40
i FACULDADE DE JAGUARIÚNA INSTITUTO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO CONTINUADA MARCELO PINTO ANESTESIA E/OU ANALGESIA POR INFUSÃO CONTÍNUA; REVISÃO DE LITERATURA SÃO PAULO 2008

anestesia contínua

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: anestesia contínua

i

FACULDADE DE JAGUARIÚNA

INSTITUTO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO CONTINUADA

MARCELO PINTO

ANESTESIA E/OU ANALGESIA POR INFUSÃO CONTÍNUA;

REVISÃO DE LITERATURA

SÃO PAULO

2008

Page 2: anestesia contínua

ii

MARCELO PINTO

ANESTESIA E/OU ANALGESIA EM INFUSÃO POR

INFUSÃO CONTÍNUA EM CÃES; REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada para obtenção do título

deEspecialista Lato Sensu em Anestesiologia

Veterinária de Jaguariúna em convênio com o

Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Educação

Continuada, sob orientação do Prof. Yuri Karaccas

de Carvalho.

SÃO PAULO

2008

Page 3: anestesia contínua

iii

ANESTESIA E/OU ANALGESIA POR INFUSÃO CONTÍNUA EM CÃES; REVISÃO DE LITERATURA

MARCELO PINTO

Monografia apresentada para obtenção do título de especialista Lato Sensu em Anestesiologia Veterinária da Faculdade de Jaguariúna em convênio com o Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Educação Continuada, sob orientação do Professor Yuri Karaccas de Carvalho, São Paulo, 2008.

BANCA EXAMINADORA

--------------------------------------------------------------- Rodrigo Luiz Marucio Mestre/INBRAPEC

------------------------------------------------------------------

Francisco Teixeira Neto Doutor/UNESP - Botucatu

-----------------------------------------------------------------

Eduardo Raposo Monteiro Doutor/UNIGRANRIO

CONCEITO FINAL: ------------------- DATA: --------/---------/---------

Page 4: anestesia contínua

iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pois sem a presença deles não estaria realizando mais

esta tarefa em minha vida, pelo esforço que tiveram em me proporcionar

a educação e o futuro que hoje desfruto.

A minha esposa Alessandra, que sempre me apoiou em estar subindo

degraus na minha vida, me encorajando e participando desta jornada.

As minhas filhas, que tão pacientes entenderam a ausência do pai em

algumas ocasiões para poder realizar o sonho almejado.

Page 5: anestesia contínua

v

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Ao Todo Poderoso, por me dar saúde e me acompanhar na minha

jornada diária, protegendo não só a mim, como a minha família.

Aos meus novos amigos e companheiros de estudo que participaram com

muito afinco desta jornada de aprimoramento profissional.

Ao Professor/Orientador Rodrigo Marucio que me ajudou a aumentar

ainda mais a minha devoção pela Anestesia Veterinária.

Aos palestrantes em geral, que enriqueceram de sabedoria a minha

carreira profissional.

A Pharmazoo por me proporcionar um ambiente para desenvolver e

praticar os ensinamentos aqui aprendidos.

Ao meu irmão de sangue Carlinhos, que por tantos finais de semana me

substituiu na minha ausência do trabalho.

Ao Fabiano, cirurgião que sempre confiou no meu profissionalismo para

colaborar em suas intervenções.

Ao meu orientador Yuri Karaccas por ter me dado apoio e pela paciência

em ajudar a desenvolver este projeto de estudo.

Page 6: anestesia contínua

vi

Resumo

PINTO, M. Anestesia e/ou analgesia em infusão contínua em cães

Monografia apresentada para obtenção do título de especialista

Lato Sensu em Anestesiologia Veterinária da Faculdade de Jaguariúna

em convênio com o Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Educação

Continuada, sob orientação do Médico Veterinário Yuri Karaccas de

Carvalho, São Paulo, 2007.

A anestesia e analgesia em infusão contínua são amplamente

utilizadas em medicina humana. Já em medicina veterinária as mesmas

ainda são preteridas pelo uso da anestesia inalatória, principalmente

quando utilizadas em regime de cirurgias mais extensas e complexas. A

justificativa desse fato por ser atribuída em parte pela habilidade e

competência do anestesista, dado pelo conhecimento farmacológico dos

agentes empregados, estado do paciente e procedimento a ser

executado. A técnica consiste na administração contínua de fármacos

com o auxílio de equipo e bomba de infusão ou mesmo na contagem

manual do gotejamento, em doses pré-estabelecidas levando-se em

consideração os efeitos esperados. Entre as vantagens estão à ausência

de poluição ambiental, menor depressão cardiovascular, analgesia

intensa no trans e pós operatório. O uso de diversos fármacos como:

barbitúricos, não barbitúricos, dissociativos, benzodiazepínicos, opióides,

agonistas alfa-2 e anestésico local e suas associações serão discutidas

nessa revisão.

Palavras-chave: anestesia, analgesia, infusão contínua, cães.

Page 7: anestesia contínua

vii

ABSTRACT

PINTO, M. Anesthesia and/or analgesia by continuous infusion in dogs.

Paper presented to obtain specialist title Lato Sensu in Veterinarian

Anesthesiology from the Faculdade de Jaguariúna in consortium with the Brazilian

Institute of Post Graduation and Continuous Education, under the orientation of the

Veterinarian Yuri Karaccas de Carvalho, São Paulo, 2007.

Anesthesia and analgesia by continuous infusion is widely used in human

medicine. In veterinarian medicine it is disregarded by the use of inhaled anesthesia,

specially when used in complex and extensive surgeries. This fact can be justified in

part by the ability of the anesthesiologist, given by the pharmacology knowledge of

the used agents, patient’s condition and procedure taken. The technique consists in

the continuous administration of pharmacs with the aid of equipment and pump

infusion, or even with manual drop count, in pre established doses taking into

consideration the expected effects. Among the advantages are the absence of

environmental pollution, less cardiovascular depression, intense analgesia effect

trans and post operation. The use of various pharmacs such as: barbiturates, non-

barbiturates, dissociatives, benzodiazepines, opioids, alfa-2 agonists and local

anesthetics and its associations will be discussed in this review.

Key Words: anesthesia, analgesia, continuous infusion, dogs.

Page 8: anestesia contínua

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Anestesia sob forma de bolus....................................................4 Figura 2. Gráfico comparativo infusão contínua/bolus..............................6 Figura 3. Bomba de infusão contínua........................................................5 Figura 4. Bomba de infusão modelo seringa.............................................6 Figura 5. Anestesia sob forma infusão contínua.......................................5

Page 9: anestesia contínua

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1. Fármacos utilizados em infusão contínua em cães...............19 Tabela 2. Associações farmacológicas empregadas em infusão contínua em cães..................................................................................................20

Page 10: anestesia contínua

x

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................3

2.1 ANESTESIA / ANALGESIA POR INFUSÃO CONTÍNUA....3

2.2 ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS........................................7

2.2.1 CETAMINA............................................................................8

2.3 PROPOFOL..........................................................................9

2.4 OPIÓIDES...........................................................................10

2.4.1 MORFINA...........................................................................11

2.4.2 FENTANIL..........................................................................12

2.4.3 ALFENTANIL.....................................................................13

2.4.4 REMIFENTANIL.................................................................14

2.5 BENZODIAZEPÍNICOS......................................................15

2.6 ANESTÉSICOS LOCAIS....................................................16

2.7 AGONISTAS ALFA -2........................................................17

3. CONCLUSÃO.....................................................................21

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................22

Page 11: anestesia contínua

xi

Page 12: anestesia contínua

1

1. INTRODUÇÃO

O avanço da anestesia, seja humana ou veterinária, é atribuído a estudos de

fármacos e técnicas, com o intuito de diminuir o risco anestésico. Segundo HALL &

CLARK (1990), o índice de mortalidade atrelado à anestesia em pequenos animais é

de 0,15%, ou seja, um em 700 vem óbito promovido pela anestesia. Para a redução

desse risco é importante o conhecimento farmacocinético e farmacodinâmico dos

medicamentos empregados; as vantagens e desvantagens das técnicas anestésicas

e suas interações.

A anestesia inalatória é uma das técnicas mais empregadas atualmente,

porém requer aparelhos específicos e indivíduos especializados para seu controle, o

que aumenta o custo da anestesia (MASSONE, 1999; THURMON & SHORT, 2007).

Além disso, os agentes inalatórios causam depressão cardiorrespirátoria dose

dependente. A exposição crônica a baixas doses de anestésicos inalatórios pode ter

efeito carcinogênico, teratogênico ou abortivo (THURMON & SHORT, 2007), com a

possibilidade de ocorrência de hepato e nefropatias e alterações hematopoiéticas

(MUIR & HUBBELL, 1995).

A anestesia dissociativa é uma das técnicas mais populares no âmbito

veterinário, particularmente o emprego de cetamina e agonistas alfa-2 adrenérgicos.

Essa associação causa, porém, inúmeros efeitos indesejáveis, como, bradicardia

com arritmia sinusal e até bloqueio átrio-ventricular, depressão respiratória, além da

analgesia insatisfatória em cirurgias mais cruentas.

A infusão intravenosa de fármacos por sua vez permite a anestesia e

analgesia do paciente, dado pela depressão no sistema nervoso central, interação

principalmente na medula espinal, ocasionando perda da percepção e ausência de

resposta à estímulo doloroso (NATALINI, 2007). Para um melhor resultado utiliza-se

o uso de associações de fármacos, buscando a potencialização e redução dos

efeitos secundários indesejáveis dos medicamentos (SANTOS et al., 2006).

A anestesia e/ou analgesia intravenosa é uma prática utilizadaextensamente

na medicina humana, ao contrário do que se observa na medicina veterinária (MUSK

et al., 2005). Acredita-se que a anestesia intravenosa produza efeitos

Page 13: anestesia contínua

2

cardiovasculares menos pronunciados que a anestesia inalatória (SELMI et al.,

2005).

O intuito desse trabalho é apresentar os grupos farmacológicos e suas

associações utilizadas na anestesia/analgesia em infusão contínua na espécie

canina.

Page 14: anestesia contínua

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ANESTESIA / ANALGESIA INTRAVENOSA POR INFUSÃO CONTÍNUA

Os primeiros relatos do uso de fármacos intravenosos para efeito anestésico

se dão em 1872 com Oré utilizando hidrato de cloral em ser humano por via

intravenosa, tendo seu efeito hipnótico e margem de segurança demasiadamente

reduzido.

Em 1905 com a descoberta do sulfato de magnésio por Meltzer e Aue, os

mesmos associaram o uso do mesmo ao hidrato de cloral, tornando seu uso ainda

mais difundido, porém seus efeitos colaterais ainda prevaleciam tendo como

exemplos: depressão respiratória, recuperação anestésica lenta e excitação

(FANTONI et al., 2002).

O uso da anestesia geral intravenosa tornou-se mais amplamente aceita e

usada após a descoberta dos barbitúricos no final dos anos de 1920, principalmente

com o desenvolvimento do pentobarbital em 1930 e do tiopental em 1934

(THURMON & SHORT, 2007). Percebeu-se que devido à diferença existente entre

as espécies relacionada à suscetibilidade aos medicamentos o primeiro ficou restrito

ao uso de pequenos animais e o tiopental a pequenos e grandes (FANTONI et al.,

2002).

Com a descoberta de novos fármacos (opióides, relaxantes musculares,

agonista alfa 2, dissociativos, benzodiazepínicos), percebe-se uma tendência para a

prática da TIVA (anestesia intravenosa total) sobre a anestesia inalatória, ou a

interação entre as duas técnicas. A associação supre ou minimiza os efeitos

indesejáveis da anestesia inalatória, proporcionando hipnose e analgesia

(MASSONE, 1999; FANTONI et al., 2002)

Dentre as formas que podemos praticar o uso da TIVA se dá pelo uso de

aplicações com o uso de seringa (bolus) com a necessidade ou não de repiques

durante o ato anestésico (Figura 1). Outro método é a infusão contínua (Figura 2)

de um determinado fármaco ou associações, baseando-se numa dose previamente

conhecida (OTERO, 2005).

Page 15: anestesia contínua

4

A infusão contínua pode ser feita de duas maneiras: manual ou automática.

Na técnica manual calcula-se o gotejamento a ser infundido em uma unidade de

tempo, mediante o uso de equipos microgotas ou macrogotas e o conhecimento da

concentração da solução. O método automático permite uma maior precisão de

infusão da solução anestésica, no entanto, necessita de equipamentos específicos

como a bomba de infusão peristáltica (Figura 3) ou de seringa (Figura 4), onde é

conectado a solução e ajustado a dose ser infundida (OTERO, 2005).

Por outro lado, esta técnica tem como limitação as variações geradas nas

concentrações plasmáticas dos fármacos, e a tendência caso a infusão não seja alterada ao

acúmulo de fármacos (NORA, 2008).

http://saude.hsw.uol.com.br/anestesia6.htm

Figura 1. Fármaco utilizado para a prática anestésica.

Page 16: anestesia contínua

5

http://www.petplus.vet.br/anestesia.html

Figura 5. Animal em manutenção anestésica sob aparelho de bomba de infusão contínua

modelo seringa.

http://www.lifemed.com.br/

Figura 3. Equipamento que possui sistema de rotação para infusão volumétrica como soro

através de equipo (circuito plástico) próprio. É muito importante como função da aplicação

contínua dos volumes medidos e precisos, incluindo medicações, tendo como segurança

sistema de alarme para qualquer interrupção ou desconexão.

Page 17: anestesia contínua

6

http://www.samtronic.com.br/

Figura 4. Bomba de infusão modelo seringa com seu respectivo equipo para infusão de

fármacos.

Fonte: OTERO, P.B./2005

Page 18: anestesia contínua

7

Dentre as técnicas mais recentes temos a infusão alvo controlado (IAC),

descrito por Schwilden em 1981 que mostrou ser possível manter a concentração

plasmática desejada de um fármaco utilizando-se uma bomba de infusão gerenciada

por um programa específico de computador (NORA, 2008).

O principio da técnica baseia-se na manutenção da concentração plasmática

do fármaco, ou seja, a medida que o fármaco sofre redistribuição e metabolização,

nova carga do mesmo é administrada. Suas limitações se referem a necessidade de

conhecer as concentrações plasmáticas de cada fármaco, e também, a margem de

erro do modelo farmacocinético incorporado na bomba (NORA-2008).

2.2. ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS

A anestesia dissociativa promove depressão da função neuronal no sistema

neurocorticotalâmico (dissociação) e dos neurônios nociceptivos (analgesia)

(NATALINI,2007). Os anestésicos dissociativos promovem um estado de catalepsia,

onde estará presente o aumento do tônus muscular, manutenção dos reflexos

protetores e permanência dos olhos abertos (CORTOPASSI & FANTONI, 2002;

BRONDANI et al., 2003; NATALINI, 2007).

Nota-se efeito analgésico, principalmente somático e sua incorporação em

protocolos de anestesia balanceada em doses baixas possibilita a redução dos

efeitos indesejáveis de outros anestésicos (OTERO, 2005; NATALINI, 2007). Além

disso, observa-se elevada margem de segurança em comparação aos barbitúricos,

disponibilidade de administração por outras vias além da intravenosa e emprego em

diversas espécies de animais (FANTONI et al., 2002)

Page 19: anestesia contínua

8

2.2.1. CETAMINA

A cetamina é o maior representante dessa categoria. Descoberta em 1963

substituiu a fenciclidina com o objetivo de diminuir os efeitos adversos que a mesma

provocava (NATALINI, 2007). Possui ação simpaticomimética estimulando a

frequência cardíaca, levando a um aumento do débito cardíaco, promovendo

também vasoconstrição periférica, elevando assim a pressão arterial, não alterando,

porém a pressão venosa (HONSHO et al., 2004). Em relação aos efeitos

respiratórios da cetamina são geralmente benéficos, pois a mesma é

broncodilatadora, causa mínima depressão respiratória e os reflexos protetores de

vias aéreas são preservados parcialmente (LUFT & MENDES, 2005).

Sua alta lipossolubilidade garante curto período de latência, em torno de 1 a 2

minutos por via intravenosa (NATALINI-2007). Uma vez na corrente sanguínea

ocorre a biotransformação por meio de enzimas hepáticas em norcetamina. Essa por

sua vez apresenta uma potência 1/5 a 1/3 superior ao composto original

(CORTOPASSI & FANTONI, 2002; VALADÃO, 2002). Logo na ocorrência de

repiques (bolus intermitentes) ou infusão contínua da cetamina observa-se a

potencialização dos efeitos (CORTOPASSI & FANTONI, 2002).

Segundo OTERO (2005), doses de cetamina de 1 a 2mg/kg por via

intravenosa são suficientes para a produção de 30 minutos de analgesia. Todavia

esse período pode aumentar caso seja feita infusão contínua. A dose isolada de

cetamina por infusão contínua varia de 0,2 a 2mg/kg/hora e possibilita a analgesia

no trans e pós-operatório (VECCS) (Tabela 2). Em cães submetidos à anestesia por

desflurano e infusão contínua de cetamina com a indução de choque hipovolêmico

observou-se uma manutenção dos parâmetros cardiorespiratórios com um discreto

aumento nos valores da fração espirada de gás carbônico (ETCO²) (DUQUE et al.,

2005).

A cetamina quando associada com outros fármacos minimiza efeitos como,

alterações cardiovasculares e aumento da quantidade de anestésico utilizado

(SOUZA et al., 2002). Para SANTOS (2006), a administração por infusão contínua

Page 20: anestesia contínua

9

de cetamina associada ao midazolam em cães proporcionou uma melhor

estabilidade dos parâmetros cardiorespiratórios comparado ao uso de bolus (Tabela

2).

Infusões contínuas asociadas à anestesia inalatória permitem uma redução

da concentração alveolar mínima do agente inalado (CAM) (DUQUE et al.,2005). A

associação da cetamina e lidocaína por infusão contínua em cães submetidos à

anestesia por sevoflurano proporcionou uma redução da CAM em 62,8% (WILSON

et al., 2008) (Tabela 2)

2.3. PROPOFOL

O propofol é um fármaco que produz depressão dose dependente na função

cerebral através da potencialização do sistema GABAérgico, apresentando

diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, pressões intracranianas e intra-oculares

(CORTOPASSI & FANTONI, 2002; LOPES et al., 2005).

O aspecto leitoso é atribuído à constituição de sua fórmula: óleo de soja,

glicerol e clara de ovo purificada, desta forma o armazenamento sob refrigeração e

descarte do conteúdo remanescente é importante para evitar a proliferação de

microorganismos (FANTONI et al., 2002).

Sua forma de administração é exclusivamente por via intravenosa, porém ao

contrário dos barbitúricos não traz danos se aplicado acidentalmente perivascular.

Possui grande afinidade em se ligar a proteína plasmática e não tem propriedade

analgésica (NUNES et al., 2005).

O propofol causa hipotensão arterial podendo levar a uma bradicardia

acentuada quando associado à opióides (NATALINI, 2007); (CARARETO et al.,

2007), devendo ser evitados em animais cardiopatas e/ou em choque hipovolêmico

(FANTONI et al., 2002).

Page 21: anestesia contínua

10

Na indução observa-se depressão da função respiratória através da

diminuição do volume corrente e da freqüência respiratória, podendo assim ocorrer

apnéia e cianose. Essas ocorrências relacionam-se à infusão rápida e a alta dose

(CORTOPASSI & FANTONI, 2002); (NUNES & LOPES & PAULA, 2008), desta

maneira, aconselha-se o uso de suporte ventilatório (NATALINI, 2007).

A biotransformação é caracterizada como hepática e extra-hepática

(FANTONI et al., 2002), com mínimos efeitos cumulativos e recuperação rápida,

favorecendo sua utilização na manutenção anestésica (LEITE et al., 2002;

CARARETO et al., 2007).

Segundo KUUSELA e colaboradores (2003), a associação da infusão

contínua de propofol com anestesia inalatória em cães proporcionou uma menor

depressão respiratória e uma rápida recuperação, quando comparados à utilização

isolada da infusão de propofol.

A depressão respiratória é diretamente proporcional à infusão de propofol

administrada. Presença de movimentos de pedalagem, aumentos exacerbados de

respostas cardiovasculares frente ao estímulo nociceptivo podem estar presentes

durante o ato anestésico (AGUIAR et al., 2001). São sugestivos que infusões de 0,2

a 0,4 mg/kg/minuto não são suficientes para a execução de procedimentos

cirúrgicos (AGUIAR et al., 2001).

2.4. OPIÓIDES

São os mais fortes analgésicos utilizados na medicina veterinária. Seus

efeitos farmacológicos diferem entre as espécies devido à diferente distribuição dos

receptores opióides no SNC em diferentes animais (ANDRADE, 2002). Também são

encontrados receptores opióides nos tecidos periféricos. Os receptores opióides: mu

(µ), kappa (ĸ) e delta (δ) são os responsáveis pela maioria dos efeitos terapêuticos

(OTERO, 2005).

Os opióides deprimem o sistema nervoso central (SNC) através do bloqueio

da liberação de neutransmissores como a norepinefrina, promovendo analgesia,

Page 22: anestesia contínua

11

reduzindo o estado de hiperexcitabilidade causado pelos estímulos aferentes e

fazendo parte do protocolo anestésico, pois permitem reduzir a dose dos

anestésicos gerais (OTERO, 2005). Por outro lado, os opióides apresentam como

maior efeito colateral a depressão respiratória, hipercapnia e acidose respiratória

(ANDRADE, 2002; NATALINI, 2007).

2.4.1. MORFINA

Dentre o grupo dos hipoanalgésicos a morfina é o principal agente padrão, e

seu emprego está indicado em qualquer situação na qual se deseja ter alívio no

processo doloroso, seja este no pré, trans e pós-operatório (CUNHA et al., 2002). A

morfina por via intravenosa requer cautela, pois ocorre a liberação rápida de

histamina, ocasionando hipotensão (OTERO, 2005).

A biotransformação se dá no fígado, tendo sedação mais prolongada em

animais com disfunção nesse órgão. Sua eliminação se dá através da urina (90%), e

o restante eliminado pelas fezes (7 a 10%) (GÓRNIAK-2002). A morfina não é

recomendada em pacientes urêmicos, pois há uma maior liberação do hormônio

antidiurético (ADH) (OTERO-2005).

Entre efeitos colaterais mais importantes observa-se depressão

cardiorespiratória, vômito e náusea; estes últimos relacionados à estimulação da

zona deflagradora dos quimiorreceptores (centro do vômito) localizados no terceiro

ventrículo do SNC (ANDRADE, 2002).

Esse analgésico produz diminuição do metabolismo basal –depressão do

centro termorregulador- levando conseqüentemente a diminuição de temperatura,

logo seu emprego em animais pediátricos deve ser criterioso (GARCIÁ-2005;

NATALINI, 2007).

É um agente que em alguns casos pode ser administrado através da infusão

continua (NATALINI, 2007). Segundo GUEDES e colaboradores (2006), infusões

contínuas de morfina em doses 0,34 mg/kg/hora promoveram um aumento da

Page 23: anestesia contínua

12

histamina circulante, porém não houve alterações cardiovasculares significativas em

cães sadios.

2.4.2. FENTANIL

O citrato de fentanil é um derivado opióide extremamente potente (150 vezes

mais que a morfina). Seu aspecto físico é de uma solução aquosa isotônica estéril e

sem presença de conservantes.

Possui a característica de ação mais rápida devido as suas propriedades

farmacocinéticas, que consiste em promover o equilíbrio entre as concentrações

plasmáticas e cerebrais devido a sua alta lipossolubilidade, permitindo assim seu

uso durante a manutenção anestésica. Através desta característica permite a

redução de fármacos depressores do SNC, eliminando assim a principal fonte de

acidentes anestésicos intra-operatórios (OTERO, 2005).

O fentanil apresenta período hábil curto, desta maneira após a administração

do bolus seguida da infusão contínua mantendo as concentrações analgésicas

estáveis durante o procedimento cirúrgico (OTERO, 2005).

A hipotensão assim como a liberação de histamina não é observada, no

entanto promove apnéia e bradicardia se administrado rápido por via intravenosa, na

qual se recomenda sua diluição e administração lenta (FANTONI &

MASTROCINQUE, 2002).

Agressividade pós-operatória, salivação, bradicardia e relaxamento do

esfíncter anal seguido de defecação fazem parte dos efeitos adversos do fentanil

(LAMONT & MATHEWS, 2007).Em caninos pode levar a uma rigidez torácica pelo

efeito depressor sobre os receptores de distensão da parede torácica (NATALINI,

2007).

Segundo BUFALARI & Di MEO (2007), o sufentanil apresentou uma

interrupção mais adequada do estímulo nociceptivo em cães submetidos à anestesia

por isofluorano. Entrentanto, houve poucos efeitos cardiorrespiratórios dos dois

Page 24: anestesia contínua

13

anestésicos (Fentanil e Sufentanil), possibilitando a potencialização do agente

inalatório.

Uma única administração do fentanil é geralmente capaz de produzir

analgesia de curta duração durante o procedimento cirúrgico, e para prolongar o seu

efeito, o fármaco deve ser administrado em intervalos regulares que vão de 15 a 30

minutos (SANO et al., 2006).

2.4.3. ALFENTANIL

O alfentanil apresenta aproximadamente ¼ da potência do seu derivado

fentanil, sendo metabolizado pelo fígado, tendo pequeno volume de distribuição no

estado estável, resultando em meia-vida de eliminação consideravelmente menor

que o fentanil, garantindo rápido início de ação e menor efeito cumulativo (FANTONI

et al., 1999).

Trata-se de um potente depressor respiratório, o que faz necessário estar

preparado para dar assistência ventilatória ao paciente. Possui metabolização

hepática, devido ao seu curto período de ação (2-5 minutos), se faz necessário o

uso de infusão continua, porém, por possuir escassa redistribuição o mesmo pode

ser infundido durante longos períodos sem que se tenha o efeito cumulativo. É um

agente de eleição para pacientes descompensados ou com evidente

comprometimento do estado geral, por manter a estabilidade hemodinâmica do

paciente (OTERO, 2005).

Pelo seu período de latência ser em torno de 1 minuto, mesmo administrado

em forma lenta, verificou-se significativa bradicardia e hipotensão que comparada ao

fentanil que é da ordem de 43,7% para 20,27% (FANTONI & MASTROCINQUE,

2002). Outros efeitos observados são a excitação, midríase, aumento da pressão

arterial sistólica e diastólica (MOREIRA, 2005).

Page 25: anestesia contínua

14

2.4.4. REMIFENTANIL

O remifentanil é utilizado em infusão contínua, sendo indispensável o uso de

bomba de infusão, já que o uso de equipos microgotas não é recomendado pela sua

imprecisão, tornando-o pouco seguro para o paciente, podendo levar a sub ou sobre

doses do agente (SIMONI).

Sua principal característica é a de possuir seu metabolismo por esterases não

específicas o que resulta em depuração plasmática rápida e uniforme, conferindo a

este agente, previsibilidade de inicio e termino de ação. O rápido inicio de ação e

sua meia vida de efeito curto, independentemente do tempo de infusão faz deste

agente uma opção ideal para seu uso em anestesia geral balanceada, e

principalmente o uso na TIVA (JUNIOR, 2006).

Sua duração é muito curta, com meia vida de eliminação em torno de 9 a 10

minutos decorrentes da extensa metabolização extra-hepática, sendo o opióide de

mais rápida ação no mercado atual (VIDEIRA & CRUZ, 2004).

Seu preparo deve ser através da diluição em solução fisiológica ou glicose a

5% e usado em 24 horas, evitando a diluição em soro ringer com lactato, pois o

mesmo promove perda de ação após 6 horas de sua diluição (SIMONI).

O uso do agente associado a pequenas doses de opióides de ação mais

prolongada (morfina, metadona, fentanil) é recomendado para se evitar o uso em

bolus e facilitar a manutenção analgésica durante o ato cirúrgico, permitindo assim

uma recuperação com menos dor (VIDEIRA&CRUZ, 2004).

Segundo Allweiler e colaboradores (2007), a administração por infusão

contínua de remifentanil associado ao uso do isoflurano possibilitou uma excelente

analgesia em cães submetidos a procedimentos ortopédicos.

Murrell et al. (2005) avaliaram os parâmetros cardiorrespiratórios de cães

submetidos à ovariossalpingohisterectomia (OSH) que foram mantidos com infusão

intravenosa de remifentanil (0,6µg/kg/min) e propofol (0,33 µg/kg/min). Os

parâmetros avaliados foram clinicamente aceitáveis durante a anestesia, sendo que

Page 26: anestesia contínua

15

muitos cães receberam bolus de remifentanil ou propofol para manter um adequado

plano anestésico.

2.5. BENZODIAZEPÍNICOS

Este grupo de fármacos possui ação ansiolítica e hipnótica, promovendo um

estado de sonolência muito próximo ao fisiológico, promovendo também

relaxamento muscular, além de exarcebar os efeitos depressores de agentes

utilizados em conjunto com o mesmo ao nível do sistema nervoso central. É também

utilizado como fármaco anticonvulsivante (FANTONI & CORTOPASSI, 2002).

Possuem alta lipossolubilidade sendo rapidamente absorvidos independentes

da via de administração, e conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e

placentária, fazendo com que aumente a chance de promover anomalias congênitas,

e sua biotransformação se dá pela ação dos microssomos hepáticos (CORTOPASSI

& FANTONI, 2002).

Se usados isoladamente, principalmente pela via intravenosa, podem causar

disforia e euforia e seu tempo de efeito varia de 1 a 6 horas, dependendo do

fármaco e via de administração (NATALINI, 2007).

É o grupo de escolha para sedar animais pediátricos, porém em algumas

ocasiões podem produzir excitação paradoxal, sendo seu aparecimento

correlacionado quando administrados isoladamente. Deve ser usado em doses

baixas neste grupo de pacientes por ter seu metabolismo hepático (GARCÍA, 2005).

Este grupo de fármacos conta com um antagonista específico, o flumazenil,

capaz de reverter seus efeitos em 2 a 4 minutos (CORTOPASSI & FANTONI, 2002).

No sistema nervoso central agem fundamentalmente sobre o sistema límbico,

e também reduzem a atividade funcional do hipotálamo e córtex (SPINOZA &

GÓRNIAK, 2002). São patentes de causar inibição da neurotransmissão ao nível

Page 27: anestesia contínua

16

dos neurônios internunciais na medula espinal, promovendo assim o relaxamento

muscular (NATALINI, 2007).

Os benzodiazepínicos não costumam promover alterações cardiovasculares,

podendo ocasionar ligeira queda de pressão arterial, ou causar arritmia se

administrado muito rápido por via intravenosa (FANTONI & CORTOPASSI, 2002).

Contudo, pode ocasionar depressão respiratória, principalmente quando associados

à opióides e agonistas alfa-2-adrenérgicos (NATALINI, 2007).

O midazolan é um benzodiazepínico utilizado em bolus e infusão

contínua(CORTOPASSI & FANTONI, 2002; MOREIRA-2005) (Tabela 1). Dentre

suas vantagens podemos citar meia-vida curta (1,7 horas), maior potência hipnótica,

baixa toxicidade, pouca alteração cardiovascular, manuntenção da pressão venosa

e arterial média e discreta elevação da freqüência respiratória (MASSONE, 1999;

CORTOPASSI & FANTONI, 2002).

2.6. ANESTÉSICOS LOCAIS

O uso de anestésicos locais tem como principal objetivo a de proporcionar

analgesia central, sendo estes administrados sob forma de bolus inicial, a fim de se

conseguir um grau de depressão central adequado e a seguir, infusão contínua

adicionado a um veículo durante o ato cirúrgico. A lidocaína é o principal anestésico

para infusão contínua, a qual promove analgesia no trans e pós-anestésico e

tratamento da dor crônica (OTERO, 2005).

A ação analgésica da lidocaína, quando administrada pela via intravenosa,

tem sido relacionada à depressão cortical (SCHUBERT et al., 1992;

BUTTERWORTH et al., 1993) e à supressão dos neurônios nociceptivos da medula

espinhal, produzidas pelo fármaco (ATTAL et al., 2000).

No homem, a administração intravenosa de lidocaína (1,5 mg/kg seguida por

60 µg/kg., durante 30 minutos), induziu uma estimulação respiratória, provavelmente

Page 28: anestesia contínua

17

resultante do estímulo sobre o centro respiratório (GROSS et al., 1983). No entanto,

na dose de 1,5 mg/kg, em bolus intravenoso, este fármaco causou depressão da

freqüência respiratória e do volume corrente e aumento do ETCO2 (GROSS et al.,

1983). Já no cão doses de 20 a 50 µg/kg/minuto em cães não demonstraram

alterações cardiovasculares significativas (OTERO, 2005).

Quando administrada em infusão intravenosa contínua (15 a 400

µg/kg/minuto) em cães anestesiados pelo halotano, a lidocaína reduziu a

concentração alveolar mínima (CAM) do anestésico em até 45%. (HIMES et al.,

1977). Para VALVERDE et al (2004) infusões de lidocaína em doses baixas (50

lµg/kg/minuto) e doses altas (200 µg/kg/minuto) associadas à anestesia com

isoflurano promoveram uma redução da concentração alveolar mínima (CAM) dose

dependente sem mudanças bruscas de parâmetros hemodinâmicos (freqüência

cardíaca e pressão arterial).

2.7. AGONISTAS ALFA 2

São agentes utilizados como sedativos e analgésicos com efeito de curta

duração (NATALINI, 2007). Possuem amplas indicações na prática veterinária,

sendo comum estarem associados a protocolos anestésicos a fim de promover o

equilíbrio anestésico e também analgésico (OTERO, 2005). Os agonista alfa - 2

produzem sedação dose dependente e relaxamento muscular intenso

(CORTOPASSI & FANTONI, 2002).

Deve ser evitado em pacientes pediátricos por promoverem depressão

cardiorespiratória por meio de bradicardia acentuada, bloqueio atrioventricular,

predispondo os filhotes a hipóxia. (GARCIÁ, 2005; OTERO, 2005; NATALINI, 2007),

observa-se também na maioria dos animais aumento inicial da pressão arterial

seguido de hipotensão duradoura (CORTOPASSI & FANTONI, 2002).

Page 29: anestesia contínua

18

Os agonistas alfa 2 causam depressão respiratória dose dependente e a

mesma ocorre principalmente nos primeiros minutos que seguem a aplicação

(FANTONI & CORTOPASSI, 2002).

A dexmedetomidina é um agente bastante utilizado em medicina humana e

atualmente na medicina veterinária em estudos experimentais, ao contrário de

outros agentes deste mesmo grupo, possui maior seletividade, especificidade e

potência (SOUZA, 2007).

Esse agonista alfa-2 é aplicado em anestesias balanceadas, garantindo a

potencialização dos anestésicos gerais e promoção de analgesia intensa. Segundo

LIN et al (2008), cães submetidos à infusão de dexmedetomidina associada ao

propofol ou isoflurano permitiu a redução dos agentes associados, todavia induziu

típicas respostas hemodinâmicas de agonistas alfa-2 com mínima depressão

respiratória.

PASCOE et al (2006), administraram doses diferentes de dexmedetomidina

em cães, obtendo diminuição da concentração alveolar mínima de isoflurano.

OTERO (2005) propõe dose de 1µg./kg/hora, na primeira hora e 0,5µg/kg/hora para

as demais, resultando em um excelente recurso terapêutico para diminuir a

concentração dos anestésicos inalatórios.

Page 30: anestesia contínua

19

Tabela 1. Fármacos utilizados em infusão contínua em cães.

Fármaco Dose Referência

Dexmedetomidina 0,5 a 1,0µg/kg OTERO, 2005

Propofol 0,2 mg/kg/minuto* KUUSELA et al., 2003

Midazolan 0,2mg/kg/hora SANTOS et al.,2006

Morfina 0,1 – 0,3 mg/kg/hora LUMB/JONES – 2007

Fentanil 2 -10µg/kg/hora OTERO, 2005

Remifentanil 0,05 – 2,0mg/kg/minuto RABELO, 2005

Remifentanil 0,004 – 0,06mg/kg/hora LUMB & JONES, 2007

Cetamina 100µg/kg/minuto DUQUE et al., 2005

Cetamina 0,2 – 2mg/kg/hora VECCS

Lidocaína 1,8 – 3mg/kg/hora VECCS

Lidocaína 20-50 µg/kg/minuto OTERO, 2005

Page 31: anestesia contínua

20

Tabela 2. Associações farmacológicas empregadas em infusão contínua em cães.

Fármacos Dose Referência Propofol + Cetamina 0,28 + 0,06 mg/kg/minuto LUNA et al., 1998

Propofol + Cetamina 0,075 mg/kg/minuto + 2 mg/kg/hora SELISKAR et al., 1998

Propofol + Cetamina 0,9 + 0,4 mg/kg/minuto VIEIRA et al., 1999

Propofol + Lidocaína 0,98 + 0,25 mg/kg/minuto MANNARINO et al.,

2002

Propofol + Remifentanil 0,4 – 0,6 + 0,1 – 0,2 ug/kg/minuto MATA et al., 2007

Cetamina + Lidocaína Bolus 3 mg/kg + 2mg/kg

100 + 100 ug/kg/minuto

WILSON et al., 2008

Cetamina + Midazolan 15 + 0,4 mg/kg/hora SANTOS et al., 2006

Cetamina + Fentanil 10 + 27 ug/kg/minuto BREARLEY et al., 1988

Page 32: anestesia contínua

1

3. CONCLUSÃO

A infusão contínua de anestésicos permite anestesia parcial associado a

outros fármacos e/ou técnicas ou total quando usada isoladamente, desta maneira

demonstra-se em um recurso importante no trans e pós-operatório, garantindo uma

recuperação tranqüila e de qualidade.

Por ser uma técnica simples, de fácil execução, custo baixo e livre de

poluição ambiental, permite que médicos veterinários que não possuam

aparelhagem sofisticada para uso em clínicas particulares, tenham a possibilidade

de oferecer segurança e conforto aos pacientes.

Atualmente existem inúmeros fármacos que podem ser utilizados, cada qual,

apresentando suas vantagens e desvantagens. Em geral a associação de fármacos

apresenta vantagens em relação ao uso isolado dos mesmos. A escolha não deve

ser baseada em protocolos pré-estabelecidos, cada caso deve ser avaliado

individualmente, de acordo com o estado do animal e o tipo de procedimento,

associado aos conhecimentos sobre os fármacos e a experiência de cada clínico.

Page 33: anestesia contínua

2

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- AGUIAR, A.J.A. História da Anestesia. In: FANTONI, D.T.; CORTOPASSI, S.R.G.

Anestesia em Cães e Gatos. 1st ed. São Paulo: Roca, 2002. p.3-8.

- AGUIAR, A.J.A.; LUNA, S.P.L.; OLIVIA, V.N.L.S.; EUGENIO, F.R.; CASTRO, G.B.

Continuous infusion of propofol in dogs premedicated with methotrimeprazine

Veterinary Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v.28, 2001. p. 220-224.

-ALLWEILER, S.; BRODBELT, D.C.; BORER, K.; HAMMOND, R.A.; ALIBHAI, H.I.K.

The isoflurane-sparing and clinical effects of a constant

rate infusion of remifentanil in dogs Veterinary Anaesthesia and Analgesia, 2007,

34, 388–393

- ANDRADE,S.F. Analgésicos. In: ANDRADE, S.F. Manual de Terapêutica

Veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2002. p.78-87.

- BITTENCOURT,R.H.F.P.M. Ministério da Educação Universidade Federal Rural da

Amazônia- Anestesiologia Veterinária. Disponível em:

<http://www.ufra.edu.br/cursosgraduacao/veterinaria/conteudo_prog/ruth_falesi/MPA

.pdf. >Acesso em 24 maio 2008.

- BRANSON, K.R. Injectable and Alternative Anesthetic Techniques. In:

TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C.;GRIMM, K.A. Lumb & Jones’ Veterinary

Anesthesia and Analgesia. 4. ed. Iowa: Blackwell, 2007. p. 273-299.

- BRONDANI, J.T.; NATALINI, C.C.; PIPPI, N.L. Anestesia com Cetamina,

Midazolam e Óxido Nitroso em cães submetidos a Cirurgia de Esofagoplastia

Cervical. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.6, p. 1075-80, 2003.

- BUFALARI, A.; DI MEO, A.; NANNARONE, S. Fentanyl or Sufentanil Continuous

Infusion During Isoflurane Anaesthesia in Dogs: Clinical Experiences. Veterinary

Research Communication, Perugia, v.31 n.1, p. 277–280, 2007.

Page 34: anestesia contínua

3

- CARARETO, R.; SOUZA, M.G.; ZACHEU, J.C. Variabilidade da Freqüência

Cardíaca em Cães Anestesiados com Infusão Contínua de Propofol e Sufentanil.

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.59, n.2,

2007

- CLARKE, K.W.; HALL L. W. A survey of anesthesia in small practice: AVA/BSAVA

report. J. Ass. Vet. Anesth. v.17, p.4-16, 1990.

- CORTOPASSI, S.R.G.; FANTONI, D.T. Anestésicos Dissociativos. In: ANDRADE,

S.F. Manual de Terapêutica Veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2002. p.380-386.

- CORTOPASSI, S.R.G.; FANTONI, D.T. Anestésicos Intravenosos. In: ANDRADE,

S.F. Manual de Terapêutica Veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2002. p. 365-373.

- CORTOPASSI, S.R.G.; FANTONI, D.T. Medicação Pré-Anestésica. In: FANTONI,

D.T.; CORTOPASSI, S.R.G. Anestesia em Cães e Gatos. 1. ed. São Paulo: Roca,

2002. p. 151-158.

- CUNHA, J.M.C.C.P.; CORTOPASSI, S.R.G.; MACHADO, A. Analgesia

Transoperatória Induzida pela Morfina ou Meperidina em Gatos Submetidos a

Osteossíntese. Ciência Rural, Santa Maria, vol.32, n.1, 2002.

- DUQUE, M.J.C.; SOUZA, A.P.; NUNES, N.; HONSHO, C.S.; TALIERI, I.C.

Continuous infusion of ketamine in hypovolemic dogs anesthetized with desflurane

Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, vol.15, n.2, 2005. p. 92-99.

- FANTONI, D.T.; AMBROSIO, A.M.; FUTEMA, F. Utilização de Alfentanil, Sufentanil

e Fentanil em Cães Anestesiados com Halotano. Ciência Rural, Santa Maria,

vol.29, n.4, 1999.

- FANTONI, D.T.; CORTOPASSI, S.R.G.; BERNARDI, M.M. Anestésicos

Intravenosos e Outros Parenterais.In: SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; BERNARDI,

M.M. . Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 3 st ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2002 p.117-128.

Page 35: anestesia contínua

4

- FANTONI, D.T.; MASTROCINQUE, S. Fisiopatologia e Controle da Dor. In.

FANTONI, D.T.; CORTOPASSI, S.R.G. Anestesia em Cães e Gatos. 1. ed. São

Paulo: Roca, 2002 p. 324-36.

- FERRO, P.C.; NUNES, N.; PAULA, D.P. Variáveis Fisiológicas em Cães

Submetidos à Infusão Contínua de Diferentes Doses de Propofol. Ciência Rural,

Santa Maria, vol.35, n.5, p.1103-08, 2005.

- FRAGATA, F. S. Avaliação Eletrocardiográfica e da Pressão Arterial na

Indução Anestésica com Propofol e na Manutenção com Isofluorano ou

Infusão Contínua de Propofol em Cães. 2004. 128f. Dissertação (Mestrado em

Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,

Universidade de São Paulo, 2004.

- GARCIÁ, F. Anestesia e Cirurgia Pediátrica. In: PRATS, A. Neonatologia e

Pediatria Canina e Felina. 1. ed. São Caetano do Sul: Interbook, 2005. p. 302-413.

- GUEDES, A.G.P.; RUDÉ, E. P.; RIDER, M.A. Evaluation of histamine release

during constant rate infusion of morphine in dogs. Veterinary Anaesthesia and

Analgesia. Vol.33, 2006, p. 28–35.

- GÓRNIAK, S.L. Hipnoanalgésicos. In. SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.;

BERNARDI, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 3. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2002 p.158-66.

- HATSCHBACH, E; Silva F.C.; Beier, S.L.; Lima, A.F.M.; Massone, F. Comparative

study between target-controlled-infusion and continuous-infusion anesthesia in dogs

treated with methotrimeprazine and treated with propofol and remifentanil. Acta

Cirurgica Brasileira, v.23, n.1, p. 65-71, 2008.

- HONSHO, C.S.; TALIERI, I. C.; NUNES, N. Efeitos da Infusão Contínua de

Cetamina sobre a Pressão Intra-Ocular em Cães Hipovolêmicos Anestesiados com

Desflurano. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária Zootecnia, Botucatu, v.56,

n.5, p.610-17, 2004.

Page 36: anestesia contínua

5

- JUNIOR,J.O.C.A. Remifentanil: Highlights. Prática Hospitalar, São Paulo, n.44,

2006.

- LAMONT, L.A.; MATHEWS, K.A. Opioids, Nonsteroidal Anti-Inflammatories, and

Analgesic Adjuvants. In: TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C.;GRIMM, K.A. Lumb &

Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia. 4. ed. Iowa: Blackwell, 2007. p.241-

71.

- LEITE, A.V.; NUNES, N.; REZENDE, M.L. Anestesia para Mielografia em Cães.

Ciência Rural, Santa Maria, vol.32, n.4, p. 725-29, 2002.

- LIN, H.C. Dissociative Anesthetics. In: TRANQUILLI, W.J.; THURMON,

J.C.;GRIMM, K.A. Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia. 4. ed.

Iowa: Blackwell, 2007. p. 301-353.

- LIN, G.Y.; ROBBEN, J.H.; MURREL, J.C.; ASPEGRÉN, J.; MCKUSICK, B.C.

Dexmedetomidine constant rate infusion for 24 hours

during and after propofol or isoflurane anaesthesia in dogs Veterinary Anaesthesia

and Analgesia, vol.35, p. 141-153, 2008.

- LOPES, P.C.F.; NUNES, N.; PAULA, D.P.; NISHIMORI, C.T.D.; GUERRERO,

P.N.H.; CONCEIÇÃO, E.D.V. Bispectral index in dogs at three intravenous infusion

rates of propofol Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 35, p.228-231, 2008.

- LUFT, A.; MENDES, F.F. S (+) Cetamina em Baixas Doses: Atualização. Revista

Brasileira de Anestesiologia, Campinas, v.55, n.4, 2005.

- KUUSELA, E.; VAINIO, O.; SHORT, C.E.; LEPPALUOTO, J.; HUTTUNEN, P.;

STROM, S.; HUJU, V.; VALTONEN, A.; RAEKALLIO, M. A comparison of propofol

infusion and propofol/isoflurane anaesthesia in dexmedetomidine premedicated

dogs. Journal. Veterinary Pharmacology. Therapeutics. v. 26, p.199–204, 2003.

- MASSONE, F. Anestésicos Injetáveis. In: FANTONI, D.T.; CORTOPASSI, S.R.G.

Anestesia em Cães e Gatos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2002. p. 159-164.

Page 37: anestesia contínua

6

- MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan,1999. 295p.

- MOREIRA, J.C. Tabela Anestésica. In: RABELO, R.C.; CROWE, D.T.

Fundamentos de Terapia Intensiva Veterinária em Pequenos Animais. 1.ed. Rio

de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária, 2005 p. 759-67.

- MUIR, W. W., HUBBELL, J. A. E. Handbook of Veterinary Anesthesia. 2.ed.

Missouri: Mosby, p. 15-35, 66-73, 1995.

- MUSK, G.C.; PANG, D.S.J.; BETHS, T.; FLAHERTY, D.A. Target-controlled

infusion of propofol in dogs – evaluation of four targets for induction of anaesthesia.

Veterinary Record, Glasgow, v.157, p.766-770, 2005.

- NATALINI, C.C. Teoria e técnicas em anestesiologia veterinária. Porto Alegre:

Artmed, 2007. 296p.

- NORA, F.S. Anestesia venosa total em regime de infusão alvo-controlada. Uma

análise evolutiva. Revista Brasileira de Anestesiologia, Campinas, v. 58, n.2,

2008.

- NUNES, N; LOPES, P.C.F.; SANTOS, P.S.P. Hemodinâmica de Diferentes Frações

Inspiradas de Oxigênio em Cães Submetidos à Infusão Contínua de Propofol sob

Ventilação Espontânea. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.3, 2008.

- OTERO, P.E. Dor: Avaliação e Tratamento em Pequenos Animais. 1ed. São

Paulo: Interbook, 2005. 293p.

- PASCOE, P.J.; RAEKALLIO, M.; KUUSELA, E. Changes in the minimum alveolar

concentration of isoflurane and some cardiopulmonary measurements

during three continuous infusion rates of dexmedetomidinein dogs. Veterinary

Anaesthesia and Analgesia, California, 2006, v.33, p.97–103.

Page 38: anestesia contínua

7

- SANO, T.; NISHIMURA, R.; KANAZAWA, H. Pharmacokinetics of Fentanyl after

Single Intravenous Injection and Constant Rate Infusion in Dogs. Veterinary

Anaesthesia and Analgesia, vol.33, p. 266-73, 2006.

- SANTOS, G.J.V.G.; HATSCHBACH, E.; JÚNIOR, E.M. Parametric evaluation of

methotrimeprazine-midazolam-ketamine and methotrimeprazine-midazolam-

ketamine-xylazine combination in dogs. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo,v.21,

n. 5, p.304-309, 2006.

- SELMI, A. L.; SELMI, G.R.B.; MENDES, G.M. O Butorfanol na Anestesia pela

Romifidina-Tiletamina-Zolazepam em Gatos. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.6,

2003.

- SELMI, A.L.; FIGUEIREDO, J.P.; MENDES, G.M.; LAVOR, L.M.S.; MACHADO,

P.M.L. Infusão contínua de propofol em gatos pré-medicados com cetamina-

midazolam. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo

Horizonte, v.57, n.3, 2005.

- SIMONI, R. F. Uso Clínico do Remifentanil. Disponível em:

<http://www.scribd.com/doc/2673966/REMIFENTANIL-USO-CLINICO> Acesso em

24 de maio 2008.

- SOUZA, A. P.; CARARETO, R.; NUNES, N. Eletrocardiografia em Cães

Anestesiados com Cetamina-S ou Cetamina. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.5,

2002.

- SOUZA, S.S. Efeitos da dexmedetomidina, por via epidural ou infusão

contínua intravenosa, em gatas anestesiadas com propofol e isofluorano e

submetidas a ovariossalpingohisterectomia. 2007.140f. Dissertação (Mestrado

em Medicina Veterinária) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia, Departamento de Cirurgia, São Paulo, 2006.

- SPINOZA, H.S.; GÓRNIAK, S.L. Tranquilizantes, Relaxantes Musculares de Ação

Central e Antidepressivos. In: SPINOZA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M.

Page 39: anestesia contínua

8

Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 3.ed. Guanabara Koogan, 2002. p.

146-157.

- THURMON, J.C.; SHORT, C.E. History and Overview of Veterinary Anesthesia.

In:TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C.;GRIMM, K.A. Lumb & Jones’ Veterinary

Anesthesia and Analgesia. 4st ed. Iowa: Blackwell, 2007. P3-6.

- VALADÃO, C.A.A. Anestésicos Dissociativos. In: FANTONI, D.T.; CORTOPASSI,

S.R.G. Anestesia em Cães e Gatos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2002. p.165-173.

- VALVERDE, A.; DOHERTY, T.J.; Effect of lidocaine on the minimum alveolar

concentration of isoflurane in dogs. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, vol.31,

p.264-271, 2004.

- VIDEIRA, R.L.R.; CRUZ, J.R.S. Remifentanil na Prática Clínica. Revista Brasileira

de Anestesiologia, São Paulo, v.54, n.1, p. 114-28, 2004.

- Veterinary Guide to Constant Rate Infusions. Veccs, www.veccs.org.

- WILSON, J.; DOHERTY, T.J.; EGGER, C.M.; FIDLER, A.; COX, S.; ROHRBACH,

B. Effects of intravenous lidocaine, ketamine, and the combination on the minimum

alveolar concentration of sevoflurane in dogs. Veterinary Anaesthesia and

Analgesia, v.35, p. 289-296, 2008.

Page 40: anestesia contínua

9