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I ìaI
I POÈSIA, DOCUMENTO E HISTORIAIIr
I
J fTl atvez s€ possadjz€í qu€ os romancistasdâ geraçào dos anos
a I d€ l930,deceío modo, inauguraram o romanct brasil€iro,
I I porquc tentarân rcsolver ã grande conúâdição que cârac
I têrüá â nos.sa culhrrâ, a sãb€Í, a oposiÉo enÌr s 6truturs .iüli-
I rada5 do litoral c as cârnãdãs human.s que povoâm o inl.rior -
I Étlendendo-sê por litoral e intcrior menos as Íegiõ€s geo8rafcâ-
f m€nt€ correspond€ntes do que os ripos de exisrència, os padrões d€
I cultura comumente subentendidos €m tah designações.
f E:sa dualidãdc cuitural, dê quê icmos viüdo, lendê, naturalmente,
I . seÍ rasolvida, e cnquanro não for não podêrcmos falãr em civiÌizâ-
f Éo brÀsil€ira. T.nde a s€r Ícsolüda económica € socialmmte, no
I scntido da integÌação de gÍandes masrâs da nosrâ popuiação à üdã
Í modema. Orã. prccedendo a obra dos polÍticos, dos economistas.
I dos educadores, a literatura. a s€u modo. colocou primeiro e encã-
; minhou cm següida a roluçào do pÍoblema.A prin€lpio, muito bmi-
J da c inconscientemente, fa2zndo lêmbÌadâ â existênciã do homem
I ruÌaì, cxplorando-o como molivo dc an. - motivo, por que não
I dizê-lo de sabor quase €xóÌico paÍa o leiroí dãs câpitais, Foram a.s
l diferentês fases do Íegionalismo na literatura, qu€, oÌiundo, pÌova-
I vdm€nte. do indianismo € suâs tendências Íegionãis € cãmpesinas,
I entrou a pondeÍaÍ no Íomânce com BernaÍdo Guimarãcs e FrânÌIinI Távora € invadiu a 6cção no primeiro quarto d6tê século, toman-
do-se quas. um movim€nto so€ial com MonteiÌo l,obaro.Mas essâ úsão lÍrica c dc certo modo pitoÍes.â do homcm do
campo, temâ sobre o qual variou larSam€nte umâ dâs mâis ãblm-dantes € tenâz€s subÌit€Íâturas da nossa história literáÍia, não podiapersistir com â maícha do problema social; com o trabalhador ÍuÍals€ int€gÌando em massas dominadas pela ìrsina e pelâ tulha, slmbolosda podcrosa cngrenagcm latitundiária, com o proletaÍiado urbano
s€ ampliando s€gundo o pÍocesso de indüstriâlizâFo. À rnedida queesú se dava, o €quilíbrio do mundo buÍguês do escritoÍ com o mundodo homem rural, obi€to dâ sua litemtura, ia se coÌo€ando erÍ novostermos, as contÌadições sociais se widenciando e se agudiz:ndo nasp€Ìspectivâs de €onflito e nâs n€€essidades de r€aiustamento.
O movimento de reivindi.ação e a onda surda da tomada de corÌsciénci. de uma €lass€ ecoâÌam d€ c€Ìto modo no domínio esúrico, ea mâssa começou a ser tomadâ como fdfor de aÍe, os escritoresproclrândo opor à liteÍâtuÍâ € à mentalidad€ litoÌâneas a veÌdade, âpo€sìa, o sentido humano da mâssa Íural e proletária, esta um pro,longamento uÌbâno do páriâ s€rtân€io. DentÍo da sua liúa própriad€ de$nvolviÍnento intemo, o romance coüeu pamlelq interagindocom a evoÌução social, Ìeceb€ndo as suas Ìep€Ìcussões.
N€sÈ momento, um pouco antes de 1930, e se inregrando na mes-ma corrent€ poprÌìâr que acentuou por um mommto o rosa burguêsda revoÌução, surgiu o châmado romance do Nord€ste. Swgiu e s€colocou, pel primeiÍa vez na literatura nacional, como un moümento de integração ao patrimônio da no$e €uÌtuÌa dâ s€nsibiÌi-dadê e da €ristência do povo, não rnâis tomado como obieto de contemplação €stéti€a, mâs de realidade rica e viva, cdadora de po€sia ede âção, a reclamar o seu lugaÌ nâ nacionalidadc e na aÍe, que, nestemomênto, to€avã o ponto üvo da sua missão no Brasil. Há semprepara ela urn papel a desempeúaa e feliz quando cons€gue fazéìo.Estava pro€edendo à des.obena e consêqüent€ valoriz.çâo do povo;ligando-o, portantq ao nosso patdmônio estético e ético, num mag-ní6co tsabalho de pÍeparo ao asp€cto político dã questão, po. queainda espeÍamos. E €stav4 ao mesÍno tempo, gaÍântindo à liteÍaturabrasileira a sua sobrevivéncia como fenômeno culturat, porque lhemostravâ o câminìo e o tÌâbalho a serem realizados.
Até aí o romance fora feito em üsta da satisfâção da burguesiaÌitoÍânea, mais ou menos europeizâda. E por escritoÍes burgu€ses,na sua maioria. Ou qìre s€ abuÌguesavam. A parti dâí, Ìãmos verum fenôm€no dif€Íente em grânde parte os escritores procuram sedesâburguesaÌ. Se d€sâbuguesando, vão rêntaÍ pôÍ d€ lâdo uÍnasérie de wÌoÌes culturais própdos à burguesia Ìitoráìeâ. Vão viver
nênos obsessivâmente voltados para a EuÌopai vão aceit:tÌ o Povo'izaado e dando sentido humâno ao Prograúa estético dos
do movim€nto de 1922. o romanc começa, Pois, a não ser
Íornanc€ pata cla.rs.. É ainda d" clas*, p'orqu€ os sêus ãulores
tlão pod€m se despÍendeÌ da sua, burepesa Mas poúam €Ín at€nlraÍ
csta circtÌnstância Por umâ Í€ação ao quc até então fora a literatura
burguesa, tentando menos foÍn€ccr à buÌg\esia o tiPo de Íomanc'
que lhe convinhÂ, e qu€ elâ qu€riâ, do que criâr livrem€nte no sen_
tido muito Ínais amPlo do Povo.À s€leção dos temas e a intenção que aniÌÌlaü a sua escolha falam
bem claramente dest€ esPirito uns escritorcs s€ coÌoca\€Ìn no
Donto de vista do burguês d€cadente Para ú€8ar ao t'ovo' Outros
procediam à análise impiedosa da própria classe' como Grâciliano
nâEos Parâ a Pequenâ € octavio de FâÌia' vindo de outla correntq
para a gande burguesia Escrilores como Ràchel de Queiroz pro€u-
ra\ãm mostraÍ o que há de softimento ê dt üíualidade na existèn-
cia do povo e nos seús movimentos. Ciro dos Anjos, em Minar' fâziâ
o proc€sso do intelectuaìismo pequeno butguês, mostrando âs Pers-
oectivas deroladoro e paralisantes do s'tr Ìequiìt€ s€m s€i\'?-
De uns e d€ outros, d€ todos os lados, uIì vento de Ìenovaçao, d€
Ìevisão de vàloí€s' de reajustamento do sirì'emâ de equübrio social
ê üterário.Esta função do romanc€' que acâba de ler reconh€cida r€cente-
mente Por um intelectuaÌ da estâtuÌa de Mário súemb€r8' na sua
r€sDosta à'PÌataforma da nova 8€ração'ì assegura-Ìhe um papel de
rara quaìidade civitizâdora na nossâ cultura' o românce procedeu a
uma €spéci€ dc Pr€pãÌo do teÍÍcno PâÌâ a iúegração das massas na
vida do pais. Na fâs€ regionalista, sertaÍr€ja, o câboclo €ra coÍIsideÍa-
do sobÍ€tudo como um moÍiv4 um obi€to pitoÍesco. Mesmo em es_
critoÌes tão comPreensivos quanto Áfonso AÌinos. EntÍe ele, cabo-
cÌo. e os escritoÍes, ia a distânciâ que mi do emPÍegado ao PatÍão
bondoso e interessado Pela süa üdâ' A forçâ do romanct mod€rno
foi teÍ enEevisto na massa, nÃo ars'rflto' nÌas realidâde criâdorâ Os
escritorcs aprenclerarn, no s€ntido pleno' com os Eâbalhadores de
ênqenho, os estivadoÍes, os plantâdoÍes de €acau, os oPeÌáÍios de
fábÌicâ. Através dos liqos, toda essa massa anônim a aìo* dc ccrtomodo, transfundindo o seu ügor e â sua poesia na üterarrüa euÍo,peiz.da da burgu€sia. Foi uma espécie de iomada de consciência d.ma3sa atrâvés da simpatia criadora dos artjist"s qu€ se dirigiram a ela.Foi, portanto, o despertar de um sentido rìo\o do Brasil. Como dizMário Schemberg, no Íefeddo ensaio, â elevâçáo do nível eco,nômico das massas lhes permitiÌá uma paÌticipaÉo efetiva na €ul_tura nâcionaÌ. O pÌelúdio desta paÍticipaÉô pode se dizer que forâmos Ìomanccs dos ânos de 1930, rêveladores do povo como fonte, nãoapenas motivo d€ arte. O r€sto virá depois.
Os romancista! do Norjdeste aindâ €stão, todos ou quar€ todos, emetividad€. Ainda âgora a.âba de sair, editado em São lànlo, mris umromanct de Jorge
^rhado - belo üvro que rvpresenta na produção do
scu autor um mommto d€ erepcional ünpoÍtáncia pois é o primeiroìndÍcio de umâ ÍrÌâturidde que se anuncü úeia de força ,.
No trabalho de revelação do povo coÍto criador, que assinaleiatús, nênhum escÍitoÍ s€ apr€senta de maneiÌa mâs crract€risticâdo que Jorg€ Anado. Os seus liwos penerâm nâ poesia do povo,êstilizam-na, transformãm-na €m criação pópria, úazendo ; pro-letário e o trabâlhador rüral, o negÌo e o branco, paÍa a sua €xpe-riê-ncia ertlstica e humana, pois ele qús e soube üver a deles.
òe êncaÍarmos €m coniü:nto â sua obra, vriemos que ela s€ desdo-bra seSundo uma dialéticâ da po€sia € do do€umentq este tentandore\ãÍ o autor para o romance social, o roÌrÌanc€ proleúrio que el€quis faz€r entre nós. â prim€ira ârrastando-o parâ um tratamentopoÍ assim dizer inremporal dos homens e dr5 coisas.
C4.4l] qu€Íia seÍ um documentário impersoal:
T€ntei contar n€Íe lirÌo, com um mínbìo de literahüa pâra ummiÌimo de honestidade a vida do trabúador das fazendas decâcau do suÌ da Búia.
- SêÍá um românc€ pÍoÌetário?I I tory.
^n.do, nr6 Ao en in . szD pàúto: Li^iúia M"Íitr Editora, 1943.
(CoLçao C..cmpor&d, f, s C+! d. Clóvú ceiaoo).
.os3r^, Docuurnro ! rrsrorr^
À intcnção d€ SÍot é da ú€sma natuÍeza. Mãs a Po€siâ €sPerava
Aftado âtÌás da esquina dos s€us cortiços. türiaál viv€ d€la' €
uiÍe graça! a ela llma amplitude até então desconhecidâ na nossa
Como a sombÍa no poema de VictoÌ Hugo, a Poesia de
AÍnado alarga até as estÌelas o gesto do trabalhÂdoÍ brasiÌ€iro
ai el€ se havia conveücido de que ã ÌiteratuÌa náo é v€ÌgonÌn Pâra, sobretudo para o es€ritoÍ. Deüdo a uma P€n€traçáo mais
nos meios de expressão é qu.e pôde fazÊÍ de lubiabá vm
gÌrnde Íomance e lhe dâr um alc:nca sociâÌ €fetivo muito maior do
ouc o obtido com os Íud€s ensaios Prec€derÌtes.EÌr. Mar mono ele perde fiâncamente o Pé e se âfunda na PuÌa
pocsiâ. O documento esÍ'âec€ dialte do impeto lírico' c o Ìomânce
& faz quâse poema- Em CíPitões da arci4wlrao do.trment^tio ^se
LnPoÍ. O autoÍ tentâ s€ equilibrar e[tÌe as duas tmdências' mas PÍo'duz um livÍo s€nsivelÌn€nte inÍerior aos dois Preced€ntes.
Em 'rerras do sem fn, cltgam>s como que à solução do movi.
mcnto diâÌético assinalâdo: chegãmos, poÌ assim diz-ÊÍ, à fórmula da
cltética de lorye Amado. Do€umento e Poesia se tundem harmo-
niosâmente âtrâvés do Íomance histórico. Porquc este livro é de
c€no modo um Íomanc€ hstódco, como ProcüÌarei indicar' Para o
eutor, diga-se desde a8ora, não poderia haveÍ soluéo melhor
Olhadâ em conjunto, desta Posição favorávet qu€ é Tenar do r.ttfla
a obÍâ de lorg€ Amado, com todas as iÌÍ€gdaridadês' os altos e bâüos,
os tateios que possã ter nos aParece baslante un4 caracterizada por
um grande €ntÍosamento das suas Partes. Os Ìivros d€st€ autor tìas€em
uI$ dos outros, geÍmirÉm d€ sern€ntes lânçâdas anteriormente,
rementes qu€ às vszes peÍmanecem müto temPo em latência.
O número dos s€us temâs é Pequenoi daí a concâtenâção dos seus
livros. E daí, também, â sua superioddade, uma v€z que, deste modo,
podem s€ apre6entar nullr sist€ma ügorcso
A suâ consciência faz Poucâs constatações, mâ.s profundas e defi_
nitivãs. Elas s€ impõem dentro do espftito do ãutor, que, insensivcl-
ment€, as vai amaduÌecmdo, elâborando, €nÍiquecendo. A não ser
destê modo, um esplÌito apaiaonado e móvel como o seu sê Perd€Íiâ
cm etcmos €sboçor, A limitaeo €Ìn númcto dos t mar é a condiçâoda suâ foÍç1 e do seu d€scnvolvimcDto crDlutivo Descnvolvimenr,quc se faz scguro, nurn raomâr coÌìstantc e sucessivo d€ tcmâs anteriorcs, um Ìivro, como dis5., saindo do ourm.
Dos meninos vadi$ dc /ljria,4 do bando de Antônio Bâlduíno.nasaam € cÌescem os Ca?íãrr d. ard4 e dos scus !âìr'eiÌo6, do ocaâno,násae Mar ,rorúo. Os meninos vadio6, por suâ rrg sao ccÍtamark umanc.66idadê imposta por Sror, p€lo desrio dê mostÍ.Ì â 8ênêse da-quelas üdas esmagada5 dc coÌtiço. O cacâu, lançãdo no romaìcedest nomê, fi(a lat€nr€ muiios anos. perpa.lia nas hbtóriâs do negÍo!€lho d. Ilhéu.i €m /úüüd. ApaÌece d€ modo tugaz €m Cdpiracrddarei.A iá sob o aspecto pionciro € tar-Í,err qu. constitui a trama dâsTeftas do tem frtry ondc se cxpande e se reâliza, definitivo, o DrÁRroDE uM NtcRo EM FUcr, de,líóiaró apresenta os pe$ona8€ns dc MarmoÍo. r údâ dos trabalhadoÌes do fumo, irmãos dos dc cacsu.
E os livÍos vão dando as mãos, daÍgando oi prim€iros choquêrcmocionÂir que fêriram o euÌor, sc dcsdob.ando, como indiouei.scgundo a diaìérica do docum€nro e da f,ocaia.
Docümento € poesia Íto Í€pÌ$enrados, na obra de Jorge Âmâdqpoí um ceÌto núm€ro de prcocupações e dê t.mas, Enc.rados do ân-guÌo documenúrio, os seu.3 Ìomances drnsurucm samDr€ uma as-scÍéo ê uma informação. Informação dc nÍvÊis de üd;, d. oficios,d€ téneÍos de ocupação, dê mMria, de lub €conômic., dê prcduaosass€rção de certos pontos de vistã d€ ond€.e dêscortinam âútudessociais, rcivindicaçõe! prol.ráÌiar, dÊsaiuíamcntos de clalsc.
Do ângulo poético, são tcmas formadoÍ.s da ambiência cm quc odocumento é el(Poío e viüficâdoi em que adquiÍE rEalc. € ganha Àrçâsrlgestive. São certos ambierìtês, certát constântes cénic4 e s€ntimentais - como o mar, a noite, a f,orestâ, o vento, o amor, constantes quêobs€d.m ÍoÍge Âmâdo.
O rÌÌaÌ Fn€trâ com /úi.t4. daí por diânt naro lhc é Ínis eossívrllivrar-s. d. sn obccssão.
^nónio Baldulno a scnrq e da volta na suã
üdâ, dc modo periódico, como um refrão dc fusa e d€ mistério. trmMar moio cle in.'4Lde o tirÌo todo, pois que eh é ã ürro, Como Baldo,os meninos de Capiría d, Árei4 s€ agitam p€lâ! praias, ond€ moram,
rorr., oocurrrro r xrr,tÍ^
aEam, 6curãDdo o ap.lo da áEna- T.íflt do s.n ffi'nme'êPo'n €piídio m.rttimo. O maÍ é o PÍcâmbulo do dr"'m do ctcau'
^ mata, aPdgado d€m€nto decorativo êm &.d& onde mal apar'€''
a se 6Ìâr êmocionalment€ em ,ühnüd É â Ínãta misteridsa €
ch.ia d€t rÍoÌ, Por onde fogeÀítônio Balduíno EÍÍ litmr
semrtm ela irÍomPe com 61Íia, numâ noitê de temPestad€' E â 0o-
rr do SequciÍo Grânde ê Por assiír dizeÍ, o PcÍsonagem r€âl do livÌo'
É €la que ioga o3 homens utìs contÍa os out$q é 'la
que' adubade do
aau sâ.Dgue, s€ abÍ€ nâ florãda do câcâll
Ácuâ, malo, noit€, vmto. T€m.s' que são a po.5ia m€sma dos litÌos
dc rãree ^mado,
trãtâdoq nào com a laÌ8e m'lancoliã scbmidtcârú'
mas com a cloqüancia Profunda que os arrasu para a éPicâ' Pâíã ã
vêemência às vez€s quase retóricà, amPlificadorã e Persüasiva' ncstc
baiano, da têüa dos oradoÍ€s e de Castro A]vet
Graças a €ssÊs temas, JoÌ8ê Amado inscrcÌt a !uâ obra Úo mundo'
daDdo-lhe um s.ntido t lúÍico. Mas dominandcoc' s' instãL o
tÃna hum.no do amor, que Paüa sobrc des.
O arnor carrega dc urna surdã reisão as É8inâs dos seus rcmanccs'
rÌultando poÌ cima do rumoí das outÌas Paixões Na nossa ütcÍatu-
Ía moalemâ, JorS€ Amado é o maior rcmancilta do amor' forçâ de
carne e ilc sanSüa qu€ aÍrasta os s€us pergonâ8cns paÍa Ìün ft(tíâor-
di!áÌio cliíÌÌâ Irico. AmoÍ dos Íicos e do6 PobÍcq amo! dos negros'
dos operáriot quê antes náo úüa €stado dê ütcrttuÌ'â s€nâo Gdulco-
Íado p€lo bucolismo ou bestializado P€los natuÍâlistâs
É ceno quc os selìtim€ntos d€scritos ' Poctizâdos Por lorgc
ÂÍìâalo devcm scr tomâdos como dcformâçõ<s _ no s€ntido 'rtlsti_
co. Os Dc8Ío5 a os trabâlhadores dos seu5 livros são descÍiros Por
um homem dc outÌâ cor' d€ outra clã5s€, cuia obÍa impoÌtâ numâ
estilização inevitávcl e nêcessária, talhâda no rico cont€údo 'mo-
cional do povo Na m.n€iÌâ de amâÍ € d. PcnsaÌ dos seus Íc8ton
hrv€Íìí uÍÍla dcformâÉo quc a mú intensa simPâtia e o mab minu_
cioso conh€.im€nto íâo coÍrlagueú at€nuar. E ncÍo há ncccsridâd'
disto. JoÌ8ê Àmado troux. os ne8Íos da Bahia PâÍã a arte e dcu 'Ír5_
têncra estética, isto é, pêrmanent€ à sua humanidâde' Arte é catilo'
e €stilo é convenção
t-
Vind€ ouvir estai hiíória! c cstas cangõcs, vind€ ouür a hisróriide Cuma e de Lívia, que é a históÌiâ da vida e do amoÌ no ÍnaÍ. lise €la oão vos parec€r bela! a culpa niio é dos nomens Íudes cue InarÍam. É qu€ a ouüíe dâ boca de urn homem da tena, c dificit.m€ntc um homem da terra entcnde o coÌâção dos maÍinhêiros '.
Não impoÍra que alsim s€.ia. O que ele faz é aíe, não reportag€m.E, tÌâ"tndo a lufada de amoÌ e dc av€nturas, d€ mMria e de lutã qucvem do povo, JoÌg€ Amadq enÍique@[do a nossâ lit€ratuÍe, nosennqu.c.. Iawrencc iá dizia que "da class. média r€cebêmos idéias€ dopoÌo r€cebetnos úda e caÌori
A €st. pÌopósiro, uma obs€n€ção.O conh.€imento quc Jorge Ámado rcvela do homcm é todo elê,
por asrim diz€r, umâ obÌa de graça da poesia. A sua mancirâ d€ t.ataros p€rsonagens é poética. Ela é qu€ supre o que lhe falta em pene-tração psicológi(a.
Uma cvidancja dc quc 06 cdrico6 se 6qu€ccm Ê€qücnteméÍrtc é qü€a arális. psicológicâ não é a única üa d€ conheciíhento do homem.Nutridos pelâ tendênciâ anaÌltica do romance personâlistâ, somoslevados a dcsconhc..Í os outros pÍo@sros d. Ìevclação de urna oer_sonaldad.. Uma liúa comprida c sinuosâ que v.m de r,ladami deLã Fayette a JoF€, â Virginiâ Woolí €omo que deformâ a nossâ ati-tude eÍrl fac€ do pÍoblcÍna psicológico.
Iorgc ^rnado
neo Èm, evidrnt m€trre, as qualidadcs da análise.N€m paciência, nem minúciâ, nem engenhosidadc, nem senso daaventuÍa rnteÌior, n€m clpacidâde de isolam€nto. Não obstante os s€usPeÍsonag.ns sio tão ricos e çio üvos quarÌto 05 dqs mcstÌcs ânalistâsMâis v;yoS rahtz, porqu€ viv€m a üda sâdia dc Í.lação, c não p€Íd.mêm ühlidâde o que gãnhãm em profundidâd.. Como o sêu aúor, oueos faz €*istir graFs à sua b(|tdrd€ surpr€endenrc de intui(ão,
À maneiÌâ dos primidvos, Iorgc Amado é concrao. Os úrnas òss€ur pêísonagcns nunca se resolvcm numã teia ab,sEata d€ consid€ra-çõ€s, mas sa defincm s.mpÌe poÍ ün sistcma de Íclaçôcs concÍêtâs
2 | rnrÌóiro d. Mú notu
o mundo €xÈrioÍ, com os €l€m€ntos. S€ aPóiâm semPÍe no dado
.rtemo, c fazeln um coro ú com as coisas. Psi@logiâ telúri@ é o que
nos panece à vezes a sua kndência d€ rÌansfundir os el€mentos nos
hom€ns, animando-os de todos os lados com o s€u sopÍo cnador.
No cntanto esta poesiã de que lhe vem foÍça é também' não ÍaÍo'
motivo dc fiaqueza. Forque ela é, mütas vczes, simPlês tectrtro. So'
br€tudo porque é eloqüent€, amplificãdora - iío é, aquela que mú
facilrncntc alendc ão chamãdo do es<rilor pãra suPrir al suâs insu_
ficiências, Ìâpando o vazio (ôm utn remoiúo de imatcns. Nos s.ui
livÍos, há do boÍn c há do mâu. Em mütos tt€chos' sobÍetudo nos
Capines dt arcia,hâ Dn ap€lo abo niciÌ paÌa a s€ntimcntalidâdc, o
patético dc segunda oÍd€m. O que nos l€ve â peÍguntar s. em JoÌg€
^mado Mtoet d. fato oü há po€siâ d€ PÍosador, Pocsia que ParêG
tâl por uma simplcs distensão do ritmo € das imagens da Prosâ. Mas
!ão. A sua poesia é âutêntica, embora nem sempre chamadâ com
pulÊrr,.mbora aparÊça à! vcz.s como uln exPdi€nt€
,orBc,{mado é um aulor.ntr. a Prosá ê a Po6ia. S. ã sua obra é
um movimento dialético €ntre o docum€nto e a Poesia, sua forma é
uma conÍtuencia dcsta e da Prosa. É um lutar em qü€ se coloca' a
iguâl disthcà d€ dnbâs, armado com a Í€alidade d€ uma . o mis-
tério da outra- Um Pouco como os bot.qui.s d€ (3is, motivo tlio
qu€rido seu. Através dâ suâ obra, eles âPaÌccem, lugares que não são
Dem mar n€m têrr4 Ponto morto €m quc s€ encoDtÍam os habi_
tatrtês dos dois mundos - os homens da tcrra quc dcs4em dos moÍ-
Íos e os homens do mar que $cm dos savêiÌos. Ê a "lánterna dos
AÍogddos", de lubiabÁ e de Mar motto; ê ^"Porra
do fiar" em Capitães
da arcíq ê avend^ em nomq de llhéus, nas 7irr45 do sen fn As
g€ntas da ág!ã c da t€rrâ âli cÍuzãrÍt oc s€us d€stinos c ouvem os s4rrs
mistéÌios. Cnmo o pÌóprio autor, nessa encrúzilhadâ entre a PÍosâ €
a po.sia, que é o pÍóprio ritmo interno da sua admirávêl €s.dta.
tJ:ndo Tenas do te fin.omPÍ€edi a afirmâção de Prudentê d€
Morâis, neto, a pÍopósito do seu autoÌr "(.'.) será, quando qüs€r' um
gÌânde Ìomancista '."3 | Pnd.nÌ. d. Mor.ir, r.ro, O dNre ürutLiD, Minitrario d4 R.Lçõ.5 EÍ.rioRs'
Díi!.o d. ceD@<ão l.r.leau.l, R.tlfu n" 3, 1939.
lorge Amado tem o estofo de urn inspìrado. Una vez sob a influência deüm choque enocional,o seuimpulso lírico solta o vôo earrasta a realidad€ concreta do detalhe documentário, sobÌe o qualpretende se baseaa para um clima de exaltaçâo poéti€a, em que seperfaz uma das obras mâis ricâs dâ nossa literatura.
Orâ, este môvìmento cÌiador é de natureza a levar de roÌdão, a fazero artista transpor os Ìimites necessáÌios, os quadÌos e as exigêncjasdo ronance. Há uma série de reqÌrisitos de ordem técnica que sesatisfazem mais plenamente com intervenção pronunciada da inte-ligência ordenadora do romancista. São probÌemas de Ínedidâ e deconstrução a que €stá pÌ€so o própÌio alcance da obra enquantoromance. Àssim, por exempÌo, a composição, - este €âpítulo dìscutido, esmiuçado, mâl compreendido da criação literária - que r€sidesobÌetudo na capacidade ordenadora do escrito4 no seu seÍrsô deproporção, de equilíbÌio, de distribuiçao dos vaÌores expressivos.
Os romances de Iorge Amado se ressentiÌam sernpÌe da falta de compos4ão. Da âusêncìâ, pode se dizer dos pÍim€iros üvros, onde umvaso fio cozia maÌ-e-mal cenas e úâdâs rnais ou menos independentes;onde não s€ sentia a necessidad€ interna, o ritmo das diversas partes.
Em lubiabá, por exemplo, parece que â composiçâo acompanha aâventura mesnã do he.ói. O romancista se imanâ €oÍn o negroÁntônio Balduíno e vâi, €om ele, de aventura em aventura. Os c-api-tulos seguem a coerência destas e se ligam, como que cìÍcunstân-ciaìm€nte, ao sabor do ra€onto. A inspiÌação e a extraordináriacâpacidade de simpatia humana do autor fazem de lubiabá tmaobra-prima cheia de imperfeiçôes, tanto é verdad€ que a força dotaÌento supre, en casos excepcionais, a arquitetura devìdâ àinteÌigência anâlítìca e construtoÌa.
Mal 'nor.o
o quinhão da poesia nâ sua obÌa - é mais uno e maispuro. nào poíque .epresenre um erforço redl de composiçáo, masgraças à unidade qu€ vem da sua própria puÍeza poéticâ.
De qualqueÍ mâneirâ, somente com Terras do sen fn se podefâÌar de um romance construído segundo as exigênciâs da composição literária, o rommcista se sobrepondo ao seu mat€ÍiaÌ e orde-nãndo as part€s da obra.
Neste srande Ìomance histórico que é Terras ãô sen lìn,IoryeÂmado venceu a etapa dâ impaciéncia e apurou as sua5 qìralidades
d€ €scritor, combinando a sua dupla tendência pâÌâ o documento e
O romance histórico, gênero pouco e mal cúiEdo entre nós, se
não ìntrâpassâ o pitoresco nos seus representantes menores, pode,
nos escritores de boa qualidade, adquiÌir un ãdmnável serÌtido poé-
tico. Este livro, que já tem como os ânterioÍes do autoÍ uma dmen
são infinita - a da poesia, ganha a dimensão concreta da história,
que redime a banalidade extÌemamente contingente, do ponto de
vista artístico, do documento bruto. E essas dimensoes ã poéti.a e
a histórica se conjusâm pãra dâr âo Livro aquela que faltava aos
outÌos - a psi€oìógica, €m protundidad€.
O sisniÊczdo humáno dos penonâgens de loÍge Amado, como já
vimos, vem menos da sua câpa€idade de anal'sar, Êaca e sumáriaque do sopro criador e animadoÌ da po6ia. E â perspectivâ históricn, o
ritmo cíclico dos âcontecimentos, tomando o personag€m entre vários
pÌanos,lhe ass€guram a verdade e o relevo que a málise Dão póde dar.
TornâÍdo-se histórico, o rornance de Iorge Amado deixou de ser
romance proletário para adquirir um significado mâis extenso. A
história tem essâ fâculdâde de, remontândo a corr€nte do tempo,
alargar o nosso panoÌama, ampliando a nossa compreensâo. Diante
dela as reivìndicâçôes de classe, a espoliação não se colocam com
sentido atual, porque €la é a própria trana, já tecidã, de urnas e de
outras. Ê o seu llgal histórico, os antagonismos se cristaÌizando em
estrutuÍas e em sistemas de relações obserúveis a distâDcia.Através do documeÍto, o autor percebera a espoüação de uma classe;
através da poesia, sentira o seu valor e o seu significado; âtravés da
história, que reúne espoliâdos e espoìiâdores numa reÌação de pers-
pectilã, âÌargou a todos os homens a sua simpatia anistica. O que
resulta, ponentura, nurn enfraquecimento doutrinário, se conside-
raÍmos o €aÍáter de Ìuta da obra do autoa mas que impoÌta em
enriquecimento da sÌra aÌte e da suâ compreensão humana.
Em Tenas ào seln fn, pela pÍirneira vea ]orge Âmado simpatiza,
no sentido psicológico, não morãÌ, está visto, com os coronelões - os
espoüâdores. Penetra na sua humaíidade e d€ixâ d€ ver neles espârralhos srm alma, como era o €squ€mático Misa€l de Soüsa Tell€s, d(Caca4 € süâ esquemática família. De tâl modo qu€ €st€ livÍo, comìassinalei, não é mais feito do ponto d€ vistâ do pÍoleúrio. Ele o r,simplesmente, do ponto de üsta hiitórico (mais ampÌo) do pioneirodái tenar do .ãcâu ro sul dâ Búia, - €spoliâdo ou espoliador, €abrrou pâtÌão - entraalo para a et€goriâ da história.
E o resultado é que o lirÌo ganhã em humãnidade e em univ€Ísali.dade. Garha mais alcance social através d€ssa is€nção ardsticâ, - qucviveu o ponto de viltâ dos doii lados e, portãnto, deixou muito mãircl-âÌâmente paknt€ada, p€lo contrast€ não mais conv€ncional, a in
iustiç: das Íelações de âmbos que do dêmagogismo ac€ntuâdo dasprimeiras obras do autoÍ. Múto maii que d€ Crí24 - s€u distantcpdúdio - o leitor sai deste livro úvêndo o drama do trabâIhador,porque o üu int€gado num panonma humano mú .mplo, e nãosegregâdo, quimicãmente iiolado por om ponto de üsta unüateral.Em arte, a compre€ns:io - nos dois s€ntidos, lógico e psicológico - ósernpre Ílâis ativa e Ínais eíetiva do que a parcialidad€.
O nome deste mmance âp Íecre]u em Mar modo, dando titulo aum dos seus capitulos. É o ìugaÍ misterioso, as terras para ondeIemanjá leva os mãítiÍnos Ìúufragados, e contam que tal viagem"(---) vale bem essa üda porca que eles levam no caisÌ
Também aqui ^s
TeÍas do sen fn sâo umâ espécie de outromundo, para onde a febre do cacau, a sede do ouro, arrastâm oshomens nümâ âventuÌa desbr.gada, ch€iâ dc perigo e de morte, desanSue e d€ brutalidade. Um inferno para o op€Íário, umã parâda deüda ou de mone pâÌã o fazendeiÍo, uns e outros atiÍados na av€n-hÌâ capitaìista da concorrência € dã ütória do mâis forte,
(...) o cacau, qu€ requer um clima quente € úmido, eôcontra €mgrânde paÌte do Brasil um habitatâpÍoptizdo (...) no SuÌ da Bahia,desd€ a bacia do Na?âré à bacia do rio Mu€uri, o cacau terr umadas suas zonas mais produtivas do nundo (...) â indústria docacau, pela ía€ilidad€ dâ cuìtura e peÌa durâçáo da produtividadeda áÌvore é uma das mais rendosa.s do Brasil.
Assim fala\ãm âs g€ogra6âs no tempo em que se desenrolam oscontados em Tems do sen f . Tempo bra'Fr, de
e de luta, quando os €oronéis armavam os seus jâg@ços pâraos alqueires de mato üÍgem, de teía escura, paÍa o plan
Na época em que os Badaró lutaÍam com Horácio dâ Silveiraposs. da mata do SequeiÍo Grande e a perderam, após havê la
ganho.
Foi â última grãnde luta da €onquisb da terra, a mais feroz detodas, também. PoÍ isso 6cou vi\€ndo âtrâvés dos ânos, as suashiitórias passando d€ bocâ em boca, relatadas pelos pars âos filhos,pelos mais velhos aos mais iovens. E nâs fenâs dos po\ )ados e dascidades, os cêgos úoleiÌos cantavam a históÍia daqueles barulhos,daqu€l€s tiÍoteios que €ncheram de satgue â teÍrâ negra do (âcau.
Eetâ luta, que é o drama nuclear do liuo, lorge Amado a armacom boâ técnicâ. Para nos levaÌ a ela, usâ om pÍoc6so de aproxiÍnaçaoprogressiva, €m que se vão d€fiìindo os câmcter€s e as posições, fo-c.lizândo (às vczes no sentido de uma .r/rtera) aspeclos, Iugãr€s, ciÌ-cünstâncias cada v€z mais ligados à ìuta.
Á. pÍimeiÍa pâÍte sê passa no maÌ, nuÌn naüo qu€ traz gente paraIlhéls - fazendeiÌos, trabalhadores, aventuÍeiros. Depois é â matâ,siio as fazendas, os primeiÍos sucessos, ligados por uma técnica quasecinematogÌáfi câ, dispondo-s€ em paí€s contraponticânente €quili-brada. Sao em scguida os pequenos povoadoq foco da poütica mandonistâ, feudos dos s€nhoÍes €m €uras terÍas se encravan. Adiântedel€s llhéus, o €€ntÍo d€ toda a históÍia do cacau,lugar do jogo d€inÍluências e das querelas d€ pÌestígio. Finalm€nte, a luta, o desfe€ho.
O plano é simpl€s, sóbrio, pensado. Sent€-s€ na sua rcallz,ião apresençâ, pouco sentidâ ânt€s, d€ üm Jorye Amado construtor que6e detém parâ p€nsar e oÍd€na com foÍçâ e harmoniâ. As palsagensdas c€nâs, os fins e os iní€ios de capttuÌos, as aÌticulaçõ€s, os cortes,tudo Ì€v€Ìâ no autor um artista consciente e senhoÍ da sua matéria.Talvez se pudess€ objetar contÍa €ertas inclusões d€masiado poéticare cinematográficâs, que alt€ram o caÍáter lit€rário do líÌo. Por ex€m-
plo, o começo do s€$mdo (âpltulo, .m qu€ a mata apaÌ€ce numa vis.r,lplástica de cinema, ou do tercciro, a admiÍável bistória das tÌês i'mâs €m prosâ mctÍificada: "Era uma v€z tÌês irmá5: Maria, Lúrin,Vioìeta, unidas nas correrias, unidas nas gârgalhadâs." TÍ€chos .cenâs tão b€los que o pmt€sto morÌ€ nos lábios € o l€itoÍ os âccil,'s.m clutâa. São tìo entaltq do ponto de vista técnico, mÉnos cabívcndo quc outlos, mais €specificam€nt€ romÂnes.os. Como o intÍóirodo côpltulo quârto, O M^r, a cene do bot quim e o caso do homcnlde col.tc azul - c€rtammiê um dos mâioacs momentoc do livro.
Em 8cÍâ1, nota-s. um valor mâior dâs primciras paÍt€s sobr€ ir\últimas, o livro atingindo o seu ponto culminante no capÍtulo seg0ndo, lcrdadeiÍa obra-prima d€ construÉo, de po€sia € de intensidad(
O fato é que os problcmas dc construção, em lalgo ou êm detalhc,sáo cuidadosa$ent€ p€sados n€stê livro. O trãbalho do autoÌ apaÌeeca cada passo a llm êxame mâis dctido - dcsbastando a cxubeÍâncirda inspiÍação, dis.iplinãndo-â com rigoÌ.
^ llngua, por suâ vez, rica e scivosá como scmpre, s€ organiza conì
mais rilmo, com mais s€nso da fiase do quc na irregularidade u rtânto improvisada dê mütas dâs páginâs ânt íiores do autor. A foÍçndâs imag.ns a sug€stiio do verbo, fãz€m da sua es.rita ãÌgo de d€finitivo, â propósito da quãl rá se pode frlar em cstilo: o estilo d€ lorg(Amado, chegado a um gÌau elevado d€ amadurecimento, Íeflexo do
Pensamento mais coord€nado e profundo.Ê cstc, s€m dúvida ãl8uma, o s.u maioÍ livro. Múto mâioÍ do qur
os outÍos, mesmo trbiará É um gnnde roÍnance, cujo sigaificadona nossa literatuÌa não pode no momento ser bêm aquilatado. Conìa P€Ìspcctiva aka p€lo t€mpo s. wrá s€m dúvida o que Ìeprcsen-ta como cuÌÍrinàrcia de toda ume linhe dc noÉo bresileir., qucprocuÌ€i d€finir acimã. O que tcm de cL*rico a s€u modq comocxpr.ssão dêfi.nitirã de todo um pênsamento ê toila uma atitudcliteúriã que têm f€.ündado noasa! letrãs há mais d€ dez ãnos. E tercãbido estc privilégio ao maiB indis.iplinado dos srur represen'tant€s, ao loÌge Âmado descuidado e impaciente dos üvros anteÍio-res, é um sírhbolo, não sem beleza, da força que tem a int€ligên iaoÍd€nadora do âÍista sobÍe o m.terial bruto dâ evidênciâ docu-
e o impulso irresistívcl dâ insPimção. GÍaças a €ssa foÍçâ'
renrfm é um dos grandes Ìomanc€s coniempoÌãnêos'