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Resumo do Antigo Regime A SOCIEDADE DO ANTIGO REGIME A sociedade dos séc. XVI a XVIII era muito desigual, constituída por pessoas com grandes privilégios e outras que, embora fossem a força de trabalho que sustentava as nações, só tinham obrigações. Era então uma sociedade injusta, determinada pelo nascimento, muito fechada e hierarquizada. É a típica sociedade de ordens ou estados: CLERO Cerca de 4% da população total NOBREZA Cerca de 10% da população total POVO Os restantes 86% da população do reino Funções Zelava pelas almas; dedicava-se ao culto a Deus; dedicava-se às obras de assistência e ao ensino. Dedicava-se sobretudo à defesa da nação através do exercício das armas; Alguns nobres possuíam profissões liberais na corte. Era a ordem mais numerosa e a que se dedicava aos trabalhos braçais. A Burguesia, que também pertencia ao povo, trabalhava em actividades mais lucrativas. Privilégios E Rendimentos Recebia rendas do rei; Isento de impostos, Isento de prestar serviço militar, Possuía foro privado e direito Canónico (tinha as suas leis e tribunais próprios), Tinha direito à cobrança da dízima. Isento de impostos, recebiam subsídios, recebiam rendas dos reis e dos camponeses, tinham direito a tratamentos e penas especiais, tinham direito a roupas próprias, de tecidos muito finos e muito adornados. O povo só tinha obrigações: pagar rendas, tributos, trabalhar, prestar serviço militar… Grande parte do povo vivia na miséria, sem terras suas, trabalhando nas dos senhores, em troca do pagamento de rendas e dízimas.

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Resumo do Antigo Regime

A SOCIEDADE DO ANTIGO REGIME

A sociedade dos séc. XVI a XVIII era

muito desigual, constituída por pessoas com

grandes privilégios e outras que, embora fossem

a força de trabalho que sustentava as nações, só

tinham obrigações. Era então uma sociedade

injusta, determinada pelo nascimento, muito

fechada e hierarquizada. É a típica sociedade de

ordens ou estados:

CLERO

Cerca de 4% da

população total

NOBREZA

Cerca de 10% da

população total

POVO

Os restantes 86% da

população do reino

Funções

Zelava pelas

almas;

dedicava-se ao

culto a Deus;

dedicava-se às

obras de

assistência e ao

ensino.

Dedicava-se

sobretudo à

defesa da nação

através do

exercício das

armas;

Alguns nobres

possuíam

profissões liberais

na corte.

Era a ordem mais

numerosa e a que

se dedicava aos

trabalhos braçais.

A Burguesia, que

também pertencia

ao povo,

trabalhava em

actividades mais

lucrativas.

Privilégios

E

Rendimentos

Recebia rendas do

rei;

Isento de

impostos,

Isento de prestar

serviço militar,

Possuía foro

privado e direito

Canónico (tinha as

suas leis e

tribunais

próprios),

Tinha direito à

cobrança da

dízima.

Isento de

impostos,

recebiam

subsídios,

recebiam rendas

dos reis e dos

camponeses,

tinham direito a

tratamentos e

penas especiais,

tinham direito a

roupas próprias,

de tecidos muito

finos e muito

adornados.

O povo só tinha

obrigações: pagar

rendas, tributos,

trabalhar, prestar

serviço militar…

Grande parte do

povo vivia na

miséria, sem

terras suas,

trabalhando nas

dos senhores, em

troca do

pagamento de

rendas e dízimas.

Page 2: Antigo Regime Resumo PDF

CLERO NOBREZA POVO

Hierarquia

Pertencia-se ao Clero

essencialmente por

vocação. No entanto,

grande parte do Clero

provinha da Nobreza,

uma vez que era uma

ordem privilegiada e

rica. Estava dividido

em Alto Clero

(Bispos, Cardeais…) e

Baixo Clero (os

padres, párocos,

curas…).

Os primeiros viviam

nas cidades,

enquanto que os

últimos viviam junto

dos pobres, nas

aldeias.

A ascensão a esta

ordem era muito

difícil, mas podia ser

feita através da

compra de títulos,

por concessão do

monarca ou por

casamento.

Era também

hierarquizada:

existia a de espada

(que combatia), a de

corte (vivia junto ao

rei e dispunha de

muitos privilégios), a

de província (ligada

à terra) e a toga

(proveniente da

Burguesia, era o

estrato mais baixo).

Neste terceiro

estado, a única

divisão possível de

estabelecer é a de

povo e burguesia. O

povo é composto

pelos trabalhadores

braçais (agricultores,

artesãos).

A Burguesia detém o

poder económico. É

o estrato mais rico

da sociedade,

chegando a ser,

muitas vezes, mais

rico que a própria

Nobreza. No

entanto, não dispõe

de poder político

nem prestígio social.

O ABSOLUTISMO

Desde a Idade Média que os reis pretendem uma diminuição do poder dos

nobres, tentando concentrar nas suas mãos o maior número de funções e

actividades por forma a fortalecer o seu próprio poder e a enfraquecer o poder dos

seus adversários.

O absolutismo atinge a sua forma mais acabada em França. É com Luís XIV

que esta ideologia política atinge o seu máximo. O seu lema, “O Estado sou eu”,

torna-se o símbolo do Absolutismo.

O monarca do Mercantilismo francês, Luís XIV, é um rei absoluto. Este

concentra a sua autoridade total e absoluta sobre os seus súbditos. Na sua pessoa

se concentram todos os poderes do Estado:

Page 3: Antigo Regime Resumo PDF

Também em Portugal, o sistema político que vigorava neste período era o

Absolutismo. Nesta altura, a forma de limitação do poder real era a convocação das

Cortes, órgão consultivo de carácter legislativo. As Cortes eram a representação da

nação e surgiam para consulta em casos de elaboração de diplomas de preceitos

gerais, lançamento de novos impostos e decisão de paz e guerra. Assim, os reis

portugueses (a partir de D. Pedro II e até D. João VI), deixam de as convocar e

passam a governar sozinhos. É com D. João V que o Absolutismo se consolida no

nosso país. Este rei tinha como grande ídolo Luís XIV de França, o “Rei-Sol”. Então,

quis imitar o seu ídolo e, aproveitando o ouro do Brasil e a riqueza que este ouro

dava a Portugal, também ele construiu uma corte numerosa, deu grandes festas e

enviou sumptuosas embaixadas aos outros países e ao Papa. À semelhança do rei

francês, mandou construir grandes e belos edifícios, como o Convento de Mafra ou

a Biblioteca da Universidade de Coimbra. Nasce no nosso país a arte Barroca.

O COMÉRCIO COLONIAL E O MERCANTILISMO

O comércio colonial que, como já se viu, trouxera imensa riqueza, tinha

como principais agentes, uma camada da população que tradicionalmente se

dedicava ao comércio e que dispunha de um enorme poder económico: a

Burguesia.

O fortalecimento de um Estado assentava na maior concentração de riqueza.

Ora se esta riqueza vinha do comércio colonial e, portanto, das transacções

comerciais, o Estado não podia deixar de intervir no comércio.

Esta intervenção, com interesses políticos, denomina-se Mercantilismo.

A teoria mercantilista, extraordinariamente seguida pela França e pela

Inglaterra, tem uma doutrina fundamental: a tese do Metalismo.

Segundo os seus teorizadores, a riqueza de um Estado está directamente

proporcional à existência de metais preciosos nesse mesmo Estado. Quanto mais

ouro e prata possuísse um Estado, maior riqueza poderia alcançar, já que poderia

cobrar mais impostos aumentando portanto as suas riquezas.

Os Estados que detivessem colónias exportadoras desses metais nobres

podiam assentar aí o seu enriquecimento. Aqueles que não estivessem nessas

condições teriam que tentar aumentar o ritmo do seu comércio, aumentando o

máximo de vendas ao estrangeiro (Exportações) e diminuindo as compras

(Importações) de modo a que os metais pudessem entrar em maior número do que

sair. Deste modo conseguir-se-ia uma balança comercial favorável.

Assim:

O MERCANTILISMO

PAÍS PAÍS

MERCANTILISTA MERCANTILISTA

OURO OURO

PRATA SAÍDA? NÃO! ENTRADA? SIM! PRATA

(O país empobrece) (O país enriquece)

Page 4: Antigo Regime Resumo PDF

COMO SE CONSEGUE?

PAÍS PAÍS

MERCANTILISTA MERCANTILISTA

PRODUTOS MANUFACTURADOS PRODUTOS MANUFACTURADOS

ENTRADA? NÃO! SAÍDA? SIM!

PRODUZIR MUITO…

EXPORTAR MUITO…

IMPORTAR O MENOS POSSÍVEL…

PORQUÊ?

EXPORTAÇÕES

IMPORTAÇÕES

IMPORTAÇÕES

EXPORTAÇÕES

DESEQUILÍBRIO: BALANÇA DESEQUILÍBRIO: BALANÇA

COMERCIAL DESFAVORÁVEL COMERCIAL FAVORÁVEL

Para que o mercantilismo resulte, é necessário que o Estado incentive a

produção, criando medidas que protejam os produtos e que evitem a concorrência

estrangeira. A isto se chamam “medidas proteccionistas”. Entre as principais

temos:

o lançamento de impostos de fronteiras pesados, sobre a importação de

produtos manufacturados,

a instituição de prémios ao comerciante com mais exportações,

a ajuda ao desenvolvimento industrial (subsídios, privilégios e desenvolvimento

das manufacturas, para que se melhore a produção nacional e assim se

aumente o número de produtos a exportar).

Deste modo, vemos a França a incentivar o desenvolvimento das

manufacturas, apostando em produtos de boa qualidade que lhes permitissem

alcançar mercados.

Várias medidas vão ser tomadas para a realização deste aumento. Assim:

tenta-se criar um maior número de indústrias como a da seda (plantando-se

amoreiras), a do linho, pelo incentivo ao seu cultivo...

Page 5: Antigo Regime Resumo PDF

Cria-se também um regulamento de trabalho que estabeleça um horário, o

salário que deve ser pago…

Impede-se a saída dos artesãos qualificados como medida dupla: evitar que

esses artesãos possam ir trabalhar para outro país, fazendo assim concorrência aos

seus produtos e também para que estes artesãos possam dar o seu contributo para

o crescimento do país. Oferecem-se ainda altas remunerações a artífices

estrangeiros de forma a atraí-los para a França.

Em França, governava então Luís XIV que tinha como Ministro de Estado

Colbert.

Este ministro vai ser o grande dinamizador da prática mercantilista.

O PERÍODO MERCANTILISTA EM PORTUGAL

A prática mercantilista em Portugal não teve o mesmo sucesso que nos

outros países da Europa. Uma das grandes razões deve-se ao facto de em Portugal

as pessoas se dedicarem mais à agricultura. No entanto, esta estava muito

atrasada, tinha técnicas muito antigas, instrumentos em madeira, não havia

adubos... enfim, não se produzia muito. Apesar de existirem muitas terras férteis, a

maioria delas pertencia à Nobreza ou ao Clero, que não as trabalhavam e

alugavam, em troca de rendas, a camponeses para que as explorassem.

Não podemos, no entanto, dizer que as ideias e doutrinas mercantilistas não

tenham surgido em Portugal. Manuel Severim de Faria, simpatizante das práticas

mercantilistas inglesas, propunha um aumento de população como medida de

aumentar a riqueza Seguindo as mesmas ideias, Duarte Ribeiro de Macedo publica

um livro Discurso sobre a Introdução das Artes em Portugal, no qual defende a

criação da manufactura de tecidos, espelhos e artigos de luxo com vista a evitar

exportações.

A ideia proposta por estes dois homens foi posta em prática por D. Luís de

Menezes, 3º Conde de Ericeira, no reinado de D. Pedro:

Contrata artífices ingleses para virem ensinar em Portugal,

procura desenvolver as indústrias de lã na Covilhã e Portalegre. Para

melhores resultados as fábricas são instaladas onde há matérias-primas,

caso da lã, água… e onde há uma tradição artesanal. Melhora também o

fabrico de colchas de Castelo Branco e da seda em Vila Real.

Cria ainda medidas proteccionistas, aumentando as tarifas aduaneiras aos

produtos estrangeiros.

Lança pragmáticas (leis que proibiam a compra no estrangeiro de produtos

de luxo).

Mas esta tentativa durou pouco tempo. Interesses mais altos impediram-na de

triunfar. Os produtos ingleses continuavam a invadir o país. Por outro lado, os

grandes proprietários do vinho do Porto (que conseguira fama em Inglaterra)

contestavam as manufacturas dizendo que se a Inglaterra não pudesse exportar os

seus produtos, também deixaria de aceitar os vinhos portugueses. Entre estes

homens contavam-se o Marquês do Alegrete e o Duque do Cadaval, que tinham

enorme poder económico e político.

É no seguimento disto que é assinado o Tratado de Methuen. Celebrado em

1703 entre D. Pedro II e a Inglaterra, estabelecia a obrigatoriedade da Inglaterra

comprar o vinho do Porto, pagando este apenas 2/3 dos direitos pagos pela França.

Portugal não poria obstáculos à entrada dos lanifícios ingleses. Este tratado vai ser

bastante prejudicial para Portugal:

Destruição das manufacturas que começam a nascer,

Impedimento do desenvolvimento industrial,

Alargamento do plantio da vinha a zonas destinadas aos cereais,

Aumento das importações aos ingleses,

Saída de grandes quantidades de ouro brasileiro para pagar as importações.