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INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
APOSTILA
GESTO DA INOVAO TECNOLGICA
MINAS GERAIS
2
CONCEITO DE CINCIA
A ideia de cincia a que talvez ns estejamos mais acostumados diz respeito a certa
viso tradicional constantemente encontrada na mdia no especializada ou em
declaraes pblicas de autoridades em respeito s supostas virtudes da cincia. Quem
nunca assistiu a filmes descrevendo o trabalho de frios cientistas de jaleco branco isolados
em seu laboratrio que numa atitude neutra, desenvolvem pesquisas que podem mudar o
destino da humanidade para sempre, com a mais absoluta imparcialidade cientfica? Tal
esteretipo tem l sua razo de ser, pois a viso tradicional de cincia, envolve um nmero
de premissas que tendem a ser aceitas sem maiores questionamentos. Por exemplo h a
ideia de que objetos no mundo natural so objetivos e reais e tem uma existncia
independente da dos seres humanos. A ao humana basicamente incidental ao carter
objetivo do mundo externo. Consequentemente, o conhecimento cientfico determinado
pelas caractersticas estruturais do mundo fsico. Assim, fazer cincia significa trabalhar
com uma srie de mtodos e procedimentos sobre os quais h consenso geral.
Considerando tudo isso, pode-se ento afirmar que a cincia uma atividade individualista
e cognitiva1 (Woolgar, 1996).
Tal definio de cincia comeou a ser construda no sculo 17, quando da
inveno das cincias naturais. No entanto o seu uso como paradigma de toda e qualquer
investigao cientfica deu-se no sculo 19, quando o filsofo francs August Comte criou
1 Ato de adquirir um conhecimento
3
o termo positivismo 2 para nomear uma doutrina geral de acordo com a qual todo
conhecimento genuno baseado na experincia sensvel e somente pode ser avanado
por meio da experimentao e da observao sistemtica. Atualmente o termo positivismo
aplicado s cincias sociais com a inteno de identificar o cientista social como um
observador da realidade social. Assim, o produto da investigao do cientista social pode
ser formulado de modo anlogo ao das cincias naturais, isto , em leis ou generalizaes
do mesmo tipo das estabelecidas em relao aos fenmenos naturais.
Scientiae
Scientiae era simplesmente o termo latino para conhecimento. O termo cientista
teve uma de suas primeiras aparies por volta de 1840 num discurso de William Whewell
cuja inteno era a de diferenciar os filsofos naturais dos outros filsofos. A ideia de
cincia que surgiu no sculo 17 e perdura at hoje oriunda de algumas instituies
filosficas medievais e de certas atividades religiosas. Por exemplo, em 1663 foi fundada
na Inglaterra por ordem real, a sociedade real para aprimoramento por experimento do
conhecimento natural. A cincia moderna foi influenciada tambm por filsofos como
Francis Bacon, cuja nfase na lei positiva da natureza deslocava preocupaes dos
princpios dedutivos escolsticos da lgica, da matemtica e da observao simples para a
colaborao sistemtica da especulao, articulao e experimentao. Muitas pessoas
2 Sistema criado por Augusto Comte que se baseia nos fatos e na experincia, e que deriva do conjunto das cincias
positivas, repelindo a metafsica e o sobrenatural. Obs: Metafsica - Cincia do supra-sensvel. Parte da Filosofia que
estuda a essncia dos seres. Inventrio sistemtico de todos os conhecimentos provenientes da razo pura. Conhecimento
geral e abstrato.
4
que lidam com cincia acreditam que somente atividades que se enquadrem no conceito
acima podem ser consideradas cientificas.
Essa viso de cincia derivada das cincias naturais modificou-se ao longo do
tempo. Por exemplo, durante muito tempo houve a ideia de que uma tese s era cientfica
se fosse baseada em fatos ao invs de opinies. Isso foi depois substitudo pela ideia de
que uma tese para ser cientfica tinha de ser provvel. Tal critrio por sua vez foi
derrubado pelo princpio da falsificao, do filsofo Karl Popper (1934). No livro a lgica
da descoberta cientfica Popper afirma que uma tese s cientfica se for falsificvel. Por
exemplo, a teoria da relatividade de Einstein baseava-se, entre outras coisas, na ideia de
que corpos slidos defletem a luz. Tal proposio era altamente improvvel, na perspectiva
da fsica Newtoniana, ainda ento dominante. Se fosse falsa, a proposio colocaria a
perder (falsificaria) a teoria inteira. Seguindo esse raciocnio, a psicanlise, por exemplo
no pode ser considerada uma teoria cientfica, j que no falsificvel. No h como
provar a existncia do inconsciente. A capacidade da teoria freudiana de acomodar e
explicar todo o comportamento humano era vista por Popper como o aspecto mais fraco do
trabalho de Freud, j que a levava a uma falta de condio de previsibilidade. Assim,
teorias psicanalticas No so precisas o suficiente para que tenham implicaes
negativas, ficando ento imunizadas contra a falsificao experimental.
Considerando tal noo de cincia como verdadeira, somos levados a concluir que a
atividade do verdadeiro cientista aquele do jaleco branco em seu laboratrio
5
altamente organizada dentro dos princpios cientficos para descobrir a verdade. Mais do
que isso, acreditamos tambm que o conhecimento cientfico desenvolve-se atravs de
uma linha sucessiva de descobertas que vo se acumulando. Infelizmente tal prtica limpa
parece estar longe de qualquer verdade positivista ou no. Para verificar se a atividade
cientfica dos cientistas linha-dura era realmente cientfica nos termos deles, cientistas
sociais conduziram uma boa quantidade de estudos etnogrficos 3 envolvendo longos
perodos de intensiva e sustentada observao participante de atividades laboratoriais
dirias (e.g. Knorr Cetina, 1981; Lynch, 1985; Latour & Woolgar, 1986; Traweek, 1988).
Primeiro foi verificado que as atividades cientficas dos cientistas de laboratrio se davam
em meio a extrema desordem e baguna. Segundo, ao contrrio do que se supunha,
cientistas tinham, na prtica, poucas oportunidades de refletir sobre a verdade de um
dado resultado. Ao invs disso, eles demonstravam uma atitude bastante pragmtica:
ficavam excitados com a publicao de resultados no porque estes revelavam a
verdade, mas por deixarem aberta a possibilidade de se estruturar um prximo e talvez
decisivo experimento. Terceiro, decises sobre que tipo de experimento realizar, tipos de
instrumentos a usar, e sobre as interpretaes mais apropriadas eram altamente
dependentes das condies locais, circunstncias e oportunidades.
Pode-se concluir ento que a atividade cientfica parece ser melhor classificada
como construtiva do que como descritiva. Como diz Woogar (1988), cientistas no se
3 Etnografia: Ramo da Antropologia que trata historicamente da origem e filiao de raas e culturas; antropologia
descritiva. Obs: Antropologia - Conjunto de estudos sobre o homem, como ser animal, social e moral.
6
engajam meramente na descrio passiva de fatos pr-existentes sobre o mundo. Ao
contrrio, se preocupam com uma formulao ativa e com uma construo do carter do
mundo. Nas suas atividades dirias, cientistas constroem rascunhos, memorandos, e-
mails, cartas, artigos, grficos, figuras, etc. Uma quantidade de avaliaes e decises
laboratoriais so implcitas no chamado material bsico do laboratrio. Metais usados em
experimentos, por exemplo, so escolhidos entre uma variedade de fontes, animais usados
em testes so cuidadosamente criados e alimentados, e a gua usada em experimentos
purificada de acordo com procedimentos pr-estabelecidos. Os instrumentos e objetos
usados em laboratrios tambm so considerados neutros por serem meramente usados
ou aplicados aos materiais ou organismos que fazem parte da pesquisa. Ocorre que
mesmo a utilizao de meras mquinas, envolve humanos, e consequentemente, depende
de processos interpretativos. Muitos aparelhos usados em laboratrios so desenhados de
acordo com princpios estabelecidos a partir de investigaes anteriores. Por exemplo o
espectrmetro4 de ressonncia nuclear magntica no uma caixa preta neutra, mas o
resultado de vinte anos de pesquisa em fsica. Ao usar tal aparelho, cientistas invocam
uma atitude neutra que na verdade derivada e formatada em consequncia de uma
grande quantidade de selees, intervenes e decises empreendidas por comunidades
anteriores de cientistas. Portanto a prtica cientfica parece ser muito mais criativa e
construtiva do que tem sido veiculado por verses objetivistas da cincia.
4 Instrumento usado na determinao do ndice de refrao, medindo-se o ngulo externo de um prisma de uma
substncia e tambm o seu ngulo de desvio mnimo para luz de uma espcie dada.
7
Outra ideia de cincia
H uma outra ideia sobre cincia que inclusive mais velha do que a que foi
apresentada anteriormente. Esta ao invs de relacion-la com a metodologia de pesquisa
tendo a experimentao ao centro, a define como uma abordagem sistemtica. Trata-se da
cincia dos significados ou hermenutica. Uma cincia hermenutica estabelece uma
diferena entre explicao e interpretao, entre verdade e significado. Uma pessoa pode
no descobrir a verdade sobre a prpria vida, mas pode estruturar o seu significado. O
cientista que adota este paradigma no busca a verdade l fora, tal como o cientista
natural. Tal verdade se faz presente atravs da criao de alguma coisa como dados de
pesquisa. Freud por exemplo faz isso tratando sonhos e outros pedaos de evidncia
como dados e ento vai alm das aparncias para encontrar a verdade ou significado.
Nesse caso, porque h um processo de criao do objeto de estudo, o mundo
interpretado de alguma forma antes que seja estudado. Assim, o pesquisador assume sua
ontologia. Portanto o mtodo hermenutico5 envolve avaliao, que por sua vez pode ter
uma relao reflexiva com a vida do pesquisador, podendo influenciar o seu
redirecionamento.
Uma abordagem cientfica que favorece a hermenutica o construcionismo social.
Construcionistas sociais enfatizam que processos de avaliao esto presentes em toda a
5 Arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. Interpretao dos textos sagrados e dos que tm valor
histrico.
8
prtica cientfica tanto em cincia natural, quanto em cincia social, pois em ambas as
crenas e valores pessoais do cientista assim como as ideologias da sua cultura
influenciam as descobertas. Assim, no h cientista, mas um eu cientfico, construdo, tal
como outros Deus, dos materiais disponveis nos processos que prevalecem.
A cincia uma atividade social com um papel na histria da nossa cultura, e uma
prtica com dimenses polticas. Por enfatizar mtodo, razo e apelo evidncia, a cincia
se estabeleceu como autoridade superior experincia subjetiva e aos pronunciamentos
religiosos. Toda atividade cientfica comea como um empreendimento hermenutico
estruturado em significados. Mesmo a mais experimental das perspectivas assume um
significado implcito, j que tem de determinar o que interessa, quais ideias ou problemas
valem a pena ser investigados. A linguagem cientfica tem sido dominada por uma
separao entre evidncia e teoria e tem confiado na distino entre a descrio dos
eventos ou observaes e os pronunciamentos que os explicam. A epistemologia da
cincia demanda que haja padres ou regularidades e uma ordem subjacente a ser
descoberta.
A ordenao usual atravs de teorias onde leis so teoremas num sistema
dedutivo e os padres da natureza so revelados por experimentos que testam essa
ordem terica. Sem tal estruturao no haveria sentido em fazer cincia. Na verdade o
status dessa ordenao e como ela surge que constantemente disputado.
Historicamente, o debate comeou com a tese de Francis Bacon de que teorias devem
9
derivar de uma crena na verdade da natureza. Seu empirismo desafiava uma prtica
acadmica baseada no conhecimento dedutivo aristotlico e acabou se tornando uma
viso amplamente aceita de que induo e descobertas empricas deviam ser a base
suprema do raciocnio cientfico. Aps Bacon, os debates se concentraram na realidade
das teorias e fatos com empricos e racionalistas divergindo sobre papel da evidncia e o
status da teoria na criao da ordem explicativa. O emprico Hume insistia que todo o
ordenamento terico estruturado na experincia, que a base do conhecimento. J
Descartes enfatizava o papel da razo na gerao do conhecimento indicando que o
conceito de causalidade necessrio para a organizao da experincia em teoria e
evidncia. Kant resumiu o debate entre racionalismo e empirismo ao declarar que ns
vemos causas no mundo dos fenmenos, mas elas existem somente na realidade
psicolgica devido ao nosso maquinrio cognitivo inato (argumento transcendental). Assim
a noo de causa uma construo da mente humana.
Os construcionistas vo alm do argumento Kantiano em seu ceticismo6 sobre a
realidade das teorias e entidades ao sugerir que a ordem terica no encontrada na
natureza, mas lida nela. Os significados dos padres observados dependem da
interpretao humana e no das sombras da aparncia. Alm disso, nossa leitura da
natureza limitada no por causa dos sentidos humanos, mas porque os processos de
construo do conhecimento e a natureza fundamentalmente social da mente humana so
6 Doutrina filosfica dos que duvidam de tudo e afirmam no existir a verdade, que, se existisse, seria o homem incapaz
de conhec-la. Estado de quem duvida de tudo; pirronismo.
10
objeto de convenes lingusticas e sociais. O importante aqui no somente o que teorias
referenciam ou representam, mas tambm como elas so elaboradas. Os atos de
perceber, observar e raciocinar so situados na prtica social. Ns estamos sempre dentro
de uma linguagem e de uma sociedade. A razo e a experincia so dimenses de como
ns organizamos e fazemos o conhecimento. Em resumo, ns enxergamos atravs das
lentes embaadas das nossas representaes culturais.
Representao e objetos
O realismo epistemolgico7 encontrado em verses tradicionais da cincia assume
que o mundo pode ser imaginado numa relao direta entre representao e objeto. A
ideia de representao um conjunto de crenas e prticas de acordo com as quais vrias
entidades (significados, causas, motivos, intenes, fatos, objetos, etc.) existem a priori em
relao s suas representaes superficiais (documentos, aparncias, signos, imagens,
aes, comportamento, linguagem, conhecimento, etc.). Construcionistas sociais negam tal
percepo da realidade por a entenderem como algo socialmente construdo, de modo
mltiplo e dinmico. Em outras palavras, a noo humana de realidade resulta de um
intrincado processo de construo e negociao profundamente enraizadas na cultura
7 Epistemologia: Teoria ou cincia da origem, natureza e limites do conhecimento.
11
(Bruner, 1990). Assim, observaes, cientficas ou no, so mais bem entendidas se
situadas dentro de um contexto e de uma perspectiva. Portanto, objetos, eventos e o
mundo real no existem independentemente da interpretao humana.
O construcionismo social moderno deve muito da sua existncia ao pragmatismo8,
movimento filosfico liderado por pensadores como William James e John Dewey. James
afirmou que significados so estabelecidos a partir de aes no mundo, no por reflexo
intelectual. A sociologia 9 do conhecimento, iniciada por Karl Mannheim tambm teve
impacto no construcionismo. Mannheim argumentava que o conhecimento se desenvolvia
como um processo social, dessa forma, a origem das ideias podia ser objeto de
investigao sociolgica. Assim ao invs de formular perguntas ao modo da cincia
tradicional, isto , se tal ideia verdadeira ou falsa, a pergunta torna-se por qu esse tipo
de conhecimento, nesse momento da histria?.
O excessivo relativismo do construcionismo social porm gerou certas inquietaes
de ordem tica, moral e poltica por dar a entender que se tudo relativo, qualquer coisa
pode ser vlida. Tal constatao pode levar a uma certa comodidade poltica e existencial.
Diante de tal indagao, Edwards et al. (1995) responde que no h contradio entre ser
um relativista10 e ser um membro de uma dada cultura com compromissos, crenas e um
senso comum compartilhado de realidade. A ideia de que derrotar o realismo implica
necessariamente que todos os nossos valores ficaram deteriorados no mais
convincente do que a ideia de que a vida sem Deus destituda de significado e valor. A
morte de Deus no fez o resto do mundo desaparecer. Na verdade o deixou para ns
fazermos. O que restou para ns no foi um mundo sem significado ou valor, um mundo de
absoluta imoralidade onde tudo permitido, tal como concludo por Nietzsche e
Dostoyevsky, mas precisamente o contrrio. H uma quantidade de valores e significados
sobre os quais se pode argumentar, alterar, defender e inventar, incluindo o metavalor de
que alguns desses significados e valores podem ser declarados universais e auto
evidentes. Auto evidncia aqui o resultado ao invs da negao da argumentao. Em
8 nfase no pensamento filosfico na aplicao das idias e das conseqncias prticas de conceitos e conhecimentos;
filosofia utilitria. Tratamento dos fenmenos histricos com referncia especial s suas causas, condies antecedentes e
resultados. Considerao das coisas de um ponto de vista prtico. 9 Cincia que se ocupa dos assuntos sociais e polticos, especialmente da origem e desenvolvimento das sociedades
humanas em geral e de cada uma em particular. Segundo Augusto Comte, o conjunto das cincias que tratam do homem
na sociedade, isto , sob o aspecto moral, jurdico, poltico, econmico etc. Cincia ou estudo das leis fundamentais das
relaes, instituies e outras entidades sociais. 10
12
outras palavras, ao considerarmos conhecimento, realidade e verdade como construes
humanas, somos levados a trabalhar e defender um ponto de vista. Assim, no so os
valores humanos que se tornam decadentes e sim certos valores autorais (Bruner, 1990)
ou a autoridade final que pode decidir sobre a verdade para alm do dilogo, do debate, e
da argumentao. Portanto o conceito de verdade cientfica torna-se relacionado a como
as coisas so na prtica, com a ideia de ao e no de contemplao.
INOVAO TECNOLGICA:
Arte ou Mtodo?
CONCEITOS INICIAIS
As demandas novas e crescentes por produtos econmica e ambientalmente
corretos e inesperados desafios decorrentes deste processo no mundo globalizado atual
exigem que se pense e atue de uma nova maneira.
13
preciso ressaltar que inovao tecnolgica est associada sobrevivncia das
empresas no mercado. preciso unir criatividade e a ao inovadora que resultem em
vantagem competitiva frente aos seus competidores.
De acordo com dados de pesquisas j realizadas pelo Ministrio de Cincia e
Tecnolgica (MCT), as quais iremos analisar com maior detalhe nas prximas aulas, uma
boa parte das empresas reconhecem que a Inovao fundamental para alcanar ou
sustentar uma vantagem competitiva num mercado em acelerada transformao, mas
ainda bem restrito no Brasil o nmero de empresas que efetivamente trabalham pela
inovao.
Para que a inovao tecnolgica ocorra em sua plenitude, alguns aspectos so
fundamentais:
preciso primeiramente aprender a ousar com responsabilidade e antes, superar o
medo de ousar;
O sucesso de um negcio est relacionado capacidade do empreendedor de
buscar o diferente para fazer com maior eficcia e eficincia, buscando sempre
realizar atividades com maior eficincia e eficcia o quase-impossvel;
preciso aceitar que a nica certeza que tudo mudar;
14
Agindo deste modo, as ameaas podem ser transformadas em oportunidades de
melhoria. Ainda importante ressaltar que h uma confuso entre os significados entre
criatividade com inovao. So dois termos distintos, porm correlatos. "Criatividade
pensar coisas novas. Inovao fazer coisas novas.
A inovao, portanto, fruto da criatividade. A criatividade o meio, o processo e no
o produto. Ou seja, necessrio que se tenha um raciocnio criativo para produzir ideias
novas que vo gerar coisas novas, ou seja, INOVAO. Iremos estudar mais
detalhamente estes conceitos. Alis, fundamental iniciarmos nosso estudo sobre
inovao tecnolgica nas empresas definindo alguns conceitos.
propsito, onde podemos encontrar facilmente estas definies?
Bem, estas definies so amplamente divulgadas pela FINEP (Financiadora de
Estudos e Projetos), que rgo federal responsvel em promover as ferramentas
necessrias para que a Inovao Tecnolgica ocorra de maneira mais significativa no
Brasil. Deste modo, podemos acessar o site da FINEP
15
(http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp) no qual um glossrio bastante
rico est disponvel para consulta. Deste site, retiramos as seguintes definies sobre
Inovao:
INOVAO - Significa a soluo de um problema tecnolgico, utilizada pela primeira vez,
descrevendo o conjunto de fases que vo desde a pesquisa bsica at o uso prtico,
compreendendo a introduo de um novo produto no mercado em escala comercial, tendo,
em geral, fortes repercusses socioeconmicas. LONGO, W.P. Conceitos Bsicos sobre
Cincia e Tecnologia. Rio de Janeiro, FINEP, 1996. v.1.
ou ainda
INOVAO - a introduo no mercado de produtos, processos, mtodos ou sistemas
no existentes anteriormente ou com alguma caracterstica nova e iferente da at ento
em vigor.GUIMARES, Fbio Celso de Macedo Soares. FINEP. Rio de Janeiro, 2000.
INOVAO no arte mtodo
INOVAO o instrumento especfico do esprito empreendedor. o ato que contempla
os recursos com a nova capacidade de criar riqueza
http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asphttp://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp#pesquisabasica#pesquisabasica16
INOVAO DE PROCESSO
TECNOLGICO
De acordo com o descrito no site da FINEP: a adoo de mtodos de produo
novos ou significativamente melhorados, incluindo mtodos de entrega dos produtos. Tais
mtodos podem envolver mudanas no equipamento ou na organizao da produo, ou
uma combinao dessas mudanas, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os
mtodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou
aprimorados, que no possam ser produzidos ou entregues com os mtodos
convencionais de produo, ou pretender aumentar a produo ou eficincia na entrega de
produtos existentes. Por exemplo, uma mudana de processo em telecomunicaes para
introduo de uma rede inteligente pode permitir a oferta ao mercado de um conjunto de
novos produtos, tais como espera de chamada ou visualizao da chamada. OECD. Oslo
Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3, pag.51.
17
INOVAO DE PRODUTOS E PROCESSOS TECNOLGICOS (PPT)
Tambm de acordo com o descrito no site da FINEP: Compreende as implantaes
de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnolgicas
em produtos e processos. Uma inovao PPT considerada implantada se tiver sido
introduzida no mercado (inovao de produto) ou usada no processo de produo
(inovao de processo). Uma inovao PPT envolve uma srie de atividades cientficas,
tecnolgicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em PPT
uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou
com substancial tecnolgica durante o perodo em anlise. A exigncia mnima que o
produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (no
precisa ser novo no mundo). Esto includas inovaes relacionadas com atividades
primrias e secundrias, bem como inovaes de processos em atividades similares.
OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3. pg 47.
De acordo com estas definies, fica claro que a Inovao Tecnolgica abrange
vrios aspectos relacionados entre si.
Outra questo importante a diferena entre Inovao e Inveno.
18
Tambm de acordo com o descrito no site da FINEP, INVENO uma concepo
resultante do exerccio da capacidade de criao do homem, que represente uma soluo
para um problema tcnico especfico, dentro de um determinado campo tecnolgico e que
possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. O certificado de adio de inveno um
aperfeioamento ou desenvolvimento introduzido no objeto de determinada inveno. A
proteo cabvel para o depositante ou titular da inveno anterior a que se refere (Art.
76 da LPI). O desenho industrial a forma plstica ornamental de um objeto ou o conjunto
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configurao externa e que possa servir de tipo de
fabricao industrial (Art. 95 da LPI). INPI. Patentes e Desenhos Industriais. Disponvel na
Internet. http://www.inpi.gov.br.
Portanto, INVENO um termo intimamente ligado com INOVAO. Toda
INVENO pode vir a gerar uma INOVAO, desde que seja inserida no mercado
consumidor com xito, ou seja, com sucesso.
Deste modo, a Inovao Tecnolgica est intimamente relacionada em como fazer
melhor o que j fazemos bem, em como fazer em menos tempo, com mais economia, em
menos etapas, com mais facilidade e com menos recursos. Inovar gerar alternativas
melhores para velhas solues ou alternativas novas para resolver novos e velhos
problemas. Assim, se voc fizer diferente e melhor alguma atividade, isto pode fazer a
http://www.inpi.gov.br/19
diferena entre liderar ou correr atrs do lder. Para fazer diferente preciso pensar
diferente.
Um novo olhar exige uma percepo e um raciocnio ampliados. As boas ideias
nascem, acima de tudo, pela curiosidade, pela ousadia em perguntar o porqu das coisas.
A inovao surge quando acreditamos que tudo pode ser melhorado. Com esta breve
introduo da disciplina, iremos agora propor algumas atividades a fim de propiciar um
melhor entendimento dos conceitos aqui discutidos.
MODELOS DE MUDANAS
TECNOLGICAS
O atual cenrio da economia caracterizado pela competio cada vez mais
acirrada, a qual modelos tradicionais e tcnicas eficazes de gesto so rapidamente
disseminados, exigindo das organizaes uma maior capacidade de formular e
implementar estratgias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e
atingir seus objetivos de curto, mdio e longo prazos.
20
A velocidade de ocorrncia das mudanas no ambiente competitivo pode estar
associada a vrios fatores, onde destacam-se o desenvolvimento tecnolgico, a integrao
de mercados, o deslocamento da concorrncia para o mbito internacional, a redefinio
do papel organizacional, alm das alteraes do perfil demogrfico e dos hbitos dos
consumidores. Tais mudanas tm exigido uma reestruturao das estratgias adotadas
pelas organizaes e uma capacidade contnua de inovao e adaptao, atravs dos
Sistemas de Informao (SI) e da Tecnologia da Informao (TI).
Os Sistemas de Informao podem ser definidos como um conjunto de elementos ou
componentes inter-relacionados que armazena, coleta, processa e distribui dados e
informaes com a finalidade de dar suporte s atividades de uma organizao. J a
Tecnologia da Informao pode ser todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para
tratar dados e ou informaes, tanto de forma sistmica como espordica, quer esteja
aplicada ao produto ou no processo atravs de recursos tecnolgicos e computacionais
para a gerao e uso das informaes nas organizaes, incluindo aquelas utilizadas ao
processamento e transmisso de dados, voz, grficos e vdeos.
Dessa forma, o principal benefcio que a tecnologia da informao traz para as
organizaes a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade de
informaes e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores.
21
Os sistemas de informao mais modernos oferecem s empresas oportunidades sem
precedentes para a melhoria dos processos internos e dos servios prestados ao
consumidor final.
O uso da reengenharia de processos para direcionar os novos sistemas de
informao proporciona um aumento significativo da satisfao dos clientes, e/ou a
reduo de custos, ao contrrio das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas
para fazer mais rpido o mesmo trabalho.
A atual economia mundial est vivendo um momento de profundas transformaes,
em que se opera a mais inovadora das revolues j experimentadas. O ambiente e as
formas de gesto das organizaes vm sendo completamente modificados em
decorrncia da transformao dos valores e das mudanas tecnolgicas e demogrficas
ocorridas nos ltimos anos. O ambiente empresarial est mudando continuamente,
tornando-se mais complexo e menos previsvel, e cada vez mais dependente de
informao e de toda a infra-estrutura tecnolgica que permite o gerenciamento de
enormes quantidades de dados.
A tecnologia est gerando grandes transformaes, que esto ocorrendo a nossa
volta de forma gil e sutil. uma variao com consequncias fundamentais para o mundo
empresarial, causando preocupao diria aos empresrios e executivos das corporaes,
com o estgio do desenvolvimento tecnolgico das empresas e/ou de seus processos
internos. A convergncia desta infra-estrutura tecnolgica com as telecomunicaes que
aniquilou as distncias, est determinando um novo perfil de produtos e de servios.
22
Com o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento, novas formas de pensar,
diferentes daqueles valores emergentes da poca da industrializao esto surgindo, pois
as mquinas que antes apenas substituam a fora fsica, agora complementam a
capacidade mental do ser humano, ou seja, o modo de produo de bens vem sendo
substitudo pelo modo de produo do conhecimento.
Dessa forma, as organizaes comearam a valorizar um recurso primordial para sua
sobrevivncia: a informao. As empresas diagnosticaram que pela gesto da informao
tornaram-se competitivas, organizadas e aptas a responder s mudanas exigidas pelo
cenrio econmico mundial.
O real desafio das instituies no identificar a mudana a qual se adaptar, e sim,
entender e avaliar corretamente o escopo dessas mudanas para que possam tambm
planej-las, pois, as organizaes alm de serem produtos do meio em que existem,
tambm so agentes de mudanas.
Um dos primeiros usos do termo estratgia foi feito h aproximadamente 3.000 anos
pelo estrategista chins Sun Tzuo, que afirmava que todos os homens podem ver as
tticas pelas quais eu conquisto, mas o que ningum consegue ver a estratgia a partir
da qual grandes vitrias so obtidas.
23
Segundo MINTZBERG (1996), o termo estratgia assumiu o sentido de habilidade
administrativa na poca de Pricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades
gerenciais (administrativas, liderana, oratria, poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre
(330 a.C.), adquiria o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e
criar um sistema unificado de governana global.
Estratgia significava inicialmente a ao de comandar ou conduzir exrcitos em
tempo de guerra um esforo de guerra. Representava um meio de vencer o inimigo, um
instrumento de vitria na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento
humano: poltico, econmico e ao contexto empresarial, mantendo em todos os seus usos
a raiz semntica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Origina-se assim como um meio
de um vencer o outro", como uma virtude de um general de conduzir seu exrcito vitria,
utilizando-se para isso de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade
sobre o inimigo.
No existe um conceito nico, definitivo de estratgia. O vocbulo teve vrios
significados, diferentes em sua amplitude e complexidade, no decorrer do desenvolvimento
da Administrao Estratgica.
THOMPSON JR. e STRICKLAND III (2000) definem estratgia como sendo um
conjunto de mudanas competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam
para atingir o melhor desempenho da empresa. (...) o planejamento do jogo de gerncia
24
para reforar a posio da organizao no mercado, promover a satisfao dos clientes e
atingir os objetivos de desempenho.
J WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), que a definem como planos da alta
administrao para alcanar resultados consistentes com a misso e os objetivos gerais da
organizao.
A Administrao Estratgica teve uma constituio tardia em relao a outras
disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma disciplina
hbrida, sofrendo influncias da sociologia e da economia; , essencialmente, uma
evoluo das teorias das organizaes (VASCONCELOS, 2001). Somente a partir da
dcada de 1950 passou a receber maior ateno dos meios acadmico e empresarial,
quando ento alavancou o seu desenvolvimento, notadamente a partir dos anos 60 e 70.
At os anos 50, a preocupao dos empresrios se restringia aos fatores internos s
empresas, como a melhoria da eficincia dos mecanismos de produo, uma vez que
25
ainda no existia um ambiente de hostilidade competitiva, o mercado no era muito
diversificado e oferecia oportunidades de crescimento rpido e no muito complexo.
Catalisada pelos esforos de guerra, a partir dos anos 50 a complexidade do mundo
empresarial aumentou, passando a exigir um perfil gerencial mais empreendedor,
respostas mais rpidas e corretas ao de concorrentes, uma redefinio do papel social
e econmico das empresas e uma melhor adequao nova postura assumida pelos
consumidores. nesse cenrio que se constituiu a AE. Seu objetivo principal pode ser
definido como uma adequao constante da organizao ao seu ambiente, de maneira a
assegurar a criao de riquezas para os acionistas e a satisfao dos seus stakeholders
(reclamantes da empresa: acionistas, empregados, clientes e fornecedores).
A Administrao Estratgica , atualmente, uma das disciplinas do campo da
Administrao de maior destaque e relevncia, pela produo cientfica e tambm pelo
nmero de consultorias organizacionais. Qualquer organizao, conscientemente ou no,
adota uma estratgia, considerando-se que a no adoo deliberada de estratgia por uma
organizao pode ser entendida como uma estratgia. Alm disso, a importncia maior da
AE est no fato de se constituir em um conjunto de aes administrativas que possibilitem
aos gestores de uma organizao mant-la integrada ao seu ambiente e no curso correto
de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua misso. A estratgia,
nesse contexto, assim como a organizao e o seu ambiente, no algo esttico,
acabado; ao contrrio, est em contnua mudana, desempenhando a funo crucial de
26
integrar estratgia, organizao e ambiente em um todo coeso, rentvel e sinrgico para
os agentes que esto diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados.
Analisando-se a evoluo do pensamento estratgico, observa-se que ele passou por
diferentes fases e contextos semnticos. Desde sua origem milenar, o vocbulo estratgia
assumiu diversos significados, sem, contudo, perder sua raiz semntica. Representa hoje
um importante instrumento de adequao empresarial a um mercado competitivo e
turbulento, preparando a organizao para enfrent-lo e utilizando-se, para isso, de suas
competncias, qualificaes e recursos internos, de maneira objetiva e sistematizada.
A estratgia empresarial, apesar de ter sua elaborao concentrada na alta
administrao, deve ser conhecida por todos os funcionrios da organizao, os quais
devem atuar de forma participativa na sua implantao. Essa atuao dos funcionrios
como colaboradores necessria em razo do carter transitrio e adaptativo dessa
estratgia, que um processo contnuo e propenso a mudanas e adequaes,
mergulhado em um contexto de incertezas macroeconmicas.
Em virtude da turbulncia do ambiente de mercado atual, a Administrao Estratgica
deve ser vista como um processo contnuo, no qual as estratgias devem ser
constantemente revistas, pois nem sempre se alcanam os objetivos pretendidos. Uma
27
estratgia pretendida pode ser realizada em sua forma original, modificada ou at mesmo
de forma completamente diferente.
Conforme Porter (1989), a estratgia identifica a posio da empresa no ambiente
competitivo e a forma como ela poder continuar ou, at mesmo, melhorar sua posio em
relao a seus concorrentes. Fica evidente, assim, que os gerentes necessitam de
informao sobre a organizao e o ambiente externo da empresa, com vista a identificar
ameaas e oportunidades, criando um cenrio para uma resposta eficaz e competitiva.
No entanto, Beuren afirma que:
Assim, se o tipo de estratgia que orienta a organizao est voltada
liderana em custos, ento, a nfase maior deve estar centrada no
controle de custos, a fim de conseguir uma expanso de vendas
praticando preos inferiores aos de seus concorrentes. (1998, p. 46)
Uma mentalidade voltada somente para o lucro, dentro deste novo ambiente torna-se,
a longo prazo, mais um obstculo do que um orientador para um desempenho
organizacional superior. A organizao da Era da Informao, da estratgia centrada,
possui enfoque maior na diferenciao nos produtos e servios. Outros fatores devem ser
perseguidos para a obteno de vantagem competitiva, tais como: qualidade, tecnologia,
inovao, dentre outros. Portanto, o tipo de estratgia que orientar a organizao
determinante do escopo para alcan-la.
Observa-se, ento, que a informao atua como diferenciador para a gesto
estratgica das organizaes. Contudo, o conjunto de informaes necessrias para a
28
elaborao da estratgia empresarial torna-se cada vez mais complexa em funo da
velocidade do movimento dos agentes do mercado.
No entanto, os responsveis pela elaborao da estratgia empresarial, a fim de
identificar tanto as ameaas quanto as oportunidades em potencial para a empresa,
requerem informaes diferenciadas.
BIO (1985), acrescenta que o planejamento e o controle so a essncia para a
tomada de deciso, uma vez que dependem de informaes oportunas e confiveis para
os processos decisrios.
Para Ricci, citado por Beuren:
o processo de deciso pode ir de um extremo, onde as solues ou
respostas j esto programadas e podem ser automatizadas, at
outro, onde os problemas so amplos e complexos, no previstos,
no estruturados e demandam grande volume de informaes. (1998,
p. 47)
Assim, no h um procedimento padro nas organizaes, no que diz respeito
diviso das funes do gerenciamento da informao na fase de execuo estratgica.
Porm, adotando formas de gerenciamento, atravs de um sistema, as informaes sero
direcionadas solues que problemas podem apresentar.
29
SISTEMAS DE INFORMAO - SI
Tendo em vista que a economia industrial est sendo substituda pela economia da
informao e, neste tipo de economia a concorrncia caracterizada pela maneira eficaz
de utilizao das informaes, necessrio que as organizaes utilizem o Sistema de
Informao - SI como uma ferramenta estratgica fundamental que ir destac-la pelos
ganhos de qualidade e produtividade, na realizao de seus objetivos e de sua misso.
A distino entre dado, informao e conhecimento imprescindvel para o melhor
entendimento do funcionamento de um sistema de informao. Oliveira define que dado
qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si s no conduz a uma
compreenso de determinado fato ou situao (1996, p. 34). A partir do dado
transformado, obtm-se a informao, o que habilitar que a empresa a alcanar seus
objetivos pelo uso eficiente dos recursos, permitindo, atravs de seu gerenciamento, a
tomada de decises.
Para gerar uma informao pela relao estabelecida entre dados, exige-se
conhecimento. No entanto, Stair afirma que "conhecimento o corpo ou as regras,
diretrizes e procedimentos usados para selecionar, organizar e manipular os dados, para
torn-los teis para uma tarefa especfica" (1998, p. 5).
30
Portanto, o Sistema de Informao um mecanismo de apoio gesto, desenvolvido
com base na tecnologia de informao e com o suporte da informtica para atuar como
condutores das informaes, visando facilitar, agilizar e otimizar o processo decisrio nas
organizaes.
ESTRATGIAS DE INOVAO
A inovao pode ser gerida, desde que se saiba para onde
e como olhar. Para a fazer acontecer, os executivos so responsveis pela busca
constante de novas oportunidades. Mas, como adverte Peter Drucker, encontrar
essas oportunidades e transform-las em solues exige uma grande disciplina
Por: Peter Drucker
Existe uma grande discusso em torno do conceito de personalidade empresarial.
Contudo, foram poucos os empresrios com quem trabalhei nos ltimos 30 anos que
ostentavam esses traos de personalidade. O que todos os empresrios bem sucedidos
parecem ter em comum no um tipo especfico de personalidade, mas um
31
empenhamento dirigido para a prtica sistemtica da inovao.
A inovao a funo especfica da capacidade empresarial, seja num negcio j
existente, numa instituio de servio pblico ou num pequeno negcio iniciado por um
indivduo na cozinha da famlia. o meio atravs do qual um esprito empreendedor cria
novos recursos de produo de riqueza ou desenvolve recursos j existentes com um
potencial refinado para a criao de riqueza.
Existe atualmente uma grande confuso em torno da definio exata de
capacidade empresarial. O termo, contudo, refere-se no dimenso ou longevidade de
qualquer empresa, mas sim a um certo tipo de atividade. E precisamente no centro desta
atividade que est a inovao: o esforo para criar uma mudana intencional e centrada no
potencial econmico ou social de uma empresa.
As fontes de inovao
Existem, obviamente, inovaes que provm de rasgos de genialidade. No entanto,
a maioria das inovaes e, especialmente, as de maior sucesso, resultam de uma procura
consciente e intencional de oportunidades de inovao, que se resumem a apenas
algumas situaes.
Existem quatro tipos de oportunidades que se encontram facilmente no interior das
empresas ou das indstrias:
Ocorrncias inesperadas;
Incongruncias;
Necessidades de processo;
Alteraes no mercado e na indstria.
32
Existem, por seu turno, trs fontes de oportunidades exteriores empresa, que
compem o ambiente social e intelectual circundante:
Alteraes demogrficas;
Alteraes na percepo;
Novos conhecimentos.
Estas fontes podem, contudo, sofrer uma sobreposio. Dada a diferente natureza
subjacente ao seu risco, dificuldade ou complexidade, o potencial para a inovao poder
residir em mais do que uma rea ao mesmo tempo. Mas, em conjunto, estas
oportunidades correspondem grande maioria de todas as oportunidades que facilitam a
inovao.
Ocorrncias inesperadas. Consideremos, em primeiro lugar, a fonte mais fcil e
simples de oportunidade de inovao: o inesperado. No incio dos anos 30, a IBM
desenvolveu a primeira mquina moderna de clculo, concebida para ser utilizada
em bancos. Mas em 1933 os bancos no compravam equipamentos novos. De
33
acordo com Thomas Watson, Sr., fundador e presidente executivo da empresa
durante um longo perodo, o que salvou a IBM foi a explorao de um sucesso
inesperado: a Biblioteca Pblica de Nova Iorque estava interessada em adquirir uma
mquina. Ao contrrio dos bancos, as bibliotecas, na era do New Deal, possuam
recursos financeiros, e Watson acabou por vender mais de uma centena de
mquinas a bibliotecas que, de outra forma, teriam ficado nos armazns da IBM.
Os sucessos e os fracassos inesperados so fontes extremamente produtivas de
oportunidades de inovao, pois a maioria dos negcios no lhes presta ateno,
negligencia-os e at os insulta. O cientista alemo que, por volta de 1905, sintetizou
a novocana, o primeiro narctico no aditivo, tencionou utiliz-la em delicadas
intervenes cirrgicas, como a amputao. Os cirurgies, contudo, preferiam
utilizar a anestesia geral (o que ainda acontece). A novocana despertou um forte
interesse entre os dentistas. O seu inventor passou o resto da vida em escolas de
medicina dentria, atacando os dentistas que davam um uso imprprio sua nobre
inveno, utilizando-a em situaes que ele no tinha previsto.
Embora este exemplo seja uma caricatura, ilustra da melhor forma a atitude que os
gestores professam em relao ao inesperado: Isto nunca deveria ter acontecido.
Os sistemas de registo empresariais ampliam ainda mais esta espcie de reaco,
pois no do qualquer tipo de ateno a possibilidades no previstas. O relatrio
tpico mensal ou trimestral contm, na sua primeira pgina, uma lista dos problemas
ou seja, as reas que no atingiram os resultados esperados. Este tipo de
informao necessria, pois ajuda a prevenir a deteriorao do desempenho.
Mas tambm restringe o reconhecimento de novas oportunidades. O primeiro
reconhecimento de uma possvel oportunidade aplica-se, geralmente, a uma rea
na qual a empresa est a ter um desempenho melhor do que o que foi inicialmente
previsto. Assim, os negcios genuinamente empreendedores, possuem duas
primeiras pginas uma pgina de problemas e outra de oportunidades e os
gestores despendem exatamente o mesmo tempo a analisar cada uma das pginas.
Incongruncias. Os Laboratrios Alcon representam uma das histrias de sucesso
da dcada de 60, pois Bill Conner, o co-fundador da empresa, explorou uma
incongruncia na tecnologia medicinal. A operao s cataratas era a terceira ou
quarta interveno cirrgica mais comum. Durante os ltimos 300 anos, os mdicos
sistematizaram-na a tal ponto que o nico passo fora de moda que restava era o
corte do ligamento. Os cirurgies oftalmologistas aprenderam a cortar o ligamento
34
com sucesso absoluto, mas era um procedimento to diferente do resto da
operao, que normalmente temiam faz-lo. Este comportamento era incongruente.
Durante 50 anos, os mdicos estiveram ao corrente de uma enzima que poderia
dissolver o ligamento sem haver necessidade de o cortar. Tudo o que Conner fez foi
adicionar uma defesa a esta enzima que lhe dava mais alguns meses de vida. Os
cirurgies aceitaram imediatamente o novo composto e a Alcon viu-se subitamente
no meio de um monoplio mundial. Cerca de 15 anos mais tarde, a Nestl comprou
a empresa por um preo simptico. Uma incongruncia deste tipo no que diz
respeito lgica ou ritmo de um processo apenas uma possibilidade que poder
surgir entre as oportunidades de inovao. Uma outra fonte a incongruncia entre
realidades econmicas. Por exemplo, sempre que uma indstria possui um mercado
em crescimento mas fracassa nas suas margens de lucro como, por exemplo, as
indstrias de ao dos pases desenvolvidos entre 1950 e 1970 estamos perante
uma incongruncia. A resposta inovadora: fbricas com dimenses mais reduzidas.
Necessidades de processo. Aquilo a que chamamos atualmente media teve as
suas origens em duas inovaes que se desenvolveram por volta de 1890 como
resposta a uma necessidade de processo. Uma foi a mquina de impresso
Linotype, de Ottmar Mergenthaler, que tornou possvel a produo rpida e em larga
escala de jornais. A outra diz respeito a uma inovao social, a publicidade
moderna, inventada pelos primeiros verdadeiros editores de jornais, Adolph Ochs,
do New York Times, Joseph Pulitzer, do New York World, e William Randolph
Hearst. A publicidade abriu-lhes as portas para distriburem notcias praticamente de
graa, a partir dos lucros provenientes do marketing.
Alteraes no mercado e na indstria. Uma das maiores histrias de sucesso da
Amrica empresarial diz respeito firma de corretagem Donaldson, Lufkin &
Jenrette, adquirida pela Equitable Life Assurance Society. A DL&J foi fundada em
1960 por trs jovens licenciados pela Harvard Business School, que
compreenderam que a estrutura da indstria financeira estava a sofrer alteraes
medida que os investidores institucionais se tornavam dominantes. Estes jovens no
possuam praticamente nem capital nem contactos. Mesmo assim, em poucos anos,
a empresa tornou-se lder na negociao de comisses de transaes e uma das
grandes estrelas de Wall Street. Foi a primeira empresa de corretagem a ser
reconhecida legalmente e a ser cotada na bolsa.
35
Quando uma indstria cresce rapidamente o valor crtico poder rondar os
40% de crescimento em 10 ou menos anos a sua estrutura muda. Empresas
estveis, concentradas em defender aquilo que j tm, tendem a no contra-atacar
quando um recm-chegado as desafia. Na verdade, quando as estruturas do
mercado ou da indstria sofrem alteraes, os lderes da indstria tradicional
teimam em negligenciar os segmentos de mercado que esto a registar maiores
crescimentos. As novas oportunidades raramente se enquadram na forma como a
indstria abordou desde sempre o mercado, o definiu ou o organizou. Os inovadores
sofrem, desta forma, a tendncia para serem deixados ss durante longos perodos.
Alteraes demogrficas. Das fontes externas das oportunidades de inovao, as
demogrficas so as de maior confiana. O sucesso inicial do Club Mediterrane
exemplo disso. Durante os anos 70, os observadores poderiam ter detectado a
emergncia de um largo nmero de jovens ricos e educados na Europa e nos
Estados Unidos. Descontentes com o tipo de frias que os seus pais, pertencentes
classe trabalhadora, gozavam em Brighton ou Atlantic City, estes jovens
constituam os clientes ideais para uma nova e extica verso das escapadelas
36
prprias da juventude. No entanto, s o Club Mediterrane percebeu a tendncia e a
antecipou.
Os gestores sempre souberam que a demografia interessa, mas sempre
acreditaram que as estatsticas populacionais se alteram lentamente, o que no
aconteceu, por acaso, neste sculo. Na verdade, as oportunidades de inovaes
tornadas possveis pelas alteraes no nmero existente de pessoas e na sua
distribuio de idade, educao, ocupao e localizao geogrfica esto entre
as mais recompensadoras e menos arriscadas procuras de inovao.
Alteraes na percepo. Em vez de celebrarem as grandes melhorias que
conseguiram realizar na rea da sade nos ltimos 30 anos, os americanos
parecem concentrar-se na distncia que ainda os separa da desejada imortalidade.
Esta atitude criou muitas oportunidades para inovaes: mercados para revistas de
sade, para todos os tipos de alimentos mais saudveis e para aulas de exerccio
fsico ou equipamento de jogging. Um dos negcios que tem apresentado
crescimentos rpidos o das empresas que fabricam equipamentos para exercitar o
corpo em casa.
Uma mudana na percepo no altera factos, mas modifica o seu significado
e de forma extremamente rpida. Levou menos de dois anos para que os
computadores deixassem de ser considerados como grandes ameaas ou como
coisas que s as grandes empresas poderiam usar para passarem a ser encarados
37
como algo que se compra para calcular os impostos a pagar no final do ano. A
economia no dita, necessariamente, uma mudana to radical. O que determina
algum a ver um copo meio cheio ou meio vazio mais uma questo de disposio
do que um facto, e uma alterao de humor desafia, muitas vezes, a quantificao.
Mas no abstracto, concreto. Pode ser definido e testado. E poder ser
explorado para uma oportunidade de inovao.
Novos conhecimentos. Na histria das inovaes, aquelas que so baseadas em
novos conhecimentos sejam eles cientficos, tcnicos ou sociais esto muito
bem posicionadas. Elas so as superestrelas da capacidade empreendedora: elas
recolhem a publicidade e o dinheiro. Representam aquilo em que pensamos quando
falamos de inovao, apesar de nem todas as inovaes baseadas no
conhecimento serem importantes.
Para ser eficaz, este tipo de inovao exige, normalmente, mais do que um
tipo de conhecimento. Consideremos uma das maiores inovaes baseadas em
conhecimentos eficazes: os bancos modernos. A teoria do banco empreendedor
ou seja, o uso intencional do capital para gerar desenvolvimento econmico foi
formulada pelo conde de Saint-Simon durante a era de Napoleo. Apesar da
38
proeminncia de Saint-Simon, foi s 30 anos aps a sua morte, em 1825, que dois
dos seus discpulos, os irmos Jacob e Isaac Pereire, estabeleceram o primeiro
banco empreendedor, o Crdit Mobilier, e desenvolveram aquilo que atualmente
denominamos capitalismo financeiro. Os Pereire no possuam quaisquer
conhecimentos de banca comercial moderna. O Crdit Mobilier falhou
redondamente. Alguns anos mais tarde, dois jovens, um americano, J. P. Morgan, e
um alemo, Georg Siemens, juntaram a teoria francesa de banca empreendedora e
a teoria inglesa de banca comercial, que resultou nos primeiros bancos modernos
de sucesso, o J. P. Morgan & Company, em Nova Iorque, e o Deutsche Bank, em
Berlim. Dez anos mais tarde, um jovem japons, Shibusawa Eiichi, adaptou o
conceito de Siemens ao seu pas e edificou os fundamentos da economia moderna
japonesa. Estes exemplos ilustram como funciona a inovao com base no
conhecimento. Longos perodos de incubao e a necessidade de uma
convergncia entre os diferentes tipos de conhecimento explicam os ritmos
peculiares destas inovaes, as suas atraes e perigos. Durante o longo perodo
de gestao, h muita conversa e pouca ao. Depois, quando os elementos
finalmente convergem, assiste-se a grande excitao e atividade.
Embora possa ser difcil, a inovao com base no conhecimento pode ser gerida. O
sucesso exige uma anlise cuidadosa das vrias formas de conhecimento
necessrias para tornar a inovao possvel. J. P. Morgan como Siemens fizeram-
no quando embarcaram nos seus negcios.
Embora possa parecer paradoxal, a inovao com base em conhecimentos muito
mais dependente do mercado do que qualquer outro tipo de inovao. A empresa britnica
De Havilland construiu o primeiro avio a jacto para passageiros sem antes ter analisado o
mercado, no identificando por isso dois factores cruciais. Um dizia respeito
configurao, ou seja, a dimenso certa com a carga adequada para as viagens nas quais
um avio a jacto deveria dar companhia area maiores vantagens. O outro era
igualmente simples: como poderiam as companhias areas financiar a compra de um avio
to caro? Como a De Havilland no efetuou a anlise necessria, a Boeing e a Douglas,
ambas americanas, tomaram conta da indstria dos avies a jacto.
Para o empreendedor, existe muito mais do que do que somente a inovao sistemtica
por exemplo, estratgias empreendedoras distintas e princpios de gesto inovadores,
que so igualmente necessrios para a empresa estvel, para as organizaes de servio
39
pblico e para os novos empreendimentos. Mas os alicerces da capacidade
empreendedora, como prtica e como disciplina, so a prtica da inovao sistemtica.
OS GRANDES PRINCPIOS DA
INOVAO
Uma inovao sistemtica e intencional inicia-se com a anlise das fontes de novas
oportunidades. Dependendo do contexto, as fontes tero importncia distinta em pocas
diferentes.
Ateno ao mercado. Como a inovao conceptual e perceptiva, os possveis
inovadores precisam ver, perguntar e ouvir. Seguidamente, devem procurar
potenciais utilizadores para estudarem as suas expectativas e necessidades.
Simplicidade. Para ser eficaz, uma inovao deve ser simples e centralizada. O
maior elogio que uma inovao pode receber mede-se pelas seguintes palavras:
Isto bvio! Por que motivo no pensei nisso? to simples! Mesmo a inovao
que cria novos utilizadores e mercados dever ser direcionada para uma aplicao
especfica.
40
Especificidade. As inovaes eficazes comeam por ser pequenas. Tentam fazer
algo especfico. Poder ter sido a ideia elementar de colocar o mesmo nmero de
fsforos em todas as caixas (costumavam ser 50) que deu aos suecos um
monoplio mundial durante meio sculo. Pelo contrrio, ideias que revolucionam
uma indstria dificilmente funcionam.
Aspirao liderana. Ningum poder prever se uma determinada inovao se
transformar num grande negcio ou num feito modesto. Mas uma inovao de
sucesso dever aspirar, desde o incio, a representar um standard, a determinar a
direo de uma nova tecnologia ou indstria. Se uma inovao no aspirar
liderana desde o incio, pouco provvel que seja inovadora o suficiente.
Persistncia. Acima de tudo, uma inovao requer mais trabalho do que
genialidade. Exige conhecimento. Os inovadores raramente trabalham em mais do
que uma rea. Thomas Eddison, por exemplo, trabalhava estritamente no campo
elctrico. Na inovao, existe talento, ingenuidade e conhecimento. Mas quando
tudo est dito e feito, o que a inovao exige trabalho rduo, centralizado e
intencional.
41
FORMAS DE ACESSO TECNOLOGIA
A filosofia, a religio e as artes sempre tiveram um papel relevante no
condicionamento do comportamento humano. Entretanto, com o desenvolvimento da
cincia e da tecnologia, estas vieram ocupar, gradativamente, papel cada vez mais
importante como agentes modeladores do modo de vida do homem.
A Cincia, como fator dominante nas crenas do homem, existe h cerca de 350
anos; a Tecnologia, como fator preponderante na indstria e na economia, h 200 anos.
Nestes breves perodos de tempo, entretanto, se demonstraram como foras
revolucionrias incrivelmente poderosas e estamos apenas no princpio de suas aes
transformadoras da vida humana.
Atravs das descobertas cientficas e das aplicaes tecnolgicas correspondentes,
foi que o ser humano se tornou capaz de atingir os seus mais relevantes objetivos
materiais e econmicos. A rpida acumulao de conhecimentos e o desenvolvimento das
tecnologias associadas criaram as bases necessrias realizao destes objetivos. Como
consequncia, a inovao tecnolgica, promovendo a produtividade, trouxe um progresso
42
sem precedentes indstria e se constitui, cada vez mais, em fator imprescindvel
prosperidade.
As diversas etapas da evoluo humana tm sido, muitas vezes, descritas pelo que
pode ser considerada a orientao tecnolgica do perodo. Deste modo, tivemos a idade
da pedra, a do bronze e do ferro, e assim sucessivamente. Presentemente, chegamos
fase mais adiantada de um perodo que se iniciou com a Revoluo Industrial do sculo
XVIII, se acelerou com a 2a. Guerra Mundial e culminou com a era em que vivemos: a era
nuclear e da informtica.
Os efeitos da cincia e da tecnologia sobre a sociedade so profundos e
abrangentes.
O primeiro a considerar, trata do efeito intelectual direto sobre as pessoas, que tem
provocado o abandono de muitas crenas tradicionais e a adoo de outras referendadas
pelo mtodo cientfico e pela tcnica.
Os efeitos sobre a indstria, e como consequncia sobre a economia, so de tal
importncia que redimensionaram, drasticamente, a participao dos recursos humanos no
sistema produtivo e vem exigindo repetidas reciclagens no treinamento dos empregados.
43
No que diz respeito guerra, os efeitos so dramticos, culminando com a
capacidade do homem em vir a destruir a humanidade, o que trouxe profundas
modificaes polticas, a par de novos conceitos na conduo dos conflitos.
Os efeitos considerados provocaram, por sua vez, profundas mudanas na
organizao social e trouxeram uma nova concepo sobre o lugar do homem no
Universo.
Como resultado de tudo isto, vivemos hoje em uma sociedade cientfico-tecnolgica
caracterizada pelo fato de que o conhecimento cientfico e a tecnologia afetam a vida diria
de todos, bem como a organizao poltica, econmica, social e militar.
A nossa gerao a primeira com a possibilidade tcnica de antever um futuro
material seguro, de forma concreta, sem a implausvel extrapolao dos conhecimentos
existentes.
O crescimento econmico continuado , frequentemente, atacado, sob o
fundamento de que destri os valores ambientais que so, muitas vezes, mais valorizados
por si mesmos do que pela sua capacidade de sustentao biolgica ou fsica da
existncia humana.
Nestas condies, embora a cincia e a tecnologia tenham nos assegurado os
meios para atender s necessidades de todos, as evidncias so poucas de que a
aplicao real desses meios seja inteiramente compatvel com outros objetivos como:
democracia, liberdade pessoal, meio ambiente esteticamente satisfatrio e preservao da
44
natureza primitiva ou da dignidade individual. Estes objetivos, na verdade, representam
valores culturais derivados e a cultura, certamente, faz parte das condies de contorno
que condicionaro as decises sobre a futura tecnologia.
Evidentemente, os interesses das sociedades industrialmente avanadas e aquelas
em pases em desenvolvimento nem sempre podem coincidir. Se as sociedades
materialmente mais avanadas decidirem que j tm o suficiente de progresso material e
se voltarem para outros valores, elas podero tentar impedir o desenvolvimento de outros
pases. Estes iro, certamente, se contrapor a seus intentos, indo a busca daquilo que as
sociedades avanadas j alcanaram. Para consecuo de seus objetivos, os pases
desenvolvidos podero criar dificuldades e restries livre disseminao da tecnologia, e
mesmo da cincia, estabelecendo assim uma nova forma de colonizao, atravs do
domnio exclusivo da Cincia e Tecnologia.
necessrio estabelecer limites para o condicionamento da opinio pblica,
inclusive por processos subliminares. Por outro lado, os ambientalistas temem que a
biotecnologia possa transformar a natureza de acordo com parmetros fixados pelo
homem e no pela prpria natureza. Esta intromisso da tecnologia na natureza poder
alterar a prpria percepo da vida pelo homem. Teme-se que as futuras geraes
venham a perceber a vida apenas como mais um manipulvel programa de computador.
No estamos certos tambm de que organismos geneticamente alterados - ainda que
potencialmente benficos para o homem - no venham a produzir consequncias
desastrosas quando liberados no meio ambiente.
45
So inmeras, portanto, as questes de ordem tica, legal e social que precisam ser
analisadas e equacionadas.
COOPERAO ENTRE UTILIZADORES
DO CONHECIMENTO
OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO
Conhecimento consiste em uma crena verdadeira e justificada (Plato, 428ac a
347ac) A forma de buscar as realidades vem do conhecimento, no das coisas, mas do
alm das coisas. Esta busca racional contemplativa, isto significa buscar a verdade no
interior do prprio homem.
Conhecimento a relao que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja
conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se d a conhecer. Segundo Cortella (1999), o
46
conhecimento a relao na qual intervm o sujeito e o objeto, no estando verdade
nem no sujeito, nem no objeto, mas precisamente na interao entre eles.
Por que conhecer?
O ser humano conhece basicamente movido por duas necessidades intrnsecas:
sobrevivncia e evoluo.
Como conhecer?
O ser humano, assim como todo ser vivente, conhece o mundo ao seu redor atravs
dos sentidos. Constata-se assim que, o conhecimento em sua manifestao mais
elementar, produto da percepo sensorial. Contudo, o ser humano vai, alm disto, pois
produz conhecimento atravs do raciocnio. Cervo e Bervian (2004) explicam esta
diferena entre conhecimento sensvel e conhecimento intelectual. O conhecimento
sensvel corresponde apropriao fsica, por exemplo, a representao de uma onda
luminosa, de um som, o que acarreta uma modificao de um rgo corporal do sujeito
cognoscente. Observam que tal tipo de conhecimento encontrado tanto em animais
como no homem.. J o conhecimento intelectual ou racional corresponde a uma
representao no sensvel, o que ocorre com realidades tais como conceitos, verdades,
princpios e leis.
47
No processo de apreenso da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode
penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-
se tirar uma srie de concluses sobre a sua atuao na sociedade, baseada no senso
comum ou na experincia cotidiana; pode-se analis-lo como um ser biolgico, verificando
atravs de investigao experimental, as relaes existentes entre determinados rgos e
suas funes; pode-se question-lo quanto sua origem e destino, assim como quanto
sua liberdade; finalmente, pode-se observ-lo como ser criado pela divindade, sua
imagem e semelhana, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Apesar da separao metodolgica entre os tipos de conhecimento popular, filosfico,
religioso e cientfico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa:
um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da fsica, pode ser crente praticante de
determinada religio, estar filiado a um sistema filosfico e, em muitos aspectos de sua
vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
Para melhor entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente
traar um paralelo entre o conhecimento cientfico e o conhecimento popular, para depois
sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles.
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O conhecimento cientfico e outros tipos de conhecimento
Ao se falar em conhecimento cientfico, o primeiro passo consiste em diferenci-lo de
outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situao muito
presente no nosso cotidiano.
O parto no mbito popular (parteira) e o parto no mbito da cincia da
medicina (maternidade).
Tipos de conhecimentos que se encontram mesclados neste exemplo:
- Emprico, popular, vulgar: transmitido de gerao em gerao por meio da educao
informal e baseado na imitao e na experincia pessoal.
- Cientfico: conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de
procedimentos cientficos. Visa explicar "por que" e "como" os fenmenos ocorrem.
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Correlao entre Conhecimento Popular e Conhecimento Cientfico
O conhecimento vulgar ou popular, tambm chamado de senso comum, no se
distingue do conhecimento cientfico nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto
conhecido. O que diferencia a FORMA, O MODO OU O MTODO E OS
INSTRUMENTOS DO CONHECER.
Aspectos a considerar:
A cincia no o nico caminho de acesso ao conhecimento e verdade.
Um objeto ou um fenmeno pode ser matria de observao tanto para o cientista
quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento cientfico e outro ao vulgar
ou popular a forma de observao.
Tanto o "bom senso", quanto "cincia" almejam ser racionais e objetivos.
Caractersticas do Conhecimento Popular
Se o "bom senso", apesar de sua aspirao racionalidade e objetivo, s consegue
atingir essa condio de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar,
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popular, o modo comum, corrente e espontneo de conhecer, que se adquire no trato
direto com as coisas e os seres humanos.
" o saber que preenche a nossa vida diria e que se possui sem o haver procurado ou
estudado, sem a aplicao de um mtodo e sem se haver refletido sobre algo". (Babini,
1957:21).
Verificamos que o conhecimento cientfico diferencia-se do popular muito mais no que
se refere ao seu contexto metodolgico do que propriamente ao seu contedo. Essa
diferena ocorre tambm em relao aos conhecimentos filosfico e religioso (ou
teolgico).
CONHECIMENTO POPULAR
Superficial - conforma-se com a aparncia, com aquilo que se pode comprovar
simplesmente estando junto das coisas.
Sensitivo - referente a vivncias, estados de nimo e emoes da vida diria.
Subjetivo - o prprio sujeito que organiza suas experincias e conhecimentos.
Assistemtico - a organizao da experincia no visa a uma sistematizao das ideias,
nem da forma de adquiri-las nem na tentativa de valid-las.
Acrtico - verdadeiros ou no, a pretenso de que esses conhecimentos o sejam no se
manifesta sempre de uma forma crtica.
Exemplo: A chave est emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a
porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.
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CONHECIMENTO FILOSFICO
fruto do raciocnio e da reflexo humana. o conhecimento especulativo sobre
fenmenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenmenos gerais do
universo, ultrapassando os limites formais da cincia. A filosofia encontra-se sempre
procura do que mais geral, interessando-se pela formulao de uma concepo unificada
e unificante do universo. Para tanto, procura responder s grandes indagaes do esprito
humano, buscando at leis mais universais que englobem e harmonizem as concluses da
cincia.
Exemplo: "O homem a ponte entre o animal e o alm-homem" (Friedrich
Nietzsche, 1844-1900)
Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipteses, que no podero ser submetidas
observao. As hipteses filosficas baseiam-se na experincia e no na
experimentao.
No verificvel - os enunciados das hipteses filosficas no podem ser confirmados nem
refutados.
Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
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Sistemtico - suas hipteses e enunciados visam a uma representao coerente da
realidade estudada, numa tentativa de apreend-la em sua totalidade.
Infalvel e exato - suas hipteses e postulados no so submetidos ao decisivo teste da
observao, experimentao.
CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLGICO
Apoia-se em doutrinas que contm proposies sagradas, valorativas, por terem sido
reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades so
consideradas infalveis, indiscutveis e exatas. um conhecimento sistemtico do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidncias
no so verificadas. Est sempre implcita uma atitude de f perante um conhecimento
revelado. O conhecimento religioso ou teolgico parte do princpio de que as verdades
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tratadas so infalveis e indiscutveis, por consistirem em revelaes da divindade, do
sobrenatural.
CONHECIMENTO CIENTFICO
Real, factual - lida com ocorrncias, fatos, isto , toda forma de existncia que se
manifesta de algum modo.
Contingente - suas proposies ou hipteses tm a sua veracidade ou falsidade conhecida
atravs da experimentao e no pela razo, como ocorre no conhecimento filosfico.
Sistemtico - saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e no
conhecimentos dispersos e desconexos.
Verificvel - as hipteses que no podem ser comprovadas no pertencem ao mbito da
cincia.
Falvel - em virtude de no ser definitivo, absoluto ou final.
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Aproximadamente exato - novas proposies e o desenvolvimento de novas tcnicas
podem reformular o acervo de teoria existente.
MTODOS CIENTFICOS
Todas as cincias caracterizam-se pela utilizao de mtodos cientficos; em
contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes mtodos so cincias.
Dessas afirmaes podemos concluir que a utilizao de mtodos cientficos no da
alada exclusiva da cincia, mas no h cincia sem o emprego de mtodos cientficos.
Conceitos de mtodo
"Caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho no tenha
sido fixado de antemo de modo refletido e deliberado". (Hegenberg, 1976:II-115).
"Forma de selecionar tcnicas e avaliar alternativas para ao cientfica". (Ackoff In:
Hegenberg, 1976:II-116).
"Forma ordenada de proceder ao longo de um caminho". (Trujillo, 1974:24).
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"Ordem que se deve impor aos diferentes processos necessrios para atingir um fim
dado". (Jolivet, 1979:71).
"Conjuntos de processos que o esprito humano deve empregar na investigao e
demonstrao da verdade". (Cervo e Bervian, 2004:23).
"Caracteriza-se por ajudar a compreender, no sentido mais amplo, no os resultados da
investigao cientfica, mas o prprio processo de investigao". (Kaplan In: Grawitz,
1975:I-18).
Desenvolvimento histrico do mtodo
A preocupao em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primrdios
da humanidade, quando as duas principais questes referiam-se s foras da natureza, a
cuja merc vivia os homens, e morte. O conhecimento mtico voltou-se explicao
desses fenmenos, atribuindo-os a entidades de carter sobrenatural. A verdade era
impregnada de noes supra-humanas e a explicao fundamentava-se em motivaes
humanas, atribudas a "foras" e potncias sobrenaturais.
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medida que o conhecimento religioso se voltou, tambm, para a explicao dos
fenmenos da natureza e do carter transcendental da morte, como fundamento de suas
concepes, a verdade revestiu-se do carter dogmtico, baseada em revelaes da
divindade. a tentativa de explicar os acontecimentos atravs de causas primeiras, os
deuses, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspirao divina. O
carter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicaes sobre o homem
e o universo, determina uma aceitao sem crtica dos mesmos, deslocando o foco das
atenes para a explicao da natureza da divindade.
O conhecimento filosfico, por sua vez, parte para a investigao racional na tentativa
de captar a essncia imutvel do real, atravs da compreenso da forma e das leis da
natureza.
O senso comum, aliado explicao religiosa e ao conhecimento filosfico, orientou
as preocupaes do homem com o universo.
Somente no sculo XVI que se iniciou uma linha de pensamento que propunha
encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias, na procura do real. No se
buscam mais as causas absolutas ou a natureza ntima das coisas; ao contrrio, procuram-
se compreender as relaes entre elas, assim como a explicao dos acontecimentos,
atravs da observao cientfica, aliada ao raciocnio. Da mesma forma que o
conhecimento se desenvolveu, o mtodo (a sistematizao de atividades) tambm sofreu
transformaes.
O pioneiro a tratar do assunto, no mbito do conhecimento cientfico, foi Galileu Galilei
(1564-1642), primeiro terico do mtodo experimental. Discordando dos seguidores do
filsofo Aristteles, (384ac 322ac) considera que o conhecimento da essncia ntima das
substncias individuais deve ser substitudo, como objetivo das investigaes, pelo
conhecimento das leis que presidem os fenmenos. As cincias, para Galileu, no tm,
como principal foco de preocupaes, a qualidade, mas as relaes quantitativas. Seu
mtodo pode ser descrito como induo experimental, chegando-se a uma lei geral atravs
da observao de certo nmero de casos particulares. Os principais passos de seu mtodo
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podem ser assim expostos: observao dos fenmenos; anlise dos elementos
constitutivos desses fenmenos, com a finalidade de estabelecer relaes quantitativas
entre eles; induo de certo nmero de hipteses; verificao das hipteses aventadas por
intermdio de experincias; generalizao do resultado das experincias para casos
similares; confirmao das hipteses, obtendo-se, a partir delas, leis gerais. Galileu Galilei
parte do pressuposto de que o conhecimento cientfico o nico caminho seguro para a
verdade dos fatos.
Ao lado de Galileu e Francis Bacon, no mesmo sculo, surge Ren Descartes
(1596 -1650). Com sua obra, Discurso do Mtodo, afasta-se dos processos indutivos,
originando o mtodo dedutivo. Para ele, chega-se certeza atravs da razo, princpio
absoluto do conhecimento humano. Postula, ento, quatro regras: evidncia, que diz para
no acolher jamais como verdadeira uma coisa que no se reconhea evidentemente
como tal, isto , evitar a precipitao e o preconceito e no incluir juzos, seno aquilo que
se apresenta com tal clareza ao esprito que torne impossvel a dvida; anlise, que
consiste em dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessrias para
melhor resolv-las, ou seja, o processo que permite a decomposio do todo em suas
partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo; sntese, entendida
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como o processo que leva reconstituio do todo, previamente decomposto pela anlise,
consistindo em conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos
mais simples e mais fceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, at o
conhecimento dos objetos que no se disponham, de forma natural, em sequncias de
complexidade crescente; enumerao, que consiste em realizar enumeraes to
cuidadosas e revises to gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido.
Com o passar do tempo, outras vises foram sendo incorporadas aos mtodos
existentes, fazendo com que surgissem tambm outros mtodos, como veremos adiante.
Antes, porm, cabe apresentar o conceito de mtodo moderno, independente do tipo.
Para tal, ser considerado que o mtodo cientfico a teoria da investigao e que
esta alcana seus objetivos, de forma cientfica, quando cumpre ou se prope a cumprir as
seguintes etapas:
Descobrimento do problema - ou lacuna, num conjunto de acontecimentos. Se o problema
no estiver enunciado com clareza, passa-se etapa seguinte; se estiver, passa-se
subsequente;
Colocao precisa do problema - ou ainda, a recolocao de um velho problema luz de
novos conhecimentos (empricos ou tericos, substantivos ou metodolgicos);
Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema - ou seja, exame do
conhecido para tentar resolver o problema;
Tentativa de soluo do problema com auxlio dos meios identificados - se a tentativa
resultar intil, passa-se para a etapa seguinte, em caso contrrio, subsequente;
Inveno de novas ideias - hipteses, teorias ou tcnicas ou produo de novos dados
empricos que prometam resolver o problema;
Obteno de uma soluo - exata ou aproximada do problema, com o auxlio do
instrumental conceitual ou emprico disponvel;
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Investigao das consequncias da soluo obtida - em se tratando de uma teoria, a
busca de prognsticos que possam ser feitos com seu auxlio. Em se tratando de novos
dados, o exame das consequncias que possam ter para as teorias relevantes;
Prova ou comprovao da soluo - confronto da soluo com a totalidade das teorias e da
informao emprica pertinente. Se o resultado satisfatrio, a pesquisa dada como
concluda, at novo aviso. Do contrrio, passa-se para a etapa seguinte;
Correo das hipteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obteno da
soluo incorreta - esse , naturalmente, o comeo de um novo ciclo de investigao.
GESTAO DO CONHECIMENTO
o conceito que cria rotinas e sistemas para que todo o conhecimento adquirido
num determinado ambiente cresa e seja compartilhado. Uma importante funo da GC
explicitar, registrar e disseminar por toda a organizao maneiras de fazer que esto
restritas a indivduos, propiciando a gerao de novos conhecimentos. Nas organizaes,
a criao, explicitao, compartilhamento, apropriao e aplicao do conhecimento, so
algumas etapas que ilustram o processo de GC. Quando se considera as micro e
pequenas empresas, dimenses como a viso estratgica dos scios e diretores, cultura
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organizacional e aprendizado com o ambiente externo, so consideradas fundamentais
para a GC. Uma questo prtica na gesto do conhecimento nas empresas est em como
transformar informao em conhecimento, e considerando-se que o conhecimento tcito
tambm inclui dados que muitas vezes nem so percebidos pelos indivduos, tem-se uma
questo mais abrangente: como transformar experincia e/ou vivncia em conhecimento?
A busca pela obteno de conhecimento, alm da informao e da prtica, mostra
que o fator humano e sua interao com o ambiente so fundamentais no enriquecimento
e manifestao dos conhecimentos tcito e explcito dos membros da organizao,
colocando as pessoas em interao produtiva, tornado-as parceiras na socializao,
combinao, compartilhamento e apropriao de conhecimento produzido em equipes. Na
GC, o conhecimento explcito, ou aquele que pode ser mais facilmente codificado, tem uma
caracterstica mais voltada s tecnologias da informao e comunicao, principalmente
atravs do uso de ferramentas (intranets, grupos de discusso, datawarehouse, etc.) que
facilitam integrar e trocar informao e conhecimento, sofisticar projetos, olhar a
informao em vrios contextos, entre outros. Os trabalhadores do conhecimento
gerenciam a si mesmos, tm a aprendizagem e o ensino contnuos como parte de sua
funo, tm alta mobilidade e so parceiros do empreendimento. O profissional de GC
precisa conhecer bem tanto os negcios quanto as tecnologias. Outra questo para se
pensar a GC a criatividade, que pode ser classificada em trs focos: econmico, visto
nas inovaes de produto e tecnologia; empreendedorismo visto na criatividade de novos
negcios e estratgias; e cultura e arte, visto na criatividade em novas fronteiras da arte e
inovaes culturais. As empresas so mais focadas no primeiro e segundo focos, porm,
de forma limitada ao negcio em que atua.
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No espao pblico, cabe s polticas pblicas incorporar os trs focos atuando em
incubadoras, polticas de cincia e tecnologia, servios de apoio aos negcios,
promovendo cultura e educao, ou seja, criando espaos de interao e promoo da
criatividade e do conhecimento, podendo esse ser um dos caminhos para a poltica pblica
que considere a GC.
A descrio desse verbete partiu de pontos de discusses, fruns e chats, que
consideravam questes como gesto do conhecimento nos espaos privado e pblico,
prticas gerenciais relacionadas a uma efetiva gesto do conhecimento, a importncia das
tecnologias da informao e comunicao, as dimenses tcitas e codificadas do
conhecimento e como compartilhar conhecimento no espao pblico. Elaborado pela troca
de e-mails atravs de uma rede de discusso.
Muito se fala sobre a importncia do conhecimento no atual mundo dos negcios.
Mas como empresas brasileiras encaram esse conceito e o traduzem em seu dia-a-
dia? Pesquisa indita realizada com executivos de grandes organizaes mostra que
h avanos nessa rea, porm restam "territrios a ocupar".
Estamos diante de um cenrio de rara complexidade, no mundo corporativo e na
sociedade em geral. Fenmenos econmicos e sociais, de alcance mundial, so
responsveis pela reestruturao do ambiente de negcios. A globalizao da economia, E
impulsionada pela tecnologia da informao e pelas comunicaes, uma realidade da
qual no se pode escapar.
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nesse contexto que o conhecimento, ou melhor, que a gesto do conhecimento
(KM, do ingls Knowledge Management) se transforma em um valioso recurso
estratgico para a vida das pessoas e das empresas. No de hoje que o conhecimento
desempenha papel fundamental na histria. Sua aquisio e aplicao sempre
representaram estmulo para as conquistas de inmeras civilizaes. No entanto, apenas
"saber muito" sobre alguma coisa no proporciona, por si s, maior poder de competio
para uma organizao. quando aliado a sua gesto que ele faz diferena. A criao e a
implantao de processos que gerem, armazenem, gerenciem e disseminem o
conhecimento representam o mais novo desafio a ser enfrentado pelas empresas. Termos
como "capital intelectual", "capital humano", "capacidade inovadora", "ativos intangveis" ou
"inteligncia