APÊNDICE ATLAS ESCOLAR DE SOROCABA

  • Upload
    ledan

  • View
    224

  • Download
    3

Embed Size (px)

Citation preview

  • APNDICE

    ATLAS ESCOLAR DE SOROCABA - SP

    Histria, Geografia e Ambiente (Anos Iniciais do Ensino Fundamental)

    Elizabeth de Souza Machado-Hess

    Apndice da Tese: Uma proposta metodolgica para a elaborao de Atlas Escolares para

    os Anos Iniciais do Ensino Fundamental: o exemplo do municpio de Sorocaba SP,

    apresentada ao Programa de Ps-graduao em Geografia Humana do Departamento de

    Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas, da Universidade de So

    Paulo para a obteno do ttulo de doutora em Geografia Humana.

    rea de concentrao: Geografia Humana

    Orientador: Prof. Dr. Marcello Martinelli.

    So Paulo

    2012

  • ATLAS ESCOLAR DE SOROCABA - SP

    HISTRIA, GEOGRAFIA e AMBIENTE (Anos Iniciais do Ensino Fundamental)

    Elizabeth de Souza Machado-Hess

    DG-FFLCH-USP

    SO PAULO

    2012

  • Apresentao

    Este Atlas para voc!

    Atlas uma coleo de mapas, mas ele tambm traz textos, figuras, fotografias e

    grficos! Um atlas pode ajudar voc a entender um pouco mais sobre o lugar onde mora e o mundo

    que est sua volta, isto , desde lugares prximos, como o seu municpio, at aqueles bem

    afastados. Tambm possibilita entender como lugares distantes podem se relacionar com o lugar

    onde voc mora.

    Pensando assim, aqui est o ATLAS ESCOLAR DE SOROCABA (SP) para voc

    conhecer a Histria, a Geografia e o Ambiente sorocabano e compreender como a sociedade ao

    ocupar um espao, modifica-o e, nesse processo, acaba por transformar a natureza e a prpria

    sociedade!

    Aproveite!

  • SUMRIO Apresentao 1 INGRESSANDO NO ATLAS....................................................11 Apreenso e representao do espao........................................12 A representao da realidade espacial passo a passo................20 Os elementos do mapa.................................................................27 Como so feitos os mapas............................................................28 As novas tecnologias....................................................................30 2 SOROCABA: O LUGAR E O GLOBAL...................................33 Do lugar para o Mundo e do Mundo para o lugar.........................34 Todas as partes do mundo interligadas........................................35 O Municpio...................................................................................36 Smbolos de Sorocaba..................................................................38 3 SOROCABA: SUA HISTRIA.................................................41 Linha do Tempo............................................................................42 Pr-Histria sorocabana...............................................................44 Presena do homem branco.........................................................47 Bandeirismo..................................................................................48 Do povoado ao municpio.............................................................50 Tropeirismo...................................................................................51 Liberalismo....................................................................................57 Ferrovia.........................................................................................58 Industrializao.............................................................................59 Terceirizao.................................................................................60 Parque Tecnolgico.... .................................................................61 4 SOROCABA: FORMAO DO TERRITRIO........................63 Capitanias Hereditrias.................................................................64 Municpios Originrios...................................................................66 Evoluo do desmembramento territorial e administrativo do Termo da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba............67 Territrio atual do municpio..........................................................72

    5 SOROCABA: GEOGRAFIA...................................................75 Poltico........................................................................................76 Relevo.........................................................................................78 Hidrografia..................................................................................80 Geologia e recursos minerais.....................................................82 Vegetao...................................................................................84 Clima...........................................................................................86 rea urbana e rea rural.............................................................88 Uso da terra e cobertura do solo ...............................................90 Populao...................................................................................92 Indstria......................................................................................94 Rede Viria.................................................................................96 Sade.........................................................................................98 Educao..................................................................................100 Turismo.....................................................................................102 6 SOROCABA: AMBIENTE....................................................105 Saneamento Bsico..................................................................106 Lixo...........................................................................................110 Reciclagem...............................................................................113 Ambiente...................................................................................116 7 SOROCABA EM ZONAS.....................................................119 A diviso de Sorocaba em Zonas.............................................120 Zona Norte................................................................................122 Zona Sul....................................................................................124 Zona Leste................................................................................126 Zona Oeste...............................................................................128 Zona Centro..............................................................................130 REFERNCIAS.....................................................................133

  • 11

    I - INGRESSANDO NO ATLAS

  • 12

    APREENSO E REPRESENTAO DO ESPAO

    LOCALIZAO

    Veja como estas crianas se localizam e do a localizao de objetos e pessoas no espao! Agora, coloque-se no lugar delas e experimente localizar os objetos e pessoas do mesmo espao com voc estando nele.

    Crianas praticando relaes espaciais topolgicas as quais so as mais simples para a localizao.

  • 13

    Agora, voc vai localizar os objetos em relao a si mesmo, a outra pessoa sua frente, e com voc se colocando em vrios lugares no espao.

    Crianas praticando a localizao com um pouco mais de preciso.

  • 14

    ORIENTAO

    Com a experincia que voc adquiriu at aqui, pode, agora, praticar a localizao pela Orientao.

    Noes Bsicas

    A Terra gira (movimento de rotao), levando um dia inteiro (24 horas) para dar uma volta completa em torno de si diante do Sol. Assim, tem-se a sequncia dos dias e das noites.

    Esse movimento de rotao faz com que o Sol apresente uma trajetria aparente no cu com um sentido definido, que serve como referncia para indicar as direes Leste (nascer do

    Sol) e Oeste (pr do Sol). Na verdade, o movimento de rotao da Terra de Oeste para Leste.

    Alm disso, a Terra ao girar em torno de si, ela o faz em torno de um eixo, denominado Eixo de Rotao da Terra, o qual determina em suas extremidades, os Plos Norte e Sul.

    A rotao da Terra que d uma idia de movimento aparente do Sol

  • 15

    Localizao pela Orientao

    Orientao significa dar a localizao de um objeto, pessoa ou lugar apontando para esta ou aquela direo. Estas direes so dadas com o apoio das direes cardeais como: Norte, Sul, Leste e Oeste. As direes cardeais foram estabelecidas a partir da observao da trajetria aparente do Sol no cu durante o dia.

    O lado onde o Sol aponta pela manh o LESTE. Onde ele se pe tarde o OESTE. O NORTE e o SUL esto na vertical do alinhamento Leste-Oeste. Comprova-se fincando uma haste no solo e verificando que, quando o Sol estiver em seu

    ponto mais alto, por volta do meio dia a sombra da haste mais curta e se projeta do lado que indica o sentido para o Sul. O NORTE est apontado para o lado oposto.

    Estas quatro direes podem ser representadas na rosa dos ventos que uma estrela de quatro pontas. Entre estas direes, podem-se indicar direes intermedirias ou colaterais: Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste. Assim, todas estas direes podem ser representadas numa rosa dos ventos, agora uma estrela de oito pontas, conforme ilustram as figuras abaixo.

  • 16

    COORDENADAS GEOGRFICAS

    Localizao na sala de aula

    Como voc j sabe se localizar e dar a localizao de objetos ou pessoas pelas Direes cardeais e colaterais poder, agora, passar para uma prtica de localizao mais exata, pelas distncias, que a localizao pelas Coordenadas Geogrficas.

    Comece primeiro, com a localizao na sala de aula com um sistema de coordenadas mais simples. Analise o desenho da sala de aula na pgina ao lado. Verifique que o aluno A est

    sentado na carteira da segunda coluna a direita da linha AZUL, cruzando com a terceira fileira acima da linha VERMELHA.

    O que voc acha de experimentar esse exerccio na sua sala de aula com os seus amigos. Conte com o apoio do

    professor!

  • 17

    Localizao pelas Coordenadas Geogrficas no GLOBO e no MAPA

    Tanto no globo quanto no mapa so traadas linhas horizontais e verticais imaginrias, que servem para localizar com exatido um determinado ponto na superfcie da Terra. Estas linhas so os Paralelos e os Meridianos.

    Os Paralelos, por sua vez, so crculos, tambm imaginrios, porm com tamanhos diferentes que circundam a Terra. O Equador o paralelo principal (00 zero grau) e, qualquer linha acima dele tem Latitude Norte; se abaixo do Equador, tem Latitude Sul. Os paralelos variam de 0 a 90 graus.

    Paralelos

    O meridiano de Greenwich o principal (00 zero grau). Assim, qualquer linha a oeste de Greenwich tem Longitude Oeste; se a leste de Greenwich tem Longitude Leste. Os meridianos variam de 0 a 180 graus.

    Meridianos

  • 18

    Veja como fica a localizao pelas Coordenadas Geogrficas no GLOBO que uma miniatura da Terra e, no MAPA. Tanto no GLOBO quanto no MAPA, o navio se

    localiza a 60 graus de longitude a OESTE de Greenwich e a 30 graus de latitude NORTE.

    Coordenadas Geogrficas no Globo

  • 19

    Coordenadas Geogrficas no Mapa

  • 20

    A REPRESENTAO DA REALIDADE ESPACIAL PASSO A PASSO

    VISO FRONTAL, OBLQUA E VERTICAL

    No seu dia a dia, voc at pode no perceber, mas uma

    mesma paisagem pode ser vista de trs maneiras diferentes: na viso frontal, na viso oblqua e na viso vertical, conforme a figura abaixo.

    Voc ir notar que a representao em mapa ser sempre resultante de uma viso vertical.

  • 21

    CONSTRUO DO SMBOLO Para fazer mapas so necessrios smbolos. Veja como

    faz-los para os trs objetos que esto na paisagem a seguir: rvore, caminho, casa. Primeiro desenha-se cada objeto na viso frontal, isto , visto de frente.

    Depois se desenha imaginando-o como seria visto de cima. Por ltimo, basta simplificar o desenho. Este o smbolo. Os smbolos so elaborados na viso vertical, e nos mapas aparecem sob a forma de pontos (cidades), linhas (estradas) e reas (casas).

    Os smbolos esto prontos. Eles sero organizados na

    LEGENDA, colocando-se ao lado de cada um, o respectivo significado. Agora os smbolos vo fazer parte dos mapas para mostrar como a realidade espacial se apresenta.

  • 22

    ORIENTAO E COORDENADAS GEOGRFICAS DA REPRESENTAO ESPACIAL

    Na figura 1, voc observa uma paisagem litornea, em viso oblqua, orientada com a Rosa dos ventos. A figura 2 apresenta a viso vertical da mesma paisagem, que uma representao em mapa orientada. Nesta figura, nota-se que o

    mar encontra-se na direo Leste, enquanto que as palmeiras prximas habitao esto na direo Norte.

    Na figura 3 esto destacados o Trpico de Capricrnio, que um paralelo ao Sul do Equador, alm das Coordenadas Geogrficas de duas extremidades da representao em mapa.

  • 23

    A ESCALA DA REPRESENTAO DA REALIDADE ESPACIAL

    Escala a relao entre as dimenses dos elementos representados no mapa e as correspondentes dimenses reais no terreno. A escala da representao pode ser uma ESCALA GRANDE (de detalhe) ou uma ESCALA PEQUENA (de conjunto). Voc tambm pode entender as escalas a partir de fotografias.

    Na figura 1 voc tem uma imagem detalhada do rosto de uma garotinha. O mesmo raciocnio deve ser transposto para um mapa de escala grande ou de detalhe, como na figura 1.1 que

    mostra, em detalhe, os arruamentos do bairro den de Sorocaba-SP.

    Outra foto da garotinha (figura 2), porm, focalizando o corpo inteiro, fornece uma imagem com poucos detalhes, porm, de conjunto, O mesmo raciocnio deve ser transposto para um mapa de escala pequena. O mapa mostra o municpio de Sorocaba inteiro com todos os seus bairros (figura 2.1).

  • 24

    A PROJEO DA REPRESENTAO DA REALIDADE ESPACIAL

    A representao mais fiel da terra o GLOBO. O globo um modelo da Terra em miniatura. Entretanto, no se pode ver de uma nica vez todos os continentes, oceanos e mares, sendo necessrio girar o globo para isso. H outra forma de representar a superfcie da Terra: o planisfrio que a representao do globo terrestre no plano. Assim, mais fcil estudar os continentes, os oceanos e mares usando o

    planisfrio. Mas, voc tambm deve entender que a passagem do GLOBO para o PLANO sempre trar distores.

    Uma forma de entender porque acontecem essas distores, seria desenhar os continentes na casca de uma mexerica (1) em seguida tirar a casca dela o mais inteira possvel (2), e por fim, planific-la em uma folha de papel (3), conforme figuras abaixo. Feito isso voc perceber as distores desse processo.

    1 2

    3

    Representao dos continentes na casca de uma mexerica. Planificao da casca revelando as distores ocorridas no processo.

  • 25

    Para minimizar o problema das distores dos mapas, usam-se projees adequadas.

    Projeo o procedimento que permite passar da superfcie esfrica da Terra para a superfcie plana do mapa,

    minimizando distores, que resulta num traado de linhas (paralelos e meridianos) numa superfcie plana.

    H vrios tipos de projees. Ao lado voc tem um planisfrio na projeo cilndrica como um exemplo.

  • 26

    A LINGUAGEM DA REPRESENTAO GRFICA DA REALIDADE ESPACIAL

    A linguagem da representao grfica tem por tarefa transcrever as relaes de Diversidade (), Ordem(O) e Proporo (Q) que se observa entre objetos, fatos e fenmenos da realidade espacial por relaes visuais de mesma natureza. Para realizar esta tarefa, usa variveis visuais adequadas para tal transcrio.

  • 27

    OS ELEMENTOS DO MAPA Para finalizar, seu ingresso no atlas, na figura a seguir voc pode verificar como fica um mapa com todos os elementos

    indispensveis que devem comp-lo.

  • 28

    COMO SO FEITOS OS MAPAS

    A rea a ser mapeada sobrevoada por um avio em

    faixas paralelas, indo e voltando. Uma cmera fotogrfica

    especial afixada no assoalho do avio e, por um furo no qual

    se encaixa a objetiva, que tira fotografias em sequncia.

    Cada fotografia deve sobrepor-se por uma parte anterior,

    pois ser essa sobreposio em pares de fotografias que

    possibilitaro a viso tridimensional, dita viso estereoscpica,

    de par em par de toda a rea a ser coberta.

    Para se chegar ao traado do mapa um tcnico executa o

    que se chama restituio, isto , observa e interpreta a imagem

    em trs dimenses para chegar ao mapa.

    Hoje todo o procedimento usa tecnologia digital, portanto

    as fotografias tambm so digitais, podendo assim ir para um

    computador preparado para tanto, onde na tela o tcnico

    observa a dupla de fotografias em trs dimenses com o auxlio

    de um par de culos especial e com o mouse vai traando os

    detalhes da rea de interesse. Assim, uma ortofoto ou

    ortofotografia obtida atravs de um conjunto de fotos areas

    corrigidas digitalmente.

    Vai, assim, elaborando o mapa que fica arquivado na

    memria do computador, podendo-se em seguida solicitar que o

    imprima numa folha de papel.

    Ortofoto ou ortografia de uma rea urbana de Sorocaba-SP. Fonte:

    WWW.geourbe.com.br

  • 29

  • 30

    AS NOVAS TECNOLOGIAS

  • 31

  • 32

  • 33

    2 SOROCABA: O LUGAR E O GLOBAL

  • 34

    DO LUGAR PARA O MUNDO E DO MUNDO PARA O LUGAR

    O municpio de Sorocaba pertence ao Estado de So

    Paulo, que por sua vez, um dos Estados do Brasil. O Brasil um dos pases do continente americano, que corresponde a um dos seis continentes do mundo.

    O desenvolvimento de tecnologias nas reas de telecomunicaes e de transporte contribuiu para a aproximao dos lugares e nas relaes entre municpios e o mundo.

    Assim, se Sorocaba influencia seus municpios vizinhos, os mesmos tambm sofrem influncia de acontecimentos que

    ocorrem em outras partes do Brasil, ou ainda, afetada por decises tomadas por empresas de outras partes do mundo, como Alemanha ou Japo.

    Na pgina seguinte, voc observar um esquema de relaes, bem diferente do apresentado acima, sem uma sequncia linear. como as partes apresentadas se relacionam na atualidade.

  • 35

    TODAS AS PARTES DO MUNDO INTERLIGADAS

    Pelo esquema acima, voc consegue perceber que todos os lugares aqui mostrados esto interligados. Assim, por exemplo, uma agncia de turismo de um bairro de Sorocaba, para vender pacotes tursticos aos moradores de Sorocaba, possui convnios com hotis e parques temticos nos EUA.

    Por outro lado, a vinda da Toyota, que uma empresa japonesa fabricante de automveis, vai gerar um grande nmero

    de empregos e atrair muitas pessoas, provenientes de diversas partes do Brasil e do exterior, para Sorocaba. Sero construdas novas edificaes, aumentando a populao que promover novos relacionamentos.

    Assim, nos exemplos mencionados, percebe-se como estas relaes afetam o que acontece no municpio.

  • 36

    O MUNICPIO

    Sorocaba um municpio brasileiro, pertencente ao Estado de So Paulo. Por municpio, entende-se uma unidade de diviso administrativa de um Estado, que se organiza pelos poderes: Executivo, Legislativo e Judicirio.

    O Poder Executivo exercido pelo Prefeito, Vice-Prefeito que so eleitos pelo povo e seus Secretrios municipais que so escolhidos pelo prprio prefeito para compor vinte e trs secretarias: Administrao, gua e Esgoto, Cidadania, Comunicao, Cultura e Lazer, Desenvolvimento, Educao, Esporte, Finanas, Gesto de Pessoas, Governo, Habitao, Negcios Jurdicos, Juventude, Meio Ambiente, Obras, Parcerias, Planejamento e Gesto, Sade, Segurana, Solidariedade, Trabalho, Transportes.

    O atual prdio da FUNDEC, localizado na zona Central de Sorocaba, alm de ter sido um teatro construdo pelo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, foi sede da Prefeitura entre 1935 e 1981. Posteriormente, de 1981 a 2000, foi tambm sede da Cmara Municipal.

    Prdio da FUNDEC. Crdito. Marcus Glay N. Silva, 2012.

    Atualmente, tanto a Prefeitura como a Cmara Municipal localizam-se na Zona Leste de Sorocaba, tambm conhecida como Zona industrial-administrativa de Sorocaba.

    O nome do prdio que corresponde sede da Prefeitura chama-se Palcio dos Tropeiros.

    Palcio dos Tropeiros: Sede da Prefeitura de Sorocaba Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

  • 37

    O Poder Legislativo exercido pelos vereadores eleitos pelo povo e que se renem na Cmara Municipal. Seus trabalhos se organizam em 11 comisses permanentes, cujo objetivo fazer as leis do municpio e fiscalizar a administrao do prefeito.

    Cmara Municipal. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    O Poder Judicirio exercido pelos juzes que so

    responsveis pelo cumprimento das leis do municpio. Eles no concorrem s eleies, ao contrrio, so concursados. Para tanto, atuam no Foro cvel e no Foro da Justia Federal. No caso de Sorocaba, o Poder Judicirio congrega 11 cartrios, 18 delegacias e 2 centros prisionais.

    O municpio de Sorocaba situa-se no centro-sul do Estado de So Paulo e, segundo o IBGE, a localizao de sua sede identificada pelas suas coordenadas geogrficas, que so 230 30 de Latitude Sul e 470 27 de Longitude Oeste de Greenwich.

    Sorocaba um municpio do interior e, portanto, distinto daqueles que se encontram na plancie do litoral paulista.

    Com uma populao de 586.625 habitantes o quarto municpio mais populoso do interior de So Paulo. Possui uma rea de 456,0 km, sendo 349,2 km de rea urbana e 106,8 km de rea rural.

    Alm disso, um dos setenta e nove municpios que integram a Regio Administrativa de mesmo nome. a 5 cidade em desenvolvimento econmico do Estado de So Paulo, atingindo um PIB de R$ 9,5 bilhes (IBGE, 2010).

    Foro Cvel de Sorocaba.

    Fonte: http://www.imobiliariaemaximovel.com.br

  • 38

    SMBOLOS DE SOROCABA Um smbolo uma forma de representao capaz de evocar inmeros sentimentos nas pessoas. Assim, a Bandeira do Brasil evoca em cada brasileiro o sentimento de ptria. A Constituio Federal Brasileira (artigo 13, pargrafo 2.) estabelece que Os Estados, o Distrito Federal e Municpios podero ter smbolos prprios. Assim, Sorocaba tambm possui seus smbolos, o braso, a bandeira e o hino, que evocam Patriotismo e Civismo. Esses smbolos so importantes, pois ajudam a resgatar, despertar e fortalecer o sentimento de cidadania nas pessoas.

    BRASO DE ARMAS DE SOROCABA

    Criado pela lei Municipal n. 189, de 23/03/1925, modificado pela Lei Municipal n. 47, de 13 de setembro de 1948.

    O braso simboliza os feitos histricos de Sorocaba. Na parte superior, est a coroa mural com uma flor de lrio, que remete fundao da cidade sob o nome de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. O escudo com o gibo de armas, o arcabuz e um machado so uma homenagem aos bandeirantes.

    Os unicrnios representam as Feiras de Muares sorocabanas. A montanha no formato de tringulo o morro do Araoiaba, que representa a minerao brasileira, e a roda dentada, a indstria sorocabana. A frase Pro una libera patria pugnavi (do Latim, lutei pela ptria una e livre") abarca dois significados: as feiras de muares na manuteno da unidade nacional e a revoluo liberal de 1842.

    Braso de Armas de Sorocaba

  • 39

    BANDEIRA DE SOROCABA

    Assim como o Brasil e o estado de So Paulo possuem

    bandeiras, o municpio de Sorocaba tambm tem a sua.

    A bandeira do Brasil

    A bandeira do estado de So Paulo

    A Bandeira de Sorocaba foi criada pela Lei Municipal n. 358 de 22 de fevereiro de 1954. Na sua composio, a bandeira tem a forma de um retngulo dividido em diagonal pelas cores, amarelo e vermelho. O amarelo simboliza riqueza, fora e f do povo sorocabano. J o vermelho evoca a importncia das bandeiras sorocabanas que partiam em busca de riqueza. No centro dela, encontra-se o braso que voc j conhece.

    A bandeira de Sorocaba

    Bandeira de Sorocaba hasteada. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

  • 40

    HINO DE SOROCABA A cidade de Sorocaba possui seu prprio hino, como um

    dos smbolos de identificao de seus habitantes, que compartilham o mesmo espao. A letra de Benedito Cleto e o arranjo musical de Ruth Camargo Fernandes.

    O Hino retrata a sua importncia histrica e suas realizaes.

    O decreto N 2.823, de 31 de dezembro de 1976, oficializou o Hino a Sorocaba.

    I

    Saudamos-te, querida Sorocaba, Com muito jbilo e acendrado amor; desde a selva selvagem, o ndio e a taba, teus feitos cantaremos teu valor. s fraldas norte da Paranapiacaba, tu te elevas Rainha d'esplendor, e ao p do morro d'Ouro, o Araoiaba, s pioneira paulista do interior. Sorocaba, cantamos triunfantes, bravos, heris, cantamos teus pioneiros; Cidade, s filha e me de bandeirantes, com muito orgulho, a "Terra dos Tropeiros". Tu s, Sorocaba, uma das molas deste grande So Paulo glorioso, cidade do Trabalho e das Escolas, dos Liberais de brio belicoso. Com teus arranha-cus, ao alto evolas todo o ideal de um povo laborioso, e o potencial fabril que hoje controlas o signo de um Brasil mais poderoso.

    II

    Tu, Sorocaba, marchas, "pari-passu" com tuas irms, ao lado das primeiras, Marchas tu com So Paulo no compasso. J desde os ureos tempos das bandeiras. Fostes terra de pees, campees do lao; Com suas tropas, com suas famosas feiras; hoje s comrcio, indstria, torres de ao, Tudo teu sangue, nas veias brasileiras. Sorocaba, cantamos triunfantes, bravos heris, cantamos teus pioneiros; Cidade, s filha e me de bandeirantes, com muito orgulho, a "Terra dos Tropeiros". Pela alvorada, a orquestra dos apitos, O operrio marcha ao seu mister fabril e os homens da palavra e dos escritos, da cincias, em teu progresso atuantes mil; s escolas a colher frutos benditos, a juventude marcha varonil, O Saber e Labor marcham contritos, em prece a Deus, pela Ptria - Brasil

  • 41

    3 SOROCABA: SUA HISTRIA

    Fundao de Sorocaba- Quadro de Etorre Marangoni, 1951

  • 42

    LINHA DO TEMPO

  • 43

  • 44

    PR-HISTRIA SOROCABANA

    Sorocaba, antes de se tornar o municpio que atualmente, era um lugar ocupado por povos grafos (sem conhecimento da escrita). Assim, h estudos que demonstram a importncia da bacia do rio Sorocaba e do morro do Araoiaba que est prximo, e que hoje fica no municpio de Araoiaba da Serra, na formao da comunidade pr-histrica (cerca de 6 a 10 mil anos atrs) at o incio da histria da regio em questo.

    As descobertas de peas arqueolgicas forneceram indcios de que esta regio j fora habitada por grupos indgenas pertencentes aos Tupis do Tiet, Tupininquins e Guaianazes de Piratininga, Carijs dos campos de Curitiba, Guaranis e Guaianazes do Paranapanema.

    Como tantos outros povos, tais habitantes tambm passaram por diferentes fases de desenvolvimento cultural. Mesmo sem o conhecimento da escrita, eles deixaram a sua marca registrada em objetos feitos de pedra ou cermica encontrados, na maioria das vezes, de forma ocasional, dando incio assim formao de stios arqueolgicos.

    Um stio arqueolgico pode ser classificado em: Ltico (onde predominam achados feitos de pedra), Cermico (quando as peas encontradas foram feitas de cermica) e Histrico (quando objetos descobertos revelam o domnio da escrita por um povo). Neles a pesquisa e a coleta de dados ajudam a conhecer e entender um pouco mais da histria de povos que habitaram um determinado lugar, em um dado momento.

    STIOS ARQUEOLGICOS LTICOS

    Do Paleoltico ou Idade da Pedra Lascada, perodo que compreende 2,5 milhes a 10 mil anos atrs, foram encontradas pontas de lanas e de flechas confeccionadas com slex. Tais

    peas arqueolgicas eram empregadas na caa e pesca, por isso esto localizadas prximas aos rios e matas.

    No Neoltico ou Idade da Pedra Polida (entre 10 a 3 mil anos atrs) houve o aperfeioamento da tcnica de confeccionar objetos com diferentes tipos de rochas. Dentre esses objetos, os mais conhecidos so os machados de pedra (pedras de raio), mos de pilo, raspadeiras e mesmo furadeiras. Esses objetos so tambm encontrados prximos aos rios e crregos indicados como locais de caa. Veja figura abaixo.

    Pontas de flechas do perodo Paleoltico e machados do perodo Neoltico.

  • 45

    STIOS ARQUEOLGICOS CERMICOS EM SOROCABA

    Artefatos produzidos com barro, como igaabas ou urnas funerrias, bem como objetos de uso domstico como gamelas e panelas de barro, foram encontrados por toda regio de Sorocaba.

    As tcnicas utilizadas na ornamentao dessas peas revelam a prpria evoluo cultural da tribo que a confeccionou. Dentre estas tcnicas, podem ser citadas a corrugada (enrugada), ungulada, lisa ou pintada com desenhos geomtricos, servindo-se de matrias primas retiradas da natureza, como tintas e resinas, conforme figura abaixo.

    As igaabas, ao contrrio das pontas de lanas, ajudam na identificao e localizao dos cemitrios e, por consequncia, das prprias aldeias, uma vez que os ndios colocavam os seus mortos dentro das igaabas e os sepultavam em qualquer lugar da aldeia, inclusive dentro de suas prprias ocas. Abaixo voc tem figuras ilustrativas de igaabas.

    Em alguns bairros sorocabanos, foram encontradas vrias igaabas. Esses achados permitem concluir, segundo Wanderson Esquerdo, que as aldeias na atual rea urbana de Sorocaba, no geral, concentravam-se no Cerrado, no Mineiro, Jardim Santa Mnica, Parque das Laranjeiras, Parque So Bento, Caguau e no den.

    H indcios, tambm, de que houve uma ocupao indgena intensa entre o Mosteiro de So Bento e a praa Dr. Arthur Farjado.

    Com a abertura da ligao entre as rodovias Raposo Tavares e a Senador Jos Ermrio de Moraes (Castelinho), em Aparecidinha foram achadas urnas funerrias indgenas.

    Vrias aldeias rodeavam o morro do Araoiaba que servia como referncia geogrfica passagem do Peabiru (trilhas indgenas), terras que hoje fazem parte dos municpios: Araoiaba da Serra (centro e bairro do Cercado), Capela do Alto (bairro do Porto), Sarapu, Tatu e Iper (centro e bairro do Corumb).

    Igaabas ou urnas funerrias encontradas em Capela do Alto, Sorocaba e Araoiaba da Serra.

  • 46

    PEABIRU: O CAMINHO PARA A MONTANHA DO SOL

    A expresso Peabiru proveniente da lngua tupi. O prefixo Pe significa caminho e abiru refere-se a gramado amassado. Desta forma, esse termo indgena refere-se s antigas trilhas indgenas. Tais trilhas favoreciam o deslocamento de ndios que viam do Peru, atravessavam a Bolvia, o Paraguai at chegar ao Brasil. Esta era, de fato, a via terrestre ou o caminho transul-americano para a ligao entre os Oceanos Pacfico e Atlntico.

    Em territrio brasileiro essa trilha era composta por outras, sendo que a mais importante era a que passava por Itarar, Itapeva, Itapetininga, Sorocaba, Piratininga e So Vicente, no litoral paulista.

    A chegada dos Portugueses no litoral de So Vicente, em 1532, fez com que povos indgenas que ali viviam, se refugiassem cada vez mais para o interior do Brasil, pois os bandeirantes paulistas viam nesse povo o comrcio de mo de obra escrava para a produo canavieira no nordeste do Brasil.

    Na regio de Sorocaba os bandeirantes se beneficiaram dessas trilhas indgenas milenares, que foram depois alargadas e usadas para se alcanar as misses jesuticas do Sul, cujo objetivo era o aprisionamento de ndios catequizados por jesutas.

    Tempos depois, tropeiros tambm se serviram dessas trilhas, com suas tropas de muares que vinham do sul e que seriam conduzidas para Minas Gerais. Mas tarde, a antiga Estrada de Ferro sorocabana, no trecho que liga Iper a Itarar, tambm se aproveitou destas trilhas como rota.

    Algumas dessas trilhas do peabiru tambm foram aproveitadas no traado das vias da rea urbana de Sorocaba e acabaram transformando-se em ruas, como a Padre Madureira e a Avenida So Paulo, dentre outras.

    Abaixo voc tem um mapa que mostra a trilha do Peabiru

    conhecida tambm como o caminho para a Montanha do Sol.

    A trilha do Peabiru O caminho para a Montanha do Sol.

  • 47

    PRESENA DO HOMEM BRANCO

    A primeira presena do homem branco na regio de Sorocaba est atrelada explorao de ferro do Morro do Araoiaba (ou de Ipanema), na regio da Fazenda Ipanema, no atual municpio de Iper.

    Um bandeirante portugus chamado Afonso Sardinha, conhecido como o velho, e seu filho, paulista e mameluco, Afonso Sardinha, o moo, entre os anos de 1589 e 1592, seguindo a trilha indgena (Peabiru), procuravam ouro no Morro do Araoiaba.

    Nesse morro, eles encontraram ouro em quantidade insuficiente, mas que se compensava qualquer sacrifcio. Encontraram tambm minrio de ferro (magnetita) e xido de ferro em abundncia e de fcil explorao, no vale do rio das Furnas. Assim, os Sardinhas construram dois fornos pequenos estilo catalo, porm, estes no tinham capacidade para transformar o ferro completamente do estado slido para lquido. No entanto, este podia ser trabalhado. Essa atividade acabou atraindo mais pessoas, dando incio, assim, criao de um povoado.

    Sem dvida a descoberta de minrio de ferro no Morro do Araoiaba foi importante e chamou a ateno do Governador Geral Dom Francisco de Souza, que para l se deslocou e constatou a possibilidade de produo de ferro, sendo na oportunidade presenteado pelos Sardinhas com um dos fornos. Com a finalidade especfica de minerao ferrfera o Governador Geral erigiu a povoao condio de Vila de Nossa Senhora do Monte Serrat. Entretanto, a euforia durou pouco, pois apesar de intensas tentativas de explorao do minrio de ferro, sua produo no trouxe os resultados esperados. De forma que estes mineiros resolveram abandonar a vila e o local de explorao, trocando-o por outro na regio do Itavuvu.

    Contudo, em 1810, o morro do Araoiaba voltou a atrair a ateno. Assim, nesse ano foi fundada a Real Fbrica de Ferro de So Joo de Ipanema, sob a direo de Frederico Guilherme de Varnhagen.

    Assim, os dois fornos arcaicos dos Sardinhas e a Real

    Fbrica de Ferro configuraram o pioneirismo da siderurgia na Amrica Latina. Tais fatos marcaram tambm o incio da formao de algumas cidades da regio de Sorocaba, como Tatu e Iper.

    Runas dos fornos catales dos Sardinhas no Morro do Araoiaba. Fotos: Os caminhantes.

  • 48

    BANDEIRISMO

    Por Bandeirismo, entende-se o perodo histrico marcado por expedies desbravadoras, ocorridas entre os sculos XVI e XVII, partindo principalmente da Capitania de So Vicente para diversas regies do atual territrio brasileiro, como o Sul, Norte, Oeste e Noroeste.

    Os bandeirantes eram, de fato, exploradores obstinados que adentravam territrios desconhecidos em busca de riquezas, sendo que suas expedies aumentaram consideravelmente a extenso do espao geogrfico do Brasil.

    Dedicavam-se em especial caa de nativos indgenas (arcos). A caa aos ndios se destinava apropriao e explorao de mo-de-obra escrava, visando aproveit-la para o trabalho nas lavouras ou mesmo como guerreiros, para a defesa das terras conquistadas. Interessavam-se, tambm, por encontrar riquezas minerais, tais como ouro e pedras preciosas. Assim, com estes objetivos, partiam de So Paulo vrias bandeiras (grupos de bandeirantes) que acabaram contribuindo para a formao de povoados que, com o passar do tempo, se transformaram em cidades.

    Baltazar Fernandes foi um bandeirante que saiu de Santana de Parnaba e fundou Sorocaba em 1654. Tempos aps a formao de Sorocaba, tambm partiram novas bandeiras, em direo ao Norte e Noroeste do Brasil, como a de Pascoal Moreira Cabral, que acabou fundando um povoado que tempos depois, configurou-se como Cuiab, em 1719.

    Em frente ao Mosteiro So Bento voc encontra um monumento em homenagem a Baltazar Fernandes.

    Monumento em homenagem Baltazar Fernandes fundador de Sorocaba. Crditos: Marcus Glay N. S., 2012.

  • 49

    AS BANDEIRAS

    As bandeiras brasileiras eram formadas por portugueses e seus familiares, como filho, irmo, genro, tio, sobrinho. Eram compostas tambm por ferreiro, escrivo, boticrio, seleiro e armeiro. As esposas e filhas ficavam na Vila e assumiam todas as tarefas necessrias para a sua manuteno. A importncia dessas bandeiras estava em especial na caa ao ndio para servir de mo de obra escrava, bem como na busca por minerais preciosos, dando a Portugal uma nova fonte de recurso, o ouro, que ajudou a superar a crise do acar. A durao dessas

    expedies era de anos e resultaram numa intensa explorao do interior da colnia, desrespeitando, inclusive, o Tratado de Tordesilhas.

    Antnio Raposo Tavares considerado um dos bandeirantes mais reconhecidos, pois entre 1648 e 1651, cumprindo ordens do governo portugus, realizou vrias expedies. No mapa a seguir, voc pode observar as principais Bandeiras que partiam de So Paulo e Sorocaba, rumo ao Norte e Noroeste do Brasil.

    Mapa das Bandeiras Sc. XVII e XVIII

  • 50

    DO POVOADO AO MUNICPIO

    Na regio atualmente ocupada pelo municpio de

    Sorocaba, houve dois povoados que no prosperaram. O primeiro povoado foi denominado Vila de Nossa

    Senhora do Monte Serrat e foi fundado em 1599 aproximadamente. Esse povoado localizava-se no morro de Araoiaba (situado no atual municpio de Araoiaba da Serra, atualmente denominado Morro Ipanema). A sua fundao ocorreu para viabilizar a busca por ouro e em especial a produo do ferro em suas terras. Como o ouro no foi encontrado e a produo do ferro no era satisfatria, a vila entrou em decadncia e seus habitantes mudaram-se para a regio de Itapebou ou Itavuvu, dando incio a um segundo povoado. Este segundo povoado foi chamado de Vila de So Filipe, em homenagem ao rei espanhol Filipe que tambm foi rei de Portugal (1580-1640). Esta vila, fundada em 1611, tambm teve vida curta.

    Em 1654, um bandeirante, j citado, conhecido como capito Baltazar Fernandes, fundou o povoado de Sorocaba. Para tanto, ele trouxe consigo a sua famlia de Santana de Parnaba, 400 arcos (escravos indgenas), gado e animais domsticos. Construiu a sua casa s margens do crrego Lajeado, alm de uma ponte sobre o rio Sorocaba que permitia o acesso ao oeste de So Paulo. Foi responsvel pela construo, no alto da colina, da hoje Igreja de Santa Ana junto ao Mosteiro So Bento, na poca dedicada a Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.

    Todas essas aes foram essenciais para a formao do municpio de Sorocaba, no sentido de concentrar a populao, antes esparsa por toda regio, ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.

    Em 3 de maro de 1661, o povoado foi elevado a categoria de vila, passando a se chamar de Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Quando isso aconteceu, foi possvel se instalar a primeira Cmara (a qual competia dirigir os destinos da vila) e a elevao do pelourinho (smbolo de autoridade e justia) sendo ocasionalmente tambm utilizado para castigar escravos e criminosos, que eram expostos para a repulso pblica. Em 05 de fevereiro de 1842, Sorocaba era elevada a condio de Cidade e em 30 de maro de 1871, Sorocaba torna-se uma comarca e, somente a partir de 1889, aps a instaurao da Repblica, a denominao vila substituda por municpio.

    Representao ilustrativa da Fundao de Sorocaba. Quadro de Ettore Marangoni 1951.

  • 51

    TROPEIRISMO

    O tropeirismo uma atividade econmica, social e cultural que predominou na regio centro-sul do Brasil, por volta do final do sculo XVIII. Essa atividade emergiu aps o bandeirismo e coexistiu com os perodos da minerao, do acar e do caf que aconteceram em quase todas as regies brasileiras.

    Assim, o Tropeirismo o resultado da transformao do perodo que o precedeu, o bandeirismo. Naquela poca, sc. XVII e XVIII, os bandeirantes direcionavam suas expedies na busca de ndios, minerais preciosos, culminando com a descoberta de ouro na regio das Minas Gerais. Consequentemente, esta corrida em direo s minas provocou inmeros problemas para os sertanistas, tais como, a violncia, a dificuldade de transporte e escassez de alimentos e animais Para agravar ainda mais esta situao, havia o impedimento da Metrpole de se criarem animais e de serem estabelecidas lavouras naquela rea.

    Assim, tornou-se primordial garantir o abastecimento dos mineradores por meio do transporte de mercadorias, bem como a conduo do ouro extrado para o Rio de Janeiro. Num primeiro momento, a soluo encontrada foi o uso de carregadores humanos, que se alugavam por 16 a 20 mil ris, gastando de trs a quatro meses por viagem. Alm destes, se utilizavam tambm escravos negros ou indgenas.

    Contudo, este meio de transporte revelou-se ineficiente e passou-se a considerar o emprego de animais mais adequado para a tarefa: as mulas. No Sul do Brasil, desde que as Misses Jesuticas foram destrudas, existia uma grande quantidade de animais, gado vacum, muar e cavalar, que viviam soltos nas pradarias. Essa regio, pelas suas prprias peculiaridades, era uma rea criatria natural. Assim, para realizar tanto o

    transporte destes animais do Sul para as minas, bem como para o comrcio de mercadorias, surgiu a figura do Tropeiro.

    Tropa de mulas.

    Em todas as rotas utilizadas pelas tropas, no caminho do Sul para o Centro do Brasil, passava - se obrigatoriamente por Sorocaba. A posio estratgica de Sorocaba, situada na borda da Depresso Perifrica Paulista, na Linha de Quedas Apalachianas (ABSABER, 1954), e a existncia de uma grande ponte sobre o rio Sorocaba favoreceu a este lugar o estabelecimento da cobrana de impostos o direito de passagem, alm desse lugar se ter tornado a sede da Feira de Muares.

    A passagem das primeiras tropas de muares pelas ruas de Sorocaba foi em 1733. Elas foram conduzidas pelo coronel gacho Cristvo Pereira de Abreu, sendo um dos fundadores do Rio Grande do Sul.

  • 52

    ROTAS DOS TROPEIROS - O caminho para o sul

  • 53

    ROTA DOS TROPEIROS Nas ruas de Sorocaba (1750-1897)

    Atualmente, acontece em Sorocaba a Semana do

    Tropeiro. Assim, todos os anos, no ms de maio, inmeras Tropas de Muares desfilam pelo antigo Caminho das Tropas como uma maneira de preservar a tradio tropeira na sociedade sorocabana. Esse evento acompanhado por exposies, palestras, oficinas, missas, shows e etc. e atrai descendentes cavaleiros, muleiros e criadores de Sorocaba, Itapetininga e regio.

    Semana do Tropeiro 2012. Crdito: a autora, 2012.

    Entretanto, entre 1750 e 1897 as tropas de muares vinham

    por Itapetininga, Alambari, Capela do Alto, Araoiaba da Serra (Campo Largo de Sorocaba) e chegavam a Sorocaba pelo Oeste entrando pelo bairro do Ipatinga, atravessando a regio do Cerrado. Aps a negociao das tropas (compra e venda de muares) na feira sorocabana, estas cruzavam a cidade de

    Sorocaba, seguindo uma rota que ficou conhecida como o Caminho das Tropas, conforme ilustrao ao lado.

    Este caminho era constitudo pela Avenida General Carneiro (antiga estrada do Sul), Praa 9 de Julho (Largo das tropas), Avenida Moreira Csar, Ruas da Penha, 13 de Maio, So Bento e 15 de Novembro. Mais tarde, este caminho foi alterado em conformidade com a expanso urbana, de forma que outras ruas tambm serviram para a conduo dos muares, como as ruas 7 de Setembro, Largo do Mercado e ruas lvaro Soares, Monsenhor Joo Soares.

    Por fim, as tropas de muares passavam pelo Registro de Animais para pagar ou conferir os impostos (na ponte Francisco Dellosso) e seguiam pela Avenida So Paulo, Rua Padre Madureira, Avenida Carlos Reinaldo Mendes, Avenida trs de Maro, Estrada de Aparecidinha em direo a So Paulo.

    O Caminho das Tropas nas ruas de Sorocaba. Crdito: Elizabeth S. Machado-Hess, 2012.

  • 54

    AS FEIRAS DE MUARES E O ARTESANATO Sorocaba ficou conhecida como terra de tropeiros por

    causa das Feiras de Muares que se iniciaram com a passagem das primeiras tropas pelas ruas de Sorocaba, em 1733.

    O termo tropeiro vai desde o capitalista negociante ou financiador at o peo condutor da manada, ou seja, todo aquele que se envolve nos negcios com animais. Assim, os tropeiros viajavam para o sul do Brasil para comprar tropas xucras e arreadas de mulas e burros para serem negociadas nessas feiras, que duravam o ano todo, sendo que as mais importantes aconteciam nos meses de abril e maio. Essas feiras recebiam muitos visitantes e compradores de muares de todas as partes do Brasil.

    Feira de Muares em Sorocaba. Fonte: Getlio Delphim. Fonte: http://www.limacoelho.jor.br

    As tropas de muares eram compostas pela tropa xucra e tropa arreada, cada uma tendo o seu devido valor comercial. A tropa xucra era formada por mulas e burros que ainda no eram domados. J a tropa arreada era composta por animais j domados que transportavam vrios tipos de cargas, como feijo, acar, sal, cartas, encomendas, novidades etc.

    Feira de Muares em Sorocaba. Fonte: Getlio Delphim. Fonte: http://www.limacoelho.jor.br

    Assim, as tropas arreadas em relao s xucras, possuam

    um valor no mercado maior. Mas, as feiras iam alm da compra e venda de muares. Em meio a ela, tinha-se o artesanato, mascates, fabricantes de arreios, ourives especializados em prata, teatro, cantores, jogadores e etc. que atraam famlias ricas de todas as partes do Brasil.

    http://www.limacoelho.jor.br/http://www.limacoelho.jor.br/

  • 55

    Em especial, o artesanato sorocabano tambm teve a sua importncia econmica e cultural para a cidade. O trabalho com metais, como o das famosas facas e faces sorocabanos, arreios e objetos decorativos (apliques de prata com que se enfeitavam os cavalos e outros animais), bem como o artesanato em couro como, selas, arreios e botas tiveram a sua importncia econmica para a sua populao, sem falar nas famosas redes sorocabanas tecidas por rendeiras.

    O sucesso dessa feira foi notvel de forma que Gomes Freire de Andrade, ento Governador do Rio de Janeiro com jurisdio em So Paulo, criou o registro de animais por volta de 1750. Localizava-se aps a passagem da ponte Francisco Dellosso sobre o Rio Sorocaba, que funcionava como uma espcie de pedgio, cobrando para a passagem de tropas xucras ou arreadas, rumo a So Paulo. De 1750 a 1850 afirma-se o perodo ureo do tropeirismo.

    O comrcio de muares e equinos trazidos do sul persistiram at meados do sculo XX. Embora, ainda hoje essa atividade acontea em vrias regies do Brasil.

    Os muares vendidos nessas feiras sorocabanas eram destinados a se constiturem como meio de transporte, pois sem os muares, as pessoas eram obrigadas a viajar caminhando, e suas bagagens ou cargas eram transportadas por escravos ndios e negros a p. Os carros, nibus ou caminhes vieram bem depois (1920-1950). Alm do que, as poucas cidades existentes eram distantes e de difcil acesso.

    Essas viagens eram longas e duravam cerca de trs meses, de maneira que os tropeiros precisavam parar em locais estratgicos denominados pousos que serviam para descanso, alimentao e sono. Por fim, muitos desses pousos progrediram e transformaram-se em vilas, depois em cidades, como Itapetininga, Alambari, Registro, Cerquilho, Araoiaba da Serra etc.

    Em fins do sculo XIX, as feiras de muares foram aos poucos perdendo a sua importncia, sendo que a ltima aconteceu em 1897. Vrios fatores contriburam para isso, como a implantao das ferrovias (1875) e, mais tarde, a chegada dos caminhes. Porm, o comrcio de muares e equinos trazidos do Sul persistiram at meados do sculo vinte.

    O tropeirismo e suas feiras deixaram sua marca registrada na histria, cultura e economia sorocabana. Lembrando que boa parte do Capital gerado pelas feiras viabilizou o surgimento das primeiras fbricas de seda e algodo em Sorocaba.

    Tropeiros e ao fundo a ponte Francisco Dellosso. Fotoreproduo: Emdio Marques.

  • 56

    CULINRIA E FOLCLORE A cultura sorocabana tambm marcada pela influncia do

    Tropeirismo. Em suas constantes viagens, os tropeiros sorocabanos, paranaenses, catarinenses, gachos e castelhanos no s ajudaram na integrao da Regio Sul com as demais regies brasileiras, como tambm acabaram levando e trazendo costumes de uma regio para outra.

    Culinria. As condies de vida dos tropeiros durante as

    suas viagens favoreceram o desenvolvimento de uma culinria marcada pela criatividade e necessidade. Assim, em suas viagens eles levavam alimentos no-perecveis como: feijo, milho, farinha de mandioca, carne de porco, boi ou vaca, sal, p de caf, acar mascavo dentre outros. Desses ingredientes surgiram pratos que o Brasil inteiro saboreia ainda hoje, como: feijo tropeiro, arroz carreteiro e o arroz com frango.

    Culinria tpica dos tropeiros. http://cidadesdobrasil.com.br

    Entende-se o Folclore como sabedoria do povo que se

    transmite de gerao em gerao. Dentre as principais manifestaes folclricas ligadas ao Tropeirismo se tem:

    O Fandango uma dana de desafio de origem

    espanhola, acompanhada pela viola, praticada por tropeiros que trajavam chapus, lenos amarrados no pescoo e botas com chilenas (esporas com rosetas de metal). Assim, eles sapateavam, batiam palmas e demonstravam grandes habilidades e ritmos ao acompanharem o som da viola com o das rosetas de metal e com as palmas.

    J o Cururu um desafio cantado, improvisado e religioso que busca louvar, pedir e agradecer aos santos. Cada participante servindo-se de rimas cria provocaes e respostas cantadas que devem ser seguidas pelo concorrente. As rimas mais usadas eram as de So Joo, terminadas em o, do sagrado terminado em ado dentre outras. Surgiu na poca dos bandeirantes e predominou na regio Sul-Paulista.

    Cana Verde parecida com o Cururu, pois um desafio improvisado e cantado, sendo que as estrofes so curtas, exigem agilidade e criatividade para cada refro.

    A Moda de Viola, segundo alguns estudiosos da rea, tem a sua origem em Sorocaba, Tiet e Botucatu. Busca atravs do canto, relatar uma histria com detalhes. Foi bem aceita em boa parte do Brasil, principalmente em Minas Gerais, Mato Grosso, Gois e Paran.

    Provrbios e expresses do tropeirismo tambm fazem parte da cultura do povo sorocabano, tendo grande aceitao em outras regies. Dentre os mais conhecidos temos: Teimoso como uma mula, ou seja, uma pessoa difcil de lidar. Estar com o burro na sombra, isto , estar tranquilo, com sucesso.

    http://cidadesdobrasil.com.br/

  • 57

    LIBERALISMO

    O Brasil imprio, no sculo XIX, em termos gerais, contava com o Partido Liberal que defendia a substituio da mo de obra escrava pela assalariada, fortalecimento do mercado interno e o desenvolvimento da indstria. Por outro lado, o Partido Conservador que desejava manter a mo de obra escrava, uma economia centrada na monocultura de exportao (acar e caf).

    Disputas polticas entre Liberais e Conservadores culminaram na Revoluo Liberal de 1842. Liberais das duas mais importantes provncias do Imprio: So Paulo e Minas Gerais iniciaram um movimento armado articulado contra a ascenso do poder do Partido Conservador. Em So Paulo, a Revolta Liberal iniciou-se na cidade de Sorocaba, tendo como seus principais lderes o ex-regente Diogo Antnio Feij e o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, seus principais lderes. Assim, Sorocaba, mesmo aceitando a legitimidade do poder de Dom Pedro II, tornou-se o cenrio da sedio liberal de 1842.

    Sorocaba formou uma coluna de 1500 homens para compor a Coluna Libertadora. Outras cidades paulistas influenciadas por Sorocaba, tambm tiveram a sua participao, como: Taubat, Pindamonhangaba, Lorena e Silveira.

    Em Minas Gerais, essa revoluo foi liderada por Jos Feliciano Pinto, futuro Baro de Cocais, Cnego Marinho, Tefilo Otoni dentre outros. A revolta estourou em Barbacena. Os motivos foram os mesmos que determinaram a revolta em Sorocaba.

    Os liberais de So Paulo foram derrotados por Lus Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, antes mesmo da

    marcha planejada sobre So Paulo. Os mineiros foram tambm, posteriormente, derrotados em agosto de 1842. Com a volta dos liberais ao poder em 1844, os lderes envolvidos na Revoluo de 1842 foram anistiados.

    Abaixo voc observa um monumento erguido em homenagem Revolta Liberal que contou com a fora de Sorocabanos. Assim, na praa Arthur Farjado, a esttua do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e os canhes relembram fatos importantes da histria de Sorocaba.

    Canhes da Praa Arthur Fajardo. Crditos: Marcus Glay. N. Silva, 2012.

  • 58

    FERROVIA

    As indstrias txteis da Inglaterra sofreram com a escassez de algodo, uma vez que os Estados Unidos, seu principal fornecedor, encontrava-se em guerra civil (Guerra de Secesso, 1861-1865). Assim, os ingleses buscavam pelo suprimento de algodo oriundo de outras regies. Uma destas regies foi Sorocaba, que teve uma tima colheita de algodo herbceo em 1864 e que, desde 1851, j contava com um descaroador.

    Com o crescimento da produo de algodo, alm da necessidade de seu transporte a So Paulo, surgiu um movimento, liderado por Luiz Matheus Maylasky, de origem hngara, em favor de uma estrada de ferro, que ligasse So Paulo Imperial Fbrica de Ferro de S. Joo do Ipanema, passando por Sorocaba e So Roque. Abaixo voc tem uma imagem representativa da construo da Estrada de Ferro Sorocabana.

    Foto da Tela a leo de Ettore Marangoni para ilustrar a liderana de Luiz Matheus Maylasky na construo da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1872.

    Deve-se enfatizar que a implantao da Estrada de Ferro Sorocabana foi uma iniciativa privada, isto , que contou apenas com capital particular. Em 10 de julho de 1875, foi inaugurada a estrada de ferro Sorocabana que, para o transporte de carga, contava com 6 locomotivas e 62 vages.

    Na ilustrao abaixo voc tem a Estao Sorocabana em 1909.

    Estao Sorocabana 1909. Fonte: http://www.migalhas.com.br Posteriormente, a ferrovia perdeu sua importncia por

    conta das polticas governamentais que incentivaram, predominantemente, investimentos na indstria automobilstica, priorizando as rodovias. Com o passar do tempo passou por diferentes controles acionrios, desde o governo federal, estadual (FEPASA), at a atual iniciativa privada.

    http://www.migalhas.com.br/

  • 59

    INDUSTRIALIZAO

    O conjunto arquitetnico das fbricas Nossa Senhora da Ponte (1882), na Avenida Afonso Vergueiro e a Santo Antnio (1913), na rua Francisco Scarpa esto localizadas ao lado do Terminal de nibus Santo Antnio e constituem o marco inicial do processo de industrializao em Sorocaba. Estas duas fbricas pertenceram ao Complexo Cian (Companhia Nacional de Estamparia). Tais fbricas contaram com conhecimento e a tcnica trazida pelos ingleses, hngaros, italianos, espanhis e outros.

    Assim, por muito tempo Sorocaba ficou conhecida como a Manchester Paulista em aluso a uma cidade industrial inglesa. Recentemente, essas duas fbricas sero reformadas para a instalao do Ptio Cian Shopping.

    Conjunto arquitetnico das fbricas Nossa Senhora da Ponte (1881) e Santo Antnio (1913). Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    A passagem do regime monrquico de governo para o republicano no Brasil colaborou com o processo de industrializao de Sorocaba. Este processo foi favorecido por dois fatos. O primeiro se deu por conta da criao da represa de Itupararanga, em 1914, que na poca era considerada a maior do Estado de So Paulo. O segundo se concretizou mediante a experincia trazida pelos imigrantes europeus.

    A partir de 1970, a cidade afetada pela poltica de descentralizao industrial de So Paulo. Assim, passam a surgir plos industriais menores, sendo Sorocaba um deles. Merece destaque especial a instalao, em 1969, da Fbrica de Aos Paulista (atual Metso Minerals), para produo de equipamentos mais pesados para minerao, indstrias de processo e de saneamento.

    Metso Minerals (antiga Fbrica de Aos Paulista).

    Paralelamente, ocorre a inaugurao da rodovia Castelo Branco, em 1968, e o fenmeno denominado triangulao, ou seja, um estreitamento nas relaes entre os municpios de Sorocaba, Campinas e So Paulo.

  • 60

    TERCEIRIZAO

    A partir da dcada de 80 do sculo XX, ocorre uma mudana significativa no perfil da cidade de Sorocaba.

    Destacam-se, nesta poca, a expanso urbana e a diversificao industrial, com as indstrias mecnicas, metalrgicas e txteis.

    Alm destes eventos, o estabelecimento da primeira universidade sorocabana (UNISO), em 1993, tambm foi de grande importncia.

    UNISO Universidade de Sorocaba.

    Este perodo tambm marcado pela grande expanso das atividades do setor tercirio, comrcio e servios.

    Claramente, se percebe a expanso do setor tercirio, pelo nmero crescente de shoppings-centers instalados na cidade, alm do aumento de postos de combustveis e agncias bancrias. Em 1970, havia apenas trs agncias bancrias, vinte e oito em 1980, noventa em 1990 e 244 em 2011.

    Prdio da antiga fbrica de tecidos Santa Roslia. Atualmente, Hipermercado Extra. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

  • 61

    PARQUE TECNOLGICO

    O municpio de Sorocaba conta com cerca de 1.800 indstrias, 14.000 estabelecimentos de comrcio e 9.000 prestadores de servio. Assim, para que o municpio continue se desenvolvendo preciso buscar, tambm, a gerao de riqueza com base no conhecimento

    Desta maneira, por iniciativa da Prefeitura Municipal, com apoio do governo do Estado de So Paulo, foi inaugurado, em 4 de junho de 2012, o Parque Tecnolgico de Sorocaba, na Zona Norte, prximo Rodovia Castelo Branco.

    O Parque Tecnolgico um organismo articulador entre universidades, escolas tcnicas e centros de pesquisas e inovao, capazes de transformar conhecimento em riqueza e atrair para a cidade investimentos de empresas voltadas alta tecnologia. Na figura abaixo, voc tem a foto do Parque Tecnolgico de Sorocaba.

    Parque Tecnolgico de Sorocaba.Crdito:Marcus G. N. Silva, 2012.

    Prximo ao Parque Tecnolgico e do Complexo Industrial da Toyota foi implantado o Parque da Biodiversidade, cujo objetivo promover desenvolvimento e preservao.

    Parque da Biodiversidade. Crdito: Marcus G. N. Silva, 2012.

    O Centro de Inovao, na av. Comendador Camilo Jlio,

    por sua vez, iniciou suas atividades em 2010, como um embrio do Parque Tecnolgico de Sorocaba, oferecendo Servios Tcnicos Especializados, Espao para Empresas, Laboratrios, centro de capacitao, com escritrios de Representao, Incubadoras de Empresas, Laboratrios de P&D, instalaes de ensino e capacitao, Condomnio Empresarial, Centro de Informao, Auditrio e Centro de convivncia.

  • 62

  • 63

    4 SOROCABA: FORMAO DO TERRITRIO

  • 64

    CAPITANIAS HEREDITRIAS

    Aps o descobrimento do Brasil, em 1500, Dom Joo III, temeroso de invases estrangeiras (ingleses, franceses e holandeses) no territrio brasileiro, decidiu colonizar o Brasil.

    A primeira medida para efetivar a colonizao no Brasil, vinda de D. Joo III (1534-1536) foi dividir o territrio brasileiro em 15 faixas de tamanhos diferentes, que partiam do litoral at a linha imaginria do Tratado de Tordesilhas.

    Essas faixas foram denominadas Capitanias Hereditrias e concedidas a doze nobres de Portugal que passaram a se chamar donatrios. Ao lado voc tem um mapa antigo de 1574 que mostra as Capitanias Hereditrias..

    A funo de cada donatrio ao receber sua capitania Hereditria era administrar, colonizar, explorar riquezas minerais e vegetais, proteger e buscar o desenvolvimento dela. Essa misso no foi fcil, pois o territrio brasileiro j era ocupado por ndios de vrias tribos que mostravam resistncia a essa nova ocupao.

    Muitas capitanias hereditrias fracassaram por vrios motivos, tais como os intensos ataques dos ndios, a falta de recursos e a prpria extenso territorial. Porm, as capitanias de Pernambuco e So Vicente prosperaram.

    Em 1549, o rei de Portugal criou um novo sistema administrativo: o Governo-Geral, cabendo ao Governador geral as funes administrativas antes atribudas aos donatrios.

    Mapa do Brasil de Luiz Teixeira (1574) com a diviso da Amrica Portuguesa em Capitanias Hereditrias

  • 65

    Aqui voc tem um mapa refeito com desenho e informaes mais claras para mostrar a diviso do Brasil em Capitanias

    Hereditrias.

  • 66

    MUNICPIOS ORIGINRIOS

    No Estado de So Paulo havia sete municpios

    originrios, isto , que no foram constitudos por diviso ou desmembramento de outros. So eles: So Vicente (1532), So Paulo (1560), Mogi das Cruzes (1611), Ubatuba (1637), Taubat (1645) e Iguape (sem data).

    Do municpio de So Paulo, desmembraram-se outros

    doze municpios: Atibaia, Barueri, Bragana Paulista, Cotia, Embu, Franco da Rocha, Guarulhos, Mairipor, Osasco, Santana de Parnaba, Santo Amaro (que no conservou a condio de municpio) e So Bernardo do Campo.

    Santana de Parnaba, por sua vez, foi a primeira Vila a se

    desmembrar de So Paulo, e foi desta Vila que o municpio de Sorocaba, em 1661, se desmembrou. No tempo da Colnia e Imprio, VILA era sinnimo de municpio.

    Assim, o municpio de Sorocaba no originrio, e a sua

    elevao de povoado a Vila foi autorizada pelo Governador-Geral das Capitanias do sul, Salvador Corra de S y Benevides, com a transferncia do Pelourinho da Vila de So Filipe do Itavuvu para Sorocaba.

    Depois da elevao de Sorocaba a Vila (1661),

    desmembraram-se diretamente do seu territrio sete municpios e, de forma indireta os demais que compem o espao inicial.

    No Brasil de hoje, para que um municpio de se

    desmembre de outro, necessrio consultar a populao que

    nele reside, isto , fazer um Plebiscito. Contudo, nos tempos coloniais, a criao de novas Vilas no obedecia a esse critrio. Esta deciso era tomada apenas pelas cmaras dos dois municpios: do novo municpio e do qual se originara.

    Um municpio desmembrado adquire a sua emancipao

    poltico-administrativa, ou seja, passa a ter autonomia para tomar certas decises, respeitando a hierarquia do Estado ao qual pertence e do prprio pas.

    Assim, o territrio inicial, Termo da Vila de Nossa Senhora

    da Ponte de Sorocaba passou por vrios desmembramentos em sua extenso original. Tais desmembramentos resultaram na criao de forma direta e indireta 222 municpios paulistas. Desde sua instalao como municpio de Sorocaba em 1842, seu territrio sofreu vrios desmembramentos.

    O ltimo municpio a se desmembrar de Sorocaba foi

    Votorantim, em 1964, com base no resultado de um plebiscito. Nas pginas que seguem, voc poder acompanhar,

    passo a passo, a evoluo do desmembramento territorial e administrativo do Termo da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.

  • 67

    EVOLUO DO DESMEMBRAMENTO TERRITORIAL E ADMINISTRATIVO DO TERMO DA VILA DE NOSSA SENHORA DA PONTE DE SOROCABA

  • 68

  • 69

  • 70

    Nota-se que neste perodo o territrio de

    Campo Largo de Sorocaba volta a pertencer ao

    municpio de Sorocaba.

  • 71

    Neste perodo, Campo Largo de

    Sorocaba deixa de pertencer ao municpio

    de Sorocaba, desmembrando-se deste e

    assumindo o nome de Campo Largo.

  • 72

    neste perodo, em 1964, que ocorre o ltimo

    desmembramento territorial e administrativo de

    Sorocaba, instalando-se assim, o municpio de

    Votorantim.

    Na pgina ao lado, tem-se o mapa atual do Municpio de

    Sorocaba, que permite observar com mais detalhes os limites territoriais

    deste municpio e a localizao dos municpios confinantes.

  • 73

  • 74

  • 75

    5 SOROCABA: GEOGRAFIA

  • 76

    POLTICO

    O municpio de Sorocaba est localizado no sudoeste do estado de So Paulo. Faz limite com os municpios: Itu e Porto Feliz (ao norte), Mairinque e Alumnio (leste), Votorantim e Salto de Pirapora (sul), Araoiaba da Serra e Iper (oeste).

    Situa-se sob o Trpico de Capricrnio, na latitude 23 27. H um marco sinalizador do Trpico de Capricrnio, no entroncamento da Rodovia Jos Ermrio de Morais (Castelinho) com a interligao (Rodovia Celso Charuri) para a Raposo Tavares, passando pelos bairros de Aparecidinha e Parque So Bento.

    Placa indicando a passagem do Trpico de Capricrnio no municpio de Sorocaba-SP. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    O maior e mais importante rio desse municpio o Rio Sorocaba, com 227 km (leito natural).

    Na foto abaixo do Municpio de Sorocaba, v-se em primeiro plano o rio Sorocaba, no segundo o centro da cidade e ao fundo a parte rural do municpio.

    Vista Panormica do Municpio de Sorocaba.

  • 77

  • 78

    RELEVO

    O Relevo o conjunto de diversas formas da crosta terrestre. Assim, h planaltos, plancies, depresses, montanhas, morros, vales etc. O Rio Sorocaba junto com todos os seus afluentes que compem a respectiva bacia hidrogrfica dentro do territrio de Sorocaba so responsveis pela modelagem do relevo.

    Sorocaba tem um relevo ondulado. Na sua poro sudeste h altos de serra. A altitude mdia do municpio de 632 metros em relao ao nvel do mar. A maior altitude de 1028 metros nas cabeceiras do rio Pirajibu, na Serra de So Francisco, prximo divisa com Alumnio.

    Na foto abaixo possvel observar no primeiro plano uma regio mais alta, no centro a rea urbana est assentada em uma poro menos elevada e ao fundo, percebe-se a Serra de So Francisco com as altitudes mais elevadas da regio.

    Viso panormica do relevo ondulado do municpio de Sorocaba. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    Na zona leste, o bairro de Brigadeiro Tobias est assentado numa rea com as maiores altitudes, justamente por estar mais prxima da Serra de So Francisco. A menor altitude do municpio de 539 m e est no vale do rio Sorocaba, no ponto que atravessa a divisa para entrar nos municpios vizinhos de Porto Feliz e Iper, servindo-lhes de divisa.

    Bairro Brigadeiro Tobias e, ao fundo, a Serra de So Francisco. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    O termo Sorocaba, que em tupi significa terra rasgada,

    atribudo ao municpio em questo, reflete bem o modelado do seu relevo. Segundo ABSABER (1954), este municpio est situado na borda da Depresso Perifrica Paulista, na Linha de Quedas Apalachianas, dando a sensao de uma contnua sucesso de altos e baixos.

  • 79

  • 80

    HIDROGRAFIA

    A Hidrografia envolve o estudo dos rios, suas bacias hidrogrficas, mares, oceanos, lagos, geleiras, gua do subsolo, da atmosfera etc.

    No municpio de Sorocaba, o rio Sorocaba o de maior importncia, sendo tambm o principal afluente da margem esquerda do Rio Tiet. Possui uma extenso total de 227 km, considerando seu leito em seu trajeto natural. Seus afluentes principais so: Sarapu, Ipanema, Tatu e Pirajib.

    O rio Sorocaba formado pelos rios Sorocabuu e Sorocamirim. As suas cabeceiras esto localizadas nos municpios de Ibina, Cotia, Vargem Grande Paulista e So Roque. Ele desemboca no rio Tiet no municpio de Laranjal Paulista. Na Serra de So Francisco o rio Sorocaba forma um canyon onde est construda a barragem da represa de Itupararanga.

    Antes de alcanar o municpio de Sorocaba, o rio Sorocaba caracteriza-se como um rio de montanha, pois se encontra no Planalto Atlntico, onde est a sua nascente e aonde predominam rochas cristalinas. Entretanto, ao chegar ao municpio, o seu curso torna-se mais plano, em virtude do relevo estar em rochas sedimentares e, tambm, da sua retificao que comea na ponte de Pinheiros e termina na do Pinga-Pinga.

    A superfcie do municpio de Sorocaba se inclui na Bacia Hidrogrfica do Rio Sorocaba. Bacia hidrogrfica o conjunto de terras onde acontecem processos originados pela gua que vem da atmosfera, interferindo na sua fora de escoamento e na quantidade de materiais carregados pelo prprio rio Sorocaba e seus afluentes.

    O rio Sorocaba enfrenta problemas dentro do municpio de Sorocaba, como despejo de lixo nas suas guas, esgotos clandestinos de resduos industriais e domsticos, ausncia em

    alguns trechos de mata ciliar nativa, presena de comunidades alojadas s margens do rio etc.

    Em 1929, a cidade sofreu uma das maiores enchentes de

    sua histria, decorrente do transbordamento do rio Sorocaba. Visando minimizar os impactos decorrentes das enchentes no decorrer do tempo, em 2011, a prefeitura executou uma srie de obras para elevao das avenidas e ruas na regio central.

    Cuidar das guas dos rios imprescindvel para a

    sociedade, pois a gua potvel um bem da humanidade que vem cada vez mais sofrendo com a qualidade das suas guas.

  • 81

  • 82

    GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS

    A geologia a cincia que estuda a crosta terrestre. Mas,

    essa cincia, tambm, se preocupa com a estrutura, formao e alteraes que ocorreram na Terra desde a sua origem at os dias atuais.

    A geologia do municpio de Sorocaba caracterizada por rochas mais antigas (granitos e quartzitos), rochas de idade intermediria (arenitos) e rochas mais recentes (aluvies). Com base no mapa ao lado, os quadrantes: norte, noroeste, sudoeste e boa parte do nordeste do municpio de Sorocaba so formadas por arenitos, sendo tambm encontradas aluvies que seguem o leito do rio Sorocaba e seus afluentes. Ao sul nota-se a presena de quartzito. A leste e a sudeste encontram-se granitos e quartzitos. Desta forma, a maior parte do municpio composto por arenitos.

    Os Recursos Minerais so concentraes de minrios que

    possuem um valor econmico. Eles so classificados em metlicos (ferro, alumnio, ouro etc.) e no metlicos (brita, areia, argila dentre outros).

    O municpio de Sorocaba, em funo de suas caractersticas geolgicas, possui grande potencial em recursos minerais no-metlicos que so empregados na construo civil, como por exemplo a explorao de brita e areia. A pedreira Jlio&Jlio e Cia Ltda e a Pedreira Cantareira Ltda. (Grupo HOLCIN Brasil) exploram granito com a finalidade de transform-lo em brita, que usada em vrios tipos de obras, como na pavimentao e conservao de rodovias e ferrovias, fundaes de casas e prdios etc. J a Extrabase Extrao, Comrcio e Transportes Ltda lida com extrao de areia na margem direita do Rio Sorocaba. As areias so bens minerais e

    so constitudas por gros de quartzo e so empregadas na construo civil, desde o incio da obra at o final.

    Extrao de areia, na margem direita do Rio Sorocaba pela Empresa Extrabase Extrao, Comrcio e Transportes Ltda. Nas proximidades dessa extrao est o bairro Iguatemi. Crditos: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    A explorao de recursos minerais muito importante para a sociedade. Porm, no h como explor-los sem interferir no meio ambiente, isto , sem provocar desmatamento, remoo e perda de solo, assoreamento de rios etc. Entretanto, as intervenes no meio ambiente devem levar em conta a sua sustentabilidade, de modo a manter a atividade econmica minimizando o seu impacto e garantindo a sua disponibilidade para as futuras geraes.

  • 83

  • 84

    VEGETAO

    A vegetao de Sorocaba j foi composta por Mata

    Atlntica que uma das florestas tropicais mais ricas em biodiversidade. Assim, ela formada por uma grande variedade de formaes vegetais como: Floresta Ombrfila Densa ou mata de Encosta (que comparece em reas com temperaturas elevadas e alto ndice de precipitao bem distribudo durante o ano e praticamente sem perodos de seca), Floresta Estacional Semidecidual ou Matas de Interior (condicionadas a uma estao com chuvas intensas de vero, seguidas por um perodo de estiagem).

    Entretanto, o municpio em questo cresceu e tudo mudou pela atividade humana fazendo com que a cobertura de vegetao natural fosse intensamente alterada. A Zona Oeste de Sorocaba tambm conhecida como regio do Cerrado, dada a sua antiga vegetao, porm, de cerrado restou apenas fragmentos e o nome. Assim, o municpio apresenta agora apenas fragmentos de vegetao nativa (floresta e cerrado), vegetao secundria em vrios estgios de sucesso formando nichos florestais ao longo dos seus limites municipais.

    Est presente tambm o Cerrado que apresenta rvores de troncos e galhos tortuosos e de pequeno porte, sendo que as cascas destas rvores so duras e grossas. vegetao tpica de regio onde o clima predominante o tropical. Pode ser encontrado ainda na zona norte de Sorocaba.

    Assim, a vegetao nativa, pouco a pouco, cedeu espao agricultura e pastagens, reas de reflorestamento e reas verdes (ou coberturas vegetais) produzidas pelo homem e espalhadas por todo o municpio. Em especial, esto na sua rea urbana, em forma de parques, reas permeveis (grama), caladas com rvores adequadas ou no a essa finalidade, quintais residenciais com seus pomares ou jardins etc.

    A recuperao e conservao da vegetao so vitais para a sociedade, bem como a criao de Unidades de Conservao particulares e pblicas. Assim, h necessidade de polticas pblicas voltadas para o plantio de rvores, planos de arborizao e de recuperao de mata ciliar e nascentes, homogeneizao e adequao das reas verdes nas reas urbanas.

  • 85

  • 86

    CLIMA

    O termo Clima diz respeito a como se percebe a sucesso dos tipos de tempo. Assim, se diz que as estaes do ano ou mesmo os dias da semana so chuvosos, quentes, abafados, com vento, frios ou midos.

    Por outro lado, Tempo como se percebe as condies da atmosfera em um dado momento e lugar. O tempo medido pela temperatura, chuva, umidade, dentre outras avaliaes. Diz-se, por exemplo, que hoje amanheceu com um tempo bom, temperatura de 26 graus Celsius, seco, sem chuva.

    No grfico 1 da pluviosidade do Municpio de Sorocaba em 2011, percebe-se que o ms mais chuvoso neste ano foi o de fevereiro, durante o vero. O ms de agosto, por outro lado, registrou a menor quantidade de chuva durante o inverno.

    O grfico 2 Temperatura mdia do municpio de Sorocaba

    2011, indica que fevereiro foi o ms que apresentou a temperatura mais alta, enquanto que em junho registrou-se a mais baixa.

    Ao comparar os dados dos grficos 1 e 2, pode-se pensar, que

    o clima de Sorocaba, de forma geral, se caracteriza como chuvoso no vero, apresentando temperaturas altas; e seco e frio no inverno, de forma geral.

    O fato que o municpio de Sorocaba situa-se entre duas grandes zonas climticas que passam pelo estado de So Paulo, cujos limites coincidem com a passagem do Trpico de Capricrnio.

    Uma delas corresponde zona dos climas controlados pelas massas de ar equatoriais (com calor quase o ano todo e chuvas) e tropicais (com calor mais intenso no vero e estao das chuvas bem marcada, portanto, com um inverno seco.

    A outra zona a dos climas controlados pelas massas de ar tropicais e polares, as que trazem um ar bastante frio, proveniente do sul, provocando repentinas mudanas do tempo, principalmente no inverno.

  • 87

  • 88

    REA URBANA E REA RURAL O municpio de Sorocaba composto por uma rea urbana e

    outra rural. rea urbana a poro do territrio que conta com

    residncias, estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais, bancos etc. Com base no mapa, a rea urbana de Sorocaba est localizada mais para a parte centro-sul do municpio. Conta com uma rede viria, ferroviria e ciclovia. Mais ao nordeste cortada pela Rodovia Castelo Branco, da qual sai a entrada para Sorocaba por meio da Rodovia Senador Jos Ermrio de Moraes (Castelinho), e ao sul, pela via Raposo Tavares. Cerca de 98% dos sorocabanos vivem na rea urbana.

    Foto area das Zonas Centro, Sul e Oeste de 2009 Sorocaba-SP. Fonte:WWW.skyscrapercity.com.

    rea Rural destinada s atividades econmicas voltadas

    para a agricultura, criao de gado etc. O entorno da rea urbana de

    Sorocaba considerado rea rural que formada por fazendas, chcaras, stios e, ao longo da Castelinho est se estabelecendo uma Zona Industrial. Encontra-se ocupada predominantemente por reas com culturas e reflorestamento, alm de incluir espaos com remanescentes de mata ciliar ao longo dos rios, floresta e cerrado. Completa a paisagem reas de campos com vegetao que brotou aps a devastao da vegetao natural ou depois do abandono de culturas, ou pastagens. uma regio bem servida por uma srie de afluentes do Rio Sorocaba. Na rea rural, vive cerca de 2% da populao total do municpio de Sorocaba.

    rea Rural da poro sudeste do municpio de Sorocaba, prximo ao bairro Brigadeiro Tobias. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012.

    Assim, se na rea urbana so identificados problemas quanto

    qualidade de vida, como poluio sonora, do ar, do solo, dos rios, poucas reas verdes etc. No campo, tem-se questes como queimadas, poluio do solo com insumos agrcolas, desmatamento etc., causando danos sade do ser humano, dos animais e do ambiente.

  • 89

  • 90

    USO DA TERRA E COBERTURA DO SOLO

    Uso da terra se refere s atividades da sociedade relacionadas com a terra, como a agricultura e a pecuria. A cobertura do solo descreve as diversas formaes vegetais (floresta, cerrados etc.) e construes artificiais (instalaes de galpes, construes, moradias etc.).

    No municpio de Sorocaba-SP, completam o verde da rea rural as reas de reflorestamento, sendo uma localizada no extremo norte e outras nas partes limtrofes do sudeste, sudoeste e oeste do municpio.

    Hoje, o que se v ao percorrer o territrio sorocabano so pequenas reas de remanescentes. Da cobertura vegetal original pouco resta. H um pouco de floresta remanescente no extremo leste, na divisa com Itu, Mairinque e Alumnio e mais um pouco na poro do extremo sudeste na divisa com Votorantim. Porm, no uma floresta nativa e sim uma mata secundria.

    Com relao cobertura do solo na ocupao da terra, observa-se que a rea urbanizada que corresponde cidade, ocupa uma boa poro do municpio em sua parte centro-sul.

    Embora na paisagem se mostre verde, os campos so de vegetao arbustiva ou herbcea resultante da degradao antrpica ou abandono de culturas ou pastagens, ou mesmo instalaes de stios e chcaras que muitas vezes so alugadas para temporada.

    Ao lado, voc tem fotografias para ajud-lo na identificao do uso da terra e cobertura do solo no seu municpio. Para completar, na pgina seguinte voc tem os mapas que mostram o uso e cobertura do solo no municpio de Sorocaba, sendo um do ano de 1971 e outro de 2011. Assim, h entre eles um intervalo de 40 anos, onde se percebe de imediato a expanso da rea urbana e a diminuio das florestas, cerrado, campo dentre outros componentes da natureza, neste intervalo de tempo.

  • 91

  • 92

    POPULAO

    Populao est relacionada com o nmero e a distribuio de pessoas que habitam um determinado espao. Alm disso, envolve outros aspectos como: migrao, dinmica da populao, a composio por idade e sexo, natalidade, mortalidade e fecundidade entre outros.

    A origem da populao do municpio de Sorocaba formada principalmente por imigrantes portugueses, que chegaram nos sculos XVI e XVII. Estes portugueses eram bandeirantes, lavradores e comerciantes. A partir do sculo XIX, Sorocaba recebeu imigrantes alemes e italianos que, por saberem um ofcio em seu pas de origem, exerciam as atividades de marceneiros, relojoeiros, sapateiros e alfaiates. Por seu conhecimento, estes imigrantes serviram como mo de obra qualificada para as primeiras indstrias de Sorocaba. No incio do sculo XX, chegaram os imigrantes espanhis e japoneses que se dedicaram ao plantio de produtos agrcolas como cebola, batata, laranja e caf.

    O parque Kasato Maru, localizado no bairro Campolim foi inaugurado em 2008, para comemorar os cem anos da imigrao japonesa no Brasil, bem como para homenagear os seus descendentes que vivem em Sorocaba. A denominao deste parque se reporta ao nome do navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil.

    O parque dos Espanhis implantado no antigo Centro Social Urbano, localizado na Zona Leste do municpio foi inaugurado em 2008, para homenagear a colnia espanhola sorocabana.

    Parque dos Espanhis. Crdito: Marcus Glay N. Silva, 2012

    Segundo dados levantados pelo IBGE, o municpio de Sorocaba possui 586.625 habitantes (Censo 2010), ocupando a nona posio no estado de So Paulo. Como a rea municipal de 449 km2, a sua densidade demogrfica corresponde a 1.306 hab/km2.

    Para que voc tenha ideia deste nmero, a cidade de So Paulo tem uma densidade de aproximadamente seis vezes maior, alcanando 7.388 hab/km.

    Observando-se o mapa ao lado, nota-se que, em sua distribuio espacial a populao de Sorocaba ocupa, predominantemente, a rea urbana. Alm disso, percebe-se que a Zona Norte a mais populosa, enquanto que a menos populosa a Zona Centro.

  • 93

  • 94

    INDSTRIA

    A indstria est relacionada ao processo de produo que transforma matria-prima em produtos intermedirios que sero, por sua vez, transformados em produtos finais por outros tipos de indstria.

    No municpio de Sorocaba a indstria bem diversificada, pois conta com indstrias do ramos da transformao, da construo e de extrao.

    Os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento desse setor so: bons acessos rodovirios (rodovia Castello Branco e rodovia Jos Ermrio de Moraes- Castelinho), proximidade a trs importantes aeroportos paulistas (Cumbica, Congonhas e Vira-Copos), entreposto aduaneiro de interior, disponibilidade de rea para futuras instalaes e isenes de impostos, mo de obra qualificada, centros de aprimoramento etc.

    Um dos setores pioneiros mais tradicionais da indstria sorocabana o de alimentos, que tem como gnese pequenas empresas, tais como panificadoras, torrefaes (torrefao do caf) e pastifcios (produo de massas), localizadas na rea urbana. Dentre as empresas importantes e recentes da rea de alimentao, podemos citar a Sorocaba Refrescos, engarrafadora local da Coca Cola e a Campari (empresa italiana de bebidas). A Campari uma das empresas dentre outras que serve de exemplo dos efeitos da globalizao na vida das pessoas que moram em Sorocaba, pois emprega funcionrios da regio e do exterior.

    Na dcada de 1960, foi dado o primeiro passo para a estruturao de uma Zona industrial formada pelos tradicionais bairros sorocabanos: den, Cajuru e Aparecidinha. Essa medida teve por objetivo desenvolver uma zona industrial afastada do centro urbano, bem como dificultar o desmembramento dos bairros citados

    para formar novos municpios, evitando assim perdas de arrecadao.

    O marco na mudana no perfil da indstria de Sorocaba foi dado pela vinda de metalrgicas. Assim, em 1969, foi instalada a Fbrica Ao Paulista (FAO) que aps vrias mudanas de controle acionrio, em 2001, integra-se Nordberg, dando origem a Metso que atua no processamento de rochas/minerais, tecnologia de papel/celulose, automao e tecnologia de controle.

    Muitas aes foram realizadas no municpio de Sorocaba para confirmar o desenvolvimento do setor industrial na regio. Porm, muitas dessas aes trouxeram prejuzos para a natureza, como desmatamento, poluio do ar e do rio Sorocaba.

    Vista panormica da Metso, no bairro den.

    http://www.metso.com.br

    http://www.metso.com./

  • 95

  • 96

    REDE VIRIA

    Rede Viria o conjunto de avenidas e rodovias existentes, resultado de um planejamento detalhado com o objetivo de proporcionar a circulao de pessoas, bens e mercadorias.

    As rodovias que cortam o municpio de Sorocaba so: a Castello Branco (SP 280), a Raposo Tavares (SP 270) e a Jos Ermrio de Moraes (SP 075), mais conhecida como Castelinho.

    Rodovia senador Jos Ermrio de

    Moraes, conhecida como Castelinho.

    Fonte: WWW.viaoeste.com.br

    Marginais da Rodovia raposo Tavares-

    SP 270 Sorocaba. Fonte:

    WW.viaoeste.com.br.

    A Rodovia Dr. Celso Charuri tem a funo de interligar a Rodovia Castello Branco para a Rodovia Raposo Tavares, na zona leste do municpio.

    Rodovia Dr. Celso Charuri

    (Interligao da Rodovia

    Castello Branco para a

    Rodovia Raposo Tavares) SP-

    91. Fonte:

    WWW.viaoeste.com.b

    Assim, por exemplo, para se dirigir a So Paulo, a capital do Estado, que se localiza a Leste de Sorocaba, pode-se utilizar tanto a rodovia Castello Branco como a Raposo Tavares.

    Alm das rodovias que cortam o municpio de Sorocaba, foram tambm construdas as vias arteriais. As vias arteriais so as principais avenidas da cidade, caracterizadas por cruzamentos em nvel e controladas por semforos, fazendo a ligao de um bairro a outro. Desta forma a Av. Independncia liga a Zona Leste com o den e o Cajuru. A avenida Dom Aguirre que margeia um bom trecho do rio Sorocaba, permite a ligao entre as Zonas Norte e Centro.

    Vista panormica da Avenida Dom Aguirre.Crdito: Fbio Barros.

    Alm disso, no mapa pode-se observar a localizao dos

    terminais urbanos de nibus na zona Central, bem como o Terminal Rodovirio na Av. Juscelino Kubitschek.

  • 97

  • 98

    SADE

    A sade est associada ao equilbrio entre os seres humanos e o meio fsico, biolgico e social que permite que as pessoas realizem seus desejos e atividades profissionais.

    O municpio de Sorocaba conta atualmente com uma Rede de Sade voltada para o atendimento bsico de preveno, urgncia e de emergncia. Para o atendimento bsico e de preveno h trinta Unidades Bsicas de Sade (UBS) distribudas no municpio. Para o atendimento de urgncia e emergncia, tem-se: trs Pronto Atendimentos (PA), duas unidades pr-hospitalares (UPH) e dois pronto-socorros (PS). Nestes estabelecimentos so realizadas consultas, exames, procedimentos de urgncia e emergncia sem internao.

    A Santa Casa de Misericrdia, bem como o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (conhecido como Hospital Regional) executam procedimentos de urgncia e emergncia que evolurem para a internao.

    O Hospital Regional referncia estadual no tratamento de queimaduras e cirurgia Plstica. Atende cerca de quarenta e oito municpios do sudoeste paulista. formado pelos Hospitais Prof. Dr. Linneu Mattos Silveira (Hospital Regional) e Hospital Leonor Mendes de Barros.

    A Policlnica Municipal de Especialidades presta atendimento ambulatorial em vrias especialidades, bem como servios de diagnsticos (exames) que auxiliam na deteco e tratamento de doenas.

    O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) uma instituio filantrpica, fundada em 1979 e que se tornou referncia em captao de crneas no pas. O Hospital Oftalmolgico de Sorocaba, fundado pelo BOS, em 1995, atende pacientes do SUS e conveniados, destaca-se pelo nmero de transplantes de crnea realizados anualmente. Somente no ano de 2007, foram realizados 2.063 transplantes.

    O Hospital Santa Lucinda, por sua vez, destaca-se pela capacidade de realizar transplantes de rim.

    Alm de realizar estes atendimentos, Sorocaba conta com uma Rede Ambulatorial de Sade Mental da qual fazem parte trs hospitais psiquitricos.

    O hospital do Cncer Infantil (GPACI) fundado em 1983 referncia no pas. Trata-se de uma entidade beneficente de carter filantrpico. Oferece assistncia mdica e hospitalar para crianas e adolescentes (0 a 18 anos), bem como social e psicolgica que se estende aos familiares.

  • 99

  • 100

    EDUCAO

    A Educao busca promover a aprendizagem atravs dos mtodos de ensino, sem deixar de lado o entendimento de que todos os seres humanos ao longo dos anos vivenciam experincias de aprendizagem seja na casa, na rua do bairro, com os amigos, na igreja e na escola (local de produo e apropriao do saber).

    Assim, a escola busca promover aos escolares a integrao entre mercado de trabalho, convvio social e cidadania sob o ponto de vista da capacidade do escolar questionar a realidade, formulando e reformulando problemas e solues, servindo-se do pensamento lgico, criatividade, intuio, capacidade de anlise crtica dentre outros pontos.

    O municpio de Sorocaba oferece, em termos de Educao Bsica, escolas municipais, estaduais e particulares. Boa parte das escolas est distribuda em torno da regio central e outras poucas esto espalhadas na regio leste do municpio, configurando-se como escolas que recebem alunos que residem na rea urbana, como tambm da rea rural.

    Entre escolas estaduais, municipais e particulares h cerca de duzentos e oitenta e oito instituies desse gnero. Algumas profissionalizantes como a Escola Tcnica Estadual Rubens de Farias e Souza, Escola Tcnica Estadual