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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro 2016 a Abril 2017. p 1 ANÁLISE DO PERFIL DOS ACADÊMICOS DO ENSINO A DISTÂNCIA:FATORES QUE LEVAM OS ESTUDANTES A OPTAREM POR ESSA MODALIDADE DE ESTUDO Saulo França Brum* Lilia Odete Nantes de Oliveira ** Giselle Cristina Martins Real *** RESUMO: A partir da década de 60 iniciou-se no Brasil a modalidade de ensino a distância, a qual se baseia na esperança de difundir o ensino e cultivar constantemente a atualização do conhecimento. Hoje, essa atividade expandiu-se rapidamente, os polos de ensino a distância estão localizados por todas as regiões. No Brasil o ensino a distância encontra-se ainda como algo novo e desafiador. Desta forma, este artigo objetiva descrever os fatores que levam esses estudantes a optarem por essa modalidade de estudo. O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida a campo no Ensino a distância de uma Instituição de Ensino Superior. Os resultados indicaramque não é somente o custo da mensalidade que faz com que o estudante escolha essa modalidade , mas ,também ,a flexibilidade e autonomia de horário, o tempo de locomoção, a praticidade de acesso ao material e a conexão com a internetforam fatores relevantes e prepoderantes para a escolha da modalidade de ensino de ensino a distância. ABSTRACT: From the Decade of 60 began in Brazil the distance learning mode, which is based on the hope of spreading education and cultivate constantly updating of knowledge. Today, this activity expanded rapidly, the poles of distance education are located for all regions. In Brazil the distance learning is still as something new and challenging. Thus, this article aims to describe the factors that lead these students to opt for this type of study this study was conducted through a qualitative research, developed the field in a distance Education institution of higher learning. The results indicated that not only the cost of the monthly that makes the student choose this mode of study, but the flexibility and autonomy of time, the time of locomotion, the convenience in access to material and internet connection were relevant and compelling factors for the choice of the teaching mode of distance education. PALAVRAS-CHAVE: ensino a distância, qualidade do ensino, políticas educacionais. KEYWORDS: distance education, quality of education, educational policies. INTRODUÇÃO Trilhando o propósito de solucionar e/ou minimizar os problemas educacionais do país e promover o processo de democratização à educação, nota-se a relevância da Educação a

ANÁLISE DO PERFIL DOS ACADÊMICOS DO ENSINO A … · mensurando quais os fatores que os ... geográficas uma vez que outros fatores importantes influenciam na ... flexibilidade e

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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro 2016 a Abril 2017. p

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ANÁLISE DO PERFIL DOS ACADÊMICOS DO ENSINO A

DISTÂNCIA:FATORES QUE LEVAM OS ESTUDANTES A OPTAREM POR

ESSA MODALIDADE DE ESTUDO

Saulo França Brum*

Lilia Odete Nantes de Oliveira **

Giselle Cristina Martins Real ***

RESUMO: A partir da década de 60 iniciou-se no Brasil a modalidade de ensino a distância, a qual se

baseia na esperança de difundir o ensino e cultivar constantemente a atualização do conhecimento. Hoje,

essa atividade expandiu-se rapidamente, os polos de ensino a distância estão localizados por todas as

regiões. No Brasil o ensino a distância encontra-se ainda como algo novo e desafiador. Desta forma, este

artigo objetiva descrever os fatores que levam esses estudantes a optarem por essa modalidade de estudo.

O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida a campo no Ensino a

distância de uma Instituição de Ensino Superior. Os resultados indicaramque não é somente o custo da

mensalidade que faz com que o estudante escolha essa modalidade , mas ,também ,a flexibilidade e

autonomia de horário, o tempo de locomoção, a praticidade de acesso ao material e a conexão com a

internetforam fatores relevantes e prepoderantes para a escolha da modalidade de ensino de ensino a

distância.

ABSTRACT: From the Decade of 60 began in Brazil the distance learning mode, which is based on the

hope of spreading education and cultivate constantly updating of knowledge. Today, this activity

expanded rapidly, the poles of distance education are located for all regions. In Brazil the distance

learning is still as something new and challenging. Thus, this article aims to describe the factors that lead

these students to opt for this type of study this study was conducted through a qualitative research,

developed the field in a distance Education institution of higher learning. The results indicated that not

only the cost of the monthly that makes the student choose this mode of study, but the flexibility and

autonomy of time, the time of locomotion, the convenience in access to material and internet connection

were relevant and compelling factors for the choice of the teaching mode of distance education.

PALAVRAS-CHAVE: ensino a distância, qualidade do ensino, políticas educacionais.

KEYWORDS: distance education, quality of education, educational policies.

INTRODUÇÃO

Trilhando o propósito de solucionar e/ou minimizar os problemas educacionais do país e

promover o processo de democratização à educação, nota-se a relevância da Educação a

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Distância (EaD) em nosso país ,principalmente. Dessa forma, existe a necessidade de

realização de novos estudos nessa área, sendo importante observar se tal modalidade está

tendo o mesmo enfoque que a educação presencial, no contexto das políticas

educacionais brasileiras. Faz-se necessário destacar que o estudo do perfil dos alunos

dessa modalidade visa a identificar e descrever as relações associativas entre os valores,

os benefícios e os atributos percebidos pelos estudantes do ensino a distância,

mensurando quais os fatores que os norteiam no processo decisório de optarem por essa

modalidade de aprendizado, sendo importante refletir que as ansiedades estudantis não

podem contrariaras exigências adotadas pelo Ministério da Educação. Significa dizer

que o Ensino a Distância dever ter o respaldo governamental e ser amparado pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional que estabelece: “Implantar, de forma

progressiva, uma rede universitária nacional de ensino a distância com exigente padrão

de qualidade”. Portanto, o principal objetivo deste texto centrou-se em investigar e

descrever, através de pesquisa de campo realizada com os acadêmicos do Ensino a

Distância da Unigranet, os fatores que levam esses estudantes a elegerem esta

modalidade de estudo. Vale destacar que a decisão da opção pela EaD, para

determinados indivíduos, não se dá somente por questões financeiras ou distâncias

geográficas uma vez que outros fatores importantes influenciam na decisão, a saber:

praticidade e rapidez no acesso ao material de estudo, utilização da internet, flexibilidade

e autonomia de horários e locais de estudo e economia de custo e tempo de

deslocamento.

Para alcançar o objetivo geral proposto, a pesquisa lançou mão dos seguintes objetivos

específicos: identificar o perfil do alunado; tecer a auto avaliação dos pesquisados,

quanto ao curso, à metodologia, as avaliações, à plataforma Unigran net, o corpo

docente, o atendimento do pessoal administrativo da Unigran (sede) e quanto ao polo e

a sua tutoria administrativa.

1. SURGIMENTO E REGULAMENTAÇÃO DA MODALIDADE DE ENSINO A

DISTÂNCIA NO BRASIL

Com o propósito de analisar a expansão e institucionalização de polos de Ead e o marco

regulatório nacional, faz-se necessário apresentar um quadro teórico acerca da história

da Educação a distância no Brasil, as normas e políticas nacionais voltadas ao assunto,

da elaboração das políticas públicas e sua análise, tendo como início o conceito de

política.

Em meio a diversas elucidações sobre contextualização de política, optou-se pela que se

compreende ser a mais elucidativa para esta proposta de estudo. Assim, adota-se que

política é um comportamento propositivo, intencional, planejado, que busca alcançar

certos objetivos através de certos meios: é uma ação com sentido, assim, também, optar

em não fazer uma ação, não deixa de ser uma política (VILLANUEVA, 1996).

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Conforme Palumbo (1994, p.8) a política representa “[...] um processo, ou uma série

histórica de intenções, ações e comportamentos de muitos participantes”. Não se

limitando, a uma lei ou um programa, pois sua construção se dá junto ao

desenvolvimento dos fatos, num fluxo de construção, reconstrução e adaptação. Em

sentido mais estrito, quanto à política pública, ele sustenta que a “[...] seu entendimento

é a estratégia adotada pela governança para solucionar problemas públicos”.

Dessa forma, a política pública caracteriza-se por uma ação ou inação que é escolhida

por autoridades públicas na busca de resolver um problema, é concebida em meio a

disputas de interesses entre governo e sociedade e, ao ser implementada, terá influência

na vida de cidadãos. Ao ser estabelecida, pode ser visualizada no corpo das legislações,

decisões, programas, entre outros documentos (CAVALCANTI, 2007).

Quando nos reportamos à história da Educação a distância no Brasil, conforme Litto e

Formiga (2009, p. 9), essa iniciou em 1900, quando “Começaram a surgir os primeiros

anúncios, em jornais de circulação no Rio de Janeiro”, sobre a abertura de cursos

profissionalizantes por correspondência. Os materiais didáticos eram enviados por

correspondência. As ferrovias foram interlocutoras importantes naquela época. Litto e

Formiga (2009, p. 9) afirmam que, em “1923, era fundada a Rádio Sociedade do Rio de

Janeiro”, assim o sistema de difusão era o socializador, para possibilitar educação

popular. Em 1959, a Igreja Católica, no Rio Grande do Norte, criou algumas escolas

radiofônicas, originando o Movimento de Educação de Base. A Fundação Padre Landelli

de Moura foi destaque no Rio Grande do Sul, com cursos via rádio.

No ano de 1969, com a liderança militar instituída em nosso estado e o movimento de

censura, proibiu-se a rádio educativa brasileira. A televisão foi um dos meios que

concedeu certa abertura na década de 60 e 70, mesmo que fragmentada, pois, de acordo

com o Código Brasileiro de Telecomunicações, publicado em 1967, havia a permissão

de transmitir programas educativos, pelas emissoras de radiodifusão, bem como pelas

televisões educativas. Nesse mesmo ano, foi criado o Sistema Avançado de Tecnologias

Educacionais, o qual previa a utilização de rádio, televisão e outros meios aplicáveis.

(LITTO; FORMIGA, 2009).

Litto e Formiga (2009, p. 10) ressaltam ainda, que no ano de 1972, foi implantado o

Programa Nacional de Teleducação (Prontel), que teve curta duração. Ainda registram a

Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FUNTEVE). Já Vianney, relata que “nas

décadas de 1970 e 1980, fundações privadas e organizações não governamentais iniciam

a oferta de cursos supletivos a distância, no modelo de teleducação, com aulas via

satélite complementadas por kits de materiais impressos” (2003, p.17).

Vale a pena frisar que a maioria dos projetos das décadas de 60, 70 e início dos anos 80,

não teve continuidade. Os cursos apresentavam conteúdo inadequado e materiais que

não atendiam às necessidades dos alunos. O acompanhamento era deficiente e

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demorado, o que contribuiu para que a modalidade da Educação a Distância se tornasse

desacreditada e entendida por muitos como ensino sem qualidade.

Entre os anos de 1980 a 1995, realizaram-se Encontros Nacionais de Educação a

Distância e Congressos Brasileiros em EaD. Segundo Litto e Formiga (2009, p. 11), a

“Universidade pioneira no país em EaD no Ensino Superior foi a Universidade Federal

de Mato Grosso (UFMT)”, que recebeu parecer oficial de credenciamento pelo Conselho

Nacional de Educação em 1998.

Em 1996 tem-se “a consolidação da última reforma educacional brasileira, instaurada

pela Lei nº 9.394/96, que oficializa na política nacional a era normativa da educação a

distância no País como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino.”.

(Vianney, 2003, p.17).Então, com a criação da Secretaria de Educação a Distancia

(SEED) do MEC e alguns projetos como TV Escola, Proinfo e Proformação começaram

a ter caráter relevante, envolvendo todo o país e preocupando-se em oferecer condições

de expansão da sua implantação e formação de profissionais para realizá-los em todo o

território brasileiro.

PETERS (2003) aponta que foram três períodos evolutivos significativos na EaD, cada

um deles importante a seu modo e a sua época e cada um tendo sido superado pelas

facilidades de inovações tecnológicas e viabilidade de novos processos. O primeiro

período foi o da instrução por correspondência, que preencheu lacunas do sistema

educacional vigente. Esse modelo de Educação a Distância foi importante na época da

industrialização do trabalho, especialmente no treinamento profissional. O segundo

período ocorreu nos anos 1970, 1980 e 1990: foi responsável pela expansão da

capacidade das universidades nos países industrializados e em desenvolvimento (por

canalizar os alunos que não haviam completado o segundo grau para o ensino superior);

desenvolveu novas formas de combinação de trabalho e estudo; introduziu estudos

universitários regulares na educação de adultos; inspirou e efetuou importantes

inovações pedagógicas. E o terceiro período é marcado pela EsD informatizada.

Somente no ano de 1996, a governança nacional, regulamentou educação a distância no

país, com relação à legislação, em que o então Presidente da República Fernando

Henrique Cardoso e o ministro da Educação e Cultura Paulo Renato Souza assinaram a

lei nº 9394 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), em cujo Art. 80

podemos encontrar: “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de

programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de

educação continuada” (BRASIL, 1996) e (LEGISLAÇÃO..., 2010). Nesse primeiro

documento oficial alguns pontos são salientados por Lobo Neto (2003, p. 397) para o

crescimento do ensino a distância nacional:

O poder público deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de

ensino a distância;

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o ensino a distância desenvolve-se em todos os níveis e modalidades de ensino e de

educação continuada;

a educação a distância organiza-se com abertura e regime especiais;

a educação a distância será oferecida por instituições especificamente

credenciadas pela União;

caberá à União regulamentar requisitos para realização de exames para registro de

diplomas relativos a cursos de educação a distância;

caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle e avaliação de programas

e autorizar sua implementação;

a educação a distância terá tratamento diferenciado, que incluirá: custos reduzidos

na transmissão por rádio e televisão; concessão de canais exclusivamente

educativos; tempo mínimo gratuito para o poder público, em canais comerciais.

Já no ano 1998 têm-se o decreto nº 2.494 em cujo Art. 1º traz o conceito de educação à

distância:

Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a

mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em

diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados

pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998).

O mesmo decreto estabelece que os exames para avaliação dos alunos devem ser

realizados de forma presencial:

A avaliação do rendimento do aluno para fins de promoção, certificação ou diplomação,

realizar-se-á no processo por meio de exames presenciais, de responsabilidade da

Instituição credenciada para ministrar o curso, segundo procedimentos e critérios

definidos no projeto autorizado (BRASIL, 1998).

O Ministério da Educação e Cultura, através da portaria N° 2.253 de 18 de outubro de

2001, autoriza as instituições de ensino superior a terem disciplinas não presenciais em

cursos reconhecidos. Nessas disciplinas há a obrigatoriedade dos exames finais serem

presencias (BRASIL, 2001).

Quanto à norma reguladora para os cursos de pós-graduação a distância veio através da

resolução CNE/CES, de 3 de abril de 2001:

Os cursos de pós-graduação stricto sensu a distância serão oferecidos exclusivamente

por instituições credenciadas para tal fim pela União, conforme o disposto no § 1º do

artigo 80 da Lei 9.394, de 1996, obedecendo às mesmas exigências de autorização,

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reconhecimento e renovação de reconhecimento estabelecidas por esta Resolução

(BRASIL, 2001).

No Decreto n 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a EaD já é destacadamente

caracterizada com base nas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Para os

fins desse Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional

na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre

com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e

professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos

(BRASIL, 2005).

Atualmente, todas as questões referenciadas à Educação à distância, estão sob a

responsabilidade governamental do Brasil e são direcionadas para a Secretaria de

Educação Básica ou de Ensino Superior, que cuida do desenvolvimento da modalidade

de Educação a Distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e

programas de educação superior no país. Mas segundo BRASIL (2010), a Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES é responsável, desde 2008,

pela gestão da Universidade Aberta do Brasil).

A Ead, no contexto das políticas educacionais, é a modalidade de educação que mais

cresce no Brasil. Ela está entre os temas mais discutidos desde a última década, a partir

da Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB) de 1996, quando se passa a

reconhecer, no âmbito nacional, a Educação a Distância como um setor de expansão de

desenvolvimento nas diferentes camadas sociais. De acordo com o Art. 80º da LDB

1996:

O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a

distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida

por instituições especificamente credenciadas pela União. (BRASIL, 2013).

Vale destacar que, nas últimas décadas, têm se desenvolvido esforços, no sentido de

buscar maior aplicabilidade das políticas e gestão da educação superior brasileira e, para

a expansão e interiorização deste nível de ensino, incluindo a modalidade EaD.

Os gráficos a seguir demonstram o processo expansionista vivenciado pela educação

superior no Brasil e o efetivo incremento do número de IES, com cursos a distância,

passando de 25 (vinte e cinco) IES, em 2002, para 150 (cento e cinquenta), em 2012, das

quais 80 (oitenta) são IES públicas e 58 (cinquenta e oito) Instituições Federais.

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Importante frisar que a partir de 2009, o número de IES públicas credenciadas para

oferta da EaD é maior se comparado com o número de IES privadas. De 2005 a 2008, as

IES privadas prevaleceram e, em 2009, as IES públicas ultrapassaram as privadas,

quadro que prevaleceu até 2012.

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Fonte: MEC/Inep

Quando analisado o tipo de organização acadêmica, que interfere diretamente nas

atividades docentes e discentes, desenvolvidas em cursos a distância (ensino, pesquisa e

extensão), a Tabela a seguir mostra que das instituições que ofereceram EaD no período

2002-2012, 50% eram universidades particulares, apesar de, em 2012, as faculdades

aparecerem com 31,42%. Porém, até 2005, prevalecia um número maior de faculdades

credenciadas para a oferta da EaD do que de universidades. Entre as públicas, 75% das

IPES, que ofereceram cursos EaD, eram universidades (LIMA, 2014).

Fonte: MEC/Inep

Os dados de expansão da modalidade, no período, demonstram a existência de

disparidades e assimetrias regionais, estaduais e locais na oferta dessa modalidade de

ensino a serem superadas por meio de políticas consistentes e de qualidade para a

expansão da educação superior, como previsto no PNE.

A Tabela, a seguir, traz os números de IES credenciadas para a oferta de graduação a

distância, indicando que a Região Norte inicia suas atividades tardiamente, se

comparada às demais a outras regiões, e possui o menor número de IES, seguida da

Região Centro-Oeste. Ao somar a taxa percentual de crescimento do número de IES

com EaD, relativa a 2012, as duas regiões, Norte e Centro-Oeste, totalizam 18%, ou

seja, índice inferior aos 23,7% da Região Nordeste, que é a terceira colocada (LIMA,

2014).

Importante destacar a necessidade de efetiva expansão e interiorização da educação

superior com qualidade, incluindo a de modalidade EaD, com garantia das condições de

infraestrutura física e tecnológicas pedagógicas com pessoal qualificado, em

consonância a essas diretrizes e normas específicas, bem como às demais diretrizes para

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a educação superior.

Fonte: MEC/INEP

ANÁLISE DOS DADOS

Na expectativa em abordar a questão do incentivo do governo ao Ensino a distância,

pode-se afirmar que essa tendência deve-se à questão geográfica, pois o Brasil é um país

muito extenso, o que dificulta levar o ensino aos quatro cantos do país. A Educação a

distância é a única forma de levar o ensino de forma igualitária, devendo esse ser um

ensino de qualidade.

Durante o desenvolvimento da avaliação institucional do ensino a distância da

UNIGRANET no ano de 2015, observou-se que a educação a distância está tendo o

mesmo enfoque que a educação presencial no contexto das políticas educacionais

brasileiras. Tendo em vista um ensino que ultrapassa fronteiras e oportuniza aqueles que

não estiveram oportunidade de frequentar a Universidade por vários motivos.

Outro aspecto relevante identificado na pesquisa foi a possibilidade de descrever os

fatores que levam os estudantes a optarem por essa modalidade de estudo, o gráfico que

segue , retrata o perfil dos acadêmicos:

Avaliação Institucional Unigranet 2015

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Fonte: Unigranet

O estudo estatístico dos entrevistados apresentou os dados seguintes: 44% dos

estudantes detêm a flexibilidade e autônima de horário como fator principal para

optarem por essa modalidade de ensino, já 22% dos entrevistados levam em conta os

custos e tempo de deslocamento como fator principal para estudarem no sistema EaD e,

por fim, outro dado relevante é que 13% dos estudantes acreditam que a praticidade e

acesso facilitado ao material é fator majoritário para escolha da forma de como irão

buscar a formação de nível superior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos maiores desafios da educação superior brasileira é alterar o quadro sinóptico da

distribuição de matrículas, essa tarefa consiste em um processo de homogeneização da

educação, ou seja, é necessário reduzirmos os limites geográficos entre as Universidades

e os acadêmicos. Entre os principais aspectos observados no desenvolvimento desta

pesquisa, evidencia-se que diante da implementação ou redimensionamento de políticas

e programas sociais, houve uma ampliação do número de matrículas e de instituições na

educação superior em âmbito nacional, podendo, assim, enfatizar a crescente expansão

da Educação a distância.

De acordo com os dados, observa-se que apesar da necessidade de se „‟levar as

Universidades‟‟ aos mais longínquos lugares do nosso país, outras variáveis também

interferem no momento da escolha de qual modalidade de ensino o aluno irá optar para

cursar o Ensino Superior, o questionário aplicado aos 13.312 alunos de uma IES aponta

que não somente as distâncias das universidades ou as ausências das mesmas que fazem

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com que o acadêmico escolha o ensino a distância como opção de qualificação, mas

,também ,a flexibilidade e autonomia de horários, o tempo e o custo de deslocamento à

Universidade e a praticidade do acesso ao material , esses, portanto ,são fatores que

incidem na escolha de qual modalidade de estudo se adapta ao cotidiano desses

indivíduos. Há que expor, ainda, que tais fatores podem também ser extensivos às IES

públicas, pois mesmo estando esses pretensos acadêmicos próximos aos

estabelecimentos de Ensino Superior, a rotina e os afazeres do dia a dia podem limitar

ou até mesmo ceifar o acesso ao Ensino convencional (presencial) nas IES.

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*Saulo França Brum – Mestre em Gestão e Produção Agroindustrial

**Lilia Odete Nantes de Oliveira– Mestre em Educação

***Giselle. Cristina Martins Real – Pós Doutora em Educação