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Semiótica da Comunicação 2012/2013 Realizado por: Ana Catarina Pinto Joana Gomes Beatriz Pinto Jorge Oliveira Cláudia Lobo Marta Lago Inês Barbosa Sara Rocha ANÁLISE SEMIÓTICA DO VIDEOCLIP “CAN YOU FEEL IT” SEMIÓTICA DA COMUNICAÇÃO Ano lectivo: 2012/2013 Docente: Jorge Marinho

ANÁLISE SEMIÓTICA DO VIDEOCLIP - Sara Rocha - Homesararochagic.weebly.com/uploads/2/0/3/7/20377403/trabalho_final.pdf · Do ponto de vista da semiótica, a música tem uma componente

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Semiótica da Comunicação

2012/2013

Realizado por:

Ana Catarina Pinto Joana Gomes

Beatriz Pinto Jorge Oliveira

Cláudia Lobo Marta Lago

Inês Barbosa Sara Rocha

ANÁLISE SEMIÓTICA DO

VIDEOCLIP

“CAN YOU FEEL IT”

SEMIÓTICA DA COMUNICAÇÃO

Ano lectivo: 2012/2013

Docente: Jorge Marinho

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Índice

Índice...................................................................................................................................................... 2

Índice de Imagens .................................................................................................................................. 2

Introdução .............................................................................................................................................. 4

Metodologia ....................................................................................................................................... 4

Contextualização ................................................................................................................................ 5

A Música e a Semiótica ......................................................................................................................... 7

Análise ................................................................................................................................................... 8

Macro Análise do Videoclip ............................................................................................................... 8

Micro Análise do Videoclip ............................................................................................................. 10

Conclusão ............................................................................................................................................. 21

Bibliografia .......................................................................................................................................... 22

Webgrafia ............................................................................................................................................. 23

Anexos ................................................................................................................................................. 24

Entrevista a Slimmy ......................................................................................................................... 24

Imagens ............................................................................................................................................ 27

Índice de Imagens

Imagem 1 ................................................................................................................... ........................27

Imagem 2 ................................................................................................................... ........................27

Imagem 3 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 4 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 5 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 6 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 7 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 8 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 9 ................................................................................................................... ........................28

Imagem 10 ................................................................................................................. ........................28

Imagem 11 ................................................................................................................. ........................29

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Imagem 12 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 13 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 14 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 15 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 16 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 17 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 18 ................................................................................................................. ........................29

Imagem 19 ................................................................................................................. ........................30

Imagem 20 ................................................................................................................. ........................30

Imagem 21 ................................................................................................................. ........................30

Imagem 22 ................................................................................................................. ........................30

Imagem 23 ................................................................................................................. ........................30

Imagem 24 ................................................................................................................. ........................30

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Introdução

A semiótica, segundo Charles Sanders Peirce, propõe o signo como qualquer coisa que é

percebida e se apresenta no lugar de outra coisa, material ou imaginária, para representá-la. Os

diversos significados que o signo pode conter não estão somente presentes nos elementos da imagem

ou das palavras, mas também quando estes são adquiridos, consumidos, vistos e interpretados.

Posto isto, quando o signo é recebido através de uma mensagem por uma determinada pessoa,

esta vai atribuir-lhe um significado em função do contexto em que está inserida. É relevante

mencionar que “contextos” é a palavra-chave da semiótica: tudo depende, em qualquer caso, do

contexto em que se insere.

Assim sendo, os significados podem ser criados e/ou modificados de cada vez que são

recebidos pelo recetor. O contexto sócio-histórico de quem produz a mensagem e de quem a recebe

influenciará, assim, a sua interpretação. Quando se reflete sobre o significado de uma determinada

mensagem, na realidade está a tentar-se interpretar e entender o que essa mensagem significa. Assim,

ao fazer isso, utilizam-se recursos da semiótica, tanto para entendê-la como para lhe atribuir um

significado.

O presente documento será sobre a interpretação do grupo de trabalho do videoclip Can You

Feel It dos Jackson 5, com base nos princípios da semiótica. Com isto, pretende-se chegar a uma

significação final, através da desconstrução, reconstrução e articulação do sentido da mensagem do

videoclip que foi proposto como corpus de análise.

“Como é que o mundo pode conter signos ou símbolos? Essa é a questão da semiótica, uma

ciência simultaneamente interpretativa, que fornece poderosos instrumentos analíticos para o estudo

da nossa perceção da realidade, e uma ética.” (MOURÃO E BABO, 2007: 11)

Metodologia

A metodologia é o primeiro passo para a realização de qualquer trabalho de investigação

científica; é a orientação levada a cabo para conseguir atingir o objetivo da mesma investigação.

A análise deste projeto passa pelo método qualitativo, ou seja, interpretar os dados no seu

conteúdo psicossocial, considerando que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto

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é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser

traduzido em números e que, desta forma, não permite uma análise quantitativa.

Na pesquisa qualitativa, a interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são

fundamentais. Esta é descritiva e não requer utilização de métodos e técnicas estatísticas. O

pesquisador, considerado instrumento chave, tende a analisar os seus dados indutivamente, no

ambiente natural. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

Posto isto, a pesquisa bibliográfica centra-se na informação, maioritariamente, presente em

livros, artigos científicos e documentos fornecidos na Internet. É importante salientar que nem em

todos os artigos web gráficos foi possível encontrar o número da página na qual se encontrava a

citação, pelo que algumas referências ao longo do texto se encontram sem indicação da página. Este

primeiro passo é considerado essencial, uma vez que é através de toda a pesquisa bibliográfica que é

possível ter um conhecimento prévio acerca do tema para proceder, depois, ao seu desenvolvimento.

É essencial, também nesta etapa, seleccionar somente os conteúdos necessários ao trabalho.

Posteriormente, foi realizada uma entrevista ao músico Slimmy, de forma a enriquecer a

análise do videoclip. Depois disto, partiu-se para o corpo do trabalho dividido em três partes

fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão.

O documento irá ser apresentado sob o suporte de papel. Todas as imagens que foram

consideradas necessárias incluir neste trabalho, encontram-se nos “Anexos”, devidamente

identificadas. Ao longo do texto, são feitas referências às mesmas, identificando qual a imagem que

se pretende mencionar.

Contextualização

Para se poder elaborar uma análise semiótica de algo, é, em primeiro lugar, necessário

compreender o que é a semiótica. “A semiótica representa, pois, o conjunto de sistemas e processos

de significação. (…) A sua finalidade é clara: tornar explícitos os conteúdos e as formas culturais. A

semiótica é construtiva, constrói o mundo em signo, opondo-se a qualquer reducionismo.”

(MOURÃO E BABO, 2007: 15)

Como esta análise pretende abordar a música é também preciso entender o que esta é e em

que consiste a sua perspetiva semiótica. Para além da música, é também indispensável compreender

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as imagens, cores, símbolos, entre outras coisas, que estão incluídas no videoclip e tentar entender de

que forma estas são relevantes e significativas.

De uma forma geral, a semiótica é a doutrina dos signos e tem como objetivo o estudo de

todos os fenómenos culturais como se fossem sistemas de significação. Esta área encontra-se em

contacto com todas as matérias da comunicação, sendo, por isso, interdisciplinar. Tal como Courtés

diz, na sua obra “Introdução à Semiótica Narrativa e Discursiva”, “a semiótica (…) tem por

objectivo a exploração do sentido. Isto significa, em primeiro lugar, que ela não se reduz somente à

descrição da comunicação (definida como a transmissão de uma mensagem de um emissor para um

receptor): englobando-a, ela deve igualmente dar conta de um processo muito mais geral, o da

significação.” (COURTÉS, 1979)

É, também importante haver uma pequena noção de signo. “Todo o signo consiste na relação

de um veículo sígnico que denota algo para alguém.” (FIDALGO, 1998: 6) O signo é tudo aquilo

que está em vez de algo com significado para alguém; trata-se, assim, de uma unidade de

significação. “A Semiótica (…) é a ciência ou Teoria Geral dos Signos, entendendo-se por signo,

para evitar outros equívocos, estes de natureza astrológica, toda e qualquer coisa que substitua ou

represente outra (…). Ou melhor: toda e qualquer coisa que se organize ou tenda a organizar-se sob a

forma de linguagem, verbal ou não, é objeto de estudo da Semiótica.” (PIGNATARI, 1979)

“ (...) Com efeito, signo insere-se, segundo a vontade dos autores, numa série de termos assim

e dissemelhantes: sinal, índice, ícone, símbolo, alegoria são os principais rivais do signo.”

(BARTHES, 1964)

Segundo a semiótica não é possível haver comunicação sem partilha de significados. Ainda

assim, para haver comunicação, os signos devem ter o mesmo significado para ambos os usuários.

Desta forma, convém que tanto o emissor da mensagem como o recetor lhe atribuam o mesmo

significado para haver partilha. No entanto, a descodificação do significado por parte do emissor e do

recetor depende, principalmente, dos seus contextos (histórico, económico, social, cultural, religioso,

etc.). Caso os contextos não sejam os mesmos, a mensagem pode ter várias interpretações, o que

prejudicará a partilha do significado inicial.

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Segue-se, então, a explicação do que é a música e da sua relevância neste caso de estudo. Isto

porque, é fundamental compreender nitidamente todos os elementos que fazem parte do caso em

questão, sendo que a música é um dos principais.

A Música e a Semiótica

A música constitui-se como sendo uma das mais ricas e difundidas atividades culturais da

sociedade atual mas, por outro lado, ela conserva um caráter de abstração que resiste a uma definição

concreta. Alguns especialistas dividem-se quanto à natureza da música: por um lado, uns acreditam

que a música existe ainda antes de ser ouvida, ou seja, têm a música como um fenómeno natural e

universal que não constitui arte; por outro lado, há quem pense que a música não pode funcionar sem

que seja entendida e que não existe música se não houver uma obra musical que estabeleça uma

ligação entre o compositor e o ouvinte.

É neste contexto que a música e a semiótica se cruzam. Como a música emana sentidos,

consequentemente, a semiótica tenta analisá-los.

Parte do trabalho em analisar o videoclip dos Jackson 5, Can You Feel It, passa pela

interpretação da música e letra da mesma. Para melhor se poder interpretar este objecto de estudo,

procedeu-se a uma entrevista a Paulo, vocalista dos Slimmy, banda portuguesa conceituada, para

ajudar a perceber a importância da música como emissor de mensagens. A mesma entrevista

encontra-se em anexo deste trabalho.

Do ponto de vista da semiótica, a música tem uma componente emocional e, de facto, tem

capacidades de alterar as emoções: “uma boa canção pode valer tanto como um quadro do Picasso,

mexe com os nossos sentidos como nada neste mundo”, confirma Paulo. A emoção que a música

causa depende do contexto em que é ouvida. Paulo refere que este é o motivo que mais lhe dá prazer

em fazer música: “ todas as pessoas sentem aquilo que fazemos de maneira diferente e adaptam

músicas diferentes para os seus momentos pessoais diferentes, e acho isso óptimo.”

Paulo refere ainda que a música é um “meio fortíssimo de comunicação, de união, em que se

esquece religiões, sexo, raças, etc.; é um estado de espírito, principalmente (…) ”

De facto, a música é uma grande emissora de mensagens e Can You Feel it não é exceção.

Como se pode verificar pela restante análise, a música aliada às imagens do videoclip, transmitem

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uma mensagem muito forte e como é sabido, em semiótica, quando existem diferentes signos numa

mensagem, há uma fusão entre eles: existe uma contaminação o que faz com os signos consigam

transmitir e persuadir de forma mais eficaz do que isoladamente.

Análise

Macro Análise do Videoclip

Os Jackson 5 (imagem 1) são um grupo familiar americano de música constituído por Jackie

Jackson, Tito Jackson, Jermaine Jackson, Marlon Jackson e Michael Jackson. Desde 1964 até 1990,

os Jackson, como também são conhecidos, tinham um reportório de música R&B, soul, pop e disco,

acabando por se transformarem num dos mais marcantes grupos na década de 70. A banda serviu

como plataforma de lançamento das carreiras a solo de alguns dos seus membros, como foi o caso de

Michael Jackson. Can You Feel It (imagem 2) foi um dos singles gravados quando o grupo

trabalhava com a produtora Epic Records.

Can You Feel It é um tema de corrente soul e funk, estreado em fevereiro de 1981 no

programa do canal americano NBC Friday Night Videos, nos Estados Unidos. Com quatro minutos e

cinquenta e um segundos de duração, Can You Feel It contou com a direção de dois produtores: o

primeiro, Bruce Gowers, natural de Inglaterra, é um diretor e produtor de televisão, mais conhecido

pelo seu trabalho em eventos de música ao vivo. Um dos seus mais aclamados trabalhos é o

programa American Idol. Também produziu eventos como o Billboard Awards e também os MTV

Video Music Awards. O segundo, Robert Abel, considerado pioneiro em efeitos visuais, animação

em computador e multimédia, tornou-se conhecido pelo seu trabalho na empresa Robert Abel and

Associates, empresa a cargo da produção deste vídeo.

O vídeo em causa teve um tremendo sucesso, já que contou com efeitos especiais únicos na

altura da realização e lançamento. No ano de 2001, o videoclip (imagem 3) foi eleito um dos 100

melhores vídeos de todos os tempos. Mais tarde, em 2009, foi incluído numa compilação de sucessos

da banda. É de notar que Can You Feel It foi o último vídeo em que Michael Jackson participou

antes de começar a sua carreira a solo, que viria a ter muito sucesso, incluindo mais tarde um sample

da mesma música num dos seus álbuns.

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A década de 1980, também designada de “anos 80”, foi palco de grandes mudanças sociais e

económicas devido ao aumento da liberalização económica. Alguns países desenvolvidos

enfrentaram problemas sociais e económicos devido a muitas crises. Foi também nos anos 80 que a

Guerra Fria mais se fez sentir, especialmente os regimes comunistas como o da União Soviética;

verificou-se uma sucessiva queda desses regimes que colapsou na queda do próprio muro de Berlim.

Desta forma, a década foi marcada por ataques terroristas, por guerras internacionais e civis,

por ameaças nucleares e também pelo processo de descolonização e independência de várias

colónias. Apesar de tudo, houve progresso a vários níveis, sendo que os mais proeminentes foram os

aparelhos electrónicos, os computadores e a exploração espacial. Os walkmans tornaram-se muito

populares e acabaram por ter um grande impacto no mundo da música, assim como na classe mais

jovem.

A música teve um crescimento exponencial nos anos 80. Foi criada a MTV (Music

Television), um canal de música americano, e, desta forma, os vídeos começaram a ter um efeito

maior sobre a indústria musical. Michael Jackson foi um artista marcantee desta época e os seus

vídeos eram assíduos na MTV, o que o levou a vender milhões de álbuns.

O videoclip insere-se num determinado período de tempo e, por ter os seus próprios

contextos, transmite uma mensagem relacionada com as circunstâncias. Este tem uma mensagem que

pretende apaziguar e pacificar as emoções que eram vividas desde o início da década de 80. Com

todas as conturbações sociais e económicas, e aproveitando a explosão e o grande desenvolvimento

da música e do vídeo, Can You Feel It tem como principal objetivo passar uma mensagem que leve

os recetores a repensar as suas atitudes e ideias para que a sociedade se possa unir.

No que toca aos dias de hoje, a mensagem da música pode ser entendida tal e qual como nos

anos 80. Assim como nessa época, a sociedade atual vive assombrada pelas mudanças económicas e

sociais que se têm vindo a sentir. As manifestações e as revoltas são mais constantes de dia para dia

e, por isso, Can You Feel It, com uma mensagem de esperança e união, aplica-se, também, à

atualidade.

No que diz respeito ao conteúdo, o vídeo tem, marcadamente, a presença de elemento

cósmicos e naturais, tais como a água, o fogo, o arco-íris e o sol.

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Para que seja possível compreender estes elementos ao olhar da semiótica, procede-se,

seguidamente, à micro análise do vídeo, que inclui pormenores e detalhes que na macro análise não

foram inseridos.

Micro Análise do Videoclip

O videoclip Can You Feel It, dos Jackson 5, é um exemplo de grande diversidade e variedade

de símbolos. Elementos cósmicos, naturais ou cromáticos marcam presença ao longo de todo o

videoclip e, de forma subtil, criam uma certa complementaridade entre eles.

No início do vídeo, o elemento que mais se destaca é, essencialmente, a cor. De um plano

completamente preto, a imagem evolui para tons de azul, nomeadamente no centro. Associado a isso,

surgem também algumas formas que se comparam a montanhas. (imagem 4)

Tecnicamente, as montanhas são um acidente geográfico que se destacam por apresentarem

altitudes superiores às das regiões periféricas. “Distinguindo-se como formas naturais marcantes na

paisagem, as elevações rochosas incorporam historicamente um desafio persistente, tanto ao domínio

quanto ao entendimento humanos. Elas se erguem acima das planícies habitadas; são remotas,

perigosas e inassimiláveis às necessidades do trabalho diário do homem.” (BRITO, 2008:1) As

montanhas são alvo de várias representações e interpretações e “para muitos, a montanha é uma

«coisa de Deus», nela ficamos «mais perto o Céu».” (BRITO, 2008:3)

Desta forma, as montanhas representam, para o homem, uma elevação da sua condição de

humano e, por outro lado, são vistas como um elo de ligação entre a vida terrena e os deuses – “(…)

constituem em meios principais de conectar os homens aos deuses, uma passagem por meio da qual

corre um fluxo entre a terra e o céu divino. E, como consequência de uma evolução na concepção do

mundo, ligada a uma observação científica ainda embrionária, elas seriam vistas como os pilares que

suportavam o céu.” (BRITO, 2008:5) As montanhas são, também, consideradas locais sagrados e

puros devido à sua aproximação com o céu. “ (...) as belezas naturais da montanha seriam percebidas

como lugares de prazer, onde havia o ar mais puro e as melhores vistas. (…) Nas regiões

montanhosas, o ar era considerado mais limpo, com propriedades curativas e ação purificadora.”

(BRITO, 2008:7)

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Esta interpretação da montanha como um local de prazer, purificador e sagrado remete-nos,

obrigatoriamente, para esta óbvia ligação com a cor azul.

Antes de mais, é necessário entender o que é a cor e como pode ser entendida como um meio

de comunicação. Assim, “(…) compreendemos a cor como propriedade ou como qualidade natural

dos objetos.” (GUIMARÃES, 2011:7). No contexto em que se está a estudar a cor, como

distribuidora de sentidos, ela não constitui, por si só, um signo: “A informação cromática quando é

emitida ainda não constitui um signo. Ela deverá, para isso, ser recebida pela nossa visão e atualizada

pela perceção e interpretação da sua materialidade.” (GUIMARÃES, 2001:19). Entende-se, então,

que a interpretação da cor depende dos contextos e das circunstâncias em que está inserida. “Como a

expressão das cores é também construída sobre a estrutura dos códigos culturais, entendo que a

recepção eficiente da informação cromática (…) depende de informações externas à própria cor,

como a contextualização da informação, o estudo do ambiente cultural, as diretrizes e os paradigmas

que direcionam consciente ou inconscientemente a utilização das cores nas informações veiculadas.”

(GUIMARÃES, 2003:21)

Depois de percecionada, a cor irá ter um papel de grande importância na transmissão de

mensagens. Sendo um signo não-verbal, a cor é considerada como informação “todas as vezes em

que sua aplicação desempenhar uma dessas funções responsáveis por organizar e hierarquizar

informações ou lhes atribuir significado.” (GUIMARÃES, 2003: 31)

É importante explicar qual o significado das cores no contexto do videoclip. Neste caso, azul:

o azul é uma cor primária que transmite espiritualidade, tranquilidade e quietude. Entendido como

forma de relaxamento, o azul incita à paz e à calma. Os tons mais claros são indicadores de uma

grande capacidade intuitiva, enquanto os tons escuros revelam o isolamento e a solidão; no videoclip,

a tonalidade da cor passa do escuro para o claro, ou seja, representa a saída do isolamento e solidão

para encontrar maiores capacidades. Pode-se concluir que a cor azul remete, de forma geral, para um

estado de tranquilidade, espiritualidade e relaxamento. Tal como as montanhas, já analisadas. As

montanhas, tidas como lugares de prazer, de elevação e purificadoras, ligam-se estrategicamente ao

azul que, por sua vez, simboliza a quietude e o misticismo.

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Falta, ainda, realçar a presença do preto logo no início do videoclip. O preto pode ter uma

dualidade de interpretações: pode simbolizar a morte, a doença, a ausência ou a rejeição, ou pode

transmitir a ideia de poder, seriedade, proteção e purificação. Não sendo classificado como uma cor,

mas como a total ausência de cor, o preto pode exercer uma grande influência sobre os indivíduos,

uma vez que, por ser a ausência de cor, está relacionado com a ideia do vazio. No contexto do

videoclip, considera-se que o preto pode ter sido utilizado como forma de neutralizar o recetor da

mensagem.

No 13º segundo do videoclip começa a ser passada uma mensagem: “In the beginning, the

land was pure even in the early morning light. You could see the beauty in the forms of nature. So

every men and women of every color and shape would be here too and they would vied all tizzy

sometimes not to see the colors and ignore the beauty of each other. But they would never lose sight

of the dream of a better world they could unite and build together in triumph”. A mensagem é

narrada por uma voz masculina, para imprimir autoridade ao relato. Compreende-se, assim, que

aquilo que se pretende transmitir é que, no início dos tempos, a terra era um local puro, onde era

possível ver a beleza nas formas da Natureza. Continua ao dizer que, apesar de, por vezes, homens e

mulheres competirem ferozmente entre si, eles nunca iriam perder de vista o sonho de um mundo

melhor que eles pudessem unir e construir, juntos, em triunfo.

No momento em que esta mensagem começa a ser narrada aparecem mais elementos que se

assemelham a montanhas, assim como uma nova cor: o laranja. Aqui, é passada a ideia do nascer do

sol, ou seja, o começo de algo. (imagens 5 e 6) O laranja, uma mistura entre o amarelo e o vermelho,

transmite força, curiosidade, otimismo e equilíbrio emocional. Indica sentimentos fortes como a

coragem, a alegria e a ambição. Assim sendo, compreende-se a escolha do laranja para esta fase do

videoclip, quando a mensagem começa a ser transmitida. A mensagem, por si só, revela a ideia de

beleza, de força, de união e, acima de tudo, de ambição e coragem em “unir e construir” um mundo

melhor.

Não obstante, são de salientar os planos utilizados nesta fase inicial do videoclip: com o

aparecimento da mensagem, o plano vai-se afastando-se, continuamente, de forma a mostrar cada

vez mais elementos naturais, mas, com a segunda transição, que pretende acrescentar algo e

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complementar a imagem anterior, o plano vai focando um ponto, ou seja, vai criando a noção de

proximidade que é exatamente o que é proferido na mensagem: a união.

Ainda durante a narração da mensagem inicial, aparece uma estrela cadente (imagem 7). As

estrelas cadentes são objeto de encanto e mistério e estão ligadas ao misticismo. Essas luzes

repentinas que passam em pequenas frações de minuto, são um fenómeno que há muito tempo intriga

o ser humano. Daí as várias interpretações associadas ao fenómeno. Uma delas é saliente no próprio

nome popular estrela cadente, no qual é explícita a justificação de ser uma estrela que cai, e que

durante esse percurso repentino deixa um rasto de luz. Nos tempos antigos, objetos no céu da noite

geravam supertição e foram associados aos deuses e à religião; meteoritos também eram vistos como

presentes dos anjos. Num outro ponto de vista, alguns povos antigos acreditavam que os deuses

estavam a exibir a sua raiva, através da chuva de estrelas cadentes. De qualquer das formas, as

estrelas cadentes sempre foram associadas aos deuses e que estas poderiam ser mensagens dos

mesmos.

No videoclip, a estrela cadente aparece ainda nas montanhas, e como foi referido

anteriormente, estas são locais sagrados e puros devido à sua aproximação com o céu. O cenário que

é apresentado remete para a aproximação ao céu, e a estrela cadente que aparece, às mensagens que

eventualmente são transmitidas pelos deuses. Tudo leva a crer que a mensagem proferida

inicialmente possa ser uma mensagem de um ser superior, nomeadamente de algum deus.

Aqui, o plano vai-se aproximando do objeto, como forma de envolver o espectador, até que a

imagem se fecha por completo e dá origem a uma imagem negra que ocupa todo o espaço.

O minuto 0:50 dá início à melodia e com ela novas imagens. A água de cor azul e as formas

redondas dominam os primeiros instantes da música. (imagem 8)

A água é outro elemento que está ligado ao misticismo. Na Bíblia podem encontrar-se

diversas citações onde Deus salva o povo por meio da água, como por exemplo, quando Moisés,

ainda criança, foi salvo das águas do Rio Nilo, ou quando o povo Hebreu ficou livre da escravidão do

Egipto ao atravessar as águas do Mar Vermelho. Mas aquela que tem maior valor simbólico é o

batismo de Jesus nas águas do Rio Jordão. Daí o derrame de água sobre a cabeça da criança ou do

adulto durante o seu batismo, pois acredita-se que seja um mergulho na vida divina. “ O simbolismo

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da água como fonte de vida é mencionado em quase todas as cosmogonias, desde o Gênesis, na

Bíblia, até o Alcorão, ou mesmo em escritos pagãos, como os do filósofo grego Aristóteles, que cita

Thales de Mileto (624-546 a.C) ao afirmar que a água seria o elemento original ou o princípio de

todas as coisas.” (FORTES, 2005:1)

A água, simbolicamente, é tida como um elemento fundamental para a vida, sem ela tudo

acaba por morrer. “A água é uma espécie de mãe universal dos seres, dando-lhes alimento e

envolvendo-os e possibilitando-lhes a vida.” (FORTES, 2005:5) Por outro lado, pode-se ainda

considerar, que é também um elemento purificador, que lava, limpa e que renova.

A água pode ser também associada à feminilidade pois tem características em comum com a

mulher, tais como a fertilidade, a sensualidade, a flexibilidade ou a instabilidade. Por exemplo,

mergulhar na água, ser envolvido por ela e senti-la por todo o corpo assemelha-se a estar contido no

ventre da mãe. A água que aparece no videoclip é de cor azul.

Outro fator relevante é a forma arredondada que a água possui no vídeo. O círculo é uma das

figuras mais emblemáticas no estudo das formas, que por sua vez aparece por diversas vezes ao

longo do videoclip. Este simboliza a semente, o início, o princípio gerador, o ovo, a origem

primitiva. É, também, a figura representativa do ventre, do nascimento, da gestação, daí o facto de

ser uma forma feminina por excelência. Por outro lado, o círculo sugere rotação, propagação,

vibração, em suma, movimento puro. Pela ausência de arestas, as formas arredondadas são as mais

aconchegantes. Quando a água cai (imagem 9) sobre as montanhas, de forma arredondada e de cor

azul, pode significar o início, o nascer de alguma coisa, a renovação. Esta imagem reforça a

mensagem que inicialmente é proferida.

Mais à frente, pode observar-se a imagem de uma chama (imagem 10), o simbolismo do fogo

serve como premissa ao aparecimento do próprio grupo (Jackson 5) no videoclip. Com silhuetas

delineadas por fogo, surgindo no centro da chama, a simbologia do fogo associa-se à iluminação,

assim como à imagem de uma transcendência eminente ao espírito, a chamada alma de fogo. O poder

da chama leva à associação de ideias como o calor ou algo caloroso. O fogo estará associado à

evolução do Homem, que no início dos tempos, por domínio deste elemento deu mais uma passo

para a superioridade da Humanidade. Antes do domínio do fogo, o Homem vivia de maneira similar

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às demais espécies animais, com uma simplicidade primitiva aquém das potencialidades, com uma

incipiente capacidade de comunicação; indicadores de um intelecto pouco desenvolvido. A partir do

domínio do fogo, o cérebro humano desenvolveu-se abruptamente proporcionando um salto

qualitativo na vida. Em todas as culturas o fogo é objeto de culto, de admiração e máximo respeito.

Por outro lado, o aspeto destruidor do fogo implica também um lado negativo ou até uma função

diabólica. A purificação pelo fogo, é complementar à purificação pela água, tanto no plano micro

cósmico (ritos iniciáticos) quanto no plano macro cósmico (mitos alternados de dilúvios e de grandes

secas ou incêndios). O fogo, portanto, é o motor da regeneração periódica. A água volta a aparecer

(imagem 11), como solo pisado pelas silhuetas dos Jacksons em direção ao vulto de horizonte no

encalce do fundo da imagem. O caminhar sobre a água: também Jesus Cristo o fez e é tema em

diversos evangelhos na religião cristã (Mateus 14, 22-33, Marcos 6, 45-52 e João 6, 16-21).

Simbolismo associado à pureza da alma e à transcendência de espírito. No decorrer do minuto 1:33,

surge o grupo exercendo a sua coreografia sobre água refletindo o pôr-do-sol. Michael Jackson,

figura central na imagem, eleva os braços ao céu criando pela junção das suas mãos uma imagem de

água, logo seguida de feixes luminosos. Água e fogo complementam-se como elementos de

purificação da alma, do espírito e diretamente relacionados com os antónimos, vida e morte. Os

feixes luminosos, crescendo em intensidade e quantidade tornam-se o foco central na imagem sobre

um fundo preto (imagem 12). Isto absorve o espectador num encanto e misticismo, da luz sobre o

movimento.

O elemento água associa-se geralmente ao momento do início da vida, do nascimento.

Segundo Chevalier e Gheerbrant, “a água é o símbolo da infinidade dos possíveis”. Há ainda outros

autores que consideram a água como um símbolo de regeneração de algo ou alguém, o que neste

caso se coaduna com a letra que acompanha o aparecimento da água após o fogo neste momento do

vídeo: “Try to teach the man who’s hating his brother, when hate won’t do”.

Aqui a água é, mais uma vez, azul. (imagem 13) Nesta altura, aparece também uma

passadeira negra composta por retângulos de contorno laranja. Segundo o professor Sartori, o

retângulo “é a própria configuração da figura humana” e, uma vez que os retângulos presentes neste

momento do videoclip são horizontais e não verticais, dão ao espectador uma ideia de

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“contemplação, deleite visual, (…) descanso, o repouso de toda criatura viva, a passividade de quem

adormece ou falece”. Em suma, eles marcam a presença humana em redor da qual surge a água,

elemento que vai exercer o seu efeito sobre o Homem.

Assim que a água desaparece, começa a surgir ao fundo uma figura giratória laranja, que se

torna percetível à medida que se vai aproximando, e que acaba por se revelar um vulto laranja, de

costas (imagem 14). Não só por esse movimento giratório que ela efetua, mas pelo facto de ser cor de

laranja brilhante e contrastar com o fundo negro e o azul da água que acabou de desaparecer, pode

considerar-se que esta figura simboliza o calor, um fogo latente, que o movimento giratório vai

acentuando. Ao mesmo tempo, e porque é um vulto que se encontra na posição fetal, dá novamente a

ideia de nascimento, de criação de vida, de algo novo que surge – mais uma vez a ideia da

regeneração, da renovação, está aqui presente.

Após este momento, surgem no videoclip os membros da banda, que lançam das suas mãos

estrelas brilhantes. (imagem 15) Segundo Chevalier e Gheerbrant, as estrelas funcionam como

“faróis projectados na noite do inconsciente”, o que neste caso se pode associar, mais uma vez, à

letra da música, que nesta altura é “Can you feel it, can you feel it, can you feel it”. Pelo que se pode

considerar que, através das estrelas brilhantes, se está a tentar fazer perceber e sentir algo ao recetor

do vídeo.

Nesta altura do videoclip a cor predominante é o laranja, presente não só nas estrelas, mas no

próprio vestuário dos membros da banda, em contraste com o negro e o azul-escuro que constituem o

fundo sobre o qual os elementos aparecem. O laranja, particularmente no tom forte usado no

videoclip, é uma cor cujo significado já foi referido e que se integra nesta interpretação feita aos

restantes elementos presentes neste momento do videoclip.

Posteriormente, aparece uma silhueta humana dourada, que se funde com a água e com o

fogo em forma de círculo, resultando em múltiplas silhuetas humanas, tal como a que estava na

origem da fusão. Neste momento estão presentes elementos da Natureza como a água e o fogo, tal

como as cores que caracterizam esses mesmos elementos, o azul, o amarelo e até o dourado. A

própria silhueta humana (imagem 16) assume uma das cores do fogo: o dourado.

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Uma chama trás luz à escuridão. A luz transmite esperança, dá permissão para seguir em

frente, como um acordar e um dia novo pela frente, para mudar o que está errado, no caso da

mensagem que o vídeo pretende passar: a mudança do mundo e das pessoas para melhor.

Os elementos da Natureza nesta parte do vídeo fundem-se em forma de círculo. Este

simboliza o Universo, da totalidade. Também é conhecido como "olho fechado de Deus".

Quanto à silhueta humana, subentende-se que na fusão desta com os elementos da Natureza

nasce um universo de muitas outras. Este ato remete para a criação de algo maior e melhor. O

surgimento das silhuetas em dourado pode ser interpretado como a preciosidade da espécie humana.

Numa fase posterior do videoclip aparece água verde (imagem 17) com o surgimento de mais

silhuetas humanas douradas. O verde significa vigor, juventude, esperança e calma; todos estes

significados remetem para o sentido que o autor quis dar à música em questão, uma vez que esta

incide muito na juventude, na renovação e na esperança de algo melhor. A junção de silhuetas

humanas com esta cor remete, mais uma vez, para a otimização da espécie humana, uma vez que ela

é a principal responsável pela possibilidade de um mundo melhor.

Num outro momento do videoclip aparece um rosto de uma mulher sobreposto a um eclipse

(imagem 18), com chama de fogo. Estes dois últimos elementos transmitem masculinidade, neste

caso, sobrepõe-se um rosto feminino assim dá-se uma fusão entra os diferentes sexos. Esta fusão

simboliza a relação entre homem e mulher, que poderá dar origem a uma nova vida, daí a questão de

fertilidade humana.

No início do minuto 03:00, os protagonistas do vídeo voltam a espalhar estrelas douradas

com a mão. Contudo, aqui existe uma diferença importante de salientar: não é sobre a cidade, mas

sim sobre pessoas. Primeiro individualmente: a uma criança e a um adulto e, mais tarde, a uma

multidão de pessoas. Ao receber as estrelas, o primeiro adulto levanta os braços em direção ao céu,

demonstrando gratidão e respeito, como que em forma de oração. Este banho de estrelas douradas

sobre as pessoas funciona como uma bênção. A cor dourada está associada ao conhecimento,

sabedoria e ao Sol. Por esta razão é também símbolo de equilíbrio e energia. Relacionando o excerto

do vídeo com a letra da música, o grupo canta o refrão, onde repete seis vezes a frase, “Can you feel

it”. Desta maneira, enfatiza o momento em que as pessoas recebem a referida bênção funcionando

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igualmente como chamamento. Após receberem o banho de estrelas, os indivíduos desenvolvem uma

luz que erradia à sua volta (imagem 19), como se fosse uma proteção ou uma aura. Novamente, o

facto da aura ou campo de proteção ser da cor dourada remete para amor ao próximo, paz,

positivismo e sensibilidade, sendo isto compatível com a mensagem do vídeo. Ainda no mesmo

fragmento do vídeo, enquanto espalham as estrelas, os membros da banda olham para baixo e

apontam, como se estivessem a avaliar o seu trabalho com alguma curiosidade. Este plano filmado

aos membros da banda, remete para a posição divina que ocupam no videoclip, destacando-os.

Posteriormente, é apresentada uma ponte. Simbolicamente a ponte é um ícone de passagem,

unindo margens e mundos paralelos, segundo a mitologia. No videoclip, esta ponte recebe as mesmas

estrelas douradas que o grupo de pessoas, indicando uma união entre os dois elementos do vídeo.

Após ter sido banhada pelas estrelas, a ponte recebe ainda outro tratamento, desta vez dois dos

elementos dos Jackson 5, com apenas um gesto, criam um arco-íris (imagem 20) que une as duas

margens da ponte. Segundo a mitologia grega, Zeus unia o céu e a terra com um arco-íris que servia

de passagem entre os dois opostos, é desta forma que o título de divindade é novamente atribuído aos

membros da banda. Após a ponte estar completamente coberta pelas cores do arco-íris, a multidão de

pessoas que está a assistir, recebe também as sete cores. Novamente, a ideia de união é vincada,

reforçando o conceito que o grupo de presentes está a receber uma bênção, já que o arco-íris é

também associado a uma transfiguração e passagem para um patamar de espírito superior e celestial.

Ainda no mesmo contexto, a letra da música fala repetidamente no amor para com o irmão e

para com os outros, fortalecendo a ideia que todos são iguais e que não há distinção entre as pessoas,

remetendo para o racismo e que este não deve existir. É neste momento que a multidão aparece,

revelando pessoas de várias faixas etárias, assim como de raças diferentes, todos iluminados pela

mesma cor dourada, assim como pelas sete cores do arco-íris.

Os constituintes do grupo são apresentados mais uma vez, vestidos com roupas idênticas e

também com o mesmo tom na pele e no vestuário. O plano contra picado é incluído novamente,

voltando a lembrar ao espetador que possuem qualidades divinas. Quatro deles estão posicionados

atrás de um quinto elemento, que finalmente levanta o raio de cores, formando assim um arco-íris

que ilumina a população que está a assistir.

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Quando a frase “Cause we’re all the same” é cantada aparecem duas crianças (uma do sexo

feminino e outra do masculino) a olhar para cima como se estivessem a fazer um pedido a alguém

superior e, é neste momento, que surgem os Jackson 5 por baixo do arco-íris agarrando uma bola de

fogo. Aqui, é possível interpretar que para além da cor dourada, se pode percecionar algo da cor

castanha: esta representa o sentimento de estabilidade e, no caso das crianças, de dependência e de

necessidade de segurança. Além disso, o castanho significa também a importância das raízes e do

conjunto social daí a letra da música mencionar que “somos todos iguais”. Nesta altura há um arco-

íris muito peculiar: realça a cor roxa nas suas extremidades, e no meio, por sua vez, tem o vermelho-

alaranjado e azul ao invés das sete cores tradicionalmente utilizadas na sua representação. A cor

apresentada nos extremos tem um poder de transformação, purifica os pensamentos, alterando os

negativos para positivos, é normalmente associada ao encanto, ao sonho, ao “estado mágico” da

mente. Mas o que torna isto interessante é o facto de o roxo ser uma mistura de vermelho com azul,

as cores que, por sinal, se encontram no meio do arco-íris, misturando, assim, a conquista impulsiva

do vermelho com a delicadeza do azul.

Partindo para a análise das cores centrais pode-se, desde logo, concluir que são contrastantes.

O vermelho é uma cor quente e estimulante, que representa energias muito poderosas e, em algumas

situações, descontroladas; favorece a força de vontade, a vitória, a luta pela liderança. Pelo contrário,

o azul é uma cor fria que transmite paz de espírito, tranquilidade e calma e remete para o infinito e

para a sensação de leveza, como já havia sido mencionado. É importante referir, ainda, que estas

duas cores juntas podem gerar alguns sentimentos de contradição.

No momento seguinte, é a água que toma relevo. Contudo, imediatamente aparece Michael

Jackson a tocar guitarra e no momento em que o refrão “Can You feel it” começa, uma estrela

rodeada de fogo aparece no meio do universo com estrelas em movimento, num ritmo cada vez mais

acelerado. Neste caso concreto, as estrelas são pontos de luz que brilham na escuridão e são

consideradas símbolo de verdade e da luta contra as forças da escuridão e do desconhecido e, quando

estão em movimento, que é o caso, são associadas a desintegração. Estas mesmas estrelas

transformam-se progressivamente em bolhas de água (imagem 21) e estas ganham importância

dando lugar ao nascer do sol uns segundos depois. É visível o contraste entre o azul claro, onde o sol

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está a nascer, e o resto da paisagem ainda de cor negra da noite. O amarelo e o azul são, no círculo

cromático, opostas mas, ainda assim, complementam-se e, por isso, dão ideia de harmonia.

O nascer do sol, que se revela bastante amarelo, atrai pensamentos otimistas e indica luz,

evolução, sabedoria e é considerado o despertar das faculdades psíquicas e em contraste com o azul

desperta também a lealdade, a amizade e a honestidade. Aqui, o resto da paisagem é escura refletindo

a noite. Considera-se que esta escuridão da noite está relacionada simbolicamente com a ideia do

vazio, do espaço infinito. Uma vez que a cor preta envolve o azul do céu e o amarelo do sol, tem o

efeito de aumentar a perceção dessas mesmas cores, ampliando-as. O sol amarelo a nascer ganha

visibilidade e rapidamente se torna no primeiro plano transformando-se no eclipse: um eclipse

rodeado por um anel de fogo (imagem 22) que se encontra no meio do universo repleto de estrelas.

O fogo é, como anteriormente explicado, um elemento muito importante, essencialmente

neste contexto. Juntamente com o eclipse tem a capacidade e a força fecundante por serem

indispensáveis à existência da vida.

Assim que o eclipse aparece em grande plano, permanece somente o preto que se torna no

espaço em movimento, mostrando as estrelas, mais uma vez. Estrelas estas que se afastam

sucessivamente. (imagem 23) Uma vez que esta visão do espaço retoma ao eclipse que antes

apareceu, pode concluir-se que o grande plano do eclipse tem o objetivo de demonstrar por segundos

o espaço e as estrelas. Como já antes foi referido, as estrelas que brilham na escuridão são símbolo

de verdade e de luta contra as forças do desconhecido e, estando em movimento, são associadas a

desintegração.

É importante realçar que, neste momento, apenas é possível ouvir o instrumental do tema,

uma vez que já não há letra da música, pelo que, as associações da imagem com a música, já não são

possíveis. Contudo, esta fase do videoclip revela-se uma conclusão de tudo o que anteriormente foi

apresentado, sendo que se encontra nos momentos finais.

O eclipse mantém-se com a roda de fogo à volta, que desaparece gradualmente. Nesta fase,

voltam a aparecer as pessoas iluminadas pelo amarelo (imagem 24). Não obstante, nesta fase, pode-

se realçar o facto de haver uma sucessão da imagem das pessoas e do eclipse. Pessoas estas que se

vão baixando, como se estivessem a render-se à mensagem que a música passa e a tudo o que viram

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anteriormente. Quanto ao eclipse, este mantém-se rodeado de fogo, o que significa, como foi referido

acima, que tem a capacidade e a força fecundante por ambos se revelarem indispensáveis à existência

da vida. Esta sequência entre o eclipse e as pessoas indica o fim: o fim da música, do videoclip, e da

mensagem que este pretende passar. Assim, são demonstrados, nos últimos instantes do vídeo, dois

dos seus elementos mais importantes: um deles, cósmico (o eclipse) e outro humano (as pessoas).

Sendo que este vídeo remete muito à relação da Humanidade e do Universo, faz sentido, segundo o

pensamento do grupo de trabalho, que o videoclip termine assim. O minuto 4h51 mostra as pessoas,

neste momento já de cócoras, e tudo fica, por fim, negro.

Conclusão

Após a conclusão deste trabalho de investigação e aplicação de métodos relativos à semiótica,

a nossa visão de muitos elementos aos quais tivemos acesso, mudou. Isto porque, depois desta

análise do videoclip dos Jackson 5, o olhar para este tipo de trabalhos passa a ser outro: mais atento e

capaz de compreender mensagens que antes não era compreendidas, as mensagens que estão

subentendidas e que exigem um conhecimento mais profundo da Semiótica para chegarem até ao

recetor sem deturpações.

Depois da análise, foi possível concluir que este videoclip está muito ligado ao divino, à

religião, à espiritualidade, pelas ideias que são transmitidas não só pela letra, mas por toda a

sequência de imagens. São exemplos disso, no seu significado semiótico já anteriormente explicitado

neste trabalho, as montanhas, a abundância da cor azul, a água, entre muitos outros.

Após a análise extensa deste vídeo, é possível concluir que a mensagem que pretende passar é

que todos os homens necessitam de se unir, de conseguir a paz, porque “somos todos iguais” e deve

haver entreajuda, respeito, compreensão, união e confiança.

Com este trabalho foi possível compreender que todos os trabalhos musicais, neste caso, têm

uma mensagem subentendida que nem todos podem perceber; com isto percebe-se, então, a

importância na semiótica na vida de qualquer um. É favorável a qualquer um de nós conseguir

entender cada pormenor que contêm as mensagens que são transmitidas através de imagens.

Neste caso concreto, este é um videoclip muito completo a nível de imagens e efeitos

especiais e é, por isso, possível extrair dele uma imensidão de significados.

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Anexos

Entrevista a Slimmy

Slimmy é um músico do rock português. Paulo Fernandes (nome real) é do Porto e é um dos

grandes fenómenos da atualidade da música em Portugal.

Esteve alguns anos em Londres, onde estabeleceu importantes contactos, o que lhe permitiu

ter a música Bloodshot Star na banda sonora da série americana CSI: Miami, bem como o tema Self

Control nos resumos desportivos do canal de televisão britânico Sky Sports.

Em Portugal, o seu álbum Beatsound Loverboy fez sucesso: teve presença de duas músicas

suas na série portuguesa Morangos com Açúcar. Este mesmo albúm foi considerado o terceiro

melhor álbum nacional desde o ano de 1994, numa votação realizada na comemoração dos 15 anos

da Antena 3.

Em entrevista com Slimmy tentamos compreender a sua visão da música, para que, desta

forma, nos fosse possível reunir mais conhecimentos que nos permitissem um melhor desempenho

na realização da análise do videoclip proposto: Can You Feel It, dos Jackson 5.

1) Como entrou no mundo da música?

Como todos, acho eu: ouvindo muita música, ficando fascinado com todas as rockstars que me iam

aparecendo à frente, e depois olhar para aquilo e pensar “porque não eu também?”

2) Sempre soube que queria ser músico?

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Não. A partir dos 14/15 anos é que, depois de começar a devorar as minhas referências musicais e

ouvir muita música diferente, é que decidi arriscar e tentar a minha sorte.

3) Acha que a música é uma forma de arte?

Sem dúvida. Uma boa canção pode valer tanto como um quadro do Picasso, mexe com os nossos

sentidos como nada neste mundo.

4) Qual é o significado da música para si?

É o caminho por mim escolhido para dirigir a minha vida, liga todas as minhas emoções e sentidos, é

da música que vivo, para quem vivo e o que me faz viver intensamente todos os dias.

5) Pensa que a música pode ser utilizada como um meio para comunicar?

A música é, sem dúvida, um meio fortíssimo de comunicação, de união, em que se esquece religiões,

sexo, raças, etc. É um estado de espírito, principalmente, que nos faz mais próximos das pessoas e

que nos faz quase pertencer a uma grande família, ligada com a alma de quem sente verdadeiramente

o que é fazer, tocar ou simplesmente ouvir música.

6) A comunicação através da música pode ser visual, apelando à criatividade de cada mente?

Absolutamente.

7) Usa a música como tal?

Temos enquanto banda, e eu enquanto líder da banda, uma imagem forte, algo única, portanto, tento

passar essa mensagem que podemos e nos devemos divertir a fazer e a tocar música para as pessoas,

embora a imagem não valha nada se não se fizer a música certa que vá de mão dada com essa

imagem irreverente e rock n roll, que neste caso está presente em Slimmy.

8) Que tipo de mensagens passa nas suas músicas?

As minhas músicas refletem alguém sem preconceitos e contam episódios meus que sinto

necessidade de partilhar com as pessoas por serem, por vezes, tão fora da realidade e, outras vezes,

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por serem tão atuais; mas normalmente o que tento fazer é que as pessoas se esqueçam das

adversidades do dia-a-dia e se divirtam a ouvir aquilo que eu faço com tanto coração.

9) Considera que a música pode ter várias interpretações?

Sim, e isso é das melhores recompensas que se tem em fazer música: todas as pessoas sentem aquilo

que fazemos de maneira diferente e adaptam músicas diferentes para os seus momentos pessoais

diferentes, e acho isso ótimo.

10) Nos videoclips são tidos em conta todos os pormenores para que a mensagem da música

não corra o risco de ser deturpada?

Por vezes não tem que ser assim. Normalmente o vídeo serve para passar alguma mensagem

associada à música, mas também para mostrar a imagem da banda naquele momento, deixando um

pouco à vontade das pessoas imaginar ou fazerem o seu próprio “filme” sobre o que estão a ver.

11) Quando constrói uma música quais as preocupações que tem em mente?

Tento, obviamente, fazer com que cada música minha tenha uma certa melodia e intensidade capaz

de mexer de forma diferente nas pessoas que as outras músicas. Tenho alguns cuidados na estrutura,

mas basicamente estou sempre a compor para que a música que estou a fazer naquele momento seja

a melhor música do mundo.

12) Diria que todas as músicas que tem se adequam às várias fases da sua vida?

Certíssimo. Essa é a parte mais genuína e honesta de um artista solo como é o caso de Slimmy.

Acaba-se por, em cada música, escrever um episódio diferente de alturas diferentes da vida,

desaguando tudo numa forma autobiográfica pura e sincera.

13) Que diferenças encontra no seu som no início da sua carreira e agora?

Não muitas. Esta mistura de sons era o que eu tinha planeado fazer desde muito cedo, misturar a

atitude rock com a incrível onda das pistas de dança e a parafernália que a música eletrónica

proporciona. Logicamente, com o passar dos anos, vai-se fazendo música em que se nota alguma

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maturidade, nos arranjos, na forma, etc.; mas é ótimo manter o espírito aberto e rebelde dos

primeiros dias, essa mistura é que acaba por ser a nossa própria cena.

14) Para si, os videoclips são apenas uma forma de divulgar a música em causa, ou são algo

mais?

Se vivermos nos Estados Unidos ou Inglaterra são seguramente algo mais. Aqui os vídeos não

chegam a tantas pessoas, infelizmente. Porque não temos os canais suficientes, mas são sempre

importantes, como já referi para os fãs e o público saberem como estão os seus artistas favoritos. A

imagem vale mil palavras, portanto, continuam a ser uma importante ferramenta do nosso trabalho.

15) Quais as suas influências musicais?

Muito rock, e muita música eletrónica. E, depois, duas ou três rockstars e lendas que me fizeram

moldar e construir a minha própria identidade como músico.

16) No seu ponto de vista qual o benefício da música na sociedade?

Neste momento, é terapeuta. Evita muitas depressões e que fiquemos malucos com o estado em que

o país está.

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