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Financiadores Gestão administrativa e financeira Implementação
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA CADEIA DA MADEIRA NO MATO GROSSO COM FOCO
NA REGIÃO NOROESTE Relatório Final
20/07/2016
Autor: Ricardo Woldmar Revisão: Cecilia Simões Coordenação: Andrea Aguiar Azevedo
Este trabalho tem como objetivo trazer elementos técnicos de apoio à tomada de decisão, bem como levantar os principais dados disponíveis sobre a sustentabilidade econômica, ambiental e social da cadeia produtiva florestal no estado do Mato Grosso.
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Rua Cursino do Amarante, 588. Bairro do Quilombo, Cuiabá – MT / CEP: 78043 - 435
OBJETIVO DO TRABALHO
Objetivo: Identificar e analisar elementos chave para o processo de decisão sobre
a sustentabilidade econômica, ambiental e social do mercado da madeira no
noroeste do Mato Grosso.
Duração : Março 2016 - Maio 2016
INFORMAÇÕES SOBRE A CONTRATADA:
Nome da instituição: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
Tipo de instituição: Organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP)
Ano de estabelecimento: 1995
Endereço de localização da sede: SHIN CA 5, Bloco J2, Sala 309 - Lago Norte,
Brasília - DF, 71503-505
Endereço de localização no Mato Grosso: Rua Cursino do Amarante, 588 – Bairro
do Quilombo, Cuiabá – MT, 78043-435
Website: www.ipam.org.br
ELABORAÇÃO
Coordenação geral: Andrea Azevedo, PhD; Bióloga e Diretora Adjunta do IPAM
com foco em Políticas Públicas de uso do solo.
Pesquisador responsável: Ricardo Woldmar, Msc; Economista Ambiental e
Pesquisador Auxiliar do IPAM com foco em estudos de viabilidade econômica de
cadeias produtivas.
Pesquisador assistente: Cecília Simões, PhD; Bióloga e Pesquisadora Auxiliar do
IPAM com foco em pesquisas científicas e REDD.
Consultoria: ECO2 Serviços Ambientais Ltda
Agradecimentos: Marisa Cristina Larios Vieira
CONTRATAÇÃO DO TRABALHO
Nome da Instituição: ONF Brasil
Tipo de instituição: Fundada em 1999, a ONF Brasil é uma empresa florestal
brasileira, filial da ONF International (ONFI), uma companhia do grupo ONF - Office
National des Forêts (ONF)
Endereço: Fazenda São Nicolau – Caixa Postal 63 – 78330-000 – Cotriguaçu/MT
Website: www.reflorestamentoecarbono.com.br.
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Sumário
Lista de Acrônimos ........................................................................................................................ 6
1. Sobre as instituições envolvidas no trabalho ...................................................................... 9
2. Introdução............................................................................................................................. 9
3. Sumário Executivo .............................................................................................................. 10
4. Material e métodos ............................................................................................................ 13
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E SÍNTESE DO MERCADO DA MADEIRA .............................................. 16
5. Aspectos mercadológicos do setor florestal ...................................................................... 16
a) Síntese do mercado mundial ........................................................................................... 16
b) Síntese do mercado nacional........................................................................................... 17
c) Síntese do mercado estadual .......................................................................................... 18
d) Síntese do mercado na região noroeste do Mato Grosso ............................................... 22
6. Aspectos econômicos do setor florestal ............................................................................ 22
a) Preços e viabilidade econômica em Mato Grosso ........................................................... 22
b) Custo de produção e viabilidade econômica de Eucalipto e Teca no Mato Grosso ........ 23
c) Custo de produção e viabilidade econômica do manejo florestal em Cotriguaçú .......... 24
d) Custo de processamento no Mato Grosso e Cotriguaçu ................................................. 25
7. Transporte e logística no setor florestal ............................................................................ 25
8. Aspectos legais e tributários do setor florestal ................................................................. 27
a) Legislação federal e estadual .......................................................................................... 27
b) Principais tributos do setor florestal no Mato Grosso ..................................................... 29
c) Carga tributária no setor florestal em nível nacional ..................................................... 31
9. Aspectos produtivos de espécies exóticas e nativas ......................................................... 32
a) Descrição do processo de exploração de madeira nativa ............................................... 32
b) Descrição do processo de implantação de florestas plantadas ...................................... 33
10. Aspectos sociais do setor florestal ................................................................................. 34
a) Número de empregos no estado do Mato Grosso .......................................................... 34
b) Região noroeste do Mato Grosso .................................................................................... 35
c) Aspectos sociais gerais do manejo florestal .................................................................... 36
d) Aspectos sociais gerais das florestas plantadas .............................................................. 37
11. Aspectos ambientais de florestas e melhores práticas do setor .................................. 38
a) Florestas plantadas ......................................................................................................... 38
b) Florestas nativas e ilegalidade ........................................................................................ 39
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ESTUDOS DE CASO ...................................................................................................................... 41
11.1 Estudos de caso - TECA ................................................................................................ 41
11.2 Estudos de caso - EUCALIPTO ...................................................................................... 45
11.3 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 1 ..................................................................... 49
11.4 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 2 ..................................................................... 52
11.5 Estudos de caso – PROCESSAMENTO PRIMÁRIO......................................................... 58
11.6 Estudos de caso – PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO .................................................... 62
11.7 Compilação das simulações dos estudos de caso............................................................ 65
12. Leis e licenças que mais impactaram a atividade florestal ........................................... 67
13. Certificação e exigência internacionais.......................................................................... 69
14. Análise SWOT .................................................................................................................. 69
15. Comentários finais .......................................................................................................... 73
16. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 76
ANEXO ......................................................................................................................................... 80
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Lista de Tabelas
Tabela 1. Volume e comércio nacional ....................................................................................... 18
Tabela 2. Volume e comércio estadual ....................................................................................... 20
Tabela 3. Valor Bruto da Produção (VBP) por setor no Mato Grosso ......................................... 21
Tabela 4. Número, consumo, produção, empregos e receita bruta na região noroeste............ 22
Tabela 5. Diferença de preço praticado por produto no mercado nacional e internacional ..... 23
Tabela 6. Principais Leis que impactam o setor florestal ............................................................ 27
Tabela 7. Incidência tributária de acordo com a etapa da cadeia de produção ......................... 30
Tabela 8. Histórico de arrecadação tributária no Mato Grosso .................................................. 31
Tabela 9. Variação e distribuição dos postos de trabalho na cadeia produtiva florestal ........... 35
Tabela 10. PIB per capta dos municípios do Mato Grosso .......................................................... 35
Tabela 11. Principais indicadores sociais da região noroeste ..................................................... 36
Tabela 12. Estabelecimentos da agricultura familiar na região noroeste................................... 36
Tabela 13. Desmatamento na região noroeste ........................................................................... 40
Tabela 14. Certificação no Mato Grosso ..................................................................................... 40
Tabela 15. Receitas de Teca ........................................................................................................ 43
Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica da Teca ......................................................... 44
Tabela 17. Variáveis para o fluxo de caixa da Teca ..................................................................... 44
Tabela 18. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 45
Tabela 19. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 45
Tabela 20. Receitas de Eucalipto ................................................................................................. 46
Tabela 21. Indicadores de viabilidade econômica do Eucalipto ................................................. 47
Tabela 22. Variáveis para o fluxo de caixa de Eucalipto ............................................................. 48
Tabela 23. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 48
Tabela 24. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 48
Tabela 25. Preços de espécies nativas ........................................................................................ 50
Tabela 26. Custo de um manejo florestal sustentável ................................................................ 51
Tabela 27. Indicadores de viabilidade econômica de um manejo florestal sustentável ............ 51
Tabela 28. Variáveis para um fluxo de caixa de manejo florestal sustentável ........................... 52
Tabela 29. Análise de sensibilidade - TIR .................................................................................... 52
Tabela 30. Análise de sensibilidade - VPL ................................................................................... 52
Tabela 31. Preço de espécies nativas - FSN ................................................................................. 54
Tabela 32. Custos de um manejo florestal sustentável - FSN ..................................................... 55
Tabela 33. Indicadores de viabilidade econômica - FSN ............................................................. 56
Tabela 34. Indicadores de viabilidade econômica - FSN (sem aquisição de terra) ..................... 57
Tabela 35. Variáveis do fluxo de caixa - FSN ............................................................................... 57
Tabela 36. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 25 anos) ............................................ 57
Tabela 37. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 25 anos) ........................................... 58
Tabela 38. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 10 anos) ............................................ 58
Tabela 39. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 10 anos) ........................................... 58
Tabela 40. Logística rodoviária de uma Serraria ......................................................................... 60
Tabela 41. Volumes e preços de uma Serraria ............................................................................ 60
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Tabela 42. Custo de mão de obra de uma Serraria ..................................................................... 61
Tabela 43. Custos de produção de uma Serraria ........................................................................ 61
Tabela 44. Logística rodoviária de uma Beneficiadora ............................................................... 63
Tabela 45. Volume e preços de uma Beneficiadora .................................................................... 63
Tabela 46. Custos de mão de obra de uma Beneficiadora .......................................................... 64
Tabela 47. Custos de produção de uma Beneficiadora ............................................................... 64
Tabela 48. Compilação das simulações de viabilidade econômica dos estudos de caso ........... 65
Tabela 49. Compilação dos resultados das Análises de Sensibilidade dos estudos de caso ...... 66
Tabela 50. Leis e licenças que mais impactam a atividade florestal dos estudos de caso ......... 68
Tabela 51. Certificação e exigências internacionais para os estudos de caso ............................ 69
Lista de Figuras
Figura 1. Custos de produção de Teca ........................................................................................ 43
Figura 2. Custos de produção de Eucalipto ................................................................................. 46
Figura 3. Exemplo de um processamento primário .................................................................... 59
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Lista de Acrônimos
ABIMCI Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada
Mecanicamente
APF Autorização Prévia de Funcionamento
APP Área de Proteção Permanente
AUTEX Autorização de Exploração Florestal
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
C&F Cost and Freight
CAR Cadastro Ambiental Rural
CDB Convenção de Diversidade Biológica
CIF Cost Insurance and Freight
CIPEM Centro das Industrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do
Estado do Mato Grosso
CITES Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e
Fauna Selvagens em Perigo de Extinção
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPP Centro de Pesquisas do Pantanal
CRA Cotas de Reserva Ambiental
CSS Contribuição Social para a Saúde
DAP Declaração de Aptidão ao Pronaf
DOF Documento de Origem Florestal
FAMAD Fundo de Apoio à Madeira
FCO Fundo Constitucional do Centro Oeste
FETHAB Fundo Estadual de Transporte e Habilitação
FGV Fundação Getúlio Vargas
FIPLAN Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças
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FOB Freight on Board
FSN Fazenda São Nicolau
FUNRURAL Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IFT Instituto Florestal Tropical
IMA Incremento Médio Anual
IMAZON Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
IMEA Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária
IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
IPI Imposto de Produtos Industrializados
ITR Imposto Territorial Rural
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
LP Licença Prévia
MDF Medium-Density Fiberboard
MDP Medium-Density Particleboard
MO Mão de Obra
NR Normas Regulamentadoras
ONF Organização Nacional de Florestas
PCI Estratégia Produzir, Conservar e Incluir
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PDFS Plano de Desenvolvimento Florestal Sustentável
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PIB Produto Interno Bruto
PMFS Planos de Manejo Florestal Sustentável
POA Plano Operacional Anual
PPRA Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental
PRA Programa de Regularização Ambiental
PSS Plano de Suprimento Sustentável
REDD+ Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação
RL Reserva Legal
SAE Proposta de Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Florestas
Plantadas
SAG Secretaria Adjunta de Agricultura
SEDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico
SEFAZ Secretaria de Estado da Fazenda
SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
SWOT Strengths , Weaknesses, Opportunities and Threats
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Media de Atratividade
VBP Valor Bruto da Produção
VPL Valor Presente Líquido
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1. Sobre as instituições envolvidas no trabalho
O IPAM é uma organização ambiental sem fins lucrativos, fundada em 1995. O
Instituto tem a missão de contribuir para um processo de desenvolvimento da
Amazônia que atenda às aspirações sociais e econômicas da população e, ao mesmo
tempo, mantenha a integridade funcional dos ecossistemas da região. O IPAM atua em
diversas áreas, como pesquisa científica, desenvolvimento e avaliação de políticas
públicas, capacitação e apoio a populações tradicionais, desenvolvimento rural de
baixas emissões de carbono, fortalecimento e implementação de políticas de REDD+.
A ONF Brasil, junto com o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e a ONF
International, implementam o projeto PETRA, financiado pelo FFEM entre 2012 e 2016.
O objetivo do projeto é contribuir para o desenvolvimento sustentável da região
noroeste do Mato Grosso, considerada como uma região teste e piloto para que as
políticas públicas permitam tornar compatível o crescimento das regiões de fronteira
agrícola e preservação das florestas. O projeto permitirá, em particular, desenvolver o
potencial da fazenda São Nicolau como plataforma de recursos em benefício dos
agentes locais, do Estado do Mato Grosso e da região amazonense brasileira.
2. Introdução
O IPAM busca por meio deste trabalho, fazer um levantamento técnico e econômico
do setor florestal do Mato Grosso, com foco na região noroeste com o objetivo de
reunir os principais elementos que influenciam o desenvolvimento econômico, social e
ambiental do setor florestal na região. Adicionalmente este estudo busca trazer
elementos de decisão para a ONF Brasil sobre a sustentabilidade econômica da
Fazenda São Nicolau (FSN). O estudo colabora para a estratégia Produzir, Conservar e
Incluir (PCI) que junto com o Governo do estado do Mato Grosso, setor privado e
sociedade civil, buscam dentre outros, acabar com o desmatamento ilegal até 2020 e
aumentar a área de manejo florestal sustentável em 3,2 milhões de hectares bem
como aumentar a área de florestas plantadas em 500 mil hectares até 2030.
Portanto este estudo almeja trazer informações de caráter técnico-econômico como
suporte para a tomada de decisão de atores da sociedade de forma a contribuir com o
desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva florestal madeireira no estado do
Mato Grosso.
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3. Sumário Executivo
Este estudo levantou os principais fatores que influenciam o desenvolvimento do
setor florestal no Mato Grosso. O trabalhou abordou os aspectos mercadológicos,
econômicos, fiscais e tributários, sociais e ambientais da fase produtiva de florestas
nativas e plantadas, bem como o processamento primário e secundário, pois estes dois
setores desempenham um papel crucial como consumidores e geradores de demanda
dos produtos florestais.
Nesse sentido, realizamos uma extensa revisão da literatura desde a produção
de espécies nativas e plantadas até a fase de processamento primário e secundário de
madeira. Os aspectos estudados foram à demanda de mercado, aspectos econômicos,
regulatórios, produtivos e aspectos ambientais.
A começar pelos aspectos mercadológicos, o tamanho do setor florestal
mundial em 2012 foi da ordem de aproximadamente US$ 240 bilhões dos quais 42%
foram de papel e papelão e o restante pelos demais produtos e subprodutos florestais
com destaque à celulose, serrados e compensados. Desse total, cerca de 91% foi
comercializado na fase de transformação primária e secundária e apenas 9% realizado
na fase de produção. Isso indica a importância da industrialização como gerador de
emprego e renda em uma economia florestal e consequentemente sua influencia na
demanda sobre matéria prima de origem florestal (CIPEM, 2014)
No Mato Grosso em particular, dos 10,3 milhões de metros cúbicos produzidos
em 2013, a grande maioria (96%) foi de origem nativa dos quais apenas 1,4 milhões
foram provenientes de PMFS - Planos de Manejo Florestal Sustentável. A madeira
nativa é vendida em sua maioria em tora para industrialização no estado e muitas
vezes exportada. De acordo com os produtores entrevistados neste estudo, o seu
principal diferencial competitivo é a alta qualidade se comparada a madeira plantada.
Já o restante da matéria prima florestal (4%) foi proveniente de
reflorestamento, dos quais 317 mil hectares foram de Eucalipto e 61 mil hectares de
Teca. A produção de madeira de eucalipto é em grande parte para abastecer a
crescente demanda de biomassa para a agricultura, embora haja também uma
tendência de produção de tora para processamento. Já a produção de Teca é em
grande parte destinada a exportação em tora devido à alta demanda internacional de
produtos de qualidade intrínseca à especie.
Embora o estado conte com uma indústria de transformação florestal
consolidada com um grande número de empresas, o setor vem enfrentando
dificuldades. Em termos gerais, os principais desafios estão relacionados à competição
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desleal com madeira ilegal, insegurança regulatória, excessiva burocracia e
morosidade pelos órgãos ambientais, escassez de mão de obra qualificada, dificuldade
de acesso a financiamento e logística precária.
Uma característica importante do setor florestal se comparado com
importantes cadeias da agricultura no Mato Grosso é sua capacidade na geração de
divisas financeiras por meio de impostos e geração de empregos. Com um VBP de
apenas R$ 233 milhões (ou 0,5% do VBP agrícola-pecuário do MT) o setor foi capaz de
gerar um Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de R$ 3,5 bilhões em 2012, que
corresponde a 0,5% de todos os bens e serviços produzidos no estado.
No que se refere aos aspectos fiscais e tributários, o ICMS, FETHAB e FAMAD
juntos tiveram uma arrecadação media de R$ 90 milhões entre 2010 e 2014, com
destaque ao ICMS que sozinho foi responsável por 76% do total. Entretanto o setor
apresentou redução de 20% de receitas tributárias nesse período o que pode ser
atribuído a perda de competitividade da indústria de transformação devido a baixa
competitividade do setor.
Dados oficiais indicam que o setor gerou em 2015 aproximadamente 18 mil
empregos diretos no estado, dos quais a maioria (55%) foram na fase transformação e
desdobramento de madeira e apenas 5% na exploração de madeira nativa e 9% na
produção de madeira plantada. Fontes não oficiais indicam a geração de
aproximadamente 100 mil empregos diretos e indiretos no setor. Tais números
indicam grande informalidade na fase de exploração de madeira nativa, em parte
devido a exploração ilegal e maior concentração de empregos formais na fase de
transformação.
O maior impacto ambiental do setor florestal é sem dúvida e exploração ilegal.
Em 2012, a maior parte da área explorada (54%) não possuía PMFS, configurando
exploração de matéria prima ilegal. Se realizada de forma correta, dentro do limite de
exploração de 30m³/hectare por POA, a exploração é considerada sustentável por
manter constante o estoque florestal. É importante mencionar também que este é
uma importante fonte de renda e por sua vez serve como incentivo para o produtor
manter as florestas de pé ao invés de converter florestas nativas para a agricultura e
pecuária por exemplo.
O reflorestamento de espécies exóticas por sua vez é uma atividade que pode
apresentar benefícios se realizada de forma correta, entre eles, o reaproveitamento de
terras degradadas pela pecuária para plantios florestais que possibilitam maior
sequestro de carbono, além de proteção do solo contra erosão e redução da pressão
sobre as florestas nativas a partir da oferta adicional de madeira plantada.
No final de 2014 o estado instituiu o Plano de Desenvolvimento Florestal do
Mato Grosso (PDFS), que prevê alocar os recursos florestais de uma forma mais
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eficiente, bem como aumentando a geração de empregos e renda no estado. O
programa prevê até 2030 a incorporação de 8 a 10 milhões de hectares de floresta
nativa ao manejo sustentável e aumento dos atuais 4,8MM para 6,0MM de m³ de
matéria prima nativa. Simultaneamente, estão previstos o aumento de 500 mil
hectares de florestas plantadas em áreas já desmatadas para produção de 10MM m³
de tora e lenha de origem plantada. As florestas plantadas podem também ajudar o
estado a atingir a meta proposta pelo programa Produzir, Conservar e Incluir (PCI),
anunciado durante a COP 21 de Paris, onde se estabelece o compromisso de restaurar
um total de 2,9MM de hectares de área degradada até 2030.
Para a fase de industrialização o PDFS-MT prevê aumentar a competitividade
do setor industrial no Mato Grosso, reduzindo a exportação de matéria prima bruta e
aumentando a agregação de valor dentro do estado para posterior exportação de
produtos de valor agregado.
Neste contexto, buscamos por meio deste estudo trazer elementos técnicos e
econômicos para apoiar a tomada de decisão em projetos de investimento de base
florestal. Sendo assim, analisamos seis empresas que atuam em diferentes fases da
cadeia produtiva florestal, desde a produção de plantadas e exploração de nativas até
o processamento primário e secundário. Os resultados mostraram viabilidade
econômica praticamente em todos os estudos de caso, muito embora os retornos
sejam relativamente baixos com Taxas Internas de Retorno em torno de 15%, sendo as
opções de Teca e de manejo florestal com período de exploração em 10 anos os
estudos de caso mais atrativos.
Visto que a viabilidade econômica do setor florestal está sujeita a variáveis internas
e externas, que podem em grande parte ser influenciadas por ações do PDFS-MT, Lei
PSS, comando e controle, investimentos em infraestrutura, dentre outros, realizamos
uma análise de sensibilidade a partir das variáveis que melhor refletem tais fatores,
que são: o preço da madeira, custos de produção, frete rodoviário, produtividade a
taxa de câmbio.
A partir desta simulação foi possível encontrar não apenas o ponto de equilíbrio
onde cada atividade se torna viável, mas principalmente encontrar, mesmo com dados
conservadores, os cenários mais otimistas com TIRs de até 23% para o manejo florestal
sustentável, 22% para a Teca e 16% para o Eucalipto. Tais simulações ajudam a
mostrar a viabilidade econômica que as empresas florestais podem vir a ter caso as
melhorias no setor venham a ocorrer.
No que se refere à fase de industrialização, os preços encontrados para a madeira
serrada de espécies nativas da região noroeste foram em torno de R$ 1.100,00/m³. Já
na fase de beneficiamento os preços de venda variaram entre R$ 3.000,00 até R$
5.000,00/m³ para pisos de madeira e entre R$ 3.500,00 até R$ 8.000,00/ m³ para
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Decks. A alta lucratividade é, em parte, resultado da visão de curto prazo dos
empresários do setor como reflexo da instabilidade no clima de negócios do setor.
4. Material e métodos
Dados secundários
Para o presente trabalho foi realizado uma extensa revisão da literatura da cadeia
florestal no Mato Grosso abrangendo desde a produção de espécies nativas e
plantadas até o processamento primário e secundário de madeira.
A revisão se inicia com uma análise dos aspectos mercadológicos do setor florestal,
com o objetivo de ter uma dimensão do potencial de mercado do estado do Mato
Grosso e região noroeste para os subprodutos florestais. A seguir foram levantados os
aspectos econômicos do setor envolvendo fluxos de caixa da fase de produção e
custos de logística com o intuito de entender a viabilidade econômica do setor.
Mais adiante, descrevemos o processo de produção para melhor entendimento da
dinâmica produtiva das espécies nativas e plantações. Nos aspectos sociais,
procuramos o número de empregos gerados no setor florestal e sua distribuição ao
longo da cadeia de produção e distribuição bem como os prós e contras de cada
atividade. Por último, fizemos uma breve descrição dos aspectos ambientais, com uma
descrição sucinta das alternativas de produção de menor impacto e melhores práticas
adotadas no setor florestal além da exploração ilegal de madeira nativa no Mato
Grosso. Estes dados foram levantados através de publicações e por acesso a endereços
eletrônicos listados no final deste estudo nas referências bibliográficas.
Dados primários
Para o levantamento de dados do setor e estudos de viabilidade econômica, foi
realizada uma viagem de campo com duração de quatro dias no mês março de 2016
para entrevistar empresários e produtores de seis empresas que atuam no setor
madeireiro em sua maioria na região noroeste do Mato Grosso. A escolha pelas
empresas se deu pelo nível de consolidação das mesmas na região, em geral empresas
de maior porte, bem como pelo relacionamento com algumas dessas empresas,
visando maior acesso a informações e dados.
Para a coleta de dados foram utilizados questionários semiestruturados de perguntas
dissertativas, aplicados em geral na própria fazenda ou fábrica dos entrevistados
contendo questões quali-quantitativas, compreendendo aspectos produtivos;
mercadológicos; custos e receitas de produção; questões regulatórias; impactos
ambientais; e riscos e oportunidades da atividade. Adicionalmente, foram realizadas
outras 3 entrevistas não estruturadas com empresas relacionadas ao setor para dar
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suporte na coleta de dados, sendo uma delas especializada em plantio de mudas e
outras duas de processamento primário e secundário.
O estudo de viabilidade econômica foi realizado apenas para a fase de produção, dada
a complexidade de dados necessários para simulações desse tipo na fase de
processamento e industrialização. Para as simulações foram levantados os principais
subgrupos de custos que compõem o fluxo de caixa, posteriormente validado pelos
entrevistados para ajustes finais. Na sequência foram atribuídos valores máximos e
mínimos para as principais variáveis que apresentam maior nível de incerteza e
oscilação para dimensionar o risco do negócio e avaliar a viabilidade econômica de
cada cadeia em cada um dos cenários.
Indicadores Econômicos utilizados
A partir dos dados levantados em campo foram elaborados fluxos de caixa que
permitiram calcular os principais indicadores de viabilidade econômica e por meio
destes, comparar a atratividade de cada um dos sistemas de produção estudados.
O critério Valor Presente Liquido – VPL (em inglês net presente value – NPV) é o mais
utilizado e conhecido critério para a análise de projetos de investimento, pelo fato de
ser conceitualmente correto. O VPL é a diferença entre as receitas financeiras do
projeto, descontados a valor presente, menos os custos do projeto no valor presente.
Quando o VPL for positivo o projeto vale mais do que custa, ou seja, é lucrativo. E se o
VPL for negativo ele custa mais do que vale, ou seja, gera prejuízo.
O critério Taxa Interna de Retorno, TIR (ou Internal Rate of Return – IRR), é a taxa de
desconto (i) que anula o VPL de forma que o valor presente de um investimento seja
igual aos valores futuros gerados pelo fluxo de caixa. Portanto se a TIR for menor do
que a taxa (i), o projeto não será capaz de pagar o seu custo de capital e, portanto, não
será um projeto economicamente viável. Entretanto se a TIR for maior do que a taxa (i)
o mesmo será viável e economicamente atrativo.
A TIR permite resumir a viabilidade do projeto em um único número, sua rentabilidade
intrínseca expressa em percentuais. Portanto a TIR mede o retorno do projeto, sendo
assim quanto maior for o seu valor, mais atrativo será o projeto.
O critério payback (em português “pegar de volta”) avalia o tempo necessário para
recuperar o investimento. Portanto deve ser utilizado na análise de investimento como
um indicador adicional ao critério VPL e TIR. Ressalva-se que este indicador leva em
consideração o custo do capital no período de investimento descontando os valores
projetados do fluxo de caixa a seus valores presentes a taxa (i) de forma a obter o
payback descontado.
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Uma Análise de Sensibilidade foi utilizada em cada estudo de caso deste trabalho para
mensurar o impacto das variáveis que apresentam maior elasticidade de preços, de
forma que possamos visualizar diferentes combinações e cenários. Desta forma,
podemos verificar os limites de até onde o projeto pode suportar condições extremas
e, consequentemente, ter maior capacidade de análise sobre os riscos dos projetos de
investimento.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E SÍNTESE DO MERCADO DA MADEIRA
5. Aspectos mercadológicos do setor florestal
a) Síntese do mercado mundial
A economia florestal ocorre predominantemente em países em
desenvolvimento com extensas áreas de florestas tropicais, bem como em países de
clima temperado como o Canadá e Rússia que detêm grandes áreas de cobertura
florestal. Vários são os subprodutos de matéria prima florestal e que variam conforme
o nível de industrialização da madeira. A agregação de valor é maior nas fases mais
avançadas, onde a demanda por mão de obra é superior. Na fase de industrialização
ocorre o processamento primário por serrarias (que incluem o desdobro, o refilamento
e o empacotamento das peças) e o processamento secundário por beneficiadoras
(secagem, aplainamento e expedição de peças).
Em 2012, o comércio mundial de produtos florestais foi na ordem de US$ 240
bilhões dos quais 42% foram de papel e papelão, perfazendo um total aproximado de
US$ 100 bilhões. Os outros 58% foram representados pelos demais produtos e
subprodutos florestais com destaque à celulose, serrados e compensados1.
Na fase de produção primária, foram produzidos cerca de 1.661 milhões de
metros cúbicos de madeira em tora, comercializados por cerca de US$ 14,3 bilhões e
outros 1.887 milhões de metros cúbicos de lenha, comercializados por cerca de US$
481 milhões (CIPEM, 2014). A lenha é um produto menos nobre e de menor valor
agregado e, portanto, geralmente consumida em nível local para geração de energia.
Já as toras, por ser a matéria prima utilizada para a produção da maior parte dos
produtos da cadeia florestal, possuem maior valor comercial e têm maior presença nas
exportações. O volume total de madeira exportada em 2012 foi de 112 milhões de
metros cúbicos, sendo que a Rússia foi o maior exportador (16%) e a China o maior
importador (32%) de matéria prima florestal madeireira. No mesmo período o Brasil
exportou US$ 2.762 milhões, equivalente à 3,69% do total do valor comercializado
(US$ 238.3 milhões) (CIPEM, 2014).
Na fase de processamento primário2, foram comercializados
aproximadamente US$ 119 bilhões, dos quais 30% foram de celulose, 26% de serrados,
1 Neste capítulo a grande maioria dos dados foram obtidos pela STCP Engenharia, uma vez que um extenso
diagnóstico florestal foi realizado para o estado do Mato Grosso entre 2011 e 2013, cujo objetivo foi dar suporte na elaboração do Plano de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Mato Grosso 2 Processamento primário é a primeira fase de transformação ou industrialização de madeira de tora em madeira serrada (cortada em peças retangulares ou quadradas).
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12% de compensados, 11% de MDP e MDF, 2% de laminados, 1% de carvão vegetal e
18% de outros subprodutos. Os EUA foram o maior produtor (30%) e também maior
consumidor de celulose (28%), enquanto o Brasil foi o 3° maior produtor (8%) e 9°
maior consumidor (3%) deste produto. No que se refere aos serrados, os EUA foram
responsáveis por 16% de toda a produção, enquanto o Brasil produziu 6% desse total
(o 4° maior produtor). Em termos de consumo, a China foi o maior (19%) e o Brasil o 3°
maior consumidor de serrados em (CIPEM, 2014).
Para a fase de processamento secundário3, foram comercializados R$ 101
bilhões no ano de 2012, que equivale a 42% de toda a comercialização do setor
florestal. A China foi o maior produtor (17%) e maior consumidor (26%) dos produtos
secundários, tais como papel e papelão. Já o Brasil figurou como o 11° maior produtor
(3%) e 7° maior consumidor (2%) neste setor. Por fim, o mercado de borracha natural
comercializou 12 milhões de metros cúbicos naquele ano, o que representou um
comércio de US$ 3,4 bilhões (CIPEM, 2014).
b) Síntese do mercado nacional
Em 2012, o Brasil possuía uma cobertura vegetal de aproximadamente 517
milhões de hectares. Desse total 98,6% eram florestas nativas e 1,4% de florestas
plantadas. No mesmo ano, o relatório da STCP apontou que a produção de toras
passou a ser maior do que a produção de lenha, seguindo uma tendência mundial de
industrialização do setor florestal, atingindo um volume total de 145 milhões de
metros cúbicos. A maior parte dessa produção foi direcionada para exportação (US$
17,7 milhões ou 89% do total).
Na fase de processamento primário, o carvão foi o produto mais relevante em
termos volumétricos, com uma produção de 25 milhões de MDC4. Já a celulose foi o
produto mais exportado: 13,9 milhões de metros cúbicos que equivaleram a US$ 4,7
bilhões (ou 84% do total exportado pelo processamento primário e 53% do total
exportado pelo setor florestal).
Em termos de madeira serrada, foram produzidos 15,2 milhões de metros
cúbicos (4% do valor total exportado). Outro produto do processamento primário que
se destacou em 2012 no Brasil foram os painéis reconstituídos (MDF, MDP e chapa
dura), que totalizaram 7,3 milhões de metros cúbicos (representando 1% do valor total
3 O processamento secundário é a segunda fase de transformação ou industrialização de madeira e
consiste no acabamento da madeira, que envolve o arredondamento das bordas, desenhos e formatos de acordo com as demandas dos clientes. 4 MDC é uma unidade de medida para o carvão vegetal, equivalente à quantidade de carvão produzido relativo a um metro cúbico de madeira.
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exportado), seguindo uma constante tendência crescente de produção de 9% ao ano
que se iniciou em 2000, impulsionada principalmente pela produção de móveis
associado à construção civil. Por fim, foram produzidos 2,6 milhões de metros cúbicos
de madeira compensada que representaram 5% do valor total exportado em 2012
(CIPEM, 2014).
No que se refere ao processamento secundário, foram produzidos 28,8
milhões de metros cúbicos de subprodutos, dos quais 35% foram de papel e papelão,
34% de pisos maciços, 28% de portas e janelas e 3% de molduras. O valor total
exportado de produtos do processamento secundário é equivalente a 36% (ou US$ 3,1
bilhões) do total exportado pelo setor florestal no Brasil em 2012 (CIPEM, 2014).
Tabela 1. Volume e comércio nacional
Classe Produto Produção Consumo Exp. Imp.
US$ MM
Matéria Prima Florestal Madeireira
Lenha 145 MM m³ 146 MM m³ 0,2 0,3
Tora 146,8 MM m³ 146,8 MM m³ 17,7 2,2
Processamento primário
Carvão Vegetal 24,9 MM mdc 25,2 MM mdc 0,5 8,7
Serrados 15,2 MM m³ 14,2 MM m³ 351,9 22,6
Compensados 2,6 MM m³ 1,5 MM m³ 408,0 2,6
Painéis Reconstituídos*
7,3 MM m³ 7,2 MM m³ 117,1 54,2
Celulose 13,9 MM m³ 5,8 MM m³ 4.700,0 339,2
Processamento Secundário da
Madeira
Móveis ND ND 421,3 41,0
Portas e Janelas 8 MM m³ ND 209,5 6,3
Pisos Maciços 9,9 MM m³ 4,9 MM m³ 507,2 15,4
Molduras 982 mil m³ ND 20,4 2,3
Papel e Papelão 10,0 MM ton 9,6 MM ton 2.000,0 1.606,0
Produtos Não-Madeireiros
Borracha Natural 295 mil ton 479 mil ton 48,6 662,0
TOTAL
8.802,4 2.762,8
* Incluindo materiais 'case', cavacos e partículas, hardboard, painéis 'insulated', outras fibras para polpa e resíduos de madeira Fonte: STCP Engenharia, 2013
c) Síntese do mercado estadual
O Mato Grosso é o segundo maior produtor de madeira nativa do Brasil, com
aproximadamente 3 milhões de hectares de áreas de manejo florestal licenciadas
(Silgueiro et al., 2015).
O estado conta com uma indústria florestal consolidada, principalmente no
processamento de toras de madeira nativa que abastece o mercado local e
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internacional. Atualmente, a maior parte da produção é voltada para a transformação
de produtos primários. Em 2012, foram produzidos 10,3 milhões de metros cúbicos de
madeira em Mato Grosso, dos quais 5,1 milhões foram de madeira em tora (96%
oriundas de florestas nativas e 4% de florestas plantadas) (CIPEM, 2014).
No que tange à produção de madeira nativa, apenas 1,4 milhão de metros
cúbicos foram provenientes de PMFS - Planos de Manejo Florestal Sustentável. No
total foram exportados US$ 7,7 milhões de madeira em tora, representando 8% do
total exportado pelo setor florestal naquele ano (CIPEM, 2014).
Na fase de processamento primário, a maior parte da produção foi de serrados,
com 1,7 milhão de metros cúbicos, representando uma exportação de US$ 43,3
milhões. Quanto a produção de compensados e laminados, estes totalizaram 138 mil
m³ (US$ 2,1 milhões exportados) e carvão vegetal, com 359 mil MDC. As exportações
totais do processamento primário foram de US$ 45,8 milhões e representaram 45% do
total exportado pelo setor florestal em 2012 (CIPEM, 2014).
No que se refere ao processamento secundário, foram produzidos 280.000 m³
de subprodutos, dos quais 42% foram de portas e janelas, 41% de aplainados e
beneficiados e 17% de pisos maciços. As exportações totais do processamento
secundário foram de US$ 47,4 milhões e representaram 47% do total exportado pelo
setor florestal. Por fim, a produção de borracha natural foi de 26 mil toneladas em
2012 (CIPEM, 2014).
A área total de florestas plantadas cresceu de 145 mil hectares em 2007 para
317 mil hectares em 2013 e as projeções para 2030 são ambiciosas, conforme as metas
do PDFS, representando um crescimento de 119% no período. A principal espécie é o
eucalipto, que ocupa 59% da área total, seguido pela Teca, com 21%.
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Tabela 2. Volume e comércio estadual
Classe Produto Produção Exp. Imp.
US$ MM
Matéria Prima Florestal Madeireira
Lenha 2,8 MM m³ Ausente Ausente
Tora 5,1 MM m³ 7,7 0,4
Resíduos 2,4 MM m³ Ausente Ausente
Processamento primário
Carvão Vegetal 359 mil mdc Ausente Ausente
Serrados 1,7 MM m³ 43,7 Ausente
Compensados e Lâminas 138 mil m³ 2,1 Ausente
Painéis Reconstituídos* Ausente Ausente Residual
Celulose Ausente Ausente Ausente
Processamento Secundário da
Madeira
Móveis ND Ausente Residual
Portas e Janelas 117 mil m³ 1,2 Residual
Pisos Maciços 48 mil m³ 46,1 Residual
Aplainados e Beneficiados 115 mil m³ 0,1 0,1
Papel e Papelão Ausente Residual Residual
Produtos Não-Madeireiros
Borracha Natural 26 mil ton Ausente Ausente
TOTAL
100,9 0,5
* MDF, MDP e Chapa Dura Fonte: STCP Engenharia, 2013
Em 2014 o estado do Mato Grosso instituiu o Plano de Desenvolvimento
Florestal Sustentável do Mato Grosso - PDFS/MT (RESOLUÇÃO 14/2014). Um programa
envolvendo as principais instituições do setor florestal que em conjunto definiram uma
série de ações para desenvolver o setor florestal até 2030. Estas ações envolvem
redução da burocracia, treinamento e capacitação, aumento de acesso a credito e
desenvolvimento de mercado.
O programa prevê nesse período reverter a distribuição de recursos de forma a
aumentar a matéria prima florestal e reduzir a pressão sobre florestas nativas, em
especial sobre exploração ilegal através da incorporação de 8 a 10 milhões de hectares
de floresta nativa ao manejo sustentável e aumento dos atuais 4,8MM para 6,0MM de
m³ de matéria prima nativa. Em contrapartida estão previstos um aumento para 500
mil hectares de florestas plantadas em áreas já abertas para uma produção de 12MM
de m³ de madeira plantada até 2030. O detalhamento das metas encontra-se ao final
desse documento no anexo 3.
Para a fase de industrialização o PDFS-MT prevê aumentar a competitividade
do setor industrial no Mato Grosso, reduzindo a exportação de matéria prima bruta e
aumentando a agregação de valor dentro do estado para posterior exportação de
produtos de valor agregado. Os benefícios são muitos uma vez que é na agregação de
valor onde existe a maior demanda por capital humano e maior geração de divisas
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para o estado através de receitas tributárias e consequentemente desenvolvimento
econômico e social. Embora o plano esteja pronto, o estado ainda não conta com o
orçamento necessário para a implementação das ações previstas.
De acordo com o CIPEM (2014), existem 3.538 empresas florestais operando no
estado do Mato Grosso na área de exploração florestal, industrialização e comércio,
das quais 883 são indústrias madeireiras.
Já o IMAZON, Fatos Florestais, 2010 demonstra que haviam 592 indústrias
madeireiras no Mato Grosso, das quais 70% eram serrarias de serra fita, 11%
beneficiadoras, 9% microsserrarias, 8% laminadoras e 2% fábricas de compensados.
Embora as receitas agregadas do setor florestal sejam relativamente altas, o
Valor Bruto de Produção (VBP)5 é baixo quando comparado com as demais cadeias
produtivas do Mato Grosso. Em 2014, o VBP somado dos setores da agricultura,
pecuária e floresta foi de R$ 43 bilhões, dos quais apenas R$ 236 milhões
corresponderam ao setor florestal (0,5% do total) (IMEA, 2014).
É importante ressaltar que isso não é necessariamente ruim, uma vez que em
geral a maior parte da geração de receitas de um determinado setor ocorre na
agregação de valor, e não na fase de produção. Isto é uma realidade no setor florestal
que, embora tenha um VBP baixo, apresentou um PIB alto em 2012, de cerca de R$3,2
bilhões, com grande potencial de expansão se o estado aumentar a sua
competitividade industrial (CIPEM, 2014).
Tabela 3. Valor Bruto da Produção (VBP) por setor no Mato Grosso
Valor Bruto de Produção (VBP)
Agricultura e Floresta 2013 2014* Participação no
total Variação 2013/14
Soja 19.196 21.693 49,9% 13,0%
Pecuária¹ 10.385 11.354 26,1% 9,3%
Milho 4.811 4.035 9,3% -16,1%
Algodão 3.421 4.530 10,4% 32,4%
Cana de Açúcar 1.047 1.230 2,8% 17,5%
Arroz 364 410 0,9% 12,6%
Produtos Florestais e Lenha 244 236 0,5% -3,3%
VBP Agricultura e Floresta 39.468 43.488 100,0% 10,2%
¹Inclui Boi, Aves, Leite e Suínos *Estimativas IMEA (setembro/14)
Fonte: IMEA, 2014 (elaborado por IPAM).
5VBP é diferente do PIB, uma vez que o VBP é igual ao Preço vezes a Produção. Já o PIB é igual ao VBP do
setor menos o VBP dos setores que fornecem insumos para produção. Em outras palavras, o PIB considera os produtos e serviços gerados ao longo da cadeia de produção e não apenas a receita agregada da fase de produção.
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d) Síntese do mercado na região noroeste do Mato Grosso
A região noroeste do Mato Grosso é composta pelos municípios de Colniza,
Aripuanã, Cotriguaçu, Juína, Juara, Juruena e Tabaporã. De acordo com um
levantamento realizado pelo Instituto Florestal Tropical (IFT) em 2009, a região
contava com 173 empresas madeireiras que consumiram 1.652 milhões de metros
cúbicos de toras, com uma geração de 24.233 empregos e uma arrecadação de US$
352 milhões em receita bruta. No mesmo ano, o município de Cotriguaçú ocupava o 5º
lugar no ranking geral de polos madeireiros da região noroeste do Mato Grosso, com
15 empresas madeireiras, totalizando um consumo de 129 mil metros cúbicos de
madeira em tora e arrecadação anual de 28 milhões de dólares (IFT, 2010).
Tabela 4. Número, consumo, produção, empregos e receita bruta na região noroeste
Polo Madeireiro Número de Empresas
Consumo Anual de Toras
(Milhares de m³)
Produção Processada
(Milhares de m³)
Empregos Gerados
Receita Bruta (US$ Milhões)
Aripuanã¹ 30 461 211 6.176 99,3
Colniza² 36 260 155 5.099 86,9
Cotriguaçú³ 15 129 57 2.048 27,7
Juara¹² 39 460 187 5.023 76,2
Juína 32 177 79 2.910 33,8
Juruena 9 64 30 1.346 15,2
Tabapoarã 12 101 32 1.631 13
Noroeste MT 173 1.652 751 24.233 352,1
¹Inclui distrito de Conselvan; ² Inclui distrito de Guariba; ³Inclui distrito de Nova União; ¹²Inclui distrito de Porta do Céu e o município de Porto dos Gaúchos Fonte: IFT, 2010
6. Aspectos econômicos do setor florestal
a) Preços e viabilidade econômica em Mato Grosso
Em 2009, os preços de madeira em tora de espécies nativas no Mato Grosso
ficaram em torno de R$ 486,00/m³, variando desde R$ 359,00/m³ para as espécies de
baixo valor econômico até R$ 702,04/m³ para as espécies de alto valor econômico. Já
os preços de madeira serrada no mercado nacional, atingiram uma média R$
1.695,00/m³, variando desde R$ 1.320,00/m³ até R$ 2.433,00/m³ para as espécies de
alto valor econômico (IMAZON - Fatos Florestais, 2010)6.
6Os valores foram originalmente informados em moeda americana e convertidos em reais pela taxa de
Câmbio do dia 27/Fev/2016 (US$ 1,00 = BRL 3,99).
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Para os demais produtos beneficiados (pisos, portas, decks, móveis e outros)
os preços médios praticados foram de R$ 1.385,00/m³ para os laminados, R$
1.584,00/m³ para os compensados e R$ 2394,00/m³ para os produtos beneficiados.
Tabela 5. Diferença de preço praticado por produto no mercado nacional e internacional
Preços Médios (R$/m³)¹
Produtos Mercado Nacional Mercado
Internacional Média
Laminados 1.101 1.676 1.385
Compensados 1.373 1.799 1.584
Outros Produtos 2.051 2.725 2.394
¹Valores originalmente informados em moeda americana e convertidos em reais pela taxa de Câmbio do dia 27/Fev/2016 (US$ 1,00 = BRL 3,99) Fonte: IMAZON - Fatos Florestais, 2010
b) Custo de produção e viabilidade econômica de Eucalipto e Teca no Mato Grosso
Considerando que os estudos de caso de florestas plantadas deste trabalho
foram realizados em plantios de Eucalipto e Teca, foi feito um breve levantamento dos
principais trabalhos encontrados sobre a viabilidade econômica destas espécies no
Mato Grosso.
Em 2013, o IMEA publicou o segundo diagnóstico de florestas plantadas do
Mato Grosso. Através de reuniões, painéis e por meio de consenso, responderam
questões relativas aos custos de produção do setor. Este é o levantamento mais
recente disponível para revisão e indica que ambos os projetos de investimento de
Eucalipto e Teca são economicamente viáveis no estado.
De acordo com um estudo realizado pelo IMEA em 2013, os custos de
produção de eucalipto com destinação para lenha em uma área de 200 hectares, com
uma estimativa de produção de 350 st7 ou 233 m³, conduzidos por um período de sete
anos, foram de R$18.162,29 por hectare8. Para o uso múltiplo, a colheita é feita após
12 anos, porém, com desbastes intermediários, totalizando um custo total por hectare
de R$22.345,549. Neste caso, o investimento inicial do produtor, incluindo instalações,
equipamentos auxiliares e maquinário é de R$449.550,00 ou 2.247 reais por ha
(IMEA, 2013).
Para a produção de Teca em uma propriedade de R$ 1.000 hectares, com
produção de 300 m³/ha para com período entre 20 a 21 anos, o investimento inicial
em máquinas e equipamentos foi de R$1.178.525,00 e o custo total de produção após
7 A medida ”estéreo” ou “st” é uma medida de volume (neste caso o IMEA considerou 1,00st = 0,66m³).
8 Os custos fixos são de R$ 2.650,88 e os custos variáveis são de R$ 15.511,41
9 Os custos fixos são de R$ 5.959,85 e os custos variáveis são de R$ 16.385,69
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a colheita foi de R$103.126,90 por hectare para todo o ciclo de produção10. Para a
simulação de viabilidade econômica foi encontrado uma TIR11 de 9,91% para a lenha
de Eucalipto, 12,40% para a madeira serrada de Eucalipto e 17% para a produção de
madeira serrada de TECA12 (IMEA, 2013). Portanto, para o eucalipto a produção de
madeira serrada se demonstrou mais atrativa do que a madeira serrada devido a maior
demanda interna do estado13.
Para efeito de comparação, levantamos outros dois estudos que, embora
tenham mais ênfase na simulação econômica do que nos custos de produção, dão
parâmetros adicionais sobre a viabilidade econômica do setor.
Em 2006, foi realizada uma avaliação econômica de diferentes alternativas em
um manejo de eucalipto em uma propriedade localizada no município de Viçosa,
Minas Gerais, com área plantada de 5 ha e 72 meses de idade. A taxa de desconto
utilizada no estudo foi de 10% e a TIR encontrada foi de 13,34% para o projeto de
manejo de eucalipto para biomassa (Paixão et al., 2006).
O segundo estudo foi realizado em 2003, com fontes de dados do estado do
Mato Grosso para um plantio de Teca com 6.000 mudas e espaçamento de 3 X 2 (ou
3,27 hectares). O investimento foi de 25 anos, com desbastes nos anos 4, 8, 12, 16, 20
e corte raso aos 25. A taxa de desconto utilizada foi de 10% ao ano, e a TIR encontrada
foi de 15,1% (Tsukamoto Filho et al., 2003).
Sendo assim, a partir deste breve levantamento é possível concluir que todos
os projetos estudados se mostram economicamente viáveis, sendo a produção de Teca
a opção de investimento mais atrativa se comparado com o Eucalipto. Entretanto, é
importante salientar que esta é a opção mais arriscada, uma vez que o projeto de
investimento é mais longo (>20 anos) e cujo mercado em geral é o externo, além de se
embasar em cotações de preços em dólares e, por isso, deve ser bem analisada antes
de ingressar na atividade.
c) Custo de produção e viabilidade econômica do manejo florestal em Cotriguaçú
Em 2010, o Instituto Florestal Tropical realizou um estudo na região de
Cotriguaçu, onde foram realizadas simulações de fluxos de caixa de POAs14 de 595
hectares, com projetos de investimento em um horizonte de 8 anos, comparando
10
Os custos fixos são de R$ 44.589,05 e os custos variáveis são de R$ 58.537,84 11
TIR – Taxa Interna de Retorno. 12
Para simulação da viabilidade econômica das atividades o IMEA considerou para o Eucalipto um preço de R$
110,36 st para os 122,5 metros estéreos de tora e R$ 55,00 para os 477,5 metros estéreos de lenha e R$ 1000,00/m³ para os 300m³/há de Teca 13
Neste trabalho, a taxa de desconto utilizada pelo IMEA é exatamente a taxa de juros do capital de terceiro (5% para BNDES; 4,12% FCO no ano de 2013), pois foi considerado que o investimento seria realizado 100% através de capital de terceiros 14
Planos de Operação Anual serão explicados mais adiante no capítulo “Etapas do licenciamento de florestas nativas”.
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diferentes tecnologias (e.g. trator Skidder15 versus trator Girico16) e 25 anos (no ano
zero versus adquiridas gradualmente). Os investimentos iniciais no ano zero foram de
aproximadamente R$3,2 milhões e de R$17,4 milhões, se considerada, além do
maquinário, a aquisição de terras. Os resultados indicaram uma TIR muito atrativa nas
simulações sem aquisição de terra, sendo a tecnologia de arraste de trator Girico com
uma TIR de 25,6% e Skidder com TIR 24,1%).
Na simulação do cenário de aquisição total de terras no ano zero, a TIR
encontrada foi de 5,1%, o que configurou uma opção economicamente inviável. No
entanto, quando o modelo considerou a aquisição gradual de terras a cada 5 anos, a
TIR encontrada foi de 22,9%, portanto, similar às simulações iniciais (IFT, 2010). Esse
resultado mostra que quando se dilui o investimento inicial ao longo do projeto de
investimento a taxa interna de retorno do projeto passa a ser maior devido ao custo
do capital ao longo do tempo.
d) Custo de processamento no Mato Grosso e Cotriguaçu
Foi identificado um custo médio de processamento de madeira na Amazônia
Legal a R$279,00/m³ no ano de 2009, tendo a madeira laminada um custo inferior, de
R$196,00/m³, e a madeira beneficiada apresentou o maior custo de produção,
equivalente a R$480,00/m³. Os custos intermediários foram das madeiras serrada e
compensada, a R$255,00/m³ e R$394,00/m³, respectivamente (IMAZON - Fatos
Florestais, 2010)17.
Na região de Cotriguaçú, os custos médios de processamento da madeira em
tora (madeira em tora para madeira serrada) foram estimados em aproximadamente
R$ 133,29 por metro cúbico com base em 7 serrarias identificadas pelo instituto na
região (IFT, 2010)18.
7. Transporte e logística no setor florestal
A distância entre a matéria prima e os centros de processamento primários e
secundários no Mato Grosso é variável, uma vez que as indústrias primárias ficam
próximas aos locais de produção, em um raio médio de 150 km, enquanto as indústrias
secundárias podem estar localizadas em qualquer região, dentro ou até mesmo fora
do estado.
15
Equipamento florestal utilizado para extração de madeira 16
Veículo rústico adaptado para transporte de madeira 17
Valores atualizados com base na inflação acumulada do período. 18
Valores atualizados com base na inflação acumulada do período.
26
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Os custos de frete podem ser pagos pelo produtor ou por terceiros e variam
de acordo com a espécie comercializada. Em um levantamento realizado em 2015 pelo
IPAM quatro empresas de Teca e cinco de Eucalipto foram contatadas informalmente
e questionadas quanto aos seus custos de transporte. Todos os produtores de Teca
informaram que objetivo era a exportação, sendo que uma Trading Company arca com
os custos de frete desde o local de origem da produção até o porto. Entretanto, no
caso do Eucalipto, por ter sua produção com destino às serrarias locais, o frete foi pago
pelo produtor em todas as cinco empresas contatadas.
No Mato Grosso a maior parte da madeira em tora oriunda de florestas
nativas foi extraída por terceiros (72%), enquanto que a menor parte (28%) foi extraída
pelas próprias indústrias processadoras. A distância média da floresta para a indústria
no Mato Grosso foi de 131 km e a maior parcela do volume extraído foi transportada
por meio de estradas piçarradas (64%), seguido de 19% em estradas não piçarradas19 e
17% em estradas asfaltadas. Essa distância é maior do que a distância média na
Amazônia Legal (117 km) e a participação das estradas asfaltadas no volume total
extraído é inferior: em média 19% das entradas são asfaltadas na Amazônia Legal
(IMAZON – Fatos Florestais 2010).
Segundo a informação dos empresários entrevistados pelo IFT em Cotriguaçú,
o custo médio de transporte de madeira nativa em tora da floresta até o pátio das
serrarias é de R$34,50 por metro cúbico de madeira explorada (aproximadamente 41%
do custo médio de processamento de madeira em tora). O autor também mensurou a
composição média dos tipos de estradas na região, concluindo que a maior parte do
trajeto é de terra não piçarrada, explicando assim os altos custos com transporte na
região (IFT, 2010).
Quanto à logística do setor de florestas plantadas no Mato Grosso, em 51%
dos casos o produtor fecha o negócio com o frete incluso e nos demais casos o frete
fica por conta do produtor. O custo pago varia de acordo com a distância, sendo
R$11,35/m³ em distâncias inferiores a 100km, R$19,82/m³ em distâncias até 140 km e
R$24,61/m³ em distâncias acima de 140 km (IMEA, 2013). Em termos gerais os custos
de transporte de florestas plantadas são bem inferiores aos de florestas nativas uma
vez que as estradas de acesso às regiões manejadas são em geral de baixa qualidade,
por sua vez aumentando significativamente o custo de transporte.
19
De acordo com o autor as “estradas piçarradas geralmente possuem melhores condições de rodagem do que as
não piçarradas, pois possuem melhor drenagem, nivelamento e conservação”.
27
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8. Aspectos legais e tributários do setor florestal
a) Legislação federal e estadual
Esta seção tem como objetivo levantar as principais leis que tratam da
questão do uso do solo e ocupação da área rural que tem impacto no setor florestal,
incluindo convenções internacionais. Mais adiante nas entrevistas de campo serão
direcionadas perguntas relativas a legislação florestal na fase de produção de nativas e
plantadas, bem como na fase de processamento, com o objetivo de identificar as
normas e licenças que mais impactam o setor florestal.
Tabela 6. Principais Leis que impactam o setor florestal
NÍVEL FEDERAL LEIS DE CARÁTER GERAL
Constituição Federal de 1988
Lei Complementar Federal n 140/11
LEGISLAÇÃO FLORESTAL
Novo Código Florestal de 2012 (Lei Federal n 12.651/12), com as Modificações Introduzidas pela Lei
Federal n 12.727/12 e Regulamentação do Decreto Federal
n 7.830/12: a) Área de Proteção Permanente (APP); b) Reserva Legal (RL); c) Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR); d) Cadastro Ambiental Rural (CAR); e) Programas de Regularização Ambiental (PRA); f) Cota de Reserva Ambiental (CRA).
Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta - Lei Federal n 12.805/13
Lei de Gestão de Florestas Públicas - Lei Federal n 11.294/06
Proposta de Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Florestas Plantadas (SAE)
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Lei da Política Nacional de Meio Ambiente - Lei Federal n 6.938
Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos – Lei Federal n 12.305/10
Lei da Política Nacional Sobre Mudança do Clima - Lei Federal n 12.187/09
Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal n 9.605/98
Sistema Nacional de Unidades de Conservação - Lei Federal n 9.985/00
LEGISLAÇÃO FUNDIÁRIA
Lei da Reforma Agrária – Lei Federal n 8.629/1993
Legislação de recursos hídricos
Política Nacional dos Recursos Hídricos – Lei Federal n 9.433/97 e Código das Águas – Decreto Federal
n 24.643/1934.
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (107.000-2)
28
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NR-9 Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental – PPRA
NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos
NR-15 Atividades e Operações Insalubres
NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração florestal e Aquicultura
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
Convenção da Diversidade Biológica – CDB
Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES
Convenção Ramsar
NÍVEL ESTADUAL CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE MATO GROSSO (1989)
LEGISLAÇÃO FLORESTAL
Lei da Política Florestal do Estado de Mato Grosso (Lei Complementar n 233/2005)
Gestão Florestal do Estado de Mato Grosso (Decreto n 8.188/2006)
Alterações no Regulamento da Gestão Florestal do Estado de Mato Grosso – Reposição Florestal
(Decreto n 1.214/2008)
Instituição do Selo Verde no Estado de Mato Grosso (Lei n 8.397/2005)
Programa de Desenvolvimento Florestal do Estado de Mato Grosso (Lei n 7.709/2002)
Programa de Desenvolvimento do Agronegócio da Madeira no Estado de Mato Grosso (Lei n 7200/99)
Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Lei n 7.958/03)
Lei do Programa Mato-grossense de Regularização Ambiental Rural - MT LEGAL (Lei Complementar n 343/08)
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Código Estadual do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Lei Complementar n 38/1995)
Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) – Lei Estadual n 9.502/11
Política Estadual sobre Mudança Climática de Mato Grosso – Minuta de Lei Aprovada em 27-10-2010
Sistema Estadual de REDD+ no Estado de Mato Grosso – Lei n 9.978/13
Política Estadual de Educação Ambiental – Lei n 7.888/03
LEGISLAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
Política Estadual de Recursos Hídricos – Lei Estadual n 6.945/97
Administração e Conservação das Águas Subterrâneas de Domínio do Estado - Lei Estadual n 9.612/11
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;
NR-9 Programa de Controle Médico de Saúde Ambiental – PPRA;
NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos;
NR-15 Atividades e Operações Insalubres
Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração florestal e Aquicultura
Fonte: CIPEM, 2014 (adaptado por IPAM).
29
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b) Principais tributos do setor florestal no Mato Grosso
Os impostos, tributos e taxas que incidem sobre a cadeia da madeira no Mato
Grosso variam de acordo com a etapa da cadeia produção, tipo e natureza do imposto.
Na fase de produção incide o ICMS, que é um imposto estadual cumulativo e diferido
para o momento da saída e cuja alíquota sobre o volume de madeira varia de estado
para estado, sendo 17% quando comercializado dentro do estado e 12% quando
comercializado para outros estados20.
O FETHAB (Fundo Estadual de Transporte e Habilitação), é uma contribuição
com o objetivo de financiar um fundo para o planejamento, execução,
acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação no
estado do Mato Grosso, cuja alíquota é de 9,305% sobre a UPF (Unidade Padrão Fiscal)
por metro cúbico de madeira comercializada (lei n 7.263/ 2000)21.
O FAMAD (Fundo de Apoio à Madeira), para o financiamento de ações
voltadas ao apoio e desenvolvimento do setor de base florestal e organização do
sistema de produção por meio de entidades representativas do segmento, cobra
alíquota de 1,855% sobre o UPF por metro cúbico de madeira comercializada (lei n
7.263/2000)22.
FUNRURAL (Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural) é uma contribuição social
destinada ao custeio do seguro de acidente do trabalhador rural. A alíquota é de
2,3% sobre a venda da madeira em tora com (Lei nº 8.212/91)23.
A Tabela 7 extraída do IMEA (2013), traz indicadores sobre a incidência
tributária da madeira em tora ao longo da cadeia produtiva florestal. Entretanto, com
base no Decreto 545/2016 não haverá mais o diferimento do ICMS para empresas de
micro e pequeno porte que se enquadram no simples nacional (grande maioria das
empresas do setor florestal do MT), portanto aumentando significativamente a carga
tributária do ICMS sobre o setor. A incidência tributária sobre a madeira serrada é
praticamente a mesma, com exceção do FETHAB que passa ser pago na pela indústria
na fase do processamento.
20
De acordo com a lei Kandir, Lei Complementar n° 87, o ICMS não incide sobre os produtos e matérias primas destinados à exportação. 21
http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/07FA81BED2760C6B84256710004D3940/3866792553B6DE7B032568B30044C0D4 22
http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/07FA81BED2760C6B84256710004D3940/3866792553B6DE7B032568B30044C0D4 23
http://www.cipem.org.br/storage/webdisco/2013/10/03/outros/6a8071f42fa80643fe2eaaa48210d83b.pdf
30
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Tabela 7. Incidência tributária de acordo com a etapa da cadeia de produção
Operação De Para ICMS/FETHAB/FAMAD
Saída interna de madeira in
natura (toras)
Produtor ou extrator
Industria (para industrialização)
ICMS: Diferido para o produtor FETHAB: Não incidência FAMAD: Deve ser recolhido pelo industrial adquirente da madeira in natura
Saída interna de madeira in
natura (toras) Industrial
Comercial (para revenda)
ICMS: Diferido pelo industrial remetente FETHAB: Apenas sobre a madeira serrada FAMAD: Tributação encerrada (se recolhida na 1° operação)
Saída interna de madeira in
natura (toras) Comercial
Industria (para industrialização)
ICMS: Devido pelo comercial remetente FETHAB: Não incidência FAMAD: Tributação encerrada (se recolhida na 1° operação)
FONTE: IMEA, 2013 (adaptado por IPAM)
Os demais impostos são em geral comuns a outros setores, tais como: ITR de
0,3% a 20% sobre o imóvel rural, conforme o valor da terra nua e CSS, cuja alíquota é
de 2,3% sobre o faturamento bruto proveniente da comercialização da produção rural.
Em termos de mão de obra, incidem o Imposto de Renda sobre pessoa jurídica,
variando de 0% a 27,5% de acordo com o nível progressivo de renda, Imposto de renda
sobre pessoa física, de acordo com a tabela progressiva de renda e INSS de 8 a 11%
pago sobre os rendimentos dos funcionários (IMEA, 2013).
Com o objetivo de levantar o histórico de arrecadação dos principais tributos
no Mato Grosso, foram acessados os dados ano a ano do Sistema Integrado de
Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) da SEFAZ/MT para levantar a
arrecadação total de receitas relativas ao FETHAB e FAMAD do setor florestal, bem
como dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDEC) para contabilizar
informações relativas à arrecadação de ICMS.
Como verificado na Tabela 8, o ICMS foi o principal tributo arrecadado com
uma média de R$76 milhões/ano (ou 85% do total arrecadado), seguido do FETHAB
com R$10,3 milhões (11% do total) e FAMAD com R$3 milhões/ano (ou 3% do total).
Com base nos dados obtidos, pôde-se inferir que a arrecadação total diminuiu de
R$100 milhões em 2010 para R$80 milhões em 2014 (20% de redução no período).
Não se sabe ao certo as causas dessa redução.
31
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Tabela 8. Histórico de arrecadação tributária no Mato Grosso
2010 2011 2012 2013 2014 Média Participação (%)
ICMS 87,0 94,0 76,0 69,0 57,0 76,6 85%
FETHAB Madeira 9,7 9,0 7,9 5,0 20,124
10,3 11%
FAMAD 3,0 2,8 3,1 3,2 3,2 3,0 3%
TOTAL 100 106 87 77 80 90,0 100%
Fonte: Fiplan/ SEFAZ, 2015 e SEDEC, 2015 elaborado por IPAM
c) Carga tributária no setor florestal em nível nacional
Em 2013, o Serviço Florestal Brasileiro publicou um estudo técnico com um
mapeamento da carga tributária incidente sobre os produtos florestais madeireiros,
dentro de uma estratégia para o desenvolvimento florestal sustentável do setor
florestal no Brasil, principalmente no bioma Amazônico. A seguir, as principais
conclusões do estudo são apresentadas:
A carga tributária total da madeira serrada e do compensado desde a
produção até ao consumidor final é de 5% a 32%, variando de acordo com o
enquadramento das empresas e destino dos produtos, sendo de 5% para uma
cooperativa de exploração florestal com produção voltada à exportação e de
32% para uma empresa privada de exploração com produção voltada ao
mercado interno;
O ICMS é o tributo com o maior peso na carga tributária da cadeia da madeira,
exceto no caso de exportação ao exterior;
O Simples Nacional é o segundo tributo com o maior peso na carga tributária
da cadeia florestal, uma vez que a margem de lucro do setor terciário é alta
(40%) e que a incidência do tributo ocorre sobre a receita bruta do
faturamento, consequentemente, elevando o peso da carga tributária sobre o
produto;
O IPI é o terceiro tributo que mais onera a cadeia produtiva (6% sobre o
produto final, exceto exportação) e por se tratar de um tributo extrafiscal, cujo
objetivo é regular a demanda e oferta e não a arrecadação em si, há boas
possibilidades de desoneração tributária;
24
O grande aumento da arrecadação do FETHAB de 2013 para 2014 se deu pela elevação UPF no período.
32
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O enquadramento da empresa de produção e processamento como
agroindústria torna a carga tributária mais elevada se o destino final for o
mercado interno. De acordo com o estudo, se a produção for para exportação
haverá redução de 41% das contribuições sociais sobre a folha de pagamento,
uma vez que não haverá incidência de tributação sobre a receita de
exportação.
9. Aspectos produtivos de espécies exóticas e nativas
a) Descrição do processo de exploração de madeira nativa
A exploração da madeira nativa pode ocorrer através de diferentes métodos,
sendo a exploração ilegal uma das formas mais preocupantes. Neste caso ocorre o
corte raso e não há qualquer preocupação ambiental. Estradas são abertas sem
planejamento, não há inventário das espécies derrubadas e geralmente essas terras
são convertidas em áreas agrícolas e de pastagens provocando degradação florestal
(FGV, 2011).
Outro método utilizado é o desmatamento autorizado, quando o proprietário
é autorizado a desmatar até 20% da sua área localizada na Amazônia, para conversão
em áreas agrícolas e pastagens. Há também o Manejo Florestal Sutentável, que pode
ser realizado em áreas de reserva legal, sendo realizado por meio do planejamento
completo da atividade florestal em que há a seleção de espécies comerciais potenciais
e posterior corte direcionado das árvores, gerando assim menor impacto ambiental
durante a extração da madeira. O Manejo Florestal também apresenta vantagens
socioambientais, pois há um compromisso com as questões socioambientais das áreas
adjacentes ao local de extração da madeira, como conservação da água, eliminação de
resíduos e garantias ocupacionais (FGV, 2011).
Assim, o Manejo Florestal realizado através de Planos de Manejo Florestais
Sustentáveis (PMFS) é a forma mais sustentável de exploração de florestas nativas,
cujo processo de exploração consiste nas seguintes fases:
Fase pré-exploratória: Esta etapa possui várias fases desde o planejamento no
manejo, que consiste na localização e definição do tamanho dos pátios,
definição do tamanho dos ramais e a direção da queda das árvores e aprovação
do PMFS, até o planejamento e instalação de infraestrutura (rotas de acesso e
estradas, pátios de armazenamento e escoamento da produção). Esta fase é
realizada de forma a reduzir os custos operacionais, minimizar os impactos
ambientais e otimizar a produtividade das máquinas de corte e arraste (CIF
Florestas25).
25
http://www.ciflorestas.com.br/texto.php?p=naturais
33
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Fase exploratória: A primeira atividade da fase de exploração é a demarcação
de estradas (localizar estradas existentes, abrir trilhas, fazer eventuais desvios
etc). Posteriormente ocorre a demarcação dos pátios de acordo com o
planejamento inicial onde a madeira será estocada, e a demarcação dos ramais
de arraste. Em seguida há o pré-corte, cujo objetivo é a definição da direção da
queda das árvores, limpeza dos troncos a serem cortados (de cipós por
exemplo) e preparação de caminhos de fuga no ato da derrubada. Na fase pós-
corte ocorre o desponte (separar a copa do tronco) e divisão da tora em toras
menores (traçamento). Por fim, acorre o arraste da madeira para os pátios, que
é realizado por diferentes equipamentos até chegar ao trator florestal de pneus
(skidder) (IMAZON, 1998).
Fase pós exploratória: Nesta etapa haverá a manutenção e acompanhamento
da área explorada para avaliar a possibilidade de intervenção de tratamentos
silviculturais com objetivo de restaurar a área e garantir a recuperação da
floresta. Esta etapa é importante pois as áreas desmatadas criam mosaicos com
acumulo de material comburente, que com a incidência solar pode resultar em
incêndios. A avaliação de regeneração da área depende da legislação vigente
para cada estado e fixado pela SEMA. Em geral, ocorre um a dois anos após a
exploração (IMAZON, 1998).
b) Descrição do processo de implantação de florestas plantadas
A implantação de florestas plantadas deve ser pautada por processos
silviculturais, tais como a escolha da região, limpeza da área, controle de pragas e
doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. O ciclo de produção varia
de acordo com a espécie, clima, condições do solo da região e método de manejo,
sendo em geral de 5 a 7 para biomassa e a partir de 12 anos para uso múltiplo de
Eucalipto e de 20 a 30 anos para a Teca. A seguir, a descrição geral das fases de
produção de florestas plantadas:
Fase de pré-plantio: Na fase de implantação da floresta deve haver
planejamento e preparação da área, que deve contemplar vias de acesso,
aceiros e posicionamento adequado dos talhões, o que irá facilitar ações de
combate ao fogo, assim como o processo de trato e retirada da madeira. Nesse
período, também é necessária a realização de operações de combate a
formigas e o preparo do solo, que deve ser feito por meio de subsolagem,
calagem e adubação (STCP, 2010)
34
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Fase de plantio: O plantio pode ser realizado de três formas: manual,
semimecanizado ou mecanizado, sendo o semimecanizado o mais utilizado
atualmente. Nesse momento, deve haver atenção especial para o espaçamento
das mudas de acordo com o objetivo de comercialização. Alguns números
apontam que se houver índices de sobrevivência inferior a 90%, pode haver a
necessidade de replantio. Nos meses e anos posteriores a plantação, a área
deve passar por tratos culturais que incluem coroamento, capinas e roçadas. Já
por volta do terceiro a quarto ano, se iniciam os tratos silviculturais com a
prática da desrama (visando melhorar a qualidade da madeira com a ausência
de nós), do desbaste (para evitar a competição entre as árvores) e aplicação de
herbicida (STCP, 2010).
Fase Exploratória: A fase de extração da madeira engloba todas as atividades
relacionadas desde a derrubada até o transporte para o pátio da indústria
consumidora. O corte pode ocorrer através do sistema de toras longas (se faz
apenas o desgalhamento e o destopo das árvores no local) ou do sistema de
toras curtas, onde todos os procedimentos de corte (desgalhamento, destopo,
toragem e descascamento) são realizados no local. As formas de extração
podem ocorrer através de arraste, baldeação ou forma suspensa, de acordo
com as condições topográficas do local. O carregamento é a etapa final, sendo
o transporte primário realizado no local do talhão até a beira da estrada e o
transporte principal é aquele que leva a madeira até o pátio da indústria (STCP,
2010).
10. Aspectos sociais do setor florestal
a) Número de empregos no estado do Mato Grosso
A produção de base florestal é um setor importante no Mato Grosso e gera
cerca de 100.000 empregos diretos e indiretos (ICV, 2015). Segundo dados da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o total de postos de trabalho diretos no
setor florestal em dezembro de 2014 foi de 18.020, reduzidos para 17.232 em julho de
2015, indicando uma redução absoluta de 788 empregos no período. Ainda segundo a
SEDEC, 55% dos empregos no setor madeireiro são gerados por empresas de
desdobramento de madeira, 12% por empresas fabricantes de móveis, 9% por
fabricantes de laminados, 9% pela plantação florestal, 5% na produção de florestas
nativas, 4% por fabricantes de estruturas de madeira e artigos de carpintaria, 4% por
atividades de apoio florestal, e 2% no comércio atacadista de madeira e produtos
derivados.
35
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Tabela 9. Variação e distribuição dos postos de trabalho na cadeia produtiva florestal
SEGMENTOS FLORESTAIS
Produção Nativas
Produção Plantadas
Atividades de Apoio
Laminados e Chapas
Artigos de Carpintaria
Móveis Comércio Atacadista
Desdobramento Total
no Período
Total de Admissões
390 823 339 338 242 704 146 3.694 6.676
Total de demissões
459 809 348 595 247 757 221 4.028 7.464
Indicadores
Empregos em 01/12/14
865 1.511 649 1.756 745 2.188 430 9.876 18.020
Empregos em 31/07/15
796 1.525 640 1.499 740 2.135 355 9.542 17.232
Variação -69 14 -9 -257 -5 -53 -75 -334 -788
Distribuição de empregos (%) 5% 9% 4% 9% 4% 12% 2% 55% 100%
* Unidades Fonte: SAG/SEDEC adaptado por IPAM.
b) Região noroeste do Mato Grosso
A área total da região noroeste é de 108.013 hectares e sua população é de
122.311 habitantes dos quais 63% residem na região urbana e 37% no meio rural. No
que se refere ao PIB per capita (Tabela 10), o município mais elevado foi de Aripuanã
enquanto que a Cotriguaçu registrou em 2010 o menor PIB per capita.
Tabela 10. PIB per capta dos municípios do Mato Grosso
Municípios Área (em Km²) População
Total População Urbana População Rural PIB per capita
(R$)
Aripuanã 25.056,78 18.656 11.681 6.975 19.396,07
Castanheira 3.909,54 8.231 3.921 4.310 11.343,63
Colniza 27.946,83 26.381 14.987 11.394 9.154,53
Cotriguaçu 9.460,47 14.983 5.132 9.851 8.520,83
Juína 26.189,96 39.255 33.960 5.295 14.866,05
Juruena 2.778,96 11.201 6.801 4.400 11.147,08
Rondolândia 12.670,49 3.604 950 2.654 13.523,23
Total 108.013,03 122.311 77.432 44.879 NA
Fonte: IBGE 2010.
36
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Tabela 11. Principais indicadores sociais da região noroeste
Municípios Incidência da pobreza*
Índice de GINI*
IDH** PIB per capta**
Aripuanã 35,45% 0,41% 0,675 19.396,07
Castanheira 29,92% 0,40% 0,665 11.343,63
Colniza NE NE 0,611 9.154,53
Cotriguaçu 32,56% 0,41% 0,601 8.520,83
Juína 31,92% 0,42% 0,716 14.866,05
Juruena 33,55% 0,43% 0,662 11.147,08
Rondolândia NE NE 0,640 13.523,23
IBGE: (*2003; **2010)
Tabela 12. Estabelecimentos da agricultura familiar na região noroeste
Municípios Nº de estabelecimentos da agricultura familiar
Pessoal ocupado na agricultura familiar
DAP - Pessoa Física26
Aripuanã 1.312 2.884 693
Castanheira 980 2.175 289
Colniza 2.689 7.921 903
Cotriguaçu 2.013 5.079 455
Juína 1.608 4.571 1.054
Juruena 763 2.326 487
Rondolândia 289 1.091 151
Total 9.654 26.047 4.032
Fonte: MDA, 2010.
Estimativas do IFT indicaram que o município de Cotriguaçu gerava em 2010
entre 2.172 e 2.292 empregos diretos e indiretos no setor florestal, dos quais 574
empregos na indústria eram diretos e aproximadamente 150 a 190 empregos eram
especificamente na fase de exploração (IFT, 2010). Segundo as fontes do portal da
prefeitura do município de Cotriguaçú, existem 590 empregos na indústria madeireira
da cidade27.
c) Aspectos sociais gerais do manejo florestal
Como levantado anteriormente, a menor parte da mão de obra do setor
florestal está na fase primária (extração de madeira). Isso se dá pela natureza da
atividade que exige menor capital humano para a agregação de valor, mas também
sugere maior informalidade na fase de produção de florestas nativas.
26
DAP = Declarações de Aptidão ao Pronaf 27
http://www.cotriguacu.mt.gov.br/Cotriguacu-em-Numeros/
37
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Em um estudo realizado pela FGV (2011) foi citado que:
“A exploração ilegal não controla danos, não paga impostos, usa mão-
de-obra em condição quase escrava e, em muitos casos, a área não é
comprada ou arrendada, mas invadida, como ocorre nas terras públicas
ou unidades de conservação”.
Em outro estudo elaborado pelo IFT (2010), foi mencionado que:
“Ao longo de sua história, o setor florestal da Amazônia se desenvolveu
com poucos investimentos em capacitação. Existem no Brasil, hoje,
diversas universidades e escolas técnicas florestais, mas os profissionais
formados nessas escolas possuem experiência prática insuficiente para a
aplicação do manejo florestal. O mesmo grau de desconhecimento em
relação às melhores práticas de manejo florestal é observado na maioria
dos trabalhadores do setor e comunidades florestais”.
d) Aspectos sociais gerais das florestas plantadas
Quanto aos aspectos sociais das florestas plantadas, Cossalter & Pye-Smith
(2003) constataram que o setor traz bem menos benefícios em termos de geração de
empregos do que é de fato informado pelas empresas florestais. Não que não haja
benefícios, de fato o desenvolvimento de florestas plantadas em algumas
circunstâncias pode levar a criação de escolas, empregos, saúde e prosperidade em
determinadas regiões remotas, mas dependendo das circunstâncias pode, ao revés,
trazer conflitos locais com comunidades que perderam suas terras para os plantios
florestais.
Em contrapartida, Carrere (1999) faz uma análise mais negativa da atividade,
chamando atenção principalmente para sua característica sazonal, uma vez que o
setor geralmente contrata no período do plantio e depois apenas no período de
desbaste, o que gera desemprego na maior parte do ciclo de plantio. O autor também
argumenta que o setor geralmente emprega mão de obra de baixo capital humano e
com más condições de trabalho.
.
38
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11. Aspectos ambientais de florestas e melhores práticas do setor
a) Florestas plantadas
A plantação de florestas é uma atividade que pode apresentar benefícios se
realizada de forma correta, entre eles, o reaproveitamento de terras degradadas pela
pecuária para plantios florestais que possibilitam maior sequestro de carbono, além de
proteção do solo contra erosão e diminuição da pressão sobre florestas nativas a partir
da oferta de madeira plantada.
Uma maneira de se aumentar os benefícios ambientais associados às práticas
silviculturais é a plantação em mosaico, onde se mescla em uma mesma área o cultivo
de uma espécie florestal e fragmentos de floresta nativa. Ao se basear em teorias
ecológicas, como biogeografia de ilhas e metapopulação, o método apresenta maior
sucesso na manutenção dos processos ecológicos em paisagens que permitam a
interligação dos habitats. Assim, esse modelo de produção gera amplas extensões
florestais que funcionam como corredores ecológicos, permitindo o fluxo gênico da
fauna, além de haver a diminuição da incidência de pragas nas plantações (Vital, 2007;
Conrado et al., 2014).
As boas práticas florestais incluem o preparo do solo com adubação e aragem
para garantir uma boa circulação de oxigênio, bem como técnicas de controle de
erosão também podem ser utilizadas visando à conservação do solo e redução de risco
de incêndio. Inclui-se também a prevenção de riscos profissionais, na qual se deve
implantar um conjunto de princípios para garantir segurança, higiene e saúde (SHS)
dos colaboradores para melhorar as condições de trabalho (Vital, 2007; Conrado et al.,
2014).
Em relação à produção de plantios de Eucalipto, é possível minimizar os
impactos ambientais decorrentes de sua produção ao se escolher plantar em áreas
com índice pluviométrico maior que 400 mm/ano, pois desse modo não há risco de
ressecamento do solo. Outro fator que deve ser observado é a distância da área de
produção dos cursos d’ água e a profundidade do lençol freático (Vital, 2007), já que a
raiz do eucalipto cresce em torno de 2 a 2,5 m. Assim, as plantações devem ser
implantadas em regiões com lençol freático com maior profundidade do que o
crescimento médio da raiz. Se compararmos o consumo de água com outras culturas,
o eucalipto apresenta um consumo bem inferior ao que é observado nas plantações de
cana-de-açúcar, batata, milho, soja e pastagens para produção de carne bovina, por
exemplo (Vital 2007). Mesmo assim, para reduzir o impacto das plantações é crucial
respeitar as regras de plantio que protegem os cursos d’água.
39
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Um estudo realizado em mais de 100 propriedades detectou diferentes
espécies de fauna e flora presentes em florestas de eucaliptos, o que mostra que essas
florestas também podem ser usadas como refúgio da fauna se comparados com outras
regiões, tais como pastagens degradadas, por exemplo. Essa taxa de detecção foi ainda
maior quando o sub-bosque em regeneração não era manejado. Nesse sentido, é
possível observar que a utilização de diferentes técnicas de manejo possibilita que a
produção florestal caminhe em consonância com a conservação ambiental (Gabriel et
al, 2013).
b) Florestas nativas e ilegalidade
As florestas nativas são as maiores fontes de biodiversidade ecológica
existentes no planeta e oferecem uma série de serviços ecossistêmicos tais como:
regulação do clima, sequestro e armazenamento de carbono, conservação do solo,
regulação do clima e moderação de eventos extremos, tratamento de águas residuais,
prevenção de erosão e manutenção de fertilidade do solo, polinização, controle
biológico, dentre outros 28.
No entanto, apesar de sua importância ambiental o setor é marcado pela
ilegalidade no Brasil, especialmente no estado do Mato Grosso. De acordo com o ICV
(2012), no ano de 2011, 47% da área explorada era ilegal e em 2012 essa proporção
chegou a 54%.
A maior parte da exploração ilegal acontece em áreas privadas, devolutas ou
sob disputa. Outra parte, no entanto, ocorre também em terras indígenas, unidades de
conservação e assentamentos rurais. Dentre os municípios da região noroeste do Mato
Grosso, Colniza teve o maior desmatamento com 74 km², seguido por Juína (24 km²),
Aripuanã (15 km²) e Cotriguaçu (12 km²)29. Em um refinamento realizado pelo ICV
(2015) foi identificado um desmatamento de 71,4 km² em Colniza e 5,9 km² em
Cotriguaçú.
28
http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-florestais/bens-e-servicos-que-a-floresta-fornece 29
Lista dos 20 municípios com maior área desmatada no Prodes entre Agosto/2014 e Janeiro/2015 (ICV, 2015).
40
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Tabela 13. Desmatamento na região noroeste
Desmatamento na região Noroeste em 2014
Municípios (km²) Ranking NO
Colniza 145,5 1
Cotriguaçu 45,0 2
Aripuanã 40,0 3
Juína 33,2 4
Castanheira NA NA
Juruena NA NA
Rondolândia NA NA
Total Noroeste 125
Fonte: PRODES (elaborado por IPAM)
Esses números demonstram que os atuais sistemas de monitoramento e
controle florestal não garantem a legalidade da madeira. De acordo com o ICV, os
atuais sistemas de monitoramento (Sisflora, CC-SEMA e DOF), apresentam fragilidades
e incompatibilidades entre si, permitindo assim fraudes e irregularidades na cadeia
produtiva florestal. Desta forma, a madeira ilegal passa a ser encoberta por
documentos legais, gerando a falsa percepção de legalidade dos produtos florestais.
Essa situação gera uma concorrência desleal da madeira legal frente a madeira de
origem ilegal, gerando prejuízos ao setor florestal e ao meio ambiente.
Há, no entanto, modos de se garantir a qualidade, legalidade e
sustentabilidade do processo de exploração de madeira nativa, tais como processos de
certificação de madeira. Entretanto, conforme podemos ver na tabela abaixo, apenas
1% das indústrias utiliza certificação de madeira em Mato Grosso. A mesma pesquisa
aponta que as indústrias que mostraram interesse na certificação, alegaram
dificuldades para consegui-la, devido à ausência de informações, falta de pessoal
capacitado, dificuldade de acesso à crédito e dificuldade de acesso a mercados (CIPEM,
2014). A resolução desses gargalos é fundamental para incentivar a produção mais
sustentável de madeira no estado.
Tabela 14. Certificação no Mato Grosso
Macrorregião Possuem Certificação Não Possuem Certificação
Centro-Sul 0% 100%
Médio-Norte 1% 99%
Noroeste 2% 98%
Norte 1% 99%
Mato grosso 1% 99%
Fonte: CIPEM, 2014
41
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ESTUDOS DE CASO
Nesta sessão apresentamos os dados que foram levantados no estudo de caso
realizado em seis empresas entrevistadas, sendo uma de Teca, uma de Eucalipto, duas
de Manejo Florestal de espécie nativas, sendo uma delas a própria Fazenda São
Nicolau (FSN), bem como uma empresa de processamento primário (Serraria) e outra
de processamento secundário (Beneficiadora).
As informações obtidas incluem os dados gerais da empresa, aspectos produtivos,
mercado consumidor, logística e os custos e receitas de produção. Além destes dados
a fase de manejo e reflorestamento contará com uma simulação de viabilidade
econômica bem como uma análise de sensibilidade.
Para os indicadores econômicos, foi calculado o fluxo de caixa acumulado, sendo este
a somatória dos custos e receitas acumulados ao longo de todo o período de
investimento. Posteriormente foi calculado o fluxo de caixa descontado que por sua
vez desconta os fluxos de caixa a valor presente com base na taxa de juros.
Posteriormente foi realizada uma análise de sensibilidade, em que foram escolhidas as
duas variáveis que mais influenciaram a viabilidade econômica da atividade e a partir
delas foram realizadas 16 combinações com o objetivo de visualizar todos os cenários
possíveis dentro do intervalo escolhido, o ponto de equilíbrio onde a atividade é
economicamente viável bem como os valores mínimos e máximos de TIR e VPL obtidos
de cada atividade estudada.
De forma a manter consistência em todos os estudos de caso, consideramos a
aquisição de terra no ano zero e sem as respectivas receitas de venda da terra no ano
final da produção uma vez que as empresas almejam permanecer na atividade após o
final do ciclo produtivo. Naturalmente isso implica em resultados mais conservadores
do que os reais uma vez que a valorização da terra passa a não integrar os fluxos de
caixa dos estudos de caso analisados.
11.1 Estudos de caso - TECA
Para o presente estudo, foi analisada uma fazenda localizada na região de Alta
Floresta com reflorestamento de Teca de 1.200 hectares, realizado em sistema de
integração pecuária floresta.
Aspectos produtivos
Os tratos silviculturais utilizados pela fazenda envolvem a análise de solo,
gradagem e subsolagem, limpeza química e mecânica, além de desrama e desbaste.
Não há uso de fertilizantes, adubação ou herbicidas e fungicida, apenas aplicação de
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formicida na fase de plantio. O incremento médio anual da produção nos diferentes
lotes de plantio da propriedade varia em torno de 15 a 20m³/hectare, com altura
média de 26 a 30 metros de altura nos plantios de 20 anos de idade, que é o ano de
corte, e índices de mortalidade inferiores a 1%.
Mercado
O mercado consumidor de tora é majoritariamente internacional, embora
vendas de madeira serrada dentro do Brasil também ocorram. O uso final da Teca é a
construção civil, indústria naval e madeireira. As vendas são em geral antecipadas e
realizadas via Trading Company, com coleta na fabrica ou FOB30 e C&F31 nas vendas
diretas, com entregas no porto marítimo. Quando comercializado no mercado interno,
o perfil de clientes em geral é de pequenas marcenarias. Um dos principais diferenciais
competitivos da Teca é a resistência e durabilidade, além de não ter grande regulação
ambiental como a madeira nativa. Além disso, por ser uma matéria prima de alta
qualidade, existe uma grande demanda por produtos desse tipo, desde que os mesmos
tenham um bom tratamento e qualidade final. Isso sugere que a maior dificuldade no
setor não é a falta de demanda ou preço baixo, mas sim a capacidade de empresas
locais em ofertar madeira de alta qualidade.
Logística
A logística de transporte envolve desde o trecho entre a fazenda e a cidade de
Alta Floresta, com distancia aproximada de 100km em terreno bom (asfalto), até a
entrega no porto marítimo de Paranaguá, no estado do Paraná, distante cerca de
2.600km de Alta Floresta. Esse transporte ocorre ao custo de R$ 470/m³ para madeira
em tora, e R$ 280/m³ para madeira serrada. Também é necessário apoio para
transporte dos funcionários que se locomovem da fazenda para Alta Floresta ao menos
uma vez por mês.
Análise de Viabilidade Econômica
Para calcular a viabilidade econômica de um plantio de Teca na região de Alta
Floresta, foi considerado um fluxo de caixa relativo a um plantio de 60 hectares32 em
um período de 20 anos, com desbaste de madeira serrada no ano 6, desbastes de
madeira serrada e tora nos anos 11 e 15, e colheita final de tora no ano 20. As receitas
de produção variam de acordo com o produto (madeira serrada ou tora), com a idade
do plantio (quanto mais velho o plantio maior o valor da tora comercializada) e de
30 Freight on Board – FOB é uma das modalidades utilizadas no comércio internacional onde o comprador assume todos os riscos e custos com transporte da mercadoria assim que ela é colocada a bordo do navio. Ou seja o fornecedor é responsável pela mercadoria apenas até o porto. 31 Cost Insurance and Freight – CIF é quando o fornecedor é responsável pela entrega da mercadoria até o local de destino. Ou seja ele paga os custos de frete e seguro. 32
Muito embora a maioria dos plantios sejam dinâmicos, envolvendo novos plantios e colheitas anuais, faremos uma simulação
de uma parcela de 60 hectares, de forma que o fluxo de receitas de uma área de 1.200 hectares possa ser constante durante um após o ciclo de produção de 20 anos, configurando sustentabilidade econômica da atividade.
43
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acordo com o câmbio na data de venda de madeira em tora. Para facilitar a
visualização, as receitas e custos foram informados por hectare conforme Figura 1.
Tabela 15. Receitas de Teca
R$/ hectare Ano 6 Ano 11 Ano 15 Ano 20
Preço - TORA US$ 385 US$ 500
Produtividade (m³/hectare) 20 314
Preço – SERRADA R$ 310 R$ 430
Produtividade (m³/hectare) 7 9
Os custos de produção abrangem desde os investimentos de capital inicial, que
incluem infraestrutura, maquinário33, aquisição de terra, e preparo da área e plantio
(limpeza de área, combate a formigas, sulcagem e adubação, gradagem, dentre outras
operações), até os custos operacionais de manutenção e corte (desrama, afiação de
serra, manutenção de estradas, desbaste, corte, mão de obra, logística etc)34. O custo
total por hectare no ano da colheita totalizou R$ 134.166,00/ha conforme a tabela
abaixo:
Figura 1. Custos de produção de Teca
O fluxo de caixa acumulado foi calculado a partir da somatória de todos os
custos e receitas do período, e totalizou R$ 30,8 milhões para uma área de 60
hectares. Considerando-se o custo de capital ao longo do tempo e a taxa de juros de
8,53%35, obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado de R$ 5,2 milhões. A tabela
abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação, indicando
um projeto economicamente viável a um VPL de 4.798.380,55, TIR de 18,68% e
Payback de 20 anos36.
33 Visto que o entrevistado possui instalações antigas (para produção e processamento) não foi possível acessar tais valores. Como alternativa utilizamos os dados do Diagnóstico de Florestas Plantadas, IMAE 2013 para esta simulação. 34
Os custos foram obtidos pelo Diagnóstico de Florestas Plantadas do IMEA e validados na pesquisa de campo. 35 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance) 36 Nessa simulação foi considerado uma taxa cambial de R$ 3,80, uma produtividade de aproximadamente 17,5m³/há/ano (IMA), um custo de frete médio de R$ 470,00/m³ e preço de venda de tora no ano 20 de US$ 500,00.
R$ 0
R$ 10.000
R$ 20.000
R$ 30.000
R$ 40.000
R$ 50.000
R$ 60.000
R$ 70.000
R$ 80.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Cu
sto
An
ual
de
Pro
du
ção
44
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Tabela 16. Indicadores de viabilidade econômica da Teca
Indicadores Econômicos R$/ 60 hectares
Taxa de Desconto 8,53%
Fluxo de caixa acumulado R$ 30.878.770
Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 5.207.682
VPL do Fluxo de Caixa R$ 4.798.380,55
Taxa Interna de Retorno - TIR 18,68%
Payback 20 anos
Análise de Risco
Visto que existem diversas variáveis que impactam positivamente e
negativamente o fluxo de caixa durante um projeto de investimento, levantamos junto
ao entrevistado as variáveis que apresentam maior oscilação de valores, e atribuímos
valores mínimos e máximos conforme apresentado na Tabela 1737:
Tabela 17. Variáveis para o fluxo de caixa da Teca
Câmbio Produtividade
Custo de Frete Rodoviário (Tora)
Preço – SERRADA
Preço - TORA
MIN R$ 2,00 15m³/há/ano R$ 420,00/ m³ US$ 300 US$ 250
MAX R$ 4,00 20m³/há/ano R$ 520,00/ m³ US$ 440 US$ 900
Dentre as variáveis analisadas, escolhemos a taxa de câmbio, e o preço da madeira em tora. Como podemos ver na tabela 18, a atividade é economicamente viável com a tora sendo comercializada acima de US$ 250,00/m³ e com câmbio acima de R$/US 2,00. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser bastante atrativa com uma TIR de 22,91% e um VPL de R$ 10,6 milhões. No entanto é importante lembrar que que essa simulação considera apenas duas variáveis, e que por sua vez outras análises de sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa apresentando novos resultados.
37 Os valores mínimos e máximos de câmbio foram considerados com base em séries históricas de câmbio no Brasil, já os custos de frete, produtividade e preços de madeira foram definidos com base na entrevista de campo.
45
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Tabela 18. Análise de sensibilidade - TIR
Preço - TORA
TIR $900 $683 $467 $250
Câmbio (R$/USD)
R$/USD 4,00 22,91% 21,15% 18,70% 14,53%
R$/USD 3,33 21,39% 19,57% 17,01% 12,52%
R$/USD 2,66 19,51% 17,61% 14,90% 9,88%
R$/USD 2,00 17,10% 15,07% 12,07% 6,00%
Tabela 19. Análise de sensibilidade - VPL
Preço - TORA
VPL(R$Mil) $900 $683 $467 $250
Câmbio (R$/USD)
R$/USD 4,00 R$ 10.696,0 R$ 7.665,0 R$ 4.747,0 R$ 1.816,0
R$/USD 3,33 R$ 8.369,0 R$ 5.928,0 R$ 3.499,0 R$ 1.059,0
R$/USD 2,66 R$ 6.141,0 R$ 4.192,0 R$ 2.252,0 R$ 302,0
R$/USD 2,00 R$ 3.947,0 R$ 2.481,0 R$ 1.023,0 -R$ 442,0
11.2 Estudos de caso - EUCALIPTO
Para o estudo de caso das plantações de Eucalipto, analisamos uma fazenda
localizada no município da Reserva do Cabaçal (próximo a Tangará da Serra), com
reflorestamento de Eucalipto cobrindo uma área de 1.200 hectares comercializados
para uso múltiplo (madeira em Tora e Lenha).
Aspectos produtivos
Os tratos silviculturais utilizados pela fazenda envolvem a análise de solo,
limpeza química e mecânica, adubação com fosfato, duas gradagens por ano para
preparo do solo, uso de formicida e desrama e desbaste. Não há uso de agricultura de
precisão. Devido ao solo arenoso da região, a taxa de crescimento, representada pelo
incremento médio anual, é mais baixa, com produtividades dos diferentes lotes de
produção da propriedade variando de 30 a 40 m³/ha/ano. A altura média do plantio é
de 25 a 30 metros, e a idade média da floresta, de 11 anos. Novos plantios são
realizados todos os anos pela empresa e desde o inicio das atividades já foram
realizados 3 desbastes. O índice de mortalidade é de até 5%.
Mercado
O mercado consumidor é inteiramente doméstico, embora a empresa pretenda
exportar no futuro. No passado, o Eucalipto foi comercializado em lenha para secagem
de grãos, entretanto, a produção está migrando para produção de toras para Serrarias
e Laminadoras. Os clientes em geral são pecuaristas que utilizam a madeira serrada
para construção de cercas, e para quem as vendas são normalmente realizadas à
46
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prazo. A principal vantagem competitiva do Eucalipto se comparado com a Teca são os
baixos custos de produção, além da baixa fiscalização do setor quando comparada ao
setor de florestas nativas. Também foi apontado um bom potencial de mercado para o
Eucalipto, em especial por madeira tratada (processada).
Logística
O custo de frete rodoviário varia de R$ 14/m³ para uma distância de 50km, até
R$ 28/m³ para uma distância de 120km. As estradas são em geral 50% de terra e 50%
de asfalto. Se faz também necessário o apoio para o transporte dos funcionários entre
a fazenda e Tangará da Serra, que fica a uma distância de 100km. Este transporte
ocorre ao menos uma vez por mês.
Análise de Viabilidade Econômica
Para calcular a viabilidade econômica, do plantio de Eucalipto na região de
Tangará da Serra, foi considerado um fluxo de caixa relativo a um plantio de 100
hectares, de forma que o produtor possa manter as receitas de exploração constantes
após o ciclo de produção38. Portanto, foram considerados ciclos de produção de 12
anos e desbastes de lenha nos anos 3 e 6, e desbastes de lenha e tora no ano 12. As
receitas de produção variam de acordo com o produto (lenha ou tora) e foram
informadas por hectare conforme a tabela a seguir:
Tabela 20. Receitas de Eucalipto
R$/ hectare Ano 3 Ano 6 Ano 12
Preço - TORA R$ 230,00
Produtividade (m³/hectare) 120
Preço – LENHA R$ 116,60 R$ 116,60 R$ 116,60
Produtividade (m³/hectare) 42 67,2 180
Os custos de produção abrangem desde os investimentos de capital inicial, que
incluem aquisição de terra, preparo da área e plantio (limpeza de área, combate a
formigas, sulcagem e adubação, gradagem, etc), até os custos operacionais de
manutenção e corte (desrrama, afiação de serra, manutenção de estradas, desbaste,
corte, mão de obra, logística etc)39. O custo total por hectare no ano da colheita
totalizou R$ 47.335,00, conforme a tabela abaixo:
Figura 2. Custos de produção de Eucalipto
38
Para essa estimativa foi dividido a área de 1.200 hectares por um ciclo de produção de 12 anos para encontrar uma área de
produção anual proporcional a 100 hectares. 39
Não foi considerado os custos com instalações e maquinas e equipamentos pois a produção é terceirizada e portanto tais custos
são diluídos nos demais custos operacionais.
47
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O fluxo de caixa acumulado para um plantio proporcional a 100 hectares foi
calculado a partir da somatória de todos os custos e receitas para o período, e
totalizou R$ 1.573 mil. Considerando-se o custo de capital e a taxa de juros de 8,53%40,
obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado negativo de R$ 212 mil. A tabela
abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação, indicando
um projeto economicamente viável com um VPL de R$ 195.393,71 uma TIR de 11,15%
e um Payback de 12 anos41.
Tabela 21. Indicadores de viabilidade econômica do Eucalipto
Indicadores Econômicos R$/ 100 hectares
Taxa de Desconto 8,53%
Fluxo de caixa acumulado R$ 1.573.473
Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 212.061
VPL do Fluxo de Caixa R$ 195.393,71
Taxa Interna de Retorno - TIR 11,15%
Payback (anos) 12
Análise de Risco
Visto que existem diversas variáveis que impactam positivamente e
negativamente o fluxo de caixa durante um projeto de investimento, levantamos junto
com o entrevistado as variáveis que apresentam maior oscilação de valores e
atribuímos valores mínimos e baixos conforme Tabela 2242:
40 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance) 41 Nessa simulação foi considerado uma produtividade de 35m³/há/ano (IMA) e um custo de frete de R$ 21,00/m³. 42 Os custos de frete, produtividade e preços de madeira foram definidos com base na entrevista de campo.
R$ 0
R$ 5.000
R$ 10.000
R$ 15.000
R$ 20.000
R$ 25.000
R$ 30.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Cu
sto
an
ual
de
pro
du
ção
48
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Tabela 22. Variáveis para o fluxo de caixa de Eucalipto
Produtividade Custo de Frete
Rodoviário (Tora) Preço - LENHA
(m³) Preço - TORA
(m³)
MIN 20m³/há/ano R$ 14,00/m³ R$ 106,00 R$ 160,00
MAX 35m³/há/ano R$ 28,00/m³ R$ 127,20 R$ 300,00
Identificamos como as variáveis de maior impacto a produtividade e o custo de frete.
Como podemos ver, a atividade é economicamente viável desde que a produtividade
seja superior a 30m³/ha/ano. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação
nos ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser mais atrativa
a uma TIR de 15,99% e um VPL de R$ 639,3 mil. No entanto é importante lembrar que
que essa simulação considera apenas duas variáveis, portanto outras análises de
sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa e
apresentar novos resultados.
Tabela 23. Análise de sensibilidade - TIR
Produtividade (m³/há/ano)
TIR 40m³ 36,6m³ 33,3m³ 30m³
Frete (R$/m³)
R$ 14,00 15,99% 13,48% 10,66% 7,23%
R$ 18,67 15,42% 12,85% 9,93% 6,34%
R$ 23,33 14,84% 12,20% 9,17% 5,40%
R$ 28,00 14,25% 11,53% 8,39% 4,41%
Tabela 24. Análise de sensibilidade - VPL
Produtividade (m³/há/ano)
VPL(R$ Mil) 40m³ 36,6m³ 33,3m³ 30m³
Frete (R$/m³)
R$ 14,00 R$ 639,3 R$ 393,4 R$ 154,7 -R$ 83,9
R$ 18,67 R$ 584,4 R$ 338,5 R$ 99,8 -R$ 138,8
R$ 23,33 R$ 529,6 R$ 283,7 R$ 45,0 -R$ 193,6
R$ 28,00 R$ 474,7 R$ 228,8 -R$ 9,8 -R$ 248,5
49
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11.3 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 1
Para esta simulação, consideramos uma fazenda com área total de 6.000 hectares
localizada na região de Juína, com área destinada para manejo florestal de 4.800
hectares a ser manejado em 5 Planos de Operação Anual (POAs43) de 960 hectares
durante um período de 10 anos. A propriedade em estudo subcontrata o manejo
florestal para uma empresa terceirizada especializada em manejo florestal.
Aspectos produtivos
O volume disponível sem casca na exploração é de 26m³/hectare. A época do
ano usada para exploração é na estação da seca, entre abril até setembro. No total são
exploradas 18 espécies de madeira no POA.
Mercado
O mercado consumidor são em geral pequenas e médias serrarias nos
municípios próximos (Juína, Brasnorte e Juara) e o uso final das mercadorias é: 80%
para construção civil e 20% beneficiamento. A forma de venda é realizada a vista ou a
prazo. O principal diferencial competitivo da madeira nativa versus a plantada é a
qualidade superior da madeira nativa em termos de cor, densidade e durabilidade de
algumas espécies. A demanda se mostrou ser boa, mas não muito superior à oferta,
sugerindo que o mercado está equilibrado e estabilizado na região.
Logística
A distância média de transporte desde a região explorada (esplanada
principal44) até o mercado consumidor é de 45km a 150km. Os respectivos custos de
transporte são de até R$ 60,00/m³, pagos pelo cliente final, e portanto não integram o
fluxo de caixa deste estudo como custo de produção.
Análise de viabilidade econômica
Para calcular a viabilidade econômica do manejo florestal na região de Juína,
consideramos metade da área de um POA a ser explorado por ano correspondente a
480 hectares, de forma que toda a área de exploração, 4.800 hectares, seja explorada
dentro do ciclo de exploração de 10 anos implicando em pousio da área em 15 a 20
anos, valor este que depende da restauração em volumetria da floresta. A receita
anual de vendas foi considerada constante ao longo do ciclo de exploração e foi
43
O Plano de Operação Anual (POA) detalha as informações do Plano de Manejo Florestal Sustentável contendo dados sobre o
inventário florestal, espécies, volumes a serem colhidos bem como as atividades a serem realizadas no próximo ano. 44
A esplanada principal é o local de armazenagem de madeira e fica localizada nos arredores da área de exploração. Além da
esplanada principal existe as esplanadas secundária localizadas dentro da região de exploração.
50
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calculada da seguinte maneira: produtividade anual de 21,02m³/hectare45 multiplicado
pelo preço médio praticado por cada espécie a ser explorada de acordo com o POA.
Este cálculo totalizou uma receita anual de R$ 2,0 milhões. Visto que os preços
disponibilizados pela SEFAZ e pelo SISFLORA apresentam valores muito distantes da
realidade (SEFAZ muito altos e SISFLORA muito baixos), foram considerados valores
praticados no mercado e sugeridos pela ECO2 Ambiental. Na Tabela 25 são
apresentados os preços e volume de exploração anual de cada espécie:
Tabela 25. Preços de espécies nativas
Espécie - Nome Popular
Nome Científico SEFAZ (R$/m³)46
ECO2 (R$/m³) SEMA (R$/m³)
47
Amescla Trichilia sp. 725,00 180,00 50,00
Angelim pedra Hymenolobium sp. 960,00 230,00 40,00
Cambara Qualea sp. 725,00 200,00 20,00
Canela Ocotea sp. 725,00 200,00 30,00
Caroba Jacaranda copaia 725,00 160,00 30,00
Cedrinho Erisma uncinatum 725,00 230,00 63,50
Champanhe Dipteryx sp. 1.270,00 350,00 42,40
Guarita Astronium lecointei N/A 200,00 45,00
Jatobá Hymenaea courbaril 1.270,00 200,00 44,25
Louro Cordia sp N/A 200,00 60,00
Mandiocão Sterculia sp. 725,00 160,00 35,00
Marfim Chrysophyllum sp. 725,00 160,00 50,00
Pente de macaco Apeiba sp. 844,00 150,00 40,00
Peroba cupiuba Goupia glabra 844,00 200,00 44,00
Peroba mica Aspidosperma sp. 960,00 250,00 70,00
Roxinho Peltogyne sp. 844,00 200,00 50,00
Sucupira orelha de macaco
N/A N/A 180,00 N/A
Sucupira preta Bowdichia virgilioides
960,00 200,00 100,00
N/A – Não Encontrado
Fonte: SEFAZ, ECO2 Ambiental e SEMA.
Os custos de produção (Tabela 26) abrangem os investimentos de capital inicial
com a aquisição de área ao custo de R$ 43,00/m³. Os custos operacionais abrangem
aluguel de máquinas e equipamentos, e mão de obra de 14 pessoas (5 operadores de
45 Par calcular o volume comercial aplicamos um fator de perda de 21,5% (Volume Fuste ou Francon). Esse fator serve para calcular o volume perdido após se excluir as costaneiras, que são os resíduos eliminados para obtenção do volume esquadrejado. 46
http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/7C7B6A9347C50F55032569140065EBBF/A62B17461A8253E984257DD50041A
F75 47
http://monitoramento.sema.pa.gov.br/sisflora/index.php/relatorios
51
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máquina, 4 ajudantes, 2 operadores de motosserra, um técnico, um motorista e um
gerente), bem como contratação de empresa terceirizada para elaboração do projeto
de manejo (PMFS). O custo operacional total fica em R$ 94,00/m³. A tabela abaixo
mostra a distribuição dos custos de exploração:
Tabela 26. Custo de um manejo florestal sustentável
Descrição das despesas Tipo de Despesa Período (anos)
Custo (R$/m³)
INVESTIMENTOS INICIAIS
Aquisição de Terra¹ Próprio 0 R$ 43,00
CUSTOS OPERACIONAIS ANUAIS
Skidder Aluguel + MO 1 a 10 R$ 35,00
Caminhão Traçado Aluguel + MO 1 a 10 R$ 10,00
Trator de Esteira Aluguel + MO 1 a 10 R$ 10,00
Pá-Carregadeira Aluguel + MO 1 a 10 R$ 5,00
Motoniveladora Aluguel + MO 1 a 10 R$ 5,00
Insumos de exploração Próprio 1 a 10 R$ 10,00
Escritório Próprio 1 a 10 R$ 5,00
Alojamento e construção de Pátio Próprio 1 a 10 R$ 4,00
Projeto de Manejo + Taxas e Impostos Terceirizada 1 a 10 R$ 10,00
TOTAL R$ 137,00
*MO = Mão de Obra
¹ Custo proporcional de aquisição de terra (ano zero) sobre o volume total de exploração da área em
todo o ciclo de manejo.
O fluxo de caixa acumulado ao final do ciclo de exploração de 10 anos nos
4.800 hectares foi de R$ 3.486.910,00. Considerando a custo de capital e a taxa de
juros de 8,53%48, obtivemos o fluxo de caixa descontado acumulado de R$ 505.962,00.
A tabela abaixo mostra os resultados dos indicadores econômicos dessa simulação,
indicando um projeto economicamente viável a uma TIR de 10,69% e Payback de 9
anos.
Tabela 27. Indicadores de viabilidade econômica de um manejo florestal sustentável
Indicadores Econômicos 4.800 hectares
Taxa de Desconto 8,53%
Fluxo de caixa acumulado R$ 3.486.910
Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 505.962
VPL do Fluxo de Caixa R$ 466.195,82
Taxa Interna de Retorno – TIR 10,69%
Payback 9 anos
48 Foi considerado a linha de financiamento do FCO para 2016 para produtores com menos de R$ 90milhões de faturamento (sem bônus de performance)
52
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Análise de Risco
Tabela 28. Variáveis para um fluxo de caixa de manejo florestal sustentável
Elasticidade de Preço
(%) Custo de Produção
(R$/m³)
MIN 20% - R$ 75,00
MAX 20% + R$ 90,00
Como podemos ver a atividade é economicamente viável com custos de
produção de até R$ 90,00/m³, desde que a elasticidade de preços para baixo da média
não seja superior a 6,7%. Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos
ajuda a mostrar que em cenários mais otimistas a atividade pode ser mais atrativa a
uma TIR de 23,36% e um VPL de R$ 3,5 milhões. No entanto é importante lembrar que
que essa simulação considera apenas duas variáveis, portanto outras análises de
sensibilidade podem ser realizadas com as demais variáveis do fluxo de caixa e
apresentar resultados distintos.
Tabela 29. Análise de sensibilidade - TIR
Preço (R$/m³)
TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de Produção (R$/m³)
R$ 75,00 23,36% 16,79% 9,53% 1,13%
R$ 80,00 21,86% 15,18% 7,70% -1,14%
R$ 85,00 20,34% 13,52% 5,80% -3,18%
R$ 90,00 18,80% 11,82% 3,81% -6,25
Tabela 30. Análise de sensibilidade - VPL
Preço (R$/m³)
VPL (R$ MM) (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de Produção (R$/m³)
R$ 75,00 R$ 3,5 R$ 1,9 R$ 0,2 -R$ 1,4
R$ 80,00 R$ 3,1 R$ 1,5 -R$ 0,1 -R$ 1,8
R$ 85,00 R$ 2,8 R$ 1,1 -R$ 0,5 -R$ 2,2
R$ 90,00 R$ 2,3 R$ 0,8 -R$ 0,9 -R$ 2,6
11.4 Estudo de caso – MANEJO FLORESTAL 2
Para o estudo de caso 2 foram realizadas simulações para a fazenda São Nicolau-
FSN, localizada no município de Cotriguaçu/MT. A propriedade possui uma área total
de 10.287 hectares, dos quais 5.350 hectares são de Reserva Legal com potencial de
exploração comercial.
53
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Aspectos produtivos
As espécies comerciais utilizadas neste estudo foram de um inventário de
197,26 hectares cujo volume disponível sem casca foi de 24,87m³/hectare. Ao todo
foram utilizadas 37 espécies na simulação.
Análise de viabilidade econômica
Analisamos a exploração sendo realizada de 2 maneiras: 1) em 10 POAs de 493
hectares (opção 1) por um período de exploração de 10 anos e consequentemente
com maior fluxo de receitas; 2) em 25 POAs de 197 hectares (opção 2) por um período
de 25 anos, de forma que o primeiro POA possa ser explorado novamente no final do
ciclo de 25 anos e consequentemente possibilitando à fazenda um fluxo constante de
receitas após o ciclo de produção. A receita de vendas anual foi projetada para ser
constante ao longo do ciclo de exploração e calculado a partir da produtividade anual
de 19,52m³/hectare49 vezes o preço médio praticado por cada espécie a ser explorada.
Visto que os preços disponibilizados pela SEFAZ e pelo SISFLORA apresentam preços
muito distantes da realidade (SEFAZ muito altos e SISFLORA muito baixos), foram
considerados valores praticados no mercado e sugeridos pela ECO2 Ambiental. Abaixo
os preços e volume de exploração anual de cada espécie:
49 Para calcular o volume comercial partimos do volume com casca de 24,8m³/há previsto no inventário e aplicamos um fator de perda de 21,5% (Volume Francon) para encontrar o volume comercial de 19,52.
54
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Tabela 31. Preço de espécies nativas - FSN
Espécie - Nome Popular Espécie - Nome Científico SEFAZ (R$/m³)50
ECO2 (R$/m³) SEMA (R$/m³)51
Abiu Pouteria ramiflora N/A 180,00 110,00
Amescla-Aroeira Protium brasiliense N/A 180,00 45,00
Angelim Amargoso Vatairea sp 844,00 200,00 50,00
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 960,00 230,00 48,40
Caixeta Simarouba amara 844,00 180,00 30,00
Cajueiro Anacardium sp. 725,00 140,00 50,00
Cambará Qualea sp. 725,00 200,00 27,00
Canela Ocotea sp. 725,00 200,00 20,00
Canela Fedida Ocotea sp. N/A 180,00 60,00
Canelão Ocotea sp. 725,00 180,00 50,00
Caroba Jacaranda copaia 725,00 150,00 40,00
Caucho Castilla ulei N/A 150,00 50,00
Cedro Marinheiro Guarea trichilioides 725,00 180,00 60,00
Cedro Rosa Cedrella odorata 1.720,00 345,00 100,00
Cumaru Ferro Dipteryx sp. 1.270,00 335,00 50,00
Figueira Ficus sp 725,00 120,00 103,00
Garapeira Apuleia sp. 960,00 265,00 50,00
Garrote Bagassa guianensis 960,00 200,00 200,00
Goiabão Planchonella sp. 844,00 180,00 65,00
Guaritá Astronium sp. 960,00 225,00 50,00
Ipê Amarelo Tabebuia sp. 1.720,00 400,00 45,00
Ipê Roxo Tabebuia sp. 1.720,00 400,00 300,00
Itaúba Mezilaurus itauba 1.270,00 400,00 40,00
Jatoba Mirim Hymenaea sp 1.270,00 230,00 45,00
Jequitiba Cariniana sp. 725,00 180,00 30,00
Jutai Pororoca Roxinho Dialium sp. 725,00 230,00 45,00
Mirindiba Buchenavia sp. 725,00 200,00 60,00
Paraju Manilkara sp 960,00 200,00 50,00
Peróba Cupiuba Goupia glabra 725,00 220,00 45,00
Peroba Rosa Aspidosperma polyneuron 960,00 340,00 120,00
Pinho Cuiabano Schizolobium sp. 725,00 140,00 60,00
Sucupira Preta Diplotropis sp. 960,00 200,00 50,00
Sumauma Ceiba sp. 725,00 120,00 60,00
Tachi Sclerolobium sp. 725,00 120,00 70,00
Tamarindo Tamarindus indica 725,00 230,00 25,00
Tauari Couratari sp. 725,00 190,00 200,00
Timburi Enterolobium contortisiliquum
725,00 180,00 54,00
N/A – Não encontrado Fonte: SEFAZ, ECO2 Ambiental e SEMA.
50
http://app1.sefaz.mt.gov.br/0325677500623408/7C7B6A9347C50F55032569140065EBBF/A62B17461A8253E984257DD50041A
F75 51 http://monitoramento.sema.pa.gov.br/sisflora/index.php/relatorios
55
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Os custos de produção variam de acordo com a metodologia a ser utilizada na
simulação (com e sem aquisição de terra) e de acordo com os interesses estratégicos
da FSN (aluguel ou aquisição de maquinário). A principio, a aquisição de terra deve ser
considerada em qualquer fluxo de caixa, já que esse foi pago pelo produtor em algum
momento e portanto deverá ser amortizado pelas atividades comerciais da empresa,
determinando os preços dos produtos a serem comercializados. Já os maquinários
(skidder, caminhão etc) podem ser adquiridos pela fazenda ou alugados.
Os custos operacionais abrangem desde aluguel de máquinas e equipamentos
(se forem alugados) até mão de obra de aproximadamente 13 pessoas52, bem como
contratação de empresa terceirizada para elaboração do projeto de manejo (PMFS). A
tabela abaixo mostra a distribuição dos custos de exploração:
Tabela 32. Custos de um manejo florestal sustentável - FSN
Descrição das despesas Tipo de Despesa Opção 1 Opção 2 Custo
(R$/m³) 10 anos 25 anos
INVESTIMENTOS INICIAIS
Aquisição de Terra Próprio Ano zero Ano zero R$ 43,00¹
CUSTOS OPERACIONAIS ANUAIS
Skidder Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 35,00
Caminhão Traçado Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00
Trator de Esteira Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00
Pá-Carregadeira Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 5,00
Motoniveladora Aluguel + MO 1 a 10 1 a 25 R$ 5,00
Insumos de exploração Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00
Escritório¹ Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 0,00
Alojamento e construção de Pátio² Próprio 1 a 10 1 a 25 R$ 3,00
Projeto de Manejo + Taxas e Impostos Terceirizada 1 a 10 1 a 25 R$ 10,00
TOTAL R$ 131,00
* MO = Mão de Obra ¹ FSN já possui escritório ² FSN já possui alojamentos
¹ Custo proporcional de aquisição de terra (ano zero) sobre o volume total de exploração da área em
todo o ciclo de manejo.
Como pode ser verificado pela Tabela 33, ao rodar o modelo no cenário onde
são computados os custos de aquisição de terra e um horizonte de investimento de 25
anos (opção 1), o fluxo de caixa ficou negativo. Isso sugere que esta opção de
investimento não é viável, uma vez que os volumes de exploração são baixos e devido
ao custo do capital não é possível amortizar os investimentos iniciais nesse período de
tempo.
52
5 operadores de máquina, 4 ajudantes, 2 operadores de motosserra, um técnico, um motorista e um gerente.
56
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Entretanto, quando rodamos o modelo para o período de 10 anos (opção 2), o
fluxo de caixa se tornou positivo a uma TIR de 14,42% e um VPL de R$ 5.456.509,00, de
forma que o investimento é pago (payback) em 8 anos mesmo quando os custos de
aquisição de terra são contabilizados53. Entretanto quando se considerou o projeto de
manejo para um período de 25 anos a atividade não se mostrou economicamente
viável, com uma TIR abaixo da taxa de desconto. Isso ocorre por causa do custo do
capital ao longo do período de investimento. Se compararmos esse resultado com o
estudo de caso de Juína, podemos concluir que o aumento de rentabilidade se dá pelas
espécies de maior valor comercial presentes na FSN, bem como os custos inferiores de
produção devido às instalações existentes na fazenda.
Muito embora a opção 1 não tenha se mostrado atrativa, outros fatores devem
ser levados em consideração para a escolha do período de investimento, como por
exemplo os aspectos sociais que são mais benéficos na opção 1 (exploração em 25
anos) por possibilitar uma oferta de emprego constante e estável para a população
local.
Tabela 33. Indicadores de viabilidade econômica - FSN
Indicadores Econômicos
Opção 1 Opção 2
25 anos 10 anos
Taxa de Desconto 8,53% 8,53%
Fluxo de caixa acumulado R$ 4.716.784 R$ 5.456.509
Fluxo de caixa acumulado descontado -R$ 1.476.648 R$ 1.592.731
VPL do Fluxo de Caixa -R$ 1.360.590,07 R$ 1.467.549,37
Taxa Interna de Retorno - TIR 5,26% 14,42%
Payback N/A 8 anos
Entretanto, se considerarmos que a FSN adquiriu a terra há cerca de 20 anos
atrás por uma doação financeira destinada a experimentação científica, esses custos já
foram amortizados pelo doador. Desta forma, realizamos a mesma simulação de
viabilidade econômica excluindo a aquisição de terra e considerando apenas os custos
operacionais e suas respectivas receitas com o objetivo de mensurar os indicadores
econômicos nestes casos.
Como podemos ver na Tabela 34, ambos os projetos de investimento se
mostram extremamente atrativos uma vez que não existem investimentos no ano zero
a serem amortizados. Os lucros provenientes da exploração iniciam-se no primeiro ano
com R$ 418.721,00 na opção 1 (exploração em 25 anos) e R$ 1.120.776,00 na opção 2
(exploração em 10 anos), resultando em um fluxo de caixa acumulado descontado de
R$ 4,2 milhões na opção 1 e de R$ 7,3 milhões na opção 2. Portanto, embora o volume
comercializado seja exatamente o mesmo nos dois casos, a opção 1 é mais atrativa
devido ao custo do capital aplicado em períodos de investimento diferentes.
53 Para essa simulação consideramos o custo médio de R$ 77,00/m³ e perda média de 25%.
57
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Tabela 34. Indicadores de viabilidade econômica - FSN (sem aquisição de terra)
Indicadores Econômicos
Opção 1 Opção 2
25 anos 10 anos
Taxa de Desconto (TMA) 8,53% 8,53%
Fluxo de caixa acumulado R$ 10.468.034 R$ 11.207.759
Fluxo de caixa acumulado descontado R$ 4.274.602 R$ 7.343.981
VPL do Fluxo de Caixa R$ 3.938.635,95 R$ 6.766.775,39
Taxa Interna de Retorno – TIR + 30% + 30%
Payback 1 ano 1 ano
Análise de Risco
As principais variáveis que podem impactar na viabilidade econômica da FSN
são os preços por espécie que variam com base na demanda de mercado, o volume
disponível de espécie no restante da área a ser manejada e os custos de produção.
Nesta simulação foram realizadas análises de sensibilidade apenas dos preços e dos
custos de produção (Tabela 35), devido às incertezas relacionadas à disponibilidade de
volumes por espécie no restante da área de reserva legal da FSN.
Tabela 35. Variáveis do fluxo de caixa - FSN
Elasticidade de Preço
(%) Custo de Produção
(R$/m³)
MIN 20% + R$ 69,00
MAX 20% - R$ 84,00
Os resultados da Tabela 36 permitem inferir sobre a viabilidade econômica na
opção 1 (exploração em 25 anos) com os custos de produção abaixo de R$ 79,00/m³ e
preço médio das espécies 20% acima do valor médio. Em contrapartida a opção 2
(exploração em 10 anos) é economicamente viável em qualquer cenário com preços de
até 6,7% abaixo dos preços médios e custos de produção elevados a R$ 84,00/m³
Além de mostrar o ponto de equilíbrio, essa simulação nos ajuda a mostrar que em
cenários mais otimistas nas duas opções de exploração, com uma TIR podendo chegar
a 9,87% na opção 1 (exploração em 25 anos) e a uma TIR de 25,63% na opção 2
(exploração em 10 anos).
Tabela 36. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 25 anos)
Preço (R$/m³)
TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de produção (R$/m³)
R$ 69,00 9,87% 7,47% 4,63% 1,83%
R$ 74,00 9,36% 6,92% 4,22% 1,10%
R$ 79,00 8,84% 6,36% 3,59% 0,32%
R$ 84,00 8,32% 5,79% 2,93% -0,51%
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Tabela 37. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 25 anos)
Preço (R$/m³)
VPL (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de produção (R$/m³)
R$ 69,00 R$ 0,6 -R$ 4,0 -R$ 1,5 -R$ 2,5
R$ 74,00 R$ 0,4 -R$ 68,0 -R$ 1,7 -R$ 2,8
R$ 79,00 R$ 0,1 -R$ 0,9 -R$ 1,9 -R$ 3,0
R$ 84,00 -R$ 0,1 -R$ 1,2 -R$ 2,2 -R$ 3,2
Tabela 38. Análise de sensibilidade - TIR (exploração em 10 anos)
Preço (R$/m³)
TIR (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de produção (R$/m³)
R$ 69,00 25,63% 19,76% 13,41% 6,39%
R$ 74,00 24,38% 18,43% 11,95% 4,72%
R$ 79,00 23,11% 17,08% 10,46% 2,97%
R$ 84,00 21,83% 15,70% 8,93% 1,15
Tabela 39. Análise de sensibilidade - VPL (exploração em 10 anos)
Preço (R$/m³)
VPL (+)20% (+)6,7% (-)6,7% (-) 20%
Custo de produção (R$/m³)
R$ 69,00 R$ 4,6 R$ 2,9 R$ 1,2 -R$ 0,4
R$ 74,00 R$ 4,2 R$ 2,5 R$ 0,8 -R$ 0,8
R$ 79,00 R$ 3,8 R$ 2,1 R$ 0,4 -R$ 1,2
R$ 84,00 R$ 3,5 R$ 1,8 R$ 0,1 -R$ 1,6
11.5 Estudos de caso – PROCESSAMENTO PRIMÁRIO
Para este estudo de caso foi entrevistada uma empresa produtora e processadora
de madeira nativa na região de Alta Floresta. A empresa processa madeira serrada com
capacidade de 12.000m³ de madeira/ano e comercializa produtos de Viga, Caibro e
Prancha.
Aspectos produtivos
A primeira fase do processamento de madeira consiste na transformação
(desdobro) de madeira em tora em madeira serrada (cortada em peças retangulares
ou quadradas). O processo é bruto e relativamente simples, iniciando com o estoque
das toras no pátio e seguindo para a mesa de entrada onde as toras de madeira são
descascadas.
A seguir, a madeira é cortada por uma maquina Serra Fita para desdobro da
tora em espessura (horizontal) ou por uma Refiladeira para divisão de madeira em
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peças. Posteriormente a madeira segue para uma Destopadeira onde a madeira
serrada é cortada por comprimento. As sobras laterais da madeira (costaneiras) são
comercializadas como cavacos ou usadas como resíduo pelas caldeiras para secar a
madeira serrada na época do ano mais úmida. A seguir, a madeira permanece em
estoque de ilhas ou fardos para a comercialização (ABIMCI, 2004).
Figura 3. Exemplo de um processamento primário
Fonte: ABIMCI, 2004.
Embora a capacidade de processamento da fábrica seja de 12.000 m³/ano a
mesma tem processado em torno de 8.000m³ desde 2012 até 2015 representando
uma capacidade ociosa de 33%. Uma das principais causas é a baixa regularidade de
suprimento ocasionada pela dificuldade de autorizações de planos de manejo. Como
consequência, há necessidade de transferir maiores preços de venda para cobrir os
custos fixos de processamento.
Mercado
A madeira serrada é comercializada no mercado domestico nos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, sendo que 80% das vendas são realizadas a prazo, e 20% a vista.
O uso final dessa madeira se divide em construção civil (80%) e indústria moveleira
(20%). Seu diferencial competitivo é um produto de característica homogênea, bem
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limpa, sem rachaduras, queimas ou fungos, além de serbitolada, que consiste no bom
acabamento e sem diferença de medidas. A demanda é alta para produtos que
atendem a estes padrões de qualidade.
Logística
O frete rodoviário inclui a coleta de matéria prima de madeira em tora na
floresta, distante 150kmda Serraria em Alta Floresta, ao custo de R$ 60,00/m³, até a
entrega da madeira serrada no estabelecimento do cliente final no Rio de Janeiro ou
São Paulo, a uma distancia de 1.500 à 1.900 km ao custo de R$ 250,00/m³ a R$
300,00/m³. Embora o frete rodoviário seja maior no último trecho, o peso do frete
sobre o custo de produção é menor devido a agregação de valor do processamento
primário.
Tabela 40. Logística rodoviária de uma Serraria
Manejo Alta Floresta Alta Floresta Cliente Final
SP RJ
Distância (Km) 150km 1.500km 1.900km
Terreno terra e asfalto asfalto asfalto
Preço (R$/m³) R$ 60,00m³ R$ 250/m³ R$ 300/m³
Aspectos econômicos
Atualmente, os preços praticados pela empresa na região de Alta Floresta
variam de R$ 1.160,00 à R$ 1.260,00 por m³, sendo as Vigas responsáveis por 50% da
quantidade comercializada, seguido por Tábuas, Ripas e Pranchões respectivamente.
As perdas na produção por sua vez são em média de 38% do volume processado e por
sua vez compõe a base de cálculo do faturamento da empresa.
Tabela 41. Volumes e preços de uma Serraria
Descrição do Produto Quantidade
Comercializada (m³/ano)¹
Participação (%)
Preço de Venda (R$/m³)¹
Vigamento 2.480 50% R$ 1.210,00
Tabua 1.488 30% R$ 1.160,00
Ripa 496 10% R$ 1.160,00
Pranchão 496 10% R$ 1.260,00
TOTAL 4.960 100%
¹ Foi considerado na base de cálculo uma perda de 38% no processamento
61
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Os custos com mão de obra totalizam R$ 150,57/m³ de madeira processada e
são compostos por 14 funcionários de fabrica, 3 administrativos e um gerente.
Tabela 42. Custo de mão de obra de uma Serraria
Mão de Obra
Colaboradores Número (R$/m³)
Fabrica¹ 14 R$ 99,07
Administrativo² 3 R$ 37,74
Gerencia 1 R$ 13,76
TOTAL 18 R$ 150,57
¹Operador de serra fita, ajudante de serra fita, operador de alinhadeira, ajudante de alinhadeira, auxiliar geral, afiador, operador pá carregadeira.
² Serviços gerais de escritório
Os custos totais de produção foram estimados em torno de R$ 428,41 por m³
de madeira processada, dos quais 54% são com frete rodoviário da floresta para o
processamento e do processamento até o porto marítimo, 23% com custos variáveis
de aquisição de matéria prima, energia, água e combustível, 22% com mão de obra
para 14 funcionários de fábrica, 3 administrativos e um gerente, e o restante com
custos fixos de aluguel e impostos.
Tabela 43. Custos de produção de uma Serraria
Custos Operacionais
(R$/ano) (R$/m³) Participação (%)
Custos Fixos¹ R$ 36.500,00 R$ 4,56 1%
Custos Variáveis² R$ 800.000,00 R$ 100,00 23%
Mão de Obra³ R$ 746.850,00 R$ 93,35 22%
Frete Rodoviário R$ 1.844.000,00 R$ 230,50 54%
TOTAL R$ 3.427.350,00 R$ 428,41 100%
¹ Incluso aluguel e impostos sobre a empresa
² Aquisição de matéria prima, energia, agua, combustível e impostos sobre a produção ³ Custos para 18 funcionários (14 de Fábrica, 3 Administrativos e 1 Gerente)
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11.6 Estudos de caso – PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO
Para este estudo de caso foi entrevistada uma empresa de grande porte que atua
nas três etapas da cadeia de exploração e processamento de madeira nativa
(exploração, processamento primário e processamento secundário). A mesma realiza
manejo florestal e possui uma Serraria no Município de Aripuanã, e uma Faqueadora/
Beneficiadora de madeira em Várzea Grande no município de Cuiabá. A empresa é
considerada de médio porte com capacidade de processamento de 24.000 m³ ano e
uma área fabril de 5 hectares. Os produtos comercializados são Decks e Piso.
Aspectos produtivos
A segunda fase do processamento de madeira consiste no acabamento da
madeira em plaina pneumática, que envolve o arredondamento das bordas, desenhos
e formatos de acordo com as demandas dos clientes. O processo inicia-se com a
madeira serrada no pátio para a gradeação, onde ocorre a separação de madeira. A
seguir, a madeira vai para a estufa de secagem onde a mesma permanece em
descanso por 10 a 15 dias para estabilização da madeira e para evitar empenos, por
exemplo. Posteriormente a madeira segue para a linha de processamento onde a
mesma passa por uma série de processos a partir da desmontagem do fardo,
desengrosso de expessura, plaina, classificação e destopadeira, encaixes no piso (no
topo da peça), separação e montagem do pacote, montagem dos fardos e embalagem
e estoque.
A capacidade de processamento da fabrica é de 24.000m³/ano e atualmente
opera com apenas 20% de capacidade ociosa. A perda no processamento é de
aproximadamente 15% e os principais produtos comercializados são Pisos e Decks com
50% de participação cada no volume total comercializado.
Mercado
A madeira beneficiada é destinada 80% à exportação e 20% ao mercado
interno, sendo 20% para empresas grandes, 70% para empresas médias e 10% para
empresas pequenas. Quando exportado, 5 a 10% são realizados via intermediários
(Trading Company) e o restante das vendas realizadas diretamente. A negociação é
FOB e entregue nos portos de Paranaguá (para a Europa e Ásia) e Navegantes (para os
EUA). A forma de venda é a prazo com seguro na América do Sul, e o restante via
cobrança documentaria (transferência mediante entrega dos documentos). O uso final
dos produtos são 50% indústria moveleira e 50% construção civil. O diferencial
competitivo da madeira é a alta demanda que países de clima frio têm por madeira
nativa de boa qualidade, além de uma demanda aparente maior do que a oferta,
refletindo um potencial de crescimento do setor.
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Logística
A logística inclui a coleta da matéria prima de madeira em tora Região Noroeste
(Colniza e Aripuanã) a 1.100km de distância de Várzea Grande. A rodovia é 80% asfalto
e o custo de transporte varia de R$ 180,00 a 210,00/ m³. Após o processamento
primário e secundário, o produto acabado segue para os portos de Paranaguá e
Navegantes, a uma distância aproximada de 1.850km, em estradas 100% asfaltadas e
ao custo de R$ 165,00 a R$ 185,00/ tonelada.
Tabela 44. Logística rodoviária de uma Beneficiadora
Manejo Fábrica Fabrica Porto
Distância (Km) 1.100km 1.850km
Terreno terra e asfalto Asfalto
Preço (R$/ton) R$ 180 a R$ 210/m³ R$ 165 a 185/m³
Aspectos econômicos
Por serem produtos de maior valor agregado os preços variam de R$ 3.000,00
até R$ 8.000,00/ m³.
Tabela 45. Volume e preços de uma Beneficiadora
Descrição do Produto Quantidade
Comercializada (m³/ano)¹
Participação (%)
Preço de Venda (R$/m³)¹
Preço de Venda (R$/m³)¹
MIN MAX
Piso 8.500 50% R$ 3.000,00 R$ 5.000,00
Deck 8.500 50% R$ 3.500,00 R$ 8.000,00
TOTAL 17.000
¹ Foi considerado na base de cálculo uma perda de 15% no processamento
Os custos com mão de obra totalizam aproximadamente R$ 292,50/m³ e são
compostos por aproximadamente 120 funcionários de fabrica, 10 administrativos, 26
pessoas para o transporte e 4 gerentes.
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Tabela 46. Custos de mão de obra de uma Beneficiadora
Mão de Obra
Colaboradores Número (R$/m³)
Fabrica de Lâmina 80 R$ 91,00
Fabrica de Piso 40 R$ 97,50
Administrativo 10 R$ 48,75
Gerencia 4 R$ 4,55
Transporte 26 R$ 50,70
TOTAL 160 R$ 292,50
Os custos totais de produção foram estimados em aproximadamente R$
2.761,00/m³, dos quais 50% são custos variáveis com matéria prima, insumos de
produção, combustível, manutenção e combustível de equipamentos e veículos e
impostos sobre a produção, 20% são custos de frete rodoviário desde a coleta da
matéria prima na floresta até a entrega no porto marítimo, 19% são custos fixos com
energia, agua, taxas e impostos sobre a empresa, e 11% são despesas com mão de
obra para 160 funcionários.
Tabela 47. Custos de produção de uma Beneficiadora
Custos Operacionais
(R$/m³) Participação (%)
Custos Fixos¹ R$ 525,00 19%
Custos Variáveis³ R$ 1.380,00 50%
Mão de Obra³ R$ 292,50 11%
Frete Rodoviário R$ 564,00 20%
TOTAL R$ 2.761,50 100%
¹ Energia, agua, taxas e impostos sobre a empresa ² Matéria prima, insumos de produção, combustível, manutenção e combustível de equipamentos e veículos e impostos sobre a produção
³ 120 funcionários de fabrica, 10 administrativos, 26 pessoas para o transporte e 4 gerentes
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11.7 Compilação das simulações dos estudos de caso
Com o objetivo de facilitar a visualização das simulações de cada estudo de
caso, compilamos os principais resultados na tabela abaixo. Embora sejam atividades
bastante distintas, com períodos de investimento e custos de produção muito
variados, as atividades apresentaram taxas de retorno relativamente similares com
TIRs entre 11% e 19% (com exceção da opção de exploração em 25 anos do estudo de
caso 4, que se mostrou inviável quando considerado o custo da terra)54.
Tabela 48. Compilação das simulações de viabilidade econômica dos estudos de caso
Estudo de
Caso 1 Estudo de
Caso 2 Estudo de
Caso 3 Estudo de
Caso 4
Teca Eucalipto
Manejo Florestal
Manejo Florestal (FSN)
Região Alta Floresta Tangará da
Serra Juína Cotriguaçu
Período de investimento 20 anos 12 anos 10 anos 25 anos 10 anos
Área de implementação 1.200 ha 1.200 ha 4.800 ha 5.350 ha 5.350 ha
Custo de Aquisição de Terra (R$/há)
R$ 8.500 R$ 3.000 R$ 1.075 R$ 1.075 R$ 1.075
Custos totais de produção (R$/há)¹
R$ 134.166 R$ 47.335 R$ 2.496 R$ 2.165 R$ 2.015
Fluxo de Caixa Acumulado (R$ mil)
R$ 30.878 R$ 1.573 R$ 3.486 R$ 4.716 R$ 5.456
VPL (R$ mil) R$ 4.798 R$ 195 R$ 466 R$ -1.360 R$ 1.467
TIR 18,68% 11,15% 10,69% 5,26% 14,42%
Payback 20 anos 12 anos 9 anos N/A 8 anos
¹ Inclui aquisição de terra e não considera frete rodoviário
Foram identificadas as seguintes causas para a baixa competitividade dos estudos de
caso estudados:
FLORESTAS PLANTADAS
O custo de transporte é um fator importante que influencia ambos os estudos de caso.
Muito embora os custos de frete sejam maiores para o estudo de caso de Teca (região
de Alta Floresta), ao se analisar o fluxo de caixa constatamos que este custo teve maior
54 Todavia é importante ressaltar que estes resultados são conservadores, uma vez que foi considerado os custos de aquisição de
terra no ano zero mas sem a inclusão de receitas de venda no ano final do projeto por dois motivos: (1) Este estudo não pretende
abordar os aspectos relacionados a valorização de terra, (2) Os entrevistados pretendem permanecer com a terra após o ciclo de
produção analisado.
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impacto sobre o estudo de caso de Eucalipto uma vez que o custo é
proporcionalmente maior devido ao baixo valor agregado do Eucalipto se comparado
com a Teca. Outro fator importante é a baixa produtividade do Eucalipto,
principalmente por estar localizado em uma região de terreno arenoso, mas também a
baixa disponibilidade de material genético. A qualidade da madeira, em especial de
Teca, é provavelmente o fator mais importante e que determina a competitividade da
atividade. De acordo com o estudo de caso, “sempre haverá demanda para uma Teca
de alta qualidade”.
MANEJO FLORESTAS DE ESPÉCIES NATIVAS
Os preços relativamente baixos de madeira nativa podem ser influenciados pela
competitividade desleal com madeira ilegal. Assim, é fundamental implementar a Lei
PSS55 e fortalecer ações de comando e controle para redução de desmatamento ilegal
e que por sua vez deve ajudar o setor a praticar preços mais altos, e por sua vez
influenciar a viabilidade e competitividade da atividade. No que se refere aos custos
de produção, muito embora o custo de transporte não tenha integrado os fluxos de
caixa desse estudo56 os mesmos são o principal determinante nos custos de produção
da atividade.
A tabela abaixo mostra a compilação das análises de sensibilidade das
simulações dos estudos de caso, que buscam refletir os melhores e piores cenários
econômicos influenciados pelos fatores descritos nos estudos de caso.
Tabela 49. Compilação dos resultados das Análises de Sensibilidade dos estudos de caso
Estudo de Caso 1
Estudo de Caso 2
Estudo de Caso 3
Estudo de Caso 4
Teca Eucalipto
Manejo Florestal
Manejo Florestal (FSN)
Período de investimento
20 anos 12 anos 10 anos 25 anos 10 anos
VPL (R$Mil) MIN (-) R$ 442 (-) R$ 248 (-) R$ 2.600 (-) R$ 3.200 (-) 1.600
MAX R$ 10.696 R$ 639 R$ 3.500 R$ 600 R$ 4.600
TIR (%) MIN 6,0% <0% <0% <0% 1,15%
MAX 22,91% 15,99% 23,36% 9,87% 25,63%
55
O Plano de Suprimento Sustentável (Lei 12.651/2012) garante aos que consomem de matéria prima florestal venham a prover
de produtos florestais de origem legal e sustentável, criando assim um equilíbrio entre o consumo e a produção, logo, sendo uma das ações norteadoras para evitar o desmatamento ilegal 56
Uma vez que o custo de frete rodoviário é pago pela Serraria no estudo de caso da região de Juína.
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12. Leis e licenças que mais impactaram a atividade florestal
Tendo em vista a complexidade regulatória sobre o setor florestal, os entrevistados
de cada fase da cadeia produtiva deste trabalho foram questionados sobre as
principais leis e licenças que incidem sobre a sua atividade, de forma que possamos
visualizar com maior facilidade as ocorrências em cada etapa da cadeia produtiva do
setor florestal no Mato Grosso.
Desta forma a tabela abaixo apresenta as respostas de cada estudo de caso de
forma a ajudar na visualização dos aspectos regulatórios da cadeia produtiva florestal.
A descrição das leis e licenças pode ser encontrada no anexo 5 ao final desse relatório.
68
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Tabela 50. Leis e licenças que mais impactam a atividade florestal dos estudos de caso
Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5
Teca Eucalipto
Manejo Florestal
Processamento Primário *
Processamento Secundário **
Periodicidade
Leis que impactam o
negócio
Código Florestal X X X
CONAMA 237 X X X X X
CONAMA 406 X X X
CONAMA 411
X X
Decreto Estadual 1.862 X X X
NR 12 X X
NR 14 X X
Licenças necessárias
para a operação
Alvará X X Todo ano
APF X X Cadastro 1 vez
AUTEX X A cada POA
Cadastro CC-SEMA X X X Anual
Cadastro IBAMA X X X X X 1 vez + Taxa trimestral
CAR X X X 1 vez
DOF X Cadastro 1 vez
Inscrição Secr. Fazenda X X X X X 1 vez
Licença Ambiental (LP, LI e LO)
X X 3 anos¹
Plano de corte final plantadas (taxa vistoria)
X X
* Serraria ou laminadora
** Beneficiamento
¹ LI e LP uma única vez vez e LO a cada 3 anos
FONTE: Estudos de caso e ECO2 Ambiental (elaborado por IPAM)
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13. Certificação e exigência internacionais
No que se refere a origem da madeira, nenhum dos cinco estudos de caso informou
ter alguma modalidade de cerificação de madeira. Tampouco houve demonstração de
interesse pelos clientes das empresas entrevistadas em adquirir madeira certificada.
Entretanto, quatro dos cinco estudos de caso informaram ter interesse em certificar
sua madeira se houver apoio financeiro. No que se refere às exigências internacionais,
a única empresa entrevistada que exporta madeira nativa informou que as
exportações para os EUA devem atender as exigências da lei Lacey Act, 1900 e
portanto, atende às exigências internacionais.
Tabela 51. Certificação e exigências internacionais para os estudos de caso
Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5
Teca Eucalipto
Manejo Florestal
Processamento Primário *
Processamento Secundário **
Possui algum mecanismo de verificação ou certificação em atividade?
Não Não Não Não Não
Se houvesse algum tipo de apoio, a empresa se certificaria? Se sim, qual o tipo de apoio necessário?
Sim, apoio financeiro
Sim, apoio financeiro
Sim, apoio financeiro
Não há interesse
Sim, apoio Financeiro.
A produção é para exportação? Se sim, quais as exigências internacionais?
Exportam mas não há exigências.
não exportam
não exportam
não exportam
Todas as exportações para os USA
tem que atender Lancey
Act
A(s) ferramenta(s) de gestão da informação / rastreabilidade utilizadas pela sua empresa auxiliam no cumprimento dessas exigências?
Não possuem
Não possuem
Sim Não possuem Sim
*Serraria ou laminadora ** Beneficiamento
14. Análise SWOT
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TECA
EUCALIPTO
Forças Fraquezas Forças Fraquezas
- Clima favorável - Solo de boa qualidade - Baixo custo de terra - Existência de empresas de mudas
- Falta de mão de obra qualificada - Logística ruim aumenta o custo de produção - Dificuldade de fornecimento por ser um setor incipiente com processamento não associado a produção de madeira plantada - Dificuldade de obter financiamento
- Clima favorável - Baixo custo de terras - Conhecimento acumulado no setor - Setor consolidado com grande demanda por Lenha - Existência de empresas de mudas
- Falta de mão de obra qualificada - Setor incipiente com processamento de Tora não associado a produção de madeira plantada - Baixo material genético disponível - Dificuldade de obter financiamento - Restrição de compra de terra por estrangeiros
Ameaças Oportunidades Ameaças Oportunidades - Risco de não haver melhorias logísticas (rodovia, hidrovia) para escoamento da produção - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios,
inundações, etc.)
- pragas e doenças
- Possibilidade de escoamento através de hidrovias na região noroeste do MT e melhorias rodoviárias - Demanda internacional por Teca de alta qualidade é maior do que oferta - Aumento da demanda interna devido ao aumento da procura por indústrias processadoras
- Pecuária como alternativa para silvicultura - Produtos substitutos como madeira recomposta (MDF, OSB) e sintéticos (plástico, PVC) - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios, inundações, etc.) - pragas e doenças
- Substituto da madeira nativa (devido ao aumento do preço da nativa) - Aumento da demanda por biomassa pela crescente produção de grãos no estado - Oportunidade de crescimento
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PROCESSAMENTO PRIMÁRIO
PROCESSAMENTO SECUNDÁRIO
Forças Fraquezas Forças Fraquezas
- Disponibilidade de matéria prima devido a floresta nativa abundante - Setor consolidado favorece demanda por industrias de processamento
- Elevado custo tributário e de energia elétrica aumenta o custo de produção - Opinião publica ruim da atividade florestal nativa prejudica a atividade - Dificuldade de obter financiamento - Logística ruim aumenta o custo de produção
- Boa qualidade da matéria prima - Alta disponibilidade de matéria prima (grande área de florestas nativas a serem manejada)
- Logística de difícil acesso para coleta de matéria prima nativa - Elevado custo tributário e de energia elétrica aumenta o custo de produção - Logística ruim aumenta o custo de produção
Ameaças Oportunidades Ameaças Oportunidades - Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Insegurança Jurídica - Possibilidade de criação de áreas protegidas
- Possibilidade de escoamento através de hidrovias na região noroeste do MT
- Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor
- Alta competitividade do setor através de produtos de qualidade - Demanda maior do que oferta (principalmente por países frios)
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MANEJO FLORESTAL Forças Fraquezas
- Floresta nativa abundante - Qualidade e tipo de espécies - Setor consolidado favorece demanda por indústrias de processamento
- Opinião pública ruim da atividade florestal nativa - Dificuldade de obter financiamento - Logística ruim aumenta o custo de produção - Excessivos entraves ambientais
Ameaças Oportunidades - Competição desleal de madeira ilegal induz a preços mais baixos de madeira legal - Possibilidade de criação de áreas protegidas pode restringir potencial de exploração em alguns locais - Instabilidade jurídica gera visão de curto prazo do empreendedor - Fenômenos naturais (incêndios, chuvas, etc.)
- Demanda maior do que oferta
Com o objetivo de compreender a atual situação da cadeia florestal, foi realizada uma
análise SWOT57 de cada fase da cadeia produtiva do setor florestal. Desta forma, foram
aplicadas perguntas a cada estudo de caso sobre as forças e fraquezas dos aspectos internos
da empresa, bem como as ameaças e oportunidades sobre os aspectos externos..
Em termos gerias, no ambiente interno, as principais forças apontadas pelo setor de
florestas plantadas foram o clima, baixo custo de terras frente a outros estados, existência
de empresas de mudas como fator determinante no potencial de desenvolvimento do setor,
e demanda consolidada por lenha de eucalipto. No manejo e industrialização, por serem
processadoras de matéria prima nativa, os entrevistados mencionaram como principal força
a disponibilidade de matéria prima nativa e de boa qualidade.
Ainda no ambiente interno, as principais fraquezas apontadas pelo setor de florestas
plantadas foram a falta de mão de obra qualificada, alto custo logístico (principalmente de
Teca para exportações) e maior dificuldade de comercialização para indústrias locais se
comparado com o setor de florestas nativas. Na parte de manejo de nativas foram
mencionados os excessivos entraves ambientais, imagem negativa sobre a atividade florestal
e dificuldade em obter financiamento para a atividade. Na fase industrial foi apontado a
elevada carga tributária e custos com energia elétrica e logística de difícil acesso para coleta
de matéria prima.
57
Análise SWOT (em inglês; Strenghts, Weeaknesses, Oportunities and Threats) é conhecido em português como Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças).
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No que se referem ao ambiente externo, as principais oportunidades apontadas pelos
entrevistados do setor de florestas plantadas foram o potencial de aumento de demanda
das indústrias locais por lenha de teca e tora de eucalipto como substituto a madeira nativa,
grande demanda internacional por teca de alta qualidade, e o potencial de melhoria logística
via transporte fluvial ou melhorias na malha rodoviária. Para o manejo e indústria de
processamento de madeira nativa, foi apontada como oportunidade a maior demanda por
madeira nativa se comparado com a plantada, devido a alta qualidade da matéria prima
nativa.
E por fim, as principais ameaças apontadas foram a instabilidade jurídica e
regulatória, bem como os riscos de não haver investimentos em infraestrutura de
transporte, fatores apontados por todos os entrevistados da cadeia. Esses fatores reduzem o
incentivo dos empresários em realizar investimentos de longo prazo no setor.
Para o setor de manejo florestal de nativas, a competição desleal com madeira nativa
de origem ilegal se mostrou a principal ameaça que por sua vez obriga produtores legais a
operar com baixas margens de lucro ou muitas vezes encerrar suas atividades. Para o setor
de Eucalipto foi apontado como ameaça a possibilidade de haver produtos substitutos como
madeira recomposta (MDF e OSB) e sintéticos (plástico e PVC), bem como a atividade de
pecuária como uma atividade econômica potencial para substituir a silvicultura devido ao
baixo risco da atividade.
15. Comentários finais
Este estudo levantou os principais fatores que influenciam o desenvolvimento do setor
florestal no Mato Grosso. O trabalhou abordou os aspectos mercadológicos, econômicos,
fiscais e tributários, sociais e ambientais da fase produtiva de florestas nativas e plantadas,
bem como o processamento primário e secundário, uma vez que os mesmos desempenham
um papel crucial na demanda dos produtos florestais.
O principal desafio da pesquisa foi acessar os custos detalhados de produção uma vez
que estes são parte estratégica dos negócios das empresas entrevistadas ou nem sempre
são contabilizados de forma detalhada pelos empresários.
Três entrevistados, sem mesmo terem sido questionados, informaram uma disposição a
receber de US$ 100 a US$ 150/ hectare/ano para deixar de exercer o manejo florestal e
manter as florestas de pé. Isso é um dado importante pois reflete o custo de se manter as
florestas em pé na região.
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A analise das seis empresas estudadas, aponta que os principais desafios são a
competição desleal com madeira ilegal, insegurança regulatória, excessiva burocracia e
morosidade pelos órgãos ambientais, escassez de mão de obra qualificada, dificuldade de
acesso a financiamento e logística precária. Por outro lado, os principais pontos positivos
apontados são a alta demanda por produtos madeireiros do Mato Grosso, grande potencial
de crescimento do setor, qualidade de matéria prima, clima favorável e baixo custo de
terras.
Os estudos de viabilidade econômica a partir dos quatro estudos de caso da fase de
produção mostraram viabilidade econômica praticamente em todos os casos, muito embora
os retornos sejam relativamente baixos com Taxas Internas de Retorno abaixo de 15%. Isso
se deve principalmente aos desafios mencionados acima na análise SWOT.
Em particular na FSN, realizamos quatro simulações com exploração da área realizada
em um período de 25 anos (consequentemente configurando sustentabilidade econômica
de longo prazo após o 25° ano) bem como exploração da área em 10 anos. Testamos esses
dois cenários com e sem o custo de aquisição de terra no ano zero. Quando considerado o
custo de terra, a simulação de exploração em 25 anos não se mostrou economicamente
viável devido às baixas receitas anuais comparadas com os altos investimentos iniciais, bem
como o custo do capital em um projeto de investimento de longo prazo (25 anos). Já a
exploração em 10 anos se mostrou viável com uma TIR de 14,42% e payback de 8 anos.
Visto que o custo de terra da FSN já foi amortizado pela ONF devido à doação financeira
da fazenda, portanto, realizamos a mesma simulação sem o custo de terra. Ambas as opções
se mostraram bastante viáveis com um VPL e de R$ 6,7 milhões na exploração em 10 anos e
de R$ 3,9 milhões na opção de exploração em 25 anos (devido ao custo do capital do longo
período de investimento). Isso mostra que ambos as opções são viáveis muito embora a
exploração em 10 anos seja financeiramente mais atrativa. Nesse sentido, sugerimos que
uma análise ecológica de impacto na região seja realizada nos dois cenários com o objetivo
de integrar a análise de custo-benefício na escolha pelo período de tempo do manejo
florestal sustentável da FSN.
Visto que a viabilidade econômica do setor florestal está sujeita a variáveis internas e
externas, que podem em grande parte ser influenciadas por ações do PDFS-MT, Lei PSS,
comando e controle, investimentos em infraestrutura, dentre outros, realizamos uma
análise de sensibilidade a partir das variáveis que melhor refletem tais fatores, que são: o
preço da madeira, custos de produção, frete rodoviário, produtividade a taxa de câmbio.
A partir desta simulação foi possível encontrar não apenas o ponto de equilíbrio onde
cada atividade se torna viável, mas principalmente encontrar, mesmo com dados
conservadores, os cenários mais otimistas com TIRs de até 25% para o manejo florestal
sustentável, 20% para a Teca e 13% para o Eucalipto.
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Tais resultados demonstram a viabilidade econômica que as empresas florestais podem
vir a ter caso as melhorias no setor venham a ocorrer, em especial as ações previstas no
PDFS que ainda não possuem recursos suficientes para a sua plena implementação. Também
é necessário reunir esforços para criar sistemas de monitoramento e controle mais
eficientes na cadeia de custódia na operacionalização do PSS, por sua vez reduzindo a
competição desleal com madeira ilegal no Mato Grosso.
Portanto, esperamos por meio desse estudo que a análise SWOT, em conjunto com as
simulações financeiras, venha mostrar com maior clareza os gargalos e oportunidades bem
como a viabilidade econômica do setor florestal no Mato Grosso até 2030.
76
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16. Referências Bibliográficas
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CIPEM. Programa de Desenvolvimento Florestal Sustentável de Mato Grosso – Produto 3 –
Proposta Preliminar para o PDFS/MT05 CIP 0113 R00, Centro das Indústrias Produtoras e
Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (CIPEM), Curitiba, Paraná, 2014.
CIPEM. Programa de Desenvolvimento Florestal Sustentável de Mato Grosso – Produto 4 –
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WILCKEN, C. F.; LIMA, A. C. V.; DIAS, T. K. R.; MASSON, M. V.; FILHO, P. J. F.; POGETTO, M. H.
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Pesquisas Agrícolas e Florestais – FEPAF. Botucatu, São Paulo, 25 p, 2008. ISBN 978-85-
98187-10-5.
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ANEXO
Anexo 1. Regiões de coleta de dados
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Anexo 2. Empresas entrevistadas
Empresas Contatadas Etapa da Cadeia Produtiva Questionário Entrevista Município Tamanho
Bacaeri Florestal Reflorestamento de Teca e
processamento primário X Alta Floresta Médio
Emaflor Agroflorestal Ltda Reflorestamento de
Eucalipto e processamento primário
X Reserva do
Cabaçal Pequeno
ECO2 Ambiental (Manejo Camanducaia)
Manejo Florestal Sustentável
X Juína Pequeno
Fazenda São Nicolau - FSN Manejo Florestal
Sustentável X Cotriguaçu Pequeno
"Confidencial"¹ Manejo florestal de nativas e processamento Primário
X Alta Floresta Pequeno
SM Madeiras Manejo florestal de nativas, processamento primário e
secundário X
Aripuanã e Cuiabá
Grande
Flora Sinop Mudas de Teca X Sinop Médio
Brazil Tropical Reflorestamento,
processamento primário e secundário
X Alta Floresta Médio
¹ A empresa não autorizou divulgar o nome mas permitiu o uso das informações neste este estudo ² Consideramos os critérios do BNDES para estabelecer as faixas de faturamento das empresas: Empresa de pequeno porte: Faturamento anual de até 16 milhões Empresa de médio porte: Faturamento anual de até R$ 90 milhões Empresa de médio-grande: Faturamento acima de R$ 90 milhões http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/porte.html
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Anexo 3. Impactos esperados com a implementação do Plano de Desenvolvimento Florestal do Mato Grosso (PDFS)
SETOR FLORESTAL NO MATO GROSSO EM 2012
Classe Produto
1.000 m³ Distribuição
Nativa Plantada EUCALIPTO TECA Total Nativa Plantada
Matéria-Prima
Toras 4.852 212 157,42 55 5.064 96% 4%
Lenha 2.168 739 549 190 2.907 75% 25%
Resíduos 2.426 0
2.426 100% 0%
Processamento Primário
Carvão 359 0 0 0 359 100% 0%
Serrados 1.728 0 0
1.728 100% 0%
Laminados 138 0 0 0 138 100% 0%
Processamento Secundário
Aplainados e Beneficiados
115 0 0 0 115 100% 0%
Pisos 48 0 0 0 48 100% 0%
Outros (portas,janelas, forros)
117 0 0 0 117 100% 0%
Produtos Não-Madeireiros
Látex 0 26
26 0% 100%
Fonte: STCP Engenharia, 2014
SETOR FLORESTAL NO MATO GROSSO EM 2030 (META APÓS IMPLANTAÇÃO DO PDFS)
Classe Produto 1.000 m³
Distribuição
Nativa Plantada EUCALIPTO TECA Total
Nativa Plantada
Matéria-Prima
Toras 6.000 3.550 1.750 1.800 9.550
63% 37%
Lenha 500 6.560 5.600 960 7.060
7% 93%
Resíduos 3.000 1.775 1.065 710 4.775
63% 37%
Processamento Primário
Carvão 500 1.093 774 319 1.593
31% 69%
Serrados 1.300 710 503 207 2.010
65% 35%
Laminados 200 178 126 52 378
53% 47%
Processamento Secundário
Aplainados e Beneficiados
270 178 126 52 448
60% 40%
Pisos 210 133 94 39 343
61% 39%
Outros (portas,janelas, forros)
270 133 94 39 403
67% 33%
Produtos Não-Madeireiros
Látex 0 100 100
0% 100%
Fonte: STCP Engenharia, 2014 (adaptado por IPAM)
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Anexo 4. Fotos de processos de produção e exploração
Viveiro de mudas
Muda em tubete
Teca Plantio no ano 0
Teca Plantio ano 12
Teca Madeira Serrada no pátio
Teca Madeira Beneficiada S4F (aplainada 4 faces)
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Eucalipto Plantio em solo arenoso no ano 1
Eucalipto Desrrama
Plantio de Eucalipto
Após a desrrama
Eucalipto
Resultado da desrrama
Manejo de Nativas
Corte
Manejo de Nativas Arraste por Skidder
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Manejo de Nativas
Carregamento na esplanada secundária
Manejo de Nativas
Transporte
Processamento Primário
Serra Fita
Processamento Primário
Destopadeira
Processamento Primário
Refiladeira
Processamento Primário
Estoque
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Processamento Secundário
Madeira serrada no pátio (estoque)
Processamento Secundário
Estufas de Secagem
Processamento Secundário Estabilizadora de madeira
Processamento Secundário
Desengrosso para espessura desejada
Processamento Secundário
Plaina para remover irregularidades
Processamento Secundário
Classificação dos defeitos das peças
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Processamento Secundário
Destopadeira para cortes transversais
Processamento Secundário
Fresadora para usinagem de madeira
Processamento Secundário
Montagem e amarração de fardos
Processamento Secundário
Montagem de fardo e estoque de madeira beneficiada
Fonte: Eco2 Ambiental
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Anexo 5. Descrição das principais leis e licenças relatadas pelos estudos de caso
APF - Autorização Provisória de Funcionamento (Decreto Nº 230/2015)
A APF fica instituída, no âmbito da Licença Ambiental Única, para autorizar o exercício da
atividade de agricultura e pecuária extensiva e semiextensiva58.
AUTEX - Autorização de Exploração Florestal
Documento expedido pelo órgão competente que autoriza o início da exploração e
especifica o volume máximo por espécie permitido para exploração, com validade de 12
(doze) meses podendo ser prorrogada por mais 12 (doze) meses, desde que devidamente
justificada no relatório técnico de exploração acompanhado de ART/CREA;
Alvará
O Alvará é um documento ou declaração emitido pela prefeitura, que garante a autorização
de funcionamento para qualquer tipo de empresa ou comércio.
Código Florestal - Lei Nº 12.651/2012
“Estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação
Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-
prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos
incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus
objetivos.”
CONAMA 237/1997
"Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o
licenciamento ambiental".
CONAMA 406/2009
Estabelece parâmetros técnicos a serem adotados na elaboração, apresentação, avaliação
técnica e execução de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) com fins madeireiros,
para florestas nativas e suas formas de sucessão no bioma Amazônia.
CONAMA 411/2009
“Dispõe sobre procedimentos para inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras
de produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa, bem como os
respectivos padrões de nomenclatura e coeficientes de rendimento volumétricos, inclusive
carvão vegetal e resíduos de serraria.”
58 A APF-Rural vai substituir a LAU provisoriamente até 31 de agosto de 2017.
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CAR - Cadastro Ambiental Rural
O CAR é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade
integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação
Permanente – APP; das áreas de Reserva Legal; das florestas e dos remanescentes de
vegetação nativa; das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e
posses rurais do país.
Cadastro IBAMA
Cadastro obrigatório para pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais.
Cadastro CC-SEMA - Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (Portaria Nº
601/2015)
A inscrição do CC-SEMA deverá ser realizada pelas pessoas físicas e jurídicas que produzam,
extraiam, coletem, serrem, beneficiem, transformem, industrializem, comercializem,
utilizem, armazenem e consumam produtos e subprodutos de origem florestal no Estado de
Mato Grosso.
Decreto Estadual 1.862/2009
Regulamenta a Lei Complementar nº 233, de 21 de dezembro de 2005 no que diz respeito
aos procedimentos de elaboração, análise e acompanhamento dos Planos de Manejo
Florestal Sustentável no Estado de Mato Grosso.
NR 12
Estabelece as medidas de prevenção de segurança e higiene do trabalho a serem adotadas
pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção de máquinas e
equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho.
NR 14
Estabelece as recomendações técnicos-legais pertinentes à construção, operação e
manutenção de fornos industriais nos ambientes de trabalho.
DOF - Documento de Origem Florestal (Portaria Nº 253/2006)
Licença obrigatória para o transporte e armazenamento de produtos e subprodutos
florestais de origem nativa, contendo as informações sobre a procedência desses produtos,
gerado pelo sistema eletrônico.
Licença Ambiental - LP, LI e LO (Portaria Estadual Nº 129/1996)
Estabelece a obrigatoriedade das licenças ambientais para a construção, instalação,
ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente degradadores.