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Animais e os ebós No caso dos animais: No Odu Osa-Meji Iyami faz um acordo com Ifa de entregar seus filhos, os pássaros, para a salvação da humanidade. Em Owonrin-Monso (Owonrin-irosun), os quadrúpedes se tornam elementos de sacrifícios. Em Irete-Meji, Ifá proíbe o sacrifício de seres humanos e recomenda o sacrifício quadrúpede à Olorun. Os animais de um modo geral substituem à vida humana, (uma vida por outra, considerado uma troca de cabeça), independentemente o mesmo é usado de acordo com seus instintos, habilidades ou virtudes que possuem; Esses habitualmente são mais adequados para Ebo: Akukó: (Galo adulto brigão) é para boa saúde e disposição, vencer caso judicial, para mulher conseguir Marido, vencer inimigos, tirar desgraça, porque o galo representa o homem. É uma ave de batalha persistente, Arremesso, Defesa. Considerando seu instinto. Akukó rere: (Franguinho de leite) é para ter boa saúde e vitalidade, vencer dificuldade, para a Moça conseguir Esposo, porque o frango representa o homem moço. É uma ave de vitalidade, ousadia, persistência. Considerando seu instinto. Abebò: (Galinha adulta chocadeira) é para o mesmo caso prévio, mas usada para os homens, a galinha representa a mulher idosa, Maternidade, Passividade, Proteção, Subsistência. Considerando seu instinto. Adiyé: (Franga nova) é para o mesmo caso prévio, mas usada para o Rapaz, a franga representa a mulher jovem, cheia de vitalidade, curiosidade, a Passividade, Proteção, Subsistência. Considerando seu instinto. Akiko wewe (Garnisé) é para é para ter boa saúde e vitalidade, boa sorte, vencer inimigos, iniciativa, tirar desgraça. Opipi: (ave arrepiada); considerada uma ave sem a capacidade de voar por suas penas serem arrepiadas, assim, por não possui força para decolar é usada contra os espíritos Arajé ou Oshô, se no caso de um espírito Ajé for um Ancestral de alguém, a ave Opipi deverá ser solta no quintal e jamais deverá ser sacrificada. Então o descendente deverá executar um Ebó-Etutu indicado por Ifá, quando o Opipi deverá ser solto no quintal na finalidade de inverter os efeitos de Arajé.

Animais e Os Ebós

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Candomblé

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Page 1: Animais e Os Ebós

Animais e os ebós

No caso dos animais: No Odu Osa-Meji Iyami faz um acordo com Ifa de entregar seus filhos, os pássaros, para a salvação da humanidade. Em Owonrin-Monso (Owonrin-irosun), os quadrúpedes se tornam elementos de sacrifícios. Em Irete-Meji, Ifá proíbe o sacrifício de seres humanos e recomenda o sacrifício quadrúpede à Olorun.

Os animais de um modo geral substituem à vida humana, (uma vida por outra, considerado uma troca de cabeça), independentemente o mesmo é usado de acordo com seus instintos, habilidades ou virtudes que possuem; Esses habitualmente são mais adequados para Ebo:

Akukó: (Galo adulto brigão) é para boa saúde e disposição, vencer caso judicial, para mulher conseguir Marido, vencer inimigos, tirar desgraça, porque o galo representa o homem. É uma ave de batalha persistente, Arremesso, Defesa. Considerando seu instinto.

Akukó rere: (Franguinho de leite) é para ter boa saúde e vitalidade, vencer dificuldade, para a Moça conseguir Esposo, porque o frango representa o homem moço. É uma ave de vitalidade, ousadia, persistência. Considerando seu instinto.

Abebò: (Galinha adulta chocadeira) é para o mesmo caso prévio, mas usada para os homens, a galinha representa a mulher idosa, Maternidade, Passividade, Proteção, Subsistência. Considerando seu instinto.

Adiyé: (Franga nova) é para o mesmo caso prévio, mas usada para o Rapaz, a franga representa a mulher jovem, cheia de vitalidade, curiosidade, a Passividade, Proteção, Subsistência. Considerando seu instinto.

Akiko wewe (Garnisé) é para é para ter boa saúde e vitalidade, boa sorte, vencer inimigos, iniciativa, tirar desgraça.

Opipi: (ave arrepiada); considerada uma ave sem a capacidade de voar por suas penas serem arrepiadas, assim, por não possui força para decolar é usada contra os espíritos Arajé ou Oshô, se no caso de um espírito Ajé for um Ancestral de alguém, a ave Opipi deverá ser solta no quintal e jamais deverá ser sacrificada. Então o descendente deverá executar um Ebó-Etutu indicado por Ifá, quando o Opipi deverá ser solto no quintal na finalidade de inverter os efeitos de Arajé.

Eiyele: (Pombo caseiro) dado a capacidade de reproduzir, aglomerar-se, fazer seus os ninhos, voar tranquilamente sobre muitos perigos é para proteção, amparo, longa vida, filhos, casa, dinheiro, prosperidade, união no matrimônio, boa sorte.

Njoro (coelho); é para ter filhos dado a sua capacidade de reprodução, mas dado a sua capacidade de escapar e se esconder é para escapar da morte e problemas de justiça.

Obuko (cabrito) é para saúde, vencer dificuldade, problemas judiciais, vencer inimigos, tirar desgraça, conquistar marido, (substituto do ser humano).

Ewure (cabra) é para boa saúde, ter filhos, conquistar esposa, (substituto do ser humano).

Agutan (carneiro) é para saúde, tirar desgraça, problemas judiciais, problemas com inimigos, (substituto do ser humano).

Agbo-Agutan (Ovelha) é para boa saúde, tranqüilidade, ter filhos, (substituto do ser humano).

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Awo Ifun (Galinha da guiné branca), devido à capacidade de escapulir diante dos seus perseguidores é para problemas judiciais, perseguições, falência financeira, escapar de espíritos perversos.

Awo Etú: (Galinha da guiné); devido à capacidade de escapulir diante dos perseguidores é para problemas judiciais, perseguição e escapar de espíritos perversos.

Devido a sua cor carijó, é especialmente usada para consagração de Rituais e Assentamentos.

Aparo (codorna/perdiz): Para problemas de Perseguições, devido a sua característica de fugir com facilidade escapulindo diante de seus perseguidores. A pena de Aparo é principalmente utilizada no culto de Ogun/Logun contra Bruxarias e outras forças destrutivas.

Elede (Porco): é para finanças, prosperidade, abundancia e desenvolvimento financeiro em geral, mas também para reprodução e saúde quando sacrificado diretamente à Iyami Onilé (Mãe Terra).

Oromodié (Pintinho); é para a abertura do Orun, para o durante o nascimento, as iniciações e o Etutu.

Pepeyé (Pato): é para neutralizar um inimigo, causar o esquecimento e manter-se alerta, oferecido camufladamente em Ibori numa cabeça obsessivamente apaixonada.

Igbin (Caracol): é o único animal que não é hostil com qualquer outro, seus movimentos são lentos dá sensação de resignação, conforto e tranqüilidade. Por isso é para pacificar, tranqüilizar, atenuar situações agressivas, fecundidade, longevidade e equilíbrio. Nos rituais é utilizado como elemento de fecundação sobre o sangue vermelho, apaziguar às Iyami, defesa contra desgraças, choques, acidentes, evitar destruição e confusão.

Ajapa = Ijapa (Cagado/Jabuti): devido à capacidade de carregar nas costa sua própria casa resistente, sua força, obstinação e longa vida, é utilizada para obtenção de longevidade, casa própria, saúde, força, defesa contra ataques, livrar-se de desgraças e proteção contra acidentes.

Awun; (Tartaruga Marítima) devido sua resistência e durabulidade é usada para obter longevidade, saúde, vitalidade.

Akika (tatu), por seu instinto de se esconder em buracos e sua capacidade de defesa através da sua couraça é utilizado para obter, sucesso financeiro, comércio, saúde, casa, proteção contra acidente e perseguidores.

Eja (Peixe): Vivo seu sacrifício é para propiciação ao Ori, a fim de prosperidade, abundância financeira, fertilidade, para atrair um Egun, Cerimônias de rigor e reprodução. Defumado é muito utilizado em vários Adimu e Oogun (magias).

Existem certos tipos de peixes, como o Eja-Oro (peixe de lama), Eja-Kika (bagre ou peixe-gato) eles têm uma facilidade de escapulir e se esconder fugindo de perseguidores, e também uma grande vitalidade e uma enorme capacidade de sobrevivência, por exemplo, até mesmo na falta de água.

Eja-bo (pargo) é o animal que conecta um Ori com Olodumare (Deus).

Ejá-Dada (Peixe Tilápia). Animal que se reproduz em abundância, utilizado pada atrair a prosperidade, fartura, multiplicação.

Page 3: Animais e Os Ebós

Ejá-Olokunkun; (Mero) é o peixe mais fértil do mundo. Usado em ritos de fertilidade, prosperidade, fortuna, riqueza, sucesso e abundancia.

Aja (Cachorro): sacrifícios diretos para fins de saúde e vencer na vida através de favor do Orisa Ogun. Animal que acalma este Orisa.

Ekú (Preás): é para Assentamento de Orisha Elegbara-Eshù, e também para saúde, escapar da morte, perseguição ou injustiça, isso pela sua habilidade de escapar e esconder-se, utilizado ainda na Oogun para gestação, porque igual ao peixe, eles dão à luz continuamente, etc.

Eku-Emó (Cutia) é para saúde, escapar da morte, perseguição ou justiça, isso pela sua habilidade de escapar e esconder-se.

Okete ou Ekutele (Gambá ou Seringue); é utilizado para Matrimônio, obter Casa, Dinheiro, Gestação e varias outras Oogun (magias).

Okin (Pavão): Utilizado somente no Ibori de Sacerdotes e Governantes, é para autoridade, controle, governo, direção, liderança, domínio.

Tulutulu (Peru): Utilizado somente no Ibori de Sacerdotes e Governantes, é para autoridade, controle, governo, direção, liderança, domínio.

Agbonrin (Cervo ou Veado galheiro); Utilizado somente no Ibori de Sacerdotes e Governantes, é para Governo, controle, saúde, ajustamento, justiça.

Ologbo (Gato e outros felinos); algumas partes deste animal, são utilizadas afim de evitar qualquer tipo de perdas, anular feitiçarias, evitar prejuízos financeiros.

Agan ou Oga (Lagarto); é para proteção contra Ajé Dudu (magia negra) e Ojiji (feitiço de morte).

Agemó (Camaleão); é para proteção contra Ajé Dudu (magia negra), usado na composição do Adosu utilizado pelos iniciados.

Ooni (Crocodilo ou Jacaré); é para proteção em geral, saúde, o único animal que Sòpònnà a divindade da varíola não conseguiu matar

Esù - O principio dinâmico de todas as coisas.

COMO NASCEU EXU

As histórias dos mais velhos nos contam que no início dos tempos só existia o ar. OLORUN, o deus supremo, era uma massa infinita de ar. Quando começou a se mover lentamente e respirar, uma parte do ar foi transformada em água, originando OBATALA, o grande Orixá do branco.

O ar e a água se moveram ao mesmo tempo, e uma parte transformou-se em lama, e dela brotou um montículo, que foi a primeira matéria dotada de forma - um rochedo lamacento e avermelhado, de laterita.

Olorun soprou seu hálito sobre o montículo, dando-lhe vida. Foi a primeira forma com existência própria - o proto-exu.

Page 4: Animais e Os Ebós

Exu é o primeiro ser criado, o símbolo do elemento procriado. Em seguida, por formas diferentes, é que surgiram os outros Orixás.

COMO EXU PASSOU A SER REPRESENTANTE DE ORUNMILÁ

Exu era filho de Orunmilá. Olodumare, o Deus supremo, Rei-de-tudo-que-existe, mandou Orunmilá descer ao mundo para tomar conta de todas as pessoas e coisas.

Havia muitos Orixás, mas Exu destacava-se em tudo; era o mais forte, inteligente e atirado. Além disso era muito mau, por qualquer coisa se vingava, e não gostava de ser contrariado.

Nas reuniões tomava a frente de tudo, e brigava com todos. Os outros orixás, com medo dele e para não se aborrecerem, deixavam-no fazer o que quisesse. Por esse motivo Exu passou a ser o representante, o mensageiro dos Orixás, e o representante de Orunmilá.

Mais tarde houve uma disputa entre Exu e Oxalá para determinar qual era o mais respeitável. Oxalá provou sua superioridade, apoderando-se da cabaça onde estava o poder de Exu, e transformando-o assim em seu servidor. Da mesma forma numa disputa com Obaluaiê, Exu foi derrotado.

COMO EXU PROMOVEU UM MASSACRE NA CIDADE

Conta a lenda que Exu foi procurar uma rainha que era desprezada pelo marido, e se propôs a preparar um amuleto que faria o rei voltar a amá-la. Pediu-lhe apenas uns fios de barba do rei, cortados com uma faca.

Procurou em seguida o príncipe herdeiro, filho da rainha, que morava num palácio distante e o convenceu de que o rei ia partir para uma guerra e tinha mandado chamá-lo, juntamente com seus guerreiros.

Finalmente foi ao rei e disse que a rainha, ferida pela frieza dele, planejava matá-lo naquela noite.

Quando anoiteceu, o rei deitou-se e fingiu dormir. Logo viu a rainha entrar com uma faca na mão e aproximar-se de sua garganta. Claro que ela queria apenas uns fios de barba, mas ele acreditou que ela fosse matá-lo.

O rei a desarmou, e começaram a discutir e brigar, fazendo muito barulho. O príncipe, que chegava com seus guerreiros, ouviu os gritos da mãe e viu o pai com uma faca na mão, julgando que ele ia matá-la.

Ao ver o filho e seus guerreiros, armados, entrando em seu palácio, o rei acreditou tratar-se de uma invasão para matá-lo e tomar o poder. Gritou por socorro, e seus soldados imediatamente acudiram.

Essa grande confusão gerou um massacre que acabou com a família real e seus guerreiros.

EXU, FILHO DE ORUNMILÁ

Page 5: Animais e Os Ebós

Olodumare mandou Exu para ser auxiliar de Oxalá. Por sua vez Orunmilá, desejoso de ter um filho, foi procurar Oxalá, aquele que criava os seres. Este mandou-o voltar em um mês. Orunmilá impaciente, pediu para levar aquele que estava no portão de casa, que era Exu. Oxalá, diante da grande insistência de Orunmila, acabou concordando, mas explicou que Exu não deveria ser mimado.

Para se tornar pai de Exu, Orunmilá deveria colocar suas mãos sobre Exu e sua mulher Yebíìru, conceberia um filho. A criança seria o próprio Exu, Alagbara, senhor do poder.

Assim que a criança nasceu Orunmilá pronunciou seu nome, e Exu respondeu: "Mãe, mãe, eu quero comer preás!" Orunmilá reuniu todas as preás que encontrou, e Exu comeu-as todas. No dia seguinte Exu quis comer todos os peixes, e no terceiro dia todas as aves. Ele chorava e gritava, e Orunmilá fazia-lhe as vontades. No quarto dia disse que queria comer carne, e o pai lhe trouxe todos os quadrúpedes. Mas Exu não se satisfazia, e continuava a chorar.

No quinto dia, Exu disse: "Mãe, mãe, eu quero comê-la" e a mãe respondeu: "Filho, come, come". Exu engoliu a própria mãe. Orunmilá correu a consultar Ifá, que recomendou uma oferenda, que ele deu. No sexto dia Exu disse: "Pai, Pai, eu quero comê-lo". Ao se aproximar, Orunmilá pegou a espada e o partiu em pedaços, que se espalharam e se transformaram em laterita.

Os pedaços se juntaram e o que restou dele levantou-se e fugiu pelos nove espaços do céu (orun), que ficaram povoados de exus. No último espaço, Exu fez um acordo com Orunmilá: Este parava de perseguí-lo, e todos os exus executariam as ordens de Orunmilá e o ajudariam, como se fossem seus verdadeiros filhos. Orunmilá pediu, e Exu devolveu Yébíìru. Eles foram morar em Iworo, e ela deu à luz muitos filhos, de ambos os sexos.

COMO EXU SE TORNOU O MENSAGEIRO DOS ORIXÁS

Esta história foi contada pelo Odu Oxetuá.

Exu tentava apoderar-se do comando dos Orixás, e foi consultar Ifá, através dos Babalaôs, para saber como realizaria seu desejo. Todos disseram que Exu deveria fazer uma oferenda que incluía penas de papagaio vermelho (ecodidé). Feita a oferenda os Babalaôs deram uma pena ecodidé a Exu para que ele a usasse, e recomendaram que ele não deveria colocar nenhum carrego na cabeça pelo menos por três meses.

Acontece que o efeito da oferenda fez com que Olodumare tivesse a idéia de saber qual Orixá estava zelando melhor pelo mundo, e convocou todos os Orixás para uma reunião. Todos começaram a se preparar, e reunir os presentes que levariam para Olodumare. Partiram em fila, e Exu, que não podia carregar nada, colocou seu ecodidé na cabeça e foi junto com os demais.

Ao chegarem, Olodumare fitou-os e sem perguntar nada leu em seus corações como eles se conduziam. Chamou aquele que estava com ecodidé, e disse que ele era o que conseguiu reunir todos os habitantes da Terra, e que conduziu todos os Orixás com seus carregos. Exu não disse nada, só "Axé".

Page 6: Animais e Os Ebós

Olodumare disse a todos que ao chegarem a suas casas deveriam procurar Exu sempre que precisassem enviar-lhe uma mensagem ou sugestão. Todos concordaram, e Exu, por ordem de Olodumare, foi quem os conduziu de volta à Terra. Todos festejaram o acontecimento junto com Exu.

Os outros Orixás começaram a imitá-lo, usando ecodidé na cabeça como símbolo de axé, durante rituais e sacrifícios. Foi assim que Exu se tornou Asiwajú - aquele que vai à frente dos demais.

COMO NASCEU EXU

As histórias dos mais velhos nos contam que no início dos tempos só existia o ar. OLORUN, o deus supremo, era uma massa infinita de ar. Quando começou a se mover lentamente e respirar, uma parte do ar foi transformada em água, originando OXALÁ, o grande Orixá do branco.

O ar e a água se moveram ao mesmo tempo, e uma parte transformou-se em lama, e dela brotou um montículo, que foi a primeira matéria dotada de forma - um rochedo lamacento e avermelhado, de laterita.

Olorun soprou seu hálito sobre o montículo, dando-lhe vida. Foi a primeira forma com existência própria - o proto-exu.

Exu é o primeiro ser criado, o símbolo do elemento procriado. Em seguida, por formas diferentes, é que surgiram os outros Orixás.

COMO EXU PASSOU A SER REPRESENTANTE DE ORUNMILÁ

Exu era filho de Orunmilá. Olodumare, o Deus supremo, Rei-de-tudo-que-existe, mandou Orunmilá descer ao mundo para tomar conta de todas as pessoas e coisas.

Havia muitos Orixás, mas Exu destacava-se em tudo; era o mais forte, inteligente e atirado. Além disso era muito mau, por qualquer coisa se vingava, e não gostava de ser contrariado.

Nas reuniões tomava a frente de tudo, e brigava com todos. Os outros orixás, com medo dele e para não se aborrecerem, deixavam-no fazer o que quisesse. Por esse motivo Exu passou a ser o representante, o mensageiro dos Orixás, e o representante de Orunmilá.

Mais tarde houve uma disputa entre Exu e Oxalá para determinar qual era o mais respeitável. Oxalá provou sua superioridade, apoderando-se da cabaça onde estava o poder de Exu, e transformando-o assim em seu servidor. Da mesma forma numa disputa com Obaluaiê, Exu foi derrotado.

COMO EXU PROMOVEU UM MASSACRE NA CIDADE

Page 7: Animais e Os Ebós

Conta a lenda que Exu foi procurar uma rainha que era desprezada pelo marido, e se propôs a preparar um amuleto que faria o rei voltar a amá-la. Pediu-lhe apenas uns fios de barba do rei, cortados com uma faca.

Procurou em seguida o príncipe herdeiro, filho da rainha, que morava num palácio distante e o convenceu de que o rei ia partir para uma guerra e tinha mandado chamá-lo, juntamente com seus guerreiros.

Finalmente foi ao rei e disse que a rainha, ferida pela frieza dele, planejava matá-lo naquela noite.

Quando anoiteceu, o rei deitou-se e fingiu dormir. Logo viu a rainha entrar com uma faca na mão e aproximar-se de sua garganta. Claro que ela queria apenas uns fios de barba, mas ele acreditou que ela fosse matá-lo.

O rei a desarmou, e começaram a discutir e brigar, fazendo muito barulho. O príncipe, que chegava com seus guerreiros, ouviu os gritos da mãe e viu o pai com uma faca na mão, julgando que ele ia matá-la.

Ao ver o filho e seus guerreiros, armados, entrando em seu palácio, o rei acreditou tratar-se de uma invasão para matá-lo e tomar o poder. Gritou por socorro, e seus soldados imediatamente acudiram.

Essa grande confusão gerou um massacre que acabou com a família real e seus guerreiros.

EXU, FILHO DE ORUNMILÁ

Olodumare mandou Exu para ser auxiliar de Oxalá. Por sua vez Orunmilá, desejoso de ter um filho, foi procurar Oxalá, aquele que criava os seres. Este mandou-o voltar em um mês. Orunmilá impaciente, pediu para levar aquele que estava no portão de casa, que era Exu. Oxalá, diante da grande insistência de Orunmila, acabou concordando, mas explicou que Exu não deveria ser mimado.

Para se tornar pai de Exu, Orunmilá deveria colocar suas mãos sobre Exu e sua mulher Yebíìru, conceberia um filho. A criança seria o próprio Exu, Alagbara, senhor do poder.

Assim que a criança nasceu Orunmilá pronunciou seu nome, e Exu respondeu: "Mãe, mãe, eu quero comer preás!" Orunmilá reuniu todas as preás que encontrou, e Exu comeu-as todas. No dia seguinte Exu quis comer todos os peixes, e no terceiro dia todas as aves. Ele chorava e gritava, e Orunmilá fazia-lhe as vontades. No quarto dia disse que queria comer carne, e o pai lhe trouxe todos os quadrúpedes. Mas Exu não se satisfazia, e continuava a chorar.

No quinto dia, Exu disse: "Mãe, mãe, eu quero comê-la" e a mãe respondeu: "Filho, come, come". Exu engoliu a própria mãe. Orunmilá correu a consultar Ifá, que recomendou uma oferenda, que ele deu. No sexto dia Exu disse: "Pai, Pai, eu quero comê-lo". Ao se aproximar, Orunmilá pegou a espada e o partiu em pedaços, que se espalharam e se transformaram em laterita.

Os pedaços se juntaram e o que restou dele levantou-se e fugiu pelos nove espaços do céu (orun), que ficaram povoados de exus. No último espaço, Exu fez um acordo com Orunmilá:

Page 8: Animais e Os Ebós

Este parava de perseguí-lo, e todos os exus executariam as ordens de Orunmilá e o ajudariam, como se fossem seus verdadeiros filhos. Orunmilá pediu, e Exu devolveu Yébíìru. Eles foram morar em Iworo, e ela deu à luz muitos filhos, de ambos os sexos.

COMO EXU SE TORNOU O MENSAGEIRO DOS ORIXÁS

Esta história foi contada pelo Odu Oxetuá.

Exu tentava apoderar-se do comando dos Orixás, e foi consultar Ifá, através dos Babalaôs, para saber como realizaria seu desejo. Todos disseram que Exu deveria fazer uma oferenda que incluía penas de papagaio vermelho (ecodidé). Feita a oferenda os Babalaôs deram uma pena ecodidé a Exu para que ele a usasse, e recomendaram que ele não deveria colocar nenhum carrego na cabeça pelo menos por três meses.

Acontece que o efeito da oferenda fez com que Olodumare tivesse a idéia de saber qual Orixá estava zelando melhor pelo mundo, e convocou todos os Orixás para uma reunião. Todos começaram a se preparar, e reunir os presentes que levariam para Olodumare. Partiram em fila, e Exu, que não podia carregar nada, colocou seu ecodidé na cabeça e foi junto com os demais.

Ao chegarem, Olodumare fitou-os e sem perguntar nada leu em seus corações como eles se conduziam. Chamou aquele que estava com ecodidé, e disse que ele era o que conseguiu reunir todos os habitantes da Terra, e que conduziu todos os Orixás com seus carregos. Exu não disse nada, só "Axé".

Olodumare disse a todos que ao chegarem a suas casas deveriam procurar Exu sempre que precisassem enviar-lhe uma mensagem ou sugestão. Todos concordaram, e Exu, por ordem de Olodumare, foi quem os conduziu de volta à Terra. Todos festejaram o acontecimento junto com Exu.

Os outros Orixás começaram a imitá-lo, usando ecodidé na cabeça como símbolo de axé, durante rituais e sacrifícios. Foi assim que Exu se tornou Asiwajú - aquele que vai à frente dos demais.

Poema de Esù

ILE OGERE ,

IBÁ! IWO NAA NI A O KOKO TE, KI A TO TE OMI.

ÈSÚ ÒDARA, IBÁ! IBÁ OGANJO.

IBÁ ASESE YO OORUN,

IBÁ ÀKODA,

ÌBÁ ASEDA,

Page 9: Animais e Os Ebós

TIN SE EBORA AYE. ÌBÁ ÈSÚ NI A NDA KI A TO BO ORÍSÁ.

MO DURO, MO JUBÁ ÈSÚ!

MO BERE, MO JUBÁ ÈSÚ

MO JUBÁ OKÙNRIN,

MO JUBÁ OBIRIN ,

MO JUBÁ OMODE ,

MO JUBÁ AGBÁ.

ÌBÁ GBOGBO YIN KIN NTO MU AWOSE,

MO WA LA TI WA JUBÁ RE ÈSÚ ALAGBARA ALASE OMO ELEDUMARE.

ÌBÁ NI TIRE ÈSÚ, AH! ÌWO ELEGBARA,

EBORA OLOWO IJO,

A SE OTUN, SE OSIN, LA NI ÌTÍJU,

ÈSÚ ÒDARA JE OWURO MI O SAN MI.

ÈSÚ ÒDARA JE ALE MI O SAN MI.

ÈSÚ ÒDARA TI NJE LATOPÁ, ELEPO LENU,

ÒDARA TI NJE ELEGBARA,

A YI KONDUN SI EYIN ,

ELEYIN, OKUNRIN ONA, OKUNRIN OGUN, ONILÈ ORÍTA,

AGBÁ ÒRISA A SORO NAA DI OMIRAN,

LAROYE-O, LAROYE-O. OMI LERO INÁ, EPO LERO ÈSÚ,

ÌBÁ MI NAA FUN EYIN ÌYÁ MI ÒSÓRONGÁ,

A PA ENI MA YO IDA,

OLOKIKI ORU OKO NSISE,

ORI ÌLE NI, AYANE MO NAA NKO-O,

ORÍ ÌLE NAA NI ,

LEGBARA MO JUBÁ RE O,

MA JE ÌLE YI O YO, MO MI LESSE-O.

ÀGBA DA NI NGBA OHUN AKARA OMO ELEDUMARE,

IWO LO PA OKÓ SINU INÁ O PA ALE SI IDI ARO,

O TUN WA PA ÌYÁ WO SI EHIN ÌLE,

ÌBÁ RE E, EBÍTA OKUNRIN MA PA MI,

Page 10: Animais e Os Ebós

MA SI PA ENYIAN,

SIMI LORUN-O,

ÈSÚ LAALÚ, MO YILE, ÌBÁ YIN O,

IWO EBORA OLOWO,

MO JUBÁ RE O,

OBÁ AWON ÌMALE ENI TI KO MO E NI NPE E, NI ONIKUMO,

EMI NI ORÍGBEMILEKE OMO ÈSÚ ODARA KI OHUN BURUKU O ,

PARADA LAYE MI O.

EYIN OKANLENIGBA EBORA ÍNU AYE, ÌBÁ YIN O .

MO TUN JUBA OGANJO TI NSE OMO IYA ORU,

OLOJO ÌBÁ.

AH! ÈSÚ GANRANGARAN, LEBARA WA GBO OHUN MI O,

ÌBÁ OMI NI A NJU, KI A TO PA EJA.

ÌBÁ IGBO NI A NJU, KI A TO SODE.

ÌBÁ NAA NI A NJU ,KI A TO PA EYE BI OMODE BA DE ÍBI ORO LA JUBÁ AWON ÌYÁ MOGUN, AWON ÌYÁ MOGUN PELU ÁSÈ ÈSÚ ÒDARA WON A FÍ ORÍ RE TELE APO .

ÈSÚ LAALU MO JUBÁ RE O ÌKORÍTA METÁ,

AYE TOUN ORUN,

ÌBÁ. EYIN AYE, E MA DA ILE MI O NKO NI DA TÍ YIN NAA O ENI BÁ DALE,

KI ÌLE UM LO O ,

ÈSÚ ALÀSE ÒRÍSA OUN LO SE ALAKOSO WA,

LE TI ODO ODALEBERU LEGBE,

YEYE A TI PEREGUN OMI, ODO NAA RE O KO TÍÍ GBE O,

YEYE ETI ODO NAA RE O KO TI GBEO,

PEREGUN ETI ODO NAA RE O KO TÍÍ GBE O.

EWE ORI WON KO TI WO O .

ÈSÚ MA JE ORI MI, ELEDA MI O O SIN MI SILE O,

MO TUN NFIBA AWON OKANLENIGBA IMALE TI WON NSE OJISE ELEDUMARE.

ÌBÁ ÈSÚ LAALU ENI TI E NGBA ASE LOWORE, LEGBARA, LEGBARA

ÌRAWO ÀKODA TI MO NWO YI TI NSE AYA OJU,

ÌBÁ. ÈSÚ ÒDARA IRAWO ÁKODA,

Page 11: Animais e Os Ebós

ÁSÉ EBÓ LOWO,

BINBA RUBO NKO O ,

JE EBÓ MI ODÁ O,

A JEBÓ JEEBÓ MI O DA ,

A AJEBO MO TUN JUBÁ OORUN,

EYI TI NSE AYA, OWURO KUTU ,

ORI MI, ELEDA MI ,

ÌBÁ RE O.

IGI HU NINU IGBO,

ORÍ ILE NI ADA NSISE,

ORÍ ÌLE NI. MO TUN JUBÁ EYIN ÌYÁMI ÒSÓRONGA

OPIKI ELESE OSUN,A JEFUN JEDO.

ÈSÚ, MA JE AWON ÌYÁ MOGUN FI ORÍ MI TELE APO KIN LE GBO,

BÍ O GBO noKIN TO TO ,

KI OJO MI O DALE-O EYIN OKANLENIRINWO IMALE NAA NKO O,

ÌBÁ NI MO NJE, ISE KO NI MORAN YIN E MASE AÍ, KO JE MI O E MA GBAGBÈ ÌRUKERE. ÈSÚ LAALU,

ÌBÁ RE O, JE ÌLE AYE, MI OSAN MI ,KI O TU NI NEGENNEGEN BI OMI ODO A FI OWURO PON O ,

ÈSÚ ODARAA KASE NLE KI NRIBI LO , EMI LOMO ARO GIDIGBA TÍ NBO LONA.

LAALU, MA JOKO LE MI, KI O MA TUN JOKO LE OMO MI .

ÈSÚ OKUNRIN KUKURU TI NBE L'ONA OJÁ,

ÈSÚ LAALÚ, MO JUBÁ RE O,

ÌBÁ A JE O , ÌBÁ ÈSÚ!!

Tradução:

Terra eu te saudo! É sobre voce que caminha primeiro antes de pisar na água, èsú òdara, saudações! saudações à madrugada, saudações ao sol nascente, saudações ao sol poente, saudações aos prímordios, saudações aos criadores, que são veneráveis. a saudação à èsú é a primeira a ser feita, antes venerar a qualquer Òrísá . De pé, eu saúdo a èsú; abaixado eu saúdo à èsú; deitado, eu saúdo èsú. Minhas saudações aos homens, minhas saudações as mulheres, minhas saudações as crianças, minhas saudaçoes aos mais velhos. Saudações à todos voces antes de iniciar os mistério. Eu vim especialmente para saudar voce èsú. O poderoso dono do ásé e filho de Deus. Essas saudações são suas Elegbara, elas são suas èsú. Ah! voce Elegbara, o

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venerável que tem nas mãos o poder da intriga; que tanto joga no lado direito, como no esquerdo sem o menor constragimentos. Èsú òdara, faça com que a minha manhã seje fávoravel, èsú òdara faça com que a minha noite seje favorável. Èsú Òdara que se chama látopá, que tem em sua boca o dendê. Òdara que se chama Elegbara, que posa nas costas dos outros. O sr dos caminhos, o sr das guerras, que tem a sua morada em frente as casas e na encruzilhada. Orísá velho que muda o conhecimento do passado, o poder da água paga o fogo, o poder do dendê acalma èsú. Minhas saudações a voces minhas mães, que matam sem utilizar nenhuma arma; são voces, donas da madrugada. A enchada trabalhando, è sobre o orí, com persistência espalhando o conhecimento. O DESTINO MANIFESTA-SE SOBRE A TERRA, LEBARA EU VOS SAÚDO, que eu não caia sobre a terra, que ela não trema sob meus pés. É o dendê quente que ouve a voz do akará, filho de Deus voce matou o marido dentro do fogo e que ao fazer a mesma coisa com sua amante, foi deixar a esposa morta no quintal da casa. Saudações, a voce homem forte e dinâmico, não me mate e não mate a nínguém perto de mim ou de onde eu estiver.Èsú o famoso, estou na terra saudações a voce. Voce o venerável dono do dinheiro. Saudações a voce, o rei dos veneráveis. Aquele que não conhece voçe é quem o chama de, o homem do porrete. Eu sou aquele , cujo o Ori me protege dos inimigos; o filho de Èsú, o generoso; para que as coisas ruins desapareça de minha vida. Voces que são as 401 divindades veneráveis e que habitam àye, eu vos saúdo. Saudo novamente o dia, que tem seu parentesco na madrugada. Senhor do hoje, saudações a voce. Ah! èsú esse infinito, Legbara venha me ouvir, a água é o primeiro elemento A ser saudado antes da pesca. A floresta é o primeiro elemento a ser saudado antes da caça. É a mesma floresta que se sauda, antes de se pegar pássaros nela. Quando um jovem chega na arvore oro, e ele deixa de saudar à arvore das ìyás mogun, as ìyás mogun junto com o ásé de èsú Odara pegam o Orí desse jovem e colocam dentro de sua bolsa. Èsú láalu eu te saúdo, as tres encruzilhadas que ligam o mundo vísível ao ín vísivel, saudações. Minhas mães Òsóronga, não me traiam, eu também não trairei voces. Quem trair a terra, que a terra leve embora. èsú o portador do ásé do òrísa que nos uniu para juramento de fidelidade, na beira do rio perto das àrvores sagradas yeye e peregun. Vejam a água deste mesmo rio, ele ainda não secou e nem secara. vejam a arvore sagrada yeye, que está na beira deste mesmo rio, esta àrvore não secou e nem secara. Peregun sagrado está na beira deste mesmo rio, está ``````arvore não secou e nem secará, as folhas dela ainda estão verdes e não cairão.´Èsú de força ao meu Orí e a meu Eledá, para que eles não me abandonem, Minhas saudações também as 201 divindades, que são mensageiras de Deus. Saudações èsú famoso aquele de cuja mão nós recebemos áse. Legbara, Legbara, a primeira estrela a ser criada, eu lhe tenho temor e respeito, aquele que é o alimento dos olhos, saudações. Esú Òdara, primeira estrela a ser criada, pertence a voçe o ásé dos ebós. Quando eu fizer ebó, faça com que meu ebó tenha asé e seja aceito. Saudações , ao amanhecer do dia que é parente da madrugada, saudações a vocês, a àrvore nascida dentro da floresta, o faz sobre Ori. O facão trabalhando, é sobre Ori. Eu saúdo também, minhas mães òsórongá, as louváveis que enfeitam os pés com osún e que se alimentam de intestinos e fígados. Èsú me proteja das ìyá mogun, para que não coloquem meu Orí em sua bolsa; para que eu amadureça e viva por muito tempo, que eu seje grande o suficiente para poder fazer as coisas, para que eu viva por muito tempo. E voces as 401 Divindades, eu vos saúdo, não estou mandando em voces, não deixem de me atender, não se esqueçam de mim. O milho quando nasce, a sua espiga não esquece de fazer aparecer o pendão, Èsú famoso, saudações a ti para que tudo em minha vida seja favoràvel à mim, que tudo me seja perfeitamente harmonioso. Como a aguà do rio ao ser apanhada pela manhà,Esù Odarà afaste os obstàculos para que eu possa passar, eu sou filho daquele poderoso veneràvel que està no caminho. LAÀLU não monte em mim ,naõ

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monte sobre meus filhos. Esù homem baixinho que fica no caminho da feira. Esù não me manipule negativamente. Esù famoso eu te saùdo. Saudações a você Esù.

Esù Descobre o Ouro

Esù nunca gostou de ficar parado num só lugar, seu prazer era andar pelas tribos, chamar a atenção de todos, contando suas aventuras (sempre aumentando um pouquinho) e gabando-se por suas descobertas.

Muitas vezes causava intrigas, fazendo o leva-e-traz, pois tinha acesso livre a todos os reinos. Embora fosse brincalhão (deleitava-se ao pregar uma peça em alguém), gostava de estar sempre bem com todos, pois era muito político, fazia de tudo para agradar.

Muitos o estimavam, era o òrìsá com maior número de adoradores, ele conquistava a admiração de todos, fosse com suas previsões, dadas pelo seu jogo de búzios, fosse com uma boa conversa: falava do que sabia com eloquência e do que não sabia, sofismava com eloquência, quando era surpreendido num assunto que pouco sabia, mudava de assunto tão rapidamente que ninguém percebia.

Sua chegada às tribos era motivo de festa, as crianças saiam saltitantes de moradia em moradia, anunciando entre palmas e gritos. As pessoas se atropelavam e o circundavam, tentando tocá-lo. Quando ele parava no meio da aldeia, todos se sentavam a sua volta, ouvindo-o contar as notícias e suas peripécias, que provocam risos e veneração.

Esù era sempre portador de uma novidade, trazendo sob suas vestes algo inusitado, curiosidades que arrancavam urros de espanto dos espectadores. Quando percebia que as pessoas se cansavam de seus pertences e suas histórias e não lhe davam a devida atenção, ou ele aprontava uma pilhéria, ou entediava-se e ia embora, procurando obter a esperada consideração em outra tribo.

Numa dessas visitas a uma tribo, enquanto Esù contava suas aventuras com maestria, um forte tremor de terra fez com que todos os espectadores debandassem entre gritos desesperados, deixando o narrador sozinho no meio da aldeia. Após o rápido terremoto, o silêncio era tão grande que se podia ouvir o pensamento do pandego. Passou por sua mente a vontade de descobrir o que sucedera.

Era Odudua, a mãe natureza, demonstrando sua ira, devido à grande devastação que ocorrera numa disputa entre tribos, onde uma botou fogo na vegetação da outra, em busca de enfraquecimento do inimigo. O incêndio atingiu grande parte de uma floresta, dizimando a fauna e a flora da região.

Perplexo, ele levantou-se como quem esperava o pior, pois o silêncio era um mau presságio. Quando ele ameaçou caminhar, um novo tremor sucedeu desta vez, mais forte e duradouro, as pedras rolaram e os gritos ecoaram pela aldeia, grandes árvores caíam por terra, arrastando consigo séculos de história. Os pássaros abandonavam as árvores em revoada, os macacos pulavam de galho em galho em total desespero.

Aos pés de Esù o chão começou a se abrir, formando uma imensa fenda, fazendo a terra sangrar, mostrando a lava incandescente. Quando a ferida começou a cuspir bolas de fogo, o chão parou de tremer. O fogo não abalou a confiança dele, que mesmo em meio à grande e espessa fumaça, avistou um material que brilhava como a luz do Sol. Dando vazão a sua curiosidade, chegou perto da lava, uma vez que ele era o senhor do fogo e dos vulcões, o calor

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não lhe fez mal algum. Com as mãos colheu o material, tratava-se de uma esfera de brilho estonteante, cuja cor dourada chegava a ofuscar seus olhos, que eram duas bolas de fogo. Frente à infinita beleza, ele decidiu apossar-se da bola brilhante no intuito de juntá-la às suas outras descobertas, que ficavam escondidas em sua gruta, cujo caminho só ele conhecia.

A fumaça e a lava já se dissiparam, quando o pandego, vislumbrando seu achado, dirigia-se para fora da aldeia. Tomado por um grande delírio, pôde ouvir alguém atrás de si. Era o chefe da aldeia, correndo em sua direção, tropeçando, gritando aflito:

- Oh! Senhor das peripécias, eu suplico, não carregues nosso precioso objeto, pois nele está o sustento de nossa aldeia! Se tirá-lo de nós, tudo a nossa volta ruirá!

Demonstrando profundo desdém, o viril òrìsá abandonou o local, tomado pela energia da valiosa esfera.

À medida que Esù se afastava, o que havia sobrado da aldeia caía por terra, dizimando todos que ali estavam transformando tudo em pó e profundo silêncio.

Osun na gruta de Esù

Osun acordou num lugar iluminado por labaredas que saiam de fendas no chão, estava deitada sobre macias peles de animais que não davam para precisar quais eram. Sobre sua cabeça havia centenas de estalactites no teto da ampla caverna, cuja cor estava perto do laranja ou vermelho, dependendo da oscilação das chamas. Quando se levantou, observou que aos pés dos aposentos uma cesta repleta de mamões, seus frutos prediletos. Num giro pelo lugar pôde ver a amplitude da caverna que era repleta de aberturas laterais, eram como portas que poderiam dar em qualquer lugar.

Indignada começou a rodar em volta de si e gritar desesperada:

- Esù, Esù, onde está você? Por que me abandonou aqui?

Sua voz ecoava pela caverna fazendo parecer que havia muitas pessoas lá arremedando sua voz, isto irritava fazendo com que ela colocasse as mãos aos ouvidos e ajoelhar-se no chão. Depois de muito choro e lamentos, decidiu calar-se. Quando se levantou para arriscar entrar em uma das aberturas da caverna, ouviu um barulho que parecia ser de alguém que chegava.

De uma das aberturas atrás dela surgiu sorridente Esù, perguntando docilmente:

- Oh! Minha amada, já acordou?

Desculpe-me a ausência, precisei retirar-me por um instante apenas para guardar o meu pedaço de Oorum.

- Você não cumpriu o combinado!

Trazia-me no colo e de repente, acordei aqui sozinha, sem nem saber como aqui cheguei! Disse ela furiosa.

- Nada posso fazer se no meio do caminho você adormeceu. Mas não vejo onde não cumpri o combinado, já que você agora conhece minha caverna. Não se alegra ao saber que é a única a conhecê-la? Disse ele astutamente deitando-se sobre as peles.

Vendo a possibilidade de seu plano ir por água abaixo, ela se jogou ao chão e começou a chorar.

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Comovido pelos soluços da Iyàgbá, ele chegou perto e lhe acariciou os cabelos, tirando deles as pétalas das flores soltas. Percebendo a comoção do pandego, ela chorava mais e mais.

- Não é necessário tal pranto, o que fiz eu de errado? Perguntou Esù pacientemente.

- Nada - disse ela, enxugando as lágrimas do rosto com as mãos - eu que sou uma tola.

Como posso estar aqui aos prantos na presença de tão viril e belo òrìsá?

- Então por que chora? Disse ele totalmente embebido em sua vaidade.

- É que eu gostaria de tocar o pedaço do Sol, uma vez que é parte dos meus pais, que há muito me deixaram em nome de iluminar o mundo em que vivo. Sinto que isto me faria matar um pouco da saudade que sinto deles.

- Sinto seu pesar, mas acredito que tal objeto só aumentará a falta que sente! Disse Esù, procurando esquivar-se.

- Engano seu, eu sei que será bom para mim! Ela insistiu.

- Bom! Então eu vou buscar! Concluiu virando-se em direção à abertura de onde saíra há pouco.

- Não! Espere! Eu não vou ficar aqui só de novo! Falou, correndo atrás do pandego.

- Lamento, mas não poderá ir até minha gruta secreta! Esù mostrou-se arredio.

- Por que não quer que eu vá até sua câmara secreta, se nem sequer sei chegar até aqui.

Esù pensou por um momento e caiu diante do argumento da Iyàgbá, concordando que ela não oferecia perigo nenhum.

Os dois iam pelas grutas, enquanto Esù, esperto, entrava em várias aberturas, procurando deixá-la desnorteada. Osun, usando de toda sua sagacidade, foi jogando pelo caminho as pétalas das flores que estavam em suas melenas, com o máximo cuidado, para ele não perceber.

Quando chegou à câmara secreta de Esù, ela ficou maravilhada, ao ver tantos pertences valiosos, e não economizou elogios ao pandego, que parecia desmanchar-se a cada palavra. Ele se abaixou e pegou a bola brilhante e entregou nas mãos dela. Uma sensação esquisita tomou conta da Iyàgbá, tal objeto mostrou que exercia uma imensa força sobre seu ser, um forte desejo de ter o pedaço de a qualquer custo, seus olhos brilhavam e espelhavam os pensamentos maléficos que passavam pela sua mente, fazendo com que tirasse os pés do chão por um instante, várias ideias sem nexo boiava na sua cabeça, o brilho da esfera fazia sua cabeça girar, girar...

- Osun! Osun! Este é o presente que ganhei de Ifá, o jogo de búzios - disse Esù entregando a ela as conchas.

As palavras dele trouxeram-na de novo a realidade, ela, como se tivesse acordado de um sonho, entregou-lhe a bola com uma imensa dor e pegou o jogo.

- Veja! É através deste jogo que fico sabendo presente, passado e futuro...

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- Maravilhoso! Disse ela, pegando as conchas e comprimindo-as ao corpo como se quisesse que elas atravessassem sua pele, num estado hipnótico. Chegou a pensar em Ifá, seu tio, com ressentimento.

Enquanto Esù mostrava seus tesouros, ela não parava de pensar em como adquirir a bola dourada, às vezes soltava um elogio furtivo, tentando disfarçar seu intento.

Depois de saciada a curiosidade dela, ele a levou para os seus aposentos, para eles se deleitarem. Sem esquecer seu plano, a bela Iyàgbá entregou-se a um grande momento de amor, fazendo o pandego suar, uivar e gastar sua energia, falando falsas palavras de amor eterno com as quais ele delirava. Depois de muito tempo, o grande vigor dele caiu por terra, ela o levara à exaustão, fazendo-o cair em sono profundo.

Quando teve a certa de ele não levantaria, ela, seguindo as pétalas pelo chão, correu para o esconderijo na intenção de resgatar o objeto que, para ela, pertenciam-lhe por direito. Chegando à câmara secreta ela se abaixou para pegar a esfera, viu os búzios e decidiu levá-los também. Rapidamente ela pegou um pedaço de seu asó, fez uma trouxa onde ocultou os objetos e silenciosamente voltou para os aposentos. Na ânsia de obter o que queria, ela se esqueceu de como faria para sair dali, olhava para as aberturas na caverna e começou a sentir-se tonta. De repente prestou a atenção nas labaredas que saiam do chão e constatou que de uma das aberturas sobrava um vento quase imperceptível. Usando toda sua intuição, foi seguindo a brisa pelas aberturas da caverna.

Ao despertar todo amoroso, ele procurou Osun pelos seus aposentos na intenção de elogiá-la pela grande noite de amor. Quando descobriu que ela não estava, ele correu para a sua câmara secreta, lá deu falta de seus bens preciosos. Cuspindo fogo por toda caverna, Esù decidiu vingar-se. Foi correndo e vociferando pela gruta em direção à saída.

Osun já estava quase saindo, quando ouviu o eco dos berros de Esù. Procurando preservar-se, ela correu sem olhar para trás. Ele saiu da caverna emanando fogo para todos os lados, fazendo a floresta arder em fogo. Quando avistou um rio, ela mergulhou em suas águas, para fugir das chamas.

Esù Elegbara dos Yorubas, Legba dos fon, encerra aspectos múltiplos e contraditórios que dificultam uma apresentação e uma definição coerentes. Vamos enumerar rapidamente suas principais características:

Esù é o mensageiro dos outros Òrìsà e nada se pode fazer sem ele.

É o guardião dos templos, das casas e das cidades.

É a cólera dos Òrìsà e das pessoas.

Tem um caráter suscetivel, violento, irascível, astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente.

Os primeiros missionários, espantados com tal conjunto, ERRADAMENTE assimilaram-no ao diabo e fizeram dele o símbolo de tudo que é maldade, perversidade, abjeção e ódio, em oposição a bondade, pureza, elevação e amor a Deus.

Esù revela-se e, talvez, o mais humano dos Òrìsà, nem completamente bom, nem completamente mal. Conhece os segredos do bem e do mal, é o fiel mensageiro daqueles que o enviam e que lhe fazem oferendas. Esù tem as qualidades de seus defeitos, é dinâmico e jovial. Foi ele também quem revelou a arte da adivinhação aos humanos.

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Com a Eerupe ou “Lama”, mistura de Água e Terra, mas também vivificada por Seu Hálito e Centelha Divina (Fogo e Ar), OLORUN criou o Imole Esu Agba, o “Terceira Cabaça”, ou “Terceiro Ser Criado” ou ainda, o “Esu Ancestral”, o Imole da Dinamização, da Transformação e da Restituição, quer no Além ou quer na Terra-da-Vida e, portanto, portador de todas as Qualidades do Vermelho, do Preto e do Branco.

O Imole Esu Agba é, portanto, o primeiro Ara Orun ou “Corpo do Além”, ou seja, a “Primeira Individualidade Espiritual” a ser criada com o concurso da Matéria combinada: Fogo (Centelha Divina), Ar (Hálito Divino), Água e Terra (Eerupe, a Lama).

Sua qualidade de “Terceiro Ser Criado” o constituiu em Osije ou “Mensageiro Divino” com permissão expressa de se apresentar perante OLORUN que somente receberá Oferendas se elas forem conduzidas por Imole Esu Osije.

o Imole Esu não é um Orisa porque não pertence à Brancura. Ele pertence à uma categoria única, exclusiva e importantíssima na Classe dos Imole: a posição de Terceiro Criado diretamente por OLORUN.

Exu na Umbanda:

Os Exus Ikú-eguns usam o tridente de ferro como símbolo, cujo significado é o seguinte: o

primeiro dente representa a força positiva, o do meio a força neutra, e o último a força negativa.

O elegbará que trataremos não é este que usa tridente, o Exu em questão usa

uma ferramenta original feita de bronze ou ferro. É constituída de sete ferros voltados para cima, que simbolizam os sete caminhos do homem. Esse tipo de entidade recebe o nome de Exu Bará. A palavra significa:

OBÁ: REI; ARÁ: CORPO – “aquele que habita o corpo do homem”.

IFA TE JU MO MI O KI WO MI IRE.