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__________________________________________________________________________________________________________________________________
1 Pós graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapia manual. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.
Aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse
de tornozelo grau I por inversão
Elaine Neves de Macêdo 1
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais _ Faculdade de
Faipe
Resumo
A pesquisa refere-se à aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de
tornozelo grau I por inversão, pois a entorse de tornozelo é uma das lesões de maior
acometimento, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou
lacera as fibras ligamentares. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de
evidenciar nesse contexto, a aplicabilidade da bandagem funcional. O presente estudo
caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. Foi realizado um
levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos, monografias,
dissertações e livros no idioma Português. No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi
realizada nos meses de março até dezembro de 2014. A presente pesquisa constatou por meio
desta revisão a aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento pós-entorse de
tornozelo grau I por inversão, pois, a bandagem funcional baseia-se no princípio de
promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem
limitar suas funções fisiológicas, constitui na aplicação de uma fita, feita de um material que
se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal objetivo dessa atadura é dar
proteção mecânica para os tecidos, sem impedir à funcionalidade da articulação, desta
forma, dando maior estabilidade na articulação.
Palavras-chave: Bandagem Funcional; Entorse; Tornozelo.
1. Introdução
O tornozelo é uma articulação frequentemente lesada. As lesões ocorrem principalmente por
força de impacto ou torsões, a entorse de tornozelo é a lesão de maior acometimento na
prática esportiva, sendo definida como uma lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou
lacera as fibras ligamentares (INGHAM et al, 2007).
Henning (2009), relata que essas lesões ligamentares são causadas por pisadas em terrenos
irregulares ao caminhar ou ocorrer, na prática de esporte, acidente de trabalho ou trânsito.
Segundo Baroni et al (2010), a entorse de tornozelo pode ser classificada em três tipos: grau I-
ocorre apenas um estiramento ligamentar; grau II- ocorre uma lesão ligamentar parcial e grau
III- a lesão ligamentar é total, dentre os quais o grau I será abordado nesse estudo.
A lesão grau I, caracteriza-se por uma lesão leve, com ruptura mínima de fibras, mantendo
assim a integridade do ligamento. Geralmente apenas o ligamento talofibular é lesado neste
tipo de entorse (LOPES, 2008).
Almeida et al (2011), relata que as lesões mais comuns no tornozelo são decorrentes do
mecanismo por inversão, acometendo cerca de 80 a 90% e Moreira e Antunes (2008), relatam
que 10 a 20% são ocasionadas por eversão.
O mecanismo por inversão ocorre quando o complexo do pé se encontra em flexão plantar,
invertido e aduzido, desenvolvendo instabilidade funcional (CONCEIÇÃO E SILVA, 2007;
2
RODRIGUES E DIEFENTHAELER, 2008; BELANGERO et al, 2010; BARRETO et al,
2010).
Silva (2007), também relata que a lesão por inversão provoca danos às estruturas laterais do
tornozelo, que abrangem os ligamentos laterais, as cápsulas das articulações subtalar e
talocrural e o nervo fibular superficial.
O quadro clínico dessa disfunção é caracterizado por dor, edema, equimose, incapacidade
funcional e instabilidade mecânica e/ou funcional (SILVA, 2011).
O diagnóstico nas entorses de tornozelo é feito através de exames radiológicos e testes de
instabilidades. O exame físico é muitas vezes difícil por causa da dor à palpação (LEITE,
2010).
Segundo Brum et al (2012), a bandagem funcional tem sido amplamente utilizada na área da
reabilitação. A utilização dessa técnica pode estar relacionada com diversos objetivos como,
por exemplo: melhora da estabilização articular facilitação ou inibição da ativação muscular.
O autor relata ainda que a bandagem funcional constitui na aplicação de uma fita, feita de um
material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal objetivo dessa
atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir a funcionalidade da articulação.
Diante do exposto acima, o presente estudo tem como objetivo, verificar a aplicabilidade da
bandagem funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Anatomia do Pé
O pé e o tornozelo associam flexibilidade com estabilidade devido à grande quantidade de
estrutura óssea, fixações ligamentares e musculares. A perna, o tornozelo e o pé apresentam
duas funções principais, quais sejam propulsão e suporte. Para a propulsão, eles agem como
uma estrutura flexível que se molda às irregularidades do terreno. A mobilidade dessa
articulação depende do arranjo anatômico de ossos (tíbia, fíbula e tálus), ligamentos
(talofibular anterior, talofibular posterior e calcâneo fibular) e músculos (fibulares longo e
curto, tibial anterior e tibial posterior) (TIMI et al, 2009).
Fonte: http://tecnologiadotenis.com.br/nutricao-e-saude/
Figura 1: Anatomia do pé
3
O tornozelo é uma articulação do tipo gínglimo, imprescindível para o desempenho funcional
da marcha e do suporte do peso corporal (VIANNA E GREVE, 2006; VENTURINI et al,
2006).
As articulações do tornozelo e do pé incorporam as seguintes funções: a) fornecem uma base
estável para a posição ereta; b) fornecem uma alavanca rígida, na fase do impulso da marcha;
c) absorvem as cargas; d) adaptam-se as irregularidades do solo; e) transforma a torção
através da articulação inferior e da pelve; f) substituem a função das mãos em indivíduos com
amputações ou paralisia muscular dos membros superiores (QUEIROZ, 2012).
2.1.1 Estrutura muscular
A parte do membro inferior entre o joelho e a articulação do tornozelo é o local de origem
para os músculos que produzem movimento do tornozelo. Dos 23 músculos associados ao
tornozelo e pé, 12 são extrínsecos ao pé e 19 intrínsecos. Os músculos extrínsecos são aqueles
que cruzam o tornozelo, e os músculos intrínsecos possuem ambas as inserções dentro do pé.
Portanto o suporte extrínseco é dado pelos músculos da perna e o intrínseco pelos ligamentos
e musculatura do pé [...]
[...] Os músculos extrínsecos são classificados em três grupos: crural anterior,
crural posterior e crural lateral. Todos os músculos extrínsecos, exceto o
gastrocnêmio, sóleo e plantar atuam nas articulações subtalar e mediotársica.
Entre os músculos intrínsecos que se originam e se inserem no próprio pé,
encontram-se os músculos extensores e flexores dos artelhos, totalizando 16
pequenos músculos. Os flexores dos artelhos incluem o flexor longo dos
dedos, o flexor curto dos dedos, o quadrado plantar, os lumbricais e os
interósseos. Os flexores longo e curto do hálux produzem flexão deste
último. Inversamente o extensor longo do hálux, o extensor longo dos dedos
e o extensor curto dos dedos são responsáveis pela extensão dos artelhos
(GUBIANI, 2004).
Fonte: http://tecnologiadotenis.com.br/nutricao-e-saude/
Figura 2: Estrutura muscular
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2.2 Biomecânica Em virtude dos estabilizadores e de sua arquitetura óssea a articulação do tornozelo é
classificada como uma articulação sinovial em dobradiça, permitindo apenas movimentos
uniaxiais. Os movimentos envolvidos na articulação do tornozelo são:
-Flexão Plantar: movimento pelo qual a planta do pé é voltada para o chão,
formando um ângulo agudo entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos
envolvidos neste movimento são: gastrocnêmio e sóleo, e a amplitude de
movimento é de 0-50°, podendo ocorrer variações de 10º; -Flexão Dorsal:
movimento no qual o dorso do pé é voltado para a cabeça, formando um
ângulo obtuso entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos envolvidos neste
movimento são: tibial anterior e extensor longo dos dedos, e a amplitude de
movimento é de 0-20°, podendo ocorrer uma variação de 20º. -Inversão:
movimento no qual se vira a planta do pé para a perna, os músculos
envolvidos são: tibial anterior e posterior, com assistência dos flexores longo
dos dedos e do hálux, a amplitude de movimento é de 0-45°; -Eversão:
movimento no qual se vira a planta do pé para a parte lateral da perna, os
músculos envolvidos são: extensor longo dos dedos e fibular longo e curto, a
amplitude de movimento é de 0-30° (SENA, 2008).
Fonte: http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/termos.htm
Figura 3: Biomecânica do tornozelo
2.3 Entorse de tornozelo
A entorse é um movimento violento, com estiramento ou ruptura de ligamentos de uma
articulação. A entorse de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas mais
frequentemente encontradas na população ativa, que geralmente envolve lesão dos ligamentos
laterais. Ocorre com maior frequência nos atletas de futebol, basquete e vôlei, correspondendo
a cerca de 10% a 15% de todas as lesões do esporte. No Reino Unido, ela acontece em uma a
cada 10.000 pessoas da população geral, isto é, cerca de 5.000 lesões por dia. A entorse do
tornozelo pode evoluir com complicações (SENA, 2008).
2.3.1 Mecanismo de Lesão
A estabilidade lateral do tornozelo é dada pelo mecanismo contensor dos ligamentos talfibular
anterior, posterior e talocalcâneo, associada ao terço distal da fíbula. O mecanismo de lesão
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habitual é a inversão do pé com flexão plantar do tornozelo, numa intensidade além do
normal, que acontece geralmente ao pisar em terreno irregular ou degrau. Este movimento
anômalo proporciona uma lesão que se inicia no ligamento talofibular anterior e pode
progredir para uma lesão do ligamento calcâneo-fibular, com o aumento da energia do trauma.
A lesão do ligamento talofibular posterior é rara, ocorrendo apenas na luxação franca do
tornozelo (RODRIGUES e WAISBERG, 2008).
Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html
Figura 4: Entorse de tornozelo
2.3.2 Classificação das Entorses
Classicamente classificam-se as entorses externas da tíbio-társica em três graus, a saber:
• Grau I – lesão minor com dor e edema localizado dos tecidos moles,
algumas das fibras do PAA estão estiradas, mas continua competente. Sem
instabilidade mecânica. • Grau II – envolve um traumatismo mais violento,
com ruptura do PAA e ruptura parcial do PC. Implica já perda funcional
parcial, com limitação álgica para a carga e instabilidade moderada. • Grau
III – ruptura completa do PAA e do PC. Acompanhada de edema exuberante,
equimose, grande instabilidade e impotência funcional total. II e III muitas
vezes têm vulgarmente lesões coexistentes de estruturas periarticulares
(MOREIRA e ANTUNES, 2008).
Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html
Figura 5: Classificação das entorses de tornozelo
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2.3.3 Quadro clínico
As inflamações agudas na articulação possuem as mesmas características das respostas
celulares de inflamação vistas em outras cavidades ou tecidos do corpo. Mudanças químicas,
metabólicas e vasculares ocorrem acompanhadas de alterações na permeabilidade, seguidas
por algum tipo de reparo (GUBIANI, 2004).
O autor relata ainda que os sinais e sintomas das lesões ligamentares do tornozelo variam de
acordo com a gravidade da lesão, os tecidos acometidos e a extensão de seu acometimento.
Em geral são evidentes graus variáveis de dor, tumefação, hipersensibilidade localizada e
incapacidade funcional.
Fonte: http://www.pompeumg.com.br/portal/index.php/direito
Figura 6: Quadro clínico
2.4 Diagnóstico
A história clínica e o exame físico minucioso são muito importantes, podendo-se chegar a um
diagnóstico bastante preciso avaliando o mecanismo do trauma, o ponto doloroso, o ponto e o
momento em que se iniciou o edema, e a capacidade funcional logo em seguida o acidente e
durante o exame (HENNING e HENNING, 2004).
O autor acima relata que quando o exame físico é realizado pouco tempo após a lesão, antes
que o edema aumente e a dor se torne mais difusa, há maior precisão, pois a dor é mais
localizada. Deve- se determinar se o paciente tem uma história de entorse do tornozelo e de
sensações de instabilidade, por que essa informação ajudará a diferenciar um a lesão aguda
superposta à instabilidade crônica de uma lesão ligamentar aguda.
2.5 Exame físico
Frequentemente o exame revela equimose e edema em torno da articulação do tornozelo e não
apenas na parte lateral do tornozelo. A dor localizada devido a palpação dos ligamentos
talofibular anterior, talofibular posterior e calcaneofibular pode aju dar na identificação dos
ligamentos lesados . Dever ser realizada a palpação dos maléolos lateral e medial, bem como
a base do 5º metatarsiano, observando se há crepitação e sensibilidade causadas por uma
fratura (GUBIANI, 2004).
2.6 Exames Complementares
A necessidade de exames complementares para entorse de tornozelo baseia-se na suspeita de
fraturas associadas. Das radiografias realizadas em doentes com lesão de tornozelo, 85% são
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normais. Com intuito de evitar radiografias desnecessárias, foram criadas regras (regras de
Ottawa para tornozelo) que indicam a realização de radiografias apenas quando houver dor
em pontos ósseos específicos ou na impossibilidade do apoio de marcha (pelo menos quatro
passos). Esta regra mostrou sensibilidade de 99,7%, porém com especificidade variável (10%
a 70%) (RODRIGUES e WAISBERG, 2008).
Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html
Figura 7: Radiografia do tornozelo
A ressonância magnética pode ser indicada nos casos de persistência da dor após três meses
da lesão inicial, com o objetivo de investigar lesões associadas, como osteocondral, do
impacto ântero-lateral e identificar lesões ligamentares crônicas (RODRIGUES e
WAISBERG, 2008).
Fonte: http://osteopatiafrancelo.blogspot.com.br/2013/05/entorses-de-pe-e-tornozelo.html
Figura 8: Ressonância do tornozelo
2.7 Testes Especiais na Entorse de Tornozelo
Os testes de movimentação passiva também servem para estressar os ligamentos do complexo
do tornozelo. Os testes para estabilidade ligamentar do tornozelo, de forma passiva, servem
para enfatizar a folga nos movimentos das articulações, na dor localizada e na sensação de do
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r específica para cada ligamento [...]
[...] O teste da gaveta anterior, utilizado para testar a integridade do
ligamento talofibular anterior e da porção anterior da cápsula articular. No
teste clínico, o examinador apóia uma das mãos sofre a face anterior da tíbia,
e com a outra mão, envolve o calcanhar do membro a ser examinado. Então
aplica-se uma força no sentido de deslocar anteriormente o pé, enquanto a
perna permanece fixa; Estresse em varo do tornozelo, usado para testar a
integridade do ligamento calcaneofibular e da cápsula lateral do tornozelo.
Este teste também estressa os ligamentos talofibulares anterior e posterior. O
examinador aplica com uma das mãos, uma força na região do calcanhar do
paciente, mantendo a extremidade distal da perna fixa com aoutra mão;
Estresse em valgo do tornozelo, sua positividade é bastante difícil de ser
diagnosticada, mesmo quando realizado o teste sob radiologia, comparando o
lado lesionado com o normal. O examinador, aplica com uma das mãos, uma
força valgizante na, região do calcanhar, enquanto mantém fixa a
extremidade inferior da perna com a outra mão; Teste da compressão lateral
da fíbula, realizado comprimindo-se firmemente, no terço médio da perna, a
fíbula contra a tíbia. O teste acaba solicitando a ação dos ligamentos e da
articulação tibiofibular distal, desencadeando dor aguda na face antero lateral
do tornozelo (CONTI, 2011).
2.8 Tratamento
Segundo Santos (2008), o objetivo principal da bandagem funcional é fornecer apoio e
proteção para os tecidos moles, sem limitar suas funções e aumentando a estabilidade
articular. As bandagens funcionais são um instrumento terapêutico muito utilizado pelos
Fisioterapeutas de todo o mundo, devido aos seus benefícios no auxilio de técnicas de
reabilitação em lesões articulares, ligamentares, musculares, posturais entre outras das
atividades dentro de uma amplitude articular normal.
A bandagem funcional pode ser aplicada tanto antes (prevenção) quanto depois da ocorrência
de lesões. A prevenção ocorre pela sustentação ouapoio as áreas submetidas a estresse
excessivo, então assim, reduz a frequência e gravidade de lesões devido o aumento da
estabilidade articular ou pela maior estabilidade às articulações que apresentam históricos de
lesões, reduzindo reincindivas (GUIMARÃES, 2005).
Fonte: http://desportiva.facafisioterapia.net/2012_10_01_archive.html
Figura 9: Bandagem Funcional
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3. Metodologia
O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. A
seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online (ScieLo),
publicados entre 2004 a 2014.
Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos,
monografias, dissertações e livros no idioma Português. Os descritores utilizados para a busca
das referências foram: “Bandagem Funcional”; “Entorse”; “Tornozelo”.
Como critério de inclusão as referências deveriam verificar a aplicabilidade da bandagem
funcional no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, ou que contribuíssem
para o objetivo da pesquisa. Foram excluídas as referências publicadas antes de 2004 e que
não se enquadraram no ponto de vista do presente estudo.
No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi realizada nos meses de março até dezembro
de 2014.
4. Resultados e Discussão
O objetivo deste estudo foi demonstrar a aplicabilidade da bandagem funcional no tratamento
pós-entorse de tornozelo grau I por inversão. Os dados obtidos se configuraram por meio de
artigos que respeitavam a metodologia proposta.
Podemos observar quatro artigos científicos abordando a temática proposto no presente
estudo (Tabela 1).
Segundo Meurer et al., (2005) a entorse por inversão do tornozelo ocorre em três eixos de
movimento (adução, flexão plantar e supinação), diante disto é importante que a bandagem
seja capaz de limitá-los. Por este motivo a aplicação da bandagem funcional de tornozelo tipo
bota fechada, é descrita na literatura como a técnica mais eficiente na estabilização articular.
A bandagem funcional de tornozelo, conforme fonte de programas de reabilitação é uma das
técnicas usadas para prevenir as recidivas de entorse. Numerosas pesquisas avaliaram a
capacidade de contenção mecânica excessiva que afita adesiva tem de fornecer aos
movimentos do tornozelo.
Carrasco et al., (2006) expõem que a bandagem funcional baseia-se no princípio de promover
o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem limitar
suas funções fisiológicas. Esta proteção oferece também maior estabilização das articulações
e pode ser utilizada tanto antes, como após a ocorrência de lesões. A aplicação de bandagem
funcional, através da esparadrapagem, refere-se à colocação de um tipo de fita protetora que
adere à pele de determinada articulação ou membro. Esta forma de estabilização apresentou
um maior número de estudos nos últimos anos, mas seus benefícios ainda estão sob discussão.
Ferrer et al., (2010) relatam que a entorse no tornozelo é uma das lesões mais frequente no
futsal devido as movimentações em quadra em alta velocidade. Para tal, um dos principais
recursos fisioterapêuticos, na prevenção ou na reabilitação, é a bandagem funcional. Foi
calculado o tempo de passada e a variabilidade do tempo de passada dos dois sujeitos, em
Autor / Ano
Resultados
Meurer et al., (2005) Capacidade de contenção mecânica
Carrasco et al., (2006) Maior estabilização das articulações
Ferrer et al., (2010) Aumenta a estabilidade dinâmica
Brum et al., (2012) Dar proteção mecânica para os tecidos
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cada situação de bandagem (sem bandagem, bandagem não funcional e bandagem funcional)
durante uma corrida sobre uma esteira em duas velocidades, 10 km/h e 14 km/h. neste estudo,
o tempo de passada diminui com o uso de bandagem funcional e com o aumento da
velocidade de corrida, e o coeficiente da variabilidade do tempo de passada diminui na corrida
com bandagem funcional e aumenta com o aumento da velocidade de corrida com uso de
bandagens. Portanto, para os dois sujeitos analisados evidencia-se que a bandagem funcional
aumenta a estabilidade dinâmica, sendo esta menor com o acréscimo de velocidade.
De acordo com Brum et al., (2012) uma técnica utilizada para a prevenção e tratamento de
entorse é a bandagem rígida funcional. Diante disto realizou um estudo com o objetivo de
analisar a influência da bandagem rígida funcional na estabilidade articular do tornozelo em
atletas de basquetebol. Onde avaliaram 11 atletas do sexo masculino da categoria sub-15 de
basquetebol com e sem a utilização bandagem funcional rígida na articulação do tornozelo.
Foi demonstrado que há um aumento da estabilidade nessa articulação com o uso da
bandagem, auxiliando na resposta muscular, fornecendo maior sustentação biomecânica e,
assim, possivelmente prevenindo as lesões. Quando utilizaram a bandagem rígida funcional,
os atletas apresentaram maior estabilidade na articulação do tornozelo na posição ortostática.
O autor citado acima relata ainda que, as bandagens funcionais são constantemente utilizados
para diminuir a ocorrência de danos nos esportes multidirecionais, sobretudo em atletas que já
sofreram entorse de tornozelo. A bandagem rígida funcional constitui na aplicação de uma
fita, feita de um material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal
objetivo dessa atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir a funcionalidade
da articulação.
5. Conclusão
Após a entorse de tornozelo, algumas complicações podem evoluir com complicações, com
vários graus de limitação funcional. A entorse por inversão do tornozelo ocorre em três eixos
de movimento (adução, flexão plantar e supinação), diante disto é importante que a bandagem
seja capaz de limitá-los, pois possui uma contenção mecânica excessiva.
A presente pesquisa constatou por meio desta revisão a aplicabilidade da bandagem funcional
no tratamento pós-entorse de tornozelo grau I por inversão, pois, a bandagem funcional
baseia-se no princípio de promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo,
inibindo ações específicas, sem limitar suas funções fisiológicas, constitui na aplicação de
uma fita, feita de um material que se adere à pele, empregada a uma articulação, e o principal
objetivo dessa atadura é dar proteção mecânica para os tecidos, sem impedir à funcionalidade
da articulação, desta forma, dando maior estabilidade na articulação. Sugere-se que novos
estudos sejam realizados a partir da temática do presente estudo com o objetivo de fornecer
tratamento individualizado as pacientes com entorse de tornozelo.
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