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João Ferreira de Borba Junior Aplicação de Controladores Ressonantes e Repetitivos para Estabilização Lateral em Elevadores de Alta Velocidade Porto Alegre - RS, Brasil 2014

Aplica o de Controladores Ressonantes e Repetitivos para ... · elevadores de alta velocidade. Esses roletes de guias têm como função rejeitar vibrações laterais provenientes

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  • Joo Ferreira de Borba Junior

    Aplicao de Controladores Ressonantes e

    Repetitivos para Estabilizao Lateral em

    Elevadores de Alta Velocidade

    Porto Alegre - RS, Brasil

    2014

  • Joo Ferreira de Borba Junior

    Aplicao de Controladores Ressonantes e Repetitivos

    para Estabilizao Lateral em Elevadores de Alta

    Velocidade

    Dissertao de mestrado apresentada ao Pro-grama de Ps-Graduao em EngenhariaEltrica da Pontifcia Universidade Catlicado Rio Grande do Sul, como parte dos requi-sitos para a obteno do ttulo de Mestre emEngenharia Eltrica.rea de concentrao: Sinais, Sistemas e Tec-nologia da InformaoLinha de Pesquisa: Automao e Sistemas.

    Pontifcia Universidade do Rio Grande do Sul PUCRS

    Faculdade de Engenharia

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    Orientador: Aurlio Tergolina Salton

    Porto Alegre - RS, Brasil

    2014

  • Dedico esse trabalho primeiramente a Deus e a Maria Nossa Senhora fontes de f

    onde alimento minha alma e minha mente, dedico tambm aos meus filhos Thiago e Ana

    Carolina que so os verdadeiros motivos por eu ter lutado para chegar at aqui, a minha

    amada Lucilene Piva por estar sempre ao meu lado e ser o meu porto seguro em todos os

    momentos, a minha me Dona Neyde, ao meu pai Seu Joo e aos meus irmos Rogrio,

    Paulinho, Marcelo e Rodrigo pelo apoio, compreenso e carinho em todos os momentos

    ao longo desta jornada.

  • Agradecimentos

    Primeiramente gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Jeferson Vieira Flores por ter

    tornado possvel a realizao deste trabalho atravs da sua disposio e profundo conhe-

    cimento na rea de controle, agradecer tambm ao meu orientador, o Prof. Dr. Aurlio

    Tergolina Salton, pelo apoio, pacincia, dedicao e ajuda ao longo do curso de mestrado

    e a toda a comisso coordenadora e equipe administrativa do PPGEE.

    Agradeo a minha famlia pelo apoio, incentivo e dedicao para tornar este sonho

    uma realidade. Aos meus sogros seu Luis e dona Anair e meu enteado Victor Piva por

    todos os momentos que me acompanharam enquanto escrevia a dissertao, e tambm

    a minha cunhada Dilmara e meu sobrinhos Gustavo e Fernanda que sempre me deram

    amor, carinho e apoio, imprescindveis para a concluso desse trabalho.

    Um agradecimento especial ao Mestre Eng. Nelso Biden, Eng. Carlos Eduardo

    Rambo, Eng. Igor Luiz Guisso, pelos conselhos, ajuda, parceria e pelo tempo em que

    estivemos compartilhando as mesmas aulas e tarefas durante o curso. Aos Eng. Ricardo

    Rieck, Mestre Eng. Leoci Rudi Galle e demais colegas da ThyssenKrupp Elevadores S/A

    pelas informaes e contedo tcnico sobre elevadores contidos neste trabalho.

    E finalmente agradeo aos mestrandos, bolsistas e voluntrios os quais tive o prazer

    de trabalhar no Grupo de Automao e Controle de Sistemas - GACS.

  • D ao mundo o melhor de voc.

    Mas isso pode no ser o bastante.

    D o melhor de voc assim mesmo.

    Veja voc que, no final das contas,

    tudo entre voc e DEUS.

    Nunca foi entre voc e os outros.

    (Madre Teresa de Calcut)

  • Resumo

    Este trabalho apresenta a aplicao de controladores ressonantes e repetitivos em con-

    junto com a formulao baseada em desigualdades matriciais lineares (do ingls, Linear

    Matrix Inequalities - LMI ), para controlar um sistema de roletes de guias ativos para

    elevadores de alta velocidade. Esses roletes de guias tm como funo rejeitar vibraes

    laterais provenientes das irregularidades nas guias de alinhamento. O desenvolvimento dos

    controladores baseado no uso de um modelo matemtico linear em espao de estados

    que representa a dinmica do sistema em dois planos ortogonais. Um modelo computa-

    cional foi construdo e utilizado para a realizao de simulaes computacionais com os

    controladores propostos. A eficincia dos controladores propostos ser ilustrada atravs de

    exemplos de simulao. O presente trabalho foi alcanado em cooperao com a Hewlett-

    Packard Brasil Ltda. e com recursos provenientes da Lei de Informtica (Lei no 8.248, de

    1991).

    Palavras-chaves: Controlador Repetitivo, Controlador Ressonante, LMI, Ro-

    letes de Guias, Elevador.

  • Abstract

    This document addresses the application of resonant and repetitive controllers designed

    with the aid of Linear Matrix Inequalities (LMI) to active roller guides for high speed

    elevators. The active roller guides are used to reject lateral vibrations arising from irreg-

    ularities in the alignment guides. The development of the controllers is based on a linear

    mathematical model in state space that represents the dynamics of the system in two or-

    thogonal planes. A computational model was constructed and used to conduct computer

    simulations with the proposed controllers. The efficiency of the proposed controllers will

    be illustrated through simulation examples. This document was achieved in cooperation

    with Hewlett-Packard Brasil Ltda. using incentives of Brazilian Informatics Law (Law no

    8.2.48 of 1991).

    Key-words: Repetitive Controller, Resonant Controller, LMI, Elevator.

  • Lista de ilustraes

    Figura 1 Observador de estados de ordem plena . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    Figura 2 Sistema em malha fechada - Principio do Modelo Interno - PMI . . . . 30

    Figura 3 Magnitude (Diagrama de Bode) do PMI Ressonante (r = 1) . . . . . 32

    Figura 4 Configurao bsica do controlador repetitivo. . . . . . . . . . . . . . . 34

    Figura 5 Imagens Obtidas da ThyssenKrupp (2006) . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    Figura 6 Guias Irregulares (ThyssenKrupp, 2006) . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    Figura 7 Teoria do Skyhook Control . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    Figura 8 Conveno dos Eixos Cartesianos para Elevadores . . . . . . . . . . . . 45

    Figura 9 Simulao Aerodinmica - fonte: Kiyoshi et al. (2004) . . . . . . . . . . 46

    Figura 10 Conexo das Guias s Paredes do Poo - Fonte: ThyssenKrupp (2006). 48

    Figura 11 Distrbios inseridos pelas Guias no sistema - Fonte: Monteferro (2014). 49

    Figura 12 Distribuio Gaussiana Padronizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    Figura 13 Distrbios inseridos pelas Conexes entre Guias - Fonte: Monteferro

    (2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

    Figura 14 Sistema de Roletes Passivo de um Elevador (ThyssenKrupp, 2006) . . . 52

    Figura 15 Vista do Sistema Completo dos Roletes Ativos (ThyssenKrupp, 2006) . 52

    Figura 16 Vista de um dos Roletes de Guias Ativos (ThyssenKrupp, 2006) . . . . 53

    Figura 17 Representao da Cabina no Plano Y Z mais os Roletes de Guias Ativos 54

    Figura 18 Primeira Aproximao no plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    Figura 19 Sistema Equivalente Simplificado no plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . 57

    Figura 20 Diagrama de deslocamento no plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    Figura 21 Diagrama simplificado para pequenos deslocamento no plano Y Z . . . 58

    Figura 22 Diagrama de deslocamento no plano XY . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    Figura 23 Diagrama de deslocamento Simplificado no plano XY . . . . . . . . . . 63

    Figura 24 Modelamento de 1/2 Suspeno de um Carro . . . . . . . . . . . . . . 63

    Figura 25 Regio do plano complexo associada ao CP2 . . . . . . . . . . . . . . . 70

    Figura 26 Controlador Ressonante com os ganhos por LMI . . . . . . . . . . . . . 72

    Figura 27 Sistema Controlado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    Figura 28 Sistema Observado e Controlado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    Figura 29 Distrbios Intrnsecos ao Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    Figura 30 Distrbios de Ensaio para Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

    Figura 31 FFT dos Distrbios Inseridos no Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    Figura 32 Comparativo entre o Deslocamento de Cabina e a Perturbao Inserida

    no Sistema Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

    Figura 33 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S1 . . . . . . . . . . . 82

  • Figura 34 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S2 . . . . . . . . . . . 83

    Figura 35 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S3 . . . . . . . . . . . 84

    Figura 36 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S4 . . . . . . . . . . . 86

    Figura 37 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S5 . . . . . . . . . . . 88

    Figura 38 Comparativo entre o Deslocamento de Cabina e a Perturbao Inserida

    no Sistema XY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    Figura 39 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S1 . . . . . . . . . . . 90

    Figura 40 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S2 . . . . . . . . . . . 91

    Figura 41 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S3 . . . . . . . . . . . 92

    Figura 42 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S4 . . . . . . . . . . . 94

    Figura 43 Sada do sistema considerando diferentes configuraes do controlador

    Mltiplo Ressonante para um distrbio do tipo S5 . . . . . . . . . . . 96

    Figura 44 Controlador Repetitivo com os ganhos por LMI . . . . . . . . . . . . . 101

    Figura 45 Comparativo entre o Deslocamento de Cabina e a Perturbao Inserida

    no Sistema Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

    Figura 46 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

    Figura 47 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    Figura 48 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

    Figura 49 Sada do sistema com controlador repetitivo para um distrbio do tipo

    S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    Figura 50 Sada do sistema com controlador repetitivo para um distrbio do tipo

    S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

    Figura 51 Comparativo entre o Deslocamento de Cabina e a Perturbao Inserida

    no Sistema XY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

    Figura 52 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

    Figura 53 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

  • Figura 54 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

    Figura 55 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

    Figura 56 Sada do sistema com controlador Repetitivo para um distrbio do tipo

    S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

    Figura 57 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano Y Z - Distrbio do

    tipo S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

    Figura 58 Comparativo do Sinal de Controle no Plano Y Z - Distrbio do tipo S1 120

    Figura 59 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano Y Z - Distrbio do

    tipo S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

    Figura 60 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano Y Z - Distrbio do

    tipo S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    Figura 61 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano XY - Distrbio do

    tipo S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    Figura 62 Comparativo do Sinal de Controle no Plano XY - Distrbio do tipo S1 122

    Figura 63 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano XY - Distrbio do

    tipo S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

    Figura 64 Comparativo do Deslocamento da Cabina no Plano XY - Distrbio do

    tipo S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

  • Lista de tabelas

    Tabela 1 Parmetros do Elevador para as Simulaes . . . . . . . . . . . . . . . 61

    Tabela 2 Deslocamento da Cabina para Diferentes Harmnicas . . . . . . . . . . 81

  • Lista de abreviaturas e siglas

    ISO International Organization for Standardization

    PID Proporcional-Integral-Derivativo

    PI Proporcional-Integral

    PD Proporcional-Derivativo

    MPC Model Predictive Control

    SMC Sliding Mode Controllers

    LTI Linear e Invariante no Tempo

    BIBO Entrada limitada Sada Limitada

    PMI Princpio do Modelo Interno

    SISO Single Input - Single Output

    MIMO Multiple Input - Multiple Output

    FFT Fast Fourier Transform

    LMI Linear Matrix Inequalities

    LQR Linear Quadratic Regulator

    ASMC Adaptive Sliding Mode Controller

    SCR Silicon-Controlled Rectifier

    MGVC Motor Generator Velocity Control

    VSC Variable Structure Control

    ARC Adaptative Robust Control

    LQC Linear Quadratic Control

    SAS Stability Augmentation System

  • Lista de smbolos

    t0 tempo no instante 0

    n ensima

    N conjunto de nmeros naturais

    R conjunto dos nmeros reais

    Rn espao euclidiano de ordem n

    Rnm espao das matrizes reais de dimenso n m

    AT transposta da matriz A

    I matriz identidade

    t tempo tendendo ao infinito.

    norma de no espao vetorial.

    G funo de transferncia das incertezas da planta.

    Gr1 funo de transferncia do controlador ressonante de 1a harmnica.

    r frequncia de ressonncia com ganho infinito.

    Gk funo de transferncia do controlador ressonante de k harmnicas.

    Gfrc funo de transferncia do controlador ressonante com filtro.

    Rm conjunto dos nmeros reais de ordem m.

    H matriz hessiana.

    Nh nmero de harmnicas.

    Coeficiente de amortecimento.

  • Sumrio

    1 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.1 Motivao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.2 Objetivos do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    1.3 Organizao do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    1.4 Sistema no Espao de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    1.4.1 Formulao Bsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    1.4.2 Controlabilidade e Observabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    1.4.3 Controle por Realimentao de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    1.4.4 Mtodo de Alocao de Plos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    1.4.5 Observadores de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    1.4.5.1 Observador de Distrbios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    1.5 Segmento de Referncias de Perturbaes Peridicas . . . . . . . . 29

    1.5.1 Princpio do Modelo Interno - PMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

    1.5.2 Controlador PMI - Ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    1.5.3 Controlador PMI - Repetitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    1.6 Sntese por LMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    1.6.1 Critrio - Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    1.6.2 Critrio - Realimentao de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    1.6.3 Critrio - H2 Custo Garantido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    1.7 Elevadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    1.7.1 Fontes de Vibraes nos Elevadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    1.7.1.1 Fontes de Perturbao de Alta Frequncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    1.7.1.2 Foras de Perturbao de Baixa Frequncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    1.7.1.3 Perturbaes Intrnsecas ao Sistema Elevador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    1.7.1.4 Perturbaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

    1.7.2 Roletes de Guias Ativos e Passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    2 MODELAGEM MATEMTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    2.1 Equacionamentos das Foras que Atuam na Cabina do Elevador . . 53

    2.2 Modelagem Matemtica da Cabina no Plano Y Z . . . . . . . . . . . 54

    2.3 Representao por Espao de Estados do Plano Y Z . . . . . . . . . 58

    2.4 Modelamento da Cabina no Plano XY . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    2.5 Representao por Espao de Estados do Plano XY . . . . . . . . . 64

    3 CONTROLADORES MLTIPLOS RESSONANTES . . . . . . . . . 68

    3.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

  • 3.2 Formulao Bsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

    3.3 Condies LMI para Anlise do Ganho F . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    3.4 Observador de Estados no Controlador Ressonante . . . . . . . . . . 72

    3.5 Parmetros Utilizados nas Simulaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    3.5.1 Situaes de Distrbios Utilizadas nas Simulaes . . . . . . . . . . . . . . 77

    3.6 Simulaes para o Plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    3.6.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    3.6.1.1 Perturbao S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

    3.6.1.2 Perturbao S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

    3.6.1.3 Perturbao S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

    3.6.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    3.6.2.1 Perturbao S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    3.6.2.2 Perturbao S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    3.7 Simulaes para o Plano XY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    3.7.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    3.7.1.1 Perturbao S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

    3.7.1.2 Perturbao S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

    3.7.1.3 Perturbao S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

    3.7.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    3.7.2.1 Perturbao S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    3.7.2.2 Perturbao S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    3.8 Consideraes Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    3.8.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    3.8.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    4 CONTROLADORES REPETITIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    4.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    4.2 Formulao Bsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    4.3 Condies LMI para Anlise do Ganho F . . . . . . . . . . . . . . . . 100

    4.4 Observador de Estados no Controlador Repetitivo . . . . . . . . . . . 101

    4.5 Parmetros Utilizados nas Simulaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

    4.6 Simulaes para o Plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

    4.6.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

    4.6.1.1 Perturbao S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

    4.6.1.2 Perturbao S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    4.6.1.3 Perturbao S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

    4.6.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

    4.6.2.1 Perturbao S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    4.6.2.2 Perturbao S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

    4.7 Simulaes para o Plano XY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

  • 4.7.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

    4.7.1.1 Perturbao S1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

    4.7.1.2 Perturbao S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

    4.7.1.3 Perturbao S3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

    4.7.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    4.7.2.1 Perturbao S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

    4.7.2.2 Perturbao S5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

    4.8 Consideraes Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

    4.8.1 Situaes Intrnsecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

    4.8.2 Situaes de Ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

    4.9 Comparao entre os Controladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

    4.9.1 Comparao no Plano Y Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

    4.9.2 Comparao no Plano XY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    5 CONCLUSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    5.1 Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    5.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

  • 17

    1 Introduo

    Neste captulo sero descritos os motivos e objetivos que serviram de ponto de

    partida para a elaborao desse trabalho. Tambm faz parte deste captulo uma fun-

    damentao terica sobre conceitos e tcnicas de controle de sistemas modernos. Estes

    temas serviro como base para a elaborao dos controladores ressonantes e repetitivos

    que so o foco principal deste trabalho e sero aplicados para a estabilizao lateral de

    elevadores de alta velocidade. Ainda dentro deste captulo ser realizada uma descrio

    sobre o elevador, suas partes e as perturbaes que esto associadas a este sistema.

    1.1 Motivao

    Em elevadores modernos, devido as necessidades atuais de prdios cada vez mais

    altos e com fluxo intenso de passageiros, a velocidade com que a cabina percorre a caixa

    de corrida cada vez mais maior. At o final dos anos 80, no era comum existirem

    elevadores com velocidade acima de 2 m/s ou 3 m/s, pois as tecnologias dos motores

    da poca somente disponham de velocidades rotacionais elevadas e consequentemente

    necessitavam de um sistema de engrenagens e sem fim acoplados a uma polia. Por essa

    polia eram passados os cabos que consequentemente tracionava a cabina.

    Com o passar do tempo foram desenvolvidos motores de rotaes menores e assim

    passou-se a utilizar esses motores diretamente acoplados aos cabos de trao da cabina,

    sem a necessidade da utilizao de engrenagens e polias e possibilitando ento o surgi-

    mento dos elevadores com velocidades acima de 3 m/s ou tambm denominados de alta

    velocidade.

    A partir do desenvolvimento de elevadores de alta velocidade, a exposio do

    corpo humano vibrao passou a estar presente em inmeras situaes, podendo ser

    fonte de desconforto e causa de problemas de sade. Particularmente no caso da vibrao

    transmitida ao corpo inteiro, isso pode ocasionar problemas como indisposio seguida

    de enjoos, tonturas e vmitos. Sendo assim, sua investigao de extrema importncia.

    Especificaes sobre vibraes transmitidas ao corpo como um todo atravs de superfcies

    de sustentao so referenciadas pela norma ISO2631-1 (1997) Mechanical vibration and

    shock Evaluation of human exposure to whole-body vibration. Os procedimentos para

    verificar e validar essas medies so realizadas de acordo com os requisitos indicados

    pela norma ISO18738 (2003), Measurement of Lift Ride Quality e atendendo aos critrios

    da norma ISO8041 (2005) Human response to vibration Measuring instrumentation.

  • Captulo 1. Introduo 18

    Segundo Roger (2007) entende-se que o conforto e a qualidade de uma viagem

    de elevador so dois conceitos distintos e independentes, definidos pela percepo dos

    passageiros, consultores e fabricantes de elevadores. Para os elevadores que possuem velo-

    cidades pequenas e consequentemente de baixa acelerao, sistemas de amortecimento de

    vibraes passivos convencionais so suficientes para atingir as especificaes de conforto

    e qualidade. Porm para elevadores de alta velocidade o sistema de roletes de guias ativos

    proporciona um conforto maior nas viagens e assim possvel atender as especificaes

    exigidas pelas normas citadas anteriormente.

    O conceito de roletes de guias ativos, ou em alguns casos denominado de suspen-

    so ativa, no tem sido aplicado em elevadores de baixa velocidade que so comumente

    utilizados nos prdios comerciais de pequeno porte e residncias. Porm, a aplicao deste

    conceito largamente aplicada no caso de prdios comerciais de alto fluxo bem como

    os empreendimentos do tipo arranha-cu, tambm conhecidos como skyscrapers, que de-

    vido ao volume de passageiros e nmero de pavimentos necessitam de elevadores de alta

    velocidade que devem ter desempenho superiores. Nesses tipos de empreendimentos so

    exigidos atravs de normativas, patamares maiores de segurana e conforto, que sejam

    suficientes para atingir as expectativas dos seus usurios, de forma a tornar o elevador um

    meio de transporte confortvel e seguro. Sendo assim, espera-se que com a utilizao do

    sistema de roletes de guias ativos possa se atingir os padres especificados pelas normas

    e o conforto almejado pelos usurios.

    No caso especfico de elevadores, a bibliografia sobre os conceitos e desenvolvimen-

    tos na rea de controle de vibraes na cabina so restritos pois a competitividade entre

    as empresas desta rea muito alta, sendo que poucos artigos sobre o controle do nvel de

    vibraes em elevadores foram encontrados. Alguns exemplos mais recentes que podem

    ser citados so os trabalhos de Perondi e Rivas (2008) e Perondi, Rivas e Roland (2010).

    1.2 Objetivos do trabalho

    Este trabalho tem por objetivo estudar a viabilidade da aplicao dos controladores

    ressonantes e repetitivos a um sistema de roletes de guias ativos acoplados a base da

    estrutura da cabina de um elevador para rejeitar vibraes e oscilaes laterais.

    O modelo matemtico do elevador baseado no modelo linearizado apresentado

    em Perondi, Rivas e Roland (2010). A sntese dos controladores ser realizada atravs da

    soluo de um problema de otimizao com restries na forma de Desigualdades Lineares

    Matriciais (do ingls Linear Matrix Inequalities - LMIs) que garantem a estabilidade e

    desempenho do sistema em malha fechada. Resultados de simulao sero utilizados com

    o objetivo de comparar o desempenho do dois controladores propostos.

  • Captulo 1. Introduo 19

    Vale salientar que os alguns dos conceitos e mtodos empregados no desenvolvi-

    mento dos equacionamentos matemticos das foras que atuam na cabina do elevador

    tambm so aplicadas no projeto de sistemas de controle de veculos automotivos que

    em alguns casos possuem suspenses ativas o que nos permite alcanar o objetivo de

    equacionar as as foras que atuam no elevador aplicando esses mesmos conceitos.

    A partir dos resultados das simulaes ser possvel concluir que os controladores

    utilizados neste trabalho podem ser aplicados no controle de sistemas de roletes de guias

    com um desempenho satisfatrio e tambm que esses mtodos so eficazes na neutralizao

    de vibraes na cabina do elevador oriundas de perturbaes provenientes das guias do

    poo que servem como referncia para o deslocamento do sistema.

    1.3 Organizao do texto

    Para permitir a visualizao geral da estrutura deste trabalho, feita a seguir uma

    descrio sucinta de cada assunto descrito no restante deste documento.

    Na Captulo 1 so includos os conceitos bsicos que serviro de referncia para

    descrever as implantaes e nortear o desenvolvimento desse trabalho. Tambm feita

    uma reviso bibliogrfica dos principais artigos e livros que abordam os assuntos relaci-

    onados a este trabalho, como o desenvolvimento de modelos tericos, o levantamento de

    propriedades experimentais e projetos de suspenses, dentre outros.

    A Seo 1.7.1 relata as possveis fontes de vibraes que podem afetar um elevador e nas

    Sees 1.7.1.3 e 1.7.1.4 so apresentadas as perturbaes que sero inseridas no sistema

    elevador e iro ser utilizadas como base para as simulaes, bem como para a avaliao

    do desempenho dos controladores que so o foco deste trabalho.

    Tambm neste captulo a Seo 1.7.2 apresenta uma breve introduo aos componentes

    bsicos que constituem um elevador e o sistema de roletes de guias ativos e passivos.

    No Captulo 2 apresentado o desenvolvimento terico dos modelos dinmicos

    e descrito o modelamento matemtico da cabina do elevador e seus graus de liberdade.

    A partir da definio de variveis bsicas, graus de liberdade e movimentos relativos de

    componentes, como molas e amortecedores, determina-se o modelo dinmico do elevador

    em dois planos ortogonais de interesse. Os sistemas de equaes diferenciais dos modelos

    tericos so obtidos pela aplicao da equao de equilbrio dinmico de Newton. O modelo

    final do sistema colocado na forma de variveis de estado.

  • Captulo 1. Introduo 20

    No Captulo 3 apresentado o projeto do sistema de roletes de guias ativos do

    elevador com a aplicao do controlador mltiplo ressonante e demonstrado os resulta-

    dos obtidos para os dois planos ortogonais de interesse atravs de simulaes realizadas

    para este controle onde so descritas perturbaes conhecidas do sistema que so inseridas

    atravs das guias de referncia do elevador. Neste captulo essas perturbaes so demons-

    tradas atravs de catlogos dos fabricantes de guias e realizada a anlise matemtica das

    frequncias que compem esses distrbios.

    No Capitulo 4 apresentado o controlador repetitivo como opo de controle

    para o projeto do sistema de roletes de guias ativos do elevador e tambm demonstrado

    os resultados obtidos para os dois planos ortogonais de interesse atravs de simulaes

    realizadas para este controle com as perturbaes descritas no captulo anterior.

    No Captulo 5 so apresentadas as concluses, enfatizando os principais resultados,

    pontos em aberto e observaes do presente trabalho, tambm sendo propostas sugestes

    para o desenvolvimento de trabalhos futuros.

    1.4 Sistema no Espao de Estados

    Segundo Ogata (1996) os sistemas complexos modernos podem ter muitas entra-

    das e muitas sadas e elas podem ser inter-relacionadas de maneiras complicadas. Para

    analisar esse sistema essencial reduzir a complexidade das expresses matemticas, bem

    como recorrer aos computadores para a maioria dos processamentos tediosos necessrios

    anlise. A abordagem com base no espao de estados a mais apropriada para analisar

    um sistema por esse ponto de vista.

    Conforme descrito por Chen (1970), o estado de um sistema no instante t0 o

    conjunto de informaes adicionais que, junto com a entrada u(t), para t t0, determina

    completamente o comportamento do sistema para qualquer instante t t0, ou seja,

    t t0.

    Enquanto a teoria de controle clssico fundamentada na descrio da relao do

    sistema entrada-sada, como por exemplo a funo de transferncia, a teoria de controle

    moderno fundamentada na descrio de um sistema de equaes em termos de n equaes

    diferenciais de primeira ordem, que podem ser combinadas em uma equao diferencial

    matricial de primeira ordem.

  • Captulo 1. Introduo 21

    1.4.1 Formulao Bsica

    Todo o sistema linear de dimenso finita pode ser descrito por um conjunto de

    equaes diferenciais de primeira ordem na seguinte forma matricial.

    x1(t)...

    xn(t)

    =

    a11(t) a1n(t)...

    . . ....

    an1(t) ann(t)

    x1(t)...

    xn(t)

    +

    b11(t) b1m(t)...

    . . ....

    bn1(t) bnm(t)

    u1(t)...

    um(t)

    y1(t)...

    yp(t)

    =

    c11(t) c1n(t)...

    . . ....

    cp1(t) cpn(t)

    x1(t)...

    xn(t)

    +

    d11(t) d1m(t)...

    . . ....

    dp1(t) dpm(t)

    u1(t)...

    um(t)

    Tambm pode-se representar um sistema linear na seguinte forma compacta:

    x(t) = A(t)x(t) + B(t)u(t),

    y(t) = C(t)x(t) + D(t)u(t). (1)

    Onde:

    x := dx(t)/dt;

    x(t) Rn1 : Vetor de estados do sistema n dimenses do sistema;

    u(t) Rm1 : Vetor de entradas do sistema;

    y(t) Rp1 : Vetor de sadas do sistema;

    A(t) a matriz de transio dos estados de dimenso n n;

    B(t) a matriz de entrada de dimenso n m;

    C(t) a matriz de sada ou matriz dos sensores de dimenso p n;

    D(t) a matriz de alimentao direta de dimenso p m;

    Qualquer sistema dinmico Linear Invariante no Tempo (LIT ) pode ser escrito na

    forma de espao de estados. Um sistema dinmico de ordem n representado usando n

    equaes diferenciais de primeira ordem. Considerando a formulao apresentada em 1,

    este sistema pode ser representado por matrizes constantes:

    A = A(t), B = B(t), C = C(t), e D = D(t)

    Sendo assim a representao no espao de estados fica conforme a equao abaixo:

    x(t) = Ax(t) + Bu(t),

    y(t) = Cx(t) + Du(t). (2)

  • Captulo 1. Introduo 22

    Em um sistema com somente uma entrada e uma sada (do ingls Single Input

    Single Output - SISO) tem-se (m = p = 1) e a representao no espao de estados

    descrito pelas matrizes:

    x1(t)...

    xn(t)

    =

    a11 a1n...

    . . ....

    an1 ann

    x1(t)...

    xn(t)

    +

    b1...

    bn

    u(t)

    y(t) =[

    c1 cn]

    x1(t)...

    xn(t)

    +[

    d1]

    u(t)

    A Rnn, B Rn1, C R1n e D R11

    Vrias tcnicas podem ser utilizadas para a obteno da representao no espao

    de estados a partir de funes de transferncia, entre elas podemos citar as representaes

    nas formas controlvel, observvel, diagonal ou na forma cannica de Jordan (Ogata,

    1996).

    1.4.2 Controlabilidade e Observabilidade

    A controlabilidade de um sistema dinmico se refere capacidade do sinal de

    entrada u(t) deste sistema de influenciar ou no diretamente no comportamento de cada

    um dos seus estados. De forma geral significa que o sistema pode ou no ser controlado.

    A ideia de controlabilidade foi introduzidas por Kalman (1960), Kalman, em me-

    ados da dcada de 60, como uma forma de explicar porque o projeto de controladores

    para sistemas instveis cancelando os polos instveis com zeros estava condenado ao fra-

    casso, embora o cancelamento fosse perfeito, na prtica este mtodo no vivel, pois o

    cancelamento perfeito de um sistema real no possvel.

    Segundo Ogata (1996), um sistema considerado controlvel no tempo t0 se

    possvel transferi-lo desde qualquer estado inicial x(t0) at qualquer outro estado x(t),

    mediante um vetor de controle sem restries em um intervalo de tempo finito.

    Existem dois tipos de sistema no controlveis, aqueles cuja parte no controlvel

    estvel e aqueles cuja parte no controlvel instvel. Um sistema do primeiro tipo

    chamado de estabilizvel e a sua matriz de controlabilidade C definida como:

    C = [B AB An1B]nn

    Onde as matrizes A e B so definidas de acordo com a equao (2).

  • Captulo 1. Introduo 23

    Para que um sistema seja completamente controlvel necessrio que o rank da

    matriz

    [B AB An1B]nn

    seja igual a n, o que significa dizer que um sistema representado de acordo com a equao

    (2) completamente controlvel se, e somente se, os vetores B, AB, , An1B sejam

    linearmente independentes, ou seja, a matriz C tenha rank igual a n.

    Nesta seo tambm discute-se outro conceito apresentado por Ogata (1996), a

    observabilidade de sistemas lineares. Segundo o autor, um sistema completamente ob-

    servvel se o vetor de estados x(t0) pode ser determinado a partir da medio de y(t)

    durante um tempo finito, t0 t t1. Portanto, o sistema completamente observvel se

    todas as mudanas de estados afetam a todos os elementos do vetor de sada.

    Similarmente, existem sistemas no observveis cuja parcela no observvel es-

    tvel e sistemas cujas parcelas no observveis so instveis. Aqueles que a sua parcela

    no observvel estvel so definidos como sistemas detectveis.

    Para que o sistema definido pela equao (2) seja completamente observvel

    necessrio e suficiente que a matriz

    O = [CT AT CT (AT )n1CT ]

    tenha rank n ou n vetores colunas linearmente independentes.

    1.4.3 Controle por Realimentao de Estados

    Uma das maneiras mais usuais de controlar um sistema dinmico no espao dos

    estados realizada por meio da realimentao dos estados do sistema de forma a gerar

    um sinal de entrada, u(t), que produza o sinal de sada, y(t), desejado. Contudo, o grande

    problema do controle por realimentao dos estados exigir que os estados do sistema

    estejam disponveis para serem realimentados, ou seja, necessrio medir todos os estados

    do sistema, ou pelo menos estim-los por meio de um observador de estados.

    Existem dois tipos bsicos de controladores por realimentao dos estados:

    Regulador de estados esse tipo tem o objetivo de manter o sistema em uma

    condio fixa de operao;

    Sistema servo j esse tem o objetivo de fazer com que as sadas do sistema sigam

    um comando desejado.

  • Captulo 1. Introduo 24

    Dado um sistema dinmico LIT definido pelas matrizes A, B e C, controlvel e

    observvel e sendo a lei de controle dada por:

    u(t) = Kx(t) (3)

    onde K a matriz de ganhos do controlador com dimenso m n, ou seja:

    K =

    k11 k12 k1n

    k21 k22 k2n...

    .... . .

    ...

    km1 km2 kmn

    A representao do sistema em malha fechada do regulador obtida substituindo

    a equao (3) em 2, obtendo-se:

    x(t) = Ax(t) + BKx(t) (4)

    ou

    x(t) = [A + BK] x(t) = Amfx(t)

    y(t) = Cx(t)

    onde Amf a matriz da dinmica do sistema em malha fechada.

    O projeto do controlador com realimentao de estados consiste em determinar a

    matriz de ganhos K de forma que a matriz da malha fechada (Amf ) tenha as propriedades

    desejadas. O mais usual escolher os ganhos do controlador de forma a localizar os polos

    da malha fechada em posies desejadas no plano s.

    1.4.4 Mtodo de Alocao de Plos

    Como visto na Seo 1.4.3, atravs da realimentao de estados e a escolha de

    uma matriz de ganhos apropriada, possvel forar o sistema a ter polos nas localizaes

    desejadas. Existem, todavia, custos associados alocao de todos os polos em malha

    fechada, uma vez que tal realocao requer a possibilidade de conhecimento dos valores

    de todas as variveis de estado ao longo do tempo ou, ento, a incluso de um observador

    de estados no sistema. Alm disso, h necessidade que os atuadores imponham a dinmica

    desejada.

    Neste trabalho, o objetivo do controle fazer com que a cabina do elevador rejeite,

    tanto quanto possvel, os efeitos de perturbaes. Isso caracteriza um problema clssico

    de controle, ou seja, as aes devem ser tais que, a partir de um estado de equilbrio, a

    sada de interesse deve ser mantida prxima a zero, mesmo que o sistema seja sujeito a

    perturbaes que em determinados momentos desviem a sada do ponto de equilbrio.

  • Captulo 1. Introduo 25

    Os autovalores da matriz (A + BK) so denominados polos do sistema regulador.

    Se os autovalores so adequados, a matriz (A + BK) ser estvel e, para qualquer valor

    de x(0) diferente de zero, possvel fazer com que x(t) tenda a zero com t tendendo ao

    infinito. Segundo Ogata (2003), antes de tentar alocar os polos em posies arbitrarias,

    necessrio estudar o sistema para verificar se ele completamente controlvel. Isso resulta

    do fato de que a condio necessria e suficiente para a alocao arbitrria dos polos

    que o sistema seja completamente controlvel.

    1.4.5 Observadores de Estados

    Na realimentao de estados apresentada na Seo 1.4.4, foi suposto que todas

    as variveis de estado estivessem disponveis para sua realimentao. Porm, na prtica

    muitas vezes nem todas as variveis de estado so acessveis.

    A estimao de variveis de estado denominada normalmente de observao e o

    sistema que estima ou observa as variveis de estado chamado de observador de estados.

    Um observador de estados estima as variveis de estado baseado na medio das

    variveis de sada e usado para reconstruir os estados do sistema, que por algum motivo,

    no podem ser medidos. Se o observador de estados estima todas as variveis do sistema,

    sem considerar que alguma delas possa ser medida diretamente, este sistema chamado

    de observador de estado de ordem plena.

    Em algumas situaes, no necessrio estimar todas as variveis do sistema,

    apenas aquelas que no se obtm diretamente suas medidas. Sendo assim, o observador

    que estima um nmero menor que as n variveis do sistema chamado de observador de

    estado de ordem reduzida, onde n a dimenso do vetor de estado.

    Neste trabalho ser considerado a necessidade de ser estimadas todas as vari-

    veis de estados utilizando assim um observador de estados pleno para implementao do

    controle de roletes de guias ativos.

    Outro fator importante a ser considerado no projeto do observador o conceito de

    observabilidade, pois um observador de estados pode ser projetado somente se a condio

    de observabilidade satisfeita.

    O modelo matemtico do observador de estados apresentado por Ogata (1996)

    considera que sendo um sistema representado pela equao (2) e a matriz D = 0, suas

    expresses tornam-se basicamente as mesmas que a do modelo da planta, contendo, porm,

    um termo a mais para compensar as imprecises nas matrizes A e B e o erro de estimativa

    do estado inicial x(0).

  • Captulo 1. Introduo 26

    Sendo assim, o observador de estados de ordem plena definido pelas expresses:

    x = Ax + Bu + L(y y) (5)

    y = Cx (6)

    Onde x o estado estimado e Cx a sada estimada y.

    Substituindo-se a expresso da sada estimada dentro da equao do observador

    de estados obtm-se:

    x = Ax + Bu + L(y Cx) (7)

    = Aobsx + Bu + L(y) (8)

    Sendo Aobs = A LC. As entradas do observador de estados so a sada y do sistema e

    a entrada de controle u.

    A matriz L o vetor de ganhos do observador de estados que contm os termos de

    ponderao cuja sua finalidade minimizar o erro entre as variveis do sistema real e as

    observadas. A matriz de ponderao L deve basicamente satisfazer a dois critrios: tornar

    a matriz (A LC) negativa definida e possuir uma velocidade de resposta satisfatria.

    Estes termos de ponderao corrigem de maneira contnua a sada do modelo e determina

    o comportamento do sistema.

    A Figura 1 apresenta o diagrama de blocos que representa um sistema que imple-

    menta um observador de estados de ordem plena.

    Figura 1 Observador de estados de ordem plena

    Sendo o erro do observador a diferena entre a sada medida e a sada estimada,

    para obter-se a equao de erro de estimao do observador de estados pode-se substituir

    (7) em (2) como apresentado abaixo:

    x x = Ax Ax L(Cx Cx) = (A LC)(x x) (9)

  • Captulo 1. Introduo 27

    Define-se a diferena entre x e x como o vetor erro e = x x. Substituindo-se

    assim o erro e na equao (9) tem-se:

    e = (A LC)e (10)

    A partir da equao (10) pode-se concluir que o comportamento dinmico do erro

    de estimao determinado pelos autovalores da matriz Aobs. Se os autovalores desta

    matriz esto posicionados no semi plano esquerdo do plano complexo, e converge para

    zero a partir de qualquer vetor de erros inicial e(0), ou seja, x(t) converge para x(t)

    independentemente dos valores de x(0) e x(0).

    Se o sistema completamente observvel, possvel escolher uma matriz L, tal

    que, Aobs tenha autovalores arbitrrios. Determina-se a matriz de ganhos do observador

    L de maneira tal que a dinmica do erro definida pela equao (10) seja assintoticamente

    estvel, com uma velocidade de resposta suficiente para executar o controle do sistema

    atravs da realimentao dos estados. Dessa forma, o projeto do observador de estados,

    compreende-se na determinao de uma matriz de ponderao L que possua autovalores

    especificados pelo projetista atravs da definio da dinmica do sistema.

    1.4.5.1 Observador de Distrbios

    Distrbios externos ao sistema podem provocar efeitos indesejveis no desempenho

    do controle de uma planta que possua um observador de estados.

    Segundo Hendrik et al. (2000) esses distrbios podem ser descritos como uma sada de

    um sistema autnomo descrito por:

    xw = Awxw

    w = Cwxw

    Originalmente apresentado em Ohnishi (1987), o observador de distrbios (do in-

    gls Disturbance Observer - DOB), tem sido aplicado com sucesso em muitos problemas

    prticos em diversas reas, tais como sistemas servo motores, robtica, unidades de disco

    tico, e veculos automotores (Umeno; Hori, 1991; Umeno; Kaneko; Hori, 1993; Eom; Suh;

    Chung, 1997; Huang; Messner, 1998; Ryoo; Doh; Chung, 2002).

    A observao de distrbios fornece uma estimativa da perturbao d(t), a qual

    utilizada para realizar uma compensao atravs de um realimentao negativa. Segundo

    Francis e Wonham (1976), uma componente de realimentao deve ser includa na din-

    mica da planta para tenta atenuar o distrbio. A estrutura do controlador que inclui esse

    tal modelo o observador de distrbio Johnson (1971).

  • Captulo 1. Introduo 28

    O controlador deve ser projetado de maneira que a sada da malha fechada acom-

    panhe a sua entrada de referncia, ento o sinal na entrada do modelo deve ser aproxi-

    madamente igual entrada da planta adicionada do distrbio e, como se supe que a

    entrada conhecida, pode-se estimar o distrbio.

    Os conceitos gerais da teoria do observador de estados j foram descritos na Seo

    1.4.5. Estes mesmos conceitos tambm se aplicam ao observador de distrbios e para

    avaliar os efeitos dos sinais de distrbios na dinmica do sistema, pode-se considerar um

    sistema linear SISO com distrbio descrito por:

    x(t) = Ax(t) + Buu(t) + Bdd(t)

    y(t) = Cx(t)

    Onde d(t) Rn o vetor de distrbios externos. E a expresso da estimativa de erro

    sendo:

    x(t) = (A LC)x(t) + Buu(t) + Ly(t)

    A presena do sinal de distrbio d(t) no muda a dinmica do sistema e seus

    autovalores. Como o sistema projetado para ser estvel, conclui-se que os sinais de

    distrbios funcionaram como referncias indesejadas que o sistema em malha fechada

    ser forado a seguir.

    O observador de distrbios inclu na formulao do observador de estados a equao

    dos sinais de perturbao para compensar o efeito desses sinais no sistema e para aumentar

    o grau de liberdade do observador.

    A dinmica aumentada do sistema com a incluso do observador de distrbio

    descrita como:

    x(t) = Aa + Bau(t) (LCa)x(t) + Ly(t)

    w = Cwxw

    Onde as matrizes de estado so:

    Aa =

    A BCw

    0 Aw

    , Ba =

    B

    0

    , Ca =[

    C 0]

    , La =

    L

    Ld

    No controle utilizado neste trabalho os distrbios considerados no projeto dos

    roletes de guias ativos so as imperfeies das guias e as variaes que elas podem causar

    no movimento do elevador. Estas caractersticas sero descrita na Seo 1.7.1 com mais

    detalhes e como elas podem causar vibraes durante o deslocamento da cabina.

  • Captulo 1. Introduo 29

    1.5 Segmento de Referncias de Perturbaes Peridicas

    O seguimento de referncia, ou tambm conhecido como rastreamento, pode ser

    visto como um problema de controle onde se necessita manter as variveis de interesse de

    um sistema a ser controlado dentro de patamares pr-estabelecidos rejeitando as pertur-

    baes inseridas no sistema, e com isto ajustar o erro em regime permanente na resposta

    referncia constante.

    Em outras palavras, dado um sinal de referncia, deseja-se encontrar um controla-

    dor tal que a sada do processo, ou seja, o sinal a ser controlado, siga o sinal de referncia

    em regime permanente, mesmo que haja uma flutuao nos parmetros do processo.

    Alguns tipos de controladores podem ser utilizados como seguidores de referncia

    e/ou rejeio de distrbios, entre eles pode-se citar os controladores de correo do ganho

    esttico (Wang; Chu; Tsao, 2009), os controladores proporcionais integrais - PI e os pro-

    porcionais derivativos - PD, controladores preditivos baseados em modelo - MPC (Jiang;

    Liu, 2009), controladores de estrutura varivel - SMC (Lu; Hwang, 2009), controladores

    ressonantes e repetitivos entre outros.

    Nesta seo sero apresentadas as duas principais metodologias de seguimento

    e/ou rejeio utilizadas ao longo deste trabalho, o controlador ressonante e o repetitivo,

    ambas baseadas no Princpio do Modelo Interno (PMI ) e com um enfoque voltado para

    o seguimento e/ou rejeio de sinais peridicos.

    1.5.1 Princpio do Modelo Interno - PMI

    Proposto inicialmente por Francis e Wonham (1976), o conceito de Princpio do

    Modelo Interno - PMI define que para se seguir um determinado sinal com erro nulo em

    regime permanente, deve-se inserir na malha de controle do sistema um bloco gerador

    com as mesmas caractersticas dos sinais a serem seguidos e/ou rejeitados. Com isso, o

    sistema de controle capaz de seguir e/ou rejeitar perturbaes que possuam as mesmas

    caractersticas do sinal de referncia.

    Segundo Fukuda e Yoda (2001), Chen e Longman (1999), para que um sistema de

    controle realimentado possa seguir assintoticamente um sinal de referncia com erro nulo

    em regime permanente o seu sinal de referncia deve satisfizer a duas condies:

    O sistema em malha fechada deve ser assintoticamente estvel;

    o controle e/ou a planta do sistema devem incluir termos que reproduzam matema-

    ticamente a representao em frequncia dos sinais a serem seguidos e/ou rejeitados.

  • Captulo 1. Introduo 30

    Definindo ento um sinal de referncia pela equao:

    r(s) =n(s)

    (s)e(s)(11)

    Analisando as caractersticas deste sinal tem-se que:

    (s) representa o polinmio que possui as razes dos modos instveis e marginal-

    mente estveis de r(s);

    e(s) contm os modos estveis de r(s);

    n(s) representa o polinmio correspondente ao numerador de r(s), sendo que suas

    razes devem ser diferentes das razes de (s) e e(s).

    Pela Transformada de Inversa de Laplace pode-se concluir que apenas os sinais

    associados s razes de (s) influenciam em regime permanente, ou seja, as razes de (s)

    so os modos instveis de r(s). O que demonstra que o seguimento e/ou rejeio deste

    sinal de referncia ser garantido se a funo de transferncia (s) = 1/(s) for inserida

    no caminho direto da malha de controle.

    Na Figura 2 apresentado um sistema em malha fechada o qual tem a funo

    de garantir a estabilidade e as especificaes de desempenho transitrio. Os blocos que

    Figura 2 Sistema em malha fechada - Principio do Modelo Interno - PMI

    compes este sistema so:

    G(s) a planta a ser controlada;

    (s) o mdulo PMI que garante o seguimento e/ou rejeio do sinal de referncia;

    C(s) o controlador que dar a estabilidade do sistema em malha fechada.

    Assume-se que no deve haver cancelamento dos polos bloco PMI ((s)) com os

    zeros do controlador (C(s)).

    Considerando que a planta e o controlador da figura 2 sejam descritos como G(s) =NPDP

    e C(s) = NCDC

    onde NP e NC so os numeradores e DP e DP so os denominadores em

    funo dos polinmios em s.

  • Captulo 1. Introduo 31

    Sendo assim a funo de transferncia do sistema em malha fechada ser dada por:

    MF (s) =(s)C(s)G(s)

    1 + (s)C(s)G(s)

    =NC(s)NP (s)

    (s)DCDP + NC(s)NP (s)(12)

    Observando a equao do sistema em malha fechada 12 pode-se concluir que se as

    razes dos polinmios que compem o denominador desta equao estiverem no semiplano

    esquerdo do plano complexo o sistema ser estvel.

    A funo de transferncia do sinal de erro do sistema apresentado na Figura 2

    descrita como:

    eMF (s) =1

    1 + (s)C(s)G(s)r(s)

    =(s)DC(s)DP (s)

    (s)DCDP + NC(s)NP (s)r(s) (13)

    Substituindo-se 11 em 13 obtm-se ento:

    eMF (s) =(s)DC(s)DP (s)

    (s)DCDP + NC(s)NP (s)ne

    (s) (14)

    Aplicando o Teorema do valor final descrito por Haykin e Van Veen (2002) na

    equao 14 tem-se o seguinte erro em regime permanente para o sistema em malha fechada:

    e() = lims

    s eMF (s) = lims s(s)DC(s)DP (s)

    (s)DCDP + NC(s)NP (s)ne

    (s) = 0. (15)

    A partir do descrito pode-se verificar que o PMI ser insensvel aos distrbios

    inseridos no sistema, fazendo com que tenha-se erro nulo em regime permanente e rejeio

    de perturbaes de maneira robusta.

    1.5.2 Controlador PMI - Ressonante

    Baseado nos conceitos do controlador PMI, estes controladores se caracterizam

    por possurem na sua estrutura um modelo que obtenha erro nulo em regime permanente

    e seguimento e/ou rejeio de distrbios para sinais senoidais. Ao ser submetida a um

    sinal de erro peridico com frequncia definida apresenta uma dinmica semelhante ao do

    controlador PI para um sinal de erro constante.

    Essa implementao produz um ganho infinito sempre que o erro possui uma

    frequncia r, porm para pequenas variaes de frequncia o valor da ao de controle

    decai drasticamente, praticamente no exercendo nenhuma ao sobre o sinal de erro.

  • Captulo 1. Introduo 32

    Sabendo-se que atravs da Srie de Fourier pode-se representar qualquer sinal pe-

    ridico a partir da soma ponderada de senoides, pode-se considerar um sinal de referncia

    e um sinal de distrbio descrito como segue:

    r(t) =nr

    i=1

    ari sin(ri + ri)

    d(t) =nd

    i=1

    adi sin(di + di)

    Sendo que cada senoide contribui com s2 + 2i tem-se:

    r(s) =nr

    i=1

    (s2 + 2ri) , d(s) =nd

    i=1

    (s2 + 2di)

    Caracterizando um controlador ressonante pelo seu ganho infinito em uma determinada

    frequncia de ressonncia r que, por exemplo, pode ser igual frequncia do sinal de

    referncia peridica. Sendo ento, o modo do PMI para um sinal de referncia:

    (s) =1

    =1

    s2 + 2r(16)

    A Figura 3 apresenta a magnitude do sinal de sada em relao a variao de

    frequncia de um PMI ressonante onde se pode observar a tendncia de ganho infinito na

    frequncia r que tambm denominada frequncia de ressonncia. O mesmo raciocnio

    101

    100

    101

    40

    20

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    Mag

    nitu

    de (

    dB)

    Bode Diagram

    Frequency (rad/s)

    PMI Ressonante

    Figura 3 Magnitude (Diagrama de Bode) do PMI Ressonante (r = 1)

    utilizado para o controlador ressonante com um nico sinal de referncia pode ser apli-

    cado para manipular sinais peridicos de referncia mais complexos tendo n componentes

    senoidais em diferentes frequncias. Neste caso, o problema de seguimento da referncia

    pode ser tratada por meio de n controladores ressonantes que conduzem a um controlador

    de ressonncias mltiplas ou Mltiplo Ressonante.

  • Captulo 1. Introduo 33

    A ideia principal gerar uma dinmica oscilante (modo senoidal) correspondente

    a frequncia fundamental do sinal de interesse e suas respectivas harmnicas mais sig-

    nificativas (Pereira et al., 2014). De acordo com o Princpio do Modelo Interno (CHEN,

    1970), o seguimento e a rejeio ser garantido, assumindo o sistema em malha fechada

    estvel, se o controlador

    xmr(t) = Amrx(t) + Bmre(t) (17)

    for inserido na malha de controle onde diag{ A , B } denota a matriz bloco diagonal

    obtida a partir dos elementos A e B:

    Amr = diag{(1), (2), , (N)}

    Bmr =[

    ]

    (h) =

    0 1

    2h 0

    , =

    0

    1

    Note que os termos em Amr representam a combinao dos modos ressonantes dos

    sinais de referncia e perturbao i, i = 1, 2, . . . , Nh, onde Nh determina o nmero de

    harmnicas significativas a serem compensadas. Alm disso, importante ressaltar que

    o espectro de um sinal contnuo tem infinitas componentes de frequncia e, neste caso,

    existe um erro de seguimento que diminui conforme Nh aumenta.

    1.5.3 Controlador PMI - Repetitivo

    O controlador repetitivo foi inicialmente proposto em (Inoue; S.; Nakano, 1981)

    para a garantia de seguimento e rejeio de sinais peridicos. Para isto, um elemento de

    atraso temporal de segundos inserido na malha de controle em um lao de realimenta-

    o positiva como ilustrado na Figura 4. Neste caso, o perodo fundamental dos sinais

    a serem seguidos e/ou rejeitados. Note que a funo de transferncia do sinal de erro para

    a sada dada por:

    Grc(s) :=Yrc(s)E(s)

    =1

    1 e s(18)

    a qual tem ganho infinito para todas as frequncias k = k0 [rad/sec], k = 1, 2, , e

    0 = 2/ [rad/sec].

    Assumindo que o sistema em malha fechada estvel, ento o ganho infinito nessas

    frequncias garante o seguimento e a rejeio com erro nulo. Na Figura 4 demonstrada

    a configurao bsica de um controlador repetitivo.

  • Captulo 1. Introduo 34

    Figura 4 Configurao bsica do controlador repetitivo.

    Devido a uma srie de problemas de implementao (Flores et al., 2011), este

    controlador no pode ser estabilizado por um controlador racional. Portanto, (Hara et al.,

    1988) sugere a introduo de um filtro passa baixas c/(s + c) em srie com o elemento

    de atraso, resultando em:

    Grc(s) =1

    1 cs+c

    es(19)

    onde c a frequncia de corte do filtro.

    1.6 Sntese por LMI

    A formulao por desigualdades matriciais lineares (do ingls - Linear Matrix Ine-

    qualities - LMI ) tem como objetivo descrever matematicamente as condies necessrias

    para o sistema ser estvel e apresentar a resposta dinmica especificada.

    A formulao de uma LMI dada por:

    F (): = F0 +m

    i=1

    iFi > 0 (20)

    onde Rn a varivel de deciso e Fi = F Ti Rnn, so as matrizes conhecidas. A

    matriz F () definida positiva, se for encontrada uma soluo factvel para .

    As LMIs apresentam importantes propriedades que motivam sua utilizao em

    projetos de controladores. Entre essas propriedades destacam-se:

    Restrio convexa em geram Solues numricas eficientes;

    Vrias restries na forma LMI podem ser reescritas como uma nica restrio LMI;

    Todas as especificaes do projeto podem ser descritas em LMIs e solucionadas

    simultaneamente;

    Vrios pacotes computacionais eficientes dedicados a edio e resoluo de problemas

    na forma LMI.

  • Captulo 1. Introduo 35

    A soluo de um problema LMI pode ser caracterizado por um problema de fac-

    tibilidade (que busca uma soluo qualquer que satisfaa um conjunto de restries na

    forma LMI) ou por um problema de otimizao (que determina a soluo tima de uma

    funo custo linear sujeita a um conjunto de restries na forma LMI).

    Os problemas de otimizao com restries na forma de LMI, so resolvidos nume-

    ricamente atravs de softwares matemticos. Um Analisador Sinttico (do ingls - Parser)

    traduz o problema LMI para a formulao genrica e serve de interface para os softwares

    que encontram a soluo para problemas LMI chamados de solvers como exemplo destes

    softwares temos o SeDuMi (Sturm, 1998) ou LMILab (Gahinet; Nemirovskii, 1993) ou

    SDPT3.

    1.6.1 Critrio - Estabilidade

    Intuitivamente a estabilidade de um sistema dinmico est associada a funo

    energia deste sistema (Trofino, 2000). A teoria de Lyapunov nos diz que a estabilidade de

    um sistema no-linear est vinculada a um ponte de equilbrio deste sistema e sendo assim

    as derivadas dos estados neste ponto so iguais a zero. A origem pode ser considerado um

    exemplo de ponto de equilbrio de um sistema no-linear.

    Lyapunov apresenta uma funo que mede a energia de um sistema, e se essa

    energia decresce em relao ao tempo, ento este sistema tende a um dado ponto de

    equilbrio ou seja suas trajetrias tendem a origem.

    Para sistemas LIT o ponto de equilbrio estvel em uma regio B(x) se existe

    uma funo V (x) tal que:

    - V (x) > 0, x 6= 0 B(x);

    - V (x) < 0, x 6= 0 B(x);

    Se V (x) no for negativa, ainda no se pode afirmar que o sistema no estvel, ou seja,

    essa condio apenas suficiente pois depende da escolha de V (x). Se B(x) = Rn ento

    pode-se afirmar que o sistema globalmente estvel.

    A funo clssica de Lyapunov a funo quadrtica descrita por:

    V (x) = x(t)P x(t) (21)

    Suas caractersticas so:

    - Definio em sinal da funo depende somente da matriz P ;

    - Funo tem apenas um mnimo global;

    - Suas curvas de nvel so conjuntos elipsoidais;

  • Captulo 1. Introduo 36

    - Pode ser facilmente convertida em LMI uma vez que V (x) > 0 para P positiva

    definida ou seja P > 0.

    O ponto de equilbrio do sistema x(t) = Ax(t) estvel em uma regio B(x) se

    existe uma matriz simtrica positiva (que possui autovalores positivos) definida por P tal

    que:

    AP + P A < 0

    A estabilidade quadrtica para sistemas variantes no tempo ser verdadeira se o

    ponto de equilbrio do sistema x(t) = A((t))x(t) estvel em uma regio B(x) se existe

    uma matriz simtrica positiva definida por P tal que:

    A()P + P A() < 0

    Desde que seja satisfeita a condio (t) B(). (Trofino, 2000)

    1.6.2 Critrio - Realimentao de Estados

    Nesta Seo ser discutido a aplicao de LMI para o clculo do ganho K da

    realimentao de estados para que o sistema seja estvel.

    Supondo que o sistema em malha fechada resultante seja:

    x(t) = (A + BK)x(t)

    z(t) = (Cz + DzK)x(t)

    O problema a ser resolvido por LMI ser determinar o ganho K tal que o sistema

    seja estvel, e para que isto ocorra deve existir uma matriz P = P > 0 e um ganho K

    tal que:

    (A + BK)P + P (A + BK) < 0 (22)

    Observa-se que o produto P BK no permite a utilizao de LMI pois no-linear

    em P e K. A soluo para essa situao multiplicar a equao (22) por P 1 em ambos

    os lados. Ao executar essa multiplicao obtm-se:

    P 1A + AP 1 + P 1K B + BKP 1 < 0

    Considera-se ento a mudana de variveis Q = P 1 e Y = KP 1 = KQ passando

    o critrio de desempenho a ser:

    QA + AQ + Y B + BY < 0

    Com essa mudana de variveis pode-se calcular indiretamente o ganho K atravs da

    soluo de LMI para as variveis Q e Y e posteriormente obtendo o ganho K pela equao:

    K = Y Q1

  • Captulo 1. Introduo 37

    1.6.3 Critrio - H2 Custo Garantido

    Um dos principais objetivos quando se desenvolve um controlador atingir certas

    especificaes de performance pr-determinadas, alm de garantir a estabilidade interna

    do sistema. Uma das tcnica utilizadas para atingir esses objetivos a determinao da

    quantidade de energia dos estados do sistema, onde podemos ter uma ideia do grau de

    influncia das perturbaes externas sobre o estado de interesse ou tambm denominadas

    variveis de performance.

    Sendo as perturbaes sinais de distrbio externos e os estados de interesse os

    sinais que se deseja controlar, o objetivo verificar se a quantidade de energia da varivel

    de performance se mantm pequena na presena de sinais de perturbao externa gerados

    por distrbios inseridos aleatoriamente ao sistema.

    Tomando como exemplo um sistema LIT definido por:

    x = Ax + Bww

    z = Cx + Dww (23)

    Sendo:

    x Rn sendo o vetor dos estados do sistema,

    w Rr sendo a entradas de perturbaes e

    z(t) Rq sendo as sadas de interesse.

    Tem-se que, para o sistema descrito, a relao entre a perturbao e a sada de

    interesse dada por:

    Gwz = C(sl A)1 + Bw + Dw

    Portanto, a performance do sistema depende diretamente da relao entre w(t) e z(t).

    Quando as perturbaes que afetam o sistema so sinais conhecidos, possvel

    represent-las como um sistema dinmico excitado por um impulso, logo esta dinmica

    pode ser incorporada a relao Gwz(s). Desta forma, pode-se considerar que o sistema

    Gwz(s) excitado por sinais w(t) com formato de impulsos e definir que a energia da

    resposta ao impulso, que a energia do sinal de sada z(t), que ser finita se a matriz A

    do sistema possuir todas todas as suas razes no semi plano esquerdo (Hurwitz) e a matriz

    Dw foi equivalente a zero.

    A norma H2 de Gwz(s) definida como sendo:

    Gwz 22=

    0trao[g(t)g(t)]dt (24)

    onde g(t) a resposta impulsiva do sistema 23 com A Hurwitz, Dw 0 e g(t) = 0 para

    < t < 0.

    A norma H2 do sistema esta relacionada com a teoria de estabilidade de Lyapunov

    e essa relao nos permite calcular a norma Gwz 2 atravs de LMIs.

  • Captulo 1. Introduo 38

    A partir do descrito at aqui, optou-se por uma formulao H2 nos critrios das

    LMIs que iro determinar os ganhos dos controladores repetitivo e ressonante deste traba-

    lho, de forma a minimizar os efeitos das perturbaes externas na varivel de performance

    que nos caso deste trabalho o deslocamento da cabina do elevador e tambm para ga-

    rantir a estabilidade interna do sistema.

    O Custo Garantido do sistema, que determinado pela minimizao da norma H2,

    tem como objetivo reduzir a energia de transferncia da entrada do sistema para a sada

    provocada pelos distrbios externos. Sua descrio temporal representada pela rea da

    curva de resposta ao impulso.

    A partir de um estado inicial x0, tem-se o objetivo de garantir o menor valor de

    energia da resposta do sistema para este estado inicial, ou seja, encontrar uma constante

    J ou o Custo Garantido do sistema definido pela equao:

    J =

    0zzdt

    Supondo que exista uma funo quadrtica de Lyapunov v() = P tal que:

    P > 0

    v(x) zz (25)

    Para todo x e z que satisfaam o sistema. Integrando-se a equao (25) em ambos os lados

    de 0 a T tem-se ento que:

    v(x(T )) V (x(0)) T

    0zzdt

    Para todo T 0. Como v(x(T )) 0, pode-se concluir que V (x(0)) = x0P x0 J ,

    portanto V (x(0)) um limitante superior para energia da sada z na condio inicial x0.

    As condies x0P x0 J e v(x) zz podem ser descritas na forma da seguinte LMI:

    x0P x0 J,

    AP + P A C

    C I

    < 0

    Sendo assim, estas condies de LMIs, includas nos clculos das simulaes utilizadas

    para a determinao dos ganhos dos controladores ressonante e repetitivo descritos neste

    trabalho.

  • Captulo 1. Introduo 39

    1.7 Elevadores

    Nesta seo sero descritos alguns detalhes sobre o elevador e as perturbaes que

    este sistema pode conter. Esses conhecimentos so necessrios para o desenvolvimento do

    presente trabalho sendo apresentados atravs da reviso bibliogrfica de diversos temas

    que contribuem para a compreenso do sistema de transporte, metodologias de controle

    normalmente aplicadas a esses sistemas e a modelagem dinmica do elevador.

    As principais partes de um elevador esto representadas na Figura 5 onde pode-se

    observar os componentes bsicos que compem este equipamento.

    (a) Elevador com Casa de Mquinas(b) Elevador sem Casa de Mquinas

    Figura 5 Imagens Obtidas da ThyssenKrupp (2006)

    Como j foi descrito em captulos anteriores, o presente trabalho trata sobre o de-

    senvolvimento de um sistema de roletes de guias ativos para elevadores de alta velocidade

    e desempenho visando reduzir as vibraes laterais na base da cabine do elevador.

  • Captulo 1. Introduo 40

    As oscilaes so causadas principalmente pelas perturbaes durante o movimento

    do elevador que vm do contato dos roletes presos na estrutura da cabina com as guias

    de alinhamento que so fixadas nas paredes do poo do elevador em edifcios de grande

    porte.

    Para exemplificar essas possibilidades de vibraes a Figura 6 representa uma

    situao que caracteriza uma cabina de elevador se movimentando por um conjunto de

    guias com irregularidades no seu alinhamento.

    As guias, apesar dos modernos processos de manufatura e instalao, apresen-

    tam sempre pequenos desalinhamentos e tores que so causados, normalmente, por

    problemas nos processos de transporte, instalao, dilataes trmicas e efeitos de enve-

    lhecimento dos materiais, entre outros.

    Figura 6 Guias Irregulares (ThyssenKrupp, 2006)

    Os movimentos ou vibraes causados por esses desajustes, fundamentalmente em

    elevadores de alta velocidade instalados em edifcios de alto padro, podem comprome-

    ter a estabilidade da viajem dos usurios de elevadores, bem como contriburem para

    o no cumprimento das exigncias estabelecidas pelas normas de segurana e conforto

    estabelecidas pelos rgos internacionais competentes.

    Consequentemente, as empresas fabricantes de elevadores que possuem produtos de

    alta tecnologia realizam grandes investimentos no desenvolvimento de sistemas modernos,

    como o controle de roletes de guias ativos, para melhorar o desempenho dos elevadores,

    em relao ao conforto dos usurios, sem aumentar seu tamanho e peso. Esta situao

    pode ser comprovada pelo nmero elevado de patentes que tm sido apresentadas nessa

    rea desde do incio do novo sculo. Por exemplo. Peng, Winston e Finn (2006), usam

    um sistema de suspenso baseado no controle das foras repulsivas de eletro-ims para

    cancelar perturbaes laterais.

  • Captulo 1. Introduo 41

    Em suas solicitaes, Utsunomiya, Okamoto e Yumura (2004) e Utsunomiya, Oka-

    moto e Yumura (2006), patentearam um sistema ativo de suspenso que usa as aceleraes

    medidas (com o uso de acelermetros situados no centro do elevador) para comparar as

    vibraes da cabine com os valores desejados e assim aplicar foras laterais por meio de

    atuadores eletromagnticos.

    Husmann (2005), descreve um sistema ativo de amortecimento da cabina baseado

    na medida das deformaes da estrutura do elevador. A acelerao medida com sensores

    eletro-resistivos fixados a essa estrutura, no sentido perpendicular ao movimento. Motores

    eltricos lineares aplicam as foras solicitadas pelo sistema de controle.

    Em relao aos controladores de sistemas de amortecimento, a tcnica de con-

    trole mais utilizada pelas indstrias so os clssicos controladores PID. Como descrito

    em Ogata (2003), esses controladores possuem vasta literatura, implementao simples e

    basicamente necessitam do ajuste dos seus parmetros P, I e D, porm, essa tcnica de

    controle no se mostra apropriada para o seguimento e/ou rejeio de sinais peridicos,

    sendo adequada para o uso em sistemas onde os sinais envolvidos so constantes.

    Algumas tcnicas desenvolvidas em trabalhos para suspenso ativa e semi-ativa

    para veculos pesados utilizam o conceito de "gancho para o cu"(do ingls "Skyhook"),

    como citado por S (2006). Seu conceito foi introduzido por Karnopp, Crosby e Harwood

    (1974) que considerou que atravs de um amortecedor fictcio, uma massa suspensa po-

    deria ser ligada a uma referncia inercial posicionada no cu. O objetivo principal desta

    teoria isolar a massa suspensa da vibrao proveniente do ponto de contato da massa

    com a fonte de vibrao, que no caso dos veculos, este ponto de contato a via.

    J no caso deste trabalho, o ponto de contato so as guias do elevador. Uma vez

    que este tipo de referencial no possvel de existir, o que se faz na prtica calcular o

    coeficiente de amortecimento da suspenso de modo que a fora gerada seja equivalente

    a fora gerada por este amortecedor fictcio. A Figura 7 ilustra a estratgia do controle

    Skyhook.

    (a) Suspenso Passiva (b) Skyhook Ideal (c) Skyhook Real

    Figura 7 Teoria do Skyhook Control

  • Captulo 1. Introduo 42

    Observa-se que o controle Skyhook ideal tem seu foco principal na massa suspensa.

    A medida que o coeficiente de amortecimento do amortecedor fictcio Csky aumenta, a

    isolao desta massa melhora em relao aos distrbios provenientes do ponto de contato.

    Em Schneider, Huck e Schwarz (2001) so obtidos modelos da dinmica de um elevador

    visando aplicao de tcnicas de redes neurais para controle da acelerao e desacelerao

    do elevador.

    Encontraram-se na bibliografia alguns poucos artigos especficos sobre o controle

    ativo de suspenso de elevadores comerciais. Por exemplo, em Istif, Sagirli e Kutlu (2002),

    utilizada uma representao por grficos (Bond Graphs) para construir um modelo em

    espao de estados de um sistema ativo de suspenso. O projeto do controlador baseia-se em

    um esquema proporcional-derivativo (PD) aplicado para comandar um sistema hidrulico

    no sentido vertical do deslocamento do elevador. O sistema ativo usado para controlar

    a acelerao e a desacelerao do elevador.

    Nai, Forsythe e Goodall (1994), desenvolveram um modelo do elevador expresso

    por um conjunto de 20 equaes de 2a ordem. A dinmica invariante no tempo e depende

    da posio, da quantidade de passageiros e do eixo que est sendo considerado. So usadas

    duas estratgias diferentes para o controle, uma baseada na variao da velocidade para

    controlar as vibraes dos cabos e dos isoladores do elevador (baixas frequncias), e outra

    baseada no uso de atuadores no sistema de suspenso para controlar as ressonncias nos

    cabos e nos isoladores com o uso do mtodo da alocao de polos.

    Sha, Bajic e Yang (2002) apresentam um modelo dinmico de um elevador acio-

    nado por um sistema hidrulico usando as equaes de Newton e leis da continuidade.

    Os diferentes mecanismos de atrito envolvidos no sistema tambm so levados em conta.

    A soluo proposta para o controle por modos deslizantes (do ingls Adaptive Sliding

    Mode Controller - ASMC ) para sistemas discretos do tipo SISO, ou seja, uma entrada e

    uma sada. Esta estratgia de controle combina o controle realimentado no-linear base-

    ado no mtodo direto de Lyapunov com um esquema de controle por modos deslizantes

    adaptativo. A dinmica de referncia para o sistema especificada com o uso do mtodo

    de alocao de polos. A estratgia de controle proposta comparada com um PID (Pro-

    porcional, Integral e Derivativo) clssico e os resultados mostram melhor comportamento

    com a tcnica de controle proposta.

    Skalski (1984) apresenta e compara dois mtodos usados atualmente para o con-

    trole da velocidade, acelerao e desacelerao de elevadores. Os mtodos so a Velocidade

    Controlada por Retificador (do ingls Silicon Controlled Rectifier - SCR) e a a Velocidade

    Controlada por Motor Gerador (do ingls Motor Generator Velocity Control - MGVC ).

  • Captulo 1. Introduo 43

    Ambos envolvem basicamente um controle PI (Proporcional e Integral) que age

    diretamente no motor do elevador. Os resultados experimentais e das simulaes mostram

    que ambos os sistemas conseguiram bons resultados, sendo que com o SCR obtm-se os

    melhores desempenhos.

    No campo do desenvolvimento de suspenses automotivas, por exemplo, Kruczek

    e Stribrsky (2004) e Sammier, Sename e Dugard (2003) discutem as vantagens e desvan-

    tagens dos sistemas passivos, semi-ativos e ativos, desenvolvendo uma modelagem para o

    caso de suspenso ativa de veculos e mostrando diferenas entre a alocao dos atuadores

    em srie ou paralelo com o sistema passivo (molas-amortecedores).

    Giua, Melasa e Seatzu (2004) apresentam um sistema de suspenso que usa um

    atuador magneto-reolgico que aumenta ou diminui a constante de amortecimento, de

    acordo com as perturbaes da estrada.

    Chellaboina, Haddad e Jin-Hyoung (1999), desenvolveram um controlador baseado

    em uma unidade micro controlada para uma suspenso ativa hidro-pneumtica com 2

    graus de liberdade. A estratgia de controle consiste em uma combinao de um controle

    com estrutura varivel (do ingls Variable Structure Control - VSC ) com um esquema

    PID. Os resultados apresentados foram considerados bons.

    Ikenaga et al. (2000) e Campos et al. (1999) usam uma estratgia de controle

    baseada no chamado sistema de aumento de estabilidade (do ingls Stability Augmentation

    System - SAS), usado classicamente no controle de avies. Neste mtodo, o problema

    dividido em duas partes: uma isola o corpo do carro das vibraes da estrada e a outra

    parte controla as manobras do veiculo.

    Ben Gaid, Cela e Kocik (2004), apresentam um regulador quadrtico linear (LQR)

    que isola a massa do veiculo das perturbaes externas e otimiza a dirigibilidade do carro.

    O modelo do carro baseado em um sistema de 7 graus de liberdade introduzido por

    Ikenaga et al. (2000). Os resultados so obtidos atravs de simulao com Matlab/Simulink

    e comparados com os resultados de um modelo da suspenso passiva.

    Chantranuwathana e Peng (2004) usam o modelo de um quarto de carro com

    um atuador em paralelo com o sistema passivo para o sistema da suspenso. O atuador

    utilizado na parte ativa do sistema hidrulico. Primeiramente foi suposto que todos os

    estados esto disponveis e que inclusive a fora, ou seja, o sinal de entrada medido. Nesta

    situao foram simulados os casos passivos, ativo com controlador adaptativo robusto (do

    ingls Adaptative Robust Control - ARC ), ativo com um controlador PID e, finalmente,

    com um Controlador timo Linear Quadrtico (do ingls Linear Quadratic Control -

    LQC ).

  • Captulo 1. Introduo 44

    Posteriormente, foi suposto que a fora no podia ser medida e se construiu um

    observador de estados. Nesta situao foram repetidas as simulaes substituindo-se o

    controlador ARC por um controlador robusto adaptativo com realimentao da sada. As

    simulaes mostram os melhores resultados para o controlador ARC com o observador.

    Neste trabalho, diferente dos projetos descritos at aqui, foram aplicados os con-

    ceitos dos controladores ressonante e repetitivo aplicados no desenvolvimento de um algo-

    ritmo de controle para um sistema de roletes de guias ativos em elevadores de alta veloci-

    dade. A utilizao destes controladores tem por objetivo aplicar conceitos mais modernos

    de controle com caractersticas mais apropriadas aos tipos de perturbaes existentes no

    sistema elevador em particular aquelas vinculadas a estrutura e o movimento da cabina.

    Foram desenvolvidos modelos mais simplificados para descrever as foras que

    atuam durante o movimento da cabina do elevador utilizando-se mtodos clssicos da

    dinmica de corpos rgidos. Tendo o deslocamento da cabina similaridades ao compor-

    tamento de uma veiculo em movimento, tambm foram aplicados alguns conceitos am-

    plamente utilizados no projeto de sistemas de controle de suspenses ativas de veculos

    automotivos para descrever o modelo matemtico do elevador.

    No desenvolvimento que ser apresentado no Captulo 2, pode-se observar que o

    modelo considerado para o elevador similar ao modelo clssico de meio carro, j estudado

    extensamente e com ampla bibliografia disponvel. Sendo assim, as consideraes tericas

    encontradas em livros, patentes e artigos para estes sistemas podem ser, em sua maioria,

    extrapoladas para o caso de elevadores sem perdas considerveis no modelamento.

    1.7.1 Fontes de Vibraes nos Elevadores

    As vibraes sentidas pelos passageiros dentro de uma cabina do elevador so

    aquelas relacionadas cabina como sendo um corpo rgido. As vibraes podem ocorrer

    em seis graus de liberdade em relao ao seu sistema de coordenadas fixo.

    Neste trabalho so consideradas basicamente as vibraes de translao ao longo

    das direes X e Y , ou seja, o plano paralelo ao piso da cabina (frente-fundo e esquerda-

    direita respectivamente), assumindo que o elevador tem seu deslocamento vertical na

    direo do eixo Z, bem como os graus de liberdade rotacionais em torno dos mesmos

    eixos.

    As principais fontes de vibraes na direo da viagem do elevador, eixo Z, so

    originadas no controle do motor e nos cabos de trao e portanto, so de natureza di-

    ferente das descritas anteriormente. Para a atenuao dessas vibraes so necessrios

    equipamentos e tcnicas de controle atuando junto as suas fontes. Este no o prop-

    sito do sistema de roletes de guias ativos e consequentemente essas vibraes no sero

    analisadas neste trabalho pois no afetam diretamente o desempenho do sistema.

  • Captulo 1. Introduo 45

    A Figura 8 demonstra a conveno utilizada neste trabalho para os eixos cartesi-

    anos em relao aos movimentos da cabina de um elevador.

    Figura 8 Conveno dos Eixos Cartesianos para Elevadores

    As fontes de vibraes na cabina durante o movimento do elevador podem ser

    oriundas de focos de alta frequncia e de baixa frequncia que podemos descrever como

    segue:

    1.7.1.1 Fontes de Perturbao de Alta Frequncia

    Irregularidade nas guias:

    Fornecidas pelos fabricantes de ao, as guias normalmente no so perfiladas com-

    pletamente em linha reta. Tambm devido montagem imprecisa dessas guias nas

    paredes da caixa de corrida e os diferentes coeficientes de expanso trmica da pa-

    rede e das guias, so fatores que contribuem com oscilaes da cabina dos elevadores.

    A qualidade das caixas de corrida variam muito de um prdio para outro. Segundo

    Ayman (1997), pode se esperar um espectro de oscilaes oriundo das guias dos

    elevadores na faixa de at 10 Hz. Na Figura 6, apresentada no incio deste captulo,

    foi dada uma ideia de como essas irregularidades influenciam no deslocamento da

    cabina do elevador.

    Foras aerodinmicas:

    O movimento da cabina no interior do poo do elevador resulta em foras aerodi-

    nmicas que tambm afetam a estabilidade do elevador bem como podem tambm

    influenciar o conforto de outros elevadores que estejam funcionando em um poo

    prximo. A magnitude e as componentes em frequncia dessas foras so dependen-

    tes da velocidade de deslocamento da cabina dentro do poo.

  • Captulo 1. Introduo 46

    Essas foras tambm so influenciadas pelas dimenses e a forma do interior do

    poo do elevador, o nmero de elevadores que existem no mesmo poo, bem como

    o nmero de contra-pesos e as suas localizaes.

    O mecanismo que gera estas foras , portanto, bastante complexo. Enquanto no

    h informao suficiente disponvel sobre os seus espectros de excitao, razovel

    assumir que elas no so maiores do que as geradas pelas irregularidades do poo

    do elevador sobre as guias (Ayman, 1997).

    A Figura 9 apresenta o modelamento aerodinmico de uma cabina de elevador

    (9a) e tambm os resultados para uma simulao do fluxo de deslocamento do ar

    contido em um poo para dois elevadores (9b). A simulao demonstra as foras

    aerodinmicas geradas quando o elevador est em deslocamento.

    Nesta simulao so apresentadas duas situaes importantes, uma o fluxo de

    ar com a passagem de uma cabina por outra em sentidos opostos. J na segunda

    situao apresentada o fluxo resultante quando as duas cabinas viajam lado a lado

    no mesmo sentido.

    (a) Modelo Aerodinmico (b) Resultados Aerodinmicos

    Figura 9 Simulao Aerodinmica - fonte: Kiyoshi et al. (2004)

    Outras fontes de distrbios em alta frequncia:

    O movimento dos passageiros no interior da cabina e as foras exercidas pelo meca-

    nismo de abertura e fechamento da porta tambm podem ser fontes, relativamente

    menores, de distrbios internos de alta frequncia que atuam diretamente sobre a

    cabina do elevador.

  • Captulo 1. Introduo 47

    1.7.1.2 Foras de Perturbao de Baixa Frequncia

    Carga assimtrica da cabine:

    A presena de uma grande carga no interior da cabina do elevador, concentrada em

    um ponto que no seja sobre a linha que une o centro de gravidade com o ponto

    de suspenso dos cabos de trao, podem causar momentos que consequentemente

    acabam mudando o sentido de orientao da viagem da cabina.

    Cabos de trao:

    Os cabos de trao representam outra fonte de foras que podem agir mudando

    lentamente a direo da cabina. As magnitudes dessas foras so proporcionais ao

    comprimento dos cabos e, consequentemente, a posio da cabina ao longo da caixa

    de corrida.

    Outra classificao importante das fontes de perturbao nos elevadores quanto

    ao ponto de ocorrncia dessa perturbao. Os distrbios nas guias afetam a cabina atravs

    das conexes com os roletes, enquanto as outras fontes afetam a estrutura da cabine ou a

    cabine diretamente. As vibraes nas guias so as fontes de perturbao mais importantes

    e que sero descritas neste trabalho.

    Distrbios que variam lentamente, abaixo de 0,01 Hz, no produzem vibraes que

    sero detectadas pelos passageiros. No entanto, como elas afetam o sistema de amorteci-

    mento ativo a ser instalado na cabina do elevador, devem ser levadas em considerao.

    Cada uma das fontes de vibraes descritas nesta seo, podem ser uma nica

    fonte de perturbao ao sistema ou ocorrerem simultaneamente, e sendo que em alguns

    casos essas vibraes podem permanecer durante parte de um deslocamento da cabina

    ou serem incorporadas permanentemente ao sistema. Consequentemente influenciam na

    estabilidade da cabina durante o deslocamento do elevador.

    Sendo assim, pode-se considerar essas vibraes como perturbaes peridicas e

    que se repetem a medida que o elevador passa pela estrutura interna do poo, o que jus-