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NUNO ROMEU CARDOSO SEQUEIRA Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação em Instituições Particulares de Solidariedade Social: O caso da Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO Orientador: Prof. Doutora Ana Paula Rodrigues Coorientador: Prof. Doutor Mário Sérgio Teixeira UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2012

Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

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Page 1: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

NUNO ROMEU CARDOSO SEQUEIRA

Análise das Estratégias e Ações de Marketing e

Comunicação em Instituições Particulares de

Solidariedade Social:

O caso da Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO

Orientador: Prof. Doutora Ana Paula Rodrigues

Coorientador: Prof. Doutor Mário Sérgio Teixeira

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

VILA REAL, 2012

Page 2: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

ii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais

Page 3: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço de uma forma muito especial todo o apoio e amor recebido por parte dos

meus pais, que sempre me acompanharam nesta fase tão importante da minha vida

académica.

À Professora Doutora Ana Paula Rodrigues e ao Professor Doutor Mário Sérgio

Teixeira, orientadores desta dissertação, pelo fantástico acompanhamento e ajuda em

todas as fases que compreenderam o desenvolvimento da elaboração desta investigação.

Ao Doutor Emanuel Seixas, Diretor Técnico da APITIL, pela sua entrevista e pelo

auxílio na recolha de dados.

A todos aqueles que sempre me apoiaram e acreditaram em mim, o meu sincero

agradecimento.

Page 4: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

iv

RESUMO

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) têm uma forte presença no

âmbito da prestação de serviços de solidariedade social no nosso país, apesar de

passarem por um momento desfavorável a nível económico, reflexo da diminuição dos

apoios governamentais. Apesar de ser determinante para as IPSS encontrarem respostas

que visem uma maior sustentabilidade, os estudos em Portugal são praticamente

escassos nesse sentido, sendo assim importante a avaliação e a definição de métodos

que tenham como objetivo assegurar a sobrevivência destas instituições sem fins

lucrativos.

Existem diversas áreas e vertentes que podem ajudar na consolidação das IPSS e até, na

sua própria expansão, como é o caso da implementação dos conceitos de marketing e

comunicação na sua estruturação, seja com o intuito de melhorar as suas respostas

sociais e serviços internos, ou seja com o propósito de melhorar a sua promoção

externa.

A revisão da literatura apresentada mostra-nos as teorias e conceitos que, a nível do

marketing e comunicação, podem ser aplicados nas IPSS embora, na maioria dos casos,

sejam elementos que apenas têm base comprovada em organizações genéricas, mas que

podem servir de base para a implementação nas IPSS em particular.

Os dados recolhidos no estudo de caso abordado ajudam-nos a ter uma perceção do

modo de aplicação e funcionamento que os mesmos conceitos apresentam no seio da

IPSS estudada, permitindo-nos obter algumas respostas em relação à sua eficácia, e que

podem ser observados como um importante contributo de interligação teórico-prática de

estratégias e ações de marketing e comunicação direcionadas para as IPSS, facultando

aos gestores e responsáveis de IPSS instrumentos e ferramentas que os poderão ajudar a

obter um melhor desempenho da sua organização, bem como tentar garantir a sua

própria sustentabilidade.

Palavras-Chave: IPSS; Marketing; Comunicação; Estratégias; Ações.

Page 5: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

v

ABSTRACT

The Private Institutions of Social Solidarity (IPSS) have a significant role in providing

social solidarity services in our country, despite going through a harsh economic period,

due to the reduction in government support. Although it is important for the IPSS to

find solutions for a greater sustainability, studies in Portugal are almost scarce in this

area. Therefore it is important to evaluate and define methods that aim to ensure the

survival of these nonprofit institutions.

There are several areas and aspects that can help in the consolidation of IPSS and even

in its own development, as the implementation of marketing and communication

concepts in their structure, either to improve their social responses and internal services

or their external promotion.

The literature review presented shows us the marketing and communications theories

and concepts which can be applied in the IPSS. Although, in most cases, these elements

have only been successfully applied on standard organizations, they may also serve as a

basis in the IPSS in particular.

The collected data in the chosen case study helps us to have a perception of the way that

those concepts were implemented and applied within the studied IPSS, allowing us to

get some answers regarding their effectiveness. This can be considered as an important

contribution to the theoretical and practical interconnection strategies and initiatives of

marketing and communications events directed to the IPSS. Providing managers and

administrators of IPSS, instruments and tools that may help them achieve a better

performance of their organization and try to ensure its sustainability.

Keywords: IPSS; Marketing; Communication; Strategies; Events.

Page 6: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

vi

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1. Enquadramento do tema e sua relevância ......................................................... 1

2. Objetivos e questões de pesquisa ...................................................................... 3

3. Metodologia ..................................................................................................... 4

4. Estrutura da investigação.................................................................................. 4

PARTE 1 .................................................................................................................... 6

Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação em IPSS

Portuguesas: Uma abordagem teórica ..................................................................... 7

Resumo ................................................................................................................ 7

Abstract .............................................................................................................. 8

1. Introdução ........................................................................................................ 8

2. Caraterização do setor em estudo ..................................................................... 9

3. Teorias e conceitos de marketing e comunicação ............................................ 15

4. Marketing e comunicação nas organizações sem fins lucrativos e, em

particular, nas IPSS ....................................................................................... 20

5. Conclusões ..................................................................................................... 30

6. Referências .................................................................................................... 31

PARTE 2 .................................................................................................................. 36

As estratégias e ações de marketing e comunicação na Associação Pela Infância

e Terceira Idade de Lamego ................................................................................. 37

Resumo .............................................................................................................. 37

Abstract ............................................................................................................ 37

1. Introdução ...................................................................................................... 38

2. Metodologia ................................................................................................... 40

3. Caraterização do objeto de estudo .................................................................. 41

Page 7: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

vii

4. Estratégias e ações de marketing e comunicação presentes na APITIL ........... 46

4.1. A prática de causas humanitárias e solidárias .......................................... 48

4.2. Angariação de Fundos ............................................................................ 50

4.3. Parcerias Comerciais .............................................................................. 52

4.4. Parcerias Institucionais ........................................................................... 54

4.5. Voluntariado ........................................................................................... 57

4.6. Relação com os clientes .......................................................................... 57

4.7. Serviços Inovadores ................................................................................ 60

4.8. Ações de promoção externa .................................................................... 62

4.9. Meios de Comunicação ........................................................................... 63

4.10. Inovação Tecnológica ........................................................................... 66

5. Conclusão ...................................................................................................... 67

6. Referências .................................................................................................... 70

CONCLUSÕES FINAIS .......................................................................................... 73

Page 8: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

viii

ÍNDICE DE FIGURAS

INTRODUÇÃO

Figura 1 – Estrutura da Dissertação ............................................................................. 5

PARTE 1

Figura 1 – Um modelo simplificado do processo de marketing ................................... 16

Figura 2 – Guia de planeamento estratégico de comunicações ..................................... 18

Figura 3 – Barreiras da comunicação .......................................................................... 19

Figura 4 – Os passos do planeamento estratégico ........................................................ 23

PARTE 2

Figura 1 – As respostas sociais da APITIL ................................................................. 44

Figura 2 – Estratégias e ações de marketing e comunicação na APITIL ...................... 47

Page 9: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

1

INTRODUÇÃO

Esta investigação analisa as estratégias e ações de marketing em Instituições

Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Neste capítulo introdutório, apresentamos o

enquadramento do tema, explicando a sua relevância, expomos os objetivos e questões

de pesquisa e efetuamos uma breve explicação sobre a metodologia seguida. Por último,

fazemos um esboço da organização da dissertação.

1. ENQUADRAMENTO DO TEMA E SUA RELEVÂNCIA

A sociedade portuguesa tem assistido nos últimos anos a diversas alterações no

comportamento das pessoas, fruto da modernização global e, também, do fácil acesso à

informação. Foi nesse contexto que foram aparecendo múltiplas teorias e conceitos que

permitem uma maior exploração de certas caraterísticas e pormenores empresariais ou

organizacionais com o propósito de informarem, e de promoverem a sua imagem, junto

do seu público-alvo. Já há muitos anos que o sistema empresarial implementou esta

forma de atuação, embora, nos dias de hoje, e como consequência da evolução da nossa

sociedade, tenha também já a sua existência nas organizações sem fins lucrativos, e nas

IPSS em particular.

Apesar de privadas, as IPSS são organizações sem fins lucrativos, dependendo

essencialmente dos apoios governamentais e dos valores dos seus clientes. Neste

momento, as IPSS atravessam uma fase bastante sensível e difícil, resultante da situação

económica desfavorável que assola o nosso país e, que as leva a procurarem

implementar teorias e técnicas que lhes permitam uma maior consolidação no seio da

sua comunidade, e uma maior diferenciação em relação à sua concorrência.

Torna-se assim fundamental para as IPSS implementarem um conjunto definido de

estratégias e ações que permitam a prática exemplar na prestação dos seus serviços, com

o objetivo de garantir a satisfação dos seus clientes, e a fidelização dos mesmos, bem

como a própria captação de novos clientes. Deste modo, a adequação e atualização das

respostas sociais e outros serviços à evolução da sociedade e, consequentemente, às

novas tecnologias, apresenta-se como um importante aspeto a ter em conta, sendo assim

Page 10: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

2

necessária uma análise contínua da estruturação interna, bem como a sua própria

transmissão para o exterior.

Assim, e dadas as dificuldades económicas, é fulcral para as IPSS assegurarem outros

métodos de angariação de fundos, de forma a ultrapassar com sucesso as suas

dificuldades e, satisfazendo deste modo as necessidades da própria instituição, bem

como a melhoria contínua dos seus serviços e instalações e, de alcançar, inclusivamente,

o seu principal objetivo, que consiste em garantir uma maior sustentabilidade.

O marketing e a comunicação são dois conceitos teóricos que refletem isso mesmo e

que podem assim influenciar de modo positivo o sucesso de atuação de uma IPSS. É

neste enquadramento que surge o tema desta dissertação, que consiste em analisar as

estratégias e ações de marketing e comunicação presentes em IPSS portuguesas, de

forma a ser possível descrever e interpretar o que por elas é utilizado neste âmbito e,

consequentemente, de analisar o seu grau de eficácia no seio do seu público-alvo.

Atualmente, a implementação dos conceitos de marketing e comunicação em IPSS

ainda é um pouco desconhecida, o que nos leva em alguns casos a referir determinadas

teorias, que são direcionadas para organizações sem fins lucrativos, ou até mesmo para

outro género de organizações ou empresas, mas que se assemelham nestes casos às

IPSS, deixando-se assim para trás a ideia de que estas duas áreas apenas se enquadram

nas grandes empresas ou organizações com fins lucrativos.

Deste modo, com este estudo, procuramos evidenciar que o marketing e a comunicação

são conceitos que detêm um grande potencial de exploração neste tipo de instituições,

embora se possa obter bons exemplos da sua implementação nos casos anteriores.

Assim, pretendemos mostrar que existem diversas estratégias e ações de marketing e

comunicação que podem melhorar as atividades e serviços internos de uma IPSS, bem

como a sua própria promoção para o exterior, de forma a atingirem os seus objetivos e a

garantirem um melhor bem-estar aos seus clientes, no qual a inovação dos seus serviços

e atividades e, por conseguinte, a adequação às novas tecnologias, têm importantes

papéis.

Page 11: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

3

2. OBJETIVOS E QUESTÕES DE PESQUISA

O objetivo central deste estudo consiste, essencialmente, na análise das diversas

estratégias e ações no âmbito do marketing e da comunicação que se encontram

presentes nas organizações sem fins lucrativos e, em particular, nas IPSS portuguesas,

de forma a possibilitar uma avaliação fiável sobre a eficácia da implementação desses

dois conceitos.

Um outro objetivo deste estudo será a análise de outras potencialidades que poderão ser

implementadas nas IPSS, sempre a nível de marketing e comunicação, bem como de

outras áreas que as poderão complementar, como são os exemplos das tecnologias de

multimédia e informática, em que poderá existir uma adequação das novas tecnologias a

alguns serviços que ainda não foram explorados ou que, simplesmente, poderão

apresentar novas soluções nesse sentido.

A análise de iniciativas e atividades de áreas associadas ao marketing e à comunicação,

ou vistas como suas vertentes, é outro dos principais objetivos do estudo, em que a

publicidade pode ser considerada como um desses exemplos mais relevantes.

Assim, o objetivo geral deste estudo consiste em analisar as estratégias e ações de

Marketing e Comunicação adotadas nas IPSS, ou de outras que possam ser ajustadas ou

mesmo inovadas, de forma a ser possível determinar o seu grau de eficácia, bem como

definir orientações para os variados tipos de IPSS existentes no nosso país, tendo em

conta os diversos fatores que as distinguem, como é o exemplo da sua dimensão ou até

mesmo da comunidade em que se insere.

O estudo procura encontrar respostas para um conjunto de três questões de investigação

principais, a saber:

Primeira Questão: Quais são as estratégias e ações de marketing e comunicação utilizadas pelas IPSS?

Segunda Questão: Qual é a eficácia dessas estratégias e ações?

Terceira Questão: Como podem as IPSS inovar na definição de estratégias e ações de marketing e comunicação, que permitam melhorar a eficiência dos seus objetivos?

Page 12: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

4

3. METODOLOGIA

De forma a ser possível identificar e descrever com fiabilidade e detalhe as estratégias,

assim como obter todos os dados relevantes para a realização deste estudo, optamos por

efetuar um estudo de caso de uma IPSS em particular.

Como objeto de estudo foi escolhida uma IPSS de grande dimensão, em atividade há

cerca de trinta anos, e, conhecida pela sua dinâmica inovadora, denominada de

Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego (APITIL), localizada no interior

norte, mais concretamente no concelho de Lamego. O facto de o autor ser colaborador

ativo nesta IPSS, foi também determinante para a escolha desta metodologia, dado que

assim é possível conhecer em detalhe as informações mais pertinentes para este estudo,

bem como é mais eficaz a recolha de dados, igualmente importante para o

desenvolvimento desta investigação. A entrevista com o Diretor Técnico da Instituição é

outro importante alicerce no que toca à recolha de dados, apresentando-se

inclusivamente como um elemento preponderante na avaliação da presença de

marketing e comunicação na IPSS em causa.

Neste contexto, pretendemos com este estudo conhecer as possibilidades teóricas que

adequam o marketing e a comunicação à operacionalidade das IPSS, bem como as suas

estratégias e ações presentes na IPSS estudada, de modo a servir como um exemplo

geral da realidade do nosso país, ou para se apresentar como uma base para um modelo

de atuação, sendo para isso determinante avaliar a eficácia que essas estratégias e ações

detêm.

4. ESTRUTURA DA INVESTIGAÇÃO

Esta dissertação é constituída por duas partes principais e apresenta-se com um tipo de

organização diferente do comum, sendo em formato de artigo. Deste modo, a

dissertação é constituída por um capítulo de livro e por um estudo de caso. O primeiro

consiste numa revisão da literatura, apresentando um leque diversificado de definições e

exposições sobre os conceitos de marketing e comunicação, bem como a sua adequação

e utilização por parte das organizações sem fins lucrativos e, em particular, pelas IPSS.

No segundo é apresentado o referido estudo de caso, sendo assim possível verificar a

Page 13: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

5

análise efetuada das estratégias e ações de marketing e comunicação existentes na

Instituição estudada.

Para alcançar os objetivos subjacentes a esta investigação, divide-se este trabalho em

duas partes fundamentais, limitadas por um capítulo introdutório (Introdução) e por um

capítulo conclusivo (Conclusões Finais), como pode ser visualizado na figura 1.

Figura 1 – Estrutura da Dissertação Fonte: Elaboração própria

Enquadramento do tema;

objetivos; metodologia;

estrutura da dissertação

Conclusões finais da

investigação

Dissertação

INTRODUÇÃO

Artigo para capítulo de livro

PARTE 2

CONCLUSÕES

PARTE 1

Estudo de Caso - APITIL

Page 14: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

6

PARTE 1

Page 15: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

7

Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação em IPSS

Portuguesas: Uma abordagem teórica

RESUMO

As organizações sem fins lucrativos têm uma importância crucial e o seu crescimento

tem sido considerável no nosso país. Cada vez mais estas organizações são objeto de

investigações que analisam práticas de gestão que são incorporadas às diversas

atividades inerentes a áreas de ação social. Uma crescente consciência da importância

do marketing neste tipo de organizações tem vindo a contribuir para a adoção de

estratégias e ações de marketing e comunicação nas Instituições Particulares de

Solidariedade Social (IPSS). Este trabalho analisa alguns dos principais contributos

teóricos sobre esta temática, que complementa a atuação de marketing ao papel fulcral

da comunicação.

Além da importância destes dois conceitos, existem outras áreas que se encontram

interligadas e que podem complementar o seu desempenho. As novas tecnologias são o

reflexo disso mesmo, no qual o papel da inovação aparece conjugada com as técnicas e

ferramentas que são implementadas no campo de ação do marketing e também da

comunicação.

A fidelização e angariação de clientes, assim como o estabelecimento de parcerias e a

obtenção de fundos, fruto do desenvolvimento de estratégias e ações de marketing e

comunicação são abordadas e avaliadas neste estudo, com o objetivo de se encontrarem

teorias que o exemplifiquem e demonstrem a sua viabilidade de implementação.

Palavras-Chave: Marketing; Comunicação; IPSS.

Page 16: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

8

ABSTRACT

The nonprofit organizations have a crucial importance and its growth has been

considerable in our country. These organizations have increasingly been subject of

investigation that analyzes management practices that are incorporated into the various

activities related to areas of social action. A growing awareness of the importance of

marketing in such organizations has been contributing to the adoption of strategies and

actions of marketing and communication in Private Institutions of Social Solidarity

(IPSS). This paper examines some of the main theoretical contributions on this theme,

which complements the action of marketing to a central role of communication.

Besides the importance of these two concepts, there are other areas which are

interconnected and can complement its performance. New technologies are a reflection

of this, in which the role of innovation comes together with techniques and tools that are

implemented in the field of marketing action as well as communication.

The loyalty and customer acquisition as well as partnerships and fund raising, which

resulted from the development of marketing and communication strategies and

initiatives are discussed and evaluated in this study, with the aim of finding theories that

exemplify and demonstrate their implementation practicability.

Keywords: Marketing; Communication; IPSS.

1. INTRODUÇÃO

As Instituições Particulares de Solidariedade Social são organizações particulares e sem

fins lucrativos que prestam serviços à sociedade no âmbito da solidariedade social,

sendo financiadas principalmente pelo Instituto da Segurança Social, através do

estabelecimento de acordos entre ambas, que vão de encontro às necessidades e repostas

sociais presentes neste tipo de instituições. As IPSS contam com os pagamentos

efetuados pelos seus clientes e, em alguns casos, pelos seus sócios, para poderem dar

continuidade à sua sobrevivência. Ainda assim, por vezes, esses encaixes financeiros

Page 17: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

9

referidos não são suficientes para resolverem os problemas económicos existentes,

recorrendo-se a outras formas de angariação de fundos, como é o caso da filantropia.

De forma a garantir a sustentabilidade das próprias IPSS, torna-se necessário criar

métodos que lhes permitam uma maior estabilidade financeira ou, então, uma troca de

serviços, que pode ser realizada com parcerias entre empresas, que pretendam também

demonstrar o seu lado solidário, ou até parcerias entre as próprias IPSS. Apesar da

concorrência ser uma realidade bastante presente nos dias de hoje, esta é inerente

principalmente às empresas privadas que desempenham os mesmos serviços que as

IPSS.

É com vista a garantir uma maior sustentabilidade das IPSS, que se procurou analisar as

estratégias e ações de marketing e comunicação nas IPSS portuguesas. Este trabalho é

constituído por uma revisão da literatura que tem como finalidade principal mostrar a

importância que o marketing e a comunicação contêm para o sucesso de desempenho

das IPSS.

Em termos de estrutura, este trabalho encontra-se dividido em três partes principais. Na

primeira parte, realizamos uma abordagem às IPSS, indicando as principais

caraterísticas que as descrevem. Na segunda parte, mencionamos algumas teorias e

conceitos que, de uma forma sucinta, demonstram as principais especificações do

marketing e da comunicação em geral. Na terceira e última parte, efetuamos uma

análise da presença do marketing e da comunicação nas organizações sem fins

lucrativos e, em particular, nas IPSS.

2. CARATERIZAÇÃO DO SETOR EM ESTUDO

As IPSS pertencem ao terceiro setor e consistem em instituições sem finalidade

lucrativa, por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao

dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos. Além disso, existem

também as denominadas Casas do Povo e Cooperativas de Solidariedade Social que

ostentam o reconhecimento de equiparação a IPSS, sendo isto possível desde que estas

Page 18: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

10

prossigam os objetivos definidos no artigo 1.º do Estatutos das IPSS (Decreto-lei

119/83, de 25 de fevereiro), não podendo ser administradas pelo Estado ou por um

corpo autárquico, para prosseguir determinados objetivos, mediante a concessão de bens

e a prestação de serviços com as seguintes finalidades, ou que apresentem a mesma

compatibilidade:

a) Apoio a crianças e jovens;

b) Apoio à família;

c) Apoio à integração social e comunitária;

d) Proteção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as situações de falha ou

diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho;

e) Promoção e proteção de saúde, nomeadamente através da prestação de cuidados de

medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

f) Educação e formação profissional dos cidadãos; e

g) Resolução dos problemas habitacionais das populações;

Para as organizações poderem ser consideradas como sem fins lucrativos, devem ser

constituídas por cinco caraterísticas principais, a saber (Wolf, 1999, p. 21):

- “Elas devem ter uma missão de serviço público”;

- “Elas devem ser organizadas como corporações sem fins lucrativos ou de caridade”;

- “As suas estruturas de governação devem impedir o interesse próprio e o lucro

financeiro privado”;

- “Elas devem ser isentas de pagamento de impostos federais”;

- “Elas devem possuir um estatuto jurídico especial que estipule que as doações feitas às

mesmas são dedutíveis”.

Page 19: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

11

Nos últimos anos, tem-se registado em Portugal um aumento da procura dos diversos

serviços prestados pelas IPSS, fruto da melhoria de vida dos nossos cidadãos, que se

deve essencialmente ao aumento do valor das reformas a que se tem assistido nos

últimos tempos, embora ainda estejam muito longe do esperado, como serve de

exemplo se compararmos a sua evolução com os restantes países da União Europeia.

Espera-se que a tendência dessa procura aumente ainda mais nos próximos anos, em

cerca de 5% anuais, para o qual contribui o aumento demográfico dos idosos, que se

situa nos 16.4% da atual população e, bem como a menor capacidade de resposta por

parte dos familiares (Jacob, 2004). Devido a esse aumento, e ao facto da maioria das

IPSS estarem lotadas no nosso país, verificou-se, nos últimos anos, um aumento

significativo de IPSS; por exemplo, só no ano de 2009 foram criadas 30 IPSS, existindo,

neste momento, cerca de quatro mil instituições em grande atividade (S.a, 2009).

Além disso, a importância do papel das IPSS na sociedade ampliou de forma bastante

significativa nos últimos anos, para o qual tenha contribuído o aumento da esperança

média de vida das pessoas, que tem como atual consequência uma população

envelhecida. A crise financeira que se vive nos dias de hoje também constitui uma forte

razão para que as pessoas recorram cada vez mais às IPSS, dado que os valores pagos

por um ou mais serviços são muito diminutos em relação ao setor privado deste âmbito

de serviço social.

As IPSS recebem apoios do Estado, que são estabelecidos por acordos realizados com o

Instituto da Segurança Social para poderem prosseguir os seus objetivos estabelecidos,

diminuindo assim o valor que o cliente terá que comparticipar na utilização de um ou

mais serviços, mediante a concessão de bens e a prestação de serviços acordados e,

respetivamente, efetuados. Além dos valores provenientes dos seus clientes e dos apoios

governamentais, algumas IPSS contam também com valores resultantes das cotas dos

seus associados, bem como da realização de determinados serviços excecionais para os

mesmos.

As IPSS encontram-se inseridas num mercado cada vez mais competitivo, devendo-se

principalmente a um maior número de empresas com fins lucrativos registadas nos

últimos tempos, e ao próprio crescimento de algumas já existentes, que praticam os

Page 20: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

12

mesmos serviços das IPSS. Para Brace-Govan (2006), existem muitas diferenças

relevantes entre as organizações sem fins lucrativos e as organizações com fins

lucrativos. Estas diferenças podem ser fatores relevantes de diferenciação, podendo ser

fundamentais para a escolha dos clientes.

A competitividade entre IPSS não é tão acentuada, embora existam locais do país onde

isso acontece, o que leva a que alguns fatores marquem a diferença e distingam uma

determinada IPSS das restantes. Apesar disso, as parcerias entre IPSS são uma realidade

existente e imprescindível, já que existem determinadas IPSS que se complementam na

prestação de serviços e que têm, inclusive, protocolos estabelecidos, com o objetivo de

garantirem aos seus clientes os serviços que não podem prestar, mas que serão

assegurados pelas suas entidades parceiras.

Segundo Herzlinger (1996 como citado em Carvalho, s.d., p. 10) “Porque as

organizações sem fins lucrativos são muitas vezes subsidiadas e os seus serviços são

frequentemente gratuitos, os clientes estão mais inclinados para perdoar a falta de

qualidade e ignorar a ineficiência”. Embora, seja fundamental a forma de como uma

IPSS se apresenta à sociedade, tornando-se importante mostrar o seu sucesso de

operacionalidade e de execução dos seus servidos prestados.

É nesse âmbito que as IPSS tentam, cada vez mais, apostar na diferenciação e

alargamento do seu leque de respostas sociais e de serviços especializados, no qual a

inovação dos serviços que podem ser associados às novas tecnologias alcançou um

importante lugar quando se pretende analisar a qualidade dos serviços prestados.

Bowen, Siehl e Schneider (1989) e Levitt (1990) defendem isso mesmo, ou seja, para a

conquista da diferenciação não é suficiente oferecer ao cliente o tipo de serviços que ele

espera, mas sim apresentar algo novo.

O principal objetivo das IPSS consiste na satisfação dos seus clientes, através da

utilização dos seus serviços, com o objetivo de os fidelizar satisfazendo, deste modo, as

necessidades da própria instituição e permitindo a melhoria contínua dos seus serviços e

instalações. A captação de novos clientes e de novos fundos são metas importantes para

muitas das IPSS do nosso país, não só para o seu crescimento como também para a sua

Page 21: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

13

própria sustentabilidade e, consequentemente, para a sua existência. Para Kotler e

Armstrong (2003) a angariação de novos clientes pode levar a um maior esforço

financeiro, ao invés do que acontece com os clientes já existentes.

Existem algumas formas de as organizações sem fins lucrativos obterem

financiamentos, como é o caso de diversas ações de filantropia realizadas por parte de

certas empresas portuguesas. Algumas das quais não esperam obter qualquer tipo de

benefícios comerciais com este género de ações de solidariedade social. Nos últimos

anos tem-se assistido a um aumento dos valores morais por parte das pessoas, existindo

uma maior preocupação e interesse sobre a organização deste género de ações de caráter

social. Deste modo, as pessoas ficam mais sensíveis ao saberem da participação das

empresas nestes atos de beneficência, tornando-se assim numa importante ferramenta

que as próprias empresas podem usar para atrair clientes e, consequentemente, para

aumentar o seu volume de negócios.

Os patrocínios, por exemplo, são muito comuns entre a sociedade empresarial, embora

muitas das vezes sejam efetuados com o propósito de obter algo em troca, o que realça o

seguimento da ideologia anteriormente referida, ou seja, as empresas fazem-no com o

propósito de alcançarem algo que seja benéfico e positivo. O patrocínio pode ser visto

como uma compra, seja ela realizada em dinheiro ou em bens, no qual a sua associação

a uma determinada causa permite a sua própria promoção comercial (Meenaghan,

1991).

A angariação de fundos é muito importante para as IPSS embora, atualmente, e devido

essencialmente à crise económica que se encontra implementada na sociedade

portuguesa, não seja tão fácil alcançar as metas pretendidas. Este cenário leva a que as

IPSS repensem e alterem a sua tipologia de procura de fundos, indo ao encontro da troca

de serviços com as empresas que pretendem continuar a praticar ações filantrópicas. As

trocas não têm de assentar exclusivamente em relações financeiras podendo, também,

ser de caráter social ou económico (Mcleish, 1995).

As trocas de serviços entre IPSS e as empresas devem ser muito bem exploradas, no

qual o marketing tem a função de dinamizar a procura e o consequente estabelecimento

Page 22: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

14

de parcerias que vão ao encontro desta teoria de trocas, e que abrange, também, o

relacionamento de trocas entre as próprias IPSS. Além disso, as empresas aproveitam

muitas vezes a sua participação em diversas causas sociais, e que são em alguns casos

inerentes a algumas ações efetuadas pelas próprias IPSS, podendo estas ser em prol de

uma só pessoa, ou em prol de um grupo de pessoas. Segundo Varadarajan e Menon

(1988), uma determinada empresa pode promover ou colaborar numa ação de

beneficência sem fins lucrativos através da oferta de uma parte dos seus lucros, ou de

uma parte das suas vendas provenientes da divulgação e da publicidade efetuada

relativamente a essa causa específica.

De uma forma geral, além da utilização de métodos tradicionais para a angariação de

fundos, existem outras formas de as IPSS assegurarem a sua sustentabilidade económica

dependendo, cada vez menos, dos apoios governamentais. Assim, as IPSS contam com

a operacionalidade do marketing para definir um leque de estratégias e ações com o

objetivo de encontrar caminhos e soluções que permitam uma maior viabilidade

económica interna, sendo deste modo possível a prestação de uma melhor qualidade de

serviços aos seus clientes. É nesta implementação de marketing que a comunicação tem

o papel importante de promover essas referidas estratégias e ações com o intuito de

sensibilizar a sociedade para as causas sociais que caraterizam o seio das IPSS.

O voluntariado é, também, uma vertente cada vez mais importante nas IPSS, e que pode

ajudar a colmatar determinadas carências afetivas nos seus clientes, dado que as pessoas

se preocupam, cada vez mais, em oferecer o seu trabalho e a sua ajuda de forma

voluntária e sem quaisquer custos, apenas com o objetivo de praticarem um conjunto de

boas ações em prol de uma sociedade de ajuda aos mais necessitados, como é o caso de

uma grande parte dos clientes que constituem as IPSS nacionais. O voluntariado pode

ser realizado de uma forma singular, embora hajam também alguns casos de

voluntariado efetuado de forma organizada, ou seja, por algumas empresas, que pode

ser encarado com um ato verdadeiro de filantropia, para dinamizar as IPSS.

Page 23: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

15

3. TEORIAS E CONCEITOS DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

O marketing e a comunicação são duas áreas intimamente ligadas e que podem ser

conjugadas em diversas estratégias e ações. A comunicação é uma das variáveis do mix

de marketing; contudo, pela sua importância na teoria organizacional, pode ser abordada

de forma autónoma. Por exemplo, para as causas sociais, Pringle e Thompson (2000)

afirmam que uma campanha de marketing deve ser efetuada no mesmo nível e

importância com o seu processo de comunicação.

O marketing encontra-se implementado em diversas atividades desde os primórdios da

nossa sociedade; embora, para Webster (1978), tenha sido na década de 50 do século

XX que o seu conceito se desenvolveu, com o surgimento da importância de satisfazer

as preferências e as necessidades das pessoas. Keith (1960) refere-se à revolução do

marketing, que estabelece o cliente como o elemento mais importante na concretização

de um negócio tendo, assim, que ser a própria organização a aceitar a adoção deste

conceito. Contudo, nem sempre foi assim, tendo as organizações vindo a cumprir um

longo processo evolutivo até atribuírem prioridade às necessidades dos clientes como

orientação estratégica.

Existem muitos significados e definições que podem ser encontradas na literatura sobre

o marketing. Neste trabalho, entendemos o marketing como uma filosofia que preconiza

a criação de valor para os diversos stakeholders da organização. O “Marketing é a

atividade, um conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e

trocar ofertas que têm valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade em

geral” (American Marketing Association [AMA], 2008).

Segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 04), o processo de marketing consiste num

“modelo simples de cinco passos”, assim como é apresentado pelos autores na figura 1.

Page 24: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

16

Figura 1 – Um modelo simplificado do processo de marketing Fonte: Kotler e Armstrong (2007, p. 04)

Ries e Trout (1993) defendem que o marketing é uma autêntica disputa de perceções

que, consequentemente, envolvem todo o processo que lhe é inerente. Ou seja, ao ser

executada uma campanha de marketing, a organização responsável pela mesma

transmite apenas as linhas que a caraterizam como uma imagem estável e bastante

positiva, de forma a mostrar ao seu público-alvo que os seus produtos ou serviços são a

escolha acertada. Deste modo, o marketing encontra-se associado à intenção de

melhorar a imagem corporativa de uma organização ou empresa, no qual a

diferenciação numa sociedade cada vez mais competitiva se torna num objetivo

primordial. E isso leva-nos à comunicação na organização e à função que desempenha

em diversos contextos.

A comunicação tem um papel fundamental no que concerne à promoção dos produtos e

serviços prestados por uma organização, dado que será ela a responsável pela

transmissão de uma imagem fiável e convincente do que se pretende negociar. Não só o

sucesso do produto ou serviço se encontra em causa, como a própria imagem da

organização também é posta à prova.

A imagem positiva que as entidades têm necessidade de mostrar é caraterizada por ser

uma imagem intencional, ou seja, ela é criada a partir da identidade visual de uma

determinada organização e da sua respetiva comunicação para a sociedade (Villafañe,

1993). Deste modo, é importante que a formação de uma imagem organizacional seja

bem definida e trabalhada.

Capturar valor dos clientes em troca

Criar valor para os clientes e construir relacionamentos com os clientes

Entender o

mercado e as

necessidades e

os desejos dos

clientes

Elaborar uma

estratégia de

marketing

orientada para

os clientes

Desenvolver

um programa

de marketing

integrado que

proporcione

valor superior

Capturar valor

dos clientes

para gerar

lucro e

qualidade para

os clientes

Construir

relacionamentos

lucrativos e criar

o encantamento

dos clientes

Page 25: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

17

O sucesso de uma boa ação de comunicação de um produto ou serviço poderá ser o

suficiente para solidificar a imagem que uma organização apresenta no seio da

sociedade em geral. Gray e Smeltzer (1985) defendem isso mesmo, ou seja, uma

imagem positiva poderá conseguir alcançar um bom lugar a nível de posicionamento de

mercado, e resultar no sucesso de uma estratégia de comunicação que atrairá a atenção

do seu público-alvo. Segundo os mesmos autores, uma estratégia de comunicação mal

efetuada poderá resultar numa falha com graves consequências para a imagem de uma

organização.

Existem diversas definições que explicam o conceito de comunicação, embora todas

elas tenham o sentido indispensável de transmitir algo. Para Kotler (2000), a

comunicação deve atuar com o objetivo de incutir algo nos consumidores, que pode

levar à mudança dos seus comportamentos. Já Torquato (1986, p. 15), defende que “a

comunicação é um sistema aberto, semelhante à empresa. Como sistema, a comunicação

é organizada pelos elementos – fonte, codificador, canal, mensagem, descodificador,

recetor, ingredientes que vitalizam o processo”.

Assim, uma organização deve analisar e planear a sua forma de atuação no seio da

sociedade, bem como a própria comunicação dos seus produtos ou serviços, embora,

por vezes, estes dois processos se possam conjugar em diversas campanhas

comunicativas que assumem também o papel publicitário que, na realidade, se encontra

interligado ao papel da comunicação. Deste modo, é importante estabelecer um

planeamento estratégico que englobe todos os pormenores considerados importantes, e

que podem influenciar a decisão do público-alvo, bem como a escolha dos meios por

onde essa comunicação irá passar, tendo-se sempre em conta os efeitos que a mesma

proporcionará nas pessoas.

Segundo Bonk, Griggs e Tynes (1999, p. 33), “o seu plano de comunicação é uma parte

importante da operação diária da sua organização. É um quadro para as suas atividades

de média, incluindo comunicações internas e externas”. Na figura 2 é apresentado um

esquema, criado pelos mesmos autores, e que explica de uma forma sucinta e bastante

explícita os diversos elementos que constituem um planeamento estratégico, no que

concerne à comunicação de uma organização.

Page 26: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

18

Guia de planeamento estratégico de comunicações

Objetivos gerais

Elementos críticos de um plano de comunicação

Atividades em curso

Figura 2 – Guia de planeamento estratégico de comunicações Fonte: Bonk et al. (1999, p. 34)

No fundo, a comunicação pode ser considerada como a relação existente entre as

organizações e o seu público-alvo, envolvendo um conjunto de ações e técnicas que

promovem o processo de comunicação ou de promoção, bem como a sua divulgação e

difusão pelos vários canais de comunicação existentes, e que estão ao alcance

económico das organizações.

Para Katz (1989, p. 14) “a comunicação é uma troca de compreensão. Um emissor envia

uma mensagem a um recetor”. O mesmo autor afirma que existem cinco barreiras

principais que afetam a comunicação de uma mensagem, como se pode verificar na

figura 3.

Identificar os objetivos e os resultados

Desenvolver a afirmação da visão e da missão

Integrar valores

Identificar o público-alvo

Realizar pesquisas

Desenvolver mensagens

Produzir materiais

Avaliar os recursos

Escrever o plano de trabalho

Assegurar uma cobertura positiva dos média Garantir endossos

editoriais e apoio colunista

Identificar e treinar porta-vozes

Construir meios de parceria

Estar atento a comunicações internas

Considerar a publicidade

Desenvolver o controlo de crises e o plano de reação

Realizar avaliações

Page 27: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

19

Figura 3 – Barreiras da comunicação Fonte: Adaptado de Katz (1989, p. 14)

Assim, é fundamental como a comunicação de uma mensagem atinge o mercado e o seu

público-alvo. Para Gonzales (2003), existem várias técnicas que permitem a criação de

mensagens convincentes e persuasivas, e que podem influenciar a decisão de um cliente

em adquirir um determinado produto ou serviço.

Existem muitos outros fatores associados ao processo comunicativo que também

influenciam a própria comunicação em si, por exemplo, a credibilidade de uma

organização, dado que é um conceito que pode ser expressamente bem usufruído pelo

sistema comunicativo.

A comunicação complementa-se assim à atuação de marketing referida anteriormente,

sendo também um modo de promoção bastante forte e fundamental no destaque de uma

empresa ou organização no seio em que se encontra inserida.

A evolução da sociedade obriga a que o marketing esteja sempre atento às mudanças

comportamentais da nossa sociedade, sendo assim necessário que o marketing se adapte

e se atualize conforme as tendências que a própria evolução provoca nas pessoas. O

marketing não pode ser visto apenas como um processo comercial incluindo, desta

forma, as organizações sem fins lucrativos num procedimento de caráter social e,

também, de caráter de gestão, através do qual as pessoas alcançam aquilo que preferem

e que necessitam, através da criação, oferta e troca de produtos com outros (Kotler,

1997). Este argumento leva-nos diretamente à próxima sessão.

BARREIRA 1 BARREIRA 2 BARREIRA 5 BARREIRA 4 BARREIRA 3

Emissor Recetor

O meio ambiente

Fatores psicológicos

Fatores educacionais

Fatores culturais

Capacidade de escuta

Page 28: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

20

4. MARKETING E COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES SEM FINS

LUCRATIVOS E, EM PARTICULAR, NAS IPSS

Kotler e Levy (1969) estiveram entre os primeiros autores a defender que o marketing

fosse utilizado nas organizações sem fins lucrativos. Além da sua importância no seio

comercial, o marketing assumiu um importante papel nas funções sociais e culturais

(Richers, 2000).

Foi na década de 70 do século XX que o marketing social se assumiu como uma

vertente de marketing. Kotler e Zaltman (1971) reconheceram que as técnicas e

ferramentas que são aplicadas, quer a serviços quer a produtos, poderiam ser igualmente

aplicadas à comercialização de ideias. Gil (1994) indica que o marketing social é usado

para estudar fatores que podem levar às mudanças de comportamento das pessoas, onde

as ideias apresentadas são transformadas em propostas que, depois, farão parte de um

projeto colocado em curso.

O marketing social tem como base a filosofia de marketing no qual, através de algumas

das suas ferramentas e técnicas, é possível efetuar mudanças comportamentais nas

pessoas e na sociedade em geral: o marketing social “procura influenciar

comportamentos sociais não para beneficiar o comerciante, mas para beneficiar o

público-alvo e a sociedade em geral. Programas de marketing social, então, por

definição, são os programas de marketing genéricos realizados para mudar

comportamentos que estão no indivíduo ou interesses da sociedade” (Kotler e

Andreasen, 2003, p. 327).

Existem determinadas áreas-chave onde o marketing social é implementado, como a

saúde, a segurança rodoviária e a atividade física. O marketing social serve também de

apoio a determinadas situações em que seja possível melhorar os comportamentos das

pessoas (Churchill, 2003).

O alargamento do conceito de marketing a todo o tipo de organizações não foi feito sem

controvérsia; contudo, é nos dias de hoje consensual a sua aceitação e aplicação nas

organizações sem fins lucrativos e, em particular, nas IPSS.

Page 29: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

21

A relevância do marketing e da comunicação no seio do desenvolvimento das IPSS tem

já um lugar destacado considerando que, cada vez mais, estas são duas áreas

fundamentais na sociedade conseguindo, na maioria dos casos, atingir os seus públicos-

alvo. Assim como acontece com o conceito de promoção, o marketing também está

completamente ligado e envolvido no que concerne ao desenvolvimento de serviços ou

produtos com base na vontade expressa do seu público-alvo. Por vezes, para ser

possível alcançar uma campanha de marketing social com sucesso, torna-se necessário

utilizar um determinado produto ou ação que sensibilize as pessoas para a realização de

uma boa prática.

O marketing e a comunicação são duas áreas que se encontram interligadas,

complementando-se a si próprias, permitindo diversas ações estratégicas que podem

marcar a diferença e permitir, assim, um distanciamento da concorrência. Além disso, o

marketing e a comunicação englobam todos os tipos, tamanhos e segmentos das IPSS,

existindo a preocupação de uma adequação das melhores técnicas a utilizar de acordo

com os montantes financeiros disponíveis por uma determinada instituição.

De acordo com Sargeant (2005), o marketing tem uma função importante numa

organização, pois é responsável por uma elaborada pesquisa de mercado, com o objetivo

de compreender o que os potenciais clientes desejam, e contribuindo na criação de

novos serviços ou na melhoria dos mesmos. Ou seja, através do marketing é possível

realizar uma análise comparativa do mercado em que as IPSS atuam, sendo assim

possível alcançar inovadores e remodelados serviços com o objetivo de se aumentar a

competitividade e a consequente diferenciação das restantes congéneres do setor,

principalmente no que diz respeito às organizações com fins lucrativos.

O marketing permite criar condições para que as ideias possam ser implementadas de

forma a se atingirem os objetivos traçados. No entanto, é importante que essas ideias

estejam sempre em constante atualização, pois o aumento da competitividade entre as

IPSS e as organizações com fins lucrativos torna o mercado mais exigente, o que faz

com que algumas estratégias sejam aplicadas apenas a curto prazo, sendo assim

necessária a implementação de outras ideias, de acordo com a evolução das tecnologias

atuais e, também, da sua aceitação por parte da sociedade.

Page 30: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

22

Deste modo, as IPSS devem analisar todas as possibilidades de operacionalidade e de

prestação de serviços que não fazem parte do seu leque de ofertas mas que, através do

marketing, será possível obter conclusões acerca da introdução de algo novo e que possa

aumentar o seu grau de sustentabilidade. Shapiro (1988) afirma que apesar de o

marketing ser diferente entre as organizações sem fins lucrativos, não exclui a hipótese

de certos conceitos de negócio poderem ser adotados para realçar as suas operações.

Assim, o marketing é um conceito que deve estar bem presente em todas as áreas e

serviços de uma IPSS, e não se restringir apenas a um departamento de marketing.

“Marketing é gerir relacionamentos com os clientes rentáveis. O objetivo do marketing

é criar valor para os clientes e capturar valor dos clientes em troca” (Kotler &

Armstrong, 2010, p. 26).

O marketing e a comunicação são duas áreas cada vez mais importantes para a

afirmação das IPSS no seio da sociedade, e não servem apenas para as grandes

empresas ou instituições com fins lucrativos. De seguida, analisamos as ligações entre o

marketing e o planeamento estratégico, a angariação de fundos, o estabelecimento de

parcerias (comerciais e institucionais), o voluntariado, os relacionamentos com os

clientes, a comunicação, e a utilização de novas tecnologias.

- Planeamento estratégico

As dificuldades de sobrevivência acentuam-se de forma progressiva no seio das IPSS

em território nacional devido, essencialmente, à grande diminuição de apoios

governamentais sentidos nos últimos tempos, que espelham a situação económica

desfavorável que se faz sentir neste momento na sociedade portuguesa, e que tem

reflexos relevantes no âmbito do serviço social e das IPSS em particular.

Com o aumento das IPSS em Portugal e, principalmente, com o acréscimo de

organizações com fins lucrativos que atuam no mesmo campo de ação das IPSS, a

competitividade tem-se elevado de forma significativa, sendo necessário que estas

organizações adotem planos estratégicos bem definidos, com o objetivo de manterem as

suas elevadas taxas de ocupação e, também, em alguns casos, para que se registe um

Page 31: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

23

aumento da procura dos seus serviços para um eventual desenvolvimento e/ou

alargamento das suas dimensões, quer a nível humano, quer a nível físico.

Kotler e Armstrong (2007, p. 30), afirmam que “a empresa inicia o seu processo de

planeamento estratégico definindo o seu propósito geral e a sua missão”, como se pode

verificar na figura 4.

Figura 4 - Os passos do planeamento estratégico Fonte: Kotler e Armstrong (2007, p. 30)

Kotler e Andreasen (1996) indicam que as boas ações realizadas por parte das

organizações sem fins lucrativos não substituem uma gestão profissional onde é

fundamental a presença da liderança, responsabilidade e a obtenção de resultados. É

neste sentido que as estratégias e ações de marketing devem ser bem geridas e

estudadas, e englobadas no seu planeamento estratégico.

O desenvolvimento de um planeamento estratégico por parte das IPSS torna-se

imprescindível para o seu funcionamento, dado que é através deste plano que as IPSS

conseguem avaliar toda a conjuntura de serviços que a envolve. Uma estratégia de

marketing é muito semelhante a uma estratégia de negócio, podendo inclusive ser

encarada como uma parte íntegra e como uma perspetiva da estratégia de negócio

(Wind & Robertson, 1983). Neste sentido, é necessário que uma IPSS avalie

minuciosamente os seus recursos e capacidades de forma a ter um melhor panorama do

que poderá planear e definir como estratégias de abordagem ao seu mercado.

- Angariação de fundos

A angariação de fundos é fundamental para a melhoria da qualidade da prestação de

serviços por parte das IPSS, e o marketing tem um papel fulcral neste campo de ação.

Níveis de unidade de negócios,

produto e mercado

Definição da

missão da

empresa

Estabelecimento de

objetivos e metas

para a empresa

Desenvolvimento do

portfólio de negócios

Planeamento

do marketing e

outras estratégias

funcionais

Page 32: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

24

Nataraajan e Bagozzi (1999) defendem que, neste âmbito, o marketing continua a

evoluir como um método teórico e aplicado devido à diversidade de situações e de

teorias em que se insere.

Cabe às IPSS definirem técnicas de sensibilização e de marketing com o objetivo de

atrair e de persuadir algumas empresas ou organismos a efetuarem doações com vista a

ajudarem uma causa de solidariedade social, seja ela direcionada para um serviço ou

produto que abrange uma resposta social, ou direcionada para um serviço específico,

mas que essencialmente ajudará na melhoria do bem-estar das pessoas que lhe são

inerentes. Uma imagem caridosa bem definida e expressa para a população consiste

num grande passo para a obtenção de uma campanha de sucesso, onde claro, todo o

processo comunicativo que a suportará será indispensável para os efeitos pretendidos.

Aliás, são as próprias empresas que esperam a existência de uma gestão profissional

relativamente ao tratamento da imagem de uma ação praticada por uma organização

sem fins lucrativos, e por elas financiada (Tapp, 1996).

Compete também às IPSS aproveitar o facto de as empresas patrocinarem algumas das

suas atividades, que o fazem apenas com pretensões comerciais. Para tal é necessário

que sejam as próprias IPSS a definirem um leque de estratégias de marketing, de modo

a que sejam convincentes e eficazes na sua apresentação às empresas, atraindo-as para

uma doação que é indispensável para a sua própria sustentabilidade. São as próprias

organizações a verificarem que existe uma ausência de falta de conteúdo crítico, que

permita a avaliação e a análise do seu desempenho (Hall, Phillips, Meillat, & Pickering,

2003). É nesse sentido que uma IPSS necessita de identificar as falhas que precisam de

ser colmatadas, ou então de proceder a certas remodelações essenciais para uma melhor,

ou até mesmo inovadora, prestação de serviços.

- Parcerias

O marketing tem um papel fundamental no estabelecimento de protocolos ou de

parcerias entre empresas e IPSS, sendo que este género de colaboração está cada vez

mais em voga, que se deve de certa forma à evolução da nossa sociedade e à crise

económica que se atravessa neste momento em Portugal, fazendo assim renascer as

Page 33: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

25

trocas de serviços entre empresas e IPSS. Wymer e Samu (2003) afirmam que as

empresas e as entidades sem fins lucrativos têm relacionamentos muito inovadores,

colaborando em diversas ações, como é o exemplo da realização de promoções em

conjunto ou do estabelecimento de alianças estratégias, entre outras não menos

significativas.

Para as empresas, torna-se importante demonstrar que são participativas em causas de

solidariedade social, já que é um elemento fundamental na sensibilização do seu

público-alvo e que poderá influenciar, de forma bastante expressiva, o sucesso da sua

imagem no seio da sociedade e, como consequência, o aumento do seu volume de

negócios. Segundo Bhattacharya, Rao e Glynn (1995), é evidente o positivismo

existente por parte das pessoas ao saberem que estão a adquirir produtos ou serviços de

empresas que patrocinam organizações sem fins lucrativos.

Além das parcerias entre empresas, torna-se relevante para as IPSS estabelecerem

parcerias de prestação de serviços e de auxílio operacional entre si, já que, nem todas as

IPSS possuem a totalidade das respostas sociais possíveis, ou mesmo de valências

especializadas que se encontram inseridas nessas referidas respostas, levando assim a

uma procura dentro da sua localidade e no seu âmbito de atuação de uma ou mais IPSS

que apresentem as soluções ideais para colmatar essas lacunas existentes, com o

objetivo de assegurar todos os serviços indispensáveis para o bem-estar dos seus

clientes.

As organizações podem também utilizar o marketing para estabelecer acordos com

outras partes importantes, como é o caso dos seus fornecedores e de órgãos

governamentais ou autárquicos (Pringle & Thompson, 2000). O importante é abranger o

maior número possível de entidades ou singulares que possam trazer mais-valias para o

seio de uma IPSS. Além da importância económica que estas parcerias possam

representar, as IPSS têm a obrigação de se preocuparem com a realização de causas

solidárias, de forma a sensibilizar a população e, como é óbvio, o seu público-alvo. A

reputação de uma IPSS no seio da sociedade é uma componente essencial para o

sucesso das suas funcionalidades.

Page 34: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

26

- Voluntariado

O voluntariado é uma outra área que deve ser associada ao marketing, dado que é

através deste conceito que se poderá criar uma maior dinamização nas IPSS. Existe na

sociedade uma constante evolução dos deveres morais e éticos, os exemplos de

voluntariado intensificam-se por todo o país, no qual o marketing tem uma forte

componente de ação chamativa e de atração destas pessoas que pretendem ajudar os

mais necessitados e carenciados. Yavas e Riecken (1997) afirmam que o recrutamento

de voluntariado é muito importante para muitas instituições.

- Relacionamento com os clientes

O marketing é uma poderosa ferramenta que permite que uma organização se torne mais

eficaz na concretização dos seus objetivos. É através do marketing que uma IPSS tem a

possibilidade de efetuar a sua promoção, disponibilizando informações sobre todos os

seus benefícios e utilidades dos seus serviços, com o objetivo de chamar a atenção de

futuros clientes e, também, de fidelizar os seus clientes atuais. Segundo Pinho (1951, p.

15), “a promoção eficiente exige que a empresa desenvolva um conceito integrado de

comunicação e marketing”.

Para Kotler e Keller (2006) existe aliás um grande compromisso entre os clientes atuais

de uma organização no que diz respeito à utilização dos serviços que possam vir a ser

implementados. Além disso, os próprios clientes de uma IPSS podem atuar como

agentes de marketing e, até mesmo, de comunicação, dado que eles próprios podem

transmitir o sucesso dos seus serviços a outras pessoas.

O relacionamento entre uma IPSS e os seus clientes é fundamental para o sucesso de

desempenho de uma IPSS, no qual o marketing tem a função de consolidar e de garantir

o bem-estar dos seus clientes, executando um leque de atividades e de ações que

constituem o seu planeamento estratégico. Kotler e Armstrong (2007) defendem que ao

manter-se um bom relacionamento com o cliente está-se a dar um grande passo para a

sua fidelização, além de eles próprios fazerem publicidade sobre a empresa e os seus

produtos ou serviços. Deste modo, as IPSS devem construir e gerir um relacionando

saudável com os seus clientes, com o objetivo de os fidelizar aos seus serviços.

Page 35: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

27

- Comunicação

A comunicação utilizada pelas organizações possui um enorme potencial, e que deve ser

bem aproveitado (Gainer e Padanyi, 2001; Peattie, 2003). O processo de construção de

uma imagem sólida e fiável é de grande importância para qualquer empresa ou

organização, à qual uma IPSS não é exceção. Esta é mais uma prova do sucesso de

complementaridade entre a comunicação e o marketing.

É importante que uma IPSS apresente uma imagem positiva, ou seja, que se manifeste

de forma eficaz aos olhos do seu público-alvo, motivando assim a que se proporcione

uma relação de atração por parte dos clientes aos diversos serviços disponibilizados por

uma instituição. Para Mckenna (1989), a estratégia utilizada para atingir um bom

posicionamento no mercado consiste em alcançar uma presença única.

A comunicação efetuada por uma IPSS consiste num importante alicerce no que

concerne à sua relação com o seu público-alvo, envolvendo um conjunto de

procedimentos e técnicas, com o objetivo de processar todo um processo de

comunicação bem definido, assim como a difusão de todas as informações sobre os seus

projetos, missões e ações. Segundo Kunsch (1997, p. 66) “os termos comunicação,

comunicação social, comunicação corporativa, comunicação empresarial, comunicação

organizacional, entre outros, são usados indistintamente pelas organizações”.

As ações de comunicação devem ser realizadas de acordo com uma estratégia de

comunicação bem definida, indo de encontro às diversas caraterísticas que o público-

alvo pode apresentar, tendo em conta alguns fatores que o caraterizam, como é o

exemplo dos fatores socioculturais ou geográficos. É neste sentido que a comunicação

se responsabiliza pelo contacto com os diversificados tipos de público, que, atendendo

às suas múltiplas caraterísticas, deve ser efetuado com algum cuidado, de modo a ser

possível cativar o interesse de um potencial cliente. Segundo Bonk et al. (1999, p. 02),

as “Comunicações estratégicas para as organizações sem fins lucrativos concentram-se

nas necessidades da sociedade, não nas da empresa ou individualmente. Enquanto que

as organizações sem fins lucrativos irão implementar algumas relações públicas testadas

e eficazes e técnicas de marketing, as suas campanhas serão diferentes porque os

Page 36: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

28

objetivos das organizações sem fins lucrativos são principalmente para promover a

mudança de política social e pública”.

Assim, para existir um eficaz processo comunicativo entre as IPSS e os seus clientes é

necessário que os meios de comunicação sejam também eles eficientes, o que realça a

importância da escolha dos meios de comunicação a utilizar. Por vezes, uma mensagem

mal transmitida poderá pôr em causa o sucesso de uma campanha de comunicação, bem

como a própria atuação de marketing que lhe é inerente. Torna-se, deste modo,

importante que o recetor da mensagem, ou seja, os clientes, entendam de forma sucinta

e eficaz aquilo que as IPSS pretendem informar.

Como acontece no marketing, a comunicação também possui algumas variantes que

ajudam no desenvolvimento e atuação de um processo comunicativo de uma IPSS, seja

ela direcionada para clientes, ou para empresas. A publicidade é um desses exemplos,

pois pode ser definida como um anúncio de algo que a IPSS tem para oferecer. Para

Sant’Anna (1998), um anúncio consiste num meio de publicidade muito importante,

com a função de transmitir algo que uma empresa ou organização pretende vender ao

seu público-alvo, e induzindo-o para a indispensabilidade da sua aquisição.

A propaganda é uma outra forma de comunicação que apresenta um papel importante

para a promoção de uma IPSS e dos seus serviços. Dias (1993, p. 286) define a

propaganda como “uma forma impessoal de se comunicar com determinado público-

alvo, através de veículos de média, identificando sempre o patrocinador cujo objetivo

principal é informar e persuadir esse público-alvo”.

A comunicação assume nos dias de hoje um papel de extrema importância no seio das

IPSS, em que os profissionais deste setor não devem conter apenas conhecimentos

específicos mas, também, uma visão abrangente e detalhada do mercado, e uma visão

geral universal e estratégica de negócios, que se encontra sempre em constante

atualização e com o conceito de modernização bem presente. Para Kunsh (1997), as

mudanças que ocorrem constantemente na nossa sociedade levam a que as organizações

tenham diferentes abordagens no contacto com seu público-alvo, no qual as relações

públicas têm um papel ativo e determinante na compreensão das suas opiniões, que

Page 37: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

29

devido à modernização da sociedade se vão alterando, sendo estas preponderantes para

o estabelecimento de estratégias de comunicação que terão a funcionalidade de

responder aos diversos acontecimentos que atuam sobre a comunidade.

- Novas tecnologias

O facto de a nossa sociedade estar em constante evolução leva a que,

consequentemente, se assista a um rápido progresso tecnológico das técnicas de

comunicação e de marketing, e de outros ramos associados, como é o exemplo da

publicidade, sendo, importante que uma IPSS adeque os seus serviços às novas

tecnologias.

É no âmbito da modernidade e inovação da comunicação que aparecem as novas

tecnologias, que possuem atualmente uma forte componente de atuação não só na

sociedade em geral como nas próprias IPSS. Segundo Robert e Cordeiro (1997, p. 32)

“A maioria das organizações encara a inovação de produtos de forma aleatória,

esperando, aparentemente, que a mesma acabe por ocorrer”. Ou seja, a inovação é

inevitável e como tal, as IPSS devem estar devidamente atentas ao progresso da

sociedade.

É neste campo da inovação que as novas tecnologias de informação e de multimédia

atuam como fortes agentes de comunicação e, também, de marketing, em que através de

estruturas simplificadas e eficazes conseguem transmitir as suas informações mais

importantes ao seu público-alvo. As novas tecnologias vieram revolucionar por

completo a comunicação, existindo um maior acesso à informação, e aumentando,

consequentemente, as estratégias definidas à sua volta (Kunsch, 1997).

De acordo com Bonk et al. (1999), as organizações sem fins lucrativos utilizam diversos

meios de comunicação para apresentarem as suas informações mais importantes, desde

a Internet, jornais, rádio, revistas, entre outros. Segundo Stapleton (1985, p. 105)

“depois de decidir qual o benefício ou benefícios de um dado produto, o mercado a

atingir, e o objetivo específico do marketing, o anunciante escolhe o meio de

comunicação mais adequado em termos de rendimento/custos”.

Page 38: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

30

A Internet é sem dúvida um dos meios de comunicação que mais se destaca atualmente

na sociedade, sendo constituída por um potencial muito forte, chegando facilmente e

com poucos custos ao público em geral. A facilidade da apresentação e visualização dos

seus conteúdos é uma caraterística fundamental para a escolha da sua utilização.

Segundo Kotler (1999, p. 248), “A informação constante da Internet chega a todo o

mundo num instante e é grátis”. Esta afirmação aplica-se também às IPSS, que podem

facilmente comunicar todas as informações que acharem pertinentes, onde o conceito de

marketing é uma ação bem presente e que deve ser bem aplicada. Além disso, a Internet

ajuda a melhorar a implementação do processo estratégico de marketing e permite um

melhor planeamento dos próprios objetivos a nível de marketing, através da análise das

necessidades sentidas nos mercados (Sandhusen, 2000).

Apesar de ser um importante fator de diferenciação de competitividade, a comunicação

apresenta-se também como determinante para o sucesso nos relacionamentos entre uma

IPSS e outras empresas e organizações. É fundamental o modo de como uma IPSS se

apresenta à comunidade, demonstrando que o desempenho inerente ao exercício dos

seus serviços é preenchido de sucesso.

A comunicação é indispensável para a apresentação de uma imagem corporativa de

grande nível, ou seja, permite criar uma imagem de marca, que tem como consequência

o melhoramento dos serviços e o aumento do número clientes. Além disso, torna-se

fulcral desenvolver uma imagem de relevo para uma instituição, sendo necessários dois

conceitos deveras importantes para tal ocorrer, dedicação e criatividade. A imagem de

uma IPSS deve ser bem divulgada e introduzida em todas as comunicações efetuadas

com os seus potenciais clientes, com o objetivo de esta ficar bem vincada entre eles.

Quando uma imagem é estabelecida na mente de uma pessoa, essa imagem irá

influenciar por completo a perceção dessa pessoa (Kotler, 2000).

5. CONCLUSÕES

Torna-se fundamental para as IPSS a criação de um plano estratégico, que envolva a

definição e, conseguinte implementação, de um conjunto de estratégias e ações que

Page 39: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

31

visem uma maior consolidação dos seus serviços, com o objetivo de garantir a

diferenciação em relação aos seus concorrentes e, essencialmente, de lhes permitir uma

maior sustentabilidade, que resultará numa menor dependência dos fundos

governamentais, que devido nomeadamente ao momento económico adverso que assola

o nosso país se têm tornado cada vez mais escassos nos últimos anos.

Assim, torna-se importante para uma IPSS a análise da sua estrutura interna, e a sua

adequação aos conceitos de marketing e de comunicação, bem como de algumas das

suas variantes mais importantes, que se podem complementar entre si, de forma a ser

possível explorar o potencial estratégico dos seus serviços, bem como da própria

imagem da IPSS na comunidade em que se insere, com o objetivo de fidelizar os seus

clientes já existentes e, também, de atrair novos clientes.

Além disso, a implementação dos conceitos de marketing e comunicação pode levar a

diversos benefícios para uma IPSS, como é o caso do aumento da angariação de fundos

ou, simplesmente, da redução de custos, através, por exemplo, do estabelecimento de

protocolos com empresas ou organismos em diversos ações e serviços.

Neste trabalho apresentámos algumas das principais estratégias e ações que constituem

a presença do marketing e da comunicação nas organizações sem fins lucrativos e, em

particular, nas IPSS. Contudo, existem outras formas que envolvam, de forma direta ou

indireta, a presença do marketing e/ou da comunicação, ou até de outras vertentes que

lhe são inerentes, e que tenham também uma relevância expressiva e uma

implementação com sucesso.

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Page 44: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

36

PARTE 2

Page 45: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

37

As estratégias e ações de marketing e comunicação na Associação Pela

Infância e Terceira Idade de Lamego

RESUMO

A Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego (APITIL) foi a organização

escolhida para se efetuar o estudo da prática de estratégias e ações de marketing e

comunicação no seio de uma IPSS. Para essa escolha contribuíram diversos fatores,

nomeadamente o facto de esta Instituição sem fins lucrativos ser de grande dimensão,

quer pelo seu diversificado leque de respostas socais e serviços, quer pela sua vasta

abrangência de clientes e, pelo facto de o autor desta dissertação ser seu colaborador

ativo, o que lhe permitiu obter uma ampla pesquisa documental e observação direta e

participante que, aliada à entrevista individual com o Diretor Técnico da Instituição,

foram as formas escolhidas para reunir todos os dados considerados pertinentes para o

desenvolvimento deste estudo.

A APITIL apresenta-se como um bom exemplo em relação à utilização de marketing e

comunicação no planeamento das suas estratégias e no desenvolvimento das suas ações,

sejam elas internas ou externas. A inovação e as novas tecnologias são constantemente

avaliadas e associadas aos conceitos de desenvolvimento de marketing e comunicação,

que aliadas a outras áreas complementares podem ter papéis fundamentais para uma

maior consolidação de atuação da IPSS no seio da sua comunidade.

Este trabalho pretende demonstrar as diversas estratégias e ações de marketing e

comunicação desenvolvidas na IPSS estudada, bem como analisar o seu próprio sucesso

e, consequentemente, os efeitos pretendidos, com o objetivo de demonstrar a

importância da presença desses dois conceitos no que diz respeito a garantir uma maior

sustentabilidade da APITIL, e das IPSS em geral.

Palavras-Chave: Marketing; Comunicação; Inovação/Novas tecnologias; IPSS; Estudo

de caso; APITIL.

Page 46: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

38

ABSTRACT

Lamego's Association for the Children and the Third Age (APITIL) was the chosen

organization for the study of practical strategies, and marketing events, and

communication within an IPSS. For this choice several factors contributed, including

the fact that this is a large nonprofit organization, by its diverse range of responses and

social services, or for its wide range of customers, and the fact that the author of this

thesis is an active collaborator. This situation allowed him to obtain a wide documental

research and a direct and active observation which, together with the individual

interview of the Institution Technical Director, were the chosen forms to gather all data

considered pertinent to the development of this study.

The APITIL presents itself as a good example when it comes to the use of marketing

and communication in planning their strategies and in developing their actions, whether

internal or external. Innovation and new technologies are constantly evaluated and

associated with the concepts of marketing and communication development, which

combined with other complementary areas, may have key roles to further operations

consolidation of the IPSS within their community.

This article intends to show the various strategies and actions of marketing and

communication developed in the studied IPSS, and also to analyze its success and,

consequently, the expected effects, with the objective of demonstrating the importance

of the presence of these two concepts in ensuring greater sustainability for APITIL, and

IPSS in general.

Keywords: Marketing; Communication; Innovation/New technologies; IPSS; Case

study; APITIL.

1. INTRODUÇÃO

O marketing e a comunicação são dois conceitos que alcançaram nos dias de hoje uma

marcante presença nas IPSS, podendo-se mesmo dizer que são fundamentais para o seu

Page 47: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

39

sucesso na comunidade, seja na fidelização e captação de clientes seja na sua

diferenciação em relação à concorrência.

Apesar de importante e crucial, a eficácia na prestação de serviços de uma IPSS não é

atualmente o único fator de relevância na sua operacionalidade, sendo igualmente

importante transmitir essa exemplar atuação para a sociedade em que se encontra

inserida. É nesse âmbito que se torna fundamental analisar as estratégias e ações que, a

nível de marketing e comunicação, podem ser potencialmente exploradas por uma IPSS,

de modo a definir um leque de estratégias e ações que promovam, com sucesso, o

desempenho e funcionamento dos seus serviços.

Em alguns casos a presença do marketing e da comunicação numa IPSS pode ser pouco

significativa, seja pela sua pequena dimensão seja por ainda não ter mecanismos

internos que permitam a sua utilização, algo que acontece, por exemplo, com IPSS que

adotem ainda uma operacionalidade mais antiquada nesse sentido e, também, na

adequação das novas tecnologias, que se encontram muitas das vezes em consonância

com a adaptação do marketing e da comunicação como ferramentas de atuação.

Foi nesse sentido, que escolhemos efetuar um estudo de caso, com o objetivo de

identificar e analisar as estratégias e ações de marketing e comunicação que se

encontram presentes numa determinada IPSS nacional e, neste caso em particular, na

IPSS abordada, ou seja, na Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego

(APITIL).

Assim, numa fase inicial desta investigação será efetuada uma caraterização do objeto

de estudo, ou seja, será apresentada uma exposição das principais caraterísticas e do

modo de atuação que descrevem a estrutura e a atividade da APITIL. Além disso, serão

abordados outros aspetos que têm uma influência direta no que diz respeito à sua

conduta de desempenho, como são o caso dos fatores socioeconómicos e culturais.

Numa segunda fase, serão apresentadas as estratégias e ações de marketing e

comunicação presentes e consideradas como relevantes na Instituição, que se encontram

divididas em seções devidamente separadas para o efeito, com o objetivo de as

descrever de uma forma sucinta e detalhada, para proporcionar uma melhor perceção de

Page 48: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

40

toda a conjuntura que as envolve. Deste modo, será possível verificar e analisar as

iniciativas e atividades mais importantes que se encontram associadas aos conceitos de

marketing e de comunicação, assim como de outras áreas, vistas como suas vertentes,

em que a publicidade pode ser considerada como um desses exemplos mais

proeminentes.

2. METODOLOGIA

A escolha da metodologia a utilizar neste trabalho teve em conta os objetivos e o

contexto analisado. O estudo de caso consistiu na metodologia escolhida para analisar

as estratégias e ações de marketing e comunicação presentes nas IPSS Portuguesas e

que, neste estudo em particular, se refere ao caso da APITIL, para assim ser possível

compreender melhor o tema a investigar. Segundo Yin (2005, p. 19), “O estudo de caso

é apenas uma das muitas maneiras de fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos,

levantamentos, pesquisas históricas e análise de informações em arquivos são alguns

exemplos de outras maneiras de realizar pesquisa”.

A presente pesquisa é essencialmente considerada como exploratória, porque dá-nos um

maior conhecimento sobre o tema escolhido, esclarecendo conceitos e ideias,

especialmente para a formulação de problemas mais específicos e para ser usada em

pesquisas de estudos posteriores (Gil, 1994).

A escolha do método de recolha dos dados é um fator crítico do processo de pesquisa

(Aaker, Kumar, Day, & Leone, 2001). E como tal, escolhemos a pesquisa documental, a

observação direta e participante e a entrevista individual com o decisor, como formas de

recolha de dados.

Para Albarello et al. (1995), a pesquisa documental tem como propósito o acesso a

fontes importantes, sendo fundamental para a essência de uma investigação. Através da

pesquisa documental foi-nos possível aceder a fontes específicas da APITIL, quer

através de documentos internos, ou mesmo de documentos públicos, e que se tornaram

Page 49: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

41

relevantes para analisar o tema em estudo, permitindo-nos a possibilidade de ter algum

material de estudo e de o usar inclusivamente nos outros dois tipos de recolha de dados.

Além de ser uma ação normal do nosso dia a dia, a observação consiste também num

importante instrumento de pesquisa e de recolha de dados (Moreira, 2007). Na nossa

pesquisa utilizamos uma observação direta e participante para efetuar a recolha de dados

pelo método de observação. No primeiro caso, e assim como o próprio nome indica,

realizou-se uma observação direta dos factos e ações considerados relevantes para este

estudo. Relativamente à observação participante, esta foi fulcral para o desenrolar da

investigação dado que, através da participação do autor no contexto profissional do caso

em estudo, foi possível identificar e recolher diversas informações relevantes e cruciais

para a análise do tema em causa.

A entrevista aparece como o terceiro e último tipo de recolha de dados utilizado nesta

investigação, apresentando a particularidade de ser uma entrevista individual com o

decisor, ou seja, é efetuada apenas com uma pessoa, o Diretor Técnico da Instituição,

que tem a função de executar as diversas tomadas de decisão inerentes à

operacionalidade da IPSS em causa. Através desta entrevista, foi-nos possível

aprofundar alguns dados já recolhidos e obter um maior conhecimento sobre alguns

factos relevantes para o sucesso da investigação.

A análise dos recursos multimédia existentes na APITIL, que são utilizados para ações e

estratégias de marketing e comunicação, é uma outra perspetiva que foi tida em conta,

tendo como objetivo o estudo dos seus conteúdos. Um desses exemplos mais mediáticos

é o sítio de Internet, onde poderemos verificar quais as principais estratégias e ações

adotadas pela respetiva IPSS, bem como de outras áreas associadas à comunicação e

marketing, como são o exemplo das campanhas publicitárias e de divulgação.

3. CARATERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

A Associação Pela Infância e Terceira Idade de Lamego, mais conhecida pelas siglas

APITIL, é uma organização particular e sem finalidade lucrativa, sendo reconhecida

Page 50: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

42

com o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e, também, como

entidade de Utilidade Pública.

A APITIL foi fundada no ano de 1981, com a nomenclatura de IPSS, sem qualquer tipo

de vínculo do estado ou de uma autarquia, com o objetivo de dotar o concelho de

Lamego com equipamentos e serviços sociais que fossem de encontro às necessidades

sentidas pela população idosa e infantil.

O corpo dirigente da Instituição é composto por um presidente eleito por sufrágio

universal, por um vice-presidente, um secretário e um vogal. Para além disso, existe um

diretor técnico que é responsável pela gestão executiva da IPSS. Para o presidente da

APITIL:

“A Instituição tenta oferecer a melhor qualidade de vida possível aos seus

clientes, procurando ajudar os mais carenciados e até os abandonados,

prestando assim um apoio magnífico à comunidade local, que é inclusive

sentido pelos nossos clientes”.

O facto de ser uma IPSS leva a que a Instituição receba um apoio financeiro por parte

do estado, regido pelo Instituto da Segurança Social, mediante o estabelecimento de

acordos entre ambas.

Além disso, a Instituição conta também com os pagamentos provenientes dos seus

clientes e sócios, embora estes não sejam suficientes para custear o pagamento dos seus

serviços, dado que no caso dos clientes, os valores são definidos de acordo com as

renumerações que o agregado familiar aufere, ou seja, quanto mais reduzidas as

renumerações, menor o valor de pagamento existindo, nestes casos, uma participação

compensatória por parte do Estado.

A nossa sociedade encontra-se em constante evolução, ocorrendo diversas mudanças,

muitas das quais relevantes, e que podem provocar alterações nas pessoas (Ianni, 2001).

Neste sentido, a APITIL vai-se adaptando a essas novas realidades, procurando

responder adequadamente aos desafios da intervenção e ação social, o mesmo

Page 51: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

43

acontecendo com as novas exigências que caraterizam a comunidade em que se insere, e

que resultam da progressão da sociedade em geral.

A área de atuação da APITIL concerne apenas ao concelho de Lamego, abrangendo

diversas freguesias, e encontrando-se sempre inserida e atenta às novas realidades

sociais que afetam este concelho da região Douro-Sul. Deste modo, a Instituição coloca

em prática uma cultura própria que permite uma assídua e exemplar qualidade nas suas

áreas de intervenção e, consequentemente, na prestação das suas respetivas respostas

sociais, contando com um desempenho bastante ativo e solidário de todos os seus

intervenientes diretos.

Uma das principais caraterísticas bem evidentes na Instituição é o facto de existir um

plano de atividades bem definido, mostrando que o seu lema oficial se encontra bem

implementado, ou seja, “Na APITIL acontece…”. E é ao acontecer que a sua missão é

desenvolvida, através de um desempenho eficaz dos seus serviços, que tem como

finalidade proporcionar, aos seus clientes, o melhor bem-estar e qualidade de vida

possível, seja a nível de terceira idade, ou a nível da infância, e que se encontra ao

alcance das possibilidades humanas e económicas da Instituição.

Segundo Ansoff (1977, p. 90), “ao selecionar um conjunto útil de missões ou um cliente

específico, uma empresa deve encontrar algum elo comum nas caraterísticas do produto,

da tecnologia, ou uma semelhança de necessidades”. Esta afirmação não se cinge apenas

ao setor empresarial, podendo implementar-se nas IPSS, no qual a APITIL tenta

responder às principais necessidades apresentadas pelos seus clientes, procurando

inovar os seus serviços de acordo com as caraterísticas que constituem o seu público-

alvo.

“Ao longo da sua história, que conta já com 30 anos de existência, a APIITL

tem vindo a crescer e a desenvolver os serviços, quer na sua forma de atuação,

bem como na inovação e implementação de novos serviços” (Diretor Técnico).

A recente criação de um espaço de cabeleireiro, que se destina a todos os clientes e

associados da Instituição, exemplifica isso mesmo.

Page 52: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

44

Atualmente, a APITIL conta com a sua presença em seis edifícios distintos, localizados

em três freguesias diferenciadas, quatro dos quais numa freguesia urbana denominada

de “Almacave”, e os outros dois em duas freguesias rurais com os nomes de “Avões” e

“Magueija”. A Instituição é constituída pelas seguintes respostas sociais (figura 1):

Creche, Jardim de Infância, Sala de Estudo, ATL (Atividades de Tempos Livres),

Centro de Dia e Apoio ao Domicílio. Embora, exista também um vasto leque de

serviços especializados que se encontram à disposição de todos os clientes e sócios,

bem como dos próprios colaboradores.

Figura 1 – As respostas sociais da APITIL Fonte: Elaboração própria

Como se pode verificar, a APITIL apresenta, nos dias de hoje, um grande campo de

atuação, sendo inclusive uma das maiores IPSS da região, contando com cerca de 115

colaboradores e abrangendo mais de 400 clientes. Isso permite-lhe o estatuto de ser um

dos principais pontos de empregabilidade no concelho de Lamego e na região.

As dificuldades e os problemas económico-financeiros e organizacionais que afetam

atualmente a generalidade das organizações sem fins lucrativos são uma constante e

dura realidade de se presenciar (Johnson, Scholes e Whittington, 2005). A APITIL, e as

Page 53: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

45

IPSS em geral, não são exceção à regra e passam, presentemente, por grandes

dificuldades financeiras, que ocorrem essencialmente pelas sucessivas e expressivas

reduções que incidem sobre os apoios financeiros provenientes do Estado. Na revista

Solidariedade, de junho de 2009, o Presidente da Confederação Nacional das

Instituições de Solidariedade (CNIS), o Sr. Pe. Maia, defende que as IPSS devem

procurar obter um conjunto de métodos que assegurem uma maior sustentabilidade

financeira. Nesse sentido, o Diretor Técnico da APITIL alega que:

“É fundamental a criação de condições que permitam garantir uma maior

sustentabilidade da APITIL, de forma a existir uma menor dependência dos

apoios financeiros provenientes do Estado”.

Essa afirmação do Diretor Técnico da Instituição reforça, ainda mais, a sua declaração

efetuada na Revista Mundo Social (outubro 2010), na qual exprime que pretende

apostar ainda mais no marketing para aproximar a APITIL à comunidade local.

Devido a uma oferta mais diversa e de fácil acesso por parte dos clientes, as IPSS, e a

própria APITIL, têm atualmente a necessidade de se aprimorar cada vez mais na

qualidade dos seus serviços, principalmente no que concerne à concorrência que

carateriza este setor, e que acontece essencialmente pelo aumento das empresas privadas

que praticam os mesmos serviços no âmbito do serviço social. Torna-se importante

analisar as necessidades atuais e futuras dos consumidores, que sofrem diversas

alterações devido à vasta informação disponibilizada pelos meios de comunicação

(Rascão, 2004).

Neste sentido, a Instituição envolve, no seu planeamento estratégico, uma orientação

bem definida que vai de encontro ao que os seus potenciais clientes procuram com mais

interesse, no qual a comunicação e o marketing são conceitos cruciais para a sua

implementação, tornando-se desta forma fundamental a implementação de um conjunto

de estratégias e ações de marketing e comunicação que são descritas no ponto seguinte.

Page 54: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

46

4. ESTRATÉGIAS E AÇÕES DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

PRESENTES NA APITIL

A APITIL apresenta-se como um bom exemplo no que diz respeito à utilização dos

conceitos de marketing e comunicação, já que possui um conjunto vasto e inovador de

ações e atividades que são implementadas de acordo com as metas estabelecidas no seu

planeamento estratégico, e que vão de encontro aos objetivos traçados. Mackenzie

(1990) refere inclusive que o sucesso se encontra dependente das metas definidas.

Esse planeamento estratégico tem a particularidade de estar em constante atualização,

fruto das novas tendências tecnológicas e, também, da evolução que acompanha o

mercado e a sociedade e que, consequentemente, altera os comportamentos das

empresas e dos organismos e, também, o das próprias pessoas em geral. Um bom

conhecimento de mercado é crucial para se conseguir efetuar uma avaliação mais eficaz

dos fatores que influenciam as necessidades e comportamentos dos clientes (Thuillier,

1995).

Para Nunes e Cavique (2008, p. 153), torna-se fundamental estudar e analisar o

mercado, afirmando mesmo que “esta análise recorrerá aos estudos de mercado que

forem úteis e convenientes para aprofundar conhecimentos, resolver algumas incógnitas

e desconhecimentos e minimizar o risco na tomada de decisões que, para a criação do

Plano de Marketing, são indispensáveis”.

Assim, a APITIL efetua, de forma bastante continuada, uma pesquisa de mercado, com

o objetivo de acompanhar as novas tendências e novidades de mercado. Esta pesquisa

permite à Instituição estar na linha da frente no que concerne às diversas formas de

angariação de fundos ou de parcerias (empresariais e institucionais) que lhe tragam

benefícios, sejam eles monetários ou de prestação de serviços e que possam, do mesmo

modo, beneficiar a operacionalidade da Instituição.

A comunicação é fundamental em qualquer ação ou atividade de marketing (Morales,

2007). A APITIL desenvolve um conjunto de estratégias de comunicação que são

definidas de acordo com as estratégias de marketing implementadas, visando a sua

divulgação e informação para a sociedade (figura 2).

Page 55: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

47

Inovação Tecnológica

Meios de Comunicação

Ações de promoção

externa

Serviços Inovadores

Relação com os clientes

Voluntariado

Parcerias Institucionais

Parcerias Comerciais

Angariação de Fundos

Prática de Causas

Humanitárias e Solidárias

Estratégias e Ações de

Marketing e Comunicação

na APITIL

Os colaboradores têm um papel importante e ativo na participação das estratégias de

Marketing que se são direcionadas a estas causas solidárias (Liu, Liston-Heyes, & Ko,

2010). A cultura exemplar da Instituição é visível com grande relevo nos seus

colaboradores, através de um processo de entreajuda, eles próprios se disponibilizando

para organizar ou ajudar na realização de algumas iniciativas que serão enunciadas e

explanadas nos vários pontos que se seguem.

Na figura 2 são apresentadas as principais estratégias e ações de marketing e

comunicação presentes na APITIL, que são descritas nos pontos seguintes de forma

respetiva.

Figura 2 – Estratégias e ações de marketing e comunicação na APITIL Fonte: Elaboração própria

Page 56: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

48

4.1. A prática de causas humanitárias e solidárias

As organizações sem fins lucrativos e, neste caso em particular as IPSS, são

fundamentais e incansáveis no desenvolvimento de causas humanitárias e solidárias na

sociedade (Collado, 2000; Wendhausen, 2003). A APITIL realiza pontualmente uma

série de atividades que promovem diversas causas humanitárias e de solidariedade

social, de modo a proporcionar um melhor bem-estar àqueles que mais necessitam. A

preocupação e o sentido de ajuda para com os mais desfavorecidos é uma caraterística

de relevância que define a imagem “APITIL” como um verdadeiro exemplo de

solidariedade social na comunidade local, e que lhe permite assim ostentar uma

“imagem” que detém uma reputação solidária, o que proporciona uma sensibilização na

sociedade local.

Um exemplo bem evidente desse género de atuação, é o facto de a Instituição

proporcionar algumas refeições esporádicas, nas suas cantinas, a algumas pessoas que

carecem de um dos bens mais básicos, como é o caso de uma refeição. A APITIL

faculta, sempre que possível, uma resposta solidária àqueles que mais precisam,

promovendo assim a sensibilização que a sociedade deveria ter para com as pessoas

mais desfavorecidas, e que tanto precisam de ajuda, demonstrando que por vezes um

pequeno gesto se pode tornar num grandioso ato.

Além do marketing social, é evidente a presença de algum marketing empresarial nessas

ações, em que se pretende também uma mudança comportamental por parte das pessoas,

esperando-se das mesmas uma maior sensibilização para atos de beneficência e de ajuda

para com os mais carenciados por parte de toda a sociedade. Para Vaz (2003), as

técnicas do marketing empresarial também podem ser usadas pelas organizações sem

fins lucrativos de modo a sensibilizar as pessoas e a angariar recursos para as suas

atividades.

A feira de Outlet, realizada nas instalações da APITIL, é um outro exemplo solidário

mas que, neste caso, conta já com a solidariedade dos seus colaboradores diretos ou

indiretos, e das pessoas em geral pertencentes à comunidade local. Além disso, esta

ação tem a particularidade de ser direcionada, também, para a sociedade em geral e não

Page 57: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

49

apenas para as pessoas mais necessitadas, e que consiste na venda de peças de vestuário

usadas a um custo muito baixo em que, na maioria dos casos, alcança um valor

meramente simbólico. Nesta situação em particular, e assim como acontece em

iniciativas deste género, as receitas revertem a favor da Instituição, e sempre com um

objetivo bem definido. Na última feira de Outlet, as receitas tiveram como finalidade a

aquisição de equipamento desportivo, para dar continuação à promoção do bem-estar

físico dos seus clientes, nomeadamente para os clientes da resposta social de Centro de

Dia. De realçar que os artigos de vestuário presentes na feira de Outlet são oferecidos

pelos colaboradores da Instituição, ou por pessoas amigas pertencentes à comunidade e

que se sentem assim sensibilizados com os atos solidários da APITIL.

A Instituição implementa, também, diversas campanhas de sensibilização social, com o

objetivo de alertar a sociedade para os problemas que afetam o nosso dia a dia, e que

merecem um pouco de atenção por parte de todos os cidadãos. Exemplo disso é a

realização de campanhas de combate à solidão e abandono dos mais idosos, campanhas

de promoção da atividade física, sensibilização na alimentação cuidada, entre muitas

outras que levam a um aumento dos estilos de vida mais saudáveis.

Existem outras campanhas de solidariedade social que a Instituição promove junto dos

seus colaboradores, sócios, clientes e amigos, e que têm como finalidade a ajuda a uma

pessoa singular, a um grupo de pessoas, ou a toda a sociedade em geral, como acontece

com a promoção de uma campanha para a doação de sangue e de medula óssea.

Permanecem ainda outros tipos de campanhas que, mais uma vez, apresentam a

particularidade de não se direcionarem apenas para os seus intervenientes ou clientes,

mas que podem abranger um leque de pessoas externas à Instituição, como é o caso de

uma campanha de angariação de rolhas de garrafas, que teve como propósito a aquisição

gratuita de uma cadeira de rodas para um pessoa carenciada, no qual a empresa doadora

desempenha um ato filantrópico através da intervenção ativa da sociedade, não só

através da parceria da APITIL, como também das próprias pessoas. Neste caso, existe

mesmo a presença do conceito de marketing relacionado a causas que, segundo Tangari,

Folse, Burton e Kees (2010, p. 35), consiste numa “estratégia promocional que

combina relações públicas e estratégias de patrocínio onde uma

Page 58: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

50

empresa assume um compromisso filantrópico a uma necessidade social

ou causa através de uma campanha específica que é promovida e

e requer a participação dos consumidores”.

São também organizadas conferências de sensibilização no seio da comunidade, de

forma a garantir uma melhor qualidade de vida, e de consciencializar as pessoas para

alguns comportamentos que podem alterar, de forma positiva, as suas vidas. Uns dos

exemplos verificados são a prevenção rodoviária e os hábitos de higiene e segurança,

que são comuns no nosso dia a dia. Estes géneros de intervenções de sensibilização são

eficazes, influenciando positivamente os hábitos das pessoas (Gordon, Mcdermott,

Stead e Angus, 2006).

Apesar da prática de todas estas iniciativas solidárias, o Diretor Técnico da Instituição

indica que:

“Torna-se importante para a APITIL não demonstrar à sociedade que não

necessita de verbas para o fazer, como é imprescindível apresentar totalmente

o inverso, ou seja, para dar continuidade a este leque de ações de beneficência

é fundamental a maior ajuda possível por parte de toda a sociedade em geral”.

Este conjunto diversificado de causas humanitárias e solidárias conduz-nos à temática a

abordar no próximo ponto.

4.2. Angariação de Fundos

A angariação de fundos é fundamental para garantir uma maior estabilidade financeira

das organizações sem fins lucrativos, no qual o marketing tem um papel fulcral neste

campo de atuação (Corrêa, 2009). Nesse sentido, a APITIL, analisa as situações que

podem ser alvo de uma angariação de fundos, em que alguém, de forma individual ou

coletiva, pretende praticar uma ação de filantropia, seja para a beneficência de uma

causa solidária, ou seja para a aquisição ou melhoramento de equipamentos, que visam

um melhor bem-estar dos seus clientes.

Page 59: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

51

“Os nossos colaboradores disponibilizam-se para a prática de iniciativas que

podem levar à angariação de alguns fundos, que apesar de serem de pequena

expressividade em alguns casos, podem por vezes fazer a diferença e permitir

o alcance de valores já significativos” (Diretor Técnico).

Um desses casos acontece com a venda das tradicionais rifas a toda a comunidade local,

durante as principais épocas festivas, tendo inclusive uma grande afluência, apesar da

situação económica desfavorável que afeta com intensidade todos os cidadãos.

A APITIL utiliza diversos métodos e técnicas para obter a recolha de alguns fundos, no

qual a sua imagem positiva e de grande reputação, no que diz respeito à solidariedade

social, se apresenta com um potencial muito forte. Embora seja importante a ajuda de

todos, o sistema empresarial é aquele que tem uma relevância mais acentuada, no qual

algumas empresas veem com bons olhos uma associação à APITIL na organização de

causas solidárias e humanas. Para as empresas, torna-se importante envolverem-se em

ações de solidariedade social mostrando que, também elas, se preocupam com o bem-

estar das pessoas e influenciando, de forma positiva, o sucesso da sua imagem no seio

do seu público-alvo e da sociedade em geral, e que pode levar a um aumento do seu

volume de negócios (Morcerf & Almeida, 2006).

A APITIL utiliza, também, a sua imagem para uma outra forma de angariação de

fundos, que concerne no patrocínio para a realização de alguma atividade ou ação

solidária. Neste caso, as empresas aproveitam o patrocínio deste género de atividades

para melhorar a sua imagem perante os seus atuais e potenciais consumidores (Madill e

O’Reilly, 2010).

Assim, a APITIL analisa e desenvolve um conjunto de atividades estratégicas que visam

a atração das empresas para a sua participação e respetivo patrocínio, onde o marketing

e a comunicação têm papéis de relevo no que diz respeito à apresentação dessas ações,

com o objetivo de persuadir e de incentivar a envolvência das empresas, sendo também

estas fundamentais para o estabelecimento de parcerias que são descritas no ponto a

seguir.

Page 60: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

52

4.3. Parcerias Comerciais

Apesar de a angariação de fundos ser essencial para garantir a estabilidade económica

da Instituição, nem sempre isto é possível de acontecer.

“Tem-se assistido a um declínio de doações ou donativos por parte das

empresas, devido essencialmente ao menor poder económico das empresas,

que é um reflexo da crise económica a que se tem assistido” (Diretor Técnico).

É, nesse sentido, que o marketing tem um papel fulcral no que concerne ao

estabelecimento de protocolos e parcerias comerciais que consiste, basicamente, numa

prestação de serviços acordada entre a APITIL, os seus fornecedores comerciais e

outras empresas interessadas que pretendem contribuir para uma ação de solidariedade

social, além de estarem também a promover a sua própria imagem para fins comerciais.

Nesse sentido, o relacionamento com os fornecedores constitui uma importante

estratégia. Segundo Cobra e Brezzo (2010, p. 182), “o relacionamento com os

fornecedores tornou-se estratégico e mudou a sua natureza. Da mesma forma que

aconteceu no marketing, agora a vinculação com o fornecedor não está focada numa

transação mas num relacionamento contínuo e permanente de cooperação”. Verifica-se,

na Instituição, uma ajuda ativa do meio empresarial, principalmente na oferta de alguns

produtos e serviços de manutenção dos equipamentos que constituem as instalações da

APITIL, embora se sinta, atualmente, uma redução dessa participação, onde mais uma

vez a crise económica se apresenta como principal causa.

O estabelecimento de parcerias e protocolos com empresas não se restringe apenas ao

nível local, para o qual também contribui o facto de a APITIL ser uma IPSS de grande

dimensão. Exemplo disso mesmo foi a parceria estabelecida com a Saint-Gobain

Weber, que é líder mundial em argamassas industriais desenvolvidas para o mercado da

construção e renovação, na concretização de uma causa solidária em beneficência da

APITIL, e que teve como objetivo a remodelação de quatro espaços independentes

situados num dos seus edifícios, que necessitavam de uma melhor adequação à sua

utilização por parte dos clientes de terceira idade.

Page 61: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

53

Além das benesses que a ação da Saint-Gobain Weber proporcionou à Instituição, esta

consistiu também numa oportunidade de a empresa demonstrar e aplicar algumas das

suas principais soluções que, através do seu processo de comunicação, faz passar a sua

imagem solidária para toda a sociedade. Ou seja, consistiu numa ação com benefícios

para ambas as partes que, neste caso em particular, teve uma projeção a nível nacional

através da sua alusão na Revista Visão (2011, novembro, 24, p. 65). Nesta revista, Jorge

Barros, responsável dos serviços Profissionais da Saint-Gobain Weber, afirmou que “o

facto de termos escolhido instituições de solidariedade para vir aplicar as nossas

soluções só veio trazer ainda mais vontade para nos empenharmos nesta árdua tarefa.

Quando nos deparamos com as dificuldades e carências destas instituições só podemos

sentir-nos bem por termos contribuído um pouquinho que seja para ajudar quem mais

precisa”.

Existe um vasto leque de ferramentas ou de meios de comunicação que permitem

comunicar à sociedade o envolvimento de uma organização, ou de um produto ou

serviço inerente, numa causa associada a um plano de marketing (Morales, 2007).

Atualmente, encontra-se em desenvolvimento um projeto inovador na APITIL, e que

tem como objetivo principal proporcionar aos seus clientes e sócios um desconto em

diversos serviços comuns no seu dia a dia, como é o caso de uma ida ao dentista, ou

então na aquisição de diversos produtos, e que são também eles cruciais para a sua

vivência, como acontece com os produtos farmacêuticos.

Esse projeto surgiu através da constante análise de marketing que é efetuada na APITIL

e que, depois de corretamente avaliada e definida, é posta em prática, com o objetivo de

obter um maior leque possível de parceiros comerciais, que têm a função de praticar um

determinado desconto sobre o valor dos serviços ou aquisição de produtos que, neste

caso, é acordado com a APITIL, mediante o protocolo estabelecido. Estes acordos

beneficiam ambas as partes, já que, para a Instituição, consiste numa grande vantagem

para os seus clientes podendo, inclusive, atuar como uma grande ação de marketing para

com o seu público-alvo, seja para garantir uma maior fidelização dos seus clientes, ou

para atrair novos clientes. Para a empresa protocolada emerge a vantagem de alargar o

seu número de clientes e de aumentar o seu volume de negócios. Para que tal seja

Page 62: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

54

possível, a APITIL vai criar um cartão de sócio, que será depois apresentado nos locais

que possuem a referida parceria com a Instituição, de modo a servir como prova para o

cliente ou sócio obter o pretendido desconto ao efetuar a sua respetiva compra.

É no mesmo âmbito deste conjunto de parcerias comerciais que surgem as parcerias

apresentadas no ponto seguinte.

4.4. Parcerias Institucionais

A APITIL possui um leque diversificado de parcerias institucionais e organizacionais,

sejam elas públicas ou privadas, que beneficiam ambas as partes acordadas, e no qual

não existe nenhuma pretensão comercial. Estas parcerias são cada vez mais habituais,

apresentando um conjunto diversificado de benefícios para ambas as partes (Kotler &

Lee, 2007).

O protocolo estabelecido com o Centro de Saúde de Lamego é um exemplo bem

evidente de uma parceria institucional, no qual, os clientes da Instituição,

nomeadamente de terceira idade, recebem um acompanhamento a nível de cuidados de

saúde.

A APITIL possui, também, uma parceria com a empresa municipal do concelho de

Lamego, denominada de “Lamego Convida”, que tem a responsabilidade de criar

algumas atividades e eventos desportivos para as entidades e para a população do

concelho de Lamego, como é o caso das aulas de hidroginástica ou dos “Jogos

Desportivos de Lamego”.

A Instituição possui, também, algumas parcerias com outras IPSS, relativamente à

prestação de serviços e de auxílio operacional entre ambas, devido ao facto de a APITIL

não possuir a totalidade das respostas sociais, algo que é normal entre as IPSS. Um

desses exemplos, é o caso da resposta social de “Lar de terceira idade”, que não faz

parte do leque de respostas sociais da APITIL, mas que existe uma parceria com um Lar

de terceira idade local, que tem como objetivo dar seguimento dos seus clientes que já

não tenham as condições motoras e físicas para continuarem na resposta social de

Page 63: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

55

Centro de Dia sendo, assim, necessária a sua transferência para uma resposta social que

lhe garanta um bem-estar mais adequado às suas débeis condições.

No seguimento da realização de ações de sensibilização mencionadas no ponto 2.1, a

APITIL tem algumas parcerias estabelecidas com organismos que promovem e realizam

formações sobre alguns cuidados a ter com os comportamentos do dia a dia, como é o

caso da alimentação e do corpo humano, no qual o exercício físico e os hábitos de sono

são preponderantes para o bem-estar de todos os clientes. A formação denominada de

“Alimentação Saudável, Exercício Físico e Hábitos de Sono” organizada pelo Centro de

Saúde de Lamego em parceria com a APITIL, exemplifica o modelo referido em que,

através de profissionais da área, foram dadas a conhecer algumas das práticas mais

importantes a ter em conta no dia a dia, e sempre com o objetivo de melhorar as

condições de vida. Estas ações consolidam a presença de marketing social corporativo

na Instituição, o qual visa sensibilizar as pessoas para a adoção de um conjunto de

comportamentos mais corretos, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida

(Kotler e Lee, 2007).

A APITIL acolhe, também, durante todos os anos, dezenas de estagiários, que

compreendem diferentes graus de ensino (desde os cursos profissionais de nível III aos

cursos de Licenciatura), e que abrangem praticamente todas as suas respostas sociais.

Estes estágios curriculares são o fruto de um vasto leque de protocolos estabelecidos

entre a APITIL e algumas Escolas e Universidades da região, não estando restrito ao seu

concelho, devido também à sua dimensão, e para o qual servem de exemplo, os

protocolos estabelecidos com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que

concernem em acolher anualmente dois estágios curriculares do curso de Serviço Social.

Os estagiários são, sem dúvida, uma mais-valia para o seio da Instituição, já que os

mesmos são integrados em campos de atuação que visam melhorar alguns serviços

prestados aos clientes.

A Instituição detém, também, uma parceria internacional com a organização alemã

“Obra Kolping”, que possui representatividade no nosso país, na qual a APITIL acolhe

nas suas instalações algumas estagiárias alemãs que, durante cerca de um mês, põem em

Page 64: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

56

prática os seus conhecimentos, com o objetivo de promover a interação internacional no

âmbito da solidariedade social.

Além dos estágios curriculares, a Instituição tem estabelecido algumas parcerias com

escolas locais, no sentido de os seus alunos participarem como forma de apoio e de

ajuda em algumas ações solidárias, como acontece com a Escola Secundária Latino

Coelho de Lamego, no qual alguns dos seus alunos participam em algumas ações que

promovem a atividade cognitiva dos clientes da resposta social de Centro de Dia.

“A APITIL recebe nas suas instalações diversas visitas de estudantes que, por

curiosidade ou com o objetivo de realizarem alguns trabalhos curriculares,

pretendem conhecer de perto as condições de operacionalidade praticadas,

isto também pelo facto de a Instituição ser uma referência no que toca à

prestação de serviços no âmbito da solidariedade social” (Diretor Técnico).

Deste modo, torna-se importante para a APITIL a promoção deste género de iniciativas,

que são encaradas como autênticos agentes de marketing, com o intuito de impulsionar

a sua imagem na sociedade e, mais concretamente, junto dos futuros profissionais da

área do serviço social.

Por último, a APITIL possui um conjunto de parcerias com organismos não-

governamentais que visam um melhor apoio às pessoas mais carenciadas, como é o caso

do Banco Alimentar.

A Instituição tem a preocupação de ter uma presença bastante ativa no que concerne à

ação de solidariedade social local, nomeadamente na ajuda às crianças desfavorecidas,

sendo, deste modo, parceira da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Lamego

e consorcia do programa “Escolhas D’Ouro”. Além disso, a APITIL é também sócia da

Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) impulsionando, assim,

a sua presença na defesa da causa solidária num âmbito nacional. Para Casaleiro (2010

como citado em Pretextos, 2010), este género de parcerias entre as IPSS e a CNIS

permite a realização de um vasto conjunto de ações solidárias, como é o caso do

combate à pobreza e à exclusão social.

Page 65: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

57

4.5. Voluntariado

Para as instituições sem fins lucrativos, o voluntariado desempenha um papel muito

importante, no qual o marketing tem a possibilidade de proporcionar uma relevante

contribuição (Yavas e Riecken, 1997). Neste momento, a APITIL encontra-se a

desenvolver a criação de um regime de voluntariado dado que, até aqui, este era

praticamente inexistente. De acordo com o Diretor Técnico:

“Este regime de voluntariado terá como objetivos o acompanhamento e

interação com os clientes de terceira idade, de forma a promover a eliminação

do isolamento social de que são alvo muitos clientes”.

Assim, o marketing terá um importante papel no que respeita à atração de pessoas

singulares que pretendam praticar voluntariado, de forma a serem solidários com a

APITIL na ajuda aos mais necessitados e carenciados.

Farmhouse (2011 como citado em Escolhas, 2011, p. 01) “As atividades de voluntariado

constituem uma experiência enriquecedora, permitem o desenvolvimento de

capacidades e competências sociais dos voluntários e das voluntárias de todas as idades.

Constituem igualmente um veículo para os indivíduos e a sociedade examinarem as

necessidades e preocupações a nível humano, social, interjecional ou ambiental”.

A ação solidária das empresas evidenciada nos pontos 2.1, 2.2 e 2.3 pode também ser

interpretada como um conjunto de ações de voluntariado embora, na maior parte desses

casos, sejam efetuadas com propósitos comerciais. Apesar disso, e mais uma vez graças

à forte implementação de marketing existente na APITIL, é possível alcançar alguns

atos de filantropia, embora de uma forma muito esporádica.

4.6. Relação com os clientes

Torna-se fundamental para as IPSS, e para as organizações sem fins lucrativos em geral,

desenvolver e promover uma relação saudável com os seus clientes (Drucker, 2002). Os

clientes são os responsáveis pela existência destas organizações e, como tal, deve existir

um relacionamento especial e atento por parte das IPSS. Assim, a APITIL preocupa-se

Page 66: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

58

em ter um relacionamento saudável com os seus clientes, no qual o marketing apresenta

um papel fundamental em garantir a sua satisfação e as suas preferências.

“A APITIL avalia de forma contínua o desempenho de todos os seus serviços,

preocupando-se com as maiores necessidades dos seus clientes, tentando dar

sempre resposta às situações mais desfavoráveis, mesmo que estas estejam

fora do seu âmbito de responsabilidade, proporcionando aos seus clientes, um

ambiente que seja o mais familiar possível” (Diretor Técnico).

Além disso, a Instituição realiza diversas atividades que consistem em ações de

marketing, e que têm em vista a fidelização dos seus atuais clientes e a angariação de

novos, ao divulgarem todas estas iniciativas através de canais de comunicação que

conseguem passar a imagem pretendida ao seu público-alvo, ou aos seus familiares e

amigos, e que podem ser seus intervenientes de decisão. Para Leclerc (1999), as pessoas

são fundamentais para a difusão de informação e para a sua própria publicidade no seio

da sua sociedade, através das suas conversas quotidianas e que podem assim promover a

publicidades dessas informações. Existem diversos exemplos desse género de

atividades, tais como a realização de passeios ou excursões, animações sócios-culturais,

festas, entre outras, que marcam a sua diferenciação e, consequentemente afastamento

da sua concorrência, que apesar de pouca, se torna importante considerar.

A APITIL utiliza o desporto, a música e outras vertentes artísticas para proporcionar

uma melhor qualidade de vida aos seus clientes preenchendo, assim, o seu tempo livre

com algo a que se possam dedicar com grande motivação. É na terceira idade que a

Instituição apresenta duas particularidades de relevo nesse âmbito. Uma delas é o facto

de ter várias equipas na modalidade de Boccia, e que resulta numa imagem de marca da

própria APITIL, no qual os seus jogadores são vistos com a denominação “Os

Amarelinhos”, isto pelo facto de os equipamentos serem de cor amarela. É nesse

pequeno detalhe, mas com grande efeito, que se pode analisar o conceito de marketing

presente na Instituição e que, através de factos comprovados, conseguem fazer

publicidade da Instituição.

Page 67: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

59

Kotler e Armstrong (2007) indicam que um relacionamento saudável com os clientes

permite que estes participem em ações de marketing e de promoção da própria

organização. E é nesse sentido que se insere também a existência de um grupo coral,

denominado “Chá de Cidreira”, que se apresenta como um fator de distinção no seio da

comunidade e que, através das suas diversas atuações, promove a imagem da APITIL

perante a sociedade.

A Instituição tem a preocupação de manter vivamente as tradições que marcam o

concelho de Lamego, nomeadamente as tradições religiosas, que têm no seu seio uma

forte presença. Nas respostas sociais que constituem a terceira idade, as datas sagradas

mais importantes são inclusive celebradas com uma grande devoção e com uma

logística muito bem preparada por parte da Instituição, dando assim continuação da sua

imagem de devoção à fé cristã, que comove e sensibiliza a sua comunidade. Além das

temporadas religiosas mais importantes, como o Natal e a Páscoa, existe um vasto leque

de momentos religiosos que são solenemente marcados com destaque.

O bom relacionamento existente entre a APITIL e os seus respetivos clientes permite

algo de muito interessante, e que se pode constatar com facilidade no seio da

comunidade local, que consiste no facto de os clientes da Instituição atuarem como

agentes de marketing, e até mesmo de comunicação, da própria APITIL, ou seja, são

eles muitas vezes que, de forma singular ou até mesmo de forma organizada,

transmitem o sucesso da operacionalidade da Instituição a outras pessoas. Cobra e

Brezzo (2010, p. 217) defendem isso mesmo ao afirmarem que “na medida em que a

relação com o cliente vai se desenvolvendo adequadamente e o interesse e a confiança

vão crescendo, o vínculo vai passando para níveis superiores”. Exemplos dessas

atuações são as sessões de partilha de vivências que alguns clientes de terceira idade já

efetuaram numa escola de ensino básico, onde as crianças foram presenteadas com

momentos divertidos e comoventes ao ouvirem as histórias do passado, com destaque

para aquelas que foram vividas no seio escolar.

Assim, e de forma planeada e bem organizada, a APITIL e os seus clientes participam

conjuntamente em algumas ações de solidariedade social, como acontece com a visita

aos seus ex-companheiros da Instituição que se encontram no Hospital ou que foram

Page 68: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

60

transferidos para o Lar de Idosos. O Diretor Técnico da APITIL não tem dúvidas em

dizer que:

“Essas ações são autênticas atuações de marketing, e que mostram o sucesso e

o exemplar relacionamento que deve existir entre uma IPSS e os seus

clientes”.

4.7. Serviços Inovadores

Segundo Vieira (2000, p. 75), “inovar exige não só dispor de uma ideia nova ou avanço

tecnológico para responder melhor às expetativas e necessidades, mas também a sua

concretização na oferta de um bem (produto ou serviço) que o efetive. A inovação é,

portanto, uma ação coletiva, quer resulte de vontades e interesses diretos, quer

complementares”. A APITIL tem desenvolvido um conjunto de serviços inovadores,

com o objetivo de garantir uma maior sustentabilidade e de assegurar uma melhor

qualidade de vida aos seus clientes.

Os serviços inovadores são encarados como autênticos elementos de marketing,

permitindo colocar a Instituição com um leque de serviços permanentes, que vão muito

além dos praticados por uma simples IPSS, dos quais se distinguem a sua Pastelaria, o

atliée de Costura e o espaço de Cabeleireiro. Este último caso sofreu uma recente

remodelação, que se deve essencialmente a uma análise positiva de marketing,

conduzindo à sua completa renovação e ampliação, tendo sido inclusive criado um

gabinete de estética, aumentando deste modo o seu conjunto de serviços especializados

para um número já consideravelmente satisfatório. As decisões em relação a algumas

inovações ou alterações de alguns serviços podem ser influenciadas pelas estratégias de

marketing que são definidas, no qual a publicidade tem uma função fulcral e que pode

influenciar as escolhas da sociedade (Marshall, 2003).

Além destes serviços de caráter permanente, a Instituição aposta na realização de

serviços de caráter mais esporádico que acontece, por exemplo, com o serviço de

almoços ou jantares numa das suas cantinas, destinadas a instituições ou organismos

que visitam a nossa cidade, aumentando assim as suas receitas. Este ano, a estratégia de

Page 69: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

61

planeamento passou pela criação de um espaço temporário que a APITIL transformou

num restaurante, aberto nos dias festivos do concelho.

No sentido do estabelecimento de parcerias comerciais, a APITIL fornece alguns dos

seus serviços especializados para outros organismos, como acontece com a prestação de

serviços de lavandaria para uma escola local e, principalmente, da confeção de almoços

para diversas escolas do concelho, representando um valor financeiro significativo para

a Instituição.

Uma das atividades mais interessantes é a produção de pequenas peças artesanais por

parte dos clientes, quer da infância, e quer da terceira idade que, com a ajuda dos

colaboradores, conseguem criar bonitas peças artísticas, com a particularidade de serem

todas feitas à mão. As bonecas e as miniaturas de animais em feltro são as que detêm

mais expressividade, consistindo numa atração para muitas pessoas que são inerentes à

APITIL, embora a sua aposta para o exterior seja uma ambição, estudando-se neste

momento o potencial de se comercializar estes pequenos artefactos com marca própria e

registada da Instituição, o que consistiria uma vez mais num grande potencial de

marketing na sociedade. Além dos aspetos comerciais e de marketing muito fortes e

presentes nestes artigos artísticos, o Diretor Técnico da Instituição esclarece que:

“A sua produção permite aos clientes trabalharem a sua motricidade fina e

desenvolverem as suas capacidades cognitivas, ou seja, tornam-se também em

atividades fulcrais para a manutenção do seu bem-estar físico e intelectual”.

A Instituição apresenta um produto de grande sentido de inovação ao nível das IPSS,

que consiste na produção de uma marca própria de vinho de mesa e que, através de uma

linha gráfica bem implementada, é associada de forma positiva ao seu planeamento

estratégico, onde mais uma vez o marketing tem um papel indispensável.

A APITIL realiza ainda diversas ações de formação nas suas instalações que, no

seguimento do ponto 2.4, são o resultado de algumas parcerias institucionais, através de

empresas privadas de formação ou através do Instituto do Emprego e Formação

Profissional (IEFP), ambas cofinanciadas pelos programas competentes da União

Europeia.

Page 70: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

62

4.8. Ações de promoção externa

A APITIL preocupa-se com a sua promoção no seio da sociedade, desenvolvendo e

promovendo diversas ações pelo concelho e pela região, que são devidamente

analisadas e implementadas segundo o seu planeamento estratégico, com o objetivo de

se mostrar, de uma forma bastante ativa, ao seu público-alvo e à população em geral.

Para que uma organização consiga persuadir com sucesso o seu público-alvo, é

necessário que a mensagem transmitida seja adequada à forma de como vai ser

interpretada (Wolf, 2003). As já referidas participações da sua equipa de Boccia em

vários torneios, e das atuações do seu grupo coral “Chá de Cidreira”, são alguns

exemplos que constituem o conjunto de ações de promoção externa presentes na

APITIL.

A Instituição participa nas principais feiras festivas organizadas na cidade de Lamego,

através da apresentação de um espaço, facultado pelas entidades competentes para o

efeito, e que permite mostrar à comunidade as suas principais caraterísticas, atividades e

as referidas peças artesanais de fabrico próprio com destaque, uma vez mais, para os

seus objetos produzidos com feltro.

A participação em algumas feiras e conferências, que têm como tema a solidariedade e

o serviço social, é também protagonizada pela APITIL, que mais uma vez reúne os

conceitos de marketing e de comunicação a uma conjuntura de preocupação no âmbito

da solidariedade social. O maior exemplo desse género de participações é a sua presença

na GALISENIOR, que consiste numa exposição internacional dedicada à terceira idade,

sendo realizada bianualmente na cidade espanhola de Ourense, tendo a singularidade de

ser a única exposição deste género a ser realizada no noroeste peninsular. A APITIL

marcou já presença, por cinco vezes consecutivas neste evento, apresentando um

expositor onde demonstra todo o seu trabalho realizado com a terceira idade, que lhe

permite uma projeção nacional e internacional muito valiosa e que fortalece, mais ainda,

a imagem da APITIL para o exterior e, essencialmente, para o seu público-alvo.

No seguimento das comemorações festivas referenciadas no ponto 2.6, a APITIL

aproveita estas festividades para se promover externamente como acontece com o

Page 71: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

63

“Cantar das Janeiras”, mantendo em ação a sua conhecida missão de conservar as

tradições no seio da comunidade. Além disso, a Instituição organiza e apresenta, nas

ruas da cidade, um desfile de Carnaval, que conta com a participação de dezenas de

figurinos que são constituídos, na totalidade, por colaboradores e clientes.

Embora o ponto mais alto da APITIL, no que toca à sua promoção para o exterior,

acontece no Desfile de S. João, em que praticamente todos os colaboradores, e grande

parte dos seus clientes percorrem as principais ruas e avenidas da cidade de Lamego,

proporcionando um momento único de verdadeira animação e cor, e que atrai centenas

de espetadores.

“Através das suas diversas ações de promoção externa, a APITIL consegue

transmitir uma imagem sólida e bastante profissional, que consequentemente

consiste num grande alicerce de marketing e comunicação para a sociedade

local” (Diretor Técnico).

4.9. Meios de Comunicação

Os meios de comunicação são cada vez mais importantes na sociedade, e podem ter

influências muito positivas nas pessoas, desde que sejam bem aplicados (Aznar, 2005).

A APITIL efetua uma constante e bem planeada promoção de todas as suas principais

atividades e informações, através de diversificados canais de comunicação, que

complementam as suas estratégias de marketing, definidas com o objetivo de cativar a

atenção do seu público-alvo e de manter a consolidação da sua imagem.

A Instituição coloca em atuação um processo de comunicação bem estudado, avaliando

sempre a forma como a realização de uma atividade vai depois ser divulgada, atendendo

aos meios de comunicação que serão utilizados e no modo de que como se pretende que

a imagem aborde o seu público-alvo e a sociedade em geral. É importante efetuar uma

seleção da informação, no qual a objetividade jornalística se torna fundamental para

construir e transmitir os principais factos e acontecimentos que caraterizam uma notícia

(Serra, 2003).

Page 72: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

64

A APITIL possui alguns canais de comunicação próprios e de forte relevância na

sociedade, como é o caso já anteriormente descrito da divulgação proporcionada pelos

seus próprios clientes e colaboradores, e quer pelas suas ações externas referidas no

ponto anterior, que permitem a sua atuação como agentes de comunicação. O Diretor

Técnico da Instituição reforça a importância dos meios de comunicação na APITIL, ao

dizer:

“A Instituição desde cedo se adaptou à inovação e às novas tecnologias de

informação e multimédia, com o objetivo de transmitir as suas principais

informações e para divulgar as suas atividades mais evidentes, consistindo

assim em importantes meios de comunicação que, em conjunto com a sua

presença de marketing, conseguem abranger de forma muito positiva o seu

público-alvo”.

A utilização da Internet permite dar uma maior visibilidade das atividades efetuadas na

Instituição. A Internet é sem dúvida o canal de comunicação que mais se destaca na

APITIL, sendo inclusive a sua “janela” para o exterior, permitindo dar uma maior

visibilidade das atividades realizadas para o seu público-alvo. Para Laranja, Simões e

Fontes (1997), a Internet apresenta-se à população como uma vitrina que tenta chamar a

sua atenção.

A Instituição possui um sítio oficial de Internet, que apresenta um design atrativo,

complementado por uma estrutura simplificada e bastante funcional, e que se encontra

em constante atualização, não só através da inserção das iniciativas e notícias mais

relevantes como, também, a sua própria estrutura e funcionalidades internas

acompanham a evolução da web.

É na sua página de Internet que a APITIL aposta fortemente na sua promoção, no qual o

marketing é preponderante para a definição das suas estratégias e consequentes

implementações, que são fulcrais para o alcance de um processo de comunicação

eficiente no contacto com os utilizadores, ou seja, a mensagem que se pretende passar

consegue chegar ao recetor da forma desejada, obtendo-se assim o efeito aspirado.

Page 73: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

65

Além do seu sítio oficial de Internet, a APITIL possui ainda um leque de ferramentas

cibernautas que, através de outros sítios da Web, permitem a divulgação da sua imagem,

como são o caso das redes sociais, nomeadamente através da plataforma Facebook, do

Twitter e do seu blogue oficial. Além disso, e dando seguimento ao seu sentido de

inovação, a APITIL tem apostado recentemente numa nova plataforma de blogue

denominada Tumblr, que se apresenta como um género de blogue muito mais completo.

Os blogues são páginas de Internet que permitem apresentar um leque diversificado de

informação, de forma simplificada e em constante atualização, sendo inclusive um dos

tipos de comunicação mais populares da Internet (Barbosa & Granado, 2004).

Barbosa e Granado (2004) defendem que as constantes e atualizadas informações que

são inseridas nestes meios da Internet levam a que os utilizadores sigam com

assiduidade a sua leitura. E, como tal, todas as referidas ferramentas de Internet

encontram-se estrategicamente sincronizadas e atualizadas. A cada dia que passa

surgem constantes novidades em variadíssimos campos, no qual a criação e a respetiva

distribuição da informação são exemplos disso mesmo (Colombo, 1998).

A APITIL preocupa-se em apresentar um design criativo e agradável que, aliado às suas

plataformas e ferramentas de Internet, permita aos seus visitantes uma eficaz consulta

de todos os seus conteúdos. O seu próprio logótipo é um verdadeiro exemplo de

criatividade, dado que foi recentemente renovado, consistindo numa autêntica promoção

da sua imagem. Para Lorenz (1991), a implementação do design no mercado alcançou

um patamar fulcral no que diz respeito à distinção competitiva. Deste modo, e além das

constantes atualizações dos seus conteúdos, a APITIL apresenta um plano estratégico

que engloba a ação de marketing à comunicação via Internet, através da divulgação de

diversas galerias de imagens e vídeos que marcam as suas atividades de maior destaque.

De acordo com Almeida (2002, p. 59), “para além das tecnologias relacionadas

diretamente com a Internet, os portugueses têm demonstrado ser favoráveis à introdução

de outras novas tecnologias de informação e de comunicação nos seus hábitos de

consumo e de trabalho”. E, como tal, a APITIL apresenta um leque diversificado de

formas de publicidade e comunicação, como são o caso dos seus cartazes e placares

Page 74: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

66

externos ou, até mesmo, dos autocolantes que preenchem a parte exterior de todos os

seus veículos.

A APITIL possui ainda uma parceria muito importante com um jornal semanal local,

denominado “Jornal do Douro”, que se resume na possibilidade de a Instituição

apresentar dois artigos por cada edição deste jornal, de forma gratuita. Para Marshall

(2003), o jornal é ainda um dos meios de comunicação em que a publicidade tem uma

forte componente persuasiva sobre as pessoas e a sociedade. Deste modo, a APITIL

aproveita este suporte de comunicação para dar a conhecer à sociedade todas as suas

principais novidades e informações, bem como a apresentação das suas atividades mais

mediáticas, numa forma de implementação de marketing que promove a qualidade da

sua prestação de serviços.

4.10. Inovação Tecnológica

A inovação tecnológica pode ser definida “como a aplicação de novos conhecimentos

tecnológicos, que resulta em novos produtos, processos ou serviços, ou na melhoria

significativa de alguns dos seus atributos” (Laranja et al., 1997, p. 18). O conceito de

inovação tecnológica encontra-se bem presente em alguns dos serviços praticados pela

APITIL.

Assim, a APITIL apresenta nos seus serviços um leque diversificado de inovações

tecnológicas, que são consideradas como formas de marketing, com o objetivo de

promover a diferenciação dos seus concorrentes. Exemplo disso é o uso e a adequação

da informática a alguns dos seus serviços, como é o caso das aulas de informática que

são lecionadas, quer a clientes de terceira idade, quer a clientes de infância.

A exibição de fotografias e vídeos que retratam as principais atividades da APITIL são

uma habitual presença, e não só um mero exemplo de inovação, como também de

promoção. A apresentação de um vídeo promocional num ecrã interativo localizado na

receção da sua sede, é um bom exemplo de uma relação funcional de inovação e

promoção. A tecnologia é implementada de acordo com a importância ou eficiência da

Page 75: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

67

sua utilidade, ou seja, se de facto se torna importante para os clientes, e se terá inclusive

uma adesão satisfatória (Almeida, 2002).

A implementação de dispositivos biométricos nas instalações da infância da APITIL,

efetuada no ano de 2011, foi um outro exemplo bem evidente de inovação tecnológica,

que permitiu aliar uma maior segurança das suas crianças a um método de promoção

com muito potencial entre a comunidade, tendo sido inclusive divulgado através de uma

revista nacional, de forma a se traduzir num método exemplar de publicidade no que

respeita à sua qualidade de atuação. Na referida revista, Mundo Social (outubro, 2010,

p. 55), é o próprio Diretor Técnico da Instituição a defender a importância deste

mecanismo biométrico ao declarar que “Para uma maior segurança dos pais, as entradas

e saídas são registas eletronicamente. A porta só permite acesso através de impressão

digital”.

Além das inovações tecnológicas mencionadas, existem outras que apesar de

apresentarem uma menor importância, resultam de um processo de análise de inovação

tecnológica.

“A Instituição encontra-se atenta ao desenrolar de todos os processos de

inovação tecnológica que acompanham o seu setor, e que podem ser

consequentemente implementados em alguns dos seus serviços, de forma a

garantir também a diferenciação e um melhor bem-estar aos seus clientes”

(Diretor Técnico).

5. CONCLUSÃO

Este trabalho permitiu-nos encontrar um vasto leque de estratégias e ações de marketing

e comunicação presentes na APITIL, demonstrando que a presença destes dois

conceitos é cada vez mais essencial para o sucesso de atividade de uma IPSS,

reforçando assim a teoria de muitos autores que defendem a utilização destes dois

conceitos nas organizações sem fins lucrativos e, neste caso em particular, nas IPSS

portuguesas.

Page 76: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

68

Após a identificação das estratégias e ações que apresentaram um envolvimento das

teorias de marketing ou de comunicação, procedemos à sua respetiva análise de forma

detalhada, o que nos possibilitou a seleção das estratégias e ações mais relevantes para

este estudo, embora seja importante referir que se apurou a presença desses dois

conceitos em variadíssimas atividades, que devido à sua rudimentar utilização, a sua

descrição não foi considerada como pertinente, e como tal não foi apresentada.

Assim, as estratégias e ações consideradas como relevantes passaram por um processo

rigoroso de análise, com o intuito de identificar e examinar a presença de marketing e

comunicação na sua implementação, assim como de outros conceitos associados que,

numa função de complementaridade, foi-nos possível observar muitas situações de

sucesso e que podem, inclusive, ser vistas como um modelo e, consequentemente

adotadas por outras IPSS.

Através da metodologia escolhida, foi-nos possível compreender com exatidão as

técnicas e métodos que a APITIL utiliza para divulgar e promover os seus serviços e a

sua operacionalidade, podendo estes consistir em múltiplos objetivos, dependendo das

suas metas traçadas, já que podem passar por uma fidelização dos seus clientes atuais ou

por uma angariação de novos clientes, bem como pelo estabelecimento de diversos

protocolos de parcerias, seja com objetivos comerciais ou meramente de entreajuda,

mas com um objetivo bem vinculado, tornar cada vez mais real a sua própria

sustentabilidade.

O facto do autor ser colaborador ativo desta IPSS facilitou consideravelmente a recolha

dos dados substanciais para a realização deste estudo, não se tendo verificado qualquer

entrave ou dificuldade no acesso a qualquer tipo de informação aumentando, assim, a

fiabilidade das informações recolhidas. Nesse sentido, e com a ajuda preponderante da

entrevista facultada pelo Diretor Técnico da Instituição, foi-nos possível analisar de

forma sucinta e detalhada os dados recolhidos, que se tornaram preponderantes para este

estudo. Além disso, durante a investigação foi-nos possível visualizar diversas ações e

atividades efetuadas pela Instituição, nas quais foi bem evidente a presença das teorias

de marketing e comunicação enunciadas.

Page 77: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

69

Além disso, verificámos que o marketing e a comunicação se encontram bem presentes

e assentes na APITIL, existindo inclusive uma conjuntura e uma complementaridade

entre si que se destaca, sendo bem visível em diversas situações e obtendo uma

vantajosa aceitação por parte da comunidade local. Seja através das suas planeadas

estratégias, ou através da simplicidade de atuação dos seus amigos, a APITIL apresenta

à sociedade um conjunto variadíssimo de ações, no qual todos participam na sua

promoção para o exterior.

Um dos segmentos estratégicos que não é esquecido, consiste na execução de algumas

ações ou atividades, ou até mesmo da efetuação de novos serviços em concordância

com o aparecimento de novas tecnologias, sem que haja um grande esforço financeiro,

possibilitando assim uma conjuntura equilibrada entre qualidade e preço, e com o

objetivo de permitir à APITIL uma maior sustentabilidade.

Desta forma, e devido ao aumento do número de pessoas interessadas em frequentar os

diversos serviços disponibilizados pelas IPSS, e também pelo facto de existir cada vez

mais concorrência neste setor (nomeadamente em relação às empresas privadas que

praticam os meus serviços sociais), torna-se necessário para a APITIL a consolidação e

constante atualização das suas estratégias que, aliadas a um conjunto de ações de

marketing e comunicação, lhe permitam continuar a ostentar o sucesso positivo que a

carateriza no seio da sua comunidade local.

As estratégias e ações de marketing e comunicação evidenciadas e descritas neste

estudo podem servir de exemplo para a implementação ou melhoramento destes dois

conceitos no seio de uma organização sem fins lucrativos, e de uma IPSS em particular,

e que pode resultar inclusivamente na definição de um plano estratégico, que englobe e

reforce a ligação do marketing e da comunicação, e de outros conceitos que possam ser

respetivamente coligados, num conjunto de ações que ajudem as IPSS a atuarem com

mais eficácia no mercando em que se inserem.

Page 78: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

70

6. REFERÊNCIAS

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Page 81: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

73

CONCLUSÕES FINAIS

A presente investigação pretendeu contribuir para uma melhor compreensão do

marketing e da comunicação em organizações sem fins lucrativos. Especificamente, o

foco de atenção foi colocado nas estratégias e ações de marketing e comunicação

utilizadas por uma IPSS.

Em termos formais, escolhemos um formato não tradicional para a elaboração deste

trabalho, ou seja, decidimos organizar e estruturar a dissertação numa vertente que pode

ser denominada de “formato artigo”. Considerando o aprofundamento teórico efetuado e

a abordagem metodológica escolhida, podemos discutir, agora, até que ponto este

estudo atingiu os objetivos definidos e respondeu às questões de pesquisa colocadas na

introdução desta investigação.

Como estabelecemos na introdução deste trabalho, foi feita uma abordagem teórica das

estratégias e ações de marketing em IPSS (Parte I). Com este estudo, concluímos que de

facto a comunicação e o marketing são fundamentais para o sucesso de desempenho de

uma IPSS no seio da sua comunidade, sendo necessário estabelecer um conjunto bem

definido de estratégias e ações que permitam a estabilização e possível melhoramento

da sua atividade e dos seus serviços, assimilando sempre que possível outros conceitos e

teorias que, associados ao marketing e à comunicação visem o objetivo principal das

IPSS em geral, uma maior sustentabilidade, e por conseguinte, uma menor dependência

das ajudas do Estado.

Por outro lado, considerando os resultados obtidos no estudo de caso (Parte II), foi

possível verificar que existe uma forte presença dos conceitos de marketing e

comunicação na IPSS estudada, seja na sua valorização interna, ou principalmente, na

sua promoção para o exterior. São diversos os autores que defendem a implementação

de estratégias e ações no âmbito destes conceitos, que têm nos dias de hoje uma forte

influência sobre os comportamentos das pessoas e da sociedade em geral.

No estudo de caso, tivemos a possibilidade de verificar essas teorias em prática, no qual

diversas ações e atividades são organizadas com o sentido de promover a imagem da

APITIL, sensibilizando as pessoas e influenciando assim os seus comportamentos.

Page 82: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

74

Verificámos a importância da identificação dos agentes e processos onde o marketing e

a comunicação podem atuar, seja com relevância, ou seja com menor incidência, mas é

nos pormenores que por vezes a diferenciação se destaca e se evidência.

Em termos gerais, pensamos ter conseguido responder às questões de investigação

colocadas na introdução deste trabalho. Assim, existem múltiplas estratégias e ações

que podem ser utilizadas por parte das IPSS em geral e, que são implementadas de

acordo com a sua estrutura e com os objetivos pretendidos. Essas estratégias e ações

tornam-se fulcrais para o sucesso de uma IPSS, desde que sejam eficazmente planeadas

e desenvolvidas, sendo assim necessário um estudo detalhado que vá de encontro aos

efeitos desejados e, que simultaneamente permita também às IPSS inovar na definição

de estratégias e ações de marketing e comunicação, de modo a melhorar a eficiência dos

seus objetivos.

Com a descrição dos contributos teóricos referidos na revisão teórica e, dos contributos

práticos apresentados no estudo de caso, é possível obter-se uma visão real das IPSS

nacionais, embora o facto de a IPSS estudada ser de grande dimensão permita obter

exemplos que possam servir de modelo de atuação para IPSS mais pequenas e, que

apresentem ainda uma limitação no que concerne à aplicação de estratégias e ações que

sejam inerentes à presença de marketing e de comunicação.

Deste modo, o estudo apresenta-se com um grau de fiabilidade bastante eficaz e de

grande relevo para os gestores de IPSS, que pretendam intensificar a presença de

marketing e comunicação nas suas estruturas, ou que simplesmente desejam uma

reformulação mais adequada e eficiente. É nossa opinião que as organizações sem fins

lucrativos podem beneficiar deste estudo. Sendo os conceitos de marketing e

comunicação relativamente recentes neste contexto, ao evidenciarmos o caso exemplar

da Instituição estudada na aplicação e utilização destes conceitos, os gestores podem

beneficiar de evidências de sucesso que podem diminuir a tradicional relutância na

aplicação de ferramentas de marketing.

Obviamente, como em todos os estudos, existem limitações neste trabalho. Durante este

estudo encontrámos algumas limitações, dado que a informação existente acerca do

Page 83: Análise das Estratégias e Ações de Marketing e Comunicação

75

marketing e comunicação é mais assente no sistema empresarial e, em alguns casos,

direcionada para as organizações sem fins lucrativos, e insuficiente em relação às IPSS

em particular. Em relação à Instituição analisada, as limitações foram praticamente

inexistentes, dado que o facto de o autor ser colaborador ativo da IPSS estudada,

permitiu ter um acesso detalhado a todas as informações e dados considerados

pertinentes para o desenvolvimento deste estudo.

Em termos metodológicos, há que referir que, ao escolhermos a abordagem de estudo de

caso único, a generalização das conclusões a outras organizações sem fins lucrativos

deva ser feita com cuidado. Seria interessante alargar este estudo a múltiplos casos,

considerando que tal não foi possível nesta investigação. Por outro lado, ao recolhermos

a informação a partir de um só informante (Diretor Técnico), poderemos não capturar a

totalidade da realidade organizativa, mesmo sendo a opinião do decisor principal.

Conscientes de que existem outros tipos de estratégias e ações em diferentes IPSS

portuguesas, esperámos que as analisadas neste estudo possam servir de exemplo, ou de

base para a realização de outros trabalhos deste âmbito, ou de potenciais novas

temáticas que poderão ser formuladas com base neste estudo. Esperamos assim que este

estudo contribua para a realização de futuros caminhos ou ideias de investigação que

integrem a implementação e atuação de estratégias e ações de marketing e comunicação

nas IPSS, e de outras áreas que as complementam, de forma a alcançarem uma maior

estabilidade económica.