente, totalizando 12% de todos os
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medicamentos referidos. O segundo grupo antimicrobiano mais utilizado foi o das sulfas, que
representou 16,5% dos usos. Em terceiro lugar vem o grupo das tetraciclinas, com 7,5%.
Em estudo de utilização de antimicrobianos realizado com 257 leitos de um hospital-
maternidade na cidade de Araguaína-TO, Freire et al. (2009) observaram que o grupo das
cefalosporinas foi o mais prescrito (27%), seguidos das penicilinas naturais (22%), penicilinas
sintéticas, macrolídeos e aminoglicosídeos (todos com 11%). Esse estudo também
demonstrou que as penicilinas (naturais somadas às sintéticas) são o grupo mais prescrito,
provavelmente por ser um grupo de antimicrobianos que apresenta custo mais barato e
embora a resistência seja cada vez maior, ainda apresentam eficácia comprovada contra
bactérias Gram positivas e Gram negativas.
Diferentemente dos estudos relatados anteriormente, Rodrigues e Bertoldi (2010)
observaram que o grupo das cefalosporinas (43,4%) foi o mais prescrito numa população de
921 pacientes internados num hospital particular, seguido do grupo das penicilinas (16,3%),
fluorquinolonas (13%) e aminoglicosídeos (9,7%). Essa maior proporção de cefalosporinas
pôde ser explicada pelo grande número de cirurgias no hospital (uso profilático da classe).
A amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito quando Tavares et al.(2008)
estudaram 2.877 prescrições de Unidades de Saúde da família no Sul do Brasil, seguida da
associação sulfametoxazol- trimetoprima. A amoxicilina foi prescrita para tratar quase todas
as indicações clínicas: infecção das vias aéreas superiores não especificadas, amigdalite, otites
e sinusites. Já a associação sulfametoxazol- trimetoprima foi prescrita para a maioria dos
casos de infecções urinárias.
Colombo et. al realizaram um estudo sobre o padrão de prescrição de medicamentos
nas Unidades de Programa de Saúde da Família de Blumenau/ Santa Catarina, e observaram
que das 186 prescrições avaliadas, 42 continham antibióticos, contabilizando 22,6%, e a
classe de antibacterianos sistêmicos foi a segunda mais prescrita (12,5%) naquela população
estudada apresentando o mesmo percentual da classe dos anti- inflamatórios.
Em estudo realizado para avaliar a prevalência de uso de medicamentos na gravidez,
numa amostra de 1.000 puérperas, Fonseca (2002) demonstrou que os antimicrobianos
sistêmicos constituem uma das seis classes terapêuticas mais prescritas, utilizados por 15,6%
da amostra e, dentre esse grupo, as substâncias ampicilina (30,5%), cefalexina (23,4%),
penicilina G benzatina (14,7%) foram as mais utilizadas. As indicações para o uso desses
medicamentos foram: infecção urinária (44,7%), pneumonia (9,1%) e resfriado (6,1%). O uso
de antimicrobianos foi maior durante o terceiro trimestre da gestação (42,6%).
A prevalência de prescrição de antibióticos que agem por inibição da síntese da parede
celular bacteriana (penicilinas e cefalosporinas) para a amostra estudada pode ser explicada
pelo fato de que estes apresentam grande toxicidade seletiva e, portanto, pequeno potencial de
toxicidade para a gestante e para o feto.
Estudos de utilização de medicamentos fornecem informações sobre os medicamentos
consumidos, quem os consome, como e para qual finalidade. Os resultados são úteis para o
planejamento das políticas de assistência farmacêutica e de regulação sanitária (registro e
fiscalização), e para promover o uso racional de medicamentos. Permitem identificar os
grupos populacionais vulneráveis ao uso irracional e as classes terapêuticas empregadas de
modo inadequado, seja como resultado dos apelos da propaganda dos fabricantes, dos erros na
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posologia, da negligência quanto às contra-indicações e precauções, ou outras causas. No
Brasil, ao contrário de outros países, não há informações sobre o consumo de medicamentos
geradas a partir de bancos de dados de abrangência nacional. Por isso, é preciso lançar mão de
prontuários, fichas clínicas ou informações coletadas ad hoc (Rozenfeld; Valente, 2004).
A maioria dos estudos que retratam a utilização de antimicrobianos no Brasil foi
realizada em hospitais e unidades de saúde; diante disso, faz-se necessário a realização de
estudos para avaliar o perfil de prescrições de antimicrobianos dispensadas em farmácias
comunitárias, bem como traçar o perfil populacional que faz uso dessa classe de
medicamentos.
3 Objetivos
3.1 Objetivo Geral
Determinar o perfil de utilização de antimicrobianos em uma farmácia comercial do
bairro de Mangabeira, em João Pessoa/PB.
3.2 Objetivos Específicos
Destacar os aspectos epidemiológicos da região envolvida na pesquisa, ao ser
identificado procedência da prescrição, gênero dos pacientes e subsbtância
antimicrobiana mais prescrita;
Avaliar o nível de adesão dos profissionais prescritores à prescrição de medicamentos
pela Denominação Comum Brasileira (DCB);
Contribuir para o estudo de utilização de medicamentos antimicrobianos e fornecer
um suporte para o desenvolvimento da Atenção Farmacêutica pelo profissional
Farmacêutico aos usuários dessa classe de medicamentos.
4 Metodologia
4.1 Levantamento de dados:
Estudo retrospectivo, quantitativo e descritivo de prescrições de medicamentos
antimicrobianos retidas em uma farmácia comercial do bairro de Mangabeira, da cidade de
João Pessoa/ Paraíba entre os meses de outubro a dezembro de 2012.
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4.2 Critérios de inclusão:
Foram incluídas nesse estudo todas as prescrições de antimicrobianos retidas no período
citado e que apresentaram as variáveis a serem estudadas (procedência da prescrição,
medicamento, sexo do paciente) escritas de forma legível, e prescritas para seres humanos
(por médicos ou odontólogos). As prescrições que não atenderam a esses requisitos foram
excluídas do estudo.
4.3 Caracterização do local do estudo:
A cidade de João Pessoa é a capital do estado da Paraíba, localizada na região Nordeste
do país. A cidade tem uma população de 723.515 habitantes distribuídos em 65 bairros,
totalizando uma área territorial de 211,474 Km2.
O bairro de Mangabeira está localizado na Zona Sul da cidade de João Pessoa, sendo
um dos bairros mais populosos da Capital. É subdividido em oito núcleos residenciais onde
moram diferentes classes sociais e culturais.
4.4 Considerações éticas
O projeto do presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com nº de
protocolo 0184/13 e CAAE: 15192713.1.0000.5188.
4.5 Estatística dos dados
Os dados foram digitados em planilhas Excel® versão 2010, onde também foram
realizados todos os cálculos e produção de gráficos. As variáveis observadas foram: sexo do
paciente (masculino ou feminino), procedência da prescrição (SUS ou particular), forma do
medicamento prescrito (marca- referência e similar, ou genérico), princípio ativo prescrito e
classe de antimicrobiano.
5 Resultados e discussão
Foram avaliadas 221 prescrições de medicamentos antimicrobianos atendidas em uma
farmácia do bairro de Mangabeira, no município de João Pessoa/PB, no tocante ao gênero do
paciente, procedência da prescrição (SUS ou particular), tipo de medicamento prescrito
(Denominação Comum Brasileira ou nome comercial- similar e referência), princípio ativo
prescrito e classe de antimicrobiano mais prescrita.
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Os resultados foram expressos nos gráficos de 1-6 e por meio de suas análises,
constatou-se que 61% das prescrições foram destinadas às mulheres (gráfico 1); cerca de
50,4% das prescrições foram provenientes da rede particular (gráfico 2); 55% dos
medicamentos foram prescritos pelo nome comercial (gráfico 3), porém, levando-se em
consideração apenas as prescrições provenientes do SUS, o valor encontrado para prescrição
de medicamentos pelo nome comercial foi de 44% (gráfico 4). A amoxicilina foi a substância
prescrita em 17% das prescrições avaliadas e os antimicrobianos da classe dos betalactâmicos
foram prescritos em 36,81% da receitas avaliadas no estudo (gráfico 5).
Gráfico 1- Gênero dos pacientes
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
61%
39%
Feminino
Masculino
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Gráfico 2- Procedência das prescrições
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
50,40%49,60%
Rede particular
SUS
55%
45%
Nome comercial
DCB
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Gráfico 3- Tipo de medicamento prescrito
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
Gráfico 4- Tipo de medicamento prescrito ( apenas nas prescrições provenientes do SUS)
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
44%
56%
Nome comercial
DCB
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Gráfico 5- Princípio ativo
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
Gráfico 6- Classe de antimicrobiano
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
17%
11%
10%
5%
57%
Amoxicilina
Azitromicina
Cefalexina e Ciprofloxacino
Neomicina e norfloxacino
Outros
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O resultados revelaram que a maioria das prescrições de antimicrobianos é voltada para a
população feminina. Esse dado pode estar relacionado ao fato de que as mulheres procuram
muito mais os serviços de saúde do que os homens. Dados do Ministério da Saúde mostram
que 54% dos pacientes que realizam consultam médica são mulheres. Resultado semelhante
tem sido encontrado em outros estudos sobre utilização de medicamentos.
A amoxicilina, substância mais prescrita para a população em estudo, é um antibiótico da
classe das penicilinas que possui amplo espectro de ação e atua na parede bacteriana. Possui
atividade contra bactérias Gram positivas e Gram negativas sendo indicada para infecções do
trato respiratório superior, inferior e infecções do trato urinário. Apesar de seu largo espectro,
é susceptível a degradação por betalactamases, logo sua prescrição e uso deve ser requerida de
precaução pelo prescritor e de uso correto pelo paciente para evitar o surgimento de novas
resistências bacterianas.
O estudo revelou que a classe de antimicrobiano mais prescrita para a população em
questão foi a dos beta- lactâmicos. Essa classe é composta por substância dos grupos das
penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos, diferindo uma da outra pelos
substituintes químicos adicionados ao núcleo básico da estrutura. A resistência à esse grupo
de fármacos aumentou devido à codificação de uma enzima, a β- lactamase, produzida por
diversas bactérias. Quase todas as bactérias Gram- negativas apresentam um gene
cromossômico que codifica uma β- lactamase que é mais ativa na hidrólise das cefalosporinas
que das penicilinas. Uma alternativa à esse mecanismo de resistência, foi o desenvolvimento
dos carbapênicos e monobactâmicos (RANG; DALE, 2011).
Os dados aqui apresentados corroboraram os do estudo realizado por Berquó et al.
(2004), que demonstraram que a amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito em uma
população urbana de Pelotas/ RS. O alto índice de prescrição desse medicamento pode ser
explicado pelo fato de que o mesmo apresenta um amplo espectro de ação (atua sobre
bactérias gram-positivas e negativas), possui um baixo custo e é a substância de escolha para
tratar infecções respiratórias comunitárias.
Com relação ao tipo de medicamento prescrito (pela marca- referência e similar ou
genérico- Denominação Comum Brasileira) pudemos observar uma inversão percentual
quando prescrições provenientes apenas do SUS foram levadas em consideração: do total de
prescrições avaliadas (221), 55% apresentaram medicamentos prescritos pelo nome
comercial; porém, quando apenas as prescrições provenientes do SUS foram avaliadas, foi
observado que esse valor diminuiu para 44%, e, consequentemente, aumentou o percentual de
medicamentos precritos pela Denominação Comum Brasileira (de 45% para 56%).
Esses resultados sugerem que embora a prescrição de medicamentos pela Denominação
Comum Brasileira (nome genérico) seja uma prática estimulada pelo Ministério da Saúde, os
profissionais prescritores que atuam no sistema privado ainda são resistentes, e que os
prescritores do sistema público de saúde (embora ainda em percentuais distantes do
preconizado pelo Ministério da Saúde) são menos resistentes à prescrição pelo nome
genérico.
Com relação à procedência (SUS ou particular), foi observado que a maioria das
prescrições avaliadas é proveniente do sistema público de saúde, o que pode ser explicado
pela localização do estabelecimento (próximo a Unidades Básicas de Saúde e também
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Hospital Público); porém, 45,5% das receitas foram provenientes da rede particular, refletindo
o fato de que a farmácia está localizada numa avenida que apresenta diversas policlínicas
médicas e odontológicas (serviços da rede particular de saúde com preços mais acessíveis à
população).
6 Conclusão
Os resultados encontrados neste trabalho foram capazes de fornecer informações
importantes sobre o perfil de utilização de medicamentos antimicrobianos no local estudado,
não apenas no tocante ao medicamento em si, mas também em relação ao perfil
epidemiológico que faz uso do mesmo, um reflexo da localização da farmácia e fatores sociais
que envolvem aquela região.
De acordo com os dados mostrados, pode-se observar a relevância desse tipo de
estudo, uma vez que o mesmo contribui para um melhor desenvolvimento da Atenção
Farmacêutica no momento da dispensação. Ao fornecer ao profissional farmacêutico
informações, por exemplo, sobre os perfis de prescrição/consumo de medicamentos e dos
usuários/pacientes, há uma forte tendência à diminuição das ocorrências das interações com
medicamentos e/ou alimentos, possibilidade de ajuste posológico das drogas, além do manejo
adequado das reações adversas aos medicamentos (RAMs), contribuindo com o uso de
medicamentos de forma mais racional e correta.
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