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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1
ANÁLISE ESPACIAL ATRAVÉS DO NDVI APÓS
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA MINA CÓRREGO DO
FEIJÃO EM BRUMADINHO – MG
Juarez Antonio da Silva Junior (a)
(a) Departamento de Engenharia Cartográfica e Agrimensura, Universidade Federal de
Pernambuco, [email protected]
Eixo: Riscos de Desastres Naturais
Resumo
O uso de dados e geoprocessamento no ambiente SIG são esseciais no mapeamento de desastres
naturais com rejeitos de mineração para as analises de gestão espacial e a obtenção de conclusões e
provas importantes, combinando de dados no ambiente GIS. Dentre as formas de mapeamento , está o
uso de índices de vegetação com destaque para o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada
(NDVI).A partir disso, este trabalho tem como base o uso do NDVI para a análise da espacialização e a
devastação causada pelo rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão – MG com uso de
imagens do Satélite Sentinel 2A e dados geomorfológicos do Satélite ALOS PALSAR. A metodologia
utilizada neste trabalho demonstrou a aplicabilidade de imagens orbitais para o diagnoticos de impactos
causados por desatres ambientais, destacando o uso do NDVI quando comparadas a imagem anterior e
posterior ao acidente , se apresentando de forma eficiente e de fácil compreensão.
Palavras chave: NDVI, Brumadinho-MG, Sensoriamento Remoto, Barragem.
1. Introdução
Um acidente ambiental de grandes proporções que ganhou grande visibilidade
foi o rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão no município de
Brumadinho - MG em 25 de janeiro de 2019, que ocasionou uma enxurrada de lama e
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rejeitos de mineração. A Defesa Civil de Brumadinho divulgou que o rompimento
resultou em um acidente de grandes proporções, considerado como um desastre
humanitário e ambiental, com 186 mortos e mais de 122 desaparecidos, gerando
uma calamidade pública.
A catástrofe provocou destruição, pessoas desabrigadas e desalojadas, milhares
de pessoas sem água e gerou ainda graves danos ambientais e socioeconômicos a toda
parte central Bacia do Rio Paraopeba. Nesta perspectiva a cartografia e o
sensoriamento remoto tem um papel importante na prevenção e analise de risco
ambientas, que pode ser representado uma mancha que revela sua posição em relação a
uma área suscetível ou afetada que podem ser severos e impactá-lo.
O vigor da vegetação, ou a falta dela, pode ser um bom indicativo das áreas
impactadas pelo acidente. Dentre os vários índices de vegetação, o NDVI ( Normalized
Difference Vegetation Index) pode ser utilizados para demonstrar o comportamento da
vegetação, é capaz de ser analisado por valores obtidos em diferentes datas, que
permitem avaliar a variação da área verde em certo período de tempo Outra técnica
relevante é o uso de Modelos Digitais de Elevação (MDE),com a finalidade de
verificar as características geomorfológicas da região relacionando-a com a proporção
da catástrofe. Este dado possui grande importância em um mapeamento prévio de
possíveis danos causados no rompimento de uma barragem, visto que torna capaz
traçar o sentindo do escoamento superficial, de modo a permitir simular no caso de um
possível rompimento as regiões que serão atingidas, sendo de grande importância em
sua fase de instalação.
Diante isso, este trabalho se propõe analisar a espacialidade do acidente de
modo que a metodologia aqui aplicada, unida a outras ferramentas e dados orbitais,
possa auxiliar no processo de delimitação das áreas impactadas.
1.2. Local de estudo
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Brumadinho é um município brasileiro no estado de Minas Gerais, Região
Sudeste do país. Mostrado na figura 01, está localizado na Região Metropolitana de
Belo Horizonte e segundo o IBGE sua população estimada em 2018 era de 39 520
habitantes. O município pertencente a Bacia do Rio Paraopeba, em 2019, ficou
conhecido pelo rompimento de uma barragem em Brumadinho da empresa Vale S.A.
O rompimento da barragem de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, resultou em um
dos maiores desastres com rejeitos de mineração no Brasil.
Figura 01 – Localização do Municipio de Brumadinho-MG.Fonte: Autor,2019
2.Materias e Metodos
Para este trabalho foi utilizada duas cenas da correspondente ao comprimento
de onda central 842nm e 665nm do Satélite Sentinel-2A adquirida pelo sensor Multi
Spectral Instrument (MSI). Este produto foi obtido gratuitamente pelo endereço
eletrônico https://earthexplorer.usgs.gov.O dado que foi empregado, possui nível 1C
de processamento, que conta com a imagem geometricamente corrigida
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(ortoretificada), valores de reflectância no topo da atmosfera (TOA) e resolução
espacial de 10 metros.Esta conversão leva em consideração o espectro solar
extraterrestre equivalente a direção solar de entrada definida pelo seu ângulo zenital
para cada pixel da imagem e a calibração absoluta do instrumento MSI.
As imagens são datadas 15/08/2018 e 02/02/2019 ambas correspondentes antes
e após o rompimento da barragem respectivamente.Foram utilizados para a analise
geomorfologica da area de estudo foram duas cenas do Modelo Digital de Elevação
(MDE) do Satélite ALOS. Este satélite é um projeto conjunto entre a Japan Aerospace
Exploration Agency (JAXA) e a Japan Resources Observation System Organization
(JAROS). Dentre seus vários sensores para este estudo foi utilizado o instrumento
Phased Arrayed type L-Band SAR (PALSAR) com resolução de 12,5 m (JAXA,
2008).
Após esta análise complementar das características morfológicas da região em
estudo, partiu-se para a análise temporal do Índice de vegetação Normalizado, de
modo a evidenciar a espacialidade do acidente no subdistrito a partir da distribuição da
vegetação utilizando o software QGIS 2.14. Rouse et al. (1974) desenvolveram Índice
de Vegetação normalizado (NDVI). Esta aplicação é realizada em cada pixel,
respectivamente nas bandas dos canais vermelho e infravermelho próximo, resultando
num valor final com valor entre -1 e 1. A fórmula e como segue a equação 1:
NDVI = ρIVP – ρVERM
ρIVP+ρVERM Eq. (1)
Quanto mais próximo de 1, maior é a atividade vegetativa no local
representado pelo pixel. Valores negativos ou próximos de 0 indicam áreas de água,
edificações, solo exposto, onde há pouca ou nenhuma atividade clorofiliana.
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3.Resultados
Na Figura 2 é possível observar, através da composição das bandas 4\5\6 das
imagens do Satélite Sentinel 2,os mapas antes e depois da região atingida pelo
rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão em Brumadinho-MG.
Figura 02 – Composição RGB 4\5\6 a) antes e b) depois do rompimento da
Barragem.Fonte: Autor,2019.
Através desta metodologia foi gerado mapas de NDVI, mostrado na figura 03,
contemplando espacialmente toda área atingida pelo rejeitos da Barragem Mina
Córrego do Feijão, para as datas de 26/09/2018 e 02/02/2019 correspondentes á antes e
após o desastre.
a) b)
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Figura 03 – a) NDVI antes e b) NDVI depois do rompimento da Barragem Corrego do
Feijão.Fonte: Satelite Sentinel 2A
Para melhor analise das imagens e espacialização da tragédia foi feito um
recorte nas imagens correspondentes a região atingida pelos rejeitos da lama. As
imagens do NDVI de 15 de agosto 2018 mostra um valor de médio de 0.48 e desvio
padrão de 0.24, enquanto o NDVI de 1 de fevereiro de 2019 apresentou um valor
médio de 0.11 e desvio padrão de 0.06. O NDVI anterior ao rompimento da barragem
mostrou um maior valor de média devido a área estava ocupada por vegetação natural
e maior valor de desvio padrão por conter uma variedade de valores pixels referentes a
vários componentes principais como solo exposto, vegetação natural ,pequenas áreas
urbanas e água.
Já o NDVI de posterior ao rompimento da barragem apresentou menor valor
médio de NDVI devido a área está completamente coberta por sedimentos em
suspensão e lama, e menor valor desvio padrão ocasionado a ausência de
a) b)
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variabilidade de valores de NDVI, já que a área que era ocupado por vegetação
arbórea, logo após a tragédia, ficou coberto por rejeitos da barragem.
Na figura 04 é possível observar que rejeitos da barragem seguiu
minuciosamente as características geomorfológicas da região. Na parte superior,
próxima a barragem, a figura 04 mostra uma significante curvatura do caminho dos
rejeitos da barragem em direção a curva de nível de 800 m. Isso acontece devido o a
direção do fluxo ser formada entre duas elevações, uma delas, é pelo talvegue
alongado representado pela curva de maior altitude (1000 m) até a curva de menor
altitude (850 m). Logo após, a lama seguiu o fluxo ordenado pela curva de nível de
800 metros até chegar a curva de nível mais baixa de 750 m no leito do Rio Paraopeba.
Para melhor exemplificar foi implementado um modelo tridimensional mostrado na
figura 4 b).
Figura 04 – Curvas de Nivel com equidistancia de 50 m e Composição RGB 6\5\4 do trecho atigindo
pelos Barragem Corrego do Feijão.
A figura 05 mostra um modelo tridimensional de uma parte da Bacia
Hidrográfica do Rio Paraopeba. Percebe-se na figura 05 que os rejeitos do rompimento
da barragem no rio Paraopeba segue rio abaixo da bacia hidrográfica do Rio
a) b)
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Paraopeba como mostra a figura 05 e passou pelos municípios de Betim, Brumadinho,
Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Igarapé, Juatuba,
Maravilhas, Mário Campos, Morada Nova de Minas, Papagaios, Paraopeba, Pequi,
Pompéu, São Joaquim de Bicas e São José da Varginha até chegar no munícipio de
Pará de Minas até a data do presente estudo. Segundo analise da Fundação SOS Mata
Atlântica o trecho do rio atingido pela lama, está morto a 40 km de distância do ponto
de rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão com baixos níveis de
oxigenação.
Figura 05 – Modelo 3D com exagero vertical de parte da bacia Hidrografica do Rio Paraopebas.
Fonte: Autor,2019.
Observando o mapa de NDVI antes da tragédia é possível observar valores de
pixels negativos referentes ao curso d’água do Rio Paraopeba, tais valores coerentes
para este índice. Após a tragédia houve aparecimento de valores de pixels positivos do
NDVI no curso do rio. Essa mudança de valores foi devido a contaminação causadas
pelos rejeitos da barragem em contato com rio que resultou na mudança de valores de
NDVI.O Rio Paraopeba é naturalmente turvo, principalmente em fevereiro devido ao
aumento das precipitações, porém após o acidente o rio ficou com quase 100 vezes a
mais da concentração de turbidez indicado pela legislação para água de rios e
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mananciais. As figura 07 a) e b) mostram o NDVI e c) e d) uma composição colorida
que mostram visualmente a mudança na coloração do Rio Paraopeba antes e após o
contato com os rejeitos da barragem
.
Figura 06 – a) NDVI em parte do Rio Paraopeba antes e b) depois do contato com os rejeitos do
rompimento da barragem. c) Composição RGB 6\4\5 em parte do Rio Paraopeba antes e d) depois do
contato com os rejeitos do rompimento da barragem.
Foi escolhidos 5 pontos aleatórios para leitura de pixels na água antes e depois
da tragédia enumerados de 1 á 5 da imagem do NDVI correspondentes ao Rio
Paraopeba. Na tabela 1 mostra os alvos no rio antes da tragédia apresenta valores
negativos coerente com o valor para corpos hídricos para o NDVI. Após o contato da
água com os rejeitos, os alvos apresentaram valores positivos, devido a alta turbidez do
rio que alterou o valores dos pixels para este índice. No ponto 1 que não foi afetado
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pelos rejeitos da barragem por isso apresentou valores negativos e próximos antes e
depois, mostrando a característica da água não contaminada para este índice.
Pontos (valor de
NDVI)
NDVI (da água antes
do rompimento da
barragem)
NDVI (da água depois do
rompimento da barragem)
1 -0.32 -0.35
2 -0.30 0.13
3 -0.28 0.17
4 -0.35 0.10
5 -0.31 0.24 Tabela 01 – Amostras aleatorias de leitura de pixels do NDVI antes e após o rompimento da
barragem.
5. Conclusão
Os dados extraídos das imagens do NDVI e os dados altimétricos na tragédia
do Córrego do Feijão integrados aos SIG possibilitou a geração de documentos
cartográficos importantes para análise da influência da distribuição da ocupação do
solo e a geomorfologia da região para espacialização da tragédia. Mesmo o NDVI não
ser um índice indicado para analise da água, foi eficiente para identificação de
mudança da qualidade da água do Rio apresentando bastante discrepância entre os
valores de NDVI antes e depois.
Assim, o mapeamento temático de uma região através com a utilização de
SIG’s se torna uma ferramenta importante na criação de bases para ações e estudos
posteriores. Apresentaram com eficiência as áreas possivelmente impactadas, além de
demonstrar de forma visual bastante compreensível para a sociedade, seja gestor,
cientista ou a população em geral. O usuário conseguirá entender facilmente as
informações demostradas graças ao uso de dados orbitais empregadas na metodologia.
6. Referências Bibliográficas
ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 11
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https://portal.brumadinho.mg.gov.br/diario-oficial/ .Publicado em: 06/02/2019.
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https://sentinel.esa.int/web/sentinel/technical-guides/sentinel-2-msi/level-1c/algorithm.
Acessado 10/01/2019.
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paraopeba/ . Acessado em 07/02/2019.
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rompimento-de-barragem-da-vale-em-brumadinho-mg-destruiu-269-84-hectares.
Publicado em: 30 de Janeiro de 2019. Acessado em 07/02/2019.
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