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ACADEMIA DO AR – Bloco III - Apostila de Aspectos Fisiológicos da Atividade de Comissário de Voo - AFA
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ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE DE COMISSÁRIO DE VOO
Ciência que estuda os efeitos da altitude no organismo do homem, bem como os meios de proteção a
estes efeitos
É um ramo da medicina preventiva que atua na profilaxia e no tratamento de problemas orgânicos e
psíquicos decorrentes da atividade aeronáutica.
Medicina da aviação - vôos até 50.000 pés.
Medicina espacial - vôos acima de 50.000 pés.
Para uma melhor compreensão da medicina da aviação é fundamental que tenhamos noções sobre os
ambientes de vôo, isto é, da atmosfera.
ATMOSFERA
Camada gasosa que envolve a terra e acompanha seus movimentos em torno do sol.
Está divida em várias camadas:
Troposfera – 11Km ( 63.270 pés)
Tropopausa – 24Km (79.920 pés)
Estratosfera – 70Km ( 233.100 pés)
Ionosfera – 500Km
Exosfera – 1.000Km
Compõe-se de:
Nitrogênio: 78%
Oxigênio: 21%
Outros 1%
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As várias camadas sobrepostas da atmosfera exercem uma pressão sobre a superfície do planeta,
denominada pressão barométrica ou pressão atmosférica.
Considerando a pressão atmosférica como um total, entende-se que seu peso corresponde a somatória
da pressão parcial de cada gás que a compõe. Na física isto foi enunciado por Dalton:
“A pressão de uma mistura de vários gases, em um dado espaço, é igual a soma das pressões que
cada gás deveria exercer por si próprio, se fosse confinado naquele espaço.”
À medida que ganhamos altitude a pressão atmosférica diminui e a temperatura também decresce.
No nível do mar a pressão atmosférica é de 760mmHg, já a 18.000 pés corresponde a 380mmHg
(1/2atm).
Até o surgimento das cabines pressurizadas, os vôos comerciais não ultrapassavam a 12.000 pés.
Atualmente, os aviões a jato atingem até 45.000 pés e os supersônicos até 65.000 pés.
Porém, as cabines da aeronave, em, qualquer um dos casos, deve estar pressurizada a uma altitude
correspondente a, no Maximo, 8.000 pés.
Como ilustração podemos tomar como exemplo uma despressurização acidental da cabine por perda
de uma janela, num vôo a 42.000 pés, onde o tempo que a pressão interna se iguala a externa é de
aproximadamente 14 segundos. Se, em vez da janela, fosse uma porta, este tempo estaria reduzido a
menos de 1 segundo.
CONCEITOS BÁSICOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
Uma vez que a estrutura dos seres vivos é muito complexa, a anatomia abrange desde as
componentes, microscópicos até os órgão humanos, para estudos da sua estrutura e forma, já a
fisiologia humana estuda o funcionamento de cada órgão e sistema como um todo.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório compreende as vias aéreas superiores, fossas nasais, faringe e laringe, a
traquéia que se dividem em dois tubos denominados brônquios, os pulmões onde se encontram os
bronquíolos, e os sacos alveolares.
A respiração é responsável pela troca gasosa. Compreende dos movimentos distintos, a inspiração e
expiração, onde o onde o ar entra pelas narinas e passa pelo sistema respiratório superior ( nariz,
fossas nasais, orofaringe, faringe, traquéias, brônquios e bronquíolos, realizando a hematose nos
pulmões que é a troca gasosa de CO2, para O2. Onde o ar retorna no sentido contrario.
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De acordo com as leis fundamentais da física, a difusão dos gases das regiões de maior pressão se
exerce para as regiões de pressão menor. Com isso sabe-se que, no nível do mar, a pressão parcial do
oxigênio que chega aos pulmões (alvéolos) é mais alta do que a pressão deste gás no sangue; assim, o
oxigênio difunde-se dos pulmões para o sangue. O inverso é verdadeiro para o gás carbônico. Este
encontra-se com pressão maior no sangue, difundindo-se para o meio externo.
Em grandes altitudes, a pressão atmosférica é diminuída; conseqüentemente, a pressão parcial de
oxigênio também encontra-se com valores menores, prejudicando a difusão dos gases.
Onde podes ter algumas complicações no sistema respiratório devido a dificuldade de captar oxigênios
pelos pulmões devido a diminuição da pressão atmosférica.
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Despressurizarão Rápida.
A mais frequente
O ocorrem quando as pressões se igualarem e pode acarretar:
Objetos sobem para o teto e ouve-se um sopro do local por onde a pressão escapa
Resfriamento brusco e formação de intensa neblina de rápida duração
sensação de ofuscamento e confusão mental
saída brusca de ar dos pulmões exalado violentamente pela boca e nariz – sensação de
aumento dos pulmões
Dificuldade de articular as palavras e ouvir sons devido a rarefação do ar
hipóxia e aeroembolismo severos e aerobaropatias
Máscaras de Oxigênio presentes em uma aeronave
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HIPÓXIA
16.000 a 20.000ft – acentuam-se os problemas acima; alteração do olfato e paladar; se não houver
suprimento de O2: coma e convulsão; dependendo do tempo de exposição: morte
* 24.000ft – hipóxia passa a se anóxia (falta de O2 nas células)
* 27.000ft – limite crítico – zona da morte na altura
É definida como a diminuição da oxigenação dos tecidos. São muitas as razões que podem determinar
a hipóxia tecidual. A deficiência de oxigenação pode ocorrer desde o processo de troca gasosa
(pulmonar) quando este gás deve passar para o sangue, ou situações onde, embora o sangue já esteja
oxigenado, tecido não consegue absorve-lo.
HIPÓXIA HIPOBÁRICA
É definida como diminuição da pressão parcial do oxigênio nos alvéolos pulmonares e,
conseqüentemente, nas células do organismo. Ocorre em altitudes superiores a 10.000 pés. Também
chamada de mal da altitude.
AGUDA : Exposição imediata do organismo, sem tempo para a utilização total dos mecanismos
compensadores.
CRÔNICA: Exposição progressiva do organismo, com tempo para a utilização dos mecanismos
compensadores.
A partir de 10.000 a 12.000 pés, o individuo sem oxigênio e em repouso, começa a apresentar
taquicardia, taquipnéia, e seu organismo aumenta a produção de glóbulos vermelhos (hemácias).
Quando em atividade física, as manifestações são mais intensas. Isto ocorre na tentativa do organismo
suprir a carência de oxigênio devido ao ar mais rarefeito. Este intervalo de altitude é denominado de
Zona de reações orgânicas compensadas.
Em altitudes acima de 12.000 pés, o organismo não é capaz de compensar a baixa pressão parcial do
oxigênio. Surgem, então, os sintomas da hipóxia hipobárica descompensada. É a zona de reações
orgânicas descompensadas.
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FATORES PREDISPONENTES:
Altitude absoluta
Razão de ascensão
Permanência de altitude
Variações individuais
TRATAMENTO: Sob qualquer estágio da hipóxia o tratamento é o Oxigênio (O2).
SEQUENCIA DA HIPÓXIA:
Hipóxia hipobárica: Baixa pressão atmosférica
Hipóxia Alveolar: Alveolos/Pulmão
Hematose: Troca recíproca (02 por CO2)
Hipoxemia: Tecidos
Hipoxicitia: Células (redução de oxigênio nos tecidos orgânicos)
Quando maior for a for à altitude, mais rapidamente se instalam os sintomas da hipóxia.
São eles:
Sonolência
Inquietação
Irritabilidade
Cansaço
Perda da auto critica
Incoordenação motora
Euforia ou depressão
Belicosidade ou hilaridade
Alterações na audição
Prejuízos no julgamento
Cianose
Tremores
Inconsciência
Dependendo da altitude e do tempo de exposição, a morte.
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Na ausência do oxigênio não há combustão nem respiração aeróbica. No nível do mar, o organismo
humano não resistiria mais que 5 minutos sem respiração.
Com a altitude, este tempo esta reduzido. Através de testes realizados em câmaras de descompressão,
estabeleceu-se o tempo aproximado em que, dependendo da altitude e sem oxigênio, o individuo se
manteria consciente.
É o Tempo de consciência Útil ou Tempo útil de lucidez (TCU ou TUL).
O ser humano não sobrevive mais do que 5min sem oxigênio
✈ A tolerância pessoal a hipóxia é variável
✈ Fadiga, fumo, álcool – diminuem a tolerância pessoal a hipóxia
✈ O TUC dos comissários normalmente é menor pois estão em movimento, exigindo maior consumo de
O2
A aviação comercial esta protegida contra hipóxia pois a cabine é pressurizada e possui oxigênio por
mascara. Em altitudes superiores a 42.000 pés, em cabines não pressurizadas, há necessidade do uso
de roupa pressurizada.
O tratamento da hipóxia é o oxigênio.
Tipos de Hipóxia:
HIPÓXIA ALVEOLAR
Causada por problemas pulmonares bem como, apresenta-se quando a pessoa já possui um quadro de
deficiência respiratória, como:
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Pneumonia
Asma
Bronquite
Câncer de pulmão
Enfisema Pulmonar
DPOC ( Doença obstrutiva Pulmonar)
Cuidado a ser prestado: administração oxigênio, liberar vias aéreas, ambiente, tranquilo, sentar
tripulante em 45°.
HIPÓXIA HIPÊMICA OU ANÊMICA
Ocorre pela dificuldade no transporte de oxigênio. As hemácias apresentam problemas para transportar
o oxigênio, caracterizando uma deficiência na quantidade do oxigênio que chega às células. Há varias
situações que podem determinar essa hipóxia. Dentre elas:
- Patologicamente associada a anemias ferroprivas onde ocorre deficiência de Ferro, indispensável para
a produção de Hp (hemoglobina da hemácia);
- Hemorragias, onde ocorre a perda de hemácias.
- Intoxicações pelo monóxido de carbono. Este gás (CO) é resultante da combustão em motores. Existe
em grandes concentrações no cano de escape dos veículos e nos aquecedores. É um gás inodoro e
incolor.
As hemácias possuem grande afinidade pelo monóxido de carbono. Quando impregnadas, formam a
carboxi-hemoglobina, deixando de levar o oxigênio para as células e impedindo a liberação do oxigênio
combinado das outras hemácias (oxihemoglobina).
Normalmente ocorre nos casos de: gravidez, hemorragias, anemias
O tratamento consiste da reversão do quadro anêmico, na desintoxicação pela inalação de CO e
hemostasia da hemorragia, administrar O2 ou transfusão sanguínea.
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HIPÓXIA ESTAGNANTE, ISQUÊMICA OU ESTÁTICA
É definida pela diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo e consequente deficiência de oxigenação
das células.
Esta associada a problemas circulatórios como, por exemplo, a insuficiência cardíaca congestiva (ICC),
onde o coração perde a força de bombear o sangue atrasando a chegada do oxigênio nas células.
O tratamento é medicamentoso.
HIPÓXIA HISTOTÓXICA
Define-se pela deficiência de aproveitamento tecidual do oxigênio. Esta relacionada a intoxicações por
cocaína, estricnina, álcool ou cianureto.
O tecido impregnado não absorve as moléculas de oxigênio.
O tratamento deste tipo de hipóxia é, muitas vezes, a administração de um antídoto que antagonize a
substancia tóxica.
HIPÓXIA ANÓXICA
É a fase posterior a hipóxia hipoxêmica, onde ocorre deficiência de oxigenação do sangue nos pulmões.
Ela pode ser originada por duas razões distintas.
AÉREOEMBOLISMO
Formação de bolhas de nitrogênio no organismo a 30.000ft em cabine não pressurizada (algumas
pessoas apresentam em altitudes mais baixas)
* O nitrogênio dissolvido no sangue e nos tecidos, a baixas pressões, se desprende e forma bolhas
gasosas, que vão para as articulações, sistema respiratório (pulmão ‘entope’), pele e sistema nervoso
central (entope as veias e não deixa o O2 ir para o cérebro)
* A gravidade dos sintomas depende do tempo de exposição
* A vibração, os ruídos, a umidade intensificam os sintomas do aero embolismo , se o passageiro
não for socorrido com agilidade e já tiver doenças vasculares correlacionadas pode agravar a situação.
Embora o aeroembolismo ocorra, na maioria dos casos, em altitudes próximas a 30.000 pés, é
conhecido que pessoas desenvolveram o problema em altitudes inferiores.
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Além da velocidade de ascensão, podem influenciar na intensidade do aeroembolismo outros fatores
como a obesidade, temperatura ambiente, idade, sensibilidade individual, etc.
O nitrogênio, mesmo não sendo de vital importância para o organismo humano, tem a função de diluir o
oxigênio na atmosfera. Existe em 78% do ar inspirado e expirado pelo homem.
Os tecidos orgânicos que possuem nitrogênio liquefeito são:
Plasma sanguíneo;
Liquido cefalorraquidiano;
Tecido cartilaginoso (articulações);
Tecido adiposo (gordura de pele);
Tecido conjutivo (fibras musculares e dos órgãos).
A dissolução de nitrogênio nos tecidos é explicada pela lei de Henry:
Gás dissolvido pressão
“A quantidade de um gás dissolvido por um liquido varia diretamente com a pressão, se a temperatura
for constante”.
Para auxiliar na compreensão, essa lei explica a existência do gás carbônico dissolvido numa garrafa de
água mineral ou qualquer outra bebida. Quando abrimos esta garrafa, se estabelece um desequilíbrio
entre a pressão hidrostática do liquido e a tensão do gás carbônico e ele assume novamente seu estado
gasoso.
Com o organismo, ocorre coisa semelhante. O nitrogênio dissolvido no liquido celular, no nível do mar,
corresponde a pressão atmosférica de 760mmHg. Lembrando dos fatores de predisposição, com o
ganho de altitude, ao atingirmos aproximadamente 30.000 pés, o nitrogênio liquefeito volta ao seu
estado gasoso, formando minúsculas bolhas. Estas bolhas buscam sair do organismo, entram na
corrente circulatória e tentam atravessar a parede dos alvéolos pulmonares, saindo pelo ar expirado.
Nas regiões de maior vascularização e drenagem das bolhas se da mais fácil e rapidamente.
O aeroembolismo determina sintomas nos diferentes sistemas do organismo.
O liquido cefalorraquiano pode determinar o surgimento de bolhas mais precocemente que outra região
do corpo.
Sintomas:
Dores articulares – devido ao acumulo das bolhas de N2, também conhecidas como bends. Estruturas
ricas em tecido cartilaginoso e conjutivo acumulam grande quantidade de bolhas e determinam estágios
dolorosos variados, podendo ser de fraca intensidade até lancinantes, causando incapacidade
funcional. O local menos afetado é o das articulações vertebrais dada a alta vascularização da região.
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Nas articulações / músculos:
Desconforto e dor (joelhos, cotovelos, mãos e pulsos)
Tremores
Reações dérmicas – as bolhas que se formam neste tecido (conjutivo e adiposo) causam irritação das
terminações nervosas, caracterizando sensação de calor ou frio, formigamento (parestesias), prurido
intenso e até mesmo placa róseas por todo o corpo. Essas reações são conhecidas como creeps ou
itch.
Na pele:
região do tronco e das pernas
formigamento
prurido (coceira)
hemorragia
edema (junta água)
enfisema (junta ar)
Sinais neurológicos (starggers) – são muitos, devido a grande quantidade de nitrogênio dissolvido por
todo sistema nervoso central e periférico. Os principais sintomas são: cefaléia bitemporal intensa,
distúrbios visuais, tontura, sensações parestésicas (diminuição da sensibilidade, formigamento e
dormência), paresias (deficiência do tonos muscular), paralisias (deficiência motora), hemiplegias
(ausência de movimentos na parte direita ou esquerda), coma e até mesmo a morte.
No Sistema Nervoso Central
cefaléia
visão embaçada e dupla (diplopia)
tontura, dormência e paralisia
perda da coordenação motora
morte
Sinais, da região torácica - onde se encontram os pulmões. Podem estar presentes: dor retroesternal,
tosse seca, respiração superficial e rápida.
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No Sistema Respiratório
Sufocamento e tosse
Cianose
Pode levar à hipóxia (o ar tem dificuldade de chegar aos pulmões)
Caso extremo: embolia pulmonar
Felizmente, os vôos comerciais estão protegidos do aeroembolismo por possuírem a cabine
pressurizada.
Na eventualidade de uma descompressão, em vôos acima de 14.000 pés, o comandante tende a fazer
com que a aeronave perca altitude rapidamente. O oxigênio por mascaras será utilizado na prevenção
da hipóxia, não ajudando em nada na dissolução das bolhas de nitrogênio.
Os passageiros devem ser orientados a permanecerem sentados, pois a movimentação do corpo
determina maior quantidade de desprendimento de bolhas. O uso de analgésicos pode fazer parte do
tratamento.
DISBARISMOS OU AEROBAROPATIAS
Disbarismo: é a denominação que se dá as modificações orgânicas em decorrência da alteração da
pressão barométrica, ou pressão atmosférica.
Podem ser dois tipos: aeroembolismo (plasmática) e aerodilatação (cavitárias).
A principio, a hipóxia também é um, tipo de disbarismo, mas, como se relaciona apenas a diminuição da
pressão parcial de oxigênio, é um estudo a parte. Contudo, é importante lembrar que a hipóxia e seus
sintomas são ocorrências relacionadas a alteração da pressão atmosférica.
Hiperventilação de Vôo
Aumento da freqüência respiratória (hiperpnéia) aumentando o volume de ar inspirado
Diminui a taxa de gás carbônico (hipocapnia ou hipocarbia)
Sente: sufocação, sonolência, delírio, frio e formigamento nas extremidades
✈ Inspirar e expirar dentro de um saco de papel colocado sobre boca e nariz
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SISTEMA DIGESTIVO.
O sistema digestivo e formado pela boca, dentes, língua, esôfago, estomago, intestino grosso, delgado,
reto, anus e os órgão anexos que participam do processo da digestão do alimento, que são eles o
fígado, a vesícula biliar, pâncreas, na liberação de substâncias que vão favorecer na quebra dos
açucares e as gorduras.
AERODILATAÇÃO – DILATAÇÃO DE GASES CAVITÁRIOS
O organismo humano abriga ar no interior de determinadas cavidades. A saber, têm-se, o aparelho
digestivo, as cavidades ósseas restritas ao crânio – Seios da face, o ouvido médio e as cavidades
dentárias.
Com a altitude ocorre uma diminuição da pressão atmosférica, os gases aprisionados em cavidades
dilatam-se.
Esse fenômeno é explicado por estudos de Boyle e Marriote que enunciaram a seguinte lei:
PRESSÃO
“A uma temperatura constante, o volume da massa de um gás é inversamente proporcional à pressão
que suporta”.
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A dilatação dos gases nas cavidades orgânicas é ainda maior que a sugerida por Boyle e Marriote,
porque no seu interior o ar saturado de vapor d’agua.
Nos vôos comerciais, a pressurização das cabines não permite que a dilatação dos gases seja muito
grande. Além disso, todas as cavidades orgânicas descritas acima possuem comunicação com o meio
externo, de modo que, em condições orgânicas de higidez, é possível a equalização da pressão interna
com a externa.
O ar contido na cavidade digestiva prove de três mecanismos:
Deglutição – aerofagia junto a deglutição de alimento, inalação de fumaça e o próprio ato de falar;
Fermentação – processo digestivo de o bolo alimentar onde a liberação de gás carbônico, ingestão de
açucares, refrigerantes e alimentos gases formadores; proveniente da ação da flora intestinal sobre os
alimentos.
Estima-se que, normalmente, exista uma quantidade aproximada de 1.000 a 1.500 cm3 de gases no
tudo digestivo de um adulto.
Em altitudes, este ar contido na cavidade abdominal se dilata, mas, em condições normais, pode ser
eliminado facilmente, pela boca através do pelo anus através dos flatos. Assim sendo, é possível
promover a equalização das pressões.
Os gases contidos nestas cavidades se dilatam, podendo provocar até ruptura nos tecidos (ar se
desprende e faz força para sair). Provocadas pelo diferencial de pressão interna e externa em
determinadas localidades. Caso haja algum impedimento para eliminação desses gases, o individuo
pode apresentar:
Distensão abdominal – aumento no perímetro abdominal;
Sensação de desconforto ou até mesmo dor na região epigástrica – gastralgia;
Cólicas abdominais
Flatulência
O tratamento, no caso, é mais de caráter preventivo, o comissário deve evitar a ingestão de alimentos
formadores e bebidas gaseificadas. A diminuição dos sintomas só é obtida quando ocorre a equalização
das pressões. A atividade física, isto é, a movimentação do corpo auxilia na eliminação dos gases. Pode
ser necessário a administração de medicação anti-espasmódica.
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SISTEMA AUDITIVO:
Formado: ouvido externo, canal auditivo externo, tímpano, martelo,bigorna, estribo, canais
semicirculares,nervos auditivos, coclear, ouvido interno, trompa eustáquio, ouvido médio, tecido ósseo
Ouvido Médio
Dentre as demais cavidades, é a de maior dificuldade de equalização. Esta cavidade situa-se,
bilateralmente, nos ossos temporais. Limita-se com o ouvido externo pela membrana timpânica e pelas
janelas ovais e redondas com o ouvido interno. Possuem três ossículos, martelo, bigorna e estribo, que
são responsáveis pela condução das ondas sonoras captadas pelo tímpano até o ouvido interno,
também chamado de parelho vestibular ou labirinto. Além disso, no interior do ouvido médio existe ar.
Esta cavidade comunica-se com o meio externo, através da tuba auditiva (trompa de Eustáquio). Este
conduto que vai do ouvido médio até a nasofaringe, apresenta uma característica peculiar: em sua
extremidade distal, as paredes são coladas. É isto que dificulta a equalização da pressão entre o interior
do ouvido médio e o meio externo.
Na subida da aeronave começa a haver a pressurização da cabine, com isso, o ar contido dentro do
ouvido médio dilata-se aumentando a pressão interna. Consequentemente, o tímpano torna-se
abaulado para fora, o que determina um estiramento dos ossículos. É comum o individuo ser acometido
por uma sensação desagradável de ensurdecimento. Uma deglutição feita automaticamente corrige a
situação. Pode-se chegar a ouvir um estalo e tem-se a sensação de normalização.
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Durante o vôo, a pressão do ouvido médio tende a estar equalizada com a pressão da cabine da
aeronave.
Na descida da aeronave, ocorre o inverso. A cabine vai sendo despressurizada. O abaulamento
timpânico é para dentro, as paredes da trompa de Eustáquio na porção distal formam uma dobra com a
mucosa, como se fosse uma válvula que impede a passagem do ar. Nessas ocasiões, o individuo sente
otalgia (dor de ouvido) hipoacusia (diminuição da acuidade auditiva) e zumbido no ouvido. Para
restaurar a pressão deve-se movimentar a mandíbula, bocejar e deglutir. Caso ainda persistam os
sintomas, é indicado a manobra de Vasalva, que consiste em fechar as narinas e a boca e
exercer força de expiração. Geralmente, esta manobra é suficiente para vencer a resistência da
trompa de Estáquio, promovendo assim, a equalização das pressões. Existem riscos neste
procedimento as chances de contaminação do ouvido as chances de contaminação do ouvido médio
com a flora da nasofaringe.
Porém, nos casos em que haja algum impedimento da circulação do ar através da trompa de Estaquio,
como por exemplo estados gripais, rinofaringites ou presença de pólipos, a equalização da pressão
pode ser impossível, determinando assim, algumas complicações.
Se a pressão no interior do ouvido médio não é corrigida e atinge níveis elevados, a pessoa pode sentir
náuseas, vômitos e vertigem, em decorrência do acometimento do labirinto. Em casos mais críticos
pode ocorrer a ruptura timpânica e o individuo apresentar a saída de uma secreção sero-sanguinolenta
pelo ouvido.
A aerodilatação ocasionada no ouvido médio denominou aerotite, e suas possíveis complicações,
barotraumas.
Os tripulantes, muitas vezes, são afastados do vôo, por apresentarem-se gripados.
O tratamento das aerotites (BAROTITES) compreende a aplicação de descongestionante nasal, em
alguns casos, administração de analgésico.
Crianças pequenas, lactantes, possuem maior suscetibilidade, devido a características anatômicas da
trompa de Estaquio, sendo comum manifestarem inquietação e choro durante os procedimentos de
decoalgem e pouso da aernave. É recomendado oferecer uma mamadeira ou a chupeta de plástico ou
silicone na tentativa de sanar o problema.
Outra consideração importante para o comissário de bordo é acordar os passageiros por ocasião do
pouso, para que este possa tomar as medidas necessárias de equalização pressórica.
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Seios da face
Os seios da face são pequenas cavidades existentes nos ossos
do crânio. A equalização da pressão interna com a externa, se
dá mais facilmente que a do ouvido médio.
Existem oito seios da face. Os que mais nos interessam são os
maxilares e os frontais, por conterem maior quantidade de ar. Os
seios da face comunicam-se com o meio externo através de
óstios, responsáveis pela drenagem de seus conteúdos para as
fossas nasais.
Tanto na pressurização como na despressurização da aeronave, o ar encontra facilidade para entrar e
sair dos seios da face quando os óstios se encontram permeáveis. Assim, tem-se a equalização das
pressões automaticamente.
Nos casos em que exista obstrução dos óstios, como em patologias para-nasais (resfriados, sinusites,
pólipos, rinites, etc.) ou até mesmo desvio de septo, esta comprometida a equalização doas pressões.
Associado a outros fatores, inclusive tempo de exposição, a pessoa desenvolve a aerosinusite,
caracterizada por dor, que poderá ser frontal ou maxilar, também chamada de sinusite barométrica.
Da mesma forma que foi abordada na aerotite, o tripulante que apresente algum problema de
permeabilidade dos óstios, não deverá voar.
O tratamento a passageiros com aerosinusite (barosinusite) é a administração de descongestionante
nasal e analgésico ou lavagem das narinas com soro fisiológico 0,9%.
O tripulante não deve fazer uso constante de descongestionantes nasais, pois seu uso freqüente pode
levar a dependência.
Alvéolos dentários (barodontalgias)
Situação de menor ocorrência, as aerodontlagias (dor de dente) são causadas pela dilatação de ar
existente junto a raiz do dente (alvéolo dentário), quando este estiver com processos inflamatórios.
Nesses casos o passageiro deve receber um analgésico e procurar atendimento médico com dentista
assim que possível.
O tripulante deve fazer visitas constantes ao dentista a fim de garantir uma adequada higiene bucal, o
que é uma exigência para os aeronautas.
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Radiações
Atravessam a atmosfera, vários tipos de radiação. As radiações denominadas de não ionizantes são do
tipo de ondas luminosas, rios infravermelhos, ultravioletas, transmissão radiofônica, aquelas originadas
de explosões solares, cósmicas, etc. Outro tipo de radiação, as ionizantes, são ondas eletromagnéticas,
responsáveis por causarem alterações celulares no organismo humano. AS lesões, geralmente
acometem a medula óssea e o fígado, que são os órgãos mais sensíveis a cargas excessivas de
radiação.
Os efeitos da radiação ionizantes sobre os seres vivos, ainda não foi elucidado, embora a maior parte
dessas radiações seja retida e desintegrada pela atmosfera, não chegando até nós quantidades
suficientes para determinarem alterações orgânicas.
Na aviação comercial, a absorção de radioatividade por parte dos passageiros e tripulantes é a mesma
de uma pessoa que se encontra em terra.
É importante lembrar que a exceção existe para indivíduos que trabalham com materiais radioativos
(RX, unidade hemodinâmica etc.) cuja absorção de radiação é maior, por isso atuam com
paramentação protetora e são regidos por legislação especifica.
Ruídos e Vibrações
As vibrações são definidas como qualquer movimento que alterna, subitamente, de direção.
O deslocamento da aeronave e o funcionamento de seus motores, determinam vibrações complexas
(ultrasônicas, acústicas e ifra-sônicas) na cabine durante o vôo. São transmitidas através de fuselagem
e do ar e, ao atingirem o organismo, originam outros movimentos vibratórios, denominados de ondas de
ressonância.
Os receptores orgânicos das vibrações são principalmente os mesmo do tato. O estimulo é conduzido
pelas fibras nervosas sensitivas, até a medula espinhal e conseqüentemente ao cérebro. Para os
indivíduos predispostos, contribuem para o enjôo a bordo.
Os ruídos são sons que causam desprazer em quem os ouve. O organismo recebe os sons em
intensidade e frequência.
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A intensidade do som (ruídos) é medida em decibéis, tendo como limite de conforto sonoro 85 decibéis.
Sons com intensidade superior são desagradáveis e podem atingir níveis insuportáveis, determinando
lesão timpânica (140 decibéis). A intensidade ou volume esta relacionada à amplitude da onda
vibratória.
A frequência é relacionada com o grave e agudo. É medida por ciclos por segundo ou Hertz. O ouvido
humano suporta sons que variam de 16 – 20 mil Hz.
São muitos os ruídos encontrados no interior da aeronave. Deste os sons provenientes da conversação
e do sistema de musica, até o ruído das turbinas e os aerodinâmicos.
Os ruídos também consistem num dos fatores estressantes de vôo.
Muito já foi feito para diminuir os efeitos dos ruídos e das vibrações nas aeronaves, fabricação de
turbinas mais silenciosas e revestimento especial nos assentos que amortecem as vibrações. Contudo,
ainda contribuem para a fadiga aérea.
SISTEMA CARDIACO
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O Sistema Cardíaco é formado por:
Coração, veias e artérias.
Coração e formado pelo músculo cardíaco, e por quatro câmeras, átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo
direito, ventrículo esquerdo.
Alterações do Ritmo Circadiano
O funcionamento do organismo obedece a uma função cerebral chamada de “relógio biológico” em
interação com alguns fatores.
Ritmos circadianos ou são aqueles que se processam dentro do período de 24h. O principal deles é a
vigília do sono, podendo considerar-se também o digestivo e o intestinal.
Ciclos que se repetem em intervalos maiores de 24h (menstrual), são denominados ritmos ultradianos
e, os que se repetem em tempo inferior às 24h (batimentos cardíacos, freqüência respiratórias), são os
ritmos infradianos.
Numa viagem aérea onde são ultrapassados 4 ou mais fusos horários, tanto para leste como oeste,
ocorre alteração no ritmo circadiano. Desta forma o nosso organismo responde por um controle do seu
relógio biológico, que pode levar as complicações cardíacas bem com alteração do pulso, aumenta da
pressão arterial.
O sono, além de prejudicar o repouso, é fundamental para o organismo, pois permite uma intensa
atividade cerebral, denominada de fase REM (rapid eyes movement), onde ocorrem os sonhos,
necessários a manutenção da homeostase psíquica. Constantes alterações no período do sono,
contribuem para a fadiga aérea.
As alterações digestivas também podem manifestar-se, bem como a capacidade de critica.
O organismo leva, em media, de 24 a 48h para adaptar-se ao novo horário. O tripulante que deve
retornar à base dentro de 2 ou 3 dias, deve manter-se fiel ao horário de seu local de origem. A
regulamentação das companhias aéreas comerciais, programa horário adequados de repouso, cabendo
ao comissário cumpri-lo de maneira correta.
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Baixa umidade no interior das aeronaves
O ar no interior da cabine é seco e refrigerado. Atinge uma umidade relativa inferior à metade do que
comumente existe na atmosfera, no nível do mar, isto é, de 13 a 14% (Boeing 727, 737 e no DC-10). No
interior do Boeing 767, é ainda mais seco.
Embora a bordo da aeronave a sede seja mínima, devido à refrigeração do ar, os tripulantes devem
estar conscientes da necessidade de uma hidratação abundante. É recomendado a ingestão de três
litros de liquido por dia, mesmo em dias em que não estejam voando. É obvio que esta contra indicado
o consumo de bebidas alcoólicas e deve-se evitar a ingestão excessiva de café e chá. O melhor é dividir
o total de liquido a ser ingerido por metade água e, a outra metade restante em leites e sucos.
Há um ressecamento de pele e mucosas predispondo a epistaxe. As conjutivas também ficam
ressecadas e se tornam suscetíveis a conjuntivites. Nos usuários de lentes de contato, ao retira-las,
podem causar ulcerações da córnea.
Um outro problema que pode surgir é a formação de litiase renal,devido ao acumulo de cristais na urina
mais concentrada.
As soluções para combates os efeitos da baixa umidade na cabine são simples e ajudam a tripulação
na profilaxia da fadiga aérea, são elas:
Hidratação abundante;
Uso de creme hidratante;
Uso de colírio tipo lagrima, com freqüência durante o vôo;
A substituição das lentes de contato por óculos;
Respirar por alguns minutos em um lenço umedecido com água.
Fadiga Aérea
Somados aos fatores de stress do homem contemporâneo, o tripulante vivencia situações pertinentes a
seu trabalho, as quais seu organismo não esta habituado. São estes os fatores estressantes de vôo,
que exigem uma reposta ou uma compreensão orgânica.
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O aeronauta deve combatê-los constantemente a fim de evitar a fadiga aérea, que pode ser resumida
como um esgotamento físico e psicológico.
Anteriormente foram abordados vários fatores estressantes de vôo, deve-se considerar ainda:
Alimentação - em dias de vôo, o aeronauta deve evitar a ingestão excessiva de proteínas (carnes) cujo
metabolismo requer uma maior quantidade de oxigênio e, também alimentos ricos em lipídios (gorduras)
que são de difícil digestão e geralmente, durante seu metabolismo, deixam a pessoa sonolenta. Nesse
caso a alimentação ideal é a rica em carboidratos.
Mudança de clima – o tripulante, algumas vezes, enfrenta grande diferença climática quando, por
exemplo, sai de temperaturas muitos baixas (negativas) e, horas depois, desembarca em regiões de
intenso calor com temperaturas próximas a 40º C.
As manifestações da fadiga aérea são variadas mas é comum verifica-se:
Irritabilidade;
Insônia;
Astenia;
Cansaço;
Desinteresse profissional;
Faltas ao trabalho;
Ptesiofobia (medo de voar).
Casos mais graves podem ser acompanhados por neurose fobica, determinando afastamento do vôo e
tratamento psicoterapico, além de físico.
Além das condições satisfatórias de trabalho, o tripulante deve estar em equilíbrio bio-psico-socila, para
torna-se menos susceptível a fadiga aérea.
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Enjôo
Abordamos o enjôo como doença cinética, isto é, relacionada ao movimento. Também pode ser
denominado por desorientação espacial, vertigem do aeronauta.
Durante as viagens, com os movimentos de aceleração do veiculo, algumas pessoas são vitimas de
uma sensação de mal-estar, enjôo. Quando o veiculo é um avião, o problema recebe o nome de mal do
ar.
O passageiro pode apresentar palidez, sudorese, sonolência, uma discreta hipotensão, náuseas e
vômitos.
Alguns indivíduos são acometidos do enjôo, enquanto outros não sentem nada.
A seguir, enumeramos alguns fatores que predispõe ao enjôo.
Reações vagotônicas – ocorre por um predomínio da excitação do nervo vago ou parassimpático. Isto
pode ocorre por uma simples característica pessoal, como pode ser uma reação emocional, do tipo
medo.
Excitação do labirinto – o ouvido interno é responsável pela sensação de equilíbrio, além da audição. As
estruturas no interior do labirinto e a endolinfa, secreção que ocupa seu espaço, se movimentam
constantemente do acordo com o tipo de força gravitacional que recebem e mantém o corpo
equilibrado. Durante um vôo, as constantes oscilações da aceleração e as vibrações determinam uma
grande excitação do labirinto, surgindo então às náuseas e vômitos.
Excitação oculomotora – os reflexos oculares auxiliam a compensar a sensação de equilíbrio do corpo
quando ela esta mudando constantemente dentro do organismo. É o que acontece no vôo devido a
aceleração positiva ou negativa.
Estímulos táteis – as terminações táteis da pele enviam estímulos variados, que recebem durante o
movimento da aeronave, para o labirinto. Contribuindo, também, para a desorientação espacial.
Deslocamento de vísceras – reações decorrentes do estimulo parassimpático, que invertem os
movimentos viscerais (peristaltismo).
Estimulo olfativo – odores fortes ou desagradáveis podem desencadear o enjôo.
Para diminuir os efeitos da aceleração no organismo, em passageiros suscetíveis ao enjôo, pode-se
orientá-los a:
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Manter a cabeça apoiada numa mesma posição – diminui a excitação do labirinto;
Fechar as pálpebras, fazer uso de uma venda nos olhos ou fixar o olhar dentro de um ponto de cabine
diminui a excitação oculomotora;
Apoiar-se firmemente no assento da poltrona, fazendo leve pressão nos pontos de contato – diminui os
estímulos táteis;
Usar cinto de segurança;
Reclinar a poltrona ao máximo;
Afrouxar as roupas e manter o ponto de ventilação sobre a cadeira, aberto;
Pode ser oferecida uma medicação anti-emética.
O enjôo a bordo, apesar de incomodo, não se constitui em ocorrência grave.