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Antropologia Da Educação

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livro- uma introdução

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FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)ANTROPOLOGIA DA EDUCAOPALAVRAS INICIAISPrezado(a) aluno(a),Seja bem vindo(a) Disciplina Antropologia da Educao!Nesse momento, voc est dando incio a um novo momento em sua formao: os ltimos momentos dentro do curso de Graduao em Cincias Naturais (Licenciatura a distncia). Certamente, essa experincia fecunda em aprendizagem, crescimento intelectual, desenvolvimento pessoal, construo de novos amigos(as), dar suporte para grandiosas vivncias como profissional da educao.As diferentes sociedades humanas sempre souberam, com poucas excees, que alm de suas fronteiras havia "outros povos". Povos esses que habitavam territrios de maneira diversa, cujas caractersticas fsicas (cor da pele, formato dos olhos, altura, etc.) eram diferentes das suas. Grupos que no adoravam os mesmos deuses, enfim, que pensavam de outra maneira. A curiosidade de conhecer esses povos "diferentes" motivou o nascimento da antropologia, que atualmente no estuda apenas os diferentes", mas todos os seres humanos.Em nosso curso de Antropologia da Educao, utilizamos a modalidade de ensino distncia. Essa forma de educao, embora ainda bastante nova para ns, aparece num momento histrico da educao brasileira, uma vez que as polticas pblicas de democratizao do acesso ao ensino superior tm possibilitado que vrios estudantes oriundos dos locais mais distantes do pas tenham acesso educao superior. Nesse sentido, cabe a todos ns contribuirmos para a qualidade dessa modalidade de educao. Para isso, imprescindvel que encaremos esse desafio com compromisso, colagem e dedicao.Para uma educao a distncia de qualidade, de alta relevncia que a relao professor-aluno permita a construo de conhecimentos nessa modalidade de educao. Com essa finalidade, o material de apoio desta disciplina foi pensado e elaborado com a perspectiva de uma proposta inicial, ou seja, ele no um documento acabado, mas sim um projeto em permanente descoberta, sem deixar de contemplar os contedos fundamentais da disciplina, os objetivos, as etapas e as referncias

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)complementares. Nosso material e apoio um convite viagem, numa espcie de rota antropolgica, e no uma delimitao rgida de fronteiras. Buscamos priorizar programas como roteiros de viagem, mas viabilizando percursos pessoais, abrindo espaos para a descoberta de novos mundos.Como o objeto desse trabalho desenvolver seres humanos (alunos e alunas) e, por conseguinte, carregamos as marcas do ser humano. Entendemos que no podemos moldar os(as) nossos(as) alunos(as), da mesma forma que um arteso afeioa um jarro de barro, ou pinta um quadro em branco. preciso que os menos experientes tenham a certeza que essa disciplina carrega consigo concepes e conhecimentos prvios e, muitas vezes, estas concepes so diferentes dos saberes da educao formal universitria.Ressaltamos que todos que participam da disciplina (sejam aprendizes, mestres ou tutores) so protagonistas do trabalho e do currculo. Todos so vistos como executores do currculo dotados de certa autonomia de escolha, portanto, polticos em essncia. Assim, acreditamos que a profissionalizao docente se faz no dia-a-dia, na construo e reconstruo de novos de saberes parceiros.Por entendermos que a atividade docente, numa sociedade desigual e injusta como a que vivemos, no pode se resumir, exclusivamente, busca de uma eficincia conteudista ou disciplinar, defendemos que durante os processos de construo das identidades profissionais dos professores, preciso buscar subsdios para a formao de professores reflexivos, visando transformao da escola e da sociedade. Para tanto, cabe aos cursos de formao docente criar estratgias e alternativas para a consolidao de um modelo, baseando-se na prxis e na emancipao pelo trabalho. Cabe ainda compreendermos que os estgios supervisionados so uma ferramenta mpar para o desenvolvimento e instrumentalizao da prxis dos futuros professores de Cincias.A idia de descoberta est presente na medida em que inserimos a participao dos estudantes e dos tutores presenciais e distncia mediante as sugestes, crticas, dvidas e elogios aludidos ao desenvolvimento do nosso trabalho.Nesse sentido, a nossa preocupao nessa disciplina a de criar condies tericas e metodolgicas para que os estudantes tenham uma compreenso crtica do fenmeno educativo por meio de sua insero na histria das sociedades.O campo de estudo da Antropologia da Educao tem sido considerado, nas ltimas dcadas, uma das reas mais importantes no mbito dos estudos educativos. Entre as muitas cincias que tm por objeto o ser humano, a antropologia - "cincia do homem", segundo a origem desse termo - o estuda do ponto de vista das

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)caractersticas biolgicas e culturais dos diversos grupos em que se distribui o gnero humano, pesquisando com especial interesse exatamente as diferenas.Para sistematizar nossas reflexes, esta disciplina ser dividida em trs ramos:Unidade I Conhecendo um pouco da AntropologiaAqui ser fundamental estudar algumas ideias que contriburam de forma direta para esse campo de conhecimento, bem como analisar um pouco do histrico desse campo de pesquisa.Unidade II antropologia-cultura-educao: uma relaoDurante esta unidade estudaremos as perspectivas que interligam a antropologia, aeducao e a cultura. Daremos nfase aos aspectos crticos da Antropologia daEducao no contexto da globalizao cultural.Unidade III contribuies da antropologia para a educaoPor fim, na terceira unidade vamos estudar, de uma forma mais direta, as contribuies da antropologia para a educao. Analisaremos a etnografia como forma de pesquisa em educao, bem como os estudos da antropologia a parir do cotidiano dos grupos, buscando subsdios para o trabalho do professor de Cincias Naturais.Ddo. Raphael Alves Feitosa

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)UNIDADE I CONHECENDO UM POUCO DA ANTROPOLOGIAResumo da Unidade I Essa aula aborda algumas ideias que contriburam de forma direta para o desenvolvimento da Antropologia da Educao como campo de conhecimento, bem como analisa um pouco do histrico desse campo. Nosso objetivo proporcionar a voc, estimado aluno iniciante nos estudos antropolgicos, uma viso geral sobre essa temtica.Aula I.I O que essa tal de antropologia?Resumo da Aula I.I Primeiras ideias sobre a antropologia como cincia. Estudaremos a importncia da antropologia para a formao do educador, em especial para o licenciando em Cincias Naturais.Prezado(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais.Certamente, voc deve estar com muita curiosidade a respeito da disciplina de Antropologia da Educao. Como se no bastasse, todos ns temos curiosidade sobre como devem viver os povos, culturas em vias de extino ou mesmo sobre costumes exticos. Na verdade, essas dvidas so muito comuns nos momentos iniciais de qualquer disciplina de antropologia.NaAssim, considerando que essa uma disciplina voltada para o ensino superior, partindo dessas nossas curiosidades,disciplina Antropologia Educao,de dapercebemos que a antropologia pode interessar a todos e todas.usamos como Para conhecer um pouco mais sobre a importncia de se estudarreferncia de essa temtica podemos dar uma olhada nas publicaes relacionadas antropologia. Nas bibliotecas e livrarias, iremos encontrar uma grande variedade de trabalhos, desde o campo daobras o padro AUTOR, DATA. Por exemplo, no pargrafo ao sade, da poltica, da religio, dos mitos e crenas, at o dalado: SANTOS o comunicao. No obstante, acharemos obras que versam sobreautor da obra, ao meio-ambiente, sobre a etnobiologia, educao, sexualidade, turismo, esporte, artes, entre muitos outros (SANTOS, 2005).qual foi escrita em 2005.

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)Enfim, as investigaes no campo da antropologia podem estar voltadas para as mais diversas temticas que fazem parte da vida social atual.Ao falar sobre essa diversidade, no queremos dizer que os antroplogos estejam assumindo a funo dos pesquisadores especficos de cada rea do conhecimento. Significa que os antroplogos so hbeis em produzir um tipo especfico de conhecimento sobre temas que tambm so alvo de estudos por parte de outros campos de conhecimentos.Contudo, para que voc, graduando em Cincias Naturais, possa desfrutar do conhecimento que os antroplogos produzem sobre essa diversidade e temas importante que compreender como ele produzido. Dito de outra forma; imprescindvel conhecer a especificidade da abordagem antropolgica. Somente assim, ser possvel entender como a antropologia capaz de compreender dimenses da realidade que no so enfocadas por outras disciplinas, ao menos na forma antropolgica.Conhecer essa especificidade da abordagem da antropologia, ou seja, aquilo que especfico dela, o principal motivo de se ter uma disciplina da temtica no currculo do curso de Cincias Naturais. A formao inicial na universidade no objetiva apenas aparelhar o(a) aluno(a) para o exerccio de uma determinada profisso, como ensinar, pesquisar, atender pacientes, etc. Navegar nas guas de um curso superior implica tambm em ampliar os horizontes intelectuais, treinar a auto-reflexo, a capacidade de pensar e agir dentro de um contexto mais amplo. A antropologia da educao, como disciplina pode ajudar o futuro licenciado a seguir essa jornada.Nesse perodo final do curso, muitos de vocs j conheceram novos(as) colegas, novos espaos educativos (virtual, presencial) e disciplinas. Esse texto pretende ser uma apresentao inicial da antropologia. Destarte, a antropologia pode contribuir para a rea especfica da educao na rea de Cincias Naturais, bem como na atuao do professor desse campo. Assim, existe a possibilidade de fazer conexes entre a antropologia e as reas especficas do curso de Cincias Naturais.Ento, para voc, estimado(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais, como deve ser um antroplogo?De incio, muitos imaginam o antroplogo como sendo um cientista, com ares de explorador de lugares selvagens, que procura qualquer coisa esquisita em locais desconhecidos, no meio de povos exticos (de preferncia aqueles com comportamentos e dialetos bizarros, nus e ferozes na aparncia, com argolas noPara relembrar a trajetria do Heri dos filmes de mesmo nome, veja o site: < http://www.in dianajones.co m/site/index.h tml>

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)pescoo, presas de javali atravessadas no nariz e nas orelhas, ou artefatos colocados nos lbios, entre outras supostas originalidades).Talvez, o grande esteretipo do antroplogo seja uma espcie de estilo Indiana Jones. Esse um personagem criado pelos diretores Steven Spielberg e George Lucas e interpretado pelo ator Harrison Ford, e o protagonista de quatro filmes. Esse personagem, de nome Henry Jones Jnior, um indivduo com vida dupla: alm de um pacato professor de Arqueologia, um aventureiro destemido e pouco convencional, que usa uma pistola, um chicote e um inseparvel chapu e mais conhecido por Indiana (figura 1).Em muitos de seus filmes, o protagonista cercado por homens selvagens, de pele amarelada pintados com faixas e smbolos tribais brancos, vermelhos ou negros, todos sem roupas, apontando enormes lanas pontiagudas na direo de Indiana Jones (figura 2).Figura 1 (a esquerda): O perfil de Indiana Jones, com seu chapeu, pistola e chicote.Figura 1 (a direita): Indiana Jones fugindo dos homens selvagensFonte: No geral, da mesma forma que voc, muitos(as) outros(as) licenciandos(as) como voc, devem estar pensando que o antroplogo, mais ou menos como o Indiana Jones, para encontrar o seu Eldorado1 ou o seu Paraso Perdido aonde vai busca de algum selvagem, passando por perigosas viagens por mar, por grandes expedies por terra, ou voando dentro de aeronaves enferrujadas. Sem esquecer que ele ter que1 O El Dorado uma antiga lenda narrada pelos ndios aos exploradores espanhis na poca da colonizao das Amricas. Falava de uma cidade cujas construes seriam todas feitas de ouro macio e cujos tesouros existiriam em quantidades inimaginveis.

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)se alimentar como os aborgenes, comendo larvas, artrpodes, outros animais, razes e frutos nativos, alm de viver como eles em palhotas infestadas de insetos perigosos, cercado por animais selvagens e aterradores.Na verdade, o trabalho do antroplogo , normalmente, bem diferente. Existem aqueles que executam investigaes com os trabalhos de campo (pesquisando em ambientes exticos), como tambm existem daqueles que pesquisam locais normais, como escolas, universidades, shopping centers, entre outros.Por exemplo, a Associao Brasileira de Antropologia (ABA) fundada por ocasio da 2a RBA, em Salvador, em julho de 1955, a mais antiga das associaes cientficas existentes no pas na rea das cincias sociais, ocupando hoje um papel de destaque na conduo de questes relacionadas s polticas pblicas referentes educao, ao social e defesa dos direitos humanos. Em seu site, podemos encontrar uma variedade de temas de pesquisas na rea de antropologia, sendo que nem todos so pesquisas feitas em localidades exticas.Enfim, o que essa tal de antropologia?Na verdade, essa pergunta bem difcil de responder. Por exemplo, Santos (2005, p. 17) afirma que uma das razes dessa dificuldade est relacionada com a gnese do termo antropologia. Um outro caminho freqente o recurso etimologia, ou seja, origem da palavra. Ento, anthropos = homem, logia = estudo. Todavia, dizer que nossa rea o estudo do homem algo muito geral, e poderia abarcar vrias outros campos do conhecimento.Estimado(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais. Para iniciar nossa disciplina, poderamos denominar a antropologia como sendo um conjunto de teorias (nem sempre concordantes) e diferentes mtodos e tcnicas de pesquisa que buscam explicar, compreender ou interpretar as mais diversas prticas dos homens e das mulheres em sociedade. (SANTOS, 2005, p. 19).Aqui, cabe um alerta: ao falar de teorias, recordamos que todas elas possuem elementos de positividade e de negatividade, e o olhar aguado (ou no) do intelectual, a partir de uma problematizao da realidade, que dever compreender junto com os atores sociais as tenses e contradies que existem nessa realidade intersubjetiva.Conhea um pouco mais sobre a ABA no site: < http://www.ab ant.org.br>Caro(a) Aluno(a), que tal ler o primeiro captulo do livro de, Rafael J. Santos, Antropologia Para Quem No Vai Ser Antroplogo, na biblioteca de apoio presencial?DC)C

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)Para investigar os fatos humanos, imperativo que voc, estudante do curso de Licenciatura em Cincias Naturais, tenha em mente que no existe uma resposta definitiva nas cincias. No podemos atingir a certeza (ou mesmo um alto grau de probabilidade no sentido estatstico do termo) com as proposies da cincia. Como nos provoca Popper:[...] o alvo do cientista no descobrir uma certeza absoluta, mas descobrir teorias cada vez melhores (ou inventar holofotes cada vez mais potentes), capazes de ser submetidas a testes cada vez mais severos (e conduzindo-nos com isto sempre a novas experincias, que iluminam para ns). Mas isto significa que essas teorias devem ser mostradas falsas: pela verificao de sua falsidade que a cincia progride (1975, p. 332).Acreditamos que as reflexes apresentadas aqui no correspondem verdade vista de forma fixa, monocrdica e nica. Ao contrrio, queremos expressar uma hiptese plausvel, dentre as vrias possveis, de um determinado fato social. Destarte, devemos abandonar a crena fervorosa em uma teoria fixa, entalhada.Aula I.II Um pouco do histrico da antropologiaResumo da Aula I.II Nessa aula, vamos estudar o como a antropologia se desenvolveu ao longo do tempo, com nfase nos estudiosos mais importantes para a rea.Estimado(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais.Nessa aula, vamos estudar sobre os primeiros passos a antropologia, os quais foram dados na segunda metade o sculo XIX, na Europa. A antropologia surgiu ligada a outra cincia humana, a Sociologia. Um dos grandes representantes do incio da antropologia foi mile Durkheim, pensador que criou o chamado fato social para explicar o objeto de estudo das cincias humanas (como aCaro(a) Aluno(a), que tal ler o segundo sociologia e a antropologia). O fato social age como uma normacaptulo do livro coletiva com independncia e poder de coero sobre ode, Rafael J.indivduo, ou seja, uma forma de coero sobre os indivduos que vista como uma coisa exterior a eles, sendo estabelecidaSantos, Antropologia Para Quem No Vai Ser Antroplogo, na biblioteca de apoio presencial?

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)em toda a sociedade. Nesse perodo o mundo passava por uma srie de mudanas sociais, polticas e econmicas, geradas pela Revoluo Industrial.Essa Revoluo formou o plano de fundo que deu origem a sociedade capitalista industrial. Em seu sentido mais pragmtico, a Revoluo Industrial significou a substituio da ferramenta pela mquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produo dominante. Esse momento revolucionrio, de passagem da energia humana para motriz, o ponto culminante de uma evoluo tecnolgica, social, e econmica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Mdia.Na Baixa Idade Mdia, a forma de produo de mercadorias mais caracterstico do perodo foi o artesanato, o qual predominou durante o renascimento urbano e comercial. O artesanato era caracterizado por uma produo de carter familiar, na qual o arteso era o proprietrio da oficina e das ferramentas e trabalhava com a famlia em sua prpria casa, realizando todas as etapas da produo, desde o preparo da matria-prima, at o acabamento final; ou seja no havia diviso do trabalho ou especializao. Em algumas situaes o arteso tinha junto a si um ajudante, porm no assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma "taxa" pelo utilizao das ferramentas (RECCO, 2010). O conjunto desses trabalhadores eram as chamadas Guildas. importante lembrarmos a voc, aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais, que nesse perodo a produo artesanal estava sob controle das corporaes de ofcio, assim como o comrcio tambm encontrava-se sob controle de associaes, limitando o desenvolvimento da produo. Assim, formaram-se as primeiras guildas: corporaes medievais de ofcio, compostas por artesos de um mesmo ramo, com pessoas que desenvolviam a mesma atividade e procuravam garantir os interesses de classe e regulamentar a profisso. Elas foram criadas a partir da crena de que as escolas profissionalizantes existentes no podiam ensinar a cadncia e o ritmo dos atelis nos quais os aprendizes iriam trabalhar no futuro.Segundo Hauser (1972), a sua educao baseava-se no em escolas formais, mas em oficinas, nas quais a instruo era prtica e no livresca. Depois de haverem adquirido rudimentos de escrita e aritmtica, vo ainda crianas, para junto de um mestre e passam muitos anos com ele. As corporaes de ofcio foram suprimidas pelo ideal da Revoluo Francesa que consagrou a liberdade individual. O novo regime Francs, o qual pregava a liberdade para o exerccio de profisso, arte ou ofcios, determinou o fim das corporaes de ofcio, atravs do Edito de Turgot de 1776. Vale ressaltar que o modelo de profissionalizao das guildas foi dominante at o sculo XVIII, apesar de existirem as Academias de arte e de ofcios, paralelamente a estas corporaes.

FEITOSA, R.A. Antropologia da Educao. p. 11-84. In: Cincias Naturais. V. 8. Maria de Lourdes Pereira (Org.). Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB. ISBN 978-85-7745-931-5. Apostila do curso de licenciatura em Cincias Naturais, modalidade distncia , UFPB Virtual (http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/)Alm da formao do profissional, durante convivncia com os membros das corporaes era possvel partilhar o nimo pela nova profisso, com vnculos mltiplos entre os indivduos que as formavam, dando unidade e possibilitando a construo de uma identidade profissional da corporao.Respeitado(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais, saiba que a manufatura, a qual predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliao do mercado consumidor com o desenvolvimento do comrcio monetrio. Nesse momento, j ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a diviso social da produo, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confeco de um produto. A ampliao do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comrcio, tanto em direo ao oriente como em direo Amrica, permanecendo o lucro nas mos dos grandes mercadores. Outra caracterstica desse perodo foi a interferncia do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matria prima e a determinar o ritmo de produo, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.A partir da mquina, o processo produtivo tornou-se fragmentado. O trabalhador, dominado pela racionalidade tcnica do sistema capitalista alienante, no conhecia mais o processo produtivo, pois os seus saberes baseavam-se somente no setor da linha de montagem em que estava inserido. Considerando a Revoluo Industrial como um processo contnuo, podemos falar que existiram perodos, os quais podem ser separados para carter didtico: num primeiro momento (energia a vapor no sculo XVIII), num segundo momento (energia eltrica no sculo XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avano da informtica, da robtica e do setor de comunicaes ao longo dos sculos XX e XXI, porm aspectos ainda discutveis (RECCO, 2010).Nesse momento, caro(a) aluno(a) da o curso de Licenciatura em Cincias Naturais, preciso esclarecer a conexo entre o surgimento do capitalismo e o nascimento da antropologia. Como o sistema capitalista no se resumia apenas aos limites da Europa, ele buscava novos mercados para a venda de mercadorias. Isso gerou o mercantilismo e as grandes navegaes.Desse modo, o aparecimento da antropologia como cincia aconteceu a partir dos grandes descobrimentos realizados por navegadores e viajantes europeus. Eles tinham a curiosidade de conhecer povos exticos, de saber como viviam e pensavam homens de culturas to distantes da europia, de descobrir que aspecto fsico e que costumes tinham, levou classificao e ao estudo dos dados recolhidos no lugar de origem (in loco) por exploradores, comerciantes e missionrios chegados quelas terras longnquas.