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COMISSÃO EUROPEIA

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COMISSÃO EUROPEIA

Outubro de 1995

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ÍNDICEI INTRODUÇÃO: 4

1. Inovação, empresa e sociedade 42. Inovação e acção pública 5

II. OS DESAFIOS DA INOVAÇÃO 10

1. O novo contexto da inovação 102. O "paradoxo europeu" 103. A indústria europeia: uma competitividade melhorada mas frágil 124. As condições macroeconómicas favoráveis à inovação 145. Inovação, crescimento e emprego 156. Inovação e empresa 167. Inovação e sociedade 188. Inovação e coesão 199. Regras de jogo eficazes 20

a) manter uma real concorrência 20b) promover uma protecção jurídica eficaz e adaptada 23

III. A SITUAÇÃO NA EUROPA: DIVERSIDADE E CONVERGÊNCIAS 25

1. Uma grande diversidade 252. Convergências reais 263. Uma importância acrescida do papel das PME e da escala regional e local 274. A inteligência económica 305. A Europa não ficará inactiva 31

IV. OS ENTRAVES À INOVAÇÃO 35

1. A orientação da investigação para a inovação 35

2. Os recursos humanos 37a) Sistemas de educação e de formação ainda inadaptados. 37b) Uma mobilidade demasiado frágil 40

3. Um financiamento difícil 41a) Sistemas financeiros que parecem querer fugir ao risco "inovação" 41b) Incertezas e limites do financiamento público 44c) Um enquadramento fiscal pouco favorável 45

4. O enquadramento jurídico e normativo 47a) A subutilização das regras de protecção 47b) As normas, a certificação e os sistemas de qualidade 48c) Formalidades administrativas demasiado complexas 50d) Fórmulas jurídicas mal adaptadas à cooperação europeia 53

5. Conclusão 53

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V. SUGESTÕES DE ACÇÕES 55

Sugestão de acção 1: Desenvolver a observação e a prospectiva tecnológicas 55Sugestão de acção 2: Melhor orientar a investigação para a inovação 56Sugestão de acção 3: Desenvolver a formação inicial e contínua. 57Sugestão de acção 4: Favorecer a mobilidade dos estudantes e dos investigadores 59Sugestão de acção 5: Facilitar a sensibilização para as vantagens da inovação 60Sugestão de acção 6: Melhorar o financiamento da inovação 60Sugestão de acção 7: Instaurar uma fiscalidade favorável à inovação 62Sugestão de acção 8: Promover a propriedade intelectual e industrial 62Sugestão de acção 9: Simplificar as formalidades administrativas 63Sugestão de acção 10: Um enquadramento jurídico e regulamentar favorável à inovação 64Sugestão de acção 11: Desenvolver acções de "inteligência económica" 66Sugestão de acção 12: Encorajar a inovação nas empresas, particularmente nas PME, e

reforçar a dimensão regional da inovação 67Sugestão de acção 13: Renovar a acção pública a favor da inovação 68

ANEXO 1: FICHAS DESCRITIVAS DAS TASK FORCESANEXO 2: LISTA DOS CENTROS DE LIGAÇÃO EM INOVAÇÃOANEXO 3: CONTRATO DE INVESTIGAÇÃO SIMPLIFICADO PARA O QUARTO PROGRAMA-QUADROANEXO 4: QUADROS E DADOS ESTATISTICOS

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LIVRO VERDE SOBRE A INOVAÇÃO

I INTRODUÇÃO:

O objectivo do Livro Verde é identificar os diferentes elementos, positivos ou negativos, de que depende a inovação na Europa, e formular sugestões que permitam incrementar a capacidade de inovação da União.

No contexto deste documento, inovação é sinónimo de produzir, assimilar e explorar com êxito a novidade nos domínios económico e social. A inovação traz consigo soluções inéditas para os problemas e permite responder às necessidades das pessoas e da sociedade. Muitos são os exemplos que poderemos citar, como a descoberta de vacinas e de medicamentos, uma maior segurança nos transportes (ABS, airbag), maior facilidade de comunicações (telemóvel, videoconferência), melhores acessos aos conhecimentos (CD-Rom, multimédia), métodos de distribuição novos (telebanco), condições de trabalho menos duras, tecnologias mais limpas, melhor funcionamento dos serviços públicos, etc.

Se acreditarmos no dicionário, o contrário da inovação é "o arcaismo e a rotina". Assim se explica que a inovação encontre tantos obstáculos e esbarre em tão fortes resistências. Por isso, também, o desenvolvimento e a partilha da inovação se transformaram numa aposta capital que as sociedades europeias não podem arriscar-se a perder.

1. Inovação, empresa e sociedade

Os papéis que a inovação desempenha são múltiplos. Enquanto força motriz, arrasta consigo as empresas em direcção a objectivos ambiciosos inscritos no longo prazo. É ela que conduz à renovação das estruturas industriais e é ela que dá origem a novos sectores de actividade económica. Esquematicamente, a inovação é:

renovação e alargamento da gama de produtos e serviços e dos mercados associados;

criação de novos métodos de produção, de aprovisionamento e de distribuição;

introdução de alterações na gestão, na organização do trabalho e nas condições de trabalho, bem como nas qualificações dos trabalhadores1;

A empresa inovadora apresenta, assim, várias características que podem reunir-se em duas grandes categorias de competências:

- as competências estratégicas: visão a longo prazo; capacidade para identificar ou mesmo antecipar as tendências do mercado; vontade e capacidade de reunir, tratar e integrar a informação tecnológica e económica;

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- as competências organizativas: gosto e domínio do risco; cooperação interna, entre os diferentes departamentos funcionais, e externa, com a investigação pública, os serviços de consultadoria, os clientes e os fornecedores; implicação do conjunto da empresa no processo de mudança e investimento em recursos humanos.

Foi esta abordagem global que conduziu o relógio Swatch, por exemplo, ao êxito que conhecemos e que se traduz na prática por quatro inovações simultâneas. São elas:

- a concepção (redução das peças);

- a produção (montagem da caixa numa só peça);

- o design (novo conceito de apresentação dos relógios);

- a distribuição (pontos de venda não especializados).

A investigação, o desenvolvimento e a utilização de novas tecnologias, numa só palavra, o factor tecnológico, são elementos-chave da inovação, mas não são os únicos. Com efeito, para os incorporar, a empresa deve desenvolver esforços de organização e adaptar os seus métodos de produção, de gestão e de distribuição.

Os recursos humanos são, assim, o factor essencial. A educação inicial e a formação contínua desempenham, quanto a este aspecto, um papel de primeiro plano na preparação das competências de base necessárias e na sua permanente adaptação. Com efeito, vários estudos e análises demonstram que uma mão-de-obra que usufrua de um nível mais elevado de educação, formação e sensibilização contribui mais intensamente para o reforço da inovação. A capacidade de associar os trabalhadores, desde o início e de forma acrescida, às mudanças tecnológicas e às suas consequências na organização da produção e do trabalho, deve ser considerada como um factor decisivo.

Não existem fronteiras estanques entre a empresa inovadora e o seu enquadramento, que a influencia e que ela contribui para transformar. São as empresas de uma indústria, o tecido das actividades económicas e sociais de uma região ou mesmo a sociedade no seu conjunto que formam os "sistemas de inovação", caracterizados por uma dinâmica complexa. A qualidade do sistema educativo, o enquadramento jurídico, normativo e fiscal, a concorrência e os parceiros da empresa, a legislação das patentes e da propriedade intelectual, a infra-estrutura pública de investigação e de serviços de apoio à inovação, são outros tantos factores de inibição ou de incentivo.

2. Inovação e acção pública

A Comissão estabeleceu de forma clara, inicialmente no Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego", e em seguida na sua Comunicação de 1994. Uma Política de Competitividade Industrial para a União Europeia, que a capacidade de inovação das empresas e o seu

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acompanhamento pelos poderes públicos eram condições da manutenção e do reforço dessa competitividade e do emprego. O presente Livro Verde utiliza, complementa e prolonga esses trabalhos na perspectiva de uma verdadeira estratégia europeia para a promoção da inovação. A Comissão proporá, no respeito do princípio da subsidiariedade, as acções a desenvolver, quer a nível nacional, quer a nível comunitário.

"Os poderes públicos, a fim de assumirem as suas responsabilidades, devem apoiar o desenvolvimento dos mercados do futuro e prever os ajustamentos em vez de se submeterem passivamente a estes (...). A União Europeia deve pôr o seu capital científico e tecnológico ao serviço da competitividade industrial e das necessidades dos mercados. É necessário prestar maior atenção à divulgação dos resultados da investigação, à sua transferência e à sua valorização pela indústria, assim como actualizar a distinção entre investigação fundamental, e investigação pré-competitiva e investigação aplicada que, no passado, nem sempre permitiu que a indústria europeia beneficiasse de todos os esforços desenvolvidos em matéria de investigação2. Esta actualização é tida em conta pela Comissão, no novo enquadramento dos auxílios à investigação, adoptado em Dezembro de 1995.

A responsabilidade dos poderes públicos é particularmente importante em matéria de inovação tecnológica e de criação de empresas, domínios em que a situação europeia é preocupante se comparada com a dos seus concorrentes.

Segundo a Comissão, o sistema de investigação e o sistema industrial europeus são afectados por um conjunto de deficiências. A primeira dessas deficiências situa-se a nível financeiro. Em relação aos seus concorrentes, a Comunidade investe menos na investigação e no desenvolvimento tecnológico. (...). Uma segunda categoria de deficiências consiste na ausência de coordenação a vários níveis das actividades, programas e estratégias de investigação e de desenvolvimento tecnológico na Europa. Em primeiro lugar, não existe coordenação das políticas nacionais de investigação. (...). Como consequência imediata, a ausência de coordenação caracteriza igualmente as estratégias das empresas em relação às políticas públicas de investigação e às actividades das universidades e dos centros públicos de investigação em cada Estado-membro e ainda em relação às estratégias das outras empresas europeias (...). A grande deficiência do sistema de investigação europeu consiste, contudo, na sua capacidade comparativamente limitada em transformar os avanços científicos e as realizações tecnológicas em êxitos industriais e comerciais. (LIVRO BRANCO "Crescimento, Competitividade, Emprego. Os desafios e as pistas para entrar no século XXI", Capítulo 4, Comissão Europeia 1994).

O reforço da capacidade de inovação diz respeito a várias políticas: política industrial, de investigação e de desenvolvimento tecnológico, de educação e de formação, de concorrência, de fiscalidade, políticas regionais e de apoio às PME, ambientais, etc. É preciso, pois, identificar, preparar e

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aplicar, numa perspectiva de coerência, as acções necessárias à luz dessas políticas.

Assim, no que diz respeito às PME, a Comissão apresentou no Conselho Europeu de Madrid, em Dezembro de 1995, as grandes linhas de uma nova estratégia, no seu relatório "As PME, uma fonte dinâmica para o emprego, o crescimento e a competitividade na União Europeia". Esta política prioritária e as medidas que deveriam ser tomadas, para a União Europeia, pelos Estados-membros, constituirão as bases de um próximo "Programa plurianual a favor das PME e do sector do artesanato", para o período de 1997 a 2000.

Os poderes públicos devem, antes de mais, delinear uma perspectiva comum. Trata-se de uma missão de alerta e de sensibilização permanente. Pelo vasto debate que pretende suscitar, junto dos actores económicos e sociais, públicos e privados, o Livro Verde contribui para estas duas missões.

Nele se abordam sucessivamente os seguintes temas:

a importância da inovação para a Europa, para os seus cidadãos, os seus trabalhadores e as suas empresas, num contexto de globalização e de mutações tecnológicas rápidas;

a situação das políticas de inovação e dos múltiplos obstáculos que a ela se colocam;

as propostas ou sugestões de acção, no respeito do princípio da subsidiariedade, para os Estados, as regiões e a União Europeia, com o objectivo de eliminar esses obstáculos e de contribuir para o movimento de mobilização geral no sentido de uma sociedade europeia viva, fonte de emprego e de progresso para os seus cidadãos.

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A Comissão desejaria conhecer a opinião dos meios interessados sobre as análises apresentadas, as acções propostas e as questões levantadas.

Este documento é parte de um processo de consulta. As partes interessadas, empresas, investigadores, associações, parceiros sociais, organizações e Estados, estão desde já convidados a manifestar a sua posição. A Comissão sugere que os Estados-membros organizem o debate, possivelmente sob a forma de seminários temáticos para ter em conta a grande variedade dos domínios abordados. Os comentários e as respostas, que se podem limitar a algumas questões, devem ser enviados até 10 de Maio de 1996 para o seguinte endereço:

Direction XIII/D - Comission Européenne"Difusion et Valorization des Resultats de la Recherche, innovation et transfert de

Technologie"Bâtiment Jean Monnet, B4/099

L-2920 LUXEMBOURG

E-Mail: [email protected]ós a consulta, a Comissão elaborará um relatório de síntese, eventualmente acompanhado por um plano de acção, que a Comissão apresentará às outras instituições.

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A inovação: um fenómeno com múltiplas facetas

O termo "inovação" comporta alguma ambiguidade: na linguagem corrente, designa simultaneamente um processo e o seu resultado. Segundo a definição que propõe a OCDE no seu "manual de Frascati", trata-se da transformação de uma ideia num produto ou num serviço comercializáveis, um processo de fabrico ou de distribuição operacional, novo ou melhorado, ou ainda um novo método de serviço social3. É o processo que se designa assim. Em contrapartida, quando a palavra "inovação" evoca o produto, o equipamento, o serviço novo ou melhorado que se impôs no mercado, a tónica é colocada no resultado do processo. Esta ambiguidade pode ser motivo para confusão: quando se evoca a difusão da inovação, faz-se referência à difusão do processo, ou seja, dos métodos, das práticas que permitem inovar, ou à difusão dos resultados, quer dizer, dos novos produtos? A diferença é importante.

Na primeira acepção do termo (processo de inovação), trata-se da maneira como a inovação é concebida e produzida, nas diferentes etapas que a ela conduzem (criatividade, marketing, investigação e desenvolvimento, concepção, produção e distribuição), e da sua articulação. Não se trata de um processo linear, com sequências bem delimitadas e encadeadas automaticamente, mas antes de um sistema de interacções, de avanços e recuos, entre diferentes funções e diferentes actores, cuja experiência, conhecimentos e saber-fazer se reforçam mutuamente e se acumulam. Daí, a importância cada vez maior concedida na prática aos mecanismos de interacção interna na empresa (colaboração entre as diferentes unidades, associação e participação dos trabalhadores na inovação organizativa) mas também às redes que associam a empresa ao seu enquadramento (outras empresas, serviços de apoio, centros de competências, laboratórios de investigação, etc.) A relação com os utilizadores, a consideração pela procura expressa, a antecipação das necessidades do mercado e da sociedade revestem-se de uma importância igualmente grande se não maior do que a do próprio domínio das tecnologias.

Na segunda acepção (a inovação resultado), trata-se do produto, processo ou serviço novo. Distinguimos então a inovação radical ou de ruptura (é o caso do lançamento de uma nova vacina, do disco compacto, etc.) e a inovação progressiva que modifica, por avanços sucessivos, os produtos, processos ou serviços (por exemplo, a introdução de microprocessadores 32 bits em vez dos de 16 bits nos equipamentos electrónicos, ou a introdução do Airbag nos automóveis).

O aparecimento de produtos, processos ou serviços novos pode fazer-se em todos os sectores de actividades tradicionais ou de ponta, públicos ou privados, industriais, agrícolas ou terciários. A inovação pode igualmente dizer respeito aos serviços de interesse geral: a saúde pública, os procedimentos administrativos, a organização dos correios ou da educação pública. Em grande parte, é arrastada pela evolução dos comportamentos sociais e dos modos de vida que, por sua vez, contribui também para modificar (por exemplo, o número importante de produtos ou serviços novos trazidos pelo desenvolvimento dos desportos e do lazer: Club Méditerrannée4, surf na neve, bicicleta todo o terreno, etc. e, em contrapartida, o alargamento ou a modificação de práticas e resultados

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desportivos trazidos justamente pelo desenvolvimento dos equipamentos por exemplo, no ciclismo, no alpinismo ou na vela).

A inovação não é também necessariamente sinónimo de (alta) tecnologia, embora esta intervenha cada vez mais nos equipamentos, materiais, software (tecnologia incorporada) e métodos. Uma boa parte das inovações decorre de novas combinações de elementos já conhecidos (o gravador, a prancha à vela, por exemplo) ou de utilizações novas (o walkman) ou da criatividade na concepção dos produtos. A empresa Bang & Olufsen (DK) saiu de um período crítico graças à inovação. O seu volume de negócios não se alterou entre 1990 e 1993, provocando 700 despedimentos num total de 3000 empregados. Para remediar tais dificuldades, adoptou o slogan: "uma inovação importante de dois em dois anos para manter o nível de crescimento". A abordagem inovadora não é só tecnológica: na B&O, o design é mais importante do que a engenharia5. O design é um dos componentes do investimento intangível que pode constituir a diferença, nomeadamente, nos produtos topo de gama, de custo elevado.

Todavia, a componente tecnológica está geralmente presente, quando não é mesmo determinante, na criação, fabricação e distribuição dos produtos e serviços. O domínio das competências científicas e técnicas é essencial para uma perspectiva dupla, ou seja:

para gerar avanços técnicos (quanto a isto, a criação e o desenvolvimento de empresas novas de alta tecnologia é uma vantagem importante para a sua elaboração e difusão);

mas também, de forma igualmente importante, para compreender e utilizar as tecnologias novas, qualquer que seja a sua origem.

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II. OS DESAFIOS DA INOVAÇÃO

O contexto da inovação modificou-se profundamente nos últimos vinte anos. O surgimento e a difusão acelerada de novas tecnologias e as constantes evoluções que exigem adaptações permanentes constituem um desafio para todas as sociedades. O crescimento, a manutenção do emprego e a competitividade passam obrigatoriamente pela inovação. Ora, a situação na União Europeia em matéria de inovação não se revela satisfatória, apesar de resultados científicos de primeiro plano. A União deve ainda, em matéria de concorrência e de protecção jurídica, manter "regras de jogo" eficazes e adaptadas às necessidades da inovação.

1. O novo contexto da inovação

A globalização dos mercados e o aumento das alianças estratégicas, o surgimento de novos países concorrentes no plano tecnológico, a internacionalização crescente das empresas e das actividades de investigação e de inovação, a interpenetração das ciências e das tecnologias, o aumento dos custos da investigação, o aumento do desemprego e os factores sociais como o ambiente são fenómenos que vieram transtornar as condições de produção e de difusão das inovações, bem como as razões subjacentes à intervenção dos poderes públicos neste domínio.Neste novo contexto, a capacidade das instituições e das empresas para investir na investigação e no desenvolvimento, no ensino e na formação, na informação, na cooperação e, mais geralmente, no intangível é hoje em dia determinante. É necessário trabalhar a médio ou longo prazo e, simultaneamente, poder reagir muito rapidamente às dificuldades e oportunidades do presente.

2. O "paradoxo europeu"

Esta mobilização revela-se tanto mais necessária quanto a Europa sofre de um paradoxo. Comparados com os dos seus principais concorrentes, os resultados científicos da União Europeia são excelentes, mas durante os últimos quinze anos os seus resultados tecnológicos, industriais e comerciais nos sectores de ponta, como a electrónica e as tecnologias da informação, deterioraram-se. A presença de sectores onde os resultados científicos e tecnológicos são comparáveis, ou mesmo superiores, aos dos nossos principais parceiros, mas onde os resultados industriais e comerciais são inferiores ou estão em declínio, indica a importância estratégica de transformar o potencial científico e tecnológico em inovações rentáveis6.

Uma das principais deficiências da Europa reside na sua incapacidade relativa para transformar os resultados da investigação e a competência tecnológica em inovações e vantagens concorrenciais.

Esta inferioridade é tanto mais penosa quanto se aplica a um esforço global de investigação inferior ao dos seus concorrentes. Assim, a diferença entre

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os nossos esforços, avaliados através da percentagem das despesas totais de investigação e desenvolvimento, relativamente ao PIB europeu (2% em 1993) e os dos nossos parceiros principais, ou seja, os Estados Unidos e o Japão (2,7%), não se reduziu durante os últimos anos. Traduzida em valor absoluto, a importância desta diferença que persiste de ano para ano assume proporções críticas, relativamente a uma actividade cumulativa e a longo prazo como é a investigação.

A Europa centrou o essencial dos seus esforços, no último decénio, no ganho de produtividade, que constituiu o verdadeiro culto. Mas este ganho pode ser destruído se for colocado ao serviço de uma tecnologia ultrapassada ou que o será em breve. (...) A inovação deve ser o princípio director de toda a política da empresa, a montante e a jusante da produção de bens e serviços. (...) A inovação pode ter êxito se o conjunto das competências da empresa forem mobilizadas. Em contrapartida, pode falhar se essa coesão não for assegurada. (Intervenção de Edith Cresson, Compiègne, 6 de Setembro de 1995).

As empresas e os poderes públicos europeus devem assim reorganizar os seus esforços, aumentar a sua capacidade para transformar as suas actividades em sucessos comerciais e financiar melhor os investimentos intangíveis, componentes decisivos do futuro da competitividade, do crescimento e do emprego7.

Propensões da UE, dos EUA, do Japão e dos EAD para a produção de resultados

a. Resultados científicos (número de b. Resultados tecnológicos (número de

publicações por milhão de ecu, em patentes EUA por milhão de ecu, em preços EUA 1987, Não - DIBID) preços EUA 1987 DIBID)

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EADJPEUAUE

Fonte: Primeiro relatório europeu sobre os indicadores de ciência e tecnologia, Resumo, EUR 15929, 1994

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Alguns dos factores que explicam o êxito dos EUA e do JapãoEUA Japão

Um esforço de investigação mais importante Idem Uma proporção de engenheiros e de cientistas mais elevada em relação à população activa

Idem

 Melhor coordenação dos esforços de investigação, nomeadamente no que toca à investigação civil e do sector da defesa (em especial nos sectores da aeronáutica, da electrónica e espacial)

 Uma grande capacidade para adaptar a informação tecnológica, independentemente da respectiva fonte. Uma forte tradição de cooperação entre empresas em matéria de I&D.

 Uma estreita relação entre a universidade e a indústria permitindo a eclosão de numerosas empresas de alta tecnologia

 Uma cooperação universidade/empresa em forte progressão, nomeadamente graças ao destacamento de investigadores industriais para as universidades

 Um capital de risco mais desenvolvido que investe na alta tecnologia. Um mercado bolsista para as PME dinâmicas, o NASDAQ

 Relações fortes e estáveis entre finança e indústria que favorecem os benefícios e as estratégias de longo prazo

 Uma tradição cultural favorável ao risco e ao espírito de empreendimento, uma forte aceitação social da inovação

 Uma cultura favorável à aplicação de técnicas e ao melhoramento contínuo

 Um menor custo de depósito de patentes, um sistema de protecção jurídica unificado e favorável à exploração comercial das inovações

 Uma prática corrente das estratégias concertadas entre empresas, universidades e poderes públicos

 Prazos de criação de empresas e formalidades reduzidas

 Uma forte mobilidade das pessoas dentro das empresas

3. A indústria europeia: uma competitividade melhorada mas frágil

Como indica o primeiro relatório do Grupo Consultivo sobre a Competitividade (relatório CIAMPI)8, a noção de competitividade implica as de produtividade, eficácia e rentabilidade. Ora, a competitividade de um país, de uma região ou de uma empresa depende, doravante, de forma determinante, da sua capacidade para investir na investigação, no conhecimento e na tecnologia, bem como na formação das competências que permitam explorá-los da melhor maneira, em termos de produtos ou de serviços novos.

Tal como os seus parceiros, a indústria europeia encontra-se face a novos desafios: concorrência internacional cada vez mais dura; emergência de novas tecnologias que alteram os esquemas tradicionais e impõem a renovação dos métodos de organização; novos imperativos em termos de protecção do ambiente, etc. A Comissão prepara um relatório sobre a competitividade, que se esforça por determinar em que medida a indústria se adaptou efectivamente a este contexto em mutação, em termos de competitividade internacional. A questão da inovação será um dos principais temas deste relatório.

A inovação é um factor importante da competitividade, a vários níveis: A inovação nos processos permite aumentar a produtividade dos factores, aumentando a produção e/ou diminuindo os custos. Permite jogar com os preços e aumentar a qualidade e a fiabilidade dos produtos. A concorrência torna constante esta procura de produtividade: as melhorias sucessivas são a garantia de que se pode continuar a competir.

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A substituição dos equipamentos acompanha-se cada vez mais de renovações, melhorias nos métodos e na organização. As alterações radicais, mais raras, alteram os modos de produção e tornam por vezes possível o surgimento de novos produtos. A inovação em termos de produtos (ou serviços) permite a diferenciação perante produtos concorrentes, atenuando assim a sensibilidade à concorrência, pelos custos ou pelos preços. Uma maior qualidade e desempenho, melhor serviço, redução do prazo de resposta, funcionalidade e ergonomia mais adequadas, segurança, fiabilidade, etc., são outros tantos elementos que a inovação permite reforçar e que permitem aos clientes exigentes marcar uma diferença. Neste campo também domina a inovação progressiva. A inovação radical de produtos abre, quanto a si, mercados novos. Correctamente protegida e rapidamente explorada, assegura durante algum tempo uma vantagem determinante para o inovador. Associada à criação de empresas (e ao seu desenvolvimento posterior) permite temporariamente a um país ou a um conjunto supranacional dominar mercados promissores e assegurar assim a renovação do tecido económico.

A inovação na organização do trabalho e a valorização dos recursos humanos, bem como a capacidade de antecipação das técnicas, da evolução das necessidades e dos mercados, são também a condição necessária para o êxito das outras formas de inovação.

Uma vez que o ciclo de vida dos produtos e serviços é cada vez mais curto e que as gerações de tecnologias se sucedem a ritmo acelerado, as empresas são frequentemente colocadas face a uma pressão que as obriga a inovar o mais rapidamente possível. O tempo de acesso ao mercado, bem como a escolha do momento de introdução de um novo produto, tornam-se factores cruciais da concorrência. Por fim, é a difusão das técnicas, produtos e serviços novos no conjunto do tecido económico que permite usufruir plenamente dos benefícios em termos de competitividade.

Uma breve análise da situação actual conduz-nos às seguintes conclusões:

a indústria europeia melhorou recentemente a sua competitividade, nomeadamente face aos seus grandes concorrentes que são os Estados Unidos e o Japão. O seu défice comercial com o primeiro tinha praticamente sido eliminado em 1993, com excepção dos sectores da alta tecnologia, e o que registava estruturalmente com o segundo tinha também diminuído. A estrutura financeira das empresas europeias foi saneada, as suas capacidades de financiamento dos investimentos produtivos aumentaram e os seus métodos de produção, de distribuição e de organização melhoraram sensivelmente.

porém, subsistem deficiências importantes e inquietantes: uma reduzida especialização nos produtos de alta tecnologia e nos sectores de forte crescimento; uma reduzida presença nos mercados geográficos em forte desenvolvimento; uma produtividade que permanece insuficiente; um esforço de investigação e desenvolvimento que se mantém desigual e disperso; uma capacidade para inovar demasiado fraca, bem como para

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lançar novos produtos e serviços e para os comercializar rapidamente nos mercados mundiais; e, por fim, uma capacidade fraca para reagir rapidamente às alterações da procura.

Índice de especialização internacional para as indústrias de alta, médiae baixa tecnologia 9

OCDE = 100 Japão Estados Unidos Comunidade Europeia

1970 1992 1970 1992 1970 1992

Alta tecnologia 124 144 159 151 86 82Média tecnologia 78 114 110 90 103 100Baixa tecnologia 113 46 67 74 103 113

Fonte:OCDE, base de dados STAN

O balanço global deve sem dúvida ser considerado de forma relativa, tal como sublinha a recente Comunicação da Comissão sobre uma Política de Competitividade Industrial, mas a ameaça do declínio relativo continua presente na indústria europeia.

4. As condições macroeconómicas favoráveis à inovação

A instauração e o desenvolvimento da União Económica e Monetária (UEM), segundo o Tratado de Maastricht, aparecem como elementos essenciais de uma política macroeconómica favorável à promoção e à difusão da inovação. A prossecução da política de estabilidade monetária impõe-se antes de mais para permitir às empresas europeias uma melhor planificação a longo prazo dos seus investimentos industriais e tecnológicos. Com efeito, toda e qualquer desordem monetária dificulta o cálculo da sua rentabilidade a longo prazo e incita as empresas a preferir os projectos a curto prazo. A recente comunicação da Comissão sobre o impacto das variações monetárias no mercado interno destaca claramente este fenómeno negativo para o investimento e o emprego. O reforço da cooperação internacional no domínio monetário é igualmente necessário, uma vez que elimina as distorções de concorrência alimentadas por fenómenos monetários que são extremamente prejudiciais para a competitividade das empresas europeias nos mercados mundiais. Isto prejudica essencialmente as PME inovadoras que realizam uma parte importante do seu volume de negócios fora do respectivo país de origem.

O nível elevado das taxas de juro reais é prejudicial para o investimento, nomeadamente no domínio intangível. Com efeito, a mundialização e a liberalização dos mercados de capitais colocam este tipo de investimento de longo prazo em concorrência sobretudo com os investimentos financeiros de curto prazo, menos arriscados e mais rentáveis. A redução progressiva das taxas de juro, em particular de longo prazo, constitui o segundo pilar de uma política macroeconómica favorável à inovação. Paralelamente à estabilidade de preços e ao saneamento das finanças

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públicas (promovidas como critérios de adesão à União Económica e Monetária), o desenvolvimento da poupança de longo prazo parece ser igualmente necessário. Estes três factores conjugados permitirão baixar as taxas de juro até níveis que estimulem os investimentos produtivos a longo prazo. A estabilização das taxas de câmbio conjugada com a redução das taxas de juro reais a longo prazo poderão ter efeitos correctores importantes sobre a tendência das empresas para situarem a sua actividade no curto prazo.

Na ausência de uma forte redução das taxas de juro na Europa, os fundos públicos deverão continuar a desempenhar um papel estratégico no financiamento dos investimentos tecnológicos. Assim, é desejável que as dotações orçamentais para a inovação não sejam reduzidas nos próximos anos, nomeadamente nos Estados-membros que devem adoptar políticas orçamentais mais restritivas, no quadro da UEM. Uma melhor coordenação das políticas nacionais à escala europeia poderá também contribuir para melhorar a eficácia das acções e dos resultados.

O desenvolvimento e a liberalização das trocas comerciais e dos investimentos directos internacionais devem permitir a difusão e a inserção mais eficaz das inovações nos tecidos económicos nacionais e regionais. Porém, é importante que estas trocas se façam em condições de equilíbrio, no respeito dos direitos de propriedade intelectual e industrial. Sem o respeito destes imperativos existe a possibilidade de assistirmos a situações de "passageiro clandestino" (ou "free rider"). Estes beneficiam, sem quaisquer encargos, de progressos técnicos dispendiosos10. Para defender as suas empresas, é necessário que a União Europeia continue a desenvolver esforços no sentido de integrar os factores ligados à inovação nas negociações comerciais internacionais.

5. Inovação, crescimento e emprego

As novas teorias do crescimento (dito "endógeno") insistem no facto de que o desenvolvimento do conhecimento e as mudanças tecnológicas constituem, mais do que a acumulação pura e simples dos capitais, o motor de um crescimento sustentável.

De acordo com estas teorias, os poderes públicos podem influenciar os fundamentos do crescimento económico, se participarem no desenvolvimento do conhecimento, uma das principais alavancas da inovação. Os poderes públicos podem também agir sobre a "distribuição" dos conhecimentos e das competências no conjunto da economia e da sociedade. Por exemplo, facilitando a mobilidade das pessoas e as interacções entre as empresas e as fontes exteriores de competências, nomeadamente as universidades, mas também fazendo com que a concorrência se exerça livremente e lutando contra os corporativismos.

As relações entre inovação e emprego são complexas. Em princípio, o progresso tecnológico gera novas riquezas. Com efeito, as inovações de produtos conduzem a uma procura efectiva aumentada, o que encoraja um aumento dos investimentos e dos empregos. Quanto às inovações de processo, contribuem para o aumento da produtividade, aumentando a

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produção e/ou diminuindo os custos. Como resultado final teremos de novo um aumento do poder de compra e um aumento do emprego.

Contudo, é verdade que a inserção rápida destas inovações no sistema produtivo pode provocar, a curto prazo, perdas de emprego motivadas pela obsolescência que introduz em alguns tipos de qualificações. Isto pode ser resultado de uma adaptação lenta ou ineficaz do sistema de educação e de formação às mudanças técnico-industriais, mas também pode ser devido à rigidez do mercado do trabalho, em geral. É possível que a perda de empregos em alguns sectores seja contrabalançada pela criação de empregos em outros domínios, tal como os serviços. Além do mais, a inovação pode contribuir para travar o declínio das indústrias tradicionais, graças a um aumento de produtividade e a métodos de trabalho mais eficazes.

O Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego" pôde também evocar a existência de um "desemprego tecnológico" estrutural. Nele se apresentam várias estratégias de adaptação. Entre elas, a redução da taxa de impostos e de encargos que incidem sobre o trabalho (salvaguardando e criando assim empregos), acompanhada do aumento das taxas aplicadas à utilização abusiva dos recursos naturais, permitindo simultaneamente estimular processos de produção mais eficazes e proteger o ambiente. A história económica mostra todavia que os ajustamentos cedo ou tarde acabam por fazer-se e que o emprego e o bem estar colectivo são quase sempre beneficiados, desde que as sociedades continuem os seus esforços de adaptação e de inovação.

A inovação pode ter êxito se o conjunto das competências da empresa forem mobilizadas. Pode também falhar se, pelo contrário, essa coesão não for assegurada: é o que mostra o contra-exemplo da RCA, grande grupo americano de electrónica. O serviço de investigação do grupo concebeu, no final dos anos setenta, novos produtos que não tendo a confiança do serviço comercial foram introduzidos no mercado com relutância. Embora estivesse tecnologicamente avançado, nomeadamente no videodisco e no leitor de vídeo, o grupo RCA não sobreviveu às consequências deste conflito interno.

O sector da protecção do ambiente, em rápido crescimento, é um exemplo da maneira como a inovação e uma maior eficácia podem conduzir à criação de novos empregos. Esta indústria, que produz equipamentos e tecnologias para reduzir a poluição e melhorar a eficácia energética dos processos de produção, é já responsável por uma produção anual de cerca de 200 mil milhões de ecus nos países da OCDE e uma taxa de crescimento anual de 5% a 8%. Calcula-se que um milhão e meio de pessoas estejam empregadas nessas empresas e que o emprego nesse sector cresça duas vezes mais depressa do que o resto da economia. (Relatório sobre o emprego da União Europeia, 1995).

6. Inovação e empresa

A inovação ocupa o centro do espírito da empresa: praticamente todas as empresas nascem a partir de uma iniciativa de inovação, pelo menos, no que diz respeito aos seus concorrentes existentes no mercado. Em seguida,

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para sobreviverem e se desenvolverem, as empresas devem inovar em permanência, mesmo que seja apenas de forma progressiva. Neste aspecto, os avanços técnicos por si sós não são suficientes para garantir o êxito. A inovação é também antecipar as necessidades do mercado, proporcionar uma qualidade ou serviços adicionais, organizar eficazmente, dominar os prazos e controlar os custos.

Porém, uma das principais deficiências dos sistemas de inovação europeus situa-se talvez no nível insuficiente das inovações organizativas, o que não permite renovar modelos actualmente ineficazes e que, infelizmente, subsistem ainda em grande número de empresas. O mesmo acontece no caso das fórmulas eficazes de gestão de empresas, viradas para a inovação.

Rumo a uma gestão inovadora

As técnicas de gestão da inovação e da tecnologia como a abordagem pela qualidade, a gestão participativa, a análise do valor, o design, a inteligência económica, a produção em tempo oportuno, a reengenharia, a hierarquização dos resultados, etc., oferecem às empresas que as dominam vantagens competitivas e indiscutíveis. Os exemplos disto mesmo são abundantes. Estes métodos, que convém adaptar às diferentes especificidades e culturas das empresas europeias, não são ainda suficientemente utilizados na União. Além do mais, a formação de especialistas destas disciplinas e a sua divulgação, em especial nos programas educativos, poderiam ser reforçadas.

Os esforços necessários permanecem importantes embora existam diferenças muito grandes entre os países, ou mesmo entre as diferentes regiões de um mesmo país. Alguns sectores, conquanto inovadores e criadores de emprego, são ainda desconhecidos.

Sectores inovadores mas desconhecidos

A inovação não se limita ao sector industrial. Com efeito, o sector dos serviços desempenha um papel cada vez mais importante na inovação e sua difusão.

Primeiro porque reúne a maior parte do emprego assalariado, uma parte crescente do PNB dos países da União, e porque o seu crescimento prossegue regularmente. Em seguida, porque é o principal utilizador das novas tecnologias no plano macroeconómico. Também porque uma parte desse sector, muito ligada ao mercado (distribuição, logística, transporte, finança) induz inovações no sector industrial (por exemplo, as exigências do "stock zero", da entrega e do transporte fácil, a generalização do código de barras, etc.). Ainda porque os produtos integram cada vez mais serviços (da informação) e que doravante é difícil dissociar os dois (nomeadamente em todos os domínios que implicam tecnologias da informação e da comunicação). Por fim, porque uma parte cada vez maior desse sector muito heterogéneo, contribui para fornecer serviços intangíveis hoje em dia predominantes no investimento e na inovação (formação, investigação, marketing, consultadoria, engenharia financeira, etc.) Contudo, o seu lugar nas análises ou nas políticas de inovação está longe de estar à altura da sua influência11.

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Um exemplo de serviço inovador: o clube Mediterranée.

Conceito fortemente inovador no seu tempo, no domínio dos tempos livres, não possui conteúdo tecnológico intrínseco. Todavia, o seu desenvolvimento beneficiou muito do progresso das tecnologias informáticas e aeronáuticas. Por outro lado, está muito ligado à evolução dos recursos financeiros das famílias.

A inovação não é só criadora de empregos. Gera também actividades cada vez mais independentes (ou semi-independentes como o teletrabalho, por exemplo). Por outro lado, a terciarização dos empregos modifica a relação entre trabalhadores e patrões (maior responsabilidade, autonomia, etc.). Este fenómeno relativamente novo estimula as capacidades criadoras dos próprios trabalhadores.

Por fim, podemos notar que a inovação de produto ou de processo pode adquirir uma maior visibilidade pela utilização de rótulos ecológicos ou pela realização de eco-auditorias nas empresas e abrirem-se, assim, novos mercados.

A sociedade da informação

O surgimento da sociedade da informação é um acontecimento maior em termos de informação. Com ela surgirão novas profissões e novos produtos, quer se trate do fornecimento de serviços à distância na educação, na medicina, etc. ou do desenvolvimento de novos software e aplicações. Lembramos que a Comissão criou uma unidade operacional investigação-indústria ("Task-Force") nomeadamente para estimular a produção de software multimédia para o ensino (ver Anexo 1).

Em si mesma, a sociedade da informação é um instrumento basilar para o reforço da capacidade de inovação europeia, quer se trate de aproximar empresas e centros de investigação ou universidades, quer de fazer evoluir os sistemas de educação e de formação, valorizar a escala local e regional, estimular para a mobilidade dos estudantes e dos investigadores ou divulgar os resultados da observação tecnológica.

7. Inovação e sociedade

A inovação não é só um mecanismo económico ou um processo técnico. Antes de mais, é um fenómeno social, pelo qual os indivíduos e as sociedades exprimem a sua criatividade, as suas necessidades e os seus desejos. Assim, quer seja na sua finalidade, nos seus efeitos ou nas suas modalidades, a inovação está estreitamente implicada nas condições sociais em que se produz. A história, a cultura, a educação, a organização política e institucional, bem como a estrutura económica de cada sociedade determinam, em última análise, a capacidade da mesma para gerar e aceitar a novidade. É uma razão suplementar para prestar a máxima atenção à aplicação do princípio da subsidiariedade nas políticas de promoção da inovação.

A reengenharia: os hospitais tambémO maior hospital sueco, o hospital Karolinska, lançou-se também numa vasta operação de reengenharia: concepção do hospital do ponto de vista do paciente, acompanhamento dos fluxos de pacientes por tipo de patologia, eliminação dos estrangulamentos administrativos, usando os prazos como indicador de resultados, criação de centros multifuncionais

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medicina/cirurgia. Os resultados são uma redução de 15 a 20% das despesas e um atendimento suplementar de pacientes da ordem dos 25 a 30 %.La Tribune 1/6/94.

A inovação pode e deve oferecer uma resposta aos problemas cruciais do presente. Torna possível a melhoria das condições de vida (os novos meios de diagnóstico e de terapia das doenças, a segurança nos transportes, a facilidade das comunicações, um ambiente mais limpo,etc.).

Permite também melhorar as condições e a segurança de trabalho, respeitar o ambiente (novos processos de fabrico para evitar ou limitar os resíduos poluentes), economizar recursos naturais e energéticos, responder aos desafios do envelhecimento demográfico, contribuir para a inserção dos deficientes (aplicação das novas tecnologias para utilização por invisuais e deficientes auditivos) e, por fim, promover novas formas de trabalho. É o caso do teletrabalho que, embora possa ter consequências a nível social ou de saúde, ou favorecer a deslocalização, é também um factor de desconcentração urbana e de criação de empregos nas zonas rurais. Se a inovação conduz geralmente a uma melhoria das condições de vida e de trabalho, é também necessário assegurar que estes novos métodos de organização do trabalho (como a produção em tempo oportuno) não conduzam a uma maior precaridade do emprego.

A inovação é pela sua natureza um processo colectivo que supõe a participação progressiva de um número crescente de parceiros. Quanto a isto, a motivação e a participação dos trabalhadores são extremamente importantes para o seu êxito. Por outro lado, como se pode ver pelas dificuldades que atravessam actualmente os sistemas nacionais de protecção social, o domínio social e os serviços públicos em geral precisam urgentemente de ser inovados.

No plano internacional, a solução dos problemas de subdesenvolvimento, de má nutrição e de saúde, bem como a dos problemas relacionados com os malefícios das mudanças climatéricas, reclamam importantes e bem definidas inovações e transferências de tecnologias.

São necessários ajustamentos permanentes para responder aos desafios levantados pela difusão das inovações: adequação emprego/formação, reformas institucionais, adaptações regulamentares e jurídicas, reorganização do tempo de trabalho, etc.

Essas alterações devem ser perfeitamente assimiladas, se quisermos evitar fracturas sociais e a questionação demasiado brutal dos sistemas de valores em que se fundamenta o tecido social. Os parceiros sociais que, em vários Estados-membros, celebraram acordos importantes e por vezes inovadores em matéria de organização do trabalho ligado à introdução de novas tecnologias têm um papel fundamental a desempenhar.

As inovações têm ainda o efeito de acelerar a obsolescência dos conhecimentos e do saber-fazer. Para amortecer esta lei inexorável, terá que ser instaurado um sistema de educação e de formação interactiva durante toda a vida, suprimir as clivagens entre o ensino, a investigação e a indústria, permitir o desabrochar dos talentos criativos e explorar todas as possibilidades da sociedade da informação.

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8. Inovação e coesão

A inovação reveste-se de particular importância para as regiões em atraso de desenvolvimento. As PME, que constituem a quase totalidade do tecido económico, são confrontadas com dificuldades específicas, em particular de financiamento (por exemplo, as taxas de juro efectivas são frequentemente superiores em 2 ou 3 pontos às das regiões desenvolvidas) mas também em termos de possibilidades de cooperação, de acesso às fontes de competências técnicas ou de gestão, etc. Há uma acumulação de desvantagens que reflecte uma deficiência no funcionamento dos mercados e que pode justificar a intervenção dos poderes públicos.

Assim, o esforço de mobilização a favor do desenvolvimento da inovação efectuado no contexto da política regional da Comunidade deve ser visto como uma vantagem por dois motivos. Por um lado, é um esforço centrado em regiões e domínios com necessidades especiais, o que o torna prioritário na lógica própria do desenvolvimento da inovação. Por outro lado é um meio para que as regiões com problemas de desenvolvimento eliminem a diferença que as separa das mais desenvolvidas, sem procurar imitar o que as outras fizeram mas antes preparando com elas, de forma consentânea com as suas próprias características e necessidades, a sua adaptação às condições de competitividade da economia global.

9. Regras de jogo eficazes

Para que haja inovação, é necessário um conjunto de regras do jogo que a estimulem. Dizem respeito à concorrência, um potente motor da inovação e também uma forma de luta contra os abusos de posição dominante que convém manter em permanência. Dizem ainda respeito às regras jurídicas de protecção da propriedade intelectual, factor decisivo da incitação individual para inovar que é necessário promover e adaptar constantemente às evoluções das tecnologias e da sociedade.

a) manter uma real concorrência

A política comunitária desempenha um papel importante neste domínio, impedindo certos tipos de acordos, atacando abusos de posição dominante, impedindo a monopolização de alguns sectores e garantindo regras do jogo estritas em matéria de auxílios estatais. Assegura assim a manutenção de uma concorrência justa, favorável à entrada no mercado de novos produtos e processos de produção.

acordos de cooperação: A concorrência entre empresas independentes é o primeiro motor da inovação. É também a concorrência que torna as empresas europeias mais competitivas numa economia cada vez mais mundializada. É necessário, assim, distinguir entre as restrições da concorrência, que tornam a inovação menos provável, porque implicam menos pressão sobre os intervenientes

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nos acordos em causa e as restrições da concorrência indispensáveis para promover a inovação e a divulgação das tecnologias.

Por outro lado, as regras comunitárias em matéria de acordos de cooperação, de concentrações ou de auxílios estatais tomam também em consideração as características específicas dos mercados e das actividades no domínio da investigação e da inovação.

Uma primeira característica é a globalização da concorrência em vários sectores. Quer se trate de tecnologias da informação, de biotecnologia, de aeronáutica e de espaço ou de novos materiais, o campo da concorrência é, por vezes, cada vez menos o do mercado nacional ou europeu. O mercado em questão, no qual as empresas europeias afrontam as sociedades americanas e asiáticas pode ser, pois, o mercado mundial. A Comissão está já atenta a esta perspectiva.

Em segundo lugar, a investigação e a inovação têm especificidades próprias bem conhecidas que devem ser tidas em consideração do ponto de vista do direito da concorrência. Estas actividades caracterizam-se nomeadamente pela importância dos seus efeitos externos e pela dificuldade, para as empresas, de se apropriarem dos resultados dos seus esforços. Aqui, entra também em jogo a existência de processos de aprendizagem e economias de escala susceptíveis de serem melhor exploradas conjuntamente. O artigo 85º do Tratado de Roma permite, no seu nº 3, acordos favoráveis ao progresso técnico e económico, mediante o respeito de determinadas condições. Por exemplo, quando algumas condições específicas são retomadas, são concedidas isenções de grupo aos acordos de investigação entre empresas.

Num contexto em que na Europa se apresentam três vezes menos pedidos de patentes do que nos países seus concorrentes, os acordos de transferência de tecnologia são apreciados de forma muito favorável. Este tipo de acordo permite explorar melhor uma patente ou um saber-fazer, podendo constituir uma justa remuneração das PME inovadoras ou de inventores independentes. Por isso, existe igualmente uma isenção para este tipo de acordos.

Assim, a apreciação de um acordo (ou de uma operação de concentração, ver em seguida) tem em conta um conjunto de critérios e não diz respeito exclusivamente à noção de parte de mercado.

controlo das concentrações:

Em matéria de investigação e de inovação em especial, a tomada em consideração dos efeitos dinâmicos12 na definição dos mercados é importante para a apreciação dos projectos de concentração de empresas. A Comissão pode assim apreciar a evolução da oferta e as entradas a curto prazo de novos participantes no(s) mercado(s).

As operações de concentração que criam ou reforçam uma posição dominante, tendo como consequência o entrave de uma real concorrência no ou nos mercados pertinentes, são proibidas. Na sua apreciação das operações de concentração, a Comissão tem em conta vários factores incluindo a evolução do progresso técnico e económico, desde que este

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represente uma vantagem para os consumidores e não constitua obstáculo à concorrência.

Consequentemente, a Comissão empenhou-se para ter em consideração os efeitos dinâmicos que resultam, em especial, da investigação e da inovação na apreciação do impacto das operações de concentração na concorrência. Tem sido prática constante da Comissão interpretar o disposto no artigo 2º do regulamento "concentrações" e nomeadamente a exigência de um entrave significativo à concorrência, como um príncipio que só deveria proibir as posições dominantes duráveis e não as que se destinam a desaparecer rapidamente, quer os mercados se abram rapidamente à concorrência proveniente de outras zonas geográficas, quer os mercados sejam percorridos por fortes movimentos de inovação. auxílios estatais:

Como sublinhou a Comunicação da Comissão sobre uma Política de Competitividade Industrial para a União Europeia, o sistema de controlo comunitário dos auxílios estatais baseia-se no conjunto de regras acumuladas ao longo do tempo e cuja complexidade foi sendo aumentada. Este sistema inclui enquadramentos sectoriais introduzidos na origem por razões conjunturais ou estruturais graves (fibras sintéticas, sector automóvel, etc.). Fundamenta-se em critérios por vezes heterogéneos e apoia-se, entre outros, no critério de "sobrecapacidade de produção", cuja definição e aplicação são gradualmente enriquecidos para melhor ter em conta as características específicas do mercado em causa, tais como o seu nível de globalização e a evolução das técnicas de produção13. Em matéria de auxílios aos investimentos intangíveis, em especial, podemos interrogar-nos sobre a pertinência deste critério. A Comissão examina os critérios de uma abordagem horizontal que favoreça o investimento intangível.

Além disso, o respeito, e mesmo o encurtamento dos prazos de instrução dos processos de auxílio estatal reveste-se de particular importância, relativamente aos projectos inovadores para os quais o tempo de lançamento no mercado é um critério determinante de êxito. Por isso, deveriam ser privilegiados dois eixos que reforçam mais concretamente a atitude favorável da Comissão relativamente ao apoio à investigação e à difusão dos seus resultados:

uma distinção clara entre os auxílios estatais e as medidas gerais, para estabelecer critérios mais compreensíveis pelas empresas e pelos Estados. As acções de Estado que visam encorajar a inovação e a investigação de forma horizontal sem favorecer certas empresas ou certas produções (por exemplo, fiscalidade favorável dos investimentos intangíveis, aplicável a todas as empresas; acções horizontais de formação de investigadores ou de engenheiros, etc.) constituem medidas gerais que não devem, pois, em princípio, ser comunicadas à Comissão e podem ser aplicadas imediatamente. A Comissão prepara uma comunicação sobre este tema onde indicará claramente que as deduções fiscais aplicáveis a todas as empresas para o activo intangível (incluindo de investigação e desenvolvimento) não constituem auxílios na acepção do nº1 do artigo 92º do Tratado.

a revisão do enquadramento dos auxílios à investigação, adoptada recentemente pela Comissão, para permitir aos Estados-membros, entre

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outros aspectos, continuar políticas de inovação que, à escala internacional, venham de facto ao encontro do que está em jogo em termos de concorrência. Adoptando regras que se baseiam amplamente nas previstas no código das subvenções da OMC (definições dos tipos de investigação, maior margem de manobra em termos de limite de intensidade, etc.), a Comissão adaptará a interpretação das suas regras no sentido de uma maior convergência das condições internacionais de concorrência, evitando porém que os auxílios falseiem o comércio no Mercado Comum.

No total, a Comissão zela especialmente pela realização de um dos objectivos da política de concorrência que é melhorar a competitividade internacional da indústria comunitária e contribuir assim para a realização dos objectivos enunciados no nº 1 do artigo 130º do Tratado. Neste espírito, as regras de concorrência são aplicadas de forma construtiva para encorajar a cooperação que favorece o desenvolvimento e a difusão das tecnologias nos Estados-membros, no respeito das regras da propriedade intelectual. O controlo dos auxílios estatais exerce-se assim com a preocupação de que os recursos sejam postos à disposição dos sectores que contribuem para a melhoria da competitividade da indústria comunitária sem falsear as trocas, por exemplo, no domínio do ambiente.

b) promover uma protecção jurídica eficaz e adaptada

Uma protecção jurídica eficaz é um incentivo indispensável para a inovação. Oferece a quem inova a garantia de que poderá beneficiar legitimamente da sua inovação. Além disso, é necessário adaptar permanentemente as regras existentes às novas condições introduzidas pela inovação tecnológica. Isto é particularmente sensível em matéria de novas tecnologias.

Além disso, os diferentes regimes de protecção jurídica da inovação assumem, mais do que a sua função de protecção, uma importância económica crescente para a conquista de mercados de exportação, para o combate à contrafacção e em caso de avaliação do valor de no uma empresa (por ocasião de recompra ou de participação, por exemplo).

A nível dos Estados, os acordos de licenciamento e de transferência de tecnologia representam desde já uma parte importante do comércio externo, uma vez que as trocas se concentram entre os três grandes blocos económicos (a "Tríade") e implicam sobretudo as grandes empresas.

Após os progressos realizados graças ao Uruguay Round, é preciso continuar a harmonizar os sistemas de protecção, incluindo entre os países membros da OCDE, para garantir os direitos de propriedade adquiridos no resto do mundo.

Por exemplo, seria desejável para a União Europeia, que os EUA adoptassem outra abordagem, mais conforme à dos restantes países da OCDE, em matéria de patentes. A prioridade dada nos EUA ao "primeiro a inventar" e não ao "primeiro a registar" redunda num processo legal mais longo e num número de litígios muito superior, que só são resolvidos após longas acções judiciais (por exemplo, 14 anos para a acção da Hugues

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Aircraft contra a NASA, ou mais de 10 anos para a da Polaroid contra a Kodak)14.

No total, a importância da questão é tripla:

- conseguir atingir um regime de direitos de propriedade intelectual e industrial na Europa que num contexto em forte evolução (nomeadamente, nos domínios das ciências do ser vivo e da sociedade da informação), continue a assegurar um incentivo individual à inovação e a permitir, em simultâneo, a organização colectiva da difusão das novidades;

- completar, na medida do necessário, a harmonização dos diferentes regimes nacionais, assegurando ao mesmo tempo a compatibilidade com os objectivos de competitividade e mantendo a garantia de um elevado nível de protecção;

- garantir, nas negociações comerciais internacionais, que os interesses legítimos dos seus cidadãos não sejam lesados, tanto por imposição de regras inadaptadas, como pelo desrespeito de acordos existentes (contrafacções, pirataria).

Para atingir estes objectivos, a Comissão lançou novas propostas relativas à protecção jurídica dos desenhos e modelos, e à protecção dos produtos fitossanitários. Está actualmente em preparação uma nova proposta relativa à protecção das invenções biotecnológicas. Além destas acções, encontram-se em preparação dois livros verdes sobre a sociedade da informação e sobre a protecção, pelo modelo de utilidade15.

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III. A SITUAÇÃO NA EUROPA: DIVERSIDADE E CONVERGÊNCIAS

A situação na Europa é díspar. Os resultados em matéria de inovação são extremamente diversos de acordo com os países, as regiões, as empresas e os sectores. Assim, as políticas regionais ou nacionais de apoio à inovação desenvolveram-se recentemente. A Comunidade não está inactiva neste domínio e desenvolve esforços consequentes em benefício da inovação. Todavia, não são suficientes.

1. Uma grande diversidade

A situação na Europa quanto à inovação é muito diferenciada. As estruturas e as especializações industriais são extremamente diversificadas. Os níveis tecnológicos variam fortemente tal como os resultados e os recursos a eles consagrados.. A diferença entre as despesas de investigação e de desenvolvimento pode variar de um factor de 1 a 11, conforme os países. A proporção do esforço nacional para a investigação e o desenvolvimento que cabe às empresas varia dos 30% aos 70%. Alguns Estados-membros possuem um sistema financeiro sofisticado, forte potencial de investigação e dispõem de um número importante de grandes empresas, das quais algumas detêm uma posição de liderança mundial em determinados sectores. Outros encontram-se em recuperação tecnológica com um tecido essencialmente composto por PME tradicionais, infra-estruturas recentes e um sector público importante.

Cada país da União aplica as suas próprias soluções. Na Itália, por exemplo os "distritos" industriais foram construídos com êxito em torno de relações de cooperação estreitas entre pequenas empresas de um mesmo sector industrial que colocaram em comum recursos para resolver problemas técnicos ou comerciais como, por exemplo, em Sassuolo, para a cerâmica e, em Prato, para o têxtil. A Dinamarca levou a cabo uma experiência interessante de constituição de redes de PME. O seu "Network Brokerage Scheme" permitiu colocar em contacto mais de um terço das PME nacionais. Esta experiência é actualmente exportada para o Reino Unido, Espanha e Estados Unidos.

A região de Baden-Wurtemberg dispõe, por seu turno, de uma infra-estrutura completa de apoio técnico às PME e, graças à fundação Steinbeis, de um sistema invejável de cooperação entre estabelecimentos de ensino, de investigação e PME que se baseia em estruturas descentralizadas agrupadas em rede e caracterizadas por orientações fortemente determinadas pelas empresas utilizadoras. A Suécia, e de forma geral os países nórdicos, possuem uma desenvolvida experiência em matéria de promoção da participação dos trabalhadores nas empresas, mas também no domínio da avaliação das políticas tecnológicas.

As experiências positivas são numerosas mas frequentemente difíceis de transpor, uma vez que se encontram muito ligadas às respectivas condições específicas de desenvolvimento. Todavia, o seu conhecimento e difusão são

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muito insuficientes. Seria desejável que o confronto de experiências pudesse ser desenvolvido rapidamente. O programa INNOVATION da Comissão recentemente posto em prática deverá contribuir para essa difusão das boas práticas.

2. Convergências reais

Algumas convergências se manifestam contudo nas políticas de inovação dos países da União, embora com ritmos de evolução diferentes. Assim, podemos destacar as seguintes tendências:

maior prioridade concedida às políticas nacionais de ciência e tecnologia, ao desenvolvimento da investigação industrial (financiada ou aplicada pelas empresas) e à cooperação entre investigação pública ou universitária e empresas;

vontade de simplificação administrativa, de liberalização e de reforço da concorrência;

importância concedida à criação de infra-estruturas de base (nomeadamente, auto-estradas da informação) e às aplicações da sociedade da informação;

reforço do esforço de prospectiva. Trata-se de definir as escolhas tecnológicas possíveis, mas também de identificar as condições de exploração dessas várias tecnologias (por exemplo, o exercício recente de "Technology Foresight" britânico e os seus equivalentes francês e alemão). Estes estudos de prospectiva devem intervir, logo no início do processo de investigação, para reduzir os prazos de lançamento no mercado (por exemplo, o exercício de "constructive technology assessment" holandês, ou as actividades de centros como o "Centre for exploitation of Science and Technology" (CEST) britânico);

interesse pelo financiamento da inovação, bem como pela criação de empresas de tecnologia (capital de fase embrionária) ou pelo seu desenvolvimento (capital de risco, mercado tipo NASDAQ). No plano nacional, multiplicam-se os esforços para criar regulamentação e fiscalidade favoráveis à mobilização dos capitais privados para a inovação (criação de fundos de capital de risco, no Reino Unido). Este país desenvolveu, por outro lado, várias iniciativas destinadas a aliciar as fortunas privadas (os "business angels") a investirem na inovação. Os Países Baixos e a Bélgica lançaram a rede de bancos e agências de inovação tecnológica, com o objectivo de proceder a um "technology rating". Quanto à França, favorece a organização em redes regionais de financiadores de inovação, etc.

maior apoio, embora ainda desigual, à difusão das tecnologias. Isto traduz-se por uma maior atenção concedida ao estímulo da procura e às acções de sensibilização e de demonstração. Esta abordagem traduz-se de diferentes maneiras: implicação dos utilizadores dos projectos de investigação cooperativa e de desenvolvimento, criação de centros de demonstração de tecnologias específicas, programas de visitas de empresas (Reino Unido, Alemanha, Espanha e França), acções em

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profundidade para clarificar a procura latente das PME (campanhas de auditoria tecnológica e estratégica das empresas, esforços para traduzir em termos tecnológicos as questões colocadas em termos de funcionalidade, organização de dispositivos de acolhimento permanente, etc.).

interesse crescente pelas PME, tendo em conta a sua diversidade; importância acrescida da escala regional.

3. Uma importância acrescida do papel das PME e da escala regional e local

As PME são um reservatório de criação de empregos, bem como uma fonte de diversidade do tecido industrial. Em simultâneo, as deficiências dessas empresas em termos financeiros, de recursos humanos e de contactos comerciais, são uma causa de preocupação:

Um subempreiteiro andaluz do ramo automóvel

A empresa, que totaliza 65 empregados e um volume de negócios de 6,25 milhões de ecus, foi criada em 1979 na Andaluzia, uma das regiões menos favorecidas da União Europeia. Desde o início, fabrica componentes para a indústria automóvel. Apesar dos esforços de diversificação, o seu principal cliente permanece uma multinacional deste sector, localizada na mesma região. Quanto aos resíduos, estão sujeitos a regulamentação cada vez mais rigorosa.No início dos anos 90, a empresa viu-se confrontada com uma dependência excessiva do seu principal cliente. Deve ainda escolher, de entre uma panóplia complexa, tecnologias susceptíveis de serem incorporadas no seio da empresa.Na sequência de uma campanha de promoção levada a cabo pela agência para o desenvolvimento regional, sobre a iniciativa comunitária para a integração das novas tecnologias (Programa INNOVATION), esta empresa solicitou um diagnóstico, com o auxílio de peritos experimentados, sobre a utilização desejável das tecnologias existentes mais adequadas, tendo em conta a estratégia e as competências da empresa.Foi elaborado um plano de acção. O novo equipamento proposto (incorporando a CAD/CAM, o controlo digital, etc.) deve possibilitar a esta empresa realizar produtos próprios e alargar o seu mercado. A introdução de novos métodos de gestão (a análise do valor e a análise funcional em particular) foi recomendada para que integre, sem riscos, os novos equipamentos e tenha em conta uma regulamentação ambiental mais estrita.

com efeito, 99,8% das empresas comunitárias têm menos de 250 trabalhadores (e 91% menos de 20), enquanto a proporção de grandes e médias empresas é mais forte nos Estados Unidos (as maiores de 100 representam 1,7% das empresas e 60,8% dos efectivos contra, respectivamente, 0,6% e 43,2%, na Europa). As PME representam 66% do emprego e 65% do volume de negócios na União Europeia. Durante os anos de 1988/1995, a criação líquida de empregos nas PME foi superior às perdas de emprego nas grandes empresas. As empresas com menos de 100 trabalhadores criam a quase totalidade dos novos empregos, ao ritmo de 259000 empregos líquidos por ano. Elas exportam e inovam, e estão confrontadas com dificuldades específicas. Ora, um grande número de medidas públicas de inovação parecem ainda destinar-se exclusivamente às grandes empresas;

em alguns países, as PME sofrem frequentemente, em simultâneo, de dificuldades de financiamento, pelo menos em algumas fases "sensíveis" da sua evolução, e de deficiências estruturais na sua capacidade de

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gestão: o chefe da empresa é por vezes praticamente o único a poder assumir as funções de gestão e em qualquer caso existe sempre, de forma generalizada, o problema do subenquadramento;

o acesso aos conhecimentos e às informações que permitem reduzir a incerteza é muito mais difícil e proporcionalmente mais oneroso para as PME do que para as empresas de maiores dimensões;

as PME estão na sua grande maioria reticentes para recorrer aos serviços e aos dispositivos de auxílios, de ajuda ou de consultadoria já existentes. São, assim, menos abertas à cooperação.

por fim, são o pilar da economia local: uma grande parte das pequenas empresas exerce a sua actividade num raio de 50Km a partir da sede; em algumas zonas geográficas, são praticamente a única actividade industrial que existe.

Um grupo de PME holandesas do sector da construção elaboraram em conjunto o diagnóstico da sua capacidade de inovação

O centro de inovação do Sudoeste dos Países Baixos desejava ajudar as iniciativas que visavam a inovação nas PME do sector da construção. O pessoal destas PME varia entre os 20 e os 100 empregados. Estas empresas utilizam as "regras da arte" tradicionais e artesanais. Todavia, os novos produtos "prontos a usar" introduzem uma concorrência desleal. Satisfazer a evolução dos gostos da população, bem como as novas normas urbanas, significa custos suplementares. A maior parte destas PME queixa-se de uma rentabilidade muito limitada.

Graças à iniciativa-piloto para a integração das novas tecnologias, levada a cabo por este centro de inovação holandês, com o apoio da Comissão (Programa INNOVATION), um grupo de 18 empresas desse sector aceitou participar numa série de seminários animados por consultores especializados e efectuar, bilateralmente, um diagnóstico da respectiva situação financeira, estratégia e organização. As tendências do sector são destacadas e cada empresa situa-se relativamente aos melhores e piores resultados do grupo, apresentados anonimamente.

Na sequência das conversações e seminários efectuados, pôde ser destacado um panorama bastante diferenciado. Embora o pessoal dessas PME trabalhe enormemente, a inexistência de planos de acção metódicos e estruturados impede que esses esforços individuais possam frutificar. Após uma crítica das funções necessárias, foi recomendado que se aplicassem novos métodos às fases de aquisição e recepção do material (75% dos custos), à qualidade, à informática e à comunicação, etc.

Finalmente, está em curso a aplicação dessas recomendações, que contribuíram já para um crescimento da motivação do pessoal das empresas.

Estas características explicam o interesse dos Estados-membros por estas empresas, que se traduz por:

uma preocupação em favorecer a criação e o desenvolvimento de empresas novas com base tecnológica;

esforços consequentes para reforçar a capacidade de absorção tecnológica das PME. Trata-de facilitar os processos de aprendizagem e de acumulação de conhecimentos. Assim, as medidas que tendem a incentivar o recrutamento ou a colocação temporária de engenheiros ou de técnicos nas PME são frequentes. São praticadas na Alemanha, Dinamarca, Irlanda, Reino Unido e França. Visam criar no seio da

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empresa um centro de pessoas receptivas, que compreendem as evoluções técnicas e estão aptas a dialogar com os investigadores. O mesmo acontece com a divulgação de técnicas de gestão da inovação, como a qualidade, a reengenharia financeira ou a análise do valor (ver quadro). Por fim, uma parte dos esforços públicos favorece de forma crescente a inserção das PME em clubes, redes, "clusters". Por exemplo, na Finlândia, uma iniciativa original visa transformar os dirigentes experimentados de grandes empresas em "mentores" de PME de alta tecnologia.

a vontade de simplificar o acesso das PME às diferentes medidas de apoio ou fontes de competências externas. Uma grande parte delas, com efeito, perde-se nos labirintos dos trâmistes administrativos ou na escolha dos serviços de apoio que se multiplicaram durante os últimos anos. E, uma parte mais importante ainda das PME (citam-se de 60% a 80% das PME, conforme os países) permanece perfeitamente fora destes circuitos de auxílios possíveis;

os esforços de adaptação das medidas de apoio às diferentes categorias de empresa (distinguindo particularmente as que desenvolvem uma intensa actividade de investigação e desenvolvimento, e as que, embora fazendo investigação ocasionalmente, são tecnologicamente evoluídas, das que apenas têm limitados recursos próprios na matéria e cujas capacidades de absorção convém reforçar);

o reconhecimento da especificidade do sector dos serviços;

um interesse novo pelas microempresas (isto é, com menos de 10 trabalhadores)16.

Este reconhecimento da importância concedida às PME encontra um eco directo no interesse acrescido pela escala regional. Esta é com efeito a escala mais adaptada para apreciar o papel das PME e para promover a inovação no seu âmbito.

Por outro lado, o movimento de descentralização desembocou num reforço do papel das regiões em matéria de difusão das tecnologias e de apoio à inovação. Assim, os anos 80 assistiram à multiplicação nas regiões dos organismos públicos ou privados de apoio às empresas, (tecnopólos, centros de demonstração, agências de transferência, etc.).

Estas estruturas de apoio variam em quantidade e qualidade. Implicam frequentemente parcerias locais entre o sector privado e os poderes públicos, sendo muito diversas de acordo com os Estados-membros, visto que se adaptam às situações nacionais. Elas traduzem-se pelo desenvolvimento de novas profissões cujas qualificações, organização e formação não estão ainda completamente definidas.

Para remediar esta situação, numerosos países têm vindo recentemente a envidar esforços importantes para constituir redes de interfaces descentralizadas (os "business links" britânicos, as redes de difusão tecnológica em 13 regiões francesas, os 18 centros de inovação holandeses, etc.). Estes serviços de proximidade estão vocacionados para servir de balcão único ("one-stop-shop") para as PME, para efectuar um primeiro

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diagnóstico das necessidades e capacidades das empresas e para as orientar para as fontes de apoio especializadas. Devem contudo, permanecer abertos para o exterior e particularmente para a Europa.

4. A inteligência económica

A abordagem global da inovação adoptada ao longo do presente Livro Verde tem por corolário a "inteligência económica" enquanto instrumento estratégico de auxílio à decisão num contexto de mundialização das trocas e de emergência da sociedade da informação.A "inteligência económica" pode ser definida como o conjunto das acções coordenadas de investigação, de tratamento e de distribuição, com vista à sua exploração, da informação útil aos actores económicos. Inclui também a protecção da informação considerada sensível pela empresa.Paradoxalmente, a oferta crescente de dados, possível graças às tecnologias da informação, não se traduz numa percepção superior das apostas tecnológicas e económicas, nem numa maior visibilidade das escolhas estratégicas a efectuar.Nenhum actor económico e, portanto, nenhuma PME dispõe do conjunto das informações necessárias nem dispõe, por si só, dos meios de as reunir, tratar e interpretar17. Uma boa parte das informações em questão encontra-se protegida ou se produzida pelos poderes públicos, universidades, centros de investigação, etc. Felizmente, encontram-se cada vez mais acessíveis graças ao desenvolvimento dos bancos de dados, das redes de comunicação e das auto-estradas da informação. Mas a multiplicação das fontes e dos acessos aumenta também os riscos de fuga.O Japão, graças a uma política determinada, transformou o domínio da informação num dos seus pilares estratégicos. Os Estados Unidos preocupam-se em coordenar com iniciativas conjuntas da administração e das empresas a exploração e a protecção do seu potencial de informação. A Comunidade desenvolve, por seu lado, esforços importantes, através nomeadamente do programa IMPACT e, em breve, do programa INFO 2000, para melhorar o funcionamento do mercado europeu da informação. Todavia, a Europa no seu conjunto está ainda muito atrasada em relação aos seus principais concorrentes.É verdade que nas grandes empresas e nas multinacionais estas práticas são, apesar de tudo, correntes. Os consultores ocupam esta parte de mercado e desenvolvem métodos e experiência. Acontece por vezes, também, que as empresas se unam para usufruir em conjunto das respectivas informações, quer no âmbito de clubes locais ou temáticos (clubes dos exportadores, por exemplo) quer através de acções das respectivas organizações representativas (uniões industriais, CCI, etc.). Alguns governos europeus tentaram já debruçar-se sobre esta matéria criando instâncias consultivas, como em França e na Suécia.Por seu lado, a Comissão pratica com frequência análises e financia estudos que acompanha graças às competências especializadas de que dispõe. Porém, estes recursos ou competências em matéria de informação tecnológica ou de mercado poderiam ser explorados mais sistematicamente e colocados à disposição das empresas ou dos governos nacionais ou regionais.

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Por fim, deve ainda ser feito um esforço importante de sensibilização e formação das empresas em termos de inteligência económica e respectivos métodos, bem como para o desenvolvimento de uma oferta facilmente acessível de informações elaboradas.Ora, o dinamismo na recolha da informação estratégica, a sua partilha (cooperação entre empresas, partilha de recursos com os poderes públicos) e a sua protecção não estão ainda suficientemente generalizados na Europa. As clivagens sociais e profissionais, o medo da concorrência e o gosto natural do segredo tornam difícil a colaboração entre empresas e administrações. Por isso, é fundamental mudar as atitudes individuais e colectivas, para que o recurso à "inteligência económica" se possa desenvolver.

5. A Europa não ficará inactivaA nível comunitário, durante estes últimos anos, foram, apesar de tudo, lançadas várias iniciativas que reforçam e completam os esforços nacionais ou regionais. Citemos algumas das mais importantes: o esforço em matéria de investigação foi consideravelmente

incrementado. Se contabilizarmos o apoio dado pelos Fundos Estruturais à investigação, verificamos que são consagrados a esta actividade cerca de 5 mil milhões de ecus todos os anos, e isto 10 anos após o lançamento do primeiro programa-quadro.

a cooperação investigação/indústria, a coordenação e focalização dos esforços foram também elas reforçadas. O lançamento das Task Forces vai também neste sentido (ver quadro seguinte e Anexo 1).

As Task Forces comunitárias em projectos comuns de interesse industrialA Comissão decidiu criar "Task Forces" entre os seus serviços, para analisar temas precisos, destinadas a projectos comuns de interesse industrial.Esta iniciativa inscreve-se no respeito pelas directrizes das recomendações do Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego" que sublinhava a necessidade de uma coordenação acrescida das actividades e políticas de investigação e de desenvolvimento tecnológico (I&DT) e de reforçar a capacidade, como sabemos hoje insuficiente, dos europeus para transformar os seus avanços científicos e realizações tecnológicas em êxitos industriais e comerciais. Com efeito, esta iniciativa visa estimular o desenvolvimento de tecnologias que determinarão tanto a qualidade de vida nas nossas sociedades e no nosso ambiente quanto a competitividade industrial na Europa.

Trata-se de mobilizar toda a perícia necessária, de melhor concentrar os recursos orçamentais disponíveis para permitir à indústria responder de forma mais eficaz à concorrência internacional e às dificuldades da inovação.

As principais missões atribuídas às Task Forces são as seguintes:

definir prioridades de investigação e obstáculos eventuais à inovação, em conjunto com a indústria, incluindo as PME, e os utilizadores;

coordenar e desenvolver melhor os trabalhos a efectuar e os meios disponíveis, nomeadamente na aplicação do quarto programa-quadro, e coordenar melhor os esforços nacionais neste domínio;

estimular a emergência de um enquadramento favorável, recorrendo a meios financeiros suplementares e facilitando a cooperação entre as empresas interessadas.

Estas Task Forces abrangem os seguintes temas: - nova geração de aviões - automóvel do futuro - software multimédia para o ensino - vacinas e doenças virais - comboios e sistemas ferroviários do futuro - intermodalidade dos transportes

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- barco do futuro - tecnologias da água respeitadoras do ambiente (em projecto).

as iniciativas a favor das PME (ver quadro seguinte) e a simplificação do contrato-tipo para participar nas acções do quarto programa-quadro de investigação e de desenvolvimento (ver Anexo 3).

a criação do Instituto de Prospectiva Tecnológica de Sevilha, ao qual foi confiado um mandato explícito em matéria de observação tecnológica, em estreita ligação com os diferentes institutos nacionais neste domínio. A sua criação deveria permitir esclarecer as escolhas das autoridades comunitárias e nacionais (ver quadro seguinte).

Medidas de estímulo tecnológico destinadas às PME

Testadas com sucesso no programa Brite-Euram 1991/1994, estas medidas que visam promover e facilitar a participação das PME nos programas comunitários de IDT são aplicadas na maioria dos programas do quarto programa-quadro. O orçamento total que lhes é consagrado é superior a 700 milhões de ecus.Estas medidas são as seguintes:

um procedimento de apresentação e de avaliação de propostas em duas etapas; os candidatos cujo projecto de proposta tenha sido seleccionado na primeira fase receberá um prémio de exploração destinado a cobrir 75% dos custos de elaboração de uma proposta completa e da procura de parceiros. um novo tipo de projectos: os projectos de investigação cooperativa (CRAFT) que permitem a grupos de PME com poucos ou nenhuns meios de I&D dirigirem-se a terceiros para realizar a investigação; um convite para apresentação de propostas continuamente aberto para subvenções e projectos CRAFT; uma rede de intermediários CRAFT para informar e auxiliar as PME a nível nacional, regional e local.

EXTRACTO DO PROGRAMA DE TRABALHO DO INSTITUTO DE PROSPECTIVA TECNOLÓGICA DE SEVILHA

A primeira missão, a observação tecnológica é a tarefa prioritária que deverá permitir um acesso fácil e rápido ao melhor estado da informação tecnológica, incluindo a organização das empresas e as consequências para o emprego, em todos os sectores implicados.

Ela exige o inventário dos recursos internos e externos e a criação de uma rede internacional, dirigida por um observatório criado pelo Instituto de Prospectiva Tecnológica de Sevilha18.

A tarefa deste observatório, no domínio da inteligência tecnológica e económica, será a recolha rápida das informações pertinentes e o seu tratamento de forma codificada, para que sejam utilizáveis. Este serviço, destinado a responder às solicitações do membro da Comissão, deverá caracterizar-se pelo seu funcionamento horizontal.

Trata-se de desenvolver uma metodologia que abranja progressivamente todo o campo das tecnologias, a partir de temas relativamente aos quais o IPTS possui já vantagens comparativas (ambiente, energia, transportes, tecnologias da informação, etc.). Actualmente, não se trata de levar o IPTS a produzir novos estudos, mas a canalizar e a explorar as informações disponíveis (serviços da Comissão, OCDE, centros nacionais, etc.) sobre a situação nos Estados-membros e os grandes concorrentes industriais.

Esta missão será acompanhada por uma síntese mensal destinada ao responsável da Comissão pela Investigação, Educação, e Formação. A segunda missão, quer dizer, a investigação propriamente dita será inicialmente orientada para o tema tecnologia-emprego-competitividade. Baseada numa ampla entrada em rede com os organismos que tratam do tema a nível nacional, tratar-se-á de

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proceder à síntese da experiência de todos os países tecnologicamente avançados em matéria de impacto do factor tecnológico sobre o emprego, e de identificar as tecnologias prometedoras com um horizonte de uma dezena de anos e as etapas necessárias para passar da situação actual à situação futura. Trata-se ainda de ter em conta os grandes problemas e desafios económicos e sociais correlacionados.

Serão publicadas sínteses destinadas às autoridades comunitárias, à indústria e à comunidade científica europeia.

o reforço das parcerias universidade-indústria para a formação, graças ao programa Leonardo e, em matéria de transferência de tecnologia, através da utilização dos programas específicos de investigação.

o apoio ao desenvolvimento da sociedade da informação, em especial graças à criação das infra-estruturas necessárias (redes transeuropeias, nomeadamente) e ao desenvolvimento de aplicações socialmente úteis e de experiências colectivas.

a tónica acrescida colocada na difusão e na valorização dos resultados da investigação. A prossecução destes dois objectivos realiza-se graças à utilização de uma proporção mínima de 1% do orçamento dos programas específicos de investigação e graças ao programa INNOVATION. Graças a ele, a Comissão dá o seu apoio à criação de pontos de contacto para as actividades de inovação e para a informação sobre as actividades de investigação e de desenvolvimento da União Europeia. A lista destes centros de inovação é apresentada no Anexo 2.

as iniciativas-piloto em matéria de incremento do capital de risco no quadro do plano de acção PME, dos Fundos Estruturais e do programa INNOVATION. Este último, além do mais, contribui para o intercâmbio regular de boas práticas no domínio do financiamento da inovação, mediante a organização de seminários e conferências que congregam pessoas do mundo da finança, da universidade, agências públicas e administrações nacionais.

Projecto-piloto "BIOMERIT" Rede europeia no domínio da biotecnologia (programa COMETT)

Situada em Cork, na Irlanda, BIOMERIT é uma rede transnacional que reúne cerca de 33 parceiros provenientes de 7 países. Nos seus três primeiros anos de actividade, a BIOMERIT organizou mais de 14 seminários de formação em biotecnologia, com cerca de 900 participantes. Uma das abordagens mais originais de BIOMERIT foi saber integrar tanto as necessidades dos estudantes e investigadores, para os familiarizar com o trabalho nas redes europeias, como as das empresas para introduzir inovações biotecnológicas nas explorações agrícolas e nas PME-PMI.Em Bréscia, Itália, uma empresa agrícola em dificuldade, com 7 trabalhadores (exploração agrícola não rentável apesar dos seus 265 hectares, etc.) decidiu transformar e modernizar as suas instalações. Para satisfazer os consumidores, viu-se confrontada com a exigência de produzir alimentos sem quaisquer produtos químicos ou aditivos. A empresa teve, assim, que enveredar pela biotecnologia.Os responsáveis pela exploração seguiram um seminário organizado especificamente para agricultores, na Irlanda, subordinado ao tema da protecção das culturas. Graças à qualidade da concepção deste seminário, em apenas uma semana os agricultores italianos receberam a necessária formação para satisfazer as exigências do mercado e estabelecer contactos internacionais que lhes permitiram desenvolver esta tecnologia e divulgá-la na sua região.Sistema Qualidade (Programa Force)Um agrupamento de empresas espanholas, irlandesas e portuguesas criou um programa de formação dirigido às necessidades das PME europeias em matéria de aplicação de programas Qualidade. O programa de formação visa transmitir uma compreensão da qualidade enquanto parte integrante da gestão estratégica e enquanto instrumento de

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gestão de recursos humanos. O projecto contribuiu ainda para a disseminação da aplicação das normas de qualidade ISO 9000 em várias regiões europeias.O público-alvo do projecto reúne responsáveis pela qualidade das empresas do agrupamento. Foram criados vários materiais de formação à distância, bem como estudos de casos em vídeo, que mostram como as empresas têm utilizado e praticado com êxito a qualidade na sua organização.

o apoio às regiões para que elaborem estratégias de inovação e racionalizem as respectivas infra-estruturas e medidas de apoio às PME.

o apoio ao desenvolvimento rural pela promoção, no âmbito do programa LEADER II, de estratégias associando parceiros locais e visando estimular a inovação em termos de métodos, de produtos, de processos ou de mercados. Esta iniciativa comunitária inclui ainda a criação de um observatório europeu da inovação e do desenvolvimento rural, encarregado de identificar e de divulgar as boas práticas nesse domínio.

o lançamento dos programas SOCRATES (educação) e LEONARDO (formação profissional). Estes centram-se na melhoria da qualidade do ensino, na mobilidade dos estudantes e professores, na utilização das novas tecnologias de comunicação, na promoção da aprendizagem e na tomada em consideração da necessidade de uma formação permanente. O apoio a iniciativas de formação e de educação para a inovação será também reforçado. Está igualmente prevista para breve a criação de um observatório europeu das práticas inovadoras na formação profissional.

uma política de harmonização, de adaptação e de promoção da propriedade intelectual e industrial19 junto das PME.

o desenvovimento de esforços concertados com os Estados-membros em matéria de simplificação das formalidades administrativas, nomeadamente para as PME.

Apesar de todo este esforço, subsistem obstáculos e persistem deficiências.

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IV. OS ENTRAVES À INOVAÇÃO

A velha Europa está pouco confiante, as empresas tendem a fugir ao risco. Tudo o que é inovador é incómodo e, no início, frágil contra as enormes dificuldades que barram o caminho à criação. Poder ultrapassar os múltiplos obstáculos da regulamentação existente é frequentemente um combate quase impossível. As principais dificuldades e obstáculos dizem respeito à coordenação dos esforços, dos recursos humanos, do financiamento, público ou privado, e do enquadramento jurídico e regulamentar.

1. A orientação da investigação para a inovação

Face à investigação e ao desenvolvimento, componentes essenciais da inovação, a Europa sofre de quatro desvantagens flagrantes:

um esforço insuficiente: a Europa consagra à investigação uma parte do seu PIB inferior à dos seus principais concorrentes: 2% em 1993, contra 2,7% para os Estados Unidos e para o Japão. A diferença entre a Europa e o Japão triplicou desde 1981. Se excluirmos a investigação em matéria de defesa, a diferença com os EUA diminui, mas com o Japão aumenta.

A Comunidade dispõe de um número comparativamente menos elevado de investigadores e de engenheiros: 630 000 (4 para cada 1000 pessoas activas), contra 950 000 nos Estados Unidos (8 para 1000 pessoas activas) e 450 000 para o Japão (9 para 1000 pessoas activas). (LIVRO BRANCO "Crescimento, Competitividade, Emprego. Os desafios e as pistas para entrar no século XXI", capítulo 4, Comissão Europeia, 1994).

uma dispersão dos esforços. A conjuntura exigiria um esforço de financiamento orientado para alguns projectos essenciais em termos de competitividade, como fazem os Estados Unidos e o Japão, enquanto a Europa dispersa os seus recursos por um grande número de domínios. Quando se estabelecem prioridades, isso é frequentemente fruto de uma reacção ao esforço dos nossos concorrentes, sem corresponder de facto às nossas próprias escolhas.

Constatamos que a União Europeia não utiliza plenamente todos os instrumentos de que dispõe, por força do Tratado que a fundou e que se a cooperação nela se desenvolveu a coordenação é ainda inexistente. Numa altura em que as despesas públicas consagradas à investigação pelos Estados-membros têm tendência a diminuir, uma tal coordenação deveria impor-se como uma exigência, para evitar a dispersão dos recursos, reduzir a duplicação de esforçes e definir em comum as prioridades. É uma das minhas preocupações fundamentais. (Edith Cresson, Compiègne, 6 de Setembro de 1995).

investigação industrial insuficiente. A investigação industrial, realizada e financiada pelas empresas é menos intensa do que nos nossos principais concorrentes. As despesas civis intramuros de investigação e de desenvolvimento do sector das empresas (por outras palavras, a investigação efectivamente levada a cabo nas empresas,

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independentemente da origem do seu financiamento) ascendia em 1992 a cerca de 1,3% do PIB na Europa, contra mais de 1,9% nos EUA e no Japão. Desses, 12,2% eram financiados pelo Estado, na Europa, contra mais de 20% nos EUA e só 1,2% no Japão (ver quadro 11a do Anexo IV ).

falta de antecipação. A Europa não antecipa suficientemente as evoluções, as técnicas, as condições e dificuldades que representa a exploração das tecnologias novas.

Certamente, foram conseguidos progressos recentes nestes domínios, quer no plano nacional, quer comunitário:

alguns países (Alemanha, Reino Unido e França) realizaram recentemente, com a ajuda de peritos, vastos exercícios de previsão (Delphi, Foresight). Tentaram, nomeadamente, definir melhor as tecnologias-chave dos próximos anos e as suas possíveis aplicações. Por outro lado, alguns países aplicaram mecanismos que favorecem o diálogo social em matéria de grandes opções tecnológicas ou ainda que alargam as possibilidades de exploração dos resultados da investigação.

As tecnologias com dupla utilização.

Durante muito tempo, as necessidades tecnológicas em matéria de defesa eram específicas ou avançadas em relação às dos sectores civis. A separação dos sectores da investigação civil e de defesa não facilitava a difusão das tecnologias desenvolvidas para a defesa.

Actualmente, é necessário ultrapassar esta divisão entre os dois domínios, uma vez que muitas tecnologias são utilizadas por ambos (ditas "duplas"). A sobreposição ou a convergência entre os sectores civis e da defesa são crescentes. Os fluxos tecnológicos têm mesmo tendência para se inverter: cada vez mais, os mercados civis desempenham um papel motor no desenvolvimento das tecnologias de utilização dupla e o sector da defesa é levado a utilizar tecnologias de origem civil.

Os Estados Unidos promovem desde há vários anos uma estratégia de dupla utilização das tecnologias, dos componentes e da produção. Em alguns Estados-membros também começam a ser postas em prática acções para promover as sinergias tecnológicas e industriais entre as sociedades civis e o sector da defesa. Esses esforços têm que ser prosseguidos, reforçados e ampliados, incluindo a nível europeu. São indispensáveis para reduzir as duplicações dos esforços de investigação, para melhor valorizar os conhecimentos e as tecnologias, e para facilitar a reestruturação, a diversificação ou a reconversão das indústrias ligadas à defesa.A este respeito, a Comissão deu início a uma reflexão sobre as possibilidades de acção a nível europeu para reforçar a competitividade das indústrias europeias ligadas à defesa.

a nível comunitário, o esforço de concentração e de coordenação e de observação tecnológica foi ultimamente relançado. A criação das Task Forces industriais e do Instituto de Prospectiva Tecnológica de Sevilha e da rede ETAN (rede europeia de avaliação tecnológica) inscrevem-se nesta óptica. Por outro lado, como anuncia na sua recente comunicação sobre a cooperação internacional em matéria de investigação, a Comissão irá reforçar, em parte graças a uma reorganização interna, o

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número dos conselheiros científicos colocados nas delegações no estrangeiro.

Todavia, é ainda necessário evoluir: o impacto na inovação e na transferência dos resultados, deve transformar-se, ao mesmo título que a utilidade social, num dos principais critérios permanentes de acompanhamento e de avaliação dos projectos de investigação e de desenvolvimento,para além dos que se encontram directamente associados à investigação

Deverão explorar-se fórmulas que estabeleçam uma ligação mais flexível entre o financiamento dos projectos e a obrigação de resultados e que modulem a intervenção pública em função do carácter de maior ou menor utilidade socioeconómica dos resultados. (LIVRO BRANCO "Crescimento, competitividade, emprego. Os desafios e as pistas para entrar no século XXI" capítulo 4, Comissão Europeia,1994).

2. Os recursos humanos

a) Sistemas de educação e de formação ainda inadaptados.

Os docentes bem como os universitários e os responsáveis de formação esforçam-se consideravelmente para adaptar o ensino às necessidades de um mundo em transformação.

Actualmente, os estabelecimentos de ensino e os institutos de formação atravessam dificuldades crescentes para tratar um público cada vez mais diversificado e numeroso. Entre outros motivos, isto deve-se a uma enorme rigidez das estruturas e regras de evolução. Esta rigidez não lhes permite reformular o seu posicionamento ou os seus programas. Ainda que alguns estabelecimentos de ensino tentem experiências de renovação estão ainda demasiado isolados dos restantes.

Os sistemas de educação oscilam ainda muito entre uma prioridade demasiado grande concedida aos conhecimentos académicos (incluindo no domínio científico) e uma formação técnica muito especializada. A existência de áreas ainda demasiado compartimentadas não contribui para o processo de difusão da inovação no ensino e formação. Por fim, é preciso ainda desenvolver os próprios conceitos de educação e formação contínuos.

Assim, o nível e a difusão da educação técnica20 são ainda insuficientes na Europa. As causas são as seguintes:

o ensino básico não concede suficiente atenção à ciência e tecnologia

as disciplinas técnicas não são ainda suficientemente reconhecidas na justa medida. Não pertencem à categoria de ensino considerada "nobre". A tal ponto que as áreas técnicas são, na maior parte das vezes, consideradas como último recurso.

uma integração insuficiente da tecnologia na aprendizagem das disciplinas científicas; uma inadequação da formação dos professores ao

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progresso das ciências, uma proporção demasiado insignificante de mulheres nos estudos científicos e técnicos.

uma pedagogia que consagra ainda pouco espaço à iniciativa pessoal de investigação e de experimentação e descoberta, à aquisição de competências transversais (trabalho em projecto e em equipa, comunicação), bem como à formação para as novas condições de produção das empresas (compreensão de um mercado, de uma procura, preparação para a actividade empresarial, procura da qualidade).

uma dificuldade para integrar rapidamente nos percursos de formação os domínios híbridos de conhecimentos correspondentes às novas profissões.

O Livro Branco sobre a educação e a formação na União Europeia

O Livro Branco sobre a educação e a formação "Ensinar e Aprender: rumo à sociedade cognitiva" situa-se na continuidade do Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego" que sublinhou a importância para a Europa do investimento intangível, particularmente no ensino e na investigação. Este investimento na inteligência desempenha de facto um papel essencial para o emprego, a competitividade e a coesão das nossas sociedades. O Conselho Europeu de Cannes incluiu na sua conclusão uma referência à intenção da Comissão de apresentar um Livro Branco até ao fim do ano, sublinhando que "As políticas de formação e de aprendizagem, elementos fundamentais para a melhoria do emprego e da competitividade, devem ser reforçadas e, em particular, a formação contínua".

O desafio é duplo: primeiro, trata-se de dar respostas imediatas às necessidades de ensino e de formação que actualmente se fazem sentir. Depois, é necessário preparar o futuro, traçando uma perspectiva de conjunto na qual se poderia investir o esforço dos Estados-membros e os da União Europeia, agindo cada um na sua esfera de competência. O Livro Branco "A Caminho da Sociedade do Conhecimento" considera que na sociedade europeia moderna estas três obrigações que são a inserção social, o desenvolvimento das aptidões para o emprego e o desenvolvimento pessoal não são incompatíveis, não são contraditórias e devem, pelo contrário, estar ligadas intimamente.

A mundialização das trocas, a globalização das tecnologias e, em particular, o surgimento da sociedade da informação aumentaram as possibilidades de acesso dos indivíduos à informação e ao saber. Mas, ao mesmo tempo, todos estes fenómenos produzem uma modificação das competências adquiridas e dos sistemas de trabalho. Para todos, esta evolução aumentou a incerteza. Para alguns, criou situações de exclusão intoleráveis.

Actualmente, é claro que as novas potencialidades oferecidas às pessoas exigem de todos um esforço de adaptação, em particular para construir por si próprio a sua própria qualificação, recompondo saberes elementares adquiridos nos mais variados contextos.

Considerando a diversidade das situações nacionais e a desadequação das soluções globais nesta matéria, não se trata de forma nenhuma de propor um modelo. O Livro Branco distingue, no respeito do princípio da subsidiariedade, acções que devem ser empreendidas a nível dos Estados-membros e medidas de apoio para aplicar a nível comunitário. Elabora tipos de resposta que poderão permitir aos europeus adaptar-se às mutações em curso: revalorização da cultura

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geral e desenvolvimento da aptidão para o emprego, passando esta última pelo desenvolvimento da mobilidade, a utilização do potencial da sociedade da informação e a validação dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida.

De entre as medidas que serão aplicadas a partir de 1996 no plano europeu, as principais iniciativas propostas visam:

encorajar a aquisição de conhecimentos novos. Exemplo de acção preconizada: um projecto transeuropeu de acreditação das competências (validação das unidades de saber, cartões pessoais de competências);

reaproximar a escola da empresa. Exemplo de acção preconizada: desenvolvimento da aprendizagem na Europa (modelo Erasmus), no quadro do programa Leonardo de formação profissional;

lutar contra a exclusão. Exemplo de acção preconizada: reorientação ou apoio à criação de escolas situadas nos bairros mais sensíveis, como dispositivo de segunda oportunidade;

dominar três línguas europeias. Exemplo de acção preconizada: definição de um rótulo de qualidade e entrada em rede das escolas que tenham desenvolvido mais a aprendizagem das línguas.

tratar num plano de igualdade o investimento físico e o investimento em formação. Exemplo de acção preconizada: evolução do tratamento fiscal e contabilístico deste investimento;

Estes objectivos enquadram claramente o debate que a Comissão, ao apresentar este Livro Branco, pretende lançar em 1996, que o Parlamento e o Conselho decidiram erigir em ano Europeu da Educação e da Formação ao Longo da Vida.

Uma empresa média aposta na formação para inovarO primeiro produtor europeu de aços para molas e o único especialista siderúrgico neste produto, a sociedade Allevard Aciers (F), fornece 20% do mercado europeu. A empresa procura ainda desenvolver produtos novos. Mas para consolidar as suas posições, deve aumentar as partes de mercado de 20 para 30%, do mercado europeu, tornando-se assim num líder indispensável. Deve desenvolver as suas capacidades de produção, saturadas, procurando melhorar a produtividade, nomeadamente graças a uma automatização dos processos de fabrico. Um programa de investimento de 40 milhões de francos está assim previsto anualmente para a modernização das instalações. Esta progressão deve realizar-se sem colocar em causa as vantagens concorrenciais adquiridas pela empresa, e que são a flexibilidade e a qualidade. Os seus dirigentes decidiramintensificar os esforço de formação para que a introdução das novas tecnologias e dos novos processos possa ser realizada sem perturbar os prazos de fabrico e os níveis de qualidade.Desta forma, muito empiricamente, a Allevard Aciers construiu ao longo dos anos uma política coerente de desenvolvimento dos recursos humanos. Fez evoluir as relações sociais internas, participando numa parceria com uma empresa alemã, implicando-se em programas europeus (nomeadamente, FORCE e EUROTECNET) e agrupando PME locais sobre questões de formação. Procura e inventa soluções novas. Em resumo, de forma pragmática, inova e inscreve-se na Europa do futuro.Apesar disso, durante o Verão de 1992, a sociedade sobrecarregada de encomendas atravessa algumas dificuldades. A empresa é obrigada a reduzir todas as despesas, considerando a hipótese de aplicar medidas de desemprego técnico. A política de gestão dos recursos humanos que desenvolve ainda é muito frágil e as aquisições de vários anos encontram-se ameaçadas. Todavia, a capacidade de adaptação da empresa às dificuldades da conjuntura viu-se reforçada graças a melhores competências individuais, à sua flexibilidade e ao seu dinamismo global.

("Les entreprises face à l'Europe", P. Morin & J.C. Riera, 1993)

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Por fim, as competências relacionais e de comunicação, indispensáveis ao trabalho em equipa e ao diálogo com os parceiros de diferentes horizontes, são ainda ignoradas com demasiada frequência.

A "formação contínua" dos trabalhadores nas suas empresas sofre das mesmas dificuldades. Poucas são as empresas que consideram a formação contínua um investimento rentável. Além do mais, à imagem do que se passa ainda na educação, as acções de formação permanecem demasiado técnicas, negligenciando o ambiente de trabalho, nomeadamente, as competências sociais e de cultura geral.

Todavia, a emergência da sociedade da informação deveria abrir novas possibilidades, como por exemplo as ferramentas informáticas de formação contínua descentralizada (software pedagógico, formação multimédia à distância, etc.). As PME só poderiam beneficiar desta situação, quer em parceria com grandes empresas das quais seriam subcontratantes, quer reunindo os seus esforços por iniciativa das câmaras consulares. A experiência adquirida em programas comunitários como FORCE e COMETT, agora retomado pelo programa LEONARDO de formação profissional, demonstra que não é complicado facilitar o trabalho das empresas em parceria neste domínio (ver quadro).

b) Uma mobilidade demasiado frágil

A inovação alimenta-se de intercâmbios, de confrontos, de interacções e de osmoses. A circulação das ideias e a mobilidade das pessoas são importantes para criar e divulgar a novidade. Em particular, entre o mundo da investigação, da universidade e da empresa.Comparada com os seus principais concorrentes, a Europa não se encontra numa posição favorável a este respeito. Apesar dos progressos realizados na criação do mercado único, muitos obstáculos travam ainda a mobilidade das pessoas e das ideias. É um dos mais notáveis paradoxos europeus: as mercadorias, os capitais e os serviços circulam mais livremente do que as pessoas e os conhecimentos.

Assim, para só citar alguns exemplos:

na União Europeia, a necessidade de uma abordagem global das contribuições fiscais e sociais é particularmente evidente nas regiões fronteiriças onde a mobilidade dos trabalhadores pode ser comprometida pela ausência de coordenação entre regimes sociais e fiscais. Por exemplo a combinação "forte fiscalidade no país de residência, fortes contribuições sociais no país de emprego" constitui um obstáculo real à livre circulação dos trabalhadores altamente qualificados, os que mais contribuem para divulgar a inovação.

a rigidez administrativa dos sistemas educativos faz com que seja difícil mudar de escola ou de universidade durante o ano (diferentes calendários escolares/académicos, inscrições), vem sempre permitindo fazer estágios ou períodos de formação em outros Estados-membros. Foram já realizados progressos,a nível comunitário, em matéria de reconhecimento de qualificações académicas graças ao sistema ECTS, desenvolvido no âmbito do programa ERASMUS. A experiência de

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mobilidade entre universidades e empresas realizada no âmbito do programa COMETT também contribuiu para melhorar a situação nesta matéria. Em contrapartida, ainda é necessário evoluir muito em termos de reconhecimento das qualificações profissionais. Apenas algumas iniciativas sectoriais poderiam ser citadas.

a tónica no diploma, como modo de reconhecimento das competências individuais, cria uma rigidez incompatível com uma verdadeira mobilidade, quer entre as empresas, quer dentro de cada uma delas. A valorização do saber adquirido ao longo da vida não é ainda completamente reconhecida, devendo, assim, ser criados novos modos de reconhecimento das competências.

a inexistência de um verdadeiro mercado de créditos hipotecários implica que vender e comprar uma casa, quando se muda de região ou de país, seja um processo lento e difícil. Nos Estados Unidos, o mesmo problema pode resolver-se em alguns dias.

os investigadores que querem trabalhar em diferentes Estados-membros são confrontados com uma grande diversidade de regimes fiscais e sociais. Isto constitui um entrave à sua mobilidade na UE, o que é paradoxal quando sabemos que, paralelamente, são envidados esforços consequentes para promover essa mesma mobilidade, nomeadamente através do programa de formação e mobilidade dos investigadores. Por outro lado, e salvo excepções, como por exemplo na Alemanha, a transferência entre a universidade, a investigação pública e a empresa é difícil devido a razões culturais, mas também por causa das regulamentações profissionais e dos regimes sociais ou fiscais.

no seio das próprias empresas, em vários países membros, o recrutamento dos dirigentes é muito fechado e a mobilidade profissional limitada (nomeadamente nos percursos horizontais, ou seja, de um cargo para outro na empresa). Pelo contrário, no Japão, a mobilidade profissional sistematicamente organizada no seio das grandes empresas é frequentemente apresentada como um dos factores principais da sua capacidade de adaptação e da circulação interna da informação, principais vantagens da sua competitividade.

3. Um financiamento difícil

a) Sistemas financeiros que parecem querer fugir ao risco "inovação"

A capacidade de inovação da Comunidade depende em larga medida da eficácia do seu sistema de financiamento da inovação. São as próprias empresas e os seus "eventuais" parceiros do sistema financeiro (bancos, angariadores de poupança a longo prazo, fundos de pensões21, caixas de pensões, sociedades de capital de risco, bolsas de valores, etc.) que devem assegurar o essencial do financiamento da inovação. O autofinanciamento constitui naturalmente a principal fonte deste investimento arriscado, sobretudo nas suas fases iniciais. O recurso ao financiamento externo impõe-se frequentemente para o desenvolvimento, a industrialização e a comercialização, quando se espera

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um crescimento elevado do volume de negócios, ou em caso de criação de empresa. Os investidores externos têm com frequência um papel cuja importância não se resume a disponibilizar fundos. Podem constituir um apoio precioso em matéria de gestão e de contactos, nomeadamente internacionais, para as empresas debutantes. Ora, o financiamento é o obstáculo à inovação que as empresas mais frequentemente citam, independentemente das suas dimensões, em todos os países da União e praticamente em todos os sectores.

O carácter aleatório da inovação faz com que o seu financiamento esbarre com dificuldades intrínsecas que aumentaram com as últimas evoluções:

a componente intangível coloca graves problemas, cada vez mais agudos, de disparidade entre as garantias exigidas pelos investidores para projectos de risco e a capacidade das empresas em basearem essas garantias em elementos reais.

a mundialização e a liberalização dos mercados financeiros, impostas nos últimos 15 anos, facilitam uma maior liquidez e a concorrência nos mercados de capitais que podem conduzir a melhores condições de financiamento. Mas elas multiplicam também a escolha de investimento para os detentores de fundos. Além da pressão que exercem nas taxas de juro, conduzem à preferência por investimentos de forte rendimento a curto prazo, em detrimento dos investimentos arriscados a longo prazo, o que penaliza duplamente as PME inovadoras.

A evolução do capital de risco na Europa são testemunho desta situação. O seu desenvolvimento nos últimos dez anos foi enorme (quadruplicou os fundos em oito anos para atingir cerca de 40 mil milhões de ecus em 1994, com investimentos de cerca de 20 mil milhões de ecus em mais de 15 000 empresas). Todavia, esta evolução fez-se acompanhar por um decréscimo preocupante, em valor relativo, dos investimentos em alta tecnologia (34% dos investimentos em 85, 16% em 92, menos de 10% em 94, apesar de uma retoma destes últimos). A situação é comparável para os investimentos de arranque (25% dos fundos investidos em 1985, contra apenas 6% em 1994, com uma pequena melhoria recente)22. São os investimentos menos arriscados (recompra de empresas pelos quadros, capital de desenvolvimento, sectores de média ou baixa tecnologia) que predominam. Quanto aos investimentos de pequenas dimensões são negligenciados, uma vez que se tornam demasiado onerosos. Por fim, a repartição geográfica dos fundos de capital de risco é ainda desigual, com uma forte posição do Reino Unido (mais de metade dos fundos investidos) seguido pela França e pelos Países Baixos. Em outros países? o capital de risco está ainda a desenvolver-se.

O capital de risco não é mais do que uma das formas de financiamento da inovação abertas às empresas. Mas, geralmente, se pensarmos nos inquéritos efectuados às PME, o sistema de financiamento europeu da inovação comporta importantes lacunas. Entre elas, podemos citar:

uma fraca orientação para a inovação da poupança a longo prazo, recolhida pelos investidores institucionais (caixas de pensões, fundos de pensões, menos desenvolvidos na Europa do que nos Estados Unidos) por motivos, em grande parte relacionados com a falta de informação,

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de liquidez e de transparência dos mercados, e com regras, na maior parte dos países, que impõem uma prudência excessiva na selecção dos investimentos.

muito menos investidores individuais ("business angels") a investir em empresas não cotadas na bolsa, apesar das iniciativas interessantes para os mobilizar, no Reino Unido e na Dinamarca, por exemplo. Com efeito, representam colectivamente na Europa um volume de investimento que se calcula ser várias vezes superior ao dos fundos de capital de risco. Nos EUA, graças a um regime fiscal favorável, nomeadamente utilizando a fórmula jurídica do Research Development Limited Partnership, esses investidores individuais são responsáveis por metade dos investimentos de arranque nas jovens empresas de alta tecnologia.

A Silmag, criada em 1991 por investigadores do LETI (laboratório de electrónica e de tecnologia de instrumentação do CEA), tem que enfrentar importantes problemas financeiros: foram investidos 40 milhões de francos nas linhas de fabrico e na sua nova geração de cabeças de leitura informatizada e prevê-se considerar mais 100 milhões para adquirir equipamento. A Silmag deverá ainda manter a sua carteira de 30 patentes internacionais e a sua carteira financeira, e tem necessidades importantes em fundos de maneio, nomeadamente para a constituição dos stocks de matéria-prima (silício). Para o exercício actual, a sociedade espera realizar um volume de negócios de 50 milhões de francos.A Silmag apoiou-se na dupla alavanca público-privado, aproveitando apoio logístico e material do CEA, da colaboração técnica do grupo italiano Olivetti, dos financiamentos Eureka, Esprit e Anvar e da participação de três sociedades de capital de risco.No futuro, a Silmag prevê a cessão progressiva das partes dos seus parceiros financeiros no mercado da bolsa. Em prioridade, o Nasdaq. Com efeito, segundo os seus dirigentes, a Silmag é mais conhecida dos meios financeiros americanos do que europeus. O essencial da sua clientela baseia-se naquele país, onde se organizou uma verdadeira estrutura de competência técnica, em torno do sector informático, que não existe ainda na Europa com os correspondentes investidores capazes de acompanhar uma sociedade durante vários anos baseando-se apenas em promessas de crescimento.Les Echos, 6/9/95

a inexistência de um mercado bolsista electrónico especializado nos valores das empresas de crescimento e/ou de alta tecnologia, como o NASDAQ americano. Este permite a recapitalização das empresas dinâmicas e oferece um mecanismo de saída de investimento às sociedades de capital de risco, realimentando assim constantemente os fluxos de financiamento para este tipo de empresas. Apesar do lançamento recente de vários projectos concorrentes, as empresas europeias não dispõem ainda de serviços equivalentes. Por outro lado, apesar da próxima entrada em vigor da directiva sobre os serviços financeiros, subsistem vários obstáculos que impedem que um tal mercado funcione harmoniosamente (a ausência de autoridade pan-europeia de controlo do mercado, o desenvolvimento insuficiente das profissões de analista e de "market-maker", etc.)23.

na maior parte dos países, os grandes bancos comerciais não participam facilmente no financiamento da inovação. A sua capacidade para apreciar o risco técnico da inovação e as suas relações com os organismos especialistas das tecnologias ou da inovação continuam reduzidas. Isto é tanto mais lamentável quanto as experiências levadas a cabo com êxito demonstram que o interesse dos bancos em

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financiarem projectos inovadores e o trabalho em rede com agências de inovação pode ser rentável para eles.

por fim, uma subcapitalização das PME. Isto está relacionado com sistemas fiscais nacionais que preferem o financiamento através de contracção de empréstimos, em vez do financiamento através de capital próprio, sendo o problema amplificado pela dificuldade frequente dos industriais em aceitarem ceder aos parceiros que lhes concedem capital de risco uma parte do controlo da empresa e dos resultados financeiros.

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O projecto-piloto "Crescimento e Ambiente"Este projecto-piloto foi criado a pedido do Parlamento Europeu, tendo-lhe sido reservados 9 milhões de ecus no orçamento da Comunidade para 1996. As dotações são utilizadas para financiar as garantias de empréstimos. Estes empréstimos serão destinados a financiar projectos com efeitos benéficos para o ambiente. A presente iniciativa alarga o campo de acção dos bancos, concedendo empréstimos às empresas que de outra forma não teriam hipótese de encontrar crédito para o financiamento do seu desenvolvimento.

A iniciativa "Crescimento e Ambiente" destina-se a empresas que investem em medidas com efeitos benéficos no ambiente (por exemplo, economias de energia). Embora o seu volume seja modesto, esta iniciativa financeira mostra às PME qual o caminho a seguir: com outros fundos comunitários, oferece-lhes uma ajuda prática directa que deverá permitir melhorar os seus resultados no domínio da protecção do ambiente e aplicar tecnologias limpas.

Estes problemas são cada vez mais óbvios e, a nível nacional, tomam-se iniciativas para os remediar. A nível comunitário também, no respeito do princípio da subsidiariedade, e foram lançadas várias iniciativas-piloto (por exemplo, o "mecanismo de Edimburgo" gerido pelo Banco Europeu de Investimento e que visa reduzir o custo dos empréstimos bancários às PME. Mais especificamente, foram lançadas acções-piloto a favor do capital de fase embrionária, do capital de risco e do financiamento de investimentos em "tecnologias limpas" (ver quadro). Mais recentemente a Comissão confirmou o seu apoio aos esforços para criar na Europa um mercado dos capitais para empresas em crescimento).

É ainda necessário progredir consideravelmente neste domínio, quer no plano nacional, quer comunitário.

b) Incertezas e limites do financiamento público

O esforço público consagrado à inovação abrange em parte a educação e a formação profissional, a ajuda à inovação nas PME, a criação de infra-estruturas e a investigação. As estatísticas disponíveis permitem sobretudo medir os recursos públicos consagrados a esta última. Ora, a limitação das despesas públicas tende a reduzir os orçamentos correspondentes, hipotecando assim o futuro.

Em alguns sectores, a indústria europeia encontra-se em desvantagem relativamente ao seu concorrente norte-americano, em consequência da redução do apoio público à investigação. O volume de apoio à investigação das empresas é triplo nos EUA e a sua intensidade duas vezes superior à nossa. Um só número ilustra tudo o que dissemos: o governo federal americano injectou na investigação industrial mais de cerca de 100 mil milhões de ecus do que o total dos fundos comunitários (segundo e terceiro programas-quadro, fundos estruturais) e das dotações orçamentais de 12 Estados-membros atribuídas às empresas durante o período de 1987 a 199324.

Além do mais, em acréscimo ao apoio concedido sob a forma de ajudas públicas, os EUA e o Japão recorrem mais aos incentivos fiscais do que os Estados-membros da UE. Em média, em 1986/90, as concessões fiscais representavam 88,8% das ajudas, em todas as categorias, nos EUA, contra 16,8% em França, 0% no Reino Unido, Itália e Países Baixos e 43% na Alemanha, segundo a OCDE25. Os EUA, como o Japão aproveitam a

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inexistência de limites das ajudas públicas para praticar uma concertação das ajudas às prioridades sectoriais que definem. O Japão financia regularmente a 100% programas de investigação industrial. Nos EUA, a investigação industrial em matéria de defesa é financiada a 100%, tal como certos programas de investigação de base nos quais participam as empresas. A parte do financiamento público no financiamento da investigação neste país é muito forte em sectores como o aeroespacial (63,6%, em 91) a electrónica (30,3%) ou o automóvel (16,9%)26. Todavia, é necessário destacar que nos EUA se verifica uma tendência para limitar as despesas públicas. Esta tendência traduz-se a nível do orçamento da investigação, por um lado, pela existência de um debate sobre a sua eventual redução e, por outro, por uma concentração dos esforços orçamentais e a procura de uma eficácia acrescida em termos de inovação. O debate está longe de estar terminado, mas se esta tendência se confirmar, poderá repercutir-se em matéria de inovação tecnológica, com as consequências estratégicas que daí poderão advir.

A Patente é o instrumento mais generalizado de protecção das invenções. Confere ao seu proprietário o direito de proibir a exploração de uma invenção tal como definida pelas "reivindicações" da patente. O titular de uma patente dispõe assim de um monopólio territorial e temporal (duração geral de 20 anos) da exploração que pode ceder (cessão da patente) ou alugar, no âmbito de um acordo de licenciamento. Os modelos e certificados de utilidade, pouco diferentes das patentes, asseguram uma protecção limitada e durante um lapso de tempo mais curto, embora por menor preço. O registo de desenho industrial permite proteger o aspecto estético de uma criação. A atribuição de um modelo registado (variável conforme as leis nacionais) permite proteger o aspecto exterior de um produto, ou seja, as suas características aparentes, a sua configuração e o seu aspecto ornamental. O registo de uma marca torna-se indispensável para proteger produtos comercializados em grande escala, mas também para alguns produtos ou processos inovadores, uma vez que os identifica como imagem de qualidade de progresso. As marcas registadas constituem, por outro lado, um instrumento de combate à contrafacção. Os direitos de autor relativos às obras e criações originais adquirem cada vez maior importância no domínio industrial e comercial porque permitem, nomeadamente, proteger os software, as bases de dados e as máscaras utilizadas no fabrico de microprocessadores electrónicos.As topografias dos produtos semicondutores são, quanto a elas, protegidas por direitos de exclusividade específicos, durante dez anos. De forma geral, o saber-fazer não divulgado pode beneficiar de uma protecção, quer a título do segredo comercial, quer através de acordos de confidencialidade.

c) Um enquadramento fiscal pouco favorável

O enquadramento fiscal na Europa não é globalmente favorável à inovação. Isto pode constatar-se tanto a nível da fiscalidade das empresas como das pessoas singulares, da tributação da poupança, como do consumo. Em alguns aspectos, as vantagens fiscais consentidas nos EUA e no Japão são mais consequentes do que aquelas de que podem beneficiar os europeus. Comparativamente, não só o enquadramento fiscal é melhor nos Estados Unidos, mas além disso este país27 estuda a possibilidade de diminuir progressivamente o peso dos incentivos fiscais a favor do imobiliário, do consumo e dos investimentos especulativos, em benefício de medidas fiscais acrescidas a favor dos investimentos intangíveis. Convém pois corrigir estas desigualdades para evitar que as empresas europeias sejam demasiado penalizadas em relação aos seus concorrentes, tirar os ensinamentos possíveis das experiências respectivas e examinar como

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devolver à Europa o reequilíbrio da fiscalidade a favor dos investimentos intangíveis.

A fiscalidade desempenha também um papel importante na inovação. As regras e procedimentos fiscais influenciam fortemente o comportamento das empresas. Os Estados-membros aplicaram já várias medidas destinadas a promover a inovação através dos incentivos fiscais. Todavia, falta ainda fazer uma análise comparativa dessas diferentes acções, bem como das medidas adoptadas pelos nossos principais concorrentes como os EUA e o Japão, para identificar as que poderiam ser consideradas as melhores práticas.

Fundamentalmente, na medida em que os investimentos intangíveis possuem um forte conteúdo de trabalho (altamente qualificado na maioria dos casos) são muito mais afectados do que os investimentos tangíveis ou materiais, pelo peso crescente das contribuições fiscais e sociais que incidem sobre o trabalho. Esta tendência desfavorável para o emprego mas também para a competitividade e o crescimento económico terá que ser invertida, como indica o Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego", que recomenda uma redução substancial dos custos não salariais do trabalho da ordem de 1 a 2% do PNB.

A fiscalidade das pessoas singulares

Os regimes fiscais não favorecem em regra geral o investimento dos indivíduos em empresas não cotadas (imposto sobre ganhos de capital reinvestidos, deduções fiscais pouco favoráveis ou inexistentes, etc.). Além do mais, a transparência fiscal (ou seja, o facto de o conjunto dos rendimentos e ganhos de capital serem imputados directamente ao investidor, para evitar a dupla taxação) não é a regra em todos os Estados-membros (e, a fortiori, entre eles em caso de investimento transnacional). As despesas efectuadas pelos privados em matéria de ensino e de formação são raramente dedutíveis dos impostos sobre o rendimento.

A fiscalidade das empresas

Nos países da UE, desenvolvem-se três correntes em matéria de imposto sobre as sociedades no que diz respeito à inovação:

- países que optam por uma tributação limitada, partindo do princípio de que a inovação se desenvolverá neste clima favorável. Esta tendência foi sistematizada no Reino Unido;

- países que adoptam uma tributação relativamente limitada, embora incitem fortemente alguns sectores (com predominância para a investigação) com várias medidas. É o caso de Espanha, França, Itália, Irlanda e Portugal, nomeadamente;

- países que, embora tendo taxas de imposto das mais elevadas da União, as contrabalançam com um grande número de incentivos específicos. A Bélgica é um destes exemplos28.

Todavia, alguns traços são comuns a todos os países:

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Os sistemas fiscais na Europa tendem a favorecer o endividamento e não o financiamento em capital próprio. Para estimular o autofinanciamento, a Comissão formulou recomendações precisas (recomendações da Comissão, de 25 de Maio de 1994, sobre o modo de tributação das PME)29 cuja aplicação deverá continuar.

O tratamento fiscal e contabilístico do investimento intangível é geralmente menos favorável do que o investimento material.

Na Europa, existe uma grande diversidade de regimes fiscais para o capital de risco, o que implica esquemas jurídicos complexos e onerosos que travam o desenvolvimento dos investimentos transnacionais30.

4. O enquadramento jurídico e normativo

Um enquadramento jurídico e normativo adequado favoreceria a inovação. As regras que asseguram a protecção e a difusão da inovação (direitos de propriedade intelectual e industrial, normas) devem ser exploradas da melhor forma possível. As formalidades administrativas, demasiado complicadas , travam a criação de empresas. As formas jurídicas actuais não facilitam a cooperação e o desenvolvimento das empresas à escala europeia.

a) A subutilização das regras de protecção

A apresentação de pedidos de patentes constitui um verdadeiro barómetro do dinamismo tecnológico. Ora, desde há dez anos que a situação na Europa sofre de um marasmo absoluto (entre 85000 e 90000 por ano), enquanto o aumento dos pedidos provenientes do estrangeiro (EUA e Japão) aumenta consideravelmente.

Nem todas as inovações se destinam a serem patenteadas. A utilização da patente varia conforme as indústrias. Aparece com uma pertinência particular nas indústrias como a química ou a farmacêutica (onde a União detém posições fortes). Com efeito, a elaboração de moléculas novas exige um esforço de investigação e desenvolvimento considerável mas, uma vez produzidas, são fáceis de reproduzir. Em contrapartida, a patente é menos sistematicamente utilizada nos sectores de elevada taxa de renovação de produtos, sobretudo numa época onde esta se acelera inexoravelmente31.

O custo do registo e da manutenção das patentes na Europa explica parcialmente esta situação32.

A razão desta estagnação deve-se também ao facto de a protecção oferecida aos inovadores não ser absoluta e do custo e a duração das acções em justiça, em caso de lítigio, poderem revelar-se muito elevados. É assim que 2/3 das 170 000 PME europeias geradoras de invenções não apresentam pedido de patentes33. Constata-se também que um grande número de empresas desconhece as possibilidades de ganho que poderiam obter da concessão de licenças. Além do mais, muitas ignoram também ou substimam gravemente o potencial de "observação tecnológica", contido nas bases de dados dos serviços de patentes,contrariamente ao que se passa no Japão.

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Por outro lado, as empresas nem sempre beneficiam da melhor forma das tecnologias que desenvolvem. Alguns cálculos indicam que só 20 a 30% das tecnologias desenvolvidas no interior das empresas são incorporadas nos produtos por elas comercializados. Assim, existirá um conjunto de conhecimentos científicos e técnicos subutilizados, ou mesmo completamente inutilizado.

b) As normas, a certificação e os sistemas de qualidade

Qualquer inovação é desenvolvida e aplicada segundo condições criadas pelas regulamentações, normas, certificação e sistemas de qualidade. Conforme os casos, estas condições-quadro podem inibir ou promover a inovação. Em alguns aspectos, este sistema de condições-quadro é mais favorável à inovação nos Estados Unidos e no Japão.

A própria concepção de um novo produto será influenciada pela existência ou não de normas: normas descritivas específicas de restrição das opções possíveis ou normas de resultados que imponham objectivos a atingir? mas deixem livre a escolha do percurso a seguir para os obter.

No domínio da regulamentação dos produtos, a abordagem adoptada em 1984 (designada "nova abordagem"), completada em 1989 por uma abordagem global em matéria de avaliação da conformidade, introduziu um regime liberal favorável à inovação. Com efeito, já não torna a norma obrigatória, deixando juridicamente a possibilidade a qualquer fabricante de colocar no mercado um produto inovador sem correspondência com as normas existentes. O fabricante tem, em princípio, uma escolha nos processos utilizados para avaliar a conformidade, cuja variedade é fixada pelo Conselho e que se baseia em instrumentos da qualidade utilizados no plano voluntário. Um outro elemento determinante é a criação de normas de resultados (que definem os resultados necessários para satisfazer as exigências essenciais em termos de segurança, por exemplo) em vez das normas descritivas (que descrevem soluções consideradas satisfatórias e que têm tendência para excluir outras soluções possíveis ainda que mais inovadoras). Mas a nova abordagem deve o seu carácter liberal a uma importante dose de auto-regulamentação, o que torna implicitamente necessário que todas as organizações e pessoas nelas participantes conheçam os princípios pelos quais se regem, o que está em jogo, as oportunidades e as limitações. Porém, muitas empresas e instituições desconhecem ou interpretam de forma errada todas as implicações dessa nova abordagem34.

O ramo agro-alimentar europeu constitui o primeiro sector de actividade em termos de volume de negócios e caracteriza-se pela importância do número de PME na fase de transformação, sem contar com as explorações agrícolas e o artesanato. Trata-se de um sector onde o saber-fazer deve ainda muito ao resultado de procedimentos empíricos e onde o respeito das tradições constitui um elemento importante da valorização das produções europeias.Por exemplo, a título da protecção da propriedade industrial, os regulamentos para a denominação de origem e as indicações geográficas dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios e, a título das regras e normas técnicas, o regulamento sobre o certificado de especificidade para os mesmos produtos, permitem que os agrupamentos de produtores solicitem por intermédio do respectivo Estado-membro, o registo europeu do caderno de encargos do seu produto. Este sistema comporta um

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procedimento europeu com possibilidade de oposição. Permite evitar, com base voluntária, a concorrência desleal para com os produtos tradicionais europeus.Tratando-se de aspectos tecnológicos, parece indispensável desenvolver e utilizar tecnologias inovadoras "suaves", susceptíveis de permitir que esses produtos tradicionais guardem as suas características essenciais regionais, não os impedindo porém de beneficiar da inovação tecnológica.

A inovação em matéria de processos não está regulamentada ao mesmo nível da inovação em termos de produtos. As regulamentações mais importantes neste domínio são as relativas à protecção dos trabalhadores e do ambiente. Existem directivas comunitárias, mas a maior parte da regulamentação é nacional. Assim, não há uma concepção homogénea e harmonizada, como a da nova abordagem, subsistindo obstáculos pontuais à inovação. Em caso de um problema ligado à exportação de um equipamento industrial, os inovadores de um Estado-membro têm frequentemente dificuldades para negociar com a administração de outro Estado-membro.

O Teclado AZERTYA revolução da micro-informática deixou um elemento inalterado: o teclado. O princípio da organização rectangular do teclado, com teclas, pela ordem qwertyuiop ou (azertyuiop) nos países francófonos e qwertzuiop nos países germanófonos, é o mesmo desde que foram criadas as primeiras máquinas de escrever em meados do último século. Os ergonomistas dirão que funcionalmente, é um dos piores que possam ser imaginados. E com razão: o objectivo inicial era evitar que as barras de suporte dos caracteres não se chocassem ou misturassem, daí a proximidade das letras no teclado determinada de forma inversa à da sua frequência nas palavras, para diminuir a velocidade da escrita, demasiado rápida para a tecnologia inicial de transmissão mecânica. Desde há mais de 50 anos, foram propostos dezenas de protótipos de teclados, adaptados à morfologia (separação para cada mão evitando a fadiga das mãos em posição crispada junto ao corpo, número reduzido e optimização das teclas, relativamente às frequências das letras na língua, e duração de aprendizagem reduzida de 50 a 70%, produtividade duplicada). Sempre sem êxito. Até o Minitel, cujos primeiros exemplares tinham saído com um teclado por ordem alfabética, teve que voltar a alinhar-se pela antiga norma. Várias centenas de milhões de pessoas aprenderam com este sistema e o interesse da "compatibilidade" que faz com que cada um possa utilizar qualquer máquina de escrever, computador ou outra máquina de teclado é mais importante do que o interesse da optimização, por mais evidente que seja. Isto não quer dizer que não possa existir inovação neste domínio, mas, nesse caso, deverá eliminar completamente o problema, suprimindo pura e simplesmente o teclado sem introduzir novas aprendizagens (escrita natural directamente reconhecida pelo computador e reconhecimento vocal).(M. GIGET A inovação na empresa in "Técnicas do engenheiro"

Uma parte das normas resulta da normalização voluntária e é adoptada sem pressão regulamentar dos poderes públicos. Porém, na inovação, os produtos novos devem poder funcionar paralelamente com os já existentes ou ser compatíveis com eles, para manter a confiança dos consumidores. Para os produtos existentes, as normas são uma vantagem, mas os inovadores consideram-nas frequentemente como um instrumento ao serviço das tecnologias já comprovadas e não confiam nelas. A generalização das normas de resultados seria também desejável. Trata-se assim de facilitar a inovação, fazendo com que produtos novos, conformes a normas meramente voluntárias, sejam considerados conformes às exigências destas últimas sempre que substituem com os mesmos resultados, produtos já existentes.

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É necessário diferenciar a normalização e a certificação "produto ou serviço" e a normalização e a certificação "sistemas de qualidade" (EN ISO 9000) que dizem respeito à gestão da qualidade na empresa e não ao produto ou serviço propriamente dito. Além do mais, esta gestão da qualidade utiliza também outros instrumentos para além das normas.

A aplicação de políticas da qualidade favorece a inovação, como demonstram os exemplos do Japão e dos EUA. A introdução dessas políticas nas empresas implica com efeito que se apliquem estratégias para o reforço da inovação, quer seja em termos de produto propriamente dito ou de serviço, quer seja nas diferentes funções da empresa.

Por fim, o diálogo necessário entre empresas, nomeadamente as PME, especialistas de tecnologia, e legisladores (que fixam as exigências essenciais e as regulamentações técnicas obrigatórias) é ainda insuficiente na Europa. Este diálogo é todavia indispensável se quisermos evitar que o legislador imponha, por exemplo devido a falta de informação na altura oportuna, condições tecnicamente impossíveis de gerir pelas empresas europeias35, colocando-as em posição desfavorável face a concorrentes mais bem armados.

O recurso à aplicação de acordos voluntários é cada vez mais preconizado. Duas grandes categorias de acordos voluntários devem ser distinguidas: a primeira visa a melhoria dos resultados tecnológicos e das acções necessárias para os obter, no quadro de uma concertação entre os poderes públicos e o sector industrial; a segunda diz respeito essencialmente a medidas aplicadas pelos poderes públicos para encorajar as empresas a chegarem a acordo sobre acções voluntárias comuns. Os acordos voluntários têm a vantagem de permitirem evitar o excesso de regulamentação. Agora, basta criar alguns processos para controlo da sua real aplicação.

c) Formalidades administrativas demasiado complexas

O enquadramento regulamentar e administrativo das empresas é inutilmente complexo. Implica custos suplementares elevados calculados, no caso europeu, entre 180 a 230 mil milhões de ecus. Sendo assim tão prejudicial à eficácia das empresas, afecta sobremaneira a sua capacidade de inovação.

O conjunto destas formalidades representa uma grande carga para as empresas e nomeadamente para as que se encontram em fase de formação. O tempo passado na gestão administrativa perde-se para a inovação, em jovens PME onde o enquadramento é deficiente.

Por outro lado, a administração impõe frequentemente por motivos de ausência de coordenação interna a multiplicação das declarações e a produção de informações repetitivas. Na maior parte dos países europeus, ao contrário dos Estados Unidos, a criação de uma empresa e as primeiras contratações de pessoal são extremamente difíceis. Os prazos ultrapassam frequentemente mais de um mês (com excepção das empresas unipessoais) e os custos atingem vários milhares de ecus.

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Estes entraves à criação de empresas são prejudiciais, em especial para as empresas novas de alta tecnologia, porque, como se sabe, estas são importantes como criadoras e difusoras de produtos e serviços novos. Elas contribuem para a renovação do tecido económico e das estruturas industriais nos mercados promissores. Menos numerosas do que as suas homólogas americanas, têm mais dificuldades do que elas para assegurar a sua expansão. Além das dificuldades ligadas à sua criação, estão sujeitas aos inconvenientes de uma fragmentação dos mercados que, apesar do contributo da política de concorrência comunitária, subsiste parcialmente na práctica e cuja causa é, nomeadamente, cultural. Estas empresas têm um acesso ao capital de risco e à poupança pública (através dos mercados bolsistas) menos fácil na Europa do que em outras regiões. Por isso, mais do que nos Estados Unidos, têm tendência para permanecerem pequenas, sem aproveitar todo o seu potencial de desenvolvimento.

Estas formalidades administrativas caracterizam-se pela obsessão do controlo. A um ponto tal que mesmo as acções bem intencionadas têm por vezes efeitos perversos. Assim, em vários Estados-membros, as medidas de ajuda à criação de emprego propõem às empresas que recrutam isenções degressivas de encargos sociais, para os primeiros anos de recrutamento. Apesar disso existe a obrigação de declarar os encargos sociais mesmo que correspondam a zero. Muitas vezes, o empregador só pode recrutar um trabalhador que beneficia da isenção total dos encargos sociais de recrutamento quando a administração pública, após ter verificado os formulários, o autorizar a fazê-lo. O efeito benéfico da isenção é apagado pela obrigação de continuar a preencher declarações inúteis.

Pode acontecer que o excesso de zelo administrativo complique medidas simples e eficazes. Em França, por exemplo, foi criada em 1979 a ajuda ao desempregado criador de empresa, permitindo a um desempregado à procura de emprego criar o seu próprio emprego. Esta medida tinha sido acolhida com grande êxito, uma vez que anualmente várias dezenas de milhares de desempregados beneficiavam dela em meados dos anos 80. Em 1987, foi introduzida uma reforma do sistema, com a intenção louvável de reduzir o número de falências entre as empresas assim criadas. Cada dossier devia pois passar perante uma comissão administrativa encarregada de estudar a sua viabilidade. A complexidade do procedimento e a sua morosidade fizeram baixar fortemente o número de empresas e de empregos assim criados.

É verdade que se observa uma multiplicação dos esforços para uma simplificação administrativa: em vários países, têm grande êxito as fórmulas de "cheques-serviços36. Estas fórmulas representam uma inovação indiscutível susceptível de ser aplicada mais generalizadamente. A abertura de centros de assistência em matéria de formalidades administrativas, bem como a criação de lugares únicos onde estas podem ser cumpridas, generaliza-se em alguns países (França, Reino Unido, sob forma telemática mesmo, na Dinamarca, por exemplo). A Alemanha criou uma comissão federal independente para a simplificação dos procedimentos legislativos e administrativos. A regra segundo a qual a administração se auto-impõe o respeito por prazos de resposta, generaliza-se em vários países. O seu desrespeito equivale nesse caso a um acordo.

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COMPARAÇÃO DAS FORMALIDADES PARA A CRIAÇÃO DE EMPRESAS EM SEIS PAÍSES (COM EXCLUSÃO DAS DECLARAÇÕES PARA A PROTECÇÃO SOCIAL)

França Alemanha Grécia Italia Irlanda Reino Unido

Tipo de sociedade ou empresa Arti-san

SARL/

EURL

SA à con-seil

SNC KGT GmbH

AG OHG PE EPE AE OE Arti-gian

a

SRL/SURL

SPA SNC S.T. Pri-vate LC

ULC S.T. Pri-vate L.C.

P.L.C

A Centre de formalités des entreprises (CFE)

Gewerbeamt Privé

B 1 1 1 1 1 2 2 2 1 4 4 1 1 5 4 4 2 3 3 2 4 4

C 6 10 14 10 1 6 6 3 5 22 23 10 7 17 18 9 2 6 6 2 4 4

D 4 5 7 5 2 2 2 2 2 2 2 3 4 3 3 4-5 0 0 0 2 4 4

E = total dos procedimentos 10 15 21 15 3 8 8 5 7 24 25 13 11 20 21 13-14

2 6 6 4 8 8

F = total em dias 7-49 28-56

49-105

21-42

1 56-168

56-168

56-168

7-14 21-70

21-70

7-21 28-112

28-112

154 14-84

1 14-28

14-28

1 28 42

custos directos ECU 600-2000

700-2100

700-2100

700-2000

10- 25

250-1000

250-1000

250-5000

0 150 150 10-30 150 400 700 500 0 350 350 0 20 1000

custos indorectos ECU 500- 700

1200 2500

1500 4000

800-2000

0 500 -1000

500 -1000

500-1000

0 600-3000

600 -3000

150 -300

1000 1800 7000 1200 0 300 -350

300 -350

300 300 500

CUSTO TOTAL ECU 1100-2700

1900-4600

2200-6100

1500-4000

10-25 750-2000

750-2000

750-6000

0 750-3000

750-3000

160-330

150-1000

400-1800

700-7000

500-1200

0 300-700

300-700

300 20-3000

500-1000

As empresas indicadas com a mesma cor tém um estatuto juridico semelhante.

França: SARL/EURL: société à responsabilité limitée, SA à conseil: société anonyme à conseil d'administration, SNC: société en nom collectif. Alemanha: KGT: Kleingewerbetreibender, GmbH: Gesellschaft mit beschränkter Haftung, AG: Aktiengesellschaft, OHG: Offene Handelsgesellschaft. Grécia: PE: Prosopiki Eteria, EPE: Eteria Periorismenis Efthinis, AE: Anonimi Eteria, OE: Omorithmi Eteria. Italia: SRL/SuRL: societa a responsabilita limitata/societa unipersonalle a responsabilita limitata, SPA: societa per azioni, SNC: societa in nome colletivo. Irlanda: ST sole trader, Private LC: private limited company, ULC: unlimited company. Reino Unido: ST: single trader, Private LC: private limited company, PLC: public limited companyA= Existência ou não de um balcão únicoB= Número de serviços governamentais ou otros implicados no registro para a criação legal da empresaC= Número de documentos e/ou de procedimentos necessários ao registroD= Número de procedimentos necessários após registo de criação de empresa essenciais para o seu funcionamentoE= C+D : Número total de documentos e/ou procedimentos necessáriosF= Prazos (em número de dias) das diferentes etapas adicionadas sem ter em conta etapas simultâneasCustos directos: encargos de registo directamente pagos às autoridadesCustos indirectos: encargos e honorários de advogados, agentes, etc.

* Nota: está previsto alargar esta cooperação aos outros Estados-membros

Fonte: Comissão Europeia DG XIII-D, Logotech et alii (1995).

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A Comissão por seu lado criou o comité para a melhoria e a simplificação do enquadramento das empresas, para levar a cabo uma acção concertada com os Estados-membros neste domínio. Em Junho de 1995, teve lugar em Paris o primeiro fórum sobre a criação de empresas.

d) Fórmulas jurídicas mal adaptadas à cooperação europeia

As fórmulas jurídicas que existem são mal adaptadas à cooperação ou ao desenvolvimento europeu das empresas:

O GEIE (Grupo Europeu de Interesse Económico) é o único instrumento jurídico em vigor destinado à cooperação europeia. É seu objectivo facilitar, desenvolver ou melhorar os resultados da actividade económica. Todavia, permanece limitado ou mesmo inadaptado em termos de inovação, exploração de resultados da investigação ou de desenvolvimento tecnológico. Cada membro do GEIE é pessoalmente e de forma ilimitada responsável pelas dívidas globais do grupo; por outro lado, o GEIE não pode empregar mais de 500 assalariados e a sua actividade só pode ter "carácter auxiliar" da actividade dos membros; o GEIE não pode deter qualquer parte ou acção numa empresa membro e não pode apelar para as poupanças públicas.

Como afirma o relatório CIAMPI , a sociedade europeia (SE) seria o instrumento adequado para a cooperação e a reestruturação das empresas além-fronteiras, e permitiria anular os obstáculos à inovação tecnológica formados pelas limitações jurídicas e práticas resultantes das quinze ordens jurídicas distintas.

Um número crescente de empresas adoptou novas estratégias e estruturas a fim de poder tirar partido, mais rapidamente e mais flexivelmente, das novas possibilidades oferecidas pelo mercado único. Apesar disso, contrariamente às sociedades americanas, estas sociedades europeias devem funcionar sempre passando por uma rede complexa e onerosa de filiais constituídas nos diferentes Estados-membros. Com efeito, o mercado interno permanecerá inacabado enquanto as sociedades europeias não puderem operar em toda a União de forma mais flexível e eficaz.

A entrada em vigor do estatuto da sociedade europeia encontra-se bloqueada no seio do Conselho. Seria conveniente passar a uma fase posterior, explorando as possibilidades de propor vários estatutos alternativos que permitissem acomodar as diferentes sensibilidades, nomeadamente em matéria de representação dos trabalhadores, ou mesmo estatutos simplificados que tivesssem em conta a especificidade das novas empresas de inovação. O desbloqueamento da situação parece, a partir de agora, possível, nomeadamente à luz da adopção recente da directiva sobre o comité de empresa europeu37.

5. Conclusão

Devido aos obstáculos referidos, a inovação na Europa não progride. A insuficiência de empresas novas, a insuficiente difusão dos métodos de organização e de gestão abertos e participativos e a falta de entusiasmo na

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procura de informação, são traços generalizados. Acrescente-se a dispersão dos esforços de investigação, a complexidade das formalidades, uma cultura técnica insuficiente, a falta de contacto entre os mundos da investigação, da indústria e da formação, um enquadramento regulamentar por vezes dissuasivo e acções públicas nem sempre coerentes. Para que esta situação se transforme, é necessário reagir.

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V. SUGESTÕES DE ACÇÕES

A melhoria quantitativa e qualitativa da inovação na Europa, vital para o futuro, depende, em primeiro lugar, das iniciativas tomadas pelos indivíduos e pelas próprias empresas. Embora o papel dos poderes públicos seja, por isso, limitado, é também indispensável, de tal forma o número de obstáculos anteriormente identificados desencoraja essas iniciativas e trava o seu desenvolvimento em plenitude.

Por isso, a Comissão propõe lançar um debate sobre as diferentes acções que considera necessárias para ultrapassar as dificuldades e os obstáculos à inovação na Europa. Naturalmente, convém, num espírito de subsidiariedade, distinguir claramente o que cabe à Comunidade daquilo que deve ser feito a nível nacional ou local ou ainda em cooperação entre esses níveis. Por isso, devem ser tomadas determinadas medidas a nível comunitário, por uma questão de eficácia, por exemplo, para permitir o intercâmbio de experiências e uma grande divulgação das boas práticas. No que respeita a eventuais medidas de apoio e de complemento às acções nacionais e às acções das empresas, que seriam tomadas a nível comunitário, a Comissão pretende tornar claro que elas não necessitarão de novos financiamentos, mas que poderão ser financiadas por uma reorientação dos programas existentes. As acções assim propostas, não sendo numerosas, são, porém, extremamente variadas. O debate deverá possibilitar a validação dessas propostas e a especificação das modalidades e dos níveis adequados para a sua aplicação prática.

Sugestão de acção 1: Desenvolver a observação e a prospectiva tecnológicas

Uma primeira exigência é o desenvolvimento da observação tecnológica, que garante um acesso fiável à melhor informação tecnológica do mundo.

Foi nesta perspectiva que se criou o Instituto de Prospectiva Tecnológica de Sevilha (IPTS), cujas actividades estão em ligação permanente com as acções de observação tecnológica dos programas específicos de investigação do quarto programa-quadro. Este instituto não tem por função produzir novos estudos, mas antes proceder a uma recolha rápida das informações pertinentes disponíveis e garantir o seu processamento em forma codificada, para que elas possam ser utilizáveis. Seguidamente, deve canalizar e explorar essas informações para identificar a situação nos Estados-membros e nos grandes concorrentes industriais.

Esta abordagem favorecerá a organização do intercâmbio de experiências entre países, a comparação dos trabalhos, a identificação das áreas de consenso e de desacordo e, finalmente, a elaboração de sínteses, a nível comunitário. Estas sínteses permitirão às entidades europeias, à indústria e aos meios científicos melhorar as respectivas opções e políticas.

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Em paralelo, deverão ser organizados, nos Estados-membros, inquéritos estatísticos regulares sobre a inovação tecnológica. Esses inquéritos devem permitir medir, entre outros aspectos, os custos e as vantagens resultantes das actividades inovadoras e compreender melhor os factores determinantes da inovação.

Por outro lado, no âmbito da rede ETAN (Rede Europeia de Avaliação Tecnológica), poderão ser lançadas, após um balanço das experiências nacionais recentes (p.ex.: Technology Foresight, no Reino Unido, exercícios Delphi, em França e na Alemanha, e Foresight Committee, nos Países Baixos), actividades de consulta e de previsão socioeconómica. Essas actividades deverão permitir o enriquecimento e a actualização da base de conhecimentos na qual os decisores se apoiam para lançar programas e acções de investigação.

Além disso, as actividades que consistem em compreender e melhor quantificar as relações entre as novas tecnologias, os instrumentos de incentivo à sua aplicação e a esfera económica poderão ser intensificadas e exploradas mais intensamente; o exemplo das interacções conjugadas ambiente-economia ilustra essas necessidades.

Sugestão de acção 2: Melhor orientar a investigação para a inovação

O debate deverá centrar-se nas acções a realizar, com vista a:

A nível nacional

aumentar, de forma ambiciosa, a parcela do produto interno bruto consagrada à investigação, ao desenvolvimento e à inovação;

incentivar a investigação realizada pelas empresas (nomeadamente a que é financiada por estas ou a que é financiada pelos poderes públicos, dentro dos limites aceitáveis a título do artigo 92º do Tratado);

aumentar, dentro dos limites de redução dos défices públicos e das despesas obrigatórias, a percentagem das despesas públicas destinada a favorecer os investimentos imateriais (investigação e desenvolvimento, formação, etc.) e a inovação, nomeadamente nas empresas, privilegiando os instrumentos indirectos;

aperfeiçoar os mecanismos de previsão tecnológica e os instrumentos de coordenação que permitem preparar melhor a exploração dos resultados da investigação;

reforçar os mecanismos que fazem a ligação entre a investigação de base e a inovação; acentuar o esforço nos mercados com forte potencial de crescimento, como os sectores de ponta e as "eco-actividades";

implementar mecanismos de escuta da procura das PME, destinados a reforçar a capacidade das empresas para realizarem os seus próprios esforços de investigação ou para absorverem novas tecnologias, seja qual for a sua origem.

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A nível comunitário

preparar o alargamento das Task Forces a outros problemas. Uma percentagem importante do complemento financeiro previsto para o quarto programa-quadro poderá ser encaminhada para esse efeito. As Task Forces existentes ou futuras deverão prever mecanismos operacionais claros que permitam a associação precoce das PME à aplicação dos resultados;

reforçar os mecanismos que permitem às PME participar na investigação comunitária e beneficiar dela, nomeadamente incentivando a direcção de projectos de investigação e de desenvolvimento tecnológico pelas PME com vocação tecnológica e a integração das novas tecnologias pelas PME tradicionais;

reforçar a cooperação interprogramas (para desenvolver os convites comuns à apresentação de propostas) e, em particular, lançar operações-piloto que integrem a inovação social e tecnológica em domínios que afectam os cidadãos (saúde, ambiente, urbanismo, serviços de proximidade, etc.);

introduzir ou reforçar, entre os parâmetros de acompanhamento e avaliação dos programas e dos projectos de investigação e desenvolvimento (a partir do quarto programa-quadro de investigação e desenvolvimento), os critérios relativos ao seu impacto na inovação (inclusive em termos de criação de empresas), além dos benefícios directos para os participantes;

ter em maior consideração as exigências de inovação e as experiências mais pertinentes resultantes das acções em curso relativas às PME, no âmbito da preparação do quinto programa-quadro de investigação. Dar também maior atenção à inovação nas outras políticas comunitárias que não se realizem no âmbito do programa-quadro;

conceber, em colaboração com os utilizadores finais, os industriais e os investigadores dos Estados-membros, um novo método de definição do conteúdo dos programas comunitários de investigação e desenvolvimento. Para melhorar a valorização dos resultados da investigação e da inovação, a Comissão pretende que, na avaliação dos projectos, se integre cada vez mais a existência de um plano empresarial para a utilização dos resultados. Na prática, este plano deverá incentivar o esforço de crescimento, de inovação e de internacionalização das PME tecnológicas mais dinâmicas.

Sugestão de acção 3: Desenvolver a formação inicial e contínua38.

1996 é o ano europeu do ensino e da formação. Nesta ocasião, é conveniente sublinhar que a inovação se deve tornar uma dimensão permanente da formação inicial e contínua. O debate deve centrar-se nos seguintes objectivos e no modo de os alcançar:

A nível nacional:

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tentar introduzir mais intensamente nos currículos escolares, e nos faveus, o espírito de empresa e de inovação nos jovens. Esta atitude poderá implicar a execução de programas de ensino que incluam: esboço do funcionamento de uma empresa, conhecimento de um mercado, confrontação com as realidades dos materiais, das técnicas, dos produtos e dos custos, aprendizagem das técnicas de criatividade e dos métodos de experimentação, etc.;

recensear, de forma mais adequada, as novas profissões (por exemplo, analista financeiro de projectos de inovação) que correspondam às necessidades da economia em matéria de inovação; identificar as novas qualificações exigidas pela mutação tecnológica em curso e previsível; definir acções de formação que possam ser utilizadas pelos sistemas nacionais de educação e de formação;

promover, de modo geral, a descompartimentação das disciplinas: a introdução, nos programas do ensino científico e técnico, de módulos de formação sobre a gestão da inovação e a comunicação; a introdução de disciplinas sobre a gestão da tecnologia, nos programas de formação dos funcionários comerciais ou de gestão;

estimular a formação contínua, particularmente nas PME; desenvolver e generalizar a formação relativa às novas tecnologias, à inovação e à transferência de tecnologias nas empresas, através de organismos de apoio e junto dos parceiros sociais;

utilizar as possibilidades oferecidas pelo ensino à distância e as tecnologias da informação, para estimular e satisfazer a procura de formação;

desenvolver, por meio da cooperação entre estabelecimentos de ensino e empresas, a formação de engenheiros e técnicos do terciário, adaptados às actividades dos serviços e às necessidades dos consumidores (por exemplo, manutenção, reparação, etc.). As acções de formação realizadas, em parte, na empresa, poderiam associar as disciplinas jurídicas e económicas, as técnicas de comunicação, a psicologia e as disciplinas científicas.

A nível comunitário, o debate permitirá precisar as condições e as modalidades para:

a criação de uma rede europeia de novos media pedagógicos, a partir da cooperação entre os industriais e os estabelecimentos de ensino e de formação;

a implantação de um sistema europeu de acreditação de competências técnicas e profissionais, a partir de um trabalho de cooperação entre estabelecimentos de ensino superior, sectores de actividade, empresas e câmaras consulares;

a eventual criação de um observatório europeu das práticas inovadoras de formação profissional, que permita divulgar as experiências inovadoras e as boas práticas, em matéria de modernização negociada;

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o reconhecimento mútuo dos módulos de formação, privilegiando os acordos entre estabelecimentos de ensino e de formação, bem como entre sectores de actividade;

a criação da formação em alternativa ao ensino superior, com enfoque na prioridade à promoção da inovação e na gestão da transferência de tecnologia, integrando melhor a formação geral, a formação profissional, a investigação e a indústria, segundo o modelo das "campus companies";

Sugestão de acção 4: Favorecer a mobilidade dos estudantes e dos investigadores

Os Estados-membros devem prosseguir, desenvolver ou executar acções que favoreçam as diversas formas de mobilidade: promoção social, possibilidade de mudança de profissão, mobilidade entre as instituições de investigação e as empresas, etc. A Comunidade, por seu lado, deve empenhar-se em eliminar ou reduzir os entraves regulamentares à mobilidade e intensificar e alargar os seus programas neste domínio.

O debate deve incidir nas seguintes acções:

adopção de regras (directivas) que se destinem, por exemplo, a constituir um mercado de créditos hipotecários e a facilitar as passagens de um regime fiscal ou social para outro;

a abertura de novas modalidades de reconhecimento das competências, para além do diploma e da formação inicial, antes de mais, a nível nacional e local. À escala europeia, realizar-se-á um projecto de cartões pessoais de competências;

acções destinadas a incentivar a mobilidade dos estudantes, dos engenheiros e dos investigadores, no âmbito dos programas LEONARDO e Formação e Mobilidade dos Investigadores;

Além disso, parece também desejável precisar os critérios, condições e modalidades para:

criar uma associação que reúna os beneficiários das bolsas atribuídas aos investigadores no âmbito do programa Formação e Mobilidade dos Investigadores. Essa associação poderia contribuir para uma ampla divulgação da experiência adquirida e para a sugestão de melhorias no sistema vigente. A partir de 1/1/1996, estas bolsas passarão a designar-se "bolsas Marie Curie";

atribuir um titulo de "investigador europeu" aos investigadores que tenham participado de forma significativa em programas comunitários e um rótulo de "chefe de projecto europeu" aos chefes de projecto que tenham coordenado projectos comunitários associando parceiros de diversos países, com o intuito de lhes dar um reconhecimento susceptível de os ajudar na sua carreira futura;

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favorecer a mobilidade dos investigadores e dos engenheiros para as PME, a fim de facilitar a transferência de conhecimentos e de tecnologias a partir dos projectos comunitários;

aumentar a participação de cidadãos de outros Estados-membros nas equipas de direcção ou de orientação de centros nacionais ou regionais de investigação e desenvolvimento;

incentivar as parcerias transnacionais respeitantes ao ensino para a gestão da inovação e a sensibilização dos jovens para a cultura tecnológica de base (programas ERASMUS e COMENIUS);

promover a criação de parcerias transnacionais de aprendizagem.

Sugestão de acção 5: Facilitar a sensibilização para as vantagens da inovação

A Comunidade e os Estados-membros devem esforçar-se por convencer a opinião pública das vantagens da inovação. O debate deve precisar as acções necessárias, entre as quais podem figurar:

o lançamento de um projecto de interesse comunitário, no qual os Estados-membros poderão participar, respeitante a uma primeira fase de 5 anos. O projecto seria gerido pela Comunidade, executado por meio de convites à apresentação de propostas e financiado a partir de orçamentos já aprovados. Destinar-se-ia a tirar partido, a nível comunitário, das experiências bem sucedidas nos Estados-membros e à produção de programas de informação em diferentes suportes, com base nos resultados positivos de inovações europeias, mas também de outras origens. Esses programas seriam propostos em diferentes suportes (vídeo, imprensa especializada, CD-ROM, etc.). Este projecto seria executado simultaneamente nos diferentes países da União Europeia;

o elogio dos "criadores", pela atribuição de "prémios" ou de "rótulos" europeus que recompensem iniciativas inovadoras nos domínios científico, técnico, social, do design, da formação, etc.

Sugestão de acção 6: Melhorar o financiamento da inovação

Os mecanismos que se seguem são apresentados a título indicativo. É conveniente examinar a oportunidade dos mesmos e estudar as suas modalidades concretas, que podem variar consoante os Estados-membros. Propõe-se o debate, entre outras, das seguintes acções:

- No plano nacional

desenvolvimento de mecanismos seguradores do risco da inovação e/ou de caução mútua, em especial para as empresas de base tecnológica recém-criadas;

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criação de sistemas de garantia/seguro que permitam, por exemplo, uma primeira referenciação das empresas de base tecnológica recentemente criadas junto de clientes importantes (administrações, grandes empresas, etc.) ou que incentivem os bancos a concederem às empresas empréstimos a longo prazo, incluindo os empréstimos participativos, destinados a investimentos de inovação, encorajando a parceria dos bancos com organismos peritos em inovação, a fim de obter os conhecimentos especializados necessários aos projectos;

experimentação de iniciativas de financiamento da inovação como, por exemplo, a implementação de mecanismos de garantia inicial para estimular um financiamento de transferência de tecnologias sobre direitos de autor;

desenvolvimento de fontes de capital “paciente” e a orientação deste capital para a inovação (business angels, fundos de pensões, etc.).

Nos planos nacional e comunitário

criação das condições necessárias ao desenvolvimento, na Europa, de mercados bolsistas, eventualmente pan-europeus, para as "empresas em crescimento": a Comissão e os Estados-membros devem esforçar-se por facilitar a sua criação e o seu funcionamento, pela eliminação de todos os obstáculos remanescentes, antes do fim de 1996, nomeadamente pela transposição urgente (e exacta), em todos os Estados-membros, das directivas aplicáveis;

eventual criação de "balcões únicos" que facilitem o acesso aos auxílios públicos nacionais e comunitários, em matéria de inovação;

exame dos mecanismos existentes de substituição de empréstimos por valores mobiliários e possibilidades de os alargar ao nível nacional e/ou comunitário, orientando-os para o financiamento da inovação.

- No plano comunitário

desenvolvimento de intervenções do Fundo Europeu de Investimento a favor das PME inovadoras, pela concessão de garantias a intermediários bancários e operadores de capital de risco, pela eventual tomada de participação em intermediários de capital de risco (aplicação da vertente de intervenções em recursos próprios do Fundo);

eventual apoio à criação de fundos plurinacionais de capital de arranque de alta tecnologia, com vista a facilitar o nascimento de novas empresas de alta tecnologia e o seu desenvolvimento europeu;

modalidades e oportunidade de uma acção-piloto destinada a conceder empréstimos a uma taxa reduzida para actividades de desenvolvimento a curto prazo, realizadas conjuntamente pelas PME de diferentes Estados-membros.

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Sugestão de acção 7: Instaurar uma fiscalidade favorável à inovação

A Comunidade deve incentivar os Estados-membros a adoptarem medidas fiscais favoráveis à inovação, especialmente a favor dos investimentos intangíveis e do capital de risco, tendo em conta o imperativo do controlo das despesas públicas, na perspectiva da União Económica e Monetária. Considerando o carácter extremamente sensível das políticas fiscais, qualquer acção nesta matéria deve, necessariamente, ser conduzida com prudência. Cabe, naturalmente, aos Estados-membros desenvolver estratégias coerentes, em matéria de imposições fiscais e sociais, que conciliem o desenvolvimento da inovação com o do emprego. A primeira etapa deve ser um intercâmbio de informação sobre as vantagens dos diferentes sistemas. Todavia, os incentivos fiscais têm as suas vantagens e os seus inconvenientes. É necessário um estudo pormenorizado para determinar a utilização desses diferentes tipos de medidas, que podem ser relativas a:

uma maior igualdade do tratamento fiscal entre o investimento intangível e o investimento físico (por exemplo, possibilidade de criar dotações para amortização, da mesma forma que para os investimentos materiais) (estudo em curso);

alargamento de reduções fiscais que orientem os investidores a título individual para o investimento na inovação (por exemplo, a fórmula "research development limited partnership", existente em dois Estados-membros, ou os créditos de imposto);

promoção da transparência fiscal das sociedades de capital de risco (para evitar a dupla tributação), conforme indicado na comunicação de 25 de Maio de 199439;

deduções relativas ao registo de títulos de propriedade industrial e intelectual, a exemplo das medidas adoptadas nos Estados Unidos ("small entity fees");

apoio à formação contínua (de pessoas e de PME) pela aplicação de fórmulas do tipo "crédito de imposto para a formação";

redução das regulamentações aplicáveis à transmissão de empresas, no interior da União Europeia, nos casos que não sejam abrangidos pela "Directiva Fusões”40. A recomendação da Comissão de 7 de Dezembro de 1994 sobre a transmissão das PME41 pode servir de ponto de partida para este estudo;

aproximação das definições fiscais de investigação e desenvolvimento tecnológico e de inovação utilizadas pelos Estados-membros.

Sugestão de acção 8: Promover a propriedade intelectual e industrial

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Entre as acções desejáveis cujos progresso e especificação o debate possibilitará, contam-se:

- no plano nacional:

ratificação, por determinados Estados-membros, da convenção relativa às patentes comunitárias, que permitirá a sua entrada em vigor, a qual ainda não se verificou, apesar de o acordo ter sido celebrado em 1989;

incentivo à utilização dos modelos de utilidade pelas PME e melhor sensibilização das empresas;

apoio aos empresários para definirem uma estratégia de protecção intelectual e industrial, bem como de aquisição ou de cessão de licenças;

meios para uma maior assistência aos empresários e aos institutos de investigação, para lutar contra a pirataria e a contrafacção;

reforço do ensino sobre a propriedade intelectual e industrial, nas acções de formação dos futuros investigadores, engenheiros e gestores de empresas.

- a nível comunitário e internacional:

prossecução do esforço de harmonização dos sistemas de propriedade intelectual, em particular no domínio das ciências da vida, das técnicas ligadas ao software, das telecomunicações (sociedade da informação) e dos modelos de utilidade;

reforço dos instrumentos de combate à contrafacção;

promoção dos serviços de informação sobre patentes como método de observação tecnológica, apoiando-se, designadamente, no sistema de informação criado pelo Instituto Europeu de Patentes.

Sugestão de acção 9: Simplificar as formalidades administrativas

A Comissão ocupa-se da simplificação dos processos e das formalidades por ela impostos, nomeadamente para o acesso aos seus programas, para as autorizações que concede ou para os controlos que efectua. Por exemplo, em termos de ajuda à investigação, em consequência do aumento do número de participantes dos Estados-membros e dos países associados, surgiu uma preocupação generalizada quanto aos prazos de aplicação e de pagamento e sobre a complexidade e a multiplicidade de trâmites no seio da Comissão. Também para fazer um diagnóstico objectivo e sobretudo para identificar as medidas concretas a tomar, o membro da Comissão responsável pela investigação solicitou aos seus serviços que organizem um seminário, no qual participarão:

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- os directores e gestores dos programas mais industriais do programa-quadro;

- representantes de alto nível das empresas envolvidas nos projectos;

- um gabinete de auditoria que intervirá na qualidade de "observador" e para sugerir melhorias.

Durante a fase de consulta prevista neste Livro Verde, serão publicadas as conclusões operacionais do seminário.

A nível nacional, a simplificação administrativa também é uma prioridade. Por exemplo, enquanto nos Estados Unidos as formalidades de criação de uma empresa são reduzidas, na Europa podem demorar vários meses. Assim, quando o inovador americano pode, em última análise, criar uma empresa num só dia, para explorar um novo produto, na maioria dos países da União Europeia os prazos de registo ou formalidades de todos os tipos desencorajam o inovador (em certos casos, é necessário satisfazer os requisitos das caixas de pensões complementares, mesmo quando não se empregam quadros!).

A Comissão pretende, por isso, propor aos Estados-membros um programa de acções concertadas para a melhoria e a simplificação do enquadramento das empresas, nomeadamente para a criação (debate em curso), o crescimento e a transmissão de empresas42.

A Comissão manifestou a sua intenção de, em concertação com os Estados-membros, aperfeiçoar métodos de avaliação dos desempenhos no domínio da simplificação administrativa e de fazer uma recomendação aos Estados-membros, para que estes adoptem as melhores práticas existentes, no que se refere à simplificação administrativa. Estas acções concertadas poderão conduzir a uma recomendação aos Estados-membros relativa:

à racionalização das estruturas e das formalidades ligadas às questões fiscais e de protecção social (por exemplo, formulários, declarações e obrigação de arquivar);

à criação de "balcões únicos" descentralizados de informação e de cumprimento das formalidades;

à adopção de regras segundo as quais a administração se imponha prazos rigorosos de resposta, na ausência da qual se presumirá concedido o seu acordo.

A consulta lançada pelo presente Livro Verde permitirá identificar os domínios prioritários da inovação nos quais são necessárias e urgentes medidas de simplificação.

Sugestão de acção 10: Um enquadramento jurídico e regulamentar favorável à inovação

O debate deverá incidir particularmente na necessidade e nos meios de:

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- Em matéria de direito das sociedades

adoptar muito rapidamente o regulamento relativo ao estatuto da sociedade europeia, a fim de vencer os obstáculos à inovação, impostos por quinze ordens jurídicas diferentes;

proceder ao estudo de um estatuto simplificado da sociedade europeia, para as novas empresas inovadoras.

- No que diz respeito às normas:

generalizar o sistema de normas de desempenho, dando largo espaço à inovação, no respeito pelos imperativos de segurança e de protecção do ambiente;

apoiar a criação de acordos voluntários entre as empresas e os poderes públicos, a fim de atingir elevados padrões de desempenho, a nível nacional ou da União, graças à inovação tecnológica, em termos económicos, ambientais e energéticos, acelerando a implantação de meios para controlar a sua aplicação;

- No que diz respeito aos contratos públicos:

analisar e debater possibilidades de estimular a procura de produtos e processos inovadores, através dos meios existentes nas directivas sobre os contratos públicos;

- Quanto a regras de concorrência:

prosseguir os esforços de liberalização dos mercados, nomeadamente no sector dos serviços;

continuar a dar importância à globalização dos mercados e das características das actividades tecnológicas e de inovação, na apreciação dos acordos de cooperação e das operações de concentração;

dar a conhecer o novo enquadramento comunitário dos auxílios à investigação, adoptado em Dezembro de 1995, que tem em conta o novo acordo da OMC, incentiva o investimento intangível e permite a integração, pelas PME, do custo de registo e de manutenção de patentes, actualmente em vigor, nas despesas elegíveis na qualidade de ajudas nacionais à investigação e ao desenvolvimento tecnológico;

estudo de um sistema de controlo horizontal das ajudas regionais a grandes projectos de investimentos, o que estabeleceria uma disciplina intersectorial;

continuar a facilitar as transferências de tecnologia, no respeito das regras de concorrência (regulamento de isenção por categoria dos acordos de transferência de tecnologia).

- No que diz respeito à legislação do trabalho:

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exame e eventual adaptação das regras em vigor relativas às condições de trabalho e do emprego, nomeadamente nos domínios do trabalho no domicílio, do teletrabalho e da protecção da vida privada dos trabalhadores.

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Sugestão de acção 11: Desenvolver acções de "inteligência económica"

Parece desejável precisar as vias e os meios para:

- No plano nacional e regional

intensificar as acções de sensibilização das empresas, nomeadamente das PME, para a necessidade e para os métodos da "inteligência económica". Estas acções poderão destinar-se igualmente às administrações públicas, para que tomem consciência do seu papel e da sua responsabilidade na matéria;

criar um ambiente favorável à emergência de uma oferta de serviços privados às empresas, neste domínio;

incluir, na formação superior dos futuros dirigentes, engenheiros, investigadores e quadros comerciais, módulos de sensibilização para a inteligência económica, a fim de manter a motivação permanente das empresas a este respeito;

criar instâncias de concertação, à semelhança do que sucede na Suécia, em França e no Reino Unido;

incentivar uma reflexão neste domínio, no plano regional (se necessário e se aplicável com o auxílio dos Fundos Estruturais, usando os ensinamentos retirados da experiência das Estratégias Regionais de Inovação do artigo 10º do FEDER e do programa Innovation);

realçar as experiências bem-sucedidas de empresas ou de grupos de PME.

- A nível da Comunidade

facilitar a eventual interligação das instâncias nacionais de concertação/orientação neste domínio e o intercâmbio de "boas práticas" entre regiões e países;

reforçar a especialização científica de determinadas delegações da Comissão nos países terceiros, para assegurar uma missão de observação científica e fornecer à União análises sobre a evolução da investigação no estrangeiro;

lançar acções de ajuda às PME, utilizando os programas existentes (por exemplo, a iniciativa dos Fundos Estruturais destinada às PME ou o programa INNOVATION). Essas acções-piloto pode incluir um incentivo das acções colectivas neste domínio ou ainda um apoio específico para as novas empresas inovadoras, em matéria de informação sobre os mercados mundiais. Algumas das acções executadas no contexto da iniciativa PME poderiam, por exemplo, ser valorizadas pela organização de trocas de experiências e de acções de cooperação entre organismos regionais ou locais de países

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diferentes, que assistem as PME nos respectivos esforços de inovação;

acentuar os esforços para proceder a uma melhor exploração e dar maior disponibilidade aos recursos e à grande quantidade de informação interna de que a Comunidade dispõe; para esse efeito, poderia publicar-se um convite à apresentação de propostas destinado a inventariar os meios já existentes, definir as especificações de um sistema pericial plurilingue de navegação nas grandes bases de informação, utilizando as técnicas multimédia, e determinar a sua viabilidade e os respectivos elementos de custo. Este projecto apoiar-se-ia num estudo prévio das práticas nacionais na Comunidade e fora dela, incidindo nos métodos e processos concretos de recolha, gestão, processamento e disponibilização da informação.

Sugestão de acção 12: Encorajar a inovação nas empresas, particularmente nas PME, e reforçar a dimensão regional da inovação

O nível local ou regional é o escalão de proximidade adaptado para ir ao encontro das empresas, nomeadamente das PME, e fornecer-lhes o apoio necessário para acederem às competências externas de que necessitam (recursos humanos, tecnológicos, financeiros e de gestão). É também o nível de base em que actuam as solidariedades naturais e se estabelecem facilmente relações. Por isso, é a esse nível que as pequenas empresas podem ser incitadas e ajudadas a reunir forças, no âmbito de parcerias. Unidas, poderão enfrentar a concorrência das empresas de maiores dimensões e recursos, ou mesmo aproveitar as oportunidades que estas empresas lhes proporcionam. Estas questões assumem especial importância nas regiões desfavorecidas.

Por isso, seria conveniente, a propósito do Livro Verde, debater a oportunidade e as condições necessárias para:

No plano local, regional ou nacional

estimular a cooperação entre (pequenas e grandes) empresas e reforçar os grupos tecnológicos ou sectoriais, permitindo valorizar o saber-fazer local (tanto em actividades tradicionais como em produtos de topo de gama);

incentivar a orientação internacional das empresas (em ligação com os centros de investigação e os serviços de apoio; facilitar a recepção de investimentos estrangeiros com forte valor acrescentado; implementar os mecanismos necessários para absorver as tecnologias provenientes do estrangeiro);

melhorar ou completar as infra-estruturas de apoio às empresas, com vista à implantação de:

- mecanismos de análise das necessidades expressas ou latentes das empresas;

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- balcões ou pontos de entrada únicos de acesso à informação e aos serviços;

- mecanismos que facilitem o diálogo entre os diferentes parceiros locais da empresa, o acompanhamento e a avaliação das medidas de auxílio;

- redes que permitam a convergência e a racionalização dos serviços de apoio (como as redes Nearnet & Supernet britânicas ou as redes de divulgação tecnológica francesas);

reforçar a cooperação universidade-indústria para facilitar a transferência de tecnologia, de conhecimentos e de competências;

A nível comunitário

lançar uma acção-piloto destinada a incentivar a criação de empresas com base nas novas tecnologias (New Technology Based Firms - NTBF), em particular pelos investigadores e engenheiros oriundos dos institutos de investigação e das universidades;

facilitar a divulgação das "boas práticas", em especial:

reforçando as redes de cooperação inter-regional para a promoção da inovação (nomeadamente no sector dos serviços) e para a ajuda à criação de empresas inovadoras;

apoiando projectos de inovação baseados na cooperação à escala europeia entre empresas, laboratórios, intermediários, operadores financeiros, etc. e que ilustrem novas abordagens (tecnológica, social, organizacional, etc.) da inovação, nomeadamente para tirar o melhor partido do potencial apresentado pela sociedade da informação;

desenvolver o apoio à elaboração de estratégias regionais de inovação e à transferência de tecnologia entre regiões (acções conjuntas das políticas regionais - artigo 10º do FEDER - e do programa INNOVATION);

reforçar o papel dos Centros de Empresa e Inovação (BIC) na identificação das necessidades de assistência, em termos de modernização, de auxílio à realização de planos de modernização das PME e a sua orientação para os melhores organismos especializados, a fim de os ajudar no seu esforço de inovação;

- realizar acções de formação dos responsáveis das administrações públicas locais, regionais e nacionais, em matéria de política de inovação, de planificação de investimentos, etc., se necessário com o apoio dos fundos estruturais nas regiões elegíveis.

Sugestão de acção 13: Renovar a acção pública a favor da inovação

Na maior parte dos domínios, a natureza do papel dos poderes públicos varia: mais do que decretar, é preciso esclarecer, convencer, associar, estimular e avaliar. A acção pública deve também modernizar-se e tornar-se mais simples. O Estado, segundo o relatório CIAMPI, deve tornar-se um

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guia, um "regulador moderado mas eficaz". O mesmo é válido para a inovação. Para que esta seja plenamente eficaz, convirá, além do mais, que se assegure a estabilidade temporal da acção pública (quadro regulamentar, mas também apoio financeiro, nomeadamente em matéria de investigação e de formação, onde os esforços se realizam a longo prazo) e a sua orientação para a satisfação das necessidades colectivas. Os poderes públicos devem ainda contribuir, pelos seus esforços de previsão e de concertação, para tornar o futuro claro aos olhos dos intervenientes no terreno e facilitar a formação de pontos de vista comuns, se não mesmo de consensos.

1 Observamos frequentamente nas empresas inovadoras a organização de equipas de projecto ou de redes, constituídas por pessoas de qualificações diferentes, provenientes de serviços diferentes e a integração desses projectos (e equipas) de inovação no processo de gestão estratégica da empresa.

2 Uma política de competividade industrial para a União Europeia, comunicação da Comissão, 1994.

3 A definição mais recente da inovação tecnológica é dada no Manual de Oslo, adoptada em 1992 pela OCDE. É nela que se inspira a análise apresentada neste quadro. Esse documento constituiu a base para a recolha de dados estatísticos sobre a inovação, em particular os inquéritos nacionais elaborados no âmbito do inquérito comunitário da inovação, apoiado pela Comissão (DG XIII e Eurostat) que permitiu recolher dados comparáveis em cerca de 40000 empresas de 13 países. Os primeiros resultados são apresentados em anexo. O Manual de Oslo está actualmente a ser revisto e a Comissão participa activamente nesses trabalhos. Da sua utilização destacam-se deficiências ou insuficiências, nomeadamente no que diz respeito à inovação social ou organizativa ou à inovação no sector dos serviços, que doravante desempenha um papel de primeiro plano na produção de riqueza, de emprego e na utilização de novas tecnologias.

4

? Ver outros exemplos em “Inovação, tecnologia, emprego”. R. Lattès & D. Blondel. Relatório realizado a pedido do Conselho das Aplicações da Academia das Ciências CADAS, 1995.

5 Ver “A expansão”, 26 de Junho de 1995, n° 504.

6 Por exemplo, a indústria electromecância europeia sofre por vezes algumas dificuldades para transformar suficientemente depressa em novos produtos as suas excelentes competências teóricas. Quanto a este aspecto, as actividades destas empresas no desenvolvimento pré-industrial são de importância fundamental, exigindo que sejam consolidadas as relações com os utilizadores de equipamentos. Isto deve nomeadamente conduzir a analisar a pertinência dos temas de investigação relativamente às necessidades da indústria. Com efeito, a orientação da investigação tem também um impacto na capacidade para inovar, bem como na exploração e na difusão dos seus resultados.

7 Os poderes públicos têm outros meios de acção. O Livro Branco “Crescimento, Competividade, Emprego” (Capítulo 4, 1° parágrafo da alínea b), do ponto 4.3.) lembra que “tendo em conta as actuais restrições dos orçamentos para a investigação e com vista a garantir a melhor actuação em termos de custos/benefícios, deverá atribuir-se prioridade aos instrumentos regulamentares indirectos sob a alçada dos Estados-membros”.

8 “Melhorar a competividade europeia” - Primeiro relatório apresentado ao Presidente da Comissão e aos Chefes de Estado ou de Governo - Grupo Consultivo sobre Competividade - Junho de 1995.

9 O índice de especialização (ou vantagem comparativa revelada) para um determinado tipo de indústria é igual à sua parte nas exportações totais de produtos manufacturados do país, dividida pelo mesmo rácio para o conjunto dos países da OCDE. Um índice superior a 100,

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A promoção da inovação pressupõe, aliás, a coordenação e a convergência dos esforços de vários agentes e, nomeadamente, uma concertação entre os diferentes parceiros sociais. Implica, por parte dos poderes públicos e das administrações, novas atitudes que dêem mais espaço à consulta e à parceria com o sector privado.

Por outro lado, a pressão que se exerce sobre as despesas públicas torna necessária a invenção de novas soluções e, em particular, a inflexão da intervenção pública dos instrumentos de apoio directo para os instrumentos indirectos. É preciso fazer melhor com menos.

para um país de determinada categoria de indústrias, implica que o país em questão é relativamente especializado em exportações dessas indústrias.

10 Isto não exclui naturalmente uma política activa de parceria com os países da Europa Central e Oriental e de transferência de tecnologias para os países em desenvolvimento. Por outro lado, ao celebrar acordos internacionais com países terceiros, a Comunidade permitiu aos investigadores e engenheiros europeus um melhor acesso a resultados científicos ou tecnológicos, obtidos nesses mesmos países. A cooperação internacional permite ainda às equipas comunitárias de investigação e desenvolvimento tecnológico terminar com êxito projectos inovadores nas malhores condições de eficácia e de custo.

11

? Vários estudos recentes do Observatório da Inovação, criado pela DG XIII, põem em destaque o papel do sector dos serviços na inovação e na sua difusão. Assim, um deles mostra que o sector dos serviços é o principal comprador de tecnologia incorporada (equipamentos e máquinas sofisticadas, em particular nas tecnologias da informação e da comunicação) e a sua utilização das tecnologias é proporcionalmente mais elevada do que o seu peso na economia. Por outro lado, um outro analisa o sector da engenharia na Europa e mostra que as empresas que o compõem são vectores importantes de difusão da inovação e das tecnologias avançadas na indústria fabril (que representa 40% de seu mercado global, calculado em 52 mil milhões de ecus). Por fim, uma análise dos serviços mais inovadores, os “knowledge-intensive business services” sublinha as especificidades dos seus processos de inovação e do seu desenvolvimento.

12

? Tais efeitos desempenham um papel importante, como demonstram dois casos recentes: Shell/Montecatini e Glaxo/Wellcome.

13 No que diz respeito aos auxílios estatais às empresas, com base em dados recolhidos desde a entrada em vigor do “Enquadramento” em 1996 e, em particular, com base nos dados relativos ao período correspondente a 1990-1992, deve notar-se que as notificações de auxílios com o objectivo principal de apoiar actividades de investigação/desenvolvimento industrial representam menos de 5% do volume total dos auxílios estatais.

14 Por outro lado, a abordagem minimalista adoptada pelos Estados Unidos no acordo TRIPS, em matéria de direito de autor, com exclusão explícita da protecção dos direitos morais abrangidos pelo artigo 6° -A da Convenção de Berna, não beneficia os criadores de obras originais abrandigos por este direito em plena expansão (programas de computador, base de dados, multimédia, etc.).

15

? Respectivamente COM(93) 342 final, COM(95) 456 final, COM(95) 382 final e COM(95) 370 final.

16 Cf. Comunicação da Comissão, de 26.10.1995, sobre o artesanato e as pequenas empresas, factores de crescimento e de emprego na Europa, COM(95) 502 final.

17 Todovia, e embora isto possa parecer inquietante, o acesso à informação não é julgado como um obstáculo determinante pela maioria das empresas europeias (segundo um inquérito comunitário à inovação, só 15% de entre elas o consideravam como obstáculo). As três

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Ora, tanto nos Estados-membros como ao nível comunitário, as políticas de inovação são, regra geral, da competência de vários ministérios, organismos públicos ou serviços, o que pode levantar problemas. Muitas vezes, é difícil encontrar o fórum adequado para as debater e, por conseguinte, apto a garantir a visão de conjunto e a coordenação contínua necessárias. Ademais, o apoio público em matéria de inovação sofre ainda, em certos casos, de problemas como uma atenção insuficiente às necessidades e à procura; a dificuldade que há em diferenciar as medidas segundo os beneficiários a quem se destinam cujo corolário é a falta de clareza das mesmas; de uma informação ainda insuficiente quanto às "boas práticas"; da dificuldade de realizar uma avaliação, por falta de indicadores

principais fontes de informação para a inovação assinaladas pelas empresas de uma maioria de Estados-membros são as fontes internas, os clientes ou os utilizadores e os fornecedores de equipamento.

18 Instituo de Prospectiva Tecnológica de Sevilha, World Trade Center Building, Isla de la Cartuja, s/n, E-4109 Sevilha, Tel. (34) 54 48 82 73.

19 Livros Verdes sobre o direito de autor e os direitos conexos na sociedade da informação e sobre os modelos de utilidade (1995).

20 Um estudo de A. Schliefer, K. Murphy e R. Vishny sobre vários países destaca que se 10% dos estudantes universitários optassem por estudos de engenharia, a taxa de crescimento da economia do país em questão aumentaria 0,5% por ano (Business Week, 12/12/1994).

21 No fim de 1993, o total dos activos detidos pelos fundos de pensões na Europa atingia os 1.100 mil milhões de ecus, praticamente concentrados só no Reino Unido, nos Países Baixos e na Irlanda. A proporção investida na inovação é muito limitada.

22 De acordo com a EVCA, entre 1988 e 1993, os montantes investidos pelos fundos privados nas fases embrionária e de arranque de empresas (seed & start-up) passaram de 432 milhões de ecus para 200 milhões de ecus (o decréscimo foi de 28% de 1992 a 1993, enquanto o conjunto dos fundos investidos baixou em 15%, devido à crise). Fonte: o capital da fase embrionária: 4° relatório de progresso da CE - DG XXIII - Fevereiro de 1995.

23 Ver a recente comunicação da Comissão acerca da viabilidade da criação de um Mercado Europeu da Capitais para paquenas empresas com gestão empresarial (COM (95) 498 final).

24 “O apoio público da I&D: elementos de comparação internacional”. Documento de trabalho do serviço da Comissão Europeia (DG XII), 1995.

25 Ver OCDE, principais indicadores de ciência e tecnologia, Maio de 1995.26

? Os números relativos ao financiamento público de I&D, são calculados a partir de dados da OCDE que incluem subvenções, contratos e contratos públicos (mas sem os incentivos fiscais) atribuídos às empresas industriais (incluindo as indústrias de defesa e a indústria aeroespacial).

27 Ver “Saving More and Investing Better”, fourth report to the President and Congress, Competitiveness Policy Council.

28 “A fiscalidade como factor de incentico à investigação” A. Cazieux, F. Fontaneau - Cahiers Fiscaux européens 1993-3.

29 COM(94) 206 de 25.5.1994.

30 Ver o Livro Branco da Associação Europeia de Capital de Risco (EVCA) 1995.

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adaptados; e de uma adaptação demasiado lenta das estruturas e dos trâmites às alterações da economia, da tecnologia e da sociedade.

No respeito do princípio da subsidiariedade e tendo em conta a diversidade das situações e dos contextos locais, regionais ou nacionais, o debate deverá permitir uma definição mais clara do modo de:

w tornar o enquadramento mais favorável à inovação

A nível regional, nacional e comunitário:

31 O primeiro relatório europeu sobre os indicadores de ciência e tecnologia indica, por exemplo, que o número de patentes relativamente às despesas de I&D é respectivamente 7 e 3 vezes mais elevado nos produtos metálicos e nos instrumentos, comparado com a média do sector industrial. Pelo contrário, no sector automóvel e no sector aeroespacial, esta mesma proporção é respectivamente 3 e 15 vezes inferior à propensão média para registar patente. Estes dados confirmam que a diversidade dos sectores para registar patentes exprime menos a produtividade de I&D do que a opinião dos inovadores quanto à eficácia quanto à eficácia das patentes para prevenir a imitação.

32 O registo e a manutenção em vigor de uma só patente europeia, no território dos 15 Estados-membros da União, por um período máximo de protecção, custo no que diz respeito às taxas oficiais cerca de 35 000 ecus enquanto nos Estados Unidos o custo total é apenas de 7 500*, ou seja, seis vezes menos, para uma protecção comparável. Em 1994, a indústria europeia teve que gastar, na obtenção e manutenção da protecção por patente, na Europa, cerca de 1,8 mil milhões de ecus, tendo sido consagrado um montante semelhante à defesa dos direitos conferidos pela patente, em matéria judicial ou extra-judicial.

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? É uma das razões pelas quais a Comissão vai em breve apresentar um Livro Verde sobre os “modelos de utilidade”, uma forma de protecção das invenções técnicas particularmente bem adaptada às PME.

34 Só 20% das PME são capazes de citar correctamente as directivas europeias relativas aos seus produtos e menos de 30% de citar correctamente as normas europeias correspondentes. Conhecem melhor as normas nacionais, ignorando porém que estas retomam as normas europeias, abrindo-lhes assim o conjunto do mercado europeu sem necessidade de adaptação técnica dos respectivos produtos a outras normas (Afnor 1994-inquérito junto de 842 PME), ignorância que pode conduzir a decisões económicas completamente infundadas, como é o caso das deslocalizações (O’Connor 1995).

35 Menos de 21% das PME interrogadas no contexto de Euromanagement Qualité participaram nos trabalhos de normalização (taxa arredondada positivamente por amostragem), o que é preocupante, segundo a Afnor (op. citada), porque “as necessidades e obrigações das PME não podem ser tidas em conta pelas comissões de normalização e porque as PME têm, em seguida, dificuldades para aplicar as normas”.

36 Os cheques-serviços são instrumentos de pagamento pré-destinados à aquisição de determinados serviços e que autorizam formalidades mais ligeiras.

37 Ver a Comunicação da Comissão em matéria de informação e consulta dos trabalhadores, adoptada em 14 de Novembro de 1995.

38 Ver também as propostas de acção do Livro Branco sobre a Educação e a Formação (COM(95) 590.)

39 COM(94) 206 de 25.5.1994, JO C 187 de 9.7.1994.

40 Directiva 90/434/CEE.

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limitar a regulamentação ao estritamente necessário; favorecer, tanto quanto possível, a liberalização e promover uma concorrência moderna, isto é, que tenha em conta as vantagens horizontais da inovação;

acelerar a simplificação administrativa; reduzir os trâmites e aumentar a sua transparência;

assegurar a informação de base, fornecendo as análises prospectivas e os esclarecimentos necessários à acção dos operadores públicos e privados (previsão, observação tecnológica, inteligência económica, avaliação prévia);

assegurar a coordenação e a coerência das intervenções públicas e dos esforços privados (seguindo o exemplo das Task Forces comunitárias), mobilizar a panóplia dos instrumentos disponíveis, de acordo com uma abordagem coordenada e comedida (regulamentação, contratos públicos, medidas fiscais, incentivos, etc.) e facilitar o diálogo e a formação de consensos;

desenvolver, quando for desejável para alcançar as PME e utilizar a sua linguagem, a utilização de operadores privados (à imagem das práticas doravante correntes no Reino Unido ou na Alemanha), para assegurar a gestão, por parte dos poderes públicos, de processos de apoio às empresas;

desenvolver e aplicar critérios que permitam adaptar as medidas às diferentes necessidades e aos diferentes destinatários;

identificar e divulgar as "boas práticas", facilitar a experimentação, fomentar o uso de métodos de avaliação;

w para melhor garantir a concertação entre os decisores e a consulta dos agentes

A nível comunitário:

identificar o melhor fórum para tratar eficazmente as políticas de inovação (por exemplo, um Conselho "Jumbo" que reúna os ministros da Investigação, dos Assuntos Sociais e da Indústria e/ou designação de um ministro responsável por cada governo, à semelhança do que acontece com a sociedade da informação);

encetar um diálogo interinstitucional sobre os meios de melhor

considerar o carácter horizontal das políticas de inovação;

reforçar a colectivização dos meios de análise e de previsão, no plano comunitário e nacional (Instituto de Prospectiva Tecnológica de

41 94/1069/CE. Ver ainda Comunicação 94/C 400/01.

42 Proposta apresentada na Cimeira de Madrid no contexto das medidas a favor das PME.

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Sevilha, Programa de Investigação Socioeconómica Orientada, Observatório Europeu da Inovação, Eurostat, etc.);

Organizar o diálogo entre os decisores a nível europeu sobre as experiências de inovação bem-sucedidas, com vista à realização de acções concertadas e à divulgação de boas práticas. Com base neste intercâmbio, a Comissão poderia elaborar relatórios periódicos sobre o estado da inovação na União Europeia, em que se identificasse a evolução e os pontos fracos das políticas aplicadas. Esses relatórios permitiriam incentivar políticas favoráveis, nos Estados-membros;

incrementar a prática de avaliação das acções públicas, nomeadamente em inovação, junto das entidades locais ou regionais.

Por outro lado, a melhoria do processo de elaboração de políticas só poderá conduzir a uma maior eficácia se os processos de aplicação forem adaptados e flexíveis. É necessária uma administração "sóbria" (dado que existe uma "fraca" produção). O debate deverá indicar se, para reduzir os trâmites administrativos, será conveniente:

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A nível da Comunidade,

facilitar a informação e o acesso das empresas às medidas de apoio, pela racionalização dos diversos centros comunitários de informação e o reforço da respectiva ligação em rede, para conseguir "pontos de entrada únicos";

reforçar, com base na experiência das Task Forces industriais, a cooperação interprogramas, em particular nos domínios da investigação, da formação profissional e da acção regional. Esta acção deve levar à multiplicação dos convites à apresentação de propostas comuns;

prosseguir os esforços de simplificação das formalidades, encurtar os prazos de instrução e de resposta, prioritariamente nos domínios que o debate permitirá identificar como os mais pertinentes, no que diz respeito à inovação;

assegurar um acompanhamento das empresas, em particular das PME, que tenham participado em projectos de investigação comunitária. Estas poderão, deste modo, obter conselhos e assistência, para valorizarem, não só os resultados, como também a experiência e os contactos internacionais adquiridos.

A nível dos Estados-membros:

identificar, de forma sistemática, as regras e os trâmites administrativos susceptíveis de entravar ou retardar as iniciativas públicas e privadas em matéria de inovação43;

prosseguir as reformas de modernização das estruturas administrativas e difundi-las ao nível regional e local, por forma a atenuar os obstáculos enfrentados pelos pequenos e grandes industriais e, em particular, pelos inovadores e criadores de empresas.

* * * * * * * * * *

43 À semelhança do Minísterio Federal dos Assuntos Económicos da Alemanha que, no seu relatório sobre o “Futuro da instalação industrial na Alemanha” (1993), indica que o governo federal da Alemanha actuará de forma a que as disposições jurídicas existentes e previstas e os actos da administração sejam verificados, a fim de observar se entravam os esforços de inovação e para evitar, no futuro, qualquer tipo de legislação que provoque o mesmo efeito.

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NOTAS

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