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ANÁLISE COMPARATIVA DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL E INELASTOTERAPIA APLICADAS NO EDEMA GESTACIONAL EM MEMBROS
INFERIORES.
Alexandre Souza Silva1; Flavia Patrício dos Santos1; Ligia Maria Paes Barreto Gomes Arrais de Alencar1; Thiago Ribeiro Mandarino1; Isis Maia Baumgarth2.
1. Acadêmico – Curso de Fisioterapia – Universidade Estácio de Sá – RJ 2. Fisioterapeuta – Profª Titular da Fundação Maria Campos – RJ – Coordenadora Acadêmica de Pesquisa e Desenvolvimento da ABCROCH - RJ
Resumo: A drenagem linfática manual e a Inelastoterapia são consideradas como técnicas de drenagem que visam proporcionar um aumento na capacidade de condução do líquido, a linfa, favorecendo assim, em muito, a distribuição dos líquidos intracelulares. Estas técnicas têm por objetivo final facilitar o trânsito dos líquidos, trazendo vários benefícios, como redução de edemas linfáticos, venosos, e pós-operatórios, proporcionar a regeneração e defesa dos tecidos, aumentando a diurese e a eliminação de toxinas, mantendo o equilíbrio do organismo. Este estudo tem como objetivo principal fazer uma análise comparativa dos benefícios da drenagem linfática manual e a Inelastoterapia. Para a realização deste trabalho foi utilizado as técnicas de observação, análise histórica e de conteúdo. Sendo assim, pode-se concluir que os efeitos da drenagem linfática manual ou Inelastoterapia propiciam a gestante uma recuperação menos dolorosa. Palavras-Chaves: Drenagem Linfática Manual, Inelastoterapia, Edema Gestacional, Fisioterapia. Abstract: Word- Key: Manual Lymphatic Drainage, Inelastoterapia, Gestational Edema, Physical therapy.
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INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a gestação na adolescência tem sido considerada um
importante assunto de saúde pública. A chamada epidemia da maternidade
somente foi considerada por volta de 1970, quando as taxas de fecundidade em
adolescente começavam a cair nos países de primeiro mundo (CHALEM et al,
2007). O Brasil possui 53,5 milhões de mulheres em idade fértil, destas, 3,4
milhões estão grávidas (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2009).
Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNADs) de 2006 e 2007
apresentam estimativas que colocam a fecundidade feminina no Brasil abaixo do
nível de reposição das Gerações (1,99 e 1,95 filhos por mulher, respectivamente).
Ao utilizar este conjunto de estimativas para projetar o nível da fecundidade, a
taxa estimada e correspondente ao ano de 2008 é de 1,86 filhos por mulher
(IBGE, 2009).
Segundo Kisner e Colby (2005) a gravidez é um evento fisiológico normal,
que dura em torno de 40 semanas sendo dividida em três trimestres.
Entretanto, Rey (1999) comenta que o tempo de gravidez é de 266 dias, a contar
da data da ovulação, ou seja, a idade ovular. Como a ovulação raramente é
percebida, mas se dá, na maioria das mulheres, 14 dias depois do primeiro dia da
menstruação, é hábito datar a gravidez a partir deste primeiro dia da última
menstruação, considerada como idade menstrual. Para estes autores ter o
conhecimento das alterações ocorridas durante a gestação torna-se fundamental
para possibilitar a distinção do que é fisiológico e patológico para a gestante.
Para os autores Zugaib e Ruocco (2005), durante a gravidez, a gestante
apresenta importantes mudanças corporais, alterações fisiológicas de natureza
anatômica, hormonal, e bioquímica, aparecimento de sinais e sintomas, como
cefaléia, tonturas, parestesias, cansaço fácil, fadiga constante, dores lombares e
edema, principalmente, em membros inferiores (relatados habitualmente)
frequentes ao exame físico durante a assistência pré-natal. Algumas destas
queixas desaparecem ao longo da gravidez, outras diminuem ou permanecem, e
até mesmo podem intensificar, principalmente, durante o terceiro trimestre.
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Polden e Mantle (2005), explicam que durante a gestação, o volume
sanguíneo aumenta em 40% ou mais para enfrentar as demandas localizadas no
corpo, favorecendo maior volume e aumento de peso e da pressão intra-
abdominal.
Zugaib e Ruocco (2005) relatam que a pressão venosa nos membros
inferiores aumenta cerca de três vezes, devido à compressão que o útero exerce
na veia cava inferior e nas veias pélvicas agravando-se na posição ortostática
parada, ocorrendo aprisionamento nas pernas e coxas, justificando o edema
gravitacional de membros inferiores.
Segundo Gravena (2004), o sistema linfático é formado por um conjunto de
canais que formam uma densa rede capilar por todo o organismo tendo seu ponto
“início-fim” nos coletores pré e pós-linfáticos, os gânglios linfáticos. E por não
possuir um elemento de bombeamento tal como o sistema circulatório sanguíneo.
A circulação linfática é produzida por meio de contrações do sistema muscular ou
de pulsações de artérias próximas aos vasos linfáticos, tendo como função
reabsorver e encaminhar para a circulação tudo aquilo que o capilar não consegue
recuperar do desequilíbrio entre a filtração e a reabsorção.
Silva et al (2007) descrevem que existem dois tipos de edema: um de
origem vascular e outro de origem linfática. Clinicamente, o edema de origem
vascular apresenta o sinal de Cacifo, onde uma pressão aplicada com o dedo
sobre o local edemaciado, o deprime e após a supressão desta, a depressão
persiste. Já o edema linfático é totalmente diferente do vascular e aparece quando
a rede de evacuação é insuficiente, enquanto o aporte por filtragem é normal.
Sendo assim, pode-se dizer que o linfedema ou edema linfático são sinônimos de
aumento de volume de segmentos corpóreos causado por distúrbios do próprio
sistema linfático.
Artíbale et al (2005) referem-se ao linfedema, como um edema decorrente
do acúmulo anormal de líquidos e substâncias nos tecidos, resultantes na falha do
sistema linfático de drenagem, associado à insuficiência de proteólise extra
linfática do interstício celular e mobilização das macromoléculas.
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Para Piccinin at al (2009) a última estrutura linfática são os gânglios ou
linfonodos que estão localizados ao longo do trajeto dos linfáticos, com a função
de filtrar ou purificar a linfa gerando respostas imunológicas.
Guyton e Hall (2002) enfatizam que o sistema linfático é o mais complexo
do ser humano, por propiciar a drenagem do excesso de líquido intersticial que
contribui para a formação de edemas e, consequentemente, dores. Trata-se de
uma via secundária de acesso, através da quais líquidos, proteínas e células
provenientes do interstício são devolvidas à corrente sanguínea.
Yamato (2007) cita que as vias linfáticas são constituídas por capilares
linfáticos, vasos linfáticos e troncos linfáticos. A linfa desempenha importante
papel no transporte de substâncias no organismo, ajuda a eliminar o excesso de
líquido e produtos que deixaram a corrente sanguínea, e tem ação imunológica,
isto é, a linfa é rica em anticorpos. Quando o sistema circulatório e/ou linfático não
cumpre corretamente suas funções, o corpo fica sobrecarregado por excesso de
líquido que não consegue absorver. Na maioria dos casos, esse fenômeno se
traduz por sinais e sintomas como celulite, retenção de líquidos, peso nas pernas
e aparecimento de edema, mais conhecido como linfedema.
Segundo Silva et al (2007) o possível edema que surge no período
gestacional pode ser considerado como um excessivo acúmulo de líquido nos
tecidos, podendo aparecer subitamente. Desta forma, pode-se dizer que cerca de
1/3 das grávidas exibe edema generalizado em torno da 38ª semana de gestação.
O edema é resultado do desequilíbrio verificado entre o aporte de líquido retirado
dos capilares sanguíneos pela filtragem e a drenagem deste. Vários são os fatores
que levam ao edema gestacional como, o aumento da permeabilidade capilar, o
aumento da pressão capilar, hipoproteinemia, compressão das válvulas venosas,
além de alterações hormonais como o estrogênio, a progesterona, o cortizol e a
relaxina, que mediam um estado de maior flexibilidade e extensibilidade, bem
como maior retenção de água, gerando edema em 50% das gestações,
principalmente em membros inferiores.
Nesta perspectiva, se faz necessário a utilização de técnicas que propiciem
o deslocamento da linfa a fim de promover a reabsorção e a diminuição do edema,
as quais se incluem a DLM e a Inelastoterapia.
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A Drenagem Linfática Manual (DLM) é uma técnica que desloca a linfa na
direção dos gânglios linfáticos, tendo como objetivo criar um diferencial de pressão
a fim de promover o deslocamento da linfa e do fluido intersticial, visando sua
recolocação na corrente sanguínea e, consequentemente, a diminuição do edema
do membro ou do local tratado. Esta técnica vem sendo bastante utilizada na
atualidade para linfedemas de membros superiores e inferiores, principalmente em
gestantes, com o intuito de proporcionar diminuição e alívio do edema de pernas e
pés, bem como evitar a retenção de líquidos (LEDUC; LEDUC, 2000).
Piccinin et al (2009) explica que a DLM, nascida na Europa, precisamente
na Alemanha, na década de 30, por Emil e Estrid Vodder, utiliza movimentos
circulares, rotatórios e de bombeiso. Posteriormente, esta técnica gerou outra
vertente, em Bruxelas pelo Fisioterapeuta Albert Leduc que propõe movimentos
mais restritos.
Assim sendo, Herpertz (2006) propõe que os movimentos devem
possibilitar a evacuação ou desbloqueio das regiões proximais, através da
manobra de bombeamento, seguindo-se distalmente para as regiões
comprometidas através dos estímulos manuais.
É válido enfatizar que a DLM consiste em um conjunto de manobras lentas,
rítmicas e suaves que obedecem ao sentido da drenagem fisiológica, e tem como
objetivo descongestionar os vasos linfáticos e melhorar a absorção e transporte de
líquidos. Entre os efeitos dessa técnica estão a ditalação dos canais tissulares,
favorecimento da formação de neoanastomoses linfáticas, estímulo aos vasos
linfáticos e motricidade dos linfangions com aumento do fluxo filtrado e renovação
das células de defesa (LEAL et al, 2009).
Para Kisner e Colby (2005), a DLM associada ao uso de bandagem
compressiva e exercícios linfomiocinéticos, tem como finalidade geral a
recuperação e manutenção de uma desequilíbrio tissular. Assim, a DLM
proporcionará a drenagem das áreas obstruídas e teoricamente canalizar os
fluidos dentro de vasos colaterais desobstruídos.
Leal et al (2009) explicam que a utilização da bandagem compressiva atua
de forma a modificar a dinâmica capilar venosa, linfática e tissular e que a mesma
pode ser aplicada através do enfaixamento compressivo funcional (ECF) ou
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contenção elástica (braçadeira); resultando assim, na promoção do aumento da
pressão intersticial e aumento da eficácia do bombeamento muscular e articular.
A Terapia Complexa Descongestiva inclui procedimentos como drenagem
linfática manual (DLM), cuidados com a pele, exercícios linfomiocinéticos e
bandagem compressiva (BC), os quais ocupam lugar de destaque na intervenção
do linfedema (OLIVEIRA; CESAR, 2008).
Não somente a DLM e a Terapia Complexa Descongestiva devem ser
vistas como técnicas isoladas; existem variações constituídas pela fusão das
mesmas como a Inelastoterapia que segundo (Piccinin et al, 2009), consiste em
orientar o líquido do espaço intersticial para os centros de drenagem, estimulando
as correntes derivativas do setor afetado, ou seja, essa compressão externa
gerada irá promover um diferencial de pressão entre as extremidades podendo
deslocar o fluído contido em um vaso linfático; uma técnica de fácil aplicação e
baixo custo, sem necessidade de infra-estrutura ou equipamentos específicos,
porém com resultados efetivos em um curto período de tempo para o tratamento
do edema.
A Inelastoterapia criada pelo professor Henrique Baumgarth em 1989, é um
recurso terapêutico que utiliza a fisiologia do sistema linfático e sua mecânica com
compressão e descompressão feita por enfaixamento com o uso de atadura
inelástica, alternando sua aplicação em uma escala de tempo ordenada pela
gravidade da patologia, observando o organismo a ser tratado como um todo. Esta
técnica foi formatada para facilitar o atendimento ao paciente pelo fisioterapeuta
com o objetivo de se criar uma forma simples, objetiva e segura utilizado tanto pré
como pós cinesioterapêutico, oferecendo liberdade na amplitude de movimento,
facilitando o trabalho da reabilitação, oportunizando uma melhor qualidade de vida
(SILVA et al, 2009).
O mecanismo de ação das bandagens não-elásticas está possivelmente, na
força de ação que favorece durante a contração muscular o efeito de
“bombeamento” dos linfáticos, facilitando o tratamento específico desta patologia.
A compressão externa permite o aumento da pressão nos tecidos, promovendo a
mobilização dos fluidos. Essa pressão é utilizada para manter as reduções obtidas
com a drenagem, e para remodelar o membro (SOARES et al, 2005).
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O trabalho proposto tem por objetivo analisar os efeitos da drenagem
linfática manual e da bandagem compressiva - Inelastoterapia - no edema
gestacional em membros inferiores, comparando a perimetria dos membros
inferiores antes e após a aplicação das técnicas.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de campo envolvendo seis gestantes,
pertencentes ao último trimestre gestacional apresentando edema localizado em
membros inferiores (MMII), sendo o grupo dividido em número igual de gestantes
para o tratamento com a drenagem linfática manual e a Inelastoterapia. Para
tanto, foi preciso realizar o exame da digito pressão para confirmação e verificação
do sinal de cacifo. Logo após, foi realizada a perimetria dos membros inferiores.
Fernandes (2002) descreve que a perimetria é conceituada como uma
avaliação realizada através da circunferência de um segmento corporal que
permite ao fisioterapeuta conferir as medidas do perímetro do segmento
comparado ao próprio em medidas posteriores ou ao membro contralateral, o que
permite verificar se há uma hipertrofia muscular, hipotrofia muscular, bem como, a
presença de um edema. O instrumento utilizado é uma fita métrica simples da
marca Fiber Glass® (Vide Anexo 1).
Pode-se dizer que a perimetria é um método simples e de baixo custo
possibilitando a identificação das mudanças dos membros inferiores que
apresentam uma tumefação e, assim, tornando-se importante para o
acompanhamento da paciente portadora dessa condição.
A perimetria foi realizada em cinco locais pré-determinados, que são:
1-Circunferência medida sobre a cabeça dos metatarsos;
2--Circunferência medida no tornozelo sobre o maléolo medial;
3-Circunferência medida na perna doze cm abaixo do joelho;
4-Circunferência medida cinco cm abaixo da articulação do joelho.
5-Circunferência medida cinco cm acima do joelho.
Para dar início a drenagem linfática foi proposta a efetuação de uma única
sessão, com duração, aproximadamente, de 45 minutos, sendo que ao término da
sessão seria realizada uma nova medição para verificar a diminuição ou não do
edema.
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Leduc e Leduc (2000) comentam que as manobras realizadas através da
drenagem linfática se constituem por dois processos, a saber: a evacuação1 e a
captação2, e ambas possibilitam o transporte e a remoção do líquido responsável
pelo edema, e, assim, seu retorno à circulação sanguínea. Estas manobras são
constituídas de círculos com os dedos ou com as mãos, círculos com o polegar,
movimentos combinados e pressão em bracelete, as quais contribuem para a
desobstrução sistemático das vias de acesso à região afetada, máxima absorção,
eliminação progressiva nas principais zonas de drenagem e de todos os resíduos
tóxicos resultantes do traumatismo.
A Inelastoterapia possui como objetivos a aceleração da ação fisioterápica
e a diminuição do tempo global de tratamento do paciente, sendo uma técnica
simples, de baixo custo, rápida, não causa atrito e nem fricção e pode ser
executada em pacientes jovens e idosos. Desde que se respeite o metabolismo de
cada paciente.
O material usado nesta técnica consiste em ataduras de crepom de 10 cm,
12 cm, 15 cm de largura para os membros e de 20 cm para recuperação do
edema pós dermolipectomia. Todavia, para se aplicar a Inelastoterapia o
fisioterapeuta deve ficar atento para alguns dados, tais como: idade e tempo do
edema.
Neste trabalho foram utilizadas em todas as gestantes as formalidades
exigidas para a execução do tratamento da patologia em questão, tais como:
feridas abertas, tromboflebite, trombose venosa profunda, edema agudo de
pulmão, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, processo
inflamatório agudo, hiperalgia, placa de ateroma e hipertensão descontrolada que
levam a contra-indicação.
A idade das pacientes foi um dos pontos bem avaliado, onde a idade
média de 30 anos foi considerada uma idade moderada para a aplicação.
1 É o processo que se realiza em gânglios ou linfonodos e em outras vias linfáticas com o objetivo
de descongestioná-los. 2 É a drenagem, propriamente dita, que é realizada principalmente dos locais de edema em direção
à desembocadura mais próxima.
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Assim sendo, o trabalho foi realizado de forma mais acelerada, isto é, cada
intervalo com uma duração de 1 minuto, tendo seu tempo de compressão
gradativo e crescente até o sexto minuto.
Exemplificado pela tabela abaixo:
Compressão (minutos) Intervalo (minutos) Intervalo (minutos)
1 1 1
2 1 2
3 1 3
4 1 4
5 1 5
6 Fim Fim
Paciente Jovem Velho
Patologia Recente Antigo
Fonte: www.Inelastoterapia.com.br(2010).
É válido mencionar que a perimetria das pacientes foi mantida durante todo
o trabalho para que não se perdessem as primeiras medidas ao longo da
pesquisa. Foi utilizada uma fita métrica comum e uma caneta esferográfica para
marcar os pontos escolhidos, como: tornozelo, panturrilha, perna, coxa.
Segundo Silva et al (2007) a utilização da perimetria permite observar a
redução significativa das circunferências dos membros, sugerindo que a DLM
contribui para a redução do edema gestacional, aliviando o desconforto e
melhorando as atividades físicas das gestantes.
As regiões para a perimetria foram: ponto de origem Espinha Ilíaca Antero
Superior (EIAS), e o segundo foi abaixo 25 cm de média entre os pacientes, parte
proximal da coxa o primeiro ponto para medida da circunferência, 36 cm de média
parte distal da coxa, o terceiro ponto de referencia, e o quarto ponto de referencia
teve 65 cm de média de distância do ponto de origem. Os pacientes tiveram seus
pontos de referência para mensuração mantida durante todo o trabalho para que
não perdessem as primeiras medidas ao longo da pesquisa. (SILVA et al, 2009).
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O tempo de aplicação da técnica durou aproximadamente 26 minutos,
levando em consideração o tempo de compressão de 21 minutos e de 5 minutos
de intervalo, onde foram cronometrados no momento do termino do enfaixamento
e após sua retirada, sendo realizado com o paciente em decúbito dorsal.
A compressão foi feita com atadura Crepom Cremer®, número 15. A técnica
foi iniciada da região distal linha maleolar, sendo a primeira volta da bandagem
descartada para que pudesse fixar a atadura e evoluindo progressivamente de
uma forma em espiral. A atadura se sobrepõe a metade da volta anterior até
chegar à região proximal da coxa, mantendo uma compressão de 30 mmHg a 40
mmHg, respeitando o retorno venoso e linfático, sendo de baixo risco, uma vez
que não há atrito ou fricção. Ao término do enfaixamento, o membro fica apoiado
na maca, sem nenhuma elevação para que a ação da gravidade não alterasse o
resultado da técnica. E o tempo de aplicação começa a ser contado somente ao
término da colocação da atadura. Após transcorrer o tempo pré-determinado,
retira-se toda a atadura e inicia-se a contagem do intervalo (SILVA et al, 2009).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em todas as gestantes tratadas com as técnicas de drenagem linfática
manual (DLM) e Inelastoterapia, obteve-se a redução do edema, constatada pela
avaliação da perimetria em relação às medidas iniciais, apresentados como
diferença entre as medidas feitas antes da aplicação e medidas feitas após a
aplicação das técnicas, conforme demonstrado na tabela abaixo.
Medidas Perimetria
Sessão 1 (n=1)
Sessão 1 (n=2)
Sessão 1 (n=3)
DLM Antes Depois Dif. Antes Depois Dif. Antes Depois Dif.
Cabeçametatarsos(E) 25 24 1,0 22 20 2,0 23,5 22,5 1,0
Cabeçametatarsos(D) 25 24 1,0 22 21 1,0 23,5 22,5 1,0
Tornozelo(E) 23,5 23 0,5 30,5 30,5 0,0 24 23 1,0
Tornozelo(D) 24,5 23 1,5 31,5 31 0,5 23,5 22,5 1,0
Panturrilha(E) 36,5 36 0,5 33 32,5 0,5 35,5 35,1 0,4
Panturrilha(D) 38 36,5 1,5 32,5 32,5 0,0 36,5 36 0,5
Abaixo joelho(E) 37 36,5 0,5 32 31,5 0,5 36 35,5 0,5
Abaixo joelho (D) 35,5 35 0,5 32 32 0,0 35,5 35 0,5
Acimajoelho(E) 45 44 1,0 40 39,5 0,5 44 43,5 0,5
Acimajoelho(D) 44 44 0,0 41,5 40,5 1,0 44,5 44 0,5
Medidas Perimetria
Sessão 1 (n=1)
Sessão 1 (n=2) Sessão 1 (n=3)
Inelastoterapia Antes Depois Dif. Antes Depois Dif. Antes Depois Dif.
Perna (E)
27
26
1,0
32
31
1,0
39
38,5
0,5
Perna (D) 26 25,5 0,5 33 31,5 1,5 39,5 38 1,5
Coxa prox.(E) 39 38 1,0 40 37,5 2,5 64 61 3,0
Coxa prox.(D) 40 39,5 0,5 40,5 39 1,5 64,5 58,7 2,8
Coxa distal(E) 47,5 44,5 2,0 47 45 2,0 74 71,5 2,5
Coxa distal(D)
48 46,5 1,5 48 46,5 1,5 74 73 1,0
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Soares et al (2005), em um estudo de caso, compararam os efeitos da DLM
com o da drenagem mecânica, puderam observar à eficácia de ambas as
técnicas. Assim sendo, conclui-se, portanto que a DLM, mostrou-se com
resultados mais satisfatórios na redução das medidas da perimetria. Esta mesma
conclusão foi encontrada por Piccinin et al (2009), em outro estudo de caso, que
confirmaram os benefícios da DLM na reabsorção do liquido intersticial, sendo
uma forma de tratamento eficaz para a redução do edema em membros inferiores,
havendo redução estatisticamente significativa das perimetrias, com efeitos
rápidos e duradouros diante da manutenção do tratamento.
De acordo com o estudo realizado por Oliveira e Cesar (2008), a técnica de
DLM permitiu observar uma redução na perimetria e volume dos MMII tratados,
drenando os líquidos excedentes que banham as células e mantendo o equilíbrio
hídrico dos espaços intersticiais a fim de conter o edema em um nível confortável.
Já os resultados encontrados por Meirelles et al (2006), permitiram concluir
que o uso de técnicas fisioterapeuticas como DLM enfaixamento compressivo
funcional (ECF), vestes elásticas, exercícios e orientações de autocuidado e
automassagem revelaram-se como bons, melhores e mais rápidos para o
tratamento do linfedema.
Soares et al (2008) relataram o uso de bandagem compressiva como forma
de tratamento, e observado a redução do edema obtida com a drenagem, onde
uma compressão externa permitia o aumento da pressão nos tecidos, promovendo
a mobilização dos fluidos e para remodelar o membro.
Silva et al (2009), em estudo de caso, utilizaram a Inelastoterapia no
tratamento de edema em membros inferiores, e concluiram a eficácia da técnica
após observar que todos os pacientes apresentaram redução da primeira após
aplicação.
Piccinin et al (2009) comentam o trabalho realizado pela equipe do
professor Foldi e sua esposa Ethel, na Alemanha, nos anos 70, que começou a
usar a Terapia Complexa Descongestiva (TCD) após, uma, profunda pesquisa
científica terapêutica. Destacando, nesta pesquisa, a DLM como parte
fundamental desse tratamento realizado, em regime de internamento hospitalar,
utilizando também como parte do esquema exercícios linfomiocinéticos, drenagem
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postural, cuidados com a pele e bandagem com ataduras de baixíssima
elasticidade.
Inúmeras técnicas já foram estudadas para o tratamento do linfedema,
como massagem manual, compressão pneumática e bandagem compressiva,
sendo que todas apresentaram resultados satisfatórios aplicadas isoladamente ou
em conjunto (GARCIA et al, 2005).
No entanto, optou-se neste estudo a utilização de somente duas técnicas
associadas para que outras variáveis não influenciassem os resultados.
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CONCLUSÃO
Ao final do estudo realizado com gestantes, pertencentes ao último
trimestre gestacional, apresentando edema localizado em membros inferiores,
pode-se perceber que, pelo sistema linfático exercer o papel fundamental de
manter o equilíbrio do liquido intersticial, através da remoção continua de
proteínas e de liquido excedente. A drenagem linfática manual e a Inelastoterapia,
são formas de tratamento eficazes para redução de edema, com resultados
visíveis e evidentes através da diferença da perimetria realizada antes e após o
atendimento e por demonstrarem resultados comprovados em todos os estudos
de casos realizados por autores brasileiros e estrangeiros que foram selecionados
para compor este trabalho. Portanto, pode-se concluir pelos autores deste trabalho
que os resultados encontrados confirmam os benefícios das técnicas quanto à
reabsorção do edema gestacional em membros inferiores, com resultados
satisfatórios.
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ANEXO 1
Ilustrações que mostram a realização da perimetria nas gestantes.
25 cm de distância do ponto de origem (coxa proximal).
Fonte:www.inelastoterapia.com.br
36 cm de distância do ponto de origem (distal da coxa)
Fonte: www.inelastoterapia.com.br
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65 cm de média de distância do ponto de origem (Perna)
Fonte:www.inelastoterapia.com.br
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ANEXO 2
Atadura de crepom de 10 cm, 12 cm, 15 cm de largura para os membros e de 20
cm para o abdome.
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ANEXO 3
Chegada da gestante para o início da realização do enfaixamento
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