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Thiago Leandro da Silva Gama TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO Análise de Viabilidade Econômica e Financeira para a Implementação de um Sistema de Captação de Águas Pluviais na Empresa Portonave S/A Administração da Produção ITAJAÍ (SC) 2008 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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Thiago Leandro da Silva Gama

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

Análise de Viabilidade Econômica e Financeira para a Implementação de um

Sistema de Captação de Águas Pluviais na Empresa Portonave S/A

Administração da Produção

ITAJAÍ (SC)

2008

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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THIAGO LEANDRO DA SILVA GAMA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO - TCE

Análise de Viabilidade Econômica e Financeira para a Implementação de um Sistema de Captação de Águas Pluviais na Empresa

Portonave S/A

Trabalho de Conclusão de Estágio – TCE – desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí.

ITAJAÍ-SC, JUNHO DE 2008

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Agradeço, acima de tudo, a Deus, o Grande Arquiteto do

Universo, por sempre iluminar meus pensamentos e por,

diariamente, me conceder a oportunidade de ser melhor.

Meus eternos agradecimentos à minha família pelos anos de

amor, companhia e compreensão e por despertar em mim a

chama da sabedoria. Eu os amarei para sempre!

Agradeço aos meus amigos por todos os momentos em que me

lembraram de quão saborosa é a vida e de que ela é uma

grande aventura ou não é nada.

Em especial, agradeço aos meus irmãos João Paulo

Kowalski, Gabriel Bueno Telles, Fabrício Reis e Pedro

Prochoroff e à Srta. Vânia Caroline Martins, por fornecerem

informações imprescindíveis para o projeto. Sem vocês, isto

seria apenas uma idéia. Um grande abraço!

Sinceros agradecimentos ao meu orientador de estágio, Prof.

Dr. Alexandre de Ávila Lerípio, pela paciência e pelos

ensinamentos nesta desafiante jornada.

Por fim, agradeço de coração a todos que colaboraram com

este projeto, seja através de informações, idéias ou pelo

entusiasmo. Foram momentos notáveis.

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“Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros”.

Heráclito de Éfeso, 540-476 a.C.

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Thiago Leandro da Silva Gama

b) Área de estágio

Administração de Produção / Gestão Ambiental

c) Supervisor de campo

Gabriel José Bueno Telles

d) Orientador de estágio

Prof. Alexandre de Ávila Lerípio

e) Responsável pelos Estágios em Administração

Prof. Luiz Carlos Flores

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão social

Caruso Jr. Estudos Ambientais Ltda.

b) Endereço

R. Anibal Gaya, nº 707. Centro – Navegantes/SC (escritório instalado dentro da

empresa Portonave S/A - Terminais Portuários de Navegantes)

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Administrativo-operacional

d) Duração do estágio

300 horas

e) Nome e cargo do orientador de campo

Eng.º Gabriel José Bueno Telles - Engenheiro Ambiental

f) Carimbo e visto da empresa

OBS: devidamente carimbado e assinado

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DECLARAÇÃO

A empresa Caruso Jr. Estudos Ambientais Ltda. declara, para devidos

fins, que concorda com o projeto de estágio apresentado pelo estagiário

Thiago Leandro da Silva Gama, aluno do curso de Administração do Centro

de Educação Superior de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do

Vale do Itajaí, e se propõe a oferecer as condições necessárias para o bom

andamento do mesmo.

Navegantes, _____ de ___________ de 2008.

_____________________________________

(nome do responsável pela empresa)

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RESUMO

As ações depredatórias aos recursos naturais disponíveis se tornam cada vez mais o foco das

grandes discussões internacionais. Muito se fala em responsabilidade social e

sustentabilidade, portanto, as empresas que elaborarem suas estratégias em paralelo à estas

temáticas tendem a criar vantagens competitivas, além de garantir e zelar pelo bem-estar da

comunidade onde atuam. Dentro desse contexto, o presente projeto oferece uma alternativa

para diminuir os impactos ambientais reaproveitando a água da chuva e a reutilizando em

processos internos. O objetivo geral aqui celebrado é a análise de viabilidade econômica e

financeira para a implementação de um sistema de coleta de águas pluviais na empresa

Portonave S/A. Para tanto, definiu-se os seguintes objetivos específicos: estimar o consumo

de água para lavação de máquinas e irrigação do jardim da empresa; estimar o potencial de

captação de águas pluviais na empresa, levando-se em consideração a pluviometria da região

e as estruturas para coleta; propor um projeto para captação de águas pluviais; e realizar a

análise de viabilidade econômica e financeira do projeto proposto. Utilizando-se da pesquisa-

diagnóstico, com caráter exploratório voltado à pesquisa documental, o trabalho angariou

informações estatísticas sobre a pluviometria da região e o consumo mensal de água na

empresa, além de dados oriundos do corpo técnico da Portonave S/A a respeito dos processos

internos que consomem água. Com base nas análises das informações dispostas, apurou-se

que o sistema de captação elaborado pelo Engº Pedro Rafael Prochoroff retornará seu

investimento em um prazo de 13 anos, considerando as taxas de desvalorização do capital.

PALAVRAS-CHAVE: responsabilidade social, sustentabilidade, investimento.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................10 1.1 Problema de Pesquisa / Justificativa...........................................................................12 1.2 Objetivos do trabalho ..................................................................................................13 1.3 Aspectos Metodológicos...............................................................................................13 1.3.1 Caracterização do Trabalho de Estágio ........................................................................14 1.3.2 Contexto e Participantes da Pesquisa ...........................................................................15 1.3.3 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados .....................................................16 1.3.4 Tratamento e Análise de Dados ..................................................................................16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................18 2.1 Administração .............................................................................................................18 2.1.1 Administração da Produção ........................................................................................19 2.1.2 Administração Financeira ...........................................................................................20 2.1.3 Administração de Custos e Contabilidade ...................................................................20 2.1.3.1 Gestão Estratégica dos Custos..................................................................................21 2.1.3.2 Sistemas de Custeamento.........................................................................................22 2.2 Análise de Investimento...............................................................................................25 2.2.1 Valor Presente Líquido ...............................................................................................26 2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)....................................................................................26 2.2.3 Índice de Lucratividade ..............................................................................................27 2.2.4 Prazo de Retorno – Payback .......................................................................................27 2.3 Responsabilidade Social ..............................................................................................28 2.3.1 Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável ........................................................29 2.3.2 Ecodesenvolvimento...................................................................................................31 2.3.3 Ecoeficiência ..............................................................................................................32 2.4 Gestão Ambiental – aspectos e evolução.....................................................................33 2.4.1 Sistemas de Gestão Ambiental....................................................................................35 2.4.1.1 As normas ISO 14000..............................................................................................36 2.4.2 Aspecto e Impacto Ambiental .....................................................................................37 2.4.3 Fatores Condutores das Estratégias Ambientais Empresariais .....................................37 2.5 O panorama da Água no Brasil e no Mundo ..............................................................40 2.5.1 Lei 9.433/97 – Lei das Águas .....................................................................................43 2.5.2 Lei 9.984/00 – Criação da Agência Nacional de Água (ANA).....................................44 2.5.3 Água em Santa Catarina .............................................................................................45 2.5.4 Índices Pluviométricos de Navegantes/SC ..................................................................46 2.6 Captação de Águas Pluviais ........................................................................................47 2.6.1 Precipitação ................................................................................................................49 2.6.2 Reutilização e qualidade da água da chuva..................................................................50 2.6.3 Equipamentos necessários ao sistema de coleta de águas pluviais ...............................52 2.6.3.1 Medidas de segurança para garantir a qualidade da água da chuva: ..........................54 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ................................................55 3.1 Caracterização da Empresa ........................................................................................55 3.1.1 Estrutura.....................................................................................................................56 3.1.2 Características ............................................................................................................56 3.1.3 Visão, Missão e Valores .............................................................................................57 3.1.4 Licenças e Autorizações Ambientais...........................................................................58 3.1.5 Sistema de Gestão Integrado (SGI) .............................................................................58

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3.1.6 Responsabilidade Social e Ambiental .........................................................................59 3.2 Resultados da Pesquisa................................................................................................60 3.2.1 Consumo mensal de água............................................................................................60 3.2.2 Levantamento de consumo nos processos internos......................................................62 3.2.2.1 Lavação de máquinas e veículos ..............................................................................62 3.2.2.2 Irrigação de plantas..................................................................................................64 3.2.3 Potencial para captação de águas pluviais ...................................................................65 3.2.4 Economia de água com a implementação do projeto ...................................................67 3.2.5 Custos para a implementação do projeto para coleta de águas pluviais........................69 3.2.5.1 Custos para a implementação do projeto para coleta de águas pluviais .....................69 3.2.5.2 Custos e componentes do projeto .............................................................................70 3.2.6 Análise de viabilidade econômica e financeira ............................................................73 3.2.6.1 Valor Presente Líquido (VPL) .................................................................................73 3.2.6.2 Taxa Interna de Retorno (TIR).................................................................................75 3.2.6.3 Índice de Lucratividade............................................................................................76 3.2.6.4 Prazo de Retorno – Payback ....................................................................................77 3.3 Sugestões ......................................................................................................................77 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................80 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................82

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos os impactos ambientais causados pelo homem se tornaram tema

das grandes discussões internacionais e alvo de pesquisas científicas que visam, sobretudo, a

diminuição dos efeitos cataclísmicos pertinentes. Os impactos ambientais, em sua maioria,

são frutos de ações depredatórias aos recursos naturais disponíveis, como é o caso do

desperdício de água doce e do desmatamento desenfreado de mata nativa, e pouco a pouco

convergem a humanidade para um caminho aparentemente sem volta: o esgotamento dos

recursos naturais e a autodestruição.

O desperdício e a má administração desses recursos, em especial a água doce, são

fatores de intensa preocupação em âmbito mundial, uma vez que a maior parte deles é de

natureza não-renovável, portanto finitos e indispensáveis para a manutenção da vida humana e

dos processos produtivos em geral.

Para muitos estudiosos, a falta de água no futuro acarretará em atrasos no

desenvolvimento dos países, além de contribuir para o aumento da hostilidade entre nações

que dispõem deste recurso em relativa abundância, partindo do pressuposto de que a escassez

tende a inflacionar o preço dos produtos.

Apesar de haver abundância de água no planeta Terra, a sua disponibilidade é

extremamente frágil diante dos múltiplos usos requeridos, destacando-se o saneamento

básico, irrigação, agricultura, geração de energia, uso industrial, diluição e assimilação de

poluentes, navegação e lazer. Os episódios críticos de abundância ou escassez (cheias e secas)

levam a conflitos que saem do âmbito regional para assumir dimensões nacionais e

internacionais, requerendo que o assunto seja disciplinado de forma conceitual e legal.

Para se ter uma idéia a respeito da disponibilidade e da distribuição de água no

planeta, ¾ deste é formado por água, sendo que 97,6% desta imensa fatia diz respeito à água

salgada, imprópria para consumo humano. Os 2,4% remanescentes são subdivididos em:

� 2,08% de água distribuída nos pólos e calotas polares;

� 0,29% em águas subterrâneas; e

� 0,03% em rios, lagos, pântanos e atmosfera. (JACOBI, 2008)

Para amenizar os problemas ambientais, há uma crescente cultura sendo disseminada

no meio corporativo, principalmente em países desenvolvidos, migrando para os países

emergentes de forma que haja uma maior conscientização quanto às políticas de produção e

prestação de serviços. Trata-se da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável,

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que propõem ações organizacionais visando a continuidade e o desenvolvimento da empresa,

beneficiando a natureza e a sociedade.

A idéia de responsabilidade social e sustentabilidade ficou fortalecida através da

criação do Protocolo de Kyoto, em 1997, no Japão. Neste evento, vários países assinaram um

tratado que, de acordo com o Greenpeace (2001), tinha por objetivo “proteger o clima do

planeta” através da diminuição da emissão de gases nocivos à atmosfera. Para atingir os

objetivos deste tratado foram definidas cotas de emissão de gases tóxicos de acordo com o

estágio de desenvolvimento e poluição dos países participantes.

Com a formalização do Protocolo de Kyoto, muitas medidas foram tomadas para que

as indústrias produzissem com mais responsabilidade, adotando práticas que diminuíssem os

impactos dos processos produtivos à natureza. Devido ao grau de importância e engajamento

internacional, o tema “meio ambiente” ganhou notável espaço na mídia, muito embora ainda

não haja grande interesse por parte das organizações presentes nos países emergentes que

continuam na busca desenfreada e específica por lucro. (ÉPOCA, 2008)

As conseqüências da falta de responsabilidade, sobretudo das organizações, podem

ser drásticas e, portanto, é necessário buscar soluções renováveis e reparadoras que sejam

capazes de diminuir os impactos causados até o momento. As empresas são sistemas abertos

que interagem com o meio onde estão inseridas e causam impactos consideráveis através de

suas atividades-fim por menores que possam ser suas estruturas.

Para que uma empresa se perpetue no mercado, além de realizar todas as funções

administrativas com destreza, os gestores devem ter em mente o que e como fazer para que a

empresa seja produtiva e lucrativa, ao passo que mantenha a responsabilidade social e a

preocupação com o desenvolvimento da sociedade. Para tanto, é necessário que suas ações

sejam preliminarmente estudadas de forma que garantam um melhor aproveitamento dos

recursos disponíveis.

De acordo com o Sr. Altair Assumpção, superintendente para middle market do

Banco Real, (2007 apud ROMANINI, 2007, p. 24), “as maiores bolsas do mundo, como a de

Nova York e Londres, já adotam índices para medir o grau de sustentabilidade das empresas

com papéis comercializados em seus mercados”. Romanini (2007, p. 29) enfatiza que “o

Brasil já faz parte dos mercados que medem a sustentabilidade das companhias abertas”. Para

esclarecer ainda mais o assunto, pode-se dizer que as ações corporativas “pró-meio ambiente”

são atrativas aos olhos do mercado financeiro.

A Portonave S/A, por sua vez, é uma empresa de grande porte e tem condições de,

num futuro próximo, abrir seu capital no mercado acionário. Vale salientar que caso não haja

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interesse em abrir o capital, a empresa possui o respaldo dos demais parceiros de mercado por

ser considerada um importante elo logístico da supply chain catarinense e, portanto, grande

ponto de referência. Sendo assim, as boas práticas ambientais que a empresa realizar trarão

maior empatia junto ao mercado. Um ponto positivo quando se fala em relacionamento com

bancos e instituições financeiras que facilitam as negociações com empresas economicamente

atrativas.

Outro importante benefício que está atrelado a projetos dessa ordem diz respeito à

sociedade, ou melhor, à comunidade onde a empresa está inserida. Quando há boas práticas

ambientais, a comunidade se torna entusiasta das ações da empresa e pode aprender de forma

mais organizada a aplicá-las na prática. Este é um dos grandes objetivos do desenvolvimento

sustentável, que busca “atender as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade

de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. (ARANA, 1999)

Diante do exposto, é possível afirmar que empresas e comunidades conscientes

aliadas à ações sustentáveis garantirão o desenvolvimento e a perenidade da sociedade.

1.1 Problema de Pesquisa / Justificativa

Para a realização do projeto, fez-se a seguinte indagação:

Um Sistema de Captação de Águas Pluviais é econômica e financeiramente viável

numa perspectiva financeira de longo prazo?

A iniciativa de realizar este projeto se deu através da preocupação com a escassez de

água potável, que, de acordo com expectativas de muitos estudiosos, é passível de ser

comercializada com alto valor agregado dentro de poucos anos, devido à sua disponibilidade e

por ser um importante recurso para a manutenção da vida humana. (ROMANINI, 2007)

O principal fator que despertou o interesse pelo estudo foi o potencial que a empresa

Portonave S/A possui para a captação de águas pluviais devido à presença de várias estruturas

cobertas, como é o caso do prédio administrativo e oficina, além de um pátio de cerca de

240.000 m2 que possibilitam a captação de água proveniente da chuva e a instalação de

cisternas para sua armazenagem.

Outro fator motivador é a disseminação da cultura da conservação ambiental no meio

corporativo catarinense, pois a empresa Portonave S/A é um importante agente da cadeia

logística do Estado de Santa Catarina e através deste projeto, outras empresas poderão se

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sentir encorajadas a aderir ao movimento de responsabilidade social e começar a desenvolver

ações ligadas à sustentabilidade.

A Portonave é um terminal portuário privado, instalado na margem esquerda do rio

Itajaí-Açu, no município de Navegantes. Desde sua implementação, nota-se o respeito quanto

às normas ambientais e zelo para com a comunidade local, pois dispõe de todas as licenças

ambientais pertinentes à atividade, além de disponibilizar parte de sua área para um projeto de

preservação permanente contendo espécies de fauna e flora nativa.

Este projeto é de caráter inédito na empresa, pois as discussões acerca da

implementação de um plano dessa ordem não haviam sido fundamentadas e analisadas pelos

gestores e partes interessadas.

1.2 Objetivos do trabalho

O objetivo geral deste projeto é analisar a viabilidade econômica e financeira da

implementação de um sistema de coleta e utilização de águas pluviais na empresa Portonave

S/A - Terminais Portuários de Navegantes, sendo que o fator mais relevante é a

sustentabilidade que o processo pode gerar em uma perspectiva financeira de longo prazo.

Levando-se em consideração o objetivo supramencionado, os objetivos específicos

são:

- Estimar o consumo de água para a lavação de máquinas e veículos e para a irrigação do

jardim da empresa;

- Estimar a capacidade de captação de águas pluviais considerando a pluviometria da

região e as áreas potenciais para coleta;

- Propor um projeto de captação e aproveitamento de águas pluviais para a empresa e

orçar os custos de implantação do mesmo;

- Realizar a análise de viabilidade econômica e financeira do investimento no projeto.

1.3 Aspectos Metodológicos

O conteúdo exposto neste tópico tratará acerca da estrutura do trabalho que, segundo

Parra Filho e Santos (2000, p.51), “[...] aborda o problema de pôr o pensamento de acordo

com o objeto; para tanto, indica o processo a ser seguido, ou seja, o caminho a ser percorrido

[...]”.

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1.3.1 Caracterização do Trabalho de Estágio

O presente trabalho visa averiguar a viabilidade econômica para a implementação de

um projeto inédito na empresa Portonave S/A. De acordo com o planejamento para a

execução do projeto, há a necessidade de estabelecer seu custo total, bem como a taxa de

retorno de investimento. Para tanto, será utilizada da pesquisa-diagnóstico, que segundo

Hessel (1989 apud ROESCH, 2007), “[...] apresenta um conjunto de técnicas e instrumentos

de análise que permitem não só o diagnóstico, como também a racionalização dos sistemas”.

A autora ainda sugere que “[...] as pressões de competitividade no mercado têm

levado as empresas a preocuparem-se com o levantamento do custo da operação [...]”.

(ROESCH, 2007, p. 73). Dessa forma, o projeto não foge do caráter econômico, pois não seria

interessante a implementação de projetos que onerassem a empresa sem ao menos trazer

pequenas taxas de retorno financeiro.

Quanto à natureza do projeto, este é definido como exploratório e será realizado

através de pesquisa documental. Para Gil (1995, p.51), “[...] a pesquisa documental vale-se de

materiais que ainda não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser

reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”. O mesmo autor enfatiza que as pesquisas

de caráter exploratório

têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a construir hipóteses.[...] Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado [...] (SELLTIZ et all, 1967 apud GIL, 19955, p.63)

Sendo assim, as informações que compõem a pesquisa serão coletadas via

documentos não estruturados como relatórios de pesquisa, dados estatísticos e informações

provindas do corpo técnico da empresa.

Quanto aos dados utilizados para a formação do projeto, estes são de cunho quali-

quantitativo, pois além de buscar um melhor entendimento a respeito de como é composto o

processo de implementação e quais suas raízes e impactos, utilizará de dados numéricos, tais

como tabelas de índices pluviométricos, orçamentos de custo e outros índices que serão

ponderados para uma aplicação mais próxima da média. Outro fator que enfatiza a utilização

de dados quantitativos é o levantamento do custo total do projeto e a taxa de retorno de

investimento.

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De acordo com Richardson (1999, p.70), “a abordagem qualitativa de um problema,

além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada

para entender a natureza de um fenômeno”. Richardson (1999, p.90) ainda ratifica que “a

pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada

dos significados e características situacionais pelos entrevistados, em lugar da produção de

medidas quantitativas de características ou comportamentos”.

Quanto à abordagem quantitativa, Roesch (2007, p.130) diz que “se o propósito do

projeto implica medir relações entre variáveis (associação ou causa-efeito), ou avaliar o

resultado de algum sistema ou projeto, recomenda-se utilizar preferencialmente o enfoque da

pesquisa quantitativa [...]”.

1.3.2 Contexto e Participantes da Pesquisa

A pesquisa será aplicada na empresa Portonave S/A, através da empresa Caruso Jr.

Estudos Ambientais Ltda., contemplando a área operacional onde há a presença de um

armazém com grande potencial para captação de água da chuva. A empresa Portonave S/A

pertence ao segmento logístico e representa importante elo da supply chain catarinense.

Os participantes da pesquisa constituem as pessoas que de alguma forma farão parte

de projeto, seja por meio da exposição de dados históricos ou de opiniões sobre a

implementação do projeto.

Numa primeira fase, gestores, coordenadores, fornecedores e técnicos constituirão o

corpo de participantes da pesquisa, e esta será realizada através de dados primários – troca de

informações informais. De acordo com Roesch (2007, p.126) “é comum que na fase

exploratória se utilize a postura própria do método qualitativo de ouvir o que as pessoas têm a

dizer [...]”.

Após a coleta de informações para aprofundamento e embasamento do tema, o

projeto será enriquecido através de dados secundários tais como documentos que estabeleçam

médias históricas de consumo de água, níveis pluviométricos da região litorânea de Santa

Catarina, orçamentos de materiais, além de abranger o levantamento do custo total do projeto,

bem como a análise de viabilidade econômica e financeira do investimento proposto.

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1.3.3 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados

De acordo com Rizzini e Castro (1999, p.62), “coleta de dados significa a busca de

informações necessárias ao pesquisador para a realização do seu trabalho”. Roesch (2007, p.

128) ressalta que “se se trata de coleta de dados primários, através de entrevistas,

questionários, observação ou testes, é importante especificar nesta seção a fonte dos dados (a

população que será entrevistada e os documentos que serão analisados) [...]”.

Na fase de levantamento de informações para aprofundamento do tema, os dados

primários serão coletados através de perguntas direcionadas aos profissionais que atuam na

área técnica da empresa, para que seja possível uma visão mais específica do assunto. Na área

técnica atuam os profissionais da engenheira ambiental, engenharia civil, orçamento,

atividade de compras e dos fornecedores do segmento de construção civil.

Haverá, também, consultas a documentos não estruturados, como é o caso de tabelas

e índices fornecidos pela EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina S/A, além de consultas às plantas baixas e de corte da estrutura considerada

potencial para captação de águas pluviais.

Já os dados secundários serão coletados através de consultas às faturas de consumo

de água, a fim de que se possa estabelecer parâmetros de utilização para a análise do

resultado.

1.3.4 Tratamento e Análise de Dados

Os dados coletados serão analisados através da análise descritiva dos processos e

demonstrados por meio de planilhas eletrônicas. Nestas planilhas serão contemplados todos os

índices numéricos que serão, posteriormente, mesclados aos dados coletados durante a

pesquisa exploratório-documental.

Segundo Marconi e Lakatos (1991, p.124) “a análise de dados representa a aplicação

lógica dedutiva e indutiva do processo; é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre

o fenômeno estudado e outros fatores”.

Para que seja possível realizar a análise de viabilidade econômica e financeira do

projeto é necessário que se saiba quanto, em termos monetários, sua implementação pode

gerar à empresa. Dessa forma, será imprescindível mensurar o potencial hídrico das

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estruturas, mapear o consumo de água não-potável nos processos internos e relacionar os

dados com a média mensal de consumo de água.

O investimento será analisado através dos métodos Valor Presente Líquido (VPL),

Taxa Interna de Retorno (TIR), Índice de Lucratividade e Payback. Tratam-se de métodos que

comprovam se o investimento é ou não viável. Para tanto, é necessário saber o custo total para

implementação do projeto, bem como o ganho financeiro que irá gerar.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta etapa tem por objetivo fundamentar o projeto, mencionando as principais áreas

envolvidas para que seja possível o entendimento através de uma visão holística das variáveis

que rodeiam o tema.

2.1 Administração

Toda empresa existe por alguma razão ou motivo, ou melhor, para realizar o que se

conhece por missão. Para tanto, as pessoas responsáveis por gerir as organizações utilizam da

administração para coordenar esforços a fim de que se atinjam os objetivos organizacionais da

melhor forma possível, criando a sinergia necessária para que haja participação de todos os

setores envolvidos. Estes objetivos, em sua maioria, se traduzem em participação de mercado

e lucro.

Para Certo (2005, p.5), “administração é o processo que permite alcançar as metas

de uma empresa, fazendo uso do trabalho com e por meio de pessoas e outros recursos da

empresa”. Este é o verdadeiro papel da administração e, definitivamente, uma empresa não

alcança seus objetivos sem que haja um movimento capaz de reunir todos os esforços para o

alcance dos ideais pretendidos.

Silva (1997, p.19) reforça essas afirmações da seguinte maneira:

não podemos imaginar a existência de uma empresa (visando lucros) ou entidade (sem fins lucrativos) sem o concurso da administração, pois não podemos alcançar um fim sem usar os meios, e uma das vias que nos conduzem ao objetivo das empresas ou entidades é a administração.

Durante muitos anos, diversas correntes filosóficas procuraram fundamentar a

ciência Administração com teorias que até hoje são aceitas e servem de base para a

administração contemporânea.

A primeira – e mais importante - corrente foi chamada de “Abordagem Clássica”,

que teve em Taylor, Fayol, Gilbreth, entre outros autores, conceitos e teorias relacionados à

administração de tarefas e funções. A primeira, mais ligada ao fato de se realizar tarefas da

melhor forma e com maior produtividade; a outra, vinculada à uma visão mais abrangente da

administração.

Desde sua concepção, os conceitos de Fayol são estudados e mantidos como

diretrizes para o processo administrativo. É dele a definição dos elementos administrativos

como planejamento, organização, liderança, coordenação e controle.

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Decorrentes da primeira corrente filosófica vieram a abordagem comportamental, a

abordagem científica, a abordagem sistêmica e, por último, a abordagem contingencial. Todas

de alguma forma embasadas na Abordagem Clássica.

Quanto às funções administrativas - abordadas como “elementos” por Fayol – são as

atividades que geram o processo administrativo. Certo (2005) as classifica como sendo:

planejamento, organização, influência e controle e assim as define:

- Planejamento: envolve a escolha de tarefas que devem ser desempenhadas a fim de

atingir os objetivos da empresa;

- Organização: ato de designar, a vários indivíduos ou grupos da empresa, as tarefas

desenvolvidas durante o planejamento. Assim, a função organizar cria um mecanismo que

coloca os planos em andamento;

- Influência: é outra função básica do processo administrativo. Também proferida

como sinônimo de motivação, liderança, comando, direção ou força de vontade – a influência

diz respeito, primeiramente, aos funcionários de uma empresa, ou melhor, sobre como

orientar as atividades dos colaboradores na direção mais apropriada ao atingimento dos

objetivos;

- Controle: controle é a função da administração por meio da qual os gerentes

conseguem reunir informações que medem o desempenho da empresa e comparam o

desempenho atual com padrões preestabelecidos. A partir da análise dessas informações,

determinam se a empresa deve implementar mudanças para alcançar os padrões propostos.

Como podemos ver, o modelo proposto por Certo apresenta semelhanças aos estudos

realizados por Fayol. Silva (1997) ratifica as funções administrativas diferenciando algumas

terminações. Para ele, as funções são Planejamento, Organização, Direção e Controle.

Partindo para uma visão holística da empresa, notamos que há várias áreas onde a

administração atua. A seguir, nos sub-tópicos da Administração, veremos as principais áreas

envolvidas neste projeto.

2.1.1 Administração da Produção

Desde a antiguidade, a produção acompanha o ser humano em suas atividades mais

cotidianas, uma vez que o simples fato de transformar insumos em produtos ou idéias em

serviços é objeto da Produção. Dessa forma, pode-se dizer que a simples tentativa de

transformar insumos, como matérias primas, em produtos acabados e/ou serviços constitui o

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objetivo da produção, que através da administração busca a gestão eficaz dessas atividades.

Martins e Laugeni (1999) retratam a evolução histórica da Administração da

Produção contemplando desde os períodos onde o homem produzia para consumo próprio, até

os dias atuais, onde há a presença de linhas de montagem que padronizam os produtos.

Segundo esses autores, a produção evoluiu de acordo com a necessidade humana, pois os a

demanda exigia produção em larga escala.

A função da produção é entendida, segundo Martins & Laugeni (1999) como os

conjuntos de atividades que levam à transformação de um bem tangível em um outro com

maior utilidade, acompanhando o homem desde sua origem.

Segundo Slack (1997) a função central da produção é produzir bens e serviços que

são a razão de sua existência, mas não é a única, nem funções com suas responsabilidades

específicas, mas embora essas funções tenham sua parte a executar nas atividades da

organização, são (ou devem ser) ligadas com a função padrão, por objetivos organizacionais

comuns.

2.1.2 Administração Financeira

A área de finanças da empresa se concentra no gerenciamento financeiro da

organização, sendo seus tópicos principais o planejamento e o controle financeiro, a análise

financeira, a análise de investimentos, a questão de capital de giro, o custo e a estrutura de

capital e a política de dividendos.

De acordo com Roesch (1996, p.45) a administração financeira “concentra-se nos

instrumentos contratuais e na descrição das instituições participantes do método financeiro".

Sanvicente (1980) aborda que a administração financeira tem como função os

esforços despendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à

maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo

tempo em que possa propiciar a manutenção de certo grau de liquidez.

2.1.3 Administração de Custos e Contabilidade

Com a consolidação da Era Industrial e seus avanços tecnológicos, o processo

produtivo passou a incorporar novos valores à matéria-prima. Ao custo do produto ou do

serviço passou-se a agregar alem do custo da matéria-prima e dos insumos secundários, os

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custos indiretos de fabricação, tornando o processo de obtenção de receita mais complexo.

(MOREIRA, 1998).

Assim, a contabilidade de custos aprimorou-se ao longo dos tempos, incorporando

práticas, princípios, postulados e convenções para fazer frente à evolução da sociedade e suas

novas tecnologias. Deste modo, a determinação dos custos de uma organização tornou-se um

forte instrumento nas mãos dos administradores para o eficiente desempenho de suas funções.

(MOREIRA, 1998).

Com a evolução ocorrida no mundo empresarial, através do aumento da

competitividade das empresas, bem como a globalização dos negócios, a contabilidade de

custos não conseguiu acompanhar de forma veloz e objetiva as novas tendências do mercado,

ou seja, não foi possível disponibilizar aos administradores das organizações, dados,

perspectivas, subsídios ou mesmo informações rápidas e precisas para a tomada de decisões.

A partir daí surgiu a Gestão Estratégica de Custos como uma ferramenta que pudesse

acompanhar em tempo real todo o processo da cadeia produtiva e conseqüentemente

disponibilizasse informações aos gestores quando dá tomada de decisões, contribuindo dessa

forma para a eficiência e a eficácia produtiva.

2.1.3.1 Gestão Estratégica dos Custos

Tradicionalmente, a análise de custos é conhecida e praticada como sendo o processo

de avaliação do impacto financeiro das decisões gerenciais alternativas.

Por sua vez, a Gestão Estratégica de Custos deve ser vista, compreendida e praticada

sob contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes,

explícitos e inseridos nos procedimentos da Controladoria e da Contabilidade de Custos.

Martins (2001) afirma que a expressão gestão estratégica de custos vem sendo

utilizada nos últimos tempos para designar a integração que deve haver entre o processo de

gestão de custos e o processo da empresa em sua totalidade.

Entende-se que essa integração é necessária para que as empresas possam sobreviver

num ambiente de negócios crescentemente globalizado e competitivo.

Conforme Shank e Govindarajan (1997), a administração das empresas e a gestão

estratégica podem ser representadas por um ciclo continuo de quatro estágios:

1. formulação de estratégias;

2. comunicação das estratégias por toda a organização;

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3. desenvolvimento e práticas de planos táticos para implementação das estratégias;

4. desenvolvimento e implementação de controles para monitorar a implementação e o

alcance das metas estratégicas.

No estágio um, a informação contábil é a base da analise financeira, que é um

aspecto do processo de avaliação das alternativas estratégicas; no estágio dois, os relatórios

contábeis constituem uma ferramenta estratégica de comunicação por toda a organização; no

estágio três, a análise financeira apóia a decisão sobre os planos táticos a utilizar para o

atingimento das metas estratégicas; e no estágio quatro, monitorar o desempenho das unidades

ou dos gerentes através dos relatórios contábeis é a base para a avaliação de desempenho.

2.1.3.2 Sistemas de Custeamento

Dentro de qualquer organização, no processo de tomada de decisões, existem

ferramentas que auxiliam os gestores a tornar as organizações mais competitivas em seu

segmento. O sistema de custos, no ponto de vista de Perez Júnior, Oliveira e Costa (2001), é

uma ferramenta que fornece informações sobre a estrutura de custos das organizações.

Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada no âmbito interno de uma

organização nos níveis: estratégico, tático e operacional. No nível operacional ocorre a coleta

dos dados, no tático a diferenciação e classificação desses, transformando-os em informações

que provavelmente serão utilizadas pelo nível estratégico para a tomada de decisões

estratégicas, tais como decidir qual o melhor mix de produtos, cortar ou não um produto,

controle ou redução dos custos, entre outras.

O sistema de custos coleta, classifica e organiza os dados referentes aos custos dos

produtos ou serviços transformando-os, assim, em informações. Confirmando este conceito,

Martins comenta que “O sistema representa um conduto que recolhe dados em diversos

pontos, processa-os e emite, com base neles, relatórios na outra extremidade.” (MARTINS,

2001, p.28).

Complementando o conceito de sistema de custos, Crepaldi (2004) o define como um

sistema capaz de gerenciar os custos e monitorar o desempenho. As empresas mais

expressivas e competitivas do mercado estão utilizando sistemas de custeio para diversas

finalidades como:

• projetar produtos e serviços que correspondam às expectativas dos clientes e

possam ser produzidos e oferecidos com lucro;

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• sinalizar onde é necessário realizar aprimoramentos contínuos e descontínuos

(reengenharia) em qualidade, eficiência e rapidez;

• auxiliar os funcionários ligados à produção nas atividades de aprendizado e

aprimoramento contínuo;

• orientar o mix de produtos e decidir sobre investimentos;

• escolher fornecedores;

• negociar preços, características dos produtos, qualidade, entrega e serviço com

clientes;

• estruturar processos eficientes e eficazes de distribuição e serviços para os

mercados e público-alvo. (CREPALDI, 2004, p. 24)

O autor comenta ainda que o administrador exerce papel fundamental nas

organizações e que é recomendável que além do sistema de custos, deve utilizar outras

ferramentas de gestão em conjunto para estar em sintonia com o mercado.

Nos subtópicos a seguir, há breves citações acerca dos principais sistemas de custos

utilizados pelas empresas a fim de gerenciar seus gastos e permitir a formação do preço de

seus produtos e serviços.

a. Custeio por Absorção

Para Cherman (2002, p. 50) o custeio por absorção, “é um método de custeio em que

são apropriados aos produtos fabricados todos os custos incorridos sejam eles diretos,

indiretos, fixos ou variáveis”.

Segundo Horngren, Foster e Datar (1997, p. 211), registram que o custeio por

absorção “é o método de custeio do estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis e

fixos, são considerados custos inventariáveis”. É importante salientar que neste método o

custo separa-se das despesas; é aceito pela legislação societária (Lei 6.404/76) e, obedecem

aos princípios fundamentais de contabilidade, dentre eles, o princípio da realização da receita,

confrontação e competência.

b. Custeio Variável ou Direto

Horngren, Foster e Datar (1997), descrevem o custeio variável como o método de

custeio de estoque em que, “todos os custos de fabricação variáveis são considerados custos

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inventariáveis. Todos os custos de fabricação fixos são excluídos dos custos inventariáveis.

Eles são custos do período em que ocorrem”.

Eliseu Martins (2001) resume que pela própria natureza dos custos fixos

(invariabilidade), arbitrariedade sem seu rateio e variação por unidade em função de

oscilações do volume global, e por propiciar valores de lucro não muito úteis para a tomada

de decisão, criou-se um critério alternativo ao custeio por absorção. Trata-se do custeio

variável - ou direto -, em que só são agregados aos produtos seus custos variáveis,

considerando-se os custos fixos como se fossem despesas.

Nas demonstrações à base do custeio variável obtem-se um lucro que acompanha sempre a direção das vendas, o que não ocorre com o absorção. Mas, por contrariar a competência e a confrontação, o custeio variável não é valido para balanços de uso externo, deixando de se aceito tanto pela auditoria independente quanto pelo fisco. É fácil, entretanto, trabalhar-se com ele durante o ano e fazer-se uma adaptação de fim de exercício para se voltar ao absorção.(MARTINS, 2003, p. 204).

c. Custeio Baseado em Atividades - Activity Based Costing

É outra forma de alocar os custos indiretos de fabricação aos produtos. Primeiro

distribui às atividades por meio de um direcionador e posteriormente para os departamentos e

finalmente para os produtos. O ABC é o método que obtém melhor afinidade com os custos

indiretos, pois proporciona resultados mais próximos da realidade.

Horngren, Foster e Datar (1997, p. 76), descrevem o custeio baseado em atividades

(ABC – Activity Based Costing) como,

Um enfoque para se aprimorar um sistema de custeio. Ele se concentra nas atividades como se fossem os principais objetos de custo. Uma atividade é um evento tarefa ou unidade de trabalho com um determinado propósito. O ABC utiliza o custo dessas atividades com base para distribuir custos para outros objetos de custo tais como produtos, serviços ou clientes.

d. Custeio por Centro de Custo

Consiste em ratear os custos e despesas (comerciais, administrativas, financeiras,

etc.) aos produtos. Esse método é também conhecido como departamentalização, pois consiste

em dividir as empresas em partes, normalmente conhecidas por um organograma ou centros

de custo.

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Para Martins (2003, p. 65), “departamento é a unidade mínima administrativa para a

contabilidade de custos, representada por pessoas e máquinas (na maioria dos casos), em que

se desenvolvem atividades homogêneas”.

Cherman (2002, p. 66) descreve que o objetivo da departamentalização para efeito de

contabilidade de custos é “diminuir a arbitrariedade dos critérios de rateio, já que os custos,

primeiro passam pelos departamentos e depois são atribuídos aos produtos. Com isso teremos

um melhor controle de custos”. Existem dois tipos de departamentos: os produtivos e os de

serviços. Os produtivos trabalham diretamente o produto e os de serviços tem a função de

prestar serviços aos produtivos.

2.2 Análise de Investimento

A aplicação de capital em determinado empreendimento exige análises que

comprovem a viabilidade econômica e financeira de implementação do negócio, ou seja, a

empresa deve garantir que seus investimentos tragam retorno financeiro no prazo que achar

mais conveniente.

As organizações privadas possuem na sua essência a busca pelo lucro e, portanto,

todas as suas ações devem convergir para tal. Figueiredo e Caggiano (1997, p. 89) ressaltam

que “o primeiro problema é reduzir a área de incerteza antes de a decisão ser tomada”. Para

tanto, é necessário utilizar de métodos que possibilitem a mensuração dos investimentos

através de uma ótica econômica e financeira, deixando evidente a escolha pela melhor

aplicação dos recursos que a empresa possui.

Segundo Hoji (2007, p.168), “a finalidade da avaliação econômico-financeira de

investimento consiste em avaliar o fluxo de caixa futuro gerado pelo investimento realizado”.

O autor define o fluxo de caixa de um projeto de investimento como sendo “a projeção de

geração líquida de caixa, isto é, projeção de lucro líquido excluído de itens que não afetam o

caixa (depreciação e amortização), acrescentando o desembolso em investimentos fixos”.

Hoji (2007) ainda destaca algumas das principais ferramentas utilizadas para

avaliação de investimento:

a. Valor Presente Líquido;

b. Taxa Interna de Retorno (TIR);

c. Índice de Lucratividade; e

d. Prazo de retorno (Payback)

Figueiredo e Caggiano (1997, p. 91) enfatizam que os métodos supracitados são

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“usados para avaliar propostas de investimentos” e ainda classificam os itens a e b como

“técnicas de fluxo de caixa descontado”, ou seja, métodos essencialmente de caráter

financeiro.

A seguir, apresentar-se-ão as características e aplicações dos principais métodos de

avaliação de investimento.

2.2.1 Valor Presente Líquido

Através deste método é possível saber se o investimento é viável considerando o

prazo e a taxa de retorno pretendida . Aqui, a análise envolve os fluxos de caixa líquido que o

projeto pode gerar juntamente com a taxa de retorno ideal.

Na visão de Figueiredo e Caggiano (1997, p. 95), o valor presente líquido consiste

em “[...] uma taxa mínima de retorno assumida. Idealmente, esta taxa deveria ser a taxa média

do custo do capital para a firma. Esta seria a taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa

líquidos ao seu valor presente”.

Neste método, o projeto é viável se o seu resultado for positivo. Eis a fórmula:

a1/(1+i) + a2/(1+i)2 + ... + an/(1+i)n > A

Onde:

A= custo inicial do projeto

a = fluxos líquidos de caixa por ano

i = custo do capital

n = tempo de vida esperada para o projeto

2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Segundo Figueiredo e Caggiano (1997, p. 96), “este método requer que seja

calculada a taxa de juros que é utilizada para desconto, que, aplicada, irá reduzir o valor

presente líquido de um projeto a zero”.

Hoji (2007) enfatiza que o projeto é economicamente atraente se a TIR for superior à

taxa mínima de atratividade.

A regra, segundo Figueiredo e Caggiano (1997, p. 96), é a seguinte:

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A = a1/(1+r) + a2/(1+r)2 + ... + na/(1+r)n

Com r > i

Onde:

A= custo inicial do projeto

a = fluxos líquidos de caixa por ano

r = taxa de desconto da solução

i = custo do capital

2.2.3 Índice de Lucratividade

Segundo Hoji (2007, p. 174), “esse método consiste em obter a relação entre os

benefícios líquidos de caixa gerados pelo projeto e o investimento inicial”. Compreende-se da

seguinte maneira:

IL = ∑ Receitas referenciadas ao Início do Projeto / Investimento Total

É importante ressaltar que o período de análise fica a critério da empresa.

Sendo assim, entende-se que se o IL for maior do que 1, significa que o projeto além

de recuperar o investimento, gerará um ganho adicional, ao passo que se for menor do que 1,

o investimento não será recuperado no período desejado. (HOJI, 2007).

2.2.4 Prazo de Retorno – Payback

O payback é um método que permite saber o período onde o investimento estará

pago, ou melhor, recuperado, sem levar em consideração as taxas de retorno (custo de capital)

e as variações da moeda.

Hoji (2007, p. 171) destaca que este método “consiste na apuração do tempo

necessário para que a soma dos fluxos de caixa líquidos periódicos seja igual ao do fluxo de

caixa líquido do instante inicial”.

Figueiredo e Caggiano (2007, p. 92), ressaltam que “esse método objetiva a seleção

dos projetos baseando-se somente no tempo em que os desembolsos de caixa serão cobertos e

recomenda a aceitação de projetos seguros”.

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É calculado da seguinte forma:

Prazo de Retorno (anos) = Desembolsos Líquidos/ Entradas Líquidas de Caixa

2.3 Responsabilidade Social

A responsabilidade social, em uma visão integrada, relaciona-se aos conceitos de

sustentabilidade e desenvolvimento. Não se pode falar em desenvolvimento sem antes

mencionar as questões que o tornarão sustentável, ao passo que é importante estabelecer os

esforços necessários que as organizações devem providenciar para garantir tais ações. Isto

implica em atitudes responsáveis.

Segundo Daft (2005, p.107), a responsabilidade social no âmbito corporativo “é a

obrigação da administração de fazer escolhas e tomar medidas que contribuirão para o bem-

estar e os interesses da sociedade tanto quanto os da organização”.

As políticas de responsabilidade social orientam as empresas a propor ações que

visem o desenvolvimento e a conscientização da sociedade. Estas ações demonstram o zelo

para com a comunidade e promovem o bem-estar de todas as partes interessadas que de

alguma forma influenciam e são influenciadas pela empresa.

As partes interessadas são também conhecidas como Stakeholders Organizacionais

que, de acordo com Daft (2005, p. 108), “é qualquer grupo, dentro ou fora da organização,

que tenha um interesse no desempenho da organização. Cada Stakeholder tem um critério

diferente de sensibilidade, porque cada um tem um interesse próprio na organização”.

Dias (2007, p. 153), afirma que responsabilidade social empresarial “promove um

comportamento empresarial que integra elementos sociais e ambientais que não

necessariamente estão contidos na legislação mas que atendem às expectativas da sociedade

em relação à empresa”.

As empresas socialmente responsáveis direcionam parte de seus esforços para a

criação de projetos e medidas que objetivam sua integração junto à comunidade. Esta

integração permite que os benefícios colhidos pela empresa se estendam às pessoas

envolvidas nos projetos.

Os projetos sociais, por sua vez, envolvem o desenvolvimento pessoal e a proteção

ao meio ambiente. Podem ser demonstrados através de ações como palestras de orientação

sobre saúde, educação básica e continuada de colaboradores e familiares, projetos de caráter

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ambiental como limpeza de praias, plantio de árvores, entre outros.

De acordo com Savitz (2007, p. 49), “todas as empresas gostariam de afirmar que

seus produtos e serviços oferecem benefícios positivos à sociedade [...]”. Nesse sentido, a

responsabilidade social aliada às estratégias organizacionais são fatores que resultam na

geração de valor aos produtos e serviços oferecidos pela empresa.

O respeito e o zelo pelo meio ambiente são ações que envolvem os princípios da

responsabilidade social. Portanto, as organizações que empregam boas políticas ambientais

podem se considerar como socialmente responsáveis, uma vez que se preocupam em garantir

e dar manutenção aos aspectos ambientais da comunidade.

2.3.1 Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável

A partir da década de 80 o modelo desenvolvimentista, originado após a Segunda

Gerra Mundial para a reconstrução de países arrasados pelo combate, foi posto em xeque. A

crise ecológica desencadeda pelo processo de desenvolvimento dos países Europeus continha

em seu âmago a exploração ilimitada dos bens ambientais e a insustentabilidade social e

ambiental.

Segundo Scotto, Carvalho e Guimarães (2007), foi a partir daí que houve a

constatação da falência do modelo desenvolvimentista e, portanto, os empresários deveriam

propor ações que aliassem desenvolvimento e responsabilidade ambiental aos lucros que as

organizações tanto buscavam.

Em 1992, o Conselho Empresarial participou ativamente da temática empresa e meio

ambiente na conferência internacional conhecida como RIO-92. Após a reunião, os

empresários elaboraram um documento sobre o desenvolvimento sustentável voltado ao meio

corportativo. De acordo com Dias (2007, p. 37), “o documento do Conselho Empresarial

admite que o progresso em direção ao desenvolvimento sustentável é um bom negócio, pois

consegue criar vantagens competitivas e novas oportunidades.” Esse é um importante marco

da aceitação por parte dos empresários quanto à proposição de ações sustentáveis nas suas

estratégias organizacionais.

O termo desenvolvimento sustentável tem em sua essência o conceito de

sustentabilidade. Segundo Roberto Gonzales, diretor da The Media Group, “sustentabilidade

se refere à perenidade de um negócio”, ou seja, a capacidade que uma empresa tem de se

perpetuar no mercado. (2007 apud ROMANINI, 2007, p. 24)

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O desenvolvimento sustentável combina o crescimento e a melhoria contínua com a

perspectiva de longo prazo. A CMMAD, Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, (1988 apud SCOTTO; CARVALHO; GUIMARÃES, 2007, p. 9) o define

como sendo “o desenvolvimento que é capaz de garantir as necessidades do presente sem

comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas”.

Para que uma empresa permaneça competitiva no mercado torna-se necessária a

adoção de estratégias que sustentem seu crescimento no longo prazo. Para isso, os gestores

devem elaborar ações que tornem a empresa rentável ao passo que garantam a continuidade

dos recursos utilizados para suprir as necessidade do processo produtivo.

As organizações sustentáveis embasam suas estratégias em fatores que possam ser

melhorados e que colaborem com o crescimento gradativo da empresa. Isso se traduz em

estratégias que sustentem o desenvolvimento corporativo, evitando que seja apenas um

crescimento sazonal, sem pretensões futuras. Savitz (2007, p. 46) afirma que “a

sustentabilidade traça o curso para o sucesso duradouro”.

Para Dias (2007) a sustentabilidade nas empresas apresenta três dimensões: a

econômica, que prevê que as empresas devem ser economicamente viáveis; a social, que se

traduz na satisfação de seus empregados através de melhores condições de trabalho e inclusão

social; e ambiental, que discorre acerca da ecoeficiência que a empresa deve empregar em

seus processos produtivos, adotando uma produção mais limpa através de uma postura de

responsabilidade ambiental.

Arana (1999) diz que para haver o desenvolvimento sustentável é necessário a junção

de três vertentes principais: crescimento econômico, eqüidade social e equilíbrio ecológico.

Somente dessa forma há o chamado ecodesenvolvimento, definido por Sachs (1990 apud

ARANA, p.131-132, 1999) como

[...] desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças submetido à lógica das necessidades do conjunto da população, consciente de sua dimensão ecológica e buscando uma relação de harmonia entre homem e natureza.

Savitz (2007) destaca alguns aspectos de como a sustentabilidade pode melhorar a

empresa:

� Proteção: redução do risco de prejudicar os clientes, empregados e

comunidade através da identificação de riscos iminentes e falhas gerenciais e

a preservação de operação implícita ou explícita concedida pelo governo e

comunidade;

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� Gestão: abrange redução de custos, melhoria da produtividade, eliminação de

desperdícios e garantia de acesso a fontes de capital a custos mais baixos;

� Promoção do crescimento: incluem-se nesse aspecto a abertura de novos

mercados, o lançamento de novos produtos, ampliação da participação de

mercado em virtude da conquista de novos clientes e lealdade dos clientes

antigos, desenvolvimento de novas alianças com parceiros de negócios, além

da melhoria da reputação e do valor da marca.

As ações destinadas ao reaproveitamente de recursos, como é o caso das construções

ecologicamente corretas, são demonstrações das tendências de mercado que envolvem a

sustentabilidade. A imagem passada por estas empresas é a de consolidação e credibilidade no

mercado, o que garante um reconhecimento a nível mundial.

Para ilustrar o fato, há o exemplo da construtura brasileira Esfera que acaba de

receber do Green Building Council (Conselho das Construções Verdes – tradução nossa) uma

pré-certificação para um de seus empreendimentos residenciais. Trata-se da primeira

construção brasileira a receber a certificação de empreendimento ecologicamente correto.

(HERZOG, 2007)

2.3.2 Ecodesenvolvimento

O ecodesenvolvimento surgiu na década de 70 e foi o precursor do desenvolvimento

sustentável. Naquele tempo duas correntes antitéticas discutiam acerca das questões que

implicavam no crescimento econômico dos países. Uma das correntes defendia o

desenvolvimento a qualquer custo, enquanto que a outra falava sobre os impactos

catastróficos que aconteceriam caso não houvesse um cuidado maior com o meio ambiente.

Sachs (1986 apud SCOTTO; CARVALHO; GUIMARÃES, 2007, p. 24) comenta

que

[...] os defensores do crescimento a qualquer preço percebiam o meio ambiente como sendo um mero capricho dos burgueses ociosos, ou então como mais um obstáculo colocado ao avanço dos países do Hemisfério Sul. [...] No outro extremo, os catastrofistas que anunciavam o apocalípse para o dia seguinte dividiam-se em duas facções: por um lado, aqueles que apregoavam o fim iminente em conseqüência do esgotamento dos recursos naturais; e, por outro, aqueles que anteviam a chegada da catástrofe em conseqüência da poluição excessiva.

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Scotto, Carvalho e Guimarães (2007) afirmam que o ecodesenvolvimento buscava

uma via intermediária entre o ecologismo absoluto e o economicismo arrogante. Dessa forma,

entende-se que sua principal proposta era conduzir um desenvolvimento que unisse

responsabilidade social e harmonia junto à natureza.

2.3.3 Ecoeficiência

De acordo com Savitz (2007, p. 42), ecoeficiência “significa redução da quantidade

de recursos utilizados para a produção de bens e serviços, aumentando os lucros da empresa e,

ao mesmo tempo, reduzindo seu impacto ambiental”.

As empresas ecoeficientes promovem ações que de alguma forma proporcionam

otimização nos custos operacionais além de diminuir os impactos gerados ao meio ambiente.

O WBCSD (1993 apud DIAS, 2007, p. 130) elaborou a seguinte definição:

a ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que, pelo menos, respeite a capacidade de sustentação estimada para o planeta Terra.

Savitz (2007, p. 42) ressalta que “a ecoeficiência é o componente básico da

sustentabilidade, que se aplica à gestão da empresa”. Nesse sentido, o objetivo maior é

produzir sem comprometer os recursos das futuras gerações, oferecendo condições para que

haja o desenvolvimento da empresa e a proteção do meio ambiente.

Dias (2007) afirma que a ecoeficiência é baseada em três objetivos centrais: redução

do consumo de recursos, redução do impacto à natureza e melhoria do valor do produto ou

serviço. Estes objetivos podem ser entendidos como:

� melhor utilização dos recursos naturiais para a fabricação de produtos ou

prestação de serviços;

� diminuição dos fatores poluentes e que promovem disperdícios no processo

produtivo;

� oferecer mais benefícios aos clientes através da criação de produtos que

satisfaçam suas necessidades otimizando os custos através da redução do uso

de materiais.

A ecoeficiência ajuda os países ricos a crescer mais qualitativamente do que

quantitativamente, fornecendo mais serviços, função e valor, em vez de transformar mais

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materiais em energia e resíduos. A sua empregabilidade também ajuda os países em

desenvolvimento a continuar crescendo quantitativamente, enquanto economizam seus

recursos disponíveis.

2.4 Gestão Ambiental – aspectos e evolução

Nas últimas décadas, ocorreu uma substancial mudança no ambiente onde as

empresas atuam. Estas, que eram vistas apenas como instituições econômicas com

responsabilidades referentes a resolver seus problemas econômicos fundamentais, como por

exemplo, o que produzir, como produzir e para quem produzir, têm presenciado o surgimento

de novos papéis que dizem respeito a sua conduta na sociedade. Buchholz (1989) destacou

que as organizações têm se voltado para problemas que ultrapassam as considerações

meramente econômicas, atingindo um patamar mais amplo, envolvendo preocupações de

caráter político-social, tais como controle da poluição, segurança e qualidade de produtos e

proteção ao consumidor.

De acordo com Dias (2007, p. 89), “gestão ambiental é o principal instrumento para

se obter um desenvolvimento industrial sustentável”. Como resultado da ampliação desse

contexto, a comunidade passou a exercer pressão através de movimentos sociais

reivindicatórios, pela atuação de grupos org`nizados que conduzem à novas leis e

regulamentações que acabam provocando mudanças nas regras do jogo do funcionamento das

empresas.

As novas exigências da sociedade dizem respeito a um posicionamento mais

adequado e responsável das organizações, a fim de minimizar a diferença verificada entre os

resultados econômicos e sociais.

A visão moderna da empresa em relação a seu ambiente é muito mais complexa, pois

ela é vista como uma instituição sociopolítica. Essa visão é o resultado de uma mudança de

enfoque que está ocorrendo no pensamento da sociedade e mudando sua ênfase do econômico

para o social. Portanto, muitas decisões internas da organização hoje requerem considerações

explícitas das influências provindas do ambiente externo, e seu contexto inclui considerações

de caráter social e político que se somam às tradicionais considerações econômicas.

Durante os anos 70, o governo foi o árbitro primário da performance ambiental das

empresas. Os administradores viram a relação entre o meio ambiente e a empresa em termos

de como o ambientalismo agiu como uma restrição regulatória imposta pelo governo.

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Passando para a década de 80, os grupos ambientalistas assumiram um papel mais

proeminente e direto no direcionamento das estratégias ambientais corporativas. Esses grupos

cresceram em poder e influência em função do crescimento no número de seus membros e de

seus orçamentos, e das mudanças nos valores e ideologias sociais. A partir daí, os gestores

começaram a desenvolver práticas ambientais como parte das responsabilidades sociais das

empresas. Nesses dois períodos, portanto, as mudanças de práticas ambientais foram uma

resposta das empresas tanto a sanções legais quanto sociais.

De acordo com Menon e Menon (1997), no período de 1970 a 1985, iniciou-se a

integração, embora fraca, entre preocupações ambientais e estratégias de negócios, o que

alguns autores chamaram de “adaptação resistente”. A partir desse período, as empresas

passaram a criar departamentos especiais para tratar das questões ambientais.

Após a segunda metade da década de 80, surgiu uma espécie de “ambientalismo de

livre mercado”, que trocou a ênfase das regulações dos insumos e das atividades para os

resultados. Os novos instrumentos de política ambiental mudaram as possibilidades de

utilização das ações ambientais como instrumentos de marketing e estratégia competitiva

pelas empresas. Esse período coincide com a contestação do desenvolvimento a qualquer

preço praticado pelos países e busca do crescimento econômico insustentável.

Na década de 90, muitas firmas começaram a integrar o meio ambiente nas suas

estratégias de negócios. Com isso surge um novo e estratégico paradigma ambiental, o qual

Varadarajan (1992) chamou de enviropreneurial marketing, que pode ser definido como as

atividades de marketing benéficas empresarial e ambientalmente, que atendam tanto à

economia da empresa quanto aos objetivos de performance social. As ações das empresas na

área ambiental tornaram-se mais proativas e passaram a ser utilizadas como estratégia

competitiva, vinculando-se a boa performance ambiental principalmente à melhoria na

reputação das empresas.

Conforme revela Hoffman (2000), a partir do início da década de 90, a realidade da

questão ambiental dentro do mundo dos negócios tem-se tornado mais complexa que a

simples conformidade com as leis ou a responsabilidade social. Proteção ambiental e

competitividade econômica têm-se tornado entrelaçadas.

O que anteriormente foi dirigido por pressões que estavam fora do mundo dos

negócios, é, agora, direcionado por interesses que existem dentro dos ambientes econômico,

político, social e mercadológico das empresas. As organizações, após obterem boa

performance ambiental associada à boa gestão operacional, baixo risco financeiro e boas

perspectivas de sucesso econômico futuro, passam a influenciar as normas de práticas

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corporativas e transformam o ambientalismo, de algo externo para algo que está dentro do

sistema de mercado e que é central para os objetivos das empresas.

Dessa forma, além das pressões regulatórias e sociais, uma série de novas situações

do ambiente institucional passou a dirigir as estratégias ambientais das empresas, tais como:

compradores, acionistas, bancos ou investidores, consumidores, concorrentes, mais

conhecidos como stakeholders organizacionais.

Assim, as práticas ambientais corporativas extrapolaram a questão ambiental,

tornado-se também, questão de estratégia competitiva, finanças, relações humanas, marketing,

desenvolvimento de produtos e eficiência operacional.

O processo de gestão ambiental no âmbito corporativo está profundamente vinculado

a normas que são elaboradas pelas instituições públicas sobre o meio ambiente. Essas normas

orientam as empresas para que tragam, na medida do possível, menos problemas para o meio

ambiente.

2.4.1 Sistemas de Gestão Ambiental

Para produzir com mais responsabilidade as empresas empregam métodos produtivos

que garantem eficiência e menor desperdício de recursos nos processos. Estas medidas são

consideradas sustentáveis e proporcionam às empresas vantagens competitivas que vão desde

a otimização dos custos até a melhoria da imagem perante o cliente.

Os sistemas de gestão ambiental, segundo Dias (2007), são instrumentos que

garantem o desenvolvimento sustentável a partir de políticas e normas legais. “É o conjunto

de responsabilidades organizacionais, procedimentos, processos e meios que se adotam para a

implementação de uma política ambiental em determinada empresa ou unidade produtiva”.

(DIAS, 2007, p. 91)

Devido ao grande número de normas legais implantadas nos últimos anos, as

empresas costumavam adotar políticas corretivas para a solução de problemas ambientais

causadas por suas atividades. Porém, os gestores começaram a perceber que para se ter um

desenvolvimento sustentável os problemas ambientais deveriam ser reconhecidos na sua

origem, ou seja, deveriam adotar políticas proativas e preventivas, evitando que o problema

venha à tona e possa se tornar irreversível e, por conseqüência, abale a imagem da empresa no

mercado.

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Segundo Dias (2007), uma das vantagens competitivas que a empresa alcança a

adotar um sistema de gestão ambiental é a melhoria de sua imagem no mercado, o que se

torna cada dia mais concreto devido ao aumento da consciência ambiental dos consumidores.

2.4.1.1 As normas ISO 14000

As preocupações geradas pelo desenvolvimento insustentável das empresas na

década de 90 foram entendidas pela ISO (International Organization for Standardization)

como pontos onde havia a necessidade iminente de estabelecer normas que padronizassem os

processos produtivos das empresas que utilizavam recursos naturais e/ou causavam impactos

ao meio ambiente através de suas atividades produtivas. Daí surgiram as normas ISO 14000.

As normas ISO 14000 estabelecem diretrizes sobre a gestão ambiental dentro das

empresas e são reconhecidas e fiscalizadas no Brasil pela ABNT - Associação Brasileira de

Normas Técnicas. De acordo com Dias (2007, p. 92),

as normas ISO 14000 são uma família de normas que buscam estabelecer ferramentas para a administração ambiental de uma organização. [...] Buscam a padronização de algumas ferramentas-chave de análise, tais como a auditoria ambiental e a análise do ciclo de vida.

Estas normas são requisitos básicos para a implementação de um sistema de gestão

ambiental e tem como objetivo “conduzir a organização dentro de um SGA certificável,

estruturado e integrado à atividade geral de gestão, especificando os requisitos que deve

apresentar e que sejam aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de organização”. (DIAS, 2007, p.

92:3)

Dias (2007) enfatiza que um sistema de gestão ambiental através da aplicação das

normas ISO 14000 deve cumprir os seguintes requisitos:

� Política ambiental;

� Planejamento;

� Implementação e operação;

� Verificação e ação corretiva; e

� Revisão pela gerência.

Atualmente, as empresas vêem estas normas como selos de qualidade e eficiência

produtiva. Portanto, tanto as empresas certificadas como seus stakeholders consideram

atrativa a idéia da implementação de um sistema de gestão ambiental. Isto garante que seus

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processos são fiscalizados e obedecem a um padrão mundialmente aceito, fator que garante a

qualidade dos produtos e serviços prestados.

2.4.2 Aspecto e Impacto Ambiental

Todas as empresas interagem de alguma forma com o meio ambiente. Por menores

que possam ser suas estruturas, as organizações geram resíduos que, quando mal

direcionados, podem gerar sérios danos à natureza, ou seja, possuem aspectos ambientais que

podem gerar impactos ambientais.

Segundo Rolim de Moura (2003), aspecto ambiental “é definido como um elemento

da atividade produtos e/ou serviços de uma organização que possa, interagir com o meio

ambiente”.

Para Dias (2007, p. 61:2), “o impacto ambiental pode ser definido como a

modificação no meio ambiente causada pela ação do homem”. Estes impactos podem afetar

profundamente a natureza e trazem consigo problemas que pouco a pouco minimizam a

qualidade de vida do ser humano, como é o caso da poluição do ar e da água doce.

2.4.3 Fatores Condutores das Estratégias Ambientais Empresariais

Na fase atual, as ações ambientais das empresas têm assumido um papel cada vez

mais integrado às diferentes funções administrativas, de marketing, financeiras, produtivas, de

qualidade, de desenvolvimento de produtos, etc. Este item remete-nos a explorar os estímulos

que levam as empresas a se preocuparem crescentemente com a prática de políticas

ambientais.

Bateman e Snell (1998) discutem a importância para as empresas da incorporação da

variável ambiental na sua gestão e sugerem que as empresas seriam induzidas à gestão

ambiental porque :

a. há necessidade de obedecer às leis;

b. empresas devem tornar-se mais eficazes, reduzindo custos com reciclagem,

promovendo a diminuição do consumo de matérias-primas, energia e

evitando desperdícios;

c. elas devem ser mais competitivas e abrir novos mercados;

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d. elas não devem correr o risco de comprometer sua imagem junto à opinião

pública, associando suas atividades com poluição e degradação ambiental; e

e. devido à responsabilidade social e ética das empresas com a sociedade no

presente e no futuro.

Na década de 80, na Alemanha Ocidental, muitas empresas começaram a verificar

que as despesas realizadas com a proteção ambiental podiam paradoxalmente transformar-se

numa vantagem competitiva (NORTH, 1992). Segundo o autor, os motivos pelos quais as

empresas se sentiam encorajadas a aceitar a responsabilidade pela proteção ao meio ambiente

foram:

� Sentido de responsabilidade ecológica;

� Requisitos legais;

� Salvaguarda da empresa;

� Imagem;

� Proteção do pessoal;

� Pressão do mercado;

� Qualidade de vida; e

� Lucro.

De acordo com Moura (1998), a empresa deve, primeiramente, atender às

necessidades de seus consumidores; esta é a finalidade principal da empresa, logo é vital para

a sua sobrevivência. O lucro é fruto e resultado do seu trabalho, é uma medida de sua

eficiência; as empresas que estiverem atendendo aos desejos de seus clientes vendem mais,

conseguem melhores preços, e portanto têm lucros maiores.

Nesse contexto, a proteção ambiental torna-se uma necessidade dos clientes e, para

sobreviver, as empresas estruturam-se para atender melhor esse aspecto, criando áreas

específicas para atuar interna e externamente. Para Dias (2007), as razões que existem para o

“design ambiental” dos produtos e melhoria dos processos internos são:

� Necessidade de redução de custo;

� Incremento na qualidade do produto;

� Melhoria da imagem do produto e da empresa;

� A necessidade de inovação;

� Aumento da responsabilidade social;

� Sensibilização do pessoal interno.

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Quanto aos estímulos externos, Dias (2007) destaca:

� Demanda do mercado;

� Concorrência;

� O poder público e a legislação ambiental;

� O meio sócio-cultural;

� As certificações ambientais; e

� Fornecedores.

Dentre as razões que estimulam as empresas a adotar sistemas de gestão ambiental, é

possível identificar três principais: primeiro, o regime regulatório internacional está mudando

em direção a exigências crescentes em relação à proteção ambiental; segundo, o mercado está

se transformando, tanto o de fatores quanto o de produtos; e terceiro, o conhecimento está

evoluindo, com novas descobertas e publicidade sobre as causas e conseqüências dos danos

ambientais (ROSEN, 2001). Logo, a gestão ambiental empresarial é atualmente condicionada

pela pressão das regulamentações, pela busca de melhor reputação, pela pressão de acionistas,

investidores e bancos para que as empresas reduzam o risco ambiental, pela pressão de

consumidores e pela própria concorrência.

As regulamentações no direcionamento das ações ambientais das empresas foram

fundamentais durante as décadas de 80 e 90, pois houve nesse período um intenso processo de

criação e implementação de novas lei ambientais, que proliferaram em termos de número,

abrangência, especificidade e rigor.

É nesse sentido que, apesar de ressaltarem as oportunidades estratégicas que a gestão

ambiental oferece às empresas, exemplificando, a redução de custos e a diferenciação de

produtos, Porter e Linde (1999) argumentaram que as regulamentações voltadas para os

resultados e para as inovações foram necessárias, por criarem pressões que motivaram as

empresas a inovar, por alertar e educar as empresas acerca da provável ineficiência no uso de

recursos e áreas potenciais para melhoramentos tecnológicos, por criar demandas para

melhorias ambientais e, por evitar que empresas que fossem ambientalmente irresponsáveis

obtivessem vantagens competitivas em função disso.

O fator reputação, como já se viu anteriormente, também é central na condução das

ações ambientais. A reputação é o conjunto de percepções mantidas pelas pessoas internas e

externas à empresa. Publicamente, a reputação busca satisfazer as demandas de uma

variedade de stakeholders para que seja permitido à empresa operar na sociedade (MILES;

COVIN, 2000).

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Além da reputação, algumas empresas estão usando estratégias ambientais para

obterem vantagem competitiva seja pela melhoria de custos através do contínuo

melhoramento de processos e redução de resíduos, seja por alcançar vários segmentos de

mercado que são ambientalmente mais sensíveis, exigindo assim, estratégia de diferenciação.

Diferenciação de produtos e melhoria na imagem da empresa conduzem a ganhos de mercado,

enquanto que melhoria na eficiência de recursos e redução de risco geram reduções de custo,

que podem ou não induzir ganhos de mercado (MILES; COVIN, 2000).

Assim, a melhoria na reputação da empresa obtida com uma estratégia ambiental

adequada pode contribuir, juntamente com a diferenciação de produtos e a redução de custos,

para a ocupação, manutenção e/ou melhoria de uma posição de mercado. Esta é a hipótese que

se convencionou chamar de “ganha-ganha”, ou seja, de que melhores performances

ambientais e econômicas podem ser aliadas e não opostas.

2.5 O panorama da Água no Brasil e no Mundo

O crescimento populacional aliado a um modelo de desenvolvimento altamente

predador e insustentável, além de uma distribuição geográfica bastante irregular das fontes

hídricas são, sem dúvidas, os fatores mais ameaçadores em relação aos suprimentos de água

disponíveis para o abastecimento humano em todo o mundo.

De acordo com Vasconcelos (2003, p. XIX), “estima-se que a quantidade de água

existente na terra seja o mesmo desde a pré-história, contudo, o seu número de habitantes não

pára de crescer”. Tanto é verdade que o consumo da água cresceu seis vezes nos últimos 100

anos devido ao aumento populacional e, por conseqüência, ao atendimento das necessidades

básicas de cada pessoa. (SOUZA; VIEIRA, 2007)

Para se ter uma idéia acerca da parcela de água doce disponível na terra, estima-se

que o volume total do planeta seja de, aproximadamente, 1,4 bilhões km3. Deste volume, ¾ é

composto por água, sendo 97,5% referente à água salgada (mares e oceanos) e somente 2,4%

diz respeito à água doce. A água, portanto, é um recurso estritamente finito se considerarmos

que dos 2,4% remanescentes, 2,08% diz respeito a geleiras e calotas polares e somente 0,03%

está disponível para consumo humano nos subsolos e rios espalhados pelo mundo (JACOBI,

2008).

Em diversas partes do mundo, muitas pessoas já não possuem acesso à água limpa

suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias. Steduto (2007 apud WILLEY, 2007)

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calcula que o número de pessoas que vive nessas condições já ultrapassa um bilhão. A

expectativa da FAO, agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, prevê que

em 20 anos, faltará água para 60% do mundo.

Wellbaum (2007) afirma que o Oriente Médio é a região com menor disponibilidade

de água por habitante. Estima-se que o percentual de água disponível em relação à

disponibilidade mundial seja de 1%. Alguns países, como Egito, Argélia e Marrocos, já

gastam entre 20% e 30% de seus orçamentos com suprimentos de água. Trata-se de um fato

alarmante e induz ao pensamento de que em breve haverá grandes chances de conflitos

belicosos pela água, visto que há eventos passados que tratam acerca de poder sobre os

recursos hídricos desta região.

A crescente procura por água está transformando os rios em riachos, comprometendo

a agricultura e o abastecimento à nível mundial. A ameaça aos mananciais pela poluição e

assoreamento é eminente e isto, com certeza, trará problemas para as próximas gerações que

terão de lidar com o desaparecimento dos rios e destruição dos lençóis freáticos, uma vez que

a poluição através dos detritos humanos tende a penetrar nos solos e, por conseqüência, nas

reservas aqüíferas subterrâneas.

De acordo com Rebouças (1999 apud TUNDISI, 2003), a produção de água doce no

Brasil representa cerca de 53% do total de toda a produção do continente sul-americano e

12% do total mundial. No mundo e no Brasil, além do crescimento populacional, há também

um grande aumento da atividade agrícola, sendo a maior consumidora de água, pois a

agricultura irrigada é o maior usuário das águas de mananciais, alcançando, segundo Tucci

(2000 apud TUNDISI, 2003), algo ao redor dos 90% dos recursos hídricos utilizados. Nesse

ínterim, a irrigação para cultivos agrícolas responde por mais de dois terços de toda a água

retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos. (WILLEY, 2007)

Como já relatado, o consumo de água aumentou seis vezes nos últimos 100 anos. Há

previsão de aumento de consumo de até 200% nos países em desenvolvimento e choque nos

preços dos alimentos nos próximos cinco anos. O Brasil apresenta nos estados mais

desenvolvidos, uma grande concentração urbana. Vasconcelos (2003, p.13) diz que “[...] 75%

de vida no campo contra 25% de vida no “asfalto”, conforme ocorria nos anos cinqüenta,

foram praticamente invertidos e, atualmente, tem-se cerca de 80% de cidadãos urbanos e

apenas 20% nas zonas rurais”. Vários conflitos e problemas têm sido gerados nesse ambiente.

Esse fenômeno está se agravando nas grandes cidades, exigindo recursos significativos para a

minimização dos impactos.

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A situação no Brasil não é de tranqüilidade, a grande concentração populacional em áreas urbanas implicará em maior utilização dos recursos hídricos, o que trará dificuldades ante o crescente déficit neste setor, que já atinge mais de 30% da população urbana brasileira. Desse modo, há um dilema de difícil solução: expandir compulsoriamente a urbanização e a economia gastando menos água. Assim faz necessário desenvolver um gerenciamento hídrico capaz de fazer frente ao desafio. Mas para isso é necessário existir conscientização sobre o problema, principalmente em regiões urbanas, para partir com propostas viáveis e soluções concretas. No Brasil, mais de 90% do esgoto doméstico e cerca de 70% do industrial não tratados são lançados nos corpos d’ água [...]. (REVISTA TREVISAN, 2002, p. 164)

Além de possuir 12% da reserva mundial de água doce, o Brasil possui o maior rio e

aqüífero subterrâneo do mundo, o aqüífero Guarani, além de índices recorde de chuva.

Segundo Tundisi (2003, p. 24), “as reservas brasileiras de água subterrânea desse aqüífero

[Guarani] são estimadas em 48.000 km3”. Na tabela a seguir, pode-se notar a distribuição de

águas entre as regiões brasileiras.

Tabela 1 - Disponibilidade de água no Brasil

Região Recursos Hídricos Área territorial População

Norte 68,50% 45,30% 6,98% Centro-oeste 15,70% 18,80% 6,41% Sul 6,50% 6,80% 15,50% Sudeste 6,00% 10,80% 42,65% Nordeste 3,30% 18,30% 28,91% Fonte: ANA

De acordo com a tabela 1, é importante ressaltar que 84% da água disponível no país

estão concentrados nas regiões Norte e Centro Oeste, representando 13% da população total

do Brasil. Estes dados demonstram claramente a irregularidade quanto à distribuição de

recursos hídricos pelo país.

Devido à importância do tema sustentabilidade, a população brasileira necessita de

mais atenção em relação ao uso do meio ambiente, elemento que confere ao país vantagens

competitivas perante o mundo, não apenas pela questão da água, mas também pela

importância da biodiversidade para as pesquisas e para as indústrias farmacêuticas e de seu

potencial turístico. Preocupado com o assunto, o governo criou a Agência Nacional de Águas,

ANA, através da Lei nº 9984 de 17 de julho de 2000, além de diversas associações. Já o setor

industrial fundou a Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral, ABINAM. A

sociedade civil também está fazendo a sua parte, por meio de ONGs como a Universidade da

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Água, Uniágua, porém, a solução que parece ser simples depende de uma mudança estrutural

na cultura da sociedade para que o setor de água mineral continue a se consolidar como um

importante segmento da economia nacional.

O modelo francês tem sido a principal referência para a construção do arcabouço

institucional brasileiro de gestão dos recursos hídricos. A Constituição Federal de 1988, que

estabelece o domínio público da água, prevê a criação de mecanismos legais e modalidades de

cobrança para o uso dos recursos hídricos. (MACHADO, 2004)

Em São Paulo, a Lei Estadual nº 7.663, de 30/12/1991, ao aprovar a Política Estadual

de Recursos Hídricos, já reconhecida a água não só como um bem público, mas como um

bem dotado de valor econômico, “cuja utilização deve ser cobrada, observados os aspectos de

quantidade, qualidade e as peculiaridades das bacias hidrográficas”. Tal cobrança, segundo

essa lei, deve ser feita pelo uso ou pela derivação dos recursos hídricos e pela diluição de

efluentes de qualquer natureza sobre os corpos d’ água receptores, podendo ponderar seus

parâmetros orgânicos e físico-químicos para efeito de tarifação. Os recursos captados pela

cobrança do uso da água constituíram-se em fonte orçamentária do Fundo Estadual de

Recursos Hídricos (FEHIDRO), sendo que sua aplicação estaria vinculada às diretrizes de

programas e projetos elaborados pelos Comitês de Bacia Hidrográfica e pelo Conselho

Estadual de Recursos Hídricos.

O impacto que a criação de mercados de água traz para o exercício da cidadania

precisa ser considerado urgentemente, sobretudo porque o cidadão está acima do consumidor

no que concerne às garantias constitucionais de proteção dos direitos.

Segundo o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, “a água é um produto finito e

que tem que ser preservado. Água limpa e acessível constitui um elemento indispensável para

o ser humano, porque ainda não existem técnicas para produzi-la ou reproduzi-la”.

(REVISTA TREVISAN, 2002)

2.5.1 Lei 9.433/97 – Lei das Águas

Devido à grande disponibilidade de água existente no Brasil, embora sob desregular

distribuição, houve a necessidade de se estabelecer uma política de caráter público que

regulasse a utilização e o compartilhamento deste recurso para todo o território nacional.

Em 08 de janeiro de 1997, portanto, a lei 9.433, mais conhecida como Lei das Águas,

foi promulgada e sua principal finalidade é instituir a política nacional de recursos hídricos.

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Segundo Kettelhut (2003) “gestão democrática, participativa e descentralizada dos recursos

hídricos, determinando o compartilhamento de poder e responsabilidade entre o Estado e os

diversos setores da sociedade, foram os princípios considerados fundamentais para a

promulgação da Lei nº 9.433 [...]”.

Além das diretrizes gerais de utilização e compartilhamento, esta lei regulamenta a

cobrança e as responsabilidades inerentes ao uso responsável da água. Como já mencionado,

um dos princípios desta lei diz respeito à adoção de políticas descentralizadas de proteção aos

recursos hídricos, ou seja, cada estado, inclusive o Distrito Federal, pode definir a sua própria

política desde que contemple em sua essência os mesmos princípios legais já estabelecidos.

De acordo com a Envolverde/MMA (2007),

o Estado brasileiro reafirmou a água como bem de domínio público. Ao mesmo tempo, reconheceu que a água é um recurso limitado, dotado de valor econômico. A lei também orientou a gestão dos mananciais aquáticos com vistas ao seu uso múltiplo e à sua descentralização, com participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

A Lei 9.433/97 criou também o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SINGREH), que, através da Decreto nº 2.612/98, ficou a cargo do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos.

2.5.2 Lei 9.984/00 – Criação da Agência Nacional de Água (ANA)

Através da Lei 9984, promulgada em 17 de julho de 2000, houve a criação da

Agência Nacional de Água (ANA). Esta, por sua vez, é a entidade federal responsável pela

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e coordenadora do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). (BRASIL, 2000)

A ANA é responsável pela cobrança da utilização dos recursos hídricos de domínio da

União. A arrecadação deve ser convertida em projetos que visem melhorar e dar manutenção

às fontes hídricas nacionais. De acordo com o Art. 4º da Lei 9.984/00, alguns objetivos da

ANA:

X – planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão central do Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios; XI - promover a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em obras e serviços de regularização de cursos de água, de alocação e distribuição de água, e de controle da poluição hídrica, em

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consonância com o estabelecido nos planos de recursos hídricos. (BRASIL, 2000)

2.5.3 Água em Santa Catarina

A disponibilidade de água em Santa Catarina é considerada equilibrada em termos de

demanda e consumo. O Estado, ultimamente, enfrenta situações adversas devido a fenômenos

climatológicos que comprometem social e economicamente algumas regiões, como é o caso

das secas prolongadas e aumento da temperatura.

Na tabela a seguir, pode-se notar o potencial hídrico de Santa Catarina comparando-o

com os demais estados brasileiros:

Tabela 2 - Disponibilidade hídrica social por Estado no Brasil

Estados Potencial hídrico

(km3/ano) População

Utilização total (m3/hab/ano)

Nível de utilização (1991)

Rondônia 150,20 1.229.306 44 0,03 Acre 154,00 483.593 95 0,02 Amazonas 1.848,30 2.389.279 80 0 Roraima 372,31 247.131 92 0 Pará 1.124,70 5.510.849 46 0,02 Amapá 196,00 379.459 69 0,01 Tocantins 122,80 1.048.642 - - Maranhão 84,70 522.183 61 0,35 Piauí 24,80 2.673.085 101 1,05 Ceará 15,50 6.809.290 259 10,63 R.G. do Norte 4,30 2.558.660 207 11,62 Paraíba 4,60 3.305.616 172 12 Pernambuco 9,40 7.399.071 268 20,3 Alagoas 4,40 2.633.251 159 9,1 Sergipe 2,60 1.624.020 161 5,7 Bahia 35,90 12.541.675 173 5,71 M. Gerais 193,90 16.672.613 262 2,12 E. Santo 18,80 2.802.707 223 3,1 R. Janeiro 29,60 13.406.308 224 9,68 São Paulo 91,90 34.119.110 373 12 Paraná 113,40 9.003.804 189 1,41 Sta. Catarina 62,00 4.875.244 366 2,68 R.G. do Sul 190,00 9.634.688 1015 4,9 M.G. do Sul 69,70 1.927.834 174 0,44 M. Grosso 522,30 2.235.832 89 0,03 Goiás 283,90 4.514.967 177 0,25 D. Federal 2,80 1.821.946 150 8,56 Brasil 5.732,81 152.370.163 273 0,71 Fonte: TUNDISI (2003)

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Através dos dados supramencionados, pode-se dizer que o Estado possui 1,1% do

potencial hídrico nacional, sendo que sua população representa aproximadamente 3,2% do

total. É um índice relativamente baixo se comparado, por exemplo, à disponibilidade presente

nos estados da região Norte – aproximadamente 84%.

Santa Catarina concentra boa parte das industriais têxteis, agrícolas e frigoríficos

presentes na região Sul. O uso da água no estado é dividido da seguinte forma:

� Irrigação: 64%;

� Abastecimento Urbano: 9%;

� Abastecimento Rural: 1%;

� Indústria: 7%;

� Dessedentação animal: 3%;

� Aqüicultura: 16%. (DIÁRIO CATARINENSE, 2008)

Apesar da pouca disponibilidade hídrica, os mananciais catarinenses são muito

poluídos pelas atividades industriais e agrícolas. Para amenizar esta situação, A Fundação do

Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) em conjunto com a Agência Nacional de Água

(ANA), desde 1987, executam projetos para recuperação de cinco bacias hidrográficas: Rio

do Peixe (Meio-oeste), baía da Babitonga (Note), rio Itajaí-Açu (Vale do Itajaí), rio Itapocu

(Norte) e rio Tubarão (Sul). Os projetos já somam cerca de R$ 200 milhões em investimentos

e envolvem empresas responsáveis por cerca 80% da poluição jogada sem tratamento nos

rios. (CARVALHO, 2006)

2.5.4 Índices Pluviométricos de Navegantes/SC

O município de Navegantes está situado no litoral de Santa Catarina, ao lado do

município de Itajaí. Estes são separados pelo rio Itajaí-Açu e, portanto, possuem praticamente

as mesmas condições ambientais e climáticas.

Na tabela a seguir, pode-se encontrar os índices de precipitação médios de Itajaí e

Navegantes nos últimos 25 anos:

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Tabela 3 - Índices pluviométricos de Itajaí e Navegantes - média dos últimos 25 anos

TEMPERATURA PREC. TOTAL

(mm)

DIAS MENSAIS DE

CHUVA

UMIDADE RELATIVA

(%)

EVAPOR. TOTAL Piche MESES

MEDIA ('C) MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÉDIA JAN. 24.7 238.3 18.2 83.1 85.6 FEV. 24.8 183.5 15.0 83.1 72.0 MAR. 23.8 174.2 16.2 83.9 78.0 ABR. 21.7 123.7 12.8 85.0 65.2 MAI. 18.4 113.5 11.8 85.4 57.5 JUN. 16.3 103.9 11.1 87.2 51.6 JUL. 15.4 118.8 11.4 86.5 52.0 AGO. 16.5 93.6 9.5 85.9 56.0 SET. 17.7 150.2 13.4 84.5 59.0 OUT. 20.0 151.7 14.6 82.3 71.5 NOV. 22.0 144.8 14.3 80.7 89.1 DEZ. 23.6 158.6 15.7 80.8 96.2

Fonte: EPAGRI/CIRAM, 2006

Quanto ao período de estiagem total, ou melhor, dias sem chuva, o valor máximo de

dias consecutivos sem chuva para a região de Navegantes é de 15 dias. (ALCÂNTARA,

2007).

Ambos os dados, pluviometria e estiagem, são essenciais para mensurar a viabilidade

e o tamanho ideal do projeto, pois tratam acerca do agente principal que é a chuva.

2.6 Captação de Águas Pluviais

A captação de águas pluviais através de telhados representa uma boa solução para

empresas e residências, pois além do caráter gratuito, são menos poluídas do que as águas

provenientes dos rios.

Os sistemas de captação de águas pluviais já podem ser visto em casas e empresas e

permitem que a água potável proveniente da rede de abastecimento tenha fins mais nobres,

como o consumo humano propriamente dito. Sendo assim, o armazenamento e reuso de água

da chuva destina-se à atividades como descarga de banheiros, lavação de estruturas e veículos,

jardinagem, entre outros.

De acordo com Steiner (2006 apud CABRAL, 2006), “desde sempre a humanidade

coletou água da chuva para conseguir sobreviver neste planeta, mas atualmente não

costumamos levar este recurso a sério como uma alternativa para resolver nossos grandes

problemas de água”.

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Cabral (2006) enfatiza que os projetos de captação de águas pluviais são atrativos

pelo fato de possuírem baixo custo. Outro benefício que estes projetos trazem é a facilidade

em converter a água da chuva em água potável, através de filtração e cloração – processos

baratos e muito simples. (NOGUEIRA, 2003)

A coleta de águas pluviais pode ser realizada através de diversos métodos, dente eles

podemos citar pequenas barragens, represas, pátios de concreto e telhados (CARLON, 2005).

No meio urbano, os telhados são mais comumente utilizados, pois são partes fundamentais

das estruturas, além de representarem menos custos aos projetos.

Para a implementação de um sistemas de captação através de telhados, Perdomo e

Figueiredo (2008) destacam alguns elementos fundamentais que serão melhor descritos no

tópico 2.6.3:

� calhas;

� filtro;

� cisterna;

� sistema de bombeamento.

De acordo com Yuri (2003 apud CARLON, 2005, p. 58) “no dimensionamento de

sistemas de coleta e armazenamento de água da chuva devem ser efetuados três cálculos: a)

definição da área de captação; b) definição do consumo diário; c) definição do volume do

reservatório”.

Para Perdomo e Figueiredo (2008), o potencial de captação de águas pluviais da

estrutura em questão pode ser calculado da seguinte forma:

Q = PP x AC x Cr

Onde,

Q = Volume de água, em litros;

PP = Precipitação, em mm;

AC = Área de captação (telhado), em m2;

Cr = Coeficiente indicativo da água disponível após as perdas com evaporação,

fatores de limpeza do telhado, material de confecção do telhada, entre outros.

Conhecido também como runoff.

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Plínio Tomaz (2003 apud CARLON, 2005, p. 60) diz que “o coeficiente de

escoamento superficial (C) [Cr] é utilizado porque, para efeito de cálculo, o volume de água

da chuva que pode ser aproveitado não é o mesmo que o precipitado”. O autor ainda afirma

que há vários coeficientes de runoff (Cr), porém indica que o melhor valor a ser utilizado

como coeficiente é C= 0,80. Isto significa uma perda de 20% do total de água precipitada.

Quanto ao volume do reservatório (cisterna), Yuri (2003 apud CARLON, 2005)

sugere que seu dimensionamento seja baseado no tempo de estiagem da região aonde irá se

implementar o projeto. Dessa forma, o autor destaca a seguinte fórmula:

Vt = (((N x S) x U) x 1,1) x 10-3

Onde,

Vt = volume total do reservatório (m3);

N = número de consumidores;

S = consumo per capita (L);

U = período de estiagem (dias).

Para este projeto, adaptou-se a fórmula supracitada da seguinte maneira:

Vt = ((Cd x U) x 1,1) x 10-3

Onde,

Vt = volume total do reservatório (m3);

Cd = consumo diário (L);

U = período de estiagem (dias).

2.6.1 Precipitação

De acordo com a Wikipédia (2008),

a precipitação descreve qualquer tipo de fenômeno relacionado à queda de água do céu. Isso inclui neve, chuva e chuva de granizo. A precipitação é uma parte importante do ciclo hidrológico, sendo responsável por retornar a maior parte da água doce ao planeta.

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Para fins de estudo e análise pluviométrica, é possível medir a quantidade de

precipitação caída na superfície durante certo intervalo de tempo. Para tanto, utliza-se um

aparelho chamado pluviômetro. A medição é feita em milímetros de altura (mm) ou em litros

por metro quadrado (l/m2). A cada litro por metro quadrado corresponde a um milímetro de

altura. (SOUSA CARVALHO, 2008)

2.6.2 Reutilização e qualidade da água da chuva

A água tem muitos usos além do consumo doméstico. É em função do uso dado a

água que se determinam quais padrões deverão ser atendidos e o nível de tratamento que será

dado a ela.

De acordo com Carlon (2005, p. 44),

[...] não existem ainda normas técnicas específicas para o reuso de água da chuva. Alguns pesquisadores defendem que os parâmetros exigidos para fins não potáveis para os quais a água da chuva seria utilizada poderiam ser os mesmos utilizados para os testes de balneabilidade. Já outros afirmam que poderiam ser adotadas as normas estabelecidas para reuso de esgoto doméstico ou com características similares estabelecidas na NBR 13969:1997 que tratam do reuso local.

A seguir, tem-se a classificação das águas de reuso, conforme NBR 13969:1997:

Tabela 4 - Classificação das águas de reuso

Classe Uso previsto Parâmetros Tratamento

Turbidez: inferior a 5

Sólidos dissolvidos: 200 mg/L

PH: entre 6 e 8

Cloro Residual: entre 0,5 mg/L e 1,5 mg/L

Classe 1

Lavagem de carros e outros usos que requerem contato direto do usuário

com a água

Coliformes Fecais: inferior a 200 NMP/100 ml

aeróbico seguido por filtração e

cloração

Turbidez: inferior a 5

Sólidos dissolvidos: -

PH: -

Cloro Residual: superior a 0,5 mg/L

Classe 2

Lavagem de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos, exceto

chafarizes

Coliformes Fecais: inferior a 500 NMP/100ml

aeróbico seguido de filtração de areia

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Classe

Uso previsto

Parâmetros

Tratamento

Turbidez: inferior a 10

Sólidos dissolvidos: -

PH: -

Cloro Residual: superior a 0,5 mg/L

Classe3

Reuso em descargas dos vasos sanitários

Coliformes Fecais: inferior a 500 NMP/100ml

aeróbico seguido de filtração e desinfecção.

Turbidez: -

Sólidos dissolvidos: -

PH: -

Cloro Residual: superior a 0,5 mg/L

Classe 4

Reuso nos pomares, cereais, forragens,

pastagens para gados e outros cultivos

Coliformes Fecais: inferior a 5000 NMP/100ml

- -

Fonte: ABNT apud CARLON (2005)

De um modo geral, a água da chuva apresenta boa qualidade, sendo bastante pura,

devido principalmente ao processo de “destilação natural” que a mesma sofre. Esta destilação

natural está ligada ao ciclo hidrológico, aos processos de evaporação e condensação.

Entretanto, dependendo da região, a chuva pode apresentar poluentes principalmente em

regiões próximas aos grandes centros urbanos ou a áreas bastante industrializadas, formando,

assim, óxido de enxofre e nitrogênio. (O2 ENGENHARIA, 2008)

Em função da área de coleta a qualidade da água da chuva pode ter a seguinte

variação:

Grau de purificação Área de coleta de chuva Observações

A Telhados (lugares não ocupados por pessoas e

animais).

Se a água for purificada pode ser consumida

B Telhados (lugares

freqüentados por animais e pessoas)

Usos não potáveis

C Terraços e terrenos impermeabilizados.

Mesmo para os usos não potáveis, necessita tratamento.

D Estradas Mesmo para os usos não

potáveis, necessita tratamento.

Quadro 1 - Qualidade da água Fonte: O2 Engenharia, 2008

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2.6.3 Equipamentos necessários ao sistema de coleta de águas pluviais

Perdomo e Figueiredo (2008) e Carlon (2005) destacam e descrevem os elementos

fundamentais para a implementação de um sistema de coleta de água da chuva:

� Calhas: têm como principal objetivo a coleta de água do telhado.

Apresentam-se, em sua maioria, em materiais como PVC e alumínio, além de

poderem ser moldadas de diversas maneiras, adaptando-se às estruturas. O

investimento em calhas pode se apresentar um pouco elevado, porém a

qualidade da água coletada é melhor devido ao fato de que há menor

possibilidade de contaminação com detritos espalhados no solo.

Figura 1 – Instalação de calhas (CALHAS GARCIA, 2008)

� Filtro: elemento necessário para a retirada de galhos, folhas e outros detritos,

visando diminuir a carga orgânica ao menor nível possível, além de evitar que

a água entre com muita pressão no reservatório.

Figura 2 - Filtro de partículas sólidas e seu funcionamento (3PTECHNIK, 2008)

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� Cisterna: é um reservatório que permite o acúmulo de água provinda da

chuva. Sua aplicação pode se dar através da construção subterrânea, ou

enterrada, ou da chamada cisterna apoiada, que fica acima do solo. A cisterna

subterrânea é tida com a mais adequada, pois é geralmente é feita de cimento,

fator que neutraliza a acidez da água. Além disso, o caráter subterrâneo

retarda a ação das bactérias e protege a água armazenada contra a luz e o

calor (evaporação).

Figura 3 - Construção de uma cisterna subterrânea (O2 ENGENHARIA, 2008)

� Sistema de bombeamento: a água armazenada em cisternas subterrâneas não

pode ser retirada por meio da gravidade. Portanto, se faz necessária a

elaboração de um sistema de bombeamento que permita que esta água seja

retirada e levada para outro compartimento mais elevado. Este sistema é

formado, essencialmente, por uma bomba hidráulica (motobomba), por uma

válvula anti-retorno, canos, e uma bóia. A bóia indica a necessidade de água

no compartimento elevado e, portanto, é responsável pelo acionamento da

bomba hidráulica.

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Figura 4 - Sistema de bombeamento de cisterna subterrânea para caixa elevada (ACQUASAVE, 2008)

2.6.3.1 Medidas de segurança para garantir a qualidade da água da chuva:

De acordo com a O2 Engenharia (2008), deve-se tomar algumas medidas para

garantir a qualidade da água proveniente da chuva, tais como:

� área de captação deve ser limpa, impermeabilizada, feita com material não

tóxico e livre de fissuras e vegetações;

� deverá ser colocado um sistema de filtragem antes da água entrar na cisterna;

� o tanque deverá ser todo fechado a fim de impedir a entrada de qualquer

iluminação para evitar o crescimento e a proliferação de algas e

microorganismos;

� a limpeza do tanque, calhas, telas e outros componentes do sistema de

captação deverão ser feitas periodicamente;

� deve-se descartar o primeiro volume de chuva;

� água de outras fontes não deverá ser misturada com a água pluvial contida no

tanque.

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3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

Esta seção é reservada para a demonstração dos resultados do trabalho de campo,

iniciando pela caracterização da empresa, apresentação dos resultados e conclusões, dando

respostas aos objetivos propostos.

3.1 Caracterização da Empresa

O Porto de Navegantes é um empreendimento idealizado e administrado pela

Portonave S/A. - Terminais Portuários de Navegantes. A empresa é formada pela TPI -

Triunfo Participações e Investimentos - e pela Backmoon Investments Inc. Sua implantação

teve início em 1998, com a compra dos terrenos na Ponta da Divinéia, em Navegantes, pelo

empresário Agostinho Leão, fundador da empresa Mate Leão. Após os licenciamentos, a

construção se iniciou em outubro de 2005, estando concluída em agosto de 2007, dentro do

cronograma estipulado.

O dia 18 de outubro do mesmo ano foi marcante para a história da Portonave. Nessa

data, a empresa conquistou o alfandegamento da Receita Federal, sendo que o primeiro navio

comercial chegou a Navegantes no início da tarde do domingo, dia 21 de outubro de 2007.

O Porto de Navegantes está localizado na margem esquerda da foz do Rio Itajaí-açu,

no município de Navegantes (SC), a 111 km da capital catarinense - Florianópolis, 203 km de

Curitiba (PR) e 571 km de Porto Alegre (RS). Os principais acessos rodoviários são pela BR-

101 e pela BR-470. O Aeroporto Internacional de Navegantes, segundo maior de Santa

Catarina, fica a apenas 2 km do Porto. Navegantes possui 45 mil habitantes e se destaca na

economia nacional como pólo pesqueiro e pela presença de estaleiros de médio e grande

porte.

Desde sua concepção, o Porto de Navegantes foi idealizado para aliar tecnologia,

inovação e eficiência em sua operação preservando e melhorando a qualidade de vida da

comunidade em que está inserido. Mais do que um instrumento de desenvolvimento, o Porto

de Navegantes surge para criar uma nova era de crescimento sócio-econômico, sem nunca

descuidar da preservação ambiental.

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3.1.1 Estrutura

O empreendimento emprega equipamentos de alta tecnologia, utilizados nos portos

mais modernos do mundo, entre eles portêineres (PT), Guindastes (MHC) e transtêineres

(RTG), além de instalações para armazenamento de unidades Reefers.

A evolução dos equipamentos na empresa se deu da seguinte forma:

Tabela 5 - Evolução dos equipamentos

Equipamento OUT-07 NOV-07 DEZ-07 JAN-08 (atual)

Projeção 2010

MHC 2 2 2 2 2 Reach Stacker 3 3 3 3 5 Caminhões (TT) 10 10 10 15 45 RTG 0 0 4 4 16 PT 0 0 0 3 7 Front Loader 0 0 3 3 5 Fonte: Informação verbal1

Quanto ao quadro de funcionários, a empresa evolui conforme a Tabela 6, a seguir:

Tabela 6 - Evolução de pessoal

OUT-07 NOV-07 DEZ-07 JAN-08 FEV-08 MAR-08 ABR-08 207 224 232 253 323 349 365

Fonte: Informação Verbal2

3.1.2 Características

O Porto de Navegantes desponta como importante alternativa no setor de

movimentação de cargas do país. O empreendimento está em sintonia com as necessidades de

logística e infra-estrutura brasileiras.

O empreendimento foi idealizado para atender as necessidades de escoamento da

produção das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, além de atender a demanda dos

países integrantes do Mercosul, tornando-se um marco no desenvolvimento do comércio

exterior brasileiro.

1 Informação fornecida pelo Supervisor de Equipamentos Portuários da Portonave S/A, Sr. Maxs Jorge Pereira dos Santos, em 21 de maio de 2008. 2 Informação fornecida pela Analista de Recursos Humanos da Portonave S/A, Srta. Alessandra Guilhermina Santos, em 21 de maio de 2008.

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Localizado na foz do rio Itajaí-açu, na Ponta da Divinéia, o Porto de Navegantes é

um dos maiores investimentos privados no segmento no País. O aporte total é de R$ 423

milhões, sendo R$ 359 milhões empregados na primeira fase.

Com um projeto arrojado e moderno, o terminal portuário de Navegantes utilizará as

mais modernas tecnologias disponíveis em operações desta natureza, tendo plena capacidade

para atender navios de grande porte.

Alguns dados sobre a estrutura:

- Extensão do cais: 900 m;

- Profundidade (calado): 12 m;

- Berços de Atracação: 4;

- Área Total: 600 mil m²;

- Capacidade de Estacionamento de Caminhões : 150 veículos.

O Porto de Navegantes vai alavancar o desenvolvimento da região, contribuindo para

o crescimento da atividade portuária e para o futuro do município de Navegantes.

3.1.3 Visão, Missão e Valores

A empresa possui como visão ser reconhecido como uma organização inovadora e

com os melhores indicadores de desempenho no segmento logístico.

Já a missão é definida da seguinte forma: “fornecer soluções logísticas que superem

as expectativas do cliente e que agreguem valor a todos os envolvidos com o negócio, através

de equipe capacitada, motivada e comprometida com qualidade total e respeito ao meio

ambiente”.

Os valores adotados pela empresa são:

- Excelência Operacional;

- Credibilidade;

- Transparência;

- Responsabilidade Socio-ambiental;

- Valorização dos Colaboradores;

- Integração com a Comunidade

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3.1.4 Licenças e Autorizações Ambientais

Nos quadros a seguir estão listadas as licenças e a documentação legal obtida para a

execução da obra do Porto de Navegantes:

Licenças Ambientais Data de expedição Validade Atividade

LAP 073/04 27/04/2004 36 Meses Dragagem do Rio Itajaí-Açu

LAI 013/05 17/02/2005 24 Meses Terminal Portuário

LAI 067/05 07/11/2005 16 Meses Terminal Portuário

LAO 701/05 08/12/2005 24 Meses Dragagem da Bacia de Evolução do Porto

LAO 723/05 21/12/2005 03 Meses Depósito de Solo Orgânico / Bota Fora

LAO 701/05 21/12/2005 48 Meses Usina de concreto

LAI 074/05 23/12/2005 24 Meses Dragagem da Bacia de Evolução do Porto

LAI 007/06 06/02/2006 15 Meses Terminal Portuário

Quadro 2 - Licenças ambientais Portonave S/A Fonte: PORTONAVE S/A

Autorizações de Corte Data de expedição Metragem Atividade

015/05 17/02/2005 261,54 st Autorização para Corte de Vegetação

139/05 07/11/2005 506,18 m3 Autorização para Corte de Vegetação

Quadro 3 - Autorizações ambientais Fonte: PORTONAVE S/A

3.1.5 Sistema de Gestão Integrado (SGI)

A Portonave está implantando um Sistema de Gestão Integrado (SGI) baseado nas

normas ISO9001 (Gestão da Qualidade), ISO14001 (Gestão Ambiental) e OHSAS18001

(Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional) para as atividades que envolvem a operação do

terminal portuário. Esta implantação ocorre com equipe de gestores da Portonave e com o

suporte de serviços de consultoria de empresa especializada.

As atividades do SGI estão em pleno desenvolvimento e vários procedimentos já

estão formalizados.

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3.1.6 Responsabilidade Social e Ambiental

O Porto de Navegantes possui uma Área de Preservação Permanente integrada ao

empreendimento. Esta área tem 40 mil m² e é composta por vegetação de mangue. Antes do

início das obras, foram coletadas cerca de 5 mil mudas de espécies nativas e mais de 5 mil

bromélias, que serão replantadas para formar um cinturão verde com cinco metros de largura

em torno de todo o empreendimento. Além de preservar as espécies da região, o cinturão

servirá como uma barreira de proteção natural contra poeira e ruído, amenizando também o

impacto visual do empreendimento.

Em paralelo à implantação do Porto de Navegantes está em execução um Plano

Básico Ambiental, que gerencia 12 programas:

1. Programa de gestão ambiental - PGA: programa que gerencia toda a metodologia

aplicada aos outros programas.

2. Programa ambiental de construção - PAC: Programa que torna todo o processo de

construção do porto adequado às normas de controle ambiental.

3. Programa de contenção de processos erosivos: programa que evita a degradação

do solo e o carregamento de material pela água.

4. Programa de monitoramento da eventual contaminação do lençol freático:

programa que evita possíveis contaminações de águas subterrâneas com o depósito

inadequado de resíduos.

5. Programa de monitoramento das águas estuarinas e oceânicas e de eventual

contaminação marinha: programa que verifica a qualidade da água antes, durante e após a

construção do empreendimento.

6. Programa de melhoria do trânsito nas imediações do empreendimento: programa

com o uso de folders, placas e orientação, que atua na normalização do trânsito dentro e fora

da área de construção do porto.

7. Programa de melhoramento ambiental na área de abrangência do porto: programa

que evita que outras áreas sejam utilizadas ou que sofram influências da obra.

8. Programa de comunicação social e monitoramento da percepção comunitária sobre

o porto: programa que analisa a relação entre a comunidade e o empreendimento.

9. Programa de recuperação ambiental: programa que estuda a melhor forma de

integração da área portuária à paisagem local, além de implantar ações de preservação

ambiental.

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10. Programa de gerenciamento de resíduos sólidos: programa que permite adequar

os métodos de recolhimento e disposição final dos resíduos sólidos produzidos na obra.

11. Programa de educação ambiental: programa que viabiliza projetos de educação e

melhoramento da vida da população na área do porto.

12. Programa de gerenciamento de risco ambiental e prevenção de acidentes:

programa que evita que o material dragado seja disposto em local inadequado.

3.2 Resultados da Pesquisa

Esta parte do projeto tratará acerca da análise dos dados coletados. Estes dados serão

tabelados, proporcionando um melhor entendimento do que foi pesquisado, além de buscar o

atendimento a todos os objetivos propostos.

É importante ressaltar neste momento, que os dados coletados na pesquisa foram

estimados e não propriamente medidos. Isto se deu pelo fato de o acadêmico não ter tempo

hábil para a mensuração direta das informações, ou melhor, ir a campo coletá-las. Sendo

assim, os profissionais técnicos que atuam nas áreas de construção civil, manutenção,

engenharia ambiental e até mesmo fornecedores de materiais e serviços foram consultados e

questionados sobre seus processos e a partir de suas percepções, estimaram-se os dados para a

execução do projeto.

Em contrapartida, foram criados vários controles para uma medição mais precisa do

consumo de água no que diz respeito à lavação de veículos. Este fator permite que a empresa

tenha mais acurácia quando na averiguação do consumo mensal deste processo, além de

proporcionar maior certeza da importância do projeto. Os controles se encontram no

Apêndice C.

3.2.1 Consumo mensal de água

A Portonave S/A iniciou oficialmente suas operações em outubro de 2007, através de

concessão aduaneira emitida pela Receita Federal do Brasil. Sendo assim, os dados de

consumo de água foram apurados a partir daquele período, pois anteriormente os

equipamentos eram utilizados somente para treinamento, não havendo grandes necessidades

de manutenção (lavação).

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De acordo com o Apêndice A, dados fornecidos pela companhia responsável pela

distribuição de água, tabelou-se o consumo mensal da seguinte forma:

Tabela 7 - Consumo Mensal de água na Portonave S/A

Matrícula 1 Matrícula 2 Matrícula 3

Mês Cons. (m3)

Fatura (R$) Cons. (m3)

Fatura (R$) Cons. (m3)

Fatura (R$)

Outubro 29 124,15 10 31,18 254 1.225,07

Novembro 82 406,49 10 34,49 520 2.526,61

Dezembro 59 270,94 10 31,18 240 1.156,57

Janeiro 43 203,89 10 31,18 491 2.384,71

Fevereiro 33 143,72 10 31,18 575 2.795,73

Mês Cons. Total (m3)

Valor total (R$)

R$/m3

Outubro 293 1.380,40 4,711

Novembro 612 2.967,59 4,849

Dezembro 309 1.458,69 4,721

Janeiro 544 2.619,78 4,816

Fevereiro 618 2.970,63 4,807

Fonte: DAE, 2008.

A partir dos dados dispostos na Tabela 7, é possível estabelecer a média de consumo

mensal da estrutura. Vale ressaltar que cada m3 representa 1.000 litros d’água.

A média de consumo mensal foi calculada da seguinte forma:

Mcons. = (293 m3 + 612 m3 + 309 m3 + 544 m3 + 618 m3)/5

Mcons. = 475 m3, ou

Mcons = 475.000 litros

A média mensal de consumo encontrada é de 475.000 litros ou 475m3 de água.

Já o custo por m3 foi apurado através de média ponderada:

MR$/m3 = (R$ 1.380,40 + R$ 2.967,59 + R$ 1.458,59 + R$ 2.619,78 + R$ 2.970,63) /

(293 m3 + 612 m3 + 309 m3 + 544 m3)

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MR$/m3 = R$ 4,80

Considerando o consumo mensal da empresa como 475 m3, ao custo de R$ 4,80 por

m3, pode-se dizer que o custo mensal médio de abastecimento na estrutura é de R$ 2.280,00.

Em uma visão mais ampla, o consumo anual da estrutura é de cerca de 5.700 m3

(475m3 x 12 meses) e, por conseguinte, seu custo médio anual é de R$27.360,00 (5.700m3 x

4,80 R$/m3).

3.2.2 Levantamento de consumo nos processos internos

Quando se aborda a questão do consumo de água dentro de uma empresa, devem-se

considerar todos os aspectos e processos que, de alguma forma, envolvem a água, seja para

fins potáveis, higiênicos, de manutenção, entre outros. Para o presente projeto, buscou-se

levantar a utilização da água somente nos processos de lavação de máquinas e equipamentos e

para irrigação de plantas nas dependências da empresa, uma vez que as água pluviais

coletadas serão utilizadas para suprir estes processos.

Nos tópicos a seguir, há a consolidação do levantamento de dados através de

informações provenientes dos responsáveis por suas respectivas atividades.

3.2.2.1 Lavação de máquinas e veículos

A lavação de máquinas e veículos é uma das atividades mais dispendiosas no que diz

respeito à água, pois se trata de um processo contínuo e que demanda grande disponibilidade

desse recurso. Por se tratar de um porto, a Portonave S/A possui maquinário pesado utilizado

para a movimentação de contêineres dentro do terminal, além de veículos para a circulação de

pessoas na área alfandegada. Dentro desse contexto, procurou-se estimar a quantidade de água

necessária para o atendimento deste processo, uma vez que a lavação é fundamental para a

boa conservação dos equipamentos.

De acordo com as medições realizadas, o equipamento utilizado para lavação, uma

máquina pressurizadora da marca Kärcher®, modelo HDS 1200, consume cerca de 10 litros a

cada 5 segundos. (informação verbal)3

3 Informação disponibilizada pelo Sr. Ildefonso Filho, Supervisor de Manutenção Predial da Portonave S/A, em 28 de maio de 2008.

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Dessa forma, entende-se que a cada minuto, o consumo do equipamento é de 120

litros, conforme cálculo a seguir:

1 minuto � 60 segundos

60 segundos / 5 segundos (medição para 10 litros) = 12 períodos em um minuto

12 períodos em um minuto x 10 litros de água = 120 litros/minuto

Tomando como base a estimativa de consumo por minuto na lavação de veículos,

procurou-se saber qual o tempo de lavação de cada máquina, a quantidade de máquinas

lavadas por dia e a freqüência semanal das lavações, ou melhor, quantos dias são utilizados

para lavar cada tipo de equipamento.

Conforme citado anteriormente, a empresa possui em seu maquinário 3

empilhadeiras Reach Stackers, 15 caminhões Terminal Tractors e 3 empilhadeiras Front

Loaders. Além disso, conta também com 2 vans Ducato para o transporte de pessoas dentro

do terminal, pois segundo as normais de segurança interna, é estritamente proibido a

circulação de pessoas a pé entre os equipamentos de movimentação de contêineres.

O tempo de lavação para cada máquina foi estimado da seguinte forma:

- Empilhadeira Reach Stacker: 15 minutos;

- Caminhão (Terminal Tractor – com carreta): 20 minutos;

- Empilhadeira Front Loader: 15 minutos;

- Ducato (van): 5 minutos. (informação verbal)4

Vale salientar que os tempos estimados dizem respeito ao tempo em que a máquina

pressurizadora para lavação encontra-se ligada, ou seja, utilizando água.

Quanto ao número de equipamentos lavados por dia e suas respectivas freqüências

semanais, estimou-se conforme a seguir:

Tabela 8 - Máquinas por dia e freqüência semanal de lavação

Máquina Maq./dia Freqüência Semanal Lavações/mês

. Reach Stacker 1 2 8

. Caminhão (TT) 5 5 100

. Front Loader 2 2 16

. Ducato 1 2 8 Fonte: Informação verbal4

4 Dados fornecidos pelo Sr. Douglas Vieira Costa, responsável pela lavação de máquinas e veículos da Portonave S/A, em 28 de maio de 2008.

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Através dos dados supramencionados, é possível estimar a quantidade mensal de

água despendida no processo de lavação de máquinas e veículos. O cálculo demonstrado na

Tabela 9 foi realizado através da fórmula:

CT= Tm x V x Md x (Fs x 4)

Onde,

CT = consumo total, em litros;

Tm = tempo médio para lavação do equipamento com a máquina pressurizadora

ligada;

V = vazão da máquina pressurizadora de água, por minuto;

Md = quantidade de máquinas lavadas por dia;

Fs = quantos dias da semana são utilizados para lavar cada máquina.

Assim, tem-se:

Tabela 9 - Estimativa de consumo mensal na lavação de máquinas e veículos

Máquina Tempo médio

Vazão de água

p/ minuto

Cons. Médio

Maq./dia Freqüência

Semanal Lavações/

mês Consumo

Total

. Reach Stacker 15 min 120 L 1.800 L 1 2 8 14.400 L

. Caminhão (TT) 20 min 120 L 2.400 L 5 5 100 240.000 L

. Front Loader 15 min 120 L 1.800 L 2 2 16 28.800 L

. Ducato 5 min 120 L 600 L 1 2 8 4.800 L

TOTAL 288.000 L Fonte: dados do aluno.

Portanto, considera-se plausível que o consumo mensal de água para a lavação de

máquinas e veículos é de cerca de 288.000 litros, ou 288 m3 por mês.

3.2.2.2 Irrigação de plantas

A empresa possui em sua estrutura alguns jardins, contendo árvores e plantas

ornamentais, para efeitos estéticos e de proteção aos veículos que se encontram nos

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estacionamentos. A irrigação desses jardins é realizada por uma empresa terceirizada,

especializada neste tipo de serviço.

De acordo com as medições realizadas, a mangueira utilizada para regar os jardins

consume cerca de 10 litros de água a cada 23 segundos. (Informação verbal)5

Dessa forma, entende-se que a cada minuto cerca de 26 litros de água são

consumidos. Para se estimar este consumo, fez-se o seguinte cálculo:

1 minuto � 60 segundos

60 segundos / 23 segundos (medição 10 litros) = aprox. 2,6 períodos em um minuto

2,6 períodos em um minuto x 10 litros de água = 26 litros/minuto.

A empresa responsável pela manutenção dos jardins estima que as plantas sejam

regadas, em média, 10 dias por mês, e o tempo médio por processo é de 45 minutos.

(Informação verbal)6

O tempo total destinado à irrigação de plantas em um mês é de 450 minutos, ou seja,

7 horas e 30 minutos. Portanto, pode-se considerar que o consumo de água mensal para

atender ao processo de irrigação de plantas é de cerca de 19500 litros ou 19,5 m3 de água,

conforme mostra o cálculo a seguir:

Consumo/hora para irrigação = 26 litros

Tempo total do processo = 7 horas e 30 minutos por mês

Consumo total de água = 26 litros/hora x 7,5 (7 horas e 30 minutos)

Consumo total de água = 19.500 litros/mês.

3.2.3 Potencial para captação de águas pluviais

Na empresa, existem várias estruturas potenciais que permitem a captação de águas

pluviais, como por exemplo, os Gates de acesso ao terminal, o armazém para inspeções da

Receita Federal, oficina, entre outras. Todas elas dispõem de grandes telhados e calhas para o

escoamento da água proveniente da chuva.

5 Informação disponibilizada pelo Sr. Ildefonso Filho, Supervisor de Manutenção Predial da Portonave S/A, em 28 de maio de 2008. 6 Dados cedidos pelo Sr. João Batista Cruz, proprietário da empresa Safira Com. Transp. e Serviços Auxiliares, empresa responsável pela irrigação dos jardins da Portonave S/A, em 27 de maior de 2008.

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Embora haja grande potencialidade, o presente projeto contemplou somente a área da

oficina (manutenção) pelo fato de que a distância entre as outras estruturas potenciais é

relativamente grande, o que implicaria em maiores custos com encanamento e outros

equipamentos para coleta e armazenamento de água. Além do fator distância, há também a

questão da reestruturação necessária para atender o projeto, como é o caso do prédio

administrativo, que mesmo próximo à oficina, exigiria investimentos vultosos para adequação

e enquadramento como estrutura potencial de captação.

Através da média mensal de precipitação fornecida pela EPAGRI, juntamente com

os dados dispostos no Apêndice B, revisados pelo Eng.º civil João Paulo Kowalski7, podemos

calcular o potencial de captação de água na oficina utilizando a fórmula citada por Perdomo e

Figueiredo (2008):

Q = PP x AC x Cr

Onde,

Q = Volume de água, em litros;

PP = Precipitação, em mm;

AC = Área de captação (telhado), em m2;

Cr = Coeficiente indicativo da água disponível após as perdas com evaporação,

fatores de limpeza do telhado, material de confecção do telhada, entre outros.

Conhecido também como runoff.3

É importante salientar a peculiaridade do elemento Cr na fórmula supramencionada.

De acordo com Plínio Tomaz (2003 apud CARLON, 2005, p. 60), o valor deste coeficiente é

0,80, o que significa uma perda de 20% do total de água precipitada.

Para dimensionar o potencial de captação da oficina, fez-se o seguinte cálculo:

7 Integrante da equipe técnica responsável pela Engenharia do proprietário. É colaborador da empresa Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, contratada da Portonave S/A para fiscalizar as obras de implementação do Porto de Navegantes.

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Tabela 10 – Cálculo de captação, Oficina

Mês Área PP Cr Q Janeiro 2.369,69 x 238,30 mm x 0,80 = 451.758 litros Fevereiro 2.369,69 x 183,50 mm x 0,80 = 347.870 litros Março 2.369,69 x 174,20 mm x 0,80 = 330.240 litros

Abril 2.369,69 x 123,70 mm x 0,80 = 234.505 litros Maio 2.369,69 x 113,50 mm x 0,80 = 215.168 litros Junho 2.369,69 x 103,90 mm x 0,80 = 196.969 litros Julho 2.369,69 x 118,80 mm x 0,80 = 225.215 litros Agosto 2.369,69 x 93,60 mm x 0,80 = 177.442 litros Setembro 2.369,69 x 150,20 mm x 0,80 = 284.742 litros Outubro 2.369,69 x 151,70 mm x 0,80 = 287.586 litros Novembro 2.369,69 x 144,80 mm x 0,80 = 274.505 litros

Ofi

cina

Dezembro 2.369,69 x 158,60 mm x 0,80 = 300.666 litros Fonte: dados do autor

Totalizando a coluna “Q” (volume) na Tabela 10, pode-se dizer que o potencial de

captação anual é de cerca de 3.326.666 de litros de água, ou seja, 3.327 m3.

3.2.4 Economia de água com a implementação do projeto

Através da mensuração do potencial de captação de águas pluviais, bem como do

consumo mensal de água nos processos já definidos é possível prever a economia que o

projeto trará a partir de sua implementação.

Como o projeto trata somente acerca dos consumos de lavação de máquinas e

equipamentos, pode-se dizer que a captação mensal atende parcialmente aos consumos

levantados, pois há épocas do ano onde a precipitação mensal não é suficiente para atender o

consumo médio mensal da estrutura nos processos onde haverá reaproveitamento de água.

Porém, considerou-se o armazenamento cumulativo das águas captadas, ou seja, nos meses

onde a captação é maior do que o consumo entende-se que a água captada e não consumida

ficará armazenada na cisterna aguardando para ser utilizada nos meses subseqüentes,

conforme mostrado na Tabela 11:

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Tabela 11 - Captação mensal de água x Consumo mensal

Mês Cons. Mensal

Lavação Cons. Mensal

Irrigação Consumo

Total

Potencial de

captação Saldo cumulativo

Janeiro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 451,8 m3 144,3 m3

Fevereiro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 347,9 m3 184,6 m3

Março 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 330,2 m3 207,4 m3

Abril 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 234,5 m3 134,4 m3

Maio 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 215,2 m3 42,0 m3

Junho 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 197,0 m3 -68,5 m3

Julho 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 225,2 m3 -150,8 m3

Agosto 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 177,4 m3 -280,8 m3

Setembro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 284,7 m3 -303,6 m3

Outubro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 287,6 m3 -323,5 m3

Novembro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 274,5 m3 -356,5 m3

Dezembro 288 m3 19,5 m3 307,5 m3 300,7 m3 -363,3 m3 Fonte: dados do autor.

Através da análise da Tabela 11, nota-se que entre os meses de Junho a Dezembro a

captação mensal, juntamente com as águas armazenadas na cisterna, não serão suficientes

para atender ambos os processos. Portanto, nestes meses a economia gerada é somente aquela

referente ao total captado em cada mês, conforme mostra a Tabela 12:

Tabela 12 - Economia anual de água através do sistema de captação

Mês Consumo

total Potencial de

captação Saldo

cumulativo Economia

considerada R$/m3

Economia (R$)

Janeiro 307,5 m3 451,8 m3 144,3 m3 307,5 m3 4,80 1.476,00

Fevereiro 307,5 m3 347,9 m3 184,6 m3 307,5 m3 4,80 1.476,00

Março 307,5 m3 330,2 m3 207,4 m3 307,5 m3 4,80 1.476,00

Abril 307,5 m3 234,5 m3 134,4 m3 307,5 m3 4,80 1.476,00

Maio 307,5 m3 215,2 m3 42,0 m3 307,5 m3 4,80 1.476,00

Junho 307,5 m3 197,0 m3 -68,5 m3 239,0 m3 4,80 1.147,24

Julho 307,5 m3 225,2 m3 -150,8 m3 225,2 m3 4,80 1.081,03

Agosto 307,5 m3 177,4 m3 -280,8 m3 177,4 m3 4,80 851,72

Setembro 307,5 m3 284,7 m3 -303,6 m3 284,7 m3 4,80 1.366,76

Outubro 307,5 m3 287,6 m3 -323,5 m3 287,6 m3 4,80 1.380,41

Novembro 307,5 m3 274,5 m3 -356,5 m3 274,5 m3 4,80 1.317,62

Dezembro 307,5 m3 300,7 m3 -363,3 m3 300,7 m3 4,80 1.443,20

TOTAL 15.967,99 Fonte: dados do autor.

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Vale destacar a economia considerada no mês de Junho, que significa uma captação

de 197 m3, mais o saldo do mês anterior, que é de 42 m3. Esta consideração vale também

para os meses de Agosto, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

Através da análise da Tabela 12, pode-se dizer que a economia estimada com a

implementação do projeto é de 3.326,7 m3 de água, o que significa um montante de

R$15.967,99 ao ano (3.326,7 m3 x 4,80 R$/m3). Outro indicador importante levantado a partir

da análise dos dados supramencionados, é que o abastecimento de água nos processos de

lavação de máquinas e veículos e irrigação de plantas deve ser de natureza mista, ou seja,

utilizar tanto a água coletada quanto àquela provinda da rede pública de distribuição, evitando

assim, que os processos sejam interrompidos.

3.2.5 Custos para a implementação do projeto para coleta de águas pluviais

Nesta etapa serão apresentados os custos totais para a implementação de um sistema

que permite a coleta de águas pluviais na empresa Portonave S/A. A partir deste levantamento

será possível analisar se o empreendimento é econômica e financeiramente viável e, em caso

positivo, quanto tempo levará para gerar recursos suficientes que sejam capazes de retornar o

valor empregado em sua implementação.

O levantamento dos custos do projeto foi elaborado juntamente com o Eng.º Pedro

Rafael Prochoroff8, através de orçamento de materiais, máquinas e mão-de-obra

especializada, disponibilizado na íntegra no Apêndice D. Portanto, todas as especificações

técnicas foram sugeridas em conjunto e posteriormente analisadas e projetadas pelo

engenheiro.

3.2.5.1 Área para implementação do projeto

Conforme já mencionado anteriormente, o projeto será desenvolvido utilizando como

área de captação o telhado da Oficina (manutenção), estrutura com 2.369,69 m2, localizada na

área do terminal de contêineres conforme destacado na Figura 5:

8 Pedro Rafael Prochoroff é engenheiro civil, formado pela UFSC e proprietário da empresa BH Engenharia e Construções Ltda., fornecedor ativo da Portonave S/A.

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Figura 5 - Estrutura Portonave - área do projeto

Fonte: Portonave, 2008.

Quanto aos outros integrantes do sistema, tais como a cisterna de armazenamento e o

filtro de detritos sólidos, estes serão instalados na parte de trás da oficina, uma área disponível

de cerca de 1000 m2, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 6 - Parte de trás da Oficina

Fonte: dados do autor.

3.2.5.2 Custos e componentes do projeto

Uma das principais preocupações do projeto diz respeito à cisterna para

armazenamento da água proveniente da chuva. As preocupações mais relevantes se referem

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ao modelo de cisterna a ser adotado no sistema e ao tamanho ideal que permita armazenar o

máximo de água sem gerar grandes custos para sua construção, nem comprometer toda a área

disponível para tal.

O primeiro passo do estudo foi definir qual seria a melhor forma para construí-la:

castelo-de-água, também conhecida com cisterna apoiada, ou cisterna subterrânea. Optou-se

pela cisterna subterrânea, que de acordo com Perdomo e Figueiredo (2008) e Carlon (2005), é

tida com a mais adequada, pois geralmente é feita de cimento, fator que neutraliza a acidez da

água. Além disso, o caráter subterrâneo retarda a ação das bactérias e protege a água

armazenada contra a luz e o calor (evaporação).

Quanto à questão pertinente ao volume ideal da cisterna, utilizou-se a fórmula citada

por Yuri (2003 apud CARLON, 2005) e adequada a este projeto que sugere um

dimensionamento baseado no tempo de estiagem da região aonde irá se implementar o

projeto:

Vt = ((Cd x U) x 1,1) x 10-3

Onde,

Vt = volume total do reservatório (m3);

Cd = consumo diário (L);

U = período de estiagem (dias).

O consumo diário nos processos de lavação de máquinas e veículos e de irrigação de

plantas pode ser definido da seguinte forma:

Consumo mensal estimado � 307,5 m3

Dias trabalhados no mês (lavação) � 22 dias

307,5 m3 / 22 dias = aprox. 13,98 m3/dia ou 13.980 litros/dia

O período de estiagem total, ou melhor, dias sem chuva, que será utilizado para

estipular o volume da cisterna é de 15 dias, conforme proposto por Alcântara (2007).

Tendo-se todos os valores solicitados na fórmula, fez-se o seguinte cálculo:

Vt = ((13.980 x 15) x 1,1) x 10-3

Vt = 209,7 m3

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Sendo assim, o orçamento dos custos para implementação do projeto será embasado

em uma cisterna com volume total de 210 m3.

Quanto aos outros componentes do sistema de captação, considerou-se da seguinte

forma:

� Calhas � a oficina já conta com calhas para escoamento;

� Filtro � o projeto contará com uma caixa de brita que fará a retenção de

sólidos mais grosseiros, como é o caso de folhas, pedaços de madeira, etc.

Além disso, haverá desinfecção de água por clorador em pastilha, muito

semelhante àquele utilizado em piscinas;

� Sistema de movimentação de pás e bombeamento � o sistema contará com

dois motores para a movimentação de pás que têm por objetivo evitar a

estagnação da água e, por conseqüência, torná-la turva e imprópria para

utilização. Outras máquinas empregadas no projeto farão o bombeamento até a

área de utilização. Foram adotadas 1 moto bomba e 1 bomba jóquei, que

mantém a rede de distribuição pressurizada;

� Tubulações e conexões hidráulicas � a tubulação de coleta e distribuição de

água será subterrânea, sendo necessário o corte do asfalto e, posteriormente, a

reaplicação de asfalto na área cortada;

� Tubulações e fiações elétricas � para que os equipamentos elétricos possam

funcionar é necessário a construção de uma casa de máquinas e de tubulação

para a fiação que atenderá à mesma.

Estando todos os elementos do sistema descritos, pode-se mencionar as etapas de

construção e seus respectivos custos, conforme Apêndice D:

Tabela 13 - Componentes do sistema de captação

Etapas Descrição dos processos Custo (R$)

1. Preparo do terreno corte do asfalto, escavação, reaterro, selamento,

reaplicação de asfalto 15.600,00

2. Execução da Cisterna construção do reservatório contendo 210 m3 45.262,00

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Etapas Descrição dos processos Custo (R$)

3. Casa de máquinas painel de controle das máquinas de bombeamento,

pressurização e movimentadores de pás 10.000,00

4. Maquinários e motores 2 motores para movimentação de pás, moto bomba

e bomba jóquei 7.800,00

5. Tubulações e conexões hidráulicas corte do asfalto para passagem tubulação de recepção de água do telhado e distribuição

9.540,00

6. Tubulações e fiação elétrica tubulação para passagem da fiação que permite o

funcionamento dos equipamentos elétricos 6.850,00

7. Outros acessórios caixas de passagem, caixa de brita, caixa elétrica 8.320,00

Fonte: dados do autor.

De acordo com a Tabela 13, os custos para implementação do sistema de captação de

águas pluviais totalizam R$103.372,00. Segundo o Eng.º Pedro Rafael Prochoroff,

responsável pelo dimensionamento e valoração do projeto, os custos de mão-de-obra já estão

inclusos dentro de cada etapa.

3.2.6 Análise de viabilidade econômica e financeira

Nesta etapa do projeto, serão efetuadas as análises de viabilidade econômica e

financeira a fim de que se possa averiguar a atratividade do empreendimento. Para tanto,

serão utilizados dos métodos Valor Presente Líquido (VPL), Taxa de Retorno Interno (TIR),

Índice de Lucratividade e Prazo de Retorno (payback). Vale ressaltar que a taxa aplicada para

a elaboração dos estudos é a SELIC, ajustada em 11,75% ao ano.

Outra premissa importante diz respeito ao valor anual de caixa gerado. Neste projeto,

a economia anualmente estimada é da ordem de R$15.967,99, portanto, considera-se este

valor como o caixa que o projeto irá gerar, retornando o investimento despendido.

3.2.6.1 Valor Presente Líquido (VPL)

O valor presente líquido é uma ferramenta utilizada para medir, no longo prazo, em

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quanto tempo o investimento retorna o valor investido, através do conceito de que o dinheiro

que se desembolsa ou recebe hoje, não é o mesmo que daqui a 10 anos, pois o capital tende a

se desvalorizar pela inflação.

Neste método, o projeto é viável se o seu resultado for positivo. A fórmula

estabelecida por Figueiredo e Caggiano (1997, p. 95) é:

a1/(1+i) + a2/(1+i)2 + ... + an/(1+i)n > A

Onde:

A= custo inicial do projeto

a = fluxos líquidos de caixa por ano

i = custo do capital

n = tempo de vida esperada para o projeto

Sendo assim, aplicou-se a fórmula em uma planilha eletrônica demonstrada através

do Quadro 4:

SELIC 11,75%

Ano Fluxos

Líquidos Custo de capital

Valor Presente

1 15.967,99 1,12 14.289,03

2 15.967,99 1,25 12.786,61

3 15.967,99 1,40 11.442,15

4 15.967,99 1,56 10.239,06

5 15.967,99 1,74 9.162,47

6 15.967,99 1,95 8.199,08

7 15.967,99 2,18 7.336,99

8 15.967,99 2,43 6.565,54

9 15.967,99 2,72 5.875,20

10 15.967,99 3,04 5.257,45

11 15.967,99 3,39 4.704,65

12 15.967,99 3,79 4.209,98 ∑ VP Invest. VPL

13 15.967,99 4,24 3.767,32 103.835,53 103.372,00 463,53 Quadro 4 - Análise VPL Fonte: dados do autor.

Analisando os cálculos do Quadro 4, o VPL encontrado, no valor de R$463,53 indica

que o investimento retornará o capital investido no 13º ano de funcionamento, considerando

uma taxa de custo de capital de 11,75% ao ano. Dessa forma, estima-se que o investimento

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seja viável caso se considere que 13 anos seja um tempo aceitável para retorno financeiro.

3.2.6.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

A TIR é um método comparativo que analisa se a taxa de juros aplicada ao cálculo é

superior à taxa de custo de capital adotada. Hoji (2007) enfatiza que o projeto é

economicamente atraente se a TIR for superior à taxa mínima de atratividade.

A regra, segundo Figueiredo e Caggiano (1997, p. 96), é a seguinte:

A = a1/(1+r) + a2/(1+r)2 + ... + na/(1+r)n

Com r > i

Onde:

A= custo inicial do projeto

a = fluxos líquidos de caixa por ano

r = taxa de desconto da solução

i = custo do capital

Tendo-se todas as informações solicitadas, a fórmula foi aplicada em uma planilha

eletrônica e será demonstrada através do Quadro 5:

SELIC 11,75% TIR 11,84%

Ano Fluxos

Líquidos Valor

Presente 1 15.967,99 14.277,40 2 15.967,99 12.765,79 3 15.967,99 11.414,22 4 15.967,99 10.205,75 5 15.967,99 9.125,22 6 15.967,99 8.159,10 7 15.967,99 7.295,26 8 15.967,99 6.522,88 9 15.967,99 5.832,28 10 15.967,99 5.214,79 11 15.967,99 4.662,68 12 15.967,99 4.169,02 ∑ VP Invest. 13 15.967,99 3.727,63 103.372,00 103.372,00

Quadro 5 – TIR Fonte: dados do autor.

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A TIR encontrada para 13 anos é de 11,84%, contra uma taxa de custo de capital de

11,75% ao ano. Sendo assim, entende-se que o projeto é atrativo considerando um prazo de

13 anos para retorno de investimento.

3.2.6.3 Índice de Lucratividade

Este método permite estabelecer uma relação entre os benefícios líquidos de caixa

gerados pelo projeto e o investimento inicial. Conforme já mencionado anteriormente, se o IL

for maior do que 1, significa que o projeto além de recuperar o investimento, gerará um ganho

adicional, ao passo que se for menor do que 1, o investimento não será recuperado no período

desejado.

A fórmula que permite o cálculo é:

IL = ∑ Receitas referenciadas ao Início do Projeto / Investimento Total

Aplicando-se a fórmula supracitada:

SELIC 11,75%

Ano Fluxos

Líquidos VP

1 15.967,99 14.289,03 2 15.967,99 12.786,61 3 15.967,99 11.442,15 4 15.967,99 10.239,06 5 15.967,99 9.162,47 6 15.967,99 8.199,08 7 15.967,99 7.336,99 8 15.967,99 6.565,54 9 15.967,99 5.875,20 10 15.967,99 5.257,45 11 15.967,99 4.704,65 12 15.967,99 4.209,98 ∑ VP Invest. IL 13 15.967,99 3.767,32 103.835,53 103.372,00 1,004484

Quadro 6 - Índice de Lucratividade Fonte: dados do autor. O índice encontrado foi 1,004484. Portanto, entende-se que o projeto é considerado

lucrativo em um prazo de 13 anos de funcionamento, e a partir desta data, toda a receita

gerada será considerada como lucro, uma vez que o investimento já estará pago.

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3.2.6.4 Prazo de Retorno – Payback

O payback é um método que permite saber o período onde o investimento estará

pago, ou melhor, recuperado, sem levar em consideração as taxas de retorno (custo de capital)

e as variações da moeda.

É calculado da seguinte forma:

Prazo de Retorno (anos) = Desembolsos Líquidos/ Entradas Líquidas de Caixa

O cálculo está demonstrado no Quadro 7, a seguir:

Investimento total 103.372,00

Geração líquida de caixa (ano) 15.967,99

Retorno (anos) 6,47

Quadro 7 – Payback Fonte: dados do autor.

O Quadro 7 permite analisar que o projeto retornará seus investimentos em um prazo

de 6,47 anos, ou melhor, 6 anos e 6 meses. É importante ratificar que este método não

considera a perda de valor do capital em um determinado momento futuro.

3.3 Sugestões

De acordo com os estudos realizados, o sistema de captação de águas pluviais se

mostra como uma alternativa interessante para empresas que, da mesma forma que a

Portonave S/A, dispõem de potencial e de recursos disponíveis para investimentos de longo

prazo.

As organizações privadas possuem em sua essência a busca pela maximização dos

lucros e, dessa forma, deparam-se com um imenso leque de opções onde podem aplicar

capital a fim de incrementar seus rendimentos mensais.

Boa parte dessas organizações opta por investimentos de retorno rápido, muitas

vezes mal-estruturados e sem o devido planejamento, que podem vir a comprometer a

estabilidade financeira numa perspectiva de longo prazo. E então, pergunta-se: por que não

crescer sempre? Por que não manter uma lucratividade menor, porém contínua, planejada?

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O escopo deste projeto é oferecer uma alternativa que alie redução de custos e

sustentabilidade. Embora as receitas estimadas sejam relativamente pequenas se comparadas

às atividades-fim da empresa, são contínuas e, além de tudo, agregam valor à imagem que a

empresa possui de responsabilidade sócio-ambiental.

Atentando para a alternativa proposta, esta se mostrou financeiramente viável em um

período de 13 anos, o que indica um prazo de retorno elevado para os interesses de qualquer

organização. Entretanto, observa-se a importância do tema sustentabilidade no âmbito

corporativo. Empresas que optam por se desenvolver sustentavelmente buscam uma vida útil

prolongada e, portanto, são orientadas visando a perenidade no mercado.

As análises de viabilidade econômica e financeira atestam a atratividade do

empreendimento. Através dos métodos Valor Presente Líquido (VPL), Taxa de Retorno

Interno (TIR), Índice de Lucratividade e Prazo de Retorno (payback) pode-se comprovar tal

fato.

O Valor Presente Líquido (VPL) encontrado demonstrou com exatidão em quanto

tempo o investimento retornará seus desembolsos levando em consideração a desvalorização

da moeda. O tempo ideal para retorno é de 13 anos.

A Taxa de Retorno Interno (TIR) encontrada enfatiza a atratividade do projeto.

Enquanto o projeto apresentou uma taxa de custo de capital de 11,75% ao ano, a TIR foi de

11,84%, contando com 13 anos para retorno de investimento. Isto indica que se a empresa

acreditar que este prazo de retorno seja plausível, poderá investir com segurança.

O Índice de Lucratividade para o período indica que a partir do 13º ano, toda a

entrada de capital, ou melhor, toda a geração líquida de caixa será considerada como lucro,

pois o projeto até lá já se pagou.

Finalmente, o Prazo de Retorno (payback) mostrou que em 6 anos e 6 meses o

projeto retorna os desembolsos realizados sem a correção monetária do custo de capital.

Pela ótica mercadológica, um projeto de apelo ambiental contribui para a melhoria da

imagem da organização no mercado, o que pode ser chamado como enviropreneurial

marketing, descrito na fundamentação deste projeto como sendo uma atividade de marketing

benéfica empresarial e ambientalmente, que atenda tanto à economia da empresa quanto aos

objetivos de desempenho social.

Este fato é intimamente ligado à empresas visionárias, o que permite melhores

relacionamentos com instituições financeiras, que vêem nestas empresas solidez e confiança.

Isto se traduz em uma grande oportunidade de financiamentos e agregação de novos clientes-

parceiros que rodeiam a organização.

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Para reforçar ainda mais a idéia para a implementação deste projeto, pode-se afirmar

que assuntos pertinentes ao meio ambiente se tornam cada vez mais notáveis na mídia e isto

ratifica a idéia de que as empresas devem assumir suas responsabilidades ambientais perante

seus clientes e a comunidade onde atuam, preparando-se melhor para o futuro com

ferramentas que além de serem sustentáveis, são lucrativas.

Outro benefício que a implementação deste projeto oferece diz respeito à amplitude

que o sistema de captação pode atingir. No futuro, a empresa pode expandir as áreas de coleta

de água da chuva, pois dispõe de várias estruturas potenciais para tal. Dessa forma, mais

processos poderão se incorporados à reutilização da água, tais como distribuição

hidrossanitária e consumo nobre, potável, com as devidas alterações de equipamentos que

garantam melhor qualidade da água armazenada.

Sendo assim, o projeto, de uma forma geral, se apresenta bastante atrativo à empresa.

Embora nem todos os aspectos que o compõem foram demonstrados neste estudo, algumas

questões como o dimensionamento do maquinário para os próximos anos e o custo do m3 de

água provinda da rede pública são fatores que, possivelmente, tornam o projeto ainda mais

viável, uma vez que os custos operacionais com lavação de máquinas e o próprio consumo de

água tendem a acompanhar os aumentos impostos pelo mercado.

A água como recurso finito tende a ser tornar escassa e, consequentemente, tudo

indica que seu valor, como bem de consumo, ultrapassará as expectativas do mercado

internacional. Portanto, aproveitar a água da chuva é uma alternativa que garantirá a

continuidade da empresa, uma vez que seu reaproveitamento diminui os impactos causados

relacionando-o com a escassez deste recurso.

Vale ressaltar, mais uma vez, que a água será, num futuro próximo, transformada em

bem de consumo e será tão suscetível quanto qualquer outro produto na questão da oferta e

procura. Isto é grave, pois muitas nações - entenda-se mercados - não possuem tanta

disponibilidade deste recurso como se tem no Brasil.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi elaborado com o intuito de demonstrar às organizações em

geral, que há maneiras de tornar seus negócios sustentáveis no que tange ao meio ambiente,

através de projetos de caráter ambiental que, além do apelo social, são rentáveis em uma

perspectiva de longo prazo.

O objetivo maior aqui celebrado é oferecer à empresa Portonave S/A uma alternativa

que alia, simultaneamente, redução de custos operacionais e responsabilidade social. Dentro

deste contexto, a abordagem de tópicos pertinentes ao tema possibilitou o atingimento de

todos os objetivos específicos propostos pelo acadêmico.

Quanto ao primeiro objetivo específico proposto, estimar o consumo de água na

lavação de máquinas e veículos e irrigação do jardim, as estimativas foram baseadas em

informações divulgadas pelo corpo técnico da empresa e por fornecedores ativos que têm

conhecimento técnico sobre o assunto. As informações angariadas possibilitaram um

conhecimento aproximado do que a empresa gasta anualmente com água em suas

dependências.

A estimativa do potencial de captação de águas pluviais presente na empresa

representou outro objetivo específico do projeto. Através de dados de pluviometria divulgados

pela EPAGRI, juntamente com informações disponibilizadas pela área técnica da empresa

sobre a estrutura física do galpão da oficina, foi possível estabelecer a quantidade de água de

chuva que o sistema poderá coletar. Um importante indicador observado nesta etapa é

relacionado à redução anual no consumo de água dentro da empresa, que foi de 60% em

relação ao consumo atual.

Somente após dimensionar o consumo mensal de água na empresa e sua capacidade

para coletar água da chuva foi possível propor um projeto para a implementação de um

sistema que permite a coleta de águas pluviais através do telhado da oficina. O sistema de

captação foi elaborado em conjunto com o Engº Pedro Rafael Prochoroff, que cuidou também

dos aspectos técnicos e valoração do projeto.

O último objetivo específico proposto tratou acerca da viabilidade econômica e

financeira para a implementação do projeto. A análise incidiu sobre a economia gerada

anualmente para a empresa versus o montante total requerido para a implementação do

sistema.

A análise de viabilidade utilizou dos métodos Valor Presente Líquido (VPL), Taxa

de Retorno Interno (TIR), Índice de Lucratividade e Prazo de Retorno (payback). Estes

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métodos, por sua vez, são contemporâneos e altamente eficazes, auxiliando o processo de

tomada de decisão quanto à escolha do melhor investimento para a empresa.

Em todas as análises de viabilidade realizadas, comprovou-se que o projeto é viável

no longo prazo. O tempo ideal para retorno financeiro do investimento ficou em 13 anos. Aos

olhos do mercado, o período parece um tanto quanto longo, porém é importante ressaltar que

empresas sustentáveis e que buscam a perenidade nos negócios projetam uma longa jornada

no mercado. Além deste detalhe, é notável salientar a importância deste empreendimento para

o meio ambiente e, em conseqüência, para a comunidade onde a empresa está inserida.

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APÊNDICE A

Leituras e consumos de água da Portonave S/A

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APÊNDICE B

Planta Oficina

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Cobertura Oficina

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APÊNDICE C

Controles para medição de consumo de água na lavação de máquinas e veículos

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APÊNDICE D

Orçamento

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Proposta de Orçamento Atendendo a solicitação de V.Sas., estamos encaminhando para apreciação nossa

proposta comercial para o fornecimento de serviços e materiais. Interessado: Thiago Leandro da Silva Gama. Endereço comercial: Rua Aníbal Gaya, nº 707, Centro – Navegantes/SC ���� Proposta: Sistema de captação de água da chuva na empresa Portonave S/A, utilizando

como estrutura de captação o telhado do galpão da Oficina, com área total de 2.369,69 m2.

���� Descrição dos serviços e materiais envolvidos:

� corte em asfalto, escoramento através de cortina de contenção, escavação de solos;

� execução de cisterna em concreto armado fck 25 MPa taxa de armadura 120 Kg/m3 com capacidade útil 210 m3 (dimensões 10,00 x 10,00 x h= 2,60 --> 0,60 m (são espaço de entrada de tubulação) - parcialmente enterrada - 2,20 abaixo nível piso + 0,80m acima;

� casa de máquinas sobre laje da cisterna 16,00 m2 (4,00 x 4,00) composta de conjunto motobomba 2 und em paralelo 1,5 CV + 1 bomba joquei (manter a rede pressurizada) + 2 motores para movimentação de pás (circulação da água, evitando estagnação);

� desinfecção de água por clorador em pastilha tipo utilizado em piscina;

� criação de 4 caixas de passagem novas (elétrica e hidráulica);

� considerado caminhamento das tubulações de água (diâmetro 250mm) até a cisterna: 100 m enterrado;

� sistema atendimento a casa de máquinas monofásico;

� tubulação atendimento a consumo diâmetro 40 mm caminhamento de 30 m até o ponto de torneira;

Rua Uruguai, 607 sl. 05 Centro – Itajaí – SC Fones: (47) 3045-2552

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���� Valores por etapa:

- Preparo do terreno e fechamento (corte asfalto, escavação, reaterro, selamento, reaplicação asfalto): R$ 15.600,00

- Execução cisterna: R$ 45.262,00

- Casa de Máquinas: R$ 10.000,00

- Maquinários e motores: R$ 7.800,00

- Tubulações e conexões hidráulicas: R$ 9.540,00

- Tubulações e fiações elétricas: R$ 6.850,00

- Acessórios (caixas de passagem, de brita, elétrica): R$ 8.320,00

���� Observações: A maioria dos valores usados para fazer a composição dos serviços foi extraída da

tabela de preços do Consórcio CCPN acrescido de 10% de correção em função da data de aplicação do mesmo e da impossibilidade de eu, como empresa, competir com valores para insumos de grandes empresas, que possuem maior potencial de negociação.

Foram considerados aluguéis de equipamentos através de preços aplicados na praça: serra corte piso, escavadeira, rompedor elétrico, etc.

Os valores acima já computam mão de obra. Foram estimadas equipes para as diversas etapas executivas: 3 armadores, 6 ajudantes, 2 carpinteiros, 3 pedreiros, 2 instaladores hidráulicos, 2 instaladores elétricos. Valores de referência: por profissional R$ 780,00 + 835,00 (Sindicato + encargos) por ajudante R$ 470,00 + R$ 530,00 (Sindicato + encargos)

Mão de obra ficou em aproximadamente 30% do valor da composição. Prazo previsto: 60 dias úteis Valor Prestação dos Serviços de Mão de Obra e Materiais: R$ 103.372,00

Forma de pagamento:

- 50% na assinatura do contrato; - 25% trinta dias após assinatura do contrato; - 25% na entrega da obra.

Engº Pedro Rafael Prochoroff

Itajaí, 25/05/2008 Rua Uruguai, 607 sl. 05 Centro – Itajaí – SC Fones: (47) 3045-2552

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DECLARAÇÃO

A empresa Caruso Jr. Estudos Ambientais Ltda. declara, para devidos

fins, que o estagiário Thiago Leandro da Silva Gama, aluno do Curso de

Administração do Centro de Educação Superior de Ciências Sociais

Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí, cumpriu com a carga horária

prevista para o período de 17/06/2007 a 26/05/2008, seguiu o cronograma de

trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou nossas normas internas.

Navegantes, _____ de ___________ de 2008.

_____________________________________

(nome do responsável pela empresa)

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

_________________________________________

Thiago Leandro da Silva Gama

_________________________________________

Gabriel José Bueno Telles

_________________________________________

Prof. Alexandre de Ávila Lerípio

Prof. Luiz Carlos da Silva Flores

Responsável pelos Estágios em Administração