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ANÁLISE DAS DECISÕES
JURÍDICAS NO MEIO
AMBIENTE DO TRABALHO
RURAL NO BRASIL
Ministro Caputo Bastos
Introdução
O conceito de Meio Ambiente do Trabalho,
diferentemente das outras divisões didáticas do
Direito Ambiental, relaciona-se direta e
imediatamente com o ser humano trabalhador no
seu cotidiano, em sua atividade laboral exercida
em proveito de outrem. Portanto, o seu conceito é
abrangente, como cita o professor Fiorillo: é “o
local onde as pessoas desempenham suas
atividades laborais, sejam remuneradas ou não,
cujo equilíbrio está baseado na salubridade do
meio e na ausência de agentes que
comprometem a incolumidade físico-psíquica dos
trabalhadores, independentemente da condição
que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou
menores de idade, celetistas, servidores públicos,
autônomos, etc.)”.
LEGISLAÇÃO Constituição Federal – Art. 7º -.
Lei nº 5.889 de 08 de junho de 1973
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, principalmente a NR 31, que
se refere a Segurança e Saúde no
Trabalho Rural
LEGISLAÇÃO A CLT foi concebida para amparar os trabalhadores
empregados e, em especial, os do centro urbano
visando estabelecer equilíbrio entre o capital e o
trabalho. Quanto aos trabalhadores rurais, de modo
expresso, a legislação não os contemplou como se
depreende de seu art. 7º, “b”: (Redação dada pelo
Decreto-lei nº 8.079, 11.10.1945)
Art. 7º Os preceitos constantes da presente
Consolidação salvo quando fôr em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se
aplicam:
A) omissis
b) aos trabalhadores rurais, assim considerados
aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas
à agricultura e à pecuária, não sejam empregados
em atividades que, pelos métodos de execução dos
respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas
operações, se classifiquem como industriais ou
comerciais
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º,
garantiu que fosse assegurados aos trabalhadores
rurais, os mesmos benefícios dos trabalhadores urbanos,
além dos previstos na Lei n.º 5.889/73.
O empregado rural pode ser o veterinário, o piloto de avião, o
mecânico, o escriturário da propriedade e assim muitos outros
profissionais que possam prestar serviços para um empregador
rural, os quais não necessariamente precisam exercer atividades
tipicamente rurais.
O trabalhador rural é sim aquele que exerce atividades
tipicamente rurais, como por exemplo, capinar, cuidar do gado,
arar, plantar, tirar leite e outras inúmeras tarefas tipicamente
rurais.
Diferença entre empregado rural e trabalhador rural
Constituição Federal/88
Criada pela Lei n° 5.889, de 08/06/73, DOU de 11/06/73, o empregado
rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico,
presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário.
Será considerado como tal o trabalhador que cultiva a terra, que cuida
do gado e do pessoal necessário à administração da empresa ou
atividade rural.
Alguns requisitos para que seja considerado empregado rural:
a) O trabalho deverá ser executado em propriedade rural destinada à
atividade agroeconômica com fins lucrativos.
b) Poderá ser considerado empregado, somente pessoa física,
portanto não poderá ser assim considerada uma empresa, ou seja,
pessoa jurídica.
c) O serviço deverá ser habitual, ou seja, contínuo, não podendo ser
eventual.
d) O empregado deverá estar sendo subordinado às normas da
empresa e às ordens de seu empregador.
e) Na admissão do empregado, deverá ser ajustado entre ambas as
partes um salário que poderá ser pago por dia, por semana, por
quinzena, por mês, por tarefa ou até mesmo por comissão.
Empregado rural
Quanto aos direitos do trabalhador rural são, pela Constituição
(art.7°), os mesmos dos urbanos. É preciso ver também que
alguns direitos previstos pela legislação ordinária (Lei n° 5.889 de
1973) são peculiares, dentre os quais há alguns que se mantêm e há outros atingidos pela Carta Magna.
Dentre os que foram mantidos e que são específicos estão os
seguintes:
o adicional noturno, que é de 25%, portanto maior que o do
urbano, que é de20%;
os descontos pela ocupação da moradia na propriedade rural,
até o limite de 20%; a dedução pelo fornecimento de alimentação, a preço da região, de até 25%;
o descanso na jornada de trabalho, após 6 horas de trabalho
contínuo;
e o direito à integração, na remuneração anual, dos valores resultantes da plantação intercalar.
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
O art. 7º, da Constituição Federal praticamente equiparou os
direitos trabalhistas do trabalhador rural com o urbano, os quais
são:
- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;
- seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
- fundo de garantia do tempo de serviço;
- salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
sua vinculação para qual quer fim; - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
trabalho;
- irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo;
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
- garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável;
- 13° salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa;
- participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão
da empresa, conforme definido em lei;
- salário-família para os seus dependentes;
- duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a redução
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
- jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
- repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;
- remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
50% à do normal;
- gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
a mais do que o salário normal;
- licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com
a duração de 120 dias; - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
- proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei;
- aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da lei;
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança;
- adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
- aposentadoria;
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
- assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 6 anos de idade em creches e pré-escolas;
- reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
- proteção em face da automação, na forma da lei;
- seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em pregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa; - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho;
- proibição de diferença de salários, de exercício de funções e
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil; - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
- proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
Direitos Trabalhistas
do Empregado Rural
- proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos
menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 14 anos,
salvo na condição de aprendiz;
- igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Direitos Trabalhistas
do Empregado Rural
Aspectos peculiares do trabalho rural.
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
As particularidades do trabalho rural, com base na legislação
aplicável se traduzem nas seguintes questões: conceito de
jornada de trabalho e tempo à disposição do empregador.
O trabalhador rural tem jornada de trabalho de 44 horas por semana e 220 horas mensais.
Assim como os trabalhadores urbanos, entre duas jornadas
deve existir um intervalo mínimo de 11 (onze) horas.
Dentre as diferenças, destaca-se aquela relativa ao intervalo
dentro da jornada de trabalho. Para o empregado urbano
com jornada superior a seis horas, esse intervalo deverá ser de
no mínimo uma e no máximo duas horas. (Art. 71,§4º, da CLT)
Caso o trabalho seja inferior a seis horas, o intervalo será de
apenas 15 (quinze) minutos, após ultrapassar 4 (quatro) horas.
Caso não sejam ultrapassadas às quatro horas de trabalho, não
será obrigatória a concessão do intervalo
Aspectos peculiares do trabalho rural.
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
Já para o trabalhador rural, quando a jornada for superior a seis
horas, será obrigatória a concessão do intervalo para repouso
e alimentação, observados os usos e costumes da região, nos
termos do artigo 5º da Lei nº 5.889/73, que o definiu in verbis: Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis
horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso
ou alimentação, observados os usos e costumes da região, não se
computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas
jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas
consecutivas para descanso.
Assim, o intervalo do trabalhador rural pode ser fracionado em
dois períodos (um no almoço e outro à tarde), ou levando-se
em conta os aspectos regionais de certos Estados ou Municípios, onde é comum que os trabalhadores façam parte
da refeição pela manhã, o intervalo pode ser dividido em até
três períodos, sendo um pela manhã, outro no almoço e um ao
final da tarde
- SITUAÇÕES ESPECIAIS.
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
- O intervalo para descanso/refeição é de acordo com os usos e
costumes da região, não havendo um mínimo e máximo como ocorre
no trabalho urbano, isso porque a partir do momento em que há
norma específica para o trabalhador rurícola (art. 5º, da Lei 5.589/73),
em que não foi fixada uma unidade de tempo destinado ao intervalo
intrajornada, porque esse fora postergado aos usos e costumes da
região, não há como se aplicar a norma do art. 71 da CLT.
Adicional Noturno de no mínimo 25%. O horário noturno é
compreendido das 21 às 5 horas, na lavoura e das 20 às 4 horas, na
pecuária. A hora noturna é de 60 minutos;
Aviso Prévio de 30 dias, com 1 dia livre por semana;
A indenização por tempo de serviço do safrista é de 1/12 avos do
salário mensal, por mês de serviço ou fração superior a 14 dias, no
término do contrato de safra;
Participação nos lucros ou Resultados da empresa;
FGTS, a partir de 05/10/88;
- SITUAÇÕES ESPECIAIS.
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
O empregado rural é cadastrado normalmente no PIS, e
informado anualmente na RAIS;
A contribuição sindical é descontado do empregado a base de
1/30 avos sobre o salário mínimo, e não sobre salário percebido;
Desconto de moradia e alimentação é limitado a 20 e 25%,
respectivamente, sobre o valor do salário mínimo;
Na propriedade rural com 100 ou mais trabalhadores é
necessário organizar o SEPATR (Serviço Especializado em Prevenção
e Acidentes do Trabalho Rural);
- O empregador rural que mantenha a média de 20 ou mais
trabalhadores é necessário organizar a CIPATR (Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural);
- TRABALHO NOTURNO
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
A Constituição Federal, no seu artigo 7o, inciso IX, estabelece
que são direitos dos trabalhadores, além de outros,
remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Nas atividades rurais, é considerado noturno o trabalho
executado na lavoura entre 21 horas de um dia às 5 horas do
dia seguinte, e na pecuária, entre 20 horas às 4 horas do dia seguinte.
A hora normal tem a duração de 60 (sessenta) minutos e a hora
noturna, por disposição legal, nas atividades urbanas, é
computada como sendo de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30
(trinta) segundos. Ou seja, cada hora noturna sofre a redução
de 7 minutos e 30 segundos ou ainda 12,5% sobre o valor da
hora diurna.
- TRABALHO NOTURNO
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - EMPREGADO
RURAL - REDUÇÃO DA HORA NOTURNA - INAPLICABILIDADE
DA REGRA GERAL DA CLT - PREVISÃO LEGAL ESPECÍFICA -
LEI Nº 5.889/73. Ao trabalhador rural não se aplica a hora
noturna reduzida prevista no art. 73, § 1º, da CLT. O art. 7º
da Lei nº 5.889/73 regula especificamente o trabalho noturno dos empregados rurais. Não há lacuna na norma
especial dos rurícolas apta a ensejar a incidência do
preceito celetista geral que determina a redução da hora
noturna. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST-RR-178200-45.2005.5.15.0120, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
21/11/2012, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
30/11/2012)
- TRABALHO NOTURNO
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
RECURSO DE REVISTA. TRABALHADOR RURAL. HORA
NOTURNA REDUZIDA. INAPLICABILIDADE DO ART. 73, §
1.º, DA CLT. NORMA ESPECÍFICA. ART. 7.º DA LEI
5.889/73. É inaplicável ao trabalhador rural o disposto
no art. 73, § 1.º, da CLT no que tange à redução da
hora noturna ficta ante a existência de norma
específica que regula a matéria - art. 7.º da Lei
5.889/73. Desse modo, o trabalhador rural não faz jus
à hora noturna ficta reduzida. Precedentes. Recurso
de revista conhecido e provido. (RR-3250-
05.2010.5.06.0000, Relatora Ministra: Delaíde Miranda
Arantes, Data de Julgamento: 20/11/2013, 7ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 29/11/2013)
INTERVALOS INTRAJORNADA
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
TRABALHADOR RURAL. INTERVALO INTRAJORNADA. I - A
Carta Magna não disciplinou, nos diversos incisos do art.
7º, a questão do intervalo intrajornada, devendo ser
observados os preceitos vigentes, quais sejam, o art. 71 da
CLT para o trabalhador urbano e o art. 5º da Lei nº 5.889/73 para o rurícola. II - Assim, a partir do momento em que há
norma específica para o trabalhador rurícola, em que não
foi fixada uma unidade de tempo destinado ao intervalo
intrajornada, porque esse fora postergado aos usos e
costumes da região, não há como se albergar a
pretensão escorada na norma alienígena do art. 71 da
CLT. Recurso provido. (TST-RR-20400-28.2005.5.06.0241,
Relator Ministro: Antônio José de Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 28/03/2007, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ
20/04/2007)
INTERVALOS INTRAJORNADA
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.(...)2. INTERVALO INTRAJORNADA.
EMPREGADO RURÍCOLA. SUPRESSÃO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. O
intervalo intrajornada do trabalhador rural é concedido conforme os
usos e costumes da região, nos termos do artigo 5º, da Lei nº 5.889/73.
Tal regra, entretanto, não autoriza a concessão de intervalo
intrajornada inferior a período de uma hora, mormente porque que o
artigo 5º, § 1º, do Decreto nº 73.626/74 (que regulamenta a referida lei)
determina expressamente que será obrigatória, em qualquer trabalho
contínuo de duração superior a 6 (seis) horas, a concessão de um
intervalo mínimo de 1(uma) hora para repouso ou alimentação,
observados os usos e costumes da região. Assim, faz jus ao pagamento
da hora extraordinária acrescida de adicional, o trabalhador rural que
não gozou intervalo intrajornada de, no mínimo, uma hora, com
repercussão no valor das demais parcelas trabalhistas, em face à sua
natureza salarial. Precedentes da SBDI-1. Inteligência das Orientações
Jurisprudenciais nºs 307 e 354 da SBDI-1. (RR-176900-38.2004.5.15.0070,
Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de
Julgamento: 24/02/2010, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
05/03/2010)
- HORAS EXTRAS – SALÁRIO PRODUÇÃO
Direitos Trabalhistas
do Trabalhador Rural
Inúmeros julgados de TRIBUNAIS REGIONAIS tem decidido no
sentido de que, no trabalho pago por produção, excedida a
jornada normal, o sobre-tempo deve ser remunerado, não
somente com o adicional, mas com a hora extra acrescida dele, ao fundamento de que a remuneração do trabalho por
produção força o trabalhador rural a prorrogar diariamente sua
jornada em troca de parco acréscimo salarial e grave
comprometimento de sua plena capacidade física e psíquica.
Todavia, a matéria já se encontra pacificada na jurisprudência
do TST no sentido limitar o pagamento apenas ao adicional
sobre as horas extras, visto que na remuneração percebida já se
encontra inserido o valor relativo ao trabalho extraordinário de
forma singela. É o entendimento expresso na Orientação
Jurisprudencial de n.º 235 da SBDI-1 do C. TST.
HORAS EXTRAS – SALÁRIO PRODUÇÃO
- DECISÃO DO TRT DA 15ª REGIÃO QUE FOI REFORMADA PELO TST SALÁRIO POR PRODUÇÃO; ADICIONAL DE HORAS EXTRAS; REMUNERAÇÃO DO VALOR DO SALÁRIO NORMAL; POSSIBILIDADE.
Hoje em dia já não dá mais para negar que a remuneração com base na
produtividade funciona como elemento que se contrapõe àqueles princípios
protetivos à saúde e à higidez do trabalhador.
A remuneração do trabalho por produção deve ser vista como cláusula draconiana.
Seu intuito é exatamente o de constranger o trabalhador a estar sempre prorrogando
suas jornadas em troca de algumas migalhas salariais a mais, renda extra essa que,
no final, acaba incorporada em seu orçamento mensal, criando, com isso, uma
relação de dependência tal qual a da droga ou da bebida.
Trocando em miúdos, essa modalidade de remuneração faz do trabalhador rural
verdadeiro escravo de sua própria produtividade. Sem perceber, essa sua
necessidade em manter constante determinado nível de produtividade já alcançado
gera o maior desgaste de sua própria saúde, assim como compromete, aos poucos,
sua plena capacidade física para o próprio trabalho num futuro ainda próximo.
O que se verifica com isso é a total desregulamentação da forma de remuneração
da jornada de trabalho, com uma prejudicial idéia de que todos saem ganhando
quando, na verdade, a fatia do prejuízo passa a ser paga por aquele mesmo corpo
já demasiadamente cansado e suado.
Remunerar o trabalhador apenas com o adicional de horas extras em decorrência de
seu trabalho por produção representa típico desrespeito àqueles princípios que visam
a proteção à saúde e à integridade física de pessoa humana, valores estes que se
constituem em primado constitucional (CF/1988, artigo 7º, incisos XIII e XXII). (TRT/15
RO0019900-89.2005.5.15.0150, Rel. Des. Gerson Lacerda, 31/8/2007)
HORAS EXTRAS – SALÁRIO PRODUÇÃO
- ACÓRDÃO DO TST -
Direitos Trabalhistas
do Empregado Rural
RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS. SALÁRIO POR PRODUÇÃO. A atual
redação da Orientação Jurisprudencial nº 235 da SBDI-1-
TST consagra o entendimento de que o empregado que
recebe salário por produção e trabalha em regime de
sobrejornada faz jus à percepção apenas do adicional
das horas excedentes ao limite diário e semanal. Recurso
de revista parcialmente conhecido e provido (TST-RR-
19900-89.2005.5.15.0150, Rel. Min. Horácio Senna Pires, 3ª T)
OJ N.º 235. HORAS EXTRAS. SALÁRIO POR PRODUÇÃO (redação
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.04.2012) -
Res. 182/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012
O empregado que recebe salário por produção e trabalha em
sobrejornada tem direito à percepção apenas do adicional de
horas extras, exceto no caso do empregado cortador de cana, a
quem é devido o pagamento das horas extras e do adicional
respectivo.
EMBARGOS. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. ADICIONAL. TRABALHADOR
RURAL. SALÁRIO POR PRODUÇÃO. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE À
SÚMULA Nº 340 E À ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 235 DA SBDI-1.
NÃO DEMONSTRAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Hipótese em que a
Turma desta Corte Superior não conhece do recurso de revista da
reclamada quanto ao pleito de horas extraordinárias, afastando a
alegação de contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 235 da
SBDI-1, em sua antiga redação. Sobre a matéria impugnada, este
Tribunal, por meio da Orientação Jurisprudencial nº 235 da SBDI-1,
com a nova redação que lhe foi dada pelo Pleno, na sessão
realizada em 16/04/2012, vem firmando a jurisprudência de que os
trabalhadores cortadores de cana-de-açúcar, que recebem salário
por produção e laboram em sobrejornada, têm direito ao pagamento
das horas extraordinárias e do adicional respectivo. Assim, não
contraria o teor do referido verbete jurisprudencial o acórdão ora
embargado, no que deixou de conhecer do recurso de revista da
reclamada, ratificando, por conseguinte, a procedência do pleito
das horas extraordinárias, acrescidas do adicional respectivo. (...) (E-
ED-RR-133400-84.2008.5.15.0100, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo
Bastos, Data de Julgamento: 16/10/2014, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 24/10/2014)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
Lei nº 5.889 de 08 de junho de 1973
Art. 13º – Nos locais de trabalho rural serão
observadas as normas de segurança e higiene
estabelecidas em portaria do Ministério do
Trabalho e Previdência Social.
Na Norma Regulamentadora 31
encontram-se descritos todos os itens e
procedimentos necessários para a
existência de um ambiente de trabalho
rural seguro e saudável, visando a
redução de acidentes e doenças geradas
pela execução dos trabalhos
NR-31
A referida NR 31, no tópico 31.23.1, determina que o
empregador rural ou equiparado deve disponibilizar aos trabalhadores “áreas de vivência” compostas de:
a) instalações sanitárias;
b) locais para refeição;
c) alojamentos, quando houver permanência de
trabalhadores no estabelecimento nos períodos
entre as jornadas de trabalho;
d) local adequado para preparo de alimentos;
e) lavanderias.
DECISÕES ENVOLVENDO O TEMA AMBIENTE DO
TRABALHO RURAL INADEQUADO
EXEMPLO: CONDIÇÕES DEGRADANTES DE
TRABALHO. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS,
REFEIÇÕES E TRANSPORTE INADEQUADOS.
A NR-31 do MTE estabelece uma série de
requisitos para as instalações sanitárias que o
empregador deve oferecer aos empregados
que trabalham no campo.
31.23.1-O empregador rural ou equiparado deve disponibilizar
aos trabalhadores áreas de vivência compostas de: a)
instalações sanitárias; (...)
31.23.3.1-As instalações sanitárias devem ser constituídas de:
a) lavatório na proporção de uma unidade para cada grupo
de vinte trabalhadores ou fração; b) vaso sanitário na
proporção de uma unidade para cada grupo de vinte
trabalhadores ou fração; c) mictório na proporção de uma
unidade para cada grupo de dez trabalhadores ou fração;
d) chuveiro na proporção de uma unidade para cada grupo
de dez trabalhadores ou fração.
31.23.3.2-As instalações sanitárias devem: a) ter portas de
acesso que impeçam o devassamento e ser construídas de
modo a manter o resguardo conveniente; b) ser separadas
por sexo; c) estar situadas em locais de fácil e seguro acesso;
d) dispor de água limpa e papel higiênico; e) estar ligadas a
sistema de esgoto, fossa séptica ou sistema equivalente; f)
possuir recipiente para coleta de lixo.
NORMA REGULAMENTADORA NR-31
DANO MORAL. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E REFEITÓRIOS ADEQUADOS. QUANTUM COMPENSATÓRIO. NÃO CONHECIMENTO. 1. No caso, a egrégia Turma, com base na análise do suporte fático registrado no v. acórdão regional, consignou que o reclamante se desincumbiu do ônus de comprovar o fato constitutivo do seu direito à compensação por danos morais uma vez que demonstrado que "a quantidade de sanitários no local de trabalho do Reclamante era insuficiente para assegurar a higiene dos empregados; a alimentação era feita no próprio local da plantação; a água para beber não era disponibilizada em reservatórios térmicos, ficando quente; os depoimentos das testemunhas revelam que a Reclamada só atendeu a Norma Regulamentadora nº 31, referente aos locais para refeições e condições das instalações sanitárias, a partir de 27 de abril de 2007, com sujeição do Reclamante à situação indigna por mais de três meses". 2. Diante desse contexto, concluiu que a reclamada não fornecia banheiros e instalações para refeições adequados a seus funcionários, estando evidenciado o desrespeito à dignidade da pessoa humana a ensejar a condenação à reparação dos danos morais. (...) (E-ED-RR-111200-72.2008.5.09.0093, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 12/03/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. TRABALHO RURAL NA AGRICULTURA. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E REFEITÓRIOS
INAPROPRIADOS. INOBSERVÂNCIA DA NORMA REGULAMENTAR N.º 31 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. 1. No caso dos autos,
consoante se infere do quadro fático delineado pelo Tribunal Regional, observa-se que as condições de trabalho fornecidas
pela reclamada eram degradantes, -principalmente em
relação à barraca sanitária, o que acabava obrigando os
trabalhadores a realizarem suas necessidades fisiológicas na lavoura, a céu aberto- (fl. 440). Detectou também a Corte de
origem que os refeitórios colocados à disposição dos
empregados não eram adequados. 2. O não cumprimento das
regras de higiene e segurança do trabalho, contidas na NR n.º 31 do MTE, gera a obrigação de indenizar os trabalhadores
pelos danos morais suportados, nestes casos comprovados in
re ipsa. Precedentes. 3. Recurso de revista conhecido e
provido. (RR-3045-41.2010.5.15.0156, Relator Ministro: Lelio Bentes
Corrêa, Data de Julgamento: 29/10/2014, 1ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 31/10/2014)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
DECISÕES ENVOLVENDO O TEMA AMBIENTE DO
TRABALHO RURAL INSALUBRE
EXEMPLO: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
ATIVIDADE A CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO SOL E
AO CALOR
O Anexo 3 da NR 15 da Portaria nº 3214/78 do
MTENR-31 do MTE define os limites de tolerância
para exposição ao calor.
OJ-SDI1-173 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. ATIVIDADE A
CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO SOL E AO CALOR (REDAÇÃO ALTERADA EM 25, 26 E 27.09.2012)
I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto,
por sujeição à radiação solar (art. 195 da CLT e Anexo 7 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE).
II – Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador
que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de
tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria nº
3214/78 do MTE.
Histórico:
Redação original - Inserida em 08.11.2000
173 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. RAIOS SOLARES. INDEVIDO.
Em face da ausência de previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto (art. 195, CLT
e NR 15 MTb, Anexo 7).
Orientação Jurisprudencial da SBDI-1
RECURSO DA RECLAMADA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CALOR EXCESSIVO. LABOR NA CULTURA DE CANA. LIMITE DE TOLERÂNCIA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 173 DA SBDI-1. NÃO CONHECIMENTO. 1. Segundo o atual entendimento jurisprudencial desta Corte Superior, o trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3, da NR 15, da Portaria Nº 3.214/78 do MTb, faz jus ao pagamento do adicional de insalubridade. Inteligência da orientação Jurisprudencial nº 173, II, da SBDI-1. 2. Inviável o conhecimento do recurso de embargos interposto contra acórdão proferido em consonância com Orientação Jurisprudencial desta Corte Superior (artigo 894, II, da CLT). Recurso de embargos de que não se conhece. (E-ED-RR-111200-72.2008.5.09.0093, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 12/03/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
DECISÕES ENVOLVENDO O TEMA AMBIENTE DO
TRABALHO RURAL HORA À DISPOSIÇÃO
EXEMPLO: TROCA DE EITO. CORTADOR DE
CANA-DE-AÇÚCAR. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO
EMPREGADOR
o tempo despendido pelo trabalhador,
aguardando a distribuição pela reclamada dos
locais de trabalho, onde serão efetuados os
cortes de cana, configura período de efetivo
serviço.
TROCAS DE "EITOS". TEMPO À DISPOSIÇÃO. NÃO PROVIMENTO. No
caso, discute-se a natureza do tempo expendido pelo trabalhador
rural nas chamadas trocas de "eitos" (determinado espaço físico em
que a cana de açúcar é plantada e colhida). A respeito do tema, o
artigo 4º da CLT dispõe: "Considera-se como de serviço efetivo o
período em que o empregado esteja à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada". Em outras palavras, diz o citado artigo
que o tempo à disposição do empregador no local de trabalho,
independentemente da efetiva prestação de serviços, deve
compor a jornada de trabalho. Logo, o tempo gasto pelo
empregado no deslocamento entre os "eitos" configura tempo à
disposição do empregador, devendo ser remunerado, na medida
em que não há qualquer disponibilidade pessoal do trabalhador
nesse período, sendo uma rotina inerente e indispensável ao
trabalho na lavoura do corte de cana, beneficiando, a todo modo,
o próprio empregador. Precedentes. Agravo de instrumento a que
se nega provimento. (AIRR-1640-10.2012.5.09.0562, Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
03/12/2014, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/12/2014)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
NR -31
Outra obrigação do empregador, também prevista na NR 31,
como medida de ergonomia, é a concessão de pausas para
descanso durante o labor, com a finalidade precípua de
recomposição física e mental do corpo, nos seguintes casos:
31.10.7 Para as atividades que forem realizadas
necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas para
descanso.
[...]
31.10.9 Nas atividades que exijam sobrecarga muscular
estática ou dinâmica devem ser incluídas pausas para
descanso e outras
Possibilidade da aplicação analógica do descanso de 10 minutos a
cada período de 90 minutos trabalhados, previsto no artigo 72 da CLT,
para os empregados em serviços de mecanografia, aos trabalhadores
rurais, diante da ausência de expressa disposição acerca do tempo de
descanso a ser usufruído pelo trabalhador rural de que trata a Norma
Regulamentadora nº 31, é cabível a aplicação analógica dos
intervalos previstos no artigo 72 da CLT, com amparo nos artigos 8º da
CLT e 4º da LICC.
PAUSAS PARA DESCANSO. NORMA REGULAMENTADORA 31 DO
MINITÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO
ARTIGO 72 DA CLT
A Jurisprudência do TST já abriga entendimento
dominante no sentido de deferir aos
trabalhadores rurais, como no caso dos
cortadores de cana, as pausas para descanso -
atividades realizadas em pé ou que exijam
sobrecarga muscular estática ou dinâmica
(itens 31.10.7 e 31.10.9 da NR 31), com o
objetivo de preservar a segurança e saúde do
trabalhador na agropecuária e exploração
florestal. No caso, a lacuna normativa autoriza
a aplicação analógica do artigo 72 da CLT.
TRABALHADOR RURAL - PAUSAS - NR-31 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO - ART. 72 DA CLT - APLICAÇÃO ANALÓGICA. A Norma
Regulamentar nº 31 do Ministério do Trabalho e Emprego dispõe sobre a
obrigatoriedade de concessão de pausas para os trabalhadores rurais,
em atividades realizadas em pé ou que exijam sobrecarga muscular
estática ou dinâmica. Ausente previsão expressa acerca do período
destinado às pausas na norma que as disciplina, afigura-se cabível a
aplicação analógica dos interstícios previstos no art. 72 da CLT. Recurso
de revista conhecido e provido." (Processo: RR-3530-41.2010.5.15.0156
Data de Julgamento: 05/02/2014, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/02/2014)
RECURSO DE REVISTA. TRABALHADOR RURAL. PAUSAS PARA DESCANSO.
NORMA REGULAMENTADORA 31 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ARTIGO 72 DA CLT. A posição
firmada por esta Corte Superior é a de reconhecer a aplicação
analógica do artigo 72 da CLT às pausas para descanso estabelecidas
pelo item 31.10.7 e 31.10.9 da NR-31 do MTE. Recurso de revista
conhecido e provido. (RR-1750-38.2010.5.15.0036, Relator Ministro:
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 12/11/2014, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 14/11/2014)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
ACIDENTES DE TRABALHO NO CAMPO
São inúmeros os tipos de acidentes que o
trabalhador pode sofrer no meio rural. Dentre eles
podemos listar acidentes com animais peçonhentos
(picadas de cobras, aranhas, escorpiões...) ou de
grande porte (que pode ocorrer, por ex., no trabalho
do vaqueiro que, muito embora possua habilidades
no trabalho, às vezes é surpreendido por uma
manobra inesperada do animal); máquinas agrícolas
(principalmente tratores); ferramentas manuais;
agrotóxicos; além dos acidentes de trajeto.
TURMA DO TRT DA 23ª REGIÃO RECONHECE TRABALHO DE VAQUEIRO COMO ATIVIDADE DE RISCO.
VAQUEIRO. ATIVIDADE DE RISCO ACENTUADO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA – Na situação em apreço, não há dúvidas de que o ramo
de atividade explorado pelo Réu (agropecuária) é considerado de
risco acentuado, porquanto a NR-4 - Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, em seu
anexo quadro I-A, que trata da “Relação da Classificação Nacional
de Atividades Econômicas - CNAE”, com correspondente Grau de
Risco – GR, atribui à atividade agropecuária grau de risco “3”. Nesse
sentido, pondera-se que a atividade desenvolvida pelo Réu inclui o
contato com animais irracionais, arredios e de grande porte,
capazes de ferir uma pessoa com meros movimentos, sendo, por
este motivo, causadora de riscos à integridade física dos que dela
participam e bastante suficiente para a caracterização da
responsabilidade objetiva, a qual prescinde de culpa patronal. (...)
(TRT 23ª REGIÃO, 1ª Turma Rel. Des. OSMAIR COUTO.-RO-0000194-
41.2013.5.23.0046)
JURISPRUDÊNCIA DO TRT 23ª
TURMA DO TRT DA 24ª REGIÃO NÃO RECONHECE TRABALHO DE VAQUEIRO COMO ATIVIDADE DE RISCO.
PECUÁRIA - ACIDENTE DE TRABALHO - ATIVIDADE DE RISCO
NÃO CONFIGURADA - RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. Partindo do pressuposto de a atividade de risco configurar-se
como aquela que impõe ao autor do dano um ônus maior
do que aos demais membros da coletividade, não há
enquadrar a atividade de manejo do rebanho no conceito
supra, máxime na hipótese de o trabalhador rural possuir
vasta experiência nessa atividade. Recurso provido. (TRT 24ª
REGIÃO, Órgão Julgador: 1ª TURMA, Relator: ANDRÉ LUÍS
MORAES DE OLIVEIRA - 0000486-42.2010.5.24.0001)
JURISPRUDÊNCIA DO TRT 24ª
TURMA DO TRT DA 24ª REGIÃO EXCLUI INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE ACIDENTE TRABALHO. VAQUEIRO.
ACIDENTE DE TRABALHO - TRABALHADOR RURAL - INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - INDEVIDAS. O reclamante
era trabalhador rural e teve os dedos da mão direita
arrancados ao laçar um bezerro. O acidente ocorreu devido
ao modo de execução da tarefa, pois o autor, de maneira
perigosa e contrariamente ao procedimento que deveria ser
adotado, envolveu a corda, objeto utilizado no labor, na mão,
e dedos foram tracionados ante o movimento súbito do animal.
Verifica-se que houve negligência no desenvolvimento de seu
mister, considerando que tinha larga experiência nessa
atividade, o que atrai a culpa exclusiva da vítima no evento. Portanto, estando ausente o elemento culpa do reclamado nas
lesões, não há falar em indenização (artigos 186 e 927 do
Código Civil). Recurso dos reclamados provido. (TRT 24ª Região -
Relator: ANDRÉ LUÍS MORAES DE OLIVEIRA - 0165900-13.2009.5.24.0071)
JURISPRUDÊNCIA DO TRT 24ª
RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MANEJO DE GADO. QUEDA DE CAVALO. Trata-se de debate acerca da possibilidade de adoção da responsabilidade objetiva da reclamada pelo acidente de trabalho ocorrido com o autor, o qual laborava com o manejo de gado a cavalo,
quando o animal tropeçou, derrubando o empregado e causando-lhe a invalidez para o trabalho. (...) A regra civilista é perfeitamente aplicável de forma supletiva no Direito do Trabalho, haja vista o princípio da norma mais favorável, somado ao fato de o direito laboral primar pela proteção do trabalhador e pela segurança do trabalho, com a finalidade de
assegurar a dignidade e a integridade física e psíquica do empregado em seu ambiente laboral. É bem verdade que mesmo no campo da responsabilidade objetiva seria possível a ocorrência de excludentes capazes de afastar o nexo de causalidade e, via de consequência, o dever indenizatório da empresa. Entretanto, tratando-se de atividade de
risco, o fato de terceiro capaz de rompê-lo seria apenas aquele completamente alheio ao risco inerente à atividade desenvolvida, não a situação em que o acidente foi causado. Há precedentes da SDBI-1 do TST em casos similares. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-67-
22.2010.5.24.0001 , Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 04/06/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/09/2014)
JURISPRUDÊNCIA DO TST
A 5ª Turma do TST nega provimento a recurso do Reclamante e manteve o acórdão do TRT que adotou a responsabilidade subjetiva da reclamada pelo
acidente de trabalho ocorrido com o autor, que laborava como Vaqueiro
(TST-AIRR-645-10.2011.5.18.0003, Rel. Min Emmanoel Pereira, DJ15/3/2013).
No caso concreto o acórdão do Tribunal Regional assentou:
a presente controvérsia cinge-se a verificar a existência do elemento
culpa na conduta do reclamado, cuja demonstração é ônus probatório
do autor, por se tratar de fato constitutivo de seu direito, sendo que dele
não se desvencilhou a contento.
Registre-se que, desde a inicial, o reclamante alegou se tratar de um
vaqueiro experiente. Da mesma forma, foi claro ao informar o perito, por
ocasião do exame médico pericial, que sempre atuou no meio rural e já
tinha experiência nas atividades exercidas para o reclamado. Por
oportuno, transcrevo in verbis :(...)
Pelo exposto, depreende-se que o reclamante já estava acostumado a
lidar com animais, inclusive com mulas, não sendo possível afirmar que
não fosse preparado para o exercício de suas funções.
(...) Isso posto, ante a ausência do elemento subjetivo culpa, não há que
se falar em responsabilização da reclamada, razão pela qual reformo a
r. sentença para excluir a condenação ao pagamento da pensão mensal e
da indenização por danos morais."
JURISPRUDÊNCIA DO TST
Automação é a realização do trabalho através da tecnologia.
Extrai-se do texto constitucional que a proteção ao trabalhador
em face da automação decorre da consciência social captada pelo legislador, pois a automação traz consigo a
finalidade do bem-estar social, através dos avanços
tecnológicos.
Inegável que na área rural a automação aos poucos avança:
a colheitadeira de cana colhe 150 (cento e cinqüenta) toneladas por dia, trabalho equivalente ao de 38 pessoas; a
colheitadeira de soja, 6 (seis) toneladas por dia,
correspondendo a 5 pessoas; pessoas; a de arroz, 7,2 (sete
vírgula duas) toneladas, substituindo 5 pessoas; a de milho, 10,2 (dez vírgula duas) toneladas por dia, substituindo 5 pessoas,
etc.
AUTOMAÇÃO
Conclusões
Na trajetória de um crescente processo de modernização
e desenvolvimento tecnológico, o meio ambiente de
trabalho rural passou, nas últimas décadas, por profundas
mudanças no padrão de produção agropecuária, as
quais atingiram diretamente trabalhadores rurais e a
sociedade, a preservação do meio ambiente de trabalho,
é, hoje, um imperativo de sobrevivência do ser humano.
No meio rural aqui enfatizado, a questão reclama
empenho:
do empregador, que, inegavelmente, poderia investir
mais em ações preventivas, conscientizando melhor os
operadores para o risco potencial da atividade agrícola
através de cursos de treinamento, criando condições de
segurança e higiene para seus empregados, fornecendo
corretamente EPIs e fiscalizando o uso;
Conclusões
do empregado, que deve encarar a prevenção com mais
responsabilidade, prestando mais atenção nos seus atos;
das entidades sindicais representativas dos trabalhadores, com reivindicações de melhorias das condições de
trabalho;
e, também, do governo, que poderia contribuir
oferecendo aos trabalhadores programas de qualificação
para outras atividades profissionais.