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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ANDRÉ FELIPE ROTH PETRY ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO BRASIL: UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO MATO GROSSO Palhoça 2018

ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

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Page 1: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ANDRÉ FELIPE ROTH PETRY

ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO BRASIL: UM

ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO MATO GROSSO

Palhoça

2018

Page 2: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

ANDRÉ FELIPE ROTH PETRY

ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO BRASIL: UM

ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO MATO GROSSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia de Produção da

Universidade do Sul de Santa Catarina como

requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro de Produção.

Orientador: Prof. Valnei Carlos Denardin, Ms

Palhoça

2018

Page 3: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

ANDRÉ FELIPE ROTH PETRY

ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO BRASIL: UM

ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO MATO GROSSO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi

julgado adequado à obtenção do título de

Engenheiro de Produção e aprovado em sua

forma final pelo Curso de Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade do

Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 19 de junho de 2018.

______________________________________________________

Professor e orientador Prof. Valnei Carlos Denardin, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. Sílvio Jorge Machado, Lic.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. Paulo Roberto May, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Page 4: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

Dedico este trabalho principalmente aos meus

pais, irmãos e à minha namorada, pelo apoio e

compreensão para a elaboração deste trabalho.

Page 5: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, em especial à minha mãe, Maria Luiza Roth Petry, e a

meu pai, Arno Petry, pelo apoio e principalmente pela compreensão que tiveram para que eu

pudesse realizar este trabalho.

À minha namorada, Aline Welter, pelo companheirismo e paciência no decorrer do

curso.

Aos professores que me ajudaram a construir um conhecimento durante minha vida

acadêmica. Em especial ao meu orientador, MSc Valnei Carlos Denardin, pela paciência e pelo

vasto conhecimento.

Page 6: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

RESUMO

Como principal setor da economia brasileira, o agronegócio foi responsável por 25% do PIB

(Produto Interno Bruto) em 2017. Observando o avanço de diversos produtos agrícolas do País,

a soja está entre as atividades econômicas que nas últimas décadas vem crescendo

expressivamente em todo o Brasil. Além disso, o Brasil é um dos principais produtores de soja

do mundo e também um dos maiores exportadores do grão. O presente estudo foi elaborado

com o intuito de demonstrar a atual situação da infraestrutura da cadeia logística de soja no

Brasil tendo como foco principal de análise o estado do Mato Grosso, que é o maior estado

produtor e que exporta mais da metade do que produz. Foi efetuado levantamento da situação

atual dos modais mais utilizados para fazer o transporte da soja, que são o rodoviário (61%), o

ferroviário (21%) e o aquaviário (14%). Buscou-se também determinar os principais entraves

logísticos que ocorrem na cadeia logística da soja e sua necessidade em receber investimentos

para serem melhorados. Observou-se que o principal modal utilizado no Brasil é o rodoviário,

e que é possível fazer uma redistribuição de modais, já que o País possui uma grande extensão

territorial composta por uma quantidade de rios navegáveis. Essa redistribuição entre os modais

poderá potencializar a competitividade do setor agrícola do País e ajudaria a desafogar os portos

do Sul, que são os destinos mais percorridos pela soja. O estado do Mato Groso tem algumas

opções de ajustar algumas linhas logísticas, por exemplo, escoando a soja do Centro-Oeste pelo

rio Madeira, que desemboca no rio Amazonas, e seguir até o Porto de Santarém, que está

localizado perto da área marítima, local estratégico para escoar produtos para a Ásia (via Canal

do Panamá) e Europa.

Palavras-chave: Logística. Modais. Soja.

Page 7: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

ABSTRACT

The agribusiness is the main sector of the Brazilian economy. It accounts for 25% of the GDP

(Gross Domestic Product) in 2017. Soybeans are among the economic activities that have been

growing significantly in Brazil in the last decades amid other several agricultural products. In

addition, Brazil is one of the world's leading soybean producers and one of the largest exporters

of the grain. This study aims to show the current logistic in the infrastructure of soybean in

Brazil. The focus of this analysis is the state of Mato Grosso, which is the largest state producing

and exporting more than half its products. This paper also focused on the main routes currently

used to transport soybeans in Brazil, which are highways (61%), railroad (21%), and waterway

(14%). The study try to determine the key barriers of soybeans logistic. It needs to receive

investments to improve it. The main form of transportation in Brazil are highways. However, it

is possible to change freight transportation modes, since the country has great extension of

navigable rivers. This change could boost the competitiveness of the country's agricultural

sector, and help to unravel the Southern ports, which are the most traveled destinations for

soybeans. The state of Mato Grosso has choices to adjust some logistical outlines. One example

is taking the soybean from the Midwest by the Madeira River, which flows into the Amazon

River, and then to the Port of Santarém, which is located near the sea, strategic location to ship

products to Asia (via the Panama Canal) and Europe.

Keywords: Logistic. Transportation Mode. Soybean.

Page 8: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Vagão tipo Hopper ................................................................................................... 23

Figura 2 - Vagão fechado ......................................................................................................... 23

Figura 3 - Vagão gôndola ......................................................................................................... 23

Figura 4 - Ranking de infraestrutura portuária ......................................................................... 33

Figura 5 - Mapa Rodoviário do Mato Grosso .......................................................................... 44

Figura 6 - Simulação de transporte intermodal – Lucas do Rio Verde/MT – Porto de

Santarém/PA. ............................................................................................................................ 45

Figura 7 - Transporte intermodal de soja – rodoviário + ferroviário........................................ 46

Figura 8 - Intermodalidade Rodoviário + Hidroviário -Rodoviário ......................................... 47

Figura 9 - Mapa de ferrovias em uso, e ferrovias planejadas. .................................................. 48

Figura 10 - Hidrovias no estado do Mato Grosso ..................................................................... 50

Figura 11 - Hidrovias no Mato Grosso ..................................................................................... 54

Figura 12 - Hidrovias do arco Norte e seus devidos terminais integradores ............................ 56

Figura 13 - Rota alternativa para escoar soja para a Europa. Sapezal/ Rondônia/ Santarém/

Europa. ...................................................................................................................................... 59

Figura 14 - Rota de escoamento utilizando modal hidroviário de Água Boa/MT até

Marabá/PA, passando para o modal ferroviário de Marabá até o Porto de Itaqui. ................... 61

Figura 15 - Rotas Propostas para o escoamento da safra do Mato Grosso ............................... 61

Page 9: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição de vagões nas malhas ferroviárias brasileiras em 2015..................... 22

Gráfico 2 - Densidade das ferrovias por países exportadores de grãos: km de infraestrutura

rodoviária/mil km² de área no ano de 2015. ............................................................................. 24

Gráfico 3 - Densidade das hidrovias por países exportadores de grãos: km de infraestrutura

hidroviária/1000 km2 de área. .................................................................................................. 25

Gráfico 4 - Movimentação de soja, milho e farelo nas vias interiores brasileiras por Região

Hidrográfica em 2014. .............................................................................................................. 27

Gráfico 5 - Evolução da capacidade de armazenagem, da produção e defasagem anual de

grãos de 2010 a 2015. ............................................................................................................... 29

Gráfico 6 - Participação de armazéns nas propriedades rurais. ................................................ 30

Gráfico 7 - Investimentos em portos públicos. ......................................................................... 33

Gráfico 8 - Principais países exportadores de soja. .................................................................. 34

Gráfico 9 - Exportação por estado brasileiro com seus respectivos percentuais de participação.

.................................................................................................................................................. 35

Gráfico 10 - Principais portos exportadores de soja no Brasil (1000 ton). .............................. 36

Gráfico 11 - Produção de soja por estado brasileiro. ................................................................ 41

Gráfico 12 - Área Plantada (1000 h) x Produção (1000 t)........................................................ 42

Gráfico 13 - Capacidade Estática por mesorregião do MT. ..................................................... 43

Gráfico 14 - Densidade do transporte ferroviário. .................................................................... 49

Gráfico 15 - Exportação de soja por estado, 2015, 2016, 2017. ............................................... 51

Gráfico 16 - Movimentação de soja por vias interiores............................................................ 55

Page 10: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo entre os modais de transporte brasileiro. ........................................... 28

Tabela 2 - Produção e armazenagem de grãos no Brasil (2016). ............................................. 31

Tabela 3 - Matriz de transporte de cargas................................................................................. 43

Tabela 4 - Operadoras da malha ferroviária brasileira. ............................................................ 48

Tabela 5 - Preço do frete rodoviário, distância e tempo da origem até o destino das principais

cidades produtoras no Mato Grosso, até os principais portos exportadores de soja em 2016. 52

Tabela 6 - Preço do frete ferroviário por Concessão ferroviária. ............................................. 53

Tabela 7 - Custo do frete Hidroviário de curta e longa distância (R$/Km/Ton). ..................... 55

Tabela 8 - Origem X destino por tipo de modal. ...................................................................... 59

Tabela 9 - Origem X destino, por tipo de modal. ..................................................................... 60

Page 11: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................................... 12

OBJETIVOS .................................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................................... 14

JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

LIMITAÇÕES DO TRABALHO .................................................................................... 14

ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 15

REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17

HISTÓRIA DA LOGÍSTICA .......................................................................................... 17

MODAIS DE TRANSPORTE ......................................................................................... 20

2.2.1 Rodoviário ..................................................................................................................... 20

2.2.2 Ferroviário ..................................................................................................................... 21

2.2.3 Hidrovias ....................................................................................................................... 25

ARMAZENAGEM .......................................................................................................... 28

SISTEMA PORTUÁRIO ................................................................................................. 32

2.4.1 Infraestrutura de Operação/ Estados ............................................................................. 36

METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 39

CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 40

ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS............................................................. 41

POTENCIAL PRODUTIVO DO ESTADO DO MATO GROSSO ............................... 41

ANÁLISE DE CAPACIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO. .......................... 42

4.2.1 Produção ........................................................................................................................ 42

4.2.2 Armazenagem................................................................................................................ 42

4.2.3 Modais de transporte ..................................................................................................... 43

4.2.4 Exportação ..................................................................................................................... 50

4.2.5 Custo de Frete e Tempo Médio ..................................................................................... 51

CONCLUSÃO DO ESTUDO DE CASO ........................................................................ 57

CONCLUSÕES ................................................................................................................. 63

SUGESTÕES DE NOVOS TRABALHOS ..................................................................... 63

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65

Page 12: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

12

INTRODUÇÃO

A produção primária de alimentos é essencial para a sobrevivência da humanidade,

porque tudo que é criado ou produzido tem alguma variável que vem da agricultura.

O Brasil é um dos maiores produtores agropecuários do mundo, ficando atrás

apenas dos Estados Unidos e da China, que ocupa a primeira posição.

Como principal setor da economia brasileira, o agronegócio é responsável por 25%

do PIB nacional em 2017, aumento de 6% em relação a 2015 (CEPEA, 2017).

Segundo Hirakuri (2014), neste contexto, entre o avanço de diversos produtos

agrícolas, a produção de soja está entre as atividades econômicas que, nas últimas décadas,

apresentaram crescimento mais expressivo com uma expansão passando dos três estados do Sul

(Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) na década de 70 para 15 estados, no período atual.

No contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na

demanda de produtos do complexo agroindustrial da soja. Isso tem sido possível pelo

estabelecimento e progresso contínuo de uma cadeia produtiva bem estruturada e que

desempenha papel fundamental para o desenvolvimento econômico-social de várias regiões do

País, considerando avanços tecnológicos que possibilitaram tamanha proeza.

Como a produção de soja vem aumentando ano a ano, os números demonstram

também o crescimento do volume exportado, que só na safra 2016/2017 registrou 68,2 milhões

de toneladas exportadas, cerca de 60% da produção nacional (AGROCONSULT, 2017).

Neste contexto, o sistema logístico passa a ser uma variável chave para o sucesso

da soja no mercado externo, já que o Brasil também não está sozinho neste segmento, ou seja,

tem grandes concorrentes, como Estados Unidos e Argentina. Assim, a logística acaba sendo

uma área estratégica em termos de competitividade.

O Brasil expandiu a sua produção de grãos e, hoje, é um dos países que mais se

destaca no cenário mundial da agricultura. Porém, as ineficiências da infraestrutura logística,

localizadas fora da porteira da fazenda, anulam a aptidão e a competência do setor,

comprometendo sua competitividade no mercado interno e externo (CNA, 2017).

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O país vem batendo recordes safra após safra com o exponencial aumento da

produção de grãos, colaborando para o crescimento econômico e tornando o Brasil mais

competitivo. Mas, paralelo a isto, a atual infraestrutura logística não tem demonstrado

Page 13: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

13

capacidade de atender à alta produção de grãos que, em 2016, segundo a CONAB (2016),

chegou a 186,4 milhões de toneladas.

O setor agropecuário produz grandes volumes e, com isso, há a necessidade de se

deslocar essa produção das áreas produtoras até os centros de consumo, indústrias de

processamento ou até mesmo para a exportação. O deslocamento dessa grande quantidade de

mercadoria por longas distâncias no Brasil faz com que o custo total do serviço seja elevado

(CNT, 2015).

É importante observar que as características favoráveis do setor produtivo somente

serão convertidas em vantagem competitiva se houver um sistema logístico eficiente que

acompanhe os diferenciais alcançados pela cadeia produtiva. Portanto, para aproveitar o

potencial agrícola brasileiro é necessário que a qualidade e a disponibilidade da infraestrutura

logística existente estejam em nível de atender à demanda. E, nesse quesito, a produção

brasileira é penalizada devido aos gargalos existentes (CNT, 2015).

Problemas estruturais de infraestrutura logística têm sido amplamente debatidos,

mas a solução ainda está longe de contribuir para o aumento de competitividade da produção

agropecuária brasileira. As distâncias são longas, o transporte hidroviário é precário e os fretes

rodoviários e ferroviários são elevados no Brasil, porque a demanda por serviços de logística

de transporte é maior do que a oferta. De acordo com a ABAG (Associação Brasileira do

Agronegócio, 2013), as transportadoras não conseguem atender à demanda crescente e sazonal

do agronegócio, entre outros motivos, devido à insuficiência da malha ferroviária e rodoviária

e da qualidade precária das vias.

Visto que o Brasil carece de infraestrutura para atender a essa fatia do mercado, a

missão principal da logística é facilitar o caminho entre o produto e o cliente, no lugar e instante

correto, dentro das condições estabelecidas e ao menor custo possível. Diante desta situação, é

possível tornar a soja brasileira mais competitiva e atrativa ao mercado externo. Que ações

seriam necessárias para melhorar a eficiência logística de transporte do Brasil?

OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Abordar os entraves no setor logístico que envolvem os transportes de soja no

Brasil, analisando os modais de transporte, sua infraestrutura e superestrutura para escoar a

Page 14: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

14

produção de grãos dos principais estados produtores, com foco prioritário no estado do Mato

Grosso.

1.2.2 Objetivos específicos

1) analisar a demanda atual de produção do grão de soja no Brasil;

2) efetuar levantamento da situação atual dos modais;

3) diagnosticar a infraestrutura atual dos principais portos de recebimento;

4) elaborar propostas de melhorias para o maior estado produtor.

JUSTIFICATIVA

Mostrar o real problema logístico que vem atormentando o agronegócio brasileiro,

porque a produção de soja no Brasil vem crescendo exponencialmente a cada safra. Já o mesmo

não se verifica ao se analisar paralelamente a adequação da infraestrutura logística do Brasil às

necessidades de aumento de produção.

Segundo a CNT (2015), os problemas logísticos do Brasil estão associados à

carência e à má qualidade da infraestrutura, a uma inadequada distribuição modal, à falta de

incentivo para a inter ou multimodalidade e à concentração geográfica das estruturas

disponíveis, que leva à saturação da capacidade de escoamento de determinadas regiões. Como

resultado, as vantagens comparativas observadas nos aspectos produtivos são suprimidas pelos

custos derivados da ineficiência logística do País.

Segundo Caixeta Filho (2010), a produção agrícola vem crescendo principalmente

em países emergentes, como o Brasil, em regiões muito distantes dos centros de consumo. Tal

fato cria a necessidade de criação de corredores de logística eficientes, pois é perceptível a

interdependência entre o transporte e a produção agrícola, em que só a soja, na safra 2016/17,

alcançou 114.569 milhões de toneladas, segundo dados da Agroconsult (2017).

LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Grande parte dos estados brasileiros produzem soja, uns mais, outros menos. Mas

todos eles possuem algo em comum: problemas com o escoamento da safra.

Page 15: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

15

Neste trabalho, o foco será dado ao estado com maior produção de soja, ou seja, o

Mato Grosso, situado no Centro da América do Sul. Por isso, ele está significativamente longe

da área de portos, que é a linha de frente do mercado internacional.

Este estudo levará em consideração os modais de transportes mais utilizados no

Brasil para fazer o escoamento dos grãos até os portos, isto é, o rodoviário, o ferroviário e o

aquaviário.

Dentre os portos que comercializam soja foram considerados os que têm maior

participação na exportação de soja originada no Mato Grosso. Paralelamente a isso, os portos

que têm maior movimentação de soja no Brasil também foram incluídos neste estudo, ou seja,

o Porto de Santos, o Porto de Paranaguá e o Porto de Rio Grande. O Porto de Itaqui e de

Santarém também serão considerados, pois são portos estrategicamente bem localizados e

muito mais requisitados nos últimos anos. Com isso, o estudo abrange boa parte das opções de

escoamento, tanto no Norte quanto no Sul e Sudeste do Brasil.

ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em 6 capítulos, com o intuído de somar o

entendimento sobre o tema em questão e as análises dos entraves encontrados no sistema

logístico da soja no estado do Mato Grosso.

O capítulo 1 está organizado em introdução, que faz uma abordagem geral sobre a

importância da logística na cadeia de suprimentos. Logo após foi apresentado a problemática

da pesquisa e, posteriormente, o objetivo geral e os específicos, que são o foco central deste

estudo de caso.

O capítulo 2 conta sobre os assuntos pertinentes que envolvem a logística,

começando na história da logística nos anos 70 até os fatores-chave da cadeia logística de

abastecimento; os modais de transporte e suas características; armazenagem de grãos; o sistema

portuário no Brasil; infraestrutura de operação nos estados dos portos que terão maior ênfase

neste estudo.

O capítulo 3 descreve a metodologia e caracterização da pesquisa.

O capítulo 4 traz uma análise do potencial operacional do estado do Mato Grosso,

focado na soja e suas principais operações e como ocorre a utilização da infraestrutura que o

estado possui atualmente.

Logo após, no capítulo 5, foram apresentadas as principais conclusões e algumas

sugestões de proposta de melhorias.

Page 16: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

16

O capítulo 6 do trabalho é composto pelas referências que deram suporte à

realização deste estudo.

Page 17: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

17

REFERENCIAL TEÓRICO

HISTÓRIA DA LOGÍSTICA

Desde o início, no século III a.C., na Grécia, conceituava-se a Logística como a arte

de calcular (aritmética aplicada). Há milhares de anos, o conceito tem tudo a ver com o principal

propósito da Logística nos conceitos atuais (redução de custo sem perdas de eficiência no

atendimento e de qualidade do produto). No início do século XVII, na França, foi introduzido

pela primeira vez no mundo o conceito logístico na guerra, em função dos crescentes problemas

operacionais, criando-se assim a patente de General de Lógis (do verbo francês ‘lôger’, que

significa alojar). Um dos primeiros homens da história a utilizar bem as estratégias da Logística

foi Alexandre o Grande, que, com um exército de 35.000 homens, chegou a abater exércitos

inimigos de até 60.000 homens, perdendo apenas 110 homens. Ele usou as estratégias

Logísticas. (NOVAES, 2007, p. 01).

Para Oliveira e Farias (2010, p. 01), no Brasil, a logística passou a ser disseminada

após a Segunda Guerra mundial, conforme cronologia a seguir:

Anos 70

• Desconhecimento e abrangência do termo logística;

• Informática não era utilizada;

• Iniciativas no setor automobilístico principalmente em movimentação e

armazenagem de peças;

• Em 1977 foram criadas a ABAM (Associação Brasileira de Administração de

Materiais) e a ABMM (Associação Brasileira de Movimentação de

Materiais). E em 1979 surge o IMAM (Instituto de Movimentação e

Armazenagem de Materiais).

Anos 80

• A logística era focada em transporte e armazenagem, com o objetivo de

eficiência produtiva;

• Em 1982, o Japão introduziu os primeiros sistemas modernos de logística

integrada, o JIT (Just in Time) e o Kanban, desenvolvidos pela Toyota;

• Em 1984, a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados criou um

departamento de logística para discutir e analisar relações entre fornecedores

e supermercados;

• Instalação do primeiro operador logístico no Brasil.

Page 18: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

18

Anos 90

• Inclusão de cálculos para estudos das relações, dispersões, movimentos etc.,

com foco em Administração de Materiais, Distribuição, Movimentação e

Armazenagem de Materiais;

• Estabilização da economia com foco em custo;

• Evolução de TI (Tecnologia da Informação) com desenvolvimento de

softwares para a gestão de estoques e sistemas de entregas;

• Privatização e terceirização dos sistemas de distribuição e transporte;

• Ascensão do e-commerce.

Anos 2000 (Atual)

• Globalização;

• Aumento da concorrência;

• Maiores exigências de serviços pelo cliente;

• Forte tendência de fusões entre companhias;

• Incerteza econômica;

• Foco no planejamento e atendimento ao cliente;

• Necessidade de inovar;

A logística é definida por Ballou (2006) como sendo o conjunto de atividades que

gerenciam o fluxo de produtos e informações, da cadeia de fornecedores até o atendimento ao

cliente final, realizando a integração do transporte, o armazenamento, a gestão de estoques, a

comunicação, a embalagem de produtos e a administração de serviços.

A indústria precisou suprir as necessidades que o mercado demandava. Nessa fase

começou o processo de padronização de produtos para famílias com até cinco integrantes.

Consequentemente, com o grande volume de produtos acabados, os estoques serviam como

pulmão, protegendo os distribuidores e varejistas contra a incerteza dos fornecimentos. Havia

a ausência de sistemas de informação e comunicação avançados, forçando a padronização dos

produtos, como no caso da fabricação de geladeira que era de um único tipo. (NOVAES, 2007).

O fator logístico e de extrema importância nas considerações da cadeia de

abastecimento e na movimentação de produtos e materiais de um ponto a outro.

A ideia de movimento remonta aos tempos pre-históricos. A invenção da roda, por

exemplo, nasceu seguramente da necessidade de levar e trazer cargas com esforço menor,

colocando boa parte do trabalho dos homens sobre as rodas. (BERTAGLIA, 2016, p. 274).

Page 19: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

19

O transporte de cargas e o principal eixo dos sistemas logísticos das empresas. Sua

importância pode ser medida através de, pelo menos, três indicadores financeiros: custo,

faturamento e lucro. O transporte representa, em média, 64% dos custos logísticos, 4,3% do

faturamento e, em alguns casos, mais que o dobro do lucro (FLEURY; WANKE;

FIGUEIREDO, 2000; BOWERSOX; CLOSS; STANK, 1999).

Com relação a países com certo nível de industrialização, diversos estudos e

pesquisas apontam que os gastos com transporte ficam em torno de 6% do PIB (LIMA, 2005,

p. 1). Já no Brasil, os gastos com transporte, estoque, armazenagem e serviços administrativos

chegam em torno de 12,7% do PIB brasileiro, mais que o dobro em relação a outros países

(PIANEGONDA, 2016).

Armazenagem é a guarda temporária de produtos estocados para posterior

distribuição, agregando valor à comercialização destes produtos. (FRANKLIN, 2003).

Barros (1999) afirma que os produtos estocados são de extrema importância para

manter o equilíbrio entre a demanda e a oferta. O nível do estoque equilibra-se entre o menor

possível para minimizar os custos, e um nível mais alto para não haver falta de produto e

consequente perda de venda. Com o estoque alto, consegue-se garantir o atendimento do cliente

no mesmo momento, mas, por outro lado, implica custos de oportunidades e financeiros

perdidos, já que o dinheiro está em forma de estoque.

Por definição de Moura (1997),

uma forma de descrever a armazenagem é a atividade na qual são executadas as

operações de estocagem ordenada e a distribuição de produtos nos seus locais de

fabricação ou nos locais destinados a esse fim pelos produtores, ou por meio de um

processo de distribuição.

Com a evolução dos negócios e da tecnologia que resultou na considerável melhora

da qualidade dos bens e serviços, as empresas definiram razões para elevar a estocagem e

armazenagem de produtos, dentre as quais quatro são citadas por Ballou (2004): “redução de

custos de transportes e de produção; coordenação da oferta-demanda; auxílio no processo de

produção; ajuda no processo de marketing.”

Quando se produz em larga quantidade, como é o caso de inúmeros produtores

brasileiros, é de extrema importância ter um sistema de armazenagem visando obter

competitividade no mercado em que ele está inserido.

Page 20: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

20

Para Silva (2000), o armazenamento em nível de propriedade rural deve ser visto

como uma forma de incrementar as produções agrícolas, ou seja, dar suporte a ela, para reduzir

o estrangulamento da comercialização de grãos, ou mesmo evitá-lo, e permitir a regularização

dos fluxos de oferta e demanda, com a manutenção de estoques e a racionalização do sistema

de transportes, evitando-se, assim, os efeitos especulativos do mercado.

Para Giovine e Christ (2010), em países como França, Argentina e Estados Unidos,

a armazenagem nas fazendas representa cerca de 30 a 60% da safra. Já no Brasil, esta prática

não é muito difundida, ficando na casa dos 5%, ou seja, muito atrás de países que são

concorrentes diretos em quesito de produção e comercialização de soja.

O produtor pode ter inúmeros benefícios com a utilização do processo de

armazenagem dos grãos, sendo também uma estratégia de comercialização, pois dá a opção de

o produtor “segurar” a produção, fazendo com que ele comercialize a soja no período em que

os preços começam a subir, trazendo receitas maiores e aumentando sua lucratividade. Em

determinados anos, o comportamento do preço oscila estando baixo próximo do período da

colheita e aumentando gradativamente. Já em outros, o aumento é instantâneo, dependendo do

cenário do mercado mundial em termos de frustração de safra.

MODAIS DE TRANSPORTE

Tanto no âmbito das políticas públicas de investimento em infraestrutura quanto no

âmbito gerencial de empresas privadas e estatais, a principal decisão relativa ao transporte de

cargas e a escolha dos modais para efeito de transporte (FIGUEIREDO; FLEURY; WANKE,

2003).

São cinco os modais de transporte de cargas utilizados no Brasil: rodoviário,

ferroviário, aquaviario, dutoviario e aereo. Cada tipo de transporte tem suas características

operacionais específicas que diferenciam qual o melhor meio de transporte utilizar, e que se

torna mais adequado para certos tipos de produtos e operações.

O presente trabalho focará nos 3 principais modais de transportes utilizados no

Brasil para o escoamento da soja, que são: rodoviário, ferroviário e aquaviário.

2.2.1 Rodoviário

Segundo a CNT (2015), o modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, pois possui

características de capacidade e custo que o fazem mais adequado ao transporte de volumes

Page 21: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

21

pequenos ou médios, em distâncias curtas ou médias. Possui, também, particularidade como a

flexibilidade para atuar do início ao fim da cadeia produtiva, ampla cobertura (permitindo o

acesso a locais não alcançados por ferrovias e por hidrovias) e praticidade, compatíveis com

diferentes tipos de cargas e origens e destinos da movimentação.

Para Caixeta Filho e Gameiro (2001), o transporte via rodoviário por caminhões

tem capacidade de se ajustar mais facilmente com as demandas do dia a dia, tornando-o mais

flexível em comparação aos outros modais de transporte. Empresas individuais podem entrar

ou sair da atividade em uma região, ajustando o seu investimento às 11 exigências do mercado

consumidor (acesso facilitado, facilidade de uso, garantia de frequência e abastecimento, direito

a suporte, prontidão da empresa e importância e atenção). Estes pontos tornam o custo fixo por

unidade transportada por rodovia estável, dependendo do volume de carga a transportar.

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT, 2016) corrobora que, das cargas

movimentadas no Brasil, 61,1% é realizada pelo modal rodoviário, e sem entrar no mérito dos

erros e acertos da política brasileira de transporte, essa realidade não será modificada tão

facilmente em termos globais, por pelo menos algumas décadas.

2.2.2 Ferroviário

O modal ferroviário é pouco utilizado no Brasil, embora, na primeira metade do

Século XX, 60% da matriz de transporte de cargas era via ferrovias, ou seja, eram os

“caminhões” dos dias atuais. A partir da década de 1950, com a proposta de integração regional

por meio de rodovias, a participação da malha ferroviária diminuiu gradativamente,

representando, nos dias atuais, 21% do total de carga transportada. São 28,6 mil quilômetros de

ferrovias, sob a administração de 12 concessionárias, operadas por oito grupos empresariais.

Da extensão total, somente um terço da malha férrea é explorado economicamente e boa parte

das linhas em operação está situada nas regiões Sul e Sudeste (CNA, 2016).

O modal ferroviário é indicado para o transporte de grandes volumes de carga por

longas distâncias. Também é considerado mais seguro, mais econômico e menos poluente,

comparativamente ao modo rodoviário. Dessa forma, o perfil geográfico brasileiro, que gera a

necessidade de deslocamentos por grandes distâncias, e a elevada participação da produção de

commodities na estrutura econômica do país seriam fatores vantajosos ao desenvolvimento das

ferrovias. Entretanto, o transporte ferroviário ainda é uma modalidade pouco utilizada no Brasil

(CNT, 2015, p. 51).

Page 22: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

22

A CNT (2015) afirma ainda que o transporte ferroviário é considerado insuficiente

para atender às diversas demandas existentes, além de estar concentrada em eixos de

movimentação de cargas destinadas à exportação. Segundo dados do Sistema de

Acompanhamento e Fiscalização do Transporte Ferroviário (SAFF) da ANTT, atualmente

existem aproximadamente 100 mil vagões em operação nas malhas ferroviárias brasileiras.

No Brasil, são utilizados basicamente 3 tipos de vagões para realizar o transporte

de granéis agrícolas: os do tipo hopper, que representam 25% da frota ferroviária brasileira; os

vagões fechados, 12,1% do total; e vagões gôndola, com 44,2%. Este último também é utilizado

para o transporte de soja e milho. A distribuição dos vagões por tipo e malha é apresentada no

gráfico 1.

Gráfico 1 - Distribuição de vagões nas malhas ferroviárias brasileiras em 2015

Fonte: elaboração CNT com dados do SAFF/ANTT (2015, p. 52).

Page 23: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

23

Figura 1 - Vagão tipo Hopper

Fonte: MRS logística (2016, p. 1).

Figura 2 - Vagão fechado

Fonte: Hobby online (2015, p. 1).

Figura 3 - Vagão gôndola

Fonte: Hobby online (2015, p. 1).

Page 24: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

24

A produtividade média das ferrovias nacionais atinge apenas 30% em comparação

às ferrovias norte-americanas e é agravada, ainda, pela baixa densidade da malha ferroviária

nacional: 3,4 quilômetros/mil km², enquanto nos Estados Unidos a densidade é de 22,9

quilômetros/mil km². Estes gargalos acabam atingindo a capacidade de movimentação, elevam

os custos de operações e os riscos de acidentes (CNA, 2015).

Apesar do vasto crescimento da movimentação de grãos nos últimos tempos, a

malha ferroviária brasileira tem seu desempenho operacional limitado pelo fato de ter uma

baixa densidade do modal. Comparando o Brasil com os principais produtores e exportadores

mundiais de soja e milho, a densidade da malha ferroviária brasileira é pequena. Têm-se

somente três quilômetros de infraestrutura para cada 1000 quilômetros quadrados de área.

Ucrânia, Estados unidos, Índia e Argentina se destacam como países que possuem as melhores

densidades de ferrovias. Como exemplo, a Argentina tem uma densidade de 13,3, visto que o

Brasil está com densidade de 3,4, como mostra o Gráfico 2.

Gráfico 2 - Densidade das ferrovias por países exportadores de grãos: km de infraestrutura

rodoviária/mil km² de área no ano de 2015.

Fonte: Confederação Nacional dos Transportes (2015). Observação: *China foi considerada por representar o

principal comprador da soja brasileira.

Page 25: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

25

2.2.3 Hidrovias

Caixeta Filho e Gameiro (2001) destacam que o transporte hidroviário é

caracterizado pela movimentação de cargas volumosas de baixo valor específico, a baixas

velocidades. Ele é o mais indicado para movimentações em longas distâncias e apresenta o

menor consumo de combustível (em condições semelhantes de carga e de distância, um

conjunto de barcaças consome menos da metade do combustível requerido se comparado às

mesmas condições do modal ferroviário). A participação do modal hidroviário no transporte de

cargas no Brasil é de 13%, muito abaixo em comparação ao modal rodoviário.

A CNA (2017) aborda que o potencial de navegabilidade em águas superficiais

fluviolacustres do Brasil é de 63 mil quilômetros. A rede hidrográfica nacional encontra-se

subdividida em nove bacias, formando 44 mil quilômetros de rios, dos quais 20,9 mil

quilômetros estão disponíveis – sem a necessidade de realização de obras de dragagem ou

transposição – e apenas 13 mil quilômetros são utilizados economicamente. É pouco em

comparação aos demais países exportadores de grãos. Os Estados Unidos, que é um dos

principais concorrentes na comercialização de soja, contam com uma malha hidroviária de 41

mil quilômetros como mostra o Gráfico 3.

Gráfico 3 - Densidade das hidrovias por países exportadores de grãos: km de infraestrutura

hidroviária/1000 km2 de área.

Fonte: CNT (2015). Observação: A China foi considerada por representar o principal comprador da

soja brasileira.

Page 26: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

26

O cenário é resultado da falta de investimentos em dragagens, derrocamentos,

sinalização e balizamento dos rios brasileiros, bem como em eclusas que possibilitem a

navegação em rios onde há desníveis naturais ou barramentos para a geração de energia

hidrelétrica. Segundo uma sondagem de expectativas econômicas do transportador feita em

2014 pela CNT, 28,6% dos empresários apontaram que a infraestrutura inadequada é o que mais

prejudica o desenvolvimento do modal.

O produto mais transportado pelas hidrovias brasileiras são commodities, como

grãos, minérios e insumos, fertilizantes e combustíveis. Como os produtos agrícolas possuem

baixa densidade de valor, os custos logísticos impactam diretamente no preço final. Esse fato

facilita a formação de polos comerciais e industriais localizados às suas margens, atuando de

forma integrada com os demais modais que irão complementar o transporte fluvial.

Estudos demonstram que as hidrovias são o melhor modal de transporte para

grandes quantidades de carga, com a melhor relação custo-benefício. Como citado pela CNT

(2016), no que tange à economia de combustível, as hidrovias também saem na frente no quesito

transporte de cargas.

No que se refere à oferta, em 2014, havia 1.614 embarcações registradas na

prestação de serviço de transporte de cargas por hidrovias. Desse total, 63,8% eram do tipo

balsa, barcaça ou chata e 2,9% graneleiros com 1,6 milhão e 114 mil Toneladas de Porte Bruto

(TPB), respectivamente – o que corresponde a 88,2% e 6,5% da capacidade total do segmento.

Todos esses tipos de balsas podem ser utilizados para a movimentação de soja e

milho. Há 506 rebocadores/empurradores cadastrados para prestação de serviço na navegação

interior brasileira (31,4% da frota total).

Em 2014, foram transportadas, via navegação interior, 4,1 milhões de toneladas de

soja, 1,8 milhão de toneladas de milho e 549 mil toneladas de farelo de soja pelas vias interiores

brasileiras, totalizando 6,5 milhões de toneladas de grãos. Na navegação de longo curso em vias

interiores, por sua vez, o volume de soja, milho e farelo, movimentado em 2014, foi da ordem

de 5,2 milhões de toneladas. Esse tipo de navegação ocorre a partir dos portos de Itacoatiara

(AM) e de Santarém (PA), na Região Hidrográfica Amazônica, e de Terfron e Ponta da

Montanha, na Região Hidrográfica do Tocantins Araguaia, que, embora localizados em via

fluvial, têm capacidade para receber navios de longo curso, que realizam o transporte marítimo

até outros países.

A Região Hidrográfica Amazônica ocupa 45% do território nacional, abrangendo

sete estados (Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso). Possui uma

extensa quantidade de rios com grande abundância de água. Os mais conhecidos são:

Page 27: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

27

Amazonas, Xingu, Solimões, Madeira e Negro (ANA, 2015). Esta é a região com maior

movimentação hidrográfica de grãos do Brasil, logo seguida do Atlântico Sul, Paraná e

Tocantins-Araguaia.

Gráfico 4 - Movimentação de soja, milho e farelo nas vias interiores brasileiras por Região

Hidrográfica em 2014.

Fonte: CNT (2015) com dados da Antaq.

Segundo o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (2016), a hidrovia

Tietê-Paraná bateu recorde de movimentação de cargas no ano de 2016, com 8,7 milhões de

toneladas de produtos transportados em toda a hidrovia, frente a 6,3 milhões transportados em

2013.

O modal hidroviário acaba sendo mais eficaz em comparação aos outros tipos de

transportes. Itens como custo de operação, consumo de combustíveis, custo de manutenção das

vias são muito mais razoáveis quando comparados ao ferroviário e ao rodoviário. Isso acaba

refletindo no valor do frete, deixando este modal mais competitivo em relação aos outros, como

mostra na Tabela 1.

Page 28: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

28

Tabela 1 - Comparativo entre os modais de transporte brasileiro.

Fonte: Ministério dos Transportes e Antaq (2015).

Observação: Inclui acidentes, poluição atmosférica e sonora, consumo de água e espaço.

Comparando o modal hidroviário aos outros dois modais utilizados, o custo de

operação é 64% menor do que o custo de operação do modal rodoviário, e 43% menor do que

o modal ferroviário.

Em relação ao consumo de combustível, o modal hidroviário tem uma alta

vantagem em relação ao rodoviário, com consumo praticamente de 94% menor do que o

rodoviário e 50% menor do que o ferroviário. Sem contar que a utilização de hidrovias não

degrada as vias fluviais, pois a barcaça apenas navega, fazendo com que a vida útil da

infraestrutura seja elevada e a manutenção das vias praticamente nulas. Tal fator é totalmente

diferente do modal rodoviário em que praticamente todo mês/semana é necessário realizar

manutenção das vias, pois a vida útil dos materiais usados é baixa, conciliando também com o

excesso de peso dos caminhões que transportam as cargas.

ARMAZENAGEM

A armazenagem é um processo de extrema importância no pós-colheita da soja, que

interfere em toda a cadeia logística de escoamento da produção de grãos. Pela perspectiva

agrícola, o objetivo central da armazenagem é manter a qualidade do produto (sobretudo em

termos de umidade), reduzir perdas e estocar boa parte dos grãos que ainda não foram

comercializados. No âmbito das políticas públicas, está ligada à fixação de preços mínimos, à

coordenação e incentivo à produção e à garantia da segurança alimentar. Contudo, por uma

perspectiva comercial, a armazenagem passou a ter um papel relevante também na formação

Page 29: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

29

dos preços e competitividade dos produtos frente aos mercados nacional e internacional. Além

disso, ela também propicia melhorias na utilização dos sistemas logísticos, regularizando o

fluxo de produtos e reduzindo as grandes perdas decorrentes da sobrecarga dos modais de

transporte, onde boa parte da produção é perdida (CNT, 2015).

Segundo a CNA (2017), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação (FAO) recomenda que a capacidade estática de armazenagem de um país seja 1,2

vez maior que a produção agrícola anual, sendo assim, o Brasil é deficiente neste quesito, com

capacidade de armazenagem de 73% de sua produção, abaixo do recomendado pela FAO, o que

demonstra que a infraestrutura de armazéns não está acompanhando a produção no campo,

gerando um déficit preocupante, como pode ser observado na Gráfico 5 a seguir:

Gráfico 5 - Evolução da capacidade de armazenagem, da produção e defasagem anual de

grãos de 2010 a 2015.

Fonte: CONAB (2017).

De acordo com o Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras, a capacidade

estática de armazenamento dentro da propriedade rural é de apenas 24% da produção brasileira

de grãos. Isso demonstra que o armazenamento de grãos na fazenda ainda é insignificante no

país.

Os demais 76% da capacidade estática estão localizados nas zonas rural, urbana e

outras, fazendo com que o agricultor tenha que levar o produto da propriedade até o local de

armazenagem, que, em alguns casos, acaba ficando consideravelmente longe, e gera maiores

custos para o produtor (CNA, 2017).

Page 30: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

30

Observando atentamente ao Gráfico 5, percebe-se nitidamente que a produção de

grãos está em constante crescimento safra após safra, alcançando recordes nunca antes vistos.

Em comparação, a evolução de capacidade de armazenagem não está acompanhando o ritmo

de crescimento da produção. Só em 2015, por exemplo, o crescimento de armazenagem foi de

2% em vista de um crescimento de 6,8% na produção de grãos.

Gráfico 6 - Participação de armazéns nas propriedades rurais.

Fonte: Dechers (2006).

O déficit de armazenagem é uma realidade presente em praticamente todas as

regiões do Brasil. Na safra 2015/2016, cerca de 21% da safra deixou de ser armazenada devido

à inesperada quebra de safra causada por problemas climáticos. Como mostra a Tabela 2, todos

os estados estão com capacidade estática abaixo da necessária, gerando insegurança para o

produtor rural.

Canadá Estados

Unidos Europa Argentina Austrália Brasil

Page 31: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

31

Tabela 2 - Produção e armazenagem de grãos no Brasil (2016).

Fonte: CONAB (2016).

O Brasil está avançando forte na produção de grãos, mas o crescimento da

capacidade estática dos estados acaba não acompanhando o ritmo de crescimento dos grãos. O

estado do Paraná, por exemplo, é um dos que tem a maior produção do Brasil, mas possui uma

defasagem de 16% na capacidade de armazenagem. O mesmo acontece com o Mato Grosso,

que é o maior produtor do Brasil, mas sai perdendo no quesito armazenagem, com uma

defasagem de 31% na capacidade estática, como se observa na Tabela 2.

Na região Sudeste, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo

apresentam saldo positivo por terem armazéns instalados nos portos. A região Sul apresenta

maior índice de armazéns pelo fato de haver uma forte atuação de cooperativas que trabalham

diretamente com grãos. Esta região também é favorecida por ser próxima aos portos e ao

mercado consumidor, como a cadeia de produção avícola e suína.

Page 32: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

32

SISTEMA PORTUÁRIO

Segundo a (CNA, 2017), o porto é o elo mais importante em toda a infraestrutura

logística. O funcionamento do porto é fator determinante para o desenvolvimento do comércio

externo, que é o canal entre o cliente e o fornecedor para os produtos exportados. Os problemas

portuários residem em três pilares: ausência de infraestrutura adequada, empecilhos

burocráticos e marco regulatório. Na prática, a soma de tais dificuldades resulta na baixa

produtividade dos portos brasileiros.

A falta de equipamentos portuários acaba provocando engarrafamentos na entrada

dos portos e atrasa algumas operações portuárias, com elevado tempo de atracação de

graneleiros sólidos e líquidos, o que aumenta os custos do navio e diminui sua produtividade.

Nos terminais públicos de alguns portos, a operação de transbordo ocorre

principalmente com o equipamento do próprio navio, ou seja, há mais navios do que

equipamentos de terra. Os principais pontos de redução da produtividade dos portos são os

seguintes: ineficiência operacional, alto tempo de espera para atracar os navios,

congestionamentos, preferência para atracação de navios de longo curso e falta de dragagem.

De 2000 a 2015, foram realizados investimentos de R$ 4,3 bilhões para melhorar a

infraestrutura portuária, com o intuito de aumentar a eficiência e a qualidade compatível com

as operações em portos internacionais.

Só em 2013, foram feitos investimentos de R$: 545,7 milhões para melhorar as

operações portuárias e dar mais fluxos aos produtos nacionais e internacionais. Foi o maior

investimento em comparação aos anos anteriores. Porém, tal investimento não obedeceu ao

mesmo crescimento nos anos subsequentes, como mostra o Gráfico 7.

Page 33: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

33

Gráfico 7 - Investimentos em portos públicos.

Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA, 2016).

No início dos anos 2000, os investimentos voltaram a cair até o ano de 2003, quando

os investimentos em portos públicos não passaram dos 44,9 milhões.

Apesar dos avanços pontuais, com destaque para a implantação de novos terminais

de uso privado, a qualidade do serviço e a oferta de infraestrutura portuária ainda é um problema

para o escoamento da gigantesca produção nacional. Segundo o ranking de competitividade do

Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2014, quando comparado aos principais países

exportadores, o Brasil possui a pior infraestrutura portuária. Ele fica na 122ª posição entre 144

países avaliados pelo estudo como mostra a Figura 5 (CNT, 2015).

Figura 4 - Ranking de infraestrutura portuária

Fonte: CNT (2015) com dados do fórum econômico mundial 2014/15.

Como apontado pelo relatório do Fórum Econômico Mundial, a deficiência da

infraestrutura portuária brasileira é um dos principais entraves para a comercialização de

produtos para o mercado internacional. Para os transportadores, a falta de investimentos na

modernização da superestrutura e em retroáreas, bem como a ausência de programas

Page 34: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

34

continuados de dragagem nos portos públicos brasileiros são fatores que agravam ainda mais

os problemas dos portos nacionais. Entretanto, os gargalos do sistema portuário não estão

restritos apenas a equipamentos e a toda parte física das instalações, mas sim a aspectos

referentes à regulamentação, como a elevada carga tributária, o horário reduzido de

funcionamento dos portos, a burocracia exigida para a operação e dificuldade de acesso ao

crédito.

O Brasil é um dos maiores exportadores de soja do mundo, travando uma briga

acirrada com uma das maiores potências econômicas do mundo, os Estados Unidos. No ano

civil de 2017, o Brasil exportou 63.656 milhões de toneladas. Cerca de 78,4 % do destino dessas

exportações foram para a China, que é o principal comprador do Brasil, como mostra o Gráfico

8.

Gráfico 8 - Principais países exportadores de soja.

Fonte: SECEX, elaborado pela Agroconsult (2017).

Da quantidade produzida nos principais estados produtores brasileiros, boa parte é

destinada à exportação, como mostra o Gráfico 9.

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35

Gráfico 9 - Exportação por estado brasileiro com seus respectivos percentuais de participação.

Fonte: SECEX (2017).

O motivo pelo qual esses estados exportam tanto é pela tamanha produção de soja

que eles produzem. O Mato Grosso, que é o maior produtor brasileiro da oleaginosa, na safra

2016/17 produziu 31 milhões de toneladas (59% para exportação), o Rio Grande do Sul

produziu 18,7 milhões de toneladas (59% para exportação), o Paraná, 19,6 milhões de toneladas

(52% para exportação) e Goiás teve 10,8 milhões de toneladas produzidas (43% para

exportação).

Com isso, é possível observar que praticamente mais da metade do que é produzido

nesses estados é destinada ao mercado internacional, demonstrando a importância dos portos

que participam ativamente da cadeia de fornecimento da soja.

O Brasil tem cerca de 39 portos fluviais, 18 portos organizados delegados e 19

portos públicos administrados por companhia docas, levando em consideração infraestruturas

públicas e privadas, sendo elas marítimas ou fluviais. Entretanto, desses, apenas serão

considerados neste estudo os 5 principais portos que exportam soja ativamente e mais o porto

e Santarém, que vai ser considerado pelo fato de ser um porto estratégico para as exportações

de soja oriundas do Mato Grosso. O Gráfico 10 a seguir mostra os principais portos

exportadores de soja no Brasil.

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

MT RS PR GO MS SP BA MG TO MA SC Outros

43%

59%

59%

52%

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36

Gráfico 10 - Principais portos exportadores de soja no Brasil (1000 ton).

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados do Secex (2018).

A maior participação das exportações de soja está nos portos do Sul, que são o porto

de Rio Grande, Paranaguá e Santos. Um dos principais requisitos para esta preferência é a

distância dos centros de produção para a região litorânea, refletindo diretamente no custo do

frete e, consequentemente, no preço final do produto.

2.4.1 Infraestrutura de Operação/ Estados

Segundo Siqueira (2016), o Porto de Santos é considerado de grande porte e sua

movimentação abrange todos os 14 setores de atividades, inclusive o setor agroindustrial, que

movimenta cerca de US$ 8,21 bilhões. Pela sua tamanha movimentação de cargas, ele é

considerado o porto brasileiro com maior diversidade em importações e exportações. O seu

tamanho se explica pelo fato de que o porto influencia 16 estados do Brasil e o Distrito Federal.

Dentre os principais produtos transportados no porto, estão a soja, açúcar e granéis sólidos.

O principal acesso ao porto dá-se pela rodovia SP-160 (Rodovia dos Imigrantes), a

SP-150 (Rodovia Anchieta) e a SP-021 (Rodoanel Mário Covas). O porto está localizado em

um local estratégico do estado, com isso os modais de transporte utilizados pelo porto são o

rodoviário, o ferroviário e o dutoviário, o calado máximo permitido para as embarcações é de

13 a 15 metros.

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

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37

Já o Porto de Paranaguá, segundo Siqueira (2016), está em funcionamento desde

março de 1935 e é responsável por 13,37 % da movimentação dos portos brasileiros. Ele é

considerado um porto de grande porte e sofre influência de 10 estados brasileiros, como Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, que são estados com grande produção de grãos, com uma

movimentação de US$ 1,09 bilhão (33% do seu comércio externo) e US$ 419,99 milhões

(38,4% do seu comércio externo) respectivamente. Ademais, ele atende ao escoamento de

outros grandes produtores, como Goiás, além do próprio Paraná que é o estado de localização

do porto (SIQUEIRA, 2016).

Apesar de englobar 13 setores de atividade econômica, o porto de Paranaguá se

destaca mais no setor da agroindústria, que movimenta cerca de US$ 5,47 bilhões por ano.

O acesso ao porto se dá pela rodovia BR-277 que inicia dentro da cidade de

Paranaguá. Já o acesso ferroviário é realizado pela malha sul, por concessionárias de ferrovias.

Com relação ao tráfego de embarcações, só são permitidos navios com, no máximo, 16 metros

de profundidade no canal externo e 15 metros nos canais internos.

Outro porto considerado de grande porte é o de Rio Grande, onde 21 estados têm

influência em transações internacionais, mas sua principal área de influência é a do próprio

estado, que é o Rio Grande do Sul (66,4% do comércio internacional do estado), São Paulo

(US$ 634,26 milhões), Santa Catarina (US$ 229,20 milhões) e Paraná (US$ 144,03 milhões).

O porto de Rio Grande movimenta desde adubos e fertilizantes até produtos para a

indústria automobilística. Além disso, um dos principais produtos movimentados pelo porto é

a soja, cujo estado se destaca como sendo um grande produtor da oleaginosa.

As mercadorias mais movimentadas pelo porto são produtos como fertilizantes e

produtos do complexo soja. A agroindústria movimenta cerca de US$ 4,90 bilhões por ano.

O porto conta com acessos multimodais, tanto por rodovia como por hidrovia ou

ferrovia.

*Rodovia – BR-392 alcançando a BR-471 e a BR-116 e interligando-se à BR-293.

*Ferrovia – ferrovia sul-atlântico, malha sul, antiga superintendência regional de

Porto Alegre (SR 6), da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), pelas linhas Bagé e

Cacequi/Rio Grande (SIQUEIRA, 2016).

O Porto de Rio Grande permite o tráfego de navios que tenham no máximo 14

metros de calado.

Segundo Siqueira (2016), o Porto do Itaqui está localizado na Baía de São Marcos,

município de São Luís, no estado do Maranhão. O Porto é administrado pela EMAP (Empresa

Maranhense de Administração Portuária). Ele tem 3,63% da movimentação dos portos

Page 38: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

38

brasileiros, e permite o tráfego de embarcações com calado que varia entre 23 e 35 metros de

profundidade.

O acesso rodoviário é realizado pela hinterlândia BR-135, que é o principal acesso

rodoviário ao Porto. No ferroviário, duas linhas são responsáveis pelo acesso ferroviário do

Porto: a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que possui 892 km de extensão e se conecta com a

Ferrovia Norte-Sul (FNS), e a TransNordestina Logística (TNL), que percorre 526 km. No

dutoviário, os granéis líquidos são distribuídos pelos acessos terrestres do Porto. O transporte

interno entre o cais e os terminais de granéis líquidos é realizado por dutovias internas

pertencentes à Transpetro, a Granel Química e a Temmar.

As mercadorias mais transportadas são produtos como: grãos, cargas vivas e

fertilizantes.

O porto permiti a atracação de navios do tipo Panamax, que são navios que têm em

média 965 pés (294 metros de comprimento).

Segundo a Agência Nacional de transportes aquaviários (2012), a proposta inicial

de construção do Porto de Santarém decorreu do Plano de Integração Nacional (PIN), colocado

em prática no início da década dos anos 70 pelo governo militar, o qual previa a construção das

rodovias BR-230 (Transamazônica) e da BR-163 (Santarém Cuiabá). A âncora desse plano era

a construção de um porto federal em Santarém, que viabilizasse o fluxo de matérias-primas e

mercadorias com a região do Baixo e Médio Amazonas. O porto tem um cais de 180 metros de

extensão, denominado berço 503, com profundidade de 3 metros, destinado a embarcações

mistas, e o cais comercial com 380 metros de extensão, denominado berço 501, com

profundidade entre 11 a 18 metros.

O porto conta com um terminal de granel sólido que realiza o descarregamento de

grãos (soja e milho) originados em diversos estados produtores e que são transportados por

meio de balsas em navegação interior. O porto ainda conta com mais 03 terminais de granéis

líquidos.

Há duas opções de acesso ao porto:

*Rodoviário - pela Rodovia BR-163 (Cuiabá – Santarém), atingindo-se o porto, na

área urbana, pela Avenida Cuiabá e pela BR-230 – Transamazônica.

*Fluvial - O rio Tapajós forma um canal de acesso natural, desde a sua foz no rio

Amazonas até o cais do porto, numa distância de 3,1km, com largura de 1,8km e profundidade

de 15m.

Só em 2016, o porto embarcou 1,8 milhões de toneladas e desembarcou 1,2,

segundo informações do próprio porto.

Page 39: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

39

METODOLOGIA DA PESQUISA

Dencker (2000) define metodologia como sendo “a maneira concreta com que se

realiza a busca de conhecimento. O que se faz para adquirir o conhecimento desejado de

maneira racional e eficiente”.

Quanto à abordagem da pesquisa, o presente estudo se classifica como pesquisa de

cunho qualitativo/quantitativo.

Richardson (1999) corrobora que o método quantitativo, como o próprio nome

indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de

informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais

simples como percentual, média, desvio padrão, até as mais complexas, como coeficiente de

correlação, análise de regressão, etc.

Já o método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não

emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema. Não

pretende numerar ou medir unidades ou categoria homogêneas.

O aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas

informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos. Não obstante, elas perdem seu

caráter qualitativo quando são transformadas em dados quantificáveis, na tentativa de se

assegurar a exatidão no plano dos resultados.

Em relação à natureza do relacionamento, o trabalho é considerado uma pesquisa

descritiva. De acordo com Perovano (2014), o processo descritivo visa à identificação, registro

e análise das características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou

processo. Esse tipo de pesquisa pode ser entendido como um estudo de caso onde, após a coleta

de dados, é realizada uma análise das relações entre as variáveis para uma posterior

determinação dos efeitos resultantes em uma empresa, sistema de produção ou produto.

Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados,

classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos

do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador

(PRODANOV; FREITAS, 2013).

Page 40: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

40

CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Tomou-se como ferramenta de informações para a realização deste estudo a

empresa Agroconsult, que é uma das mais respeitadas consultorias especializadas em

Agronegócio no Brasil. Desde 2000, atende a clientes que atuam em toda a cadeia de valor,

desde produtores rurais até organismos internacionais. Diversos setores do agronegócio são

acompanhados pelos profissionais, com expertise para elaborar cenários e tendências de curto

e longo prazos, bem como desenvolver estudos e projetos personalizados.

Também, como apoio essencial, serão utilizadas referências de fontes oficiais do

setor como: USDA, CONAB, IBGE, IMEA, CNT, CNA e BNDS.

O Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo ficando com a marca de

95.4 milhões de toneladas produzidos na safra 15/16. Está apenas atrás do Estados Unidos, com

106.8 milhões de toneladas, e à frente da Argentina, com 56.8 milhões de toneladas.

Como vem demostrando sua força na agricultura, o Brasil tem condições de se

tornar o maior abastecedor mundial de alimentos. Possui uma vasta disponibilidade de terras,

clima favorável, alto padrão tecnológico e também, na condição de extrema importância,

agricultores preparados para gerar alta produtividade de suas culturas. Esses fatores sustentam

oportunidades no comércio de produtos agropecuários que superam US$ 1,1 trilhão por ano, e

cuja participação brasileira corresponde a 7% ou US$ 82,63 bilhões do mercado internacional

exportador (CNA, 2017).

Os estados brasileiros que serão abordados com maior ênfase neste estudo serão os

com maior relevância na produção de soja no Brasil na safra 17/18, que são:

• Mato Grosso – 29.723 milhões ton.

• Paraná – 18.853 milhões ton.

• Rio Grande do Sul – 18.060 milhões ton.

• Goiás – 10.702 milhões ton.

Os 5 estados citados acima representam 69,5% da produção total de soja no Brasil

na safra 17/18, um número bem considerável para um País que contém 15 estados produtores

da oleaginosa.

O Capítulo 4 a seguir descreverá os dados do estudo de caso referente ao estado do

Mato Grosso, que é o estado de maior produção de soja do Brasil.

Page 41: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

41

ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

POTENCIAL PRODUTIVO DO ESTADO DO MATO GROSSO

Segundo o Governo do estado do Mato Grosso (2015), o Mato Grosso está

localizado no Centro-Oeste do Brasil, e tem uma área de 903.357 quilômetros quadrados de

extensão.

O estado possui um clima bastante variado, onde prevalece o clima tropical

superúmido de monção, com características de alta pluviosidade (2.000 mm anuais), e o clima

tropical, com chuvas de verão e inverno seco, mas a pluviosidade desse clima também é alta

(cerca de 1.500mm anuais).

As principais culturas produzidas no estado são soja, milho e algodão. Nas 3

culturas citadas, o MT é o maior produtor do Brasil, com produção de 32,4 milhões de

toneladas, 26,7 milhões de toneladas e 3,2 milhões de toneladas respectivamente, tomando

como base a safra 2017/18. A soja é a commodity mais cultivada no estado, por isso o Mato

Grosso é considerado o principal produtor da commodity no Brasil, como mostra o Gráfico 11.

Gráfico 11 - Produção de soja por estado brasileiro.

Fonte: Agroconsult, com dados da Conab (2018).

O estado conta com uma área plantada de cereais por volta de 14,2 milhões de

hectares, quase o dobro de área do estado em segundo lugar no ranking, que é o Paraná, com

Page 42: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

42

8,1 milhões de hectares. Isso mostra que o MT é um estado com força total na agricultura, um

estado produtivo e que alimenta a economia do País com sua vasta produção.

ANÁLISE DE CAPACIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO.

4.2.1 Produção

A soja puxa esse bom desempenho no quesito produtivo, tornando-se o carro chefe

da produção do estado, com 32,4 milhões de toneladas produzidos na safra 2017/18, avanço de

17% em relação à safra 2015/16. Em paralelo a isto, a área cultivada saltou 5% em relação à

safra 15/16, com 9,5 milhões de hectares.

Gráfico 12 - Área Plantada (1000 h) x Produção (1000 t).

Fonte: Elaborado pelo autor, dados Agroconsult (2018).

4.2.2 Armazenagem

O Brasil enfrenta sérios problemas com a armazenagem de grãos, principalmente

em épocas de colheita da safra, que é o momento em que o produtor mais necessita dos

armazéns para estocar a produção, dando a opção de o produtor comercializar a soja com mais

cautela.

Segundo dados da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento (ANO), o

estado do Mato Grosso conta com cerca de 1953 armazéns, 27 na região Centro-Sul, 190 na

região Nordeste, 453 na região Sudeste, 30 no Sudoeste e 1253 na região Norte do estado. Com

9.140 9.323 9.519

26.844

31.04532.382

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

15/16 16/17 17/18

Área Plantada Produção

Page 43: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

43

isso, o estado tem uma capacidade estática total de 34,5 milhões de toneladas, como mostra o

Gráfico 13.

Gráfico 13 - Capacidade Estática por mesorregião do MT.

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados da CONAB, (2018).

A região Norte/médio Norte é onde está localizada a maior parte dos armazéns

(64%), porque é a região que tem maior influência na produção de grãos no estado.

4.2.3 Modais de transporte

A matriz de transporte no Brasil demonstra algum desequilíbrio, porque há

predominância do modal rodoviário. Já em países com maior área de terras, tem-se a

predominância do modal ferroviário e hidroviário, já que esses últimos apresentam menor custo

em comparação ao rodoviário.

Tabela 3 - Matriz de transporte de cargas.

Fonte: Confederação Nacional do Transporte (2016).

0

5000

10000

15000

20000

25000

Capacidade Estática MT - Por mesorregião

CS - MT

N - MT

SD - MT

SDO - MT

NOD - MT

Page 44: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

44

Observa-se que o modal com maior participação é o rodoviário, com 61,1% de

participação, e o ferroviário ficando apenas com 20,7%, menos da metade do rodoviário.

Segundo Azevedo (2014), a falta de investimentos levou a uma precarização das

rodovias da região Centro-Oeste, refletindo em significativo aumento com custo de transporte.

Mas a questão cultural e política pode ser responsável pela consolidação e predominância do

transporte rodoviário no Brasil, visto que a atitude governamental para expandir o interesse em

investimentos em ferrovias está praticamente estática.

Com o aumento exponencial da safra de grão no Centro-Oeste brasileiro, fazem-se

necessários realizar investimentos para ampliar as rotas do estado. O mapa de rodovias do

estado de Mato Grosso encontra-se na figura 6.

Figura 5 - Mapa Rodoviário do Mato Grosso

Fonte: Infoescola, (2018).

As duas principais rodovias do estado são a BR-163, que atravessa o estado de

Norte a Sul, e a BR-364, que atravessa na região horizontal, englobando a parte Oeste, Sul e

Sudeste do estado.

Page 45: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

45

A maior parte do escoamento de grão é realizado por essas duas rodovias, mas as

condições de conservação das rodovias são péssimas, e isso afeta diretamente na

competitividade do grão.

Como exemplo, tomou-se um dos principais trechos de escoamento de soja, de

Lucas do Rio Verde (MT) até o Porto e Santarém (PA) para realizar uma comparação entre

transportar a soja o trecho inteiro por rodovia até o Porto de Santarém, comparando com

transportar em um trecho por rodovia, realizando transbordo em Miritituba e seguindo mais 280

km por hidrovia até Santarém.

No transporte totalmente rodoviário, cujo trecho percorrido seria de 1.437

quilômetros, o preço ficou em R$ 227,00 por tonelada em um caminhão bitrem. Já a integração

entre rodoviário e hidroviário, com um trecho percorrido de 1.393 quilômetros, o preço do frete

ficaria em R$ 167,49 por tonelada - diferença de R$ 59,51 reais por tonelada de soja.

Comparando os dois, há uma diferença brusca de 36% no valor do frete e, com isso,

fica claro qual tipo de transporte trará menos custo ao contratante.

Figura 6 - Simulação de transporte intermodal – Lucas do Rio Verde/MT – Porto

de Santarém/PA.

Hidroviário Rodoviário

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Page 46: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

46

A condição das estradas também afeta diretamente o caminhoneiro autônomo, no

aumento de consumo de combustível, além de danificar a carreta e colocar sua própria vida em

risco. Anualmente, milhares de pessoas morrem nas duas principais rodovias do estado.

Mesmo com esses problemas, o modal rodoviário ainda é o mais utilizado no

estado. Excluem-se alguns pontos do estado em que o transporte hidroviário está começando a

ser utilizado, e de ferrovias, porque há uma malha ferroviária de 370 quilômetros na parte sul

do estado, perto da divisa com Goiás, que ajuda a diminuir o montante transportado diretamente

por carretas até o porto de Santos.

Mas há a opção de transporte intermodal, no caso de a soja ir para outro estado. Por

exemplo, se a soja tem que ser escoada de Lucas do Rio Verde (MT) para o Porto de Santos,

em São Paulo, terá que percorrer 850km por caminhão até Alto Araguaia, na divisa com o

estado de Goiás, descarregar no terminal de trem, embarcar nos vagões e percorrer mais 1400

km pela ferrovia Ferronorte e ferrovia dos Bandeirantes (Ferroban) até o Porto de Santos, como

indica a Figura 7.

Figura 7 - Transporte intermodal de soja – rodoviário + ferroviário

Fonte: Revista Globo Rural, (2012).

Esta é uma opção mais barata para se realizar o transporte da carga, fazendo com

que se tenha uma economia de 5% a 10% no custo do frete.

Mas também tem a opção de transportar a soja por rodovia até a divisa com São

Paulo, descarregar no terminal hidroviário de São Simão, percorrer cerca de 600 quilômetros

Page 47: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

47

até o terminal de Anhembi e seguir mais uns 300 quilômetros de caminhão até o Porto de

Santos, como mostra a Figura 8.

Figura 8 - Intermodalidade Rodoviário + Hidroviário -Rodoviário

Fonte: Confederação Nacional dos Transportes (2015).

O trecho de 370 quilômetros de ferrovias em Mato Grosso possui quatro terminais

para o carregamento de grãos. Em 2013 foi inaugurado mais um complexo intermodal em

Rondonópolis, a 240 quilômetros de Alto Araguaia, para ajudar no escoamento do estado. Este

complexo se situa estrategicamente em um ponto de convergência entre três rodovias, BR-163,

BR-364 e BR-070.

De acordo com a APROSOJA (2013), o novo terminal permitirá o escoamento de

155 milhões de toneladas de produtos por ano, ajudando a diminuir o fluxo de carretas para o

transporte até o porto e diminuindo o custo do frete em cerca de 15%.

De acordo com Castro (2014), o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC

2) concluiu apenas um quarto das obras ferroviárias previstas. Em Mato Grosso, o PAC 2 previa

a construção da ferrovia de integração Centro-Oeste, apelidada de FICO, ligando os municípios

de Lucas do Rio Verde/MT até Uruaçu/GO. Com essa ligação de 883 quilômetros, o Norte do

Mato Grosso poderia escoar a soja até Uruaçu/GO, que é cortada pela ferrovia Norte-Sul (FNS).

Com isso, os grãos poderiam ser escoados tanto pelos portos do Sul e Sudeste quanto pelos

portos do Norte do País.

Page 48: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

48

Figura 9 - Mapa de ferrovias em uso, e ferrovias planejadas.

Fonte: Ministérios dos Transportes, editado pelo autor (2018).

Para escoar a soja para os portos de Paranaguá e Rio Grande, existe a opção de

trazê-la por caminhões no trajeto total, e trazer até Rondonópolis/MT de caminhão. A partir

dali ela embarca em trens pela ferrovia Ferronorte, e no Sul, usar-se-ia a ferrovia concessionada

pela ALLMS até o Porto de Rio Grande.

Já para trazer ao Porto de Paranaguá, por ferrovia, o ideal é usar a Ferronorte até Bauru/SP,

pegar a ferrovia Novoeste até Botucatu/SP e, a partir daí, pegar a ferrovia Malha Sul até

Paranaguá.

Tabela 4 - Operadoras da malha ferroviária brasileira.

Operadoras Regulamentadas pela ANTT KM

ALLMN – América Latina Logística Malha Norte 735

ALLMO – América Latina Logística Malha Oeste 1.953

ALLMP – América Latina Logística Malha Paulista 2.107

ALLMS – América Latina Logística Malha Sul 7.223

Continua...

Conclusão.

Page 49: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

49

EFC – Estrada de Ferro Carajás 997

EFVM – Estrada de Ferro Vitória a Minas 888

FCA – Ferrovia Centro-Atlântica 7.215

FNS S/A – Ferrovia Norte-Sul TRAMO NORTE (VALEC-

Subconcessão) 745

FERROESTE – Estrada de Ferro Paraná Oeste 248

FTC – Ferrovia Tereza Cristina 163

MRS – MRS Logística 1.799

FTL S/A – Ferrovia TransNordestina Logística 4.277

VALEC/Subconcessão – Ferrovia Norte-Sul TRAMO

CENTRAL 815

Total: 29.165

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Para se ter uma ideia, dos 29.165 km de ferrovias, 10 mil foram construídos pelo

imperador Dom Pedro II no século 19. Isso significa que apenas 66% das ferrovias de hoje

foram construídas após o mandato do Imperador no Brasil.

O Brasil ainda precisa avançar muito quando se fala em transporte ferroviário.

Comparando-se com os Estado Unidos, a densidade do transporte ferroviário é de 32 km de

infraestrutura por 1000 quilômetros quadrados de área terrestre. A Índia tem 23, a China possui

20,5, a Argentina, 13,5, e o Brasil fica na quinta colocação, com apenas 3,6 (quilômetros de

infraestrutura por 1000 quilômetros quadrados de área terrestre), como exibe o Gráfico 14.

Gráfico 14 - Densidade do transporte ferroviário.

Fonte: Blog da Logística (2016).

O Mato Grosso também pode se beneficiar por contar com algumas Hidrovias que

o ligam principalmente para o Norte do País, em direção aos Portos de Itaqui e de Santarém,

como mostra a Figura 10.

Page 50: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

50

Figura 10 - Hidrovias no estado do Mato Grosso

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados do Ministério dos Transportes (2014).

4.2.4 Exportação

O ano de 2017 foi de recorde para as exportações brasileiras de soja. No acumulado

do ano, foram exportados 68,2 milhões de toneladas, cerca de 60% da produção total do país,

tendo como principal destino a China, com 78,7% das exportações de soja direcionadas àquele

país.

O Mato Grosso tem grande participação nas exportações de soja, com cerca de 18

milhões de toneladas enviados para fora do País em 2017, mais da metade da produção do

estado, como especifica o Gráfico 15.

Page 51: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

51

Gráfico 15 - Exportação de soja por estado, 2015, 2016, 2017.

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados da Agroconsult, (2018).

Esse número vem crescendo ano após ano, acompanhando o ritmo crescente da

produção no País inteiro.

4.2.5 Custo de Frete e Tempo Médio

A importância dos transportes pode ser mensurada por três indicadores: custos,

faturamento e lucro. O transporte é responsável por 64% dos custos logísticos, 4,3% do

faturamento, e até o dobro dos lucros (FLEURY et al., 2006).

Custo do frete e tempo de entrega são os fatores importantes quando se fala em

transporte de soja. O custo afeta diretamente a rentabilidade do produtor, por isso é necessário

saber qual o modal mais apropriado para se fazer o transporte. Já o tempo, afeta diretamente na

qualidade do grão, pois poderão ocorrer fatores indesejáveis, como aumento do nível de

umidade e desenvolvimento de mofo dentro das caçambas, colocando em risco a qualidade do

produto e, até mesmo, a carga completa.

O preço do frete é calculado em Reais por Tonelada (R$/ton) e tem variações

constantes. Por isso, normalmente, antes de os caminhoneiros aceitarem o frete, eles realizam

os cálculos para ver se vale ou não a pena transportar, pois o frete pelo menos tem que cobrir

os custos do caminhão, os futuros desgastes e o lucro do caminhoneiro. A seguir exibe-se a

Tabela 5 com os dados dos fretes das principais cidades produtoras do Mato Grosso.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

2015

2016

2017

Page 52: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

52

Tabela 5 - Preço do frete rodoviário, distância e tempo da origem até o destino das principais

cidades produtoras no Mato Grosso, até os principais portos exportadores de soja em 2016.

Origem Destino Km Tempo (h) R$/Ton

Sorriso (MT) Itaqui 2328 38 R$ 373,75

Paranaguá 2200 28 R$ 273,69

Santos 2034 27 R$ 288,09

Rio Grande 2738 38 R$ 300,00

Nova Ubiratã (MT) Itaqui 2446 40 R$ 290,00

Paranaguá 2281 30 R$ 285,50

Santos 2128 28 R$ 266,60

Rio Grande 2818 39 R$ 320,00

Sapezal (MT) Itaqui 2828 45 R$ 257,00

Paranaguá 2303 30 R$ 200,00

Santos 2150 29 R$ 298,14

Rio Grande 2840 40 R$ 275,00

Nova Mutum (MT) Itaqui 2490 41 R$ 260,00

Paranaguá 2044 27 R$ 275,80

Santos 1891 25 R$ 286,17

Rio Grande 2581 36 R$ 286,66

Campo Novo do Parecis (MT) Itaqui 2720 44 R$ 250,00

Paranaguá 2319 31 R$ 232,75

Santos 2028 27 R$ 308,00

Rio Grande 2732 38 R$ 275,00

Diamantino (MT) Itaqui 2620 42 R$ 276,00

Paranaguá 1987 26 R$ 262,14

Santos 1833 24 R$ 286,66

Rio Grande 2523 35 R$ 280,00

Querência (MT) Itaqui 1880 29 R$ 251,40

Paranaguá 2007 26 R$ 188,75

Santos 1791 23 R$ 235,70

Rio Grande 2811 39 R$ 222,50

Primavera do Leste (MT) Itaqui 2456 33 R$ 285,00

Paranaguá 1720 22 R$ 207,47

Santos 1566 20 R$ 228,50

Rio Grande 2256 31 R$ 224,18

Lucas do Rio Verde (MT) Itaqui 2617 42 R$ 276,00

Paranaguá 2137 28 R$ 251,77

Santos 1983 26 R$ 286,90

Rio Grande 2674 37 R$ 290,00

Campo Verde (MT) Itaqui 2558 34 R$ 200,00

Paranaguá 1726 22 R$ 187,84

Santos 1572 20 R$ 217,76

Rio Grande 2263 31 R$ 223,90

Fonte: Elaborado pelo autor com dados da ANTT, (2016).

Page 53: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

53

Percebe-se que as distâncias a serem percorridas da origem até o destino final são

muito longas, e isso acaba encarecendo o transporte por caminhões. O ideal, nesses casos, seria

a adoção de intermodalidade (rodoviário – ferroviário ou rodoviário – hidroviário ou rodoviário

– ferroviário – hidroviário) ou, até mesmo, a utilização de ferrovias no trajeto total, da origem

até o destino final.

Segundo Azevedo (2014), na cidade de Davenport está próxima ao rio Mississipi,

que corta os EUA de Norte a Sul, o modal mais utilizado para transportar soja naquela região é

o hidroviário. Com isso, essa grande diferença no custo do frete, em relação a Sorriso e

Davenport, está diretamente ligada à escolha do modal a ser utilizado para transporte da soja.

Sanches (2011) corrobora que o custo para transportar uma tonelada de grão pelo

modal hidroviário representa 25% do custo para transportar a mesma quantidade por rodovias.

Em função disso, a variável que mais impacta no custo do frete no Brasil é a vasta

utilização do modal rodoviário, como visto anteriormente neste trabalho, com 61% das cargas

transportadas por rodovias.

O frete pelo modal ferroviário é calculado de uma maneira diferente, pelo fato de

que, quanto maior a distância a percorrer, menor será o custo do frete. O preço também varia

por empresa concessionada, e cada uma arbitra o valor necessário, como demonstra a Tabela 6

de preços para carga a granel.

Tabela 6 - Preço do frete ferroviário por Concessão ferroviária.

(a) (b) (c) (d)

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados da Agência Nacional de Transporte Terrestres (2017).

Visto que Tmax (taxa máxima); Pfix (taxa fixa); Dist (distância); a, b, c, d (taxa

definida para cara quilometragem), a formula de cálculo é a seguinte:

*de 0 a 400 quilômetros: Tmax = Pfix + Dist x a

*de 401 a 800 quilômetros: Tmax= Pfix + 400 x a + (Dist - 400) x b

*de 801 a 1600 quilômetros: Tmax = Pfix + 400 x a + 400 x b + (Dist - 800) x c

Page 54: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

54

*mais de 1600 quilômetros: Tmax = Pfix + 400 x a + 400 x b + 800 x c + (Dist -

1600) x db

Destas ferrovias, a mais utilizada para escoar a soja do Mato Grosso é a ferrovia

que inicia em Rondonópolis/MT e cruza o estado de São Paulo até o Porto de Santos/SP.

Quando escolhida esta opção, o transporte inicial é feito por caminhões até o

terminal integrador de Rondonópolis/MT, e daí em diante segue por ferrovia até o Porto de

Santos. Quando a opção é mandar a Soja para o Porto de Paranaguá e Rio Grande, pode-se

utilizar esta mesma ferrovia, mas com integração à ferrovia da Rumo Malha Sul, que corta o

estado do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Mato Grosso possuí 6 rotas de escoamento por hidrovias: rio Juruena; rio Teles-

Pires; rio Xingu, situados ao Norte do estado; rio Paraguai, ao Oeste/Sul do estado; rio Cuiabá

e rio São Lourenço, ao Sul do estado; rio das Mortes e rio Araguaia, na divisa com o estado de

Goiás.

Figura 11 - Hidrovias no Mato Grosso

Fonte: Ministério dos Transportes (2017).

O custo do frete hidroviário é, de todos os modais, o mais barato principalmente em

custo de operação e consumo de combustível. Ele é medido em R$/km/Ton e está exposto na

Tabela 7.

Page 55: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

55

Tabela 7 - Custo do frete Hidroviário de curta e longa distância (R$/Km/Ton).

Frete estimado Lim. Inf Lim. Sup

Granel sólido agrícola (curta distância) 0,055 0,053 0,057

Granel sólido agrícola (longa distância) 0,017 0,016 0,017

Fonte: Agência Nacional de Transporte Aquaviário, (2016).

O Norte é o local que mais utiliza as hidrovias para movimentar soja, e esse número

vem crescendo ano a ano como mostra o Gráfico 16.

Gráfico 16 - Movimentação de soja por vias interiores.

Fonte: Agência Nacional de Transporte Aquaviário, (2016).

Com o avanço no interesse de escoar a soja pelo arco Norte do País, avança também,

em paralelo, o uso de hidrovias para realizar o transporte até os portos. Dessa forma, de 2011

para 2016 houve um aumento de 88,5% de soja transportada. Isso é possível também pela vasta

extensão de rios que cortam a região norte, e o investimento em terminais portuários para

atender à demanda crescente de grão, como mostra a Figura 12.

Page 56: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

56

Figura 12 - Hidrovias do arco Norte e seus devidos terminais integradores

Fonte: Agência Nacional de Transporte Aquaviário, (2016).

É possível observar na Figura 12 que o MT possui capacidade de escoar sua

produção por hidrovias, principalmente usando a hidrovia que inicia no estado de Rondônia e

possibilita o transporte da soja até o Porto de Santarém que se destina ao mercado externo. Uma

opção bem interessante também é usar as hidrovias que começam no Norte do estado e se

dirigem ao Porto de Miritituba e de Santarém.

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CONCLUSÃO DO ESTUDO DE CASO

A pesquisa teve como finalidade efetuar um levantamento de dados referente à

infraestrutura da cadeia de produção, voltado à logística do Brasil, mas com um enfoque

direcionado ao maior estado produtor de soja que é o Mato Grosso.

Em 2017, o Brasil produziu cerca de 114,6 milhões de toneladas de soja, produção

recorde comparada à safra passada. Isso aconteceu graças ao avanço de vários fatores-chave

que contribuíram para que o Brasil se tornasse um dos maiores produtores de soja do planeta.

Boa parte dessa produção está concentrada no Centro-Oeste do País, que inclui

estados com bom potencial produtivo. Os quatro maiores produtores do Brasil são Mato Grosso,

com produção de 31 milhões de toneladas, Paraná com 19,6 milhões de toneladas, Rio Grande

do Sul com 18,7 milhões de toneladas e Goiás com 10,8 milhões de toneladas.

Esses quatro estados produzem juntos cerca de 80,1 milhões de toneladas, quase

70% da produção total do País e é perceptível que são estados que pesam na balança econômica

do agronegócio.

A logística pode não parecer significativa na cadeia de produção agrícola, mas é um

dos principais quesitos quando há custos envolvidos.

Efetuou-se um levantamento dos modais que são utilizados para transportar a soja

da origem, nas fazendas, até os portos marítimos e com isso foi concluído que o Brasil está bem

atrasado quando se trata de evolução logística.

Quanto ao transporte de cargas, o modal rodoviário é responsável por 61,1% das

movimentações brasileiras, porque é um transporte que consegue se ajustar mais facilmente às

demandas do dia a dia, tornando-o mais flexível em comparação aos outros modais. Contando

com 1,7 milhões de quilômetros de estradas, é o modal mais utilizado para movimentar soja.

Outro pedaço da fatia fica com o modal ferroviário, cuja participação é de 21% do

total de cargas transportadas, com uma infraestrutura de estradas de 28,6 mil quilômetros sob a

administração de 12 concessionárias. Entretanto, apenas um terço da malha férrea é explorada

economicamente. Este modal é indicado para o transporte de grandes volumes de carga, por

longas distâncias, porque barateia cada vez mais o custo do frete. A soja é o segundo produto

mais transportado por ferrovias, depois do minério de ferro. Já o modal hidroviário é

responsável por apenas 13,6% do total de cargas transportadas. Ele é o modal com menor custo

de operação e indicado para longas distâncias. O potencial de navegabilidade do Brasil na rede

hidrográfica é de 44 mil quilômetros, dos quais 20,9 mil quilômetros estão disponíveis para

navegação instantânea, mas apenas 13 mil quilômetros são utilizados economicamente.

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O levantamento da infraestrutura em 5 portos brasileiros também foi efetuado,

porque foram considerados os mais importantes para o escoamento da soja oriunda do Mato

Grosso.

Os portos do arco Norte do país exportaram 18 milhões de toneladas, do Sudeste

20,1 milhões de toneladas e do Sul 29,2 milhões de toneladas. O Porto de Santos, no Sudeste

do Brasil, é aquele que movimenta a maior parte da soja produzida no Mato Grosso, cerca de

7,1 milhões de toneladas em 2016. Ele possui capacidade estática de armazenagem de 1 milhão

de toneladas e capacidade de carregamento diário de 8,3 mil toneladas hora. Já o Porto de

Paranaguá, situado o Sul do país, recebeu cerca de 630 mil toneladas de soja oriundas do Mato

grosso em 2016. Ele tem capacidade estática de 1,5 milhões de toneladas, com estrutura de

carregamento para carregar navios a 5,2 mil toneladas/hora. Mais ao Sul, o Porto de Rio Grande

exporta 1,5 milhões de toneladas de soja oriundas do Mato Grosso. Ele possui capacidade

estática de 2,0 milhões de toneladas, com estrutura para carregar navios a 7,1 mil

toneladas/hora. Subindo para o Norte, identificou-se que o Porto de Itaqui é um dos mais

importantes do Brasil, e está na rota da soja mato-grossense. O porto recebeu em 2016, 1,3

milhões de toneladas de soja. Ele possui capacidade estática um pouco defasada em relação aos

outros portos, girando em torno de 500 mil toneladas. O carregamento de navios é de 1,3 mil

toneladas por hora. Outro porto levado em consideração pelo estudo foi o Porto de Santarém,

cujas operações estão crescendo exponencialmente, sendo que em 2016 movimentou 1,2

milhões de toneladas oriundas do Mato Grosso. Ele possui capacidade estática de 220 mil

toneladas e carregamento de navios em 3 mil toneladas hora.

O Mato Grosso possui cerca de 360 quilômetros de ferrovia, localizada no sul do

estado. Ela tem início em Rondonópolis/MT e segue a mesma linha férrea, indo até o Porto de

Santos. Em rodovias, o Mato Grosso possui 30 mil quilômetros, mas somente 19% são

pavimentadas.

O transporte hidroviário no estado atualmente se restringe basicamente aos rios

Paraguai, com terminal em Cáceres, e Araguaia, com terminal em Nova Xavantina.

O Mato Grosso é o maior estado produtor do Brasil com 31 milhões de toneladas

produzidas na safra 2017/18.

A utilização da intermodalidade de transportes se faz necessária na exportação de

soja em grão do Mato Grosso, pelo fato de o estado estar situado no Centro-Oeste do País.

Encontra-se, portanto, distante dos portos exportadores. O transporte da soja deve ser realizado

pelo modal hidroviário e ferroviário, e apenas utilizar o modal rodoviário para fazer as ligações

entre fazenda-terminal, terminal-porto, hidrovia-ferrovia.

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O modal hidroviário deve ser o mais incentivado ao uso contínuo, pois é aquele que

apresenta o menor custo tonelada/km, além de agregar outros benefícios, como o consumo de

combustível. Ele também é o menos poluente em comparação ao outros modais.

Tabela 8 - Origem X destino por tipo de modal.

Porto/des

tino

Modal 1 Dist. 1

(km)

Cidade Modal 2 Dist. 2

(km)

Cidade

Sorris

o

(MT)

Santarém Rodoviári

o

231 Vila bela

Sant.

Trind./MT

Hidroviário 2600 Santarém/P

A

Fonte: Dados elaborado pelo autor, (2018).

É possível observar no cenário acima que a hidrovia é a opção mais vantajosa para

escoar a produção do Centro-Oeste, que concentra a maior produção de soja do País.

Considerando Sapezal/MT como origem e países da Europa como destino, a soja

percorrerá 231 km pelo modal rodoviário até Vila Bela da Santíssima Trindade/PA, e percorrerá

cerca de 2600km pelo rio Madeira até o Porto de Santarém para carregar um navio marítimo e

levar o grão até a Europa, como mostra a Figura 13.

Figura 13 - Rota alternativa para escoar soja para a Europa. Sapezal/ Rondônia/

Santarém/ Europa.

Fonte: Elaborado pelo autor, (2018).

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Essa rota gera uma redução de 3,3 mil quilômetros em comparação ao trajeto via

Porto de Santos, gerando uma economia de US$ 6,38/tonelada no frete.

Agora, considerou-se como origem Sorriso e cidades no entorno de Sorriso que

possuem elevada produção de soja, como Nova Ubiratã, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, e

definiu-se como destino o Porto de Santarém.

Tabela 9 - Origem X destino, por tipo de modal.

Porto/destino Modal 1 Dist. 1

(km)

Sorriso (MT) Santarém Rodoviário 1374

Nova Ubiratã (MT) Santarém Rodoviário 1458

Lucas do Rio Verde

(MT)

Santarém Rodoviário 1437

Nova Mutum (MT) Santarém Rodoviário 1530 Fone: Elaborado pelo autor, (2018).

Nesse esquema, o ideal seria realizar a pavimentação total da BR-163 (hoje ela está

parcialmente asfaltada e em má estado de conservação). Ela ligaria uma área de várias cidades

de influência na produção de soja, porque corta o eixo central do estado. Nesse caso, o custo do

transporte logístico seria em torno de US$ 44,5 por tonelada. Já se a soja fosse escoada pelo

Porto de Santos, com trajeto totalmente rodoviário, tomando-se como origem Nova

Ubiratã/MT, o frete teria de custo de US$ 68,2 por tonelada. A opção do trajeto via BR-163

totalmente pavimentada iria gerar uma economia de US$ 23,7 por tonelada.

Uma as opções mais interessantes também seria escoar a soja pelo Leste do estado,

tomando-se como origem a cidade de Querência/MT e transportando a soja via rodovia até o

terminal hidroviário de Água Boa, cerca de 230 km de distância. Lá realizar o carregamento

das barcaças no terminal e seguir 1224 km até Marabá/PA, que é um dos principais terminais

de carga e descarga do Norte. O terminal tem estrutura para atender ao modal ferroviário, então,

a carga seguiria de Marabá/PA até o Porto de Itaqui (São Luís) via ferrovia, percorrendo 698,5

km pela estrada de ferro Carajás (EFC).

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Figura 14 - Rota de escoamento utilizando modal hidroviário de Água Boa/MT até

Marabá/PA, passando para o modal ferroviário de Marabá até o Porto de Itaqui.

Fonte: Governo do estado do Maranhão, (2016).

Neste caso, com essa integração, o custo logístico para o modal ferroviário fica em

torno de US$ 18,13 por tonelada, hidroviário em US$ 15 por tonelada e o trecho rodoviário em

US$ 67,4 por tonelada. Essa integração de modais gera uma economia em torno de 14%, se

comparado a outras formas e rotas de escoamento.

Figura 15 - Rotas Propostas para o escoamento da safra do Mato Grosso

Fonte: Elaborado pelo autor, (2018).

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Depois de efetuar o levantamento dos dados e realizar o cruzamento entres eles, é

muito mais viável para o estado do Mato Grosso escoar a produção pelo arco Norte do País,

utilizando canais de escoamento mais eficazes, refletindo no custo direto do frete, e aumentando

significativamente a competitividade da soja brasileira no mercado externo.

A competitividade na visão logística está exatamente na utilização do tipo do modal

utilizado como principal matriz de transporte e, no Brasil, infelizmente, em mais da metade dos

modais utilizados está o Rodoviário.

O modal rodoviário deverá passar por algumas melhorias urgentes para atender a

alta demanda. O governo deverá implementar programas de recuperação e melhoria nas

principais rotas de escoamento da produção: adotar modelos de concessão que garantam menor

valor de tarifa, e diminuir os custos operacionais de fretes, visto que vários caminhoneiros

relatam pouco retorno financeiro para cobrir os desgastes e custos dos caminhões.

Já para o modal ferroviário, o Brasil não tem avançado muito em relação as

ferrovias do século passado.

O Ferrogrão que é o trecho de Sinop/MT a Miritituba/PA, é uma ferrovia que iria

valorizar ainda mais a produção do estado do Mato Grosso. Esta obra é considerada prioritária

e ainda está nos estudos do Governo Federal, e muito aguardada pelos produtores da região. A

ferrovia de integração Centro-oeste (FICO) trecho de Campinorte/GO a Lucas do Rio

Verde/MT e trecho de Sapezal/MT a Porto Velho/RO, a ferrovia de integração Oeste-Leste liga

Ilhéus/BA a Luiz Eduardo Magalhães/BA.

Visto isso, é necessário fazer investimentos para aumentar a capacidade da malha

ferroviária que resultam em maior oferta, pois estas ferrovias iriam trazer enormes benefícios,

principalmente em desafogar os portos do Sul do País,

Para o modal hidroviário, é necessário realizar alguns ajustes quanto a dragagem de

canais e sinalização nos rios. Essa reestruturação irá possibilitar o transporte de maiores

volumes em maiores barcaças, tornando o modal mais estruturado e gerando menores custo.

Com isso ficara mais atrativo para realizar o escoamento para os portos do Norte do país.

Estas indicações, iriam reestrutura o setor logístico do Brasil, principalmente no

Centro-Oeste do Brasil, possibilitando uma melhor distribuição logística para os portos, que

são os principais pontos de entrada e saída de produtos agrícolas.

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CONCLUSÕES

Depois de abordar os dados relacionados a infraestrutura dos principais estados,

com ênfase ao estado do Mato Grosso, foi possível observar que o estado carece de

infraestrutura logística para escoar soja aos portos, que é a principal porta de saída da soja

brasileira para o mercado externo.

Problemas como má conservação e falta de investimentos em rodovias, ferrovias e

hidrovias, acabam agravando ainda mais os problemas com a logística, visto que é uma das

tarefas mais importantes dentro da cadeia produtiva, observando que a produção de soja

brasileira vem crescendo exponencialmente ano após ano, e em paralelo a isto, as exportações

brasileiras de soja veem acompanhando este ritmo.

O Brasil tem uma enorme extensão territorial, então, é de extrema importância saber

escolher qual o porto mais vantajoso de se enviar a soja, visto também que a competitividade

na visão logística está exatamente na utilização do tipo do modal utilizado como principal

matriz de transporte.

A estrutura do estado do Mato Grosso para atender a crescente produção de soja é

bastante precária em relação a rodovias, onde falta avanços estruturais para atender a demanda,

visto que o estado não possui malha ferroviária que ligam cidades do próprio estado, e possui

baixa usabilidade das hidrovias para o sentido Norte do País, em direção ao porto de Santarém

e Porto de Itaqui, que são portos localizados estrategicamente no país.

Então, é de extrema importância o estado passar por transformação logística, como dar início a

construção de ferrovias que foram planejadas no PAC, para continuar a ser competitivo e

colaborar para a economia do País.

SUGESTÕES DE NOVOS TRABALHOS

Para um entendimento mais abrangente em relação a logística de transporte de

soja no Brasil e no estado do Mato Grosso, os seguintes estudos são sugeridos:

• Analisar a fundo a construção de novas ferrovias no Brasil, não apenas focado no

transporte de soja, e sim para a movimentação de cargas em geral.

• Estudar o comportamento na tomada de decisão para escolher o tipo de modal mais

adequado.

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• Verificar a eficiência de outras rotas de escoamento da soja oriunda do Mato Grosso.

• Replicar os modelos propostos para outros estados do Brasil que também produzem e

exportam uma grande quantidade de soja, utilizando rotas que tragam maiores

benefícios em toda a cadeia de distribuição.

Page 65: ANÁLISE DOS ENTRAVES DO SISTEMA LOGÍSTICO DA SOJA NO

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