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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RODRIGO TEIXEIRA CAMPOS DE MEDEIROS
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS DE SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA
E SAÚDE DO TRABALHO: OHSAS 18001:2007 E ISO 45001:2018
NATAL- RN 2019
RODRIGO TEIXEIRA CAMPOS DE MEDEIROS
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS DE SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA
E SAÚDE DO TRABALHO: OHSAS 18001:2007 E ISO 45001:2018
Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida
NATAL-RN 2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Medeiros, Rodrigo Teixeira Campos de.
Análise comparativa entre as normas internacionais de sistema
de gestão em segurança e saúde do trabalho: OHSAS 18001:2007 e ISO 45001:2018 / Rodrigo Teixeira Campos de Medeiros. - 2019.
42 f.: il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida.
1. Segurança do trabalho - Monografia. 2. Saúde do trabalho - Monografia. 3. OHSAS 18001 - Monografia. 4. ISO 45001 -
Monografia. 5. Engenharia de segurança - Monografia. I. Almeida,
Marcos Lacerda. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 331.4
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262
Rodrigo Teixeira Campos de Medeiros
Análise comparativa entre as normas internacionais de sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho: OHSAS 18001:2007 e ISO 45001:2018
Trabalho de conclusão de curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Aprovado em 4 de junho de 2019:
Prof. Marcos Lacerda Almeida, Dr., Eng. Civil – Orientador
Prof. Micheline Damião Dias Moreira, Dr., Eng. Civil – Examinador interno
Sônia Maria Machado Prado, Eng. Civil – Examinador externo
Natal-RN
2019
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS DE
SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO:
OHSAS 18001:2007 E ISO 45001:2018
Rodrigo Teixeira Campos de Medeiros¹
Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida ²
RESUMO
Objetivo: identificar e analisar as normas internacionais de sistemas de gestão
de segurança e saúde do trabalho, OHSAS 18001:2007 e ISO 45001:2018, como
ferramentas no combate e prevenção de acidentes de trabalho e promoção de
melhorias na SST nas organizações certificadas. Método: o estudo realizado foi
uma análise comparativa baseada em uma revisão de literatura de outros
trabalhos publicados e parâmetros analíticos das normas trabalhadas.
Resultados: identificaram-se oito parâmetros relevantes na atualização da
certificação da norma OHSAS para a ISO, alterações e atualizações referentes
ao uso do Anexo “SL”, participação de liderança ativa e dos trabalhadores,
atualização no contexto da organização e na gestão de riscos no planejamento,
além de alterações nos âmbitos da comunicação, suporte e controle operacional
importantes para a implantação e manutenção do sistema de gestão em
segurança a partir da ISO. Conclusão: o atendimento dos requisitos legais em
segurança e saúde ocupacional é de suma importância para organizações em
qualquer nível de atuação, assim como a atualização dos padrões de certificação
para a ISO 45001, que acompanha as tendências do mercado de trabalho e é
regida pela preocupação de conceber o desenvolvimento do trabalho como
atividade humana.
Palavras-chave: Sistemas de gestão em segurança e saúde do trabalho; ISO;
OHSAS; Engenharia de segurança; Normas certificadoras.
ABSTRACT
Objective: identify and analyses the certificating standards on occupational
safety and health management system, OHSAS 18001:2007 and ISO
45001:2018, as tools in the prevention of occupational accidents and promote
improvements on occupational safety and health sectors in certified
organizations. Method: the study was a comparative analysis based on literary
review of others published studies and the standards analytical parameters.
Results: it was identified eight relevant parameters in certification standard
update, OHSAS 18001:2007 to ISO 45001:2018. They relates to the use of
Annex “SL”, participation of active leadership and coworkers, update on
organization context and risk management, and measures on communication,
support and operational control that happens to be important to occupational
safety and health management system implementation and maintenance by ISO
standard. Conclusion: the compliance with legal requirements on occupational
safety and health is of major importance for any level of work organization, just
as much as updating certification patterns to ISO 45001:2018, that works on label
market tendencies and concerns about work development as an human activity.
Key words: Occupational safety and health management system; ISO; OHSAS;
Safety engineering; Certifiers Standards.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Elementos inter-relacionados..........................................................13
FIGURA 2: Linha do tempo da ISO 45001:2018...............................................15
FIGURA 3: Ciclo PDCA.....................................................................................16
FIGURA 4: Logo da OHSAS 18001:2007..........................................................21
FIGURA 5: Aspectos Chave..............................................................................22
FIGURA 6: Estrutura OHSAS 18001.................................................................23
FIGURA 7: Logo da ISO 45001:2018................................................................26
FIGURA 8: Aspectos Chave..............................................................................27
FIGURA 9: Ciclo PDCA (ISO 45001:2018) .......................................................28
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: PDCA (PLAN) e normas.................................................................16
TABELA 2: PDCA (DO) e normas.....................................................................16
TABELA 3: PDCA (CHECK) e normas..............................................................17
TABELA 4: PDCA (ACT) e normas....................................................................18
TABELA 5: Anexo “SL”......................................................................................31
TABELA 6: Estruturas das normas....................................................................32
TABELA 7: Correlação entre as etapas de planejamento.................................34
TABELA 8: Correlação entre as etapas operacionais.......................................36
TABELA 9: Correlação entre as etapas de Avaliação de desempenho e
Melhorias contínuas...........................................................................................37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social
BSI – British Standarts Institution
ISO - International Organization for Standardization
OHSAS – Occupational Health Safety Assessment Series
OIT – Organização Internacional do trabalho
OSHA – Occupational Safety Health Administration
PDCA – Plan/Do/Check/Act
SGSST ou SGSSO – Sistema de Gestão em Segurança em Saúde do
Trabalho ou Ocupacional
VPP – Voluntary Protect Program
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................... 11
1.2 OBJETIVO .............................................................................................. 13
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E TÉCNICA ................................................ 14
2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO 14
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 21
3.1 NORMAS CERTIFICADORAS DE SISTEMA DE GESTÃO DE SST ......... 22
3.1.1 OHSAS 18001:2007 ............................................................................ 22
3.1.2 ISO 45001:2018 ................................................................................... 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 34
5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 43
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Os fenômenos acidente de trabalho e doença ocupacional são antigos.
Suas origens estão relacionadas com o surgimento do trabalho. Ao longo da
história da humanidade as condições de trabalho têm causado morte, doença e
incapacidade para um número incalculável de trabalhadores. (Mattos e Másculo,
2011).
No entanto, a preocupação com saúde e segurança do trabalho emergiu
no final do século XVIII, após a primeira revolução industrial. Nesse período, os
incidentes no ambiente de trabalho cresceram desordenadamente. Os
trabalhadores possuíam condições de trabalho degradadas, vivendo situações
tais como falta de proteção individual, falta de treinamento para operação do
maquinário a vapor, jornadas prolongadas, péssimas condições do ambiente de
trabalho, salários baixos e trabalho infantil. Esses fatores, entre outros,
acarretavam em expressivos números de incidentes (mutilantes e fatais). (Mattos
e Másculo, 2011).
Com o passar dos anos e amadurecimento da indústria mundial e intensos
movimentos sociais, surgiram sindicatos, leis, regras, medidas legais de
controle, que favoreceram o desenvolvimento das condições e ambientes de
trabalho, com o intuito de reduzir riscos, quantidade de incidentes e garantir um
ambiente de trabalho mais seguro.
O objetivo da Segurança e Saúde do Trabalho é promover e manter um
elevado grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as
suas atividades relacionadas ao trabalho, impedindo qualquer dano causado
pelas condições de trabalho e protegendo contra riscos da presença de agentes
prejudiciais à saúde. (OIT, 2014).
Desde então, segurança e saúde ocupacional têm sido frequentemente
debatidas nas conferências mundiais sobre trabalho. Nas últimas décadas, o
número crescente de estudos na área expõe o crescimento da percepção e
entendimento dos especialistas de que as taxas de acidentes e mortalidades
ocorridas no ambiente de trabalho podem ser reduzidas com medidas
direcionadas para tal.
12
No entanto, dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
revelam que a temática dos acidentes de trabalho é um problema no tratante da
quantidade de acidentes fatais, isto é, incidentes no ambiente de trabalho que
resultam em morte. São citados números, nos relatórios mais recentes da OIT,
aproximados de 2,3 milhões de mortes no mundo como resultante de acidentes
relacionados ao trabalho, equivalente a 6.300 mil mortes por dia. (OIT, 2014).
No Brasil, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS),
no período compreendido entre 2012 e 2016, 3,5 milhões de trabalhadores
sofreram acidentes de trabalho, totalizando uma média de 700 mil acidentes por
ano. Denotando no Brasil a mesma tendência de crescimento nos números de
acidentes de trabalho, a partir da década de 90, observando-se uma estagnação
da eficiência dos métodos de redução de riscos utilizados. (AEPS, 2017).
É nesse contexto de carência de melhorias, estagnação nos resultados e
ineficácia das normas referentes à segurança e saúde do trabalho que foram
desenvolvidos sistemas que integrassem a Segurança e Saúde do Trabalho
(SST) à gestão administrativa das organizações, no intuito de alcançar os
objetivos básicos da Segurança e Saúde do Trabalho, por meio do
desenvolvimento de ferramentas para detecção, prevenção e redução dos riscos
de acidente no ambiente de trabalho.
Apesar de já existirem abordagens anteriores de gestão de Segurança e
Saúde do Trabalho, tais como programas de proteção e diretrizes de programas
de gestão, apenas na década de 90, com a publicação da primeira versão da
OHSAS 18001:1999 (Occupational Health and Safety Assessment Series), que
foi observada a necessidade da normatização de diretrizes que garantisse
praticidade para o desenvolvimento e implementação de um sistema de gestão
de Segurança e Saúde do Trabalho que fosse acessível para organizações em
diferentes níveis de atuação, capacitada a potencializar resultados e benefícios
de um sistema de segurança e saúde do trabalho eficiente.
Desde então, a norma vem sendo necessariamente atualizada e
adequada a padrões de normatização internacional, de acordo com demandas
dos atuais mercados de trabalho e com o intuito de tornar a aplicação e
implementação do sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional cada
vez mais práticos e acessíveis para organizações, em quaisquer níveis de
atuação, o que nos traz para a atualização mais recente e que será tratada nesse
13
estudo, a suplantação da norma vigente: OHSAS 18001:2007 pela moderna
norma padrão ISO (International Organization for Standardization), a ISO
45001:2018.
Desta forma, este presente trabalho expõe a seguinte questão de
pesquisa: Quais as mudanças mais significativas na atualização da norma
OHSAS 18001:2007 para a ISO 45001:2018 para prevenção de acidentes,
promoção de melhorias na Saúde e Segurança do Trabalho nas organizações
certificadas?
1.2 OBJETIVO
O objetivo geral deste trabalho é comparar as normas certificadoras de
Sistemas de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho, OHSAS 18001:2007
e a ISO 45001:2018 destacando as mudanças mais significativas para
prevenção de acidentes, promoção de melhorias na Saúde e Segurança do
Trabalho nas organizações certificadas.
Os objetivos específicos são:
a) Definir sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho;
b) Analisar estrutura e conteúdo das normas trabalhadas;
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho está dividido em cinco capítulos e estruturado da seguinte
forma: Introdução, onde é feita uma breve contextualização histórica acerca de
acidente de trabalho e de segurança e saúde ocupacional, além da exposição
de dados estatísticos de seu cenário atual, objetivos e a estrutura do trabalho;
Fundamentação Teórica, cujo conteúdo trata do conceito de sistemas de gestão
de segurança e saúde do trabalho e o cenário que ele foi criado, desenvolvido
até às publicações das últimas normas; Metodologia, onde é exposto o modo de
produção do estudo e as normas que foram utilizadas; Resultados e Discussão,
que contém uma análise das mudanças mais significativas observadas na norma
mais recente; e, finalmente, a Conclusão do trabalho.
14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E TÉCNICA
2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
Um sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho (SGSST) é
definido como um conjunto de iniciativas da organização através de políticas,
programas, objetivos e processos integrados às atividades da organização para
auxiliá-la a estar em conformidade com as exigências legais e de conduzir o
trabalho com ética e responsabilidade social. (SILVA et al., 2012).
Os Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho (SGSST) têm
o objetivo de promover melhorias contínuas, racionalização e confiabilidade de
projetos, processos e produtos/serviços, proporcionando redução de acidentes
e doenças ocupacionais, minimizando custos de processos, aumentando a
qualidade de vida dos trabalhadores, melhoria da imagem da organização e
incremento da sua competitividade e lucratividade.
De acordo com a ISO 45001 (2018), o objetivo de um sistema de gestão
de SST é fornecer uma estrutura eficiente de riscos e oportunidades de SST, de
forma que os resultados pretendidos pela organização sejam prevenir lesões e
problemas de saúde relacionados ao trabalho, além de proporcionar locais de
trabalho seguros e saudáveis. Sendo assim, de suma importância para a
organização, é a eficiência na eliminação de perigos e na contenção de riscos,
por meio de medidas de prevenção e proteção efetivas. (ISO, 2018)
Os elementos inter-relacionados, conforme fluxograma abaixo, de um
sistema de gestão incluem a sua Estrutura, Funções e Responsabilidades,
Planejamento, Operação, Avaliação de Desempenho e Melhoria Contínua da
organização, que funcionam de forma integrada com a finalidade de alcançar a
política de SST definida para toda a organização.
15
Figura 1 - Elementos interrelacionados
Fonte: Autor (2019)
Uma das primeiras experiências tratando-se de sistema de gestão de SST
foi a partir do desenvolvimento da OSHA (Occupational Safety and Health
Administration) que introduziu experimentalmente o programa Voluntary
Protection Programs (VPP) no final da década de 70, e publicado formalmente
no início da década de 80. A OSHA visava promover a segurança e a saúde no
ambiente de trabalho. Ela é baseado em 4 elementos de um sistema de gestão:
(1) Liderança e participação, (2) análise do local de trabalho, (3) prevenção e
controle de riscos e (4) treinamento em segurança e saúde. (Lacerda, 2009).
A publicação da OHSAS 18001:1999 introduziu o Sistema de Gestão de
Segurança e Saúde Ocupacional, baseado nas experiências positivas
vivenciadas pela ISO referentes à gestão de qualidade (ISO 9000) e gestão
ambiental (ISO 14000), apesar do fato da própria ISO ter rejeitado por duas
vezes, em 1996 e 2000, a criação de um Comitê Técnico para desenvolvimento
de um SGSSO em seus padrões, por entender que a competência para esse tipo
de modelo de gestão era da OIT.
POLÍTICA DE SST
FUNÇÕES
PLANEJAMENTO
OPERAÇÃO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
MELHORIA CONTÍNUA
ESTRUTURA
16
Em 2007, o grupo de trabalho responsável pela OHSAS publicou a
atualização da norma, tornando compatível com as normas ISO 14001:2004 e
ISO 9001:2000, atualizou conceitos de segurança e saúde do trabalho e
estabeleceu requisitos absolutos em suas especificações para o desempenho
da SST dentro da organização, a partir de uma melhor definição de seus termos
e conceitos. Desde então, a OHSAS 18001:2007 tem sido referência na
certificação de sistemas de gestão de SST para organizações de qualquer porte,
nível e país de atuação.
Somente aproximadamente 20 anos após os primeiros passos dos
sistemas de gestão em segurança e saúde ocupacional, a ISO assume a
responsabilidade do desenvolvimento de suas diretrizes para implementação e
manutenção dos sistemas. Foi em 2013 que houve a aprovação para a criação
da ISO 45001:2018, e seu comitê de desenvolvimento do esboço sendo formado
no ano seguinte. Após dois anos de trabalho, finalmente foi publicado seu esboço
em janeiro de 2016.
Em março de 2018, a ISO 45001:2018 é publicada oficialmente
estruturada a partir do “Anexo SL” que alinha o seu padrão com o das outras
normas publicadas pela ISO, visando uma adaptação ao conceito de sistema de
gestão do futuro, que permitirá um sistema de gestão integrado, com todos os
setores da organização funcionando a partir do mesmo padrão de interligação,
promovendo sua integração em totalidade.
O caráter de atualização da ISO em relação a OHSAS 18001:2007 é
reafirmado com o período de migração de três anos a partir de sua publicação,
isto é, até março de 2021, para as empresas certificadas pela OHSAS atenderem
a todos os requisitos atualizados e mudanças impostas pela ISO. Na figura 1
abaixo, é apresentada a linha do tempo da ISO 45001:2018, desde sua
aprovação, publicação e incluindo o período de migração da norma.
17
Figura 2- Linha do tempo da ISO45001
Fonte: NQA (2018)
2.2 SISTEMAS DE GESTÃO DE SST E O CICLO PDCA
As estruturas das diretrizes das normas em sistemas de gestão de SST à
nível organizacional baseou-se no modelo do ciclo PDCA ou ciclo de Deming –
Plan/Do/Check/Act – (Planejar/Fazer/Verificar/Agir), observado nos sistemas de
gestão que seguem os padrões ISO referentes a qualidade e meio ambiente.
(Lacerda, 2009)
Desde então, as normas reguladoras, certificadoras ou de diretrizes de
sistemas de gestão seguiram esse padrão de utilização deste modelo aceito
internacionalmente. Incluindo as normas estudadas nesse trabalho, a OHSAS
18001, em ambas publicações, de 1999 e 2007, e, claro, a ISO 45001:2018, à
exemplo das outras normas padrão ISO já existentes.
O ciclo PDCA foi desenvolvido originalmente na década de trinta, nos
laboratórios da Bell Laboratories nos EUA, pelo estatístico Walter A. Shewhard
e popularizado por Edward Demming, após sua aplicação técnica em indústrias
no Japão durante a década de cinquenta. (Andrade, 2003).
Essa ferramenta foi criada para focar no ciclo de controle estatístico,
sendo passível de repetição frente a qualquer procedimento, processo ou
problema, e busca melhorá-los continuamente. O método visa apontar e
dinamizar o cumprimento de metas estabelecidas, além de buscar a correção de
18
problemas na organização e gerencia por meio de sequência cíclica ordenada e
repetitiva, caracterizada por quatro estágios. (Pedro Filho et al, 2017).
Tais estágios são descritos e simbolizados por suas iniciais em inglês:
Plan (P), a etapa de planejamento, localização e identificação do problema,
análise e elaboração de um plano de ação; Do (D), a operação em si ou
execução; Check (C), a verificação dos resultados obtidos e; Act (A), ações de
correção, padronização e corretivas do ciclo, isto é, de melhoria contínua. A
figura 2 ilustra um esquema do ciclo PDCA e suas etapas.
De acordo com Nunes (2011), o ciclo PDCA para os elementos da SGSSO
pode ser descrito da seguinte forma:
P (Plan – Planejar) - De acordo com a política de SSO da organização,
estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os
resultados;
D (Do – Executar) – implementar o conhecimento específico para os
riscos dos processos;
C (Check – Avaliar) - monitorar e medir os processos em
conformidade com a política, objetivos, metas, requisitos legais e
controles operacionais;
Figura 3 - Ciclo PDCA
Fonte: Blog sobreadministração (GOOGLE)
19
A (Act – Agir) – executar ações para melhoria contínua do
desempenho SGSSO.
As tabelas 1-4 associam os tópicos de ambas as normas estudadas nesse
trabalho com as etapas do ciclo PDCA as quais estão inseridos. Os pontos
principais das etapas do ciclo (planejar, fazer, checar e agir) são verificados ao
longo das normas de forma bem definidas e seus conceitos detalhados.
Tabela 1 - PDCA (PLAN) e Normas
ETAPA OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
P (PLAN)
4.3 Planejamento 6 Planejamento
4.3.1 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
6.1.2 Identificação de perigos e avaliação de riscos e oportunidades
6.1.2.1 Identificação de perigos
6.1.2.2 Avaliação de riscos de SST e outros riscos para o sistema de gestão da SST
8.1.2 Eliminando perigos e reduzindo riscos e SST
8.1.3 Gestão de mudanças
8.1.4.2 Contratados
4.3.2 Requisitos legais e outros
6.1.3 Determinação de requisitos legais e outros requisitos
8.1.4.3 Terceirização
4.3.3 Objetivos e Programas
6.2 Objetivos de SST e planejamento para alcança-los
6.2.1 Objetivos de SST
6.2.2 Planejamento para alcançar os objetivos de SST
10.3 Melhoria contínua
Fonte: 1 Autor (2019).
Tabela 2 - PDCA (DO) e Normas
ETAPA OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
4.4 Implementação e operação 7 Suporte
8 Operação
4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades, prestações de contas e autoridade
5.1 Liderança e comprometimento
5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais
7.1 Recursos
4.4.2 Competência, treinamento e conscientização
7.2 Competência
7.3 Conscientização
4.4.3 Comunicação, participação e consulta 5 Liderança e participação dos trabalhadores
4.4.3.1 Comunicação
7.4 Comunicação
7.4.1 Generalidades
7.4.2 Comunicação interna
7.4.3 Comunicação externa
20
D (DO)
8.1.4.2 Contratados
8.1.4.3 Terceirização
4.4.3.2 Participação e consulta
4.2 Entendendo as necessidades e expectativas dos trabalhadores e de outras partes interessadas
5.4 Consulta e participação dos trabalhadores
8.1.4.2 Contratados
4.4.4 Documentação 7.5 Informação documentada
4.4.5 Controle de documentos 7.5.2 Criando e atualizando
7.5.3 Controle de informação documentada
4.4.6 Controle operacional
6.1.1 Generalidades
6.1.4 Planejamento de ações
8.1 Planejamento e controle operacionais
8.1.1 Generalidades
8.1.2 Eliminando perigos e reduzindo riscos e SST
8.1.3 Gestão de mudanças
8.1.4 Aquisição
8.1.4.1 Generalidades
8.1.4.2 Contratados
4.4.6 Preparação e respostas a emergências 8.2 Preparação e resposta a emergências
Fonte: 2 Autor (2019)
Tabela 3 - PDCA (CHECK) e Normas
ETAPA OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
C (CHECK)
4.5 Verificação 9 Avaliação de desempenho
4.5.1 Monitoramento e medição do desempenho
9.1 Monitroramento, medição, análise e avaliação de desempenho
9.1.1 Generalidades
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
9.1.2 Avaliação dos atendimento aos requisitos legais e outros requisitos
4.5.3 Investigação de incidente, não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva
10.2 Incidente, não conformidade e ação corretiva 4.5.3.1 Investigação de incidente
4.5.3.2 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle de registros
7.5 Informação documentada
7.5.1 Generalidades
7.5.2 Criando e atualizando
7.5.3 Controle de informação documentada
4.5.5 Auditoria interna
9.2 Auditoria interna
9.2.1 Generalidades
9.2.2 Programa de auditoria interna
Fonte: 3 Autor (2019)
21
Tabela 4 - PDCA (ACT) e Normas
ETAPA OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
A (ACT) 4.6 Análise crítica pela direção
4 Contexto da organização
4.1 Compreensão da organização e seu contexto
4.2 Compreensão das necessidades e expectativas dos trabalhadores e outras partes interessadas
9.3 Análise crítica pela direção
10 Melhoria
10.1 Generalidades
10.3 Melhoria contínua
Fonte: 4 Autor (2019)
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A realização deste trabalho se deu por meio de uma revisão de literatura.
Método de pesquisa o qual se preocupa em buscar, analisar o material
acadêmico existente a fim de encontrar uma resposta para uma pergunta
específica. A revisão bibliográfica será feita de forma a comparar os objetos de
estudo, nesse caso, as normas em questão. Elas serão comparadas quanto às
suas características, similaridades e diferenças. Serão analisados
atenciosamente as suas estruturas, seus escopos e disposição e ainda acerca
do funcionamento e efetividade das diretrizes especificadas em cada uma delas.
A revisão permitirá que se obtenha conclusões referentes as atualizações
encontradas e de que forma elas atuaram na eficácia da implementação do
sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho nas organizações
certificadas.
A escolha das normas especificadas internacionais, a OHSAS 18001 e
ISO 45001, se deu devido à relevância dessas normas e de suas organizações
para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a sua influência dentro do
mercado de trabalho em diversos setores diferentes em todo o mundo. A relação
entre as normas é de atualização, ou seja, a ISO 45001:2018 foi desenvolvida
com o objetivo de suplantar a OHSAS 18001:2007 como a referência em
certificação de Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança, exposto de uma
forma geral e acessível para as organizações interessadas em obtê-la. Sendo
este o direcionamento específico das normas, torna-se viável a metodologia
22
aplicada e a comparação realizada entre elas, visando investigar os avanços e
atualizações existentes e seus resultados inerentes.
3.1 NORMAS CERTIFICADORAS DE SISTEMA DE GESTÃO DE SST
3.1.1 OHSAS 18001:2007
A OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series é um
conjunto de normas que visa a realização de auditorias e certificação de
programas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente. Foi influenciada
pela norma britânica BS 8800, que já estava bem difundida ao final da década
de 90, e foi a pioneira na criação de modelos pré-estabelecidos para o Sistema
de Segurança e Saúde do Trabalho.
Esse sistema de normatização teve o intuito de integrar e substituir todas
as normas e guias desenvolvido pelas entidades participantes na sua criação, e
ser utilizada em nível internacional, a partir de um embasamento teórico da
norma BS 8800.
A OHSAS 18001:2007 é uma norma internacional que define um conjunto
de requisitos referentes a boas práticas em gestão de SST para organizações
de qualquer porte, promovendo diretivas para dar suporte ao empregador para
criar sua própria estrutura de saúde e segurança, de forma a possibilitar a
inclusão de todos os setores, controles e processos necessários a SST em um
único sistema integrado de gestão.
23
Figura 4 - Logo da OHSAS 18001:2007
Fonte: OHSAS
A OHSAS 18001 foi desenvolvida a partir da inexistência de uma norma
internacional que servisse de suporte para certificação de sistema de gestão de
saúde e segurança, garantindo elementos de um sistema eficiente, permitindo-
se uma integração planejada, com outros ambientes da gestão administrativa.
(Lacerda, 2009). Uma vez que sua antecessora, a norma BS 8800, funcionava
apenas como um guia de diretrizes e orientações genéricas para a área, não
podendo ser utilizados para fins de certificação, porém, aplicável para
organizações de grande e pequeno porte e altos e baixos riscos.
Apesar da sua criação em 1999, a norma se consolidou ainda mais como
referência em sistema de gestão e saúde do trabalho após sua revisão em 2007,
e teve as principais alterações o alinhamento com a norma ISO 14001:2004.
Utilizando modelo de sistema de gestão definido pela ISO, sua ênfase é voltada
à organização em si, internamente, enquanto a ISO 14001 tem foco na gestão
ambiental, isto é, nos impactos externos gerados pela organização.
Os aspectos chave da norma são: identificação de perigos; avaliação dos
riscos; determinação, priorização e adoção de controles; monitoramento e
análise da efetividade dos controles e a melhoria contínua (ver figura 5).
24
Figura 5 - Aspectos chave
Fonte: Autor (2019)
A OHSAS 18001:2007 especifica que o SGSST é uma parte do sistema
de gestão geral da organização, objetivando facilitar o gerenciamento de riscos
de saúde e segurança do trabalho associados aos setores da organização, isto
é, incluindo a estrutura organizacional, as atividades de planejamento, as
responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos
para desenvolver, implementar, atingir, analisar e manter a política de saúde e
segurança do trabalho da organização.
O objetivo da norma OHSAS 18001 é fornecer elementos para a
elaboração de um SGSSO eficaz, com a finalidade de minimizar os riscos de
acidentes, garantir a proteção dos trabalhadores e a redução dos riscos laborais
por parte da organização e dos colaboradores. A adoção de boas práticas de
higiene, segurança e saúde, além da conscientização de todas as partes
envolvidas na gestão da segurança e saúde do trabalho, contribui para o
cumprimento dos requisitos legais, contratuais, sociais e financeiros relativos à
segurança e saúde ocupacional.
Seguindo o modelo padrão da ISO 14001, a estrutura da norma OHSAS
18001 também está baseada no ciclo PDCA. O modelo de certificação da norma
envolve ações específicas dentro do ciclo PDCA descrito que são exigidos como
padrões para a certificação da organização nos parâmetros visados. A sua
estrutura inclui:
I. Política de SST da organização;
II. Planejamento;
III. Implementação e Operação;
IV. Verificação e Ações corretivas;
V. Análise crítica da administração;
25
VI. Melhorias contínuas.
Figura 6 - Estrutura OHSAS 18001
Fonte: OHSAS 18001 (2007)
Para garantir a certificação perante a OHSAS 18001, a organização
deverá ter bem definida e de forma clara a sua política em relação a SST. Isto é,
as suas intenções devem incluir o comprometimento com a prevenção de danos
e doenças ocupacionais, a melhoria contínua da gestão e desenvolvimento da
SST, o cumprimento de regras e requisitos legais, e a comunicação perante
todos os colaboradores envolvidos no funcionamento da organização de forma
que sejam cientes de suas obrigações individuais dentro da gestão de SST.
Ainda no setor de Planejamento (Plan), a organização trabalha de forma
a identificar perigos, avaliar riscos e determinar medidas de controle por meio da
análise de atividades rotineiras e não rotineiras de todas as pessoas que tenham
acesso ao ambiente de trabalho, incluindo trabalhadores, prestadores de serviço
e clientes. Também inclui, a identificação de perigos não originados nos locais
de trabalho e na infraestrutura, assim como equipamentos e materiais
necessários para o desenvolvimento das atividades.
A norma também destaca a necessidade de identificar, atualizar e atender
as leis aplicáveis a Segurança e Saúde do Trabalho, para que sejam levadas em
26
conta durante todo o processo de implementação e funcionamento da gestão de
SST. A organização deverá ter seus objetivos referentes a SST bem definidos,
documentados, mensuráveis, praticáveis nas funções pertinentes da
organização e de acordo com a política de SST previamente estabelecida, assim
como os programas previstos para que sejam alcançados. Inclui-se o
comprometimento com a prevenção de danos e doenças ocupacionais,
considerando opções tecnológicas, requisitos financeiros, operacionais e
administrativos.
O segundo setor do ciclo de operação da gestão envolve a Implementação
e operação do sistema. A alta direção é a responsável final pela segurança e
saúde do trabalho e seu sistema de gestão, sendo sua obrigação garantir todos
os recursos para a sua implementação. A gerência deve ter o compromisso de
definir funções, distribuir responsabilidades e autoridades, assegurando que o
sistema de gestão de SST esteja nos padrões da OHSAS 18001:2007,
garantindo sua eficácia. Os dados de relatórios acerca do desempenho do
sistema devem ser utilizados como base para a melhoria contínua da gestão,
sob olhares críticos e analíticos da direção responsável.
Assim como na etapa de planejamento (P – plan), a organização deve
identificar necessidades de treinamento dos colaboradores em correlação aos
riscos identificados e associados ao sistema de gestão e atividades previstas e
realizadas, e, naturalmente, providenciar tais treinamentos para suprir essas
necessidades, avaliando assim, sua eficácia. A comunicação interna entre os
diversos níveis da gestão deve ser estabelecida de forma clara e específica,
também com colaboradores terceirizados e visitantes do local de trabalho. A
segurança e saúde do trabalho envolve todo o espaço determinado como
ambiente de trabalho e seus transeuntes, sejam colaboradores, terceirizados,
visitantes ou clientes.
A participação dos trabalhadores deve ser estabelecida por meio de
procedimentos que garantam o seu envolvimento no desenvolvimento e análise
dos objetivos e políticas de segurança e saúde do trabalho. Essa coparticipação
estimula a consciência dos trabalhadores sobre as consequências de suas
atividades, comportamentos e decisões em relação a SST, tornando visível e
palpável a todos que fiquem cientes de seus papéis e responsabilidades, a
27
importância da conformidade com a política adotada de SST e seus benefícios
em detrimento de melhoras pessoais e de desempenho no ambiente de trabalho.
A organização é responsável por estabelecer procedimentos de controle
de todos os documentos relacionados a gestão de SST; identificar as operações
e atividades que estão associadas aos perigos identificados, onde a
implementação de controles seja necessária para gerenciar os riscos e;
implementar procedimentos para identificação de potenciais situações de
emergência, e sua devida pronta resposta.
O desempenho da Segurança e Saúde do Trabalho deve ser monitorado
pela organização por meio de procedimentos, incluindo registro de dados e
resultados suficientes para ditar futuras análises de ações corretivas e
preventivas. A organização deverá também implementar procedimentos de
avaliação periódica do atendimento de todos os requisitos legais aplicáveis e
tratar da manutenção de registros de seus resultados.
Os procedimentos para registrar, investigar e analisar incidentes e os
resultados das investigações devem ser estabelecidos, documentados e
mantidos. As não conformidades reais e potenciais são tratadas para que ações
corretivas e preventivas sejam executadas adequadamente à magnitude dos
problemas e proporcional aos riscos encontrados. Além do mais, tais registros
devem ser mantidos e documentados a fim de demonstrar a conformidade com
os requisitos de um sistema de gestão de SST e com a norma certificadora,
assegurando que as auditorias internas do sistema sejam realizadas em
intervalos planejados.
Por fim, a alta administração é responsável pela análise crítica de forma
coerente com o comprometimento da organização e com a melhoria contínua, e
deve incluir qualquer decisão e ação relacionada a possíveis adequações no
sistema, nos recursos, na política e objetivos da SST, visando uma adequação
do desempenho aos padrões planejados e certificados pela norma OHSAS
18001:2007.
3.1.2 ISO 45001:2018
Apesar da grande referência da Organização Internacional de Normas –
International Organization for Standarts (ISO) no desenvolvimento de normas
28
certificadas, difundidas e utilizadas mundialmente, houve divergência no
entendimento de quem seria responsável pelo desenvolvimento de uma norma
que regulamentasse as diretrizes para um sistema de gestão de segurança. Ao
final da década de 90, a ISO argumentava que a norma seria responsabilidade
da organização mundial do trabalho (OIT) e postergou o seu desenvolvimento
até a metade da segunda década do século XXI.
Foi a partir de 2016, com a publicação do esboço da norma, que o
desenvolvimento da ISO 45001 – Sistemas de gestão de saúde e segurança
ocupacional - Requisitos com guia para uso, foi realizado por uma comitê de
especialistas em saúde e segurança do trabalho, tendo então sua publicação
apenas em março de 2018.
Figura 7 - Logo da ISO 45001:2018
Fonte: ISO
Diferentemente da ISO 9000 (Gestão da Qualidade) e da ISO 14001
(Gestão ambiental), que trazem seus próprios Sistemas de Gestão, seus
aspectos e requisitos específicos, a ISO 45001, apesar de seguir suas mesmas
abordagens extensivas de Sistema de Gestão, apresenta, assim como a OHSAS
18001, diretrizes para implementação de um Sistema de gestão de saúde e
segurança ocupacional, com o objetivo de facilitar a implementação de um
sistema de gestão de saúde e de segurança, alinhado à direção estratégica da
organização, visando um aumento da responsabilidade e envolvimento da
liderança, com a finalidade de melhorar o desempenho de saúde e segurança
do trabalho nos ambientes internos e comuns à organização.
29
As maiores inovações da nova ISO 45001 dizem respeito ao
posicionamento e envolvimento dos gestores perante a responsabilidade de
proteção e integridade dos seus trabalhadores. Isto é, a alta direção da
organização estará diretamente ligada com a comunicação das partes
interessadas do seu sistema de saúde e segurança do trabalho, além do
treinamento e capacitação necessária aos colaboradores e sua contribuição
geral de todo sistema integrado.
A norma ISO 45001 também aplica o ciclo PDCA em seu sistema, com
seu enfoque principal no contexto da organização e dos trabalhadores, na
liderança e política de segurança e saúde ocupacional, na participação e
consulta, nos riscos e oportunidades, no planejamento e controle operacional,
na avaliação de conformidade, análise crítica pela direção, nos incidentes e não
conformidades e na ação corretiva e melhoria contínua de seu ciclo.
Figura 8 - Aspectos Chave ISO 45001
Fonte: Autor (2019)
A estrutura da norma está dividida de acordo com suas 10 (dez) seções
específicas: Escopo; Referências Normativas; Termos e Definições; Contexto da
Organização; Liderança; Planejamento; Suporte; Operação; Avaliação de
Desempenho e Melhoria, em ordem crescente. As seções 1 a 4 tratam do
Sistema de Gestão em si e das orientações para utilização, além de métodos
para que a empresa forneça condições de trabalho seguras e previna lesões e
doenças ocupacionais. A seção 5, descata o maior envolvimento da Liderança
em toda a organização e na figura 10 nota-se o envolvimento dessa cláusula
com todas as outras dentro do ciclo. Na seção 6 é tratada a etapa de
planejamento (plan) do ciclo, nas seções seguintes 7 e 8 são as etapas de
suporte e operação (do); na seção de Avaliação de Desempenho, seção 9, a
etapa de checagem (check), e, por fim, a clausura de melhoria, seção 10,
representando no ciclo a última etapa Agir (act).
30
Figura 9 - Ciclo PDCA (ISO 45001)
Fonte: ISO 45001:2018
No ciclo PDCA inscrito na estrutura da norma ISO 45001, a clausura 5,
que trata da Liderança e Participação dos trabalhadores, envolve todas as outras
etapas. Ilustrando, damos a ênfase ao papel da liderança da alta direção no
desempenho e participação ativa no sistema, na comunicação com todos os
âmbitos de atividade laboral envolvidos direta e indiretamente com a gestão de
segurança, na análise de riscos e prevenção em toda organização e sua
influência direta em todos as etapas do ciclo, do planejamento e política de SST
da organização às ações para melhoria contínua do desempenho do sistema.
O planejamento descrito na norma ISO 45001 envolve duas diferentes
frentes de ação: a abordagem de riscos e oportunidades e os objetivos de SST
e planejamento para obtenção de seus resultados.
A primeira trata da identificação de perigo por parte da organização
levando-se em consideração como o trabalho é organizado e seus fatores
sociais, como carga de trabalho, horário, vitimização, assédio, bullying, liderança
31
e a cultura da organização; atividades de rotina e não rotineiras, que incluem
perigos da infraestrutura, equipamentos, materiais, substâncias e condições
físicas do ambiente de trabalho; potenciais situações de emergência e todas as
pessoas, colaboradoras ou visitantes com acesso ao local de trabalho e suas
atividades. A organização deve determinar e avaliar os riscos de SST e seus
níveis em relação aos perigos identificados ao longo de todo processo de seu
funcionamento, considerando a eficiência dos controles existentes.
A norma ISO 45001 faz distinção de riscos e oportunidades. estas são
apontadas como “riscos positivos” no sistema de gestão, isto é, a organização
deve estabelecer, implementar e manter processos para avaliar oportunidades
dentro do cenário de SST que melhorem o seu desempenho levando em
consideração o planejamento vigente, providenciando oportunidades para
adaptar o ambiente de trabalho aos trabalhadores, assim como oportunidades
para analisar e eliminar perigos e reduzir riscos para aprimoramento do próprio
sistema.
O Planejamento do Sistema de Gestão requer objetivos de SST que sejam
consistentes com a política da organização referente a SST e devem levar em
consideração os resultados das avaliações de riscos e oportunidades, os riscos
também devem ser mensuráveis, monitorados e comunicados a todas as partes
envolvidas e variadas niveis da organização. Também deve incluir, de forma
clara e documentada, as ações planejadas para atingí-los, ou seja, quais
recursos serão necessários, os responsáveis, os prazos para conclusão, a forma
como os resultados serão avaliados e seus indicadores de monitoramento.
No próximo módulo da norma ISO 45001:2018 é tratado a
responsabilidade da organização no suporte ao sistema. Sendo assim, é de sua
alçada providenciar os recursos necessários para estabelecimento,
implementação, manutenção e funcionamento do sistema de SST. O primeiro
ponto reflete as devidas competências dos trabalhadores, uma vez que podem
afetar o desempenho do sistema. A empresa deve assegurar que os
trabalhadores sejam competentes para os serviços determinados em relação à
educação, ao treinamento e à experiência apropriada. Quando necessário, a
organização deverá fornecer o treinamento para orientação, redistribuição dos
empregados ou contratação de pessoal apropriado para funcionamento do
sistema.
32
A organização deverá ser prática no que se refere aos seus métodos de
comunicação das ações do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho,
tanto interna quando externamente, para que seja feita de forma eficiente,
documentada e registrada. Para isso, é necessária a conscientização de todos
os trabalhadores quanto à prevenção, a identificação e aos perigos avaliados na
etapa de planejamento. (Rezende, 2018)
Ainda na etapa “do” do ciclo PDCA, a seção 8 traz a parte Operação da
implementação do Sistema de Gestão. A organização deve, de acordo com o
planejado, implementar o controle do processo operacional de acordo com a
hierarquia de controles pré-estabelecida, sendo ela:
a) eliminar ou reduzir os perigos de uma forma geral;
b) substituir por processos, operações, materiais ou equipamentos
menos perigosos;
c) Utilizar controles de engenharia e reorganização do trabalho;
d) Utilizar controles administrativos, incluindo treinamento;
e) Utilizar equipamento de proteção individual (EPI) adequado.
A organização deve planejar também como implementar mudanças, de
forma a não gerar novos perigos ou ampliar riscos de SST, incluindo, a inovação
dos produtos e tecnologia, serviços e processos que impactam no desempenho
de SST, considerando inclusive as consequências de mudanças não
intencionais, com medidas mitigadoras de quaisquer resultados adversos.
Além disso, a organização é responsável por preparar e estabelecer uma
resposta planejada para situações de emergência, incluindo treinamento, testes
e exercícios da capacidade de resposta, avaliação do desempenho de resposta
e comunicação clara a todas as partes envolvidas, funcionários, contratados e
visitantes.
A ISO 45001 também requer que funções e processos terceirizados sejam
controlados e assegurados pela organização de forma que sejam consistentes
com os objetivos planejados do sistema de gestão de SST, garantindo que a
efetividade da prevenção de acidentes e redução de riscos seja aplicada não
somente aos funcionários da empresa, mas a todos que atuam nela.
Na nona cláusura da norma, temos a etapa referente a Avaliação de
Desempenho do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho, isto é,
33
refere-se a parte de checagem de resultados e análise crítica da diretoria. A
organização deverá promover o monitoramento, medição e avaliação de
desempenho do sistema, por meio de auditorias internas conduzidas pela própria
organização, garantindo a implementação e mantimento do sistema de forma
eficaz. A diretoria sendo a responsável por determinar os pontos específicos a
fim de padronizar a metodologia sistemática do processo de avaliação.
Sendo eles:
I) “O que?”: referindo-se a requisitos legais e suas devidas
conformidades com os requisitos e conformidades legais,
progressos no cumprimento de metas e objetivos de SST,
atividades e operações e seus relacionados perigos, riscos e
oportunidades identificados ao longo do processo e eficiência dos
controles operacionais aplicados e exercidos.
II) “Como?”: Os métodos utilizados para o monitoramento, medição,
análise e avaliação do desempenho como forma de assegurar
resultados válidos.
III) Critérios que foram utilizados para avaliação do desempenho da
Segurança do Trabalho.
IV) “Quando?”: Qual o período cíclico em que o monitoramento e
avaliação de desempenho deverão ser realizados, assim como a
própria divulgação dos resultados alcançados.
Além da avaliação de desempenho e como parte dela, cabe a direção ser
feita uma análise crítica do sistema de gestão de SST, com a finalidade de
assegurar sua adequação, suficiência e eficácia a cada ciclo. Assim, deverão ser
consideradas em sua análise, as mudanças nas questões de qualquer âmbito
que interfira no desempenho da SST, ou seja, necessidades e expectativas dos
envolvidos, requisitos legais, riscos e oportunidades. Também deve ser levado
em conta o cumprimento dos objetivos e política de SST, a adequação de
recurso, comunicação e sua relevância no âmbito de trabalho. As informações
de desempenho referentes a incidentes, não conformidades, ações corretivas e
melhorias, assim como resultados do monitoramento, medições, riscos e
oportunidades, auditorias e a avaliação de conformidades e desempenhos
devem ser levados em conta pela diretoria, assim como deverá contar com a
34
participação e consulta dos trabalhadores, sendo este um ponto muito
importante quanto ao índice de eficácia do sistema de gestão de SST.
A análise crítica é de severa importância dentro do sistema e para os
próximos ciclos de funcionamento, pois ela deve gerar resultados como decisões
relacionadas à adequação, suficiência e eficácia contínuas do sistema, visão de
oportunidades de melhoria, necessidades de mudanças no sistema e seus
recursos e ações, com intenção de melhorar a integração do sistema de gestão
de segurança com outros setores e partes da organização.
Por fim, temos a ação da empresa por meio da busca por melhoria
contínua do sistema. A Seção (10) reflete o objetivo geral da norma quanto a
prevenção de lesões e doenças ligadas ao trabalho, atuando na ação corretiva
de incidentes ou não conformidades no sistema, reduzindo a chance de
ocorrências nos próximos ciclos. Com uma atuação efetiva da organização no
sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho, as atividades e ambientes
de trabalho serão cada vez mais seguros para o trabalhador.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As normas envolvendo Sistemas de Gestão da Saúde e Segurança
Ocupacional apresentam as mesmas preocupações e princípios visando a
melhoria na segurança do trabalho. É preciso entender que mesmo alcançando
um sistema eficiente de Gestão da Saúde e Segurança, o ciclo de ação de um
sistema de gestão é ininterrupto e envolve sempre buscar melhorias contínuas.
Porém, a ISO 45001 foi desenvolvida para atualizar as diretrizes para a
implantação de um sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho, de
forma a adequar as responsabilidades à organização da empresa com a intenção
de integrar a redução de riscos à gestão como um todo.
A nova ISO apresenta, primariamente, uma mudança estrutural, pois ela
apresenta uma “estrutura de alto nível” implantada em todas as normas ISO de
sistema de gestão a partir de 2012. Essa estrutura é baseada no Anexo SL, que
garante que todas as normas de sistema de gestão no futuro tenham a mesma
estrutura, com texto principal idêntico e termos e definições comuns. Pontos
específicos de cada sistema de gestão diferente devem ser modificados e
35
acrescidos nas subclausuras enquanto a estrutura comum deve permanecer
inalterada.
A nova estruturação da norma baseada no “Anexo SL” visa a facilitação do
processo de implementação, entendimento e integração de diversos sistemas de
gestão de forma harmonizada, estruturada e eficiente. É mais uma caracteristica
da norma que segue o padrão ISO, haja visto nas normas ISO 9001 e ISO 14001.
O anexo é composto por uma estrutura de 10 cláusuras que padronizam e
dispõem de um conjunto de requisitos genéricos através de setores de indústria
e disciplinas. As cláusuras, já tratadas, serão apresentadas na tabela 5 abaixo.
Tabela 5 - Anexo "SL"
Cláusura 1 Escopo
Cláusura 2 Referências normativas
Cláusura 3 Termos e definições
Cláusura 4 Contexto da organização
Cláusura 5 Liderança
Cláusura 6 Planejamento
Cláusura 7 Suporte
Cláusura 8 Operação
Cláusura 9 Avaliação de desempenho
Cláusura 10 Melhoria Fonte: Autor (2019)
As estruturas das duas normas, no entanto, têm pontos em comum, apesar
de seguirem padrões distintos. Os pontos tratados dentro do sistema de gestão
podem ser relacionados entre as normas, estabelecendo a funcionalidade dentro
do sistema. A ISO aborda seções de forma mais detalhada em relação à
abrangência de suas considerações, o que é notado ao relacionar os tópicos das
seções presentes na ISO com a forma como eram expressos na OHSAS 18001.
Conforme verificado na tabela 6, o escopo e as abordagens iniciais das
normas são bem semelhantes, a OHSAS 18001 já apresentava um padrão inicial
baseado em outras normas da ISO já publicadas, com escopo, publicações de
referências, termos e definições e requisitos do sistema de gestão. Entretanto,
novas definições e atualizações de conceitos foram implementadas na ISO
45001, tais como as terminologias utilizadas em “Organização”, “Parte
interessada”, “Trabalhador” e “Oportunidade”.
36
Tabela 6 - Estrtuturas das normas
OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
1 Escopo 1 Escopo
2 Publicações de referência 2 Referências normativas
3 Termos e definições 3 Termos e definições
4 Requisitos do sistema de gestão 4.3 Determinação do escopo do sistema de gestão de SSO
4.1 Requisitos gerais 4.4 Sistema de Gestão de SSO
Fonte: Autor (2019)
A norma ISO 45001 dá uma nova ênfase na liderança e em seu
desempenho de um papel ativo no desenvolvimento, implantação e todo
funcionamento do sistema de gestão de segurança da organização. O objetivo é
assegurar a disseminação da cultura de prevenção e olhar atenciosamente para
os riscos a partir do alto calão da diretoria envolvida. Além do mais, ao longo de
toda a norma é destacada a responsabilidade da direção referente a todos os
crítérios e requisitos de sua aplicação no sistema de gestão. O papel era
executado por um gestor ou gerente de segurança nos moldes da OHSAS
18001, sobrecarregando um funcionário com a responsabilidade de todo o
sistema de gestão de segurança e isolando a alta direção de seu funcionamento
e integração com outros sitemas de gestão.
Assim, torna-se responsabilidade da alta administração estabelecer,
implementar e manter a política de SST, sendo requerido que tal política inclua
a participação do trabalhador, a partir da comunicação com todos os envolvidos
na atividade laboral, garantindo que sejam consultados e participem do
desenvolvimento, planejamento, implementação, avaliação de desempenho e
ações para melhoria do SST.
A liderança e participação dos trabalhadores tiveram mudanças
significativas na nova ISO 45001. Agora com uma cláusura específica (5) a
Liderança, quando comparada a OHSAS 18001, era limitada ao contato com
trabalhadores, somente sobre a identificação de perigos e consulta sobre
mudanças. Agora, a organização deve oferecer os mecanismos, tempo,
treinamento para consulta e participação dos trabalhadores.
37
O item 4 da ISO 45001, Contexto da Organização, novidade da norma no
âmbito da SST, torna requisito a determinação dos pontos da organização,
internos ou externos, que sejam relevantes para o propósito e que afetem a
busca por resultados do sistema de gestão de SST. Ou seja, a atuação e o
contexto da empresa devem ser levados em conta a partir da consideração de
seus aspectos internos, como questões técnicas, legais, culturais, recursos e
informação, e externos, como ambientais, socioeconômicos e políticos, que
possam afetar a capacidade da organização de alcançar eficiência do sistema.
O Contexto da organização também compreende as necessidades e
expectativas de todas as partes interessadas em relação ao sistema de gestão
de segurança e objetivos da organização, destacando assim, fatores que
coloquem em risco a saúde e segurança dos trabalhadores e buscam
oportunidades dentro do ambiente de trabalho que apresentem melhorias no
sistema de SST. (CICCO, 2018)
Ao compararmos as etapas de planejamento em ambas as normas, nota-
se um novo ponto levado em conta na abordagem de ações visando o
cumprimento das metas planejadas. A ideia de avaliação de oportunidades de
SST envolve circunstâncias que podem levar à melhoria do desempenho de
sistema de gestão, incluindo a adaptação do ambiente de trabalho, eliminação
de riscos e outras oportunidades, levando em consideração as mudanças
planejadas para a organização.
A divisão entre riscos e oportunidades, ligada ao foco na gestão de risco
do sistema de gestão de SST da ISO 45001, cria uma ênfase específica na
identificação e controle de riscos ao invés de perigos, como é exigido na OHSAS
18001. Isto é, as análises são mais detalhadas para as hipóteses de risco antes
que sejam necessárias o uso de medidas compensatórias para a redução de
perigos aos trabalhadores e no processo laboral da organização.
A tabela 7 apresenta a correlação das cláusuras e subcláusuras de ambas
as normas que tratam da etapa do P – planejamento, dentro do ciclo PDCA.
Tabela 7 - Correlação entre as etapas de planejamento
OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
4.2 Políticas de SSO 5.2 Políticas de SSO
4.3 Planejamento 6 Planejamento
4.3.1 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
38
6.1.2 Identificação de perigos e avaliação de riscos e oportunidades
6.1.2.1 Identificação de perigos
6.1.2.2 Avaliação de riscos de SST e outros riscos para o sistema de gestão da SST
8.1.2 Eliminando perigos e reduzindo riscos e SST
8.1.3 Gestão de mudanças
8.1.4.2 Contratados
4.3.2 Requisitos legais e outros
6.1.3 Determinação de requisitos legais e outros requisitos
8.1.4.3 Terceirização
4.3.3 Objetivos e Programas
6.2 Objetivos de SST e planejamento para alcança-los
6.2.1 Objetivos de SST
6.2.2 Planejamento para alcançar os objetivos de SST
10.3 Melhoria contínua Fonte: Autor (2019)
No mais, riscos e oportunidades devem ser determinados na etapa de
planejamento, isto é, antes da mudança planejada. A norma ISO 45001
acompanha o contexto do trabalho atual ao dar ênfase nesta etapa, na
identificação de perigos associados a fatores sociais, como doenças
ocupacionais provenientes do excesso de carga de trabalho, bullying, assédio,
vitimação, ou resultantes do tipo de liderança e cultura da organização.
As alterações mais significantes no ciclo em Suporte (7) e Operação (8)
foram percebidas no “Planejamento e controle operacional”. O uso da “hierarquia
de controles” tornou-se um requisito específico, estabelecendo a ordem de
operações para eliminação de perigos e redução de risco de SST. Também
foram introduzidas novas subseções, tratando-se de gestão de mudanças e
aquisições.
A gestão de mudanças envolve o planejamento sobre como implementar
mudanças, garantindo que novos perigos não sejam introduzidos e riscos
relacionados a SST não sejam intensificados. A organização também será
responsável por identificar as oportunidades de melhorias de segurança e saúde
do trabalho provenientes de mudanças induzidas e planejadas.
A subseção que trata sobre aquisições requer que os riscos de SST
relacionados a suprimentos, recursos, produtos e serviços sejam levados em
39
consideração nas etapas iniciais dos processos de aquisições, com a finalidade
de serem gerenciados de forma mais eficaz pela administração. A organização
deve estabelecer processos de aquisição e coordená-los de maneira que
estejam em conformidade com o sistema de gestão.
A organização deverá estabelecer formas de controle para identificar
perigos e riscos decorrentes de atividades e operações que impactem, não só o
ambiente de trabalho, as partes interessadas e os trabalhadores, mas como
também traz uma subcláusura específica sobre terceirização, estendendo as
formas de controle para funções e processos terceirizados e adotando medidas,
quando necessário, como requisitos contratuais de aquisição, treinamentos e
inspeções.
É possível visualizar na tabela 8 o grau de detalhamento da norma ISO
45001, comparandas com sua antecessora, dos controles operacionais e as
especifidade das subcláusuras abordadas, tais como as novidades citadas,
Aquisição e Terceirizados.
Tabela 8 - Correlação entre as etapas operacionais
OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
4.4 Implementação e operação 7 Suporte
8 Operação
4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades, prestações de contas e autoridade
5.1 Liderança e comprometimento
5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais
7.1 Recursos
4.4.2 Competência, treinamento e conscientização
7.2 Competência
7.3 Conscientização
4.4.3 Comunicação, participação e consulta 5 Liderança e participação dos trabalhadores
4.4.3.1 Comunicação
7.4 Comunicação
7.4.1 Generalidades
7.4.2 Comunicação interna
7.4.3 Comunicação externa
8.1.4.2 Contratados
8.1.4.3 Terceirização
4.4.3.2 Participação e consulta
4.2 Entendendo as necessidades e expectativas dos trabalhadores e de outras partes interessadas
5.4 Consulta e participação dos trabalhadores
8.1.4.2 Contratados
4.4.4 Documentação 7.5 Informação documentada
4.4.5 Controle de documentos 7.5.2 Criando e atualizando
40
7.5.3 Controle de informação documentada
4.4.6 Controle operacional
6.1.1 Generalidades
6.1.4 Planejamento de ações
8.1 Planejamento e controle operacionais
8.1.1 Generalidades
8.1.2 Eliminando perigos e reduzindo riscos
8.1.3 Gestão de mudanças
8.1.4 Aquisição
8.1.4.1 Generalidades
8.1.4.2 Contratados
8.1.4.3 Terceirização
4.4.6 Preparação e respostas a emergências 8.2 Preparação e resposta a emergências Fonte: Autor (2019)
A avaliação de desempenho analisada na ISO 45001, diferentemente da
OHSAS 18001, não é referida como um procedimento. A organização é
direcionada para que estabeleça, implemente e mantenha processos para
monitorar, medir, analisar e avaliar o desempenho. A substuição, ao longo da
norma, do uso de procedimentos pelo de processos traz uma nova dinamicidade
na monitoração dos resultados e objetivos dos sistema de gestão de SST.
Nota-se na tabela 9, a abordagem da avaliação de desempenho e melhoria
contínua mesclados em outros pontos da norma e associados ao nível de
comprometimento da organização com as essas etapas, de forma não serem
restritas unicamente a suas cláusuras, e sim tratadas ao longo das outras etapas
do desenvolvimento do sistema.
Tabela 9 - Correlação entre as etapas de Avaliação de desempenho e Melhoria contínua
OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
4.5 Verificação 9 Avaliação de desempenho
4.5.1 Monitoramento e medição do desempenho
9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação de desempenho
9.1.1 Generalidades
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
9.1.2 Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos
4.5.3 Investigação de incidente, não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva 10.2 Incidente, não conformidade e ação
corretiva 4.5.3.1 Investigação de incidente
4.5.3.2 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle de registros
7.5 Informação documentada
7.5.1 Generalidades
7.5.2 Criando e atualizando
41
7.5.3 Controle de informação documentada
4.5.5 Auditoria interna
9.2 Auditoria interna
9.2.1 Generalidades
9.2.2 Programa de auditoria interna
OHSAS 18001:2007 ISO 45001:2018
4.6 Análise crítica pela direção
4 Contexto da organização
4.1 Compreensão da organização e seu contexto
4.2 Compreensão das necessidades e expectativas dos trabalhadores e outras partes interessadas
9.3 Análise crítica pela direção
10 Melhoria
10.1 Generalidades
10.3 Melhoria contínua Fonte: Autor(2019)
A ISO requer da organização o uso de indicadores de desempenho para
assegurar que a “melhoria contínua” seja parte central da política e cultura dela,
integrando outros aspectos da segurança e saúde do trabalho, como, por
exemplo, o bem estar dos trabalhadores. A nova norma entende que toda ela
está voltada para a prevenção, logo o requisito da OHSAS referente a “ação
preventiva” já não consta na ISO 45001.
A cláusura “Melhoria” reflete o objetivo primário da norma, ou seja, prevenir
lesões e doenças ocupacionais, a partir da eliminação de causas de incidentes
e não conformidades, redução de riscos e eliminação de perigos, para assim,
fornecer um ambiente de trabalho seguro e saudável.
5. CONCLUSÃO
Ao realizar uma análise comparativa das normas, percebe-se a
preocupação da ISO 45001 em conceber o desenvolvimento do trabalho como
uma atividade humana e acompanhar as mudanças da sociedade e suas
influências da segurança no ambiente de trabalho. É inaceitável que, atualmente,
diante de tantos avanços acadêmicos e tecnológicos, tenhamos ainda índices
tão altos de acidentes de trabalho ao redor do planeta.
É evidente que a norma ISO 45001:2018 traz mudanças significativas para
a Certificação de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho,
42
dentre elas, destacamos o maior envolvimento da alta gestão no papel da
liderança dentro do sistema a ser implantado, assim como maior envolvimento
dos colaboradores como parte do sistema de prevenção e redução de riscos de
trabalho.
A divisão entre “riscos” e “oportunidades” abrange a dinamicidade da nova
norma em buscar focos de melhorias para todo o processo de operação e
funcionamento do sistema. Os “riscos positivos” são notados e levados em
consideração no planejamento para que oportunidades de melhorias não sejam
perdidas.
O uso da “hierarquia de controles” apresentado na atualização da norma
certificadora, busca padronizar as medidas de controle e padronizar as
operações por ordem de prioridades, estabelecendo também um padrão de
eficiência na gestão dos riscos e eliminação de perigos previstos no
planejamento do sistema de gestão de SST certificado pela nova ISO 45001.
O ambiente de trabalho necessita da responsabilização da alta diretoria
para se tornar saudável para todos. O envolvimento de trabalhadores de todos
os níveis de atuação é de suma importância para o funcionamento de um sistema
que protege o ser humano como um todo e promove a saúde e a vida, garantindo
o direito a todos de exercer suas funções sem riscos ou com o menor perigo
possível.
O atendimento dos requisitos legais a partir da implementação e
atualização das normas pode trazer grandes benefícios para a organização,
dentre melhorias na prevenção de acidentes e incidentes, melhorias no controle
de riscos e perigos, redução de custos de afastamentos e causas trabalhistas,
aumento na motivação e produção dos funcionários, além de proporcionar
melhora na imagem da organização por meio da certificação e cumprimento das
metas de segurança e saúde do trabalho.
Vale ressaltar que a ISO 45001:2018 tem caráter de atualização da OHSAS
18001:2007 e que as organizações já certificadas pela última devem estabelecer
metas para migração e cumprimento dos requisitos da norma mais recente, a fim
de acompanhar os moldes do mercado de trabalho e continuar atuando com um
sistema de gestão de SST eficiente e que não seja obsoleto.
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REFERÊNCIAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 45001/2018 - Sistema de Gestão da Saúde e Segurança Ocupacional: Requerimentos e guia para uso. Rio de Janeiro, ABNT, 2018. ANDRADE, F. F. de. O método de melhorias PDCA. 2003. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da USP, 2003. ANUÁRIO ESTATISTICO DA PREVIDENCIA SOCIAL. AEPS. Brasil, 2017. E-book. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-previdencia-social/> Acesso em jan. 2019.
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