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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
MURILO ALVES SILVA DE OLIVEIRA
APLICABILIDADE DO MÉTODO GEOFÍSICO DE ELETRORRESISTIVIDADE NA PESQUISA DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA EM ROCHAS CRISTALINAS NA REGIÃO DE CONCEIÇÃO DO COITÉ-BA
Salvador
2011
2
MURILO ALVES SILVA DE OLIVEIRA
APLICABILIDADE DO MÉTODO GEOFÍSICO DE ELETRORRESISTIVIDADE NA PESQUISA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA EM ROCHAS CRISTALINAS NA REGIÃO
DE CONCEIÇÃO DO COITÉ-BA Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientadora: Profa. Dra. Susana Silva Cavalcanti.
Co-Orientador: Geólogo João José Santos Costa.
Salvador
2011
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TERMO DE APROVAÇÃO
MURILO ALVES SILVA DE OLIVEIRA
APLICABILIDADE DO MÉTODO GEOFÍSICO DE ELETRORRESISTIVIDADE NA PESQUISA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA EM ROCHAS CRISTALINAS NA REGIÃO
DE CONCEIÇÃO DO COITÉ-BA
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Geologia Universidade Federal da Bahia
_________________________________________________________
Profa. Dra. Susana Silva Cavalcanti ‐IGEO/ UFBA –Orientadora
_________________________________________________________
Prof. Dr. Cristovaldo Bispo dos Santos ‐IGEO/UFBA
_________________________________________________________
Dr. Godofredo Correia Lima Júnior ‐CERB
Salvador, 07 de Julho de 2011
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por me guiar e ser razão de todas as
minhas conquistas.
A minha mãe, Ednalva Alves da Silva, por ser a minha fonte de inspiração,
aprendizado e por todo o seu amor proporcionado.
À orientadora, Profa. Dra. Susana Silva Cavalcanti, pelo apoio e orientação
na elaboração do trabalho, pelos ensinamentos passados e tempo disponibilizado
para tirar as dúvidas e acrescentar sugestões.
Ao co-orientador, Geólogo João José Santos Costa, por ter aceitado me
orientar, pelos ensinamentos e votos de confiança, meu muito obrigado.
À GEOKLOCK, meus sinceros agradecimentos e em especial a Geóloga
Denise Scarpa pelo voto de confiança.
À PETROBRAS, empresa que me ofereceu durante o estágio todo o apoio.
Aos professores do Instituto de Geociências da UFBa, pelos
conhecimentos repassados em especial a Tânia Araújo, Ângela Beatriz, Amalvina
Barbosa, Maria José, Flávio Sampaio e Haroldo Sá.
Aos funcionários da biblioteca de Geociências, em especial a Bibliotecária
Aldacy, por todo apoio durante o curso, muito obrigado.
Aos amigos Dário (Arroz), Lucas Nery e Henrique Assunção por terem
colaborado na elaboração dos mapas e perfis.
Aos amigos de rocha, Naldão, Paulo Ricardo (Negão), Pedro (Smeagol),
Valter (Cílio), Danilo (Bigode), Ricardo, Rodolfo, Eula, Silvandira, André, Nelize,
Gleice, Gleide, Thiago (Peitinho), Fabiane, Verônica, Caio, Asafe, AJ, Paulo (Xike-
Xike), Pedroca, Acácio, Gontijo, Guthiers, Anderson, Carla, Antonia.
Enfim a todos que direta ou indiretamente contribuíram para minha
formação.
6
OLIVEIRA, M.A.S. Aplicabilidade do Método Geofísico de Eletrorresistividade na Pesquisa de Água Subterrânea em Rochas Cristalinas na Região de Conceição do Coité- BA. Monografia de final de curso (Graduação em Geologia) - Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. Orientadora: Profa. Dra. Susana Silva Cavalcanti. 2011. 67p.
RESUMO
A área de estudo está situada no município de Conceição do Coité, Região Nordeste
do Estado da Bahia, inserida no polígono das secas. Geologicamente compreende
duas unidades de rochas metamórficas pertencentes ao embasamento do Cráton do
São Francisco. O domínio hidrogeológico é representado pelo aquífero fissural com
a ocorrência de água subterrânea condicionada a uma porosidade secundária,
originando a formação de reservatórios de pequena extensão. Neste trabalho,
buscou-se caracterizar a subsuperfície e mapear as fraturas e o solo de alteração.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica cuidadosa sobre a geologia da
região, em seguida foram interpretados dados geofísicos de eletrorresistividade e
realizada uma visita a área de estudo. Os dados de 37 sondagens elétricas verticais
(SEV), com arranjo Schlumberger de eletrodos (AB/2 variando de 1,6 a 130m),
foram processados e interpretados. As SEVs foram executadas ao longo de dois
perfis com direção perpendicular a uma zona de falha. Os resultados dos
levantamentos geofísicos permitiram identificar e separar as rochas fraturadas do
embasamento cristalino, áreas mais propícias para a locação de poços, porém com
potenciais hídricos pequenos e a cobertura sedimentar.
Palavras-chave: Aquíferos; Eletrorresistividade; Conceição do Coité.
7
ABSTRACT
The study area is situated in the city of Conceição do Coité, Northeast Region of the
State of Bahia, inserted in the drought polygon. Geologically it comprises two units of
metamorphic rocks that pertaining the basement of the São Francisco Craton. The
hydrogeological domain is represented by the fissure aquifer with the occurrence of
ground water is condicional a secondary porosity, originating the formation of
reservoirs of small extension. In this work, one searched to characterize the
subsurface and to detect the breakings and the ground of alteration. Initially a careful
bibliographical research on the geology of the region was carried through, after that
they had been interpreted data of electrical resistivity and carried through a visit in
the study area. The data of 37 vertical electric soundings (VES), with Schlumberger
arrayt of electrodes (AB/2 varying of 1.6 130m), were processed and interpreted. The
SEVs had been executed throughout two profiles with perpendicular direction to an
imperfection zone. The results of the geophysical surveys had allowed to identify and
to separate two distinct hidrogeologics domain, the broken rocks of the crystalline
basement and the covering sedimentary, more propitious areas for the location of
wells, however with small hídrycs potentials.
Keywords: Aquifers; Electrical Resistivity; Conceição do Coité.
8
INDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização e vias de acesso............................................................. 13
Figura 2 – Localização da Bacia do Rio Itapicuru, incluindo a área de estudo. .......... 20
Figura 3 - Mapa geológico do Cráton do São Francisco (Modificado de Alkmim et al, 1993). Círculo verde: a área de estudo. ............................................................................. 22
Figura 4 - Mapa geológico regional. Círculos verde e amarelo: a área de estudo. Modificado de CPRM. ........................................................................................................... 23
Figura 5 - Mapa geológico simplificado do Bloco Serrinha, mostrando os Complexos Santa Luz e Uauá. Fonte: Kosin et, 2003. ......................................................................... 24
Figura 6 - Mapa Geológico do Greenstone Belt do Rio Itapicuru. Fonte Silva et al., 2001. ........................................................................................................................................ 25
Figura 7 - Mapa Geológico da Área de Estudo................................................................. 29
Figura 8 - Mapa de lineamentos da área de estudo. ....................................................... 31
Figura 9 - Tipos de aquífero. A) Aquífero poroso (Arenito); B) Aquífero cárstico (Calcário); C) Aquífero fissural (Granito). Fonte: Vallejo et al, 2002. ............................ 32
Figura 10 - Bloco diagrama exibindo os elementos que influem nas características hidrodinâmicas de um aquífero fissural. Fonte: Pinéo, 2005. ........................................ 33
Figura 11 - Modelo riacho fenda. As fraturas coincidem com a rede de drenagem Fonte: Coriolano, 2002. ........................................................................................................ 35
Figura 12 - Riacho fenda. Apresentando feição retilínea e „„cotovelos‟‟. Fonte: Costa & Silva, 1997........................................................................................................................... 35
Figura 13 - Representação das técnicas referentes ao método da Eletrorresistividade. Braga, 2005. ....................................................................................... 37
Figura 14 - Esquema do arranjo Schlumberger. ............................................................... 38
Figura 15 - Equipamento elétrico utilizado para obtenção dos dados experimentais (IRIS INSTRUMENTS). ......................................................................................................... 38
Figura 16 - Mapa com os pontos visitados. ....................................................................... 39
Figura 17 - Representação dos dados de resistividades aparentes obtidos no campo (+), da curva calculada e ajustada no software Resist1.0 (__) e do modelo final geoelétrico (...). ...................................................................................................................... 41
Figura 18 - Perfis litológicos para calibrações das SEVs 29 e13. ................................. 43
Figura 19 - Perfil geoelétrico A-A‟. ...................................................................................... 44
Figura 20 - Perfil geoelétrico B-B‟. ...................................................................................... 44
9
INDICE DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 - Porção centro-norte da área pesquisada caracterizada por um relevo relativamente plano. Ao fundo, o Açude Boa Vista, localizado no Distrito de Boa Vista. Coordenadas UTM 24L: 470.456km E/ 8.730.498km N. ................................ 18 Fotografia 2 - Vista geral da porção centro-sul da área. Coordenadas UTM 24L: 469.078km E / 8.726.630km N. ................................................................................ 18 Fotografia 3 - A) Vegetação tipo caatinga, característica desta região. Coordenadas: 470.456km E / 8.730.498km N; B) Área antropizada por pastagem. Coordenadas UTM 24L: 469.581km E/ 8.726.692km N. ................................................................ 19 Fotografia 4 - Detalhe contato solo / embasamento (alterado/fraturado). Coordenadas UTM 24L: 468.481km E / 8.726.390km N. ......................................... 19 Fotografia 5 - Rocha cisalhada exibindo foliação N-S. Ponto 3, coordenadas UTM 24L: 470.391km E/8.730.510km N. .......................................................................... 27 Fotografia 6 - Rocha deformada com veio de quartzo. Ponto 5, coordenadas UTM 24L: 469.886km E / 8730344km N. .......................................................................... 28 Fotografia 7 - Rocha dobrada e fraturada. Ponto 10, coordenadas UTM 24L: 468.481 km E/8.726.390km N. ............................................................................................... 28 Fotografia 8 e 9 - Rocha com enclave máfico e rocha com k-feldspato. Ponto 9, coordenadas UTM 24L: 469.069km E / 8.726.632km N. .......................................... 28 Fotografia 10 - Poço 1640. Ponto 4, coordenadas UTM 24L: 470.093km E / 8.730.422km N. ........................................................................................................ 40 Fotografia 11- Poço 2574. Ponto 11, coordenadas UTM 24L: 468.602km E / 8.726.736km N. ........................................................................................................ 40
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INDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Valores interpretados da profundidade do topo do embasamento ......... 455
11
SUMÁRIO 1. INTRODUCAO.......................................................................................................12
1.1 LOCALIZACAO E VIAS DEACESSOS...............................................................13
2 OBJETIVOS..........................................................................................................................14
2.1 GERAL...................................................................................................................14
2.2 ESPECIFICOS........................................................................................................14
3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................................14
4 METODOLOGIA..................................................................................................................15
5 CARACTERISTICAS DA AREA DE ESTUDO.................................................................16
5.1 CLIMA....................................................................................................................16
5.2 RELEVO................................................................................................................16
5.3 VEGETACAO........................................................................................................17
5.4 PEDOLOGIA..........................................................................................................18
5.5 HIDROLOGIA.......................................................................................................19
6 GEOLOGIA REGIONAL......................................................................................................21
6.1 CRATON DO SÃO FRANCISCO.........................................................................21
6.2 BLOCO SERRINHA..............................................................................................23
6.3 GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURU.......................................................25
7 GEOLOGIA LOCAL.............................................................................................................27
8 GEOLOGIA ESTRUTURAL................................................................................................30
9 HIDROGEOLOGIA..............................................................................................................32
10 GEOFISICA........................................................................................................................36
10.1 O METODO DA ELETRORRESISTIVIDADE.................................................36
10.2 A SONDAGEM ELETRICA VERTICAL..........................................................37
10.3 EQUIPAMENTO UTILIZADO...........................................................................38
11 OBAERVACOES DE CAMPO..........................................................................................39
12 INTERPRETACAO DOS DADOS DE RESISTIVIDADE ELETRICA...........................41
13 CONCLUSOES...................................................................................................................46
14 REFERENCIAS..................................................................................................................47
15 ANEXOS.............................................................................................................................51
12
1 INTRODUÇÃO
A água é o mais precioso bem mineral, indispensável para existência da vida.
Sua busca é cada vez mais intensa e o abastecimento através de rios e
reservatórios de superfície torna-se cada vez mais difícil, devido à poluição e ao
aumento do consumo.
A Região Nordeste do Brasil com aproximadamente 1.600.000 km2 de área
possui cerca de 937.000 km2 inseridas no denominado „„polígono das secas‟‟. No
Estado da Bahia, mais de 50% do território está inserido no “polígono das secas”,
que é caracterizado por um clima semi-árido, com chuvas mal distribuídas e quase
ausência de rios perenes e de grandes vazões. O subsolo, no Estado, é constituído
por aproximadamente 60% de terrenos cristalinos pré-cambrianos do Cráton do São
Francisco, que também não favorecem a formação de grandes aquíferos. A busca
por zonas fraturadas na rocha sã constitui-se o desafio constante e a esperança de
abastecimento de água para a população.
Além das limitações impostas pela escassez do recurso hídrico superficial na
região estudada, o uso da água subterrânea apresenta vantagens sobre as águas
superficiais, que vão desde um menor custo de captação/distribuição, pois
dispensam a construção de obras de barramento e de adutoras de recalque, até o
aspecto da qualidade, uma vez que estas águas geralmente podem ser utilizadas
sem tratamento. Outro benefício da utilização da água subterrânea consiste na
independência estratégica, pois os poços podem ser construídos à medida que
cresce a demanda por água (Gama, 2007).
Os métodos geofísicos, como técnicas não invasivas de investigação indireta
da subsuperfície, constituem numa ferramenta importante nas pesquisas de água
subterrânea. Em terrenos cristalinos, a geofísica tem demonstrado eficiência na
locação de poços, ainda que existam limitações nos métodos. Dentre os métodos
geofísicos mais utilizados na exploração de água subterrânea destacam-se os
elétricos e eletromagnéticos devido a correlação existente entre a resistividade
elétrica das rochas e a presença de fluidos nos poros ou fraturas.
A partir de uma pesquisa bibliográfica sobre a geologia e hidrogeologia local
bem como por meio do processamento e da interpretação de dados de sondagens
elétricas verticais (SEVs) realizadas na área, buscou-se identificar zonas com
características potencialmente fornecedoras de água subterrânea, em uma pequena
13
área no município de Conceição do Coité. Além disso, foi possível indicar locais
favoráveis para locação de poços, visando o melhor manejo do recurso hídrico.
1.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A área de estudo situa-se a no município de Conceição do Coité, localizado
na parte centro-norte-oriental do Estado da Bahia, Região Nordeste do Brasil (Figura
1). A área está incluída na bacia hidrográfica do Rio Itapicuru.
O acesso da capital do Estado, Salvador, ao município de Conceição do
Coité, pode ser feito pela BR-324 até Feira de Santana. A partir desta cidade, utiliza-
se a BR-116 até a cidade de Serrinha e daí segue-se para a sede do município
Conceição do Coité pela BA-409. O percurso de Salvador até Conceição do Coité
perfaz um total de 210 km.
Da cidade de Conceição do Coité até a área de estudo, onde foram
executadas as SEVs, faz-se um percurso por uma estrada não pavimentada até o
povoado de Boa Vista. Daí segue-se para a área do Perfil A-A‟ (Perfil 1) através de
estrada carroçável até o Açude Boa Vista de coordenadas UTM 24L: 470.456km E/
8.730.498 km N . A área do Perfil B-B‟ (Perfil 2), próxima a Escola Agrícola, tem seu
acesso partindo da mesma estrada que leva ao povoado de Boa Vista, daí segue-se
através de outra estrada carroçável de coordenadas UTM 24L: 468.524km E/
8.726.778km N.
Figura 1 - Mapa de localização e vias de acesso.
14
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Descrever os principais aspectos geológicos da área estudada a partir da
pesquisa bibliográfica e da interpretação de dados de sondagens elétricas verticais
da área, identificando zonas favoráveis à ocorrência aquíferos fissurais no terreno
cristalino e à locação de poços.
2.2 ESPECÍFICOS
Realização de pesquisa bibliográfica sobre a geologia e hidrogeologia
da área.
Interpretação de sondagens elétricas verticais da área de estudo.
Identificação das zonas fraturadas na rocha, possíveis reservatórios
aquíferos.
Disponibilização das informações aos interessados.
3. JUSTIFICATIVAS
A aplicação dos métodos geofísicos integrada ao conhecimento geológico e
hidrogeológico da área é importante para o crescimento do índice de acertos na
locação de poços, especialmente em terrenos cristalinos.
O método da eletrorresistividade tem-se mostrado eficiente na detecção e
delimitação de zonas de falhas, fendas e fissuras, que constituem-se os potenciais
aquíferos, neste caso.
15
4. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado em três etapas: preliminar, campo e escritório,
com atividades sequenciais e/ou simultâneas, onde se desenvolveu uma
metodologia interdisciplinar, associando dados geológicos, hidrogeológicos e
geofísicos da área de estudo.
A etapa preliminar consistiu em pesquisa bibliográfica sobre o tema, visando
à fundamentação teórica. Dentre os assuntos estudados tem-se a geologia regional
e da área de estudo, a hidrogeologia dos aquíferos fissurais, a prospecção de água
subterrânea em terrenos cristalinos e o método geofísico da eletrorresistividade,
incluindo o tratamento e interpretação dos dados de SEVs. O levantamento
bibliográfico estendeu-se durante as etapas subsequentes.
Ainda nesta etapa, realizou-se a coleta de dados dos poços 1640 e 2574
da área estudada no Serviço Geológico do Brasil - CPRM. Foram utilizadas,
também, cartas topográficas na escala de 1:100.000 (SUDENE), para localizar os
poços e as sondagens
A etapa campo consistiu em uma visita de um dia à área de estudo, com
registros fotográficos, realização de algumas medidas de atitude das fraturas e
foliações em afloramentos próximos aos locais do levantamento geofísico. Durante a
visita foi feita a verificação da localização dos centros das SEVs e dos poços e a
consistência das coordenadas obtidas com o GPS (Global Positioning System)
sendo adotado o DATUM SAD-69.
A etapa escritório consistiu na inversão e interpretação dos dados
geofísicos, na construção dos perfis geofísicos-geológicos e na elaboração do texto
escrito. Os dados das SEVs foram invertidos iterativamente com o software Resist -
Versão 1.0, de autoria de Vander Velpen (1988), permitindo a geração de duas
seções geoelétricas e a interpretação destas.
16
5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Segundo Costa e Silva (1997), fatores exógenos tais como o clima, o
relevo, o solo, a hidrografia e a vegetação correspondem aos agentes que atuam na
superfície da Terra, influenciando no processo de infiltração, percolação e
armazenamento de água subterrânea, contribuindo tanto na qualidade quanto na
qualidade deste bem mineral. Os fatores endógenos também influenciam neste
processo e correspondem aos agentes que atuaram e ainda atuam no interior do
globo terrestre e são responsáveis pela composição mineralógica dos litotipos, bem
como pelos elementos estruturais.
5.1 CLIMA
O clima é um fator muito importante, tanto na quantidade quanto na
qualidade das águas explotadas dos aquíferos fraturados. As maiores pluviosidades
influem diretamente nas vazões, por fornecer água em abundância para infiltração e
por proporcionar solos residuais espessos, que acabam funcionando como um
aquífero poroso e/ou servindo como zona de recarga para fraturas.
No clima semi-árido em que a pluviosidade é baixa e a evaporação muito
elevada, os sais vão se concentrando nas fraturas das rochas, resultando em
elevados índices de salinidade das águas subterrâneas (Costa e Silva, 1997).
De acordo com o PDRH (1995), a região em estudo apresenta clima do tipo
semi-árido, caracterizado pela desigualdade na distribuição pluviométrica,
irregularidade das chuvas, com média de 600 a 700mm e elevada taxa de
evaporação. O período de chuva inicia-se em Novembro e termina em Abril e
apresenta altas taxas de evaporação. A temperatura média anual é de 23,4 ºC, com
máxima de 28,3 ºC e mínima de 19,4 ºC.
5.2 RELEVO
O relevo exerce papel importante na hidrologia, influenciando na
quantidade de água num aquífero fissural, além de servir como divisor de água e
modelador das superfícies hidrostáticas.
17
A configuração do relevo é de grande importância para determinar o
volume de água acumulado nas fraturas em terrenos cristalinos. Segundo Costa e
Silva (1997), dados estatísticos mostram que a pior situação morfológica para
locação de um poço é no topo de uma elevação seguido de flancos ou vertentes. Ao
contrário, a melhor situação topográfica corresponde às depressões de bacias,
seguida por áreas de planície (Fotografia 1e Fotografia 2).
A área de estudo está inserida no domínio morfológico denominado de
pediplano sertanejo. Este vasto pediplano, estruturado em granitóides e rochas
metamórficas dominantes de alto grau, apresentam topografia ondulada, fracamente
dissecadas e rampeadas, com cotas variando entre 200 e 600 metros de altitude,
(PDRH,1995).
A rede de drenagem apresenta direções preferenciais norte-sul e sudoeste-
nordeste, por vezes apresentando trechos retilinizados (PDRH, 1995). A área como
um todo apresenta-se recoberta por formações superficiais de natureza areno-
argilosas tendendo a arenosa nos planos mais baixos, que indicam o
remanejamento do material.
5.3 VEGETAÇÃO
Segundo Costa e Silva (1997), a atuação da vegetação para propiciar o
armazenamento de água em aquíferos ocorre de maneira indireta, pois à medida
que dificulta o escoamento superficial, propicia condições de maior infiltração.
A cobertura vegetal da região do semi-árido baiano é caracterizada pelo
predomínio de caatinga, representada por formações arbustivas e herbáceas com
cactos e remanescentes arbóreos. Os arbustos, de modo geral, são formados por
múltiplos galhos, espinhosos e de folhas pequenas. Dentre a vegetação destacam-
se: aroeira (Myracrodruon urundeuva), pereiro (Tabernaemontana laevis V.), favela
(Cnidosculus phyllacanthus M.), umbuzeiro (Spondia tuberosa), caatingueira
(Caesalpinia bracteosa) e jurema preta (Mimosa tenuiflora) e jurema branca (Mimosa
ophthalmocentra). Como representante xerófita, temos: mandacaru (Cereus sp.),
xique-xique (Opuntia bahiensis) , coroa de frade (Melocactus sp.) e facheiro (Cereus
jamaracu DC.). Parte da área foi antropizada para culturas e pastagens como
podemos observar na área de estudo (Fotografia 3).
18
5.4 PEDOLOGIA
Na região do semi-árido, onde está inserida a área de estudo, o tipo
pedológico é geralmente pouco espesso, principalmente quando o substrato é de
natureza ígnea ou metamórfica, o que proporciona uma pequena contribuição ao
volume de água subterrânea.
De acordo com o PDRH (1995), a área apresenta solo do tipo: Planossolo
Solódico. O Planossolo Solódico são solos com horizonte B textural, saturação com
sódio trocável entre 6 e 15%, limitando o desenvolvimento das culturas. Apesar do
horizonte A apresentar textura média a arenosa, o horizonte B por apresentar baixa
permeabilidade, gera problemas de encharcamento durante o período chuvoso. Este
solo é utilizado na região na agricultura e aproveitamento com pastagens (Fotografia
4).
Fotografia 1 - Porção centro-norte da área pesquisada caracterizada por um relevo relativamente plano. Ao fundo, Açude Boa Vista, localizado no Distrito de Boa Vista.
Coordenadas UTM 24L: 470.456 km E/ 8.730.498 km N.
Fotografia 2 - Vista geral da porção centro-sul da área. Coordenadas UTM 24L: 469.078 km E
/ 8.726.630 km N.
19
Fotografia 3 - A) Vegetação tipo caatinga, característica desta região. Coordenadas: 8.730.498
/ 470.456; B) Área antropizada por pastagem. Coordenadas UTM 24L: 469.581 km E/ 8.726.692 km N.
Fotografia 4 - Detalhe contato solo / embasamento (alterado/fraturado). Coordenadas UTM
24L: 468.481 km E/8.726.390 km N.
5.5 HIDROGRAFIA
As águas superficiais podem conectar-se com as águas subterrâneas
independentemente do tipo de rocha por onde percolam as águas. Na área
estudada, ocorre o modelo de riacho-fenda, representado pelo riacho Tingui, o qual
co-participa da bacia hidrográfica do rio Itapicuru, como mostra a Figura 2.
A bacia do rio Itapicuru abrange cerca de 6,4% da área do Estado, drenando
os territórios de 55 municípios. Apresenta potencialidades hídricas baixas, sua vazão
específica é da ordem de 0,761 l/s.km2, resultando numa vazão média na foz de
cerca de 27,57 m3/s, sendo que as descargas de base são da ordem de 3,96 m3/s
(PDRH, 1995). Na parte média da bacia, predominam as formações cristalinas e
encontram-se implantados diversos reservatórios dentre os quais o açude Boa Vista,
formado pelo barramento das águas do Riacho Tingui. (CEI,1985).
Os rios que compõem esta bacia hidrográfica tem regimes caracterizados
por cheias torrenciais na estação chuvosas e interrupções nos cursos na estação
seca.
21
6 GEOLOGIA REGIONAL
A área de estudo encontra-se inserida nos domínios do Bloco Serrinha, na
porção nordeste do Cráton do São Francisco (Figura 3).
6.1 CRÁTON DO SÃO FRANCISCO
Segundo Almeida (1977), a área de estudo está contida no Cráton do São
Francisco, entidade geotectônica do ciclo Brasiliano, onde se distinguem, além das
coberturas meso-cenozóicas não-dobradas, três conjuntos de rochas pré-
cambrianas: os supergrupos São Francisco e Espinhaço, que representam
coberturas plataformais dobradas do Proterozóico Médio e a associação Pré-
Espinhaço, de idade arqueano-eoproterozóica, que identifica o embasamento do
cráton.
O Cráton do São Francisco fica delimitado pelas faixas neoproterozóicas
Brasília, a sul e oeste, Rio Preto a noroeste, Riacho do Pontal e Sergipana a norte e
Araçuaí a sudeste (Almeida, 1977; 1981). Estende-se além do Estado da Bahia,
pelos Estados de Sergipe, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais (Almeida, 1977).
No Estado da Bahia, os domínios geológicos do CSF são separados pelas
seguintes litologias: Terrenos graníticos-gnáissicos-migmatíticos arqueanos de
médio a alto grau metamórfico; sequências vulcanossedimentares do tipo
greenstone belts, formadas durante o Arqueano (Contendas-Mirante, Umburanas,
Mundo Novo e Riacho de Santana) e o Paleoproterozóico (Rio Itapicuru e o Rio
Capim) (Bastos Leal et al., 1998); Cinturões Móveis Paleoproterozóicos
denominados de Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Domingues, 1996; Barbosa &
Sabaté, 2004); Coberturas Plataformais do Mesoproterozóico e do Neoproterozóico;
Faixas de dobramentos neoproterozóicas e coberturas Fanerozóicas ( Leal, 1998;
Barbosa & Sabaté, 2004).
22
Figura 3 - Mapa geológico do Cráton do São Francisco (Modificado de Alkmim et al, 1993). Círculo
verde: a área de estudo.
O Cráton do São Francisco abriga os terrenos gnáissicos-migmatíticos do
Bloco Serrinha, parte integrante do embasamento do greenstone belt do Rio
Itapicuru (Figura 4).
23
Figura 4 - Mapa geológico regional. Círculos verde e amarelo: a área de estudo. Modificado de CPRM.
6.2 BLOCO SERRINHA
O Bloco Serrinha (BS) ocorre na porção nordeste do cráton do São
Francisco em contato com a Faixa de dobramentos Sergipana e com a bacia do
Tucano a leste, e a oeste com o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa &
Sabaté, 2004).
Corresponde a um segmento de crosta Arqueana granito-greenstone,
constituído pelos Complexos Uauá e Santa Luz, que serviram de embasamento aos
Greenstone Belts paleoproterozóicos do Rio Itapicuru e do Rio Capim, ambas de
idade paleoproterozóicas.
24
Ocorrem também associados a estas rochas intrusões de granitóides
sintectônicos, elípticos e com bordas gnaissificadas, relacionadas ao Greenstone
Belt do Rio Itapicuru, e vários corpos de granitóides tardi a pós-tectônicos em rochas
do Complexo Santa Luz (Figura 5).
O BS é de idade arqueana, datado em rochas gnáissico-migmatíticas pelo
método Pb-Pb, obtendo idade de 3,15 Ga e por rochas graníticas datadas através do
método U-Pb em monocristais de zircão, obtendo idade de 3,1 a 2,8 Ga (Rios,
2002).
O Complexo Uauá aflora na porção NNE do Bloco Serrinha, e constitui um
dos vários remanescentes arqueanos expostos no CSF (Kosin et al., 2003). É
constituído por gnaisses bandados de composição quartzo-feldspática, ortognaisses
intermediários a félsicos, migmatitos, anfibolitos, rochas ultramáficas, sequências
supracrustais, metamorfisadas na fácies anfibolito. Segundo Oliveira et al (1999), o
Complexo Uauá representa a unidade mais antiga do Bloco Serrinha com idades U-
Pb em zircões com intervalo variando de 2,93 a 3,13 Ga.
O Complexo Santa Luz compreende um conjunto gnáissico-granítico-
migmatítico e é a unidade mais extensa do Bloco Serrinha. Segundo Kosin et al.,
(2003) apresenta quatro grupamentos litológicos: (i) gnaisses e migmatitos com
anfibolitos associados; (ii) rochas granitóides de composição granítico-granodiorítica;
(iii) ortognaisses bandados, gnaisses a granada e silimanita e (iv) rochas
calcissilicáticas, metamorfizadas nas fácies anfibolito e granulito.
Figura 5 - Mapa geológico simplificado do Bloco Serrinha, mostrando os Complexos Santa Luz e
Uauá. Fonte: Kosin et, 2003.
25
6.3 GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURU
O Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI) é uma sequência vulcano-
sedimentar paleoproterozóica, localizada no Núcleo Serrinha, porção NE do Cráton
do São Francisco e possui a forma de uma calha sinclinorial com eixo próximo a N-S
e vergência para leste. A sequência vulcano-sedimentar do GBRI é dividida da base
para o topo em três unidades litoestratigráficas (Kishida, 1979); (i) unidade vulcânica
máfica, (ii) unidade vulcânica félsica e (iii) unidade sedimentar vulcano-clástica
(Figura 6).
Figura 6 - Mapa Geológico do Greenstone Belt do Rio Itapicuru. Fonte Silva et al., 2001.
26
Do ponto de vista estrutural, o GBRI apresenta orientação preferencial N-S
nas porções setentrional e central, e E-W na porção meridional. Segundo Alves da
Silva (1994), a deformação no GBRI é resultado de dois principais eventos
estruturais (D1 e D2), ambos ocorrendo sob condições metamórficas de facies xisto-
verde/anfibolito. O evento D1 está preservado na porção sul do GBRI e é
caracterizado por foliação de baixo ângulo com vergência para NW. O evento D2 é
mais intensamente marcado na região, e é de natureza transcorrente, caracterizado
por cisalhamento dúctil sinistral ao longo de zonas de cisalhamento verticais de
direção aproximadamente N-S (Alves da Silva, 1994; Chauvet et al., 1997).
Para Silva (1992), os basaltos do Greenstone belt do Rio Itapicuru, com
idade de 2.209 + 60 Ma (isócrona Pb-Pb em rocha total, Silva et al. 2001),
originaram-se em bacias semelhantes àquelas de retro-arco modernas, enquanto
Alves da Silva (1994) defende um contexto de rifte continental. Oliveira et al. (2007)
relatam que os basaltos do Greenstone belt do Rio Itapicuru apresentam assinatura
de elementos traço semelhante a basaltos de transição continente-oceano e
segundo Oliveira et al. (2007) os basaltos evoluíram a partir de um rifte continental
do tipo pobre em magmatismo. Oliveira et al. (2007) interpretam o terreno granito
greenstone do Rio itapicuru como provavelmente o resultado final da acresção de
basaltos oceânicos e de um arco insular a um microcontinente durante a colisão
entre blocos continentais em torno de 2100 Ma.
27
7 GEOLOGIA LOCAL
A área de estudo é geologicamente representada por duas sequências de
rochas metamórficas do embasamento cristalino de idade Arqueana, pertencente ao
Complexo Santa Luz (Figura 7). Os afloramentos ocorrem ao longo de cortes ou
pisos de estradas.
Neste domínio ocorrem duas unidades: Unidades Granodioritos e Gnaisses
Bandados. A unidade que está em contato com uma das unidades geológicas
representativa é: o Complexo Ipirá.
A unidade dos Granodioritos Santa Luz, mais representativa da área de
estudo, apresenta afloramentos sob forma de pisos de estradas. Ela é composta de
granodioritos milonitizados. Quando sã apresenta coloração verde escura e verde
clara quando alterada. Os enclaves anfibolíticos ocorrem como lentes que integram
o bandamento composicional, em níveis centimétricos. Uma foliação milonítica
paralela ao bandamento foi constatada nesta rocha (Fotografia 5). Nesta unidade os
afloramentos se alternam em coloração, em tons claros e escuros, produzindo um
solo areno argiloso acastanhado graduando para acinzentado. Observa-se rocha
milonitizada com veios de quartzo (Fotografia 6).
Fotografia 5 - Rocha cisalhada exibindo foliação N-S. Ponto 3, coordenadas UTM 24L: 470.391 km
E/8.730.510 km N.
28
A Unidade Gnaisses Bandados, está em contato com a unidade dos
Granodioritos, apresenta afloramentos ao longo de cortes e pisos de estradas. É
constituída predominantemente de gnaisses, apresentando-se por vezes dobrado e
fraturado, com cor amarelo claro a acinzentado (Fotografia 7). Observa-se também
rocha com enclave máfico (Fotografia 8) e com grande quantidade de k-feldspato
(Fotografia 9). O solo é arenoso, castanho claro a amarelado.
Fotografia 8 e 9 - Rocha com enclave máfico e rocha com k-feldspato. Ponto 9, coordenadas UTM 24L: 4690698 km E/ 726.632 km N.
Fotografia 6 - Rocha deformada com veio de quartzo. Ponto 5, coordenadas UTM 24L: 469.886 km
E/8730344 km N.
Fotografia 7 - Rocha dobrada e fraturada. Ponto 10, coordenadas UTM 24L: 468.481 km E/8.726.390km N.
30
8 GEOLOGIA ESTRUTURAL
Ocorrem dois domínios geotectônicos distintos na região: Capela do Alto
Alegre-Riachão do Jacuípe e o de Serrinha.
O domínio Serrinha, onde está inserida a área de estudo, é caracterizado
por um o gradiente metamórfico que se instalou constituiu paragênese da fácies
anfibolito médio a xisto-verde; a associação litológica constituí-se de ortognaisses
TTG, com dominância dos termos mais diferenciados granodioríticos, denominados
granodioritos Santa Luz, e de biotita gnaisses e hornblenda-gnaisses com níveis
calcosilicáticas e anfibolitos finos (talvez representantes de uma sequência
supracrustal sedimentar/vulcanossedimentar interdigitada tectonicamente com
ortognaisses granodioríticos) denominados gnaisses bandados Santa Luz, e da
sequência supracrustal do greenstone belt do rio Itapicuru (complexo Serrinha).
Esse domínio tem como característica estrutural, o fato de representar parte do ramo
leste da flor positiva sinistral, com os cavalgamentos das escamas de empurrão
dirigidos de SSW para NNE.
As fases tangenciais relacionam-se com os eventos iniciais da colisão entre
os protocontinentes cujos remanescentes são os blocos Serrinha e Mairí. As fases
transcorrentes desenvolveram-se como resolução espacial das tensões que
provocaram a colisão oblíqua, isto é, um movimento transformante entre os
segmentos continentais justapostos. A intensidade da deformação transcorrente
modificou a orientação dos eventos tangenciais.
A figura 8 foi elaborada com a utilização do software SPRING sendo
gerado um mapa estrutural onde foram observadas duas direções preferenciais,
NW-SE e NE-SW.
32
9 HIDROGEOLOGIA
Quase toda a água subterrânea existente no planeta Terra está relacionada
ao ciclo hidrológico, processo pelo qual a natureza propicia a circulação da águas
superficiais (rios, lagos, oceanos) para a atmosfera e daí para os continentes por
meio de precipitações, de onde retorna superficial e subterraneamente aos oceanos,
rios e lagos (Manoel Filho, 1997).
Segundo Vallejo et al, 2002, aquíferos são formações geológicas
permeáveis, susceptíveis de armazenar e transmitir água. Podem ser classificados
em três tipos principais (Figura 09):
Aquíferos Porosos – São formações geológicas constituídas por rochas
sedimentares clásticas consolidadas ou não, sendo que a água fica
retida nos espaços intergranulares.
Aquíferos Cársticos – Correspondem às rochas sedimentares e
metamórficas carbonáticas, onde a atuação dos processos de
dissolução gera feições propícias ao armazenamento de grandes
quantidades de água (cavernas, dolinas).
Aquíferos Fissurais – Característicos do embasamento cristalino
(rochas magmáticas e metamórficas) onde a água se localiza em
meio às descontinuidades pertinentes (fraturas, juntas, falhas,
vesículas, aberturas de dissolução).
Figura 9 - Tipos de aquífero. A) Aquífero poroso (Arenito); B) Aquífero cárstico (Calcário); C) Aquífero fissural (Granito). Fonte: Vallejo et al, 2002.
A área de estudo está no domínio hidrogeológico das rochas cristalinas, as
quais constituem os aquíferos fissurais. Estes reservatórios apresentam como
característica uma porosidade primária insignificante, sendo que a ocorrência de
água subterrânea está condicionada à existência de fraturas e fendas que geram a
33
porosidade secundária, resultando na formação de reservatórios de pequena
extensão.
O potencial hidrogeológico destas rochas para acumularem e produzirem
água depende da abertura e intercomunicação destas fraturas e fendas. No
município de Conceição do Coité, a água subterrânea apresenta-se salinizada na
maior parte das vezes. Isto se deve a falta de circulação da água subterrânea bem
como o tipo de rocha e o clima semi-árido (Lima Júnior, 2007).
Segundo Costa & Braz da Silva (1997) os fatores que influem nas
características hidrodinâmicas do aquífero fissural são (Figura 10):
• Amplitude das fissuras (L);
• Abertura das fissuras (a);
• Forma e rugosidade das paredes das fissuras (R);
• Frequência ou espalhamento das fissuras (F1, F2);
• Número de famílias ou sistemas de fissuras (n);
• Orientação e posição das fissuras;
• Porosidade e permeabilidade da matriz rochosa;
•Propriedades do material que preenche as fissuras;
•Distribuição da amplitude da fissura no sistema, que determina a
heterogeneidade e anisotropia.
Figura 10 - Bloco diagrama exibindo os elementos que influem nas características hidrodinâmicas
de um aquífero fissural. Fonte: Pinéo, 2005.
O aquífero fissural não apresenta parâmetros hidrodinâmicos constantes,
por suas descontinuidades, bem como precária homogeneidade e forte anisotropia.
A rocha cristalina não alterada e não fraturada tem menos de 1% de
porosidade e a permeabilidade é tão pequena que pode ser considerada desprezível
34
(Davis e Turk, 1964). A porosidade da rocha sã geralmente varia entre 0,1% e 1%,
enquanto a rocha alterada pode ter até 45% de porosidade. A condutividade
hidráulica apresenta valores de 10-6 a 10-3 ms-1, variando em virtude da intensidade
do intemperismo e do grau de fraturamento, que por sua vez dependem da
profundidade e causam variações na distribuição da capacidade específica
A permeabilidade é determinada pela abertura das fraturas, que por sua vez,
é governada pelas propriedades geomecânicas da rocha (Banks e Robins, 2002).
A hidrogeologia dos aquíferos fissurais tem a sua principal aplicação no
domínio das rochas ígneas e metamórficas, designadas como cristalinas. O aquífero
fissural na região apresenta uma produtividade média de 3,54 m3/h nos poços
perfurados na área de estudo (poços 1640, 1590, 2136, 2409, 2582, 2581, 2584,
2132, 2133), no qual foi observada uma grande variação na vazão entre 0,18 m3/h
(poço 2582) e 6,04 m3/h (poço 2133). A alimentação deste sistema é feita por
precipitações pluviométricas com infiltração através dos fendilhamentos, com uma
taxa muito baixa, pois grande parte desta água é perdida pela evapotranspiração
potencial e pelo escoamento superficial. Tem-se ainda a alimentação por meio dos
“riachos-fendas” nos regimes das cheias.
A locação de poços no cristalino é feita levando-se em consideração a
drenagem superficial. Assim, um conceito muito utilizado na locação de poços nesse
tipo de terreno é o „„riacho-fenda‟‟, surgido na década de 60 (Siqueira, 1963).
O riacho-fenda corresponde à situação onde ocorre a coincidência da
drenagem superficial com zonas densamente fraturadas do cristalino, que
proporcionaram condição favorável a infiltração e armazenamento de água (Figura
11). O riacho-fenda é facilmente reconhecido em fotografia aérea e no campo devido
a sua morfologia apresentar em trechos do rio ou riacho feição retilínea e
„„cotovelos‟‟ (Figura 12), segundo direções preferenciais e com condições favoráveis
de armazenamento na subsuperfície proporcionadas pelos fraturamentos.
Siqueira (1967), em sua análise das fraturas em rochas cristalinas enfatizou
sua classificação em termos das relações angulares com a orientação estrutural
dominante (geralmente, a direção da foliação das rochas) no local, denominando-as
de longitudinais, oblíquas e transversais, sendo então relacionadas ao sistema de
tensões responsável pela estruturação do terreno. Foi então proposto, que as
fraturas transversais seriam juntas de extensão, neste caso implicando em fraturas
abertas, favorecendo a percolação e acumulação de água.
35
Na locação tradicional, onde as ferramentas de trabalho são as fotografias
aéreas e a geologia de superfície, o conceito de riacho-fenda é utilizado em
associação com a classificação das fraturas. Segundo Medeiros (1987), os
resultados das locações obtidas pelo método tradicional apresentaram em torno de
30% de insucessos, nos poços perfurados no cristalino do Estado da Bahia.
Figura 11 - Modelo riacho fenda. As fraturas coincidem com a rede de drenagem Fonte: Coriolano, 2002.
Figura 12 - Riacho fenda. Apresentando feição retilínea e „„cotovelos‟‟. Fonte: Costa & Silva, 1997.
36
10 GEOFÍSICA
A aplicação da geofísica tem como alvo a investigação de feições da
subsuperfície, a partir da observação de seus efeitos nos campos físicos e na
propagação de ondas (Luiz e Silva, 1995).
Neste capítulo, serão inicialmente apresentadas informações referentes à
teoria do método geofísico aplicado (elétrico) e, em seguida, serão discutidos a
aquisição dos dados e os resultados obtidos a partir desta técnica. Os dados de
resistividade aparente, utilizados são oriundos de um levantamento de
eletrorresistividade por meio de sondagens elétricas verticais, com o uso do arranjo
Schlumberger de eletrodos.
10.1 O MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE
O método da eletrorresistividade consiste em medidas de impedância com
subsequente interpretação, em termos da resistividade elétrica das estruturas
geológicas em subsuperfície, baseado na resposta de cada material ao fluxo de uma
corrente elétrica (Ward, 1990). O método consiste na observação de potencial
elétrico criado pela injeção de uma corrente elétrica contínua ou alternada
introduzida no solo através de dois eletrodos (A-B) usando equipamento
característico (eletrorresistivímetro), e na medida de uma diferença de potencial pelo
equipamento através de um segundo par de eletrodos (M-N). O valor medido desta
diferença de potencial e da corrente associada é função da resistividade aparente do
solo e do arranjo geométrico dos eletrodos, sendo a profundidade alcançada
diretamente proporcional ao espaçamento entre os eletrodos (Orellana, 1972).
A resistividade elétrica é a propriedade física presente nos materiais
geológicos que mede a dificuldade que um determinado material impõe a passagem
de uma corrente elétrica, correspondendo ao inverso da condutividade. A
resistividade é designada por (ρ) dada em Ω.m e a condutividade (σ) é dada em
S/m, sendo a relação entre elas descrita na equação (1).
1 (Eq.1)
Em levantamentos de resistividade aparente do subsolo, uma das três
técnicas podem ser empregadas com um dos diversos arranjos propostos para o
37
método da eletrorresistividade (Braga, 2005). Estas técnicas descritas a seguir estão
representadas na Figura 13.
A Sondagem Elétrica Vertical (SEV), caracteriza-se pela investigação
vertical pontual das variações do parâmetro físico com a profundidade; em
hidrogeologia é utilizada para definir zonas horizontais em estratos porosos.
O Caminhamento Elétrico (CE), que corresponde à investigação lateral
das variações do parâmetro físico a uma ou várias profundidades determinadas
A Perfilagem Elétrica (PERF) é utilizada para determinar variações
verticais de resistividade em poços.
Os arranjos correspondem à disposição dos eletrodos na superfície do
terreno sendo mais usados: Schlumberger, Wenner, Dipolo-Dipolo, dentre outros.
Figura 13 - Representação das técnicas referentes ao método da Eletrorresistividade. Braga, 2005.
10.2 A SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL
A técnica utilizada no levantamento foi a sondagem elétrica vertical. Foram
obtidos valores de resistividade aparente, a partir de medidas efetuadas na
superfície do terreno, investigando, de forma unidimensional, sua variação em
profundidade. O arranjo de eletrodos usado foi o Schlumberger.
No arranjo Schlumberger, a distância AB entre os eletrodos de corrente
aumenta em relação ao centro de sondagem. Os eletrodos de potencial M e N são
fixados em torno do centro. Para valores muito grandes de AB, eleva-se a distância
MN para permitir uma leitura mensurável, sendo feitas leituras de recobrimento
usando-se duas distâncias consecutivas de MN para a mesma distância AB.
A figura 14 mostra esquematicamente o arranjo Schlumberger. A resistividade
aparente (ρa) é calculada através da equação (2)
KI
Va
(Eq.2)
38
A constante K é denominada fator geométrico do arranjo, no caso do
Schlumberger, pode ser calculada pela seguinte equação
4
2 b
b
aK (Eq.3)
Figura 14 - Esquema do arranjo Schlumberger.
10.3 EQUIPAMENTO UTILIZADO
O equipamento utilizado para a aquisição dos dados no campo foi o SYSCAL-
R2, totalmente digital, fabricado pela IRIS INSTRUMENTS (Figura 15). Este sistema
possui: uma unidade transmissora alimentada por uma bateria de 12 volts conectada
a um conversor de 250 W e permite o ajuste da voltagem de saída entre 100 e
800volts; uma unidade receptora que possui uma memória interna que armazena até
1022 registros, o que possibilita a conexão com um computador pessoal. Esse
equipamento permite adquirir os dados de eletrorresistividade e polarização induzida
simultaneamente. Como eletrodos, foram usadas barras metálicas de aço revestidas
com cobre enterradas no solo, e ligadas ao sistema por cabos condutores bem
isolados e de baixa resistência específica.
Figura 15 - Equipamento elétrico utilizado para obtenção dos dados experimentais (IRIS
INSTRUMENTS).
39
11 OBSERVAÇÕES DE CAMPO
Durante a visita de campo, buscou-se reconhecer e caracterizar as
estruturas dúcteis e principalmente as rúpteis pertinentes aos litotipos aflorantes na
área de estudo. Também foi realizada uma checagem do mapa geológico base a
partir da análise dos afloramentos vistos (Figura 16).
Figura 16 - Mapa com os pontos visitados.
Foi realizada uma análise de imagens de satélite de modo a compreender
a orientação geral dos lineamentos e em seguida checar esta informação com base
em medidas feitas em campo (Figura 8).
Foram visitados 12 pontos na área, sendo 06 afloramentos e foram obtidas
09 medidas de atitude de fraturas e foliações. No entanto as medidas não foram
suficientes para a elaboração de um mapa estrutural.
Quanto às feições estruturais de natureza dúctil, verificou-se na porção
centro-sul, foliações com direções aproximadas norte-sul e N010, com mergulhos
sub-verticais. No ponto 10 o afloramento apresentou estruturas dobradas, foram
identificadas lineações de direção leste-oeste, porém sem concordância com a
40
direção do lineamento da região. Foram observadas, também, estruturas rúpteis e
fraturas, com direções preferenciais N230 e N215 e mergulhos subverticais.
Na porção centro-norte, as foliações apresentaram direções norte-sul e
N020, com mergulho subvertical para oeste e direção N035, com mergulho
subvertical para noroeste. Tal padrão está de acordo com a evolução geotectônica
para a região de Conceição do Coité. No ponto 3 foi identificada rocha cisalhada, o
que confirma a presença da zona de cisalhamento transcorrente dextral
representada na figura 7.
A fotografia 10, localizada no povoado de Boa Vista, mostra o poço 1640, com
52m de profundidade, perfurado a cerca de 29 anos, que foi utilizado para calibração
da SEV-13. A vazão registrada para este poço era de 4.78m3/h, atualmente
encontra-se obstruído (CPRM, 2010).
Fotografia 9 - Poço 1640. Ponto 4, UTM 24L: 470093 km E/ 8.730.422 km N.
A fotografia 11, localizada nas proximidades da Escola Agrícola, mostra o poço
2574, com 70m de profundidade, que foi utilizado para calibração da SEV-29.
Fotografia 10- Poço 2574. Ponto 11, coordenadas UTM 24L: 468602 km E / 8.726.736 km N.
41
12 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DE RESISTIVIDADE
ELÉTRICA
A curva obtida no campo relaciona a resistividade elétrica aparente em função
das profundidades que é representada na forma de gráficos bilogarítmicos com
valores de ρa e AB/2. A utilização da escala logarítmica tem a finalidade de realçar
as estruturas geoelétricas. Essas curvas foram suavizadas usando critérios
qualitativos, descartando pontos anômalos isolados e ajustando os pontos repetidos
na mudança da abertura dos eletrodos de potencial (MN/2).
As aberturas de eletrodos utilizadas nas SEVs foram (AB/2= 1.6m, 2.0m,
2.5m, 3.2m, 4.0m, 5.0m, 6.5m, 8.0m, 10.0m, 13.0m, 16.0m, 20.0m, 25.0m, 32.0m,
40.0m, 50.0m, 65.0m, 80.0m, 100.0m, 130.0m) com mudança na distância fixa dos
eletrodos de potencial (MN= 0.5 e 5.0), a fim de observar a heterogeneidade na
subsuperfície e variações da resistividade do embasamento, provocada pelas
fraturas.
Após o tratamento dos dados de campo, foi realizada a interpretação
quantitativa das curvas de eletrorresistividade utilizando modelamento direto e a
inversão numérica interativa. A partir da análise das curvas das SEVs é proposto um
modelo inicial que foi usado posteriormente no programa RESIST1.0, desenvolvido
por Vander Velpen (1993) que computa a curva teórica do modelo que melhor ajusta
os dados resultando no modelo final (Figura 17). Ele computa valores teóricos de ρa
por meio da técnica da filtragem linear digital (Gosh, 1971).
Figura 17 - Representação dos dados de resistividades aparentes obtidos no campo (+), da curva calculada e ajustada no software Resist1.0 (__) e do modelo final geoelétrico (...).
42
Os dados geofísicos de resistividade foram interpretados ajustando para o
modelos unidimensionais de Terra com camadas horizontais e paralelas e
procedimentos de ajuste não linear por mínimos quadrados (Vozoff, 1958; Koefoed,
1979). Considerou-se, neste trabalho, modelos finais que apresentaram erros
médios quadráticos inferiores a 3,7% entre os dados de campo suavizados e os
valores teóricos ajustados.
Na interpretação de uma SEV é gerada uma coluna geoelétrica, onde cada
camada obtida com valores de resistividade e espessura constitui uma camada
geoelétrica, a qual associada a geologia resulta em estratos geoeletricos. O
resultado da interpretação de várias SEVs ao longo de uma linha resulta em um
perfil geoelétrico.
A interpretação das 37 SEVs resultou em modelos com 3, 4 e 5 camadas
geoelétricas, predominando as de 4 camadas. Uma analise visual das sondagens
indica a presença de um substrato de alta resistividade que representa o
embasamento cristalino da região. O resultado das interpretações das SEVs estão
no anexo III.
Informações geológicas de dois poços existentes na área, obtidos do
SIAGAS-CPRM, foram utilizadas para calibrar o modelo inicial das sondagens
próximas aos mesmos (Figuras 18). Depois de definidas as resistividades elétricas e
as espessuras de cada estrato geoelétrico foram confeccionados dois perfis com
1.400m e 1.300m de extensão, denominados Perfil A-A‟ e Perfil B-B‟
respectivamente (Figuras 19 e 20).
44
Figura 19 - Perfil geoelétrico A-A‟.
Figura 20 - Perfil geoelétrico B-B‟.
Foram identificadas quatro zonas diferentes com assinaturas elétricas
definidas. A primeira zona, com valores de resistividades bastante variáveis e
profundidades entre 0,5m e 5,0m, corresponde ao solo superficial, de composição
areno-argilosa e seco. Os eletrodos de potenciais foram afetados pelos materiais
desta zona, gerando dados aleatórios, devido as interferências da resistência de
contato.
Em seguida, ocorre um pacote relativamente condutor, com grande
continuidade lateral, que corresponde ao perfil de alteração do embasamento
(saprólito). Apresenta valores de resistividade elétrica entre 2 Ω.m e 56 Ω.m. Esta
zona pode ser subdividida em quatro subzonas, em função do teor de argila
presente. A resistividade variando 2-8 Ω.m correspondem à fácies mais argilosas. As
subzonas com resistividades entre 11-17 Ω.m e 18-25 Ω.m sugerem pacotes com
teores de argilas intermediários. E os valores de resistividade 32-56 Ω.m
representam um material com um menor teor de argila.
Abaixo da zona alterada ocorre a rocha cristalina sã, localmente cortada por
zonas fraturadas. Esta zona apresenta resistividade entre 62 Ω.m a 278 Ω.m. Essas
variações foram correlacionadas ao grau de fraturamento e a presença de água.
Estes dois fatores provocam uma diminuição nos valores de resistividade elétrica.
45
A zona com valores altos de resistividade, cerca de 3.000 Ω.m, representa o
embasamento cristalino, estruturado, mapeado com profundidade variando de 14,8 a
98,0 metros, no perfil A-A‟, e de 4,7 a 103,7 metros no perfil B-B‟. A tabela 1
apresenta os valores interpretados para as profundidades do topo do embasamento
inalterado em cada SEV.
Tabela 1 - Valores interpretados da profundidade do topo do embasamento
SEV Profundidade SEV Profundidade
01 3.8 20 42.0
02 25.9 21 98.0
03 58.8 22 24.1
04 45.8 23 33.7
05 35.3 24 23.1
06 25.7 25 25.9
07 29.5 26 29.0
08 4.9 27 18.0
09 4.7 28 36.5
10 12.9 29 35.4
11 17.9 30 5.4
12 103.7 31 6.6
13 52.5 32 30.9
14 24.8 33 78.8
15 32.9 34 31.7
16 79.7 35 44.8
17 23.5 36 14.8
18 28.9 37 21.1
19 27.1
A interpretação dos perfis geoelétricos evidencia a presença do aquífero
fissural na área apresentando valores de resistividades elétricas elevados, indicando
zonas de rochas fraturadas saturadas com água.
. Na parte superior que compreende o saprolito, relativamente extenso, mas
de pequena espessura (inferior a 40 metros), com resistividades elétricas baixas. A
zona de alteração não foi considerada um aquífero devido ao baixo valor de
resistividade elétrica obtidas com as inversões das SEVs. Esta zona é representada
por um material areno-argiloso resultante da alteração da rocha cristalina, com
potencial hídrico bastante limitado. As espessuras do regolito observados dos perfis
A-A‟ e B-B‟ foram obtidas a partir da inversão das SEVs. Segundo informação verbal
do geólogo Godofredo Lima Júnior, esses valores estariam superestimados.
Posteriormente com a obtenção de novos dados geofísicos na área de estudo,
técnica de caminhamento elétrico, esta interpretação poderá ser revista.
46
13 CONCLUSÕES
A análise dos resultados geofísicos obtidos pelo método de sondagem
elétrica vertical permitiu separar as zonas geológicas distintas, o regolito, o
embasamento fraturado e o embasamento inalterado.
A aplicação da técnica da SEV na área investigada permitiu limitar e
identificar o aquífero fissural que compreende as zonas fraturadas das rochas
cristalinas. Foi possível definir a continuidade lateral e as variações de argilosidade e
profundidade das zonas de cobertura alterada.
Os locais mais propícios para a locação de poços foram identificados como
sendo as regiões entre as SEVs 03 e 04, no perfil A-A‟ e entre as SEVs 29-28 e 35,
no perfil B-B‟. Neste locais, ocorrem as zonas mais densamente fraturadas e/ou o
regolito apresenta-se menos espesso.
O uso de várias SEVs equiespaçadas ao longo de um perfil forneceu um
imageamento geoelétrico bidimensional e foi muito útil na delimitação das zonas de
alteração e das zonas fraturadas. Constitui-se, assim, a melhor técnica para
identificar a zona de alteração.
As variações de espessura da zona de alteração não estão associadas as
variações das feições topográficas, portanto não é possível caracterizá-la a partir de
observações de imagens ou mapeamento convencional, sendo a técnica da SEV
eficiente para isto.
A técnica utilizada não foi eficaz para identificação do nível estático da área.
Baseado apenas nestes dados é possível sugerir uma profundidade máxima de
perfuração de até 110 metros nas zonas fraturadas, aumentando-se a chance de se
cortar o maior numero de entradas de água.
Os resultados permitem concluir que a aplicação da técnica da SEV na
pesquisa de recursos hídricos armazenados em rochas cristalinas fraturadas é
adequada. Entretanto, devido a complexidade estrutural e a heterogeneidade desse
meio geológico, a associação da técnica de SEV ao caminhamento elétrico, a dados
hidrogeológicos e de sensoriamento remoto forneceria informações mais claras e
precisas sobre as áreas mais favoráveis a locação de poços.
47
14 REFERÊNCIAS
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49
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50
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51
15 ANEXOS
ANEXO I - FICHAS DOS POÇOS 52
ANEXO II - TABELA DE CÁLCULOS DE SEV´S 57
ANEXO III - GRÁFICOS DE SEV´S 62
58
SEV 01
SEV 02
SEV 03
SEV 04
SEV 05
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 1.4
1.6 7.9
1.6 111.1
1.6 45.5
1.6 324.5
2.0 1.6
2.0 8.4
2.0 86.1
2.0 42.5
2.0 208.8
2.5 1.7
2.5 8.6
2.5 74.4
2.5 40.2
2.5 161.8
3.2 1.9
3.2 10.5
3.2 61.5
3.2 33.0
3.2 118.2
4.0 2.2
4.0 12.5
4.0 50.2
4.0 31.6
4.0 94.8
5.0 2.6
5.0 15.1
5.0 48.2
5.0 28.0
5.0 84.8
6.5 3.1
6.5 18.8
6.5 42.1
6.5 26.5
6.5 82.2
8.0 3.8
8.0 22.2
8.0 36.0
8.0 27.3
8.0 75.0
10.0 4.8
10.0 22.3
10.0 35.0
10.0 29.7
10.0 76.4
13.0 6.3
13.0 24.6
13.0 39.0
13.0 34.3
13.0 58.0
13.0 5.7
13.0 21.5
13.0 36.8
13.0 38.7
13.0 72.2
16.0 7.7
16.0 25.3
16.0 44.1
16.0 38.7
16.0 65.9
20.0 9.4
20.0 25.5
20.0 54.2
16.0 41.7
20.0 63.3
16.0 7.0
16.0 22.7
16.0 41.6
20.0 44.3
16.0 51.4
20.0 8.8
20.0 23.3
20.0 51.5
20.0 47.9
20.0 54.0
25.0 10.5
25.0 22.7
25.0 60.4
32.0 97.5
25.0 61.7
32.0 14.1
32.0 25.0
32.0 74.8
25.0 58.6
32.0 75.9
40.0 18.5
40.0 26.6
40.0 90.6
32.0 72.1
40.0 92.9
50.0 24.3
50.0 30.4
50.0 104.1
40.0 91.0
50.0 114.6
65.0 31.3
65.0 36.3
65.0 113.7
50.0 112.5
80.0 38.1
80.0 44.6
80.0 108.7
100.0 53.7
100.0 53.9
100.0 136.5
130.0 75.7
130.0 167.4
SEV 06
SEV 07
SEV 08
SEV 09
SEV 10
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 3.1
1.6 37.6
1.6 1.7
1.6 1.9
1.6 103.4
2.0 3.0
2.0 26.5
2.0 1.8
2.0 2.1
2.0 92.6
2.5 3.1
2.5 17.3
2.5 2.0
2.5 2.2
2.5 81.4
3.2 3.8
3.2 15.8
3.2 2.3
3.2 2.5
3.2 69.1
4.0 4.6
4.0 16.8
4.0 2.6
4.0 3.0
4.0 60.7
5.0 5.7
5.0 19.1
5.0 3.1
5.0 3.4
5.0 60.9
6.5 7.4
6.5 22.5
6.5 3.7
6.5 4.3
6.5 49.7
8.0 9.0
8.0 25.3
8.0 4.4
8.0 5.3
8.0 45.4
10.0 10.3
10.0 28.7
10.0 5.4
10.0 6.5
10.0 37.2
13.0 10.3
13.0 32.1
13.0 6.5
13.0 8.5
13.0 35.5
13.0 9.2
16.0 39.5
13.0 7.1
13.0 7.1
13.0 30.0
16.0 12.6
20.0 45.3
16.0 8.6
16.0 10.3
16.0 36.5
20.0 16.0
16.0 35.4
20.0 11.1
20.0 13.3
20.0 45.8
16.0 11.6
20.0 41.4
16.0 7.9
16.0 9.0
16.0 30.0
20.0 15.3
25.0 49.1
20.0 10.1
20.0 12.0
20.0 38.4
25.0 19.2
32.0 58.7
25.0 12.6
25.0 15.7
25.0 47.2
32.0 19.7
40.0 71.3
32.0 15.9
32.0 19.3
32.0 63.7
40.0 23.2
50.0 86.6
40.0 19.9
40.0 22.7
40.0 80.8
50.0 29.1
50.0 25.3
50.0 106.3
65.0 38.2
80.0 47.1
100.0 60.2
59
SEV 11
SEV 12
SEV 13
SEV 14
SEV 15
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 7.4
1.6 23.6
1.6 24.7
1.6 16.2
1.6 38.4
2.0 6.1
2.0 19.7
2.0 23.2
2.0 14.2
2.0 37.4
2.5 6.3
2.5 17.8
2.5 23.2
2.5 14.1
2.5 29.8
3.2 6.2
3.2 15.4
3.2 22.9
3.2 14.4
3.2 26.6
4.0 6.0
4.0 13.3
4.0 20.7
4.0 13.9
4.0 25.4
5.0 6.4
5.0 12.1
5.0 20.3
5.0 14.4
5.0 23.1
6.5 7.2
6.5 10.4
6.5 18.3
6.5 14.8
6.5 22.1
8.0 8.6
8.0 10.1
8.0 17.3
8.0 13.9
8.0 20.2
10.0 10.2
10.0 11.0
10.0 16.9
10.0 13.3
10.0 19.5
13.0 12.9
13.0 12.4
13.0 17.4
13.0 13.2
13.0 18.0
13.0 10.3
13.0 11.1
13.0 16.0
13.0 14.0
13.0 25.3
16.0 14.5
16.0 12.8
16.0 16.7
16.0 11.8
16.0 16.6
20.0 17.0
20.0 14.2
20.0 16.9
20.0 12.4
20.0 16.2
16.0 11.7
16.0 11.8
16.0 15.4
16.0 12.9
16.0 21.0
20.0 14.0
20.0 13.3
20.0 15.4
20.0 13.6
20.0 18.9
25.0 17.1
25.0 14.5
25.0 15.8
25.0 15.0
25.0 20.3
32.0 22.4
32.0 15.2
32.0 17.5
32.0 17.3
32.0 22.5
40.0 27.8
40.0 15.5
40.0 20.1
40.0 19.9
40.0 25.4
50.0 16.0
50.0 23.4
50.0 24.9
50.0 31.0
65.0 18.4
65.0 27.8
65.0 31.3
65.0 38.6
80.0 21.3
80.0 31.2
100.0 25.3
100.0 33.9
130.0 30.1
130.0 40.2
SEV 16
SEV 17
SEV 18
SEV 19
SEV 20
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 10.1
1.6 11.6
1.6 56.3
1.6 30.9
1.6 51.3
2.0 9.4
2.0 8.4
2.0 34.9
2.0 15.3
2.0 40.0
2.5 8.5
2.5 7.1
2.5 18.3
2.5 9.4
2.5 35.4
3.2 8.9
3.2 6.7
3.2 8.6
3.2 8.4
3.2 29.0
4.0 9.4
4.0 6.7
4.0 6.0
4.0 8.5
4.0 25.5
5.0 10.3
5.0 7.0
5.0 5.4
5.0 9.3
5.0 18.3
6.5 11.7
6.5 7.0
6.5 5.7
6.5 10.1
6.5 13.3
8.0 13.2
8.0 7.1
8.0 6.2
8.0 11.3
8.0 13.0
10.0 13.9
10.0 7.6
10.0 7.1
10.0 13.3
10.0 14.2
13.0 14.6
13.0 8.3
13.0 9.1
13.0 15.9
13.0 17.2
13.0 12.5
13.0 8.1
13.0 9.0
13.0 12.9
13.0 14.5
16.0 16.7
20.0 10.6
16.0 10.1
16.0 16.4
16.0 17.3
20.0 20.6
16.0 8.5
20.0 11.2
20.0 19.6
20.0 18.7
16.0 14.6
16.0 8.8
16.0 9.8
16.0 13.2
16.0 14.3
20.0 18.3
20.0 10.6
20.0 11.2
20.0 15.9
20.0 15.3
25.0 23.1
25.0 13.3
25.0 12.2
25.0 19.0
25.0 16.9
32.0 26.9
32.0 17.2
32.0 13.7
32.0 22.2
32.0 20.6
40.0 31.9
40.0 21.3
40.0 16.8
40.0 24.1
40.0 22.7
50.0 36.0
50.0 27.3
50.0 22.0
50.0 27.7
50.0 23.5
65.0 40.8
65.0 35.2
65.0 27.3
65.0 28.8
65.0 27.0
80.0 47.6
80.0 29.3
80.0 32.1
100.0 56.9
100.0 27.5
100.0 35.1
60
SEV 21
SEV 22
SEV 23
SEV 24
SEV 25
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 81.1
1.6 52.6
1.6 33.2
1.6 230.4
1.6 53.1
2.0 43.7
2.0 38.9
2.0 32.1
2.0 121.4
2.0 50.5
2.5 31.0
2.5 31.8
2.5 27.0
2.5 60.4
2.5 51.6
3.2 25.3
3.2 26.9
3.2 21.5
3.2 45.2
3.2 51.4
4.0 21.9
4.0 22.4
4.0 19.5
4.0 39.2
4.0 51.8
5.0 22.4
5.0 20.9
5.0 19.8
5.0 36.5
5.0 58.8
6.5 21.5
6.5 20.2
6.5 18.9
6.5 34.6
6.5 50.1
8.0 20.0
8.0 20.2
8.0 20.3
8.0 33.8
8.0 56.7
10.0 15.6
10.0 21.0
10.0 20.9
10.0 33.2
10.0 63.1
13.0 16.6
13.0 23.1
13.0 17.9
13.0 35.0
13.0 76.9
13.0 15.0
13.0 17.7
13.0 24.3
13.0 39.8
13.0 51.0
16.0 18.8
16.0 24.8
16.0 15.5
16.0 35.5
16.0 76.1
20.0 21.2
20.0 27.4
20.0 16.6
20.0 39.3
20.0 73.1
16.0 17.3
16.0 24.8
16.0 19.6
16.0 40.1
16.0 49.7
20.0 20.0
20.0 27.4
20.0 20.5
20.0 44.4
20.0 48.2
25.0 22.6
25.0 23.6
25.0 19.7
25.0 48.6
25.0 54.4
32.0 27.8
32.0 28.0
32.0 23.0
32.0 54.6
32.0 62.1
40.0 31.8
40.0 32.9
40.0 26.1
40.0 62.5
40.0 72.7
50.0 35.2
50.0 39.0
50.0 31.4
50.0 74.8
50.0 86.4
65.0 39.5
65.0 51.5
65.0 39.0
65.0 91.3
65.0 101.2
80.0 42.2
80.0 66.8
80.0 44.9
80.0 113.7
100.0 51.7
130.0 66.7
SEV 26
SEV 27
SEV 28
SEV 29
SEV 30
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 115.9
1.6 66.5
1.6 41.8
1.6 57.1
1.6 2.1
2.0 64.7
2.0 57.7
2.0 40.1
2.0 54.8
2.0 2.3
2.5 47.4
2.5 51.7
2.5 44.2
2.5 52.3
2.5 2.4
3.2 35.4
3.2 48.1
3.2 47.3
3.2 47.0
3.2 2.7
4.0 34.0
4.0 43.6
4.0 49.2
4.0 39.4
4.0 3.0
5.0 35.4
5.0 42.4
5.0 48.3
5.0 41.2
5.0 3.5
6.5 38.1
6.5 41.5
6.5 54.9
6.5 44.6
6.5 4.1
8.0 38.0
8.0 39.8
8.0 59.9
8.0 52.9
8.0 4.8
10.0 39.3
10.0 38.3
10.0 62.2
10.0 65.9
10.0 5.8
13.0 43.3
13.0 35.8
13.0 68.3
13.0 87.1
13.0 7.2
13.0 41.3
13.0 41.2
13.0 81.0
13.0 73.5
13.0 6.0
16.0 45.9
16.0 32.5
16.0 65.1
16.0 105.7
16.0 8.3
20.0 51.1
20.0 36.2
20.0 67.6
20.0 120.4
20.0 10.6
16.0 44.1
16.0 37.2
16.0 77.7
16.0 90.2
20.0 9.6
20.0 49.6
20.0 41.0
20.0 81.9
20.0 104.9
16.0 7.5
25.0 54.7
25.0 49.5
25.0 97.4
25.0 117.9
25.0 12.2
32.0 66.0
32.0 62.1
32.0 109.4
32.0 138.2
32.0 16.0
40.0 74.6
40.0 70.8
40.0 132.0
40.0 163.3
40.0 20.9
50.0 83.8
50.0 86.5
50.0 154.9
50.0 204.8
50.0 27.7
65.0 99.0
65.0 244.0
65.0 39.0
80.0 114.9
80.0 240.0
100.0 139.3
100.0 236.7
130.0 177.7
130.0 298.4
61
SEV 31
SEV 32
SEV 33
SEV 34
SEV 35
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 2.6
1.6 14.4
1.6 23.8
1.6 27.0
1.6 206.6
2.0 2.6
2.0 12.7
2.0 25.6
2.0 26.4
2.0 106.3
2.5 2.8
2.5 12.4
2.5 26.9
2.5 22.5
2.5 64.4
3.2 3.2
3.2 12.2
3.2 25.2
3.2 20.1
3.2 46.1
4.0 3.6
4.0 12.0
4.0 23.9
4.0 17.5
4.0 34.5
5.0 4.3
5.0 12.6
5.0 21.8
5.0 16.3
5.0 40.3
6.5 5.3
6.5 12.9
6.5 16.9
6.5 14.2
6.5 40.1
8.0 6.1
8.0 12.5
8.0 14.8
8.0 12.4
8.0 45.8
10.0 7.2
10.0 13.3
10.0 13.4
10.0 11.2
10.0 49.3
13.0 9.3
13.0 15.1
13.0 12.9
13.0 11.3
13.0 54.6
13.0 7.5
13.0 16.1
13.0 13.4
13.0 12.4
13.0 41.2
16.0 10.6
16.0 15.7
16.0 12.5
16.0 11.2
16.0 60.2
20.0 13.5
20.0 17.0
20.0 13.6
20.0 12.1
20.0 71.3
16.0 9.0
16.0 17.3
16.0 12.2
16.0 11.6
16.0 46.4
20.0 11.5
20.0 19.1
20.0 13.0
20.0 12.1
20.0 56.4
25.0 14.5
25.0 21.6
25.0 13.6
25.0 13.7
25.0 68.3
32.0 19.1
32.0 24.2
32.0 15.0
32.0 15.8
32.0 82.4
40.0 24.6
40.0 27.6
40.0 15.6
40.0 17.7
40.0 88.8
50.0 32.6
50.0 33.6
50.0 17.1
50.0 20.0
50.0 100.1
65.0 42.9
65.0 18.8
65.0 23.8
65.0 125.0
80.0 51.2
80.0 19.8
80.0 27.7
80.0 137.0
100.0 20.4
100.0 32.5
100.0 166.8
130.0 24.1
130.0 210.0
SEV 36
SEV 37
AB/2 ρa(Ω.m)
AB/2 ρa(Ω.m)
1.6 25.3
1.6 105.4
2.0 23.7
2.0 85.0
2.5 21.7
2.5 75.2
3.2 20.4
3.2 64.6
4.0 18.1
4.0 59.8
5.0 19.4
5.0 50.8
6.5 19.6
6.5 47.3
8.0 20.0
8.0 46.4
10.0 22.4
10.0 49.9
13.0 26.1
13.0 55.3
13.0 35.1
13.0 60.7
16.0 28.6
16.0 58.1
16.0 38.7
16.0 63.4
20.0 32.4
20.0 62.0
20.0 45.6
20.0 66.3
25.0 55.5
25.0 70.8
32.0 65.8
32.0 83.3
40.0 75.5
40.0 95.0
50.0 91.7
50.0 110.9
65.0 132.7