8
ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE ELABORADOS POR ESCOLARES * Fernando Lefèvre** RSPUB9/517 LEFÈVRE, F. Análise de cartazes sobre esquistossomose elaborados por escolares. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 14:396-403, 1980. RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso Nacional de Cartazes sobre Esquistos- somose promovido pelo Programa Especial de Controle de Esquistossomose (PECE) do Ministério da Saúde. A análise revelou 4 grandes tipos de cartazes que configuram atitudes distintas diante do problema da Esquistossomose: os cartazes que apresentavam uma atitude puramente negativa diante do problema; os que apresentavam uma atitude puramente positiva; os mistos (combinação dos 2 primeiros tipos), divididos em 2 sub-tipos, que apresentavam: o primeiro, o comportamento indesejado e uma alternativa para este comportamento e o segundo, os elementos do problema sem os relacionar em forma alternativa; e os que apresentavam explicações didáticas ou técnicas sobre esquistossomose. Concluiu-se que as propostas para enfrentar o problema da esquistossomose apresentadas através das mensagens educativas oficiais, refletidas nos cartazes dos escolares, configuraram uma estratégia de mudança radical e, a curto prazo, de comportamentos "primitivos". Sugeriu-se estratégia mais gradual que respei- tasse os hábitos e valores culturais vigentes nas comunidades afetadas pela es- quistossomose. UNITERMOS: Esquistossomose, Nordeste, Brasil. Recursos audiovisuais. Edu- cação em saúde pública. * Trabalho apresentado na XXXI a Reunião Anual da SBPC. Fortaleza, julho de 1979. Subven- cionado pela FINEP, Processo 460/CT. ** Do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Caixa Postal 8002 — ZC 24 — Rio de Janeiro, RJ — Brasil. INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde, através da Divi- são Nacional de Educação em Saúde, vem realizando, dois anos, Concurso Nacional de Cartazes sobre Esquistossomose entre escolares de 7 a 14 anos da região Nordes- te do Brasil. No ano de 1978, tendo o Ministério rece- bido destes escolares uma grande massa de cartazes (16.000, aproximadamente), pareceu-lhe que seria importante realizar, além do concurso propriamente dito, um trabalho de investigação sobre este mate- rial, com o objetivo de tomar contato com a visão que a comunidade (via escolar) tem do problema da esquistossomose. Como este concurso foi realizado depois de terem sido estas populações alvo de um amplo programa de educação em saúde

ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSEELABORADOS POR ESCOLARES *

Fernando Lefèvre**

RSPUB9/517

LEFÈVRE, F. Análise de cartazes sobre esquistossomose elaborados por escolares.Rev. Saúde públ., S. Paulo, 14:396-403, 1980.

RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da regiãonordeste do Brasil, para o II° Concurso Nacional de Cartazes sobre Esquistos-somose promovido pelo Programa Especial de Controle de Esquistossomose(PECE) do Ministério da Saúde. A análise revelou 4 grandes tipos de cartazesque configuram atitudes distintas diante do problema da Esquistossomose: oscartazes que apresentavam uma atitude puramente negativa diante do problema;os que apresentavam uma atitude puramente positiva; os mistos (combinaçãodos 2 primeiros tipos), divididos em 2 sub-tipos, que apresentavam: o primeiro,o comportamento indesejado e uma alternativa para este comportamento e osegundo, os elementos do problema sem os relacionar em forma alternativa; eos que apresentavam explicações didáticas ou técnicas sobre esquistossomose.Concluiu-se que as propostas para enfrentar o problema da esquistossomoseapresentadas através das mensagens educativas oficiais, refletidas nos cartazesdos escolares, configuraram uma estratégia de mudança radical e, a curto prazo,de comportamentos "primitivos". Sugeriu-se estratégia mais gradual que respei-tasse os hábitos e valores culturais vigentes nas comunidades afetadas pela es-quistossomose.

UNITERMOS: Esquistossomose, Nordeste, Brasil. Recursos audiovisuais. Edu-cação em saúde pública.

* Trabalho apresentado na XXXIa Reunião Anual da SBPC. Fortaleza, julho de 1979. Subven-cionado pela FINEP, Processo 460/CT.

** Do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Caixa Postal8002 — ZC 24 — Rio de Janeiro, RJ — Brasil.

INTRODUÇÃO

O Ministério da Saúde, através da Divi-são Nacional de Educação em Saúde, vemrealizando, há dois anos, Concurso Nacionalde Cartazes sobre Esquistossomose entreescolares de 7 a 14 anos da região Nordes-te do Brasil.

No ano de 1978, tendo o Ministério rece-bido destes escolares uma grande massade cartazes (16.000, aproximadamente),

pareceu-lhe que seria importante realizar,além do concurso propriamente dito, umtrabalho de investigação sobre este mate-rial, com o objetivo de tomar contato coma visão que a comunidade (via escolar)tem do problema da esquistossomose.

Como este concurso foi realizado depoisde terem sido estas populações alvo de umamplo programa de educação em saúde

Page 2: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

voltado para o problema da esquistosso-mose, o trabalho de pesquisa sobre os car-tazes dos escolares seria também umamedida indireta de avaliação destes progra-mas de educação em saúde.

Para tanto foram estabelecidos contatosentre a Divisão Nacional de Educação emSaúde (DNES) e o Núcleo de TecnologiaEducacional para a Saúde (ÑUTES) daUniversidade Federal do Rio de Janeiro,tendo ficado este, em coordenação comaquela, encarregado da análise deste ma-terial.

Após estudos e discussões decidiu-se darum cunho marcadamente descritivo à aná-lise dos cartazes, ou seja, não pareceu útilao autor buscar, pelo menos nesta etapado trabalho, explicações que pudessem darconta do porque da escolha, pelos escolares,de certos sub-temas, dentro do tema geralesquistossomose e de modos próprios derepresentar estes sub-temas.

Pareceu mais importante — para que aanálise pudesse fornecer subsídios maisdiretos e mais rápidos para futuras ações

de educação em saúde do Ministério daSaúde — orientá-la numa linha descritivaque, através de uma tipologia simples, pu-desse mostrar como estas populações vêem(na medida em que esta visão se materia-liza no cartaz) a esquistossomose e as açõesdestinadas a enfrentá-la.

Igualmente importante foi verificar emque medida os cartazes dos escolares refle-tiam as mensagens educativas previamenteveiculadas pelas agências educativas ligadasao Ministério da Saúde, tanto mais quefazia parte do instrumental didático dasações educativas, levadas a cabo por essasagências, uma larga variedade de materiaisafins ao cartaz (do ponto de vista da for-ma), tais como: cartazes propriamente di-tos, álbuns seriados, histórias em quadri-nhos, folhetos ilustrados. Esses materiais*foram utilizados na análise como elementosde comparação com os cartazes dos esco-lares.

Daremos, a seguir, alguns exemplosdesses materiais didáticos difundidos, antesdo concurso, pelo Ministério da Saúde.

* Material editado pelo Ministério da Saúde, em 1978, em colaboração com:SUCAM — O que é a esquistossomose? (folheto);Fundação SESP — Combata a esquistossomose (cartaz); O que é a esquistossomose (álbumseriado); O ciclo da esquistossomose (cartaz); Combata o mal do caramujo (cartaz);Editora Abril/Pfizer Química — A festa agora é nossa (história em quadrinhos).

Page 3: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem

Trabalhou-se com uma amostra de 10%do total de cartazes (ou seja, 1.600 carta-zes) que concorreram aos prêmios do Con-curso Nacional de Cartazes acima referido.Esta amostra foi coletada em cada um dosEstados envolvidos no Concurso, pelos re-presentantes locais da DNES. A estesrepresentantes foi recomendado que esco-lhessem os cartazes através de métodosaleatórios (sugeriu-se a fórmula: separaros cartazes em lotes de dez, dos quaisseria, sistematicamente, retirado o últimocartaz) para que a representatividade daamostra não fosse prejudicada.

Com base numa sub-amostra (160 carta-zes) desta amostra foram estabelecidos osvocabulários e configurada a tipologia (verabaixo) tendo sido estes testados e corri-gidos em outras duas sub-amostras domesmo tamanho.

A amostra f inal do estudo ficou consti-tuída por 405 cartazes, pois verificou-se serdesnecessário analisar mais cartazes, poisos vocabulários e a tipologia não seriamafetados por uma amostra maior.

Estratégia da Análise

Resumidamente, a estratégia da análiseutilizada pode ser assim caracterizada:

— definição prévia do cartaz em questãocomo um produto icônico — verbal compredominância do icônico sobre o verbal.Entende-se por icônico o modo de re-presentar a realidade em que os sím-

bolos ou signos usados para transmitiridéias lembram os atributos dos objetossignificados. São exemplos de ícones,as fotografias, os desenhos, alguns si-nais de trânsito, as esculturas, a maio-ria dos ideogramas das línguas orientais,entre outros. Sobre o conceito de íconeconsulte-se a obra clássica de Pierce3;

— estabelecimento com base num critérioempírico, de um vocabulário icônico, deum vocabulário verbal e de uma listagemde tipos de relação sintática entre estasduas instâncias. O vocabulário icônicofoi composto de ícones isolados de sin-tagmas icônicos. Entende-se por sintag-ma icônico um conjunto organizado deícones com vistas a transmitir umsignificado unitário. Nesse sentido, osintagma icônico seria o equivalenteaproximado de uma frase ou de umconjunto de frases. São exemplos desintagmas icônicos as composições vi-suais de quadros ou desenhos, as cenasdos filmes, os "Passos da Paixão" deAleijadinho, entre outros. Sobre a no-ção de sintagma icônico consulte-seMetz2 ;

— utilização deste instrumental para a des-crição dos cartazes;

— elaboração de uma tipologia;

— enquadramento dos cartazes nesta tipo-logia;

— interpretação dos resultados.

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

A tipologia elaborada acabou definindoos seguintes tipos de cartazes:

Page 4: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

Tipo 1 — Cartazes puramente negativos:os cartazes que mostram configurações vi-suais, como banhar-se, lavar roupa oupescar em águas contaminadas associadasquase sempre a mensagens verbais do tipo"não faça isto", ou "atenção, este rio estácontaminado".

Tipo II — Cartazes puramente afirma-tivos: neste tipo foram enquadrados oscartazes que representavam visualmentesituações como: defecar em privada, tomarbanho em chuveiros, lavar roupas em la-vanderias públicas, associadas a mensagensverbais do tipo: "faça isto", "use o banhei-ro", entre outras.

Tipo III — Cartazes mistos: são do tipomisto os cartazes que apresentam ambas assituações dos tipos anteriores, com doissub-tipos bastante distintos: os cartazescom sintaxe forte e os com sintaxe fraca.

Nos cartazes com sintaxe forte configura-se uma verdadeira alternativa. São mostra-das, por exemplo, situações de indivíduosbanhando-se em águas contaminadas emcontraste com indivíduos usando o sanitárioe a mensagem visual coroada por mensa-gens verbais como: "não faça isto: façaisto" ou mais concretamente, "não tomebanho em águas contaminadas: use ochuveiro", entre outras.

No segundo sub-tipo (sintaxe fraca), nãose configura uma verdadeira alternativa.Nele apenas figuram, quase a título de-corativo, equipamentos como sanitário, chu-veiro, entre outros, ao lado de situaçõesnegativas como defecar a céu aberto oubanhar-se em rios contaminados, sem quehaja nem na parte visual nem na parteverbal qualquer tipo de relação explícitaentre a situação negativa e o equipamento.

Page 5: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso
Page 6: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso
Page 7: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

Tipo IV — Cartazes didáticos e técnicos:neste tipo foram enquadrados os cartazesque apresentavam explicações didáticas outécnicas da esquistossomose e de seu cicloou que mostravam, também de modo didá-tico ou técnico, os personagens envolvidosno problema: caramujos, miracídios, cercá-rias, entre outros.

COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES

A maioria dos cartazes (40%) enqua-drou-se no Tipo I (cartazes puramentenegativos). Aproximadamente 20% enqua-draram-se no primeiro sub-tipo III (carta-zes com sintaxe forte). A mesma percenta-gem (20%) foi verificada no outro sub-tipoI I I (cartazes com sintaxe fraca)* e 5% noTipo IV (cartazes escolares).

Estes dados sugerem que os escolares,na sua maioria, tendem a ver o problemada esquistossomose mais como resultantede um certo número de hábitos (notada-mente banhar-se em rio contaminado edefecar a céu aberto) a serem inibidos doque de novas práticas a serem adotadas.Em contrapartida, 20% dos escolares en-xerga a esquistossomose como associada ahábitos a serem substituídos por outros.

Além de analisar os cartazes a partir datipologia proposta, é igualmente interessan-te tecer algumas considerações sobre atipologia em si como definidora de um cam-po de significação ou universo de discurso,abarcado pelos cartazes e também pelasações educativas desenvolvidas pelo Minis-tério da Saúde, na medida em que fortesindicadores empíricos mostram grande in-fluência do material educativo previamentedistribuído sobre os cartazes produzidos pe-los escolares. Em outras palavras, como oscartazes elaborados pelos escolares refle-tiam largamente as ações educativas e asmensagens delas derivadas, o campo designificação definido pela tipologia pode servista como definindo também o sentido e

as linhas de força das próprias ações emensagens educativas.

Neste sentido é importante ressaltar que,seja combatendo o hábito de defecar a céuaberto (Tipo I), seja propondo o uso daprivada (Tipo II) , seja propondo o uso daprivada em substituição ao hábito de defe-car a céu aberto (Tipo III , sintaxe forte),o que se está pretendendo é combater aesquistossomose mudando-se radicalmenteos hábitos tradicionais das populações afe-tadas por esta doença. Esta estratégia,entretanto, não parece a mais adequada.Parece-nos que uma outra, menos ambicio-sa, poderia trazer resultados melhores, acurto prazo.

Esta outra estratégia procuraria não com-bater, mas, ao contrário, preservar, tantoquanto possível, os hábitos locais. Ao sepropor campanhas que envolvam mudançade hábitos arraigados, é preciso levar emconta que, para os indivíduos que os prati-cam, estes hábitos são valores, ou seja,comportamentos que eles consideram firme-mente como bons, normais, naturais, habi-tuais. Falando sobre a estratégia de mu-danças de comportamentos e hábitos rela-cionados à saúde, Jenkins1 af i rma: "thegoal must be realistically achievable in thelight of the patient's current behaviourpattern. Modest goals should be set atfirst to assure a foundation of early suces-ses" (os grifos são nossos). Por exemplo,para mudar o hábito de defecar a céuaberto poder-se-ia tentar usar a estratégiade aceitar este hábito e procurar mudá-lo"de dentro" difundindo, por exemplo aidéia de enterrar as fezes. A propósito,esta idéia foi difundida na campanha edu-cativa desenvolvida pelo Ministério daSaúde. Entretanto, tudo indica que não foidada suficiente ênfase a esta prática sim-ples, uma vez que se constatou pequenaincidência de representação desta práticanos cartazes dos escolares.

Uma investigação antropológica superfi-cial certamente revelaria que, para popula-

* Foram classificados no tipo II (cartazes puramente afirmativos) 12% dos cartazes.

Page 8: ANÁLISE DE CARTAZES SOBRE ESQUISTOSSOMOSE … · 2006. 2. 1. · RESUMO: Foi feita análise de cartazes produzidos por escolares da região nordeste do Brasil, para o II° Concurso

ções de zona rura l e de centros urbanosperiféricos, a esquistossomose não é consi-derada uma doença importante; pescar,lavar roupa e banhar-se em rios são hábi-tos generalizados e tradicionais, solidamen-te ancorados na cu l tura ; defecar " a céuaberto" é um hábito arraigado, cômodo eprático.

Part i r , em uma campanha, da idéia oupré-noção de que a percepção que as popu-lações têm da esquistossomose como doençaé simplesmente f ru to da ignorância que deveser combatida através da difusão, em largaescala, de informações técnicas e de queos hábitos "primitivos" associados a estaenfermidade devem ser simplesmente elimi-nados e substituídos por outros, "moder-nos", prevalecentes nas regiões urbanas ,

d i f ic i lmente conduzirão ao objetivo f i n a lalmejado, ou seja, à mudança efetiva, pro-funda e duradoura de comportamentos.

O que os escolares revelaram nos seuscartazes foi, fundamentalmente, a lição quelhes foi ensinada. Neste sentido, os car-tazes se parecem muito com os deveresescolares. Ora, sabemos, por experiênciaprópria, que o conteúdo desses deveresescolares é freqüentemente esquecido pelosalunos na semana seguinte à sua entrega.Por que isso ocorre? Sobretudo porque, namaioria dos casos, os deveres têm muitopouco a ver com a experiência de vida dosalunos, com a sua cultura. Só deveres queref l i tam de perto a cul tura dos educandostêm possibilidades de provocar nestes mu-danças de comportamento duráveis.

RSPUB9/517

LEFÈVRE. F. [Schistosomiasis and its portrayal on elementary school studentsposters] Rev. Saúde públ., S. Paulo, 14:396-403, 1980.

ABSTRACT: Posters prepared by students in the northeast of Brazil for theIII National Schistosomiasis Poster Contest, sponsored by the Health Ministry'sSpecial Schistosomiasis Control Program, produced four major types of postersexpressing different attitudes toward the problem of Schistosomiasis: postersshowing a purely negative attitude (ex.; "Do not bathe in contaminated rivers");those showing a purely positive attitude "Use the latrine"; and the mixed posters,a combination of the f i r s t , divided into two subtypes. The first of these subtypesprojected a message about an undersirable behavior and an alternative to it;whereas, the second subtype presented the problem's elements but withoutrelating them to alternatives. The last, that is, the fourth, type gave straightdidatic or technical explanations of Schistosomiasis. The proposals for confron-ting Schistosomiasis which were projected through the official educationalmessages by the students' posters present a strategy of fundamental change and,in a short period of time, of primitive behavior. To avoid jolts of culturalshock, a more gradual strategy was suggested — one that would respect thecultural habits and values of the communities affected.

U N I T E R M S : Schistosomiasis, Northeast, Brazil. Audio-visual aids. Healtheducation.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. JENKINS. D. C. An approach to the diag-nosis and treatment of problems ofhealth related behaviour. Int. J. H l t hEduc . , 22(suppl. 2), 1979.

2. METZ, C. Language et cinema. Paris, Ed.Larrouse. 1971.

3. PIERCE, C. S. La ciencia de la semiótica.Buenos Aires, Ed. Nueva Visión, 1974.

Recebido para publicação em 27/11/1919

Aprovado para publicação em 28/05/1980