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Jornal do NEDF/AAC 4ª Edição

Antimatéria 4ª Edição

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Quarta edição do Antimatéria

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Jornal do NEDF/AAC 4ª Edição

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2 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

EditorialDesde o último Anti-Matéria o mundo mu-dou mais um pouco e temos um novo presi-dente dos Estados Unidos da América. Numa corrida mais atípica do que deveria ser, os destinos do auto-denominado mundo livre cairam nas mãos de Barack Obama. Conheci-do pela sua calma e ponderação, especula-se se terá ele pulso para tirar o mundo da crise financeira em que o sub-prime americano nos colocou, que começa agora a afectar a economia do mundo real. Contudo tudo isto terá passado despercebido aos novos alunos, protagonistas da Latada, tema incontornável deste Jornal, que se aproxima cada vez mais de uma revista. Queremos apostar na côr, na imagem, nas pequenas coisas que aconte-cem e que muitas vezes passam despercebi-das. Se por um lado a Latada está presente (sim, o Nobel da Física também) nesta edição poderão encontrar artigos tão triviais como culinária, o primeiro mês de um caloiro na universidade, ou o trabalho de Voluntariado desenvolvido pela Physis. Temos também um artigo sobre fotografia digital, a arte de coleccionar pequenos momentos mágicos em papel inerte, e é esse o objectivo último do Anti-Matéria. Coleccionar os momentos que vão decorrendo por cá, seleccionados e colhidos por vocês, também consumidores do produto final. Este é um produto con-struído passo a passo pelos seus prosumers, os produtores-consumidores deste objecto de cariz informativo, em formato transitório,

Ficha Técnica

Redactores: Rafael Jegundo, Maria Pires, Francisco Villalobos, Manuel Fiolhais, Ângela Dinis, Paulo Mendes, Nuno Martins, José António Paixão, João Borba, José Oliveira, Marcos Cordeiro, Frederico Borges, Sílvia Franklim, Alexandre SousaGrafismo e Paginação: Bruno GalhardoProdução: Pelouro da Divulgação do NEDF/AAC - Rafael Jegundo, Ângela Dinis, Marco Gilles, Pedro Melo, Bruno GalhardoRevisão: João Neto, Ângela Dinis, João DomingosPropriedade: NEDF/AACEmail: [email protected]: Rua Larga, Departamento de Física, Sala B13, 3004-516 Coimbra

Rafael Jegundo

Aluno de Eng. Física

e que é agora editado com periodicidade bi-mensal. Pretendemos assim aproximar mais a comunidade que o Anti-Matéria serve. Con-tudo, e porque a gestão de tempo é cada vez mais o desafio supremo de qualquer estu-dante, aguardamos ansiosamente pela vossa participação. Não só com artigos, mas com uma voz activa que permita à equipa editora do Anti-Matéria melhorá-lo sucessivamente e ao longo do tempo. O mundo dinâmico em que vivemos assim o exige.

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lugar na parte superior do espaço. A utilização do campo sintético pertencerá ao futebol, base-bol e râguebi. Não apenas como estrutura que reúne condições para albergar vários desportos, o campo de Santa Cruz permitirá uma maior aproximação dos elementos das várias modali-dades.

Como especial interveniente nesta remodelação refere-se a Associação Académica de Coimbra, mais especificamente os órgãos do pelouro de desporto, que terá a seu cargo, juntamente com a Reitoria e a Associação Social da universi-dade, o cuidado do espaço.

“Briosa” regressa ao campo Santa Cruz

Maria Daniela S. Pires

Aluna de Eng. Física

Sete anos de espera alimentaram a ansiedade dos elementos da “Briosa” para pisar de novo o Campo de Santa Cruz de Coimbra. O dia 16 do passado mês de Outubro foi assinalado pela cerimónia de reactivação, após remodelações, do espaço que serviu de palco aos espectáculos desportivos da Académica durante trinta anos, com início a 5 de Março de 1922 com a sua inauguração oficial como campo de futebol da propriedade da Universidade de Coimbra. A es-trear o campo em 1922 esteve a equipa da casa e o Académico do Porto embora com pouca sorte para a Académica que perdeu o jogo com desvantagem de um golo.

De entre as inovações deste histórico campo destaca-se a instalação de relva sintética e a associação de espaços que permitem a sua utilização para outras modalidades. Voleibol, ténis, andebol, badminton e basquetebol são exemplos de desportos cujas actividades terão

Antes

Depois

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4 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Tradição… ah doce tradição. Mas o que é a tradição? O que é este sentimento de nostal-gia que nos leva a recordar tempos passados, a seguir ensinamentos perdidos no tempo e imitar rituais cujo o significado à muito se perdeu?

Não faço a mínima ideia, mas sempre soube que Coimbra era um lugar muito especial, cheio de tradições, rituais e nostalgia sentida por todos os que cá passaram. Terra dos estudantes, da Universidade, da Queima e da Latada, do Pene-do e do Choupal, mas que torna esta cidade tão especial?

Bom, numa primeira aproximação, a Universi-dade era pólo de conhecimento e de atracção para os jovens que se deslocavam vindo de todo o país para Coimbra, a fim de terminarem os seus estudos. A característica invulgar de uma cidade pequena cuja população residente dependia e depende muito da comunidade estu-dantil. Mas no meio de tanta diversidade de vontades, opiniões e interesses como poderia Coimbra produzir aquele sentimento saudosista por todos os que cá passavam? Tradição…

Era assim que era a Coimbra do início do século XX, uma cidade pequena mas ao mesmo tempo deslumbrante para um pacóvio estudante que com os seus tenros 18 aninhos chegava a Coim-bra. As solicitações eram mais do que muitas, para quem na sua terrinha nunca teve oportuni-dade de fazer nada, a não ser estudar e ajudar

os pais, muitas vezes rígidos e muito conserva-dores. O sentimento vivido por ele à chegada, devia estar muito próximo de um ganhar de asas e poder voar. No entanto esta imensidade de oportunidades era muitas vezes nefasta, pois não era raro o jovem estudante perder-se, neste novo mundo que ele desconhecia, colocar os estudos de lado e deixar-se envolver por uma névoa de boémia, luxúria e despreocupação.

E talvez por isso recorreram a regras e rituais de integração e punição para que os “caloiros” se integrassem neste novo meio sem que eles perdessem de vista o objectivo que os levará a vir para Coimbra.

Também eu cheguei a Coimbra no início da década de noventa. Não era propriamente um pacóvio pois os desenvolvimentos ocorridos no País ao longo do século, mas principalmente depois da década de setenta, permitiram-me ter uma vivência que os meus antecessores do início do século não tinham. No entanto tam-bém eu me deixei envolver pelo espírito desta cidade, a ausência dos meus pais e as oportu-nidades com que me deparava rapidamente me levaram a sentir o peso da tradição…Acho que fui afortunado.

Não quero transmitir aqui a ideia de que na minha altura as coisas eram melhor ou pior que hoje, mas apenas que eram diferentes. Tive o prazer de entrar num ano em que os caloiros do

Tradição Coimbrã, passado e presente

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nosso departamento eram muito unidos, anda-vam sempre juntos (em rebanho diria :)) e uma dúzia de doutores que nos souberam integrar e punir decentemente. Na altura era muito raro aquele que tinha carro próprio ou apartamento e o telemóvel nem sequer existia, encontrávamo – nos no café de sempre e quando não estava lá ninguém sentávamo – nos e esperávamos, aca-bava sempre por aparecer alguém.

Não sei se a década de noventa foi uma década de mudança se não, mas a verdade é que duran-te esses anos muita coisa se alterou, apareceram as propinas, reapareceu o movimento estudantil de protesto contra as políticas governamentais, alterou se o código da praxe em 93 que já não era alterado desde 1957 e o trânsito em Coim-bra aumentou exponencialmente ao ponto ser raro ter estacionamento na minha rua durante o dia. Mas apesar de todo este turbilhão foram anos inesquecíveis para aqueles que, como eu, por cá passaram. Fui rapado, fui Cão de Fila, roubei o nabo no Mercado, perdi noites ao frio emboscado no Largo da Portagem à espera dos caloiros que vinham da “Scotch”, levei nas un-has por estar fora de casa depois da hora, rapei caloiros, emborrachei me com eles, fui vender postais a Lisboa para ter dinheiro para mais copos, fui a manifs, fui corrido à bastonada, apoiei a briosa em casa e apanhei boleia para a ir apoiar quando esta jogava fora, dormi na

praia, no parque, no comboio e às vezes onde calhava, andava de traje quer fizesse chuva ou quer fizesse sol e no meio de tudo isto acho que ainda fui a algumas aulas.

Não sei se tudo o que fiz era tradição se não mas isso também não importa nada, fiz aqui-lo que fiz não só porque gostava, mas porque acreditava que ser estudante universitário não se restringia à formação académica mas a um conjunto de experiências que me acompanhas-se para o resto da minha vida. Foram só boas experiências? Não, longe disso, algumas delas não as repetia e se soubesse o que sei hoje nem sequer as fazia, mas a vida é isso mesmo: um conjunto de experiências, umas boas outras más, e aquilo que nos valoriza é a forma como as vivemos e tiramos partido delas.

Muitas vezes sou levado a pensar que hoje em dia as coisas já não são bem assim, que já nin-guém liga a estas coisas, muitos são os caloiros que para não serem rapados dizem que não o são, muitos são aqueles se defendem na legit-imidade individual da escolha, de poderem ser eles a decidir se podem estar ou não às seis da manhã à porta do “Noites Longas”. Sim, é ver-dade que a escolha de cada um deve ser tida em conta, mas se apenas fizermos aquilo que queremos ou aquilo que estamos habituados, que experiências levamos nós quando um dia nos formos embora?

Acredito que hoje as experiências que cada um de nós leva para a vida sejam diferentes, pois vivemos num mundo muito diferente daquele que viviamos à dez, vinte ou cem anos atrás, mas isso não importa nada, o que importa é que continuamos a levar connosco experiências de vida e assim cada um de nós mantém a tradição, a tradição desta cidade peculiar, da Universi-dade e do legado de gerações de estudantes que ao longo dos tempos por cá passaram.

Um grande F-r-á

Francisco Villalobos

Licenciado em Física

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6 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Nobel da Física

ir: “Em Busca da Unificação”, Abdus Salam, Paul Dirac e Werner Heisenberg, Colecção Ciência Aberta, nº 50, Gradiva, Lisboa. Diz Salam: “A mesa circular está posta com um pão e um guardanapo para cada convidado de uma forma completamente *simétrica*. Os convidados sentam-se, espreitam de esguelha para os seus vizinhos, tentando decidir qual o guardanapo que vão escolher – se o colocado à sua direita ou o colocado simetricamente à sua esquerda. Subitamente, um mais corajoso faz a sua escolha e, instantaneamente (à velocidade da luz), estabelece-se ordem na mesa.” De uma situação inicialmente simétrica, passa-se para uma não simétrica – todos os comensais têm de escolher o guardanapo à sua esquerda. Mas se o primeiro escolher o guardanapo à sua direita, a simetria também se quebra espontaneamente, mas agora de uma outra maneira. A diminuição da simetria corresponde sempre a uma situação onde a ordem é maior.

Um outro exemplo, que também é comum ser referido para ilustrar a quebra espontânea de simetria: imaginemos uma vara flexível ou uma palhinha de sumo perfeitamente simétrica, sem quaisquer imperfeições e que é colocada ver-ticalmente. A palhinha é agora sujeita à acção de forças exclusivamente verticais que a com-primem. Insisto: a palhinha está na posição vertical e sobre ela só há forças verticais de compressão. A situação apresenta uma clara simetria relativamente ao eixo vertical que pas-sa pelo centro da palhinha. Mas o que é que acontece se continuamos a compressão? Isso!

A respeito do último Nobel da Física, que pre-meia Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa, publicamos este texto do Professor Manuel Fiolhais, originalmente es-crito para publicação no fórum Quark! .

“Yoichiro Nambu, de origem japonesa natu-ralizado norte-americano, foi galardoado com o prémio Nobel da Física de 2008 pelas con-tribuições que deu à física das partículas, em particular a quebra espontânea de simetria. Neste post procurarei explicar por palavras simples em que consiste essa quebra ou rup-tura de simetria. Trata-se de uma transição, no fundo, tal como a que ocorre na água quando esta passa do estado líquido a gelo a 0 ºC. Uma quantidade de água possui um número de sime-trias que não se encontram nos cristais de gelo. De facto, se tivermos uma quantidade de água líquida com forma esférica, há simetrias quanto a rotação (a porção de água transforma-se nela mesma), quanto a reflexões em planos, em pontos, etc. Contudo, a mesma porção de água transformada em gelo tem muito menos sim-etrias, embora continue a possuir umas tantas.

O bloco de gelo tem menos simetrias e mais ordem do que a mesma porção de água líquida. Contudo, o exemplo mais comum que ilustra a quebra espontânea de simetria é a mesa de jan-tar circular num sítio onde as maneiras à mesa não estão padronizadas. Transcrevo aqui a de-scrição de Abdus Salam da situação – também ele prémio Nobel da Física, em 1979 –, retirada do livro da sua autoria e que eu ajudei a traduz-

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7Novembro 2008 :: Anti-Matéria

das (espontaneamente) é a teoria do ferromag-netismo, elaborada por Werner Heisenberg em 1928. No seu livro acima referido – e que reco-mendo vivamente a todos – Salam fala também deste outro campo da física. “Os magnetes têm pólos norte e sul, o que significa que preferem uma certa orientação no espaço, não são simé-tricos. O aquecimento de uma barra magnética (que perde então as suas propriedades magné-ticas) torna-a simétrica (não há maneira de dis-tinguir um topo do outro. Quando o magnete arrefece, contudo, recupera espontaneamente a magnetização, adquirindo de novo um pólo norte e sul. Dizemos que a simetria é quebra-da espontaneamente ou que está escondida; a simetria manifesta-se quando a barra está su-ficientemente quente, ocultando-se quando ar-refece. Tecnicamente, designamos por estado ordenado ou estado de simetria quebrada es-pontaneamente o estado em que o magnetismo se manifesta.

Há muitas outras situações em Física onde a simetria e a sua quebra espontânea têm um pa-pel fundamental.”

A palhinha dobra e flecte para um lado. Qual? Impossível adivinhar! Flecte para um dos lados e dizemos que a simetria inicial foi quebrada espontaneamente. O estado inicial com uma certa simetria evoluiu para um estado final com *menos* simetria, apesar de as forças aplicadas terem a simetria do estado inicial.

O que é que isto tem a ver com a física das partículas? Tem tudo a ver! As teorias de grande unificação fazem uso do conceito para introduzir os bosões que intermedeiam as inter-acções fundamentais. No caso das interacções electrofracas, esses bosões são o fotão, o Zº o W+ e o W-. Ora, estes bosões que surgem associados à quebra espontânea de simetria, inicialmente não têm massa. Mas existe um mecanismo (que necessita de uma partícula) para que alguns adquiram massa. É o chamado mecanismo de Higgs e a tal partícula, que dá massa aos bosões das interacções fracas, é o bosão de Higgs. Talvez ele apareça nas próxi-mas experiências a realizar no novíssimo LHC, no CERN. Diz-se que se tal vier a acontecer o escocês Peter Higgs receberá o prémio Nobel. Nessa ocasião, o japonês Nambu será certa-mente e justamente recordado.

Mas a quebra espontânea da simetria não aparece só na física das partículas. Um dos ex-emplos mais conhecidos de simetrias quebra-

Manuel Fiolhais

Professor do Dep. de Física

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8 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Foi de 22 a 29 de Outubro que decorreu mais uma Festa das Latas em Coim-bra.

Reza a história que o nome Latada vem já desde o século XIX, quando os estudantes saíam à rua para fazer barulho com objectos ruidosos, nomeadamente latas, a fim de festejar o fi-

nal do ano lectivo.

Alguns anos depois, a Latada passava a coin-cidir com a abertura da Universidade e com a chegada dos estudantes, que coloriam a ci-dade com o negro das Capas e criavam um fantástico ambiente académico.

À semelhança da Queima das Fitas, todas as Faculdades desfilam num cortejo, onde os Doutores caracterizam os Caloiros de moti-vos ridículos ou satíricos. O desfile termina na Portagem onde todos os Caloiros são bap-tizados com a água do nosso Mondego.

Mais uma vez, o Núcleo de Estudantes do De-partamento de Física fez questão de marcar presença na tenda dos núcleos, nas Noites do Parque, para dar as boas vindas aos novos alu-nos. Após o sorteio da bebida, quis o destino entregar aguardente ao NEDF e foi tempo de pensar numa decoração apropriada e apelativa para a nossa banca. Havaiana foi a eleita e a partir daí foi por mãos à obra na construção! Foi com um imenso orgulho que, Quinta-Feira à noite, tínhamos tudo pronto para dar início à Festa das Latas 2008. Com especialidades como o Kunami e a Caiπ’ (Caipilinha) e um balcão cheio de animação, fizemos desta uma Latada inesquecível não só para os que chega-ram de novo, como também para os que já por cá andavam. A Festa terminou ao som da Bala-da de Despedida, com a tradicional destruição do cenário, choros e abraços porque estamos em Coimbra e para quem esta foi a última… “fica a esperança de um dia aqui voltar”.

Ângela Dinis

Aluna de Eng. Biomédica

Latada

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9Novembro 2008 :: Anti-Matéria

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10 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Física criado utilizando as duas técnicas. Para se obter cada foto do mosaico foram feitas cerca de 10 a 13 fotos mudando o plano de focagem. Depois as 13 fotografias assim obtidas foram combinadas para obter a imagem da direita que, com o número de pixeis que tem permite imprimir uma imagem do “Equilibrista” com cerca de 1,8m de altura, ou seja, 3 vezes o seu tamanho natural, mantendo um nível de detalhe que não seria possível obter com uma só fo-tografia da mesma máquina.

Referências:http://www.heliconsoft.com/heliconfocus.htmlhttp://www.autopano.net/

Fotografia Digital: 2 Técnicas Inovadoras

Paulo Mendes

Professor do Dep. de Física

A fotografia digital não só permitiu tornar a criação de imagens mais fácil e popular mas, graças à sua possível manipulação matemática (afinal uma fotografia digital não passa de uma matriz de números) abriu o fácil acesso a algu-mas técnicas que eram mesmo impossíveis de aplicar no tempo da fotografia analógica. Duas destas técnicas digitais são a “Profundidade de campo extendida” e a criação de “Panoramas (ou mosaicos) extendidos” .

É conhecido que a profundidade de campo (a gama de distâncias em que os objectos parecem focados) é muito pequena na macrofotografia. Mas, graças à manipulação digital, é possível fazer várias fotografias deslocando um pouco o plano de focagem entre cada uma, de maneira a percorrer o objecto todo desde os planos mais próximos até aos mais afastados. Depois, é pos-sível seleccionar matematicamente os pontos focados de cada uma das imagens e criar uma imagem comósita com todos os planos focados. Esta técnica foi desenvolvida inicialmente para combinar imagens de microscópios mas de-pressa se generalizou e pode ser usada mesmo para fotografia de paisagens.

A outra técnica permite combinar diversas ima-gens tiradas a partir de um ponto para criar uma foto com uma resolução muito maior do que a da máquina utilizada. No fundo trata-se de tirar fotografias do objecto num mosaico (tendo o cuidado de haver uma sobreposição da imagem entre cada uma) que depois são combinadas para criar uma fotografia de tamanho muito maior. Esta é uma técnica já muito utilizada mesmo a nível documental (ver o projecto Gigapan em http://www.gigapan.org/). Uma das panorâmi-cas maiores e mais interessantes obtidas deste modo é a da “Última Ceia” de Leonardo da Vinci que se encontra no refeitório do convento “Santa Maria delle Grazie” em Milão (http://www.haltadefinizione.com/). Trata-se de uma foto com 16 Gpixel (não é gralha, são mesmo 16 Giga pixel!).

Como exemplo de aplicação destas duas téc-nicas mostra-se seguidamente um mosaico do conhecido “Equilibrista” do nosso Museu da

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11Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Fotografia Digital: 2 Técnicas Inovadoras

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12 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Cinescópio

Depois de No Country for Old Men muito se esperava do próximo filme dos irmãos Cohen. De facto surgiu uma bela surpresa.

Cortando totalmente com o género cru e realista do último grande vencedor da academia, Burn After Reading, surge num carácter mais ligeiro. Contando com um elenco de luxo Pitt, Clooney, Malkovich, Swidon e por aí a diante, o estilo inclina-se agora para uma comédia subtil pautada com umas nuances de humor negro. Burn After Reading mostra-se uma boa surpresa e um refrescar da actual cinematografia dos irmãos Cohen.

Vão adorar personagens como os de Clooney, Malkovich e uma hilariante alta patente da CIA. Até mesmo Pitt, num papel que segundo o qual foi feito a pensar nele, consegue arrancar-nos umas valentes gargalhadas.

Uma boa noite de cinema é o que vos aguarda se escolherem este filme para passarem o serão.

Cinescópio, o comentário do anti-matéria sobre cinema. No segundo volume contamos com, Burn After Reading dos irmãos Cohen e Maradona by Emir Kusturika. Para além disso fica a sugestão de cinema e a solução caseira do DVD.

Nuno Martins

Mestre em Eng. Física

Maradona by Kusturica

Diego Armando Mara-dona. El Pibe! O Melhor jogador de futebol de to-dos os tempos. Mas desta vez visto pelos olhos de Kusturica.

Se Maradona não fosse jogador de futebol seria certamente um revolu-cionário. Emir é um re-alizador completamente político, os seus filmes sempre foram espelho de uma realidade política e social em especial dos países da Ex-Jugoslávia. Desta vez não é diferente, este documentário é um documentário político, mas suportado num dos mitos vivos do futebol.

A construção deste documentário é bastante interessante pois está suportado pela mostra dos momentos mais marcantes da carreira de El Pibe, quer na primeira pessoa quer por vid-eos das jogadas fenomenais. Esta construção acompanha ainda a “construção” de Maradona como um instrumento político revolucionário da América Latina.

Recomendamos:Nos cinemas: A primeira recomendação que deixo é claro, como grande fã que sou, 007 Quantum of Solace. Depois de Casino Royale, segue-se esta sequela, que nos mostra um 007 amargurado e vingativo. Um filme repleto de acção que nos leva desde o Haiti até à Austria, Itália e de volta à América Latina. Um novo ex-poente Bond está a revelar-se. Atenção a Daniel Craig.

Em DVD: Bigger, Stronger, Faster. Uma via-gem ao mundo dos esteróides nos USA. Uma mostra do verdadeiro herói americano!

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13Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Música

“Village Vanguard” mostra Coltrane numa fase de transição entre o jazz modal na sequência de “Kind of Blue”, que encontramos em dis-cos como “My Favourite Things”, e o free jazz de “Ascension” que caracterizaria o final da sua carreira, prematuramente interrompida em 1967 com a sua morte aos 42 anos.

Das cinco faixas registadas neste magnífico CD, merecem destaque especial “Chasin’ the Trane”, “India” e “Impressions”. A primeira composição é um blues de onde sobressai um solo de grande fôlego de Coltrane, muito in-spirado e de grande liberdade criativa. Em “In-dia” a simbiose de Coltrane no saxofone sopra-no com Dolphy em clarinete baixo é sublime, numa sonoridade encantadora que nos remete para um ambiente exótico. “Impressions” viria a tornar-se um standard.

Na altura, a deriva de Coltrane para o free jazz e, em particular, a sua colaboração com Eric Dolphy não foi bem recebida pela crítica. Muitos não apreciaram a liberdade criativa de Coltrane e os frenéticos improvisos dos seus longos solos – no final da gravação de “Chasin’ the Trane” ouve-se um espectador comentar Insane!. A prestigiada revista DownBeat che-gou a alcunhar o novo som da dupla Coltrane/Dolphy como “anti-jazz” e as críticas acabaram por levar os dois músicos a interromper a sua frutuosa colaboração. Mas se, na altura, o novo som de Coltrane afastou alguns dos seus fãs in-condicionais, hoje podemos admirar quão mar-cante e duradoura foi a influência desta obra.

Em Outubro de 1961 John Coltrane actuou por duas semanas no clube de Jazz nova-iorquino “The Village Vanguard”, acompanhado do seu grupo da altura, Elvin Jones na bateria, Mc-Coy Tyner ao piano e Reggie Workman no contrabaixo. A este núcleo viriam a juntar-se, para este evento, quatro novos músicos, entre os quais Jimmy Garrison (contrabaixo) e Eric Dolphy (clarinete baixo). As actuações dos úl-timos dias no clube foram gravadas para a eti-queta Impulse! pelo prestigiado engenheiro de som Rudy van Gelder. John Coltrane seleccion-ou das vinte e duas “takes” cinco composições para serem editadas em disco. “Spiritual”, “Softly as a Morning Sunrise” e “Chasin’ the Trane” apareceram a público em 1962 no LP “Live at Village Vanguard”, o primeiro disco ao vivo de Coltrane. Mais tarde, em 1963, duas outras composições gravadas nesse evento, “India” e “Impressions” foram incluídas no ál-bum “Impressions”. Em 1997 a editora reuniu em “Live at the Village Vanguard: The Master Takes” as cinco composições, tendo também editado a gravação completa dos quatro dias de actuação sob o título “The Complete 1961 Vil-lage Vanguard Recordings”.

José António Paixão

Professor do Dep. Física

JOHN COLTRANELIVE AT THE VILLAGE VANGUARD - THE MASTER TAKES

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14 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Música

Para aqueles que se queixavam que a música nacional não andava pelos bons caminhos, levaram em 2008 uma autêntica chapada de luva branca. Tivemos este ano um dos mel-hores anos na música Made In Portugal, desde a lufada de ar fresco chamada Deolinda, ou o romantismo cinemático de Rita Redshoes, ou mesmo a estreia auspiciosa dos Riding Panico. Isto sem esquecer os regressos em grande dos Linda Martini, do nosso fadista Camané e da internacionalização merecida dos Buraka Som Sistema.

Entre tanta promessa e confirmação definitiva surgem vindos dos arredores de Queluz, Os Pontos Negros. Com um estilo bem definido, vagueando entre o rock orelhudo e directo e o pop adolescente, cantam (em português!) ao longo deste seu primeiro álbum Magnifico Material Inútil uma pequena viagem à idade das borbulhas. Ao ouvir o lead single “Conto de Fadas de Sintra a Lisboa”, é notório que os riffs simples e melódicos transpiram The Strokes por todos os lados enquanto se canta sobre uma história de amor dos tempos moder-nos. “Tempos de Glória” traz consigo Johnny Cash e António Variações para um excelente momento, e até há momentos mais avant garde como no final de “Cobras & Xadrez”. E para quem pensa que normalmente um rock deste estilo não consegue ter letras ao nível do in-strumental, está bem enganado. Letras repletas de ironias e metáforas inocentes, acompanha-das de um registo vocal descontraído, acabam com o fantasma. Se ainda persistem dúvidas,

basta ouvir “Doutor, Preciso De Ajuda” ou “Triunfo dos Porcos”. E os bons momentos não acabam. Aproveitem para ouvir com aten-ção a fantástica “Cola-me No Chão”, e não se esqueçam da irónica mas brilhante “Roque & Dão”. De qualquer forma, há alguns momen-tos mais baixos, por exemplo “Querida”, um intervalo de adrenalina forçado, ou “Com A Morte Nos Calcanhares”, um autêntico filler.

Magnífico Material Inutil é um álbum de boas canções, que não tenta mudar nem inovar a maneira para que todos olham para o rock português, cantado em português. O objectivo da banda era estabelecerem-se como headlin-ers de uma nova (e necessária) vaga. E cum-priram, se calhar com demasiada classe. A seguir com atenção. Para quando uma visita a Coimbra?

João Borba

Aluno de Eng. Biomédica

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15Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Pós-CursoJosé Oliveira, 26 anos, licenciou-se em Engen-haria Física na Universidade de Coimbra em 2006. Desde então esteve em Aveiro, na em-presa Micro I/O – sistemas de electrónica, a desenvolver um sistema de localização de pes-soas baseado em redes de sensores sem fios, no âmbito de um projecto da rede TELESAL – o projecto LOPES – coordenado pelo Instituto de Telecomunicações e pela Universidade de Aveiro. Este projecto terminou com a instala-ção do sistema demonstrador na Fábrica – Cen-tro de Ciência Viva de Aveiro, onde pode ser visitado. Durante este período, José Oliveira completou também o mestrado em Engenharia Física, pela Universidade de Aveiro, realizan-do um estudo sobre o impacto da interferência electromagnética em sistemas de localização quando em coexistência com outros sistemas de redes sem fios a operar na mesma banda de frequências, em particular na banda livre ISM 2,4GHz, estudo apresentado em Setembro pas-sado na IEEE ETFA 2008, em Hamburgo.

Neste momento, José Oliveira é investigador e candidato a doutoramento em Empresa no LAII

– Departamento de Física da Universidade de Coimbra, e na empresa Eneida – IPN Incuba-dora, onde desenvolve redes de sensores sem fios para indústrias de processo.

Profile:

José Oliveira foi presidente do NEDF/AAC no ano 2004/2005, e presidente da Comissão organizadora do ENEF’2005 em Coimbra. No ano internacional da Física foi ainda membro da Comissão organizadora da ICPS’ 2005, que teve lugar também em Coimbra. Foi membro da direcção da Physis e da coordenação do pro-jecto “aprender a brincar” no Hospital Pediátri-co de Coimbra.

José Oliveira participou também em dois man-datos da Direcção Geral da AAC e foi represen-tante dos estudantes no Senado Universitário.

José Oliveira

Mestre em Eng. Física

Marcos Cordeiro

Aluno de Eng. Física

Bifinhos com natas

Ingredientes:

* 300g de bifinhos de perú ou porco * 1 Pacote de natas * 1 Lata de cogumelos * 1 Cerveja * Sal q.b. * Massa ou arroz

Modo de PreparaçãoPrimeiramente tempere a carne num alguidar com sal a gosto, pode juntar um pouco de sumo de limão, mas não é estritamente necessário (não aconselho). Coloque uma sertã anti-aderente ao lume e quando esta estiver quente, coloque-lhe directamente os bifinhos e deixe-os aloirar dos dois lados. Entretanto junte-lhe um pouco de cerveja, natural ou fresca, no entanto aconselho

fresca para poder saborear o resto durante a refeição :). Quando a cerveja apurar tem duas hipóteses:

Hipótese A. Retire os bifinhos para um prato e junte à sertã os cogumelos e natas. Deixe apu-rar e sirva com arroz ou massa.Hipótese B. Junte directamente os cogumelos e as natas à sertã sem retirar a carne. Deixe apu-rar e sirva com arroz ou massa.

Bom apetite e dá a tua opinião sobre a melhor hipótese.

NEDF na Cozinha

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16 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Falta aqui o teu artigo!!

[email protected]

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17Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Depois do Ensino Secundário chega o Ensino Su-perior… Com as frequências quase semanais, os exames semestrais que vão decidir se passamos o ano ou não, as aulas em auditórios com quase cem alunos e as noites passadas em branco a estudar. Isto seria o que aconteceria se eu estivesse a es-crever esta crónica numa qualquer Universidade em Portugal. No entanto, estou a escrever sobre o meu primeiro mês em Coimbra. Assim sendo, vamos começar a crónica escrita como Caloiro na Universidade de Coimbra.

Depois do Ensino Secundário chega o Ensino Superior… Com os FINOS, as saídas à noite, as discotecas, as directas e às vezes as aulas.

Agora falando por experiência própria:

Chega a primeira semana onde estamos sem-pre, com cautela, a olhar para trás por causa da Praxe. Mas a Praxe, para mim, é um elemento de integração onde transformamos os Doutores e os Caloiros nos nossos novos amigos. Claro que aí, chega a altura de beber Finos e de sair quase to-das as noites. A segunda semana é basicamente a mesma coisa, ou seja, mais finos e continuar a sair à noite.

Chega o COPO e chega a primeira grande bebe-deira. Normalmente os Caloiros fogem das Trupes, mas eu tinha ouvido dizer que ser trupado era uma experiência muito engraçada! Assim, de-pois do COPO e de uns finos (bem, muitos), fui ter com uma Trupe e disse: “Eu sou caloiro e que-ro ser trupado!”, mas eles disseram que ainda não estavam formados e eu respondi: “Não faz mal que eu espero!”. Eles foram formar-se, depois vieram ter comigo, rodearam-me e truparam-me. Deram-me umas quarenta vezes em cada unha e depois cortaram-me o cabelo durante quinze minutos. Escusado será dizer que ficou selvatica-mente cortado, e a única salvação foi ser rapado em máquina zero. De resto, da noite do COPO, não me lembro de nada, mas sei que adormeci à porta do Noites Longas.

Passaram mais duas semanas de Finos e chegou a Latada, a Festa dos Caloiros. Na Latada compra-se o Bilhete Geral e vai-se todos os dias para o Parque. Fico todos os “dias” em cima da banca do

NEDF a tentar fazer uma coisa parecida com dan-çar e, no final da noite, faço uma pequena demon-stração de esgrima. Fui expulso todos as noites de cima do balcão da Banca às 6 da manhã. (Será necessário referir se fui às aulas? :-)...). Na sema-na da Latada ia ainda apanhando uma pneumonia durante o Cortejo, fui visto a roubar carrinhos de compras no Lidl, etc, etc, etc.

Durante este mês, os dias parecem semanas. E não fica por aqui... existem inúmeras histórias mas não as posso contar todas. Portanto, se és um Caloiro que não vive a vida Coimbrã não passas de um Caloiro, e se o fazes és um Caloiro da UC e esse é o melhor Caloiro do Mundo.

1º Mês de Caloiro

Frederico Borges

Aluno de Eng. Física

Disclaimer:

O testemunho deste aluno não representa uma atitude

patrocinada pelo NEDF/AAC

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18 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

ham pôr um brilhozinho nos olhos (como di-ria o grande Sérgio Godinho!) dos meninos do pediátrico aguçando-lhes a curiosidade!

Acção de formação para Voluntários Pediátrico

Na passada quarta-feira, dia 5 de Novembro, a PHYSIS organizou aqui no departamento de física, uma acção de formação para voluntários no projecto “Aprender a Brincar”. A formação contou com a presença do enfermeiro chefe do Hospital Pediátrico de Coimbra e de Luísa Simão, a psicóloga do mesmo hospital. Apesar de não ter tido uma adesão em massa, (como gostávamos que tivesse acontecido..) a iniciati-va angariou alguns voluntários novos! Tu tam-bém podes ser um deles, basta entrares em con-tacto comigo através do número: 917400836.

A PHYSIS vai a Águeda!

A convite de Helena Marques, a PHYSIS deslo-car-se-á a Águeda no próximo dia 24 de No-vembro para mostrar a cerca de 200 crianças de escolas do concelho algumas experiências que a associação tem construído para explicar alguns fenómenos e conceitos físicos. Durante todo o dia, os meninos e meninas que forem passando pelas bancas das experiências, poderão encher balões com vinagre, ver de perto os planetas do nosso sistema solar, ouvir com os dentes, meter palitos dentro de balões sem os fazer rebentar, fazer música com campos magnéticos, etc. Se quiseres vir connosco, serás muitíssimo bem-vindo! Irão cerca de 10 voluntários e tu podes ser um deles, bastando, para isso, fazeres a tua inscrição ligando para o 91740036. Os trans-portes e a alimentação estão ao encargo da PH-YSIS. Participa!!

Contactos: Sílvia Franklim: 917400836e-mail: [email protected]

Physis

Sílvia Franklim

Aluna de Física

Porque a física é imaginação e curiosidade!

Se há coisa que nos une, a nós estudantes de física, é a curiosidade que em nós é despertada pelos fenómenos da natureza: porque é o céu azul, porque é que tudo cai, porque brilham as estrelas... Se pensarmos com atenção, é fácil reconhecer que esta característica nos une en-quanto estudantes de física e, é bem verdade, enquanto seres humanos! De facto, todos so-mos curiosos, uns mais outros menos, mas o olhar de todos nós é abrilhantado quando se nos é proposto um desafio, quando nos é feita uma pergunta relativamente a alguma coisa que desconhecemos. É aqui que entra a imagina-ção! Quando tentamos dar resposta às questões que para nós constituem ainda um enigma, usamos a imaginação. É assim que nascem as experiências científicas, é assim que todos os dias, milhares de físicos em todo o mundo ten-tam desvendar os grandes mistérios da ciência e da natureza.

É com base neste pressuposto de que o ser hu-mano é curioso por natureza, que a PHYSIS te lança um desafio. No âmbito do projecto “Aprender a Brincar”, o projecto de voluntari-ado no Hospital Pediátrico de Coimbra já por vós sobejamente conhecido, a PHYSIS vai pro-mover no próximo ENEF, a acontecer do dia 27 de Fevereiro a dia 1 de Março de 2009 no Porto, um concurso de experiências para cri-anças. O objectivo de quem participa é criar uma actividade experimental com materiais do dia-a-dia que explique, de forma simples, um fenómeno natural, um conceito físico, uma reacção química, etc. Os temas são variados, desde a termodinâmica ao electromagnetismo, passando pela astronomia e a mecânica. A data do concurso, regulamento do mesmo, prémios a atribuir, estão ainda a ser definidos e serão divulgados atempadamente. Estas experiências serão depois usadas no projecto “Aprender a Brincar” e farão, de certeza, a alegria dos mais pequenos!

Venham ao ENEF 2009, participem neste con-curso ou no concurso de palestras. Atrevam-se a imaginar, atrevam-se a ser curiosos! Ven-

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19Novembro 2008 :: Anti-Matéria

Furo JornalísticoFoi com grande emoção que acompanhei o der-radeiro final destas eleições dos estados uni-dos. O senhor Obama lá conseguiu uma vitória épica, fez um discurso todo patriótico, daque-les com direito a uma senhora gorda a cantar e tudo, e assumirá o poder como primeiro presi-dente negro dos estados unidos.

Em todo o lado foi sentido este fenómeno, e parece que toda a gente simpatiza com esta nova figura política. Houve festejos um pou-co por todo o mundo, não sei se por Barack Obama ter ganho ou por finalmente George W. Bush ter que abandonar o cargo. Surpreendent-emente um dos sítios onde mais se festejou esta vitória foi no Afeganistão, neste caso não pelo abandono do Bush, mas porque no Afeganistão não sabem falar Inglês e em vez de Obama per-ceberam Osama.

No Afeganistão ainda não cessaram os agradáveis festejos com tiros para o ar em hon-ra de Osama Bin Laden, o novo presidente dos Estados Unidos da América. No final destes festejos que vão ser encerrados com a famo-sa “queima do turbante”, teme-se que muitos bombistas suicidas se matem por ficarem no desemprego, agora que o principal foco de in-fiéis está controlado.

Este tipo de confusões sempre foram recor-rentes na vida de Obama, vejamos que este senhor, chama-se nada menos do que Barack Hussein Obama, em três nomes um é parecido com o de um dos maiores terroristas de sempre, outro é o nome de um ditador. Era a típica cri-ança que podia dizer que os pais não gostavam assim muito dele, e se a isto acrescentarmos o facto de ele provavelmente ser uma criança es-canzelada que dizia que queria ser presidente, não deve ter tido uma infância fácil. Aquelas crianças a quem roubam o lanche na escola roubavam o lanche do Obama.

No entanto, Obama terá agora uma vida calma, e espera-o até um mandato pacífico em termos militares, visto que um senhor chamado Thom-as Friedman lançou uma teoria chamada “The golden arches theory” onde diz que os países que têm McDonalds são menos propícios a en-

volver-se em guerras. Tem de facto lógica, visto que o McDonalds é um sítio onde se vende fast food, principalmente hambúrgueres e batatas fritas... Coincidência? Não me parece!

Por cá também se têm dado desenvolvimentos políticos à boa maneira portuguesa. A minis-tra da educação foi recebida em Fafe com uma chuva de ovos lançados por estudantes em fúria. Quando os estudantes se envolvem em manifes-tações em França atiram pedras e queimam car-ros com cocktails molotov, aqui atiram-se ovos. Não, a sério, qual era a ideia? Panar a ministra até ela acabar com o regime das faltas?

Na Madeira um deputado do PND desfraldou a bandeira nazi em pleno parlamento, e acusou o governo regente de fascismo, e de nunca se ter celebrado o 25 de Abril naquela casa. Eu acho compreensível que isso tenha acontecido, se repararmos o senhor Alberto João Jardim to-mou as rédeas da região autónoma da Madeira há tanto tempo que depois de ter ultrapassado acontecimentos como a revolução industrial, o renascimento e a extinção dos dinossauros, o 25 de Abril não é mais que um dia bem passado com uma garrafinha de poncha à cabeceira.

Mais uma vez a equipa do Anti-matéria foi sa-ber a opinião de algumas pessoas da academia:

Academista Nazi – «Hail !»

Secção de Gastronomia – «Com esses ovos fa-zia-se um belo “Rouget barbet au foie gras” !!»

Reitor – Se em vez de atirarem os ovos fora mos dessem, já podiam comer ovos estrelados nos Grelhados!»

Galinha do Reitor – «cóó córó có cóó»

Presidente do NEDF/AAC – «Se achas que os ovos custam a sair [CENSURADO]»

Alexandre Sousa

Aluno de Eng. Biomédica

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20 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

PassatemposNovidades

Ecrãs de enrolar

Um dispositivo portátil equipado com um ecrã enrolável que chega aos 13 centimetros aberto (cellular book) vai ser lançado pela Polymer Vision (anuncio feito o ano passado). Este dis-positivo é um ecrã táctil de baixo consumo, que permite a uma visualização até dezasseis níveis de cinzento, mesmo em ambientes muito luminosos . Este aparelho é construído com um polimero com um décimo de milimetro de es-pessura e possui uma entrada USB, 4 GB de memória e acesso às redes celulares e de Wi-Fi. Só falta memso incorporar a cor e as animações tecnológicas

O Papel electrónico

O ideal seria termos uma folha de papel proida de um ecrã táctil dobrável , que pudesse mostrar conteúdos multimédia, ligar-se à internet, dan-do a impressão que se tratasse de uma folha de papel comum, e que actualizasse a informação sem termos que mudar de suporte. Até aos dias de hoje tínhamos dispositivos muito volumo-sos, mas houve uma revolução neste campo com a introdução no final de 2005 de pelícu-las flexíveis Plastic logic e Philips e com a ch-egada do cellular book da Polymer Vision. O funcionamento do papel electrónico baseia-se no uso de uma espécie de “tinta electrónica”, composta por milhões de microcápsulas , que contêm particulas brancas com carga positiva e particulas pretas com carga negativa suspensas num fluido. Estas particulas movimentam-se, aplicando-se um campo electrico. As brancas movimentam-se para a parte superior da mi-crocápsula, dando a sensação da formação de um ponto branco na folha, o contrario acontece com as pretas, formando assim os caracteres.