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EXEMPLAR

EXPERIMENTAL

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1ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 

Qual a consequência da aplicação do princípio tempus regit actumno processo penal? É possível haver a retroatividade de normaprevista em diplomas processuais penais?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

1.1

Art. 2º CPP -princípio da

aplicabilidadeimediata

0.40

No Direito Penal, por força de previsão constitucional insculpidano inciso XL do art. 5º, que prevê que “a lei penal não retroagirá,salvo para beneficiar o réu”, vige o princípio da irretroatividade,quando a nova lei for mais gravosa. Nesse caso, ocorrerá aultratividade, caso em que a lei, mesmo depois se ser revogada,continua a regular os fatos ocorridos sob sua vigência.Não obstante, se a nova lei for mais benéfica, esta é dotada deextratividade, podendo ser aplicada a casos ocorridos antes daentrada em vigor.No entanto, diferente do que ocorre no Direito Penal, noProcesso Penal, o art. 2º do CPP consagra o princípio tempusregit actum, estabelecendo que “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo [...]”. Assim, a aplicação imediata da leiprocessual leva em consideração o momento da prática do atoprocessual (Lima, Renato Brasileiro de. Manual de ProcessoPenal: volume único – 5. ed. rev. amp. e atual. - Salvador: E.JusPodivm, 2017, p. 93-95).Acerca do assunto, segue julgado do STJ:“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSOORDINÁRIO. DESCABIMENTO. ART. 214 DO CÓDIGOPENAL. INDEFERIMENTO DE PERGUNTAS DO ADVOGADODE DEFESA. MATÉRIA PREJUDICADA E NÃO EXAMINADANO WRIT DE ORIGEM. INTERROGATÓRIO REALIZADOANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI N. 11.719/2008. ATOPROCESSUAL ACABADO. NÃO INCIDÊNCIA DO NOVO RITOPROCESSUAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.[...] 3. Alei que altera o rito processual, no caso, o momento derealização do interrogatório do acusado, tem caráter processuale sua aplicação é imediata, alcançando o processo no momentoem que se encontra, não possuindo, assim, efeito retroativo, nostermos do art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-ádesde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob avigência da lei anterior. 4. Não caracteriza cerceamento dedefesa a não realização de novo interrogatório do réu, nostermos da lei nova, uma vez que interrogado validamente, comobservância do rito legal na data do ato vigente, ainda que osatos finais de instrução tenham sido concluídos na vigência dalei nova. 5. Habeas corpus não conhecido.” (STJ - HC: 201013ES 2011/0061109-9, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Datade Julgamento: 03/06/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data dePublicação: DJe 20/06/2014)

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1ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 

Qual a consequência da aplicação do princípio tempus regit actumno processo penal? É possível haver a retroatividade de normaprevista em diplomas processuais penais?

1.2Atos praticados

antes da leicontinuam válidos

0.30

Embora a lei processual penal tenha vigência imediata, emrazão da segurança jurídica os atos praticados antes da nova leipermanecem válidos, conforme art. 2º do CPP, segunda parte:“[...] sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigênciada lei anterior”.Sobre o tema:“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 155, § 4º,INCISO II, DO CÓDIGO PENAL. TESE DE NULIDADE PELAFALTA DE APLICAÇÃO DO ART. 396 DO CPP COM A NOVAREDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.719/08. NORMA DENATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA.VALIDADE DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA REALIZADASOB A VIGÊNCIA DE LEI ANTERIOR. PRINCÍPIO DOTEMPUS REGIT ACTUM. I - A norma de natureza processualpossui aplicação imediata, consoante determina o art. 2º doCPP, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob avigência da lei anterior, consagrando o princípio do tempus regitactum (Precedentes). II - O art. 396 do CPP, com a novaredação dada pela Lei nº 11.719/08, -regra de carátereminentemente processual-, possui aplicação imediata, semprejuízo da validade dos atos processuais realizados emobservância ao rito procedimental anterior. III - In casu, não háque se falar em cerceamento de defesa por não ter sido dado aopaciente o benefício da resposta à acusação antes dorecebimento da denúncia, pois a mesma foi validamenterecebida pelo Juízo processante antes da Lei nº 11.719/2008,em observância ao rito procedimental vigente à época, nãopossuindo a lei processual penal efeito retroativo. Ordemdenegada.” (STJ - HC: 149896 PE 2009/0196119-7, Relator:Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 18/03/2010, T5 -QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/05/2010)

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Tema: 1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 

Qual a consequência da aplicação do princípio tempus regit actumno processo penal? É possível haver a retroatividade de normaprevista em diplomas processuais penais?

1.3A lei processual

penal não retroage,em regra

0.30

É possível que haja a retroatividade de normas previstas emdiplomas processuais penais. É o caso das normasheterotópicas, as quais, não obstante estejam previstas emdiplomas processuais penais, possuem conteúdo material,devendo, por tal razão, retroagir para beneficiar o acusado.Trata-se, pois, do fenômeno da heterotopia, em que, apesar deo conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza,encontra-se ela prevista em diploma de natureza distinta.Renato brasileiro, em seu Manual de Processo Penal (p. 99) citao exemplo de Norberto Avena de disposição heterotópica,consistente no direito ao silêncio assegurado ao acusado emseu interrogatório, o qual, apesar de previsto no CPP (art. 186 –“Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teorda acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes deiniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e denão responder perguntas que lhe forem formuladas”), possuicaráter nitidamente assecuratório de direitos (material), assimcomo normas gerais que tratam da competência da JustiçaFederal que, conquanto previstas no art. 109 da CF, que é umdiploma material, são dotados de natureza evidentementeprocessual.Sobre o assunto, é o entendimento da jurisprudência:“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - APELAÇÃO CRIMINAL -ESTELIONATO E APROPRIAÇÃO INDÉBITA - FATOANTERIOR À LEI 11.719/08 - EXCLUSÃO DA PARCELAINDENIZATÓRIA - OMISSÃO. I. A NORMA HETEROTÓPICA ÉAQUELA QUE ESTÁ EMBUTIDA EM DIPLOMA LEGAL DENATUREZA DIVERSA. EMBORA A INDENIZAÇÃO PELOSDANOS CAUSADOS À VÍTIMA TENHA SIDO NORMATIZADAPELO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, POSSUI CONTEÚDODE DIREITO MATERIAL. PORTANTO, NÃO PODE SERAPLICADA A RETROATIVIDADE. II. EMBARGOSPARCIALMENTE PROVIDOS.” (TJ-DF - APR:131857420078070007 DF 0013185-74.2007.807.0007, Relator:GEORGE LOPES LEITE, Data de Julgamento: 09/05/2011, 1ªTurma Criminal, Data de Publicação: 06/06/2011, DJ-e Pág.180)

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1ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 

Qual a consequência da aplicação do princípio tempus regit actumno processo penal? É possível haver a retroatividade de normaprevista em diplomas processuais penais?

Resposta ideal:De acordo com o art. 2º do CPP, em razão de tal princípio, a lei

processual penal será aplicada de forma imediata, mantendo-se

válidos, porém, os atos praticados durante a vigência da lei anterior.

Excepcionalmente é possível a retroatividade em norma prevista em

diploma processual penal.

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2ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 2 Inquérito policial.

Dada a natureza inquisitorial do inquérito policial, em que não estãoprevistos a ampla defesa e o contraditório, é possível que oadvogado tenha acesso aos autos e possa acompanhar ointerrogatório do investigado e depoimento das testemunhas? Oadvogado precisa de procuração? O acesso aos autos dainvestigação pode ser limitado até mesmo para o advogado?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

2.1 SV 14 STF e Lei13.245/16 0.25

A Lei n. 13.245/2016 alterou o inciso XIV do art. 7º do Estatutoda OAB (Lei n. 8.906/1994), que passou a ter a seguinteredação: “São direitos do advogado: examinar, em qualquerinstituição responsável por conduzir investigação, mesmo semprocuração, autos de flagrante e de investigações de qualquernatureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos àautoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, emmeio físico ou digital”. Com isso, além de ser possível o examedos autos do inquérito policial pelo advogado (o que já erapermitido em razão da Súmula Vinculante 14 do STF, que prevê:“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acessoamplo aos elementos de prova que, já documentados emprocedimento investigatório realizado por órgão comcompetência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício dodireito de defesa”), a alteração do inciso XIV passou aestabelecer que o defensor pode ter vista dos autos deinvestigação, de qualquer natureza, em qualquer instituiçãoresponsável por conduzi-la. Assim, é franqueada ao defensornão só vista de inquérito policial, como também deprocedimentos investigatórios que tramitem em outros órgãos,como no Ministério Público.

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2ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 2 Inquérito policial.

Dada a natureza inquisitorial do inquérito policial, em que não estãoprevistos a ampla defesa e o contraditório, é possível que oadvogado tenha acesso aos autos e possa acompanhar ointerrogatório do investigado e depoimento das testemunhas? Oadvogado precisa de procuração? O acesso aos autos dainvestigação pode ser limitado até mesmo para o advogado?

2.2Acompanhar

interrogatório edepoimentos

0.25

A Lei n. 13.245/2016 acrescentou o inciso XXI, no art. 7º doEstatuto da OAB (Lei n. 8.906/1994), passando a prever: “XXI -assistir a seus clientes investigados durante a apuração deinfrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivointerrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos oselementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ouderivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no cursoda respectiva apuração”. Assim, com a inclusão de taldispositivo, passou a haver a possibilidade de que o advogadoassista a seus clientes investigados durante toda a investigação,inclusive no interrogatório deles e depoimento das testemunhas.Sobre o tema:“HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUALPENAL. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESADURANTE O INQUÉRITO POLICIAL. NÃOACOMPANHAMENTO, POR PARTE DO ADVOGADO DOPACIENTE, DE TODOS OS ATOS DA INVESTIGAÇÃO.NATUREZA INQUISITORIAL DO PROCEDIMENTOINVESTIGATÓRIO. PEÇA MERAMENTE INFORMATIVA, EMQUE NÃO HÁ LIDE. A LEI Nº 13.245/2016, QUE ALTEROU OESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (LEINº 8.906/1994) NÃO ESTABELECEU QUE O INQUÉRITOPOLICIAL DEVE SER REGIDO PELO PRINCÍPIO DOCONTRADITÓRIO, MAS APENAS GARANTIU ASSISTÊNCIADE ADVOGADOS PARA OS INVESTIGADOS. ADVOGADOQUE, NO CASO, PRESENCIOU O INTERROGATÓRIO DOORA PACIENTE, NA DELEGACIA DE POLÍCIA.CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. [...]” (TJ-RN - HC: 20160075635 RN, Relator: Juíza Sandra Elali(convocada), Data de Julgamento: 21/06/2016, CâmaraCriminal)

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2ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 2 Inquérito policial.

Dada a natureza inquisitorial do inquérito policial, em que não estãoprevistos a ampla defesa e o contraditório, é possível que oadvogado tenha acesso aos autos e possa acompanhar ointerrogatório do investigado e depoimento das testemunhas? Oadvogado precisa de procuração? O acesso aos autos dainvestigação pode ser limitado até mesmo para o advogado?

2.3

Desnecessáriaprocuração -

exceção autossigilosos

0.25

Embora a regra seja a de que o advogado não precisa terprocuração para acessar os autos da investigação, o art. 7º, §10 do Estatuto da OAB estabelece que ela será necessária casoos autos estejam sob sigilo, conforme sua transcrição a seguir:“Art. 7º. § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogadoapresentar procuração para o exercício dos direitos de que tratao inciso XIV”.

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Tema: 2 Inquérito policial.

Dada a natureza inquisitorial do inquérito policial, em que não estãoprevistos a ampla defesa e o contraditório, é possível que oadvogado tenha acesso aos autos e possa acompanhar ointerrogatório do investigado e depoimento das testemunhas? Oadvogado precisa de procuração? O acesso aos autos dainvestigação pode ser limitado até mesmo para o advogado?

2.4 Acesso limitado paraadvogado 0.25

Há casos em que, se o investigado tiver conhecimento defuturas diligências a serem realizadas na investigação, estaspercam a finalidade. Por tal razão, o § 11 do art. 7º do Estatutoda OAB prevê: “a autoridade competente poderá delimitar oacesso do advogado aos elementos de prova relacionados adiligências em andamento e ainda não documentados nosautos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,da eficácia ou da finalidade das diligências.”Sobre a limitação de acesso a futuras diligências:“PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇACRIMINAL. SIGILO DE DADOS INSERTOS EM INQUÉRITOPOLICIAL (ART. 20 DO CPP). DIREITO DO ADVOGADOEXAMINAR AUTOS DE INQUÉRITO, FINDOS OU EMANDAMENTO (ART. 7º, XIV, DA LEI Nº 8.906/94).NECESSIDADE DE SE HARMONIZAR DITOS DISPOSITIVOSLEGAIS. ACESSO CONCEDIDO APENAS ÀS DILIGÊNCIAS JÁCONCLUÍDAS E DEVIDAMENTE DOCUMENTADAS.PERMANÊNCIA DO SIGILO QUANTO ÀS INVESTIGAÇÕESEM ANDAMENTO. PRECEDENTE DO STF (HC 82354-8/PR).VISTA DO INQUÉRITO UNICAMENTE EM CARTÓRIOJUDICIAL. DIERITO DO IMPETRANTE DE EXTRAIR CÓPIASDOS AUTOS. RESGUARDO DO SIGILO DE TERCEIROS.SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. Trata-se de Mandado deSegurança Criminal, impetrado contra decisão prolatada peloMM. Juízo Federal da 13ª Vara-PE, objetivando que fosseentregue ao Impetrante, mediante protocolo e no prazo máximode 24 horas, os autos do procedimento criminal nº2006.83.00.014286-6 (IPL 940/06 SR/DPF/PE), sob carga, a fimde se obter cópias do referido procedimento, ou que sejamentregues as cópias integrais do feito, às expensas dosignatário, preservado o material que balize eventuaisdiligências em andamento. 2. "O art. 20, caput, do CPP,dispositivo que trata do sigilo na fase inquisitorial, não foirevogado pelo art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94),mas ambos textos legais continuam a coexistir, devendo serinterpretados harmonicamente, ou seja: é direito do advogadoexaminar, em qualquer repartição policial, mesmo semprocuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou emandamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar

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2ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema: 2 Inquérito policial.

Dada a natureza inquisitorial do inquérito policial, em que não estãoprevistos a ampla defesa e o contraditório, é possível que oadvogado tenha acesso aos autos e possa acompanhar ointerrogatório do investigado e depoimento das testemunhas? Oadvogado precisa de procuração? O acesso aos autos dainvestigação pode ser limitado até mesmo para o advogado?

peças e tomar apontamentos (art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94),desde que isto não fira o sigilo necessário à elucidação do fatoou exigido pelo interesse da sociedade (art. 20, caput, doCPP)"4. 3. Deve ser negado acesso a todas as diligências emcurso no Juízo a quo, sob pena de se levar as investigaçõesencetadas pela Polícia Judiciária a resvalarem no vazio, postoque os investigados saberiam de antemão todos os passosdados por aquela, como por exemplo um eventual bloqueio debens ou ativos seus, além de possível quebra de sigilotelefônico, fiscal e financeiro, tudo no intuito de instruir melhor ofeito. Por outro lado, deve apenas ser permitido o acesso doImpetrante às diligências já concluídas, de sorte a se conciliar osinteresses da investigação policial e o direito à informação dosinvestigados, em consonância com a primazia do interessepúblico sobre o particular e em harmonia com o paradigma daSuprema Corte, HC nº 82.354-8/PR. 4. Segurança concedida,para que o direito de vista do Inquérito Policial objeto doprocedimento criminal nº 2006.83.00.014286-6 (IPL 940/06SR/DPF/PE) seja deferido em favor do Impetrante apenas emrelação às respectivas diligências já concluídas no Juízo a quo eunicamente em Cartório Judicial, resguardado o sigilo deterceiros, ficando o mesmo autorizado a extrair de tais autos ascópias de que necessite.” (TRF-5 - MSTR: 97399 PE2007.05.00.015451-6, Relator: Desembargador Federal RicardoCésar Mandarino Barretto (Substituto), Data de Julgamento:06/12/2007, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diárioda Justiça - Data: 28/03/2008 - Página: 1460 - Nº: 0 - Ano: 2008)

Resposta ideal:Conforme SV 14, STF e Lei 13.245/16, o advogado pode ter livre

acesso aos autos, bem como acompanhar interrogatórios e

depoimentos. Em regra é dispensada a procuração, sendo necessária

em caso de autos sigilosos. É possível limitação de acesso a futuras

diligências a serem realizadas na investigação

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3ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 4 Concurso de  pessoas

Qual a natureza jurídica do perdão judicial e da sentença que oconcede? Para sua concessão, há necessidade de concordância doacusado? Ele pode ser reconhecido pelo juiz na fase de inquéritopolicial ou na decisão de absolvição sumária?  Em caso deconcurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para umdeles deverá abranger o outro?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

3.1 Perdão judicial - art.107, IX, CP 0.40

Trata-se o perdão judicial de causa de extinção da punibilidade,em que o magistrado, nas hipóteses expressamente previstasem lei, deixa de aplicar sanção ao indivíduo comprovadamenteculpado pela prática de delito, tendo em vista as circunstânciasdo fato. Está previsto no art. 107, inciso IX do CP, que prevê:“Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IX - pelo perdão judicial,nos casos previstos em lei.”Para a aplicação do perdão judicial, o agente responsável pelocrime deve ter sofrido, em razão do fato, graves consequênciasfísicas (ex.: tetraplegia) ou morais/psicológicas (ex.: perda deum ente querido), revelando-se como verdadeira punição pelocrime praticado.Assim, o perdão judicial mostra-se como uma hipótese de perdaestatal do interesse de punir.É ato unilateral, razão pela qual não precisa ser aceito paragerar efeitos.Quando presentes os requisitos para concessão do perdãojudicial, este passa a ser direito subjetivo do réu. (Cunha,Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º a120). 5ª ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JudPodivm, 2018, p.368-370).

3.2 Natureza da decisãoque concede 0.20

Embora haja controvérsia doutrinária a respeito da natureza dadecisão que concede o perdão judicial, a questão estápacificada por meio da Súmula 18 do STJ, que prevê: “Asentença concessiva do perdão judicial é declaratória daextinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeitocondenatório.”Dessa forma, a sentença que o concede é declaratória extintivada punibilidade.

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Tema: 4 Concurso de  pessoas

Qual a natureza jurídica do perdão judicial e da sentença que oconcede? Para sua concessão, há necessidade de concordância doacusado? Ele pode ser reconhecido pelo juiz na fase de inquéritopolicial ou na decisão de absolvição sumária?  Em caso deconcurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para umdeles deverá abranger o outro?

3.3 Momento paraconcessão 0.20

Considerando que para concessão do perdão há que serreconhecida a culpa do réu, imprescindível que seja precedidode devido processo legal, permitindo-se ao imputado o exercíciodo contraditório e da ampla defesa. Por tal razão, o momentopara o deferimento é na sentença, não podendo, portanto, sedar durante o inquérito policial ou em sede de decisão deabsolvição sumária. Conforme alerta Rogério Sanches em seuManual de Direito Penal – parte geral, p. 370, “Como dissemos,a clemência judicial significa dizer que o juiz, analisando o casoconcreto, reconhece certa a prática de um ato típico eantijurídico por um agente imputável, com potencial consciênciada ilicitude, sendo dele exigível conduta diversa (em suma, éconfirmação de culpa!). Logo, imprescindível se mostra o devidoprocesso legal, permitindo-se ao imputado o sagrado direito deampla defesa, inexistente na fase extrajudicial.”

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3ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 4 Concurso de  pessoas

Qual a natureza jurídica do perdão judicial e da sentença que oconcede? Para sua concessão, há necessidade de concordância doacusado? Ele pode ser reconhecido pelo juiz na fase de inquéritopolicial ou na decisão de absolvição sumária?  Em caso deconcurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para umdeles deverá abranger o outro?

3.4Perdão judicial emcaso de concurso

formal0.20

Sobre o concurso formal, dispõe o art. 70 do Código Penal:“Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, praticadois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a maisgrave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. Aspenas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ouomissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam dedesígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.”Conforme já decidido pelo STJ, “Em caso de concurso formal decrimes, o perdão judicial concedido para um deles nãonecessariamente deverá abranger o outro.” (Informativo 606)Não é possível a extensão do efeito de extinção da punibilidadepelo perdão judicial concedido em relação a um delito para outrocrime tão-somente por terem sido praticados em concursoformal. O perdão judicial é uma causa de extinção dapunibilidade de índole excepcional, de forma que somente podeser concedido quando presentes os seus requisitos, devendo-seanalisar cada delito de per si (isoladamente), e não de formageneralizada, como quando ocorre a pluralidade de delitosdecorrentes do concurso formal de crimes.Sobre a questão, o STJ assim entende:“RECURSO ESPECIAL. DUPLO HOMICÍDIO CULPOSO NOTRÂNSITO. CONCURSO FORMAL. ART. 302, CAPUT, DA LEIN. 9.503/1997, C/C ART. 70 DO CP. MORTE DE NAMORADOE DO AMIGO. PERDÃO JUDICIAL. ART. 121, § 5º, DOCÓDIGO PENAL. CONCESSÃO. VÍNCULO AFETIVO ENTRERÉU E VÍTIMAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.SÚMULA N. 7 DO STJ. EXTENSÃO DOS EFEITOS PELOCONCURSO FORMAL. INVIABILIDADE. SISTEMA DEEXASPERAÇÃO DA PENA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.CAUSA EXCEPCIONAL. PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1.Conquanto o texto do § 5º do art. 121 do Código Penal nãotenha definido o caráter e a extensão das consequências docrime imprescindíveis à concessão do perdão judicial, não deixadúvidas quanto à forma grave com que elas devem ter atingido oagente, a ponto de tornar desnecessária e até mesmoexacerbada a aplicação de sanção penal. 2. A análise do gravesofrimento, apto a ensejar a inutilidade da função retributiva da

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3ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 4 Concurso de  pessoas

Qual a natureza jurídica do perdão judicial e da sentença que oconcede? Para sua concessão, há necessidade de concordância doacusado? Ele pode ser reconhecido pelo juiz na fase de inquéritopolicial ou na decisão de absolvição sumária?  Em caso deconcurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para umdeles deverá abranger o outro?

pena, deve ser aferida de acordo com o estado emocional deque é acometido o sujeito ativo do crime, em decorrência da suaação culposa, razão pela qual a doutrina, quando a avaliaçãoestá voltada para o sofrimento psicológico do agente, enxergano § 5º a exigência da prévia existência de um vínculo, de umlaço de conhecimento entre os envolvidos, para que seja "tãograve" a consequência do crime ao agente. Isso porque ainterpretação dada é a de que, na maior parte das vezes, sósofre intensamente aquele réu que, de forma culposa, matoualguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos. 3.Assim, havendo o Tribunal a quo entendido não estardemonstrado nos autos, de forma inconteste, que o acusadomantinha, embora de natureza diversa, fortes vínculos afetivoscom ambas as vítimas, de modo a justificar o profundosofrimento psíquico derivado da provocação de suas mortes,não há que se falar em malferimento à lei federal, pois inviável,consoante precedentes desta Corte Superior, a dupla aplicaçãodo perdão judicial. 4. Entender pela desnecessidade do vínculoseria abrir uma fenda na lei, que se entende não haver desejadoo legislador, pois, além de difícil aferição - o tão intensosofrimento -, serviria como argumento de defesa para todo equalquer caso de delito de trânsito com vítima fatal. 5. A revisãodesse entendimento, tal qual perquirido pelo recorrente, queafirma existir farto acervo probatório a demonstrar os laços deamizade com a segunda vítima, demandaria imersão verticalsobre o conjunto fático-probatório delineado nos autos,procedimento vedado em recurso especial, a teor da Súmula n.7 do STJ. 6. Malgrado a instituição do concurso formal de crimestenha intensão de beneficiar o acusado, estabelecendo olegislador um sistema de exasperação da pena que fixa apunição com base em apenas um dos crimes, não se deixou deacrescentar a previsão de imposição de uma cota-parte, apta arepresentar a correção também pelos demais delitos. Aindaassim, não há referência à hipótese de extensão da absolvição,da extinção da punibilidade, ou mesmo, da redução da penapela prática de nenhum dos delitos, tanto que dispõe, o art. 108do Código Penal, in fine, que, "nos crimes conexos, a extinçãoda punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, aagravação da pena resultante da conexão" . 7. Tratando-se o

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3ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 4 Concurso de  pessoas

Qual a natureza jurídica do perdão judicial e da sentença que oconcede? Para sua concessão, há necessidade de concordância doacusado? Ele pode ser reconhecido pelo juiz na fase de inquéritopolicial ou na decisão de absolvição sumária?  Em caso deconcurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para umdeles deverá abranger o outro?

perdão judicial de uma causa de extinção da punibilidade deíndole excepcional, somente pode ser concedido quandopresentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito deper si, e não de forma generalizada, como quando ocorre apluralidade de delitos decorrentes do concurso formal de crimes.8. Recurso especial não provido.” (STJ - REsp: 1444699 RS2014/0071420-6, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,Data de Julgamento: 01/06/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data dePublicação: DJe 09/06/2017)

Resposta ideal:É causa de extinção da punibilidade. A decisão que o concede tem

natureza de sentença declaratória extintiva da punibilidade. Dispensa

concordância do acusado. Deve ser concedido apenas após o

processo, com sentença reconhecendo a culpa do beneficiário. Não

abrange outro crime em concurso formal.

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4ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 2 O fato  típico e seus elementos.

Qual a diferença, na aplicação da pena, entre as chamadas“tentativa simples” e “tentativa abandonada ou qualificada”?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

4.1

Tentativaabandonada ou

qualificada (art. 15,CP)

0.49

A desistência voluntária e a tentativa eficaz são espécies detentativa abandonada ou qualificada, e estão previstas no art. 15do CP: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguirna execução ou impede que o resultado se produza, sóresponde pelos atos já praticados”.Eles devem acontecer, portanto, antes do crime se consumar.Conforme STJ, “O instituto do arrependimento eficaz e dadesistência voluntária somente são aplicáveis a delito que nãotenha sido consumado.” (STJ - AgRg no REsp: 1549809 DF2015/0202630-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSISMOURA, Data de Julgamento: 02/02/2016, T6 - SEXTA TURMA,Data de Publicação: DJe 24/02/2016)Nesses casos, a punição será apenas quanto aos atos jápraticados, caso típicos.

4.2 Tentativa simples(art. 14, II, CP) 0.49

Crime tentado é aquele que, iniciada a execução, não seconsuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP,“Art. 14 – Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada aexecução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontadedo agente.”). O dolo do agente, portanto, mantém-se no sentidoda consumação do delito, a qual é plenamente possível, não deconcretizando por circunstâncias alheias à vontade do autor,conforme leciona Rogério Sanches em sua obra Direito Penalparte geral (p. 376-377). A punição da tentativa leva em conta apena do delito consumado, reduzida de a . Segundoentendimento do STJ, na punição da tentativa, quanto maior oiter criminis percorrido pelo agente, menor será a fração dacausa de diminuição.Nesse sentido:“Como regra, o Código Penal, em seu art. 14, II, adotou a teoriaobjetiva quanto à punibilidade da tentativa, pois, malgradosemelhança subjetiva com o crime consumado, diferencia apena aplicável ao agente doloso de acordo com o perigo delesão ao bem jurídico tutelado. Nessa perspectiva,jurisprudência desta Corte adota critério de diminuição do crimetentado de forma inversamente proporcional à aproximação doresultado representado: quanto maior o iter criminis percorridopelo agente, menor será a fração da causa de diminuição.” (STJ- HC: 226359 DF 2011/0284449-2, Relator: Ministro RIBEIRODANTAS, Data de Julgamento: 02/08/2016, T5 - QUINTATURMA, Data de Publicação: DJe 12/08/2016)

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4ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 2 O fato  típico e seus elementos.

Qual a diferença, na aplicação da pena, entre as chamadas“tentativa simples” e “tentativa abandonada ou qualificada”?

4.3 Desistênciavoluntária 0.01

Na desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, CP: “O agente que,voluntariamente, desiste de prosseguir na execução [...]”), oagente, por manifestação exclusiva do seu querer, desiste deprosseguir na execução da conduta criminosa. Ele podeprosseguir, sendo o resultado plenamente possível, mas nãoquer. Há, nesse caso, portanto, abandono do dolo deconsumação de maneira voluntária.Ressalte-se, ademais, que embora seja necessáriovoluntariedade, não é preciso que a desistência sejaespontânea, ou seja, a cessação da execução pode se dar, porexemplo, por pedido feito por outrem ao agente, tendo este aopção de atender ou não. (Cunha, Rogério Sanches. Manual dedireito penal: parte geral (arts. 1º a 120). 5ª ed. rev. ampl. eatual. - Salvador: JudPodivm, 2018, p. 383-385).Sobre o tema:“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIOQUALIFICADO TENTADO. PRONÚNCIA. MATERIALIDADECOMPROVADA E INDÍCIOS DE AUTORIA. DECISÃOMANTIDA. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. HIPÓTESE NÃOVERIFICADA DE PLANO. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DESENTENÇA. DÚVIDA QUANTO À INTENÇÃO DO RÉU.MATÉRIA DE MÉRITO AFETA AOS JUÍZES NATURAIS DACAUSA. DISCUSSÃO INCABÍVEL NA PRIMEIRA FASE DOPROCESSO DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.RECURSO NÃO PROVIDO. - [...] - Para que seja reconhecido oinstituto da desistência voluntária, deve haver comprovaçãosegura e inconteste de que a vontade do agente tenha sido fatordeterminante para a interrupção da conduta delituosa. -Inexistindo prova estreme de dúvida quanto à real intenção doagente, se agiu ou não com dolo, cabe ao Tribunal do Júri dirimira dúvida. - Recurso não provido.” (TJ-MG - Rec em SentidoEstrito: 10707030651780001 MG, Relator: Nelson Missias deMorais, Data de Julgamento: 21/02/2013, Câmaras CriminaisIsoladas / 2ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:04/03/2013)

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4ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL

Tema: 2 O fato  típico e seus elementos.

Qual a diferença, na aplicação da pena, entre as chamadas“tentativa simples” e “tentativa abandonada ou qualificada”?

4.4 Arrependimentoeficaz 0.01

No arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, CP:“O agente que,voluntariamente, [...] impede que o resultado se produza [...]”),os atos executórios já foram todos praticados, porém, o agente,decidindo recuar na atividade delituosa ocorrida, desenvolvenova conduta com o objetivo de impedir a produção do resultado(consumação). Somente é possível nos crimes materiais, emque o tipo penal exige a ocorrência do resultado naturalísticopara a sua consumação. Há que haver voluntariedade doagente, e sua conduta deve ser eficaz, de maneira que sejacapaz de evitar a produção do resultado. (Cunha, RogérioSanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). 5ªed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JudPodivm, 2018, p. 385-386).Acerca do assunto:“[…] O INSTITUTO DO ARREPENDIMENTO EFICAZ TEMLUGAR QUANDO O AGENTE, TENDO FINALIZADO OPROCESSO DE EXECUÇÃO DO CRIME, EMPREENDEATIVIDADE A INTERFERIR NA CONSUMAÇÃO DO DELITO. 3.SE SOMENTE NO CURSO DAS AVERIGUAÇÕES VEIO OACUSADO A CONFESSAR A FALSA AUTORIA DO CRIME,NÃO IMPEDINDO A MOVIMENTAÇÃO DA MÁQUINAESTATAL, NÃO HÁ FALAR-SE EM ARREPENDIMENTOEFICAZ E, CONSEQÜENTEMENTE, EM DESCLASSIFICAÇÃOPARA O TIPO PENAL PREVISTO NO ARTIGO 138 DOCODEX. [...]” (TJ-DF - APR: 20030310166717 DF, Relator: VAZDE MELLO, Data de Julgamento: 27/09/2007, 2ª TurmaCriminal, Data de Publicação: DJU 04/12/2007 Pág. : 159)

Resposta ideal:Na tentativa simples (art. 14, inciso II, CP) a pena é a do crime

consumado, reduzida de a . Já na chamada tentativa abandonada ou

qualificada (art. 15, CP), referente à desistência voluntária e ao

arrependimento eficaz, somente são puníveis os atos já praticados, se

típicos.

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5ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

Considerando que a exoneração de ocupante de cargo emcomissão poderá ocorrer ad nutum, vale dizer, sem que sejanecessário indicação de motivo para a prática do ato, a exoneraçãocalcada em motivo inexistente ou falso é nula? Que teoria embasa aresposta?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

5.1 Motivo falso ouinexistente 0.50

Conforme previsão do art. 37, inciso II, da CF (“II - a investiduraem cargo ou emprego público depende de aprovação prévia emconcurso público de provas ou de provas e títulos, de acordocom a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, naforma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo emcomissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”), élivre a nomeação e exoneração de ocupantes de cargo emcomissão. Dessa forma, o administrador não precisa motivar oato de exoneração do servidor comissionado. No entanto, casoopte por fazê-lo, ou seja, se desejar motivar o ato deexoneração, o motivo apresentado fica vinculado ao atoadministrativo, devendo ser válido e verdadeiro.Segundo Fernanda Marinela, “O administrador pode praticar oato administrativo, sem declarar o motivo, nas hipóteses em queeste não for exigido, como na já citada exoneração ad nutum.Entretanto, se ainda assim decidir declará-lo, o administradorfica vinculado às razões de fato e de direito que o levaram àprática do ato.” (Marinela, Fernanda. Direito Administrativo. 7.ed. - Niterói: Impetus, 2013, p. 284)No mesmo sentido, Matheus Carvalho:“Mesmo nas situações em que a motivação não se faznecessária, por expressa dispensa legal, se o ato for motivado eo motivo apresentado não for verdadeiro ou for viciado, o atoserá inválido, haja vista o fato de que o administrador estávinculado aos motivos postos como fundamento para a práticado ato administrativo, configurando vício de legalidade a falta decoerência entre as razões expostas no ato e o resultado nelecontido.” (Carvalho, Mathes. Manual de Direito Administrativo, 4.ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm, 2017, p. 272)

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5ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

Considerando que a exoneração de ocupante de cargo emcomissão poderá ocorrer ad nutum, vale dizer, sem que sejanecessário indicação de motivo para a prática do ato, a exoneraçãocalcada em motivo inexistente ou falso é nula? Que teoria embasa aresposta?

5.2 Teoria dos MotivosDeterminantes 0.50

Ao motivar o ato administrativo, a Administração fica vinculadaaos motivos ali expostos para todos os efeitos jurídicos.Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, há vinculaçãoentre a Administração e os motivos ou pressupostos por elaalegados como fundamento do ato. Mesmo sendo a motivaçãodispensável, uma vez expostos os motivos que conduziram àprática do ato, estas passam a vincular o administrador público.Assim, caso estes motivos não correspondam à realidade, omotivo será viciado e o ato inválido. (Mathes Carvalho, Manualde Direito Administrativo, p. 272).Sobre aludida teoria, vejamos alguns julgados do STJ:“RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA.ADMINISTRATIVO. SERVIÇO DE DESPACHANTE.PENALIDADE. CASSAÇÃO DE SEU CREDENCIAMENTOJUNTO AO DETRAN. TEORIA DOS MOTIVOSDETERMINANTES. INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DAPROPORCIONALIDADE E DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E DE FUNDAMENTAÇÃO.DECISÃO NULA DE PLENO DIREITO. I - Os motivos quedeterminaram a vontade do agente público, consubstanciadosnos fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram avalidade do ato, eis que a ele se vinculam visceralmente. É oque reza a prestigiada teoria dos motivos determinantes. [...]”(STJ - RMS: 13617 MG 2001/0101563-0, Relator: MinistraLAURITA VAZ, Data de Julgamento: 12/03/2002, T2 -SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 22/04/2002 p.183)“ADMINISTRATIVO. MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITOFEDERAL. PROMOTORA. AFASTAMENTO PARAREALIZAÇÃO DE CURSO NO EXTERIOR. PRAZO.PRORROGAÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 75/93. ATOADMINISTRATIVO. TEORIA DOS MOTIVOSDETERMINANTES. […] . Ao motivar o ato administrativo, aAdministração ficou vinculada aos motivos ali expostos, paratodos os efeitos jurídicos. Tem aí aplicação a denominada teoriados motivos determinantes, que preconiza a vinculação daAdministração aos motivos ou pressupostos que serviram defundamento ao ato. A motivação é que legítima e conferevalidade ao ato administrativo discricionário. No caso, se oConselho Superior do Ministério Público autorizou o afastamentoda recorrente sob a premissa de ser relevante e conveniente

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5ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

Considerando que a exoneração de ocupante de cargo emcomissão poderá ocorrer ad nutum, vale dizer, sem que sejanecessário indicação de motivo para a prática do ato, a exoneraçãocalcada em motivo inexistente ou falso é nula? Que teoria embasa aresposta?

para a instituição a realização do curso referenciado, vinculou-sea tal motivação não podendo retroceder sob a alegação de quea fração do período letivo não se conformava com as duasquantidades máximas contidas no permissivo da LeiComplementar nº 75/93. - Segurança concedida.” (STJ - RMS:10165 DF 1998/0065086-5, Relator: Ministro VICENTE LEAL,Data de Julgamento: 29/06/1999, T6 - SEXTA TURMA, Data dePublicação: --> DJ 04/03/2002 p. 294 LEXSTJ vol. 152 p. 38)“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ATO DEINDEFERIMENTO DE REQUERIMENTO DE RETORNO ÀSFUNÇÕES. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DEAPURAÇÃO DE ABANDONO DE CARGO. ATO DEAPLICAÇÃO DA SANÇÃO DE DEMISSÃO. ATOSADMINISTRATIVOS DISTINTOS. MOTIVOS DETERMINANTESDE CADA ATO. I - Por se tratar de atos administrativos distintos,cada um deve expor os seus motivos determinantes. II -Segundo a teoria dos motivos determinantes, "a Administração,ao adotar determinados motivos para a prática de atoadministrativo, ainda que de natureza discricionária, fica a elesvinculada" (RMS 20.565/MG, 5.ª T., rel. Min. Arnaldo EstevesLima, j. 15.03.2007, DJ 21.05.2007). III - Embargos dedeclaração acolhidos, sem efeitos modificativos.” (STJ - EDcl noRMS: 48678 SE 2015/0158075-4, Relator: Ministro FRANCISCOFALCÃO, Data de Julgamento: 16/02/2017, T2 - SEGUNDATURMA, Data de Publicação: DJe 08/03/2017)

Resposta ideal:A exoneração de servidor ocupante de cargo em comissão realizada

com motivo inexistente ou falso é nula, conforme a Teoria dos Motivos

Determinantes, segundo a qual a prática do ato fica vinculada aos

motivos alegados.

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6ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

O que são atributos do ato administrativo? O ato administrativo,ainda que ilegal, pode produzir todos os seus efeitos como seválido fosse em decorrência de que atributos da AdministraçãoPública? Os atributos da autoexecutoriedade e da imperatividadeestão presentes em todo ato administrativo?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

6.1 Atributos dos atosadministrativos 0.25

Conforme destaca Matheus Carvalho em seu Manual de DireitoAdministrativo (p. 276), apesar da ausência de uniformizaçãoquanto aos atributos dos atos administrativos, a doutrinamajoritária aponta serem eles a presunção de veracidade elegitimidade, a imperatividade, a coercibilidade e aautoexecutoriedade, assim como a tipicidade, definida poralguns estudiosos.

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6ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

O que são atributos do ato administrativo? O ato administrativo,ainda que ilegal, pode produzir todos os seus efeitos como seválido fosse em decorrência de que atributos da AdministraçãoPública? Os atributos da autoexecutoriedade e da imperatividadeestão presentes em todo ato administrativo?

6.2Presunção deveracidade elegitimidade

0.25

A presunção de veracidade faz com que se presuma que o atoadministrativo revela uma situação de fato real, gozando de fépública, presumindo-se verdadeiro. Já quanto à presunção delegitimidade, tem-se que se presume que o ato tenha sidoeditado em conformidade com a lei e com o ordenamentojurídico.Ambas as presunções narradas acima são relativas (juristantum), admitindo prova em contrário pelo particularinteressado. (Carvalho, Mathes. Manual de DireitoAdministrativo, 4. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm,2017, p. 276-277)Sobre o ônus da prova para afastamento da presunção deveracidade e legitimidade do ato administrativo, vejamos oseguinte julgado:“APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO, ADMINISTRATIVO EPROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DEINFRAÇÃO. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE EVERACIDADE. ÔNUS DA PROVA DO AUTOR. ART. 373, I, DOCPC. SUSBTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. OBRIGATORIEDADE DERETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO ICMS - AUSÊNCIA DEREPASSE OU REPASSE A MENOR AO DF. MULTAAPLICADA. EFEITO CONFISCATÓRIO. INEXISTÊNCIA.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA. 1. Os atos administrativos são providos depresunção de veracidade e legitimidade, todavia, trata-se deuma presunção relativa que poder ser desconstituída por provaem contrário do interessado em anular o ato. 2. A autora nãologrou êxito em se desincumbir do encargo de comprovar o fatoconstitutivo do seu direito, ou seja, da documentaçãocolacionada aos autos não é possível inferir que o recolhimentodo ICMS tenha sido efetuado tal como devido (art. 373, I, CPC).Dessa maneira, descumprido esse ônus, permanece amencionada presunção de veracidade e legitimidade, amparadana noção de que os atos emanados pela Administração Públicaestão em conformidade com o ordenamento jurídico(Legalidade). [...]” (TJ-DF 20160110806598 DF 0027781-15.2016.8.07.0018, Relator: ROBSON BARBOSA DEAZEVEDO, Data de Julgamento: 25/04/2018, 5ª TURMA CÍVEL,Data de Publicação: Publicado no DJE : 03/05/2018 . Pág.:377/382)

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6ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 3 Ato administrativo.

O que são atributos do ato administrativo? O ato administrativo,ainda que ilegal, pode produzir todos os seus efeitos como seválido fosse em decorrência de que atributos da AdministraçãoPública? Os atributos da autoexecutoriedade e da imperatividadeestão presentes em todo ato administrativo?

6.3 Autoexecutoriedade 0.25

Pela autoexecutoriedade, entende-se que Administração podeexecutar diretamente seus atos e fazer cumprir suasdeterminações sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Talatributo não está presente em todos os atos administrativos,dependendo sempre da previsão de lei ou de uma situação deurgência, na qual a prática do ato se imponha para garantia dointeresse público. (Carvalho, Mathes. Manual de DireitoAdministrativo, 4. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm,2017, p. 278-279)Sobre tal atributo, e sua presença nos atos de polícia, o STJ jáse pronunciou da seguinte forma:“[...] Em razão da autoexecutoriedade, inerente ao Poder dePolícia, a Administração Pública carece de interesse processualde ajuizar demanda judicial, uma vez que detém o poder decompelir o administrado ao fechamento de estabelecimentoirregular pelos seus próprios meios. (e-STJ, fl. 71)[...]” (STJ -REsp: 1641794 PB 2016/0158928-2, Relator: Ministro OGFERNANDES, Data de Publicação: DJ 07/03/2017)

6.4 Imperatividade 0.25

Poder que tem a Administração de criar obrigações aosadministrados unilateralmente, independentemente da vontadedestes. Tal atributo somente está presente nos atosadministrativos que dispõem acerca de obrigações e deveresaos particulares. Assim, atos que definem direitos e vantagensnão são imperativos, assim como os atos enunciativos, já quenão criam obrigações.(Carvalho, Mathes. Manual de DireitoAdministrativo, 4. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm,2017, p. 277-278)

Resposta ideal:São prerrogativas de poder público presentes no ato administrativo,

decorrente do princípio da supremacia do interesse público sobre o

privado. Em razão do atributo da presunção de veracidade e

legitimidade. A autoexecutoriedade e imperatividade não estão

presentes em todos os atos administrativos.

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7ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 8 Controle e responsabilização da administração.

O controle de legalidade do Poder Judiciário sobre os atosadministrativos pode adentrar ao mérito administrativo? Pode oPoder Judiciário declarar de ofício a invalidade de atoadministrativo?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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7ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 8 Controle e responsabilização da administração.

O controle de legalidade do Poder Judiciário sobre os atosadministrativos pode adentrar ao mérito administrativo? Pode oPoder Judiciário declarar de ofício a invalidade de atoadministrativo?

7.1 Controle delegalidade 0.40

O controle de legalidade versa exclusivamente sobre aspectosatinentes à legalidade do ato. Assim, sempre que o PoderJudiciário atua no controle de legalidade do ato, não haveráinvasão do mérito administrativo.Segundo Matheus Carvalho, no Manual de Direito Administrativo(p. 124) “o Poder Judiciário não pode e não deve substituir adecisão do administrador, não pode fazer análise de interessepúblico, não pode, enfim, julgar o mérito de um atoadministrativo discricionário. Isso porque, o mérito é a área quecoincide com o campo opinativo do administrador público,extrapolando aquela de atuação do Poder Judiciário.”Nesse sentido:“O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciário sobreos atos administrativos diz respeito ao seu amplo aspecto deobediência aos postulados formais e materiais presentes naCarta Magna, sem, contudo, adentrar o mérito administrativo”(STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS49.202/PR, Rel. Min. AssuseteMagalhães, julgado em 02/05/2017)“No controle jurisdicional do processo administrativo, a atuaçãodo Poder Judiciário limita-se ao campo da regularidade doprocedimento, bem como à legalidade do ato, não sendopossível nenhuma incursão no mérito administrativo a fim deaferir o grau de conveniência e oportunidade, de maneira que semostra inviável a análise das provas constantes no processodisciplinar para adotar conclusão diversa da adotada pelaautoridade administrativa competente.” (STJ. 1ª Seção. AgInt noMS 22.526/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em10/05/2017.Ressalte-se, ainda, que no controle de legalidade exercido peloPoder Judiciário, esta deve ser entendida em seu sentido amplo,englobando leis e a constituição, assim como os princípiosconstitucionais. Por tal razão, considera-se que decisão queviola a razoabilidade não é inconveniente, e sim ilegal eilegítima, por ofender a finalidade da lei, admitindo correçãoinclusive pelo Poder Judiciário, que estará realizando tão-somente controle de legalidade. (Carvalho, Mathes. Manual deDireito Administrativo, 4. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador:JusPodivm, 2017, p. 140-144)Acerca desse aspecto, vejamos trecho de julgado do STJ:“Não há confundir a análise do mérito administrativo, que é deexclusividade da Administração por exigir juízo de valor acercada conveniência e oportunidade do ato, com o exame de

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7ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: 8 Controle e responsabilização da administração.

O controle de legalidade do Poder Judiciário sobre os atosadministrativos pode adentrar ao mérito administrativo? Pode oPoder Judiciário declarar de ofício a invalidade de atoadministrativo?

eventual ofensa ao princípio da proporcionalidade, que acarretana ilegalidade e nulidade do ato e, portanto, é passível de serexaminada pelo Poder Judiciário. [...].” (STJ - REsp: 876514 MS2006/0177236-5, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSISMOURA, Data de Julgamento: 19/10/2010, T6 - SEXTA TURMA,Data de Publicação: DJe 08/11/2010)

7.2 Mérito administrativo 0.30

O mérito administrativo pode ser entendido como o poder deescolha da Administração para prática do ato administrativo.Trata-se, pois, do poder discricionário, consubstanciado pelapossibilidade de ser realizado, pelo administrador, juízo deconveniência e oportunidade acerca da solução mais adequadaao caso concreto, dentre as diversas opções previstas no textolegal. (Carvalho, Mathes. Manual de Direito Administrativo, 4.ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm, 2017, p. 122-124)Segundo o STJ, “A conveniência e a oportunidade sãocomponentes do mérito do ato administrativo insindicáveis peloPoder Judiciário.” (STJ - RMS: 24988 PI 2007/0203841-1,Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 05/02/2009, T1- PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 18/02/2009)

7.3 Controle delegalidade de ofício 0.30

O Poder Judiciário, em regra, só exerce seu poder jurisdicionalquando provocado. Dessa forma, o controle de legalidadeexercido pelo Poder Judiciário deve ser provocado, já que o ato,até prova em contrário, presume-se válido, como decorrência dajá mencionada presunção de veracidade e legitimidade.(Carvalho, Mathes. Manual de Direito Administrativo, 4. ed. rev.ampl. e atual. - Salvador: JusPodivm, 2017, p. 276-277)

Resposta ideal:Não, o Poder Judiciário não pode e não deve substituir a decisão do

administrador e julgar o mérito de um ato administrativo. O Poder

Judiciário não pode declarar de ofício a invalidade do ato

administrativo, já que, para a realização do controle de legalidade,

precisa ser provocado.

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8ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO DO TRABALHO

Tema: 12  Férias.

1.1 Qual o requisito exigido pela CLT para que as férias possam serusufruídas em até três períodos?1.2 As férias poderão ter início na véspera de feriado ou do repousosemanal remunerado? Fundamente.1.3 No entendimento do TST, qual a consequência para oempregador caso as férias sejam concedidas dentro do períodoconcessivo, porém seja descumprido o prazo previsto no artigo 145da CLT?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

8.1Depende de

concordância doempregado

0.40

Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite , as férias constituemato jurídico complexo, “uma vez que para seu cabimento selevam em conta dois momentos distintos: o período aquisitivo(correspondente aos primeiros 12 meses contados da admissãodo empregado) e o período concessivo (12 meses após operíodo aquisitivo)”. O art. 134, § 1º, da CLT, autoriza ofracionamento das férias nos seguintes termos: “ Desde quehaja concordância do empregado, as férias poderão serusufruídas em até três períodos, sendo que um deles nãopoderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais nãopoderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”. Assim, énecessária a concordância do empregado para que sejapossível o fracionamento.

8.2 Não. Vedação legal 0.30

Segundo o 134, § 3º, da CLT: “É vedado o início das férias noperíodo de dois dias que antecede feriado ou dia de repousosemanal remunerado”. Acerca desse dispositivo, CarlosHenrique Bezerra Leite (2018, p. 581) leciona que: “A regra do §3º é salutar, pois repouso semanal remunerado e feriado sãocausas de interrupção do contrato de trabalho e são diasdestinados ao repouso, o que, na prática, implicaria redução doperíodo de férias”.

8.3 Pagamento emdobro 0.30

Nos termos da Súmula 450 do TST: “É devido o pagamento emdobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional,com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas naépoca própria, o empregador tenha descumprido o prazoprevisto no art. 145 do mesmo diploma legal”. Por sua vez, o art.145 da CLT determina que o pagamento das férias sejarealizado até 2 dias antes do início do respectivo período.

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8ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO DO TRABALHO

Tema: 12  Férias.

1.1 Qual o requisito exigido pela CLT para que as férias possam serusufruídas em até três períodos?1.2 As férias poderão ter início na véspera de feriado ou do repousosemanal remunerado? Fundamente.1.3 No entendimento do TST, qual a consequência para oempregador caso as férias sejam concedidas dentro do períodoconcessivo, porém seja descumprido o prazo previsto no artigo 145da CLT?

Resposta ideal:É necessária a concordância do empregado. Não, o art. 134, § 3º, da

CLT veda o início das férias no período de dois dias que antecede

feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Será devido o

pagamento em dobro das férias, nos termos da Súmula 450 do TST.

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9ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Tema: 10 Dissídios coletivos.

1.1 De acordo com a Constituição Federal em que hipótese oMinistério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo?  1.2 O TST entende que para o sindicato instaurar dissídio coletivoem face de determinada empresa é preciso autorização prévia dostrabalhadores diretamente envolvidos no conflito? Fundamente.  

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

9.1Greve. Atividade

essencial. Interessepúblico.

0.50

Carlos Henrique Bezerra Leite conceitua dissídio coletivo, nosseguintes termos: “Para nós, portanto, o dissídio coletivo é umaespécie de ação coletiva de matriz constitucional conferida adeterminados entes coletivos, geralmente os sindicatos, para adefesa dos interesses cujos titulares materiais não são pessoasindividualmente consideradas, mas sim grupos ou categoriaseconômicas, profissionais ou diferenciadas, visando à criação ouinterpretação de normas que irão incidir no âmbito dessasmesmas categorias”. Conforme previsto no art. 114, § 3º, daCF/1988, com redação dada pela EC 45/2004: “Em caso degreve em atividade essencial, com possibilidade de lesão dointeresse público, o Ministério Público do Trabalho poderáajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalhodecidir o conflito”.

9.2 Sim. SDC, OJ 19. 0.50

O art. 114, § 2º, da CF/88, com a redação dada pela EC n.45/2004, dispõe que: “Recusando-se qualquer das partes ànegociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, decomum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas asdisposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem comoas convencionadas anteriormente”. Acerca da legitimação “adcausam” a OJ 19 da SDC/TST estabelece que: “A legitimidadeda entidade sindical para a instauração da instância contradeterminada empresa está condicionada à prévia autorizaçãodos trabalhadores da suscitada diretamente envolvidos noconflito.”

Resposta ideal:Nos casos de greve em atividade essencial, com possibilidade de

lesão do interesse público. Sim, nos termos da OJ 19 da SDC.

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10ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Quais as principais novidades trazidas pela Constituição Federal de1988 em relação ao Ministério Público?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

10.1

Instituiçãopermanente.Autonomia.

Independência

0.50

A questão visa testar os conhecimentos do aluno sobre o novoperfil constitucional do Ministério Público, advindo com aConstituição Federal de 1988. Nos termos do art. 127 da CF/88:“O Ministério Público é instituição permanente, essencial àfunção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa daordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais eindividuais indisponíveis”. Ainda, o § 2º do referido dispositivoassegura ao Ministério Público autonomia funcional eadministrativa, nos seguintes termos: “Ao Ministério Público éassegurada autonomia funcional e administrativa, podendo,observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo acriação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,provendo-os por concurso público de provas ou de provas etítulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a leidisporá sobre sua organização e funcionamento”. Nessesentido, Pedro Lenza ensina que: “O texto de 1988 consagrou aevolução do Ministério Público, separando-o dos Poderes e oalocando no capítulo que trata das ‘funções essenciais à Justiça(Seção I, do Capítulo IV, do Título IV)’. Em verdadeiraconsagração, o MP foi elevado à posição de instituiçãopermanente e desatrelado, de vez, da representação judicial daUnião, tanto é que, de maneira categórica e enérgica, o art. 129,IX, expressamente vedou a representação judicial e aconsultoria jurídicas de entidades públicas, ficando essaatribuição nas mãos da advocacia pública.”

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10ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Quais as principais novidades trazidas pela Constituição Federal de1988 em relação ao Ministério Público?

10.2Vedação

representação entespúblicos

0.50

Como consequência da independência e autonomiareconhecidas ao Ministério Público, o art. 129, IX, da CF/88vedou expressamente a representação judicial e a consultoriajurídica de entidades públicas. Nesse sentido, Pedro Lenzaensina que: “O texto de 1988 consagrou a evolução doMinistério Público, separando-o dos Poderes e o alocando nocapítulo que trata das ‘funções essenciais à Justiça (Seção I, doCapítulo IV, do Título IV)’. Em verdadeira consagração, o MP foielevado à posição de instituição permanente e desatrelado, devez, da representação judicial da União, tanto é que, de maneiracategórica e enérgica, o art. 129, IX, expressamente vedou arepresentação judicial e a consultoria jurídicas de entidadespúblicas, ficando essa atribuição nas mãos da advocaciapública”. Acerca do assunto, destaca-se o seguinte julgado doTRF da 1ª Região: “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ILEGITIMIDADEMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. RESSARCIMENTO AOERÁRIO. PATRIMÔNIO DA CEF DECORRENTE DE SUAPARTICIPAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DOS RECURSOS DAFUNCEF.I - Questões ligadas à legitimidade das partes e intrinsecamenterelacionadas ao objeto do recurso são apreciadasconjuntamente, e o exame de questões meritórias, inclusiverelacionadas à prescrição, é incabível quando a petição inicial érejeitada de pronto, sem o exame do mérito.II - Em sede de apelação interposta contra sentença que rejeitoua inicial e extinguiu o processo, sem resolução do mérito, porinadequação da via eleita, com força no § 8º do art. 17 da Lei8.429/1992, não merece prevalecer o pedido do MinistérioPúblico de afastar a aplicabilidade do referido art. 17 porque foiexatamente embasado nele e em outros dispositivos da Lei deImprobidade Administrativa que o “parquet” justificou ocabimento de sua pretensão judicial.III – A Constituição da República conferiu funções de altarelevância ao Ministério Público, classificando-o como instituiçãopermanente, essencial à função jurisdicional do Estado eincumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regimedemocrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis(art. 127, da CF). A função de promover a ação civil pública paraa proteção do patrimônio público e social de que trata o art. 129,inciso IIII, da Constituição Federal, deve ser interpretada emharmonia com a parte final do inciso IX do mesmo dispositivoconstitucional que veda expressamente o exercício do “parquet”em funções incompatíveis com sua finalidade institucionalconsistente na representação judicial e consultoria jurídica deentidades públicas. Precedentes.

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10ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Quais as principais novidades trazidas pela Constituição Federal de1988 em relação ao Ministério Público?

IV – O Ministério Público Federal não ostenta legitimidade parapromover ação de reparação de danos para a tutela dopatrimônio da Caixa Econômica Federal decorrente de suaparticipação na composição dos recursos da Fundação dosEconomiários Federais – FUNCEF utilizados no pagamento deparcelas pagas a construtoras pela infraestrutura e edificação deimóveis na Superquadra 311 Norte, em Brasília, uma vez que aEmpresa Pública possui quadro de procuradores selecionadospara representá-la em juízo, cabendo a ela promover asmedidas que entender necessárias à preservação de seusinteresses, posto que só é possível pleitear direito alheio emnome próprio quando autorizado por lei.V – Preliminares rejeitadas e apelação do MPF a que se negaprovimento. (TRF-1, Apelação Cível n. 0035195-17.2010.4013400/DF, Relator: Desembargador Federal JirairAram Meguerian, 6ª Turma, Julgado em 13/12/2013).

Resposta ideal:O Ministério Público foi reconhecido como instituição permanente,

sendo-lhe assegurada plena autonomia e independência em face do

Estado, o que resultou na vedação expressa de representação judicial

e consultoria jurídica de entidades públicas.

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11ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:Cabe ao Ministério Público promover privativamente o inquéritocivil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio  público esocial, do meio ambiente e de outros interesses difusos ecoletivos? Fundamente.

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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11ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:Cabe ao Ministério Público promover privativamente o inquéritocivil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio  público esocial, do meio ambiente e de outros interesses difusos ecoletivos? Fundamente.

11.1 Art. 5º e 8º, § 1º, daLei 7.347/85 0.50

Nos termos do art. 5º da Lei 7.347/85: “Têm legitimidade parapropor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pelaLei nº 11.448, de 2007).

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de2007).

II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de2007).

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;(Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade deeconomia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº11.448, de 2007).

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da leicivil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção aopatrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, àordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de gruposraciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,histórico, turístico e paisagístico.

Por sua vez, o art. 8º, § 1º, da Lei 7.347/85 estatui que: “OMinistério Público poderá instaurar, sob sua presidência,inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ouparticular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazoque assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) diasúteis.

Destaca-se que a Constituição Federal prevê em seu art. 129como função institucional do Ministério Público: “III - promover oinquérito civil e a ação civil pública, para a proteção dopatrimônio público e social, do meio ambiente e de outrosinteresses difusos e coletivos”.

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11ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:Cabe ao Ministério Público promover privativamente o inquéritocivil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio  público esocial, do meio ambiente e de outros interesses difusos ecoletivos? Fundamente.

Adriano Andrade, Cleber Masson e Landolfo Andradeconceituam o inquérito civil como: “o procedimentoadministrativo investigatório, de natureza inquisitiva, informal,privativo do Ministério Público, e voltado à coleta de subsídiospara a atuação judicial ou extrajudicial em defesa dos interessestransindividuais que incumbe àquela instituição tutelar” (grifonosso).

11.2

ACP. Outroslegitimados. IC.

Exclusividade doMP.

0.50

Assim, a partir da análise do art. 5º da Lei 7.347/85, verifica-seque a legitimidade para o ajuizamento da ação civil pública éconcorrente, considerando que a lei autoriza outros legitimadospara a propositura. Nessa linha, Pedro Lenza (2013, p. 925)leciona que: “ (...) a legitimação acima referida para a ação civilpública não impede a dos outros legitimados, conforme seobserva pelo art. 5º da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública)”.No mesmo sentido, Adriano Andrade, Cleber Masson e LandolfoAndrade (2011, p. 53) ensinam que: “No tocante à naturezajurídica da legitimação para agir nas ações coletivas, anote-se,inicialmente, que se trata de legitimação concorrente edisjuntiva”. Ainda, o art. 129, § 1º da CF estabelece que: “Alegitimação do Ministério Público para as ações civis previstasneste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,segundo o disposto nesta Constituição e na lei.” Por outro lado,conforme entendimento doutrinário predominante, o inquéritocivil somente pode ser instaurado pelo Ministério Público,porquanto o art. 8º, § 1º, da Lei 7.347/85 não outorga a referidaatribuição aos demais legitimados à propositura da ACP.

Resposta ideal:Não. Embora o inquérito civil seja de utilização exclusiva do Ministério

Público, conforme se infere do art. 8º, § 1º, da Lei 7.347/85, o art. 5º da

referida lei elenca outros legitimados para o ajuizamento da ação civil

pública.

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12ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:1.1 O rol de funções institucionais do Ministério Público elencadasno art. 129 da Constituição Federal é exemplificativo ou taxativo?Fundamente.1.2 Quais funções institucionais do art. 129 podemos apontar comofundamento constitucional que autoriza o poder de investigação decrimes diretamente pelo Ministério Público? De acordo com oentendimento do STF, é vedado o controle jurisdicional dos atospraticados pelo Ministério Público em sede de investigações denatureza penal?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

12.1Art. 129, IX, da

CF/88. Rolexemplificativo

0.50

Dentre as funções institucionais do Ministério Público, o IX, doart. 129, da CF/88, estabelece: “exercer outras funções que lheforem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoriajurídica de entidades públicas”.Na lição de Pedro Lenza (2013, p. 925): “As funçõesinstitucionais do Ministério Público estão previstas no art. 129 daCF/88. Trata-se de rol meramente exemplificativo, uma vez queseu inciso IX estabelece que compete, ainda, ao MinistérioPúblico exercer outras funções que lhe forem conferidas, desdeque compatíveis com sua finalidade”.

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12ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:1.1 O rol de funções institucionais do Ministério Público elencadasno art. 129 da Constituição Federal é exemplificativo ou taxativo?Fundamente.1.2 Quais funções institucionais do art. 129 podemos apontar comofundamento constitucional que autoriza o poder de investigação decrimes diretamente pelo Ministério Público? De acordo com oentendimento do STF, é vedado o controle jurisdicional dos atospraticados pelo Ministério Público em sede de investigações denatureza penal?

12.2I, VI, VII, VIII, IX.Possível controle

pelo juiz.0.50

Dentre as funções institucionais previstas no art. 129, da CF,podemos apontar como fundamento constitucional que autorizao poder de investigação de crimes diretamente pelo MinistérioPúblico as previstas nos incisos I (promover, privativamente, aação penal pública, na forma da lei), VI (expedir notificações nosprocedimentos administrativos de sua competência, requisitandoinformações e documentos para instruí-los, na forma da leicomplementar respectiva), VII (exercer o controle externo daatividade policial, na forma da lei complementar mencionada noartigo anterior), VIII (requisitar diligências investigatórias e ainstauração de inquérito policial, indicados os fundamentosjurídicos de suas manifestações processuais), IX (exercer outrasfunções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis comsua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e aconsultoria jurídica de entidades públicas). Podemos citar,ainda, os incisos I, V e VII do art. 8º, da LC nº 75/1993.Ressalte-se que o STF apontou, no julgamento do RE593727/MG, alguns requisitos para que a investigaçãoconduzida pelo Ministério Público seja legitima, dentre eles, opermanente controle pelo Poder Judiciário dos atos deinvestigação praticados, tendo fixado a seguinte tese em sederepercussão geral: “O Ministério Público dispõe de competênciapara promover, por autoridade própria, e por prazo razoável,investigações de natureza penal, desde que respeitados osdireitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou aqualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,sempre, por seus agentes, as hipóteses de reservaconstitucional de jurisdição e, também, as prerrogativasprofissionais de que se acham investidos, em nosso País, osadvogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II,III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – semprepresente no Estado democrático de Direito – do permanente

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12ª Pergunta ChaveDisciplina: LEGISLAÇÃO  APLICADA  AO  MPU  E  AO  CNMP

Tema: 1 Ministério Público da União.

Sobre as funções institucionais do Ministério Público, responda:1.1 O rol de funções institucionais do Ministério Público elencadasno art. 129 da Constituição Federal é exemplificativo ou taxativo?Fundamente.1.2 Quais funções institucionais do art. 129 podemos apontar comofundamento constitucional que autoriza o poder de investigação decrimes diretamente pelo Ministério Público? De acordo com oentendimento do STF, é vedado o controle jurisdicional dos atospraticados pelo Ministério Público em sede de investigações denatureza penal?

controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados(Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelosmembros dessa Instituição”. Grifo nosso.

Resposta ideal:Trata-se de rol meramente exemplificativo, conforme se infere do art.

129, IX, da CF; 1.2 Art. 129, I, VI, VII, VIII, IX, sendo possível o controle

jurisdicional dos atos praticados pelo membro do Ministério Público.

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13ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 7  Poder  legislativo.

1.1 Qual o órgão competente para o julgamento de crimescometidos pelos deputados e senadores? 1.2 Qual é o marco iniciale final da competência para julgamento dos crimes cometidospelos deputados e senadores?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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13ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 7  Poder  legislativo.

1.1 Qual o órgão competente para o julgamento de crimescometidos pelos deputados e senadores? 1.2 Qual é o marco iniciale final da competência para julgamento dos crimes cometidospelos deputados e senadores?

13.1 Diplomação/vigênciado mandato 0.50

Para além de ratificar a competência do Supremo TribunalFederal para o julgamento de crimes comuns praticados pelosmembros do Congresso Nacional, o artigo 53, §1º daConstituição Federal, dispõe que tal competência inicia-se coma diplomação, in verbis:

Art. 53, §1º: Os deputados e senadores, desde a expedição dodiploma, serão submetidos a julgamento perante o SupremoTribunal Federal. (g.n)

Não há na Constituição Federal o marco final dacompetência do Supremo Tribunal Federal para o julgamentodos crimes comuns cometidos pelos parlamentares, sendo talceleuma resolvida pela doutrina e jurisprudência.

Após discussões, entendeu-se que a competência doSupremo Tribunal Federal persiste durante a vigência domandato parlamentar. Trata-se da adoção da Regra daAtualidade. Nesse sentido, explana o Professor MarceloNovelino em seu livro “Curso de Direito Constitucional”, 13ªEdição, p. 670/671:

“ A competência do Supremo Tribunal extingue-se, em regra,quando o parlamentar deixa o cargo em razão de renúncia,cassação ou fim do mandato. Não obstante, o Tribunal temadmitido a continuidade de sua competência para julgar a açãopenal em duas situações. A primeira exceção ocorre quando jáiniciado o julgamento, hipótese na qual a superveniência dotérmino do mandato eletivo não desloca a competência paraoutra instância. Vale ressalvar, entretanto, não ocorrer o mesmoem situação inversa, ou seja, a competência da instânciaordinária não se prorroga quando, após iniciado o julgamento oréu passa a ostentar cargo detentor de foro por prerrogativa defunção perante o Supremo Tribunal. A segunda, no caso derenúncia feita com objetivo evidente de deslocar a competênciado Tribunal, por caracterizar um abuso de direito” (g.n)

Esclarece-se que o próprio Supremo Tribunal Federaldecidiu que se reputa iniciado o julgamento com o encerramentoda instrução processual e publicação do despacho de intimaçãopara apresentação de alegações finais.

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13ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 7  Poder  legislativo.

1.1 Qual o órgão competente para o julgamento de crimescometidos pelos deputados e senadores? 1.2 Qual é o marco iniciale final da competência para julgamento dos crimes cometidospelos deputados e senadores?

Registra-se, ainda, para complementar a questão, que,recentemente, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento deQuestão de Ordem da AP 937, restringiu ainda mais suacompetência para julgamento de crimes cometidos pordetentores de prerrogativa de função. Entendeu que apenas oscrimes cometidos durante o exercício do cargo e desde querelacionados diretamente com a função desempenhada serãoobjeto da Corte Suprema. Copia-se o seguinte trecho extraídodo sítio “Dizer o Direito”(https://www.dizerodireito.com.br/2018/06/foro-por-prerrogativa-de-funcao.html):

“As normas da Constituição de 1988 que estabelecem ashipóteses de foro por prerrogativa de função devem serinterpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimesque tenham sido praticados durante o exercício do cargo e emrazão dele.Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de oindivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justificaa competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instânciamesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após ainvestidura no mandato, se o delito não apresentar relaçãodireta com as funções exercidas, também não haverá foroprivilegiado.Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa defunção aplica-se apenas aos crimes cometidos durante oexercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso,julgado em 03/05/2018.(https://www.dizerodireito.com.br/2018/06/foro-por-prerrogativa-de-funcao.html) (g.n)

De acordo com o entendimento que era tradicionalmenteadotado pelo STF, se determinado indivíduo estivesserespondendo a uma ação penal em Primeira Instância, caso elefosse eleito Deputado Federal, no mesmo dia da suadiplomação, cessaria a competência do juízo de 1ª instância e oprocesso criminal deveria ser remetido ao STF para ali serjulgado. Agora não, uma vez que, primeiramente, deve-seanalisar se o crime foi cometido durante o mandato e guarda

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13ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 7  Poder  legislativo.

1.1 Qual o órgão competente para o julgamento de crimescometidos pelos deputados e senadores? 1.2 Qual é o marco iniciale final da competência para julgamento dos crimes cometidospelos deputados e senadores?

correlação direta com as funções ali desempenhadas.

13.2 STF 0.50

Nos termos do artigo 102, inciso I, alínea ‘b’ da ConstituiçãoFederal compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento decrimes cometidos por deputados e senadores. Transcreve-se:

Artigo 102, I, ‘b’ da CF:Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:I-Processar e julgar originariamente:(...)b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, oVice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seuspróprios ministros e o Procurador Geral da República.

Resposta ideal:O Supremo Tribunal Federal é o órgão competente para o julgamento

de crimes cometido por parlamentares, cuja competência inicia-se a

partir da diplomação e mantem-se durante a vigência do mandato.

Salvo em duas hipóteses: julgamento já iniciado e renúncia de

mandato com caráter fraudulento.

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14ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 4  Organização  político administrativa  do  Estado.

1.1 Qual o modelo de federalismo adotado pela Constituição de1988? 1.2 Pode haver a criação de novos territórios? Em casopositivo, mediante qual instrumento legislativo?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

14.1 Federalismoatípico/três níveis 0.50

Nos termos do artigo 18 da Constituição Federal, verifica-se que“a organização político administrativa da República Federativado Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal eos Municípios, todos autônomos, nos termos destaConstituição”. (g.n)

Nota-se assim que há três níveis de entes federativos: i) aUnião, ii) os estados e Distrito Federal e iii) os municípios. Destafeita, entende-se que o Brasil adotou, de forma particular,diferentemente dos modelos federativos adotados por outrasnações, um federalismo sui generis, peculiar, de três níveis.

Nesse diapasão, leciona o Professor Marcelo Novelino emseu “Curso de Direito Constitucional”, 13ª Edição, p. 605:

“O modelo de federalismo adotado pela Constituição de 1988encontra-se em posição intermediária entre os modelos norte-americano e alemão. De forma bem mais nítida que asConstituições anteriores, foi consagrada uma federação suigeneris, com referência aos municípios como entidadeautônoma. Nesse sentido, a atual Constituição rompe com ofederalismo clássico de dois níveis, inspirado no modelotradicional norte-americano, e passa a adotar um federalismoatípico (ou de terceiro grau) alçando o Município à condição deente federativo.A organização político-administrativa da federação brasileiracompreende, como entidades autônomas, a União, os Estados,o Distrito Federal e os municípios (CF, art. 18) ” (g.n)

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14ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 4  Organização  político administrativa  do  Estado.

1.1 Qual o modelo de federalismo adotado pela Constituição de1988? 1.2 Pode haver a criação de novos territórios? Em casopositivo, mediante qual instrumento legislativo?

14.2 Sim. Leicomplementar 0.50

ante a análise do já mencionado artigo 18 e, especialmente doartigo 19 da Carta Magna, verifica-se que os territórios nãoestão compreendidos na organização político administrativa daRepública Federativa do Brasil. Tais entes integram a União.

O mesmo artigo 19 da BF/88 deixa evidente apossibilidade de criação de novos territórios, assim como atransformação de tais entes em estados ou a sua reintegraçãoao Estado de origem, desde que haja regulamentação por leicomplementar. Confere:

Art. 19: Os territórios federais integram a União, e sua criação,transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origemserão reguladas em lei complementar. (g.n)

Resposta ideal:Adotou-se o modelo de federalismo atípico uma vez que a República

brasileira possui três níveis de entidades autônomas: a União, os

estados e Distrito Federal e os municípios. Os territórios não são

autônomos, integrando a União, sendo possível sua criação mediante

lei complementar.

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15ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 8 Poder judiciário. 

Quais os objetos da ADC- Ação Direta de Constitucionalidade e daADPF-Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental??

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

15.1Lei/ato normativo

federal editado apósparâmetro

0.50

A ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), a ADPF (Arguiçãode Preceito Fundamental) e a ADC (ação Direta deConstitucionalidade) constituem as principais ações de ControleConcentrado de Constitucionalidade.

A ADC é a mais restrita delas uma vez que apenas admite comoobjeto lei ou ato normativo federal editado após o parâmetroindicado, qual seja norma formalmente constitucional e Tratadosde Direitos Humanos aprovado nos termos do artigo 5, §3º daCF (“Os tratados e convenções internacionais sobre direitoshumanos que forem aprovados, em cada Casa do CongressoNacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dosrespectivos membros, serão equivalentes às emendasconstitucionais”).

A ADI é intermediária uma vez que tem como objeto lei ou atonormativo federal ou estadual editado após o parâmetroindicado, qual seja norma formalmente constitucional e Tratadosde Direitos Humanos aprovado nos termos do artigo 5, §3º daCF (“Os tratados e convenções internacionais sobre direitoshumanos que forem aprovados, em cada Casa do CongressoNacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dosrespectivos membros, serão equivalentes às emendasconstitucionais”).

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15ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 8 Poder judiciário. 

Quais os objetos da ADC- Ação Direta de Constitucionalidade e daADPF-Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental??

15.2Ato do poder

público/preceitofundamental

0.50

A ADPF possui como objeto qualquer ato do poder público, tantode origem federal, estadual ou municipal, editados antes ouposteriormente ao parâmetro. Por sua vez, essa ação,diferentemente das demais, não abrange todas as normasformalmente constitucionais, mas apenas aquelas queconstituem preceitos fundamentais da Constituição.

Registra-se que apesar dessas ações (ADI, ADC e ADPF)representar o controle concentrado de constitucionalidade, oqual possui efeitos erga omnes (contra todos) e efeitovinculante. O STF vem estendendo tais efeitos também aosRecursos Extraordinários julgados pelo Excelso. Trata-se daadoção da Teoria da Abstrativização do controle difuso. Sobre oassunto, segue o seguinte trecho retirado do sítio do Dizer oDireito (https://www.dizerodireito.com.br/2017/12/stf-muda-sua-jurisprudencia-e-adota.html ):“Apesar de essa nomenclatura não ter sido utilizadaexpressamente pelo STF no julgamento, o certo é que a Cortemudou seu antigo entendimento e passou a adotar aabstrativização do controle difuso.Em uma explicação bem simples, a teoria da abstrativização docontrole difuso preconiza que, se o Plenário do STF decidir aconstitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou atonormativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá osmesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia ergaomnes e vinculante.Para essa corrente, o art. 52, X, da CF/88 sofreu uma mutaçãoconstitucional e, portanto, deve ser reinterpretado. Dessa forma,o papel do Senado, atualmente, é apenas o de dar publicidade àdecisão do STF. Em outras palavras, a decisão do STF, mesmoem controle difuso, já é dotada de efeitos erga omnes e oSenado apenas confere publicidade a isso.”

Por fim, aproveitando o assunto, acrescento mais uma dicabaseada em recente julgado proferido pelo Supremo TribunalFederal sobre o assunto e relacionado com o Ministério Público.A Corte Suprema entendeu que é cabível o ajuizamento de ADIem face da resolução do CNMP uma vez que tal espécielegislativa caracteriza-se como ato normativo genérico.Transcreve-se:A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de carátergeral e abstrato, editado pelo Conselho no exercício de suacompetência constitucional, razão pela qual constitui atonormativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, poração direta, no Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI

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15ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO  CONSTITUCIONAL

Tema: 8 Poder judiciário. 

Quais os objetos da ADC- Ação Direta de Constitucionalidade e daADPF-Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental??

4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info899). –(https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2018/06/info-899-stf.pdf)

Obs: Considerando a importância das características dasprincipais ações do Controle de Concentrado deConstitucionalidade, colaciono a seguir um quadro contendo asprincipais características dessas Ações Constitucionais

Resposta ideal:O objeto da ADC consiste em lei ou ato normativo federal, editado

após o parâmetro analisado. Por sua vez, o objeto de ADPF é

qualquer ato do poder público, seja de origem federal, estadual ou

municipal, editado, anterior ou posteriormente, ao preceito fundamental

violado.

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16ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 2  Pessoas  naturais.

Quem são os absolutamente incapazes? Essas pessoas podemcelebrar os atos da vida civil pessoalmente?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

16.1 Apenas os menoresde 16 anos 0.50

O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) alteroua redação do artigo 3º do Código Civil, de modo que,atualmente, apenas “são absolutamente incapazes de exercerpessoalmente os atos da vida civil os menores de 16(dezesseis) anos”.

As demais pessoas, antes consideradas absolutamenteincapazes, agora são consideradas relativamente incapazes.Transcreve-se o artigo 4º do CC:

Art. 4º São incapazes, relativamente à certos atos ou à maneirade os exercer:I-Os maiores de 16 (dezesseis) anos e menores de 18 (dezoito)anos;II-Os ébrios habituais e os viciados em tóxico;III-Aqueles que, por causa transitória ou permanente, nãopuderem exprimir sua vontade;IV-Os pródigos

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16ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 2  Pessoas  naturais.

Quem são os absolutamente incapazes? Essas pessoas podemcelebrar os atos da vida civil pessoalmente?

16.2Não. Os incapazes

devem serrepresentados

0.50

Em relação à segunda parte da pergunta, tem-se que osabsolutamente incapazes devem ser representados por seusresponsáveis, enquanto que os relativamente incapazes devemser assistidos.

Nesse sentido é o ensinamento de Carlos Roberto Gonçalves aoprescrever em seu livro “Direito Civil 1 – Esquematizado”, 4ªEdição, fls. 111 e 124, que:

“No direito brasileiro, não existe incapacidade de direito, porquetodos se tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos (art. 1º,CC). Há, portanto, somente a incapacidade de fato ou deexercício, traduzida, na restrição legal ao exercício dos atos davida civil. Desta feita, supre-se a incapacidade, conforme suanatureza, pelos institutos da representação e da assistência.Dispõe o artigo 3º do CC que os absolutamente incapazes serãorepresentados, ao passo que os relativamente incapazes (art.4º) deverão ser assistidos.Portanto, a proteção jurídica dos hipossuficientes realiza-se pormeio da representação e da assistência, que lhes dão anecessária segurança, quer em relação à sua pessoa, quer emrelação ao seu patrimônio, possibilitando o exercício de seusdireitos.” (g.n)

Caso os absolutamente incapazes não sejam devidamenterepresentados, tem-se a nulidade do ato. Por sua vez, nahipótese de irregularidade na assistência dos relativamenteincapazes, tem-se apenas nulidade relativa.

Registra-se, ainda que, apesar de consistir em nulidade relativa,o artigo 105 do CC dispõe que: “A incapacidade relativa de umadas partes não pode ser invocada pela outra em benefíciopróprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se,neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigaçãocomum”.

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16ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 2  Pessoas  naturais.

Quem são os absolutamente incapazes? Essas pessoas podemcelebrar os atos da vida civil pessoalmente?

Resposta ideal:Após a edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, apenas são

considerados incapazes as pessoas menores de 16 (dezesseis) anos.

Tais, como regra geral, apenas podem celebrar negócios jurídicos

quando representadas por um responsável, sob pena de nulidade do

ato.

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17ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 3 Pessoas jurídicas.

As fundações podem ser criadas por intermédio de quaisinstrumentos jurídicos? O que acontece se o Estatuto da Fundaçãonão for elaborado no prazo de 180 dias?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

17.1 Escritura Pública outestamento 0.50

As perguntas chaves acima realizadas, são respondidas com asimples leitura da letra de lei do Código Civil, em especial dosartigos 62 e 65, parágrafo único.

O Artigo 62 do Código Civil dispõe que “para criar umafundação, o seu instituidor fará, por escritura pública outestamento, dotação especial de bens livres, especificando o fima que se destina, e declarando, se quiser, a maneira deadministrá-la.” (g.n)

Vê-se, assim que a criação de uma fundação pode se dar porescritura pública ou testamento e que não é necessárioespecificar a forma de administração da fundação. Tem-se,apenas, que especificar o fim a que se destina. Finalidadesessas indicadas no parágrafo único do artigo 62, quais sejam: i)assistência social, ii) cultura, defesa e conservação dopatrimônio histórico e artístico, iii)educação, iv) saúde, v)segurança alimentar e nutricional, vi) defesa, preservação econservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimentosustentável, vii) pesquisa científica, desenvolvimento detecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão,produção e divulgação de informações e conhecimentostécnicos e científicos, viii) promoção da ética, da cidadania, dademocracia e dos direitos humano e ix) atividades religiosas.

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17ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 3 Pessoas jurídicas.

As fundações podem ser criadas por intermédio de quaisinstrumentos jurídicos? O que acontece se o Estatuto da Fundaçãonão for elaborado no prazo de 180 dias?

17.2 Caberá ao MinistérioPúblico 0.50

A resposta desta pare da questão encontra-se estampada noparágrafo único do artigo 65 do Código Civil:

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação dopatrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, deacordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundaçãoprojetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação daautoridade competente, com recurso ao juiz.Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazoassinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento eoitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.Complementando a resposta, acrescenta-se que talincumbência caberá ao Ministério Público do Estado ondesituadas as fundações (artigo 66). E, caso as fundaçõesfuncionarem no Distrito Federal ou nos territórios, o encargocaberá ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.Por fim, reputo importante e de bastante incidência a questão dareforma do Estatutos das Fundações. Para tanto, faz-senecessário os seguintes requisitos elencados pelo artigo 67 doCC: i) deliberação por 2/3 (dois terços) dos competentes paragerir e representar a fundação; ii) não haja contrariedade oudesvirtuamento da finalidade da fundação e iiii) haja aprovaçãopelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45(quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o MinistérioPúblico a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento dointeressado.Na hipótese de deliberação não unanime, é preciso que oestatuto seja submetido ao Ministério Público, o qual daráciência para a minoria vencida para impugnar a reformapretendida, caso haja interesse, no prazo de dez dias (artigo 68do Código Civil).

Resposta ideal:É possível a criação de fundação por escritura pública ou testamento,

devendo ainda constar dotação especial de bens e indicação do fim da

fundação. Em caso de não elaboração do Estatuto da Fundação, tal

incumbência caberá ao Ministério Público.

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18ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 9  Contratos. 

“A” celebrou contrato de seguro de vida, contudo, não estipulou osbeneficiários. Nessa hipótese, quem teria direito a receber o capitalsegurado? Em caso de suicídio, os beneficiários de Roberto terãodireito de receber o capital segurado?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

18.1

Cônjuge nãoseparado

judicialmente /herdeiro

0.50

Escolhi o presente tema para ser tratado nessa rodada emvirtude da edição de sumula pelo STJ, nesse ano de 2018 sobrea questão de recebimento ou não de seguro de vida em caso desuicídio praticado pelo contratante.

A primeira parte da questão é respondida com a leitura do artigo792 do Código Civil, que dispõe que: “na falta de indicação dapessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo nãoprevalecer a que foi feita, o capital segurado será pago pormetade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aosherdeiros do segurado, obedecida a ordem de vocaçãohereditária”.

No contrato de seguro de vida, tem-se que o capital segurado élivre, não devendo guardar correlação com o objeto segurado,como ocorre nos seguros de dano (artigos 778 e 789 do CC).Ainda, tem-se que o beneficiário pode ser qualquer pessoaindicada pelo contratante. Contudo, na ausência de indicação,segue-se a ordem constante do artigo 792.

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18ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO CIVIL

Tema: 9  Contratos. 

“A” celebrou contrato de seguro de vida, contudo, não estipulou osbeneficiários. Nessa hipótese, quem teria direito a receber o capitalsegurado? Em caso de suicídio, os beneficiários de Roberto terãodireito de receber o capital segurado?

18.2Há direito se

cometido após doisanos de vigência

0.50

A segunda parte da pergunta é respondida pelo teor do artigo798: “O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quandoo segurado se suicida nos dois primeiros anos de vigência inicialdo contrato, ou da sua recondução depois de suspenso,observado o disposto no artigo parágrafo único do artigoantecedente”

Apesar da clareza do dispositivo, havia discussão nos casos derecebimento ou não de indenização securitária nas hipóteses desuicídio não premeditado do contratante, cometido nos doisprimeiros anos da vigência do contrato.

Dessa forma, pacificando-se a questão, o Superior Tribunal deJustiça editou a sumula 610, decidindo-se que o artigo 789aponta um critério objetivo temporal, que não aceita prova emcontrária. Isto é, mesmo se comprovado que o suicídio praticadonos dois primeiros anos não foi fraudulento, com o nítidoobjetivo de fraude e recebimento do capital segurado, osbeneficiários não possuem direito ao recebimento do capitalsegurado. Veja o teor da súmula:

Sumula 610 do STJ: “O suicídio não é coberto nos doisprimeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida,ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante dareserva técnica formada”

Resposta ideal:Não havendo beneficiário indicado, o capital segurado será dividido

entre o cônjuge não separado judicialmente e os herdeiros do

segurado, observando-se a ordem da vocação hereditária. No caso de

suicídio cometido após dois anos de vigência do contrato, tem-se

pagamento do capital segurado.

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19ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

O que é necessário para se postular em juízo? O que é legitimidadeextraordinária?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

19.1 Interesse elegitimidade 0.50

O artigo 17 do CPC de 2015 é claro e direto em dispor que “parapostular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”.

Vê-se, assim que o CPC 2015, diversamente do CPC de 1973não adotou o trinômio legitimidade/interesse/possibilidadejurídica do pedido. Exalta apenas a legitimidade e o interesse.

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19ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

O que é necessário para se postular em juízo? O que é legitimidadeextraordinária?

19.2 Direito alheio emnome próprio 0.50

Em relação à legitimidade, o artigo 18 estabelece que “ninguémpoderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quandoautorizado pelo ordenamento jurídico”. Assim, o ordenamentoreafirma a legitimidade ordinária (pleitear direito próprio em seupróprio nome) como regra e a necessidade de autorização paraa legitimidade extraordinária (pleitear direito alheiro em seupróprio nome).

Nesse sentido é o ensinamento do Professor Daniel AmorimAssumpção Neves em seu “Manual de Direito Processual Civil”,10ª Edição, fl. 134:

“Conforme tradicional lição doutrinária, a legitimidade para agir(legitimatio ad causam) é a pertinência subjetiva da demandaou, em outras palavras, é a situação prevista em lei que permitea um determinado sujeito propor a demanda judicial e a umdeterminado sujeito formar o polo passivo dessa demanda.Tradicionalmente se afirma que serão legitimados ao processoos sujeitos descritos como titulares da relação jurídica de direitomaterial deduzida pelo demandante, mas essa definição só temserventia para a legitimação ordinária, sendo inadequada para aconceituação da legitimação extraordinária(....)A regra do sistema processual, ao menos no âmbito da tutelaindividual, é a legitimação ordinária, com o sujeito em nomepróprio defendendo interesse próprio.Excepcionalmente admite-se que alguém em nome própriolitigue em defesa do interesse de terceiro, hipótese em quehaverá uma legitimação extraordinária.”

Transcreve-se o inteiro teor do artigo 18 do CPC para ciência:

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituídopoderá intervir como assistente litisconsorcial.

Por sua vez, em relação ao interesse, consta do CPC oseguinte:

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de umarelação jurídica;II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

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19ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

O que é necessário para se postular em juízo? O que é legitimidadeextraordinária?

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda quetenha ocorrido a violação do direito

Em relação ao interesse dispõe o Professor Daniel AmorimAssumpção Neves em seu “Manual de Direito Processual Civil”,10ª Edição, fl. 132:

“A ideia de interesse de agir, também chamado de interesseprocessual, está intimamente associada à utilidade da prestaçãojurisdicional que se pretende obter com a movimentação damáquina jurisdicional. Cabe ao autor demonstrar que oprovimento jurisdicional pretendido será capaz de proporcionaruma melhora em sua situação fática, o que será o suficientepara justificar o tempo, a energia e o dinheiro que serão gastospelo Poder Judiciário na resolução da demanda(...)Não se deve analisar se o autor tem efetivamente o direito quealegar ter e que, portanto, se sagrará vitorioso na demanda, porque esse tema é pertinente ao mérito e não às condições daação.”

Resposta ideal:Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Tem-

se legitimidade extraordinária quando há o pleito de direito alheio em

nome próprio. Essa apenas é possível quando há autorização pelo

ordenamento jurídico.

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20ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

Em quais hipóteses o juiz pode indeferir a Petição Inicial? Taldecisão é retratável? Em qual prazo?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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20ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

Em quais hipóteses o juiz pode indeferir a Petição Inicial? Taldecisão é retratável? Em qual prazo?

20.1Inépcia/ilegitimidade/

interesse/emenda/endereço

0.60

A presente pergunta é respondida integralmente com a letra delei do Código de Processo Civil.

Nos termos do artigo 330 do CPC são elencadas as hipótesesde indeferimento da inicial: inépcia da exordial, ilegitimidade departe, ausência de interesse processual e não atendimento àsdeterminações judicias de atualização de endereço (artigo 106)ou de emenda da inicial (artigo 321).

Vê-se que, além das já consagradas causas, o novo CPCdeixou evidente os reflexos do Princípio da Cooperação, o qualtambém abrange a atuação judicial. Antes de indeferir a inicialsob os argumentos de ausência de atualização de endereço enão atendimento à emenda da inicial, o Magistrado tem queintimar a parte para que proceda à correção de taisirregularidades. E mais, precisa identificar e indicar qual o erropassível de acarretar o indeferimento da inicial.

Com efeito, colaciono a seguir os artigos mencionados paramemorização:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;II - a parte for manifestamente ilegítima;III - o autor carecer de interesse processual;IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legaisem que se permite o pedido genérico;III - da narração dos fatos não decorrer logicamente aconclusão;IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. (g.n)

§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigaçãodecorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação debens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar napetição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas quepretende controverter, além de quantificar o valor incontroversodo débito. (g.n)

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuara ser pago no tempo e modo contratados.

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20ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

Em quais hipóteses o juiz pode indeferir a Petição Inicial? Taldecisão é retratável? Em qual prazo?

Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe aoadvogado:I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço,seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e onome da sociedade de advogados da qual participa, para orecebimento de intimações;II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juizordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias,antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimentoda petição. (g.n)§ 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serãoconsideradas válidas as intimações enviadas por cartaregistrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preencheos requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos eirregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, aemende ou a complete, indicando com precisão o que deve sercorrigido ou completado.Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juizindeferirá a petição inicial. (g.n)

Atente-se que o autor possui o prazo de 15 dias para proceder àemenda da inicial e 05 dias para indicar endereço e/ou nome doescritório de advocacia.

Aproveito o espaço para indicar os artigos 319 e 320 paraleitura, nos quais estão listados os requisitos da petição inicial.Casos esses não forem observados pelo autor, o juiz deveintimar a parte para correção e, permanecendo o autor inerte,tem-se justificativa para indeferimento da inicial, nos termos doartigo 330, inciso IV c.c artigo 321, parágrafo único, do CPC:

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de uniãoestável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro dePessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, oendereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

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20ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

Em quais hipóteses o juiz pode indeferir a Petição Inicial? Taldecisão é retratável? Em qual prazo?

IV - o pedido com as suas especificações;V - o valor da causa;VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdadedos fatos alegados;VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência deconciliação ou de mediação.

§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II,poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligênciasnecessárias a sua obtenção.

§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da faltade informações a que se refere o inciso II, for possível a citaçãodo réu.§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimentoao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de taisinformações tornar impossível ou excessivamente oneroso oacesso à justiça.

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentosindispensáveis à propositura da ação.

20.2 Retratável. Prazo de05 dias 0.40

A segunda parte da questão é respondida com o disposto noartigo 331, que esclarece ser retratável a decisão deindeferimento da petição inicial em até 05 dias após ainterposição do recurso de apelação. Colaciona-se:

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar,facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu pararesponder ao recurso.§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para acontestação começará a correr da intimação do retorno dosautos, observado o disposto no art. 334.§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsitoem julgado da sentença.

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20ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

Em quais hipóteses o juiz pode indeferir a Petição Inicial? Taldecisão é retratável? Em qual prazo?

Resposta ideal:Tem-se indeferimento nestas hipóteses: inépcia da exordial,

ilegitimidade de parte, ausência de interesse processual e não

atendimento às determinações judicias de indicação de endereço ou

de emenda da inicial. Tal decisão é retratável até o prazo de cinco dias

após a interposição de apelação.

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21ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

1.1 Quais litígios coletivos de posse autorizam a intervenção doMinistério Público como fiscal da ordem jurídica? 1.2 Quandoinicia-se a contagem do prazo para a atuação do MinistérioPúblico?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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21ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

1.1 Quais litígios coletivos de posse autorizam a intervenção doMinistério Público como fiscal da ordem jurídica? 1.2 Quandoinicia-se a contagem do prazo para a atuação do MinistérioPúblico?

21.1litígios coletivos pela

posse de terrarural/urban

0.50

Essa questão também é respondida com a leitura da letra de lei,em especial do artigo 178 do CPC, inciso III:

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nashipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nosprocessos que envolvam:I - interesse público ou social;II - interesse de incapaz;III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. (g.n)

Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública nãoconfigura, por si só, hipótese de intervenção do MinistérioPúblico. (g.n)

Atente que com essa redação, ficou claro que o MinistérioPúblico será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídicanos litígios de posse rural ou urbana. O CPC/73 apenas indicavaos litígios rurais.

Para além disso, o Código abarcou o consolidado entendimentodoutrinário e jurisprudencial de que a participação da FazendaPública, por si só, não implica em intervenção do MinistérioPúblico.

Salienta-se que as hipóteses de atuação do Ministério Públicodevem ser interpretadas em consonância com a Lei Orgânica dacarreira e, especialmente, com o perfil constitucional doMinistério, cujas atribuições constam dos artigos 129/131 daConstituição Federal. Interpretação essa destacada pelo próprioCPC ao dispor em seu artigo 177 que “o Ministério Públicoexercerá o direito de ação em conformidade com suasatribuições constitucionais.”.

O artigo 179 especificou que ao atuar como fiscal da ordemjurídica o Ministério Público deve ter vista dos autos após aspartes, pode produzir provas, requerer as medidas processuaispertinentes e recorrer. Transcreve-se:

Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordemjurídica, o Ministério Público:I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de

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21ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tema: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil).

1.1 Quais litígios coletivos de posse autorizam a intervenção doMinistério Público como fiscal da ordem jurídica? 1.2 Quandoinicia-se a contagem do prazo para a atuação do MinistérioPúblico?

todos os atos do processo;II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuaispertinentes e recorrer.

21.2 Intimação pessoal 0.50

O artigo 180 dispõe que o Ministério Público gozará de prazo emdobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir desua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o. Benefícioesse que não se aplica quando a lei estabelecer, de formaexpressa, prazo próprio para o Ministério Público.

Em relação à intimação pessoal, aponta-se que o SuperiorTribunal de Justiça vem entendendo por tal termo a data daentrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendoirrelevante que a intimação pessoal tenha se dado emaudiência, em cartório ou por mandado.

O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisãojudicial é, para o Ministério Público, a data da entrega dos autosna repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que aintimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório oupor mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min.Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). (g.n)

Por fim, registra-se que o CPC de 2015 inovou ao prever, emseu artigo 181, a possibilidade de responsabilidade civil domembro do Ministério Público quando esse agir com dolo oufraude no exercício de suas funções:

Art. 181. O membro do Ministério Público será civil eregressivamente responsável quando agir com dolo ou fraudeno exercício de suas funções

Resposta ideal:Dentre as hipóteses previstas para a atuação do parquet tem-se os

litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. O prazo para

manifestação ministerial inicia-se a partir de sua intimação pessoal, isto

é, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão.

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22ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 4 Domínio dos mecanismos de coesão textual.

Coesão referencial1.1: Em que consiste a coesão referencial?1.2: Quais os tipos de coesão referencial?1.3: Quais as duas categorias de coesão referencial pronominal?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

22.1Processo de retomarou antecipar termo

no texto.0.40

A coesão referencial é tipo mais produtivo e recorrente decoesão utilizado tanto na fala quanto na escrita. É extremamenteimportante para a construção e articulação semântica no texto.É através da coesão que o texto mantém o tópico frasal,antecipa-o e o recupera. O uso de pronomes, de palavrashomônimas ou do mesmo campo semântico, o emprego daflexão verbal e de advérbios são as estratégias mais recorrentesde coesão referencial.FURTADO, Lílian & PEREIRA, Vinícius C. Técnicas de Redaçãopara Concursos. 6ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017.KOCH, Ingedore V. A coesão textual. São Paulo: Contexto,2014.

22.2 Coesão pronominal,lexical e sequencial 0.30

A coesão pronominal se dá pelo emprego de pronomes. Comoexemplo: “O fiscal da prova foi muito rigoroso com o candidato,mas este desacatou aquele.” Neste caso, este (pronomedemonstrativo) retoma o termo “candidato” – mais próximo dopronome; enquanto aquele (pronome demonstrativo) retoma otermo “fiscal” – mais distante do pronome.A coesão lexical ocorre quando há uma correspondência desentido entre as palavras no contexto. Exemplo: “O juiz aplicouuma pena branda ao réu, pois o magistrado entendeu haveratenuantes suficientes para tanto.” Juiz e magistrado sãopalavras que possuem equivalência semântica e são usadascomo sinônimos no contexto.A coesão sequencial acontece através do emprego dosconectivos que ligam as orações ou termos das orações.Manifestam-se através das conjunções e locuções conjuntivas,bem como das preposições e locuções prepositivas. Exemplos:Devido ao mau tempo, os voos foram cancelados (relação decausa e consequência). Estudei coesão referencial a fim deprestar o concurso do MPU (relação de finalidade).FURTADO, Lílian & PEREIRA, Vinícius C. Técnicas de Redaçãopara Concursos. 6ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017.KOCH, Ingedore V. A coesão textual. São Paulo: Contexto,2014.

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22ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 4 Domínio dos mecanismos de coesão textual.

Coesão referencial1.1: Em que consiste a coesão referencial?1.2: Quais os tipos de coesão referencial?1.3: Quais as duas categorias de coesão referencial pronominal?

22.3 Coesão endofórica eexofórica. 0.30

Na coesão endofórica, o referente encontra-se dentro do texto.Exemplo: “Refiro-me a isto: estudar com afinco”. Neste caso, opronome “isto” (antecipa a expressão “estudar com afinco”)realiza uma coesão endofórica catafórica, aquela que oreferente está no texto e aparece depois do pronome referencial.Vejamos outro exemplo: “O combate às drogas tem sidoineficaz. Isso faz com que a violência aumente de formageneralizada”. Já aqui, o pronome “isso” retoma o termo “ocombate às drogas”. Trata-se de coesão endofórica anafórica(retoma termo citado anteriormente).Na coesão exofórica, o pronome referencial não está no texto,mas no contexto. Exemplo: “A miséria ainda é uma condiçãoque afeta muitas famílias neste país”. Neste caso, o referente éo Brasil, o país, que está fora do texto.FURTADO, Lílian & PEREIRA, Vinícius C. Técnicas de Redaçãopara Concursos. 6ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017.KOCH, Ingedore V. A coesão textual. São Paulo: Contexto,2014.

Resposta ideal:A coesão referencial é um recurso que permite retomar e antecipar

referentes no texto. Pode ser lexical (sinônimos), sequencial

(conjunções e preposições) e pronominal. A pronominal pode ser

endofórica (dentro do texto) e exofórica (fora do texto).

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23ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

2.1: Qual o conceito de oração subordinada?2.2: Quais são as classes de palavras que são representadasquanto às funções sintáticas pelas orações subordinadas?2.3: Quais as características funcionais sintáticas de cada tipo deoração subordinada em relação à oração principal?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

23.1Rel. de dependênciade sentido à oração

principal0.40

A oração subordinada se liga à outra através de conjunçãointegrante (que serve apenas para ligar uma oração à outra),conjunção subordinativa (estabelece relação semântica entre asorações) ou pronome relativo (retoma termo anteriormentecitado). A oração subordinada, sozinha, não possui sentidocompleto. Isso a diferencia da oração coordenada. No períodocomposto por coordenação, as orações, quando isoladas, sãoindependentes do ponto de vista sintático e semântico.A oração subordinada sempre dependerá da oração principal tersentido completo, para ser entendida.Exemplo: “Que você saia.” Essa oração sozinha não tem sentidonem poderia ser escrita assim, pois não possui, também,autonomia sintática. Assim, precisa de uma outra oração paracompletar o seu sentido: “É necessário que você saia”. Éimperativo lembrar que a oração subordinada sempre vemantecedida da conjunção integrante, conjunção subordinativa oudo pronome relativo.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

23.2 Substantivo, adjetivoe advérbio 0.30

Por isso, as orações subordinadas são classificadas comosubstantivas, adjetivas e adverbiais.A oração subordinada substantiva se liga à oração principalatravés das conjunções integrantes, principalmente “que” e “se”.A oração subordinada adjetiva se liga à oração principal atravésdos pronomes relativos, principalmente o “que”.

A oração subordinada adverbial se liga à oração principalatravés das conjunções subordinativas de causa, comparação,concessão, condição, conformidade, consequência, finalidade,proporção e tempo.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

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23ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

2.1: Qual o conceito de oração subordinada?2.2: Quais são as classes de palavras que são representadasquanto às funções sintáticas pelas orações subordinadas?2.3: Quais as características funcionais sintáticas de cada tipo deoração subordinada em relação à oração principal?

23.3Completa

sentido,carac. o ser,circunstancia ação

0.30

Completam o sentido as orações subordinadas substantivas. Asfunções do substantivo são: sujeito, objeto direto e indireto,complemento nominal, predicativo do sujeito e aposto.Caracterizam o ser as orações subordinadas adjetivas. A funçãodo adjetivo é a de adjunto adnominal.Circunstanciam a ação as orações subordinadas adverbiais. Afunção do advérbio é a de adjunto adverbial.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

Resposta ideal:Depende sintaticamente de uma oração principal para ter sentido

completo.Equivalem a substantivo, adjetivo e advérbio.As funções do

substantivo são: sujeito,predicativo do sujeito,objetos direto e

indireto,aposto e complemento nominal.Do adjetivo é adjunto

adnominal;já a do advérbio, adj. adverbial.

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24ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

3.1: Qual a função sintática principal do ponto-e-vírgula?3.2: Pode o ponto-e-vírgula ser usado no lugar da vírgula?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

24.1Separar estruturas

coordenadasportadoras de vírg.

0.50

A função principal do ponto-e-vírgula é separar estruturascoordenadas que já possuem vírgulas internas. Ou seja, separaperíodos compostos, cujas orações já possuem vírgulas em seuinterior.Exemplo: Sem virtude, perece a democracia; o que mantém ogoverno despótico é o medo.Observem que, na primeira oração, há uma vírgula separando otermo deslocado. Além disso, são estruturas coordenadas, quepossuem sentido completo e independência sintática se fossemempregadas no período simples = Sem virtude, perece ademocracia. O que mantém o governo despótico é o medo.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

24.2 Sim, para dar ênfaseao que se quer dizer. 0.50

Isso justifica o emprego do ponto-e-vírgula nas enumerações,como, por exemplo, nos incisos e alíneas das leis. A ênfasetambém se manifesta em orações coordenadas assindéticas(sem conjunção) em que se quer algum efeito estilístico com oponto-e-vírgula. Exemplo: “Matamos o tempo; o tempo nosenterra” (Machado de Assis)MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

Resposta ideal:3.1 = Separar estruturas sintáticas coordenadas que já contêm vírgulas

em seu interior.

3.2 = Sim, como recurso estilístico para dar ênfase à oração,

oferecendo uma espécie de pausa maior para evidenciar reflexão,

contradição, etc.

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25ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 4 Domínio dos mecanismos de coesão textual.

4.1: Quais ideias são expressas através do emprego do modosubjuntivo?4.2: Quais são os tempos do modo subjuntivo?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

25.1 A ideia de dúvida ede hipótese. 0.50

O modo subjuntivo é empregado quando o ato ou a ação étomada pelo falante como duvidosa, incerta, provável, seja emrelação à realização do fato ou mesmo em relação ao tempo.Exemplo: “O povo quer que eu cante.” Semanticamente, ofalante expressa um conteúdo verbal em que a ação do períododestacado não se mostra concreta em termos de realização.Seria diferente, por exemplo, se o falante quisesse expressar acerteza, quando usaria o modo indicativo: “O povo quis e eucantei”.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

25.2 Presente, PretéritoImperfeito e Futuro 0.50

Importante observar que o futuro no modo subjuntivo não équalificado como no modo indicativo (futuro do presente e futurodo pretérito). A ideia contida no pretérito imperfeito é a de umaação que antecede algo que aconteceu e finalizou no passado.Isto é, a ação seria anterior a do pretérito perfeito, porém, comoo modo é o subjuntivo, seria uma dúvida, hipótese ou incertezaque aconteceu antes do fato passado consumado. Exemplo: Seeu tivesse realizado a prova pela tarde, descansava pelamanhã.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

Resposta ideal:4.1 = O modo subjuntivo expressa dúvida, incerteza, possibilidade de

concretização da ação verbal.

4.2 = Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro.

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26ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

5.1: Quais os pronomes que admitem a ocorrência de crase?5.2: Quais desses pronomes que admitem crase permite o usofacultativo e, nesses casos, quando se recomenda o emprego?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

26.1Possessivos e detratamento fem. e

aquele (a, ilo)0.50

Os pronomes possessivos femininos (minha, sua, tua e flexões)admitem a crase porque são pronomes que permitem aocorrência do artigo feminino “a”. Exemplos:“A sua mãe está em casa. Entregue isso à sua mãe.”.Observem que na primeira ocorrência, o “A” é um artigo. Já comos demais pronomes, isso não é possível. Exemplos:“A ninguém chegou cedo. A qualquer pessoa pode fazer isso”.Essas construções não existem, correto? O certo seria“Ninguém chegou cedo. Qualquer pessoa pode fazer isso”Com os pronomes de tratamento femininos, ocorre o mesmofenômeno. São eles: senhora, dona, senhorita, madame. Essespronomes também admitem o artigo “a”. Exemplos:“A senhora ficou gravemente ferida. A dona Maria sofreu umgrave acidente”.Isso não é possível com os demais pronomes de tratamento.Exemplo:“A Vossa Excelência chegará tarde ao evento”. O correto é“Vossa Excelência chegará tarde ao evento.”Já com os pronomes demonstrativos aquele e flexões, há, naverdade, a fusão da preposição com o “a” que inicia essespronomes. Exemplo:Refiro-me a aquele livro do Luís Roberto Barroso > Refiro-meàquele livro do Luís Roberto Barroso.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

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26ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

5.1: Quais os pronomes que admitem a ocorrência de crase?5.2: Quais desses pronomes que admitem crase permite o usofacultativo e, nesses casos, quando se recomenda o emprego?

26.2Possessivos

femininos. Paraevitar ambiguidades.

0.50

O uso da crase diante de pronomes possessivos femininos éfacultativo, mas recomenda-se o emprego em frases que podemgerar ambiguidades, dúvidas. Exemplo:“A diretora, muito agressiva, bateu a sua porta.”Sem a crase, a oração acima permite duas leituras: a primeira,que a diretora bateu a porta da sala (ou outro lugar) dela, quepertence a ela. Já na segunda, a diretora bateu na porta dapessoa com quem se fala. Se a intenção for a segunda leitura,recomenda-se o uso da crase: “A diretora, muito agressiva,bateu à sua porta.” Ou seja, bateu na porta daquele com quemse fala.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

Resposta ideal:Não admitem crase,exceto pronomes possessivos fem.,pronomes de

tratamento exclusivamente fem. e os pronomes demonstrativos aquele,

aquela (e flexões) e aquilo.A crase diante de pronomes possessivos é

facultativa,porém,recomenda-se o seu emprego quando a ausência do

sinal indicativo gerar ambiguidade

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27ª Pergunta ChaveDisciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: 5 Domínio da estrutura morfossintática do  período.

6.1: Com quais tempos verbais ocorre a mesóclise?6.2: Quais pronomes oblíquos átonos podem iniciar uma oração?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

27.1 Futuro do presente efuturo do pretérito 0.50

Futuro do presente e futuro do pretérito são os dois únicostempos verbais que permitem a ocorrência de mesóclise.Exemplos: Entregarei o livro a você > Entregá-lo-ei.Entregaria a encomenda ao Pedro. > Entregar-lhe-ia.Observem, nesses dois exemplos, a questão do uso dospronomes com relação à transitividade do verbo: verbostransitivos diretos pedem os pronomes o, a, os, as. Já os verbostransitivos indiretos pedem os pronomes lhe, lhes.Quem entrega, entrega algo (não pede preposição, objetodireto).Quem entrega, entrega algo a alguém (o verbo pede preposiçãoantes do pronome alguém, objeto indireto).BECHARA, Evanildo. Lições de Língua Portuguesa pela AnáliseSintática. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

27.2 Nenhum. 0.50

Embora os manuais modernos de redação admitam que opronome átono possa iniciar a oração no meio do período, agramática normativa não flexibilizou essa regra. Portanto, não seadmite iniciar orações com pronomes oblíquos átonos.BECHARA, Evanildo. Lições de Língua Portuguesa pela AnáliseSintática. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado. 2ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.TEIXEIRA, Nílson. Gramática da Língua Portuguesa paraconcursos e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2017.

Resposta ideal:6.1 = A mesóclise ocorre apenas com o futuro de presente e o futuro

do pretérito, ambos no modo indicativo.

6.2 = Nenhum, pois não se deve iniciar orações com o pronome

oblíquo átono.

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28ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL MILITAR

Tema: 2 Crime.

Em relação ao estado de necessidade, qual a teoria adotada peloCódigo Penal Militar?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

28.1Teoria diferenciadora

do estado denecessidade

0.50

Diversamente do Código Penal Comum, que adota a teoriaunitária do estado de necessidade, o Código Penal Militar adotaa teoria diferenciadora do estado de necessidade, em que seadmite o estado de necessidade também quando se sacrificabem de valor maior do que aquele que se defende. O CódigoPenal Comum adotou a teoria unitária, em que o bem atacadodeve ser de menor valor ou, no máximo, de igual valor ao dobem defendido. (PRESTES, Fabiano Caetano. Direito PenalMilitar. Salvador: JusPodivm, 2018, p. 82).

A propósito, o seguinte julgado do Superior Tribunal Militar:HABEAS CORPUS. CRIME DE DESERÇÃO. ARTIGO 187 DOCÓDIGO PENAL MILITAR. INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DEDESERÇÃO REGULARMENTE CONDUZIDA. AUSÊNCIA DEILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. EXCLUSÃO DACULPABILIDADE POR COAÇÃO MORAL. IMPOSSIBILIDADEEM CRIMES CONTRA O DEVER MILITAR. ADOÇÃO DATEORIA DIFERENCIADORA.1. Esgotado o prazo de graça previsto na lei penal militar, erespeitados os requisitos formais da instrução provisória dedeserção, não há que se falar em ilegalidade no ato de prisão dosoldado desertor.2. Nos crimes de violação do dever militar, somente é possível aexclusão da culpabilidade pelo reconhecimento de estado denecessidade exculpante, uma vez que o Código Penal Militaradotou a teoria diferenciadora. A lei não acolhe a alegação decoação como causa dirimente, exceto se física e irresistível.3. Não é possível reconhecer, em sede de habeas corpus, aalegada coação irresistível, ou mesmo o estado de necessidadeexculpante. Deve o paciente demonstrar suas alegações nocurso da instrução criminal.4. Ordem denegada. Decisão unânime.(STM, HC 34334 AM, 2007.01.034334-2, Rel. Flavio Flores daCunha Bierrenbach, julgado em 05/06/2007).

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28ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL MILITAR

Tema: 2 Crime.

Em relação ao estado de necessidade, qual a teoria adotada peloCódigo Penal Militar?

28.2 Artigos 39 e 43 doCódigo Penal Miliar. 0.50

No Código Penal Militar, há duas possibilidades de configuraçãodo estado de necessidade: estado de necessidade comoexcludente do crime (CPM, art. 43), quando o bem atacado é demenor valor do que o defendido (estado de necessidadejustificante); e estado de necessidade excludente daculpabilidade (COM, art. 39), quando o bem atacado é de igualou de maior valor que o defendido, que se diz estado denecessidade exculpante (PRESTES, Fabiano Caetano. DireitoPenal Militar. Salvador: JusPodivm, 2018, p. 82).

Vejamos as disposições do Código Penal Militar:Estado de necessidade, como excludente do crime: Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quempratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigocerto e atual, que não provocou, nem podia de outro modoevitar, desde que o mal causado, por sua natureza eimportância, é consideravelmente inferior ao mal evitado, e oagente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo.Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade: Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para protegerdireito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitasrelações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual,que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrificadireito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desdeque não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa.

Nota-se que o estado de necessidade exculpante do CódigoPenal Militar é equivalente à inexigibilidade de conduta diversano Código Penal Comum.

Resposta ideal:Em relação ao estado de necessidade, o Código Penal Militar adota a

teoria diferenciadora. Quando o bem jurídico protegido é de valor

superior ao sacrificado, exclui-se a ilicitude (art. 43); quando é de valor

igual ou inferior ao bem sacrificado, exclui-se a culpabilidade (art. 39).

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29ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL MILITAR

Tema: 2 Crime.

Aplica-se o princípio da insignificância no âmbito do Direito PenalMilitar?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

29.1 Natureza jurídica p.insignificância 0.50

Trata-se de causa supralegal de exclusão da tipicidade material(a conduta, portanto, será atípica) (CORREIA, Martina. DireitoPenal em Tabelas. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 119).

O Min. Celso de Mello (HC 84.412-0/SP) idealizou quatrorequisitos objetivos para a aplicação do princípio dainsignificância, sendo eles adotados pela jurisprudência do STFe do STJ. Segundo a jurisprudência, somente se aplica oprincípio da insignificância se estiverem presentes os seguintesrequisitos cumulativos: a) mínima ofensividade da conduta; b)nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzido grau dereprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade dalesão jurídica provocada.

29.2 Inaplicabilidade 0.50

O Superior Tribunal Militar e o Supremo Tribunal Federalrechaçam a aplicação do princípio da insignificância (princípioda bagatela própria), sob pena de afronta à autoridade,hierarquia e disciplina, bens jurídicos cuja preservação éimportante para o regular funcionamento das instituiçõesmilitares (STF. 2ª Turma. HC 118255, Rel. Min. RicardoLewandowsky, julgado em 19/11/2013).

O Supremo já assentou a inaplicabilidade do princípio dainsignificância à posse de quantidade reduzida de substânciaentorpecente em local sujeito à administração militar, delito doar. 290 do COM (STF. 2ª Turma. ARE 856183 Agr, Rel. Min.Dias Toffoli, julgado em 30/06/2015).

Devemos nos atentar, ainda, para o fato de que hájurisprudência do Superior Tribunal Militar em que estereconheceu a aplicação da bagatela imprópria, ou seja, em quehá o reconhecimento do crime, mas se entende peladesnecessidade de aplicação da pena. O caso envolvia o delitode furto de dinheiro praticado por soldado contra um colega,para comprar medicamento para seu pai, recém-operado.Disponível em https://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/5358-em-votacao-historica-corte-acolhe-tese-de-ministra-e-absolve-ex-soldado-pelo-principio-da-bagatela-impropria. Acesso em 05/09/2018.

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29ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PENAL MILITAR

Tema: 2 Crime.

Aplica-se o princípio da insignificância no âmbito do Direito PenalMilitar?

Resposta ideal:O princípio da insignificância, consistente em causa supralegal de

exclusão da tipicidade material do delito, não é aplicável no âmbito do

Direito Penal Militar, conforme a jurisprudência do STF e do STM.

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30ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Tema: 2 Polícia judiciária militar.

A quem compete o exercício das atribuições de polícia judiciáriamilitar?

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

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30ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Tema: 2 Polícia judiciária militar.

A quem compete o exercício das atribuições de polícia judiciáriamilitar?

30.1Art. 7º do Código de

Processo PenalMilitar

0.60

A polícia judiciária é órgão de segurança do Estado que temcomo principal função apurar infrações penais e sua autoria pormeio da investigação policial, que é um procedimentoadministrativo com característica inquisitiva, servindo, em regra,de base à pretensão punitiva do Estado formulada peloMinistério Público, titular da ação penal de iniciativa pública. Aocontrário da justiça estadual e da federal, que possuemrespectivamente a polícia civil e a federal para a investigação, apolícia judiciária militar é exercida pelas autoridades castrenses,conforme as suas áreas de atuação, que poderão ser delegadasa oficiais da ativa para fins especificados e por tempo limitado(PRESTES, Fabiano Caetano. Direito Processual Penal Militar.Salvador: JusPodivm, 2018, p. 15).

“Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos têrmos do art.8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivasjurisdições: a) pelos ministros da Marinha, do Exército e daAeronáutica, em todo o território nacional e fora dêle, em relaçãoàs fôrças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como amilitares que, neste caráter, desempenhem missão oficial,permanente ou transitória, em país estrangeiro; b) pelo chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, emrelação a entidades que, por disposição legal, estejam sob suajurisdição; c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral daMarinha, nos órgãos, fôrças e unidades que lhes sãosubordinados; d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, fôrças e unidadescompreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ouZona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios; f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe deGabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviçosque lhes são subordinados; g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições,estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organizaçãobásica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios; § 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição,hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigopoderão ser delegadas a oficiais da ativa, para finsespecificados e por tempo limitado.

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30ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Tema: 2 Polícia judiciária militar.

A quem compete o exercício das atribuições de polícia judiciáriamilitar?

Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por leiespecial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aosmembros do Ministério Público as informações necessárias àinstrução e julgamento dos processos, bem como realizar asdiligências que por êles lhe forem requisitadas; c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela JustiçaMilitar; d) representar a autoridades judiciárias militares acêrca daprisão preventiva e da insanidade mental do indiciado; e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aospresos sob sua guarda e responsabilidade, bem como asdemais prescrições dêste Código, nesse sentido; f) solicitar das autoridades civis as informações e medidasque julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja aseu cargo; g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civisas pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídiode inquérito policial militar; h) atender, com observância dos regulamentos militares, apedido de apresentação de militar ou funcionário de repartiçãomilitar à autoridade civil competente, desde que legal efundamentado o pedido”.

Assim, compete à Polícia Judiciária Militar apurar a prática decrimes militares sujeitos à jurisdução militar e sua autoria. Notemque não exercem função de polícia judiciária militar o Ministro daDefesa e o Secretário de Segurança Pública.

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30ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Tema: 2 Polícia judiciária militar.

A quem compete o exercício das atribuições de polícia judiciáriamilitar?

30.2Delegação para

instauração de inq.policialmilitar

0.40

Tratando-se de delegação para instauração de inquérito policialmilitar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao doindiciado, seja este oficial da ativa, da reserva remunerada ounão, ou reformado. Não sendo possível, a designação de oficialpoderá ser feita com a de mesmo posto, desde que mais antigo(PRESTES, Fabiano Caetano. Direito Processual Penal Militar.Salvador: JusPodivm, 2018, p. 16).

Art. 7º do Código de Processo Penal Militar. § 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquéritopolicial militar, deverá aquela recair em oficial de pôsto superiorao do indiciado, seja êste oficial da ativa, da reserva,remunerada ou não, ou reformado. § 3º Não sendo possível a designação de oficial de pôstosuperior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmopôsto, desde que mais antigo. § 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, nãoprevalece, para a delegação, a antiguidade de pôsto.

§ 5º Se o pôsto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, demodo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nascondições do § 3º, caberá ao ministro competente a designaçãode oficial da reserva de pôsto mais elevado para a instauraçãodo inquérito policial militar; e, se êste estiver iniciado, avocá-lo,para tomar essa providência.

Art. 10, § 1º, do CPPM:§ 1º Tendo o infrator pôsto superior ou igual ao do comandante,diretor ou chefe de órgão ou serviço, em cujo âmbito dejurisdição militar haja ocorrido a infração penal, será feita acomunicação do fato à autoridade superior competente, paraque esta torne efetiva a delegação, nos têrmos do § 2° do art.7º.

Importante sabermos que a delegação para a instauração doinquérito policial militar deve observar a questão hierárquica.Sendo o indicado oficial da ativa, quem preside o inquéritodeverá ser seu superior hierárquico, preferencialmente de postosuperior. Se não for possível a designação de oficial de postosuperior, a delegação recairá a oficial do mesmo posto que sejamais antigo que o indiciado. Porém, se o indiciado for oficial dareserva ou reformado, não prevalecerá a antiguidade do posto(Atenção, pois esta última assertiva, consistente na disposiçãodo parágrafo 4º do artigo 7º do Código de Processo PenalMilitar, foi cobrada pelo CESPE em 2016 na prova de Analista

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30ª Pergunta ChaveDisciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Tema: 2 Polícia judiciária militar.

A quem compete o exercício das atribuições de polícia judiciáriamilitar?

da DPU).

Resposta ideal:As atribuições de polícia judiciária militar são exercidas pelas

autoridades castrenses, com possibilidade de delegação para oficiais

da ativa. Tratando-se de delegação para instauração de inquérito

policial militar, esta deverá recair em oficial de posto superior ao do

indiciado.

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31ª Pergunta ChaveDisciplina: PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Tema: 1 Conceito de racismo institucional.

O racismo institucional pode ser definido como o fracasso deinstituições e organizações em prover um serviço apropriado àspessoas em virtude de sua cor, cultura ou origem ética, falha estavioladora do princípio constitucional da igualdade, impondo acertos indivíduos impactos desproporcionais

Item Critério deAvaliação

Pt. Explicação do Professor

31.1 Conceito de racismoinstitucional 0.50

O racismo é, sem dúvidas, nefasto para a sociedade e podeestar presente em sentimentos, pensamentos, atitudes. Em umadada sociedade ou instituição organizada, o reflexo dele é capazde gerar uma falha estrutural tão grande na assistência decertos grupos de pessoas a ponto de, na prática, negar-lhes osmesmos direitos e acesso a mesmos serviços assegurados aoutros indivíduos não integrantes do grupo-alvo do racismo.

O conceito de racismo institucional foi pela primeira vez traçadopor ativistas integrantes do movimento “Black Power” no finaldos anos 60 como “falha coletiva de uma organização em proverum serviço apropriado e profissional às pessoas por causa desua cor, cultura ou origem ética” (Carmichael, S. e Hamilton, C.Black Power: the politics of liberation in America. New York,Vintage, 1967, p. 4).

O racismo institucional, como se vê, apesar de ter raízes nomesmo problema, não se confunde com a prática do racismo emsi, que constitui crime inafiançável e imprescritível.

CF, art. 5º, inciso XLII: “a prática do racismo constitui crimeinafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nostermos da lei”.

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31ª Pergunta ChaveDisciplina: PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Tema: 1 Conceito de racismo institucional.

O racismo institucional pode ser definido como o fracasso deinstituições e organizações em prover um serviço apropriado àspessoas em virtude de sua cor, cultura ou origem ética, falha estavioladora do princípio constitucional da igualdade, impondo acertos indivíduos impactos desproporcionais

31.2Incompatibilidade

com preceitosconstitucionais

0.25

É imprescindível lembrarmos que o princípio da igualdade éconsagrado expressamente no texto constitucional, como seinfere dos artigos 3º, inciso IV, e 5º, caput e inciso I, daConstituição Federal de 1988.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da RepúblicaFederativa do Brasil:IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas dediscriminação.Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquernatureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeirosresidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termosseguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nostermos desta Constituição;

Sobre o sistema das igualdades constitucionais no Brasil, ocaminhar da interpretação encontra respaldo teórico nodenominado direito da antidiscriminação, este que, por envolvertanto a perspectiva da antidiferenciação, mais ligada à igualdadeformal, quanto à da antisubordinação, mais ligada à igualdadematerial, inserido na temática da construção das igualdadesconstitucionais (SILVA, Paulo Thadeu Gomes da. Sistemaconstitucional das liberdades e das igualdades. São Paulo:Atlas, 2012, p. 148).

As três dimensões da igualdade são, conforme argumentosdesenvolvidos pelo Ministro Luís Roberto Barroso quando dojulgamento da ADC 41/DF, são:a)Igualdade formal: não pode haver privilégios e tratamentosdiscriminatórios (igualdade perante a lei, conceito direcionado aoaplicador da lei – judicial e administrative – e igualdade na lei,comando dirigido ao legislador); fundamento: art. 5º, caput, daCF/88.b)Igualdade material: proteção jurídica ao economicamente maisfraco, prestações sociais adequadas em matérias comoeducação, saúde e saneamento, busca por justiça social eigualdade real (fundamento no art. 3º, incisos I e III, da CF/88);c)Igualdade como reconhecimento: significa o respeito que se

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31ª Pergunta ChaveDisciplina: PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Tema: 1 Conceito de racismo institucional.

O racismo institucional pode ser definido como o fracasso deinstituições e organizações em prover um serviço apropriado àspessoas em virtude de sua cor, cultura ou origem ética, falha estavioladora do princípio constitucional da igualdade, impondo acertos indivíduos impactos desproporcionais

deve ter para com as minorias, para com sua identidade e suasdiferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou outras.

STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgadaem 8/6/2017 (Informativo 868).

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31ª Pergunta ChaveDisciplina: PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Tema: 1 Conceito de racismo institucional.

O racismo institucional pode ser definido como o fracasso deinstituições e organizações em prover um serviço apropriado àspessoas em virtude de sua cor, cultura ou origem ética, falha estavioladora do princípio constitucional da igualdade, impondo acertos indivíduos impactos desproporcionais

31.3 Teoria do ImpactoDesproporcional 0.25

A teoria do impacto desproporcional consiste em forma dediscriminação indireta violadora do princípio da isonomia.

“Toda e qualquer prática empresarial, política governamental ousemigoveramental, de cunho legislativo ou administrativo, aindaque não provida de intenção discriminatória no momento de suaconcepção, deve ser condenada por violação do princípioconstitucional da igualdade material se, em consequência desua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidênciaespecialmente desproporcional sobre certas categorias”(GOMES, Joaquim Benedito Barbosa. Ação afirmativa eprincípio constitucional da igualdade, Rio de Janeiro: Renovar,2001, p. 24).

Referida teoria está intimamente ligada ao princípioconstitucional da igualdade, já citado, e também ao princípio daconstitucional implícito da proporcionalidade.

O Ministro Roberto Barroso utilizou referida teoria no julgamentodo Habeas Corpus 124306/RJ, em que admitiu a possibilidadede interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação,provada pela própria gestante ou com o seu consentimento,tendo em vista que, segundo o Ministro, a tipificação penal doaborto produz também discriminação social, por prejudicar, deforma desproporcional, as mulheres pobres, que não têmacesso a médicos e clínicas particulares, nem podem se valerdo sistema público para tanto (HC 124306/RJ, rel. orig. Min.Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em29/11/2016. Informativo 849).

Dessa forma, havendo impacto desproporcional de determinadamedida, lei ou política pública sobre certas categorias depessoas que tenha como causa fatores econômicos, de gênero,de cor, há também violação aos princípios da igualdade e daproporcionalidade.

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31ª Pergunta ChaveDisciplina: PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Tema: 1 Conceito de racismo institucional.

O racismo institucional pode ser definido como o fracasso deinstituições e organizações em prover um serviço apropriado àspessoas em virtude de sua cor, cultura ou origem ética, falha estavioladora do princípio constitucional da igualdade, impondo acertos indivíduos impactos desproporcionais

Resposta ideal:O racismo institucional pode ser definido o fracasso de instituições e

organizações em prover um serviço apropriado às pessoas em virtude

de sua cor, cultura ou origem ética, falha esta violadora do princípio

constitucional da igualdade, impondo a certos indivíduos impactos

desproporcionais.

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