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andando entre nuvens bruno nobru

andando entre nuvens, bruno nobru

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a polícia é uma piadao estado uma arrecadaçãoe a vitrine quer nos atrairinterprete-os como quiserisso é problema seu, não meue fique claro que não sou só o que escrevoescrito entre 2007 e 2008, por bruno nobru

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andando entre nuvens

bruno nobru

prelúdio

o que escrevo é para os de consciência livre– provavelmente estes que me compreenderão,porém dedico também aos que buscam estaconsciência livre e sugiro que o façam sozinhos, porsi mesmos, que tornem fortes e autores de seucaminho

a melhor companhia para a leitura do que escrevo é a de si mesmo e nada mais... não há nenhuma intenção em minha escrita de compor alguma verdade - se você estiver lendo com esta intenção já digo de cara que não é o que encontrará aqui e que não é essa minha busca, tampouco minha caminhada

sugiro a escuta do silêncio, que se permita ler além das letras e a si mesmo; que não tire conclusões precipitadas, não tenha pressa em ler. e escreva você também o que pensa, sente e quer: seja sincero contigo, não queira me agradar, pois eu também não quero te agradar

crie teu caminho no caminhar, concorde ou discorde, desobedeça seus atos mais nocivos à si mesmo, aos atos de ceder a sua vontade, de se privar, de se viver no medo e na mentira hipócrita do homos-burocráticus

“as coisas que você possui acabam te possuindo”, “você não é o que você possui”, são frases que estão no ‘clube da luta’. voe com elas para adiante e jogue fora sua calça (aquela que já cansou de usar e nunca se sente bem), largue tua moral antes que ela te denuncie, esqueça seu celular numa esquina qualquer, mostre a sua cara, sem cenas

se permita a desobedecer, a agir em favor de si mesmo, mas conheça tua vontade... atente para a diferença entre fazer o que se quer fazer e fazer o que os outros querem que você faça – o que eles esperam de você, o que você espera de você?

não tente entender racionalmente o que é certo, verdadeiro, justo e bom. experimente viver o que surgir e permita que você mesmo avalie o que sentiu, se foi ‘bom’ ou ‘não’ depois. não permita que seja consumido pelas crenças que meios e as pessoas empurram a você.. tão simplistas e ordinárias, inconsistentes e refutáveis

não se cobre por ler isto - deixe jogado em qualquer canto, leia de vez em quando, poucas palavras, talvez uma página por mês – pois é por aí a leitura, é aos poucos que ela acontece, pois é aos poucos que a gente acontece... e não tome o que

esta escrito aqui como qualquer outro texto, pois ele não é um qualquer...

você está lendo um texto que alguém escreveu, uma pessoa dum ponto da terra. talvez o autor desse texto já esteja morto, ou não, quem sabe? e você? há quanto tempo você não lê com atenção, já parou para pensar nisso? sabe a experiência de vida de quem o escreveu? e a tua? há quanto tempo você não conversa com alguma pessoa que encontra em seu dia-a-dia – estou falando de conversar mesmo, não fofocar ou tagarelar? e quanto tempo para você mesmo?

por que não desburocratizar relações? descoisar pessoas? lembrar que a gente é gente e não computador, celular, roupa, carro ou textos decorados... temos história, valores e cultura – cada um de nós é uma estrela com sua particularidade indescritível e imensurável

viver a vida, o riso, a faca, o amor por si mesmo, pela vida, pelo sol e por cada partícula de ar que se respira. sentir a dor que também é real e saber que a gente vale muito mais do que qualquer coisa que a gente tenha

os espaços em branco são para serem apropriados: riscados, escritos, gritados, etc

o que passou

passou

e o que ficou

é o que estou me ligandoagora

quanto mais

vivencias diferentes

mais

diferentes possibilidades- outros caminhos

novos e diferentes

outros

quanto mais caminho

mais livre vou

para escolher comigoo que quero que permaneça

e o que quero mudar

chove, mas faz sol

estou me re-esticando

a minha estética

e à mim mesmo

sem números de nuvens

navegam sem ar

sem-tido se-cria

ao cho-car

casi vai

mas anda deva-gar

uma cerveja vale um momento

- uma pau-sa -pro amargo ficar doce

essa me custou R$ 2,20

quando escrevo

me mostro...

tinto riscos no papel

com partes de mim

minha escrita está

entre as coisas

entre eu e minhas vivências

entra em mim esai em fragmentos

o direito do que escrevo

assim como minha escolha

só cabe à mime a ninguém mais

ninguém melhor do que eu

para descrevê-lo

algumas células ficam

e outras continuam

cuidando da mitosee da meiose

a caneta transmite

e ascende

- passeios por fios -

e as palavras

coitadas delas

que nem sabem o que dizem

predadores e presas

parasitas sugadores de sangue

disfarçados de ajudantes inofensivos

utilizam-se de estratégias para a captura

de suas presas...

algumas das presas

procuram disfarces para se defender...restam os mais fortes

cada um desenvolve diferentes formas

para se defender de seus predadores

tentando garantir sua sobrevivência

alguns se unem em grupos

contra predadores comunscriam tribos e geram conflitos em relações

as diferenças nascem do sexo

e os conflitosdas relações entre os diferentes

trecho do corte

eu crio tu sente ele passanós andamos

eu confundo tu afundas ele mergulhanós nadamos

eu te cortotu me cortasele se cortanós quebramos

eu me colo tu te driblaseles se encontram nós observamos

eu me ligotu te esquecesele pulanós mudamos

eis o homem

que possui fraquezas

que o desapropria

as coisas não têm medo delas mesmas

as coisas são de ninguémhá coisas no ar para serem pescadas

muitas andam por aí

dum lado pro outro

algumas bem perto de mim

eu estou para-além deste texto

para cuspirpular

criar cultura

e ir além...

invento a vida

o olho, a morte

invento o tempo

o dia, a noite

invento o novo

que cria sentidos

invento o céu

e minha alegria

invento o vento

que leva as coisas

que um dia inventei

não temos pessoas

como temos uma mesa

uma bicicleta

um quadroou um litro de leite

as coisas ficam

à nossa espera

para usarmos

as pessoas

se usama elas mesmas

pois elas são

objetos delas

mesmase não de outras

estou sendo o que faço

tanto o que faço e escolho

quanto o que faço e não escolho

- os dois são eu

o que faço vai de acordo

com o que quero para mim

não desculpo minha sinceridade

é o que mais me representa

escrevo o que escrevo

não o que não escrevo

o que escrevo é para mim

o que não escrevo não é pra mim

é pra quem o faz

sou esse

e não me faço para te agradar

a sombra desenha na parede leve brisa

sons de automóveis passando crianças brincando

sol na cabeça sono

vontade de flutuar

arvores...

quem cria e quem estabelece os direitos de cada um?quem estabelece o que se fazere como se agir em cada situação?

a sociedade?a cultura?o governo?as empresas?a moral?o consumo?as leis?as pessoas?

quero ter uma consciência clara de meus direitos para ter força nessa disputa entre eue os que pretendem me guiar

as leis e regras são criações humanas portanto somos nós que temos o poder de re-criá-lastemos de nos posicionar como uma AMEAÇA ao que está postopara criar o nosso espaço

nós criamos cultura e a nós mesmos os que não criam repetemnão se posicionam, não se fazem

está escrito na constituiçãoque todo cidadão é titular de direitose ao estado, cabe promover, defender e prover esses direitos:várias micro-propostas podem se unirpor interesses comuns

a escrita é criadora

com ela se cria o que se quer escrever e o que se quer viver

cria, estabelece, destrói, re-estabelece desfaz e re-faz a vida

tudo é muito mais do que se vê as relações são assim mesmoum dia você está com uma pessoa e outro dia está com outrae não vai ser o que você acha mas o que sente

as pessoas se unempor partículas invisíveis de aproximações de cada um tendências e momentos; espaços, cores e sons..

o amor está aí no 'entre' um e outro

eu sou minha maior culpa,eu me cria e me estabeleço como estou sendo a ca da se gun doenquanto continuo sendo o que sou até que um diaeu resolva mudar algo

é simples - está muito clarosentindo consigo mesmo e rasgando os valores alheios de sentimentos prontos que aprendemos com os outros os certos e errados, todos os reprimidos e incentivados

desaprender para se ter de volta à si mesmo

aquilo que lhe foi negado - esquecido e negligenciado por todos esses anos... a existênciaos sentimentos mais puros o amor próprio e o ódioe até o sentimento de pazpor se ser o que se é e agir como sente

partindo disso, se des-fazer e se re-criar,sabendo que tudo é possível

percebendo a lidar com meu corpo:

o que convémo que não convémo que se compõe com ele o que tende a decompô-loo que aumenta sua força de ser o que a diminuio que aumenta a potência de agir o que a limita ou a enfraqueceo que resulta em sentimento de bem-estar o que resulta em sentimento de mal-estar

desdobrar minha potência de agir meu poder de afetarde ser causa direta de minhas ações

e não permanecer obedecendo a causas externaspadecendo delasestando sempre a mercê

quem vem?

os que lêem querem palavras bonitas, seqüências interessantes,pingos nos is,jogatinas de travessões,palcos de pontos de passos da vida muda

seja o que foro tempo fica em projetos que não se executam jetos, in-clusos, desprovidos de vidainclausos, tanta fobia!

cinto a-pertarpara se sentir o prazer quando soltar e você acha o que?pensa que sou masoquista? anarquista?sabe quando você quer cagar e alguém vem conversarnão dá pra conversar direito,parece que incomoda, atrapalha, irrita fica inquieto, da vontade de cagarmas a regra é fingir que não,a regra é não fazer o que se sente o tempo todo

aí vê-se o quanto a solidão é um amigo da solidão sentidaquando quero escrever não ha tempo quando ha tempo nem sempre quero maisdificilmente faz-se o que quer no momento em que deseja.as vivencias são falsificadas

trechos triais

a hora grita nos meus ouvidos e passa um pouco

já foi - já era - zé fini

o entorno - é um cara gordo dante - deve ser gigante, ou parecido com um elefante

paulo maluf - é um filho da puta

a polícia é uma piada o estado uma arrecadação e a vitrine quer nos atrair

a democracia ainda não chegou em pouso alegre o cristianismo, a moral e o conservadorismo

não deixam

o medo é ensinado como regra a submissão é como dever

e o direito... é um sujeito sufocado..

outras viagens outros lugares

outras possibilidades

é curto o caminho entre o nada e o tudo

<caminho estreito>

andando entre nuvens

bruno nobru

escritos entrenov. de 2007 e jan. de 2008 em pouso alegre, mgpor bruno carrascoe todas as paisagens

interprete-os como quiser

isso é problema seu

não meu

eque fique claro

que não sou só o que escrevo

é livre a reprodução total ou parcial

do que está escrito aquidesde que citado o nome do autor

e que não seja utilizado para fins comerciais

contato:www.brunonobru.net