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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ (UVA)
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (PRPPG)
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS (CCH)
MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA (MAG/UVA)
ANÁLISE DA EXPANSÃO URBANA DE PIRIPIRI-PI (1985 – 2015)
CASSANDRA DE SOUSA CUNHA
Sobral/CE
2017
CASSANDRA DE SOUSA CUNHA
ANÁLISE DA EXPANSÃO URBANA DE PIRIPIRI-PI (1985 – 2015)
Dissertação apresentada ao Mestrado Acadêmico em Geografia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Área de
Concentração: Organização, Produção e Gestão do Território no
Semiárido. Linha de Pesquisa: Dinâmica territorial: campo e
cidade
Orientador: Fabio Souza e Silva da Cunha
Sobral/CE
2017
AGRADECIMENTOS
Á Deus, pelas forças que me foram dadas.
Aos meus pais, Maria de Nazaré e Raimundo e a minha irmã, Liza, pelo incentivo,
compreensão e palavras de apoio ao longo período de ausência que passei para o
desenvolvimento desta dissertação.
A Universidade Estadual Vale do Acaraú, em especial ao Mestrado Acadêmico em
Geografia, pela oportunidade.
Ao meu orientador, pelo aprendizado nessa jornada.
A banca, Prof. Dr. Fabio Souza e Silva da Cunha, Profa. Dra. Virgínia Célia Cavalcante
de Holanda e Profa. Dra. Alexsandra Maria Vieira Muniz pelas ricas considerações no
desenvolvimento da pesquisa.
Aos professores do MAG que de forma indireta contribuíram por essa caminhada.
Ao IFPI, pelo apoio dado por meio da concessão de licença renumerada para realização
dos estudos do mestrado.
Aos colegas de turma e tantos outros que fiz nessa caminhada e pela troca de
experiências.
Aos colegas do laboratório, Jander e Lucas, que me ajudaram na produção dos mapas.
Ao Felipe Farias, secretário do MAG, pela atenção e disposição.
Aos funcionários da Prefeitura Municipal de Piripiri pela receptividade, disponibilidade,
disposição e atenção às vezes que precisei. E a todos aqueles que sempre confiaram em mim, desde sempre.
Temos uma história a contar que não é apenas contra alguma coisa, mas, é por alguma coisa.
Barack Obama
RESUMO
O presente trabalho é o resultado de uma análise da expansão urbana de Piripiri-PI no
período de 1985 a 2015 realizada com base em dados obtidos de imagens de satélites
Landsat 5 e Landsat 8, nas características e identificação dos agentes sociais que
influenciaram as alterações da mancha urbana, além, da avaliação sobre como a
implantação de conjuntos habitacionais e loteamentos transformou a estrutura urbana da
cidade ampliando seu perímetro urbano. Para tanto, se buscou compreender a produção
do espaço da cidade de Piripiri através do levantamento de dados referentes a conjuntos
habitacionais e loteamentos. Nesta perspectiva foram analisadas as formas de promoção,
as características urbanísticas e suas espacialidades. Ao longo da pesquisa, foram
realizadas leituras sobre a produção do espaço, agentes sociais e geotecnologias
voltadas para estudos urbanos. Além do levantamento bibliográfico, foi estruturada uma
base cartográfica a partir de dados e informações obtidos em diversos setores da
administração pública municipal de Piripiri (secretarias de assistência social,
infraestrutura, obras), além de órgãos com atuação federal (IBGE, CAIXA), a fim de
compreender a realidade estudada. A pesquisa de campo foi realizada à medida que a
pesquisa foi se desenvolvendo. Como resultado, observa-se, que a cidade de Piripiri-PI
tem incorporado uma dinâmica de expansão urbana decorrente principalmente da
implantação de conjuntos habitacionais e loteamentos que desempenham importante
papel na reconfiguração socioespacial da cidade.
Palavras chave: análise multitemporal, conjuntos habitacionais, agentes sociais, política
habitacional, PMCMV.
ABSTRACT The present work is the result of an analysis of the urban expansion of Piripiri-PI in the
period from 1985 to 2015, based on data obtained from satellite images Landsat 5 and
Landsat 8 and in the characteristics and identification of the social agents that
influenced the changes of the urban spot, besides the evaluation on how the
implantation of housing estates and subdivisions transformed the urban structure of the
city, expanding its. In order to do so, we sought to understand the production of the
space of the city of Piripiri through the collection of data referring to housing
complexes implemented from the housing e and lots. In this perspective the forms of
promotion, the urban characteristics and their spatiality were analyzed. Throughout the
research, readings were made on space production, social agents and geotechnologies
geared towards urban studies. In addition to the bibliographical survey, a cartographic
base was built based on data and information obtained in several sectors of the public
municipal administration of Piripiri (social assistance, infrastructure, works), as well as
federal agencies (IBGE, CAIXA) to understand the reality studied. Field research was
carried out as the research developed. As a result, it can be observed that the city of
Piripiri-PI has incorporated a dynamics of urban expansion mainly due to the
implantation of housing estates and subdivisions that play an important role in the
socio-spatial reconfiguration of the city.
Key words: multitemporal analysis, housing complexes, social agents, housing policy,
PMCMV.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa localização município de Piripiri- PI ................................................... 20
Figura 2: Estação Ferroviária na década de 1937. ......................................................... 48
Figura 3: Estação Ferroviária Atualmente: vista do pátio interno (a) e entrada principal
(b). .................................................................................................................................. 49
Figura 4: Empresas do ramo de vestuário em meio a residências (a) e (b) ................... 59
Figura 5: Centro comercial de Piripiri: Loja MACAVI (a) e Magazine Luiza (b). ...... 59
Figura 6: Vista geral de unidades residenciais na região do Parque Recreio (a) e (b). . 69
Figura 7: Unidades residenciais mais antigas sem calçada e sem acesso pavimentado
até entrada da casa (a) e unidades residenciais mais recentes com calçada, meio fio e
acesso pavimentado entre a calçada e a porta de entrada da casa (b). ............................ 71
Figura 8: Unidade Básica de Saúde (UBS) (a) e Centro Educacional no Parque Petecas
(b). .................................................................................................................................. 72
Figura 9: Depósito de bebidas da Coca Cola (a) e residências adaptadas para o
comercio em seu entorno, no Parque Petecas (b). .......................................................... 72
Figura 10: Acesso ao Parque Petecas pela BR (a) e entrada ao residencial (b). ........... 73
Figura 11: Acesso ao conjunto Jose Amâncio e Nova alegria pela BR 343 (a) e rua sem
pavimentação (b). ........................................................................................................... 73
Figura 12: Unidade Básica de Saúde (UBS) (a) e um Centro Educacional que atende ao
conjunto Jose Amâncio e Nova Alegria (b).................................................................... 74
Figura 13: Acesso ao Novo Jenipapeiro: ruas sem calçamento, sem esgoto (a) e mato
no entorno (b). ................................................................................................................ 74
Figura 14: Unidade Básica de saúde não concluída no conjunto Novo Jenipapeiro (a) e
(b). .................................................................................................................................. 75
Figura 15: Casas no Novo Jenipapeiro com padrões e tipologias diferenciadas a dos
conjuntos (a) e (b). .......................................................................................................... 75
Figura 16: Residencial Antônia flor: obras em execução com previsão de entrega para
2017 (a) e (b). ................................................................................................................. 76
Figura 17: Unidades residenciais com tipologia modificada do original no Parque
Recreio (a) e (b). ............................................................................................................. 77
Figura 18: Unidades residenciais com tipologia modificada localizadas no Parque
Petecas (a) e (b). ............................................................................................................. 77
Figura 19: Casa modificada para bar no Novo Jenipapeiro (a) e comercio no Parque
Recreio (b). ..................................................................................................................... 78
Figura 20: Casas adaptadas para comercio no Parque Petecas (a), (b), (c), (d). ........... 78
Figura 21: Loteamento Villa Madri: terraplanagem (a) e folder na entrada do
empreendimento (b). Fonte: Pesquisa de campo, 2016. ................................................. 81
Figura 22: Loteamento Jóquei Clube: acesso pela BR-343 (a) e infraestrutura de
energia no empreendimento (b). ..................................................................................... 82
Figura 23: Maquete virtual com a localização do shopping Piripiri Park. .................... 84
Figura 24: Propaganda do terreno destinando ao shopping (a) e comercialização de
lotes no entorno (b). ........................................................................................................ 85
Figura 25: Folder de propaganda do loteamento Planalto Petecas e Loteamento Parque
Recreio. ........................................................................................................................... 85
Figura 26: Abertura de vias (a) e vista geral do loteamento Planalto Petecas (b). ........ 86
Figura 27: Casas sendo construídas no loteamento Planalto Recreio (a) e (b). ............ 86
Figura 28: Folder de divulgação do novo loteamento Planalto Petecas II. ................... 87
Figura 29: Casas com novo padrão sendo comercializadas na área do Parque Recreio.
Ao fundo se encontra o conjunto habitacional. .............................................................. 87
Figura 30: Comparativo do conjunto Parque Recreio (a), casas construidas (b) e do (
loteamento) (c) ................................................................................................................ 88
Figura 31: Folder de lançamento do loteamento Petecas II com os indicativos de
valorização da área. ........................................................................................................ 89
Figura 32: Loteamento Park Village: ruas asfaltadas (a) e vista dos lotes (b). ............. 90
Figura 33: Planta dos lotes do loteamento Park Village. Em verde, lotes já vendidos. 90
Figura 34: Localização do Condomínio Europa (a) e vista da entrada principal (b). ... 91
Figura 35: Vista interna do condomínio: área comum com piscina. ............................. 91
Figura 36: Proposta de venda e construção de casa no condomínio Europa. ................ 92
Figura 37: Villa Madri: venda de um novo jeito de morar (a) e localização do
empreendimento (b). ....................................................................................................... 93
Figura 38: Park Village e a venda de moradia associada com natureza e vida feliz. .... 93
Figura 39: Anuncio de venda de lotes residenciais (a) e dos loteamentos (b). ............. 94
Figura 40: Anuncio em rede social de venda de imóvel. .............................................. 94
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Evolução da mancha urbana de Piripiri (1985-2015) ...................................60
Gráfico 2: População urbana de Piripiri (1980-2010) ...................................................61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Metas do PMCMV fase 1 .............................................................................. 40
Tabela 2: Metas do PMCMV fase 2 .............................................................................. 41
Tabela 3: Metas do PMCMV fase 3 .............................................................................. 42
Tabela 4: Área (km²) e crescimento (%) da mancha urbana de Piripiri (1985-2015) ... 54
Tabela 5: População urbana (hab.) e crescimento (%) da população urbana de Piripiri 57
Tabela 6: Empreendimentos contratados entre o período 2009 a 2014 ......................... 68
Tabela 7: Levantamento dos loteamentos regularizados em Piripiri ............................. 80
LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Mapa dos bairros de Piripiri-PI........................................................................52
Mapa 2: Carta imagem da evolução urbana da cidade de Piripiri nos anos de 1985 a
2015.................................................................................................................................54
Mapa 3: Mapa da evolução da mancha urbana da cidade de Piripiri nos anos de 1985 a
2015.................................................................................................................................56
Mapa 4: Mapa da distribuição espacial dos conjuntos habitacionais.............................72
Mapa 5: Mapa da distribuição espacial dos loteamentos...............................................84
LISTA DE ABREVIATURAS
ACIPI - Associação do comercio e indústria do Piauí
AGRINPISA- Agroindústria do Piauí
BEP-Banco do Estado do Piauí
BNH- Banco Nacional de Habitação
CDL-Câmara dos dirigentes lojistas
CREA-Conselho regional de engenharia
CRECI- Conselho regional dos corretores de imóveis do Piauí
CRISFAPI- Christus faculdade do Piauí
FIESPI- Federação das indústrias do Estado do Piauí
FGTS- Fundo de garantia por tempo de serviço
FNHIS-Fundo nacional de habitação de interesse social
FRIPISA- Frigorífico do Piauí
IBGE- Instituto brasileiro de geografia e estatística
IFPI- Instituto federal do Piauí
NEAD-Núcleo educação a distancia
PMCMV- Programa Minha Casa, Minha Vida
PMP- Prefeitura Municipal de Piripiri
PAC-Programa de aceleração do crescimento
PNHR-Plano nacional de habitação rural
PNHU-Plano nacional de habitação urbana
PNH- Plano nacional de habitação
SERFHAU-Serviço federal de habitação e urbanismos
SIG- Sistemas de informações geográficas
SEBRAE-Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas
SBPE-Sistema brasileiro de poupança e empréstimo
SFI- Sistema de financiamento imobiliário
SNH-Sistema nacional de habitação
SNHIS-Sistema nacional de habitação de interesse social
UESPI-Universidade estadual do Piauí
UNOPAR- Universidade norte do Pará
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 18
1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 19
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 19
1.4 CARACTERIZAÇÃO DA AREA DE ESTUDO ................................................. 19
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................. 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 26
2.1 GEOTECNOLOGIAS APLICADAS AOS ESTUDOS URBANOS .................... 26
2.2 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO ............................................................. 28
2.2.1 Agentes sociais do espaço urbano ................................................................. 31
2.3 O USO CAPITALISTA DO SOLO URBANO .................................................... 34
2.4 A POLÍTICA HABITACIONAL NO SÉCULO XXI ........................................... 37
2.4.1Breve histórico do PMCMV, metas e agentes envolvidos. .............................. 39
2.5 FORMAÇÃO DA CIDADE DE PIRIPIRI ........................................................... 43
3 ANALISE MULTITEMPORAL ATRAVES DE IMAGENS DE SATELITE E
AGENTES SOCIAIS NA CIDADE DE PIRIPIRI .................................................... 52
3.1 ANALISE ESPACIAL DOS ANOS DE 1985 A 2015 .......................................... 52
3.2 OS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO ....................................... 58
3.3 OS PROPRIETÁRIOS FUNDIÁRIOS ................................................................. 60
3.4 OS PROMOTORES IMOBILIÁRIOS.................................................................. 60
3.5 O ESTADO ........................................................................................................... 61
3.6 OS GRUPOS SOCIAIS EXCLUÍDOS ................................................................. 65
4 CARACTERISTICAS E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DE PIRIPIRI:
CONJUNTOS HABITACIONAIS E LOTEAMENTOS COMO INDUTORES DA
EXPANSAO URBANA ................................................................................................ 67
4.1 CONJUNTOS HABITACIONAIS: DISTRIBUIÇÃO TERRITORIAL E
CARACTERISTICAS ................................................................................................ 67
4.2 LOTEAMENTOS: DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CARACTERISTICAS ....... 79
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 96
REFERENCIAS ........................................................................................................... 99
15
1 INTRODUÇÃO
A urbanização tem sido vista no campo da geografia como um processo que
envolve elementos econômicos, políticos, sociais e culturais. Ela não ocorre apenas
quando a população urbana cresce em referências maiores que a população total ou
como resultado da transferência de pessoas do meio rural para as áreas urbanas, atraídas
pelas atividades e possibilidades econômicas, sociais e avanços tecnológicos.
Quando selecionada a variável demográfica para pensar o crescimento das cidades
mundiais, sendo esta a mais utilizada, constata-se que em fins do século XIX, a
população residente em áreas urbanas, representava 1,7% da população mundial, em
1950 esse percentual passa a representar cerca de 21% e, em 1960, sobe para 25%. Esse
processo da urbanização ocorreu devido à expansão do capitalismo em consequência da
Primeira Revolução Industrial como um marco no crescimento urbano pelo mundo que
ocasionou a concentração de emprego nas cidades. “Se em todo o mundo, em 1900
havia apenas onze cidades com mais de um milhão de habitantes, em 1920 elas eram
vinte; em 1940, 51; em 1955, 69; e, em 1961, 80”. (SANTOS, 2012, p. 14).
O desdobramento da industrialização ocasionou transformações na estrutura
física, econômica e social, proporcionando um novo modelo de cidade, com inúmeras
problemáticas urbanas: ambiente insalubre, densidade em massa e ocupação
desenfreada. Sposito (2000) considera que a industrialização provocou um impacto
sobre o urbano, ocasionando fortes transformações nos moldes da urbanização e em sua
estrutura interna, produzindo novas formas sociais. Lefebvre (2006) a considera como
característica de uma sociedade moderna, sendo um elemento indutor dos problemas
relativos à cidade e ao desenvolvimento da realidade urbana.
Essas transformações na estrutura urbana da cidade são resultado da dinâmica do
homem, indispensável para a aceleração do processo de urbanização existente. No
Brasil, o quadro de crescimento da população morando em áreas urbanas aumentou de
81,2% em 2000 para 84,4% em 2010 (IBGE, 2011). As mudanças que ocorrem em uma
determinada cidade amparam-se nos processos de transformações com características
próprias, de acordo com seu momento, atributos e peculiaridades históricas que marcam
seu desenvolvimento.
No século XXI, o processo atual da produção do espaço, segundo Paiva (2007),
decorre da relação estreita entre capital imobiliário e financeiro. A globalização
16
financeira e os avanços tecnológicos têm contribuído para esse ciclo imobiliário
associado aos investimentos de capital na construção e na especulação imobiliária.
Segundo Lucena (2014), a reprodução e expansão capitalista, não se perpetuam apenas
nas grandes cidades e metrópoles. Com a desconcentração industrial e econômica, essa
produção capitalista, atinge e se reflete em cidades médias e pequenas constituindo
como espaços promissores desse movimento.
Nesse modelo de produção, o espaço é visto como mercadoria, onde os interesses
de diversos agentes se relacionam. Entre os agentes se destacam os proprietários
fundiários, promotores imobiliários e o Estado como grandes responsáveis por
beneficiar a construção de empreendimentos.
Neste contexto, a cidade de Piripiri, no Estado do Piauí, como recorte espacial da
presente pesquisa, apresenta a concentração de novas produções socioespaciais, novos
usos e novas formas urbanas.
No que concerne à temática da produção do espaço urbano e o movimento de
reprodução e expansão capitalista que a cidade de Piripiri tem passado nos últimos trinta
anos, a pesquisa tem como norte as discussões fundamentadas nas teorias de Harvey
(1980), Lefebvre (2006), Carlos (2011). Na trajetória dos agentes sociais na produção
urbana da cidade de Piripiri, a base para o delineamento dessa temática se aprofunda em
Corrêa (1989). Essas discussões contribuem para o entendimento da relação entre
sociedade e espaço como resultado das ações de agentes sociais concretos, da
temporalidade histórica, dotados de interesses capitalistas e práticas espaciais próprias
que produzem o espaço e a maneira como o espaço se materializa dessas relações na
forma de um ambiente construído.
Estudar as transformações espaciais de uma cidade e compreende-la é complexo e
essa temática envolve não só os planejadores e gestores, mas a ação de outros agentes
que influenciam na dinâmica do espaço urbano associado a métodos e ferramentas que
possibilitem o monitoramento das mudanças espaciais urbanas, constituindo-se como
instrumentos no planejamento urbano.
O avanço tecnológico nas áreas espaciais, principalmente na área de
Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), aliado ao uso de
equipamentos e sistemas de informação, desenvolvimento de produtos e serviços,
obtenção de informações utilizadas pela sociedade e poder público possibilitou o
registro e análise dessas transformações espaciais favorecendo o monitoramento de
17
processos de transformação ambiental e a complexidade da expansão do espaço urbano
nas cidades.
Foresti (1986) observa que a utilização das imagens de satélites obtidas por
sensoriamento remoto permite visualizar e avaliar as condições ambientais urbanas
enquanto a analise multitemporal favorece o estudo do acompanhamento e alteração da
expansão urbana.
Nesse contexto, a análise multitemporal mostra a dinâmica do espaço urbano
identificando os condicionantes que influenciaram cada cenário predominante da época,
mediante o panorama histórico, econômico e social, bem como tendências e padrões de
crescimento bastante úteis para ações voltadas para o crescimento das cidades.
O avanço do sensoriamento remoto se desenvolveu através da revolução de se
observar a Terra em uma escala global e periódica e na rapidez do monitoramento dos
fenômenos dinâmicos e das mudanças das feições terrestres (MENESES, ALMEIDA,
2012).
Com relação a sua definição, o sensoriamento remoto pode ser entendido como
um conjunto de atividades que permite a obtenção de informações que compõem a
superfície terrestre sem a necessidade de contato com os mesmos. Essas atividades
envolvem a detecção, aquisição e análise da energia eletromagnética emitida ou
refletida registrada pelos sensores (MORAES, 2002). Florenzano (2002) o define como
uma tecnologia que permite obter imagens e dados que captam e registram a energia
refletida pelos alvos na superfície terrestre e são transformados em sinais elétricos
transmitidos para estações de recepção na Terra. Essa energia que é transmitida para os
sensores é denominada energia eletromagnética ou radiação eletromagnética e utiliza
como principal fonte a luz natural do sol. Os sinais enviados para essas estações são
transformados em dados em forma de gráficos, tabelas ou imagens.
Segundo Meneses e Almeida (2012) o sensoriamento remoto é considerado como
uma das bem-sucedidas tecnologias de coleta de dados para o levantamento e
monitoramento dos recursos terrestres em escala global. Sua primeira aplicação foi para
uso militar. Foi desenvolvida uma câmara fotográfica com disparador automático em
que pudesse fotografar toda a área a fim de ter como reconhecimento as posições e
infraestrutura das forças militares inimigas ainda no século XIX.
De acordo com Novo (2010), o desenvolvimento do sensoriamento remoto, se
relaciona com o reconhecimento e defesa do terreno. Para alguns autores, ela pode ser
dividida em dois momentos: o período de 1860 a 1960, no qual o sensoriamento remoto
18
era baseado na utilização de fotografias aéreas e o período de 1960 até os dias atuais,
caracterizado pela multiplicidade dos sistemas sensores.
Segundo Florenzano (2002), com o lançamento do primeiro satélite meteorológico
da série Tiros em 1960, começaram os primeiros registros sistemáticos de imagens da
Terra. Em julho de 1972 foi lançado o primeiro satélite de recursos terrestres o ERTS-1
mais tarde denominado Landsat 1. Além desses satélites da série Landsat, existem
vários outros como da série Spot.
Segundo, Rosa (2003), o sensoriamento remoto tomou impulso no Brasil na
década de 1960 com o projeto RADAMBRASIL, cujo objetivo era realizar um
levantamento integrado dos recursos naturais do país, contribuindo para a
especialização e manuseio de fotografias aéreas.
Os satélites executam um processo continuo de tomadas de imagens da superfície
terrestre, coletadas 24 horas, por dia durante toda sua vida util. As informações da
superfície são coletadas por um sensor, dispositivo capaz de atender a radiação
eletromagnética em uma determinada faixa do espectro magnético. Os satélites
acompanham a Terra em seu movimento de translação e esse movimento faz com que
os satélites do sensoriamento remoto cubram toda a região do globo. No Brasil, a antena
de recepção do INPE, fica localizada na cidade de Cuiabá, que capta imagens de todo o
território nacional desde os anos de 1970.
Os dados obtidos por sensores remotos representados por imagens de satélites
serviram de base para compreender a dinâmica do espaço urbano através da
caracterização da evolução da mancha urbana de Piripiri.
1.1 JUSTIFICATIVA
A escolha de Piripiri como objeto da pesquisa, se justifica pela ausência de
estudos que versem sobre as transformações do seu espaço urbano, visto que, os
trabalhos que foram encontrados sobre a cidade são dissertações e artigos de temática
ambiental e/ou histórica. Na perspectiva da Geografia Urbana, a pesquisa pode
contribuir para compreender os processos que influenciaram a expansão do espaço
urbana da cidade.
A realidade do espaço urbano de Piripiri provocou questionamentos que se
tornaram norteadores desta pesquisa, como por exemplo, quais as mudanças ocorridas
nas últimas décadas que influenciaram as mudanças espaciais na cidade, quais os
19
agentes que mais atuaram nesse processo de transformação, quais os vetores de
expansão que influenciaram o crescimento do perímetro urbano, resultando em nossos
objetivos.
1.2 OBJETIVO GERAL
Realizar uma análise multitemporal da expansão urbana de Piripiri no período de
1985-2015, com base em imagens de satélites e no levantamento de informações
referentes a conjuntos habitacionais e loteamentos.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Analisar as características e alterações da mancha urbana de Piripiri no
período de 1985-2015;
b) Identificar os agentes sociais do espaço urbano da cidade que fortemente
influenciaram na produção do ambiente urbano no período de 1985-2015;
c) Compreender as transformações e a reorganização espacial da cidade,
através dos conjuntos habitacionais e loteamentos.
1.4 CARACTERIZAÇÃO DA AREA DE ESTUDO
Piripiri é um município do estado do Piauí, cuja sede localiza-se a 160 km de
Teresina, capital do Estado, tendo acesso por meio da rodovia BR-343 (Figura 1). O
município foi criado com a denominação de Nossa Senhora dos Remédios pela
Resolução Provincial nº 849 de 16/06/1874, sendo desmembrado dos municípios de
Piracuruca, Pedro II e Campo Maior. Posteriormente, pela Lei Estadual nº 570, de
04/07/1910, a vila foi elevada à condição de cidade com a denominação de Piripiri
(IBGE, 2015). Seu nome vem de Perypery, que significa capim, um tipo de arbusto
encontrado perto da lagoa onde se situava a fazenda do fundador da cidade, o padre
Domingos de Freitas e Silva. O município localiza-se na região do Meio-Norte, na
Microrregião do Baixo Planalto Piauiense. Ele possui uma área de 1.408,934 km,
densidade demográfica de 43,46 hab./km² e perfaz limites com Piracuruca, ao norte;
Capitão de Campos, ao Sul; Pedro II, a leste e Barras a oeste. Em termos demográficos
é o quarto município do Estado e reúne uma população estimada para 2016 de 62.695
20
habitantes, atrás de Teresina, Parnaíba e Picos com 847.430, 150.201 e 76.749,
respectivamente. Situa-se a 18 km do Parque Nacional de Sete Cidades, importante
ponto turístico do Estado. As coordenadas geográficas de sua sede são: 4º12‟00” de
latitude Sul e 41º46‟29” de longitude Oeste e a altitude média é de 170 metros (IBGE,
2016).
Figura 1: Mapa localização município de Piripiri- PI Fonte: IBGE, 2015, adaptado.
1.5 METODOLOGIA
A proposta da análise multitemporal é mostrar a dinamicidade do processo de
desenvolvimento histórico, permitindo identificar os condicionantes que desencadearam
cada cenário de acordo com o panorama socioeconômico predominante em cada época.
Inicialmente, foi feita a pesquisa bibliográfica, que além de autores já citados,
também versam sobre dissertações de mesma temática e procedimentos metodológicos.
Como esta pesquisa propõe utilizar imagens de satélites que possibilitem o
21
acompanhamento das transformações do espaço urbano, destacamos os seguintes
trabalhos.
CHÃO (1998) se propôs a pesquisar as transformações ocorridas no espaço
urbano da província Ciudad de La Habana e Habana Del Este - Cuba através de dados
orbitais e informações temáticas dentro de um ambiente SIG, a partir da análise
multitemporal-multiproduto através de fotografias aéreas, imagem XS-Spot e Landsat.
RIOS (2010) utilizou imagens multitemporais para visualização das
transformações ocorridas na cidade de Vitória-ES. Sua metodologia consistiu, dentre
outras etapas, na aquisição e leitura de imagens, coleta de pontos, criação de banco de
dados, georreferenciamento e tratamento de imagens. Com a integração desses dados
permitiu estimar a dinâmica ocorrida no uso e ocupação de algumas áreas como: urbana,
solo exposto e áreas verdes, além de identificar a forma pelo qual o espaço está sendo
ocupado.
BARIQUELLO (2010) identificou e analisou a expansão urbana da cidade de
Botucatu-SP, ao longo de 48 anos, utilizando como ferramenta ArcGIS 9.3, integrando
dados históricos, socioeconômicos e naturais aos vetores de expansão ao longo do
tempo.
SPERANDELLI (2010) buscou compreender a evolução do crescimento urbano,
áreas verdes e vazios urbanos, utilizando imagens de satélites multitemporais (1962,
1972, 1978, 1995 e 2009) da cidade de Atibaia –SP.
Como também essa pesquisa busca compreender e identificar ação de agentes
sociais no espaço urbano, embora haja inúmeras pesquisas referentes ao tema,
destacamos os seguintes trabalhos.
FAÇANHA (1998) trabalhou a evolução urbana de Teresina sob a proposta de
identificar os agentes produtores do espaço urbano e os processos e formas espaciais
produzidos por eles na cidade.
LIMA (2011) teve como proposta de trabalho as transformações socioespaciais de
Teresina, enfocando as atividades da produção imobiliária criada pelos promotores
imobiliários conferindo na cidade as implicações da transformação urbana.
Por sua vez, LEITE (2013) enfocou a produção do espaço urbano e a utilização de
geoprocessamento e análise multicritério na expansão urbana de Teresina.
A abordagem referente às políticas habitacionais, expansão urbana através de
conjuntos habitacionais e loteamento, Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e
dinâmica imobiliária se fundamentaram nas seguintes dissertações.
22
NOGUEIRA (2011) abordou a transformação da configuração espacial do
município de Eusébio-CE através de conjuntos e loteamento fechados.
LUCENA (2014) analisou as implicações do PMCMV, na cidade de Patos-PB,
sob as questões de moradia.
ALCANTARA (2013) abordou a produção do espaço a partir da dinâmica
imobiliária, em um estudo comparativo das cidades de São Jose do Rio Preto-SP,
Uberlândia-MG e Londrina-PR.
SANTOS (2015) abordou em sua pesquisa a (re) produção do espaço através de
condomínios horizontais do bairro Passaré em Fortaleza- CE.
Em paralelo ao levantamento bibliográfico, foi feita à aquisição, tratamento de
imagens e produção dos mapas. Para isso foram utilizadas imagens multitemporais dos
sensores TM do satélite LANDSAT 5 e OLI do LANDSAT 8 da cidade de Piripiri-PI,
disponíveis no catálogo de imagens do INPE. Para fazer a escolha e download das
imagens foi necessário observar se há nuvens ou ruídos que possivelmente possam
prejudicar a área de estudo.
Na elaboração da análise da mancha urbana da cidade de Piripiri – PI foram
utilizados os seguintes materiais:
- Carta topográfica com curvas de nível com equidistância de 20 m do município
de Piripiri, digitalizadas na escala 1:100.000;
- Imagens de satélite Landsat-5 TM, resolução espacial de 30 m, em composição
colorida RGB 543, de 19/08/1985;
- Imagens de satélite Landsat-5 TM, resolução espacial de 30 m, em composição
colorida RGB 543, de 15/08/1995;
- Imagens de satélite Landsat-5 TM, resolução espacial de 30 m, em composição
colorida RGB 543, de 10/08/2005;
- Imagens de satélite Landsat-8 OLI, resolução espacial de 30 m, em composição
colorida RGB 654, de 30/03/2015.
- Software QGIS 2.8, utilizado para o processamento digital das imagens e para a
edição dos mapas.
A princípio, as imagens de satélites foram selecionadas, no site do INPE,
tomando-se por base a área urbana do município. Após a seleção, as imagens foram
georreferenciadas, ou seja, apoiadas em coordenadas geográficas a partir da carta
topográfica digital para que os demais mapas pudessem estar espacialmente
referenciados.
23
O georreferenciamento tem a função de reorganizar os pixels da imagem em
relação a um determinado sistema de projeção cartográfica, cujo objetivo é o de
minimizar as distorções geométricas causadas pelo movimento da Terra e do satélite,
pela curvatura da Terra, pela largura da faixa imageada, etc., bem como por erros
panorâmicos ou radiométricos, causados pelo tamanho dos pixels fora do nadir (visada
na perpendicular), resultantes de falhas instrumentais e limitações próprias do processo
de imageamento.
Nos trabalhos de campo, as atividades foram desenvolvidas com recursos
próprios, tendo sido realizadas em cinco períodos descritos a seguir.
a) Em julho de 2015 foi realizado o primeiro reconhecimento de campo. Foram
realizados registros fotográficos, marcação de pontos utilizando o GPS dos principais
objetos e limites espaciais julgados necessários no primeiro momento. Como percepção
inicial, foi observada a quantidade expressiva de conjuntos habitacionais e loteamentos
na cidade que influenciou na inclinação do desenvolvimento da dissertação para essa
temática.
b) Entre agosto e novembro de 2015 foram feitos levantamentos de dados junto ao
Sindicato da Construção Civil, ACIPI e CDL, SEBRAE, FIESPI, para identificação dos
agentes sociais e a forma como eles atuaram na produção do espaço urbano da cidade.
c) Em janeiro de 2016 foram realizados registros fotográficos e levantamento de
dados de conjuntos habitacionais junto à CAIXA, Secretaria de Assistência Social,
Secretaria de Obras e Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura Municipal. Iniciou-se a
procura de mapas e leis junto a Câmara de Vereadores e Prefeitura, além, de ligações e
trocas de e-mails com funcionários e ex-funcionários, responsáveis pelo atendimento às
solicitações de documentações.
Nesse momento a dificuldade de obtenção de mapas foi sentida, pois não foram
encontrados os anexos das leis referentes aos mapas de perímetro urbano nos órgãos
públicos. As ligações e trocas de e-mails com funcionários e ex-funcionários, se referem
a desenhistas ou outros profissionais que em algum momento, prestaram serviço a
gestão municipal e que possuem em seus acervos pessoais algum arquivo ligado a
demanda da pesquisa.
d) Em março de 2016, as atividades foram direcionadas para o levantamento de
dados para conhecimento da atuação de corretores, imobiliárias e construtoras junto ao
CREA, CRECI, pesquisa em meio eletrônicos e redes sociais de vendas de imóveis,
24
fotografias e visita a cada conjunto habitacional e loteamento, ida ao Cartório para
levantamento de loteamentos regularizados.
e) Em junho de 2016 foi feita marcação de pontos no GPS da localização de
conjuntos habitacionais e seus respectivos equipamentos públicos e registro fotográfico.
Nesta pesquisa, a dinâmica espacial foi estudada sob o aspecto temporal de 30
anos, nos interstícios dos anos de 1985, 1995, 2005 e 2015. O método que pode
viabilizar a observação e avaliação dos elementos da paisagem foi o uso de dados
obtidos por sensores remotos representados por imagens de satélite permitindo a
visualização e atualização do crescimento das áreas urbanas.
A partir de toda a metodologia aqui descrita, foi elaborada a análise do
crescimento urbano da cidade de Piripiri para o período compreendido entre 1985 a
2015, considerando os resultados relativos às imagens de satélites e à identificação dos
agentes na dinâmica do espaço urbano.
A estrutura do presente trabalho está organizada em cinco capítulos:
O capítulo 1 consiste na Introdução, na qual é apresentada de forma geral a
estrutura da pesquisa, conceitos, justificativa, objetivo geral e objetivos específicos,
caracterização da área de estudo, metodologia.
O capítulo 2 apresenta a Fundamentação Teórica, que embasa a pesquisa sobre o
uso das geotecnologias voltadas para estudos urbanos, além de abordagens sobre as
teorias do espaço urbano através da atuação dos agentes sociais, discussão sobre a
política habitacional que influencia na implantação de conjuntos habitacionais na
cidade, bem como, o solo como produto capitalista dentro da dinâmica do mercado
imobiliário na produção de loteamentos.
No capítulo 3, denominado Análise multitemporal através de imagens de satélite e
agentes sociais na cidade de Piripiri, tem como ênfase proporcionar, através de mapas, a
evolução da mancha urbana da cidade, comparando as imagens de satélites no
interstício de 10 em 10 anos, identificando suas transformações espaciais influenciadas
pela atuação predominante de agentes que produzem o espaço, assim sequenciados:
proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários,
Estado e grupos sociais excluídos.
No capítulo 4, denominado Características e organização espacial de Piripiri:
conjuntos habitacionais e loteamentos como indutores da expansão urbana têm como
objetivo compreender a expansão da malha urbana de Piripiri, através dos conjuntos
habitacionais e loteamentos populares como reflexos da política de habitação dos
25
últimos anos, a distribuição territorial das unidades habitacionais e da atuação dos
promotores imobiliários na produção de loteamentos contribuindo para a reorganização
espacial da cidade.
Por fim, no Capitulo 5, apresentamos as considerações finais, em que realizamos
uma reflexão acerca do conhecimento produzido, revisão de alguns conceitos e dados
apresentados durante a pesquisa.
26
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GEOTECNOLOGIAS APLICADAS AOS ESTUDOS URBANOS
Com o avanço das geotecnologias, o estudo voltado para o monitoramento do
espaço urbano das cidades ganhou destaque dentro do sensoriamento remoto,
permitindo a geração de imagens que discriminam com maior precisão os elementos da
superfície terrestre. A importância do mapeamento do crescimento urbano através de
imageamento multitemporal é imprescindível para análise do entendimento das
ocupações urbanas e seu planejamento.
A cobertura multitemporal das imagens proporciona um acompanhamento da
mancha urbana e dos problemas ambientais decorrente de sua expansão, atualização da
malha urbana e interpretação da tendência do crescimento (FORESTI, 1988).
Segundo Kurkdjian (1993 apud Souza, 2012) as aplicações de sensoriamento
remoto para análise no espaço urbano ocorrem em duas linhas: a) uma delas é a relação
do sistema urbano com o meio físico que lhe envolve, e está associada a estudos de
geologia, geomorfologia, sentido de expansão urbana, adensamento urbano, entre
outros; b) a outra linha é o espaço intraurbano que envolve informações que são
capazes de identificar o tipo de uso do solo, vazios urbanos, sistema viário,
regularização fundiária, áreas verdes, entre outros.
Pisani, Zmitrowicz (1992) consideram a utilização das imagens de satélites como
fundamentais no processo de planejamento e detecção dos limites urbanos, pois
permitem a abrangência de grandes áreas e auxiliam no desenvolvimento da
infraestrutura urbana e conservação da paisagem. As técnicas de leitura e
acompanhamento das mudanças urbanas podem ser acompanhadas e verificadas por
meio da periodicidade das passagens dos satélites, possibilitando a identificação da
abertura de novos loteamentos, características do solo, vazios urbanas, vegetação, entre
outras mudanças físicas, tornando mais eficiente à atuação de responsáveis pelo
planejamento urbano e controle da ocupação urbana.
Lombardo, Machado (1996) confirmam que as técnicas de sensoriamento remoto
constituem instrumentos significativos nos estudos urbanos, os quais requerem uma
atualização e ordenação dos dados para o planejamento territorial, visualizados através
de mapas temáticos.
27
Na análise da evolução da mancha urbana as imagens de satélite são
imprescindíveis, oferecendo a vantagem de atualização, devido ao dinamismo da
expansão dos limites urbanos. Neste contexto, a cobertura temporal das imagens
espaciais permite um monitoramento da mancha urbanizada mostrando uma informação
global e atualizada do tecido urbano e sua tendência de crescimento (LOMBARDO,
MACHADO, 1996).
Florenzano (2002) afirma que o processo da urbanização tem provocado impactos
negativos na qualidade de vida da população e as técnicas de sensoriamento remoto
contribuem para uma análise e elaboração que possa subsidiar o planejamento urbano
do uso do solo das áreas urbanas.
Malta (2004) afirma que com a resolução do sensor TM, aumentou sensivelmente
o uso de imagens orbitais para aplicação no planejamento urbano e regional, favorecida
pela possibilidade de reconhecimento do ambiente regional e as relações entre o
ambiente natural e construído. A alta frequência temporal das imagens permite e
favorece detectar as mudanças e evolução das áreas urbanas.
Carvalho (2010) considera o uso de geotecnologias como ferramenta de análise da
gestão urbana e tomada de decisões, uma vez que o urbano é dinâmico e em constante
transformação e as tecnologias auxiliam no seu acompanhamento.
Segundo Souza (2012), a interpretação de uma imagem depende dos processos de
Reflexão, Absorção, Transmissão e como elas são representadas nas imagens.
Conhecendo o comportamento espectral das imagens é possível optar como
metodologia de análise da imagem, a interpretação visual, entendendo que:
As técnicas de interpretação permitem incorporar outros elementos além dos
dados espectrais, como a forma, brilho, cor, textura, localização, analise de
contexto, assim como também, o conhecimento que o analista possui da área
de estudo. Por essa razão, procura-se selecionar imagens das faixas do
espectro que melhor contraste apresente entre o urbano e as outras coberturas.
(SOUZA, 2012, p. 4-5).
Sousa (2015) afirma que as geotecnologias são consideradas como um suporte
tecnológico para o trabalho no processo de planejamento e organização, aliando o
mapeamento dos problemas urbanos com informações físicas, demográficas,
geográficas, topográficas e de infraestrutura com a gestão urbana.
No rápido processo de expansão urbana das cidades brasileiras, surge a
importância de técnicas de acompanhamento e surgimento de novas áreas. Segundo
Alves et al. (2009), com a utilização de técnicas convencionais de obtenção de dados
28
como levantamento de campo e monitoramento aerofotogramétrico tradicional, o estudo
de áreas urbanas se torna oneroso, por isso é imprescindível a utilização das imagens de
satélites, pois proporciona repetitividade, visão sinótica e cobertura de áreas externas.
Com o avanço das tecnologias e desenvolvimento de novos sensores, se aperfeiçoa a
obtenção de imagens e precisão de informações e dados.
Os avanços tecnológicos e a produção de imagens favorecem os diversos usos,
juntamente com a tecnologia de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs),
possibilitando seu uso nos estudos urbanos, intraurbanos, entre outros.
A dinâmica inerente ao espaço urbano impõe a necessidade de trabalhar com
uma visão sistêmica de conjunto. A representação de elementos espaciais que
se interligam e ao mesmo tempo são identificáveis individualmente, traz
consigo a valorização da cartografia temática como elemento de comunicação
visual das análises e das propostas para as questões urbanas. A representação
cartográfica é resultado de processos e síntese de dados retratando a realidade
e favorecendo diagnósticos e intervenções (MOURA, 1994, p.51).
A confrontação dos resultados obtidos nos estudos de áreas urbanas, segundo
Fuckner (2007), permite definir padrões espaciais de crescimento. A integração entre os
condicionantes físicos e as variáveis econômicas refina a interpretação dos padrões de
crescimento urbano, podendo ocorrer de forma compacta ou dispersa.
2.2 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
O processo de produção e reprodução do espaço urbano está ligado
intrinsecamente ao próprio desenvolvimento da sociedade. Ela o produz e o domina,
apropriando-o. O espaço deixa de ser apenas objeto e passa a ser fruto do efeito da ação
da sociedade. Ele é dinâmico, é ao mesmo tempo causae razão, reflexo determinante dos
agentes sociais que o produzem.
Assim, o espaço é objeto e condição das relações de produção e ao mesmo tempo
se materializa de acordo com a necessidade e características da reprodução da
sociedade, explicitando como uma afirmação da pratica capitalista. Essa tradução do
espaço vai consentir a reprodução do espaço social como necessidade do modo de
produção capitalista em sua fase de realização. As necessidades da sociedade em face de
sua produção e reprodução se transferem para a produção do espaço.
Compreender o conceito de espaço é compreender o processo de produção e
reprodução mútua entre sociedade e espaço. Lefebvre (1972, p. 39.)
29
Quem diz «produção» diz também «reprodução», simultaneamente física e
social: reprodução do modo de vida. «A maneira por que se manifesta a vida
dos indivíduos reflecte com grande exatidão o que eles são. O que eles são
coincide assim com a sua produção quer com o que produzem quer com a
maneira por que o produzem.
Harvey (1980) esclarece que cada forma de atividade social define seu espaço e
qualquer tipo de teoria que conduza para o estudo da cidade está intimamente ligada aos
processos sociais e a forma social que ela assume e a maneira como o espaço é encarado
pode ter influencias profundas nos processos sociais, necessitando, portanto, de uma
sensibilidade para lidar com os processos sociais e elementos das formas espaciais.
Segundo Lefebvre (2006), seu conceito não pode ser estático, vazio e passivo,
como determinante nas relações de produto-produtor, ele dá suporte as relações
econômicas e sociais, resultado de forças produtivas, de estruturas, de relações, de
propriedade entre outras.
Discutir o conceito de espaço é complexo, mas parte-se do pressuposto que o
mesmo é fruto da produção da sociedade, onde cada tempo e cada ação apresentam
particularidades. Seu conteúdo é alterado continuamente e a estrutura de organização
está ligada a produção do seu próprio espaço urbano.
Carlos (2011) define que o espaço é um produto social onde as relações
econômicas, sociais e políticas se materializam no decorrer de seu processo histórico. O
espaço em um mundo capitalista passa a ser reproduzido de acordo com os imperativos
de acumulação e lucro, tornando-se mercadoria na articulação e dinâmica no processo
de expansão do mundo globalizado, permitindo sua continuidade, produção e
reprodução.
É importante compreender que a noção de produção do espaço é resultado de
ações de agentes sociais concretos e históricos, voltado para interesses e
estratégias inseridos na temporalidade e espacialidade da formação sócio
espacial capitalista. A análise espacial da cidade, no que se refere ao processo
de produção, revela a indissociabilidade entre espaço e sociedade, na medida
em que as relações sociais se materializam em um território real e concreto, o
que significa dizer que, ao produzir sua vida, a sociedade produz/reproduz
um espaço através da prática sócio espacial. A materialização do processo é
dada pela concretização das relações social produtoras dos lugares, esta é a
dimensão da produção/reprodução do espaço, passível de ser vista, percebida,
sentida, vivida. (CARLOS, 2007, p.20)
O processo de compreensão da produção do espaço urbano nos remete a
consideradas práticas e influencias em variados níveis de produção e reprodução de
sujeitos materializando suas ações em seu tempo e espaço.
30
Esses níveis correspondem aqueles da pratica sócio espacial real (objetiva e
subjetivamente) que ganha sentido como produtora dos lugares, encerrando
em sua natureza um conteúdo social dado pelas relações sociais que se
realizam num espaço tempo determinado, como um processo de produção,
apropriação, reprodução da vida, da realidade e do espaço em seu
descompasso, portanto, fundamentalmente em suas contradições.
(CARLOS,2007, p. 64)
A produção do espaço numa sociedade capitalista é consequência de agentes
sociais com suas influencias particulares e dotados de interesse materializando os
processos sociais na forma do ambiente construído. Correa (2014, p. 44), afirma “que os
processos sociais e agentes sociais são inseparáveis, elementos fundamentais da
sociedade e de seu movimento”.
Diante disso, o espaço materializado como produto da sociedade capitalista, se
torna fragmentado e articulado, com forma e conteúdo distintos, representando a
complexa estrutura social que a erigiu. Nesse contexto, Correa (1989, p.11) afirma que:
O espaço urbano capitalista – Fragmentado, articulado, reflexo,
condicionante social, cheio de símbolos e campo de lutas – é um produto
social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por
agentes que produzem e consomem espaço. São agentes sociais concretos, e
não um mercado invisível ou processos aleatórios atuando sobre um espaço
abstrato. A ação destes agentes é complexa, derivando da dinâmica de
acumulação de capital, das necessidades mutáveis de reprodução das relações
de produção, e dos conflitos de classe que dela emergem. A complexidade da
ação dos agentes sociais inclui práticas que levam a um constante processo de
reorganização espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço
urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, renovação
urbana, realocação diferenciada da infraestrutura e mudança coercitiva ou
não, do conteúdo social e econômico de determinadas áreas da cidade.
No que consiste o espaço urbano em sua fragmentação e articulação, Correa
(1989, p. 6) enfatiza que:
Cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as demais, ainda
que de intensidade muito variável. Essas relações manifestam-se
empiricamente através de fluxos de veículos e de pessoas associadas a
operações de carga e descarga de mercadorias, aos deslocamentos
quotidianos entre as áreas residenciais e os diversos locais de trabalho, aos
deslocamentos menos frequentes para compras no centro da cidade ou nas
lojas de bairro, às visitas aos parentes e amigos.
Entender esses agentes e suas ações no espaço urbano é um desafio, pois agem
associados em constante produção e mediante uma temporalidade, se articulam dentro
do processo de acumulação capitalista, com intensas e constantes produções e
31
reproduções continuadas, com novas práticas socioespaciais ocasionando transformação
no modo de vida. Para Carlos (2007, p. 41):
O que significa, neste contexto, que as relações sociais ocorrem fora dos
limites estreitos da produção de mercadorias e do processo de trabalho (sem,
todavia, negá-la) para enfocar a vida em todas as suas dimensões (aquela que
se desenvolve ligando momentos e lugares como a casa, a rua, o bairro)
criando uma trama de relações como trama dos lugares onde se destaca uma
rede articulada que liga as práticas sócios espaciais e é assim que a produção
do espaço se realiza enquanto produção ininterrupta da vida.
A atuação de agentes sociais no universo capitalista de fazer e refazer a cidade
constitui com diferentes usos da terra articulada e fragmentada, para Correa (1989), o
espaço urbano “como esse conjunto de usos da terra, e em realidade, a organização
espacial da cidade, ou simplesmente, o espaço urbano que aparece assim fragmentado”.
Essa articulação e fragmentação do espaço, as partes fragmentadas do espaço
mantendo relações entre si, é a tradução dos processos sociais refletidas através do
movimento da própria sociedade, de sua estrutura urbana e se materializam nas formas
espaciais. Formas essas que são socialmente produzidas pelos agentes sociais concretos.
Correa (1989) afirma que a produção do espaço urbano capitalista deve ser
analisada como um produto social, ou seja, existem agentes sociais concretos que
produzem e consomem espaços na cidade. Os agentes sociais do espaço urbano são os
proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores
imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos.
A identificação desses agentes é de grande importância para que se possa
compreender a atuação e articulação entre eles e a materialidade que se processa através
das formas espaciais. Estudo complexo quando nos inclinamos ao espaço urbano da
cidade de Piripiri, pois faltam registros, documentações e pesquisas sobre a referida
cidade. Entendê-la e interpretá-la através das ações de seus agentes é um exercício, com
oposições e contratempos.
2.2.1 Agentes sociais do espaço urbano
A interpretação que devemos ter sobre a atuação dos agentes sociais deve ser
cautelosa, antes de analisá-los são necessárias algumas considerações, conforme alerta
Corrêa:
32
Em primeiro lugar, a ação destes agentes se faz dentro de um marco jurídico
que regula a atuação deles; (...) em segundo lugar, convém apontar que, ainda
que possa haver diferenciações nas estratégias dos três primeiros agentes,
bem como conflito entre eles, há, entretanto, denominadores comuns que os
unem: um deles é a apropriação de uma renda da terra. (...) em terceiro lugar,
é necessário ressaltar que a tipologia apresentada é muito mais de natureza
analítica do que efetivamente absoluta. (...) em quarto lugar, é importante
notar que as estratégias que esses agentes adotam variam no tempo e no
espaço, e esta variabilidade decorre tanto de causas externas aos agentes,
como de causas internas, vinculadas às contradições inerentes ao tipo de
capital de cada agente face ao movimento geral de acumulação capitalista e
dos conflitos de classe...” (CORRÊA, 1989, p.12-13).
A partir das ações dos agentes sociais o espaço urbano é produzido, reforçado por
suas materialidades e construção da paisagem ajustado aos interesses e necessidades
como:
Campos cultivados, estradas, represas e centros urbanos com ruas, bairros,
áreas comerciais e fabris, mas também pleno de significados diversos, como
aqueles associados a estética, status, etnicidade e sacralidade. (CORREA,
1989, p. 44)
A ação dos agentes caracterizadas pelas estratégias e práticas que concernem suas
atividades reflete assim no espaço urbano. A terra urbana se torna objeto de interesse
comum a vários agentes, como os proprietários dos meios de produção, promotores
imobiliários, o Estado e outros. Compreender a ação de cada um dos agentes é de
grande importância para compreensão do espaço urbano da cidade.
Os proprietários do meio de produção são os industriais e as grandes empresas
comerciais que se alocam em áreas propiciando a atuação de suas atividades,
incorporando áreas cada vez mais amplas em diferentes setores, comandando a vida
política e econômica da cidade. Segundo Correa (1989, p. 15), “a ação desses agentes
modela a cidade, produzindo seu próprio espaço e interferindo decisivamente na
localização de outros usos da terra”.
Outro agente produtor do espaço urbano são os proprietários fundiários, eles como
proprietários da terra se articulam com o Estado no interesse do processo de
transformação do espaço rural em urbano, com o objetivo de valorizar suas terras.
Atuam no sentido de obterem a maior renda fundiária de suas propriedades,
interessando-se em que estas tenham o uso que seja o mais remunerador
possível, especialmente uso comercial ou residencial de status. Estão
particularmente interessados na conversão da terra rural em terra urbana, ou
seja, tem interesse na expansão do espaço da cidade na medida em que a terra
urbana é mais valorizada que a rural. [...] Como se trata de uma demanda
solvável, é possível aos proprietários tornar-se também promotores
33
imobiliários; loteiam, vendem e constroem casas de luxo. Criam-se assim
bairros seletivos em setores de amenidades. (CORRÊA, 1995, p. 16 – 18).
Os promotores imobiliários promovem uma dinâmica no mercado imobiliário da
cidade, são esses agentes que tomam as decisões de localização, qualidade do prédio,
tamanho das unidades, construção do imóvel, comercialização, entre outras. Essa
atuação, com manifestações e interferências de diversas formas, ocasiona no espaço
urbano da cidade uma segregação característica de uma sociedade capitalista e
consequentemente origina diversos tipos de agentes desde as grandes incorporadoras
até os pequenos proprietários que constroem, produz e vende imóveis.
Correa (1989) afirma que embora exista atuação concomitante desses diversos
tipos de agentes na cidade, eles possuem suas particularidades:
Há desde o proprietário fundiário que se transformou em construtor e
incorporador, ao comerciante prospero que diversifica suas atividades
criando uma incorporadora, passando pela empresa industrial, que em
momentos de crise e ampliação de seus negócios cria uma subsidiaria ligada
a promoção imobiliária. Grandes bancos e Estados também atuam como
promotores imobiliários (CORREA, 1989, p. 20-21).
Correa (1989) aborda que as estratégias das ações desses agentes partem para
atender a demanda solvável, assim, os promotores imobiliários produzem imóveis de
luxo, com área de lazer, especificamente para parte da população que possui recursos
necessários para compra desses imóveis, promovendo um significativo rebatimento
espacial, valorizando áreas da cidade e atraindo outros investidores.
Outra estratégia da ação desses agentes é a busca de suporte por parte do Estado
para a viabilidade de construções para atender as camadas populares, tornando solvável
a produção de residências para satisfazer a demanda não-solvável. As estratégias de
atuação desses agentes criam e reforçam a segregação residencial com os promotores
agindo de forma desigual característica da sociedade capitalista.
Nesse contexto, o Estado é agente importante na produção do espaço urbano de
uma cidade. Segundo Correa (1989), ele atua na organização espacial da cidade e sua
atuação tem sido complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a
dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte.
Para Corrêa (1989), o Estado atua como grande industrial, promotor imobiliário,
proprietário fundiário ao mesmo tempo como agente regulador do uso do solo urbano,
com criação de leis, normas de zoneamento, código de obras e outros no que se refere
ao espaço urbano. E no momento mais perceptível de atuação, é quando observamos a
34
implantação de serviços básicos, como calçamento, abastecimento de água e luz,
parques, sistema viário, coleta de lixo, etc.;
O Estado possui diversas possibilidades de atuação no espaço urbano, nesse
sentido Correa (1989) afirma que a atuação do Estado é marcada pelo conflito de
interesses da sociedade de classes, criando condições, realizações e reprodução da
sociedade capitalista, isto é, condições que viabilizem o processo de acumulação das
classes sociais.
Já os grupos sociais excluídos, que também agem na produção do espaço urbano,
com diferenças sociais ao acesso de bens e serviços produzidos socialmente, reflexo da
sociedade capitalista, esses grupos criam estratégias de ocupação e vida nas cidades.
A produção do espaço urbano reflete na expansão territorial da cidade,
incorporando novas áreas a malha urbana, de acordo com as ações de todos esses
agentes, aonde vão se revelando as segregações socioespaciais, sendo a habitação, um
dos exemplos desse acesso seletivo.
Nesse contexto Correa (1989), afirma que a produção do espaço urbano dos
grupos sociais excluídos é uma forma de resistência, tornando-se agentes modeladores,
produzindo seu próprio espaço independentemente e a despeito de outros agentes.
Assim, as transformações na estrutura urbana da cidade são reflexos do interesse
de diversas classes sociais, fruto da produção e reprodução da sociedade capitalista, se
materializando em novas formas, novas espacialidades e novas dinâmicas urbanas
independentes da dimensão da cidade.
A discussão sobre os agentes sociais e espaço urbano se fundamenta na teoria
defendido por Correa (1989), onde o define como produto social, resultado das ações
dos agentes sociais que modificam e configuram o ambiente urbano no fazer e refazer a
cidade.
2.3 O USO CAPITALISTA DO SOLO URBANO
Segundo Oliveira e Barcellos (1987) com o desenvolvimento do capitalismo, o
urbano aparece como o lugar em que se concentram as atividades de produção e
circulação de mercadorias, constituindo-se, portanto, em condição necessária para o
avanço do processo de acumulação. Nessa produção de mercadorias, o capital, então,
apropria-se dos efeitos da aglomeração de modo a se valorizar em melhores condições.
35
Lahorgue (2002) entende que a sociedade atual se fundamenta na produção de
mercadorias, isto é, os bens que são produzidos por condições determinadas necessitam
serem vendidos para que ocorra o ciclo da mercadoria e o capital possa se reproduzir e
se valorizar.
Nesse contexto, segundo Harvey (2005), o Estado assegura o funcionamento do
modo capitalista de produção. Ele se apresenta com um papel relevante na configuração
do espaço urbano. Sua atuação tende a privilegiar os interesses das diferentes frações do
capital, provendo a infraestrutura necessária ao processo de acumulação, em detrimento
das demandas relativas dos meios responsáveis pela reprodução da força de trabalho. Na
economia capitalista, o solo representa uma mercadoria tendo seu valor estabelecido
partir do seu valor de uso e de troca, o valor de uso é determinado pela sua utilidade
enquanto o valor de troca é conferido pela possibilidade de compra e venda transmitidas
pela mercadoria. Conforme Maricato (1997)
[...] de um lado estão os usuários da cidade, os trabalhadores, aqueles que
querem da cidade condições para tocar a vida: moradia, transporte, lazer, vida
comunitária, etc. Esses vêem a cidade como valor de uso. Do outro lado estão
aqueles para quem a cidade é fonte de lucro, mercadoria, objeto de extração
de ganhos. Esses encaram a cidade como valor de troca [...] (MARICATO,
1997, p. 44).
Gottdiener (2010) percebe a ação especial do Estado junto aos interesses dos
agentes imobiliários na produção do espaço, dentro de uma lógica de globalização
contribuindo para o crescimento das cidades.
O processo de valorização do solo urbano se torna um negócio lucrativo seguindo
a lógica do lucro. O uso do solo é guiado pela dinâmica de mercado, criando ou
reforçando diferentes áreas da cidade, alvo dos promotores imobiliários. Resulta,
portanto, em uma segregação residencial, fruto de uma cidade capitalista, uma vez que
estão diretamente relacionados com o mercado imobiliário, venda e comercialização de
empreendimentos, influenciando na expansão de determinadas áreas da cidade
promovendo a especulação imobiliária.
Segundo Singer (1979), o Estado fornece uma estrutura básica para valorizar o
espaço urbano, através de ações e regulamentações como financiamento, oferta de
serviços, melhoria em equipamentos urbanos e acesso a moradias, proporcionando a
valorização dessa área. Na medida em que o poder público dota essas áreas de serviços
públicos, ele desvia para esta zona demandas de empresas e moradores que
36
anteriormente, devido à falta do serviço em questão, davam preferência a outras
localizações.
As obras de infraestrutura alimentam a especulação imobiliária e dificulta a
democratização do acesso à terra. “Os proprietários de terra e capitalistas das atividades
de promoção imobiliária e construção são um grupo real de poder e definição das
realizações orçamentarias anuais. ” (ARANTES, VAINER, MARICATO, 2002, p.
157).
Na dinâmica do mercado imobiliário a inovação e o uso de novas características,
materiais, localização, são instrumentos para proporcionar ao empreendimento um
atrativo a mais, materializando um produto habitacional diferenciado agregando valor
de mercado ao imóvel e promovendo na área ocupada um novo padrão e status
diferenciado de moradia, provocando uma alteração do ambiente urbano, produzindo e
reproduzindo novos espaços.
De acordo com essas estratégias, observa-se a articulação de diversos serviços
para que o capital se valorize e que haja a reconfiguração do espaço geográfico através
de investimentos do setor privado na atuação do ambiente construído a fim de obterem
êxito em seu empreendimento. Essa incerteza na aquisição do imóvel por parte da
população futura, segundo Campos, Candido (2001), é um elemento fundamental da
dinâmica imobiliária, pois, induz os capitalistas a determinadas estratégias espaciais de
atuação.
A especulação imobiliária é uma dessas estratégias de valorização do capital.
Segundo Campos, Candido (2001) é uma forma pela qual os donos da terra recebem
uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente através
de investimentos públicos na infraestrutura e serviços urbanos. Um loteamento de terras
proporciona uma reconfiguração do espaço urbano, altera o preço da terra, valoriza
determinadas áreas da cidade reforçando a segregação espacial. Segundo Singer (1979,
p.23), “o uso do solo na economia capitalista é regido pelo mecanismo de mercado, no
qual se forma o preço desta mercadoria „sui generis‟ que é o acesso à utilização do
espaço”. O solo urbano adquire um valor de uso e de troca, se transforma em
mercadoria, com seu modelo de uso, gerenciados pelos diversos tipos de agentes que
atuam na cidade.
Segundo Gonçalves (2002), o processo de especulação se alimenta de acordo com
as expectativas criadas em torno de um dado território. Atitude percebida, quando se há
melhorias em determinadas áreas e essas passam a ser mais atraentes e ocupadas por
37
uma parcela da população que possui maior estrutura monetária que outras, resultado da
acumulação de capital imprescindível para a acumulação do meio urbano.
Segundo Pagani, Alves, Cordeiro (2015), as mudanças no uso do solo urbano vão
depender dos horizontes especulativo que se desenvolve em torno de condições reais ou
atuais de ganhos ou de expectativas em curto e longo prazo. Essa mudança determina
um novo padrão de ocupação, diferenciando o novo produto imobiliário do atual
existente dentro da dinâmica imobiliária.
Segundo Melazzo (2013), a lógica e a estratégia de mercado podem ser percebidas
com as movimentações que os agentes imobiliários fazem dentro da cidade. Esse fluxo
de transação está relacionado tanto ao uso, localização e preço dos imóveis tanto com as
características da área de acordo com as mudanças que estão ocorrendo devido a
reconfiguração do espaço urbano. Portanto, essa dinâmica imobiliária é o processo de
valorização de capitais que agem sobre a cidade e seus objetos na busca permanente e
crescente de sua valorização.
Os agentes, suas particularidades e a dinâmica imobiliária que age na cidade,
influencia na sua reconfiguração socioespacial. Melazzo (2013) ainda reforça que todas
essas transformações se deve a conjuntura econômica e financeira presente em diversas
escalas como ampliação do crédito, ampliação dos subsídios via FGTS, Programa
Minha casa, Minha Vida; abertura de capitais particulares nas bolsas de valores, Fundos
Imobiliários, entre outros.
Esse uso do solo como condição de valorização do capital e o mercado imobiliário
atuante e atrativo até para empresas de outros Estados, vai estar presente na cidade de
Piripiri, materializado na produção, comercialização de lotes e imóveis presente na
cidade. A atuação dos agentes envolvidos vai influenciar na ampliação e reconfiguração
do espaço urbano.
2.4 A POLÍTICA HABITACIONAL NO SÉCULO XXI
A iminente necessidade de se resolver os problemas habitacionais que perduravam
por longas décadas, era o desafio do governo Lula (2003-2010). A nova gestão aspirou
expectativas para a institucionalização da política habitacional. O projeto moradia,
coordenado pelo então presidente através do Instituto Cidade, organização não
governamental lançado em 2002 em paralelo ao PNH, Plano Nacional de Habitação,
38
previa o acesso das populações com medias e altas rendas através do SBPE1e SFI
2 e
direcionar os recursos do FGTS, Fundo de garantia por tempo de serviço, para a
população de menor renda, na intenção de reverter a lógica governamental dos governos
anteriores.
O Projeto Moradia visava à construção de projetos de desenvolvimento que
associassem o enfrentamento da questão social, ao crescimento econômico e geração de
empregos. Propôs a criação do Sistema Nacional de Habitação, SNH, que atuaria sob a
coordenação de um novo ministério, o das Cidades. O controle social seria exercido
pelo Conselho Nacional das Cidades e a criação de órgãos nos Estados e Municípios,
aos quais seriam responsáveis em gerir fundos de habitação, concentrariam recursos
para subsidiar a baixa renda. Era necessário o barateamento ao acesso à terra e o
combate a especulação de imóveis ociosos, preocupação perceptível no governo na
orientação de se resolver a problemática de habitação no país não só com construção de
casas, mas também a necessidade de se resolver a questão fundiária, aspecto ainda
presente na atualidade.
O Ministério das Cidades, criado em 2003, representou o surgimento de um novo
ciclo, possibilitando a superação da instabilidade política. Foi criado com quatro
secretarias adicionais: Habitação, Saneamento, Mobilidade Urbana e Programas
Urbanos, buscando enfrentar os conflitos sociais e as questões urbanas. Em 2003, foi
realizada a 1º Conferência Nacional das Cidades consolidando as bases de atuação do
governo e propondo a criação do conselho nacional de habitação, instalado em 2004.
Devido à crise econômica e escassez de recursos as propostas do projeto moradia
não poderiam ser implementadas de imediato, ainda prevalecendo a visão bancária da
Caixa Econômica Federal, sem alterações na concessão do crédito. Em 2005, foi
instituído o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, (SNHIS) exigindo dos
Estados e Municípios a criação de uma estrutura institucional, com fundo, conselho e
plano de habitação, para que tivessem acesso aos recursos federais. O SNH, Sistema
Nacional de Habitação, tinha como objetivo a centralização de programas e projetos
1SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) é uma carta de credito que utiliza recursos
próprios para facilitar aos clientes a aquisição de imóveis. Nesta opção, o cliente pode possuir outros
imóveis em seu nome, não há limite de renda e o financiamento pode ser feito dentro ou fora do Sistema
Financeiro de Habitação. 2 SFI (Sistema Financeiro Imobiliário) rege os financiamentos imobiliários que ocorrem fora das regras
do SFH no país. A principal fonte de recursos do SFI são os grandes investidores institucionais, que
possuem expressivos ativos, não só no Brasil, como em outros países: fundos de pensão, fundos de renda
fixa, companhias seguradoras, bancos de investimento.
39
destinados à habitação de interesse social e receberia recursos do FNHIS3, fortalecendo
a municipalização desse projeto.
No contexto da habitação, o governo também deu respaldo para as classes medias
nesse período. Através da lei nº 10.931/2004, deu uma segurança jurídica ao mercado e
garantiu o financiamento de imóveis através dos recursos da poupança. Isso favoreceu a
iniciativa privada a investir nesse mercado de menor renda, tornando um atrativo para a
indústria da construção civil. Segundo Bonduki (2009) em um quadro favorável da
economia, essas medidas geraram uma elevação de R$ 2,2 bilhões para R$ 27 bilhões,
entre 2002 e 2008, no investimento em habitação do SBPE, Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo. Nesse período, o mercado imobiliário passou a investir em
compra de terrenos e as incorporadoras se tornaram grandes proprietárias de terras.
Nesse contexto em 2007 o governo federal lançou o Programa de Aceleração do
Crescimento, PAC, vinculado ao Ministério do Planejamento com atuação autônoma ao
SNHIS, Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, como uma proposta de
estimular e acelerar a economia do pais, com o direcionamento de recursos para a
habitação, saneamento, planejamento urbano e construção de melhorias de transporte.
A partir de 2008, o governo ampliou a concessão de créditos para financiamentos
de habitações pelos Bancos Públicos como medida de precaução diante da crise
econômica que atingia outros países, manteve os investimentos previstos no PAC, e em
2009, lança o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).
2.4.1Breve histórico do PMCMV, metas e agentes envolvidos.
O PMCMV foi elaborado em 2009 pela medida provisória nº459, posteriormente
convertida na lei 11.977 de 9 de julho de 2009, com o objetivo de criar mecanismos e
objetivos para produção de novas unidades habitacionais, requalificação de imóveis
urbanos e à produção ou reforma de habitações rurais. A meta de contratação inicial do
PMCMV era a construção de 1 milhão de moradias na área urbana (Tabela 1), sendo
400 mil destinadas a beneficiários com renda familiar até 3 salários mínimos, para a
qual está previsto subsídio integral, e o restante para famílias inseridas em duas faixas
de renda (3 a 6 e 6 a 10 salários mínimos), correspondendo a cada uma delas um tipo de
3 o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS, de natureza contábil, com o objetivo de
centralizar e gerenciar recursos orçamentários para os programas estruturados no âmbito do SNHIS,
destinados a implementar políticas habitacionais direcionadas à população de menor renda.
40
modalidade de financiamento de produção da habitação. (CARVALHO, STEPHAN,
2016)
O programa, criado no âmbito do Ministério das Cidades, tinha como prática a
consonância com empresas privadas, na destinação de recursos para a materialização da
produção habitacional para famílias de baixa renda, de 0 a 10 salários mínimos, como
um tipo de ação para a crise econômica que perdurava na época e consequentemente
tentar alavancar a economia com incentivos para a indústria da construção civil. Com
isso, o planejamento do governo era de estimular o emprego no setor da construção e
tentando direcionar o setor imobiliário para o atendimento da demanda habitacional de
baixa renda. O programa foi dividido em dois subprogramas para melhor
operacionalização: uma foi o programa nacional de habitação rural, PNHR4, e o
programa nacional de habitação urbana, PNHU5. O PMCMV era voltado para a
unidades já prontas com características pertinentes a lógica do construtor, segundo
Bonduki (2009), esse fato se refletia em um maior quantitativo de recursos do programa
para a faixa de renda menos elevada.
Tabela 1: Metas do PMCMV fase 1
RENDA FAIXA DO PMCMV META DE CONTRATAÇAO
ATE 1.395 FAIXA 1 400.000
ATE 2.790 FAIXA 2 400.000
ATE 4.900 FAIXA 3 200.000
TOTAL DE UH 1.000.000
Fonte: Bonduki, 2009, adaptado pela autora, Cassandra de Sousa Cunha.
Em 2011, com a eleição de Dilma Rousseff, deu-se a continuidade ao programa.
Depois de atingida a meta de um milhão de unidades contratadas, foi lançada a segunda
fase do programa, PMCMV2 (Tabela 2), formalizada pela medida provisória 512/2010
e convertida na lei 12.424 de junho de 2011.
Nessa fase a previsão de financiamento era de R$ 125,7 bilhões e promessa de
mais 2 milhões de moradias nos quatros anos seguinte da aprovação da lei:
4O PNHR tem como finalidade subsidiar a produção ou reforma de imóveis aos agricultores familiares e
trabalhadores rurais cuja renda familiar anual bruta não ultrapasse R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), por intermédio de operações de repasse de recursos do Orçamento Geral da União ou de financiamento habitacional com recursos do FGTS. (Decreto nº 7.499, de 16 de junho de 2011.) 5O PNHU tem por objetivo promover a produção ou aquisição de novas unidades habitacionais, ou a
requalificação de imóveis urbanos. (Decreto nº 7.499, de 16 de junho de 2011.)
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.499-2011?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.499-2011?OpenDocument
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Uma das novidades na segunda etapa do MCMV é que o limite de renda dos
beneficiados pelo programa subiu de R$ 4.650 para R$ 5 mil. As faixas
começam com famílias que ganham uma renda mensal de até R$ 1.600; de
até R$ 3.600; e de até R$ 5 mil. Das duas milhões de casas previstas até
2014, 1,2 milhão será para famílias que ganham até R$ 1.600 por mês. Para
famílias com renda de até R$ 3.100, a meta é contratar 600 mil habitações. Já
com renda até R$ 5 mil, serão 200 mil unidades. Além disso, o governo
atendeu a reivindicação das construtoras e ampliou o valor médio das
moradias para a população de mais baixa renda, que passou de R$ 42 mil a
R$ 55 mil. (OBSERVATORIO DAS METROPOLES, 2011)
É nítida a alteração das metas do PMCMV 2 aumentando os recursos e o número
de unidades habitacionais da faixa, com o propósito de corrigir a contradição existente
entre o déficit habitacional e