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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ANÁLISE ESTRUTURAL DO SISTEMA DE GRABENS
DO RIO TOCANTINS, BORDA OESTE DA BACIA DO
PARNAÍBA (TOCANTINS, PARÁ E MARANHÃO).
Dissertação n.°173/PPGG
Autor:
KAUÊ SEOANE SOUZA
Orientador:
Prof. Dr. EMANUEL FERRAZ JARDIM DE SÁ
Natal-RN, Junho de 2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ANÁLISE ESTRUTURAL DO SISTEMA DE GRABENS
DO RIO TOCANTINS, BORDA OESTE DA BACIA DO
PARNAÍBA (TOCANTINS, PARÁ E MARANHÃO).
Autor:
KAUÊ SEOANE SOUZA
Dissertação apresentada em 08 de Junho de 2016, ao
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e
Geofísica – PPGG, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN, como requisito à
obtenção do título de MESTRE em Geodinâmica e
Geofísica, área de concentração em Geodinâmica.
Comissão Examinadora:
Prof. Dr. EMANUEL FERRAZ JARDIM DE SÁ (DG/PPGG/UFRN – Orientador)
Prof. Dr. ALEX FRANCISCO ANTUNES (DG/UFRN – Membro Interno)
Dra. LILIANE RABELO CRUZ (Petrobrás RN/CE – Membro Externo)
Natal-RN, Junho de 2016
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN /SISBI / Biblioteca Setorial
Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.
Souza, Kauê Seoane.
Análise Estrutural do Sistema de Grabens do Rio Tocantins, borda oeste da Bacia do
Parnaíba (Tocantins, Pará e Maranhão) / Kauê Seoane Souza. – Natal, 2016.
x, 73f: il.
Orientador: Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica.
1. Bacia do Parnaíba. 2. Sistema de Grabens. 3. Estruturas distensionais. I. Jardim de Sá,
Emanuel Ferraz. II. Título.
RN/UF/BSE-CCET CDU: 551.432.46(812.2)
DEDICATÓRIA
Danilo e Edjane Souza, seus ensinos e amor tiveram tanto efeito sobre minha vida, que esse
aspecto da vida familiar será propagado para minhas gerações, muito obrigado, vocês
sempre serão meus exemplos singulares.
Caio, meu carinho e nossa amizade se fortaleceram em meio à distância.
UFRN/CCET – PPGG DEDICATÓRIA
SOUZA, K. S. PÁGINA I
AGRADECIMENTOS
Prevalece então a honra e o amor, obrigado Deus por me conduzir num caminho mui
excelente e pouco imaginado noutros momentos de minha vida.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudos para o mestrado no Programa de Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGG/UFRN).
À CHEVRON BRASIL que através da parceria firmada entre a
UFRN/PPGG/FUNPEC, financiou o projeto de pesquisa “Geologia e Sistemas Petrolíferos da
Bacia Intracratônica do Parnaíba, Nordeste do Brasil”, projeto este em que está inserida a
presente dissertação.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá pela oportunidade de
trabalho, colaboração, orientação e incentivo sempre presentes.
Aos professores que participaram de forma direta e indireta, seja ministrando aulas,
mini-cursos, aconselhando e tirando dúvidas, citá-los todos aqui poderia ser injusto, visto um
provável esquecimento. Contudo, deixo meu registro especial ao Prof. Dr. Fernando César
Alves da Silva, sua dedicação no trabalho de campo, e fora dele, foram de grande valia para
este compêndio.
Aos queridos amigos, colegas de trabalho alunos da Pós-Graduação e do Laboratório
de Geologia e Geofísica do Petróleo Luís Kennedy, Moisés Cacama, André Blanco, Magda
Estrela, Nadja Ferraz, Éverton Barbosa e Francisco Gabriel, que em diversos momentos
importantes estiveram presentes para descontrair de um dia cansativo, muito bem-vindas.
Ao corpo funcional do PPGG, com destaque para Nilda Araújo, que desde antes de
estar em terras natalenses me ajudava nos trâmites do processo.
À minha família, que reside noutro estado, contudo está tão presente que é provável
vê-los por aqui. Danilo e Edjane Souza e meu irmão Caio Souza, vocês sempre terão minha
admiração e carinho, obrigado!
À minha família reconhecida em Natal, Álvaro e Mara Souza, embora jamais tendo
me visto, me acolheram como um filho. Não tenho palavras para agradecê-los.
À família que reconheci em Cristo por aqui também, meus queridos amigos e irmãos
da Bola de Neve Church.
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA II
Aos meus amigos, geólogos ou não, que cresceram comigo e puderam também estar
presentes, e perto ou longe tem lugar reservado em meio a meus pensamentos hoje, muito
obrigado.
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA III
EPÍGRAFE
Provai e vede que o Senhor é bom, bem-aventurado o homem que nele se refugia.
Salmos 34:8
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA IV
Sumário CAPÍTULO I ........................................................................................................................... 15
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15
1. APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS................................................................................. 16
1.2. Justificativa.................................................................................................................... 17
1.3. Localização e acesso da área em estudo ........................................................................ 17
2. MÉTODOS DE TRABALHO ......................................................................................... 20
2.1. Levantamento Bibliográfico ................................................................................................... 20
2.2. Aquisição e Análise de Imagens de Sensor Remoto .............................................................. 20
2.3. Coleta de Dados ..................................................................................................................... 22
2.4. Refinamento da Interpretação de Imagens ........................................................................... 22
2.5. Tratamento de Dados Estruturais .......................................................................................... 22
2.6. Integração dos Dados Estruturais e Estratigráficos ............................................................... 23
2.7. Redação da Dissertação ......................................................................................................... 23
3. GENERALIDADES......................................................................................................... 25
3.1. A Faixa Araguaia ..................................................................................................................... 27
3.2. O Registro Sedimentar e Magmático na Bacia do Parnaíba .................................................. 29
CAPÍTULO IV......................................................................................................................... 35
ARTIGO CIENTÍFICO ........................................................................................................... 35
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL........................................................................... 39
CARACTERIZAÇÃO TECTONO-ESTRATIGRÁFICA DO SISTEMA DE GRABENS
DO RIO TOCANTINS......................................................................................................... 47
CAPÍTULO V .......................................................................................................................... 59
DADOS ADICIONAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO
SISTEMA DE GRABENS DO RIO TOCANTINS ................................................................. 59
5. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 60
5.2. Análise de Imagens SRTM ...................................................................................................... 60
5.3. Registro Estrutural de Mesoescala ........................................................................................ 64
CAPÍTULO VI......................................................................................................................... 69
CONSCLUSÕES ..................................................................................................................... 69
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 70
CAPÍTULO VII ....................................................................................................................... 72
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA V
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 73
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA VI
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Figura 1 - Mapa de localização geográfica da área de estudo, inserida na porção WSW da Bacia do
Parnaíba..................................................................................................................... ............................................ 14
CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TRABALHO
Figura 2.1 – Fluxograma das atividades desenvolvidas durante a preparação desta dissertação......................... 16
Figura 2.2: Modelo esquemático de aquisição dos dados de SRTM (Missão Topográfica de Radar Transportado
– NASA). A letra “d” representa a distancia de 60 m entre o ônibus espacial Endeavour e as antenas secundárias
de recepção..................................................................................................... ....................................................... 17
Figura 2.3: Método dos Diedros Retos proposto por Angelier & Mechler (1977), utilizado para a determinação
do campo de tensões a partir de dados de falha, o qual considera a existência de um plano auxiliar para a
determinação deste campo. Com isso, são geradas áreas de contração (em azul) e áreas de distensão (em
branco). Adaptado de Leyshon e Lisle (1996)...................................................................................................... 19
CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
Figura 3.1: Mapa estrutural da Província Parnaíba, mostrando os crátons e faixa orogênicas adjacentes, arcos e
lineamentos que foram ativos durante a estruturação desta província sedimentar (adaptado de Bizzi et al. 2001
apud Hasui et al. 2012)................................................................................ .......................................................... 22
Figura 3.2: Seção E-W da Bacia do Parnaíba em que estão representadas as sequências sedimentares e a sua
estruturação, nas bordas leste e extremo oeste, pelo Lineamento Transbrasiliano e pela Faixa Araguaia,
respectivamente (adaptado de Góes et al. 1992)................................................................................................... 23
Figura 3.3: Mapa geológico simplificado da Faixa Araguaia e do embasamento cristalino. A – Depósitos
Aluvionares. B – Bacia do Parnaíba. C – Super Grupo Baixo Araguaia, plútons graníticos e alcalinos. D –
Corpos máficos-ultramáficos. E – Plútons graníticos, Complexo Rio dos Mangues, Complexo Porto Nacional,
Complexo Colméia e Grupo Rio do Coco, dominantemente de idade paleoproterozoica a arqueana. F – Maciço
de Goiás e Cráton Amazônico (adaptado de Gorayeb et al. 2008 apud Pinheiro et al. 2011).............................. 24
Figura 3.4: Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba, que exibe as cinco supersequências além da representação
do embasamento (Vaz et al. 2007)....................................................................................................................... . 26
CAPÍTULO IV – ARTIGO CIENTÍFICO
Figura 1: Esboço tectônico da porção centro-norte do Brasil. 1. Coberturas Fanerozóicas; 2. Faixas de
Dobramentos Brasilianas: GP – Gurupi; FA – Faixa Araguaia; FB – Faixa Brasília e FP – Faixa Paraguai; LTB
– Lineamento Transbrasiliano; PB – Província Borborema. 3. Cobertura Cratônica Bambuí. 4. Crátons
Brasilianos: A – Amazônico; B – São Luís; C – São Francisco; E – Maciço Goiano. 5. Em tracejado, outros
lineamentos brasilianos (Sadowski e Cruz Campanha, 2004)............................................................................... 35
Figura 2: Delimitação da Província Parnaíba, com individualização das principais sequências estratigráficas.
Foram representados esquematicamente os traços do Lineamento Transbrasiliano (LTB) e dos grabens em
estudo, também com base nas referências citadas (Faraco et al. 2004a, b; Vasconcelos et al. 2004a, b)............ 37
Figura 3: Imagens SRTM com iluminação artificial (azimute solar: 45° e inclinação solar: 45°). Em (1) observa-
se a delimitação dos grabens através de falhas normais conferidas em campo. (2) Exemplifica fotolineamentos
que truncam a estruturação associada aos grabens. (3) Exemplifica fotolineamentos de direção NW, associados
ao embasamento cristalino. (4) indicação de estruturas de direção NW que penetram na bacia. Uma versão desta
figura, em maior detalhe, pode ser consultada em Souza (2016).......................................................................... 41
Figura 4: Mapa geológico da área de estudo com os fotolineamentos traçados. Diagrama de rosetas (por
frequência) gerado a partir dos fotolineamentos. Base cartográfica e geológica da CPRM (Faraco et al. 2004a, b;
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA VII
Vasconcelos et al. 2004a, b), com modificações nas cores das unidades. GA – Graben de Araguaína. GM –
Graben do Muricizal. Uma versão desta figura, com maior detalhe, pode ser consultada em Souza (2016)....... 42
Figura 5: Visão panorâmica da terminação sul do Graben de Araguaína, mostrando a relação lateral entre dois
grupos de idades distintas (Serra Grande e Canindé, este último representado pelas formações Pimenteiras e
Cabeças)......................................................................................................... ....................................................... 44
Figura 6: Estruturas relacionadas aos diversos eventos deformacionais. A) Falha normal de direção N-S, que
afeta arenitos da Formação Ipu, colocados em contato com o embasamento cristalino (observar slickenlines). B)
Falha normal de direção NW-SE em arenitos da Formação Poti. C) Falha transcorrente sinistral de direção NE
em arenitos da Formação Pimenteiras; A, B e C são estruturas D1. D) Banda de deformação normal de direção
ESE, observada em arenitos da Formação Sambaíba. E) Plano de falha normal com direção ESE em basaltos da
Suíte Mosquito; C e D são estruturas D2. F) Plano de falha normal com direção NE em diamictitos da Formação
Cabeças. F) Essa estrutura é de idade D3. Nas fotos, o martelo aponta para o norte............................................ 46
Figura 7: Projeções estereográficas geradas no programa Win-Tensor (projeção Schmidt-Lambert, hemisfério
inferior) para os sistemas de falhas relacionados às fases deformacionais D1e D2. i) Falhas normais com direção
NW e falhas normais obliquas N-S com componente sinistral. ii) Bandas de deformação NNE-SSW. iii)
Reconstrução cinemática para o sistema de falhas e bandas de deformação da fase D1, onde o eixo de distensão
(X) possui direção NE-SW. iv) Falhas normais de direção E-W, ENE e ESSE; v) Bandas de deformação com
orientação tendendo a E-W. vi) Reconstrução cinemática para o sistema de falhas da fase D2, onde o eixo de
encurtamento (Z) está praticamente vertical e o eixo de distensão (X) possui direção NNE-SSW. Setas pretas
indicam o eixo de distensão horizontal................................................................................................................. 47
Figura 8: Projeções estereográficas geradas no programa Win-Tensor (projeção Schimidt-Lambert, hemisfério
inferior) para o sistema de falhas relacionadas à fase deformacional D3. i) Falhas normais de direção NE-SW. ii)
Falhas de rejeito direcional sinistral com direção WNW-ESE. iii) Falhas de rejeito direcional dextral com
direção NW-SE e NNE-SSW. iv) Reconstrução cinemática para o sistema de falhas da fase D3, onde o eixo de
distensão (X) possui direção NW-SE. Setas pretas indicam o eixo de distensão horizontal................................ 48
Figura 9: Modelo evolutivo para o Sistema de Grabens do Rio Tocantins (SGRT), os blocos diagramas ilustram
a geometria e cinemática do evento da formação do graben. A) Distensão oblíqua no Permiano-Triássico
Médio), e fases deformacionais subsequentes que afetaram a Bacia do Parnaíba. B) Distensão associada com o
evento magmático Mosquito, no Jurássico Inferior. C) Distensão NW correlacionada {a abertura do Atlântico
Sul, no Cretáceo Inferior....................................................................................................................................... 50
CAPÍTULO V – DADOS ADICIONAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE
GRABENS DO RIO TOCANTINS
Figura 5.1: Imagens SRTM da área do estudo com pseudo-iluminação no relevo (azimute solar 335° e
inclinação solar: 45°), utilizado para o realce de feições lineares na superfície. À esquerda, a imagem sem
interpretação e, à direita, a mesma interpretada. Fotolineamentos em preto são de caráter rúptil, e aqueles em
amarelo são associados à cinemática do LTB na porção S e SE do mapa, ou fotolineações que representam o
trend das estruturas dúcteis (em especial, foliações) no embasamento................................................................. 57
Figura 5.2: Mapa geológico da região de estudo, compilado (trabalhos do Projeto Bacia do Parnaíba,
LGGP/PPGG/UFRN-CHEVRON) a partir das cartas geológicas SB-23-Teresina, SB-22-Araguaína, SC-22-
Tocantins e SC-22-Rio São Francisco (Faraco et al. 2004a, b; Vasconcelos et al. 2004a, b). O mapa também
exibe fotolineamentos, fotolineações e falhas que foram compiladas durante a confecção desta dissertação, além
de apresentar um diagrama de rosetas (por frequência) no canto superior direito, onde foram plotados os
azimutes dessas estruturas. GA e GM representam os Grabens de Araguaína e do Muricizal,
respectivamente................................................................................................................................................ 58
Figura 5.3: Imagem SRTM com detalhe da região de Wanderlândia, onde os fotolineamentos de direção E-W
truncam os de direção N-S que definem a estruturação do Graben de Araguaína. 1 – Fotolineamentos E-W, 2 –
Fotolineamentos N-S........................................................................................................................................ 59
Figura 5.4: Imagens que representam a Formação Motuca dentro do Graben do Muricizal. (A) Na rodovia TO –
235 observa-se um pacote de arenito com um formato em lobo. (B) Na rodovia TO – 230 a camada de arenito
apresenta estratificação cruzada tangencial em contato com um pelito, possivelmente de ambiência lagunar,
onde num lago ocorrem influxos de material terrígeno...................................................................................... . 60
UFRN/CCET – PPGG AGRADECIMENTOS
SOUZA, K. S. PÁGINA VIII
Figura 5.5: Contato por falha entre a Formação Pimenteiras (a oeste) e a Formação Pedra de Fogo (a leste), na
cidade de Guaraí (TO), implicando em significativa omissão (rejeito) de unidades das sequências. É reconhecido
um sistema de falhas normais N-S com mergulho para leste (exemplos indicados), interceptadas por falhas
NNW de rejeito direcional oblíquo (sinistral normal)........................................................................................... 61
Figura 5.6: Imagens que ilustram o evento deformacional D1. (A) Falhas com direção NW, afetando arenitos e
pelitos da Formação Pimenteiras, a leste de Miracema. (B) Basculamento de camadas (estrutura rollover) na
Formação Pimenteiras, ponto idem ao anterior. As medidas do acamamento são compatíveis com falha normal
de direção NW, inferida imediatamente à direita na foto. (C) Falhas normais com direção NW, afetando arenitos
da Formação Piauí, a leste de Colinas do Tocantins. (D) Bandas de deformação (estruturas hidroplásticas) com
direção N-S e mergulho para oeste, em arenitos da Formação Sambaíba, leste de Araguaína............................. 62
Figura 5.7: Imagens que ilustram o evento deformacional D2. (A) Plano de falha normal E-W (slickenfibers de
alto rake) em pelitos da Formação Motuca, a oeste de Carolina (MA). (B) Falha normal ENE em diabásios da
Suíte Mosquito, a SW de Estreito (MA)............................................................................................................... 63
UFRN/CCET – PPGG RESUMO
SOUZA, K. S. PÁGINA IX
RESUMO
A borda oeste da Bacia do Parnaíba apresenta um marcante sistema de fotolineamentos N-S,
a leste do contato com o embasamento. Nesta região a distribuição das unidades
litoestratigráficas segue essa mesma orientação, diferindo do arcabouço ovalado da bacia.
Esse padrão N-S corresponde a um sistema de grabens já abordado nas cartas geológicas da
CPRM, compostos por um graben principal e outro secundário. Nas bordas do graben
principal afloram unidades mais jovens (p.e. formações Motuca e Sambaíba), balizados por
falhas normais ou normais oblíquas que ocasionam a omissão de algumas unidades
estratigráficas. No interior da bacia (região de Palmas-Miracema do Tocantins), o Grupo
Serra Grande e o embasamento cristalino afloram lado-a-lado, soerguidos por falhas normais.
O outro graben, localizado a oeste do principal, também acomoda a Formação Motuca e
possui mesma orientação do graben principal. A análise de imagens SRTM auxiliou na
cartografia dos fotolineamentos e os limites dos grabens, além de relações de corte presente
entre fotolineamentos de direções distintas. A partir da geometria e cinemática das estruturas
e os dados de imagens orbitais, pôde-se aventar três eventos deformacionais, D1, D2 e D3. O
evento deformacional D1 é responsável pela gênese e estruturação dos grabens, a orientação
N-S das falhas deste evento envolve uma variação de 20º-30º para E ou W, que é controlada
por anisotropias do embasamento sobre a estruturação desta borda da bacia, relacionada à
Faixa Araguaia. O evento deformacional D2 é reconhecido principalmente na região norte do
graben principal, onde fotolineamentos E-W/ENE controlam as ocorrências de basaltos
eojurássicos da Suíte Mosquito e interceptam as estruturas do mesmo. E o evento
deformacional D3 exibe falhas normais de direção NE e falhas de rejeito direcional dextral e
sinistral. Falhas de regime normal e normal sinistral, dominam sua estruturação controlada
por distensão de direção NE. A idade mínima para a formação do graben é estimada no
Permo-Triássico, baseada nas relações estruturais e nas unidades litoestratigráficas. As
estruturas D2 de distensão E-W eojurássica na Suíte Mosquito, e falhas normais ou
transcorrentes exibindo distensão NW, são mais jovens sendo tentativamente correlacionadas
aos eventos de abertura do Atlântico Central e Sul, respectivamente.
Palavras-Chave: Bacia do Parnaíba; Sistema de Grabens; Estruturas Distensionais
UFRN/CCET – PPGG ABSTRACT
SOUZA, K. S. PÁGINA X
ABSTRACT
The west border of the Parnaíba Basin displays an outstanding N-S photolineaments pattern.
The N-S orientation differs from the oval basin. This N-S pattern corresponds to
a graben system, previously identified in CPRM geologic maps, including an eastern main
graben inside the basin as well as a western structure isolated in the crystalline basement.
Along the borders of the main graben, outcrops of young units (f.e. Motuca and Sambaída
formations) are in contact with older units through normal and normal-oblique
faults, with omission of stratigraphic sections. Inside of the basin, further south (Palmas and
Miracema do Tocantins region), the Serra Grande Group, the Pimenteiras Formation and the
crystalline basement appear side-by-side uplifted through normal faults. The other graben, in
west of the main graben, also accommodates the Motuca Formation and have the same
orientation the main graben. The analysis of SRTM images allowed mapping the
photolineaments and the graben borders, beyond cutting relationships present in different
photolineaments directions. Starting with geometry and kinematic of structures and the
orbital image data, could be suggested three deformational events, D1, D2 e D3. The
deformational event D1, it is the pioneer of grabens and responsible for your genesis and
structuration, the N-S faults orientation of this event involves a 20º to 30º variation to E or W,
which is controlled by basement anisotropies along this basin edge, related to the Araguaia
Belt. The deformational event D2, is recognized mainly in north region of main graben, where
EW/ENE photolineaments control the eojurassic basalts occurrence Suite Mosquito and
intersects the structures of previous event. And the deformational event D3 show normal
faults NE direction and strike-slip faults dextral and sinistral. Normal and normal sinistral
faults, dominate the graben structuration and control your opening with NE distension. The
minimum age for this is estimated in the Permo-Triassic interval, based on structural relations
and the mentioned stratigraphic units. The E-W eojurassic distension structures of D2 on
Suite Mosquito, and normal faults or strike-slip showing NW distension, are much young and
tentatively correlated to the event of Atlantic Central and South opening, respectively.
Key-words: Parnaíba Basin, Graben System; Extensional Structures.
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
SOUZA, K. S. PÁGINA 12
1. APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS
Esta dissertação, que possui como título “A Análise Estrutural do Sistema de Grabens
do Rio Tocantins, Borda Oeste da Bacia do Parnaíba (Tocantins, Pará e Maranhão)”, é
necessária para a obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica (PPGG), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O financiamento deste trabalho se deu pelo projeto “Geologia e Sistemas Petrolíferos da
Bacia Intracratônica do Parnaíba, Nordeste do Brasil” que é uma parceria entre a
UFRN/PPGG/FUNPEC e a CHEVRON BRASIL. A orientação coube ao professor Dr.
Emanuel Ferraz Jardim de Sá, que também é coordenador do projeto supracitado. A bolsa de
estudos foi concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).
A área alvo desta pesquisa faz parte da Bacia do Parnaíba (doravante abreviada como
BPar), esta, localizada na porção oriental da região NNE do Brasil, focando a expressão
estrutural da borda oeste desta bacia, região fronteiriça entre os estados do Pará e Tocantins.
A estrutura estudada é cartografada pelo Serviço Geológico do Brasil (folhas da CPRM em
escala 1:1.000.000; Faraco et al. 2004a, b e Vasconcelos et al. 2004a, b) como um graben
(aqui designado de Araguaína) com direção N-S, extensão da ordem de 400 km, que vai
desde a cidade de Miracema do Tocantins até próximo a Imperatriz, no Maranhão. Um outro
graben, de menor expressão, está localizado a oeste, vizinho a borda da BPar, sobreposto ao
embasamento cristalino da Faixa Araguaia (doravante abreviada como FA), denominado de
Graben do Muricizal (Souza, 2001). A região do Graben de Araguaína engloba uma sucessão
sedimentar com idade do Siluriano ao Triássico (Formação Sambaíba), além de unidades do
Jurássico (Suíte Magmática Mosquito) e do Cretáceo. O mapa proposto pela CPRM revela
significativa modificação no padrão de afloramento das sequências paleozoico-triássicas da
bacia, que mais a leste e sudeste apresentam uma forma semicircular orientada ENE, a qual,
na borda oeste da BPar passa para a direção N-S.
Estes estudos foram conduzidos visando à compreensão e detalhamento do arcabouço
geométrico e cinemático relacionados à implantação e evolução desses grabens, no contexto
da sinéclise paleozoica e reativações estruturais permo-triássicas, condicionadas pelas
anisotropias do embasamento cristalino. Também será abordada a ligação com eventos que
são posteriores a essa estruturação, relacionados à abertura do Atlântico Central no Jurássico,
e do Atlântico Sul no intervalo Jurássico Inferior ao Cretáceo Inferior.
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
SOUZA, K. S. PÁGINA 13
Para o desenvolvimento desta pesquisa, lançamos mão da coleta de dados estruturais
por meio de imagens orbitais SRTM (Missão Topográfica de Radar Transportado da NASA)
com extração de lineamentos nas áreas do graben. Através de campanha de campo, houve a
coleta de dados estruturais (para determinação de cinemática das estruturas e paleotensões
envolvidas) nas rochas das sequências paleozoico-jurássicas (além do seu registro no
embasamento pré-cambriano que integra a Faixa Araguaia), bem como o reconhecimento
litológico-estratigráfico das mesmas. O tratamento dos dados de sensor remoto e de campo
permitiu avançar na compreensão da estruturação da borda oeste da BPar, e seu significado
no modelo evolutivo da bacia.
1.2. JUSTIFICATIVA
A concepção deste trabalho surgiu a partir da necessidade de uma melhor
compreensão do arcabouço estrutural da Bacia do Parnaíba, tendo em vista o diminuto acervo
bibliográfico sobre esta temática. O trabalho foi desenvolvido na borda oeste da bacia,
principalmente entre as cidades de Palmas e Araguaína, no Estado do Tocantins.
O estilo estrutural e estratigráfico das unidades que ocorrem nesta região parece estar
controlado por um sistema de grabens, já sinalizado por outros autores (Góes, 1995, Silva et
al. 2001, Araújo, 2001 ) e relacionados à etapa de estabilização da Plataforma Sul-
Americana, entre o Paleozóico Inferior e o Triássico. Todavia, a caracterização destes
grabens foi feita de modo preliminar, deixando margem para a melhoria do conhecimento.
A dissertação aborda o conhecimento estrutural existente nesta região da bacia
detalhando o arcabouço geométrico e cinemático desses grabens e a sua evolução na região.
1.3. LOCALIZAÇÃO E ACESSO DA ÁREA EM ESTUDO
A área de estudo localiza-se na região norte do Brasil, região fronteiriça entre o
sudeste do Estado do Pará e o oeste do Estado do Tocantins, entre os meridianos 49º00’ e
47º30’ W, e paralelos 6º00’ e 11º00’ S (Figura 1). Foram visitados afloramentos em vários
municípios do Tocantins, destacando-se Mirante do Taquaruçu (Monte do Carmo, Ponte Alta
do Tocantins), Pedro Afonso, Colinas do Tocantins e Araguaína.
Em termos de geologia regional, a área se situa na borda oeste/sudoeste da BPar
ladeada pelo embasamento cristalino da FA, a qual engloba seções sedimentares do Siluriano
ao Jurássico/Cretáceo.
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
SOUZA, K. S. PÁGINA 14
O acesso à região se deu por via aérea partindo de Natal (RN) até a capital Palmas
(TO). Rodovias federais como a BR-153 (Belém – Brasília) e estaduais como as TO-030 e
TO-040 foram utilizadas para acesso aos afloramentos. Além destas, ainda foram utilizadas
algumas estradas vicinais trafegáveis, que conduzem a pequenos povoados e sítios.
Figura 1: Mapa de localização geográfica da área de estudo, inserida na porção WSW da Bacia do Parnaíba.
CAPÍTULO II MÉTODOS DE TRABALHO
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TRABALHO
SOUZA, K. S. PÁGINA 16
2. MÉTODOS DE TRABALHO
As etapas seguidas para a preparação desta dissertação serão abordadas a seguir,
seguindo o fluxograma da Figura 2.1. A metodologia de trabalho foi cumprida em três etapas,
em que cada uma delas marca diferentes momentos de sua execução.
Figura 2.1: Fluxograma das atividades desenvolvidas durante a preparação desta dissertação.
2.1. Levantamento Bibliográfico
Este levantamento abrangeu os principais estudos prévios da BPar e regiões vizinhas,
foi compilada uma base de dados que inclui teses, dissertações, artigos científicos,
monografias e mapas geológicos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Foram
confeccionados mapas logísticos com base nos dados cartográficos do IBGE e imagens do
Google Earth Pro (estradas e afloramentos). A base cartográfica do Serviço Geológico
Brasileiro (folhas SB-23 – Teresina, SB-22 – Araguaína, SC-22 – Tocantins e SC-23 – Rio
São Francisco), projeto da CPRM (2004) e da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo,
foram compilados, com introdução dos novos dados, resultando em modificações no mapa
geológico conforme reproduzido na Figura 4 (capítulo 4).
2.2. Aquisição e Análise de Imagens de Sensor Remoto
Inicialmente, a aquisição das imagens digitais SRTM (Missão Topográfica de Radar
Transportado - NASA), com resolução espacial de 30 metros, foi feita do site do USGS com
o referencial planialtimétrico WGS 84. A aquisição dos dados de relevo pela missão foram
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TRABALHO
SOUZA, K. S. PÁGINA 17
feitos em 2000, através de canais principais de transmissão e recepção das bandas C e X
posicionados no compartimento de carga do ônibus espacial Endeavour, e antenas
secundárias apenas para recepção foram instaladas a 60 m do ônibus, atrelada a ele por um
mastro retrátil (Figura 2.2). As ondas transmitidas do radar principal no Endeavour atingem a
superfície terrestre e refletem, sendo assim recebidas pelas antenas secundárias no mastro. As
informações foram obtidas no site do JPL – Laboratório de Propulsão para Jatos da NASA
(www2.jpl.nasa.gov/srtm/instrumentinterferometry.html).
Figura 2.2: Modelo esquemático de aquisição dos dados de SRTM (Missão Topográfica de Radar Transportado
– NASA). A letra “d” representa a distancia de 60 m entre o ônibus espacial Endeavour e as antenas secundárias
de recepção (adaptado de JPL/NASA).
Auxiliada pelos dados bibliográficos, a análise preliminar dessas imagens ajudou no
planejamento inicial dos trabalhos de campo, incluindo a utilização da ferramenta Street View
do Google Earth para selecionar caminhamentos e pontos a serem visitados.
As imagens no estado bruto foram tratadas e suas coordenadas modificadas no
software Global Mapper versões 14 e 16 para, no software ArcGis versão 10, serem gerados
os mapas de relevos sombreado (com a ferramenta hillshade) em direções azimutais de 335°,
0° e 45°, e inclinação solar de 45º para todas essas direções. Essas técnicas foram utilizadas
para ressaltar feições de relevo estrutural interessantes para este trabalho. Sua funcionalidade
se dá na forma de aplicação de um filtro direcional que simula pseudo-iluminações que
destacam feições perpendiculares à direção da iluminação e atenua as que lhe são paralelas.
As feições morfoestruturais que foram extraídas dessas imagens resultaram no mapa
de fotolineamentos e fotolineações, as quais foram identificadas em campo como falhas e
fraturas, e traços de foliação (além de contatos geológicos). Parte desses fotolineamentos
compõe a estrutura dos grabens identificados na região de estudo. A escala de interpretação
dessas feições variou entre 1:800.000 a 1:250.000. Também foram gerados diagramas de
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TRABALHO
SOUZA, K. S. PÁGINA 18
roseta a partir dos fotolineamentos interpretados, através do software OpenStereo
(Grohmann e Campanha, 2010).
2.3. Coleta de Dados
A excursão de campo durou treze dias, no período entre vinte (20) de julho a dois (02)
de agosto de 2014. Na campanha foram coletados dados litológicos, estratigráficos e
estruturais das unidades aflorantes, principalmente nas margens de rodovias.
Em resumo, nesta etapa foram realizadas atividades como desenho esquemático dos
afloramentos, estruturas e croquis das unidades presentes; coleta de dados de atitude de
acamamento, fraturas, falhas (com discriminação de cinemática quando possível), lineações,
foliações e bandas de deformação.
2.4. Refinamento da Interpretação de Imagens
Após o trabalho de campo, foi feita a checagem das feições interpretadas
anteriormente com as estruturas observadas em campo. A retirada de novas feições de relevo
também se processaram nesta etapa, como exemplo a caracterização por fotolineamentos de
outra estrutura de graben a oeste da BPar.
Foram analisados os fotolineamentos e separados de acordo com sua direção e
expressão em imagem SRTM, separando assim as populações dos fotolineamentos e
observado a sua correspondência com as falhas associadas aos eventos deformacionais aqui
interpretados.
2.5. Tratamento de Dados Estruturais
Os dados estruturais obtidos em campo foram trabalhados na plataforma digital
através do software Win-TENSOR versão 5.0.1 (Delvaux e Sperner, 2003), onde foram
confeccionadas projeções e feita a analise da cinemática das falhas e dos campos de
strain/tensões associados. A rede utilizada foi a Schmidt – Lambert, de igual área, no
hemisfério inferior.
O método utilizado para a determinação do campo de tensões foi o dos diedros retos
proposto por Angelier & Mechler (1977). Este método proporciona a obtenção dos eixos
principais de encurtamento e estiramento. Os sistemas definidos partem do pressuposto de
que as falhas agrupadas são da mesma idade e/ou associadas a um dado evento cronológico e
correspondente campo de strain/tensões.
2.5.1. MÉTODO GRÁFICO UTILIZADO NA DETERMINAÇÃO DO CAMPO DE TENSÕES
Este trabalho lançou mão dos métodos dos diedros retos, proposto por Angelier &
Mechler (1977) para a determinação dos campos de tensões a partir de dados de falhas. Cada
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO II – MÉTODOS DE TRABALHO
SOUZA, K. S. PÁGINA 19
plano de falha juntamente com sua slickenline possui um plano auxiliar que é perpendicular
ao primeiro e sua slickenline. Através destes planos pode-se gerar quatro diedros retos, onde
dois são de contração (eixos δ1/Z) e dois de distensão (eixos δ3/X) (Figura 2.3). A partir da
soma desses diedros, a área de maior coincidência de diedros contracionais tem mais chances
de conter o eixo de máximo encurtamento (δ1/Z) e, por sua vez, a área de maior concentração
de diedros distensivos, possui maior chance de conter o eixo de máximo estiramento (δ3/X).
Figura 2.3: Método dos Diedros Retos proposto por Angelier & Mechler (1977), utilizado para a determinação
do campo de tensões a partir de dados de falha, o qual considera a existência de um plano auxiliar para a
determinação deste campo. Com isso, são geradas áreas de contração (em azul) e áreas de distensão (em
branco). Adaptado de Leyshon e Lisle (1996).
2.6. Integração dos Dados Estruturais e Estratigráficos
Nesta fase de trabalho, todos os dados geológicos e estruturais extraídos de forma
digital em laboratório foram integrados aos dados geológicos e estruturais obtidos na etapa de
campo, refinando as interpretações e o mapa geológico. Também foram revisados os mapas
de fotolineamentos, incorporando os dados de campo para a caracterização cinemática das
falhas, com ênfase ao sistema de grabens envolvidos na evolução da bacia.
2.7. Redação da Dissertação
Com o apanhado de dados e interpretações, este estudo foi concluído com a
preparação desta Dissertação de Mestrado e de um artigo científico (Souza, Jardim de Sá e
Alves da Silva no prelo), submetido à Revista de Geologia da USP, série científica.
CAPÍTULO III GEOLOGIA REGIONAL
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 21
3. GENERALIDADES
A Bacia do Parnaíba (doravante referida como BPar), também designada em trabalhos
anteriores como Bacia do Maranhão, Piauí-Maranhão ou do Meio Norte em diversos
trabalhos geológicos, é uma bacia intracratônica tipo sinéclise, localizada nas regiões
nordeste ocidental e adjacências da região norte do Brasil. A mesma abrange uma área de
aproximadamente 600.000 km², com 3.500 m de espessura sedimentar no seu depocentro e
formato poligonal ligeiramente alongado na direção NNE. Compreende áreas dos estados do
Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará (Vaz et al. 2007). A bacia desenvolveu-se durante
o Estágio de Estabilização da Plataforma Sul-Americana, quando ocorreu a implantação das
sinéclises paleozoicas (Almeida & Carneiro, 2004). Tem seu embasamento composto por
rochas cristalinas e sedimentares pertencentes aos crátons São Luís e São Francisco, mas
especialmente pelas faixas orogênicas relacionadas às províncias Tocantins (com destaque
para a Faixa Araguaia), e Borborema. A bacia é delimitada ao norte por bacias da Margem
Equatorial, através do Arco Ferrer-Urbano Santos, ao sul pelo Arco São Francisco, a noroeste
pelo Arco do Capim e, a oeste por estruturas reativadas, da Faixa Araguaia (Góes, 1995).
A subsidência inicial da BPar se deu, provavelmente, por deformações ligadas ao
Ciclo Brasiliano, cuja etapa tardia gerou estruturas grabenformes (rifts precursores)detectadas
na porção basal da bacia através de dados sísmicos e gravimétricos. Vários autores advogam
que a reativação de falhas e zonas de cisalhamento transcorrentes do embasamento, como
falhas normais, constitui a assinatura característica desse evento (Fortes, 1978; Vaz et al.
2007). Esses rifts precursores da BPar foram preenchidos por rochas vulcânicas e clásticas
imaturas da Formação Riachão e do Grupo Jaibaras, bem como pelos arenitos da Formação
Mirador (Cunha, 1986). De acordo com Góes et al. (1990), na etapa seguinte a evolução
termomecânica da bacia condicionou a deposição das rochas siliciclásticas, continentais e
marinhas, dos grupos Serra Grande, Canindé e Balsas, agrupadas em super-sequências
paleozoicas, sendo estas a Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera e Neocarbonífera-
Eotriássica (Góes, 1995; Rosseti, 2001). Segundo Vaz et al. (2007) ainda ocorrem mais duas
super-sequências, uma de idade jurássica e outra cretácea, as quais então relacionadas aos
eventos da formação do Oceano Atlântico em resposta à fragmentação do supercontinente
Pangea, incluindo corpos subvulcânicos e derrames de composição básica.
A BPar se apresenta assentada sobre megaestruturas relacionadas ao embasamento,
sendo estes o Lineamento Transbrasiliano (NE-SW) e a Faixa Araguaia (N-S). Dentro da
bacia, estruturas como o Arco do Capim (NE-SW) e o Arco Ferrer Urbano Santos (NW-SE)
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 22
(Figura 3.1) são provavelmente também controlados pela estruturação do
embasamento. Algumas dessas estruturas atuaram no controle da direção dos eixos
deposicionais, até o Carbonífero Inferior.
Figura 3.1: Mapa estrutural da Província Parnaíba, mostrando os crátons e faixa orogênicas adjacentes, arcos e
lineamentos que foram ativos durante a estruturação desta província sedimentar (adaptado de Bizzi et al. 2001
apud Hasui et al. 2012).
De acordo com Costa et al. (1991), ocorreram dois eventos distensionais na bacia
após a sua formação, um durante o Ordoviciano, com direção de distensão NW-SE, com
falhas transcorrentes associadas; o outro evento ocorreu a partir do Jurássico (>145 Ma), com
distensão na direção ENE-WSW. As estruturas grabenformes localizadas na borda oeste da
bacia podem estar relacionadas a este evento. Esta informação foi reforçada por Araújo
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 23
(2001) que propôs, para a área nas adjacências da cidade de Araguaína, a formação de horts e
grabens a partir de reativações de zonas de fraqueza do embasamento.
A influência do Lineamento Transbrasiliano na borda leste da BPar, as estruturas
geradas e possivelmente controladas pelo framework da Faixa Araguaia, podem ser
observadas na seção proposta por Góes et al. (1992) (Figura 3.2).
Figura 3.2: Seção E-W da Bacia do Parnaíba em que estão representadas as sequências sedimentares e a sua
estruturação, nas bordas leste e extremo oeste, pelo Lineamento Transbrasiliano e pela Faixa Araguaia,
respectivamente (adaptado de Góes et al. 1992).
3.1. A Faixa Araguaia
No trabalho de Kegel (1965), esta unidade geotectônica foi inicialmente descrita
como uma megaestrutura denominada “Lineamento Tocantins-Araguaia”. O mesmo
observou a mudança da direção das estruturas do embasamento cristalino, do trend E-W no
Cráton Amazônico para o trend N-S próximo à borda da BPar. Trabalhos mais recentes (Herz
et al. 1989 e Pinheiro et al. 2011) referem-se a esta feição como a Faixa Araguaia (Figura
3.3), associando as estruturas de direção N-S a empurrões com transporte para oeste. Esta
unidade geotectônica é resultado de vários eventos de amalgamação de três blocos
paleocontinentais no final do Neoproterozoico (>540 Ma), moldando o supercontinente
Gondwana. Corpos ofiolíticos que exibem orientações N-S e NW-SE foram alojados no
Super Grupo Baixo Araguaia (Gorayeb, 1980).
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 24
Trabalhos anteriores como o de Abreu (1978) e Gorayeb (1980) descrevem uma tectônica
frágil na região a leste da faixa, nas áreas cobertas pelas sequencias paleozoicas da bacia,
com falhas de alto ângulo e formação de “grabens” como os de Araguanã e Muricizal. Esses
grabens seriam preenchidos por molassas associadas à Faixa Araguaia.
A Faixa Araguaia passou por eventos de reativação, o que é observado nas direções
N-S e NNW-SSE dos diques tardi-brasilianos e jurássicos distribuídos ao longo da estrutura,
principalmente na região setentrional (Herz et al. 1989 e Pinheiro et al. 2011).
Figura 3.3: Mapa geológico simplificado da Faixa Araguaia e do embasamento cristalino. A – Depósitos
Aluvionares. B – Bacia do Parnaíba. C – Super Grupo Baixo Araguaia, plútons graníticos e alcalinos. D –
Corpos máficos-ultramáficos. E – Plútons graníticos, Complexo Rio dos Mangues, Complexo Porto Nacional,
Complexo Colméia e Grupo Rio do Coco, dominantemente de idade paleoproterozoica a arqueana. F – Maciço
de Goiás e Cráton Amazônico (adaptado de Gorayeb et al. 2008 apud Pinheiro et al. 2011).
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 25
3.2. O Registro Sedimentar e Magmático na Bacia do Parnaíba
Segundo Góes (1995), a Província Parnaíba é subdividida em quatro bacias, sendo
elas a Bacia do Parnaíba propriamente dita (paleozoica a triássica), de Alpercatas (jurássica),
a Bacia de Grajaú (cretácea) e a Bacia do Espigão-Mestre (cretácea). Como a área que
consiste como objetivo deste trabalho está localizado na porção oeste da província, sem
inclusão significativa (o extremo oeste da Bacia das Alpercatas está incluído na área de
trabalho) dessas outras bacias, assumimos assim a carta estratigráfica proposta por Vaz et al.
(2007), como ilustra a Figura 3.4.
Em termos de registro estratigráficos, sucessões de rochas sedimentares e magmáticas
são englobadas em cinco super-sequências relacionadas ao contexto da evolução da
Plataforma Sul-Americana, incluindo os estágios de Estabilização e Ativação, onde eventos
transgressivos-regressivos fizeram parte da história paleozoica desta bacia. Intensa atividade
magmática, sob a forma de diques, soleiras e derrames, ocorreu no intervalo Juro-Cretáceo
(Almeida & Carneiro, 2004; Vaz et al. 2007).
UFRN/CCET - PPGG CAPITULO III - GEOLOGIA REGIONAL CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S. PÁGINA 26
Figura 3.4: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba, que exibe as cinco supersequências além da representação do embasamento (Vaz et al. 2007).
UFRN/CCET - PPGG CAPITULO III - GEOLOGIA REGIONAL CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S PÁGINA 27
A Sequência Siluriana (1) corresponde ao registro de um ciclo transgressivo-
regressivo representado pelo Grupo Serra Grande, compostos por rochas siliciclásticas
depositadas sobre o embasamento pré-cambriano e/ou cambriano (Góes & Feijó, 1994; Vaz
et al. 2007). A unidade mais antiga é a Formação Ipu, constituída por arenitos médios a
grossos, folhelhos e diamictitos, sendo interpretada como parte de um sistema de rios
anastomosados em ambiente periglacial (Caputo & Lima, 1984; Góes & Feijó, 1994).
Acima da unidade anterior, ocorre a Formação Tianguá, com folhelhos cinza
bioturbados, arenitos finos e siltitos de ambiente de plataforma rasa. Esta formação é
representativa de uma superfície de inundação máxima. No topo do grupo, a Formação Jaicós
é constituída por arenitos médios a grossos, com estratificação cruzada ou lenticular e
estruturação maciça, interpretados como um sistema fluvial entrelaçado (Rodrigues, 1967;
Góes & Feijó, 1994; Vaz et al. 2007).
A Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera (2) (que corresponde ao Grupo Canindé)
foi depositada numa transgressão marinha que atingiu as várias bacias intracratônicas
brasileiras (Almeida & Carneiro, 2004). Esse mar epicontinental, que inundou a BPar durante
o Devoniano, depositou sedimentos influenciados tanto por atuação de marés quanto por
correntes.
A Formação Itaim é a base deste grupo, sendo composta por arenitos finos a médios,
intercalados com folhelhos bioturbados, depositados em ambiente deltaico-plataformal
dominado por processos de maré e de tempestade (Góes & Feijó, 1994).
A Formação Pimenteiras é composta predominantemente por folhelhos bioturbados
ricos em matéria orgânica, radioativos e que representam a ingressão marinha mais
expressiva na bacia (Vaz et al. 2007). Corresponde a um ambiente de plataforma rasa
dominado por processos de tempestade (Della Fávera, 1990).
Acima e interdigitada ocorre a Formação Cabeças (Plumer, 1946), composta por
arenitos finos a médios com intercalações de folhelho, depositados em ambiente nerítico e
plataformal com influência de processos de maré e tempestade (Della Fávera, 1990; Góes &
Feijó, 1994). A presença de diamictitos na porção de topo identifica uma influência glacial no
ambiente (Caputo, 1984).
A Formação Longá é composta por folhelhos pretos bioturbados, laminados, e
arenitos finos de cor creme com laminações (Lima & Leite, 1978). O ambiente proposto para
esta formação é plataformal dominado por tempestades. A Formação Poti é caracterizada por
arenitos finos, siltitos e níveis de carvão, com deposição associada a ambientes deltaicos e
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S PÁGINA 28
planície de maré, com eventual contribuição de tempestades, tendo contato erosivo com a
Formação Piauí sobreposta (Góes & Feijó, 1994; Vaz et al. 2007).
A Sequência Neocarbonífera-Eotriássica (3) apresenta depósitos clásticos e
evaporíticos que implicam na progressiva continentalização e desertificação da bacia. Neste
intervalo também ocorre uma mudança na localização do depocentro da bacia, então se
aproximando da sua borda oeste. Essa mudança é representada pelo Grupo Balsas (Góes et al.
1990), que tem como unidade basal a Formação Piauí (Small, 1914), constituída por arenitos
finos a médios com estratificações cruzadas de grande porte, folhelhos, calcários e lentes
conglomeráticas, além de camadas de sílex. Seu ambiente deposicional é entendido como
flúvio-eólico com diminutas incursões marinhas, em clima semi-árido (Vaz et al. 2007).
A Formação Pedra de Fogo é composta por sílexitos, calcários oolíticos e
estromatolíticos, dolomitos, arenitos finos a médios, folhelhos cinza e camadas de anidrita.
Dentro dessa variedade de rochas também ocorrem troncos fossilizados do gênero Psaronius,
característica essa que torna a unidade inconfundível em campo. O ambiente deposicional
desta formação é tido como marinho raso, litorâneo, planície de sabkha, e com influência de
tempestades (Góes & Feijó, 1994; Dino et al. 2002; Vaz et al. 2007).
A Formação Motuca compõe-se de arenitos finos, siltitos vermelhos e folhelhos,
ocorrendo ainda lentes de anidritas e calcários (Lima & Leite, 1978). O ambiente
deposicional proposto é lagunar associado a um sistema desértico, com ciclos de aridez (Góes
& Feijó, 1994).
A Formação Sambaíba finaliza o pacote sedimentar do Grupo Balsas, sendo composta
por arenitos finos a médios, bem selecionados, com estratificação cruzada de grande porte,
que indicam um ambiente deposicional eólico com campos de dunas (Vaz et al. 2007). O fim
da sedimentação desta sequência atesta então o aumento da desertificação. De acordo com
Lima & Leite (1978), há uma contemporaneidade dos arenitos Sambaíba com a unidade
sobreposta, no caso os basaltos da Suíte Magmática Mosquito.
A partir do Jurássico ocorreram modificações significativas na bacia, evidenciadas na
sucessão sedimentar que configura uma deposição em ambientes especialmente continentais.
Atividades magmáticas associadas à fragmentação do Pangea e formação do oceano
Atlântico adicionaram uma carga (4) para a criação do espaço de acomodação e um novo
depocentro para Sequência Jurássica , representada pela Formação Pastos Bons. A mesma é
composta por arenitos finos estratificados, folhelhos, siltitos e calcários. O seu conteúdo
fossilífero, representado por peixes, conchostráceos e ostrácodes, indica tanto a idade
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S PÁGINA 29
jurássica média quanto a sua ambiência lacustre, com contribuições fluviais em clima semi-
árido (Caputo, 1984; Góes & Feijó, 1994; Vaz et al. 2007).
No Cretáceo, a abertura do Atlântico favoreceu nova subsidência e deslocamento dos
depocentros para a região norte da bacia, possibilitando então que sucessões marinhas fossem
depositadas (Vaz et al. 2007). A Sequência cretácea (5) é representada por quatro formações,
Corda, Codó, Grajaú e Itapecuru.
A Formação Corda se caracteriza por arenitos vermelhos, finos a médios, com óxidos
de ferro e zeólitas. Estratificação cruzada de grande porte, fluxo de grãos e estruturas
cruzadas transladantes atestam o caráter dominantemente eólico do ambiente deposicional
(Vaz et al. 2007). Embora grande parte da literatura aponte uma idade Cretácea para esta
formação, trabalhos como o de Rabelo (2013) sinalizam que, ainda no Jurássico, parte do
sistema desértico desta unidade já estaria ativo.
A Formação Grajaú é composta por arenitos médios a grossos, níveis conglomeráticos
e lentes de pelitos; estratificações cruzadas acanaladas e estruturas de sobrecarga ocorrem nos
arenitos desta formação. Por sua vez, a Formação Codó é representada por folhelhos,
calcários, siltitos, gipsita, anidrita e arenitos; com frequência encontram-se níveis de sílex
(Góes & Feijó, 1994). De acordo com Rosseti et al. (2001), a ambiência para as formações
Grajaú e Codó é tida como marinho raso, lacustre e flúvio-deltaico.
A Formação Itapecuru consiste de arenitos, pelitos, siltitos e arenitos conglomeráticos
interpretados como um sistema estuarino-lagunar com influência de tempestades episódicas.
Tais depósitos possuem natureza transgressiva (Anaisse Jr et al. 2001).
3.2.1. ROCHAS MAGMÁTICAS
As rochas magmáticas da Bacia do Parnaíba estão relacionadas ao Estágio de
Ativação da Plataforma Sul-Americana (Almeida & Carneiro, 2004), ligado aos processos de
abertura do oceano Atlântico. A tectônica distensiva deste evento, somadas às reativações das
estruturas herdadas do embasamento, foram utilizadas como condutos para o magmatismo
básico da época, gerando diques, soleiras e derrames, classificados e agrupados segundo duas
unidades, as suítes magmáticas Mosquito e Sardinha, que são encontradas intrudindo
principalmente as sequências siluriana e mesodevoniana-eocarbonífera (Vaz et al. 2007).
A Suíte Mosquito ocorre com maior expressão na borda oeste da bacia, sob a forma
de soleiras e derrames basálticos, com intercalações de arenitos. Estes arenitos são
interpretados como sendo de um sistema eólico úmido (Caputo, 1984; Ballén et al. 2013). A
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
SOUZA, K. S PÁGINA 30
Suíte Mosquito é correlata ao magmatismo básico que também ocorre nas bacias do Solimões
e Amazonas, referido como o Magmatismo Penatecaua, com idades K/Ar e Ar/Ar entre 210 a
201 Ma. Já a Suíte Sardinha ocorre com maior expressão na borda leste da BPar com
predomínio de diques e soleiras, e a correlação destas rochas seria com o magmatismo Serra
Geral na Bacia do Paraná, de idade entre 137 a 127 Ma (Mizusaki & Thomaz Filho, 2004).
CAPÍTULO IV
ARTIGO CIENTÍFICO
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO IV – ARTIGO CIENTÍFICO
SOUZA, K. S. PÁGINA 32
ANÁLISE ESTRUTURAL DO SISTEMA DE GRABENS DO RIO
TOCANTINS, BORDA OESTE DA BACIA DO PARNAÍBA (TOCANTINS, PARÁ E
MARANHÃO).
STRUCTURAL ANALYSIS OF THE TOCANTINS RIVER GRABENS SYSTEM,
WESTERN BORDER OF THE PARNAÍBA BASIN (TOCANTINS, PARÁ AND
MARANHÃO).
Kauê Seoane SOUZA¹, Emanuel Ferraz JARDIM DE SÁ1,2
, Fernando César ALVES
DA SILVA1,2
¹Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN,
Campus Universitário – Lagoa Nova, Caixa Postal 1596, CEP 59078-970, Natal, RN,
BRASIL, (84) 99833-6337 ([email protected])
²Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal,
RN, BRASIL ([email protected]); ([email protected])
Resumo
A borda oeste da Bacia do Parnaíba apresenta um marcante sistema de fotolineamentos N-S,
a leste do contato com o embasamento. A distribuição das unidades litoestratigráficas nesta
região segue essa orientação N-S, diferindo do padrão ovalado da bacia. Esse padrão N-S
corresponde a um sistema de grabens já abordado nas cartas da CPRM, composto por um
graben principal, no interior da bacia, e outro secundário, encravado no embasamento
cristalino. Nas bordas do graben principal, as formações Motuca e Pedra de Fogo são
balizadas por falhas normais ou normais oblíquas sinistrais, que ocasionam a omissão de
unidades estratigráficas sotopostas. Mais a sul, na região de Palmas-Miracema do Tocantins,
o Grupo Serra Grande, a Formação Pimenteiras e o embasamento cristalino estão em contato
por falhas normais. O outro graben, localizado a oeste do principal, também acomoda a
Formação Motuca e possui a mesma orientação. A análise de imagens SRTM auxiliou na
cartografia dos fotolineamentos e dos grabens. A orientação N-S das falhas envolve uma
variação de 20º-30º para E ou W, controlada pelas anisotropias do embasamento cristalino
nesta borda da bacia, relacionado à Faixa Araguaia. Falhas de regime normal e normal
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sinistral evidenciam a uma distensão NE durante a formação do graben. A idade mínima para
a formação deste é estimada no intervalo Permo-Triássico, baseada nas relações estruturais e
nas unidades litoestratigráficas. Na região norte do mesmo, fotolineamentos E-W/ENE
controlam a ocorrência de basaltos e diabásios eojurássicos da Suíte Mosquito, que
interceptam as estruturas do graben principal. A distensão N/NNW na Suíte Mosquito, e
falhas normais ou transcorrentes exibindo distensão NW, são tentativamente correlacionadas
aos eventos de abertura do Atlântico Central e Sul, respectivamente.
Palavras-chave: Bacia do Parnaíba; Sistema de Grabens; Estruturas Distensionais.
Abstract
The west border of the Parnaíba Basin displays an outstanding N-S photolineaments pattern.
The N-S orientation differs from the oval basin. This N-S pattern corresponds to
a graben system, previously represented in CPRM maps, including an eastern main graben
inside the basin as well as a western structure isolated in the crystalline basement. Along the
borders of the main graben, the Motuca and Pedra de Fogo formations are in contact with
older units through normal and normal-oblique faults, with omission of stratigraphic sections.
Further south in the Palmas-Miracema do Tocantins region, the Serra Grande Group, the
Pimenteiras Formation and the crystalline basement display similar contacts through normal
faults. The western, secondary graben, is also marked by outcrops of the Motuca Formation
and shows the same N-S orientation. The analysis of SRTM images allowed to map the
photolineaments and the graben borders. The N-S fault orientation involves a 20º to 30º
variation to E or W, which is controlled by basement anisotropies along this basin edge,
related to the Araguaia Belt. Along the main graben, normal and normal-sinistral faults
dominate its structure, defining a NE trending extension axis. The minimum age for
this is estimated in the Permo-Triassic interval, based on structural relations and the
mentioned stratigraphic units. On the other hand, E-W/ENE photolineaments control the
outcrop pattern of the eojurassic basalts and diabases of the Mosquito Suite, overprinting the
N-S structures of the graben. These E-W structures in the Mosquito Suite and normal faults
or transcurrent showing NW distension, are younger and tentatively correlated to the opening
of the Central and South Atlantic, respectively.
Key-words: Parbaíba Basin, Graben System; Extensional Structures.
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INTRODUÇÃO
A Bacia do Parnaíba (doravante abreviada como BPar, Figura 1) insere-se no contexto
evolutivo das sinéclises paleozoicas brasileiras (Almeida e Carneiro, 2004), cujo arcabouço
estrutural é relativamente simples. Contudo, a borda oeste da BPar e as estruturas ali
presentes se distinguem no contexto regional da bacia conforme as folhas (CPRM,
1:1.000.000) e trabalhos de Faraco et al., (2004a, b) e Vasconcelos et al., (2004a, b). Tais
estruturas também foram referidas em dissertações (Abreu, 1978 e Gorayeb 1981), contudo
sem caracterização detalhada das estruturas ali presentes, bem como a sua evolução e
relações tectonoestratigráficas. Um graben menor a oeste da BPar, isolado no embasamento
cristalino, segue o alinhamento N-S da Faixa Araguaia e do graben principal, tendo sido
reconhecido por Souza (2001) e então denominado de Graben do Muricizal.
O preenchimento desse graben ocidental foi inicialmente interpretado por Abreu
(1978) como uma molassa brasiliana designado de Formação Rio das Barreiras.
Posteriormente, Souza (2001) correlacionou esses depósitos com as sequências da BPar,
especificamente com a Formação Motuca, de idade Eotriássica. O mais recente trabalho que
abordou o graben sugeriu que essas rochas da Formação Rio das Barreiras seriam de idade
cretácea (Faraco et al., 2004a).
A Faixa Araguaia (doravante abreviada como FA) apresenta-se estruturada na direção
N-S (Figura 1), com aproximadamente 1000 km de extensão e largura variando entre 50 e
150 km. Esta megaestrutura constitui-se por associações de rochas ígneas e metamórficas
relacionadas ao Ciclo Brasiliano. Zonas de cisalhamento transcorrentes de direção NW-SE
também fazem parte desse arcabouço, os quais seguem a direção dos lineamentos Carajás e
Iriri-Martírios (Herz et al., 1989). É evidente o controle do sistema de grabens N-S pelo trend
da FA.
Este trabalho apresenta uma caracterização estrutural da borda oeste da BPar com sua
proposta de evolução, o que contribui significativamente com a geologia da bacia, em termos
estruturais, visto do seu diminuto acervo em especial para a região de estudo. A utilização de
imagens de sensor remoto (SRTM – Missão Topográfica de Radar Transportado da NASA),
somadas a campanha de campo ao longo dos grabens.
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Figura 1: Esboço tectônico da porção centro-norte do Brasil. 1. Coberturas Fanerozóicas; 2. Faixas de
Dobramentos Brasilianas: GP – Gurupi; FA – Faixa Araguaia; FB – Faixa Brasília e FP – Faixa Paraguai; LTB
– Lineamento Transbrasiliano; PB – Província Borborema. 3. Cobertura Cratônica Bambuí. 4. Crátons
Brasilianos: A – Amazônico; B – São Luís; C – São Francisco; E – Maciço Goiano. 5. Em tracejado, outros
lineamentos brasilianos (Sadowski e Cruz Campanha, 2004).
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Embasamento Cristalino, Megaestruturas e Limites da Bacia do Parnaíba
A Bacia do Parnaíba possui um embasamento cristalino (Figura 1) composto por
rochas metamórficas, ígneas e sedimentares pertencentes aos crátons São Francisco e São
Luís, bem como aos terrenos afetados pela orogênese Brasiliana, lateralmente expostos (e
inferidos no seu interior) nas províncias estruturais Tocantins e Borborema, além da Faixa
Gurupi (Cordani et al., 2009).
A BPar está sobreposta a megaestruturas no seu embasamento cristalino que, em
parte, afloram em regiões adjacentes, tais como o Lineamento Transbrasiliano com direção
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NE-SW e a Faixa Araguaia com direção N-S, as quais influenciaram na estruturação da bacia,
na nucleação de falhas e no controle de eixos deposicionais paleozoicos (Góes, 1995).
A BPar é delimitada por estruturas maiores que e incluem, ao norte o Arco Ferrer-
Urbano Santos, ao sul o Arco São Francisco, a noroeste o Arco do Capim e, a oeste, o
“Lineamento Tocantins-Araguaia” (Cunha, 1986).
A Bacia do Parnaíba: Evolução Tectono-Estratigráfica Paleozoica
A Bacia do Parnaíba (ou Província Parnaíba no sentido de englobar outras bacias,
além da referida, como proposto por Góes, 1995), possui cerca de 600.000 km² de área e até
3.500 m de espessura sedimentar no seu depocentro, com forma poligonal levemente
alongada na direção NNE (Figura 2). A principal etapa de desenvolvimento está relacionado
ao Estágio de Estabilização da Plataforma Sul-Americana (Almeida e Carneiro, 2004).
Em termos de registro estratigráfico (Vaz et al., 2007) a bacia apresenta uma sucessão
de rochas sedimentares, além de suítes magmáticas, englobadas em quatro sequências (Figura
2). As unidades mais antigas incluem as sequências Siluriana (representada pelas rochas
siliciclásticas de sistemas fluviais e pelitos plataformais do Grupo Serra Grande),
Mesodevoniana-Eocarbonífera (representada pelas rochas siliciclásticas finas de sistemas
plataformais do Grupo Canindé), e Neocarbonífera-Eotriássica (representada por depósitos
clástico-evaporíticos do Grupo Balsas).
A partir do Eojurássico, mudanças significativas ocorreram na bacia, incluindo a
formação de derrames basálticos e soleiras de diabásio da Suíte Mosquito. Este evento é
correlacionado à abertura do Atlântico Central, sendo proposto que a carga exercida pelas
rochas ígneas teria gerado espaço para a deposição da Formação Pastos Bons, compondo a
Sequência Jurássica (Góes et al., 1995; Vaz et al., 2007). Durante o Eocretáceo, com o início
dos processos de formação do oceano Atlântico Sul, ocorreu um novo evento magmático
básico (a Suíte Sardinha) e a deposição da Sequência Cretácea, formada por depósitos
continentais e, a partir do Aptiano, por sucessões marinhas e costeiras, estas ocorrendo na
porção centro-norte da bacia (Figura 2) (Vaz et al., 2007).
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Figura 2: Delimitação da Província Parnaíba, com individualização das principais sequências estratigráficas.
Foram representados esquematicamente os trações do Lineamento Transbrasiliano (LTB) e dos grabens em
estudo, também com base nas referencias citadas (compilado de Faraco et al., 2004a, b; Vasconcelos et al., 2004
a, b).
MÉTODOS DE TRABALHO
Iniciou-se com os levantamentos de dados bibliográficos da região estudada e a
análise de macroestruturas através de imagens digitais SRTM (Missão Topográfica de Radar
Transportado da NASA), e a etapa de campo envolveu a aquisição e coleta de dados
estruturais e estratigráficos, com enfoque nas rochas sedimentares e na Suíte Mosquito, esta
última possui boa distribuição na área de estudo e relaciona-se a eventos tectônicos de
rifteamento do Atlântico. Foi utilizado um mapa geológico com a base cartográfica do
Serviço Geológico do Brasil (folhas da CPRM em escala 1:1.000.000; Faraco et al., 2004a, b
e Vasconcelos et al., 2004a, b).
Análise de Imagens Orbitais
As imagens digitais SRTM, com resolução espacial de 30 metros (adquiridas no site
da USGS e com referencial planialtimétrico WGS 84) foram utilizadas na cartografia de
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fotolineamentos (aqui entendidos como traços de estruturas descontínuas, falhas e fraturas) na
porção oeste da BPar e sua adjacência na Faixa Araguaia, bem como das fotolineações
(traços de estruturas contínuas, mais comumente foliações) nesta ultima. Em geral, os
fotolineamentos observados acompanham a direção N-S da FA, e delimitam os grabens em
estudo. As fotolineações N-S São acompanhadas por estruturas mais discretas NW e NE,
definidas como zonas de cisalhamento transcorrentes dúcteis nos mapas da CPRM (Araújo,
2001). Imagens extraídas através do software Google Earth também foram utilizadas para
auxiliar a interpretação estrutural e para a localização de afloramentos.
Caracterização de Mesoestruturas
Nesta etapa, estruturas em mesoescala foram caracterizadas em campo, com a coleta
de atitudes de estruturas sedimentares (acamamentos e paleocorrentes) e estruturas tectônicas
(fraturas, falhas e bandas de deformação, com discriminação de cinemática quando possível),
além de lineações e foliações no embasamento. A caracterização das estruturas foi feita de
acordo com a sua geometria, o espaçamento e os tipos de preenchimento. Para estabelecer a
cronologia dos eventos tectônicos, considerou-se as relações de interseção/superposição entre
diferentes sistemas de falhas/fraturas/bandas de deformação, bem como a eventual
superposição de slickenlines. Na ausência de feições cataclásticas, as bandas de deformação
podem ser relacionadas a estágios pré a sinlitificação das rochas afetadas, o que pode ser
utilizado para inferir a cronologia dessas estruturas.
Os dados de falhas e slickenlines foram tratados de forma estatística no software Win-
TENSOR versão 5.0.1 (Devalux e Sperner, 2003), com o qual foram produzidos diagramas
estereográficos para a análise de direção de esforços dessas estruturas.
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE MACROESTRUTURAS
Nos terrenos cristalinos adjacentes à borda oeste da Bacia do Parnaíba, os lineamentos
obedecem ao trend N-S, variando para NW e NE, da Faixa Araguaia, e são relacionadas ao
Ciclo Brasiliano (Herz et al., 1989). Na porção SSE da área de trabalho foi identificado, nos
produtos de sensor remoto, um segmento do Lineamento Transbrasiliano que adentra no
substrato da bacia. Essa estrutura é também relacionada à orogênese Brasiliana (Delgado et
al., 2003)
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Os fotolineamentos N-S no interior da bacia devem ter sido originados através de
reativações de anisotropias pré-cambrianas durante a implantação dos grabens estudados.
Fotolineamentos com direção NW, na Faixa Araguaia, correspondem a zonas de
cisalhamento tardias no ciclo brasiliano, e podem ter controlado os fotolineamentos com esse
trend.
Essas estruturas são observadas por toda a área estudada, mostrando orientação
diversa (Figura 4), com uma concentração dominante na direção N-S. Estes são os
fotolineamentos mais expressivos e mais extensos, ocorrendo principalmente na porção
centro-norte da área, desde o paralelo de Xambioá até a cidade de Colinas do Tocantins, e daí
continuando até a região de Palmas, acompanhando o trend estrutural da FA. Os lineamentos
que delimitam as bordas leste e oeste do Graben de Araguaína estão assinalados com setas
(n.º 1) na Figura 3. Em campo, os mesmos correspondem a falhas normais, e
subordinadamente cirecional, ocorrendo (e/ou delimitando) nas unidades de idade paleozoica
e, em especial, da sequência Neocarbonífera-Eotriássica. A disposição das faixas aflorantes
das unidades litoestratigráficas, paralelas a esses lineamentos N-S, incluindo contatos
anômalos, caracterizam a estruturação do Graben de Araguaína. Essas falhas também
justapõem as unidades sedimentares com o embasamento cristalino.
O Graben do Muricizal, a oeste da FA, também é condicionado pelos fotolineamentos
de direção N-S, que são interpretados como falhas normais, delimitando os contatos entre o
embasamento cristalino e a Formação Motuca, pertencente à sequência Neocarbonífera-
Eotriássica. É possível que unidades mais antigas ocorram sotopostas nesse graben. Este está
segmentado, com a outra parte de sua estrutura localizada a sul, na altura da cidade de
Miracema do Tocantins, completando assim este graben localizado a oeste da BPar.
Os fotolineamentos de direção NE estão presentes principalmente na região
sul/sudeste da área, entre as cidades de Taquarussu do Tocantins e Ponte Alta do Tocantins.
Essas estruturas associam-se em campo a falhas de regime normal, as mesmas afetam desde a
Sequência Siluriana até a Sequência Neocarbonifera-Eotriássica, bem como o embasamento
cristalino, nele coincidindo (provavelmente, como reativações) com o trend NE do
Lineamento Transbrasiliano, evidenciando a sua reativação no interior da bacia.
A estruturação de direção E-W e/ou ENE a ESE se concentra nas proximidades das
cidades de Babaçulândia e Wanderlândia. Em campo, são associadas a falhas e bandas de
deformação de regime normal. Afetam principalmente a Formação Sambaíba e a Suíte
Mosquito, mas também as unidades paleozoicas. Este conjunto de fotolineamentos deve ser
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mais novo que a implantação do Graben de Araguaína, visto que na imagem SRTM, os
mesmos truncam a estruturação N-S, na região de Wanderlândia (seta n.°2, Figura 3).
Os fotolineamentos de direção NW concentram-se na região próxima a Xambioá (seta
n.º3, Figura 3), bem como, de modo mais esparso, na borda da bacia entre os paralelos de
Colinas do Tocantins e Paraíso do Tocantins, impressos no embasamento cristalino, mas
também exibindo continuidade no interior da bacia. Em campo relacionam-se a falhas
normais (afetando principalmente a Sequência Neocarbonífera-Eotriássica) ou de rejeito
direcional (afetando principalmente a Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera). Essas
estruturas acompanham o trend que vem do embasamento cristalino (extraídos como
fotolineações que representam zonas de cisalhamento) e penetram na bacia como estruturas
rúpteis (falhas e/ou fraturas), observadas nas imagens orbitais, sinalizado pela seta n.º4,
Figura 3.
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CARACTERIZAÇÃO TECTONO-ESTRATIGRÁFICA DO SISTEMA DE GRABENS DO
RIO TOCANTINS
A borda oeste da BPar apresenta estruturas que a diferenciam do contexto dominante
na bacia. Destacam-se duas estruturas do tipo graben (de Araguaína e Muricizal, doravante
referidos como GA e GM, respectivamente, Figura 4), que compõem o sistema de grabens
em estudo, a primeira já no interior da bacia, a segunda implantada diretamente sobre o
embasamento cristalino (Faixa Araguaia). As mesmas são delimitada por falhas N-S, com
variação de 20º-30º para leste e oeste. Na porção norte da região, fotolineamentos E-W/ENE
proeminentes estão associados aos derrames e soleiras da Suíte Mosquito e cruzam a
estrutura N-S do Graben de Araguaína.
Na borda oeste da bacia, a Faixa Araguaia encontra-se exposta ao longo de 1000 km
de extensão, com 100 km de largura aproximada. É constituída principalmente por rochas de
baixo grau metamórfico, contudo existem também rochas de alto grau, como é o caso
daquelas pertencentes ao Complexo Colmeia. Estas rochas exibem estruturas polifásicas,
dobras invertidas a recumbentes com foliação plano axial mergulhando em média 30º para
leste, conferindo vergência para oeste às mesmas (Herz et al., 1989).
Na área do GA, as unidades do Grupo Balsas assumem a disposição alongada N-S
desta estrutura, em contraposição ao padrão regional mais a leste, em arco E-W a ENE,
característico da bacia (como mostra a Figura 2). Os grupos Serra Grande e Canindé afloram
nos altos laterais e ocorrem sotopostos, no interior do GA. Nas bordas do GA é possível
observar rochas do Grupo Canindé, com contatos dispostos na direção N-S, coincidentes com
fotolineamentos e omitindo unidades/camadas, inclusive do Grupo Balsas (observados em
mapa, Figura 4), diagnosticando falhas normais ao longo deste trend. Na borda oeste, uma
fina seção de arenitos correlatos ao Grupo Serra Grande ocorre localmente, o que pode
implicar forte erosão anterior ao Grupo Canindé, evidenciando a discordância eodevoniana
nominada por Vaz et al. (2007).
No horst a leste do GA, na região entre Miracema do Tocantins e a sul de Palmas, o
Grupo Serra Grande (aqui mais espesso) e o embasamento cristalino são soerguidos pelas
falhas N-S e afloram no interior da bacia, já próximo a terminação sul desta estrutura (Figura
5).
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Figura 5: Visão panorâmica da terminação sul do Graben de Araguaína, mostrando a relação lateral entre dois
grupos de idades distintas (Serra Grande e Canindé, este último representado pelas formações Pimenteiras e
Cabeças).
Eventos Deformacionais e Cinemática das Estruturas do Sistema de Grabens do Rio
Tocantins
Na área de estudo, três eventos deformacionais (D1, D2 e D3) foram caracterizados
com base na assinatura cinemática e marcadores cronoestratigraficos associados. O primeiro
deles é relacionado à geração do sistema de grabens N-S (GA e GM). Nos mapas da bacia
(Figura 4), as exposições da Formação Motuca (de idade eotriássica), bem como as unidades
sotopostas, encontram-se inteiramente controladas pela estrutura N-S dos grabens, o que
também ocorre com uma porção da Formação Sambaíba na região de Araguaína e
Wanderlândia (Figura 3 e 4). Essas observações conferem uma idade mínima Eo a
Mesotriássica para a formação dos grabens. As fácies fluviais da Formação Pedra de Fogo
apresentam paleocorrentes para o interior dessa estrutura, enquanto que as fácies flúvio-
lacustres da Formação Motuca mostram direções de paleocorrentes, também no interior do
GA, paralelas ao eixo N-S do mesmo. Estas observações sugerem um controle estrutural na
deposição destas unidades nesta região da borda oeste da bacia e fortalecem a idade mínima
permiana-eotriássica presumida para esses grabens.
Os demais eventos deformacionais são considerados mais jovens. O segundo deles
(D2) está associado às estruturas distensionais de direção E-W/ENE que também
afetam/controlam o magmatismo Mosquito, de idade Eojurássica. Finalmente, o terceiro
evento (D3) é caracterizado por uma cinemática distensiva de direção NW.
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O Evento Deformacional D1
As estruturas que definem este evento foram observadas nas três sequências
sedimentares que ocorrem na região. Contudo uma maior frequência destas é observada nos
grupos Canindé e Balsas, em função de sua área aflorante mais expressiva. Este evento
caracteriza a borda oeste da BPar, envolvendo a influência de anisotropias prévias do
embasamento pré-cambriano da FA, reativadas quando submetidas a um novo campo de
esforços. No geral, a deformação gerou um conjunto de estruturas de mergulho médio a forte
e slickenlines de rake moderado a alto, representado falhas normais oblíquas (leve
componente sinistral) N-S, e por falhas normais orientadas em torno de NW-SE e NNE
(Figura 6A e B e Figura 7i), além de bandas de deformação com rejeito normal e direção N-S
a NNE-SSW (figura 7ii). O campo de strain responsável por esta deformação, determinado
com base nos planos de falhas/bandas de deformação e respectivos slickenlines, mostra eixo
de distensão X com direção NE-SW (Figura 7iii). Em relação às falhas N-S que limitam os
grabens, a direção de distensão inferida indica uma abertura oblíqua, resultando em
componente direcional sinistral, que é consistente com falhas de rejeito direcional sinistral,
direção NE a ENE, observadas em afloramento na região de Ponte Alta do Tocantins
(ilustração na Figura 6C), bem como por dobras em estilo kink e chevron, com planos axiais
E-W subverticais, observadas na Formação Pimenteiras a norte de Miranorte (TO; ver Figura
5.6B-C em Souza, 2016). O acamamento de algumas formações (Pimenteiras, Pedra de Fogo
e Motuca) que estão nas proximidades das falhas de borda do Graben de Araguaína
apresentam alto ângulo de mergulho (Figura 6A). O Graben do Muricizal também é
relacionado a este evento, dado à sua similaridade em orientação.
Este regime deformacional pode ser correlacionado ao modelo proposto por Santos et
al. (2015), quando os mesmos caracterizam uma reativação transcorrente sinistral de idade
permiana, na porção SW do Lineamento Transbrasiliano na BPar. Essa deformação seria
compatível com o campo de strain associado aos grabens. A abertura do Graben de
Araguaína com distensão NE ocorreu em época equivalente, com base na sua
compatibilidade de cinemática e em termos de idades das formações afetadas e/ou
controladas pela estruturação descrita.
O Evento Deformacional D2
Este evento é basicamente expresso por estruturas que refletem distensão em alto
ângulo em relação ao evento D1. Essas estruturas são encontradas nas porções interna e
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externa (a leste) do Graben de Araguaína. Os três grupos paleozoicos (Serra Grande, Canindé
e Balsas) são afetados pelas mesmas, além da Suíte Mosquito, o que permite inferir uma
idade Eojurássica para o evento. Na porção norte da área, as estruturas D2 claramente
interceptam o trend N-S do Graben de Araguaína. São observadas falhas normais de direção
E-W com variação para ENE e ESE, e bandas de deformação de direção aproximada E-W
(Figuras 6D, E; Figuras 7iv e 7v). A partir da análise dos planos das falhas, bandas de
deformação e respectivos slickenlines, foi possível estabelecer um campo de strain com eixo
de distensão X, NNE-SSW (Figura 7vi).
Este evento é associado ao magmatismo básico toleítico (incluindo o alojamento de
corpos básicos que seguem o trend E-W) da Suíte Mosquito de idade eojurássica. Esse
magmatismo ocorre com maior destaque na região norte do país, sendo associado ao evento
de rifteamento do Atlântico Central (Thomaz Filho et al., 2000).
Figura 6: Estruturas relacionadas aos diversos eventos deformacionais. A) Falha normal de direção N-S, que
afeta arenitos da Formação Ipu, colocados em contato com o embasamento cristalino (observar slickenlines). B)
Falha normal de direção NW-SE em arenitos da Formação Poti. C) Falha transcorrente sinistral de direção NE
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em arenitos da Formação Pimenteiras; A, B e C são estruturas D1. D) Banda de deformação normal de direção
ESE, observada em arenitos da Formação Motuca. E) Plano de falha normal com direção ESE em basaltos da
Suíte Mosquito; D e E são estruturas D2. F) Plano de falha normal com direção NE em diamictitos da Formação
Cabeças, essa estrutura é de idade D3. Nas fotos, o cabo do martelo aponta para o norte.
Figura 7: Projeções estereográficas geradas no programa Win-Tensor (projeção Schmidt-Lambert, hemisfério
inferior) para os sistemas de falhas relacionados às fases deformacionais D1e D2. i) Falhas normais com direção
NW e falhas normais obliquas N-S com componente sinistral; ii) Bandas de deformação NNE-SSW; iii)
Reconstrução cinemática para o sistema de falhas e bandas de deformação da fase D1, onde o eixo de distensão
(X) possui direção NE-SW; iv) Falhas normais de direção E-W, ENE e ESE; v) Bandas de deformação com
orientação tendendo a E-W; vi) Reconstrução cinemática para o sistema de falhas da fase D2, onde o eixo de
encurtamento (Z) está praticamente vertical e o eixo de distensão (X) possui direção NNE-SSW. Setas pretas
indicam o eixo de distensão horizontal.
O Evento Deformacional D3
As estruturas geradas neste último evento incluem falhas de rejeito normal e de rejeito
direcional, as quais atingiram majoritariamente as unidades dos grupos Canindé e Balsas, de
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maior extensão aflorante. Estruturas D3 são representadas por falhas normais NE-SW
(Figuras 6F; 8i), falhas de rejeito direcional sinistral com orientação WNW-ESE (figura 8ii) e
falhas de rejeito direcional dextral com orientação variando entre NW a N-S (figura 8iii).
Com a análise de todos os planos de falhas e seus respectivos slickenlines foi possível inferir
um campo de strain com eixo de distensão X, de direção NW-SE (Figura 8iv); nesta fase, o
eixo de distensão pode ter sofrido pequena variação de NNW para WNW. Por outro lado, a
ocorrência tanto de falhas normais como transcorrentes/rejeito direcional é creditada a efeitos
de permutação na orientação espacial dos eixos de strain Y e Z, todavia mantendo a mesma
orientação da distensão X.
Regionalmente, este evento é tentativamente correlacionado ao rifteamento do
Atlântico Sul reconhecido por sua assinatura estrutural, que ficou registrada na Província
Borborema durante o Neocomiano-Barremiano, a qual está associada à gênese dos grabens
do trend Cariri-Potiguar (Matos, 1999).
Figura 8: Projeções estereográficas geradas no programa Win-Tensor (projeção Schimidt-Lambert, hemisfério
inferior) para o sistema de falhas relacionadas à fase deformacional D3. i) Falhas normais de direção NE-SW. ii)
Falhas de rejeito direcional sinistral com direção WNW-ESE. iii) Falhas de rejeito direcional dextral com
direção NW-SE e NNE-SSW iv) Reconstrução cinemática para o sistema de falhas da fase D3, onde o eixo de
distensão (X) possui direção NW-SE. Setas pretas indicam o eixo de distensão horizontal.
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CONCLUSÕES
O artigo apresenta uma análise de lineamentos e de dados estruturais de campo, a qual
fornece elementos para melhorar o conhecimento do importante Sistema de Grabens do Rio
Tocantins com direção N-S, denominados de Graben de Araguaína e Graben do Muricizal.
Estas estruturas localizam-se na borda oeste da Bacia do Parnaíba, já tendo sido reconhecidas
em trabalhos precedentes. O GA possui comprimento aflorante da ordem de 400 km, entre os
paralelos de Araguatins (TO) e Taquarussu do Tocantins (TO), e largura na ordem de 40 a 50
km. As falhas N-S com componente normal se estendem por pelo menos 50 a 60 km cada, a
leste e oeste do GA, o GM possui na ordem de 200 km de comprimento e largura da ordem
de 25 a 50 km, e seu outro segmento possui aproximadamente 70 km de comprimento e 25
km de largura. O desenvolvimento dos grabens é interpretado como tendo ocorrido entre o
Permiano e o Triássico Médio, com base no padrão de afloramentos das unidades
litoestratigráficas no seu interior e nos sistemas de paleocorrentes de algumas dessas
unidades.
Os dados coletados na região do Graben de Araguaína permitiram definir três eventos
deformacionais. Inicialmente, a estruturação do graben teve inicio com o evento D1 e,
subsequentemente, houve a ação de dois outros eventos (D2 e D3) que afetaram a região.
O evento deformacional D1 seria resultado de um campo de strain com eixo de
distensão X, NE-SW, gerando falhas normais a normais obliquas (componente direcional
sinistral) predominantemente orientadas entre N-S a NW, e subordinadamente a NNE. O
controle destas falhas na deposição de sedimentos das formações Pedra de Fogo e Motuca é
atestado pelos dados de paleocorrentes que exibem sentidos para o interior do graben e
paralelas ao seu eixo N-S, respectivamente. Em decorrência, é inferida uma idade Permiana,
com provável extensão ao Triássico Médio, a julgar pela ocorrência de bandas de deformação
N-S na Formação Sambaíba.
Os dados obtidos indicam que existe uma compatibilidade desse evento com o campo
de strain gerado a partir de uma reativação transcorrente sinistral no Lineamento
Transbrasiliano, durante o Permiano, proposto por Santos et al. (2015). Estes dados sugerem
uma possível ligação entre essas duas macroestruturas (LTB e Sistema de Grabens do Rio
Tocantins, SGRT), no que diz respeito à abertura do graben durante o Permo-Triássico
(Figura 9).
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SOUZA, K. S. PÁGINA 50
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO IV – ARTIGO CIENTÍFICO
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O evento deformacional D2 é relacionado a uma distensão de direção geral N-S
(variando de NNE a NNW). A idade relativa deste evento é dada pelo truncamento das falhas
normais de direção N-S (de D1) pelas estruturas distensionais E-W. Em adição, as estruturas
E-W são mais expressivas na Formação Sambaíba e controlam os corpos de diabásio da Suíte
Mosquito, conferindo uma idade Eojurássica para este evento, provavelmente relacionado à
abertura do oceano Atlântico Central (Tomaz Filho et al., 2000).
O último evento deformacional (D3) apresenta eixo de distensão X com direção NW-
SE. Este evento pode ser correlacionado ao campo de strain que controlou o rifteamento na
Província Borborema durante o Neocomiano-Barremiano quando da abertura do Atlântico
Sul (Matos, 1999).
AGRADECIMENTOS
Que fiquem registrados os agradecimentos dos autores à CHEVRON/BRASIL, a qual
em convênio com a UFRN/PPGG/FUNPEC, financiou este trabalho no âmbito do projeto de
pesquisa ‘Geologia e Sistemas Petrolíferos da Bacia Intracratônica do Parnaíba, Nordeste do
Brasil’. O primeiro autor agradece a concessão da bolsa de mestrado pela CAPES, vinculada
ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Finalmente, os orientadores e coorientadores do
trabalho pelas discussões visando o aperfeiçoamento deste texto, além dos revisores deste artigo,
Gustavo Viegas e os anônimos.
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CAPÍTULO V
DADOS ADICIONAIS PARA A
CARACTERIZAÇÃO DO
SISTEMA DE GRABENS DO
RIO TOCANTINS
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5. INTRODUÇÃO
Neste capítulo será feita uma complementação da análise das estruturas que fazem
parte do contexto do Sistema de Grabens do Rio Tocantins, tanto no que diz respeito ao seu
caráter de macroescala (detalhando as imagens orbitais) quanto em mesoescala (incluindo
ilustrações das estruturas em afloramentos).
As macroestruturas foram estudadas a partir de imagens do sensor remoto SRTM e
comparações com os mapas da CPRM, obtendo uma visão integrada dos lineamentos que
representam estruturas frágeis na borda oeste da Bacia do Parnaíba (e correlatas no
embasamento), bem como o registro dos trends estruturais dúcteis, predominantemente
fotolineações N-S (traços de foliações) que caracterizam a Faixa Araguaia.
No âmbito da análise estrutural a partir dos dados de campo, este capítulo reporta
dados adicionais ilustrativos da geometria e cinemática dos eventos deformacionais frágeis
(D1, D2 e D3), reconhecidos na região que foi alvo deste trabalho.
Por conta de um diminuto acervo de dados relativos ao Evento Deformacional D3,
neste capítulo o mesmo não foi contemplado.
5.2. Análise de Imagens SRTM
5.2.1. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE MACROESTRUTURAS
Nas imagens da área em estudo, os traços observados são referidos como
fotolineamentos, quando correspondem a estruturas descontínuas, como falhas e fraturas
(Figuras 5.1 e 5.2), e fotolineações correspondem a traços de estruturas contínuas, no geral
lineações, as quais obedecem o trend N-S, variando para NW e NE, característico da Faixa
Araguaia, sendo inferidas foliações de baixo ângulo associadas a empurrões dúcteis com
transporte para oeste, conforme dados de campo e da literatura. Em adição, estruturas com
direção NW estão associadas a zonas de cisalhamento transcorrentes, ambos os conjuntos
associados ao Ciclo Brasiliano (Herz et al. 1989; Delgado et al. 2003).
Na porção SSE da área de trabalho é visível, nos produtos de sensor remoto, o
segmento do Lineamento Transbrasiliano que adentra no substrato da bacia, exibindo
foliações S-C em macroescala que corroboram a sua cinemática transcorrente dextral,
também relacionada à Orogênese Brasiliana (Delgado et al. 2003).
Os fotolineamentos no interior da bacia correspondem a fraturas (ou falhas) que
podem estar controladas pelas anisotropias pré-cambrianas, com destaque para o sistema de
grabens que acompanha o trend N-S da Faixa Araguaia. No diagrama confeccionado a partir
dos fotolineamentos extraídos das imagens de sensor remoto (Figura 5.1) é flagrante a maio
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concentração de traços na direção N-S, secundados pelos trends NW também expressivos no
graben.
Na terminação sul do Graben de Araguaína (região de Palmas), os altos estruturais
expõem o embasamento cristalino em contato por falhas normais com o Grupo Serra Grande
e a Formação Pimenteiras (esta recoberta pela Formação Cabeças na região de Miracema do
Norte; ver Figuras 5.2 e 4 do capítulo 4). Mais a norte (por exemplo, região de Guaraí e
Araguaína), a seção estratigráfica omitida nas falhas de borda do graben é mais expressiva
(justaposição das formações Pimenteiras e Pedra de Fogo, por exemplo), o que tem
correspondência com o rejeito associado às mesmas, sendo flagrante a anomalia das faixas
aflorantes estreitas com trend N-S, da Formação Motuca e unidades subjacentes, em oposição
ao padrão geral da BPar (Figura 5.2), o que permite inferir uma idade (talvez mínima) no
intervalo Permiano-Triássico Inferior para a formação do graben. Na região de Araguaína, a
Formação Sambaíba também exibe, embora com menor expressão, a feição de orientação N-
S, o que poderia estender o intervalo citado ao Triássico Médio (idades baseadas na carta
estratigráfica de Vaz et al. 2007).
Estruturas de direção E-W e/ou ENE e ESE são expressivas nas proximidades das
cidades de Babaçulândia e Wanderlândia, controlando faixas aflorantes (diques e soleiras)
das rochas básicas da Suíte Mosquito. Esses lineamentos estão impressos na Formação
Sambaíba e, mais a oeste, em unidades triássico-paleozoicas, e claramente truncam a
estruturação N-S do Graben de Araguaína (Figura 5.3).
Figura 5.3: Imagem SRTM com detalhe da região de Wanderlândia, onde os fotolineamentos de direção E-W
truncam os de direção N-S que definem a estruturação do Graben de Araguaína. 1 – Fotolineamentos E-W, 2 –
Fotolineamentos N-S.
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5.3. Registro Estrutural de Mesoescala
5.3.1. CONTEXTO MACROESTRUTURAL DO SISTEMA DE GRABENS DO RIO
TOCANTINS
Na borda oeste da BPar destacam-se duas estruturas de graben (de Araguaína e
Muricizal, também abreviados, respectivamente, como GA e GM, nesta dissertação) que
ocorrem no interior da bacia (GA) ou implantado diretamente sobre o embasamento cristalino
(GM). Esses grabens estão balizados pelos fotolineamentos de direção N-S, que
majoritariamente correspondem a falhas normais oblíquas sinistrais e articulados com falhas
normais NW. Na porção norte do GA, estruturas E-W (WNE a ENE) são proeminentes e
interceptam as estruturas N-S do graben, correspondendo a falhas normais e fraturas que
afetam e/ou controlam as rochas vulcânicas e subvulcânicas da Suíte Mosquito.
O Graben do Muricizal, não pôde ser contemplado em campo na amostragem desta
dissertação por conta do tempo e logística. Contudo, por meio de imagens orbitais (para a
retirada dos fotolineamentos e delimitação desta estrutura), imagens do Google Earth e mapas
do Serviço Geológico do Brasil (Araújo, 2001 e Souza, 2001), foi possível fazer a correlação
e caracterização deste neste trabalho.
As imagens do Google Earth auxiliaram na identificação e confirmação da Formação
Motuca (Figura 5.4), a qual preenche o Graben do Muricizal. Embora as cartas geológicas da
CPRM sinalizem a existência de uma fácies da Formação Pedra de Fogo que possui níveis
conglomeráticos, a mesma não foi caracterizada nas imagens.
Figura 5.4: Fotografias obtidas a partir do software Google Earth que representam a Formação Motuca dentro do
Graben do Muricizal. (A) Na rodovia TO – 235 observa-se um pacote de arenito com um formato em lobo. (B)
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Na rodovia TO – 230 a camada de arenito apresenta estratificação cruzada tangencial em contato com pelitos,
possivelmente de ambiência lagunar (Vaz et al. 2007), onde num lago ocorrem influxos de material terrígeno.
5.3.2. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO EVENTO DEFORMACIONAL D1
Este evento constitui o principal alvo deste estudo. Essas estruturas foram observadas
nas três sequências sedimentares presentes na região, com maior concentração nos grupos
Canindé e Balsas (Mesodevoniano-Eocarbonífero e Neocarbonífero-Eotriássico
respectivamente).
No geral, a deformação é representada por um conjunto de estruturas de rake
moderado a alto, sendo estas, falhas normais orientadas entre NW a NNE, ilustradas nas
Figuras 5.5 e 5.6A-B, e caracterizadas nas projeções da Figura 7(i-iii), também do artigo
científico (capítulo 4). Em resumo, a Figura 5.5 ilustra um contato anômalo entre as
formações Pimenteiras e Pedra de Fogo, na cidade de Guaraí, feito por zona de falha
principal N-S normal (com 3 a 4 planos paralelos), interceptadas por falhas normais sinistrais
secundárias. As Figuras 5.6A-C ilustram falhas normais com orientação NW, na Formação
Pimenteiras (a Figura 5.6B ilustra uma estrutura rollover cuja falha lístrica inferida situa-se à
direita, já fora da foto) e na Formação Piauí (Figura 5.5).
Figura 5.5: Contato por falha entre a Formação Pimenteiras (a oeste) e a Formação Pedra de Fogo (a leste), na
cidade de Guaraí (TO), implicando em significativa omissão (rejeito) de unidades das sequências. É
reconhecido um sistema de falhas normais N-S com mergulho para leste (exemplos indicados), interceptadas
por falhas NNW de rejeito direcional oblíquo (sinistral normal).
Nos arenitos da Formação Sambaíba, próximo à cidade de Araguaína, são encontradas
bandas de deformação com cinemática normal e direção N-S a NNE-SSW (Figura 5.4), que
na ausência de feições cataclásticas podem ser relacionadas a estágios pré e sinlitificação
desses arenitos, o que corrobora a idade mínima proposta para estes grabens.
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Figura 5.6: Imagens que ilustram o evento deformacional D1. (A) Falhas com direção NW, afetando arenitos e pelitos da Formação Pimenteiras, a leste de Miracema. (B)
Basculamento de camadas (estrutura rollover) na Formação Pimenteiras, ponto idem ao anterior. As medidas do acamamento são compatíveis com falha normal de direção NW,
inferida imediatamente à direita na foto. (C) Falhas normais com direção NW, afetando arenitos da Formação Piauí, a leste de Colinas do Tocantins. (D) Bandas de deformação
(estruturas hidroplásticas) com direção N-S e mergulho para oeste, em arenitos da Formação Sambaíba, leste de Araguaína
.
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4.3.3. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO EVENTO DEFORMACIONAL D2
O evento deformacional D2 teve grande expressão na região de estudo, sendo
observado em todos os grupos presentes (Serra Grande, Canindé e Balsas), e adicionalmente
na Suíte Magmática Mosquito. Sua característica principal foi à geração de falhas e estruturas
distensionais com direção preferencial E-W e variações para ENE e ESE. Essas estruturas são
falhas normais e bandas de deformação com cinemática normal, sendo ilustradas nas Figuras
5D-E e 7(iv-vi) do artigo científico, no capítulo 4, bem como na figura 5.7. Nesta última, a
foto em 5.7A ilustra uma falha na Formação Motuca (notar slickenfibers proeminentes,
sugestivos de deformação pós-litificação) e, em 5.7B, em soleira básica da Suíte Mosquito,
estes de idade eojurássica. Novamente, essas feições são compatíveis com uma idade mais
antiga para o graben, também evidenciada pelo forte ângulo entre os eixos distensivos
horizontais, nesses dois eventos.
Figura 5.7: Imagens que ilustram o evento deformacional D2. (A) Plano de falha normal E-W (slickenfibers de
alto rake) em pelitos da Formação Motuca, a oeste de Carolina (MA). (B) Falha normal ENE em diabásios da
Suíte Mosquito, a SW de Estreito (MA).
As estruturas deste último evento apresentam-se como um marco cronológico em
relação ao evento deformacional D1, visto que há relação de corte entre as estruturas geradas
nesses dois eventos. No evento D2, precisamente, na região de Wanderlândia, suas estruturas
distensionais interceptam as estruturas do evento D1, mostrando assim o momento em que
cessou o evento D1 e começa o D2. No artigo científico, capítulo 4, mais definições acerca
desta proposta são mostradas.
Esta dissertação trouxe como avanço para os conhecimentos da geologia estrutural da
região valiosas informações. O mapeamento de feições estruturais é de fato importante tanto
no âmbito acadêmico quanto estratégico/empresarial, visto que diversas acumulações
minerais e recursos energéticos são encontrados relacionados a padrões estruturais das
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO V – DADOS ADICIONAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO..
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rochas. A delimitação da estrutura antes citada apenas de forma símplice na região do
Tocantins, hoje, com o presente trabalho já possui uma definição, delimitação, conhecimento
da sua evolução quanto à geometria e cinemática das estruturas, nomenclatura e todos os
dados que nos foram necessários para a sua caracterização.
Desta feita, o avanço no conhecimento do então não referido Sistema de Grabens do
Rio Tocantins (SGRT) traz consigo esse aprofundamento no conhecimento geológico-
estrutural para a borda oeste da Bacia do Parnaíba.
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. CONCLUSÕES
Os capítulos anteriores descreveram os resultados da aplicação de alguns métodos e
técnicas nesta dissertação, como a análise de imagens orbitais e de dados estruturais, e em
menor número, dados estratigráficos de campo, além do conhecimento bibliográfico (em
especial, a cartografia geológica da CPRM). Essas ferramentas permitiram detalhar oi alvo
deste estudo, o Sistema de Grabens do Rio Tocantins, uma importante estrutura localizada na
borda oeste da Bacia do Parnaíba e também encravada no embasamento cristalino da bacia (a
Faixa Araguaia).
Os fotolineamentos extraídos a partir das imagens orbitais auxiliaram na definição do
arcabouço estrutural desse sistema de grabens. As rochas da Bacia do Parnaíba exibem o
caráter dominantemente frágil da deformação que moldou essa estrutura. A direção N-S dos
grabens é creditada a reativações de anisotropias presentes na Faixa Araguaia. Além desta
direção, a Faixa Araguaia possui um trend NW-SE creditado a zonas de cisalhamento
transcorrentes tardias, e que a partir da observação das imagens orbitais é encontrado como
falhas/fraturas afetando as rochas sedimentares da BPAr.
Este sistema de grabens é composto por duas estruturas, uma principal, denominada
de Graben de Araguaína, e outra, de Graben do Muricizal. Com orientação geral N-S, o GA
possui um comprimento aproximado de 400 km e largura da ordem de 40 a 50 km. Já o GM
apresenta um comprimento de cerca de 200 km e largura variando de 25 a 50 km, sendo
provavelmente uma estrutura mais rasa. Além de seu outro segmento, mais a sul (altura de
Miracema do Tocantins), onde o mesmo possui aproximadamente 70 km de comprimento e
25 de largura. Em termos de idade, propõe-se que essa estruturação ocorreu entre o Permiano
e o Mesotriássico, visto que no interior dos grabens as faixas aflorantes das unidades
estratigráficas evidenciam o controle das falhas de borda, havendo também compatibilidade
dos dados de paleocorrentes coletados em campo.
A análise dos registros geométricos e cinemáticos em campo e imagens orbitais
permitiu o reconhecimentos de três eventos deformacionais que atuaram na região em estudo.
O primeiro deles, o evento deformacional D1, é caracterizado por falhas normais e normais
oblíquas sinistrais, com orientação predominante variando entre N-S e NW,
subordinadamente NNE. A análise dos planos de falhas e slickenlines aponta para um campo
de strain com eixo de distensão X orientado na direção NE-SW.
UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS
SOUZA, K. S. PÁGINA 67
A idade permiana-eotriássica é inferida pela cronologia dessas formações, sendo
também compatível com as bandas de deformação hidrodúcteis de direção N-S na Formação
Sambaíba, que estenderiam a idade da estruturação dos grabens até o Mesotriássico.
Como proposto por Santos et al. (2015), a reativação transcorrente sinistral de idade
permiana no Lineamento Transbrasiliano evidencia campos de strain compatíveis para essas
duas macroestruturas. No caso do Sistema de Grabens do Rio Tocantins, a componente
distensional desse campo de esforços do Lineamento Transbrasiliano poderia ter contribuído
para a abertura desses grabens.
O evento deformacional D2 é composto por falhas normais de direção E-W e
relacionado a uma distensão próxima de N-S (com leve variação para NNE e NNW). As
estruturas deste evento truncam, na região centro-norte da área, as estruturas correlatas ao
evento D1, o que revela a idade relativa entre os mesmos. A Formação Sambaíba apresenta as
mais expressivas estruturas deste evento, as quais também controlam o alojamento de corpos
de diabásio da Suíte Mosquito, conferindo idade eojurássica para o mesmo. Este evento é
associado à abertura do Oceano Atlântico Central (Thomaz Filho et al. 2000).
Por fim, o evento deformacional D3 é configurado por falhas normais de direção NE-
SW e de rejeito direcional (transcorrentes ou de transferência) dextrais e sinistrais, associadas
a um campo de strain com eixo de distensão na direção NW-SE. Este campo de strain pode
ser correlacionado àquele que exerceu papel fundamental na abertura dos riftes na Província
Borborema, durante o Neocominiano-Barremiano, o assim denominado trend Cariri-Potiguar,
ocorrido durante a abertura do Oceano Atlântico Sul (Matos, 1999).
CAPÍTULO VII
REFERÊNCIAS
UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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