Ansiedade. Você já conviPor Nilcéa Da Silva Coelho, Domingo, 22 de janeiro de 2012 às 13:54

Ansiedade. Você já convive com ela.                                   Elaborado por Adriana Gomes - Psicóloga Há alguns meses, notei um leve tremor nas mãos, acompanhado da sensação de estar perdendo coisas importantes das quais eu não conseguia dar conta. Estava em um estado de ansiedade permanente e até sentia alguma irritabilidade. Verifiquei que esses sintomas e sensações costumavam surgir depois de algumas horas diante do meu computador, quando estava com o TweetDeck, o LinkedIn, o Facebook, o Outlook e meu navegador acionados durante o trabalho. Isso começou a me incomodar profundamente e me levou a considerar que não estava produzindo tanto quanto poderia. Foi a partir daí que me deparei com uma pesquisa realizada com 194 mil funcionários de 200 empresas brasileiras, sendo atualizada ao longo dos últimos dez anos pela empresa do segmento de saúde corporativa CPH Health, e que revela dados sobre o mapa da saúde no ambiente de trabalho no Brasil. É o caso de se pensar o quão doentes podem ser alguns ambientes de trabalho. A pesquisa demonstra que:6,7% dos trabalhadores apresentam pressão arterial elevada13,8% estão com o nível de colesterol acima do normal15,3% sofrem de enxaqueca45,1% estão acima do peso ou obesos48,3% declaram sentir ansiedade49,2% se declaram estressadosO que surpreendeu os pesquisadores foi o aparecimento do fator ansiedade, que até então não havia surgido. O stress já é velho conhecido e tem alta pontuação. Como passamos a maior parte do nosso tempo na relação de trabalho, é importante pensar que qualidade de vida se tem. Claro que há fatores genéticos, porém o quadro da saúde do trabalhador é bem precário, conforme vimos em alguns dados apresentados.Muitos veem o trabalho como um mal necessário, mas ele também é fonte de socialização, de autoconhecimento, autodesenvolvimento, de aprimoramento pessoal e técnico, de reconhecimento e de valorização, entre outras coisas. É sabido que profissional doente e pouco motivado produz menos.Algumas empresas investem em programas de qualidade de vida, mas, nessa massa crítica de bem-intencionados, há organizações que colocam à disposição dos empregados serviços que fazem com que os profissionais fiquem mais tempo ao alcance da empresa, contribuindo para incrementar as estatísticas acima.Na era do conhecimento, segundo Peter Drucker, ainda não encontramos um bom ponto de equilíbrio entre a vida profissional e a vida fora do trabalho. As tecnologias de informação e de comunicação nos mantêm mais tempo conectados e com mais facilidade de acesso, ficando quase impossível não se mostrar disponível. Os gestores mais vorazes acabam não respeitando limites e em muitos casos nem o próprio indivíduo, pois são adictos da internet e/ou do próprio trabalho.Para resolver meu problema, aquele que deu início a este artigo, me desplugo da “matrix” na sexta-feira e não passo nem na frente do meu computador. Tenho o privilégio de me embrenhar nas montanhas, onde não tenho acesso a internet, televisão e meu telefone só recebe chamadas. Tenho conseguido viver muito bem e sem a sensação de que estou perdendo informações. Ao contrário, estou mergulhando no universo natural e conhecendo

dezenas de espécies de aves, animais silvestres e insetos dos mais variados tipos e formatos, além de conviver com o silêncio e com a escuridão total. A rica e inenarrável experiência de estar a sós comigo mesma!Ansiedade? Só volta na segunda-feira, porém fico muito mais tranquila e consciente de que o universo pode viver sem mim nos finais de semana. Sem culpa. Mas ainda chegarei na minha semana TQQ. (Para quem não sabe o que é TQQ: terça, quarta e quinta.) Boa semana para todos!